formulaçoes cosméticas contendo vitamina c

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KAROLLINE KRAMBECK Desenvolvimento de Preparações Cosméticas contendo Vitamina C Dissertação de Mestrado de Tecnologia Farmacêutica Área de especialidade Farmacotecnia Trabalho realizado sob orientação da Professora Doutora Maria Helena dos Anjos Amaral Julho, 2009

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Formulaçoes Cosméticas contendo Vitamina C

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  • KAROLLINE KRAMBECK

    Desenvolvimento de Preparaes Cosmticas

    contendo Vitamina C

    Dissertao de Mestrado de Tecnologia Farmacutica

    rea de especialidade Farmacotecnia

    Trabalho realizado sob orientao da Professora Doutora Maria Helena dos Anjos Amaral

    Julho, 2009

  • AUTORIZADA A REPRODUO INTEGRAL DESTA DISSERTAO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAO, MEDIANTE DECLARAO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

  • ii

    Todas as flores do futuro esto nas sementes de hoje.

    (Provrbio Chins)

  • iii

    Agradecimentos

    Professora Doutora Maria Fernanda Bahia, coordenadora do Mestrado em Tecnologia Farmacutica e a todos os Professores Doutores do Departamento de Tecnologia Farmacutica pela oportunidade do aprendizado.

    Professora Doutora Maria Helena dos Anjos Amaral pela sua total dedicao, apoio cientfico e pessoal, simpatia, ateno. Suas atitudes sero sempre lembradas com muito carinho e respeito.

    Doutora Maria Rosa Pena Ferreira e ao Professor Doutor Delfim Santos pelo incentivo e ajuda prestados.

    A meus pais que sempre me apoiaram, a terminar mais uma etapa da minha vida, sempre me estimulando, incentivando nos momentos de desnimo.

    minha irm querida, meu cunhado, e minha afilhada linda que vai nascer, pelo apoio e pelas brincadeiras que sempre me faziam sentir melhor.

    Ao Joel pela ajuda no laboratrio, apoio incondicional e amizade.

    Tatiana pela ajuda na preparao dos testes realizados no laboratrio.

    A meus amigos e colegas de mestrado, portugueses, brasileiros, moambicanos no importa a nacionalidade e sim a amizade, que sempre me apoiaram: Suzana, Luciana, Nessa, Rui, Barbarazinha, Cristiane, Raquel, Alberto, Antnio, Aleida.

    Enfim agradeo a Deus!

  • iv

    Resumo

    A vitamina C uma vitamina hidrossolvel, conhecida pelo seu potencial antioxidante e pela sua actividade na biossntese do colagnio. Quando aplicada topicamente apresenta tambm propriedades fotoprotectoras, sendo por este motivo muito utilizada na preveno e no tratamento anti-envelhecimento. Contudo, apresenta diversos problemas de estabilidade, nomeadamente na presena de luz, oxignio e altas temperaturas.

    Este trabalho consistiu no desenvolvimento de cremes e geles base de silicones, contendo Vitamina C, com o intuito de obter produtos com boas propriedades cosmticas e elevada estabilidade fsica e qumica. Foram desenvolvidos cremes gua/silicone, cremes gua/silicone/gua, cremes anidros (propilenoglicol/gua) e geles de silicone.

    Os silicones so muito utilizados pelas indstrias cosmticas e farmacuticas devido s suas excelentes propriedades sensoriais, baixa oleosidade, fcil aplicao, espalhabilidade e suavidade sobre a pele.

    As formulaes desenvolvidas foram analisadas em termos da sua estabilidade fsica e qumica atravs de ensaios de estabilidade acelerada por centrifugao, textura, reologia e doseamento do teor de vitamina C.

    Os resultados obtidos demonstraram que possvel preparar uma formulao com vitamina C base de silicones, com caractersticas sensoriais adequadas e boa estabilidade. Das vrias formulaes desenvolvidas, o creme anidro propilenoglicol/silicone foi o que apresentou resultados mais satisfatrios.

    Palavras chave: vitamina C, silicones, emulses, geles, estabilidade

  • v

    Abstract

    Vitamin C is a water soluble vitamin known by its antioxidant properties and activity on the collagen biosynthesis. When applied topically, this vitamin also presents photoprotection properties, acting in anti-aging prevention and treatment. However, it is an unstable compound which undergoes oxidation due to light exposure, oxygen and high temperatures.

    The aim of this work was the development of silicone creams and gels, containing vitamin C, in order to obtain good cosmetic products with high physical and chemical stability. Water/silicone creams, water/silicone/water creams, propylene glycol/silicone creams and silicone gels were prepared. Silicones are hydrophobic excipients extensively used in cosmetic and pharmaceutical industries due to their excellent sensorial properties like smoothness and absence of greasiness.

    Physical and chemical stability of the developed formulations was performed using the following determinations: accelerated stability by centrifugation, texture, rheology and vitamin C quantification.

    Results obtained showed that it is possible to prepare a stable silicone based formulation containing vitamin C with suitable skin properties. Besides, the propylene glycol/silicone cream was the formulation which presented the best characteristics.

    Key words: vitamin C, silicones, emulsions, gels, stability

  • vi

    ndice de figuras

    Figura 1: Tratamentos para o fotoenvelhecimento categorizados por estratgia de preveno (Rabe, 2006)..15

    Figura 2: Estrutura geral dos silicones (Assis, 2008)..22

    Figura 3: Fotomicrografia da Vitamina C (Salvador, 2007)...26

    Figura 4: Degradao do cido ascrbico....30

    Figura 5: Comportamento reolgico dos materiais (Castro, 2001)...41

    Figura 6: Exemplo de comportamento tixotrpico (Laba, 2003)42 Figura 7: Viscosmetro Thermo Haake VT550..............................................................43

    Figura 8: Fora versus tempo.44

    Figura 9: Texturmetro Stable Micro Systems TA-XT2i.46

    Figura 10: Volume de sobrenadante das amostras aps centrifugao..50

    Figura 11: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S armazenado a 20C e a 40C.....51

    Figura 12: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.....52

    Figura 13: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S/A armazenado a 20C e a 40C..52

    Figura 14: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S/A com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.....53

    Figura 15: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme anidro P/S armazenado a 20C e a 40C...53

    Figura 16: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme anidro P/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.54

  • vii

    Figura 17: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do gel de dimeticone armazenado a 20C e a 40C....54

    Figura 18: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do gel de dimeticone com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.....55

    Figura 19: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S armazenado a 20C e a 40C ......56

    Figura 20: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.....56

    Figura 21: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S/A armazenado a 20C e a 40C....57

    Figura 22: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S/A com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.57

    Figura 23: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme P/S armazenado a 20C e a 40C58

    Figura 24: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme P/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.59

    Figura 25: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do gel de dimeticone armazenado a 20C e a 40C.....60

    Figura 26: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do gele de dimeticone com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.60

    Figura 27: Firmeza (N) das bases dermatolgicas armazenadas a 20C...62

    Figura 28: Adesividade (N.mm) das bases dermatolgicas armazenadas a 20C....62

    Figura 29: Firmeza (N) das bases dermatolgicas armazenadas a 40C......64

    Figura 30: Adesividade (N.mm) das bases dermatolgicas armazenadas a 40C64

    Figura 31: Firmeza (N) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C.66

    Figura 32: Adesividade (N.mm) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C....66

  • viii

    Figura 33: Firmeza (N) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 40C.68

    Figura 34: Adesividade (N.mm) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 40C....68

    Figura 35: Reograma do creme A/S..69

    Figura 36: Reograma do creme A/S com vitamina C 70

    Figura 37: Reograma do creme A/S/A..71

    Figura 38: Reograma do creme A/S/A com vitamina C.........71

    Figura 39: : Reograma do creme anidro...72

    Figura 40: Reograma do creme anidro com vitamina C.73

    Figura 41: Reograma do gel de dimeticone..73

    Figura 42: Reograma do gel de dimeticone com vitamina C.74

    Figura 43: Reograma do creme anidro P/S a 40C 75

    Figura 44: Reograma do creme anidro P/S com Vit. C a 40C ....75

    Figura 45: Reograma do gel de dimeticone a 40C ..76

    Figura 46: Reograma do gel com Vit. C a 40C ..76

    Figura 47: Linearidade de resposta do detector..77

    Figura 48: Doseamento das amostras armazenadas a 20C...78

    Figura 49: Doseamento das amostras armazenadas a 40C...78

    Figura 50: Grfico box-plot correspondente ao doseamento do teor de vitamina C (%) das formulaes armazenadas a 20C.81

    Figura 51: Grfico box-plot correspondente ao doseamento do teor de vitamina C (%) das formulaes armazenadas a 40C..82

