francinubia da silva - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa....

82
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA CAMPUS DE CAICÓ FRANCINUBIA DA SILVA ANÁLISE DE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL: Estudo de caso do Instituto de Previdência Própria dos Servidores Efetivos do Município de São Bento/PB CAICÓ RN 2015

Upload: lamdien

Post on 25-Jan-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA

CAMPUS DE CAICÓ

FRANCINUBIA DA SILVA

ANÁLISE DE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL:

Estudo de caso do Instituto de Previdência Própria dos Servidores Efetivos

do Município de São Bento/PB

CAICÓ – RN

2015

Page 2: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

FRANCINUBIA DA SILVA

ANÁLISE DE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL:

Estudo de caso do Instituto de Previdência Própria dos Servidores Efetivos

do Município de São Bento/PB

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências

Exatas e Aplicadas do Centro de Ensino Superior do

Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Nor-

te, como requisito para a obtenção do titulo de Bacharel

em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Ms. Carlos José Wanderley Ferreira.

CAICÓ–RN

2015

Page 3: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Silva, Francinubia da.

Análise de regime próprio de previdência social : estudo de

caso do instituto de previdência própria dos servidores efeti-

vos do município de São Bento PB / Francinubia da Silva. -

Caicó, 2015.

81f: il.

Orientador : Carlos José Wanderley Ferreira MS.

Monografia (Bacharel em Ciências Contábeis) Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do

Seridó - Campus Caicó.

1. Regime próprio. 2. Sustentabilidade. 3. Previdência

social. I. Ferreira, Carlos José Wanderley. II. Título.

Page 4: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

FRANCINUBIA DA SILVA

ANÁLISE DE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL:

Estudo de caso do Instituto de Previdência Própria dos Servidores Efetivos

do Município de São Bento/PB

Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Exatas e Aplicada do Centro de Ensino

Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título

de Bacharel em Ciências Contábeis.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Professor Ms. Carlos José Wanderley Ferreira - UFRN/CERES

Orientador

_______________________________________________________

Professora Ms. Izabel de Medeiros Coelho – UFRN/CERES

Examinador

________________________________________________________

Professor Ms. Sócrates Dantas Lopes – UFRN/CERES

Examinador

Page 5: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

AGRADECIMENTOS

Nenhuma batalha é vencida sozinha. No decorrer desta luta algumas pessoas estive-

ram ao meu lado e percorreram este caminho como verdadeiros soldados, estimulando que eu

buscasse minha vitória e conquistasse meu sonho.

Agradeço primeiramente а Deus por permitir que tudo isso acontecesse, е não so-

mente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que

alguém pode conhecer, e sem Ele nada seria possível.

Agradeço aos meus pais, Francisco e Vânia, por todo o apoio que me deram em cada

etapa da vida, e por serem os principais torcedores de que este sonho fosse realizado.

Agradeço as minhas irmãs, Francivânia e Francinilza, que sempre me ajudaram bas-

tante nesta caminhada, e estiveram sempre presentes nas horas que precisei de seu apoio.

Agradeço aos meus avós, Horácio e Salomé, que me acolhem com tanto carinho em

sua casa, e por serem o maior exemplo que tenho de dedicação, trabalho e esforço para dar o

melhor aos filhos e netos.

Agradeço a minha filha Thalany, que é minha inspiração em todos os momentos, e

que soube compreender minha ausência desde muito pequena. É por ela e para ela tudo que

almejo conquistar ainda.

Agradeço especialmente ao meu noivo Emanuel Reyes, colega de curso com o qual

pude compartilhar esta realização, e com quem desejo realizar tantos outros sonhos e conquis-

tar nossos objetivos ao longo da vida.

Agradeço a todos os colegas de curso, grandes companheiros nesta batalha, foram

muito importantes para que pudesse chegar ate aqui.

Agradeço ao orientador, professor Carlos Wanderley, que foi atencioso nos momen-

tos oportunos, esclarecendo as dúvidas quanto a realização deste trabalho.

Agradeço a Dr. Alberto Rodrigues da Silva, presidente do IMPRESB, que respondeu

prontamente ao questionário para a pesquisa.

Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-

ço.

Page 6: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

RESUMO

A presente pesquisa apresenta uma análise da sustentabilidade financeira e atuarial do Regime

Próprio de Previdência dos servidores efetivos do Município de São Bento, Paraíba, que foi

instituído em 1993. Desde sua criação apresentou a característica positiva de ter a presença do

caráter contributivo, assim, não seguiu o exemplo de muitos regimes que custeavam os bene-

fícios previdenciários com recursos próprios do orçamento do ente público. A pesquisa é de-

senvolvida sob a estratégia de estudo de caso, usando como fonte de dados a pesquisa biblio-

gráfica e documental, o que possibilitou atender os objetivos iniciais do estudo. Os resultados

encontrados apontam que o Regime possui fragilidades, mas possui equilíbrio financeiro e

busca o equilíbrio atuarial através da recuperação do déficit existente. Na análise foram utili-

zados os Demonstrativos de Resultados da Avaliação Atuarial, realizado por atuário indepen-

dente e enviado anualmente para o Ministério da Previdência Social, conforme exige a legis-

lação própria.

Palavras-chave: Previdência Social, Regime Próprio, Sustentabilidade.

Page 7: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

ABSTRACT

This research presents an analysis of financial and actuarial sustainability of Own Security

System of actual servers in São Bento, Paraiba, which was established in 1993. Since its crea-

tion presented the positive feature of having the presence of contributory thus did not follow

the example of many schemes that paid the pension benefits from its own resources the public

entity's budget. The research is developed in the case study strategy, using as a data source the

literature and documentary, which enabled meet the primary objectives of the study. The re-

sults show that the regime has weaknesses, but has financial balance and seeks actuarial bal-

ance by restoring the existing deficit. In analyzing the statements were used in actuarial valua-

tion results, conducted by an independent actuary and submitted annually to the Ministry of

Social Welfare, as required by specific legislation.

Keywords: Social Security Regime Self, Sustainability.

Page 8: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 1 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2005...................................47

GRÁFICO 2 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e Inativos-2005..48

GRÁFICO 3 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2006...................................52

GRÁFICO 4 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2006........................................................................................................................52

GRÁFICO 5 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2007..................................54

GRÁFICO 6 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2007........................................................................................................................54

GRÁFICO 7 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2008..................................56

GRÁFICO 8 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos – 2008.......................................................................................................................56

GRÁFICO 9 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2009..................................58

GRÁFICO 10 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2009.........................................................................................................................58

GRÁFICO 11 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2010................................60

GRÁFICO 12 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos – 2010.......................................................................................................................60

GRÁFICO 13 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2011...............................62

GRÁFICO 14 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2011.......................................................................................................................62

GRÁFICO 15 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2012...............................64

GRÁFICO 16 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2012........................................................................................................................64

GRÁFICO 17 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2013...............................66

GRÁFICO 18 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2013........................................................................................................................66

GRÁFICO 19 - Relação entre o número de Ativos e Inativos - 2014...............................68

GRÁFICO 20 - Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e

Inativos - 2014......................................................................................................................68

Page 9: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Valores da Avaliação Atuarial - 2005............................................................46

QUADRO 2 - Alíquotas de Equilíbrio Definidas na Avaliação Atuarial - 2005...............47

QUADRO 3 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2005..........................................................49

QUADRO 4 - Projeções das Receitas e Despesas - 2005......................................................49

QUADRO 5 - Valores da Avaliação Atuarial - 2006............................................................50

QUADRO 6 - Alíquotas de Equilíbrio Adotadas - 2006......................................................51

QUADRO 7 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2006..........................................................52

QUADRO 8 - Valores da Avaliação Atuarial - 2007............................................................53

QUADRO 9 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2007..........................................................54

QUADRO 10 - Valores da Avaliação Atuarial - 2008..........................................................55

QUADRO 11 - Cálculos das Reservas Técnicas – 2008.......................................................57

QUADRO 12 - Valores da Avaliação Atuarial - 2009..........................................................57

QUADRO 13 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2009........................................................58

QUADRO 14 - Alíquotas Suplementares Sugeridas - 2009.................................................59

QUADRO 15 - Valores da Avaliação Atuarial - 2010..........................................................59

QUADRO 16 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2010........................................................61

QUADRO 17 - Valores da Avaliação Atuarial - 2011..........................................................61

QUADRO 18 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2011........................................................62

QUADRO 19 - Valores da Avaliação Atuarial - 2012..........................................................63

QUADRO 20 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2012........................................................65

QUADRO 21 - Valores da Avaliação Atuarial - 2013..........................................................65

QUADRO 22 - Cálculos das Reservas Técnicas - 2013........................................................66

QUADRO 23 - Alíquotas Suplementares Sugeridas – 2014................................................67

QUADRO 24 - Valores da Avaliação Atuarial – 2014.........................................................67

QUADRO 25 - Cálculo das Reservas Técnicas – 2014........................................................68

QUADRO 26 – Evolução do Ativo e do Resultado Atuarial – 2005 a 2014.......................69

QUADRO 27 – Evolução do Grupo de Participantes – 2005 a 2014..................................70

QUADRO 28 – Evolução das Folhas de Pagamento – 2005 a 2014....................................71

QUADRO 29 – Evolução das Reservas Técnicas – 2005 a 2014.........................................72

Page 10: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

LISTA DE ABREVIATURAS

CAP – Caixas de Aposentadorias e Pensões

CMN – Conselho Monetário Nacional

CRP – Certificado de Regularidade Previdenciária

DRAA – Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial

EFPC - Entidades Fechadas de Previdência Complementar

FAPEN – Fundo de Aposentadoria e Pensão

FHC – Fernando Henrique Cardoso

FRA – Folha de Remuneração dos Ativos

FUNRURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural

FRAPAP – Folha de Remuneração dos Ativos e Proventos dos Aposentados e Pensionistas

FPM – Fundo de Participação dos Municípios

IAP – Institutos de Aposentadorias e Pensões

IBA – Instituto Brasileiro de Atuária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMPRESB – Instituto Municipal de Previdência de São Bento

INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LEC – Lei Eloy Chaves

LGPM – Lei Geral da Previdência Municipal

LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social

MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social

MPS – Ministério da Previdência Social

PRORURAL – Programa de Assistência ao Trabalhador Rural

RGPS – Regime Geral de Previdência Social

RPC – Regime de Previdência Complementar

RPPS – Regime Próprio de Previdência Social

SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SRFB – Secretária da Receita Federal do Brasil

Page 11: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................................12

1.1 - JUSTIFICATIVA.............................................................................................................15

1.2 - OBJETIVOS DA PESQUISA..........................................................................................16

1.2.1 - GERAL............................................................................................................................16

1.2.2 - ESPECÍFICOS...................................................................................................................16

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................18

2.1 - ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO.........................18

2.1.1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO....................19

2.1.2 - A IMPORTÂNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL......................................................................23

2.2 - PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS.........................................................24

2.2.1 - EVOLUÇÃO E HISTÓRICO................................................................................................25

2.2.2 - REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS DE 1998 E 2003...............................................................28

2.2.3 - O DESEQUILÍBRIO NA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL..................................................30

2.2.4 - AVALIAÇÃO ATUARIAL...................................................................................................34

2.2.5 - DÉFICIT ATUARIAL.........................................................................................................36

2.2.6 - CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA-CRP..............................................38

2.3 - REGIME DE PREVIDÊNCIA PRÓPRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO BENTO/PB.......39

2.3.1 - DA FORMA DE FUNCIONAMENTO.....................................................................................40

2.3.2 - DAS CONTRIBUIÇÕES AO REGIME....................................................................................41

3 - METODOLOGIA..............................................................................................................43

3.1 - ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA..................................43

3.2 - O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA PESQUISA...................44

3.3 - INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...............................................................44

3.4 - PROCEDIMENTOS DE ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...................45

4 - ANÁLISE E DISCURSSÃO DOS DADOS.....................................................................46

4.1 - SITUAÇÃO FINANCEIRA E ATUARIAL DO REGIME.............................................46

4.1.1 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2005...............................................................................46

4.1.2 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2006...............................................................................50

4.1.3 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2007...............................................................................53

4.1.4 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2008...............................................................................55

Page 12: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

4.1.5 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2009..............................................................................,57

4.1.6 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2010..............................................................................,59

4.1.7 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2011..............................................................................,61

4.1.8 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2012..............................................................................,63

4.1.9 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2013...............................................................................65

4.1.10 - AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2014.............................................................................67

4.2 – EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA E ATUARIAL...................................69

4.2.1 – EVOLUÇÃO DO ATIVO E DO RESULTADO ATUARIAL.......................................................69

4.2.2 – EVOLUÇÃO DO GRUPO DE PARTICIPANTES.....................................................................70

4.2.3 – EVOLUÇÃO DAS FOLHAS DE PAGAMENTO......................................................................71

4.2.4 – EVOLUÇÃO DAS RESERVAS TÉCNICAS............................................................................72

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................73

REFERÊNCIAS......................................................................................................................75

Page 13: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço
Page 14: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

12

1 INTRODUÇÃO

A Previdência é um direito social que está previsto no art. 6º da Constituição Federal

de 1988, encontrando-se entre os Direitos e Garantias Fundamentais. Ela garante renda não

inferior a um salário mínimo ao trabalhador e a sua família nas situações de risco previstas na

legislação própria, sendo considerado por isso um verdadeiro patrimônio do trabalhador e da

sua família. Desta maneira, a previdência transformou-se ao longo dos anos em um importan-

te sistema de proteção social, com significativa cobertura de riscos sociais.

Esse ramo da Seguridade Social garante benefícios ao trabalhador e seus dependentes

nas situações previstas no art. nº 201 da Carta Magna, são eles: eventos de doença, invalidez,

morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à gestante; proteção ao traba-

lhador em situação de desemprego involuntário; salário-família e auxílio-reclusão para os

dependentes dos segurados de baixa renda; pensão por morte do segurado, homem ou mulher,

ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

A Seguridade Social está atualmente dividida em três áreas específicas: Saúde, Assis-

tência e Previdência Social. Dentre as diferenças existentes entre estes três ramos destaca-se a

forma de custeio. A saúde é um direito de todos e dever do Estado, independentemente de

contribuição, assim como a assistência social, sendo que esta última é devida apenas àqueles

que dela necessitarem. Enquanto isso, a previdência é de caráter contributivo e de filiação

obrigatória, ou seja, dela só se beneficiará quem contribuiu para um regime de previdência.

A Previdência Social, por sua vez, está dividida em três regimes distintos: O Regime

Geral de Previdência Social (RGPS), que tem suas políticas elaboradas pelo Ministério da

Previdência Social (MPS) e executadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), au-

tarquia federal a ele vinculada, possui caráter contributivo e de filiação obrigatória e dentre os

contribuintes encontram-se os empregadores, empregados assalariados, domésticos, autôno-

mos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais; o Regime de Previdência dos Servidores

Públicos, denominado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), também tem suas polí-

ticas elaboradas e executadas pelo MPS, sendo compulsório para os servidores públicos do

ente federativo que o tenha instituído, com teto e subtetos definidos pela Emenda Constituci-

onal nº 41, porém, excluem-se deste grupo os empregados das empresas públicas, os agentes

políticos, servidores temporários e detentores de cargos de confiança, pois todos são filiados

Page 15: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

13

obrigatórios do Regime Geral, e, por último; o Regime de Previdência Complementar (RPC),

que tem políticas também elaboradas pelo MPS, sendo executadas pela Superintendência Na-

cional de Previdência Complementar (Previc), é facultativo, organizado de forma autônoma

ao RGPS. No Brasil o RPC é organizado em dois segmentos: o segmento operado pelas enti-

dades abertas (com acesso individual), e o segmento operado pelas Entidades Fechadas de

Previdência Complementar (EFPCs), também conhecida como fundos de pensão, que operam

Planos de Benefícios destinados aos empregados de empresa ou grupo destas, denominadas

patrocinadoras, bem como aos associados ou membros de associações, entidades de caráter

profissional, classista ou setorial, denominados de instituidores.

Os Regimes Próprios (RPPS) são instituídos pelos entes federativos (União, Estados,

Distrito Federal e Municípios), e são de filiação obrigatória apenas para os servidores efeti-

vos, ou seja, estes devem contribuir mensalmente para custear os benefícios que serão conce-

didos pelo regime. Cada ente deve possuir um regime de previdência distinto, no entanto não

é obrigatório que o ente federativo institua seu próprio RPPS, ele pode decidir filiar-se ao

RGPS, e recolher as contribuições dos seus servidores para o INSS. Para muitos municípios

brasileiros é inviável a criação de um regime próprio, pois com poucos servidores o regime

não seria sustentável.

Quanto à gestão, os regimes próprios devem ser administrados por uma unidade úni-

ca, vinculada ao Poder Executivo, que garantirá a participação de representantes dos segura-

dos ativos e inativos, nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam ob-

jeto de discussão e deliberação, cabendo-lhes acompanhar e fiscalizar sua administração.

No passado os Regimes Próprios dos servidores públicos não obedeciam a uma regra

geral, e com isso a falta de padronização da legislação causou muita diversidade entre estes,

pois cada Estado ou Município criava suas próprias normas e oferecia benefícios diferencia-

dos aos servidores. A mudança desse cenário veio com a reforma da previdência promovida

pela Lei nº 9.717, de 17 de novembro de 1998, a qual introduziu a obrigatoriedade de caráter

contributivo e a necessidade de equilíbrio financeiro e atuarial, garantindo desta forma, uma

característica securitária, o que inexistia na maioria desses regimes de previdência. A partir de

então, a União ficou responsável pela orientação, supervisão, acompanhamento, bem como

pelo estabelecimento e publicação de parâmetros e diretrizes gerais aplicáveis aos Regimes

Próprios de Previdência Social.

Page 16: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

14

Até a Reforma Previdenciária de 1998, introduzida pela Emenda Constitucional nº

20, a maioria dos RPPS não recolhiam as contribuições previdenciárias, e por isso as fontes

de custeio para garantir o pagamento não eram bem definidas, sendo na maioria dos Estados e

Municípios por recursos do orçamento do ente federativo, o que causou o grande desequilí-

brio que existe atualmente nestes regimes. Além disso, a maioria dos RPPS criados a partir da

década de 1990 não foi precedida de uma avaliação atuarial inicial, como também não possuí-

am uma legislação bem definida quanto às regras de organização e funcionamento.

O Regime Próprio de Previdência dos servidores efetivos do Município de São Ben-

to/PB, foco deste trabalho, foi instituído pela Lei Municipal nº 318, de 15 de junho de 1993,

que criou o Fundo de Aposentadoria e Pensão (FAPEN), com o objetivo de custear os encar-

gos destes dois benefícios, enquanto que os outros benefícios legais seriam custeados por do-

tações orçamentárias próprias.

Quanto ao momento da instituição dos RPPS, assim define o informativo disponível

no site do Ministério da Previdência Social: “considera-se instituído o Regime Próprio a partir

do momento que o sistema de previdência, estabelecido no âmbito federativo, assegure por

lei, a servidor titular de cargo efetivo, pelo menos os benefícios de aposentadoria e pensão por

morte, prevista no art. 40 da Constituição Federal”.

