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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE FRACASSO ESCOLAR: UMA VISÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL DANNIELLE CARVALHO DE PADUA AUTORA MARY SUE ORIENTADOR Rio de Janeiro, RJ, dezembro/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

FRACASSO ESCOLAR: UMA VISÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL

DANNIELLE CARVALHO DE PADUA AUTORA

MARY SUE ORIENTADOR

Rio de Janeiro, RJ, dezembro/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

FRACASSO ESCOLAR: UMA VISÃO DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL

DANNIELLE CARVALHO DE PADUA AUTORA

OBJETIVOS: Interpretar o fracasso escolar numa perspectiva da Psicologia Educacional, enfocando os aspectos que conduzem a não permanência do aluno na escola ou o fracasso escolar.

Rio de Janeiro, RJ, dezembro/2002

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AGRADECIMENTOS Agradeço 1º a Deus que apesar de todas

dificuldades a cada dia renovou as minhas

forças para prosseguir, a minha mãe, meu

irmão, meus avós, tios e amigos que a

cada dia com palavras de apoio e gestos

carinhosos contribuíram para execução

e conclusão desta pesquisa.

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DEDICATÓRIA

Dedico também esse trabalho de pesquisa a

esse universo de amor, carinho e paciência

que é minha mãe Dolores, minha avó Lour-

des e minha tia Sandra, pois muito do que

sou é fruto dos esforços, cuidado e amor que

me dedicaram e a todos aqueles que estão

envolvidos nos ideais da educação.

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EPÍGRAFE

“Procuro despir-me do que aprendi.

Procuro esquecer-me do modo de

lembrar que me ensinaram, e raspar

a tinta com que me pintaram os sen-

tidos, desencaixotar minhas emoções

verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu”.

Alberto Caeiro

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RESUMO

Como o próprio título sugere, iremos tratar de uma situação que rodeia

todos os educadores e a Educação Brasileira.

A educação não é apenas uma questão de cidadania . O nível de

instrução do trabalhador tem relação direta com a produtividade e, portanto,

com a riqueza material de um país.

Cada vez mais a falta de instrução dificulta a vida das pessoas e isso

acontece como reflexo da vida escolar, pois muitos desses indivíduos no

passado passaram por dificuldades de acesso a escola ou passaram pela

experiência de ter fracassado em determinados momentos de sua vida escolar.

Nesta pesquisa iremos abordar no aspecto psicológico e pedagógico

as causas que levam vários alunos fracassarem na sua vida escolar.

Quando a construção da aprendizagem se desenvolve normalmente, a

busca do conhecimento funciona em situações abertas e fechadas que se

alternam até possibilitar a estabilização das condutas aprendidas.

Os problemas de aprendizagem vão sendo observados no decorrer da

sua permanência na escola.

As influências externas que levam os indivíduos a desistir de estudar

são inúmeras ,e levam ao fracasso escolar.

A aprendizagem normal dá - se de forma integrada no aluno

( aprendente) no seu pensar ,agir, falar e sentir. Quando começam a aprecer

“disssociações” de campo e sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos ,

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pode-se pensar, na expressão , no agir sobre o mundo. É hora de pesquisar

por onde está começando o problema e se as avaliações estão demostrando o

real aproveitamento do aluno.

Estes são os principais aspectos que estaremos utilizando para

lidarmos com o tema de estudo . Dessa forma é um trabalho que foi concebido

para compreensão de um leitor sem qualquer pré-requisito, mas a bem da

verdade acredito que encontrará maior ressonância aos que dedicam –se ,

para não falar militarem , a educação.

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METODOLOGIA A metodologia utilizada está ligada a linha teórica, ajuda a apoiar

profissionais e pais ligados ao ato de educar e as inúmeras questões ligadas

aos conteúdos programáticos e as dificuldades de aprendizagem que cerca a

educação.

A pesquisa realizada , acompanhará e levará os leitores a trilhar os

caminhos que levam a excelência , a detecta possíveis falhas no seu trabalho e

a solucionar algumas perguntas em relação ao fracasso escolar de

determinados indivíduos. Utilizamos como referência, bibliografias,

experiências de alguns autores citados no decorrer da pesquisa e pesquisa

documental do tipo primária (boletins e fotografias ).

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

FRACASSO ESCOLAR

CAPÌTULOII

ALUNOS E OS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM

CAPÍTULOIII

A AVALIAÇÃO HOJE

CONCLUSÃO

BIBLIOGRÁFIA

ÍNDICE

ANEXOS

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO Esta pesquisa versará o seguinte tema o Fracasso Escolar uma visão

da Psicologia Educacional.

Tem como foco do problema qual é a maior influência psicológica, que

leva ao aluno desistir de estudar que conduz ao fracasso escolar.

As idéias retomadas nesta pesquisa resgatam de forma atualizada,

esperançosa a questão que a sociedade educativa no Brasil não está,

valorizando o lado psicológico e as influências que no dia a dia leva a

desmotivação dos alunos.

Atualmente psicólogos e professores continuam a instigar o conflito e o

debate sobre esses aspectos.

A não aprendizagem na escola é uma das causas do fracasso escolar,

mas a questão é em si bem mais ampla, a proposta desta pesquisa é partir de

uma visão abrangente para chegar de um modo mais objetivo e

contextualizado, a uma resposta para a queixa escolar.

Nesta pesquisa será analisada de modo coerente os aspectos que

conduzem o fracasso tais como a família, os grupos sociais e as questões

psicológicos que leva a projetos como esse.

O objetivo do presente projeto é bastante restrito. Pretendendo-se fazer

uma interpretação do fracasso escolar numa perspectiva da Psicologia

Educacional, enfocando os aspectos motivador e social que conduzem a não

permanência do aluno na escola.

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De forma descontextualizada será descoberto se os testes de

rendimento escolar aplicados a estudantes de Ensino Fundamental são

responsáveis pelo fracasso.

A observação desta pesquisa acontecerá em escolas de alguns bairros

e em clínicas onde acontecem atendimentos psicopedagógico. Será realizada

com alunos do Ensino Fundamental que compõem a Educação Básica.

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CAPÍTULO I

Fracasso Escolar “ Nossa maior fraqueza está em desistir.

O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.”