  • ix

    ndice de tabelas

    Tabela I: Composio de algumas emulses anidras....20

    Tabela II: Composio das emulses semi-slidas A/S (%, m/m)35

    Tabela III: Composio das emulses semi-slidas mltiplas A/S/A (%, m/m)..36

    Tabela IV: Composio das emulses semi-slidas com vitamina C (%, m/m).36

    Tabela V: Composio das emulses semi-slidas com vitamina C (%, m/m)..37

    Tabela VI: Composio das emulses semi-slidas anidras P/S (%, m/m)...38

    Tabela VII: Composio dos gis (%, m/m).38

    Tabela VIII: Factores que influenciam a viscosidade da emulso....45

    Tabela IX Bases dermatolgicas armazenadas a 20C..61

    Tabela X Bases dermatolgicas armazenadas a 40C...63

    Tabela XI Formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C 65

    Tabela XII: Formulaes contendo vitamina C armazenadas a 40C. 67

    Tabela XIII: Preparaes armazenadas a 20C..80

    Tabela XIV: Preparaes armazenadas a 40C..81

  • x

    Lista de abreviaturas

    AA: cido ascrbico

    ADN: cido desoxirribonucleico

    A/O: gua/leo

    A/O/A: gua/leo/gua

    ARNm: cido ribonucleico mensageiro

    A/S:gua/silicone

    A/S/A: gua/silicone/gua

    DC: Dow Corning

    DMF: dimetilformamida

    DMSO: dimetilsulfxido

    IL: interleucina

    NaCl: cloreto de sdio

    NF-KB: factor nuclear Kappa B

    nm: nanmetros

    O/A: leo/gua

    O/A/O: leo/gua/leo

    O/O: leo/leo

    PABA: cido para-aminobenzico

    PEG: polietilenoglicol

    pH: potencial de hidrognio

    P/O/A: propilenoglicol/leo/gua

    P/S: propilenoglicol/silicone

  • xi

    PPG: propilenoglicol

    PUVA: Psolarenos mais radiao ultravioleta A

    rpm: rotaes por minuto

    TNF: Factor de necrose tumoral

    UVA: radiao ultravioleta A

    UVB: radiao ultravioleta B

  • ndice

    1.OBJECTIVO DO TRABALHO.....14

    2.INTRODUO....14

    2.1. Emulses15

    2.2. Emulses mltiplas...17

    2.3. Emulses anidras..20

    2.4. Gis anidros...21

    2.5. Silicones..21

    2.6. Vitamina C..26

    3. PARTE EXPERIMENTAL....33

    3.1. Materiais e mtodos..33

    3.1.1. Matrias-primas e reagentes...33

    3.1.2. Equipamentos34

    3.2. Preparao das emulses semi-slidas e do gel.34

    3.2.1. Preparao das emulses semi-slidas gua/silicone (A/S).34

    3.2.2. Preparao das emulses semi-slidas mltiplas A/S/A35

    3.2.3. Preparao do gel.38

    3.3. Caracterizao das preparaes39

    3.3.1. Anlise das caractersticas organolpticas...39

    3.3.2. Estabilidade acelerada por centrifugao.39

    3.3.3. Ensaios de textura.40

    3.3.4. Ensaios reolgicos.......42

    3.3.5. Doseamento do teor de vitamina C46

  • 13

    4.RESULTADOS E DISCUSSO...48

    4.1. Anlise organolptica48

    4.2. Estabilidade acelerada por centrifugao.50

    4.3. Textura ...51

    4.4. Ensaios reolgicos....69

    4.5. Doseamento do teor de vitamina C....77

    5.CONCLUSES...83

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..85

    ANEXOS.....93

    GLOSSRIO......94

  • 14

    1. OBJECTIVO DO TRABALHO

    O presente trabalho teve como objectivo o desenvolvimento de emulses simples, emulses mltiplas, emulses anidras e gis silicnicos estveis, contendo vitamina C e a sua caracterizao qumica, fsica e mecnica.

    2. INTRODUO

    A pele tem diversas funes como: invlucro dos tecidos e fluidos corporais, proteco do meio externo, aco na atraco sexual (atravs das secrees apcrinas), recepo dos estmulos externos e conservao da homeostasia (Prista, 1992).

    A partir dos 20 anos, sem que se aperceba, a pele comea a perder lentamente algumas propriedades de resistncia e de autoregenerao. um processo lento e irreversvel, que distinto segundo o tipo de pele. Dependendo de uma srie de diversas causas endgenas (envelhecimento cronolgico) e exgenas (fotoenvelhecimento), o envelhecimento cutneo pode mostrar sinais j aos 30 anos ou ser quase imperceptvel aos 60 anos. As causas do envelhecimento da pele esto relacionadas com a idade, com factores ambientais e com o modo de vida (Buchli, 2002).

    O tratamento mdico e a interveno no fotoenvelhecimento podem ser categorizados com base na preveno. A preveno primria refere-se reduo dos factores de risco. A meta da preveno secundria a deteco precoce dos sinais de envelhecimento, para permitir uma interveno positiva e para prevenir, adiar, ou atenuar os seus efeitos. A preveno terciria o tratamento de uma situao existente, destinando-se a melhorar os sinais do envelhecimento ou atrasar o seu progresso (Rabe, 2006). Na Figura 1, est representada uma tabela com os possveis tratamentos para o fotoenvelhecimento.

  • 15

    Figura 1: Tratamentos para o fotoenvelhecimento categorizados segundo a estratgia de preveno (Rab, 2006).

    A vitamina C um dos antioxidantes mais utilizados actualmente. O uso tpico de vitamina C no um conceito novo. As primeiras publicaes referentes ao uso tpico desta vitamina datam de 1960. No entanto, s mais recentemente se tem atribudo maior valor a essa via de aplicao. A indstria cosmtica detm um conhecimento longo dos efeitos desta vitamina no colagnio e sobre toda a epiderme e derme, no processo de cicatrizao e sobre a actividade antioxidante (Manela-Azulay, 2003).

    2.1.Emulses

    Uma parte importante da aceitao de um produto cosmtico ou farmacutico reside na forma farmacutica utilizada que se adeqe com notvel preciso s suas funes. As emulses so na actualidade um dos veculos mais utilizados na elaborao de produtos cosmticos, porque apresentam uma srie de vantagens das quais podemos

  • 16

    destacar: a grande afinidade pelo manto epicutneo que recobre a superfcie da pele; a possibilidade de incorporar simultaneamente num mesmo produto substncias hidrfilas e lipfilas e o facto de podermos obter veculos com diferente textura, consistncia e capacidade de penetrao. Alm disso, conseguem mascarar o sabor e a textura desagradveis de alguns frmacos e aprimorar a absoro, a estabilidade, as propriedades teraputicas e a capacidade de disperso dos componentes activos da formulao (Morrison, 2002).

    Emulses so sistemas heterogneos, termodinamicamente instveis, definidos como a mistura ntima de dois lquidos imiscveis, um dos quais est disperso no outro na forma de gotculas de dimetros compreendidos entre 0,5 a 100nm (Pinho, 1998; Sales, 2001). A fase que se apresenta dividida numa emulso denominada fase interna, dispersa ou descontnua, da mesma forma que o lquido que cerca as gotculas designado como fase externa, dispersante ou contnua (Prista, 2008). No entanto, para que possam ser aplicadas nas mais diversas reas como a cosmtica, a farmacutica e a qumica em geral, as emulses devem apresentar um perodo definido e pr-determinado de estabilidade fsico-qumica (Morrison, 2002).

    De acordo com a hidrofilia ou lipofilia da fase dispersante, estes sistemas classificam-se em leo em gua (O/A) ou gua em leo (A/O) (Morrison, 2002; Pinho, 1998). tambm possvel preparar emulses mltiplas do tipo A/O/A ou O/A/O, mas sero referidas mais adiante.

    Os principais elementos das emulses so os que compem a fase aquosa, a fase oleosa e os emulsionantes, podendo ainda ser incorporados compostos com finalidades especficas (Silva, 1996).

    A adsoro de um emulsionante na interface leo/gua, pelo abaixamento da tenso interfacial durante a preparao, auxilia a disperso do leo em gotculas de pequeno tamanho e ajuda a manuteno das partculas no estado disperso. Geralmente, misturas de agentes emulsionantes formam sistemas mais estveis do que tensioactivos isolados, provavelmente devido formao de um complexo na interface que resulta numa pelcula estabilizadora mais resistente (Pinho 1998).

    A degradao microbiana das emulses evitada pela incluso de quantidades adequadas de conservantes na formulao. As preparaes que contm gua permitem um maior crescimento microbiano do que as anidras. Os conservantes mais utilizados em

  • 17

    preparaes tpicas so o metilparabeno, o propilparabeno, os fenis, o cido benzico, o cido srbico e os sais de amnio quaternrio (Allen Jr, 2007).

    A contaminao das emulses por microrganismos pode afectar as propriedades fsico-qumicas do produto, causando problemas como alteraes da cor e odor, hidrlise dos leos, alteraes de pH da fase aquosa e ruptura da emulso (Aulton, 2005).

    As caractersticas desejveis para um conservante para uso tpico incluem:

    Ausncia de actividade txica, irritante ou sensibilizante;

    Amplo espectro de actividade contra bactrias, fungos e leveduras;

    Estabilidade e eficcia dentro de uma ampla faixa de pH e temperatura;

    Actividade bactericida, em vez de bacteriosttica;

    Compatibilidade com todos os componentes da formulao e com a embalagem (Aulton, 2005).

    2.2. Emulses mltiplas

    As emulses mltiplas so sistemas complexos compostos por duas emulsificaes, onde os dois tipos de emulses (A/O e O/A ou O/A e A/O) existem simultaneamente, constituindo emulses do tipo A/O/A ou O/A/O (Florence, 1982; Otomosho, 1990; Pianovski, 2008). So emulses nas quais a fase dispersa contm pequenas gotas de uma outra fase dispersa no seu interior (Morais, 2008). So tambm conhecidas como emulses de emulses (Vasiljevic, 2005), emulses duplas ou triplas (Khan, 2006; Aserin, 2007).

    Uma emulso A/O/A contm emulses do tipo A/O e O/A, sendo necessria a presena de pelo menos dois emulsionantes, um predominantemente hidrfobo, estabilizando a emulso primria A/O e um que predominantemente hidrfilo que vai estabilizar a emulso secundria do tipo O/A. Os emulsionantes hidrfobos e hidrfilos so adicionados na fase oleosa e na fase aquosa, respectivamente (Jiao, 2002).

  • 18

    Segundo Morais (2008), as emulses podem ser classificadas de acordo com sua morfologia em: Tipo A, gotculas mltiplas que apresentam uma nica gotcula grande interna; Tipo B, gotculas mltiplas que apresentam quantidade razovel de gotculas pequenas internas e Tipo C, gotculas mltiplas que apresentam grande quantidade de gotculas pequenas internas. As do tipo C so as mais teis para o emprego como veculos cosmticos e/ou farmacuticos (Vasiljevic, 2005).

    As emulses mltiplas possuem diversas vantagens que fazem delas ptimos sistemas para a libertao controlada ou prolongada de substncias activas, desempenham funes de proteco em relao s condies ambientais externas, possibilitam a incorporao de substncias incompatveis num nico produto, demonstrando terem um maior poder de encapsulao de substncias activas hidrfilas ou hidrfobas, em relao a outros sistemas. Estas emulses demonstram ter um alto grau de biocompatibilidade e possuem baixa toxicidade porque os produtos txicos resultantes da degradao do veculo encontram-se em quantidades vestigiais (Morais, 2008; Jiao, 2002; Vasiljevic, 2005; Farahmand, 2006; Pianovski, 2008; Khan, 2006; Akhtar, 2008; Denine, 1996).

