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AGOSTO FORTISSIMO Nº 6 — 2015

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AGOSTOFORTISSIMO Nº 6 — 2015

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62Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam

SUMÁRIO

ALLEGRO

ALLEGRO

PRESTO

V IVACE

V IVACE

VELOCE

Quinta

Quinta

Quinta

Sexta

Sexta

Sexta

06/08

27/08

20/08

p. 8

p. 38

p. 26

07/08

28/08

21/08

Fabio Mechetti, regentePaulo Szot, barítono

Roberto Minczuk, regente convidadoPascal Rogé, piano

Marcos Arakaki, regenteLeo Gandelman, saxofone

SCHUMANNMAHLERMOZART

TCHAIKOVSKYTCHAIKOVSKY

WAGNERVERDI

GOMES

MUSSORGSKYFRANCK

POULENCRACHMANINOFF

VILLA-LOBOSGNATTALIGNATTALI

VILLA-LOBOS

Abertura, Scherzo e Final, op. 52Canções de um andarilhoAs Bodas de Fígaro, K. 492: Hai già vinta la causaA Dama de Espadas, op. 68: Ya vas lyublyuEugene Onegin, op. 24: ValsaTannhäuser: O du, mein holder AbendsternDon Carlo: Per me giunto è il dì supremoLo Schiavo: Alvorada

Uma noite no Monte CalvoVariações SinfônicasConcerto para pianoSinfonia nº 1 em ré menor, op. 13

O naufrágio de KleônicosConcertino para saxofone alto e orquestraBrasiliana nº 7 para saxofone tenor e orquestraBachianas Brasileiras nº 7

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Mais um mês de intensas atividades e concertos dos mais distintos, recebendo velhos amigos que se apresentam pela primeira vez na Sala Minas Gerais, assim como introduzindo novos parceiros que, certamente, contribuirão para fazer desta uma das mais marcantes temporadas de nossa história.

Em primeiro lugar, contamos com a presença de um dos mais importantes cantores da atualidade, Paulo Szot, mostrando toda a sua versatilidade ao caminhar por um rico repertório vocal sinfônico que vai da simplicidade sofisticada de Mozart à eloquência de Mahler, à dramaticidade de Verdi e Wagner.

Um contraste absoluto será oferecido depois, ao explorarmos dois dos mais relevantes compositores da música brasileira, Heitor Villa-Lobos e Radamés Gnattali. Com a presença do saxofonista Leo Gandelman, descobriremos a beleza da música de Gnattali. Ao mesmo tempo, Villa-Lobos revela sua grande sensibilidade melódica na sua Bachiana nº 7, assim

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular

como no pouco executado poema sinfônico O naufrágio de Kleônicos.

No final do mês damos boas-vindas mais uma vez ao grande pianista francês Pascal Rogé, executando duas de suas especialidades, Franck e Poulenc. E também a Roberto Minczuk, que irá executar pela primeira vez com a Filarmônica a Sinfonia nº 1 de Rachmaninoff.

Sucesso absoluto neste ano (e esperamos que continue assim em anos futuros), a Série Fora de Série dá prosseguimento à nossa exploração da música de Beethoven, executando duas de suas principais obras: o Concerto para piano nº 5, “Imperador”, e a Quinta Sinfonia, obras estas simbólicas da força de um espírito transformador, que com seu talento e personalidade mudou o mundo em que vivemos.

Um mês de muitos convidados, especialmente escolhidos para valorizarem as noites de nossos convidados principais: vocês.

Tenham um grande concerto.

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Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito destas duas últimas. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Realizou diversos concertos no México, Peru e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra da Radio e TV da Espanha. Dirigiu também a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na

Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2015 dirigirá a Orquestra Sinfônica de Odense, também na Dinamarca. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor. Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. Recentemente, tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a dirigir uma orquestra asiática, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse, da Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra Sinfônica de

FABIOMECHETTI

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FABIO MECHETTI, regente

PAULO SZOT, barítono

PROGRAMA

Robert SCHUMANNAbertura, Scherzo e Final, op. 52• Abertura: Andante con moto – Allegro

• Scherzo: Vivo – Trio

• Final: Allegro molto vivace

Gustav MAHLERCanções de um andarilho• Quando minha adorada se casar

• Fui passear no campo hoje de manhã

• Tenho um punhal em meu peito

• Os dois olhos azuis

– INTERVALO –

Wolfgang Amadeus MOZARTAs Bodas de Fígaro, K. 492: Hai già vinta la causa

Piotr Ilitch TCHAIKOVSKYA Dama de Espadas, op. 68: Ya vas lyublyu

Piotr Ilitch TCHAIKOVSKYEugene Onegin, op. 24: Valsa

Richard WAGNERTannhäuser: O du, mein holder Abendstern

Giuseppe VERDIDon Carlo: Per me giunto è il dì supremo

Antônio Carlos GOMESLo Schiavo: Alvorada

PAULO SZOTbarítono

PAULO SZOTbarítono

PAULO SZOTbarítono

PAULO SZOTbarítono

PAULO SZOTbarítono

ALLEGRO

V IVACE

Quinta

Sexta

06/08

07/08

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1110 ALLEGRO E VIVACE

New York City Opera. Desde então apresenta-se em diversos teatros de ópera e salas de concerto do mundo.

Em 2010 debutou no palco do Metropolitan Opera House no papel protagonista de O Nariz de Shostakovich, com regência de Valery Gergiev. Também com o Metropolitan Opera cantou Escamillo em 2011 e Lescault em Manon, em 2012. Neste mesmo palco cantou Falke em O Morcego, The Death of Klinghoffer, de John Adams, e A Dog’s Heart, de Aleksander Raskatov.

Na Europa, estreou em 2004 na Ópera de Marselha no papel título de Eugene Onegin. Em seguida cantou em Bordeaux, Nice, Barcelona, Spoletto, Toulon, entre outras cidades. Debutou na Ópera Garnier de Paris em 2011 em Cosi Fan Tutte e, em 2012, no Festival de Aix-en-Provence como Conde Almaviva, em Le Nozze di Figaro, sob a regência de Jeromie Rhorer. No teatro Alla Scala de Milão apresentou-se em A Dog’s Heart, sob regência de Valery Gergiev. Na Ópera de Roma cantou O Nariz, e Carmem no Festival de Glyndebourne, Inglaterra.

Esteve com Carmem também em Tokyo e em São Francisco.

Cantou com a Filarmônica de Nova York no Avery Fischer Hall. No Carnegie Hall apresentou-se com a New York Pops em três ocasiões e com Deborah Voigt em 2011. A convite da Filarmônica de Nova York retornou ao Avery Fischer Hall para um concerto solo transmitido ao vivo pela prestigiosa série Live from Lincoln Center.

Paulo Szot é vencedor de inúmeros prêmios decorrentes da excelência e versatilidade de suas performances. Destacam-se o Drama Desk, Outer Critics e o Tony Award de melhor ator em musical de 2008, por sua interpretação de Emile de Becque no musical South Pacific, na Broadway, onde ficou em cartaz por dois anos e meio. Ainda como Emile de Becque estreou no Barbican de Londres e em Oxford em 2011, onde recebeu a indicação de melhor ator para o Olivier Award.

No Brasil recebeu o V Prêmio Carlos Gomes como melhor cantor e o prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, em 2008.

Paulo Szot é natural de São Paulo e iniciou seus estudos musicais com quatro anos no piano e, em seguida, no violino. Estudou na Universidade Jaggiellonski, em Cracóvia, Polônia, onde começou sua carreira profissional como cantor lírico em 1990.

No Brasil, estreou como Fígaro de O Barbeiro de Sevilha em 1997, em São Paulo; em Belo Horizonte, estreou no Palácio das Artes em 2003 no mesmo papel. Sua estreia internacional foi em Nova York como Escamillo de Carmem no

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1312 ALLEGRO E VIVACE

Robert Schumann destaca-se entre as principais figuras do Romantismo alemão, não apenas por suas episódicas miniaturas para piano ou ciclos de canções, que sintetizam o ideal romântico, mas também por sua idiossincrática biografia. Os ataques de loucura, a tentativa de suicídio, a tumultuada relação amorosa com Clara, a frustração como pianista e os heterônimos Eusebius e Florestan inspiram relatos curiosos a respeito do compositor. Mas é de fato a versatilidade de sua produção o que lhe assegura um lugar de destaque na história da música.

Schumann explorou os mais diversos gêneros musicais e as mais variadas formações ao longo de sua carreira, pois acreditava que “um mestre da Escola Alemã deve saber circular através de todas as formas e gêneros”. Chama a atenção seu “sistema de gêneros”, tal qual definido por John Daverio e Eric Sams – ou seja, o privilégio de gêneros musicais em momentos específicos de sua vida. Assim, nota-se a predominância de composições para piano entre 1833 e 1839, de canções em 1840, de obras sinfônicas em 1841, de música de câmara em 1842, de oratórios em 1843, de formas contrapontísticas em 1845,

de música dramática em 1847 e 1848, e de música sacra em 1852.

O ano de 1841 é marcado por sua adesão à composição sinfônica e por uma radical mudança de posição em relação à opinião pública. Até 1840, Schumann respondia com descaso ao pouco caso do público em relação à sua obra. Por considerar o público de Leipzig, onde vivia, extremamente conservador e despreparado, demonstrava exclusivo interesse pela opinião de críticos e artistas. Porém, a bem-sucedida estreia de sua primeira sinfonia, em 31 de março de 1841, rendeu-lhe fama e a assinatura de um contrato com a Breitkopf. A partir daquele momento, a opinião pública passaria a interferir em suas opções estéticas. A obra de Schumann que melhor ilustra a interação entre recepção do público, crítica e seu processo composicional é a Abertura, Scherzo e Finale, op. 52.

Concebendo-a inicialmente como uma abertura de concerto (aquela que não está vinculada a uma ópera), Schumann começou a trabalhar na obra no dia 12 de abril de 1841, concluindo o esboço no dia seguinte. Entre 19 e 21 de abril esboçou ainda um Scherzo e um Finale como

ABERTURA, SCHERZO E FINAL, OP. 52 (1841, revisada em 1845)17 min

Robert Schumann | Alemanha, 1810 – 1856 INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.

IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela

UFMG, doutorando de Francês no King’s College

London e colaborador do ARIAS/Sorbonne

Nouvelle Paris 3.

sequência. Em maio, os três movimentos foram reunidos em uma só obra, a meio caminho de uma sinfonia e de uma suíte. Embora funcionasse como sinfonieta, cada movimento poderia, segundo o autor, ser executado independentemente. Revisada em 23 e 24 de agosto, a obra foi estreada a 6 de dezembro. Com exceção da Abertura, ela não agradou ao público, que considerou o Finale formalmente obscuro e desprovido de colorido. Em outubro de 1845 a composição foi retrabalhada a fim de acomodar sugestões de amigos, críticos, editores e mesmo

comentários do público. É estreada em Dresden na nova forma, em caráter experimental, em dezembro de 1845; e, oficialmente, em Leipzig, a 1º de janeiro de 1846. Com uma Abertura de tema vibrante, um Scherzo de ritmo gracioso intercalado por dois trios líricos, e um Final em fuga, o op. 52 de Schumann traz a grandeza da sinfonia romântica combinada à leveza da suíte orquestral.