Thomas Edison

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FRACASSO ESCOLAR

O propósito da pesquisa é analisar aspectos da problemática do

fracasso escolar hoje. Para isso cabe destacar a importância de dois tipos de

escola, e comentar um pouco sobre a lógica que os rege. De um lado, há uma

escola da excelência de outro, uma escola para todos. O que caracteriza um

outro tipo de escola.

A escola de excelência é a escola que muitos freqüentam. A instituição

que a maioria da população gostaria de lá permanecer com êxito. Não é uma

escola para todos, mas para os que nela conseguem entrar e cursar,

sobrevivendo às muitas provocações, provações e desafios. Do contrário,

serão excluídos, reprovados.

Consultando o dicionário, vemos que excelência é um vocábulo que

tem pelo menos, três significados: 1)caráter do que é excelente, que não pode

ser melhor; 2) título honorífico dado a embaixadores, ministros etc. e 3) algo

que se expressa de um modo altamente representativo, característico. Além

disso, excelência opõe-se ao que é medíocre. Por igual, o adjetivo excelente

comporta ao menos três significados: 1) muito bom, admirável, maravilhoso,

perfeito, superior; 2) que tem grande bondade, uma natureza generosa; e 3)

primoroso, bem acabado, exímio, perfeito, distinto, magnífico.

A escola de excelência, com razão, busca selecionar, orientar e

certificar alunos que tenham qualidades acima lembradas. Os alunos de uma

escola excelente são, por extensão, bem sucedidos, educados, de fino trato.

Os demais, que não primam pela excelência, são os que fracassaram, que não

alcançaram o critério mínimo para justificar essa qualidade e, portanto, são

excluídos.

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Esta escola organiza-se pela lógica das classes, ou seja, reúne os

alunos que expressam como critério- as características da excelência, já

mencionadas. Por possuírem o critério, substituem-se entre si, de modo

equivalente, e compõem um conjunto caracterizado pelas virtudes de sua

classe. Os demais que nunca tiveram acesso a essa escola ou que nela

fracassaram (por repetência, freqüência insuficiente, mau comportamento ou

mau desempenho) não compõem classe alguma, já que sua caracterização

não é problema para esse tipo de escola. São deserdados do sistema, os

excluídos, os sem escola. A lógica das classes, é a lógica do sim ou do não. Do

sim para os que exibem os critérios que caracterizam a classe. Do não para os

que não possuem, não alcançam ou não sustentam os critérios. Os excluídos,

por não alcançarem o critério da classe, não compõem em termos do critério

considerado- classe alguma, estão simplesmente de fora.

A escola da excelência, por seus compromissos com o melhor, o mais

perfeito, valoriza conteúdos disciplinares, professores especializados, enfim,

enfatizam o que é o melhor ou de ponta no sistema. Por conseqüência,

igualmente, espera-se que os alunos dessa escola exibam as qualidades que a

caracteriza.

Quem não tem saudade desse tipo de escola? Quem não gostaria de

ter um diploma por ela conferido?

Na escola da excelência, mesmo que todos sejam chamados, poucos

serão os escolhidos.

A escola para todos é a que caracteriza, por exemplo, a escola pública,

hoje. É a escola que busca praticar conquistas e necessidades sociais e

políticas muito recentes. É a escola que expressa compromissos decorrentes

da Declaração dos Direitos Humanos, da constituição de 1988, do Estatuto da

Criança e do Adolescente, das Leis de Diretrizes e bases. É a escola que

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atribui a todas as crianças o direito à educação fundamental e que

responsabiliza o estado a família pelo cumprimento desse direito.

Na escola para todos, tudo que é valorizado na escola da excelência

deve agora ser repensado, redefinido. Como sustentar as qualidades da

excelência em um contexto em que a exclusão não é mais o critério definidor?

Como defender a inclusão e tolerar as diferenças e rever as estratégias

pedagógicas e conviver com a desigualdade e suportar a insuficiência, nesse

novo contexto, de supostos saberes ou domínios?

Na escola de excelência o fracasso tinha um lugar garantido. Como fica

o fracasso escolar na escola para todos? Fracasso de quem? De quem (família

ou Estado, por exemplo) tem a obrigação de dar boas condições para que a

criança aprenda e que professores ensinem?

Uma escola que se quer para todos e se alegra pela conquista dessa

abertura política, pela realização dessa justiça social, deveria saber que ao

convocar todas as crianças, excelentes ou não, estaria também por extensão

recebendo tudo o que pode estar associado a elas: pobreza, violência, drogas,

desorganização familiar, deficiência física e outras dificuldades de toda sorte.

Mas também não é só isso: crianças e famílias que mais uma vez depositam

na escola a esperança de um futuro melhor, crianças interessadas, crianças

que tem uma experiência a compartilhar e a muitos anos esperam uma chance.

Ou seja: na escola para todos, tudo é possível, tudo pode ser.

Na escola para todos a excelência como critério de entrada e

permanência na escola deve ser substituída pela busca do desenvolvimento de

competências e habilidades.

Desenvolver competências pode ajudar a tomar boas decisões ou

enfrentar, com alguma razão, determinados desafios e dilemas de viver e

conviver nesse tipo de sociedade com tudo que elas dá e tira ao mesmo tempo.

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1.1- O Fracasso escolar uma realidade fabricada

Considera-se como fracasso escolar uma resposta insuficiente do aluno

a uma exigência da escola. Essa questão pode ser analisada e estruturada por

diferentes perspectivas, a da sociedade, a da escola e a do aluno.

No Brasil 83% dos estudantes repetem pelo menos uma vez da

primeira à oitava série ou desistem da escola antes de concluir o Ensino

Fundamental. O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

de 1998 contou 3,65 milhões de adolescente com 14 anos. Entre eles só de

acordo com o Ministério da Educação (MEC) “Nosso ensino funciona como pau

– de- sebo” compara Miguel González Arrogo, consultor educacional. “Muitos

começam o jogo, mais poucos chegam ao topo”.

Os alunos que estudam em séries atrasadas em relação à sua idade

são chamados de defasados. Pensando neles, várias redes estaduais e

municipais de ensino criaram programas de aceleração da aprendizagem.

Quase a metade dos estudantes brasileiros do Ensino Fundamental

está cursando séries inadequadas para sua idade. São 16.7 milhões de alunos

ou 46,6% de toda a população estudantil de 1ª a 8ª série no Brasil – atrasadas

na sua formação escolar segundo o Ministério da Educação (MEC). A situação

do fracasso escolar está tão nítida e tão grave que o ministério definiu como

uma de suas prioridades, dentre os inúmeros problemas da educação no

Brasil, o estímulo ao desenvolvimento de projetos de aceleração de

aprendizagem.