    A estabilidade das emulses mltiplas depende das variveis presentes na formulao e no processo de obteno. influenciada por diversos factores: composio da formulao, tamanho das gotculas, presso osmtica, fora e propriedades do filme interfacial do emulsionante, viscosidade, volume de fases adicionado, fora inica e presena de electrlitos (Avendano-Gomez, 2005; Baillet, 1994; Ozer, 2000).

    Segundo Baillet et al. (1994) a estabilidade tambm poderia ser ampliada em funo do aumento da viscosidade da fase dispersante e da diminuio do tamanho das gotculas mltiplas dispersas. Contudo, o tamanho das gotculas no poderia ser muito reduzido, pois promoveria um aumento pronunciado da rea de superfcie de contacto, descaracterizando a emulso mltipla.

    A influncia da velocidade e do tempo de adio da emulso fase externa, sobre o tamanho das gotculas formadas, deve ser considerada para o processo de re-emulsificao. Um perodo de tempo insuficiente pode produzir gotculas muito grandes, inaceitveis para a estabilidade do sistema, enquanto perodos prolongados podem formar emulses com gotculas consideravelmente pequenas, porm no mltiplas (Fox, 1986; Davis, 1987).

  • 19

    Um dos factores responsveis pela instabilidade das emulses mltiplas a migrao dos tensioactivos de uma interface para a outra (Axel, 2006; Pianovski, 2008).

    A degradao fsica de emulses A/O/A pode ocorrer devido aos seguintes factores: coalescncia das gotculas da fase interna aquosa; coalescncia das gotas oleosas que as circundam; ruptura da pelcula oleosa que separa as fases externa e interna; fluxo osmtico da gua para dentro e para fora das gotculas internas (Florence, 2003).

    Concentraes de electrlitos entre 0,5% e 3% ajudam a reduzir o tamanho das gotculas, aumentando a estabilidade das emulses de silicone, podendo ser utilizados como electrlitos: o citrato de sdio, o sulfato de magnsio, o tetraborato de sdio ou o cloreto de sdio (Kasprzak, 2001).

    A aplicao de emulses mltiplas pelas cincias cosmtica, farmacutica e qumica em geral tem as suas limitaes no que diz respeito a dificuldades em caracterizar e elucidar os parmetros envolvidos na sua estabilidade e nos seus mecanismos de libertao e de obteno (Laugel, 1998).

    Luca et al. (1990) relataram que a possibilidade de introduzir ingredientes activos na fase aquosa interna e externa permite um perfil de libertao com aco prolongada e imediata numa mesma formulao, pois a libertao prolongada do activo contido na fase dispersa mais interna esperada pelo facto deste ter que transpor duas interfaces. Com isto, obtm-se benefcios em termos de cintica de libertao do activo e possibilita-se a reduo nas dosagens e no nmero de aplicaes usuais do produto cosmtico e/ou farmacutico.

    Denine et al. (1996) desenvolveram emulses mltiplas A/O/A estveis que continham substncias hidratantes da pele, incluindo cido gliclico, ureia e sulfato de magnsio hidratado, introduzidos na fase aquosa interna. Estes autores utilizaram como tensioactivo lipfilo o cetil dimeticone-copoliol (Abil EM90), e como tensioactivo hidrfilo um copolmero de xido de etileno e de propileno (Synperonic PE/F127). As emulses foram armazenadas a 4C e a 50C durante 30 dias e no apresentaram modificaes nos aspectos macroscpicos nem microscpicos.

    Doucet et al. (1998), utilizaram nos seus estudos o Abil EM90 como tensioactivo lipoflico para formar emulses mltiplas A/O/A e emulses simples O/A contendo cafena. Foram utilizados 1,6% de Abil EM90 para formar uma emulso estvel.

  • 20

    Verificaram-se diferenas evidentes entre as duas formulaes, visto que a cafena um frmaco hidrfilo. A emulso mltipla reduziu a penetrao de cafena comparativamente com a emulso simples. Estes ensaios foram realizados in vitro, utilizando clulas de difuso de Franz.

    2.3. Emulses anidras

    As emulses podem ser formuladas sem uma fase aquosa, para produzir emulses anidras, no-aquosas ou leo em leo (O/O) (Inhoff, 1997). H relativamente poucas publicaes de emulses anidras. Em 1960 Hamil e Petersen estudaram emulses de leo de oliva e glicerina, em 1973 h relatos feitos por Reichman e Petersen de emulses de glicerina e leo mineral, mais recentemente Sakthivel e colaboradores em 2001 estudaram emulses de alcanos em formamida emulsificados com polisorbato 20. Na Tabela I apresentam-se alguns exemplos de estudos com emulses anidras (Suitthimeathegorn, 2005).

    Tabela I: Composio de algumas emulses anidras (Florence, 2003).

    Fase dispersa Fase contnua

    Dodecano Formamida Imhof (1997)

    Dodecano DMSO Imhof (1997)

    Cristal lquido + leos de silicone

    leo de silicone + Cristais lquidos

    Loudet (2000)

    Dodecano Formamida Sakthivel (2001)

    leo de rcino Dimeticone Suitthimeathegorn (2005)

    leo de rcino Ciclopentasiloxano Suitthimeathegorn (2005)

    Dimeticone leo de rcino Suitthimeathegorn (2005)

  • 21

    Emulses com a fase contnua polar como o dimetisulfxido (DMSO), a dimetilformamida (DMF) e a formamida tm muito mais similaridade com sistemas aquosos que com sistemas compreendendo dois leos no-polares. Dado que os hidrocarbonetos e a formamida so farmacuticamente materiais instveis, os silicones comearam a ser utilizados em diversos estudos. Os principais silicones estudados so o ciplopentasiloxano e o polidimetilsiloxano. (Suitthimeathegorn, 2005).

    Em estudos feitos por Suitthimeathegorn et al. (2005), foram formuladas emulses anidras para liberao prolongada, utilizando leo de rcino como veculo da fase dispersa e dimeticone ou ciclopentasiloxano como fase contnua. Para estabilizar as emulses foram utilizados emulsionantes silicnicos como o Ciclometicone/PEG/PPG-18/18 Dimeticone (DC3225C), o Ciclopentasiloxano/PEG/PPG-18/18 dimeticone (DC5225C) e o Ciclopentasiloxano/PEG-12 dimeticone crospolmero (DC 9011). Estas emulses demonstraram oferecer inmeras vantagens como reservatrio para frmacos lipfilos em sistemas de liberao modificada.

    2.4. Gis anidros

    Um gel anidro um sistema gelificado obtido a partir de um agente gelificante e de um lquido hidrfobo. Geralmente utilizada a slica coloidal como agente gelificante. A aplicao destes gis investigada em muitas reas como a qumica orgnica, a qumica ambiental e tambm na rea farmacutica e cosmtica. Tambm so chamados de gis hidrfobos, organogeles ou oleogeles. Um tipo especial de oleogel baseia-se em sistemas silicnicos (Paye, 2001; Almeida, 2006; Nostro, 2007).

    2.5. Silicones

    Os silicones so polmeros sintticos em que os tomos de silcio esto ligados por um tomo de oxignio, criando macromolculas. Por analogia s cetonas, o nome silicone (do ingls Silicon + Ketone) foi atribudo por Frederick Stanley Kipping, Qumico

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    ingls nascido em Manchester, pioneiro da sntese do silicone (1904) e dos seus derivados orgnicos (Dias, 2004).

    O principal tipo de silicone constitudo por cadeias lineares de tomos de silcio e oxignio alternados (siloxanos) com radicais metilo ligados aos tomos de silcio, conforme a Figura 2.

    Figura 2 : Estrutura geral dos silicones (Assis, 2008).

    * onde n varia de 1 a 40.000 nos leos,

    * R1 e R2 so geralmente os radicais orgnicos: metilo, fenilo, vinilo, fluoropropilo, hidroxilo, halognio.

    Silicone o nome genrico para muitas classes de polmeros de organosilicone com repetio de unidades de siloxano (Si-O). Dependendo do tamanho das molculas, estes materiais podem ser volteis ou no-volteis. Pode ocorrer a introduo de vrios grupos funcionais tais como fenilo, alquilo ou politer. Em geral, as propriedades fsico-qumicas dos silicones conduzem a um impressionante conjunto de propriedades e benefcios, incluindo a reduo da adesividade, a reduzida sensao gordurosa ou oleosa (Flynn, 2001), a permeabilidade, a lubrificao da pele (Cheng, 2008), um efeito barreira (para proteco) e fcil espalhamento na superfcie da pele (Mehta, 2008).

    A nomenclatura dos silicones feita por analogia com a qumica orgnica pura. Assim, chama-se silano ao derivado de SiH4, produto que possui paralelismo na srie aliftica com o metano (CH4). Seguem alguns exemplos: Si3H8 o trissilano, j na qumica o composto correspondente o C3H8 que o propano, Silanol (R3SiOH) que em qumica lcool (R3COH) (Prista, 2008).

    Os silicones tiveram a sua apario nos anos 50 do sculo XX com o papel de agentes anti-espuma. O primeiro produto cosmtico contendo silicone foi lanado em 1952 - um creme para as mos contendo dimeticone para formar uma barreira protectora. A seguir vieram alisantes capilares (1953), protectores solares e spray modelador de

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    cabelos (1954), spray antiperspirante (1970), stick antiperspirante (1975), entre outros (Donolato, 2000). No entanto, o seu verdadeiro sucesso foi anunciado nos anos 80 com o aparecimento dos champs 2 em 1. Hoje em dia um em cada dois cosmticos contm na sua formulao um derivado dos silicones, o que mostra bem a sua enorme influncia (Barata, 2002).

    Os silicones tm a propriedade de se espalharem sobre a epiderme tal como os hidrocarbonetos (vaselina lquida e parafina) mas, ao contrrio destes, formam uma pelcula muito fina e com um toque seco (Paye, 2006). Esta qualidade deve-se prpria estrutura dos silicones que so cadeias de polmeros independentes umas das outras. Consequentemente, quando aplicados sobre a pele, as cadeias deslizam umas sobre as outras de forma a permanecer apenas uma camada fixa epiderme. Ao contrrio, os hidrocarbonetos ou leos clssicos ficam colados uns aos outros, criando uma pelcula no uniforme e de espessura varivel que confere ao produto um toque viscoso e gorduroso (Barata, 2002).