PARA OUVIR

CD Great Recordings of the Century –

Schumann: Symphonies nos 1-4; Overture,

Scherzo and Finale – Dresden Staatskapelle –

Wolfgang Sawallisch, regente – Warner

Classics/Parlophone — 0724356777156

PARA ASSISTIR

Orquestra Sinfônica NHK – Sir Neville

Marriner, regente | Acesse: fil.mg/sasf

PARA LER

Charles Rosen – A Geração Romântica –

Edusp – 2000

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1514 ALLEGRO E VIVACE

Atividade camerística por excelência, a canção foi sempre cultivada nos círculos íntimos ou em salões mais ou menos restritos. Em sua concepção radical, ela nunca se quer espetacular, o que não quer dizer que não possa ter, muitas vezes, certo grau de sintética dramaticidade. O século XIX viu surgir seu maior cancionista, modelo fundamental para os que o sucederam. Franz Schubert explora o potencial dramático da canção de tal forma, que o instrumento acompanhador – o piano – adquire uma importância até então raramente concebida e um papel, por vezes, protagonista. A interação entre voz e piano, em Schubert, gera uma dialética, cuja síntese é a canção propriamente dita.

É nesse modelo schubertiano que se baseiam dois outros grandes cancionistas vienenses do final do século XIX: Hugo Wolf e Gustav Mahler. No entanto, se Wolf mantém a combinação piano e voz na maioria de suas canções, Mahler transfere o papel do acompanhador para o seu próprio instrumento: a orquestra sinfônica. Desse movimento nascem obras capitais: A Canção da Terra (Das Lied von der Erde), As Canções das Crianças Mortas (Kindertotenlieder)

e as Canções de um andarilho (Lieder eines fahrenden Gesellen).

Assim como outras canções de Mahler, as Canções de um andarilho se baseiam em uma compilação de poemas e canções populares alemães feita por Achim von Arnim e Clemens Brentano intitulada Des Knaben Wunderhorn (A Trompa Maravilhosa de um Rapaz). Imbuído do espírito singelo e arcaizante desses textos, Mahler mesmo escreveu os textos das Canções de um andarilho.

Compostas sob a influência de uma desilusão amorosa, sobre elas Mahler escreve a seu amigo Fritz Löhr, em janeiro de 1885: “compus um ciclo de canções, seis, até agora, todas dedicadas a ela (...). As canções sugerem a imagem de um andarilho que, encontrando adversidades, põe-se a peregrinar em solidão pelo mundo”. Ao que tudo indica, “ela” era Johanne Richter, cantora da ópera de Kassel, com quem Mahler havia mantido um infeliz relacionamento amoroso. Dessas seis canções, apenas quatro foram publicadas em 1897, simultaneamente em duas versões: voz com acompanhamento de piano e voz e orquestra. Essa última versão é

CANÇÕES DE UM ANDARILHO (1883/1885)16 min

Gustav Mahler | Boêmia, atual República Tcheca, 1860 – Áustria, 1911 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor

em Literaturas de Língua Portuguesa, professor

da Universidade do Estado de Minas Gerais e da

Fundação de Educação Artística.

a que se comumente executa. Das duas canções que não foram publicadas, nunca mais se ouviu notícia.

Franz Schubert frequentemente usava melodias de suas canções como material temático para obras instrumentais suas: basta mencionar o quarteto de cordas em ré menor, baseado em A Morte e a Donzela (Der Tod und das Mädchen). Da mesma forma, Mahler utiliza materiais (não apenas melódicos) das Canções de um andarilho (explicitamente da segunda e quarta canções) como matéria-prima da sua Sinfonia nº 1

(“Titã”), concluída em 1888. Isso mostra não apenas o apreço que Mahler tinha por essas suas canções, mas a admiração, consciente ou não, que mantinha por Schubert. As Canções de um andarilho foram estreadas em 1896, em Berlim, pelo barítono holandês Anton Sistermans, acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Berlim, sob a batuta do próprio Mahler.

PARA OUVIR

CD Mahler Kindertotenlieder; 5 Rückertlieder;

Lieder eines fahrenden Gesellen – New

Philharmonia Orchestra – Sir John Barbirolli –

Janet Baker, meio-soprano – EMI Classics –

1999 (Série Great recordings of the century)

Orquestra Philharmonia – Wilhelm Furtwängler,

regente – Dietrich Fischer-Dieskau, barítono

Acesse: fil.mg/mandarilho

PARA LER

Donald Mitchell – Gustav Mahler: The

Wunderhorn Years: Chronicles and

Commentaries – vol. 2 – Boydell Press – 2005

H. F. Redlich – Gustav Mahler: Lieder eines

fahrenden Gesellen – Prefácio à partitura –

Ed. Eulenburg – 1946

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1716 ALLEGRO E VIVACE

As Bodas de Fígaro é uma ópera de Mozart em quatro atos, estreada em 1º de maio de 1786, no Burgtheater, em Viena, sob a regência do compositor. Essa é uma das três óperas de Mozart que tiveram libretto de seu grande colaborador italiano Lorenzo da Ponte; as outras foram Don Giovanni e Così fan tutte. O modesto sucesso que a ópera obteve em Viena prenunciava as dificuldades que Mozart viria a passar nos anos seguintes.

Mozart baseou-se, para compor As Bodas de Fígaro, na peça homônima de Beaumarchais (segunda parte da trilogia do autor francês que começa com O barbeiro de Sevilha e termina com A mãe culpada). A trama da ópera se passa em um único dia, o dia do casamento de Fígaro com Susanna. Ambos trabalham e vivem no castelo do Conde de Almaviva que tenta, de todo modo, seduzir a noiva de seu criado, antes do casamento. No início do terceiro ato, Susanna promete encontrar o Conde à noite

AS BODAS DE FÍGARO, K. 492: HAI GIÀ VINTA LA CAUSA (1785/1786)5 min

Wolfgang Amadeus Mozart | Áustria, 1756 – 1791 INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em

Música pela Unicamp, professor na Escola de

Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos

floridos não voam e Música menor.

no jardim. Essa falsa promessa tem, como intenção, reconciliar a Condessa com o já distante marido. Ao sair, a jovem encontra Fígaro, e o Conde a escuta quando diz ao noivo: “você já venceu a causa” (Hai già vinta la causa). Percebendo que havia sido enganado, ele promete vingança.

O número é dividido em duas partes: recitativo e ária. No recitativo (Maestoso), as intervenções da orquestra reforçam o transtorno e a raiva do Conde (“Você já venceu a

causa! O que acabo de ouvir? Em que armadilha caí? Patifes, como desejo puni-los!”). Na ária (Allegro maestoso), a orquestra torna-se mais importante e acrescenta ainda maior intensidade à cólera do Conde, que se consola com a esperança de vingar-se da infelicidade que agora sente.

PARA OUVIR

CD Mozart – Le nozze di Figaro –

The Metropolitan Opera Chorus and

Orchestra – James Levine, regente –

Deutsche Grammophon – 1992

PARA ASSISTIR

Orquestra da Rádio WDR – Massimo Zanetti,

regente – Thomas Hampson, barítono

Acesse: fil.mg/mfigaro

PARA LER

H. C. Robbins Landon (org.) – Mozart:

um compêndio – Zahar – 1996

Norbert Elias – Mozart: sociologia de

um gênio – Zahar – 1995

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1918 ALLEGRO E VIVACE

que, embora ainda sinta o mesmo amor, agora é uma mulher casada. E eles se separam para sempre.

A ópera Eugene Onegin foi composta entre junho de 1877 e fevereiro de 1878. Teve sua primeira apresentação no Teatro Maly, em Moscou, em 29 de março de 1879, com alunos do Conservatório regidos por Nikolai Rubinstein. Sua primeira apresentação profissional foi em 23 de janeiro de 1881, no Teatro Bolshoi, com regência de Enrico Benvignani.

A tão conhecida Valsa abre o segundo ato, no baile oferecido por Madame Larina, mãe de Tatyana e Olga. Uma breve introdução nos prepara para a valsa. Quando ela desponta, nos sentimos envolvidos por uma daquelas peças que Tchaikovsky tanto amava compor: uma valsa alegre e festiva, ideal para uma celebração.

A Dama de Espadas, em três atos, foi a penúltima de uma produção considerável de onze óperas que Tchaikovsky compôs entre 1867 e 1891. Em dezembro de 1887, após o fracasso de sua ópera A feiticeira, ele recebeu do diretor dos Teatros Imperiais, Ivan Vsevolozhsky, a encomenda de uma nova ópera, baseada no conto A Dama de Espadas, de Aleksandr Pushkin. Curiosamente, naquele momento, seu irmão Modest trabalhava em um libreto de A Dama de Espadas para outro compositor, Nikolay Klenovsky. Por essa circunstância, Tchaikovsky aceitou compor a ópera somente após saber da desistência de Klenovsky. O trabalho de composição teve início no ano seguinte e em 20 de junho ele completou a orquestração. A estreia, triunfante, se deu no dia 19 de dezembro de 1890, no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, sob regência de Eduard Nápravník.

A música composta por Tchaikovsky para essa ópera é uma das mais dramáticas e obscuras que se encontram em sua obra. O enredo narra a história de Herman, soldado empobrecido que decide conseguir, de uma velha Condessa, o segredo de suas infalíveis cartas. No segundo ato,

em um baile em São Petersburgo, o príncipe Yeletsky encontra Liza, neta da Condessa, triste, e decide então lhe declarar o seu amor: Ya vas lyublyu (“Eu te amo acima de todas as coisas. Não posso viver sem você. Estou pronto para fazer, por você, tudo o que for necessário. Mas não quero reprimir a liberdade de sua alma”). Uma ária encantadora, com uma das mais belas melodias que Tchaikovsky escreveu.

Eugene Onegin é a quinta ópera composta por Tchaikovsky e sua mais famosa produção no gênero. Baseada no romance em versos Yevgeny Onegin, de Aleksandr Pushkin, com libreto do compositor e de Konstantin Shilovsky, a ópera conta a história do nobre Eugene Onegin, que um dia recebe uma carta apaixonada da jovem Tatyana, mas rejeita o seu amor. No baile na casa de Madame Larina, Onegin faz a corte a Olga, irmã de Tatyana e noiva de Lensky, seu amigo de infância. Ofendido, Lensky o chama para um duelo. Onegin o mata. Muitos anos depois, ele encontra Tatyana em um baile, agora casada com o príncipe Gremin. Onegin percebe que a ama e que não deveria tê-la desprezado, e escreve-lhe uma carta. Em resposta, Tatyana lhe diz

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, cordas.

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.

PARA OUVIR

CD Tchaikovsky – Pique dame – Kirov Chorus

and Orchestra – Valery Gergiev, regente –

Decca – 1993

CD Tchaikovsky – Capriccio italien e outros –

Kirov Orchestra and Chorus – Valery Gergiev,

regente – Philips – 1993

PARA ASSISTIR

Orquestra Sinfônica do Teatro Mariinsky –

Valery Gergiev, regente – Dmitri Hvorostovsky,

barítono | Acesse: fil.mg/tdama

Orquestra Sinfônica do Estado de Moscou –

Pavel Kogan, regente | Acesse: fil.mg/tonegin

PARA LER

Anthony Holden – Piotr Ilitch Tchaikovsky:

uma biografia – Record – 1999

Piotr Ilitch Tchaikovsky | Rússia, 1840 – 1893

A DAMA DE ESPADAS, OP. 68: YA VAS LYUBLYU (1890)5 min

EUGENE ONEGIN, OP. 24: VALSA (1877/1878)7 min

GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em

Música pela Unicamp, professor na Escola de

Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos

floridos não voam e Música menor.