Os programas têm como objetivo a criação de uma diretriz básica para

projetos de aceleração que possa adotada com autonomia em qualquer ponto

do País.

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Conforme a definição dada, o fracasso escolar situa-se diferentemente

no tabuleiro ideológico, político ou pedagógico. Sem retratação em detalhes as

etapas sucessivas da teorização do fracasso escolar, convêm fixar alguns

pontos de referência e prevenir certas confusões.

Normalmente, defini-se o fracasso escolar como uma simples

conseqüência de dificuldades de aprendizagem e como a expressão de uma

falta “objetiva” de conhecimentos de competências. Essas visão, que

“naturaliza” o fracasso, impede a compreensão de que ele resulta de formas e

de normas de excelência instituídas pela escola, cuja a prática local resulta e

nos revela algumas arbitrariedades, entre as quais a definição do nível de

exigência, do qual depende o limiar que separa aqueles que têm êxito daqueles

que não o têm.

Na sociedade, o julgamento da escola assumiu tanto peso, que quase

não sabemos mais pensar nas desigualdades culturais por si mesmas. Ela

parece trunfos ou deficiências na competição escolar, nas desigualdades

sancionadas pela própria avaliação escolar ou no que reta dela na idade

adulta: o diploma. Contra essa confusão, até mesmo, e sobretudo, em uma

sociedade altamente escolarizada, convém distinguir:

- por um lado, as desigualdades bem reais de capital cultural, que se

traduzem por uma consideração desigual dos indivíduos no mundo.

Nas sociedades reais de capital cultural apresentam-se primeiramente,

como capacidades desiguais de compreensão e de ação, revelando um poder

desigual às coisas, os seres e as idéias.

Nas primeiras sociedades humanas, nem todos podiam pretender

exercer o poder, prever o futuro, abastecer, cuidar de doenças, com o mesmo

sucesso. Bem antes da invenção da escola, os seres humanos souberam

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avaliar seu próprio capital cultural e de seus contemporâneos, definindo formas

e normas de excelência.

Na sociedade atual, essas classificações ocorrem em várias áreas da

vida de um indivíduo.

As formas e as normas de excelência escolares, diferentemente da

maioria das outras áreas, ancoram-se em um currículo: os saberes e o

valorizados são em principio ensinados, antes que seu domínio seja avaliado,

supostamente correspondem a um programa. Se, na escola obrigatória, o

saber ler importa mais do que a arte de decifrar uma partitura musical e induz

hierarquias de excelência mais formais, levando a maiores conseqüências, os

professores não são os únicos responsáveis. Os próprios programas escolares

demonstram uma vontade política e escolhas culturais. Desse modo, a escola

não tem a liberdade de avaliar qualquer coisa, as formas e as normas de

excelência escolar supostamente correspondem as finalidades que uma

sociedade atribui ao ensino.

Entretanto, a escola e os professores gozam de uma certa autonomia

na execução dos objetivos e na avaliação dos conhecimentos. A avaliação

escolar é uma prática bastante artesanal, que comporta muitas eventualidades,

vieses sistemáticos ou acidentes.

Na realidade, nem todos os professores que supostamente executam

um programa definido dão exatamente a mesma formação. “É a variação entre

o currículo prescrito e o currículo real, na fase de transposição didática, que se

deve ao professor” (Chevallard,1991; Isambert- Jamati; 1984; Verrret,1975).

Saber ler é uma forma de excelência escolar que a escola não escolheu, mas

que modula, explicitando programas, métodos, exigências não fixadas

detalhadamente pelo sistema político. A partir do programa os

estabelecimentos têm uma margem de interpretação. Essas interpretações

diferentes dos objetivos e dos programas traduzem a desigualdade no ensino e

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o momento da avaliação, já que o professor avalia em boa parte o que

efetivamente ensinou. Certos professores, por exemplo, atêm-se ao programa

oficial do grau em questão, ao passo que outros se atribuem o dever e a honra

de “mostrar serviço”.

Ainda que a avaliação fosse uniforme e igualitária, a excelência escolar

não seria comparável a uma simples desigualdade real de capital cultural, pois

não tem conseqüências imediatas e graves senão por meio da representação

que a escola dela constrói, que está no fundamento dos julgamentos de êxito

ou de fracasso escolar.

“Como indica o adjetivo, o fracasso escolar só existe no

âmbito de uma instituição particular, que tem o poder de julgar, de classificar e

de declarar um aluno em fracasso. Esse julgamento é constitutivo do fracasso

escolar: é a escola que avalia seus alunos e conclui, de modo unilateral, que

alguns fracassam. Essa declaração imputa o fracasso ao aluno, ao passo que

se refere a normas freqüentemente estranhas a seu projeto pessoal e as suas

próprias exigências. Cada pessoa pode experimentar um sentimento de

fracasso pessoal quando não alcança, apesar de seus esforços para formar-se

e exercitar-se, um domínio que deseja adquirir. Na escola o julgamento

“acontece” independentemente do projeto pessoal do aluno. O sentimento de

fracasso experimentado por um aluno não é, muitas vezes, senão a

interiorização do julgamento da instituição escolar, expresso pelo professor ou

por um examinador do alto do seu saber. Não é sem importância que esse

julgamento seja, ou não, aceito pelo interessado e que seja, ou não, levado em

conta pela família” (Perrenoud,2000).

“A desigualdade social diante da educação aparecia ainda

amplamente no início do século XX, as crianças da burguesia entravam aos 6

anos ou 7 anos diretamente nas primeiras classes dos liceus e já estavam

prometidas aos estudos completos, enquanto as outras crianças iam à escola

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primária para dela sair aos 11 ou 13 anos, com uma instrução elementar”

Baudelot e Establet (1971).

Mostraram que essas duas redes de escolarização subsistiram além da

criação de um tronco comum, pelo menos se analisar, de um lado as carreiras

mais prováveis das crianças das classes privilegiadas e, de outro, as das

classes populares (probabilidade de reprovação, orientação ao final do tronco

comum).