A sustentabilidade do sistema previdenciário nacional está baseada numa visão de

longo prazo, em que se busca equacionar, ao longo dos períodos, as entradas (receitas) e as

saídas (despesas), portanto, a necessidade de sustentabilidade pode resumir a tônica das mu-

danças, fiscais, ou não, tanto no sentido de garantir a concretização dos benefícios futuros,

quanto no sentido da manutenção da confiabilidade e viabilização da previdência brasileira.

Buscando incentivar a sustentabilidade dos regimes previdenciários o Ministério da

Previdência Social definiu na Portaria MPS nº 403/2008 os conceitos de equilíbrio financeiro

e atuarial. Conforme a referida Portaria:

Equilíbrio Financeiro - refere-se à inexistência de déficits no confronto entre

as receitas e despesas operacionais assumidas pelo regime previdenciário, ou

seja, o total das contribuições vertidas por um determinado tempo.

Equilíbrio Atuarial - relaciona-se a uma visão adequada da realidade dos ris-

cos segurados em face dos recursos aportados pelo segurado, considerados

esses aspectos ao longo do tempo.

Page 17: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

15

O problema de pesquisa que se deseja responder é: o Regime Próprio do município

de São Bento, da forma como está estruturado, possui a sustentabilidade financeira e atuarial

necessária para que possa se manter ativo?

1.1 JUSTIFICATIVA

A realidade atual da população brasileira, principalmente pela melhoria das condi-

ções de vida, mostra que nos últimos anos alguns fatores têm afetado o equilíbrio da previ-

dência, tais como o crescimento da expectativa de sobrevida, fato que alonga o tempo de re-

cebimento dos benefícios de aposentadoria, como também aumenta o número de pessoas que

chegam à idade necessária para requerê-la. Por este e outros motivos, é importante que os

gestores dos regimes próprios de previdência tenham um plano racional dos gastos que pre-

serve a sustentabilidade dos regimes que administram, pois a legislação obriga o município a

arcar com os benefícios concedidos durante a vigência do plano, caso ele seja extinto, através

de dotação orçamentária, o que certamente comprometeria a prestação de outros serviços pú-

blicos.

A sustentabilidade do RPPS, foco deste trabalho, também se justifica importante por

estar ligado à questão social, visto que uma parte da população do município depende ou de-

penderá da renda dos benefícios custeados pela Previdência Municipal. Uma avaliação dos

aspectos econômicos e atuariais também se configura importante neste momento em que a

administração pública tem sido tão cobrada pelo equilíbrio fiscal, pela política de contenção

de gastos e de maximização da arrecadação tributária.

Dados estatísticos mostram que os benefícios previdenciários representam uma

grande fonte de renda nos municípios brasileiros, sobretudo naqueles de pequeno porte, e con-

sequentemente, a incerteza do recebimento destes benefícios pode vir a afetar significativa-

mente a economia e a estabilidade social de muitos municípios. Conforme dispõe Brasil

(2008, p.5) no Panorama da Previdência Social Brasileira, em sua 2ª edição:

E não somente nesse alcance direto sobre a vida dos trabalhadores atua a

Previdência Social. Ela segue participando de forma admirável na economia

da maioria dos pequenos municípios brasileiros, a ponto de constituir a prin-

cipal fonte de recursos nessas localidades, garantindo-lhes o indispensável

equilíbrio social, mediante a prestação certa dos benefícios previdenciários.

Page 18: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

16

Desta forma, analisar as evidências que apontam se o regime da forma como está or-

ganizado é ou não sustentável constitui um importante motivo para se desenvolver esta pes-

quisa. De acordo com Silva (2003):

Se um Regime Próprio de previdência municipal é economicamente mal pro-

jetado e, ainda, mal administrado, terminará por comprometer, no futuro e de

maneira grave, as finanças públicas locais, com um agravante: os efeitos ne-

gativos de um regime previdenciário mal projetado só costuma aparecer a

longo prazo. O que dificulta a conscientização dos administradores públicos

da importância da questão previdenciária.

Nogueira (2012, p. 7) também fala em seu trabalho do desafio dos governantes nas

três esferas da federação no que diz respeito à efetivação do equilíbrio financeiro e atuarial, e

afirma que, “de modo geral, a grande maioria dos Regimes Próprios possui déficit atuarial a

ser equacionado, originado de situações passadas relacionado à forma pela qual foram consti-

tuídos e inicialmente geridos”. O autor também declara que o equilíbrio financeiro e atuarial

não é de interesse exclusivo dos servidores públicos e governos, mas de toda a sociedade, uma

vez que se liga à capacidade de efetivação de politicas públicas que afetam de forma direta a

vida dos cidadãos. O referido autor é conclusivo ao afirmar que: “por essa razão, a construção

do equilíbrio dos RPPS deve ser igualmente tratada por meio de uma política pública de Esta-

do, envolvendo o planejamento e a ação governamental em um processo voltado a atingir ob-

jetivos socialmente relevantes e politicamente determinado”.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 GERAL

- Investigar a sustentabilidade financeira e atuarial do Regime Próprio de Previdência

dos servidores efetivos do Município de São Bento/PB.

1.2.2 ESPECÍFICOS

- Avaliar a situação do Regime Próprio de Previdência do Município de São Bento/PB,

através dos dados financeiros e atuariais de 2005 a 2014;

Page 19: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

17

- Verificar se existe equilíbrio financeiro e atuarial no Regime de Previdência Munici-

pal, através da análise dos Demonstrativos de Resultados da Avaliação Atuarial.

Page 20: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO

Conforme o conceito trazido pelo artigo 194 da Constituição Federal de 1988: “A

Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Pú-

blicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à

assistência social”.

A CF/1988 também estabeleceu a organização do sistema previdenciário em três

grandes regimes: Regime Geral, Regimes Próprios e Regime Complementar. Quanto ao Re-

gime Geral, sua organização está definida no artigo 201, que assim descreve:

A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter

contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o

equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura

dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à

maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador em si-

tuação de desemprego involuntária; IV - salário-família e auxílio-reclusão

para os dependentes dos segurados de baixa renda: V - pensão por morte do

segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, ob-

servado o disposto no § 2º.

Em 24 de julho de 1991 foram publicadas as duas leis orgânicas do Regime Geral de

Previdência, são elas: Lei nº 8.212, que dispõe sobre o Plano de Custeio e a Lei nº 8.213, que

dispõe sobre o Plano de Benefícios. A autarquia federal responsável pela administração dos

benefícios é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), enquanto que a parte do custeio é

hoje gerida pela Secretária da Receita Federal do Brasil (SRFB), responsável pela arrecadação

das contribuições sociais.

Segundo o Boletim Estatístico da Previdência Social, v. 20, de julho de 2015, o

RGPS está entre os maiores sistemas de previdência social do mundo, com um número de

contribuintes de 52.969.358 milhões.

Quanto aos Regimes Próprios, estes atendem ao disposto no artigo 40 da Constitui-

ção Federal de 1988, que dispõe o seguinte:

Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distri-

to Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegu-

rado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante con-

tribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos

pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e

atuarial e o disposto neste artigo.

Page 21: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

19

A Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998, é a norma que dispõe sobre as regras ge-

rais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos

servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares

dos Estados e do Distrito Federal. Assim dispõe seu artigo 1º:

Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados

e do Distrito Federal deverão ser organizados, baseados em normas gerais de

contabilidade e atuária, de modo a garantir o seu equilíbrio financeiro e atua-

rial [...].

Antes da edição desta Lei os entes da federação possuíam competência plena para le-

gislar sobre a previdência de seus servidores. Tal liberdade favoreceu que na maioria desses

entes não se instituísse contribuição, ou que se destinasse para outros fins os recursos arreca-

dados, fato que resultou no desequilíbrio financeiro e atuarial dos diversos RPPS espalhados

pelo Brasil.

2.1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO

De acordo com Nogueira (2012, p.24) a ideia de previdência surgiu juntamente com

as civilizações antigas. O autor faz a seguinte observação em sua obra:

Desde os tempos remotos o ser humano manifestava a preocupação de guar-

dar algum recurso para enfrentar as situações de necessidade. Essa previsão

de que uma possível adversidade pudesse vir a se constituir em uma ameaça

à sobrevivência, exigindo uma preparação para superá-la, já guardava em si

uma ideia primitiva de “previdência”. Entretanto, nesse momento ela era tra-

tada sob uma perspectiva meramente individual ou restrita ao grupo familiar,

ou, quando muito, da tribo à qual se estava ligado, sem que ainda pudesse ser

vista como uma preocupação de natureza social.

A doutrina aponta majoritariamente como o marco inicial mundial da previdência so-

cial a edição da Lei dos Seguros Sociais, na Alemanha, em 1883, perpetrada pelo chanceler

Otto Von Bismarck, que criou o seguro-doença, seguida por outras normas que instituíram o

seguro de acidente de trabalho, o de invalidez e o de velhice, em decorrência de grandes pres-

sões sociais de época. Conforme Nogueira (2012, p.26) explica:

Sob a iniciativa do Chanceler Otto Von Bismarck, que já havia anteriormente

promovido a primeira legislação voltada a regulamentar as relações de traba-

Page 22: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

20

lho no mundo, foram aprovadas pelo Parlamento Alemão a Lei do Seguro

Doença, em 1883, a Lei do Seguro Acidente, em 1884, e a Lei do Seguro de

Invalidez e Velhice, em 1889. A instituição do seguro social obrigatório se

inseriu num conjunto de reformas sociais promovidas pelo governo alemão,

cujos objetivos políticos eram promover a unidade nacional e a estabilidade

social, sob o domínio de um Estado forte, e conter o preocupante avanço do

socialismo revolucionário no interior do movimento operário.

No modelo adotado por Bismarck já existia a constituição de um sistema estatal cen-

tralizado, sendo organizado por categoria profissional, fundamentado no regime de capitaliza-

ção, com natureza contributiva e compulsória, ou seja, muito semelhante à Previdência atual.

Posteriormente, já em 1942, o governo inglês, através da Comissão do Seguro Social,

presidida pelo economista Willian Henry Beveridge, apresentou o Social Insurance and Allied

Service – The Beveridge Report in Brief, que ficou conhecido como Relatório Beveridge ou

Plano Beveridge. Este Relatório previa a implantação de um sistema de seguridade que bus-

cava combater os problemas de necessidade, doença, ignorância, miséria e ociosidade. Era

estruturado na forma de financiamento tripartite com participação do Estado, dos empregado-

res e dos empregados, com execução de responsabilidade do Estado. O Relatório Beveridge

tornou-se a principal referência para os sistemas de seguridade social elaborados posterior-

mente por outros países.

Desta forma, os sistemas previdenciários que surgiram eram seguidores ou deste mo-

delo Beveridge ou daquele proposto por Bismarck. É o que dispõe Nogueira (2012, p.31) ao

afirmar que:

Tem-se, portanto, dois modelos referenciais a partir dos quais os sistemas de

proteção social se desenvolveram ao longo do século XX: o modelo de Bis-

marck, ligado ao seguro social de natureza contributiva, que caracteriza a

previdência social em sentido estrito, e o modelo de Beveridge, no qual a

previdência social se insere no contexto mais amplo da seguridade social,

abrangendo também políticas assistenciais e de proteção à saúde. No entan-

to, diversamente do que se costuma afirmar, eles não são contraditórios ou

opostos entre si, pois o modelo beveridgiano, surgido algumas décadas de-

pois do modelo bismarckiano, incorpora o seguro social como um dos ele-

mentos da seguridade social, mas não o abandona, ampliando a proteção so-

cial tanto sob o aspecto qualitativo, no que se refere às modalidades de ser-

viços oferecidos, como quantitativo, por alcançar parcelas da população cuja

capacidade contributiva é reduzida ou inexistente.

A Constituição de 1891 foi a primeira brasileira a prever diretamente um benefício

previdenciário, pois o seu artigo 75 garantia a aposentadoria por invalidez aos funcionários

Page 23: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

21

públicos que se tornaram inválidos a serviço na nação, mesmo sem existir o pagamento de

contribuições previdenciárias.

Em 1919 foi editada a Lei de Acidentes de Trabalho, Lei nª 3.724, que criou o seguro

de acidente de trabalho para todas as categorias, a cargo das empresas, introduzindo a noção

do risco profissional.

Para Campos (apud Madrid, 2012, p.15) existem três correntes que explicam a ori-

gem da previdência no Brasil: “a primeira é a que seria no Império, a segunda, é a mais difun-

dida, que defende que a Lei Eloy Chaves foi a gênese da previdência conhecida nos dias atu-

ais, e por ultimo que se deu a partir da estruturação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão

(IAP) dos anos 30”.

Mas a Lei Eloy Chaves (LEC) é a considerada doutrinariamente como o marco ini-

cial da previdência no Brasil. O Decreto-lei nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, determinou a

criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) para os ferroviários, mantida pelas em-

presas. Após a publicação desta lei inúmeras categorias profissionais iniciaram movimentos

individuais para terem direito a uma CAP em suas empresas, pois todo trabalhador sabia o

quão difícil era chegar à terceira idade naquela época.

De 1930 em diante, na Era Vargas, o governo unificou as CAP’s em Institutos de

Aposentadoria e Pensão (IAP), não mais organizadas por empresa, e sim por categoria profis-

sional. Os IAP’s tinham a natureza de autarquia e eram subordinados ao recém-criado Minis-

tério do Trabalho. Sobre os Institutos de Aposentadoria e Pensão. Brasil (2008, p. 8) assim

considera: “Os institutos, porém, tinham uma característica marcante, cada um deles possuía

uma estrutura especifica de benefícios e contribuições, o que criava uma grande disparidade

entre os níveis qualitativos e quantitativos de proteção social”.

A Constituição de 1934 sofreu grande influencia da constituição Alemã de Weimar

de 1919, e foi responsável pela constitucionalização dos direitos sociais no país. Previa em

seu artigo 121, §1º, alínea “h” a instituição da previdência, mediante contribuição igual da

União, do empregador e do empregado, a favor da velhice e, da invalidez, da maternidade e

nos casos de acidente de trabalho ou morte.

Na Constituição de 1937 não houve nenhuma novidade em relação à de 1934, apenas

a previsão de que a legislação do trabalho observaria como um de seus preceitos a instituição

de seguros de velhice, invalidez, de vida e para os casos de acidentes de trabalho.

Page 24: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

22

Segundo Oliveira e Teixeira (apud Nogueira, 2012, p. 45):

Com as iniciativas para expansão da cobertura adotadas por Vargas, houve

um progressivo aumento do número de trabalhadores protegidos pelo siste-

ma de previdência social, chegando em 1945 a cerca de 2.763.000 segurados

ativos e 235.000 aposentados e pensionistas. Entretanto, o sistema trouxe

proteção apenas para os setores organizados da classe média urbana, perma-

necendo sem cobertura previdenciária amplos setores da população, tais co-

mo os trabalhadores rurais, domésticos, autônomos, profissionais liberais e

outros trabalhadores sem vínculo empregatício.

A Constituição de 1946 deu a Previdência Social alguma autonomia em relação à le-

gislação trabalhista, e estabeleceu que a competência para legislar sobre normas gerais seria

da União, enquanto que os Estados teriam competência para estabelecer normas supletivas e

complementares.

Em 1960, a Lei nº 3.907 unificou toda a legislação previdenciária de todos os IAP’s

existentes. A referida lei ficou conhecida como LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social).

Finalmente em 1966 foi aprovado o Decreto-lei nº 72 que unificava os IAP’s criando

o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), órgão público de natureza autárquica, ins-

talado a partir de janeiro de 1967. No mesmo ano a Lei nº 5.136/1967 integrou o seguro de

acidentes do trabalho ao INPS.

Entre os anos de 1966 e 1970, durante a ditadura militar, foram adotadas medidas

que resultaram na eliminação da representação classista nas entidades de previdência social,

marcando o afastamento dos trabalhadores de seus processos decisórios.

Em 1971 foi instituído o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural - PRORU-

RAL, pela Lei Complementar nº 11/1971, que assegurou a implementação do Fundo de Assis-

tência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL, criado pela Lei nº 4.214/1963 (Estatuto do Tra-

balhador Rural), mas até então não efetivado.

No ano seguinte os empregados domésticos foram incluídos no sistema de previdên-

cia social pela Lei nº 5.859/1972. E em 1973 foi a vez dos trabalhadores autônomos recebe-

rem a proteção da previdência.

Em 1974 foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), com

isso foram separadas as questões previdenciárias das trabalhistas. Já em 1977 houve a insti-

Page 25: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

23

tuição do SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social) com o objetivo de

integrar as atividades de previdência, assistência e saúde.

Segundo Nogueira (2012, p.55) a década de 80 passou por grandes transformações

causadas pela crise se instalou no país, principalmente marcada pela inflação recorde daquela

época, de acordo com o autor:

Ao contrário do ciclo de expressivo crescimento do período do “milagre

econômico”, entre 1967 e 1973, que possibilitou ao Estado aumentar a arre-

cadação tributária e expandir a proteção social, os primeiros anos da década

de 1980, intitulada a “década perdida”, foram marcados por forte recessão

econômica, que produziu a perversa combinação de aumento das demandas

sociais com a redução da capacidade financeira do Estado para atendê-las. A

receita previdenciária, em particular, foi fortemente afetada, por estar a sua

sustentação em grande parte vinculada à massa salarial, que apresentou que-

da, decorrente do aumento no desemprego e do rebaixamento no nível dos

salários. Somavam-se a isso os crescentes compromissos financeiros assu-

midos para o pagamento da dívida pública interna e externa, as deficiências

no sistema de arrecadação previdenciária a contumaz inadimplência das em-

presas no repasse das contribuições, a utilização de recursos das contribui-

ções sociais para financiamento de outras áreas do Governo, as fraudes con-

tra o sistema e suas ineficiências administrativas. Essa situação de desequilí-

brio foi enfrentada com o aumento das alíquotas de contribuição devidas pe-

los empregados e empregadores, visando elevar as receitas, e pelo mecanis-

mo de rebaixamento nos valores reais dos benefícios, para conter o ritmo de

expansão das despesas.

A Constituição de 1988, vigente até hoje, operou significativas mudanças na discipli-

na dos direitos sociais, pois inseriu a previdência social em capitulo destinado a seguridade

social, dentro do titulo especifico à “Ordem Social” com objetivos como o bem estar e a justi-

ça sociais. O direito a previdência social também passou a figurar no capitulo “Dos Direitos

Sociais”, dentro do titulo que trata “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”. Conforme Silva

(apud Madrid, 2012, p. 16):

A Constituição Cidadã de 1988 implantou no Brasil o conceito de Segurida-

de Social, composta por saúde, previdência social e assistência social. Já nos

anos 90 o Ministério da Previdência e Assistência Social passou por uma re-

estruturação em que houve a fusão de dois institutos: INPS e IAPAS, dando

origem à autarquia do INSS, responsável ainda hoje pela concessão dos be-

nefícios do Regime Geral de Previdência Social.