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2120 ALLEGRO E VIVACE

Wagner escreveu o primeiro esboço do libreto de sua nova ópera, baseada na lenda de Tannhäuser, entre junho e julho de 1842. Em abril de 1843 concluiu o libreto e, em julho, iniciou a composição da música. A obra ficou pronta em abril de 1845 e a estreia se deu em 19 de outubro do mesmo ano, sob a regência do compositor, no Teatro Real de Dresden. A apresentação foi um fracasso, como, aliás, viria a ser durante toda a vida de Wagner, onde quer que Tannhäuser fosse montada. Somente após a

morte do autor a ópera entraria para o repertório corrente.

A trama da ópera (inicialmente denominada Der Venusberg – O monte de Vênus) mistura as lendas do cavaleiro Tannhäuser com a do torneio de canto de Wartburg. Tannhäuser, cansado dos prazeres carnais de Venusberg, decide voltar para casa. Encontra uma procissão de peregrinos e se junta a eles. Wolfram o convence a voltar para Elizabeth, sua amada, em Wartburg, onde um torneio

TANNHÄUSER: O DU, MEIN HOLDER ABENDSTERN (1845)5 min

Richard Wagner | Alemanha, 1813 – Itália, 1883 INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, clarone, 2 fagotes, 3 trombones, tuba, harpa, cordas.

GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em

Música pela Unicamp, professor na Escola de

Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos

floridos não voam e Música menor.

de canto está acontecendo. Eles se encontram, mas Tannhäuser canta uma canção apaixonada em louvor a Vênus e é banido do país. Junta-se aos peregrinos e viaja a Roma para pedir perdão ao Papa, sem sucesso. O terceiro ato inicia-se com uma abertura orquestral que representa a peregrinação de Tannhäuser. Elizabeth pede notícias do amado aos peregrinos que retornam, mas não obtém resposta. Wolfram, que a ama em segredo, pressente a sua morte e canta-lhe uma das mais doces e belas árias jamais

escritas para a voz de barítono, O du, mein holder Abendstern: “Oh tu, minha bela estrela vespertina, eu sempre te saudei alegremente. Desse coração que nunca traiu a própria fé, saúda-a tu quando ela passar, quando se elevar acima deste vale terreno para tornar-se um anjo abençoado no céu”.

PARA OUVIR

CD Richard Wagner – Tannhäuser –

Bayreuther Festspiele – Wolfgang

Sawallisch, regente – Philips – 1993

PARA ASSISTIR

Orquestra Tonkünstler da Baixa Áustria –

Alfred Eschwé, regente – Bryn Terfel,

baixo-barítono | Acesse: fil.mg/wtannhauser

PARA LER

Barry Millington (org.) – Wagner, um

compêndio – Jorge Zahar Editor – 1995

Charles Baudelaire – Richard Wagner e

Tannhäuser em Paris – Eliane Marta

Teixeira Lopes, organização e tradução –

Autêntica – 2013

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2322 ALLEGRO E VIVACE

Quando compôs a ópera Don Carlo, em 1867, Verdi já se avultara como importante figura do nacionalismo italiano, tanto cultural quanto politicamente. Entre 1861 e 1865, após a unificação italiana, o compositor atuou como deputado no Parlamento de Turim e, posteriormente, foi eleito Senador pelo rei. A ópera Don Carlo pertence ao tríptico de óperas compostas por Verdi para teatros estrangeiros: La Forza del Destino, para a Ópera de São Petersburgo; Don Carlo, para a Ópera de Paris; e a célebre Aída, para a Ópera do Cairo. Assim como exigido pelos moldes do grand opéra – gênero típico da Ópera de Paris –,

Don Carlo foi composto em cinco atos, sendo a maior ópera de Verdi. Uma de suas mais famosas árias pertence ao personagem Rodrigue, Marquês de Posa, fidelíssimo amigo de Don Carlo, quando este está preso por confrontar seu pai, o Rei Filippo II. Rodrigue, entoando a ária Per me giunto è il dì supremo (De mim aproxima-se o dia supremo), sacrifica sua vida pela liberdade de Carlo, na esperança de que Deus recompense sua morte.

Antônio Carlos Gomes, nascido em Campinas e considerado o maior autor de óperas das Américas, foi um fervoroso admirador de Verdi.

DON CARLO: PER ME GIUNTO È IL DÌ SUPREMO (1867)7 min

LO SCHIAVO: ALVORADA (1889)7 min

Giuseppe Verdi | Itália, 1813 – 1901

Antônio Carlos Gomes | Brasil, 1836 – 1896

INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, cordas.

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas

Há quem diga que, aos dezoito anos, compôs uma marcha sobre motivos de Il Trovatore. Apoiado por D. Pedro II, Carlos Gomes recebeu bolsa de estudos para se aperfeiçoar na Europa. O Imperador teria preferido que Carlos Gomes fosse para a Alemanha, onde pontificava o grande Richard Wagner, mas a Imperatriz, Dona Teresa Cristina, napolitana, sugeriu-lhe a Itália. André Rebouças, amigo de Carlos Gomes, escreveu que o compositor certa vez revelara: “se me dessem agora a escolher entre ir para o céu e ir para a Itália, eu preferiria ir para a Itália”, corroborando a vontade da Imperatriz o seu desejo.

Rebouças também conta sobre as impressões de Carlos Gomes das matas brasileiras: “apreciava principalmente o amanhecer na floresta; o coro irreproduzível de um milhar de pássaros tinha para ele o maior encanto”. Nessas palavras, Rebouças antevê a composição do interlúdio orquestral da ópera Lo Schiavo, intitulado Alvorada.

Lo Schiavo foi escrito na mesma época em que Verdi estava completando a composição de Otello. Verdi, geralmente tão comedido em julgar seus contemporâneos, havia profetizado, após ouvir Il Guarany: “este jovem começa de onde eu

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2524 ALLEGRO E VIVACE

MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela

Universidade Federal de Minas Gerais, professor

na Universidade do Estado de Minas Gerais.

termino!”. Verdi encontrou muito de si naquela obra, e Gomes reconheceu o peso daquela imensurável expressão de simpatia: “veja”, confessou a um amigo, “me dói é trair a palavra de Verdi, visto que não poderia ser seu sucessor. Ó gênio o de Verdi! Depois de Otello não posso ombreá-lo... Estou amedrontado!”. De fato, o sucesso obtido em Il Guarany nunca mais se repetiria, embora tenha escrito obras de qualidade superior,

como Lo Schiavo, que fizera de Carlos Gomes representante musical do fim da era escravocrata no Brasil. A “Ópera da Abolição”, como ficou conhecida na época da estreia carioca, em 1889, foi dedicada à Princesa Isabel, “a Redentora”, que trocou o trono pela libertação de um povo.

VERDI

PARA OUVIR

CD Giuseppe Verdi – Don Carlo – Royal Opera

House; Covent Garden Orchestra and Chorus –

Sir Georg Solti, regente – Martti Talvela, Carlo

Bergonzi, Renata Tebaldi, Nicolai Ghiaurov,

Grace Bumbry, Dietrich Fischer-Dieskau,

solistas – Decca, Londres – (Ópera completa na

versão italiana em cinco atos, gravada em 1965)

PARA ASSISTIR

Orquestra Sinfônica da SWR de Baden

Baden e Friburgo – Marco Armiliato,

regente – Ludovic Tézier, barítono

Acesse: fil.mg/vdoncarlo

PARA LER

Joseth Mery e Camille Du Locle – Óperas

Imortais – Giuseppe Verdi – D. Carlos –

Manuel Rosa, tradução – Editorial Notícias –

1984 (Libreto original com tradução, análise

e comentários)

GOMES

PARA ASSISTIR

CD/DVD Aurora Luminosa – Música Brasileira

no Alvorecer do Século XX – Orquestra

Sinfônica Nacional da Universidade Federal

Fluminense – Ligia Amadio, regente – Selo

Independente – Rio de Janeiro – 2006

Sinfônica da Juventude Venezuelana Simón

Bolívar – Roberto Tibiriçá, regente

Acesse: fil.mg/gloschiavo

PARA LER

Marcus Góes – Carlos Gomes: a força

indômita – Secult-Pará – 1996

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2726

MARCOS ARAKAKI, regente

LEO GANDELMAN, saxofone

PROGRAMA

Heitor VILLA-LOBOSO naufrágio de Kleônicos

Radamés GNATTALIConcertino para saxofone alto e orquestra• Allegro spirituoso

• Saudoso

• Movido

Radamés GNATTALIBrasiliana nº 7 para saxofone tenor e orquestra• Variação sobre um tema de viola

• Samba-canção

• Choro

– INTERVALO –

Heitor VILLA-LOBOSBachianas Brasileiras nº 7• Prelúdio: Ponteio

• Giga: Quadrilha caipira

• Tocata: Desafio

• Fuga: Conversa

PRESTO

VELOCE

Quinta

Sexta

20/08

21/08

PATROCÍNIO

LEO GANDELMAN

saxofone

LEO GANDELMAN

saxofone

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2928

Universidade Nacional Autônoma do México, Sinfônica de Xalapa (México), a Kharkov Philharmonic (Ucrânia) e a Bohuslav Martinu Philharmonic (República Tcheca).

Sua trajetória artística é marcada por diversos prêmios. Vencedor do 1º Concurso Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica (2001), e do 1º Prêmio Camargo Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do Jordão (2009), Arakaki também foi finalista do 1º Concurso Latino-americano de Regência Orquestral da Osesp (2005) e semifinalista no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na Cidade do México (2007).

Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre os anos de 2008 e 2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro.

Gravou em 2010 a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por Philip

Glass, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Arakaki já fez a estreia mundial de mais de quarenta obras para orquestra. Paralelamente, tem desenvolvido atividades como coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos culturais e em importantes instituições, como Música na Estrada, Casa do Saber do Rio de Janeiro, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Marcos Arakaki é bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista (Unesp, 1998), concluindo seu mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com apoio da Fundação Vitae. Participou de masterclasses com os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit, Alan Hazendine, Kirk Trevor, Dante Anzolini, Fabio Mechetti, John Neschling, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Nelson Nirenberg e Lanfranco Marcelletti. Em 2005 participou do Aspen Music Festival and School, tendo aulas com David Zinman na American Academy of Conducting at Aspen, nos Estados Unidos.

Desde 2013, Arakaki também é professor de Regência na Universidade Federal da Paraíba e Regente Titular da Orquestra Sinfônica da mesma instituição.

Marcos Arakaki é o Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e tem colaborado com a Filarmônica desde a Temporada 2011.

Arakaki tem dirigido importantes orquestras no Brasil e no exterior. Dentre elas a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Orquestra Sinfônica Brasileira, as sinfônicas de Minas Gerais, do Paraná, da Paraíba, de Campinas e da Universidade de São Paulo, a Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, a Orquestra Experimental de Repertório, a Camerata Fukuda, a Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, Orquestra Filarmônica da

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precisão do som da música popular e instrumental. Saxofonista, arranjador e produtor, Leo Gandelman é um dos mais influentes músicos brasileiros. Filho de uma pianista clássica e de um maestro, aos quinze anos já era solista da Orquestra Sinfônica Brasileira. Além da sólida formação clássica, estudou no Berklee College of Music, nos Estados Unidos, regressando ao Brasil em 1979 para dar início à carreira profissional.