Estruturalmente, a desigualdade diante do mesmo ensino é um

fenômeno recente, ligado à unificação do sistema educativa. Sua importância

social não se afirmou de saída: foi preciso tomar consciência do peso do êxito

e dos diplomas não somente para aqueles que se destinam aos empregos

intelectuais, mas para quase todo o mundo. Desde o momento em que os

saberes e os diplomas tornaram-se questões em que alguns fracassassem na

escola, enquanto outros tivessem êxito.

A desigualdade social está nos índices de repetência e evasão. Quando

a criança deixa a escola, fonte primária de cidadania e vai para rua e

transforma sua mão-de-obra despreparada em trabalho duro para ajudar sua

família.

Segundo o Ministério da Educação, de três crianças matriculadas em

qualquer série, apenas uma não é repetente.

Analisando o fracasso como uma realidade fabricada as pesquisas

ressaltam que em média, os alunos vão embora antes de completarem a

quarta série do primeiro segmento do Ensino Fundamental. Isso significa que

aprendem nem o mínimo necessário para que, na prática, não sejam

analfabetos. Com menos de quatro anos de escolaridade, há uma tendência de

esquecer como se escreve ou se lê.

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1.2- Dificuldades de Aprendizagem

Abordar um assunto que educadores e instituições de ensino comenta,

discute é algo que gera discordância ou concordância.

Quando o assunto é dificuldades de aprendizagem é importante

lembrar: Quem possui essa dificuldade? Que tipo de educando está com esse

problema? Quais as principais dificuldades de aprendizagem que está em

questão? Se já foi interrogado sobre o desejo do saber do aluno, em sua

relação com o desejo de ensinar do professor?

Os problemas de aprendizagem envolvem fatores de ordem psicológica,

biológica, pedagógica e social.

Dentre os problemas de aprendizagem os alunos com dificuldades de

aprendizagem, quaisquer que sejam as causas não consegue rendimento

pedagógico adequado, nem um aproveitamento satisfatório relação com seu

grupo, estando freqüentemente em posição inferior. Nesses alunos são

comuns dificuldades de atenção, de memória, de linguagem, de percepção, de

raciocínio, bem como atitudes de insegurança, bloqueios emocionais e outras

condutas agressiva, apática, agitada ou tímida.

Convém lembrar que pesquisas apontam que crianças com problemas

de aprendizagem apresentam distúrbios em um ou vários dos processos

básicos envolvidos na compreensão ou no uso da linguagem falada ou escrita,

podendo ser manifestada por dificuldades de pensar, falar, ler, escrever,

calcular incluindo condições referidas como incapacidades perceptivas,

dislexia, dislalia e outras, não incluindo, porém, problemas de deficiência

mentais ou sensoriais graves e nem distúrbios psíquicos.

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O fato, hoje em dia, é que o número dessas crianças com dificuldades

de aprendizagem é cada vez maior, com características as mais variadas

possíveis, sendo que a classificação dos sintomas podem trazer

inconvenientes, para se estabelecer o próprio sistema de avaliação, sobretudo

quando os diagnósticos são baseados unicamente numa terminologia.

Por outro lado, o fracasso escolar pode resultar da despreparação das

unidades escolares em prover um ensino adequado a realidade e às

necessidades da criança, além do que muitas dessas escolas não

correspondem às expectativas sociais.

Portanto, alguns problemas não estariam diretamente ligados a criança,

mas a maneira como se realiza o processo do ensino. Existem, portanto três

áreas envolvidas, conforme diagrama de Venn:

A- Distúrbios neurológicos e/ou psicológicos

B- Dificuldades ambientais (econômicos, sociais e familiares)

C- Dificuldades educacionais (métodos, professor, escola)

“Diagrama de Veen (in: Coleman Davis, p.186)”.

São freqüentes os casos de alunos com problemas de aprendizagem

escolar que, por estarem comprometidas na sua escolaridade e processo de

A

C B

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adaptação social, são encaminhadas a clínicas psicológicas e pediátricas, a

ambulatórios ou a centros de reeducação.

Portadoras, na maioria das vezes, de distúrbios de psicomotricidade e

de linguagem apresentam hiperatividade, distúrbios perceptivos, dificuldades

de atenção e deficiências sensoriais discretas, além de outras características,

constatando-se a superposição de problemas emocionais, pelo elevado

número de crianças impulsivas, agressivas e ansiosas, com sentimentos de

inferioridade, de insegurança ou de rejeição afetiva.

A analise psicológica da dinâmica familiar evidencia a grande influência

de pais superprotetores, dominadores ou indiferentes, com dificuldades de

aceitarem os limites dos filhos, agravando-se ainda mis a problemática pela

grande incidência de mães solteiras, de pais separados e lares em conflitos

que, também, não dispõem de recursos comunitários para ajudá-los a

resolverem seus seus problemas. Daí a necessidade de uma ação preventiva e

de um diagnóstico diferencial precoce que permita localizar distúrbios

específicos nas diversas áreas: intelectual, afetivo-emocional, familiar, social e

escolar, para que possa estabelecer adequados programas de reeducação e

de atendimento pedagógico especializado.

Diversos levantamentos vêm sendo realizados em clínicas e centros

médicos-psicopedagógicos com o objetivo de melhor caracterizar as

dificuldades de aprendizagem dos educandos, procurando identificar alterações

físicas, biológicas, psicológicas e sociais para adequar tipos de planejamento

preventivo e terapêutico.

Preparar o aluno, favorecendo atitudes positivas para aprendizagem

escolar, motivando e definindo metas, mantendo a progressão, regulando o seu

ritmo e conjugando o currículo com atividades que reforcem a integração de

aspectos sensório-motores, perceptivos e de linguagem, em ambiente que

possa potencializar esse progresso

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A percepção de si mesmo, dos outros e de sua relação com o mundo

são importantes para o aluno, bem como o desenvolvimento de sua imagem e

esquema corporal, das relações com o espaço, do seu esquema postural, da

consciência de posição do seu corpo no espaço, aspecto esses que vão

interferir nas aprendizagens escolares.

“Alguns educadores e psicólogos acreditam que o rótulo

dificuldades de aprendizagem é excessivamente usado e abusado. Quase

metade de todos os alunos, recebendo algum tipo de serviço de educação

especial nas escolas públicas, tem o diagnóstico de dificuldade de

aprendizagem. Essa é de longe a maior categoria de aluno incapacitado.

Alguns pesquisadores sugeriram que muitos dos alunos chamados de

incapacitados de aprender são na verdade alunos com problemas de segunda

língua, ou podem simplesmente estar atrasados em seu trabalho porque se

ausentam com freqüência ou mudam de escolas seguidamente” (Gartner &

Lipsky, 1987).