2.1.2 A IMPORTÂNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Embora sofrendo as dificuldades atuariais e financeiras que afetam os sistemas pre-

videnciários em todo mundo, especialmente em decorrência do aumento quase geométrico da

Page 26: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

24

expectativa de vida da população, a Previdência Social brasileira tem cumprido o seu papel

social dentro do esperado, pois é hoje o maior programa de redistribuição de renda existente

no país. Ela combate a pobreza, diminui as desigualdades sociais e regionais, corrige injusti-

ças ao garantir a cidadania, estimula as economias locais e evita o êxodo rural.

Segundo noticia divulgada no endereço eletrônico do MPS:

Em 2012, a Previdência conservou o papel de importante distribuidor de

renda no Brasil. Em 3.996 municípios brasileiros, o pagamento de benefícios

do RGPS ultrapassou os repasses do Fundo de Participação dos Municípios

(FPM). Isso representa 71,8% do total de cidades do país. Mensalmente são

mais de 31 milhões de benefícios pagos pelo INSS em todo o Brasil. De

acordo com um levantamento, realizado pela Coordenação-Geral de Estatís-

tica, Demografia e Atuária, do Ministério da Previdência Social, a região

com maior número de cidades nessa situação é a Sul: 76,7% dos municípios

recebem mais recursos do INSS do que do FPM. Em seguida vem a região

Sudeste, com 76%, e a Nordeste, com 72,6%. Já na região Norte, em 51,7%

das cidades, os repasses do INSS são maiores do que os do FPM. Na região

Centro-Oeste, essa proporção é de 60,9%.

Diante das observações dos autores e das estatísticas apresentadas, é inquestionável a

importância da previdência social na economia do País e na melhoria das condições de vida

da população.

2.2 PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS

A Lei nº 9.717/99 estabeleceu as regras gerais para organização e funcionamento dos

Regimes Próprios de Previdência Social dos servidores públicos da União, dos Estados, do

Distrito Federal e Municípios, e dos militares dos Estados e do Distrito Federal. Já em seu

primeiro artigo determina que estes devam ser organizados baseados em normas gerais de

contabilidade e atuaria, de modo a garantir seu equilíbrio financeiro e atuarial.

Quanto à sustentabilidade da Previdência Social Brasil (2009, p. 29) é conclusivo: “A

Previdência Social é um pacto entre gerações e por isso é preciso, a cada passo, verificar os

impactos sobre a sustentabilidade de longo prazo que têm as diversas propostas de politicas

para nossa previdência”.

Os Regimes Próprios submetem-se, como mencionado, aos critérios atuariais e con-

tábeis, assim sendo a conta do fundo deve ser distinta da conta do Tesouro da unidade federa-

Page 27: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

25

tiva e os recursos previdenciários devem ser aplicados conforme o estabelecido pelo Conselho

Monetário Nacional (CMN), observado o estabelecido como custo administrativo.

A legislação vigente faculta aos entes públicos a criação de Regime Próprio para seus

servidores efetivos, desta forma eles não são obrigados a manter um regime, podem decidir se

vincular ao RGPS, e assim arrecadar as contribuições previdenciárias dos servidores e reco-

lhê-las ao INSS, além de que, existem muitos municípios que por serem pequenos e terem

poucos servidores não possuem viabilidade para que se crie um regime próprio.

A Lei nº 9.717/98 também dispõe que o ente federativo que descumprir seus precei-

tos estará sujeito a: ter suspenso empréstimos, financiamentos ou transferências voluntárias de

recursos da União; impossibilidade de celebrar acordos, contratos, convênios ou ajustes, e de

receber empréstimos ou financiamentos da União;

Em 2013, segundo dados do MPS, o número total de entes federativos que ofereci-

am algum tipo de regime de previdência social para seus servidores atingiu 5.593, sendo

3.431 municípios que participavam do RGPS, representando 61% do total, 27 governos esta-

duais e 2.030 municípios que ofereciam o RPPS, representando 35% do total, e 132 municí-

pios que ofereciam RPPS em Extinção, que é um regime de previdência somente para manu-

tenção dos participantes e assistidos que estavam nesse regime antes da extinção, representan-

do 2% do total. Desta análise, percebe-se que a maioria dos municípios guarda relação com o

RGPS.

2.2.1 EVOLUÇÃO E HISTÓRICO

Para Nogueira (2012, p.106), a evolução dos sistemas de previdência social dos ser-

vidores públicos no Brasil apresenta três períodos históricos: o primeiro foi antes da Consti-

tuição de 1988, onde se destinava apenas a uma parcela dos servidores, que ao passarem para

a inatividade tinham o direito a aposentadoria, sem caráter contributivo e sem regras para as-

segurar o equilíbrio das receitas e despesas; o segundo a partir da Constituição de 1988, que

incentivou uma rápida expansão dos regimes próprios de previdência, tanto em relação ao

universo de segurados abrangidos como pela criação por um grande numero de municípios, e

o terceiro a partir da Reforma de 1998, com a criação de um novo marco institucional, tendo

por princípios básicos a exigência de caráter contributivo e equilíbrio financeiro e atuarial.

De acordo com Campos (apud Madrid 2012, p.21):

Page 28: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

26

O termo servidor é originado da relação entre o servo e o soberano feudal,

onde havia dependência em troca de proteção. O servidor investido e tendo

se dedicado a função pública recebia do Estado a proteção quando, por moti-

vo de doença ou idade, entra na inatividade, mesmo sem qualquer tipo de

contribuição previdenciária. Somente em 1993, com a Emenda Constitucio-

nal nº 3, é que o servidor público da União passou a contribuir para a previ-

dência. Da mesma forma, a falta de fonte de custeio para os benefícios pre-

videnciários ocorria, também, nos Estados e municípios brasileiros. Sem

fonte de custeio e sem a preocupação com o equilíbrio atuarial, a previdência

dos servidores públicos chegou aos dias atuais com um grande desafio às

Administrações Públicas: pagar a conta sem prejuízo aos servidores públicos

e à população em geral.

A Constituição brasileira de 1891 previu em seu bojo dois dispositivos relacionados à

Previdência Social, quais sejam o art. 5º e o art. 75, sendo que o primeiro dispunha sobre a

obrigação de a União prestar socorro aos Estados em calamidade pública, se tal Estado solici-

tasse, e o último dispunha sobre a aposentadoria por invalidez dos funcionários públicos.

No que tange ao art. 75 da Constituição de 1891, deve-se observar que a referida

aposentadoria concedida aos funcionários públicos que viessem a ficar inválidos, não depen-

dia de qualquer contribuição por parte do trabalhador, sendo completamente custeada pelo

Estado.

Entre as décadas de 1920 e 1930 já havia várias categorias de funcionários públicos

cobertos por instituições previdenciárias organizadas nos Estados e Municípios brasileiros.

Posteriormente, a Constituição de 1934, passou a prever, além da aposentadoria por invalidez,

uma aposentadoria compulsória por idade aos funcionários públicos.

A Constituição de 1937 adotou redação quase semelhante a anterior, além de estabe-

lecer a hipótese de aposentadoria compulsória por motivação pública como mostra o artigo

177:

Dentro do prazo de sessenta dias, a contar da data desta Constituição, pode-

rão ser aposentados ou reformados de acordo com a legislação em vigor os

funcionários civis e militares cujo afastamento se impuser, a juízo exclusivo

do Governo, no interesse do serviço público ou por conveniência do regime.

A implantação dos regimes próprios no Brasil foi propiciada pela Constituição Fede-

ral de 1988. O RPPS foi instituído na União, nos 26 Estados, no Distrito Federal e em muitos

municípios. De acordo com Nogueira (2012, p. 128):

Page 29: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

27

A Constituição de 1988 trouxe uma inovação com importantes consequên-

cias, ao estabelecer que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-

pios deveriam adotar regime jurídico único para a contratação de seus servi-

dores, conforme seu artigo 39, caput. 195 Por meio da Lei nº 8.112/1990 foi

instituído o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, em

uma versão atualizada do Estatuto da Lei nº 1.711/952. Em seu artigo 243 a

Lei nº 8.112/1990 estabeleceu que ficariam submetidos ao regime jurídico

nela estabelecido todos os servidores da União até então regidos pela Lei nº

1.711/1952 e pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, excetuados

apenas os contratados por prazo determinado. Assim realizou-se a efetivação

de centenas de milhares de servidores, cujos empregos automaticamente fo-

ram transformados em cargos públicos, conforme referido na seção anterior.

Ainda quanto à origem da previdência, Brasil (apud Madrid, 2012, p. 21) assim dis-

põe:

O Estado Brasileiro teve como característica básica um viés paternalista, ga-

rantindo aos servidores públicos a sua aposentadoria, não como direito de-

corrente de um regime previdenciário contributivo, mas sim como uma obri-

gação do Estado em amparar o servidor no momento se sua passagem para

inatividade, sem qualquer custo para o servidor [...] na elaboração do orça-

mento público a despesa com inativos e pensionistas era considerada apenas

como um item da despesa de pessoal. Assim, nas demonstrações contábeis

não era explicitada a distorção dos regimes previdenciários dos servidores

públicos, dificultando o processo de controle e ajuste de tais despesas. Nesse

sentido, como a previdência era tratada como um apêndice da despesa de

pessoal, a instituição dos regimes previdenciários pelos Estados e Municí-

pios não observava qualquer marco regular nacional, o que historicamente

levou a uma completa heterogeneidade dos regimes previdenciários dos ser-

vidores públicos. Esta diversidade não se limitou aos entes públicos, esten-

dendo também aos poderes e categorias funcionais, ampliada pela reduzida

capacidade de controle destes regimes por parte dos órgãos fiscalizadores.

Desta maneira o desequilíbrio nos regimes de previdenciários dos servidores

da União, Estados e Municípios transformou-se em um dos principais itens

de despesa do orçamento público. Dentro deste contexto, tornou-se imperati-

va promover alterações no regime de previdência dos servidores públicos

que iniciou-se com a promulgação da Reforma da Previdência Social

(Emenda Constitucional nº 20, de 16 de dezembro de 1998) introduzindo al-

terações estruturais no regime de Previdência Social dos servidores públicos,

como a obrigatoriedade do caráter contributivo e a necessidade do equilíbrio

financeiro e atuarial. Assim começa a ocorrer a separação entre política de

pessoal e a previdenciária, garantindo a essa uma característica securitária,

até então ausente na maioria dos regimes previdenciários dos servidores pú-

blicos existentes no Brasil.

Como se percebe, a previdência social no Brasil teve origem no assistencialismo, on-

de o Estado tinha a responsabilidade total sobre o custeio dos benefícios. A Constituição Fe-

Page 30: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

28

deral de 1988 destacou-se no processo de evolução da proteção social, pois definiu orçamen-

tos próprios para a Assistência Social e para a Previdência..

2.2.2 REFORMAS PREVIDENCIÁRIAS DE 1998 E 2003

A Lei nº 9.717/98, que dispõe sobre as regras gerais para a organização e o funcio-

namento dos RPPS, marcaram o inicio da Reforma Previdenciária ocorrida naquele ano.

Ainda em 1998, com a Emenda Constitucional nº 20, conhecida como “reforma

FHC”, foi estabelecido critérios para a participação dos servidores no custeio dos Regimes

Próprios instituídos pelos entes federativos. Segundo Mascarenhas, Oliveira e Caetano (2011,

p.7):

A Emenda Constitucional n.º 20 de 15 de dezembro de 1998 foi um dos pas-

sos iniciais para se tentar controlar o desequilíbrio das contas Previdenciá-

rias, incorporando à Constituição linhas gerais de um novo modelo de cará-

ter contributivo, onde benefício e contribuição deveriam estar correlaciona-

dos de modo a permitir o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. A lei n.º

9.717/98 já tinha estabelecido, em novembro do mesmo ano, normas gerais

para a organização e funcionamento dos regimes próprios.

As principais mudanças introduzidas pela EC nº 20 foram: a ampliação das fontes de

financiamento, com contribuições sobre o trabalho sem vinculo empregatício, sobre a renda e

o faturamento, e sobre a importação de bens e serviços; introdução dos princípios da filiação

obrigatória, do caráter contributivo e do equilíbrio financeiro e atuarial; limitação do salário

família e do auxilio-reclusão apenas para os segurados de baixa renda; restrição da aposenta-

doria especial para as atividades que prejudiquem a saúde e integridade física; limitação da

aposentadoria especial dos professores apenas aos que exerceram função de magistério na

educação infantil e ensino fundamental e médio; substituição do conceito de aposentadoria

por tempo de serviço para aposentadoria por tempo de contribuição; extinção da aposentado-

ria proporcional por tempo de serviço; desconstitucionalização da regra de cálculo do valor

dos benefícios; constitucionalização do regime de previdência complementar privada; manu-

tenção da aposentadoria por idade aos 65 anos de idade para o homem e 60 anos para a mu-

lher; e possibilidade de constituição, pela União, de fundo integrado de bens, direitos e ativos,

em adição aos recursos de sua arrecadação, para assegurar o pagamento dos benefícios.

Page 31: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

29

Para os RPPS destacaram-se os seguintes pontos da Emenda Constitucional nº 20:

limitação dos RPPS aos servidores titulares de cargos efetivos, aplicando-se obrigatoriamente

o RGPS aos servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão, cargo temporário ou

emprego publico; adoção dos princípios do caráter contributivo e do equilíbrio financeiro e

atuarial; definição dos seguintes critérios para aposentadoria voluntária: tempo mínimo de 10

anos no serviço público, 5 anos no cargo efetivo, 60 anos de idade e 35 anos de contribuição,

se homem, e 55 anos de idade e 30 de contribuição, se mulher; manutenção dos critérios para

a aposentadoria por invalidez, por idade e compulsória, todas com proventos proporcionais,

exceto a invalidez decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,

contagiosa ou incurável; limitação dos proventos de aposentadoria e de pensões à remunera-

ção do cargo efetivo, mantendo a integralidade com a remuneração do cargo e paridade de

reajustamento com os servidores ativos; restrição da aposentadoria especial às atividades que

prejudiquem a saúde ou a integridade física, na forma definida em lei complementar; limita-

ção da aposentadoria especial dos professores aos que exerçam função de magistério na edu-

cação infantil e no ensino fundamental ou médio, com sua extinção para professores universi-

tários; vedação à contagem do tempo de serviço fictício; observação subsidiaria das regras

estabelecidas para o RGPS; previsão da possibilidade de fixação do teto do RGPS para as

aposentadorias e pensões concedidas pelo RPPS, desde que instituído regime de previdência

complementar para os servidores efetivos; vedação a acumulação de proventos de aposentado-

ria no serviço público com a remuneração de cargo , emprego ou função pública, ressalvados

aqueles acumuláveis; aplicação do teto de remuneração no serviço público aos proventos de

aposentadoria; extinção da aposentadoria especial aos 30 anos de serviço para magistrados,

membros do Ministério Público e de Tribunais de Contas, que passaram a se sujeitar as mes-

mas regras dos demais servidores; possibilidade de constituição de fundos integrados pelos

recursos provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos para assegurar o pagamen-

to dos proventos de aposentadoria e das pensões concedidas pelos RPPS.

No ano seguinte foi aprovada a Lei nº 9.876/1999, que estabeleceu novas regras para

o cálculo do valor dos benefícios. Entre elas destacam-se: ampliação do tempo contributivo,

passando a corresponder a toda a vida laboral do segurado, a partir de julho de 1994; cálculo

do valor do beneficio sobre a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição

correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo; criação do fator previden-

ciário, fórmula que leva em consideração a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de

Page 32: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

30

contribuição do segurado ao se aposentar, e; a extinção progressiva da escala de salário-base

dos contribuintes individuais.

Mascarenhas, Oliveira e Caetano (2011, p.7) dispõe o seguinte sobre as Reformas

Previdenciárias:

As reformas introduzidas em 1998 modificaram a trajetória de crescimento

da necessidade de financiamento, mas não foram suficientes para reduzi-la a

patamares aceitáveis. Dessa forma, em 2003, a discussão da reforma da Pre-

vidência entrou como prioridade na agenda política do novo governo. Diver-

sas propostas de Reforma da Previdência dos Servidores Públicos Civis fo-

ram discutidas e estudadas neste período, culminando com a publicação da

Emenda Constitucional n.º 41/03.

Em 2003 a Emenda Constitucional nº 41, publicada em 19 de dezembro, e entrando

em vigor no dia 31 do mesmo mês, estabeleceu para os Regimes Próprios o principio da soli-

dariedade; a nova forma de cálculo da pensão por morte, equivalendo à totalidade dos proven-

tos ou da remuneração do servidor apenas até o limite máximo dos benefícios do RGPS,

acrescido de 70% da parcela que excede esse limite; o reajustamento dos benefícios para pre-

serva-lhes o valor real; a instituição do regime de previdência complementar por meio de lei

ordinária pelo próprio ente federativo; a concessão de abono de permanência equivalente ao

valor da contribuição previdenciária, tendo o servidor completado as exigências para a con-

cessão da aposentadoria voluntaria; a vedação a existência de mais de um RPPS e de mais de

uma unidade gestora em cada ente federativo, e; a obrigatoriedade de instituição, pelos Esta-

dos, Distrito Federal e Municípios, de contribuição devida pelos seus servidores para custeio

do RPPS, cuja a alíquota não poderá ser inferior à contribuição dos servidores da União.

2.2.3 O DESEQUILÍBRIO NA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

Conforme Nogueira (2012, p. 151), “quando o equilíbrio financeiro e atuarial foi co-

locado de forma explícita como princípio constitucional para a organização dos RPPS, no

final de 1998, estes, em sua maior parte, já existiam e estava diante de uma situação de dese-

quilíbrio estrutural crônico”. Assim sendo, estabelecer o equilíbrio não foi apenas uma diretriz

inovadora a ser observada pelos RPPS que viessem a ser instituídos, mas tarefa muito mais

difícil, que indica desconstruir modelos e estruturas erroneamente consolidadas há anos ou

décadas.

Page 33: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

31

As implicações desse desequilíbrio ainda não se fazem sentir de forma tão aguda no

presente, especialmente para muitos Municípios cujos RPPS, embora apresentem déficit atua-

rial, mantêm superávits financeiros e possuem recursos acumulados suficientes para o paga-

mento dos benefícios por alguns anos. No caso da União, dos Estados e dos Municípios com

RPPS mais antigos, além do desequilíbrio atuarial há o desequilíbrio financeiro, que requer

aportes mensais para sua cobertura, porém este se apresenta em valores que podem ser supor-

tados pelos recursos orçamentários dos Tesouros nacional, estaduais e municipais.