Desde então, Leo participou de mais de oitocentas gravações. Iniciou sua carreira artística solo em 1987, inspirando-se principalmente na música brasileira e no jazz, sempre com clara versatilidade e criatividade, marcas registradas que fizeram com que fosse eleito por quinze anos consecutivos o melhor instrumentista brasileiro pelo concurso Diretas na Música, do Jornal do Brasil. Seu trabalho também foi lançado com grande sucesso nos Estados Unidos, onde desenvolveu uma carreira notável, com direito a seis temporadas de casa cheia no Blue Note de Nova York.

Com trânsito fluente entre o jazz e o clássico, foi solista da Orquestra Sinfônica Brasileira no Lincoln Center e no Central Park. Também

se apresentou com a Orquestra Sinfônica da Bahia, de Ribeirão Preto, com a Osesp sob regência de John Neshling, com a Orquestra Jovem de Caracas sob direção de Isaac Karabtchevsky, com a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, entre outras.

Ao longo de sua carreira solo, gravou dez discos e vendeu mais de quinhentas mil cópias. O Concertino de Radamés Gnattali foi gravado pela Rádio MEC com a Orquestra Petrobras Sinfônica e Isaac Karabtchevsky. Com o CD Radamés e o Sax ganhou o prêmio TIM 2007 de melhor disco instrumental e melhor produtor. Ventos do Norte faz uma homenagem aos saxofonistas nordestinos que tiveram importância fundamental na construção da linguagem do saxofone brasileiro. Vip Vop foi gravado pelo seu selo independente Saxsamba e também lançado na Europa pelo selo Far Out Recordings, recebendo ótimas críticas e excelente visibilidade. Leo fez parcerias com Egberto Gismonti, Toninho Horta, Wagner Tiso, César Camargo Mariano, Chucho Valdez, Bernard Purdie, entre outros grandes artistas. Durante quatro anos foi curador e diretor musical do Festival Búzios Jazz e Blues.

Um dos mais celebrados instrumentistas do Brasil, Leo Gandelman alcançou um patamar inteiramente único no país – e raro até mesmo mundo afora –, admirado pelo grande público, jovem e pop, e também pelos fãs de MPB. Da mesma forma, associou seu nome à excelência e ao virtuosismo da música de concerto, em performances como solista de orquestras consagradas e em recitais de câmara. Ultrapassando as fronteiras entre o clássico e o popular, sua interpretação confere apelo e emoção pop às peças de concerto e, por outro lado, resgata a pureza e a

LEOGANDELMAN

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PRESTO E VELOCE 3332

acompanha perfeitamente a narrativa, principalmente nos três momentos em que utiliza a melodia do cisne negro.

O marinheiro Kleônicos insiste em navegar pelos turbulentos e tempestuosos mares de outono, entre Kelessyria e Tassos. Quando um cisne negro cruza o céu e as ondas se agitam, anuncia-se um destino fatal. Desesperados, os marujos põem-se a chamar em coro por suas mulheres. Ao pôr do sol o cisne sobrevoa uma vez mais o navio, que se parte em dois, afogando toda a tripulação.

Kleônicos, no mar, agarra-se a um remo. O cisne então desce em rasante contra o marinheiro, e na luta a ave se fere. O marujo afoga-se enquanto a ave se agita, se contorce e canta “no grande anseio de quem vai cantar, pela derradeira vez, o mais lindo dos cantos”. O mar faz eco aos soluços da ave e também o faz a bailarina, que, em convulsões, desfalece como pássaro morto.

O NAUFRÁGIO DE KLEÔNICOS (1916) 12 min

Heitor Villa-Lobos recebeu sua educação musical formal num Rio de Janeiro esteticamente dividido. Leopoldo Miguez, quando assume a direção do Instituto Nacional de Música, em 1890, promove uma estética musical moderna em contraposição ao conservadorismo da tradição operística italiana do bel canto. Para Miguez, moderna seria a música de Richard Wagner e os princípios composicionais de Camille Saint-Saëns. Alberto Nepomuceno, seu sucessor, acirra ainda mais as disputas estéticas ao importar a música revolucionária de Debussy.

Sabe-se muito pouco sobre as atividades de Villa-Lobos entre os anos de 1905 e 1912, seu período de formação. Comprova-se, porém, que, ao retornar ao Rio de Janeiro, vindo de Manaus, Villa-Lobos passou a trabalhar em sociedades de concertos, cinemas e cafés, e envolveu-se com grupos de chorões da cidade. A partir de 1915 dedicou-se mais amiúde à composição. Suas duas primeiras sinfonias, o poema sinfônico O naufrágio de Kleônicos e a ópera Izaht, alinham-se à tendência pós-romântica francesa. Segundo o

Heitor Villa-Lobos | Brasil, 1887 – 1959

próprio Villa-Lobos, as duas sinfonias foram compostas de acordo com o Curso de Composição Musical de Vincent D’Indy. O poema sinfônico O naufrágio de Kleônicos, por sua vez, revela profunda afinidade com a música de Saint-Saëns. Sua passagem final, transcrita para violoncelo e piano como O Canto do Cisne Negro, é uma óbvia alusão ao Cisne de Saint-Saëns. Ambas as obras apresentam a mesma estrutura: um solo de violoncelo acompanhado de arpejos.

Poucas certezas se têm sobre o texto que inspirou o poema sinfônico. No catálogo de obras de Villa-Lobos, consta que um bailado teria sido extraído do livro Loulou Fantoche: Fantasias de Carnaval, de Léo Teixeira Leite Filho. Sabe-se pelo crítico Medeiros e Albuquerque que Loulou Fantoche traz a “história de uma rapariga cocainomaníaca que, farta de aturar os ciúmes do amante, aproveita uma noite de Carnaval, sai, e tem uma aventura com outro homem”. Na cena que se refere ao naufrágio de Kleônicos, a moça, como uma dançarina pagã, dança ao som de uma orquestra imaginária, vivenciando assim a história do naufrágio. A música de Villa-Lobos

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela

UFMG, doutorando de Francês no King’s College

London e colaborador do ARIAS/Sorbonne

Nouvelle Paris 3.

PARA OUVIR

CD O Raro Villa-Lobos – Orquestra Sinfônica

do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – Sílvio

Barbato – Museu Villa-Lobos – 2003 (única

gravação conhecida da obra, de difícil acesso)

CD Soirées Internationales – Works by Villa-Lobos,

Camargo Guarnieri, Boulanger and Martinu –

Antonio Meneses, violoncelo – Celina Szrvinsk,

piano – AVIE, AV2162 – 2008 (contém O Canto

do Cisne Negro, extraído do poema sinfônico)

PARA LER

Lisa Peppercorn – Villa-Lobos: Biografia

ilustrada do mais importante compositor

brasileiro – Ediouro – 1989

PARA VISITAR

www.museuvillalobos.org.br

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PRESTO E VELOCE 3534

foi estreado somente em 1987, no encerramento da VII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na Sala Cecília Meirelles, no Rio de Janeiro, tendo como solista Dilson Florêncio junto à Orquestra Sinfônica Brasileira, regida por Roberto Duarte. Radamés compôs concertos para formações solistas usuais e incomuns – harmônica de boca, harpa, violão elétrico, bateria, acordeom e bandolim – que somam cinquenta obras do gênero e representam a décima parte de seu catálogo geral de obras. O frescor e a diversidade da criação de Radamés, afora as dezenas de milhares de arranjos escritos para rádio, fazem dele uma torrente

musical sempre em descoberta: “Radamés é fonte que nunca seca”, poetizou Tom Jobim. Membro da erudita Academia Brasileira de Música e da Academia de Música Popular Brasileira, Radamés Gnattali é, depois de Villa-Lobos, o retrato mais fiel da música brasileira.

CONCERTINO PARA SAXOFONE ALTO E ORQUESTRA (1954) 15 min

Entre Villa-Lobos e Tom Jobim, entre a música erudita e a popular, está Radamés Gnattali, compositor sem barreiras, que afirmava: “música, só tem dois tipos: a boa e a ruim”. Nascido em Porto Alegre, iniciou os estudos de piano e violino ainda criança e, posteriormente, frequentou a classe do pianista Guilherme Halfeld Fontainha na Escola de Belas Artes, finalizando o curso com medalha de ouro. Em 1931, mudou-se para o Rio de Janeiro no intuito de se tornar um concertista. Lá conheceu Ernesto Nazareth, trabalhou como pianista, regente e arranjador e, com a inauguração da Rádio Nacional, em 1936, viu nascer sua carreira como compositor.

A Brasiliana nº 7, original para sax tenor e piano, foi dedicada a Sandoval de Oliveira Dias, saxofonista e colega de Radamés na Rádio Nacional. A obra foi arranjada pelo compositor para sax tenor e Quinteto Radamés – uma espécie de formação camerística popular brasileira com piano, acordeom, guitarra, contrabaixo e bateria. A versão orquestral é do violonista Paulo de Moura Aragão, um artista novo, porém influenciado

Radamés Gnattali | Brasil, 1906 – 1988

pelo legado de Radamés enquanto arranjador: “Gnattali nos mostrou como é possível usar elementos da música clássica para embelezar ainda mais a música popular”, escreveu Aragão. As Brasilianas incluem quatorze obras escritas para as mais diversas formações. Mestre inigualável na fusão do popular e do erudito, Radamés equilibra em sua arte uma farta quantidade de gêneros e estilos. Na primeira parte da Brasiliana nº 7, Variação sobre um tema de viola, o autor, rapsodicamente, alia o pontear da viola caipira à rítmica do baião nordestino com sopros de George Gershwin. Já o Samba-canção é uma autêntica obra do espírito assumidamente carioca de Radamés, considerado pai da orquestração da MPB e um dos responsáveis pelo surgimento da Bossa-Nova. O Choro, mais ousado composicionalmente, alterna a ginga brasileira e certo langor pós-romântico universalista.

O Concertino para sax alto foi composto em 1964, ano da criação de importantes obras, como a cantata umbandista Maria Jesus dos Anjos para coro, narrador, orquestra e percussão popular. O Concertino

INSTRUMENTAÇÃO flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa, cordas.

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela

Universidade Federal de Minas Gerais, professor

na Universidade do Estado de Minas Gerais.

PARA OUVIR

CD Brasiliana nº 7 e nº 8 – Radamés, Aída e

Sandoval – Radamés e Aída Gnattali, pianos –

Sandoval Dias, sax tenor – RGE – 1998

CD Duplo Centenário Radamés Gnattali –

Concerto para Orquestra de Cordas;

Concertino para Sax; Concerto nº 3 para Violino;

Sinfonia Popular nº 1 – Orquestra Petrobras

Sinfônica – Isaac Karabtchevsky, regente – Leo

Gandelman, saxofone – Rob Digital – 2006

PARA ASSISTIR

Orquestra Petrobrás Sinfônica – Isaac

Karabtchevsky, regente – Leo Gandelman,

saxofone alto | Acesse: fil.mg/gconcertino1

fil.mg/gconcertino2 e fil.mg/gconcertino3

Orquestra Sinfônica Brasileira – Roberto

Duarte, regente – Leo Gandelman,

saxofone | Acesse: fil.mg/gbrasiliana

PARA LER

Ana Maria Devos e Valdinha Barbosa –

Radamés Gnattali: o eterno experimentador –

Editora Funarte – 1985

BRASILIANA Nº 7 PARA SAXOFONE TENOR E ORQUESTRA Orquestração de Paulo Aragão (1956, versão original / 2014, versão orquestrada)18 min

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PRESTO E VELOCE 3736

primeiros e os segundos violinos, evocativos do acompanhamento dos violões seresteiros, preparando a entrada do tema principal, exposto pelo fagote e respondido pelo oboé.