    Com o aumento da polimerizao, os silicones tornam-se mais viscosos e as classes so distinguidas por nmeros que correspondem aproximadamente viscosidade de uma classe particular (Martindale, 1982).

    As emulses A/O so geralmente reconhecidas como gordurosas e pouco agradveis devido elevada untuosidade dos constituintes, o que as torna pesadas e pegajosas ao tacto. Para formular emulses A/O recorre-se actualmente a ingredientes untuosos e emulsionantes que permitam a elaborao de formulaes com um toque leve e agradvel. Os silicones apresentam uma muito fraca tenso superficial 1,6x10-6 a 2,1x10-6 N.m-1, propriedade que tem sido aproveitada para que estes funcionem como anti-espuma nos produtos sujeitos a grande agitao como o caso dos cremes e das suspenses (Barata, 2002).

    O principal papel dos silicones nos produtos emulsionados, actualmente, o de tirar o aspecto oleoso e proporcionar uma sensao leve, substituindo grande parte ou mesmo todos os componentes gordos por derivados de leos de silicone. A sensao leve conseguida com a reduo das ceras normalmente requeridas para estabilizar os componentes gordos emolientes, e a utilizao de emulsionantes de silcio orgnico. As emulses mltiplas do tipo O/A/O tambm podem ser preparadas recorrendo ao emulsionante A/O de silcio orgnico (Dias, 2004).

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    Numa experincia de avaliao cosmtica realizada pela Dow Corning em que se substituiu o leo pela mesma quantidade de ciclometicone e dimeticonol (Dow Corning, 1401) foi possvel verificar a evidncia das qualidades da goma de silicone, perante a cor (ficava mais transparente), espalhamento e absoro mais fcil, menor brilho, pelcula substancialmente mais fina perfeitamente adequada para os leites e cremes leves e pouca sensao gordurosa (Barata, 2002).

    Os silicones so pouco rgidos, a sua viscosidade no se altera significativamente, mesmo com uma elevao de temperatura. Do mesmo modo, a -70C no se modifica grandemente a fluidez de muitos leos de silicone e alguns elastmeros (silicones de borracha) podem resistir sem variao de plasticidade at -50C (Prista, 2008).

    Outra propriedade dos silicones utilizados nos produtos cosmticos e de dermofarmcia consiste em serem totalmente permeveis ao vapor de gua e formarem simultaneamente uma pelcula protectora e resistente gua. Verifica-se assim que a incorporao de dimeticone ou ciclometicone em produtos cosmticos no tem interferncia na respirao da pele. Esta propriedade aproveitada na formulao de preparaes em que se pretende um efeito protector em relao ao meio externo sem afectar o funcionamento fisiolgico da pele. Assim, contrariamente aos oclusivos comuns (hidrocarbonetos ou leos), o efeito antidesidratante ou oclusivo no se verifica com os silicones, qualquer que seja o grau de polimerizao destes. Verificou-se com efeito, que tanto o leo de dimeticone de peso molecular reduzido como a goma de dimetilsilicone, proporcionam a mesma capacidade de permeabilidade ao vapor de gua (Barata, 2002). A sua alta permeabilidade deve-se ao facto da sua cadeia principal ser flexvel e quando a cadeia de siloxano substituda totalmente com grupos metilo como ocorre com o dimeticone, h uma pequena atraco intermolecular e intramolecular devido baixa polaridade dos grupos metilo. A permeabilidade dos polidimetilsiloxanos pode ser modificada fazendo reagir no esqueleto do siloxano compostos com diferentes cadeias hidrocarbonadas de maior ou menor comprimento (Raul, 2006).

    Os silicones fixam-se superfcie de vrios materiais, principalmente vidro, tornando-os hidrfobos, propriedade comum aos leos minerais. O mecanismo de fixao dos silicones leva a que o grupo siloxano se oriente para a superfcie de contacto, ao passo que os radicais orgnicos hidrfobos se voltam para o exterior. (Prista, 2008).

    Entre os agentes emulsivos utilizados na preparao de cremes, e com bons resultados, na emulsificao dos silicones, podem utilizar-se: misturas de polissorbatos

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    com Spans, como, por exemplo, a associao de Tween 20 com Span 80 em partes iguais. Tambm podem ser utilizados os lauratos de polioxietilenos (G-2125 e G-2126 da Atlas Powder Co.), sendo obtidas boas emulses O/A com 4% da mistura emulgente constituda por 28% do primeiro laurato e 72% do segundo (Prista, 2008).

    As emulses de gua em silicone no contm leos gordos na sua composio, sendo adequadas para veicular substncias activas em produtos para peles acnicas ou oleosas. Estas formulaes apresentam as caractersticas tpicas dos silicones, destacando-se a sua alta evanescncia e fcil aplicao, espalhabilidade e suavidade sobre a pele. No entanto, sensaes de adesividade excessiva e de toque gorduroso no so observadas nesses produtos (Acofarma, 2007).

    Os grupos funcionais modificados anexados estrutura dos silicones podem classificar estes em tensioactivos silicnicos no-inicos e tensioactivos silicnicos inicos (Somasundaram, 2007).

    O ciclometicone possui muitos benefcios, por exemplo no gorduroso, no deixa resduos oleosos, fornece sensao sedosa suave pele e apresenta baixa aderncia (Dow Corning, 2008). O Ciclometicone , provavelmente, o silicone mais utilizado na indstria cosmtica da actualidade (Metha, 2009). Este lquido altamente voltil proporciona agradvel sensao na aplicao sobre a pele e encontra-se presente tambm nas preparaes para o cabelo, ao qual confere brilho. A concentrao geralmente empregue em cosmticos de 0,1% a 50%, no apresentando problemas de toxicidade ou irritabilidade. lmpido, incolor e no absorvido pela pele (Rowe, 2003).

    O dimeticone (leo de silicone, polidimetilsiloxano, PDMS) um silicone de cadeia linear com substituintes metilo, e pode conter de 20 a 400 unidades monomricas (Stevens, 2001), sendo a viscosidade deste produto relacionada com o tamanho das cadeias polimerizadas e com a respectiva massa molecular. O dimeticone e outros substitutos na forma lquida, fornecem caractersticas sensoriais particulares quando aplicados nas emulses em substituio dos leos minerais (Barata, 2002). Os dimeticones so utilizados na indstria cosmtica e farmacutica, em emulses tpicas, sendo adicionados fase oleosa (Rowe, 2003; Dayan, 2008).

    Embora sejam capazes de formar um filme protector e hidrorrepelente, os PDMS no so oclusivos, sendo permeveis a gases como o oxignio, e o nitrognio, e ainda ao vapor de gua (Reeth, 1998).

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    O Dimeticone copoliol-ciclometicone um lquido voltil, com odor caracterstico e constitudo por uma disperso de 10% de dimeticone copoliol (silicone de elevada massa molecular) contida no ciclometicone. utilizado na preparao de emulses com fase externa silicnica (A/S), conjuntamente com outros fluidos de silicone volteis, como o ciclometicone (Acofarma, 2006).

    O Abil WE 09 um emulsionante silicnico no inico, que age na fase externa das emulses, apresenta-se na forma de um lquido amarelo translcido com caractersticas oleosas e praticamente inodoro. constitudo por uma combinao de cetil-dimeticone-copoliol com o emulsionante orgnico poligliceril-4-isoestearato e com o agente emulsivo inorgnico hexil laurato (Baquerizzo, 2000).

    2.6. Vitamina C

    A vitamina C (cido L-ascrbico, AA ou cido hexurnico) apresenta-se na forma de p cristalino branco ou de cristais incolores, inodoros e sabor amargo, solvel na gua, lcool, e praticamente insolvel no ter (Merck, 1976; Farmacopeia Portuguesa, 2005).

    Figura 3: Fotomicrografia da Vitamina C (Salvador, 2007).

    A vitamina C (Figura 3) uma vitamina hidrossolvel existente em frutas ctricas e vegetais, sendo tambm o antioxidante mais abundante presente na pele (Cadenas, 2001, Gao, 2008). Os seres humanos e outros primatas so os nicos mamferos

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    incapazes de sintetizar esta vitamina. Nestes, a deficincia geneticamente determinada da gluconolactona oxidase impede a sntese do cido L-ascrbico a partir da glicose (Manela-Azulay, 2003).

    Hirst e Haworth, em 1933, descobriram a estrutura qumica da vitamina C. No mesmo ano de 1933, Reichstein e colaboradores publicaram as snteses do cido L-ascrbico e do cido D-ascrbico, que ainda hoje formam a base da produo industrial da vitamina C (Manela-Azulay, 2003).

    O cido ascrbico apresenta inmeros efeitos fisiolgicos na pele, entre os quais:

    a inibio da melanognese, resultando no clareamento de manchas da pele (ustria, 1997; Dalcin, 2003; Maia, 2006),

    a estimulao da sntese do colagnio (ustria, 1997; Maia, 2006; Lupo, 2001; Dalcin, 2003; Farahmand, 2006; Akhtar, 2008), actuando como co-factor nas reaces de hidroxilao da prolina e lisina, que so importantes aminocidos promotores da formao da conformao de tripla-hlice das fibras de colagnio do tecido conjuntivo (Maia, 2006; Dalcin, 2003),

    tem um importante papel na sntese da barreira lipdica do estrato crneo (ceramidas) (Akhtar, 2008),

    actua na preveno da formao dos radicais livres, devido sua propriedade antioxidante, os quais so os principais responsveis pelos efeitos prejudiciais das radiaes solares, no envelhecimento cutneo, consequentemente exercendo uma actividade anti-envelhecimento (Farafmand, 2006; Rozman, 2007; ustria, 1997; Gallarate, 1999; Maia, 2006; Akhtar, 2008; Dalcin, 2003; Lupo, 2001)

    possui um efeito anti-inflamatrio, podendo ser til no tratamento de dermatoses inflamatrias, doenas auto-imunes e doenas fotosensibilizantes (Perricone, 1993).