Todavia, se conservada a atitude atual dos entes federativos, que não tratam com a

devida gravidade o equilíbrio financeiro e atuarial de seus RPPS e resistem à adoção de medi-

das para o equacionamento do déficit atuarial, essa situação irá se agravar no futuro, com pre-

juízo para sua própria capacidade administrativa. O desequilíbrio nas contas públicas, gerado

pelo crescimento sucessivo das despesas com pessoal, poderá comprometer a capacidade de

execução das políticas de interesse dos cidadãos, tais como: saúde, educação, segurança, mo-

radia, e conduzirá à necessidade de rigorosas reformas.

Para Pinheiro (apud Nogueira, 2012, p. 155)

A previdência social se transformou em um dos principais problemas das fi-

nanças dessas esferas governamentais, tomando-se em consideração a carga

crescente que os passivos representam dentro da folha de pagamento. Caso

se mantivesse as tendências atuais, os gastos com as aposentadorias e pen-

sões tenderiam a inviabilizar as administrações públicas, provocando dimi-

nuição dos salários dos trabalhadores ativos e redução da disponibilidade de

recursos para as políticas públicas locais.

O modelo adotado pelo sistema de seguridade no passado, sem contribuições dos se-

gurados para o custeio dos benefícios previdenciários, também contribuiu para o desequilíbrio

que se instalou na previdência social. Conforme Nogueira (2012, p. 138):

As causas que conduziram ao desequilíbrio financeiro e atuarial crônico dos

regimes de previdência dos servidores públicos referem-se tanto ao modelo

organizacional pelo qual esses regimes foram sendo estruturados ao longo do

tempo como às regras de acesso aos benefícios, ou, em alguns casos, à au-

sência dessas regras, que permitiam ou incentivavam grupos ou indivíduos a

agirem em busca da obtenção de benefícios mais vantajosos do que o siste-

ma estaria apto a suportar.

Além disso, existem outros fatores que geram o desequilíbrio das contas da previ-

dência social no Brasil. Dentre eles destaca-se a relação entre o número de contribuintes ati-

Page 34: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

32

vos e inativos, pois quanto mais existirem pessoas em atividade recolhendo contribuições para

o sistema, mais recursos estarão disponíveis para custear os benefícios daqueles que já passa-

ram para a inatividade. Quando o inverso ocorre, ou seja, quando o número de beneficiários

do sistema se aproximar do número de contribuintes ativos, haverá o desequilíbrio financeiro.

Este fenômeno tem ocorrido principalmente devido ao envelhecimento gradativo da popula-

ção e da queda na taxa de crescimento.

A expectativa de sobrevida ao nascer é outro fator agravante do desequilíbrio na pre-

vidência, pois nas ultimas décadas houve um elevado aumento dessa expectativa nos brasilei-

ros, sem que houvesse mudanças na mesma proporção nas regras para a concessão de aposen-

tadorias. Segundo dados o IBGE, a esperança de vida ao nascer subiu 25 anos em quatro dé-

cadas (de 1960 a 2010), ao passar de 48 anos para 73,4 anos. Em 2012, subiu para 74,6 anos e

em 2013, para 74,9 anos. Assim esclarece Bispo (2004, p. 53):

Leite divide as dificuldades enfrentadas pela previdência social no mundo

em três diferentes categorias: extrínsecas, intrínsecas e mistas. Dentro da

primeira categoria, destaca a precária situação econômica experimentada pe-

la grande maioria dos países capitalistas, que tem como corolário principal

altas taxas de desemprego, muitas vezes comparáveis àquelas verificadas por

ocasião da crise de 1929, comprometendo seriamente o equilíbrio financeiro

e a sustentabilidade da previdência social. Ainda nas dificuldades extrínse-

cas, destaca a evolução demográfica, principalmente no tocante à composi-

ção etária da população, caracterizada pela crescente proporção de idosos

dentro da população e pela elevação da idade média de vida das pessoas.

Dentro da segunda categoria – dificuldades intrínsecas – o autor aponta que

alguns países costumam sobrecarregar a previdência social com “benefícios

não essenciais”, aproximando-a do conceito de assistência ou serviço social.

Outros países, por vezes os mesmos, fixam o valor dos benefícios em níveis

tão próximos dos da remuneração que o segurado auferia enquanto trabalha-

va que reduzem ou eliminam o incentivo de o mesmo manter-se em ativida-

de, influenciando na redução do tempo de contribuição financeira do segura-

do ao sistema. Nas dificuldades mistas, última categoria citada pelo autor,

aparece a “excessiva e indevida” interferência política, manifestada através

de leis oportunistas, originadas no poder executivo ou no poder legislativo,

que visam invariavelmente à concessão de privilégios e que quase sempre

comprometem o equilíbrio financeiro do sistema.

A população está de fato envelhecendo, e com isso mais pessoas chegam à idade ne-

cessária para ter direito a aposentadoria, além de que, também receberão por mais tempo o

beneficio. Dados do IBGE mostram também que em 1980 a população com 65 anos ou mais

representavam 4,01% do total de habitantes no país. Já em 2010 essa taxa chegou a 7,38% da

população brasileira.

Page 35: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

33

Em 2012 um segurado com 60 anos de idade tinha uma sobrevida estimada em 21,6

anos. Já em 2013, um segurado com a mesma idade teve uma sobrevida ampliada para 21,8

anos, aproximadamente 2,5 meses a mais. Isso mostra o quanto tem crescido a sobrevida no

curto espaço de apenas um ano.

Outro importante fator que ocasiona desequilíbrio à previdência social é o mercado

de trabalho informal, pois são muitos os trabalhadores e empregadores que deixam de contri-

buir para a seguridade. Esse problema tem como principal causa à alta carga tributária do nos-

so país. Assim muitas empresas, especialmente as pequenas, e diversos trabalhadores perma-

necem na informalidade, e os cofres públicos, inclusive os da previdência, deixam de arreca-

dar bilhões por ano. Assim, quanto maior a informalidade, menor o volume de arrecadação da

previdência social.

A solução para o grande problema que é o desequilíbrio da previdência, diante do seu

caráter social de indispensável contribuição para a garantia da manutenção da vida de várias

famílias por todo pais, infelizmente não está tão próximo de ser alcançada. Conforme Noguei-

ra (2012, p.14) afirma:

Como o plano de benefícios dos RPPS não comporta a prática de grandes

inovações para a redução de seu custo, dado que sua configuração é de or-

dem constitucional, não há solução possível para o déficit atuarial que não

exija a destinação de maior volume de recursos para a previdência dos servi-

dores. O administrador público vê-se então diante de um dilema, pois terá

que retirar recursos do orçamento que poderia utilizar para atender a deman-

das imediatas da população e aos seus projetos de governo (obras, expansão

de serviços públicos, gastos sociais), com grande visibilidade política, e des-

tiná-los a atender a necessidades não imediatas de uma pequena parcela da

coletividade, com retorno político baixo ou que pode até ser visto como ne-

gativo. Desse modo, a tendência natural de qualquer governante é desejar

adiar a tomada de tal decisão, investindo naquilo que considera mais urgente

e conveniente hoje, e deixando para aqueles que o sucederão a tarefa de re-

solver o amanhã.

Porém alguma medida precisa ser tomada o mais breve possível, pois retardar uma

decisão que é tão importante para aqueles servidores que ao longo de sua vida laboral contri-

buíram para garantir a estabilidade econômica e financeira, própria e da família, no momento

que não mais pudessem trabalhar, é algo muito sério, e que comprometerá de forma incalculá-

vel o destino das famílias que já são, ou que serão dependentes da renda proveniente dos di-

versos RPPS existentes no país que passam por desequilíbrio e correm o risco de ser extinto,

fazendo com que a administração municipal ou estadual seja obrigada a destinar os recursos

Page 36: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

34

que seriam aplicados em serviços públicos indispensáveis ao bem-estar da população em ge-

ral, como saúde, educação e segurança, para cobrirem o pagamento dos benefícios previden-

ciários que tenham sido garantidos no momento que estavam em funcionamento. Pois ao fi-

nal, a má gestão de um Regime aliado à falta de se buscar a solução que mais possa garantir

sua continuidade sem comprometer as contas públicas, acarretará não apenas quem deles de-

pende diretamente como segurado ou dependente, e sim toda a sociedade que será atingida

pela redução daqueles serviços públicos essenciais.

2.2.4 AVALIAÇÃO ATUARIAL

As Avaliações Atuariais geram pareceres que são emitidos por empresas de auditoria

especializadas nas áreas atuarial e previdenciária. Estes pareceres demonstram a capacidade

do plano em fazer frente as suas obrigações presentes e futuras. Conforme Mascarenhas, Oli-

veira e Caetano (2011, p. 9):

Determinar a situação econômico-financeira de longo prazo de um regime

Próprio de previdência, avaliando-se a capacidade financeira do regime em

solver suas obrigações previdenciárias com os seus associados e dependentes

é um procedimento especializado da Ciência Atuarial.

Pelo Decreto-Lei nº 806/1969, regulamentado pelo Decreto nº 66.408/1970.253 O

atuário deve estar inscrito como membro do Instituto Brasileiro de Atuária – IBA, instituição

criada em 1944, e sua profissão está assim definida pelo artigo 1º:

Entende-se por atuário o técnico especializado em matemática superior que

atua, de modo geral, no mercado econômico financeiro, promovendo pesqui-

sas e estabelecendo planos e políticas de investimentos e amortizações e, em

seguro privado e social, calculando probabilidades de eventos, avaliando ris-

cos e fixando prêmios, indenizações, benefícios e reservas matemáticas.

Conforme o Anexo I, da Portaria MPS nº 87, de 02 de fevereiro de 2005, os regimes

próprios de previdência social, deverão ter uma avaliação atuarial no início da implementação

do regime, e uma reavaliação a cada ano.

A Portaria do MPS nº 403/2008 apresenta uma serie de definições, uma delas se refe-

re aos conceitos de equilíbrio financeiro e equilíbrio atuarial, conforme o 2º artigo:

Equilíbrio Financeiro: garantia de equivalência entre as receitas auferidas e

as obrigações do RPPS em cada exercício financeiro;

Page 37: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

35

Equilíbrio Atuarial: garantia de equivalência, a valor presente, entre o fluxo

das receitas estimadas e das obrigações projetadas, apuradas atuarialmente, a

longo prazo.

Quando se refere a equilíbrio financeiro e atuarial, portanto, entende-se como a ga-

rantia de que o RPPS terá recursos suficientes para o pagamento das obrigações, tanto de cur-

to prazo (a cada exercício financeiro), como no longo prazo (todo seu período de existência).

Os Regimes Próprios precisam definir qual o regime financeiro que irá adotar. Estes

regimes financeiros são métodos de financiamento elaborados para garantir o cumprimento

das obrigações assumidas por planos de benefícios de previdência. Ou seja, são ferramentas

de distribuição do Custo Atuarial do plano previdenciário, sob a forma de contribuições ao

longo do tempo. Os regimes próprios de previdência deverão seguir um dos três possíveis

regimes financeiros, que são:

Regime de Capitalização - aquele que possui uma estrutura técnica de forma que as

contribuições pagas por todos os servidores e pela União, Estado, Distrito Federal ou Municí-

pio, incorporando-se às reservas matemáticas, que são suficientes para manter o compromisso

total do regime próprio de previdência social para com os participantes, sem que seja necessá-

ria a utilização de outros recursos, caso as premissas estabelecidas para o plano previdenciário

se verifiquem.

Regime Repartição de Capitais de Cobertura - aquele que possui uma estrutura técnica

de forma que as contribuições pagas por todos os servidores e pela União, Estado, Distrito

Federal ou Município, em um determinado período, deverão ser suficientes para constituir

integralmente as reservas matemáticas de benefícios concedidos, decorrentes dos eventos

ocorridos nesse período.

Regime de Repartição Simples - aquele em que as contribuições pagas por todos os

servidores e pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, em um determinado período,

deverão ser suficientes para pagar os benefícios decorrentes dos eventos ocorridos nesse perí-

odo.

Conforme as definições inseridas na Portaria MPS nº 403/2008, tem-se no 2º pará-

grafo os seguintes conceitos de Avaliação Atuarial, Nota Técnica Atuarial e o Demonstrativo

de Resultado da Avaliação Atuarial:

Page 38: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

36

VI- Avaliação Atuarial: estudo técnico desenvolvido pelo atuário, baseado

nas características biométricas, demográficas e econômicas da população

analisada, com o objetivo principal de estabelecer, de forma suficiente e ade-

quada, os recursos necessários para a garantia dos pagamentos dos benefí-

cios previstos pelo plano;

VII - Nota Técnica Atuarial: documento exclusivo de cada RPPS que des-

creve de forma clara e precisa as características gerais dos planos de benefí-

cios, a formulação para o cálculo do custeio e das reservas matemáticas pre-

videnciárias, as suas bases técnicas e premissas a serem utilizadas nos cálcu-

los, contendo, no mínimo, os dados constantes do Anexo desta Portaria;

VIII - Demonstrativo de Resultado da Avaliação Atuarial - DRAA: docu-

mento exclusivo de cada RPPS que registra de forma resumida as caracterís-

ticas gerais do plano e os principais resultados da avaliação atuarial.

Segundo a Portaria MPS nº 87/2005, deverão ser enviados para a Secretaria de Pre-

vidência Social os seguintes documentos: o Relatório Final da avaliação e Nota Técnica Atua-

rial; o Demonstrativo de Resultado da Avaliação Atuarial-DRAA, a ser enviado anualmente

pelo ente público, conforme modelo eletrônico disponível no site do Ministério da Previdên-

cia Social.

2.2.5 DÉFICIT ATUARIAL

Nos últimos anos, vê-se falar com frequência sobre a Previdência Social e o déficit

apresentado nas contas previdenciárias, e sobre como este atrapalha o crescimento do país e o

resultado das contas públicas.

Somente em 2013, o déficit no regime dos servidores públicos foi de R$ 40 bilhões,

apresentando um total de 670 mil aposentados. Na previdência dos militares, com 270 mil

beneficiados, o déficit alcançou R$ 22 bilhões. Juntos estes dois grupos somam cerca de um

milhão de beneficiários, e um déficit de R$ 62 bilhões. Enquanto no Regime Geral, pelo qual

24 milhões de beneficiários recebem aposentadorias e pensões pelo INSS, o déficit chegou a

R$ 50 bilhões. Portanto, mesmo com um número bem menor de beneficiários, os regimes

próprios apresentaram um déficit muito superior ao RGPS.

Segundo Madrid (2012, p.25), “ocorre déficit atuarial em um regime de previdência

sempre que as despesas atuais somadas às despesas projetadas para o futuro são maiores do

que as receitas atuais e as projetadas para o mesmo período”.

Page 39: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

37

As causas mais comuns para a ocorrência de déficit nos regimes próprios são: o uso

dos recursos previdenciários para fins diferentes daqueles para que se propõem; a utilização

de tábuas de expectativa de vida desatualizadas; a constituição do regime sem fonte de arre-

cadação que garanta a sustentação financeira e a elaboração de uma avaliação atuarial com

dados insuficientes.

Neste sentido foi editada a Portaria MPS nº. 403/2008, que trata das normas aplicá-

veis às avaliações e reavaliações atuariais dos RPPS nas três esferas de governo. A Portaria

trata, inclusive, das medidas a serem sugeridas na avaliação para solucionar os históricos défi-

cits atuariais, como, por exemplo, a segregação da massa de segurados, de modo a se viabili-

zar a constituição de grupo de segurados num sistema, com objetivo de acumulação de recur-

sos para pagamento dos compromissos do plano de benefícios de cada regime próprio. Outra

providência seria a construção de planos de equacionamentos, mediante lei de cada ente fede-

rativo, com vistas à minimização da utilização dos recursos dos respectivos tesouros, criando

assim uma perspectiva de sustentabilidade dos regimes, em longo prazo, dentro das possibili-

dades orçamentárias e financeiras de cada um. Tais providências exigirão, em muitos casos,

maiores empenhos de cada ente federativo para que sejam levadas a cabo.

Segundo as avaliações atuariais anuais do RPPS do município de São Bento dos anos

de 2005 a 2014, há déficit atuarial no regime, isto é, nas datas em que foram realizadas as

avaliações atuariais, para cumprir os compromissos atuais e futuros que possuía com os parti-

cipantes do plano, o regime já precisaria ter acumulado um valor superior ao que possuía em

caixa, por este motivo uma alíquota de contribuição do município para recuperação do déficit

atuarial (alíquota suplementar) foi sugerida nas últimas avaliações realizadas. No entanto, o

regime apresentou neste período equilíbrio financeiro, pois as receitas auferidas foram sempre

superiores às despesas com o pagamento dos benefícios devidos.

De acordo também com a Portaria MPS nº 403/2008, em caso de déficit atuarial en-

contrado na ocasião da avaliação atuarial no regime, este deve ser amortizado de uma das

seguintes formas: segregação de massa de segurados; ou por um plano de amortização que

pode ser através de alíquotas de contribuição suplementar; ou ainda por meio de aportes de

recursos preestabelecidos.

A segregação de massa de segurados consiste na separação dos segurados vinculados

ao RPPS em grupos distintos que integrarão o Plano Financeiro e o Plano Previdenciário, nos

quais haverá a separação dos segurados, das obrigações previdenciárias e dos recursos prove-

Page 40: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

38

nientes das contribuições. O atuário define uma data de corte e, a partir dai os servidores ad-

mitidos anteriormente a essa data integrarão o Plano Financeiro, que terá os benefícios previ-

denciários custeados com os recursos existentes até o momento do corte, e na insuficiência

destes, por recursos do orçamento, até a extinção da massa de servidores. Os admitidos a par-

tir deste corte ficarão sob a responsabilidade do regime próprio, integrando o Plano Previden-

ciário, que será equilibrado.

Também é exigida a implementação do Plano de Contas para os RPPS, instituído pe-

la Portaria MPS nº. 916, de 15 de julho de 2003, na estrutura definida pela Portaria MPS nº.

95, de 06 de março de 2007, no contexto da Contabilidade Pública Brasileira e Normas Brasi-

leiras de Contabilidade Pública editada pelo Conselho Federal de Contabilidade. Esses proce-

dimentos permitirão a evidenciação não apenas das obrigações e recursos financeiros dos re-

gimes próprios, mas de todo o seu patrimônio, cujos ativos representam bens e direitos garan-

tidores dos benefícios previdenciários.

2.2.6 CERTIFICADO DE REGULARIDADE PREVIDENCIÁRIA – CRP

O controle do cumprimento dos critérios e exigências previstos na Lei Geral dos Re-

gimes Próprios, Lei nº 9.717/98, e a aplicação das sanções contidas no art. 7º dessa Lei torna-

ram-se efetivos por meio do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP). É um docu-

mento emitido pelo MPS, através da Secretaria de Previdências Públicas, que atesta se o

RPPS atende as exigências da legislação previdenciária através da boa gestão, de forma a as-

segurar o pagamento dos compromissos previdenciários. Esse Certificado, instituído pelo De-

creto nº 3.788, de 11/04/2001, atesta o cumprimento das regras de organização e funciona-

mento dos regimes próprios em cada ente federativo.