A Giga (Quadrilha caipira) evoca uma dança sertaneja, em fugato. O ritmo caracteriza-se por um acento desarticulado, deslocado do tempo forte dos compassos.

A Toccata (Desafio) sugere um duelo de repentistas nordestinos. O desafio, estabelecido entre um trombone e um trompete, em surdina, acontece sobre harmonias dissonantes de um acompanhamento à maneira de violas rústicas.

A Fuga (Conversa), a quatro vozes, com um tema principal bem brasileiro, é bastante livre, pouco escolástica, apesar do perfeito equilíbrio de estilo. Uma Coda, em andamento Lento, relembra alguns temas, sobre um pedal de tônica que conduz a peça até a majestosa cadência final.

A Bachiana nº 7 estreou no Rio de Janeiro em março de 1944, sob a regência de Villa-Lobos.

BACHIANAS BRASILEIRAS Nº 7 (1942) 28 min

Em 1923, Villa-Lobos dava um passo importante em sua carreira, trocando o Rio de Janeiro por Paris, a metrópole das vanguardas artísticas. Na voga de exotismo selvagem que dominava a capital francesa, os traços de primitivismo e energia telúrica presentes em sua música foram comparados às recentes ousadias musicais de outros ícones da modernidade. Chamado por Florent Schmitt de néo-sauvage, Villa-Lobos assumiu o papel de “compositor dos trópicos” e normatizou sua estética nacionalista, sob a premissa de que a verdadeira música brasileira formara-se nos ambientes populares – indígenas, folclóricos, rurais ou urbanos. Por outro lado, soube avaliar o potencial dessa música como contribuição singular para o panorama musical internacional, associando-a aos procedimentos composicionais eruditos característicos do século XX. O conjunto dos Choros, compostos na década de 1920, demonstra a preocupação do compositor com a modernidade

De volta ao Brasil, em 1930, Villa-Lobos exerceu uma atividade abrangente no cenário musical do país, desdobrando-se em múltiplas tarefas – estímulo ao ensino musical, criação de grupos de canto coral, organização e regência de

Heitor Villa-Lobos | Brasil, 1887 – 1959

concertos. E continuava compondo muito. As nove Bachianas foram compostas entre 1930 e 1945, época da ascensão política dos Estados totalitários e das duas grandes guerras. Nas artes, houve grandes desvios nos rumos das vanguardas do início do século, que agora substituíam a irreverência e as ousadias das décadas anteriores por uma tendência à institucionalização. Esse retorno à ordem corresponde à fase neoclássica de artistas cuja fama inicial associara-se a escândalos iconoclastas. No neoclassicismo de suas Bachianas, Villa-Lobos referencia, na figura de Bach, a tradição ocidental, procurando afinidades entre alguns procedimentos brasileiros e a música do grande gênio alemão. Assim, os movimentos das Bachianas trazem, geralmente, dois títulos – um que remete às formas barrocas e outro, bem nacional, seresteiro, sertanejo.

A Bachiana Brasileira nº 7 foi composta em 1942 para grande orquestra e um conjunto de instrumentos brasileiros de percussão. Dedicada a Gustavo Capanema, divide-se em quatro movimentos:

O Prelúdio (Ponteio), melódico e sentimental, em Adagio, inicia-se com pizzicatos, alternados entre os

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, celesta, harpa, cordas.

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos

livros Músico, doce músico e O grão perfumado –

Mário de Andrade e a arte do inacabado.

Apresenta o programa semanal Recitais

Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

PARA OUVIR

CD Heitor Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras –

Orchestre National de la Radiodiffusion

Française – Heitor Villa-Lobos, regente –

EMI-Odeon – Série Angel – 1967

CD Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras

(Completo) – Nashville Symphony Orchestra –

Kenneth Schermerhorn, regente – Naxos,

Alemanha – 2005

PARA ASSISTIR

Orquestra Jovem do Estado de São Paulo –

Cláudio Cruz, regente

Acesse: fil.mg/vlbachianas7

PARA LER

Bruno Kieffer – Villa-Lobos e o Modernismo na

Música Brasileira – Editora Movimento – 1986

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3938

PROGRAMA

Modest MUSSORGSKYUma noite no Monte Calvo

César FRANCKVariações Sinfônicas

Francis POULENC Concerto para piano• Allegretto

• Andante con moto

• Rondeau à la française (Presto giocoso)

– INTERVALO –

Sergei RACHMANINOFFSinfonia nº 1 em ré menor, op. 13• Grave – Allegro ma non troppo

• Allegro animato

• Larghetto

• Allegro con fuoco

PASCAL ROGÉpiano

PASCAL ROGÉpiano

ALLEGRO

V IVACE

Quinta

Sexta

27/08

28/08

ROBERTO MINCZUK, regente convidado

PASCAL ROGÉ, piano

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4140 ALLEGRO E VIVACE

de Ribeirão Preto e da Sinfônica da Universidade de Brasília. Durante seis anos foi diretor artístico do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.

Regeu mais de oitenta orquestras em quatro continentes, com destaque para as filarmônicas de Nova York, Los Angeles e Israel; orquestras da Filadélfia, Cleveland e Minnesota; sinfônicas de San Francisco, St. Louis, Atlanta, Baltimore, Montreal, Toronto e Ottawa. Na Europa, as sinfônicas da BBC de Londres, BBC de Cardiff e BBC Escocesa; filarmônicas de Londres, Royal Liverpool, Oslo, Hallé, Rotterdam, Bergen, Helsinki e das rádios Holandesa e Nacional da Irlanda; as orquestras nacionais da França, Lyon, Bélgica, Lille e Escócia; Sinfônica de Barcelona, Orquestra de Bilbao e a Ópera de Lyon. Na Ásia, regeu a Filarmônica de Tóquio e a Yomiuri Symphony.

Estreou nos Estados Unidos com a Filarmônica de Nova York e foi convidado a assumir o posto de regente associado, cargo antes ocupado por Leonard Bernstein. Entre outros, recebeu os prêmios Martin Segall, o Grammy Latino de Melhor Álbum Clássico com o CD Jobim Sinfônico, concebido por Mário Adnet e Paulo Jobim, o Emmy, Prêmio Carlos Gomes, APCA e Prêmio TIM.

Gravou pelo selo Naxos com a Filarmônica de Londres. Com a Osesp, pelo selo BIS, registrou a integral das Bachianas Brasileiras em sete CDs, gravações consideradas pela Gramophone as melhores realizadas até aquela data. Gravou também com a Orquestra Acadêmica do Festival de Campos do Jordão, com a OSB (Biscoito Fino) e com a Filarmônica de Calgary. Em 2009, assinou a Coleção Clássicos da Editora Abril. Sua gravação do Capricho Italiano de Tchaikovsky com a BBC de Cardiff foi incluída na revista BBC Music e seu CD com a Sinfônica de Odense (Bridge Records) foi Gramophone Choice em abril de 2012.

Roberto Minczuk começou sua carreira como um prodígio da trompa e aos dezesseis anos era trompa solo da Sinfônica Municipal de São Paulo. Durante seus estudos na Juilliard School, foi solista da Sinfônica Juvenil de Nova York no Carnegie Hall e da Filarmônica de Nova York na série Young People’s Concerts. Foi membro da Orquestra Gewandhaus de Leipzig, a convite do maestro Kurt Masur. No Brasil, estudou regência com Eleazar de Carvalho e John Neschling.

Roberto Minczuk é casado com Valéria Minczuk e tem quatro filhos: Natalie, Rebecca, Joshua e Julia.

Antes de se tornar regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), a primeira apresentação de Roberto Minczuk com a OSB foi aos quatorze anos, substituindo o primeiro trompa, Zdenek Svab. Sua atuação à frente da orquestra rendeu-lhe a Medalha Pedro Ernesto, prêmios Bravo de Cultura e Carioca do Ano, entre outros.

Minczuk é também diretor artístico e regente titular da Filarmônica de Calgary, no Canadá. Foi diretor artístico adjunto e regente associado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, titular da Sinfônica

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4342 ALLEGRO E VIVACE

Rogé apresentou-se na maior parte das principais salas de concerto do mundo e com as mais importantes orquestras. Colaborou com os mais destacados regentes, incluindo Lorin Maazel, Michael Tilson Thomas, Mariss Jansons, Charles Dutoit, Kurt Masur, Edo de Waart, Alan Gilbert, David Zinman, Marek Janowski, Sir Andrew Davis e Raymond Leppard.

Um dos artistas mais reconhecidos no mundo por suas gravações, Pascal Rogé ganhou várias premiações de prestígio, incluindo dois prêmios Gramophone, um Grand Prix du Disque e um Edison Award por suas interpretações dos concertos de Ravel e Saint-Saëns, bem como pelas obras completas para piano de Ravel, Poulenc e Satie. Outras gravações incluem um ciclo de Debussy e um ciclo de Bartók com a Orquestra Sinfônica de Londres. Para um especial de Poulenc, Rogé executou dois concertos para piano – Aubade e Champêtre Concerto – sob regência de Charles Dutoit.

Há muitos anos está envolvido com um ambicioso projeto de gravações para o selo Onyx, o Rogé Edition. O primeiro CD inaugurou seu primeiro ciclo completo de Debussy contendo os Prelúdios, seguido de um segundo

CD com Estampas e ainda um terceiro contendo Imagens. O selo Onyx também lançou os Concertos para piano e orquestra de Mozart, com a Orquestra Sinfônica de Indianápolis, e o álbum Poètes du Piano – gravação ao vivo de um recital dedicado a Chopin, Debussy, Fauré, Poulenc e Ravel. Com a Sinfônica da Rádio de Viena, sob a batuta de Bertrand de Billy, ele gravou recentemente dois CDs com os dois concertos para piano de Ravel, o Concerto em Fá e a Rapsódia em Blue de Gershwin.

Nos últimos anos Rogé tem se dedicado a recitais a quatro mãos e dois pianos com sua parceira na música e na vida, Ami Rogé. Juntos, eles viajam o mundo apresentando-se em prestigiosos festivais e salas de concerto e têm gravado vários CDs dedicados ao repertório francês para dois pianos. Em 2011 eles estrearam o Concerto para Dois Pianos do compositor Matthew Hindson, com a Orquestra Sinfônica de Sydney conduzida por Vladmir Ashkenazy.

Pascal Rogé assumiu recentemente a presidência da Competição de Piano Genève. Ele também se dedica ao ensino e ministra masterclasses regularmente na França, Japão, Estados Unidos e Reino Unido.

Pascal Rogé representa hoje o que há de mais fino na interpretação de piano da música francesa. Nascido em Paris, foi aluno do Conservatório de Paris e pupilo de Julius Katchen e da grande Nadia Boulanger. Vencedor do Concurso de Piano Georges Enesco e Primeiro Lugar no Concurso Marguerite Long, tornou-se músico exclusivo do selo Decca aos dezessete anos. Sua interpretação de Poulenc, Satie, Fauré, Saint-Saëns e especialmente Ravel é marcada pela elegância, beleza e fraseado estilisticamente perfeito.