    Uma pele j com uma certa idade, em culturas ou in vivo, tem a sua produo de colagnio diminuda quando comparada com uma pele jovem. Alm disso, em culturas de fibroblastos da derme de indivduos idosos, a capacidade proliferativa na ausncia de AA perdida. Quando o AA adicionado nas culturas de fibroblastos e nas clulas de indivduos idosos, previamente num patamar do crescimento, estimulada a proliferao

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    e, em adio, aumenta a sntese de colagnio (Colven, 1996). Phillips, (1994), referiu que o AA era capaz de superar a capacidade proliferativa dos fibroblastos drmicos de indivduos idosos (78 a 93 anos), assim como aumentar a sntese de colagnio do tipo I e III para nveis semelhantes aos de clulas de recm nascidos (3 a 8 dias de vida).

    Recentemente tem sido proposto que o AA desempenha um papel importante na sntese quantitativa do colagnio ao mesmo tempo que estimula mudanas qualitativas na sua molcula. Uma verso deste conceito afirma que o AA pode estimular a sntese do colagnio, e esta directamente e especificamente activada pela regulao do gene do colagnio, ambos pela crescente taxa de transcrio e pela estimulao do RNAm do procolagnio (Colven, 1996). O AA estimula a sntese do colagnio especificamente aumentando os nveis de RNAm para 3 diferentes cadeias de pr-alfa, codificadas por genes que esto localizados em trs cromossomas distintos. A pr-alfa 1, no cromossoma 17, a pr-alfa 2 no cromossoma 7 e a pr-alfa 3 no cromossoma 2 (Manela-Azulay, 2003).

    Outro mecanismo de aco do AA pela iniciao da peroxidase lipdica. Neste caso, o AA age na capacidade pr-oxidante para a formao dos radicais livres (peroxidases) na membrana lipdica. Este aumento na peroxidao lipdica conduz a uma elevao no malondialdedo, um produto da peroxidao lipdica que de algum modo estimula a expresso do gene do colagnio (Colven, 1996).

    Os radicais livres so compostos altamente reactivos e instveis, que contm um nmero mpar de electres na sua rbita mais externa (Maia, 2001). So gerados a partir da radiao solar, do fumo e da poluio. Podem lesar os tecidos atravs de diversos mecanismos: alterao da permeabilidade da membrana celular, devido aco sobre os lpidos; aco sobre o ncleo celular, interferindo no ADN; activao de enzimas proteolticas, que actuam sobre os aminocidos, alterando estruturalmente as protenas ou aumentando a permeabilidade vascular, resultando em fotoenvelhecimento e fotocarcinognese (Dalcin, 2003; Manela-Azulay, 2003).

    Um tratamento tpico prolongado com AA pode resultar na activao da sntese de fibroblastos e diminuir as cicatrizes causadas pela idade, principalmente na regio peri-orbital (Lupo, 2001; Farahmand, 2006).

    No entanto, a aplicao tpica do AA pode apresentar uma eficcia reduzida na presena de luz, oxignio, altas temperaturas de armazenamento e altos valores de pH

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    (Gallarate, 1999; Maia, 2006; Dalcin, 2003). Alm disso, a reaco do AA com o oxignio fortemente catalisada por ies metlicos, particularmente ies cprico e frrico (Colven, 1996; Gallarate, 1999).

    A vitamina C em soluo aquosa sofre oxidao e degradada reversivelmente em cido deidro-L-ascrbico. Este cido formado pode ser oxidado irreversivelmente para cido 2,3-dicetogulnico que perde sua a actividade. O cido 2,3-dicetogulnico pode ser quebrado em cido oxlico e L-trenico, adquirindo uma colorao castanha, conforme a Figura 4 (Fox, 1998).

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    Figura 4: Degradao do cido ascrbico

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    Devido dificuldade de estabilizao do AA, foram elaborados vrios derivados. Contudo, no h derivados que demonstrem uma actividade maior do que o prprio. Os derivados com grupos steres possuem uma actividade vitamnica tanto menor quanto maior for o nmero de radicais substitudos. Por exemplo, o ascorbil 6-palmitato e o ascorbil fosfato de magnsio, so derivados do AA muito eficientes para uso oral, mas no so eficazes para formulaes tpicas, visto que o ascorbil 6-palmitato incapaz de converter-se em cido L-ascrbico, a forma activa da vitamina, e o ascorbil fosfato de magnsio no capaz de atravessar o estrato crneo (Manela-Azulay, 2003).

    Existem poucos estudos publicados mostrando o efeito tpico fotoprotector ultravioleta do AA sobre a pele humana. Num estudo com 10 indivduos sadios, o eritema ps-irradiao UVB foi reduzido naqueles que foram sujeitos a um pr-tratamento com vitamina C tpica (Murray, 1991).

    Darr et al. (1996) realizou estudos com uma combinao tpica de vitamina C com um filtro solar UVB (PABA) em pele de porco, e verificou uma reduo significativa no nmero de clulas queimadas pelo sol. Nestes trabalhos obtiveram-se ainda melhores resultados com a adio de vitamina E. Em outro estudo, com peles expostas ao tratamento PUVA (Psolarenos + UVA), o efeito da vitamina C foi aumentado significativamente pela vitamina E (estas vitaminas agem sinergicamente), (Gallarate, 1999) comparando com um filtro solar UVA/UVB (Oxibenzona). Contudo, foi demonstrado que a combinao de ambos os antioxidantes com a oxibenzona produziram efeito aditivo, protegendo quase completamente a pele da fototoxicidade.

    A incorporao de cido ascrbico em emulses mltiplas do tipo propilenoglicol/leo/gua (P/O/A) ou A/S/A, constitui uma boa estratgia para proteger esta vitamina da oxidao, sendo a sua estabilidade comprovada quando comparada com as emulses simples (Dalcin, 2003).

    Tambm foi proposta por Arnejo (2001) a elaborao de uma emulso mltipla do tipo gua/silicone/gua (A/S/A), preparada temperatura ambiente. Este sistema foi escolhido, devido a benefcios que se obtm atravs das propriedades fsico-qumicas dos silicones, alm das caractersticas de estabilidade que oferecem s formulaes de produtos para o tratamento da pele. Numa primeira fase, foi efectuada a mistura de silicones, a qual foi adicionada fase aquosa contendo cido ascrbico, sob forte agitao e temperatura ambiente, tendo sido obtida uma emulso simples A/S. Na segunda fase, a emulso A/S foi dispersa sobre outra fase aquosa contendo um

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    emulsionante no-inico (Ceteareth 20) e um gelificante (hidroxietilcelulose). Os estudos foram realizados durante 7 meses temperatura ambiente, e 3 meses temperatura de 40C. Os valores obtidos no doseamento de vitamina C demonstraram que a emulso mltipla actua realmente como uma cpsula, cumprindo o papel de barreira frente aco do oxignio, em comparao com a diminuio drstica que sofreu a concentrao de vitamina C na emulso simples.

    Os estudos feitos por Tokgoz (1996), demonstraram que sendo o cido ascrbico uma substncia hidrfila, a sua penetrao, quando veiculado numa emulso mltipla A/O/A, no foi reduzida, mas sim melhorada em comparao com a emulso simples O/A.

    Humbert et al. (2003) demonstraram a eficincia do AA quando aplicado em pele danificada pelas radiaes solar, em comparao com um placebo. Uma formulao de 5% de AA foi aplicada diariamente durante 6 meses, e houve uma melhoria significativa na aparncia clnica da pele fotoenvelhecida e redues significativas em rugas pequenas e em rugas grosseiras.

    Em estudos realizados por Elsner (2000) foi testado o efeito despigmentante da vitamina C atravs de ensaios in vivo e in vitro. A inibio da melanognese foi comprovada atravs do teste de reduo da melanina em clulas de cultura de melanoma B-16 e atravs da reduo da melanina em peixes goldfish (Carassius auratus).

    A vitamina C desempenha um importante papel anti-inflamatrio atravs da supresso da activao TNF-alfa induzida pela NF-KB, responsvel pela produo de um nmero de citocinas ps-inflamatrias (por exemplo, IL-1, IL-6 e IL-8). Segundo estudos publicados anteriormente, o AA na forma de srum e melatonina na forma de creme, aplicados diariamente em vrios tipos de ferimentos, incluindo lceras diabticas resistentes aos tratamentos convencionais, feridas mal curadas aps cirurgia reconstrutiva, quelides e queimaduras solares, demonstraram a sua forte aco anti-inflamatria (Petrou, 2006).

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    3.PARTE EXPERIMENTAL

    3.1.Materiais e mtodos

    No desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas as seguintes matrias-primas e equipamento:

    3.1.1. Matrias-primas e reagentes

    Vitamina C, Fagnon, Lote 0709136

    Dimeticone, Acofarma, Lote 052362Z-2

    Dimeticone copoliol-ciclometicone, Dow Corning, Lote 0002798476

    Ciclometicone, Dow Corning, Lote 0002883658

    Metilparabeno, J. Vaz Pereira S. A. , Lote GBGA039548

    Propilenoglicol, J. Vaz Pereira S. A. , Lote TG 121920D4

    Cloreto de sdio, Merck, Lote K35518404601

    Metabissulfito de sdio, Acofarma, Lote 062705Y-8

    Abil WE09, Acofarma, Lote 063584 Y-7

    Aerosil 200, J. Vaz Pereira S. A. , Lote 87564C

    Span 80, Acofarma, Lote 072295B7

    Tween 80, J. Vaz Pereira S. A. , Lote 609D0241

    Poloxmero, Basf, Lote WPYZ561B

    Clorofrmio, J. Vaz Pereira S. A. , Lote 7B128128C

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    3.1.2. Equipamento

    Agitador em hlice Heidolph RZR, Alemanha

    Agitador magntico Heidolph, Alemanha

    Centrfuga Eppendorf 5804, Alemanha

    Viscosmetro Thermo Haake VT550, Alemanha

    Texturmetro Stable Micro Systems TA-XT2i, Reino Unido

    Espectrofotmetro UV/Vis Jasco V-530, Japo

    Estufa Heraeus, Alemanha

    Estufa Astell, Reino Unido

    3.2. Preparao das emulses semi-slidas e do gel

    3.2.1. Preparao das emulses semi-slidas gua/silicone (A/S)

    Foram preparadas emulses simples A/S, cuja composio est apresentada na Tabela II, adicionando a fase aquosa mistura de silicones, mediante agitao a 800 rpm (agitador Heidolph RZR), durante 5 minutos.