O CRP é fornecido aos órgãos ou entidades da União, que o utilizarão quando da li-

beração das verbas ou assinatura de convênios, propiciando segurança aos gestores federais.

Sua emissão foi implementada pela Portaria MPAS nº 2.346, de 10/07/2001, com fundamento

no art. 3º do Decreto nº 3.788/2001, posteriormente disciplinado pela Portaria MPS nº 172, de

2005, e atualmente na Portaria MPS nº 204, de 10/07/2008.

O CRP é amplamente utilizado pelos órgãos federais, possuindo reconhecimento na-

cional dos órgãos de previdência estaduais e municipais como instrumento efetivo de controle

da gestão previdenciária no serviço público. Tanto os entes federativos quanto a sociedade em

geral têm acesso à situação do regime de previdência dos servidores por meio do Extrato Pre-

Page 41: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

39

videnciário, disponível na página do Ministério da Previdência Social na Internet onde tam-

bém pode ser consultada a situação do CRP. Por esta razão tornou-se uma importante ferra-

menta de controle previdenciário, uma vez que se o Regime próprio tiver a certificação nega-

da fica impedido de receber transferências voluntárias de recursos vindos da União, de cele-

brar acordos, contratos, convênios ou ajustes; de receber a concessão de empréstimos, finan-

ciamentos, avais e subvenções em geral de órgãos ou entidades da administração direta e indi-

reta da União; de ter a liberação de recursos de empréstimos e financiamentos por instituições

financeiras federais; e de receber o pagamento dos valores referentes à compensação previ-

denciária devida pelo RGPS.

O RPPS foco deste trabalho apresenta deste o ano de 2014 problemas quanto à ob-

tenção deste certificado. Conforme consulta ao endereço eletrônico do MPS, o último CRP

emitido atendendo aos requisitos da Portaria MPS nº 204 foi em 30 de dezembro de 2013,

tendo validade até 28 de junho de 2014.

Apenas neste ano, no dia 04 de março, um novo CRP foi emitido, portanto o municí-

pio permaneceu por um período de 08 meses sem possuir o certificado, o que certamente im-

pediu que o ente recebesse quaisquer recursos das formas citadas anteriormente. Vale salientar

que consta neste certificado que as irregularidades observadas em relação à Lei nº 9.717/98 e

a Portaria MPAS nº 402 estão suspensas por determinação judicial, não representando impe-

dimento a emissão do certificado. Este certificado teve validade até o dia 31 de agosto do cor-

rente ano, e nesta mesma data foi emitido um novo, desta vez com validade até o dia 27 de

fevereiro de 2016.

2.3 REGIME DE PREVIDÊNCIA PRÓPRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO BENTO/PB

Instituído em 1993, pela Lei Municipal nº 318, de 15 de junho, que criou inicialmen-

te o Fundo de Aposentadoria e Pensões (FAPEN), com o objetivo de custear os encargos de

aposentadorias e pensões dos seus servidores efetivos, enquanto que os outros benefícios le-

gais concedidos aos servidores eram custeados por dotações orçamentárias próprias do muni-

cípio.

De acordo com a referida Lei, que criou o fundo citado, as receitas seriam proveni-

entes de: contribuição mensal, obrigatória, no valor de 8% sobre a remuneração dos servido-

res; contribuição mensal do município de valor igual ao somatório das contribuições devidas

Page 42: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

40

pelos servidores municipais; os rendimentos e os juros provenientes de empréstimos e aplica-

ções financeiras e, o resultado da assinatura de convênios. O Fundo também poderia conceder

empréstimos simples e imobiliários aos servidores ativos. O saldo das receitas e obrigações do

Fundo foi incorporado ao instituto criado posteriormente, que a partir de então passou a ser o

responsável por custear todos os benefícios concedidos aos servidores públicos efetivos do

município.

Com base na Lei nº 9.717/98 e na Emenda Constitucional nº 20, foi editada a Lei

Municipal nº 397, de 12 de agosto de 2002, intitulada Lei Geral da Previdência Municipal

(LGPM), com esta lei foi criado então o INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA MUNICIPAL DE

SÃO BENTO - IMPRESB, que além de criar a nova estrutura de benefícios para os servidores

e seus dependentes, incorporou todos os recursos e obrigações existentes do extinto FAPEN.

A Lei Municipal nº 397/2002 foi revogada posteriormente pela Lei nº 445, de 10 de

outubro de 2005. A nova lei, além de outras providências, alterava a alíquota das contribui-

ções dos servidores de 8,50% para 11%, e a alíquota do município de 11,50% para 12,50%,

em conformidade com a legislação federal vigente e adotando a alíquota sugerida na Avalia-

ção Atuarial realizada naquele ano

.

2.3.1 DA FORMA DE FUNCIONAMENTO

A Lei Municipal de Previdência Social visa dar cobertura aos riscos a que estão su-

jeitos os beneficiários do IMPRESB e compreende um conjunto de benefícios que atendam às

seguintes finalidades: garantir meios de subsistência nos eventos de invalidez, doença, aciden-

te em serviço, idade avançada, reclusão e morte, e; proteção à maternidade e à família.

O IMPRESB garante quanto aos segurados os seguintes benefícios: aposentadoria

por invalidez; aposentadoria compulsória; aposentadoria por tempo de contribuição; aposen-

tadoria por idade; auxílio-doença; salário-maternidade; salário-família. E quanto aos depen-

dentes são: pensão por morte e auxílio reclusão.

São segurados do IMPRESB: o servidor público titular de cargo efetivo dos órgãos

dos Poderes Executivo e Legislativo, suas autarquias, inclusive as de regime especial e funda-

ções públicas; os aposentados e os pensionistas.

A Lei Municipal nº 445/2005 também instituiu o Conselho Municipal de Previdência

– CMP, órgão superior de deliberação colegiada, composto pelos seguintes membros:

Page 43: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

41

a) Um representante do Poder Executivo;

b) Um representante do Poder Legislativo, indicado pela mesa diretora;

c) Um representante dos servidores ativos;

d) Um representante dos inativos e pensionistas.

O Regime Próprio em questão apresenta o seguinte quadro de segurados: 805 servi-

dores ativos, 122 inativos e 25 pensionistas (posição em 31 de dezembro de 2014, conforme

informações fornecidas pelo próprio instituto).

2.3.2 DAS CONTRIBUIÇÕES AO REGIME

O plano de custeio do IMPRESB é aprovado anualmente por lei, dela constando

obrigatoriamente o regime financeiro adotado e o respectivo cálculo atuarial.

São fontes do plano de custeio, de acordo com a Lei nº 445/2005, as seguintes recei-

tas:

a) Contribuição previdenciária do município (12,5% do valor global da folha de remune-

ração de contribuição de segurados ativos, inativos e pensionistas);

b) Contribuição previdenciária dos segurados ativos (11% do salário de contribuição);

c) Contribuição previdenciária dos segurados inativos e pensionistas (11%, apenas sobre

as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o limite máximo

estabelecido para benefícios do Regime Geral de Previdência Social)

d) Doações, subvenções, auxílios e legados e outras receitas eventuais;

e) Contribuições mensais dos dependentes, desde que em gozo de benefício;

f) Receitas decorrentes de aplicações financeiras e receitas patrimoniais;

g) Valores recebidos a título de compensação financeira, em razão do § 9° do art. 201 da

Constituição Federal (compensação entre os regimes);

h) Valores recebidos a título de compensação financeira por diferença salarial;

i) Demais dotações previstas no orçamento municipal.

As receitas financeiras do IMPRESB somente podem ser utilizadas para o pagamento

de benefícios previdenciários, ressalvada a utilização dos recursos para pagamento das despe-

Page 44: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

42

sas de manutenção, que será caracterizada como taxa de administração (sendo de 2,00% do

valor total da folha de pagamento). Os recursos são depositados em conta distinta da conta do

Tesouro Municipal.

O município é o responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras do

RPPS, decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários. Os valores deverão ser con-

signados no orçamento anual mediante apresentação do cálculo estimativo do déficit.

Page 45: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

43

3 METODOLOGIA

3.1 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA

Buscando alcançar os objetivos, foram utilizados como instrumentos para a coleta de

dados a pesquisa bibliográfica e documental. O material bibliográfico foi coletado em livros e

trabalhos acadêmicos (teses e dissertações disponibilizadas em meio eletrônico) que tratam do

tema Previdência Social, enquanto que o material documental foi obtido através das leis mu-

nicipais que tratam de seu Regime Próprio e das Avaliações Atuariais realizadas no mesmo.

A presente pesquisa é considerada como básica. Para Gil (1999, p.42), a pesquisa

tem um caráter pragmático, é um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do mé-

todo científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas me-

diante o emprego de procedimentos científicos”. Para Silva (2005, p.20) a pesquisa básica

objetiva gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática

prevista, envolve verdades e interesses universais.

O estudo de caso para Yun (2005, p.21): “é uma investigação empírica que investiga

um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os

limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

Quanto à abordagem, é classificada como qualitativa, onde os dados foram levanta-

dos no Instituto Municipal de Previdência de São Bento/PB e junto a Prefeitura Municipal.

Para Silva (2005):

Há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo

indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não

pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribui-

ção de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não re-

quer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte

direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descri-

tiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O pro-

cesso e seu significado são os focos principais de abordagem.

É uma pesquisa exploratória que, conforme Gil (2002 p. 41), “visa proporcionar

maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práti-

cas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão”. Ou

Page 46: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

44

seja, estudar profundamente o objeto de análise buscando compreender se o Regime é finan-

ceiramente sustentável, mesmo tendo um déficit considerável.

3.2 O CONTEXTO DA PESQUISA: ESPAÇO E SUJEITOS DA INVESTIGAÇÃO

O espaço da presente pesquisa é o Instituto Municipal de Previdência de São Ben-

to/PB (IMPRESB), instituído 1993, inicialmente chamado de Fundo de Aposentadoria e Pen-

são (FAPEN), para custear os benefícios previstos aos servidores efetivos do município. O

IMPRESB está localizado em imóvel da Administração, na sede do Poder Executivo situado

no centro de São Bento/PB.

O foco é a sustentabilidade financeira e atuarial deste Instituto, do qual são segurados

805 servidores ativos, 122 inativos e 25 pensionistas, conforme informações do próprio IM-

PRESB (posição em 31 de dezembro de 2014).

O sujeito da pesquisa é Alberto da Silva Rodrigues, Presidente e representante legal

do IMPRESB. Ao mesmo foi requerida a prestação de informações sobre a situação financei-

ra, a estrutura e o funcionamento do Instituto.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E SELEÇÃO DOS DADOS

Para coleta de informações foi elaborado questionário e a realizada uma entrevista

com o Presidente do IMPRESB, Alberto da Silva Rodrigues. Conforme Silva (2005, p. 33):

Entrevista é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determi-

nado assunto ou problema. A entrevista pode ser: padronizada ou estrutura-

da: roteiro previamente estabelecido; despadronizada ou não estruturada: não

existe rigidez de roteiro. Pode-se explorar mais amplamente algumas ques-

tões. O questionário, por sua vez, é uma série ordenada de perguntas que de-

vem ser respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser ob-

jetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções As instru-

ções deve esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da

colaboração do informante e facilitar o preenchimento.

Os dados também foram coletados através de pesquisa documental com uso das leis

municipais que dispõem sobre o regime de previdência, e das Avaliações Atuarias realizadas

Page 47: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

45

no IMPRESB, disponíveis na página virtual do Ministério da Previdência Social no endereço:

http://www1.previdencia.gov.br/sps/app/draa/draa_detalhe.asp?Tipo=1

Segundo Carvalho (1988, p. 135) a pesquisa documental é:

Aquela realizada a partir de documentos considerados cientificamente autên-

ticos não fraudados; tem sido largamente utilizada nas ciências sociais, na

investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos sociais, estabele-

cendo suas características ou tendências; além das fontes primárias, os do-

cumentos propriamente ditos, utilizam-se as fontes chamadas secundarias,

como dados estatísticos, elaborados por institutos especializados e conside-

rados confiáveis para a realização da pesquisa.

3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Na análise e interpretação dos dados foi realizada a elaboração de quadros e gráficos,

que podem demonstrar a evolução do déficit do Regime, através dos dados coletados nos De-

monstrativos de Resultado da Avaliação Atuarial (DRAA), entre os anos de 2005 e 2014.

Gil (1999, p. 136) explica que “o objetivo é organizá-los sistematicamente de forma

que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema de investigação”. Para o referido

autor, a interpretação dos dados tem por objetivo a procura do sentido mais amplo das respos-

tas, o que é feito mediante a ligação com outros conhecimentos já assimilados.

Page 48: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

46

4. ANÁLISE E DISCURSSÃO DOS DADOS

O presente estudo foi realizado no município de São Bento, que está localizado no

estado da Paraíba, na microrregião de Catolé do Rocha, distante 345 km da capital João Pes-

soa. De acordo com o IBGE, no ano de 2012, a população era estimada em 31.853 habitantes;

o PIB per capita em R$ 7.176,62; e a densidade demográfica em 124,41 hab./km2. É Consi-

derada uma cidade pólo industrial têxtil, conhecida pela fabricação de redes e mantas, cujos

habitantes as vendem em diversas localidades do Brasil. Atualmente, exporta redes para todos

os estados do Brasil bem como para a maioria dos países da América do Sul, África, Europa e

Ásia. A população urbana foi estimada em 25.039 habitantes, correspondendo a 81,92 % da

população total, enquanto que a população rural foi de 5.841 habitantes, sendo 18,62% do

total.

4.1 SITUAÇÃO FINANCEIRA E ATUARIAL DO REGIME

4.1.1 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2005

Em 27 de abril de 2005 foi realizada a primeira avaliação atuarial do Instituto de

Previdência Própria do Município de São Bento, com data-base 31 de dezembro de 2004. Não

se trata de uma avaliação inicial, visto que o Regime Próprio Municipal já existia desde 1993.

A Lei Municipal nº 445/2005 reorganizou a estrutura do sistema previdenciário mu-

nicipal e autorizou a adoção das alíquotas de contribuição sugeridas na avaliação atuarial, as

quais começaram a ser executadas a partir de janeiro de 2006.

A primeira avaliação atuarial da Previdência Municipal apurou os valores constantes

no Quadro 1.

Quadro 1 - Valores da Avaliação Atuarial Inicial – 2005

Ativo do Plano Resultado Atuarial

R$ 0,0 -

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005. Site do MPS. Elaboração própria.

Pode-se observar a situação financeira do IMPRESB naquele momento, que segundo

a avaliação, não possuía saldo em seu ativo, e por este motivo não foi possível definir qual o

Page 49: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

47

resultado atuarial, ou seja, se o Regime possuía superávit ou déficit naquele período, pois esse

resultado leva em conta o saldo do ativo do plano no momento em que é realizada a avaliação.

Neste demonstrativo, o atuário responsável sugeriu as alíquotas a serem adotadas pa-

ra que o Regime preservasse o equilíbrio financeiro e atuarial, as quais estão discriminadas a

seguir o Quadro 2.

Quadro 2 - Alíquotas de Equilíbrio Definidas na Avaliação Atuarial - 2005

Contribuinte Custo Normal* Custo Suplementar*

Ente Público 18,55% 12,56%

Servidor Ativo 11,00% 0,00%

Servidor Aposentado 11,00% 0,00%

Pensionista 11,00% 0,00%

Base de Incidência das contribuições do

Ente

FRA FRA

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005. Site do MPS.

A base de incidência das contribuições do Ente era a Folha de Remuneração dos Ati-

vos, “FRA” no Quadro 2, de acordo o próprio demonstrativo. A alíquota de contribuição dos

inativos e pensionistas incide apenas sobre o valor que exceder ao teto do RGPS, conforme

determina a legislação vigente.

De acordo com este parecer atuarial, o regime próprio do município possuía um gru-

po de participantes com 684 servidores, sendo 627 ativos e 57 inativos. Representando estes

números no Gráfico 1, percebe-se que a maior parte dos participantes eram ativos.

Gráfico 1- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2005:

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005. Site do MPS. Elaboração própria.

Servidores Ativos; 91,67

Aposentados e Pensionistas;

8,33

Page 50: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

48

Outra informação importante verificada no referido parecer, diz respeito ao valor da

folha de pagamento dos servidores ativos, que era equivalente a R$ 251.564,52, enquanto que

a obrigação com o pagamento dos benefícios da inatividade representava R$ 24.190,32, tota-

lizando R$ 275.754,84. O Gráfico 2 apresenta esta relação, e como se pode observar 8,77%

do total em R$ das duas folhas (ativos e inativos) eram equivalentes ao custo dos benefícios

com a inatividade. Esta pequena proporção quando comparados estes valores é um indicativo

do equilíbrio financeiro do IMPRESB. Como se demonstra no Gráfico 2:

Gráfico 2- Relação entre valor da Folha de pagamento de Ativos e Inativos - 2005

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005. Site do MPS. Elaboração própria.

As reservas técnicas totais são constituídas para os benefícios sob o Regime de Capi-

talização e Repartição Simples e estão divididas em:

a) Reserva dos Benefícios a Conceder: é calculada para os segurados em atividade;

b) Reserva dos Benefícios Concedidos: é calculada para os inativos e pensionistas do pla-

no que já estão recebendo algum benefício;

c) Reserva Matemática: Estimativa da Compensação Previdenciária;

d) Patrimônio: valor do Ativo do Plano, ou seja, somatório de todos os bens e direitos. In-

clusive valores de dívidas já reconhecidas em Balanço Patrimonial;

e) Passivo Atuarial: também denominado de déficit técnico. É o valor a ser reposto no

prazo máximo de 35 (trinta e cinco) anos, através de Lei.

Para a realização dos cálculos das Reservas Técnicas do IMPRESB foram utilizadas

as informações contidas nas fichas cadastrais, que conduziram aos valores apresentados no

Quadro 3 mostrado a seguir.

Folha de Pagamento Total;

100

Custo com beneficios

previdenciários; …

Page 51: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

49

Quadro 3 - Cálculos das Reservas Técnicas – 2005

Reserva de Be-

nefícios a conce-

der

Reserva de Bene-

fícios concedidos

Ativo do

Plano

Reserva

Matemática

Passivo

Atuarial

R$ 4.073.754,50 R$ 3.841.454,02 0,00 R$ 7.915.208,52 R$ 7.915.208,52

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005. Site do MPS. Elaboração própria.

Conforme este relatório, o passivo atuarial apresentado é o resultado da soma das re-

servas de benefícios a conceder somado aos concedidos, subtraído do saldo atual do plano

naquele período. Assim sendo, o cálculo é realizado da seguinte forma: (Reserva de benefí-

cios a conceder) + (Reserva de benefícios concedidos) – (Saldo atual do plano) = (Passivo

atuarial) ou (R$ 4.073.754,50 + R$ 3.841.454,02 – R$ 0,00 = R$ 7.915.208,52).