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4544 ALLEGRO E VIVACE

É em uma Rússia em ebulição pré-revolucionária que surge o Grupo dos Cinco: dois jovens oficiais (César Cui e Modest Mussorgsky), um aluno da Escola Naval (Rimsky-Korsakov), Balakirev (o único músico profissional) e um assistente de química da Academia de Medicina (Alexandre Borodin). Trabalhando sem cessar, o grupo fez a revolução antes mesmo de Lenin... Dos cinco, o mais revolucionário foi Modest Mussorgsky.

No entanto, costuma-se brincar maliciosamente que a obra orquestral mais importante de Mussorgsky foi escrita por Ravel. De fato, a orquestração que Ravel fez dos Quadros de uma Exposição, composta originalmente para piano, ajudou a projetar a música e o gênio de Mussorgsky para além das fronteiras russas. Não fora, ainda, o grande e cuidadoso empenho de Rimsky-Korsakov em resgatar, revisar e publicar a sua obra, após sua morte, a maior parte da música de Mussorgksy hoje estaria perdida. Seu acervo parece um retrato de sua vida: desregrado, desorganizado, cheio de esboços não concluídos e, mesmo em manuscritos mais

completos, diversas passagens problemáticas, em que não se consegue discernir direito o que é erro, omissão, desleixo ou inovação deliberada. O zeloso e admirável trabalho de Rimsky-Korsakov, no entanto, deixou a posteridade em dúvida: até onde as suas interferências não estariam corrompendo o gênio do compositor, corrigindo e polindo o que, na sua opinião, seriam barbarismos e equívocos, mas que na verdade poderiam ser investidas ousadas e insuspeitas? Nunca se saberá ao certo. É das obras mais completas e acabadas de Mussorgsky que vem esse questionamento: suas mais de sessenta canções, produzidas ao longo de toda a sua vida, mostram procedimentos muito pessoais, contrastes desconcertantes, melodias angulosas e grandes rupturas rítmicas e harmônicas, que põem em cheque o próprio sistema tonal. A despeito disso tudo, algumas obras suas entraram definitivamente para o patrimônio musical do Ocidente: além das canções e dos Quadros de uma Exposição, a ópera Boris Godunov é decisiva. Sua música orquestral

INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor

em Literaturas de Língua Portuguesa, professor

da Universidade do Estado de Minas Gerais e da

Fundação de Educação Artística.

compõe-se de pouco menos de dez títulos. Deles, Uma noite no Monte Calvo, na versão de Rimsky-Korsakov, é a obra mais conhecida e a mais importante. Trata-se da versão que Rimksy-Korsakov fez e publicou, em 1886, de uma obra original de Mussorgsky intitulada Noite de São João no Monte Calvo, que Balakirev recusara-se a apresentar e nunca foi executada durante a vida do autor. Essa versão original só foi publicada em 1968 e é ela que será ouvida nesta noite.

Seu manuscrito foi descoberto na década de 1920, na Biblioteca do Conservatório de Leningrado. A

música encerrada nessa partitura faz despertar, mais uma vez, as dúvidas sobre o bem-intencionado trabalho que Rimsky-Korsakov fez ao revisar as obras do amigo: as ousadias que ela apresenta – que valeram a Mussorgsky severas críticas de Balakirev – não aparentam ser, aos olhos e ouvidos de hoje, desleixo ou inépcia, mas ensaios visionários de caminhos que, pouco mais tarde, a música do Ocidente tomaria.

PARA OUVIR

Moussorgsky – Night on Bald Mountain;

Pictures at an exhibition – The Cleveland

Orchestra – Lorin Maazel, regente –

Telarc – 2006

PARA ASSISTIR

Orquestra Sinfônica Brasileira – Roberto

Minczuk, regente | Acesse: fil.mg/mmontecalvo

PARA LER

M. Montagu-Nathan – Moussorgsky –

Ulan Press – 2012

Modest Mussorgsky | Rússia, 1839 – 1881

UMA NOITE NO MONTE CALVO (1867)13 min

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4746 ALLEGRO E VIVACE

As Variações Sinfônicas foram escritas em curto espaço de tempo, entre outubro e dezembro de 1885. A primeira audição se deu em Paris, na Sociedade Nacional de Música, sob a regência do autor e tendo como solista o pianista Louis Diémer, a quem a composição foi dedicada. Ao lado da Sinfonia em ré menor, é a obra de César Franck mais frequentemente executada em concertos.

A partitura apresenta aspectos bastante inovadores. A relação piano /orquestra define-se como um verdadeiro trabalho de conjunto, distribuído entre partes iguais. O efetivo orquestral é surpreendentemente leve, e o piano dele participa organicamente, embora desempenhando papel privilegiado. Formalmente, César Franck distancia-se do tradicional tema variado, abandonando o procedimento habitual de agrupar, em seções contrastantes, variações tecidas sobre diferentes aspectos de um mesmo tema. Nas Variações Sinfônicas o discurso musical torna-se ininterrupto, elaborado pela interligação de três grandes partes que se poderiam denominar Prólogo, Variações e Final. O Prólogo, Poco allegro, apresenta

dois temas: o primeiro, enunciado pelas cordas (fá sustenido menor) é interrogador, brutal, rítmico e cortante. O segundo, confiado ao piano, tem caráter lânguido, terno, melodioso e lírico. O contraste entre esses motivos antitéticos resulta violento e constitui o material temático essencial da composição. O Prólogo se desenvolve de forma rapsódica, criando clímax, antes que se apresentem as variações em novo movimento, mais moderado.

O tema fundamental das Variações, Allegretto quasi andante, surge no piano, em acordes característicos de seu aspecto coral. Na Primeira Variação, o solista reelabora esse tema, em diálogo fragmentado com as cordas e as madeiras. A Segunda Variação ressalta o tema no Molto cantabile das violas e violoncelos, sobre um plano de madeiras, metais e os desenhos contrapontíscos do solista. Na Terceira Variação, o piano torna-se mais animado, enquanto o tema insinua-se nos acordes discretos e abafados da orquestra. Após um tutti conclusivo, a Quarta Variação se apresenta como ponto particularmente estratégico da construção formal, trazendo o retorno do motivo inicial da obra, retirado do Prólogo. Esse tema, novamente

VARIAÇÕES SINFÔNICAS (1885)15 min

César Franck | Bélgica, 1822 – França, 1890 INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

evocado, desenvolve-se altivo, na tonalidade de Ré maior, em crescendo de grande efeito, metalizado e ritmado por toda a orquestra. A Quinta Variação, bastante condensada, utiliza novamente o fá sustenido menor inicial, restaurando o clima de ternura e paz. Na Sexta Variação, os violoncelos, acompanhados por suaves ondulações do piano, conduzem a um momento de recolhimento, misteriosamente contemplativo.

Um importante episódio de transição, verdadeiro interlúdio, cria engenhosa ponte para a última das três seções

formais da obra. O Final, Allegro non troppo, retoma o tom maior e surge alegremente sobre trinados do piano. Os temas principais passam por novas e surpreendentes transfigurações, acumulando sutilezas tonais e desencontros rítmicos. A Coda conduz a um Molto crescendo sobre a tônica, levando à conclusão alegre e brilhante.

PARA OUVIR

César Franck: Variations Symphoniques –

Orchestre du Capitole de Toulouse – Michel

Passon, regente – Jean-Philippe Collard,

piano – EMI Records Classics, França

(Gravação original 1986; regravação 2007)

PARA ASSISTIR

Orquestra da Rádio e Televisão da Suíça

Italiana – David Shallon, regente –

Nelson Freire, piano | Acesse:

fil.mg/fvariacoes1

fil.mg/fvariacoes2

PARA LER

François-René Tranchefort – Guia da Música

Sinfônica – Nova Fronteira – 1990

PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,

Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos

livros Músico, doce músico e O grão perfumado –

Mário de Andrade e a arte do inacabado.

Apresenta o programa semanal Recitais

Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

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4948 ALLEGRO E VIVACE

A tendência estética que se identificou como uma nova objetividade nos países germânicos do pós-guerra de 1914-1918 era um antirromantismo, superação do pessimismo das manifestações expressionistas, em busca de uma renovação que se baseava em elementos de ordem, diatonismo, simplicidade. Na França, a mesma motivação incluía uma negação do impreciso, vago, vaporoso – tidas como características da estética de Debussy. A opção era por nitidez, concisão, predominância rítmica, virtudes da velha tradição da música francesa.

Satie, Stravinsky, Picasso e outras personalidades influenciavam o ambiente parisiense dos anos 1920. Jean Cocteau – poeta, artista a serviço tanto da literatura quanto do cinema, do balé, da música, do teatro – apadrinhava em Paris uns jovens compositores naqueles anos loucos. Eram Georges Auric, Louis Durey, Arthur Honegger, Darius Milhaud, Germaine Tailleferre e Francis Poulenc – que um jornalista chamou de Les Six (Os Seis). A denominação se consagrou e passou para a história da música, apesar de não existir de fato um grupo. Aos Seis coube representar, na França, a recusa do impressionismo,

assim como o gosto pela utilização de elementos do music hall e do jazz. Durey abandonou logo a convivência com os demais, Auric dedicou-se à música para filmes e, dos outros, apenas Honegger, Milhaud e Poulenc, personalidades contrastantes, vieram a construir obras amplas e significativas.

Francis Poulenc recebeu uma formação geral clássica e, na música, foi aluno de Koechlin e do grande pianista espanhol Ricardo Viñes. Estreou como compositor aos dezoito anos, com a Rapsódia Negra para piano, quarteto de cordas, flauta, clarinete e voz, em que utilizava ritmos de jazz, em concerto de jovens organizado por Satie no Théatre du Vieux Colombier.

A música de Poulenc é em geral leve, clara, de harmonias requintadas. Ele pode ser decididamente urbano, parisiense em sua inspiração, como outras vezes voltado para reminiscências do campo. Extremamente feliz ao utilizar textos poéticos (Apollinaire, Max Jacob, Éluard etc.), sua contribuição à música vocal francesa está entre os momentos mais altos de sua obra. Na música de câmara deixou algumas joias, como as três sonatas com

CONCERTO PARA PIANO (1949)19 min

Francis Poulenc | França, 1899 – 1963 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.

BERENICE MENEGALE Pianista, fundadora e

diretora da Fundação de Educação Artística.

piano – para flauta, clarinete e oboé, em que, ao lado da expressão mais ligeira, surgem momentos pungentes e profundos. Excelente pianista, escreveu muito para seu instrumento.

Na música cênica explorou a veia cômica, satírica (Les mamelles de Tirésias); na música coral aparece seu lado sinceramente religioso (Litanies de la Vierge Noire, Stabat Mater).

A música sinfônica não foi objeto de seu particular interesse, porém utilizou com frequência as formas concertantes, como em seus cinco concertos: para órgão,

para cravo (Concert Champêtre), Concerto para dois pianos, Aubade (Concerto coreográfico para piano e 18 instrumentos) e Concerto para piano e orquestra.