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    Tabela II: Composio das emulses semi-slidas A/S (%, m/m)

    E1 E2 E3 E4

    Dimeticone 22 22 10

    Ciclometicone 10

    Dimeticone copoliol - ciclometicone 12 12

    Aerosil 200 0,5

    Metilparabeno 0,2 0,2 0,2 0,2

    Propilenoglicol 10 10 10 10

    Span 80 3 3

    gua purificada qbp 100 qbp 100 qbp 100 qbp 100

    3.2.2. Preparao das emulses semi-slidas mltiplas gua/silicone/gua (A/S/A)

    A preparao das emulses mltiplas, cuja composio se encontra descrita na Tabela III, foi realizada em duas etapas. A primeira etapa consistiu na preparao da emulso primria A/S, adicionando a fase aquosa mistura de silicones, mediante agitao a 800 rpm (agitador Heidolph RZR), durante 5 minutos. Posteriormente, procedeu-se preparao da emulso mltipla adicionando lentamente a fase aquosa externa a 80% da emulso A/S previamente preparada, sob agitao contnua de 600 rpm (agitador Heidolph RZR), durante 5 minutos.

    Na preparao das emulses mltiplas A/S/A partiu-se da emulso simples E3 como emulso primria, uma vez que esta demonstrou ser estvel, o que est de acordo com Su et al. (2006), que afirma que para se obter emulses mltiplas estveis fundamental utilizar emulses primrias tambm estveis. Das vrias frmulas apresentadas na Tabela III, apenas a E8 apresentou aspecto homogneo e consistncia adequada.

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    Tabela III: Composio das emulses semi-slidas mltiplas A/S/A (%, m/m)

    E5 E6 E7 E8

    Emulso primria E3 30 70 70 80

    Tween 80 2 2,5 2,5

    Poloxmero 1

    gua purificada qbp 100 qbp 100 qbp 100 qbp 100

    Para a incorporao da vitamina C foram seleccionadas a emulso simples E3 e a emulso mltipla E8 como bases dermatolgicas (Tabela IV). Na preparao destes cremes a vitamina C foi adicionada fase aquosa interna das emulses primrias.

    Tabela IV: Composio das emulses semi-slidas com vitamina C (%, m/m)

    Emulso E3B

    Vitamina C 1

    Dimeticone 10

    Dimeticone copoliol - ciclometicone 12

    Metilparabeno 0,2

    Propilenoglicol 10

    gua purificada qbp 100

    Emulso mltipla E3B1

    Emulso E3B 80

    Tween 80 2,5

    gua purificada qbp 100

  • 37

    Para reforar o poder anti-oxidante das preparaes com vitamina C, preparou-se tambm uma emulso A/S (E10) e uma emulso mltipla A/S/A (E10A) contendo metabissulfito de sdio (Tabela V).

    Tabela V: Composio das emulses semi-slidas com vitamina C (%, m/m)

    Emulso E10

    Vitamina C 1

    Dimeticone 10

    Dimeticone copoliol - ciclometicone 12

    Metilparabeno 0,2

    Propilenoglicol 10

    Metabissulfito de sdio 0,5

    gua purificada qbp 100

    Emulso mltipla E10A

    Emulso E3B 80

    Tween 80 2,5

    gua purificada qbp 100

    Foi tambm preparada uma emulso anidra propilenoglicol/silicone (P/S), na qual toda a gua foi substituda por propilenoglicol. A emulso foi preparada adicionando o cloreto de sdio e o metilparabeno ao propilenoglicol e posteriormente, adicionando lentamente esta mistura aos silicones mediante agitao a 800 rpm, durante 5 minutos (frmula F1). Aps a preparao da emulso anidra, procedeu-se incorporao da vitamina C, agitando durante 2 minutos (frmula F1A). As frmulas correspondentes s emulses anidras esto apresentadas na Tabela VI.

  • 38

    Tabela VI: Composio das emulses semi-slidas anidras P/S (%, m/m).

    F1 F1A

    Vitamina C 1

    Dimeticone 10 10

    Dimeticone copoliol - ciclometicone 12 12

    Metilparabeno 0,2 0,2

    Cloreto de sdio 0,5 0,5

    Propilenoglicol qbp 100 qbp 100

    No desenvolvimento deste trabalho foram preparadas outras formulaes que no originaram bons resultados. Estas formulaes encontram-se descritas em anexo.

    3.2.3. Preparao do gel de silicone

    Alm das emulses silicnicas foi tambm preparado um gel de dimeticone, utilizando Aerosil 200 como agente gelificante, tendo este excipiente sido disperso no silicone mediante agitao a 600 rpm, at aspecto homogneo. Posteriormente, procedeu-se incorporao da vitamina C no gel preparado. As frmulas respectivas esto representadas na Tabela VII.

    Tabela VII: Composio dos gis de silicone (%, m/m).

    G1 G1A

    Vitamina C 1

    Aerosil 200 4 4

    Dimeticone qbp 100 qbp 100

  • 39

    3.3. Caracterizao das preparaes

    A caracterizao das preparaes desenvolvidas consistiu na avaliao de propriedades fundamentais relacionadas com a aplicabilidade destes produtos a nvel cosmtico.

    Aps a preparao de lotes de 100 g da cada uma das formulaes, com e sem vitamina C), estas foram acondicionados em recipientes de plstico e armazenadas em estufa a 20C e a 40 C durante 90 dias. Alm da anlise das caractersticas organolpticas, as amostras foram submetidas a ensaios de estabilidade acelerada por centrifugao, viscosidade, textura e doseamento do teor de vitamina C.

    3.3.1. Anlise das caractersticas organolpticas

    Foram analisadas as caractersticas organolpticas de todas as formulaes preparadas, nomeadamente o aspecto, a cor e o cheiro, aps a preparao e ao fim de 30 e 90 dias de armazenamento a 20 e a 40C.

    3.3.2. Estabilidade acelerada por centrifugao

    Pode definir-se estabilidade de uma preparao farmacutica como o grau de resistncia da mesma s alteraes qumicas e fsicas. A eficcia de uma preparao farmacutica ou cosmtica deve permanecer constante (ou alterar-se apenas dentro dos limites legais), at data de expirao da validade. A maioria dos produtos de aplicao cutnea pode manifestar problemas de estabilidade especficos. Consequentemente, as tcnicas de envelhecimento utilizadas para avaliar a estabilidade destes produtos, muitas vezes, tm que ser adaptadas ao tipo de amostra para que possa ser detectada qualquer instabilidade e/ou alteraes nas propriedades da preparao.

    Existem vrios mtodos para avaliar a estabilidade de uma preparao no mais curto espao de tempo. Os ensaios de estabilidade acelerada permitem aumentar a

  • 40

    velocidade de alterao fsica ou qumica de um produto, utilizando condies de temperatura e humidade exageradas ou testes mecnicos.

    No mtodo da centrifugao, a fora da gravidade actua sobre os produtos, fazendo com que as suas partculas se movam no seu interior. A centrifugao produz stresse na amostra, simulando um aumento na fora de gravidade, aumentando a mobilidade das partculas e antecipando possveis instabilidades. Estas podero ser observadas na forma de precipitao, separao de fases, formao de sedimento compacto (caking), coalescncia, entre outras. As amostras so centrifugadas a temperatura, tempo e velocidade padronizados. Em seguida, procede-se avaliao visual (Agencia Nacional de Vigilncia Sanitria, 2007).

    Na realizao dos ensaios de estabilidade acelerada, as diferentes amostras foram colocadas em tubos graduados de 10 mL e submetidas a 2 ciclos de centrifugao (Centrfuga Eppendorf 5804) de 30 minutos cada a 5000 rpm. Os volumes de sobrenadante foram medidos ao fim de cada ciclo.

    3.3.3. Ensaios de textura

    A textura corresponde s caractersticas fsicas percepcionadas pelo sentido do tacto que esto relacionadas com a deformao provocada por uma fora e que so medidas em termos de fora, distncia e tempo.

    No desenvolvimento de preparaes para aplicao cutnea necessrio ter em considerao certos atributos que contribuem para a aceitao do produto e melhoria da sua eficcia. Esses atributos incluem as propriedades mecnicas como a adesividade e a espalmabilidade. No caso dos produtos farmacuticos e cosmticos para a anlise da textura geralmente realizado o teste de penetrao em que a sonda penetra a amostra a uma determinada velocidade e a uma distncia pr-definida, retornando depois para uma posio a uma distncia pr-determinada, acima da amostra. Na Figura 5 est representado um grfico tipo, fora versus tempo, cuja fora mxima (Fmx) corresponde firmeza e a rea negativa (A) corresponde adesividade do produto analisado.

  • 41

    Figura 5: Fora versus tempo.

    Os ensaios de textura das formulaes E3B, E3B1, F1A, G1A e das respectivas bases foram realizados utilizando um texturmetro (Figura 6) Stable Micro Systems TA-XT2i, operando nas seguintes condies:

    - Modo de compresso

    - Sonda cilndrica de 13 mm (P0.5)

    - Distncia de penetrao de 2 mm

    - Velocidade teste de 3 mm/s

    - Trigger force de 0,050 N

    Fmx

    Tempo A

  • 42

    Figura 6: Texturmetro Stable Micro Systems.

    3.3.4. Ensaios reolgicos

    Reologia a parte da fsica que investiga as propriedades e o comportamento mecnico de corpos que sofrem uma deformao (slidos elsticos) ou um escoamento (fluido) devido aco de uma tenso de cisalhamento, tenso de corte ou shear strees (num corpo sujeito a uma fora cortante, fora por unidade de rea da seco transversal do corpo).

    A viscosidade de um fluido pode ser descrita como a sua resistncia ao fluxo ou movimento. Ou seja, quanto maior a viscosidade, menor a velocidade com que o fluido se movimenta.

    = Equao 1

    Na equao 1, corresponde viscosidade, tenso de corte ou de cisalhamento e velocidade de corte.

    Os tipos de comportamento mecnico dos materiais podem ser: Newtonianos e no-Newtonianos, dependendo das suas propriedades de fluxo (Figura 7). O fluxo Newtoniano apresenta uma viscosidade constante, independente da fora aplicada. O

  • 43

    fluxo no-Newtoniano caracterizado pela alterao da viscosidade com o aumento de fora de cisalhamento aplicada. Este ltimo fluxo pode ser dividido em fenmenos independentes do tempo: fluxo plstico, pseudoplstico e dilatante; e em fenmenos dependentes do tempo: tixotropia e reopexia (Allen Jr, 2007).