O atuário destacou também no parecer que o passivo atuarial representa duas com-

ponentes: uma anterior a criação do Regime Próprio e a outra do período da existência deste,

gerando os valores de R$ 1.792.155,50 e de R$ 6.123.053,02, respectivamente, totalizando os

R$ 7.915.208,52 informados.

O Demonstrativo Atuarial apresentou a projeção atuarial das receitas e despesas do

Regime Próprio para os 75 anos seguintes (de 2004 a 2078), como estabelece a legislação

vigente. O Quadro 4 apresenta algumas destas projeções.

Quadro 4- Projeções das Receitas e Despesas do Regime Próprio – 2005

Ano Receita Despesa Saldo

2004 R$ 735.826,22 R$ 315.016,00 R$ 420.790,22

2010 R$ 1.405.142,28 R$ 464.838,35 R$ 4.670.367,56

2020 R$ 2.489.623,98 R$ 1.154.334,36 R$ 16.904.137,04

2030 R$ 3.250.804,45 R$ 2.512.850,67 R$ 27.017.244,63

2040 R$ 3.481.905,84 R$ 3.019.166,57 R$ 35.449.942,69

2050 R$ 4.194.817,32 R$ 2.751.165,34 R$ 45.901.742,44

2060 R$ 5.545.767,19 R$ 2.761.641,73 R$ 67.094.835,31

2070 R$ 7.975.434,61 R$ 2.778.951,85 R$ 107.059.806,85

2078 R$ 11.246.194,19 R$ 2.812.469,87 R$ 162.236.130,30

Fonte: Demonstrativo do Resultado da Avaliação Atuarial – 2005. Site do MPS. Elaboração Própria.

Page 52: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

50

Com base neste quadro, por volta de 2040, é possível perceber que a diferença entre

receitas e despesas apresentará a menor proporção, porém já na década posterior esta diferen-

ça voltará a ser maior. Também é possível observar que em todos os anos analisados o Regime

apresentou um saldo financeiro positivo, que permitiria cumprir com suas obrigações previ-

denciárias.

4.1.2 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2006

A segunda Avaliação Atuarial do IMPRESB foi realizada em 15 de dezembro de

2006, e teve como data-base o dia 31 de dezembro de 2005. Nesta avaliação o Regime Pró-

prio apresentou um déficit atuarial, como mostra o Quadro 5, com base nos valores informa-

dos.

Quadro 5- Valores da Avaliação Atuarial - 2006

Ativo do Plano Resultado Atuarial

Regime de Capitalização Regime de Repartição

R$ 1.669.165,83 R$ -7.405.279,65 R$ -1.429.019,03

Fonte: Demonstrativo do Resultado da Avaliação Atuarial, 2006. Site do MPS. Elaboração própria.

De acordo com valores encontrados na Avaliação Atuarial, o IMPRESB apresentava

em seu resultado um déficit atuarial como mostrou o Quadro 5. Os benefícios oferecidos pelo

instituto adotavam regimes financeiros diferentes. As aposentadorias por idade, tempo de con-

tribuição e compulsória estavam sob o regime de capitalização; já o auxílio-doença, o auxílio-

reclusão, o salário-maternidade e o salário-família obedeciam ao regime de repartição sim-

ples; e a aposentadoria por invalidez, a pensão por morte de segurado ativo e a pensão por

morte de segurado aposentado por invalidez obedeciam ao regime de capitais de cobertura.

Como visto, o déficit atuarial foi observado nos regimes de capitalização e repartição, que

somados representavam R$ - 8.834.298,68. Este déficit apresentava duas componentes: uma

anterior a criação do Regime Próprio de Previdência e a outra do período da existência deste

Regime gerando os valores de R$ 565.771,99 e R$ 8.268.526,69, respectivamente.

Nesta segunda avaliação foram definidas novas alíquotas de equilíbrio para o plano

de custeio do Regime. A alíquota de contribuição normal do Ente foi reduzida quando compa-

Page 53: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

51

rada àquela da avaliação anterior (que era 18,55% da folha de pagamento dos ativos), e tam-

bém não houve a definição de alíquota de contribuição suplementar para o Ente (em 2004 era

de 12,76%).

As alíquotas de contribuição dos servidores ativos, inativos e pensionistas permane-

ceram as mesmas (11,00% do salário de contribuição). Importante salientar que, no caso da

contribuição dos inativos e pensionistas só há contribuição sobre o valor excedente ao limite

estabelecido para os benefícios do Regime Geral, ou seja, os aposentados e pensionistas só

contribuem para o IMPRESB quando recebem beneficio com valor superior ao valor adotado

como teto máximo no RGPS, e a alíquota de 11% incide apenas sobre o que exceder esse teto.

(Em 2015 o teto é de R$ 4.663,75). O Quadro 6 abaixo mostra quais foram às alíquotas defi-

nidas para o equilíbrio financeiro e atuarial do plano:

Quadro 6- Alíquotas de Contribuição Adotadas – 2006

Contribuinte Custo Normal Custo Suplementar

Ente 12,50% 0,00%

Servidor Ativo 11,00% 0,00%

Servidor Aposentado 11,00% 0,00%

Pensionista 11,00% 0,00%

Base de Incidência da contribuição FRAPAP FRAPAP

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial – Ano 2006. Site do MPS.

Nesta avaliação a base de incidência da contribuição do Ente Público passou a ser a

Folha de Pagamento dos Ativos e Proventos dos Aposentados e Pensionistas (FRAPAP), em

2004 era apenas a Folha de Pagamento dos Ativos (FRA).

O grupo participante do Regime apresentava a seguinte composição: 728 servidores,

sendo 659 ativos, 53 inativos e 16 pensionistas. Estes dados indicam que 90,53% do total de

servidores eram ativos, enquanto que 9,47% encontravam-se na situação de inativo ou pensi-

onista, recebendo proventos custeados pelo IMPRESB. Conforme mostra a seguir o Gráfico

3:

Page 54: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

52

Gráfico 3- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2006

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2006. Site do MPS. Elaboração Própria.

Naquela avaliação, a Folha de Pagamento dos Ativos considerados equivalia a

R$ 265.978,24 e a obrigação para o pagamento dos benefícios da inatividade representava

R$ 28.539,53, totalizando R$ 294.517,77. Fazendo um comparativo, observa-se que o gasto

com a inatividade representava 9,69% do valor total da folha de pagamento dos servidores

ativos e inativos, o que é um indicativo positivo de que o IMPRESB permanecia equilibrado

financeiramente. No Gráfico 4 estão discriminados estes percentuais:

Gráfico 4- Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e Inativos – 2006

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2006. Site do MPS. Elaboração Própria.

Conforme o parecer atuarial, os cálculos das Reservas Técnicas conduziram aos se-

guintes valores apresentados no Quadro 7.

Quadro 7- Cálculo das Reservas Técnicas – 2006

Reserva de Be-

nefícios a Con-

ceder

Reserva de Be-

nefícios Conce-

didos

Ativo do Plano Reserva Matemá-

tica

Passivo Atuari-

al

R$ 6.030.333,71 R$ 4.473.130,80 R$ 1.669.165,83 R$ 10.503.464,51 R$-8.834.298,68

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2006 Site do MPS. Elaboração Própria

Servidores Ativos; 90,53

Aposentados e Pensionistas;

9,47

Folha de Pagamento Total;

100

Custo com beneficios

previdenciários; …

Page 55: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

53

Os cálculos das Reservas Técnicas, conforme vistos anteriormente, leva em conta o

valor dos benefícios concedidos somados ao valor dos benefícios a conceder (levando em

conta todo o período), diminuído do valor do ativo do plano na data-base da avaliação (de-

zembro/2005).

O parecer realizado informou que o IMPRESB estava equilibrado atuarial e financei-

ramente na avaliação daquele ano.

4.1.3 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2007

A Avaliação Atuarial do ano de 2007 foi realizada em 24 de setembro de 2007, tendo

como data-base 31 de dezembro de 2006. Quanto ao Plano de custeio, apresentou as mesmas

alíquotas do ano anterior (Ente: custo normal = 12,50%; ativos, aposentados e pensionistas:

custo normal = 11,00%).

O Parecer Atuarial apresentou os seguintes valores constantes no Quadro 8 a seguir:

Quadro 8 - Valores da Avaliação Atuarial – 2007

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

Regime de Capitalização Regime de Repartição

R$ 1.901.554,27 R$ -9.287.360,34 R$ -2.120.197,83

Fonte: Demonstrativo de Resultado da Avaliação Atuarial, 2007. Site do MPS. Elaboração própria.

O Resultado Atuarial apresentou um déficit maior que o do ano anterior, que havia

sido de R$ -7.405.279,65 para os benefícios do Regime de Capitalização, e; R$ -1.429.019,03

para os benefícios sob o Regime de Repartição. O valor total do déficit naquele ano foi de

R$ -11.407.558,17. Porém a observação realizada pelo atuário responsável pela avaliação

informa que o IMPRESB encontrava-se equilibrado atuarial e financeiramente naquele perío-

do.

Participavam do grupo do Regime, naquele ano, 721 servidores, sendo 649 ativos, 56

inativos e 16 pensionistas. Pode-se então concluir que, 11,09% dos servidores estavam na

inatividade recebendo benefícios do IMPRESB, enquanto que os 88,91% restantes formavam

o grupo de servidores ativos estatutários do instituto e, portanto, houve um pequeno aumento

na proporção de inativos e pensionistas em relação ao ano anterior. Conforme demonstra o

Gráfico 5 a seguir.

Page 56: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

54

Gráfico 5- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2007

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2007. Site do MPS. Elaboração própria.

A referente Avaliação também informou os valores da Folha de Pagamento dos Ati-

vos, que foi de R$ 378.541,41, e da obrigação com o pagamento dos benefícios da inativida-

de, que representaram R$ 38.005,94, totalizando R$ 416.547,35. Nesta relação temos que,

naquele ano, o valor utilizado para custear os benefícios pagos pelo IMPRESB representavam

9,12% do valor da folha de pagamento total (ativos e inativos), a seguir o Gráfico 6 mostra

esta relação.

Gráfico 6- Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e Inativos – 2007

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2007. Site do MPS, Elaboração própria.

.

O Quadro 9 aponta quais foram os valores das Reservas Técnicas encontradas naque-

le ano.

Quadro 9- Cálculos das Reservas Técnicas – 2007

Reserva de Be-

nefícios a Con-

ceder

Reserva de Be-

nefícios Conce-

didos

Ativo do Plano Reserva

Matemática

Passivo

Atuarial

R$ 7.464.094,56

R$ 5.841.017,88

R$ 1.901.554,27

R$ 13.305.112,44

R$ 11.403.558,17 Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2007. Site do MPS. Elaboração própria.

Servidores Ativos; 88,91

Aposentados e Pensionistas; 11,09

Folha de Pagamento Total;

100

Custo com Benefícios

previdenciários; …

Page 57: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

55

Da mesma forma que nas avaliações anteriores, o parecer atuarial informou o IM-

PRESB se encontrava equilibrado atuarial e financeiramente, apesar do passivo atuarial en-

contrado.

4.1.4 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2008

A Avaliação Atuarial foi realizada em 14 de maio de 2008, tendo como data-base 31

de dezembro de 2007. Foram informados os valores apresentados no Quadro 10 a seguir:

Quadro 10- Valores da Avaliação Atuarial – 2008

Ativo do Plano Passivo Atuarial

Regime de Capitalização Regime de Repartição

R$ 2.403.184,01 R$ -10.889.720,69 R$ -3.050.164,78

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2008. Site do MPS. Elaboração própria.

O IMPRESB apresentou novamente um Passivo Atuarial maior que o verificado no

ano anterior. No entanto, o Parecer Atuarial informou que o déficit atuarial estimado era de

R$ 13.939.885,47 e que sendo reduzido o valor da compensação financeira a receber passaria

a ser de R$ 10.883.809,83. De fato o plano possui um valor bastante elevado de compensação

financeira a receber, o que indica que muitos servidores contribuíram para outros regimes

próprios ou para o regime geral antes de se filiar ao IMPRESB.

As alíquotas adotadas pelo Regime permaneceram as mesmas das duas avaliações

dos anos anteriores (2005 e 2006). Sendo de 12,50% para o Ente Público e de 11,00% para os

servidores ativos e inativos.

O Parecer Atuarial informou que naquele ano participavam do Regime 854 servido-

res, sendo 770 ativos, 66 inativos e 18 pensionistas. Em termos percentuais tem-se que

90,16% dos servidores eram ativos, enquanto que 9,84% eram aposentados ou pensionistas. A

seguir, o gráfico 7 mostra qual relação existente entre ativos e inativos do IMPRESB naquele

momento:

Page 58: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

56

Gráfico 7- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2008

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2008. Site do MPS. Elaboração própria.

De forma análoga aos anos anteriores, à margem de inativos face aos ativos perma-

neceu na média de 10%. O que é um sinal de que permanecia o equilíbrio no plano, pois para

cada servidor inativo recebendo proventos do IMPRESB, existiam 9 servidores ativos contri-

buindo para custear tais proventos.

Em relação ao custo com a inatividade, aquele ano também apresentou a média en-

contrada nos anos anteriores. Foram utilizados R$ 548.701,26 com pagamento de servidores

ativos e R$ 45.411,77 com benefícios previdenciários, totalizando R$ 594.118,03. Conforme

o Gráfico 8 mostra, o custo com a inatividade representava 7,64% da folha de pagamento to-

tal, considerando os ativos e inativos.

Gráfico 8- Relação entre valor da Folha pagamento de Ativos e Inativos – 2008

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2008. Site do MPS. Elaboração própria.

Quanto as Reservas Técnicas, os valores informados na Avaliação encontram-se no

Quadro 11, que mostra o valor do passivo atuarial do plano naquele ano.

Servidores Ativos; 90,16

Aposentados e Pensionistas;

9,84

Folha de Pagamento Total;

100

Custo com Benefícios

previdenciários; …

Page 59: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

57

Quadro 11- Cálculos das Reservas Técnicas – 2008

Reserva de

Benefícios a

Conceder

Reserva de

Benefícios

Concedidos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 9.561.602,85

R$ 6.781.467,53 R$ 2.403.184,01 R$ 16.343.070,47 R$ 13.939.885,47

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2008. Site do MPS. Elaboração própria

.

Da mesma forma das Avaliações dos anos anteriores, o parecer atuarial informou que

o IMPRESB se encontrava equilibrado atuarial e financeiramente naquele ano.

4.1.5 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2009

A referente Avaliação foi realizada em 12 de dezembro de 2009, e teve como data-

base 31 de dezembro de 2008. Outra vez foram definidas como alíquotas de equilíbrio para o

Plano de Custeio os valores de 12,50% para o Ente Público e 11,00% para servidores ativos,

inativos e pensionistas.

Os valores informados naquela avaliação encontram-se no Quadro 12, e mostra qual

o montante do déficit atuarial naquele ano.

Quadro 12- Valores da Avaliação Atuarial – 2009

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

R$ 3.312.933,70

R$-23.966.603,88

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2009. Site do MPS. Elaboração própria.

Com relação ao grupo coberto pelo IMPRESB, participavam: 852 servidores sendo

753 ativos, 79 inativos e 20 pensionistas. Segundo os valores, pode-se concluir que naquele

ano 88,38% dos participantes do regime eram ativos, enquanto que 11,62% estavam na inati-

vidade recebendo proventos custeados por este. Conforme o Gráfico 9 mostra:

Page 60: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

58

Gráfico 9- Relação entre número de Ativos e Inativos – 2009

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2009. Site do MPS. Elaboração própria.

Nesta avaliação, foi informado que o valor da folha de pagamento dos ativos totali-

zava R$ 620.116,38 e a obrigação para o pagamento dos inativos e pensionistas representava

R$ 61.410,24, gerando um total de R$ 681.526,62. Isto significa dizer que o pagamento dos

benefícios previdenciários representavam 9,01% do valor gasto com o total pago salários e

proventos, se mantendo novamente na média nos anos anteriores, que é um resultado positivo

para o IMPRESB, pois mostra que ele permaneceu equilibrado financeiramente. Como mostra

o gráfico 10:

Gráfico 10- Relação entre valor da Folha de pagamento dos Ativos e Inativos - 2009

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2009. Site do MPS. Elaboração própria.

De acordo com esta avaliação, o cálculo das Reservas Técnicas apresentavam os se-

guintes valores inseridos no Quadro 13.

Quadro 13- Cálculo das Reservas Técnicas – 2009

Reserva de Bene-

fícios a Conceder

Reserva de Be-

nefícios Conce-

didos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 17.534.657,50 R$ 9.744.880,08 R$ 3.312.933,70

R$ 3.312.933,70 R$ 23.966.603,88

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2009. Site do MPS. Elaboração própria.

Servidores Ativos; 88,38

Aposentados e Pensionistas;

11,62

Folha de Pagamento Total;

100

Custo com beneficios

previdenciários; …

Page 61: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

59

Houve uma observação no Parecer informando que o município ainda não havia fir-

mado o convênio da Compensação Previdenciária, e sugeriu que a mesma deveria ser imple-

mentada para que o déficit fosse reduzido em R$ 4.625.230,82. Além disso, também foram

sugeridas as alíquotas para a amortização do déficit atuarial, as quais estão no Quadro 14.

Quadro 14- Alíquotas Suplementares definidas – 2009

Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

a

2043

Alíq.

Supl.

0,00

%

1,50

%

3,00

%

4,50

%

6,00

%

7,50

%

9,00

%

10,50

%

12,00

%

13,50

%

28,58

% Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2009. Site do MPS. Elaboração própria.

O Quadro 14 apresenta as alíquotas suplementares sugeridas na avaliação realizada

em 2009 para a adoção do município afim de que seja amortizado o déficit atuarial encontrado

no IMPRESB até aquele momento. Como se pode observar são alíquotas crescentes durante o

período de 10 anos (2009 a 2019) e a partir dai é estabelecida uma alíquota fixa de 28,58%,

que é considerada muito alta, visto que é calculada sobre a Folha de Pagamento dos Ativos e

deverá será paga pelo município.

4.1.6 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2010

A Avaliação Atuarial foi realizada em 31 de março de 2010, tendo como data-base 31

de dezembro de 2009. Nesta avaliação foram informados os valores informados no Quadro

15.

Quadro 15- Valores da Avaliação Atuarial – 2010

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

R$ 3.803.530,44

R$ 20.013.389,77

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2010. Site do MPS. Elaboração própria.

Na referente avaliação houve outra observação realizada pelo atuário responsável,

que esclarece a composição do ativo do plano da seguinte forma: ativo financeiro era de

R$ 3.323.663,54; o ativo permanente de R$ 9.962,00 e o ativo compensado de

R$ 1.469.904,90.

Page 62: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

60

As alíquotas adotadas pelo RPPS permaneceram as mesmas definidas nos anos ante-

riores (2006 a 2008), de 12,50% para o Ente e 11% para os servidores ativos e inativos.