O próprio Poulenc foi solista na estreia do Concerto para piano e orquestra, com a Sinfônica de Boston, sob a regência de Charles Münch. É um divertissement, descomprometido e brilhante em seus três breves movimentos, cheio da espontaneidade característica do autor.

PARA OUVIR

CD Poulenc – Concerto for 2 pianos; Piano

Concerto; Aubade – Rotterdam Philharmonic

Orchestra – James Conlon, regente – François-

René Duchable e Jean-Philippe Collard, pianos

– Warner Classics APEX 2564 62552-2 – 2005

Orquestra Philharmonia – Charles Dutoit, regente –

Pascal Rogé, piano | Acesse:

fil.mg/ppiano1

fil.mg/ppiano2

fil.mg/ppiano3

PARA LER

Alfred Cortot – La musique française de piano –

Vol. III – Presses Universitaires de France – 1948

Robert Shapiro – Les Six – The composers

and their mentors Jean Cocteau and

Erik Satie – Peter Owen Publishers,

ISBN 978-07206-1293-6 – 2011

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5150 ALLEGRO E VIVACE

Todo jovem artista necessita de uma ajuda sincera dos mais velhos no início de sua carreira, numa oportunidade que o fará conhecido, ou na simples forma de conselhos sobre como e quando dar os primeiros passos. Em 1892, aos dezenove anos de idade, Sergei Rachmaninoff teve esse tipo de ajuda quando Tchaikovsky conseguiu que sua primeira ópera, Aleko, fosse apresentada no Teatro Imperial ao lado de uma de suas próprias óperas. Essa oportunidade foi o bastante para fazer seu nome conhecido e abrir-lhe as portas do sucesso. Rachmaninoff graduou-se no Conservatório de Moscou naquele ano e tornou-se um artista livre. Aos poucos sua promissora carreira tinha início, e o resto veio-lhe com certa facilidade, como ele mesmo dizia, mas não sem alguns percalços.

Em janeiro de 1895, ele começou a composição daquela que seria conhecida como sua primeira sinfonia (os fragmentos de uma sinfonia composta anos antes foram compilados sob o título de Sinfonia de Juventude). A composição foi árdua. Trabalhando sete horas por dia na Sinfonia, dez horas por

dia no último mês, a composição ficou pronta apenas no dia 2 de setembro. Baseada em cantos da Igreja Ortodoxa Russa, ela só seria ouvida em público, pela primeira vez, dezoito meses depois da composição.

O rico comerciante e mecenas Mitrofan Belyayev, que publicava e divulgava as obras de vários compositores russos com seu próprio dinheiro, aceitou programar a Primeira Sinfonia de Rachmaninoff para a temporada de 1897 dos Concertos Sinfônicos Russos, uma série destinada a permitir que os jovens compositores tivessem suas obras sinfônicas executadas. A estreia, em São Petersburgo, no dia 28 de março de 1897, sob a regência de Aleksandr Glazunov, foi um desastre completo.

Segundo o compositor, Glazunov não compreendeu a linguagem da sinfonia, deu-lhe pouco tempo de ensaio e regeu a orquestra bêbado. Para completar o infortúnio, César Cui, um dos compositores do Grupo dos Cinco, escreveu uma crítica no jornal desqualificando completamente a obra e o compositor: “Se houvesse

um conservatório no Inferno, e se um dos seus alunos talentosos tivesse de compor uma sinfonia baseada na história das dez pragas do Egito, e se compusesse uma sinfonia como a do Sr. Rachmaninoff, ele teria cumprido sua tarefa de forma brilhante e iria deliciar os habitantes do Inferno”.

Ao pegar o trem para Moscou, Rachmaninoff era um homem diferente: “minha confiança em mim mesmo havia recebido um golpe duro. Horas de agonia gastas em dúvida e considerações trouxeram-me a conclusão de que eu deveria desistir de compor”. Um colapso nervoso e três anos de silêncio o levaram a buscar ajuda. Iniciou um série de tratamentos com o neurologista Nikolai Dahl e teve a oportunidade de se encontrar, por três dias, com o escritor Leon Tolstoy, que restaurou sua autoestima, devolveu-lhe a confiança e o estimulou a seguir em frente: “Meu jovem, você acha que tudo na minha vida corre suavemente? Você acha que eu não tenho problemas, nunca hesito ou perco a confiança em mim mesmo? Você realmente acha que minha convicção é sempre igualmente forte? Todos nós temos momentos

difíceis; mas esta é a vida. Mantenha a cabeça erguida, e continue em seu caminho determinado.”

Rachmaninoff voltou a compor e tornou-se um dos maiores compositores do século XX. Ele desistiu da publicação da Sinfonia e deixou a partitura em Moscou, em 1917, quando partiu da Rússia. A obra nunca mais foi apresentada enquanto ele viveu. Após sua morte, as partes orquestrais, alteradas pela mão de Glazunov, foram descobertas no Arquivo Belyayev da Biblioteca do Conservatório de Leningrado (São Petersburgo) e a partitura pôde ser reconstruída. A segunda execução da peça se deu no Conservatório de Moscou em 17 de outubro de 1945, sob a regência de Aleksandr Gauk.

Em quatro movimentos, a Sinfonia nº 1 contém uma integração motívica ímpar, com fragmentos melódicos que se entrelaçam em todos os movimentos, criando uma obra extremamente uniforme e coesa. Ao longo de toda a Sinfonia, trechos anteriormente apresentados são retrabalhados de forma variada, ao mesmo tempo em que fragmentos aparentemente esquecidos se

Sergei Rachmaninoff | Rússia, 1873 – Estados Unidos, 1943 INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

SINFONIA Nº 1 EM RÉ MENOR, OP. 13 (1895) Reconstruída por Glazunov em 194544 min

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5352 ALLEGRO E VIVACE

transformam em material novo. O jogo de semelhança e diversidade do material musical é o jogo próprio desta obra. O primeiro movimento (Grave – Allegro ma non troppo) é majestoso e apresenta a maior parte do material a ser trabalhado ao longo da Sinfonia. O segundo movimento (Allegro animato) é uma espécie de Scherzo, com um andamento enérgico típico da música russa folclórica. O terceiro (Larghetto), uma cantilena

rústica, traz um pouco de calma à impetuosidade desta obra de juventude. O Finale (Allegro con fuoco) é uma frenética fanfarra marcial em que os metais e a percussão dominam a cena por quase todo o movimento.

PARA OUVIR

CD Rachmaninoff – The symphonies –

Royal Concertgebouw Orchestra – Vladimir

Ashkenazy, regente – Decca – 1998

Orquestra Filarmônica de Leningrado (hoje

São Petersburgo) – Kurt Sanderling, regente

Acesse: fil.mg/rsinf1

PARA ASSISTIR

Orquestra Sinfônica Brasileira – Roberto

Minczuk, regente | Acesse: fil.mg/rsinf1rm

PARA LER

Sergei Bertensson e Jay Leyda – Sergei

Rachmaninoff: a lifetime in music –

Indiana University Press – 2009

Sergei Rachmaninoff – Rachmaninoff’s

recollections told to Oskar von Riesemann –

Macmillan – 1934

GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em

Música pela Unicamp, professor na Escola de

Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos

floridos não voam e Música menor.

PESQUISA

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Chegamos ao segundo semestre desta temporada, a primeira na

SALA MINAS GERAIS. Aqui, queremos que você aprecie a música

e os encontros que ela propicia com todo conforto e segurança. E

queremos aprimorar o que já conquistamos até agora. Para isso,

gostaríamos de ouvir a opinião do MAIOR INTERESSADO: VOCÊ.

EM AGOSTO, nos foyers, você será convidado/a a responder a uma

pesquisa sobre a Sala Minas Gerais. Contamos com a sua participação.

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5554

PRÓXIMOSCONCERTOS

CONCERTOS PARA A JUVENTUDE

Realizados em manhãs de domingo,

são concertos dedicados aos jovens

e às famílias, buscando ampliar

e formar público para a música

clássica. As apresentações têm

ingressos a preços populares.

CLÁSSICOS NA PRAÇA

Realizados em praças da Região

Metropolitana de Belo Horizonte, os

concertos proporcionam momentos

de descontração e entretenimento,

buscando democratizar o acesso da

população em geral à música clássica.

CONCERTOS DIDÁTICOS

Concertos destinados a grupos de

crianças e jovens da rede escolar

e a instituições sociais, mediante

inscrição prévia. Seu formato busca

apoiar o público em seus primeiros

passos na música clássica.

FESTIVAL TINTA FRESCA

Com o objetivo de fomentar a criação

musical entre compositores brasileiros e

gerar oportunidade para que suas obras

sejam apresentadas em concerto, este

Festival é sempre uma aventura musical

inédita. Como prêmio, o vencedor recebe

a encomenda de outra obra sinfônica

a ser estreada pela Filarmônica no

ano seguinte, realimentando o ciclo da

produção musical nos dias de hoje.

ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO

LABORATÓRIO DE REGÊNCIA

Atividade pioneira no Brasil, este

laboratório é uma oportunidade

para que jovens regentes brasileiros

possam praticar com uma orquestra

profissional. A cada ano, quinze

maestros, quatro efetivos e onze

ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e

ensaios com o regente Fabio Mechetti.

O concerto final é aberto ao público.

TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

Com essas turnês, a Orquestra

Filarmônica de Minas Gerais

busca colocar o estado de Minas

dentro do circuito nacional e

internacional da música clássica.

TURNÊS ESTADUAIS

As turnês estaduais levam a música de

concerto a diferentes cidades e regiões de

Minas Gerais, possibilitando que o público

do interior do Estado tenha contato direto

com música sinfônica de excelência.

CONCERTOS DE CÂMARA

Realizados para estimular músicos

e público na apreciação da música

erudita para pequenos grupos. A

Filarmônica conta com grupos de

Metais, Cordas, Sopros e Percussão.