    Os materiais pseudoplsticos ou reofluidificantes apresentam diminuio da viscosidade aparente com o aumento da tenso de cisalhamento. Os plsticos necessitam de uma tenso de cisalhamento mnima para iniciar o escoamento. Os dilatantes ou reoespessantes apresentam aumento da viscosidade aparente com o aumento da tenso de cisalhamento. Estes materiais comportam-se como um fluido (escoam) a baixas tenses de cisalhamento, mas podem tornar-se to rgidos (no escoam) como um slido quando submetidos a tenses de cisalhamento elevadas (Aulton, 2005).

    Figura 7: Comportamento reolgico dos materiais (Castro, 2001).

    Tixotropia a diminuio da viscosidade aparente com o tempo de cisalhamento, a uma taxa de cisalhamento constante. J os fluidos considerados reopticos apresentam um aumento da viscosidade aparente com o tempo de cisalhamento (Aulton, 2005; Lee, 2009).

    &

    Newtoniano

    Reofluidificante

    Reoespessante

  • 44

    A tixotropia pode ser avaliada pela rea de histerese nos reogramas (Figura 8). Este parmetro fornece informaes acerca da capacidade e do tempo que a formulao demora a retornar sua estrutura aps ser retirada a tenso a que est sujeita. Uma formulao tixotrpica tende a ter maior shelf-life (vida de prateleira) pois, durante o armazenamento, os constituintes da formulao dificilmente se separam (Martin, 1993). Alm dessa vantagem, a obteno de formulaes de uso tpico com carcter tixotrpico bastante almejada, pois elas deformam-se durante a aplicao, ou seja, tornam-se mais fluidas, facilitando o espalhamento e recuperando a viscosidade inicial no momento que se termina a aplicao, o que evita que o produto escorra. Por outro lado, interessante a obteno de um valor de tixotropia no muito elevado para que o produto no escorra sobre a pele aps aplicao devido a uma recuperao muito lenta da sua estrutura (Gaspar, 2003).

    Figura 8: Exemplo de comportamento tixotrpico (Laba, 1993).

    As preparaes semi-slidas apresentam valores de viscosidade variveis, por isso, devem ser estabelecidas certas condies quando se avalia esta caracterstica, pelo que os valores obtidos correspondem a uma viscosidade aparente.

    Para a determinao da viscosidade aparente, a temperatura da amostra deve ser controlada, pois pequenas variaes neste parmetro podem originar alteraes considerveis nos valores da viscosidade.

    A Viscosidade de uma emulso pode ser influenciada por diversos factores que esto descritos na Tabela VIII.

  • 45

    Tabela VIII: Factores que influenciam a viscosidade de uma emulso (Florence, 2003).

    Fase interna: Viscosidade

    Tamanho e distribuio das gotculas

    Natureza qumica

    Fase contnua: Viscosidade

    Constituio qumica e concentrao

    Solubilidade nas fases contnua e na interna

    Propriedades fsicas da pelcula interfacial

    Com o decorrer do tempo o tamanho mdio das gotculas de uma emulso aumenta. As alteraes no tamanho mdio das gotculas e na distribuio do seu tamanho causam uma queda na viscosidade da emulso quando se utilizam altas velocidades de cisalhamento (Florence, 2003).

    A principal desvantagem das emulses pouco viscosas a tendncia para a fcil separao de fases, em especial se apresentam uma baixa concentrao da fase oleosa (Aulton, 2005).

    H vrios mtodos para se determinar a viscosidade. Os mais frequentes utilizam viscosmetros rotativos, de orifcio e capilares. A determinao por viscosmetro rotativo consiste na medio do torque requerido para rodar uma agulha imersa numa amostra. Dependendo da faixa de viscosidade da amostra, selecciona-se a agulha (spindle) adequada (Agencia Nacional de Vigilncia Sanitria, 2007).

  • 46

    Figura 9: Viscosmetro Thermo Haake VT550

    Foi realizado o estudo do comportamento reolgico das formulaes E3B, E3B1, F1A, G1A e das respectivas bases preparadas. Este estudo consistiu na determinao das viscosidades de 0,1 a 500 s-1 e de 500 a 0,1 s-1, temperatura constante de 20C, utilizando o viscosmetro Thermo Haake VT550 (Figura 9).

    3.3.5 Doseamento do teor de vitamina C

    O doseamento da vitamina C foi realizado por espectrofotometria UV/Vis.

    Para o estudo da linearidade de resposta do detector procedeu-se preparao de solues padro de vitamina C em gua, nas seguintes concentraes: 0,08; 0,12; 0,16; 0,20 e 0,24 mg/50 mL.

    Efectuou-se a medio das absorvncias das solues padro por espectrofotometria de UV/Vis (espectrofotmetro Jasco V-530) a 265 nm.

  • 47

    Para se proceder ao doseamento da vitamina C nas diversas emulses semi-slidas e no gel, foi necessrio realizar a extraco desta vitamina segundo a tcnica descrita a seguir.

    Pesou-se cerca de 1,0 g de creme, adicionaram-se 25 mL de clorofrmio e submeteu-se a agitao intensa, durante 10 min (agitador magntico Heidolph). Posteriormente, foram adicionados 25 mL de gua e agitou-se vigorosamente a mistura durante mais 10 minutos. Aps a filtrao das amostras, procedeu-se leitura das respectivas absorvncias a 265 nm.

  • 48

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1. Anlise organolptica

    - Anlise aps a preparao

    As emulses E1 e E2 contendo o Span 80 como agente emulsivo, ficaram um pouco fluidas e com separao de fases. Na emulso E1, apesar de ter sido adicionado Aerosil 200 com a finalidade de aumentar a consistncia da fase externa, no se conseguiu obter um creme com caractersticas adequadas. A emulso E3, contendo um agente emulsivo silicnico (dimeticone copoliol-ciclometicone), apresentou cor branca, aspecto homogneo e consistncia semi-slida adequada. Todavia, ao ser substitudo o dimeticone pela mesma quantidade de ciclometicone (frmula E4), ocorreu separao de fases.

    Das vrias emulses mltiplas preparadas, a emulso semi-slida que aparentemente apresentou melhor estabilidade foi a E8, o que est de acordo com os estudos de Baillet et al. (1994). Estes autores demonstraram que o aumento da concentrao da emulso primria resulta no aumento da viscosidade da emulso mltipla, favorecendo a estabilidade do sistema.

    A emulso semi-slida A/S com vitamina C (E3B) apresentou aspecto homogneo e colorao branca opaca. A emulso mltipla E3B1, obtida a partir da emulso simples E3B, resultou numa emulso estvel e homognea.

    Tanto a emulso simples E10 como a emulso mltipla E10A contendo metabissulfito de sdio, apresentaram aspecto homogneo e colorao branca opaca.

    As emulses anidras com e sem vitamina C (F1 e F1A) apresentaram tambm uma colorao branca e aspecto homogneo.

    Os dois geles desenvolvidos (G1 e G1A) resultaram em gis homogneos, com colorao esbranquiada e consistncia adequada.

  • 49

    -Anlise aps 30 dias

    As frmulas E3, E8, E10, E10A, F1 e F1A conservadas a 20C e a 40C no apresentaram nenhuma mudana nas caractersticas organolpticas, visto que as duas primeiras preparaes no contm vitamina C, a E10 e a E10A contm metabissulfito de sdio e a F1 e F1A so emulses anidras.

    Aps 1 ms de preparao, notou-se uma colorao amarela nas formulaes E3B e E3B1 conservadas a 40C, devido oxidao da vitamina C. Alm disso, ambas as formulaes ficaram um pouco mais fluidas. No entanto, notou-se que no caso do creme E3B1 a colorao era menos intensa que no E3B. A 20C estas formulaes no tiveram mudana na colorao, mas o creme E3B1 tornou-se menos consistente.

    Os geles G1 e G1A armazenados a 20C e a 40C, tambm perderam consistncia, mas mantiveram a colorao.

    - Anlise aps 90 dias

    A amostra E3 no teve nenhuma mudana tanto a 20C como a 40C.

    A 20C o creme E3B apresentou uma cor ligeiramente amarelada e o creme E3B1 apresentou cor amarela. Os cremes anidros F1 e F1A armazenadas a 20C no apresentaram mudanas no aspecto, mas a 40C apresentaram um aspecto menos consistente.

    Os geles G1 e G1A a 20C apresentaram algum lquido sobrenadante e aspecto menos consistente. A 40C o gel G1A tornou-se muito fluido, e o G1 apresentou uma ligeira diminuio da consistncia.

    As formulaes E8, E3B1 e E10A armazenadas a 40C apresentaram indcios de separao de fases, sendo que as duas ltimas apresentaram um odor desagradvel e uma colorao alaranjada intensa devido oxidao da vitamina C. O creme E3B tambm adquiriu uma colorao alaranjada intensa e o creme E10 uma colorao amarela, ambos com odor desagradvel.

  • 50

    4.2. Estabilidade acelerada por Centrifugao

    Os resultados da avaliao da estabilidade acelerada por centrifugao das formulaes desenvolvidas encontram-se no grfico da Figura 10.

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    1,2

    E3 E3B E8 E3B1 F1 F1A G1 G1A E10 E10A

    Volu

    me

    de so

    bren

    adan

    te (m

    L)

    30min60min

    Figura 10: Volume de sobrenadante das amostras aps centrifugao.

    Aps centrifugao, verificou-se que o gel base de dimeticone (G1) apresentou um volume de lquido sobrenadante maior do que todas as outras formulaes. O gel de dimeticone com vitamina C (G1A) apresentou menor volume de sobrenadante que o gel sem vitamina. Verificou-se que o creme anidro (F1) e o creme A/S com vitamina C e metabissulfito de sdio (E10) no apresentaram separao de fases aps 30 minutos de centrifugao, mas aps 60 minutos apresentaram ambos cerca de 0,1 mL de sobrenadante. Aps 30 e 60 minutos de centrifugao, o creme anidro com vitamina C (F1A), o creme A/S/A (E8), o creme A/S/A com vitamina C (E3B1) e o creme A/S/A com vitamina C e metabissulfito de sdio (E10A) no apresentaram separao de fases.