O Parecer Atuarial informou que o grupo de participantes era composto por 904 ser-

vidores, sendo 796 ativos, 85 inativos e 23 pensionistas. Os cálculos analisados indicam

11,95% dos servidores estavam na inatividade, enquanto que os 88,05% restantes eram servi-

dores ativos do município. O Gráfico 11 a seguir representa esses números.

Gráfico 11- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2010

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2010. Site do MPS. Elaboração própria.

A Folha de Pagamento dos Ativos considerados era equivalente a R$ 680.585,65 e a

obrigação para o pagamento dos benefícios dos inativos e pensionistas representou

R$ 72.418,83, gerando um total de R$ 753.004,48. Isto significa dizer que, 9,61% do valor

total da folha de pagamento dos ativos e inativos era o valor destinado ao pagamento dos ina-

tivos do IMPRESB. Assim mostra o gráfico 12 a seguir:

Gráfico 12- Relação entre valor da Folha pagamento dos Ativos e Inativos - 2010

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2010. Site do MPS. Elaboração própria.

Os cálculos das Reservas Técnicas, com base nas informações contidas nas fichas

cadastrais, conduziram aos seguintes valores do Quadro 16:

Servidores Ativos ; 88,05

Aposentados e Pensionistas;

11,95

Folha de Pagamento Total;

100

Custo com benefícios

previdenciários; …

Page 63: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

61

Quadro 16- Cálculo das Reservas Técnicas – 2010

Reserva dos Be-

nefícios a Conce-

der

Reserva dos Be-

nefícios Conce-

didos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 17.743.178,26 R$ 10.907.043,19 R$ 3.803.530,44

R$ 4.883.301,24 R$ 20.013.389,77

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2010. Site do MPS. Elaboração própria.

O IMPRESB se manteve equilibrado atuarial e financeiramente na avaliação deste

ano. Não houve nenhuma observação quanto ao déficit atuarial encontrado ou a forma que o

Ente deveria amortizá-lo.

4.1.7 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2011

A Avaliação Atuarial do IMPRESB deste ano foi realizada em 13 de maio de 2011, e

teve como data-base 31 de dezembro de 2010. A seguir o Quadro 17 apresenta os valores en-

contrados neste período:

Quadro 17- Valores da Avaliação Atuarial – 2011

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

R$ 4.213.363,77

R$ -20.976.955,19

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2011. Site do MPS. Elaboração própria.

O ativo era composto da seguinte maneira: ativo financeiro de R$ 3.072.600,52 e ati-

vo permanente de R$ 1.140.763,25.

Nesta Avaliação a alíquota de equilíbrio definida para contribuição do Ente Público

foi de 17,40%. Também foi definida uma alíquota de 12,21% como de custo suplementar para

a amortização do déficit atuarial apresentado nas avaliações anteriores.

Naquele momento participava do IMPRESB um total de 1.023 servidores, sendo 914

ativos, 86 inativos e 23 pensionistas. Isto mostra que 89,34% dos participantes eram servidores ativos

que recolhiam suas contribuições previdenciárias, enquanto que apenas 10,66% restantes re-

presentavam os servidores inativos e, portanto, recebendo benefícios custeados pelo IM-

PRESB. Conforme o gráfico 14 mostra esse dado.

Page 64: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

62

Gráfico 13- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2011

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2011. MPS. Elaboração própria.

Quanto aos valores referentes às obrigações com a Folha de Pagamento dos Ativos e

a obrigação com os benefícios dos servidores inativos foram de, respectivamente,

R$ 756.427,75 e R$ 67.929,03, totalizando R$ 824.356,78. Mantiveram-se as proporções po-

sitivas de anos anteriores, sendo no ano em questão de 8,24% do valor da folha de pagamento

dos ativos e inativos, o custo com as obrigações da inatividade. Como o gráfico 15 mostra.

Gráfico 14- Relação entre valor da Folha pagamento de Ativos e Inativos – 2011

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2011. Site do MPS. Elaboração própria.

Os cálculos das Reservas Técnicas chegaram aos valores apresentados a seguir no

quadro 18:

Quadro 18 – Cálculo das Reservas Técnicas – Ano 2011

Reserva dos

Benefícios a

Conceder

Reserva de Bene-

fícios Concedidos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 20.314.269,43 R$ 10.082.524,18 R$ 4.213.363,77

R$ 5.206.474,65 R$ 20.976.955,19

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2011. Site do MPS. Elaboração própria.

Servidores Ativos; 89,34

Aposentados e Pensionistas; 10,66

Folha de Pagamento Total;

100

Custo dos beneficios

previdenciarios; 8,24

Page 65: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

63

O IMPRESB se manteve equilibrado financeiro e atuarialmente, segundo o próprio

parecer atuarial daquele ano, mas novamente foi orientado a pleitear a compensação financei-

ra referente ao tempo passado dos benefícios em curso e dos futuros à medida que os mesmos

iriam ocorrendo.

Quanto ao déficit atuarial, o atuário assim observou:

Quanto ao déficit do Passivo Atuarial anterior à criação do IMPRESB deve ser

amortizado com o Resultado da Compensação Financeira Previdenciária. Já o déficit

das Reservas Técnicas oriundas da implantação do Plano até a presente data deve ser

amortizado através de uma dotação de igual valor, ou ao longo do tempo, desde que

não exceda a 35 anos, nos termos do Art. 18 da Portaria MPS nº 403/2008.

Estas são as observações feitas na DRAA daquele ano, que sugerem de que formas o

município pode amortizar os déficits que apresenta em suas contas até aquele momento.

4.1.8 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2012

A Avaliação Atuarial do referente ano foi realizada em 10 de julho de 2012, e teve

como data-base 31 de dezembro de 2011.

Os valores encontrados na avaliação encontram-se no Quadro 19:

Quadro 19- Valores da Avaliação Atuarial – 2012

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

R$ 5.495.240,16

R$ -32.534.702,04

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2012. Site do MPS. Elaboração própria.

Quanto às alíquotas de contribuição definidas para o equilíbrio financeiro e atuarial

do Plano, surgiram mudanças em relação ao ano anterior, mas apenas quanto à alíquota do

Ente Público, que ficou estabelecida em 14,59% para o custo normal e 27,13% para custo

suplementar sobre a folha de pagamento dos ativos. Ou seja, a alíquota de custo normal foi

reduzida (em 2010 era de 17,40%), porém a de custo suplementar subiu (de 12,21% em 2010)

para 27,13%.

Outro dado que sofreu mudanças em 2011 foi o número de participantes do grupo,

pois houve uma redução quando comparado ao ano anterior. O IMPRESB mantinha naquele

período 983 servidores, sendo 864 ativos, 96 inativos e 23 pensionistas. Analisando a propor-

Page 66: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

64

ção de inativos em relação aos ativos do grupo percebe-se que 12,10% dos participantes eram

inativos, e, portanto recebendo benefícios custeados pelo plano previdenciário, o que, apesar

de serem um pouco superiores as alíquotas anteriormente encontradas, é um dado positivo

para o IMPRESB, visto que a margem de ativos ainda era superior. O gráfico 16 demonstra

esse dado:

Gráfico 15- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2012

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2012. Site do MPS. Elaboração própria.

Em relação às obrigações com ativos e inativos, naquele ano a folha de pagamento

dos ativos equivaleu a R$ 675.965,96 e o pagamento dos benefícios previdenciários a

R$ 82.649,74, sendo de R$ 758.615,70. Pode-se inferir que 10,89% do valor gasto com pa-

gamento da folha de pagamento total equivaliam ao total destinado a custear a inatividade do

plano, conforme o gráfico 17 representa:

Gráfico 16- Relação entre valor da Folha pagamento dos Ativos e Inativos – 2012

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2012. Site do MPS. Elaboração própria.

No que se refere ao cálculo das Reservas Técnicas, naquele ano foram informados os

seguintes valores apresentados no Quadro 20:

Servidores Ativos; 87,9

Aposentados e Pensionistas;

12,1

Folha de Pagamento dos

Ativos; 100

Custo dos beneficios

previdenciários; …

Page 67: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

65

Quadro 20- Cálculo das Reservas Técnicas – 2012

Reserva de Bene-

fícios a Receber

Reserva de Bene-

fícios Concedidos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 29.417.169,38 R$ 15.001.193,97

R$ 5.494.240,16

R$ 6.388.421,15 R$ 32.534.702,04

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2012. Site do MPS. Elaboração própria.

A referente Avaliação também concluiu que o IMPRESB continuava equilibrado fi-

nanceiro e atuarialmente, assim como também fez as mesmas sugestões da avaliação anterior

quanto a pleitear a compensação financeira e a adotar as alíquotas suplementares para amorti-

zação do déficit.

4.1.9 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2013

A Avaliação deste ano foi realizada em 30 de dezembro de 2012 e teve como data-base

o dia 31 de dezembro do mesmo ano.

Os valores informados encontram-se no Quadro 21.

Quadro 21- Valores da Avaliação Atuarial – 2013

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

R$ 6.616.575,19 R$ -49.844.413,62

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2013. Site do MPS. Elaboração própria.

As alíquotas de equilíbrio financeiro definidas nesta avaliação para o ano seguinte

foram novamente diferentes daquelas definidas no ano anterior para o Ente Público, sendo de

14,59% para o custo normal e de apenas 3,00% para o custo suplementar (base de calculo =

folha de pagamento dos ativos). A contribuição dos servidores permaneceu com a alíquota de

11,00% sobre salário.

Em 2012 participavam do IMPRESB um total de 972 servidores, sendo 848 ativos,

100 inativos e 24 pensionistas. A proporção de inativos em relação aos ativos do plano era de

12,75%, que continuou sendo um indicador do equilíbrio do plano. A seguir o gráfico 17 re-

presenta esta informação.

Page 68: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

66

Gráfico 17- Relação entre o número de Ativos e Inativos – 2013

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2013. Site do MPS. Elaboração própria.

A Folha de Pagamento dos Ativos participantes do IMPRESB naquele ano foi de

R$ 1.099.459,77 e a obrigação com os benefícios dos inativos e pensionistas de

R$ 129.569,69, totalizando R$ 1.139.029,46. Conforme o gráfico 18 apresenta, 11,37% do

valor total da folha de pagamento (ativos e inativos) eram equivalentes ao custo dos benefí-

cios com a inatividade.

Gráfico 18- Relação entre valor da Folha pagamento dos Ativos e Inativos – 2013

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2013. Site do MPS. Elaboração própria.

Os cálculos das Reservas Técnicas levaram aos seguintes valores constantes no qua-

dro 22, e mostra o alto valor do déficit atuarial encontrado na referente avaliação:

Quadro 22- Cálculo das Reservas Técnicas – 2013

Reserva de Bene-

fícios a Conceder

Reserva de Bene-

fícios Concedidos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 42.859.350,66 R$ 23.317.061,12 R$ 6.616.575,19 R$ 9.715.422,87 R$ 49.844.413,62 Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2013. Site do MPS. Elaboração própria.

Com relação ao equilíbrio financeiro e atuarial do IMPRESB, o parecer do referente

ano apresentou as mesmas sugestões contidas nas avaliações anteriores quanto à forma de

amortização do déficit apresentado pelo plano.

Servidores Ativos; 87,25

Aposentados e Pensionistas;

12,75

Folha de Pagamento Total;

100

Custo dos beneficios

previdenciarios; 11,37

Page 69: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

67

4.1.10 AVALIAÇÃO ATUARIAL – ANO 2014

A Avaliação Atuarial foi realizada em 12 de agosto de 2014 tendo como data base 31

de dezembro de 2013. Examinando o quadro 23 observam-se os valores encontrados na avali-

ação deste ano.

Quadro 23 – Valores da Avaliação Atuarial - 2014

Ativo do Plano

Resultado Atuarial

R$ 5.969.808,06

R$ -63.049.250,62

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2014. Site do MPS. Elaboração própria.

Examinando o quadro 23 observa-se que houve uma diminuição do valor do ativo do

plano previdenciário, enquanto que o resultado atuarial apresentou um saldo maior que o en-

contrado no ano anterior, de forma análoga a todos os anos analisados anteriormente.

Quanto às alíquotas de contribuição adotadas pelo Instituto, o quadro 24 apresenta

quais foram estas na data base da avaliação. Como se pode observar, não sofreram mudanças,

sendo as mesmas adotadas na avaliação anterior.

Quadro 24 – Alíquotas de Contribuição adotadas – 2014

Contribuinte Custo Normal Custo Suplementar

Ente 14,59% 3,00%

Servidor Ativo 11,00% 0,00%

Servidor Aposentado 11,00% 0,00%

Pensionista 11,00% 0,00%

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2014. Site do MPS. Elaboração própria.

O exame da relação de servidores ativos, aposentados e pensionistas do Município de

São Bento apresentou os valores de 822, 111 e 25, respectivamente, totalizando 958 servido-

res. Examinando os dados constata-se que os aposentados e pensionistas representam 14,20%

do grupo participante do grupo. O gráfico 19 representa estes dados a seguir.

Page 70: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

68

Gráfico 19 – Relação entre número de Ativos e Inativos - 2014

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2014. Site do MPS. Elaboração própria.

Nesta avalição a Folha de Pagamento dos Ativos foi no valor de R$ 1.246.065,72,

enquanto a folha de pagamento dos proventos dos aposentados e pensionistas foi de

R$ 144.636,51, totalizando R$ 1.390.702,23. Conforme o gráfico 20 apresenta, 10,40% do

valor total da Folha de Pagamento dos Ativos eram equivalentes ao custo dos benefícios com

a inatividade do IMPRESB.

Gráfico 20 – Relação entre valor da Folha de Pagamentos de Ativos e Inativos - 2014

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2014. Site do MPS. Elaboração própria.

Os cálculos das Reservas Técnicas chegaram aos valores que podem ser examinados

no quadro 25 a seguir.

Quadro 25 – Cálculo das Reservas Técnicas – 2013

Reserva de Be-

nefícios a Con-

ceder

Reserva de Be-

nefícios Conce-

didos

Ativo do Plano Reserva Mate-

mática

Passivo Atuarial

R$ 54.502.313,94 R$ 25.895.755,75 R$ 5.969.808,06 R$ 11.379.011,01 R$ 63.049.250,62

Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2013. Site do MPS. Elaboração própria

Servidores Ativos; 85,8

Aposentados e Pensionistas

; 14.2

Folha de Pagamento dos

Ativos; 100

Custo dos benefícios

previdenciários ; 10,4

Page 71: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

69

Constam nesta avaliação as mesmas observações anteriores quanto à forma de com-

pensar o déficit atuarial. Também foram sugeridas as mesmas alíquotas a serem adotadas para

a amortização do déficit.

A análise dos resultados mostra que o saldo do IMPRESB, para as premissas atuari-

ais, tem condições de atender os benefícios futuros. Desta forma, os equilíbrios atuariais e

financeiros estão se mantendo ao longo do tempo.

4.2 EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA E ATUARIAL

4.2.1 EVOLUÇÃO DO ATIVO E DO RESULTADO ATUARIAL

O Quadro 26 apresentado a seguir é uma síntese de todos os anos anteriormente ana-

lisados, e demonstra a evolução do ativo do plano e do resultado atuarial deficitário encontra-

do nas avaliações atuariais anuais realizadas de 2005 a 2014.

Quadro 26 – Evolução do Ativo e do Resultado Atuarial – 2005 a 2014

ANO ATIVO DO PLANO

(R$)

RESULTADO

ATUARIAL

(R$)

COMPENSAÇÃO

PREVIDENCIÁRIA A

RECEBER

(R$)

2005 0,00 - 7.915.208,52

2006 1.669.165,83 -8.834.298,68 10.503.464,51

2007 1.901.554,27 -11.407.558,17 13.305.112,44

2008 2.403.184,01 -13.939.885,47 16.343.070,47

2009 3.312.933,70 -23.966.603,88 3.312.933,70

2010 3.803.530,44 -20.013.389,77 4.883.301,24

2011 4.213.363,77 -20.976.955,19 5.206.474,65

2012 5.495.240,16 -32.534.702,04 6.388.421,15

2013 6.616.575,19 -49.844.413,62 9.715.422,87

2014 5.969.808,06 -63.049.250,62 11.379.011,01 Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005 a 2014. Site do MPS. Elaboração própria.

Através da análise do Quadro 26 é possível observar que em todos os anos avaliados

o IMPRESB apresentou resultado atuarial deficitário e que este resultado também tem evoluí-

do negativamente ao longo deste período de existência do instituto.

Faz-se necessário ressaltar que no ano de 2014 o ativo apresentou pela primeira vez

uma redução quando comparado ao ano anterior, que é ainda mais desfavorável para a atual

situação do regime próprio.

Page 72: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

70

Conforme orientação do Parecer Atuarial, este resultado deficitário deve ser amorti-

zado através do resultado da compensação previdenciária que o IMPRESB tem a receber de

outros regimes previdenciários, mas para isso o Município deve pleitear junto a tais regimes

esta compensação.

4.2.2 EVOLUÇÃO DO GRUPO DE PARTICIPANTES

A partir da análise do número de participantes do grupo previdenciário do município

de São Bento/PB, informados nas avalições anuais de 2005 a 2014, é possível construir a evo-

lução destas informações, as quais estão demonstradas no Quadro 27 apresentado a seguir.

Quadro 27 – Evolução do Grupo de Participantes – 2005 a 2014

ANO PARTICIPANTES

DO GRUPO

SERVIDORES

ATIVOS

(%) SERVIDORES

INATIVOS/

PENSIONISTAS

(%)

2005 684 627 91,67 57 8,33

2006 728 659 90,53 53 / 16 9,47

2007 721 649 88,91 56 / 16 11,09

2008 854 770 90,16 66 / 18 9,84

2009 852 753 88,38 79 / 20 11,32

2010 904 796 88,05 85 / 23 11,95

2011 1.023 914 89,34 86 / 23 10,66

2012 983 864 87,90 96 / 23 12,10

2013 972 848 87,25 100 / 24 12,75

2014 958 822 85,80 111 / 25 14,20 Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005 a 2014. Site do MPS. Elaboração própria

Por meio da observação do Quadro 27 pode-se perceber que ao longo do período

analisado a proporção de servidores ativos, em relação aos inativos, se manteve bem elevada

o que indica que existe o equilíbrio financeiro entre as receitas e despesas do IMPRESB até

aquele momento.

No entanto, essas proporções têm apresentado índices menores ao longo dos anos, ou

seja, significa que, ao passo que o plano previdenciário tem amadurecido, a relação entre o

número de servidores ativos e inativos tem sofrido alterações, visto que cresce o número de

inativos e pensionistas, e, em contra partida, decresce o número de servidores ativos. Este fato

compromete diretamente as contas previdenciárias, pois são os servidores ativos através de

suas contribuições que custeiam os benefícios que são pagos pelo regime próprio, e desta

Page 73: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

71

forma é oportuno salientar que este problema pode também comprometer no futuro a susten-

tabilidade financeira do IMPRESB. Além disso, se nenhuma medida for tomada nesse senti-

do, para que o plano mantenha um número de servidores ativos suficientes para que se arreca-

de mais do que se gaste, é provável que no futuro não consiga arcar apenas com recursos pró-

prios do fundo previdenciário com o custeio dos benefícios devidos.