Alunos com incapacidade de aprendizagem também podem tentar

compensar seus problemas e desenvolver maus hábitos de aprendizagem no

processo, ou podem começar a evitar certas matérias por medo de não serem

capazes de realizar o trabalho. Para impedir que essas situações aconteçam, o

professor deveria encaminhar os alunos aos profissionais adequados na

escola.

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CAPÍTULO II

Alunos e os Desafios da Aprendizagem

“Aprendemos quando adquirimos conhecimento.

Situações de aprendizagem desafiadoras geram

no indivíduo a necessidade interna básica de,

talvez, romper com seus próprios limites

enquanto movimentos em busca do novo . Por

vezes, essa experiência vem acompanhada de

sensações, sentimentos e emoções , com ale-

gria e prazer , ou dor, incômodo e conflito.”

Allessandrini(1994,pg.23)

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ALUNOS E OS DESAFIOS DE APRENDIZAGEM

Os desafios físicos e sensoriais fazem com que alguns alunos devem

usar aparelhos ortopédicos como os de correção dentária, sapatos especiais,

muletas, ou cadeiras de rodas para participar em um programa escolar normal.

Se a escola não tem a característica arquitetônica necessária como rampas,

elevadores e salas de repouso acessíveis e se os professores levam em

consideração as limitações físicas dos alunos, pouca mudança precisa ser feita

para alterar o programa educacional usual.

Transtornos convulsivos (Epilepsia). Uma convulsão é “uma descarga

anormal de energia elétrica em certas células cerebrais” (Hallahan & Kauffman,

1997, p.405). Os efeitos da convulsão dependem de onde a descarga de

energia se inicia no cérebro e até onde ela se espalha. Pessoas com epilepsia

têm convulsões recorrentes, mas nem todas as convulsões são resultado de

epilepsia, condições temporárias de febres altas ou infecções podem também

iniciar um processo convulsivo.

As convulsões assumem muitas formas e diferem com relação a

duração e a freqüência e movimentos envolvidos. Uma convulsão parcial

envolve apenas parte do cérebro, enquanto que a generalizada inclui muito

mais regiões do cérebro. Ao recuperar a consciência, o aluno pode estar muito

cansado, confuso e necessitando de sono extra. A maioria das convulsões

pode ser controlada por medicação. Se um aluno tem uma crise acompanhada

por convulsões durante a aula, o professor deve tomar medidas para que o

aluno não se machuque.

Nem todas as convulsões são dramáticas. Às vezes, um aluno

simplesmente perde o contato brevemente. O aluno pode olhar fixos, não

responder a perguntas, derrubar objetos e não perceber o que está

acontecendo por 1 a 30 segundos. Essas eram antigamente chamadas de

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pequeno mal, mas são agora chamadas de convulsões de ausência e podem

facilmente passar despercebidas. Se uma criança em sua classe não parece

saber o que está acontecendo às vezes, ou não responde a perguntas, ou não

conseguem lembrar do que acabou de acontecer, é necessário que o educador

procure ajuda especializada. O maior problema para os alunos com convulsões

de ausência é que eles perdem a continuidade da interação com a classe. Se

as convulsões são freqüentes, eles acharão as atividades confusas.

“Paralisia Cerebral. Dano ao cérebro antes ou durante o

nascimento ou durante a infância pode fazer com que uma criança tenha

dificuldades em movimentar-se e coordenar seu corpo. O problema pode ser

muito leve, de modo que a criança parece um pouco desajeitada, ou tão grave

que o movimento voluntário é praticamente impossível. A forma mais comum é

a paralisia cerebral é caracterizada por espasticidade (músculos

excessivamente contraídos ou tensos). Mas muitas crianças com paralisia

cerebral têm incapacidades secundárias (KrirK, Gallagher & Anastasiow,

1993).”

Na sala de aula, essas incapacidades secundárias são a maior

preocupação e elas são geralmente as que o professor regular pode ajudar

mais. Muitas crianças com paralisia cerebral têm prejuízo de audição,

problemas de fala ou leve retardo mental.

Sinais de problemas de audição são virar um ouvido na direção do

interlocutor, favorecer um ouvido na conversação ou entender mal a conversa

quando o rosto do interlocutor não pode ser visto. Devem ser observados os

alunos que têm freqüentes dores de ouvidos, infecções dos seios da face ou

alergias.

No passado, os educadores debateram se abordagens orais ou

manuais são melhores para as crianças com prejuízos auditivos. Abordagens

orais envolvem leitura da fala (também chamada de leitura de lábios) e treinar

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os alunos a usarem seja qual for a audição que eles possam ter. Abordagens

manuais incluem linguagens de sinais e soletração dos dedos. A pesquisa

indica que crianças que aprendem alguns métodos manuais de comunicar-se

têm melhor desempenho nas matérias escolares e são socialmente mais

maduros. Hoje, a tendência é associar as duas abordagens. Inovações

tecnológicas como teletipos nas casas e as muitas vias de comunicação por

meio de e-mail e da Internet ampliaram as possibilidades de comunicação para

todas as pessoas com prejuízos auditivos.

Não esquecendo que existe um número acentuado de alunos com

prejuízo de visão cabe destacar que são eles que copiam errado o dever,

esfregam freqüentemente as vistas, ou se queixam que os olhos queimam ou

coçam sempre. Os olhos podem realmente ser inchados, vermelhos ou

encovados. Alguns alunos com problemas de visão podem ler errado o material

do quadro, descrevem sua visão como borrada, são muitos sensíveis à luz, ou

mantêm sua cabeça em um ângulo peculiar. Quaisquer uns desses sinais

devem ser relatados a um profissional qualificado, pois eles podem conduzir o

aluno ao fracasso escolar se não forem levados em consideração.

Problemas leves de visão podem ser superados com lentes corretivas.

Apenas aproximadamente uma em mil crianças neste país têm prejuízos

visuais sérios, necessitando de serviços educacionais especiais. A maioria

desse grupo é classificada como tendo visão baixa. Isso significa que eles

podem ler com ajuda de uma lente de aumento ou livros com letras grandes.

Um pequeno grupo de alunos, é educacionalmente cego. Esses alunos devem

usar audição e tato como os canais de aprendizagem predominantes. Para

alunos com problemas visuais, a qualidade da impressão é freqüentemente

mais importante do que o tamanho.