Agosto

DIA 13, CONCERTOS DE CÂMARA

QUINTETO DE METAIS

quinta, 19h e 20h30, Memorial Minas Gerais ValeMICHEL / SANTOS / GABRIELI /

RIMSKY-KORSAKOV / DEBUSSY / DVORÁK /

KREISLER / BERNSTEIN

DIA 14, FORA DE SÉRIE 5

APRESENTAÇÃO EXTRA

sexta, 20h30, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente

Jean-Louis Steuerman, piano

BEETHOVEN

DIA 15, FORA DE SÉRIE 5

sábado, 18h, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente

Jean-Louis Steuerman, piano

BEETHOVEN

DIAS 20 E 21, PRESTO 7, VELOCE 7

quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisMarcos Arakaki, regente

Leo Gandelman, saxofone

VILLA-LOBOS / GNATTALI

DIA 23, CONCERTOS PARA A JUVENTUDE 4

ENCONTRO COM VILLA-LOBOS

domingo, 11h, Sala Minas GeraisMarcos Arakaki, regente

Leo Gandelman, saxofone

VILLA-LOBOS

DIAS 27 E 28, ALLEGRO 8, VIVACE 8

quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisRoberto Minczuk, regente convidado

Pascal Rogé, piano

MUSSORGSKY / FRANCK / POULENC /

RACHMANINOFF

DIA 29, TURNÊ ESTADUAL

sábado, 20h30, CongonhasMarcos Arakaki, regente

TCHAIKOVSKY / DVORÁK / PROKOFIEV /

VAUGHAN WILLIAMS / WAGNER / GOMES

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5756

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

Fabio Mechetti

REGENTE ASSOCIADO

Marcos Arakaki

* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Instituto Cultural Filarmônica

PRIMEIROS VIOLINOS

Anthony Flint – Spalla

Rommel Fernandes –

Spalla Associado

Ara Harutyunyan – Spalla

Assistente

Ana Zivkovic

Arthur Vieira Terto

Bojana Pantovic

Dante Bertolino

Hyu-Kyung Jung

Marcio Cecconello

Mateus Freire

Rodolfo Toffolo

Rodrigo Bustamante

Rodrigo Monteiro Braga

Rodrigo de Oliveira

SEGUNDOS VIOLINOS

Frank Haemmer *

Leonidas Cáceres ***

Gideôni Loamir

Guilherme Monteiro

Jovana Trifunovic

Luka Milanovic

Martha de Moura Pacífico

Radmila Bocev

Tiago Ellwanger

Valentina Gostilovitch

VIOLAS

João Carlos Ferreira *

Roberto Papi ***

Flávia Motta

Gerry Varona

Gilberto Paganini

Juan Castillo

Katarzyna Druzd

Luciano Gatelli

Marcelo Nébias

Nathan Medina

VIOLONCELOS

Philip Hansen *

Robson Fonseca ****

Camila Pacífico

Camilla Ribeiro

Eduardo Swerts

Emilia Neves

Eneko Aizpurua Pablo

Lina Radovanovic

CONTRABAIXOS

Colin Chatfield *

Nilson Bellotto ***

Brian Fountain

Marcelo Cunha

Pablo Guiñez

Wallace Mariano

William Brichetto

FLAUTAS

Cássia Lima*

Renata Xavier ***

Alexandre Braga

Elena Suchkova

OBOÉS

Alexandre Barros *

Ravi Shankar ***

Israel Muniz

Moisés Pena

CLARINETES

Marcus Julius Lander *

Jonatas Bueno ***

Ney Campos Franco

Alexandre Silva

FAGOTES

Catherine Carignan *

Victor Morais ***

Andrew Huntriss

TROMPAS

Alma Maria Liebrecht *

Evgueni Gerassimov ***

Gustavo Garcia Trindade

José Francisco dos Santos

Lucas Filho

Fabio Ogata

TROMPETES

Marlon Humphreys *

Érico Fonseca **

Daniel Leal ***

Tássio Furtado

TROMBONES

Mark John Mulley *

Diego Ribeiro **

Wagner Mayer ***

Renato Lisboa

TUBA

Eleilton Cruz *

TÍMPANOS

Patricio Hernández

Pradenas *

PERCUSSÃO

Rafael Alberto *

Daniel Lemos ***

Sérgio Aluotto

Werner Silveira

HARPA

Giselle Boeters *

TECLADOS

Ayumi Shigeta *

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORA

Karolina Lima

ASSISTENTE

ADMINISTRATIVA

Débora Vieira

ARQUIVISTA

Sergio Almeida

ASSISTENTES

Ana Lúcia Kobayashi

Claudio Starlino

Jônatas Reis

SUPERVISOR DE

MONTAGEM

Rodrigo Castro

MONTADORES

André Barbosa

Hélio Sardinha

Jeferson Silva

Klênio Carvalho

Risbleiz Aguiar

FORTISSIMO agosto nº 6 / 2015

ISSN 2357-7258

EDITORA Merrina

Godinho Delgado

EDIÇÃO DE TEXTO

Berenice Menegale

FOTO DA CAPA: BRUNA BRANDÃO ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES

Conselho Administrativo

PRESIDENTE EMÉRITO

Jacques Schwartzman

PRESIDENTE

Roberto Mário Soares

CONSELHEIROS

Angela Gutierrez

Berenice Menegale

Bruno Volpini

Celina Szrvinsk

Fernando de Almeida

Ítalo Gaetani

Marco Antônio Pepino

Marcus Vinícius Salum

Mauricio Freire

Mauro Borges

Octávio Elísio

Paulo Brant

Sérgio Pena

Diretoria Executiva

DIRETOR PRESIDENTE

Diomar Silveira

DIRETOR

ADMINISTRATIVO-

FINANCEIRO

Estêvão Fiuza

DIRETORA DE

COMUNICAÇÃO

Jacqueline Guimarães

Ferreira

DIRETORA DE

MARKETING E

PROJETOS

Zilka Caribé

DIRETOR DE

OPERAÇÕES

Ivar Siewers

DIRETOR DE

PRODUÇÃO MUSICAL

Kiko Ferreira

Equipe Técnica

GERENTE DE

COMUNICAÇÃO

Merrina Godinho

Delgado

GERENTE DE

PRODUÇÃO MUSICAL

Claudia da Silva

Guimarães

ASSESSORA DE

PROGRAMAÇÃO

MUSICAL

Carolina Debrot

PRODUTORES

Geisa Andrade

Luis Otávio Rezende

Narren Felipe

ANALISTAS DE

COMUNICAÇÃO

Andréa Mendes

(Imprensa)

Marciana Toledo

(Publicidade)

Mariana Garcia

(Multimídia)

Renata Romeiro

(Design gráfico)

ANALISTA DE

MARKETING DE

RELACIONAMENTO

Mônica Moreira

ANALISTAS DE

MARKETING E

PROJETOS

Itamara Kelly

Mariana Theodorica

ASSISTENTE DE

COMUNICAÇÃO

Renata Gibson

ASSISTENTES DE

MARKETING DE

RELACIONAMENTO

Eularino Pereira

Rildo Lopez

Equipe Administrativa

GERENTE

ADMINISTRATIVO-

FINANCEIRA

Thais Boaventura

ANALISTAS

ADMINISTRATIVOS

João Paulo de Oliveira

Paulo Baraldi

ANALISTA CONTÁBIL

Graziela Coelho

ANALISTA DE

RECURSOS HUMANOS

Quézia Macedo Silva

SECRETÁRIA

EXECUTIVA

Flaviana Mendes

ASSISTENTE

ADMINISTRATIVA

Cristiane Reis

AUXILIARES

ADMINISTRATIVOS

Pedro Almeida

Vivian Figueiredo

RECEPCIONISTA

Lizonete Prates Siqueira

AUXILIARES DE

SERVIÇOS GERAIS

Ailda Conceição

Márcia Barbosa

MENSAGEIROS Lucas Lima

Serlon Souza

MENOR APRENDIZ

Diego Soares

Sala Minas Gerais

GERENTE DE

INFRAESTRUTURA

Renato Bretas

GERENTE DE

OPERAÇÕES

Jorge Correia

TÉCNICO DE

ILUMINAÇÃO E ÁUDIO

Rafael Franca

ASSISTENTE

OPERACIONAL

Rodrigo Brandão

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5958

COMIDAS E BEBIDAS

Seu consumo não é permitido no

interior da sala de concertos.

PARA APRECIAR UM CONCERTO

PONTUALIDADE

Uma vez iniciado um concerto, qualquer

movimentação perturba a execução

da obra. Seja pontual e respeite o

fechamento das portas após o terceiro

sinal. Se tiver que trocar de lugar ou

sair antes do final da apresentação,

aguarde o término de uma peça.

CONVERSA

A experiência do concerto inclui o

encontro com outras pessoas. Aproveite

essa troca antes da apresentação e

no seu intervalo, mas nunca converse

ou faça comentários durante a

execução das obras. Lembre-se de

que o silêncio é o espaço da música.APARELHOS CELULARES

Confira e não se esqueça, por

favor, de desligar o seu celular ou

qualquer outro aparelho sonoro.

FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO

Não são permitidas na sala de concertos.

CUMPRIMENTOS

Após a apresentação, caso queiram

cumprimentar os músicos e convidados,

dirijam-se à Sala de Recepções,

à esquerda do foyer principal.

TOSSE

Perturba a concentração dos músicos

e da plateia. Tente controlá-la com

a ajuda de um lenço ou pastilha.

APLAUSOS

Aplauda apenas no final das obras.

Veja no programa o número de

movimentos de cada uma e fique de

olho na atitude e gestos do regente.

CRIANÇAS

Caso esteja acompanhado por

criança, escolha assentos próximos

aos corredores. Assim, você

consegue sair rapidamente se

ela se sentir desconfortável.

CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS

Fortissimo, além de seu programa mensal de concertos, é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Para evitar o desperdício, pegue apenas um exemplar ao mês. Caso não precise dele após o concerto, devolva-o nas caixas receptoras.

O programa se encontra também disponível em nosso site, na agenda de concertos. www.filarmonica.art.br

OLÁ, ASSINANTE

ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO

[email protected]

3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h) www.filarmonica.art.br

FOT

O:

RA

FAEL

MO

TTA

ESTÁ CHEGANDO A HORA de você renovar sua assinatura e

desfrutar com comodidade e alta qualidade do universo da música sinfônica.

No dia 1º de outubro você vai conhecer as obras e temas da

TEMPORADA 2016, os solistas convidados, os preços e

vantagens de continuar a ser um Assinante Filarmônica.

É muito importante que você informe qualquer mudança de

telefone, endereço ou e-mail e fique atento aos prazos:

com indicação ou não do desejo de troca de assentos

confirmação da troca de assentos e/ou do pacote de assinatura

momento de convidar os amigos para também serem assinantes

RENOVAÇÃO

TROCA

NOVAS ASSINATURAS

1º a 19 out

23 out a 19 nov

12 nov a 31 jan 2016

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Além dos elementos arquitetônicos,

primordiais no resultado acústico da Sala

Minas Gerais, também estão disponíveis

tecnologias de áudio, vídeo e iluminação.

O controle de tudo isso está concentrado

em uma cabine ao fundo da plateia

central, logo abaixo do balcão principal.

A sala está equipada com 310 refletores

de luz, dos quais 30 são motorizados.

Todos eles são acionados a partir de uma

mesa instalada na cabine, que permite

regular a intensidade da iluminação da

plateia e do palco.

Motorizados e alçados ao teto, seis

microfones estão distribuídos pelas seções

de instrumentos da orquestra e ligados a

uma mesa com 48 canais. O som captado

é enviado aos foyers e bastidores.

Há também casos em que instrumentos

precisam ser amplificados, como o

cravo, o violão e o bandoneon. Nessas

situações, microfones são acoplados a

eles e têm seus sons transmitidos por

alto-falantes no próprio palco.

O equipamento de vídeo é todo em alta

resolução. Duas câmeras fixas, uma no

palco e outra na cabine de controle,

podem ter suas imagens transmitidas

para áreas externas à sala. Para

orquestra e equipe técnica, esse sistema

é fundamental na organização do fluxo

do concerto. Além disso, em algumas

obras que preveem trechos executados

fora do palco, a câmera capta os

movimentos do regente e, assim, os

músicos que estão nos bastidores

conseguem se orientar.

Em um futuro próximo também será

possível realizar a gravação e edição de

imagem e som. Por isso, outras quatro

câmeras, móveis, são posicionadas em

função das especificidades das obras.

E é diretamente da cabine que cada

um desses elementos é orquestrado.

Cabine de controle

SALA MINAS GERAIS

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O:

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ÃO

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SALA MINAS GERAIS

Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG

(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030

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APOIO INSTITUCIONAL

REALIZAÇÃO

DIVULGAÇÃO

MANTENEDORA

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Projeto executado por meio da Lei Estadual de Incentivo à

Cultura de Minas Gerais

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2014