4.2.3 EVOLUÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO

Com base na análise dos valores das Folhas de Pagamento dos Ativos e das Folhas de

Pagamento dos Inativos e Pensionistas foi possível construir a evolução apresentada no perío-

do compreendido entre os anos de 2005 a 2014, a qual se encontra no Quadro 28, apresentado

a seguir.

Quadro 28 – Evolução das Folhas de Pagamento – 2005 a 2014

Ano Folha de Pa-

gamento Total

(R$)

(%) Folha de Paga-

mento dos Ati-

vos (R$)

(%) Folha de Pa-

gamento dos

Inativos e Pen-

sionistas (R$)

(%)

2005 275.754,84 100 251.564,52 91,23 24.190,32 8,77

2006 294.517,77 100 265.978,24 90,31 28.539,53 9,69

2007 416.547,35 100 378.541,41 90,88 38.005,94 9,12

2008 594.118,03 100 548.701,26 92,36 45.411,77 7,64

2009 681.526,62 100 620.116,38 91,99 61.410,24 9,01

2010 753.004,48 100 680.585,65 90,39 72.418,83 9,61

2011 824.356,78 100 756.427,75 91,76 67.929,03 8,24

2012 758.615,70 100 675.965,96 89,11 82.649,74 10,89

2013 1.139.029,46 100 1.099.459,77 88,63 129.569,69 11,37

2014 1.390.702,23 100 1.246.065,72 89,60 144.636,51 10,40 Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005 a 2014. Site do MPS. Elaboração própria

Pode-se inferir do Quadro 28 que o IMPRESB demonstrou em todo o período anali-

sado que os valores das folhas de pagamento dos ativos foram superiores aos valores das fo-

lhas de pagamento dos inativos e pensionistas. Contudo, essa superioridade tem sido a cada

ano menor, visto que a consequência do número maior de inativos é a elevação do total gasto

com benefícios pagos a este grupo de servidores. Ressalte-se, portanto, que surge uma preo-

cupação para haja a continuidade da sustentabilidade do plano previdenciário, pois se nada for

feito para que a rentabilidade auferida através das receitas das contribuições e de sua correta

Page 74: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

72

aplicação, no futuro o IMPRESB poderá não ser capaz de manter com recursos próprios o

pagamento dos benefícios que concedeu aos seus participantes.

4.2.4 EVOLUÇÃO DAS RESERVAS TÉCNICAS

Através da análise dos saldos das Reservas Técnicas é possível também observar a

evolução do déficit atuarial apresentado pelo IMPRESB no período de 2005 a 2014. Confor-

me orientações do atuário responsável pelas Avaliações Atuariais anuais realizadas no institu-

to, o déficit apresentado deve ser amortizado através da adoção de alíquotas suplementares,

que terão como base de cálculo a Folha de Pagamento dos Ativos, e serão pagas pelo Municí-

pio. Tais alíquotas são crescentes, sendo de 1,50% para o primeiro ano, e chegando a 28,58%

no ultimo dos 35 anos em que devem ser adotadas (tempo máximo). A seguir o Quadro 29

demonstra os valores analisados.

Quadro 29 – Evolução das Reservas Técnicas – 2005 a 2014

Ano Reserva Mate-

mática de Bene-

fícios a Conce-

der (R$)

Reserva Mate-

mática de Bene-

fícios Concedi-

dos (R$)

Ativo do Plano

(R$)

Déficit Atuarial

(R$)

2005 4.073.754,50 3.841.454,02 0,00 -7.915.208,52

2006 6.030.333,71 4.473.130,80 1.669.165,83 -8.834.298,68

2007 7.464.094,56 5.841.017,88 1.901.554,27 -11.403.558,17

2008 9.561.602,85 6.781.467,53 2.403.184,01 -13.939.885,47

2009 17.534.657,50 9.744.880,08 3.312.933,70 -23.966.603,88

2010 17.743.178,26 10.907.043,19 3.803.530,44 -20.013.389,77

2011 20.314.269,43 10.082.524,18 4.213.363,77 -20.976.955,19

2012 29.417.169,38 15.001.193,97 5.494.240,16 -32.534.702,04

2013 42.859.350,66 23.317.061,12 6.616.575,19 -49.844.413,62

2014 54.502.313,94 25.895.755,75 5.969.808,06 -63.049.250,62 Fonte: Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial, 2005 a 2014. Site do MPS. Elaboração própria

Conforme se observa no Quadro 29, o déficit atuarial tem sido crescente durante os

anos analisados, porém, de acordo com o Parecer Atuarial o IMPRESB estava equilibrado

atuarial e financeiramente em todos os anos analisados, visto que é possível a amortização

deste déficit através das medidas já mencionadas anteriormente.

Page 75: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As investigações realizadas neste trabalho, que tiveram como objetivo principal fazer

um levantamento da situação financeira e atuarial do Regime Próprio de Previdência de São

Bento, Paraíba, permitiu o levantamento de algumas conclusões. Para atingir os objetivos

principais da pesquisa, foi necessário relembrar os meios pelos quais a previdência social sur-

giu no país e no mundo, e a forma como se deu sua evolução ao longo de décadas.

No Brasil é possível observar que desde a Lei Eloy Chaves até as mais recentes re-

formas de 1998 e 2003 houve um grande processo de evolução. A princípio tratava-se de um

plano que cobria os riscos de apenas uma pequena parcela da sociedade, e aos poucos foi ga-

nhando força e atingindo as mais diversas categorias profissionais. Sendo visto hoje como um

dos sistemas previdenciários mais complexos do mundo, garantindo a estabilidade econômica

de milhares de trabalhadores e seus dependentes nos momentos infortúnios da vida.

As reformas previdenciárias ocorridas nestes últimos anos foram necessárias para

tentar abrandar os déficits financeiros que se instalaram nos regimes previdenciários. A obri-

gatoriedade de uma avaliação atuarial a cada balanço anual dos RPPS, por exemplo, foi muito

importante, pois permitiu um acompanhamento mais próximo, tanto do Ministério da Previ-

dência Social como pelos próprios participantes do plano, que podem cobrar de seus adminis-

tradores uma melhor gestão dos regimes.

Ao analisar as avaliações atuariais realizadas no regime próprio constatou-se que de

2005 até o ano de 2014 o mesmo se encontrava equilibrado atuarial e financeiramente, segun-

do os pareceres realizados pelo atuário neste período. É necessário informar que a avaliação

atuarial com data base dezembro de 2014 até o momento da realização da pesquisa não havia

sido realizada, e por isso não foi possível verificar os resultados deste último ano.

Quanto ao déficit das Reservas Técnicas, o Município vem adotando alíquotas de

custeio suplementar inferiores aquelas sugeridas no parecer atuarial para a amortização do

déficit encontrado no decorrer de 35 anos, o que é importante que seja analisado pelo gestor,

afim de que seja solucionado o quanto antes com a adoção de tais alíquotas ou através da do-

tação de igual valor, pois pode comprometer a equilíbrio atuarial do regime. Assim como

também, conforme sugere o atuário, o déficit atuarial anterior à criação do IMPRESB deve ser

amortizado com o resultado da Compensação Financeira Previdenciária.

Page 76: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

74

O maior problema verificado diz respeito ao Certificado de Regularidade Previdenci-

ária, pois o RPPS teve dificuldades na obtenção do mesmo, passando por um período em que

não possuía esta certificação. Segundo informações colhidas no próprio IMPRESB, esta situ-

ação se deu ao fato de o Município não está em dia com os repasses das contribuições para o

Fundo Previdenciário, e por isto só foi possível a emissão do CRP através de determinação

judicial.

É oportuno concluir a pesquisa com algumas sugestões a serem adotadas pelo Regi-

me de Previdência analisado para a adequação as exigências legais, dentre elas que a gestão

analise e decida sobre a adoção das alíquotas de amortização do déficit; e que se busque a

regularização da pendência ou irregularidade que deu origem ao CRP negativo que o Municí-

pio obteve.

Portanto, conclui-se que no momento existe a sustentabilidade financeira, mas a con-

tinuidade desta vai depender da boa gestão do Regime, da adoção das alíquotas sugeridas nas

avaliações atuariais, da continuidade do repasse em dia das contribuições previdenciárias, do

recebimento de todo o valor da compensação previdenciária e da rentabilidade positiva dos

recursos financeiros disponíveis, alcançando ou superando a meta atuarial, junto ao mercado

de capitais.

Com este trabalho espera-se alertar os gestores públicos municipais da importância

de se resolver os problemas previdenciários o mais rapidamente possível, e que as despesas

previdenciárias não devem ser transferidas para o futuro, pois quanto mais maduro estiver o

Regime, mais recursos serão necessários para o custeio do seu plano de benefícios.

A realização do trabalho foi motivado pela importância de se conhecer melhor o Re-

gime ao qual se está vinculado, pois todos os servidores devem buscar informações quanto à

gestão dos recursos provenientes de suas contribuições, além de acompanhar de que forma

têm sido administrado tais recursos.

Page 77: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

75

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e do-

cumentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

._____NBR 6023: referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

BISPO, Helenilson Santos. O desafio da sustentabilidade dos Regimes próprios de Previ-

dência Social: uma analise a partir da situação de oito municípios baianos. 199 f. Dissertação

apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico da Escola de Administração da Universidade

Federal da Bahia – UFBA. Salvador, 2004.

BRASIL, Ministério da Previdência Social. Previdência no Serviço Público: consolidação

da legislação federal – Brasília, MPS; SPS, 2009. 401 p. (Coleção Previdência Social, Série

Legislação,v.1,3.Ed.) Disponível em:

<http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100204-102222-569.pdf>. Acesso em: 11

de abril de 2015.

._____Ministério da Previdência Social. Previdência Social: Reflexões e Desafios. – Brasí-

lia, MPS, 2009. 232 p. (Coleção Previdência Social: Série Estudos, V. 30, 1ª ed.). Disponível

em: <http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_100202-164641-248.pdf>. Acesso em

11 de abril de 2015.

BRASIL, Constituição (1988). Emenda Constitucional nº. 20, de 15 de dezembro de 1998.

Modifica o sistema de Previdência Social, estabelece as normas de transição e dá outras pro-

vidências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm>. Acesso em 14

de maio de 2015.

._____Constituição (1988), Emenda Constitucional nº. 41, de 19 de dezembro de 2003.

Modifica os artigos: 37, 40, 42, 48, 96, 149 e 201 da Constituição Federal e dispositivos da

Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1988, e dá outras providencias. Disponí-

vel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc41.htm>. Aces-

so em 14 de maio de 2015.

CARVALHO, Maria Cecília M. de. Construindo o saber: metodologia científica. Campi-

nas: Papirus, 1988

DATAPREV, Decreto nº 3.724, de 15 de janeiro de 1919, Regula as obrigações resultantes

dos acidentes no trabalho. Disponível em:

Page 78: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

76

<http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1919/3724.htm>. Acesso em 11 de junho

de 2015.

._____ Lei nº 3.407, de 26 de agosto de 1960. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência

Social. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1960/3807.htm>.

Acesso em 13 de junho de 2015.

._____Portaria MPAS nº 2.346, de 10 DE JULHO DE 2001. Dispõe sobre a concessão do

Certificado de Regularidade Previdenciária. Disponível em:

<http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/66/MPAS/2001/2346.htm>. Acesso em 12 de

setembro de 2015.

._____Portaria MPS nº 87, de 02 de fevereiro de 2005. Regulamenta os anexos I, III e IV

da Portaria nº 4.992, de 05 de fevereiro de 1999. Disponível em:

<http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/66/MPS/2005/87.htm>. Acesso em 02 de outu-

bro de 2015.

._____Portaria MPS nº 204, de 10 de julho de 2008. Dispõe sobre a emissão do Certificado

de Regularidade Previdenciária e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/66/MPS/2008/204.htm>. Acesso em 12 de se-

tembro de 2015.

GIL, Antônio Carlos, Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999 e 2002.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, IBGE Cidades Sinopse do

Censo Demográfico 2010. Disponível em:

<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=251390>. Acesso em 12 de

abril de 2015.

MADRID, Rosane Maria da Luz. Análise do Regime Próprio de Previdência dos Servido-

res Públicos Efetivos do Município de Candelária/RS. 2012. 50 f. Trabalho de Conclusão

de Curso de Especialização - Programa de Pós-graduação: Gestão Pública, Universidade Fe-

deral do Rio Grande do Sul, São Sepé. 2012.

MASCARENHAS, Roberta de Aguiar Costa; OLIVEIRA, Antônio Márcio Rattes de; CAE-

TANO, Marcelo Abi-Ramia. Análise Atuarial da Reforma da Previdência do Funciona-

lismo Público da União - Brasília, 2004. 83 p. (Coleção Previdência Social: Série Estudos,

v.21). Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_081014-111402-

720.pdf>. Acesso em 02 de maio de 2015.

Page 79: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

77

NOGUEIRA, Narlon Gutierre. O Equilíbrio Financeiro e Atuarial dos RPPS: de princípio

constitucional a política pública de Estado - Brasília, MPS, 2012. 336 p. (Coleção Previdência

Social: Série Estudos, v 34). Disponível em:

<http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/1_120808-172335-916.pdf>. Acesso em 20

de junho de 2015.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Constituição Federal, de 24 de fevereiro de 1891, Dis-

ponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao91.htm>. Acesso

em 10 de maio de 2015.

._____Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923. Cria, em cada uma das empresas de es-

tradas de ferro existentes no pais, uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos

empregados. Disponível em:

<http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103693/decreto-4682-23>. Acesso em: 12 de

junho de 2015.

._____Constituição Federal, de 16 de julho de 1934. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm>. Acesso em 10 de

maio de 2015.

._____Constituição Federal, de 10 de novembro de 1937. Disponível em:

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm>. Acesso em 11 de

maio de 2015.

._____Constituição Federal, de 18 de setembro de 1946. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm>. Acesso em 11 de

maio de 2015.

._____Lei nº 4.214, de 02 de março de 1963. Dispõe sobre o Estatuto do Trabalhador Rural.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1950-1969/L4214.htm>. Acesso

em 10 de outubro de 2015.

._____Decreto- lei nº 72, de 21 de novembro de 1966. Unifica os Institutos de Aposentado-

ria e Pensões e cria o Instituto Nacional de Previdência Social. Disponível em:

<http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/103677/decreto-lei-72-66>. Acesso em 20 de

junho de 2015.

._____Lei nº 5.136, de 14 de setembro de 1967. Integra o seguro de acidentes do trabalho na

previdência social, e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5316.htm>. Acesso em 22 de junho

de 2015.

Page 80: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

78

._____Decreto-lei nº 806, de 04 de setembro de 1969. Dispõe sobre a profissão de Atuário e

dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0806.htm>. Acesso em 23

de agosto de 2015.

._____Decreto nº 66.408, de 03 de abril de 1970. Dispõe sobre a regulamentação da profis-

são de Atuário, de acordo com o Decreto nº 806, de 4 de setembro de 1969. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D66408.htm>. Acesso em 23 de

agosto de 2015.

._____Lei complementa nº 11, de 25 de maio de 1971. Institui o Programa de Assistência ao

Trabalhador Rural, e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp11.htm>. Acesso em 29 de agosto de

2015.

._____Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972. Dispõe sobre a profissão de empregado

domestico, e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5859.htm>. Acesso em 02 de setembro de 2015.

._____Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Soci-

al, institui o Plano de Custeio, e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8212cons.htm>. Acesso em 10 de setembro de

2015.

._____Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre o Plano de Benefícios da Previ-

dência Social e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em 10 de setembro de

2015.

._____Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999. Dispõe sobre a contribuição previdenciária

do contribuinte individual, o cálculo do benefício, altera os dispositivos das Leis nº 8.212 e

8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providencias. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9876.htm>. Acesso em 10 de setembro de 2015.

._____Decreto nº 3.788, de 11 de abril de 2001. Institui, no âmbito da Administração Públi-

ca Federal, o Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3788.htm>. Acesso em 12 de setembro

de 2015.

Page 81: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

79

._____Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988, com redação dada pela Emenda

Constitucionais nº 20, de 16 de dezembro de 1998, EC no 41, de 19 de dezembro de 2003 e

EC no 47, de 05 de julho de 2005. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil.03/Constituição/constitui3%/c3%A7ao.htm>. Acesso em:

10 de abril de 2015.

._____Lei nº 9.717/98, de 27 de novembro de 1998. Dispõe sobre regras gerais para a orga-

nização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do

Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9717.htm>. Acesso em 17 de junho de 2015.

PREVIDÊNCIA SOCIAL. Portaria MPS nº 172, de 11 de fevereiro de 2005. Dispõe sobre a

emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária. Disponível em:

<http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_081014-105208-497.pdf>. Acesso em 29

de setembro de 2015.

._____ Portaria MPS nº 403, de 10 de dezembro de 2008. Dispõe sobre as normas aplicá-

veis às avaliações e reavaliações atuariais dos Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, define parâmetros para a segre-

gação da massa e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/1_130123-155051-623.pdf>. Acesso em 10

de outubro de 2015.

._____ Perguntas frequentes - Regimes de Previdência no Serviço Público, MPS. Dispo-

nível em: <http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/4_120423-164628-119.pdf>. Aces-

so em 10 de maio de 2015.

._____Boletim Estatístico da Previdência Social, v.20, nº07, de julho de 2015. MPS. Dispo-

nível em:

<http://www.previdencia.gov.br/wpcontent/uploads/2015/08/Beps072015_final.pdf>. Acesso

em 23 de setembro de 2015.

SÃO BENTO. Lei nº 318 de 15 de junho de 1993. Institui o Fundo de Aposentadoria e Pen-

sões e dá outras providências. Jornal Oficial do Município, São Bento, 15 de jun. 1993.

._____ Lei nº 397 de 12 de agosto de 2002. Institui a Lei Geral de Previdência Municipal -

LGPM do Município de São Bento-PB e dá outras providências. Diário Oficial do Município,

São Bento, 13 de agos. 2002.

Page 82: FRANCINUBIA DA SILVA - monografias.ufrn.br · prontamente ao questionário para a pesquisa. Obrigado a todos que me ajudaram até aqui, prometo-lhes que este é apenas o come-ço

80

._____ Lei nº 445 de 10 de outubro de 2005. Altera a Lei Geral de Previdência Municipal do

Município de São Bento-PB e dá outras providências. Diário Oficial do Município, São Ben-

to, 11 de out. 2005.

SILVA, Delúbio Gomes Pereira da. Regime de Previdência Social dos Servidores Públicos

no Brasil: Perspectivas. São Paulo, LTR, 2003.

SILVA, Edna Lúcia da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação, Estera

Muszkat Menezes. – 4. ed. rev. atual. – Florianópolis: UFSC, 2005. 138p.

YUN, Roberto k. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 3 ed. –

Porto Alegre : Brookman, 2005.