2.1- Transtornos da comunicação

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A linguagem é um comportamento aprendido complexo. Transtornos

de linguagem podem surgir de muitas fontes, porque aspectos muito diferentes

do indivíduo estão envolvidos na aprendizagem da linguagem. Uma criança

com prejuízo auditivo não aprenderá a falar normalmente. Uma criança que

ouve a linguagem inadequada em casa também aprenderá linguagem

inadequada. Crianças que não são ouvidas, ou cuja percepção do mundo é

distorcida por problemas emocionais, refletirão esses problemas em seu

desenvolvimento da linguagem. Visto que falar envolve movimentos, qualquer

prejuízo das funções motoras envolvidas com a fala pode provocar transtornos

de linguagem. E uma vez que o desenvolvimento da linguagem e o

pensamento são tão interligados, quaisquer problemas no funcionamento

cognitivo podem afetar a capacidade de utilizar a linguagem.

Compreendendo que a linguagem é produzida nas relações sociais e

que a criança só se apropria da língua à medida que participa da vida de outras

pessoas que já a dominam, alunos e professores são chamados a participar

das atividades para fortalecer laços afetivos. Nessa concepção, a linguagem

não é inata, nem reconstruída pelos indivíduos, mas sim produzida por eles em

suas relações sociais. Assumir essa perspectiva teórica de que a linguagem é

produzida pelos homens e que as crianças apropriam-se dela, em vez de

reconstruí-la, significa dizer que se deve ensinar a criança a usar a linguagem,

seja ela oral, gestual, desenhada ou escrita, em situações de uso real,

valorizando sua função social de comunicação.

Alunos que não conseguem produzir sons efetivamente para falar são

considerados como tendo prejuízo na fala. Aproximadamente 5% das crianças

em idade escolar têm alguma forma de prejuízo de fala. Problemas de

articulação e gagueira são os dois mais comuns.

Os transtornos da articulação incluem substituir um som por outro,

distorcendo um som, acrescentar um som, ou omitir sons. Mas a maioria das

crianças só consegue pronunciar com sucesso todos os sons a partir dos seis

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anos de idade. Os sons das consoantes l, r, s, e z a as consoantes combinadas

ch, lh, nh são as últimas a serem dominadas.

A gagueira geralmente aparece entre as idades de três e quatro anos.

Ainda não está claro o que a causa mas pode provocar embaraço e ansiedade

para a pessoa que dela padece. Em aproximadamente 50% dos casos, a

gagueira desaparece durante o início da adolescência (Wiig,1982). Se a

gagueira continua por mais de um ano, a criança deve ser conduzida a um

terapeuta de fala. A intervenção precoce é crucial para que esse prejuízo não

conduza o educando ao fracasso escolar.

Um outro tipo de prejuízo de fala, inclui falar com um tom, qualidade ou

altura impróprios ou em tom monótono e invariável. Um aluno com qualquer

uma dessas características deve ser encaminhado ao fonoaudiólogo. Existe

uma preocupação com os alunos que raramente falam. Eles são tímidos ou

têm dificuldades com a linguagem?

Diferenças de linguagem não são necessariamente transtornos na

linguagem. Alunos com transtornos de linguagem são aqueles marcadamente

deficientes na capacidade de entender ou expressar a linguagem, comparado

com outros alunos de sua mesma idade e grupo cultural.(Owens,1995).

2.2- Transtornos emocionais, comportamentais ou sociais

Alunos com transtornos emocionais, comportamentais ou sociais

podem estar entre os mais difíceis de ensinar em uma classe regular. O

comportamento torna-se um problema quando se desvia tanto do que é

apropriado para o grupo da criança a ponto de interferir no próprio crescimento

e desenvolvimento da criança e/ou nas vidas de outros. Certamente, desvio

sugere uma diferença de algum padrão, e os padrões de comportamento

diferem de uma situação, grupo etário, cultural e período histórico para outro.

Portanto, o que passa por espírito de equipe nas arquibancadas dos estádios

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poderia ser visto como comportamento perturbado em um banco de

restaurante. Além disso, o desvio deve ser mais do que uma resposta

temporária a eventos estressantes; ele deve ser consistente com o passar do

tempo e em diferentes situações. Cabe destacar que existem seis dimensões

de transtornos emocionais/comportamentais. Crianças que têm transtornos de

conduta são agressivas, destrutivas, desobedientes, não cooperativas, fáceis

de distrair-se, disruptivas e persistentes. Elas são advertidas e castigadas pelo

mesmo mau comportamento inúmeras vezes. Muitas dessas crianças são

desprezadas o que as levam a ter um baixo rendimento na escola e em outros

grupos sociais. Esses alunos necessitam de regras e conseqüências muito

claras, consistentemente impostas.

O futuro não é promissor para os alunos que nunca aprendem a

controlar seus comportamentos e que também fracassam academicamente.

Esperar que os alunos “superem” seus problemas raramente é efetivo. Diz-se

que crianças que são extremamente ansiosas, retraídas, tímidas, deprimidas e

hiper-sensíveis, que choram facilmente e têm pouca confiança, têm um

transtorno de ansiedade-retraimento. Elas manifestam poucas habilidades

sociais e, conseqüentemente, muito poucos amigos. Vale a pena lembrar que o

primeiro grupo social o qual o indivíduo faz parte, ou seja, a família tem um

importante papel nas dimensões emocionais/comportamentais da criança.

A terceira categoria é imaturidade por problemas de atenção que

conduzem ao fracasso escolar. As características incluem um intervalo de

atenção curto, constantes devaneios, pouca iniciativa, desleixo e má

coordenação. Se um aluno imaturo não está muito atrás dos outros na classe,

ele pode responder às estratégias de manejo do comportamento. Relacionado

a essa dimensão está a categoria de excesso motor. Estes alunos são

inquietos e tensos; eles parecem incapazes de sentar quietos ou parar de falar.

Alguns alunos exibem comportamento psicótico, os mesmos podem

possuir comportamentos bizarros, e eles podem expressar idéias muito

artificiais conduzindo-os para um baixo desempenho escolar.

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A última categoria é das crianças hiperativas não são apenas mais

fisicamente ativas e desatentas do que outras crianças; elas também têm

dificuldades para responder com prioridade e trabalhar perseverantemente em

direção a objetivos (mesmo seus próprios objetivos), podendo não ser capazes

de controlar seu comportamento sob comando, mesmo por um breve período.

