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Título: Formulações Ecológicas para Concretos de Ultra Alto Desempenho Pesquisador responsável: Carlos Antônio da Rocha RESUMO A utilização de concretos de alto desempenho tem se expandido nos últimos anos, predominantemente em obras de maior arrojo arquitetônico. Em particular, os concretos de pós reativos (CPR), classificados como de ultra alto desempenho, tem sido alvo de muitas publicações. O CPR caracteriza-se pela ausência de agregados graúdos, utilização de partículas com diâmetro máximo de 2 mm, ausência de vazios na matriz e resistência à compressão em torno de 150 MPa, podendo chegar, em condições especiais, a 800 MPa. Entretanto, um ponto negativo relacionado a esse tipo de concreto é a sua elevada utilização de cimento por metro cúbico, tornando-o alvo de críticas ambientais, por conta da alta taxa de emissão de CO2 na fabricação do cimento. Nesse cenário, a presente linha de pesquisa estuda o comportamento de concretos de pós reativos, onde parte do cimento é substituída por um material pozolânico (MP), tais como as cinzas volantes e o metacaulim. O método consiste em substituir parcelas crescentes de cimento por MP na produção de concretos de pós reativos e comparar o comportamento desse novo concreto com amostras sem substituição. Uma outra vertente ecológica na produção de CPR é a utilização de água de reuso na produção de novos concretos. Existem estimativas de que o volume médio mensal de resíduos para descarte em uma usina de concreto está em torno de 2% de sua produção mensal. Os efluentes oriundos da lavagem dos caminhões betoneira são os que merecem maior atenção, devido ao grande volume de água destinado para essa lavagem. A linha de pesquisa aqui proposta estuda a reutilização dessas águas residuais para a produção de novos concretos, dispensando tratamentos prévios. Estudos iniciais realizados para concretos padrão, com resistência à compressão ao redor de 30MPa, não indicaram qualquer perda nas propriedades do concreto produzido, viabilizando a reutilização de águas residuais do processo de lavagem sem que sejam realizados quaisquer tipos de tratamentos ou separação dos sólidos incorporados. Entretanto, tal verificação ainda não foi realizada para o CPR. Pretende-se aqui avaliar a qualidade do CPR produzido com águas de reuso, através de ensaios para sua fase fresca e para sua fase endurecida. O objetivo desses ensaios é verificar se ocorreram indícios de possíveis alterações das propriedades do concreto que venham acarretar queda no desempenho.

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Page 1: Formulações Ecológicas para Concretos de Ultra Alto ... · Título: Formulações Ecológicas para Concretos de Ultra Alto Desempenho Pesquisador responsável: Carlos Antônio

Título: Formulações Ecológicas para Concretos de Ultra Alto Desempenho

Pesquisador responsável: Carlos Antônio da Rocha

RESUMO

A utilização de concretos de alto desempenho tem se expandido nos últimos anos,

predominantemente em obras de maior arrojo arquitetônico. Em particular, os concretos de pós

reativos (CPR), classificados como de ultra alto desempenho, tem sido alvo de muitas

publicações. O CPR caracteriza-se pela ausência de agregados graúdos, utilização de partículas

com diâmetro máximo de 2 mm, ausência de vazios na matriz e resistência à compressão em

torno de 150 MPa, podendo chegar, em condições especiais, a 800 MPa. Entretanto, um ponto

negativo relacionado a esse tipo de concreto é a sua elevada utilização de cimento por metro

cúbico, tornando-o alvo de críticas ambientais, por conta da alta taxa de emissão de CO2 na

fabricação do cimento. Nesse cenário, a presente linha de pesquisa estuda o comportamento de

concretos de pós reativos, onde parte do cimento é substituída por um material pozolânico (MP),

tais como as cinzas volantes e o metacaulim. O método consiste em substituir parcelas

crescentes de cimento por MP na produção de concretos de pós reativos e comparar o

comportamento desse novo concreto com amostras sem substituição. Uma outra vertente

ecológica na produção de CPR é a utilização de água de reuso na produção de novos concretos.

Existem estimativas de que o volume médio mensal de resíduos para descarte em uma usina de

concreto está em torno de 2% de sua produção mensal. Os efluentes oriundos da lavagem dos

caminhões betoneira são os que merecem maior atenção, devido ao grande volume de água

destinado para essa lavagem. A linha de pesquisa aqui proposta estuda a reutilização dessas

águas residuais para a produção de novos concretos, dispensando tratamentos prévios. Estudos

iniciais realizados para concretos padrão, com resistência à compressão ao redor de 30MPa,

não indicaram qualquer perda nas propriedades do concreto produzido, viabilizando a

reutilização de águas residuais do processo de lavagem sem que sejam realizados quaisquer

tipos de tratamentos ou separação dos sólidos incorporados. Entretanto, tal verificação ainda

não foi realizada para o CPR. Pretende-se aqui avaliar a qualidade do CPR produzido com águas

de reuso, através de ensaios para sua fase fresca e para sua fase endurecida. O objetivo desses

ensaios é verificar se ocorreram indícios de possíveis alterações das propriedades do concreto

que venham acarretar queda no desempenho.