frações parciais da cotangente

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 Uma demonstra¸ ao elementar da identidade: cotz  =  1 z  + k=1 2z z 2 k 2 π 2 Israel Meireles Chrisostomo 10 de Janeiro, 2015 1 Introdu¸c˜ ao Nesse pequeno artigo apresento a minha demonstra¸ ao para a identidade dev- ida a Euler:cotz  =  1 z  + k=1 2z z 2 k 2 π 2 .A demonstra¸ ao utiliza de uma f´ ormula importante para a derivada de um produto de fun¸ oes.A id´ eia para esta demon- tra¸ ao me veio logo ap´ os resolver um problema do livro C´ alculo do Serge Lang, quand o estava lendo o artigo ”More on the innite: Products and partia l frac- tions”, onde se encontra algumas demonstra¸ oes envolvendo limite s d e s´ eries e produtos innitos. 1

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Aqui demonstro a série infinita da cotangente provada por Euler, conhecida como "partial fraction of cotangent", i.e., fração parcial da cotangente.

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  • Uma demonstracao elementar da identidade:

    cotz =1

    z+k=1

    2z

    z2 k2pi2

    Israel Meireles Chrisostomo

    10 de Janeiro, 2015

    1 Introducao

    Nesse pequeno artigo apresento a minha demonstracao para a identidade dev-

    ida a Euler:cotz =1

    z+

    k=1

    2z

    z2 k2pi2 .A demonstracao utiliza de uma formulaimportante para a derivada de um produto de funcoes.A ideia para esta demon-tracao me veio logo apos resolver um problema do livro Calculo do Serge Lang,quando estava lendo o artigo More on the infinite: Products and partial frac-tions, onde se encontra algumas demonstracoes envolvendo limites de series eprodutos infinitos.

    1

  • 2 Demonstracao

    Considere um produto de duas funcoes f1(z)f2(z), pela derivada do produto,obtemos:

    d

    dzf1(z)f2(z) = f

    1(z)f2(z) + f1(z)f

    2(z)

    Vamos usar esse produto como base de inducao.Por hipotese de inducao,considere que a formula acima (em sua forma generica) e verdadeira para umdado inteiro n, i.e.:

    d

    dz(f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z)) = f 1(z)f2(z)...fn(z) + f1(z)f

    2(z)...fn(z) +

    ....+ f1(z)f2(z)...fn1(z)f n(z)

    Denominando f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z) = g(z),pela igualdade acima,teremos que:

    g(z) = f 1(z)f2(z)...fn(z) + f1(z)f2(z)...fn(z) + ....+ f1(z)f2(z)...fn1(z)f

    n(z)

    Pela regra da derivada do produto, ao se multiplicar uma funcao, digamos,fn+1(z) pelo produto f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z) e depois derivar usando ahipotese de inducao, obtemos:

    d

    dz(f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z)fn+1(z)) =

    d

    dz(g(z)fn+1(z)) =

    g(z)fn+1(z) + g(z)f n+1(z) =

    [f 1(z)f2(z)...fn(z) + f1(z)f2(z)...fn(z) + ....+ f1(z)f2(z)...fn1(z)f

    n(z)] fn+1(z)+

    f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z)f n+1(z) =

    2

  • f 1(z)f2(z)...fn(z)fn+1(z)+f1(z)f2(z)...fn(z)fn+1(z)+....+f1(z)f2(z)...fn1(z)f

    n(z)fn+1(z)+

    f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z)f n+1(z)

    De onde conclumos a prova por inducao em n de que sempre vale a igualdade:

    d

    dz(f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z)) = f 1(z)f2(z)...fn(z) + f1(z)f

    2(z)...fn(z) +

    ....+ f1(z)f2(z)...fn1(z)f n(z).....Igualdade i

    Mas observe que pela igualdade f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z) = g(z), naoe difcil ver, ao se multiplicar e dividir cada termo do lado direito pela funcaoque esta sendo derivada em cada produto, que podemos reescrever cada umdesses termos como:

    f 1(z)f2(z)...fn(z) =f 1(z)f1(z)f2(z)...fn(z)

    f1(z)=f 1(z)g(z)f1(z)

    ....Igualdade ii

    f1(z)f2(z)...fn(z) =

    f1(z)f2(z)f2(z)...fn(z)

    f2(z)=f 2(z)g(z)f2(z)

    ....Igualdade iii

    ....

    f1(z)f2(z)....fk(z)....fn(z) =

    f1(z)(z)f2(z)....fk(z)fk(z)....fn(z)

    fk(z)=f k(z)g(z)fk(z)

    ....Igualdade iv

    ...

    f1(z)f2(z)...fn1(z)f n(z) =f1(z)f2(z)...fn1(z)f n(z)fn(z)

    fn(z)=f n(z)g(z)fn(z)

    .....Igualdade v

    Comparando as igualdades ii, iii, iv, v com a Igualdade i , e facil ver que:

    d

    dz(f1(z)f2(z)f3(z)....fn1(z)fn(z)) =

    f 1(z)g(z)f1(z)

    +f 2(z)g(z)f2(z)

    + ....+f n(z)g(z)fn(z)

    d

    dzg(z) = g(z)

    (f 1(z)f1(z)

    +f 2(z)f2(z)

    + ....+f n(z)fn(z)

    )

    Onde g(z) e o produto das funcoes indicadas a direita.Substituindo n porn+1, obteremos:

    d

    dzg(z) = g(z)

    (f 1(z)f1(z)

    +f 2(z)f2(z)

    + ....+f n+1(z)fn+1(z)

    )...Igualdade vi

    3

  • Fazendo g(z) = z

    nk=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    ), igualmente, fazendo f1(z) = z e fk+1(z) =

    1 z2

    k2pi2para k 1.Observando que podemos dizer que f 1(z) = 1 e f k+1(z) =

    2zk2pi2

    , e substituindo na Igualdade vi , vem:

    d

    dz

    (z

    nk=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    ))= z

    nk=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )(1

    z+

    nk=1

    2zk2pi21 z2k2pi2

    )d

    dz

    (z

    nk=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    ))= z

    nk=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )(1

    z+

    nk=1

    2z

    z2 k2pi2)

    Tomando o limite de n tendendo ao infinito, obteremos:

    d

    dz

    (z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    ))= z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )(1

    z+

    k=1

    2z

    z2 k2pi2)

    Usando que z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )= senz no lado esquerdo, teremos:

    d

    dz(senz) = z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )(1

    z+

    k=1

    2z

    z2 k2pi2) cosz = z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )(1

    z+

    k=1

    2z

    z2 k2pi2)

    Dividindo ambos os lados por z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    ), vem:

    cosz

    zk=1

    (1 z2k2pi2

    ) = 1z

    +

    k=1

    2z

    z2 k2pi2

    Usando que z

    k=1

    (1 z

    2

    k2pi2

    )= senz no lado esquerdo, obtemos:

    cosz

    senz=

    1

    z+

    k=1

    2z

    z2 k2pi2 cotz =1

    z+

    k=1

    2z

    z2 k2pi2

    C.Q.D.

    4