Os comportamentos- problema são em geral evidentes em todas as situações

e com todos os professores. É difícil saber quantas crianças deveriam ser

classificadas como hiperativas. “A estimativa mais comum é 5% da população

de escola de ensino fundamental” (O`Leary,1980). Mais meninos do que

meninas são identificados como hiperativos.

As dificuldades de aprendizagem são um termo geral que se refere a

um grupo de transtornos manifestados por dificuldades significativas na

aquisição e uso de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio, ou capacidades

matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, provavelmente

devido a disfunção do sistema nervoso central, podendo ocorrer durante a vida.

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CAPÍTULO III

A Avaliação Hoje : Sonho e Realidade

“ A avaliação que utilizamos é padronizada

estamos constatando que não está fun-

cionando. Está havendo uma mudança

nos paradigmas da Educação.”

Diva Maranhão( 2001.pg58)

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A AVALIAÇÃO HOJE:SONHO E REALIDADE

A avaliação, no que se refere a ensino–aprendizagem passa por várias

transformações ,é uma tarefa cuja importância é comparável ,além de ser

extremamente difícil para alguns educadores. O professor precisa tomar

decisões em todos os momentos tanto quanto os objetivos, conteúdos,

procedimentos, etc.., mas decidir como avaliar exige noção e facilidade de

executar essa tarefa.

“O crescimento profissional do professor depende de sua

habilidade em garantir evidências de avaliação, informações e materiais , a fim

de constantemente melhorar seu ensino e a aprendizagem do aluno. Ainda, a

avaliação pode servir como meio de controle de qualidade, par assegurar que

cada ciclo novo de ensino-aprendizagem alcance resultados tão bons ou

melhores que os anteriores” (Bloom, Hasting, Madaus).

A avaliação bem como os procedimentos vêm sofrendo influência das

tendências pedagógicas , das metodologias aplicadas a cada unidade de

ensino e das Leis criadas no decorrer dos anos. Em nossos dias, considera-se

a avaliação dos resultados testes padronizados ,onde o aluno na verdade é

medido e não avaliado como um todo

A avaliação escolar tem seu aspecto formal e informal. O aspecto

informal da avaliação acontece em sua dependência com seus objetivos

implícitos e dos julgamentos subjetivos, porém o aspecto formal encontra-se

explícito em sua dependência dos objetivos precisamente elaborados, dos

instrumentos fidedignos e da precisão dos resultados ou a qualidade do

programa escolar com ajuda dos instrumentos de medida.

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Atualmente a avaliação possui funções importantes para alguns

educadores para outros ela aparece como um sonho bem longe de sua

realidade imposta por determinadas instituições de ensino. As funções

verdadeiras da avaliação estão relacionadas às funções primordiais da

educação, que são integrativa e a diferenciada. As funções gerais da avaliação

fornecem a base para o planejamento , ajusta a política e práticas curriculares.

A função específica da avaliação facilita o diagnóstico (avaliação diagnostica) ,

melhora a aprendizagem (avaliação formativa) e estabelece situações

individuais de aprendizagem (avaliação somativa).

Quando se comenta sobre avaliação não se pode deixar de lado as

medidas educacionais que são aplicadas freqüentemente nas escolas

brasileiras .O limite entre medida e avaliação não são muito nítidos. De um

modo geral, pode se dizer que a avaliação é um processo mais amplo e

abrangente do que mensuração. Na verdade para muitos professores é quase

impossível, considerar os nossos sistemas atuais de ensino, avaliar sem fazer

uso da mensuração.

A avaliação para ser completa exige etapas para ser seguidas tais

como: formulação de objetivos e definições de atributos, determinação de

critérios e condições, seleção de procedimentos e instrumentação,

quantificação do atributo em unidades de grau. O processo de medir é posterior

à definição de objetivos, depois pode se buscar procedimento de medida.

Atualmente o índice alarmante de fracasso escolar acontece devido a esse

fator alguns educadores acreditam que avaliam enquanto que na verdade só

medem o aluno, através de resultados obtidos em testes de sondagem ,não

levam em conta os outros domínios do aluno e outros instrumentos e recursos

que podem ser utilizado para se avaliar.

Em grande parte a dinâmica do ensino–aprendizagem decorre da

observação do professor, motivo pelo qual ele tem necessidade de aperfeiçoá-

la continuamente. “O professor esclarecido sabe que a observação não é um

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jogo fácil , mas uma paciente disciplina do espírito. È necessário realizar toda

uma aprendizagem completa de observação” (Sant’Anna).

Hoje a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ressalta a

importância da avaliação tanto para o ingresso do aluno tão quanto para sua

promoção ou progressão para os estabelecimentos de ensino adotam esta

nomenclatura, além de assegurar ao aluno o direito de recuperação ,de

preferencia paralelo ao período letivo, para os casos de baixo rendimento

escolar . Vale lembrar que o desafio que foi instituído pela Lei o da avaliação

contínua e cumulativa , da aceleração de estudos para alunos com atraso

escolar e os estudos de recuperação continuam a representar grandes

problemas para a prática pedagógica, pois essas questões têm repercussão

direta sobre o fenômeno da repetência e da evasão (Fracasso escolar).

Problema quase sempre ligado ao aluno, quando, na verdade, se trata de

efeitos da organização equivocada da escola, da sociedade, da família e dos

governantes.

Atualmente 70% a 90% das crianças chegam a procurar o serviço de

psicologia se queixando de fracasso escolar o que se chama de queixa escolar.

A falta de estratégia pedagógica, preconceitos, salas lotadas, transferências

mal realizadas são causas do fracasso escolar. Na verdade muitos alunos

estão sendo rotulados como um fracassado, enquanto na verdade é a escola

que desenvolve um trabalho pedagógico dissociado da realidade do aluno,

tendo como parte integrante profissionais despreparados, métodos

inadequados para aprendizagem ,utilização de instrumentos de medidas mal

elaborados etc.

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CONCLUSÃO

Em Virtude das informações apuradas , através da pesquisa realizada

e das seguintes constatações, podemos concluir que ao observar em escolas e

em consultórios o fracasso escolar se dá através dos seguintes aspectos : a

realidade da sociedade em vivemos , a situação das escolas brasileiras hoje,

problemas famíliares e alimentares, problemas políticos e as desigualdades

sociais que influênciam na vida dos indivíduos. Cabe destacar a diferença das

escolas de excelência e a escola para todos , onde uma possui qualidade,

profissionais capacitados e especializados , quantidade de recursos e materiais

suficiente , para oferecer o melhor par o educando. Entretanto a escola para

todos muitas vezes não conseguem atender as diferenças individuais dos

alunos , no que se refere as dificuldades de aprendizagem, transtornos e

desafios físicos e sensóriais , além dos problemas famíliares que cada um

apresenta , pois muitos desses problemas não são nem identificados e na

maioria das vezes não existe uma preocupação para tais questões.

Atualmente na realidade brasileira o fracasso escolar tem um lugar

garantido, começa na evasão, na discriminação das classes sociais e em todos

as unidades de ensino onde considera o fracasso escolar como uma resposta

insuficiente do aluno a uma exigência da escola. A defasagem também é um

aspecto importante para o número alarmante , de alunos que param de estudar

por estarem em séries atrasadas em relação a sua idade.

O fracasso escolar é visto como conseqüência das dificuldades de

aprendizagem e como uma falta de conhecimentos. A verdade é que se

esquecem de olhar o “todo” e só observam uma parte. Esse todo é composto

pelos problemas que vive o educando e está ligado com suas atitudes, modo

de vida, condições culturais e financeiras, além do educador ter um papel

importantíssimo no processo ensino aprendizagem, pois eles possui uma certa

autonomia na execução de suas aulas e um ponto fundamental é se ele avalia

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ou mede seus alunos através de testes padronizados de sondagem , sem

verificar se os resultados são fidedignos .

É necessário levar em consideração na prática diagnóstica alguns

aspectos ligados a abordagem do fracasso escola. A interligação desses

aspectos ajudará a construir uma visão gestáltica da pluralidade desse

fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito.

Os aspectos orgânicos relacionados à construção biofisiológica do

sujeito que aprende. Alterações sensoriais impedirão o acesso aos sinais do

conhecimento.

Diferentes problemas do sistema nervoso central acarretarão

alterações, disfasias e afasias que comprometem a linguagem e poderão ou

não causar problemas de leitura e escrita .

Na realidade, crianças portadoras de alterações orgânicas

recebem, na maioria das vezes, uma educação diferenciada por parte da

família , o que pode levar à formação de problemas emocionais em diversos

níveis , gerando dificuldades na aprendizagem escolar.

Os aspectos cognitivos estariam ligados basicamente ao

desenvolvimento e funcionamento das estruturas cognoscitivas em seus

diferentes domínios. Está incluida nesta grande área aspectos ligados à

memória, atenção, antecipação, etc, anteriormente grupados nos chamados

fatores intelectuais.

A criança deficiente mental caminha na sua construção do

cognitiva lentamente, mas até um certo ponto. Ela tem limites, mas não

necessariamente problemas na aprendizagem que ocorra dentro dos seus

limites.(Sara Paiam).

Os aspectos emocionais estariam ligados ao desenvolvimento

afetivo e sua relação com a construçãodo conhecimento e a expressão deste

através da produção escolar. Remete aos aspectos inconscientes no ato de

aprender.

O não aprender pode expressar uma dificuldade na relação da

criança com sua família ; será o sintoma de que algo vai mal nessa dinâmica.

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Os aspectos sociais estão ligados à perspectiva da sociedade em que

estão inseridas a família e a escola . Incluem, além da questão das

oportunidades, o que já foi comentado, o da formação da ideologia em

diferentes classes sociais.

Os aspectos pedagógicos contribuem muitas vezes para o

aparecimento de uma “formação reativa “ aos objetos da aprendizagem

escolar. Tal quadro confunde-se, às vezes, com as dificuldades de

aprendizagem originadas na história pessoal e familiar do aluno. Cabe destacar

que existe as questões ligadas a metodologia do ensino, à avliação, à dosagem

de informações, assim, as condições externas de acesso do aluno ao

conhecimento via escola.

Sintetizando o que foi visto, destacamos a idéia básica de

aprendizagem como um processo de construção que se dá na interação

permanente do sujeito com o meio que o cerca . Meio esse expresso

inicialmente pela família, depois pelo acréscimo da escola, ambos permeados

pela sociedade em que estão. Essa construção se dá sob a forma de estruturas

complexas.

“Ao frisar que a aprendizagem da criança começa muito antes da

aprendizagem escolar e que esta nunca parte do zero. Toda a aprendizagem

da criança na escola tem uma pré-história .“Vigotsky(1989).

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BIBLIOGRAFIA

DIMENSTEIN, Gilberto. O Cidadão de Papel. 16ª Ed. São Paulo: Ática, 2000.

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São

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Ática, 1998.

NEVES, Maria Aparecida Mamede. O fracasso Escolar e a busca de soluções

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NOVAES, Maria Helena. Psicologia do ensino-aprendizagem. 11ª Ed. Rio de

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Editora Sagra - Da Luzzatto, 1996.

SALVADOR, César C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento.

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SANT’ANNA, Flávia Maria et alli, Planejamento de ensino e avaliação. 11ª Ed.

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WEIL, Pierre. A criança, o lar e a escola. 17ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Editora

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1997.

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ÍNDICE INTRODUÇÃO.............................................................................................10

CAPÍTULO I..................................................................................................12

FRACASSO ESCOLAR................................................................................13

1.1-O Fracasso Escolar Uma Realidade Fabricada......................................16

1.2-Dificuldades de Aprendizagem ...............................................................21

CAPÌTULO II..................................................................................................25

ALUNOS E OS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM ......................................26

2.1-TranstornosdaComunicação....................................................................28

2.2-Transtornosemocionais,comportamentaisousociais................................30

CAPÍTULO III.................................................................................................33

A AVALIAÇÃO HOJE: SONHO E REALIDADE............................................34

CONCLUSÃO.................................................................................................37

BIBLIOGRAFIAS ...........................................................................................40

ANEXOS........................................................................................................42

FOLHADEAVALIAÇÃO..................................................................................45

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ANEXOS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós Graduação “Lato Sensu”

Título da monografia: Fracasso Escolar: Uma Visão da Psicologia Educacional.

Data da Entrega:________________________

Auto Avaliação:

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Avaliado por:____________________________________ Grau____________

__________________________,_____ de_________________de_____