    Os cremes anidros P/S, os cremes A/S/A e os cremes com metabissulfito de sdio apresentaram volumes de sobrenadante muito baixos ou nulos, facto que faz prever a maior estabilidade destas formulaes em relao s outras em estudo. De um modo

  • 51

    geral, tanto os cremes como o gel contendo vitamina C apresentaram maior estabilidade que as respectivas bases. Estes resultados fazem prever que a presena de vitamina C poder contribuir para melhorar a estabilidade fsica das preparaes desenvolvidas.

    4.3. Textura

    Nas Figuras 11 e 12 esto representados os grficos correspondentes variao da Fmx (Firmeza), em funo do tempo e da temperatura de armazenamento, do creme A/S base e com vitamina C, respectivamente.

    E3

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    0,12

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 11: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S armazenado a 20C e a 40C.

  • 52

    E3B

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )20C40C

    Figura 12: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

    Como se pode observar pela anlise dos grficos anteriores, verificou-se uma menor firmeza no creme A/S com vitamina C (E3B), relativamente ao respectivo creme base (E3). Em ambos os casos ocorreu uma ligeira diminuio ao longo do tempo da firmeza das amostras armazenadas a 40C.

    Nas Figuras 13 e 14 esto representados os resultados da avaliao da Fmx dos cremes A/S/A base e com vitamina C, respectivamente.

    E8

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    0,12

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 13: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S/A armazenado a 20C e a 40

  • 53

    E3B1

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 14: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme A/S/A com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

    Os resultados da avaliao da firmeza dos cremes A/S/A base e com vitamina C (Figuras 13 e 14) demonstraram tambm que a presena da vitamina C provoca uma ligeira diminuio na firmeza das formulaes nos primeiros dias aps a preparao. Tambm no caso dos cremes A/S/A com e sem vitamina se verifica uma diminuio ligeira da firmeza ao longo dos 3 meses de armazenamento das amostras a 40C.

    F1

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 15: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme anidro P/S armazenado a 20C e a 40C

  • 54

    F1A

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    0,12

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 16: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do creme anidro P/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

    Como se pode verificar pela anlise dos grficos das Figuras 15 e 16, correspondentes aos cremes anidros P/S, a presena da vitamina C no provoca uma diminuio considervel na firmeza destas preparaes. Todavia verifica-se a diminuio da firmeza destes cremes aps 90 dias de armazenamento a 40C.

    G1

    0

    0,02

    0,04

    0,06

    0,08

    0,1

    0,12

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 17: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do gel silicnico armazenado a 20C e a 40C.

  • 55

    G1A

    0

    0,05

    0,1

    0,15

    0,2

    0,25

    0,3

    8 dias 30 dias 90 dias

    Fmx

    (N

    )

    20C40C

    Figura 18: Variao, ao longo do tempo, da Fmx do gel silicnico com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

    Comparando os geles de dimeticone com e sem vitamina C (Figuras 17 e 18), verificou-se que a adio desta vitamina provocou um aumento considervel na firmeza. De facto, as amostras de gel com vitamina C apresentaram nos primeiros dias de armazenamento mais do dobro da firmeza do gel base. Verificou-se a diminuio ao longo do tempo da firmeza de ambos os gis armazenados a 20C. Todavia, o gel com vitamina C demonstrou ser menos estvel temperatura de 40C, tendo liquefeito completamente aps 90 dias de armazenamento, o que impossibilitou a avaliao da respectiva Fmx.

    Nas Figuras 19 e 20 esto representados os grficos correspondentes variao da rea negativa (Adesividade), em funo do tempo e da temperatura de armazenamento, dos cremes A/S sem e com vitamina C, respectivamente.

  • 56

    E3

    -0,2000

    -0,1500

    -0,1000

    -0,0500

    0,0000

    0,0500

    8 dias 30 dias 90 diasr

    ea n

    egat

    iva

    (N.m

    m)

    20C40C

    Figura 19: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S armazenado a 20C e a 40C.

    E3B

    -0,23

    -0,18

    -0,13

    -0,08

    -0,03

    0,02

    8 dias 30 dias 90 dias

    rea

    n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 20: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

    No se verificaram grandes diferenas entre os valores da adesividade do creme A/S (E3) durante os 90 dias de armazenamento a 40C. As amostras de creme A/S

  • 57

    contendo vitamina C armazenadas a 20C apresentaram aumento da adesividade com o tempo.

    E8

    -0,2

    -0,15

    -0,1

    -0,05

    0

    0,05

    8 dias 30 dias 90 dias

    rea

    n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 21: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S/A armazenado a 20C e a 40C.

    E3B1

    -0,2

    -0,15

    -0,1

    -0,05

    0

    0,05

    8 dias 30 dias 90 dias

    rea

    n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 22: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme A/S/A com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

  • 58

    Como se pode verificar pela anlise dos grficos das Figuras 21 e 22, o creme base E8, apresentou um ligeiro aumento da adesividade ao longo do tempo de armazenamento, tanto a 20C como a 40C. O mesmo creme contendo vitamina C (E3B1), mantido a 20C, aumentou ligeiramente a adesividade, mas ao fim de 90 dias a amostra a 40C apresentou valores de adesividade que no diferiram significativamente dos iniciais.

    F1

    -0,55

    -0,45

    -0,35

    -0,25

    -0,15

    -0,05

    0,05

    8 dias 30 dias 90 dias

    rea

    n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 23: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme P/S armazenado a 20C e a 40C.

  • 59

    F1A

    -0,55

    -0,45

    -0,35

    -0,25

    -0,15

    -0,05

    0,05

    8 dias 30 dias 90 diasr

    ea n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 24: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do creme P/S com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

    No caso do creme anidro sem vitamina, verificou-se um aumento da adesividade aps 90 dias de armazenamento das amostras conservadas a ambas as temperaturas (Figura 23). No entanto, o creme anidro com vitamina C apresentou um aumento significativo da adesividade com o tempo, no caso da amostra armazenada a 40C, mas uma ligeira diminuio no caso da amostra a 20C (Figura 24). O aumento da adesividade dos cremes P/S em relao aos outros cremes desenvolvidos, deve-se provavelmente maior percentagem de propilenoglicol.

    Como se pode verificar nos grficos das Figuras 25 e 26, nos primeiros 8 dias aps a preparao, o gel com vitamina C apresentou maior adesividade que o gel base. Todavia, ao fim de 90 dias de armazenamento, a adesividade do gel com vitamina C armazenado a 20C diminuiu consideravelmente, ao passo que o mesmo gel armazenado a 40C se encontrava completamente liquefeito, no tendo sido possvel proceder avaliao da sua textura.

  • 60

    G1

    -0,45

    -0,4

    -0,35

    -0,3

    -0,25

    -0,2

    -0,15

    -0,1

    -0,05

    0

    0,05

    8 dias 30 dias 90 diasr

    ea n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 25: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do gel de dimeticone armazenado a 20C e a 40C.

    G1A

    -0,6

    -0,5

    -0,4

    -0,3

    -0,2

    -0,1

    0

    0,1

    8 dias 30 dias 90 dias

    rea

    n

    egat

    iva

    (Nm

    m)

    20C40C

    Figura 26: Variao, ao longo do tempo, da adesividade do gele de dimeticone com vitamina C armazenado a 20C e a 40C.

  • 61

    Efectuou-se a anlise de varincia (ANOVA, =0,05) dos resultados da avaliao da firmeza e da adesividade, utilizando o programa estatstico SPSS for Windows, verso 17.0 (SPSS Inc., USA). Os resultados da anlise das bases dermatolgicas correspondentes ao creme A/S, creme A/S/A, creme P/S e gel armazenados a 20C esto representados na Tabela IX.

    Tabela IX: Anlise de varincia das bases dermatolgicas armazenadas a 20C.

    ANOVA

    Sum of Squares df Mean Square F Sig.

    Firmeza Between Groups ,001 3 ,000 1,709 ,242

    Within Groups ,002 8 ,000

    Total ,003 11

    Adesividade Between Groups ,099 3 ,033 12,986 ,002

    Within Groups ,020 8 ,003

    Total ,119 11

    Como se pode verificar, no existem diferenas significativas entre os valores da firmeza das diferentes bases dermatolgicas armazenadas a 20C (p>0,05). Todavia, a aplicao do teste H.S.D. de Tukey demonstrou que, em relao adesividade, existem diferenas significativas entre as bases E3 e E8 relativamente s bases F1 e G1.

    Nas Figuras 27 e 28 esto representados, respectivamente, os grficos box-plot correspondentes firmeza e adesividade das bases armazenadas a 20C. Como se pode verificar, o creme base P/S (F1) e o gel base (G1) apresentam maior disperso inter-quartis para os valores da firmeza e da adesividade que as bases A/S e A/S/A. Alm disso, estas bases apresentaram valores de adesividade significativamente mais baixos que o creme base F1 e o gel G1.

  • 62

    Figura 27 Firmeza (N) das bases dermatolgicas armazenadas a 20C.

    Figura 28: Adesividade (N.mm) das bases dermatolgicas armazenadas a 20C.

  • 63

    Como se pode verificar na Tabela X, no existem diferenas significativas entre os valores da firmeza das diferentes bases dermatolgicas armazenadas a 40C (p>0,05), mas em relao adesividade existem diferenas significativas (p

  • 64

    Figura 29: Firmeza (N) das bases dermatolgicas armazenadas a 40C.

    Figura 30: Adesividade (N.mm) das bases dermatolgicas armazenadas a 40C.

  • 65

    Como se pode verificar na Tabela XI no existem diferenas significativas entre os valores da firmeza e da adesividade das preparaes contendo vitamina C armazenadas a 20C (p>0,05).

    Tabela XI: Anlise de varincia das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C.

    ANOVA

    Sum of Squares df Mean Square F Sig.

    Firmeza Between Groups ,016 3 ,005 2,516 ,132

    Within Groups ,017 8 ,002

    Total ,033 11

    Adesividade Between Groups ,069 3 ,023 3,720 ,061

    Within Groups ,049 8 ,006

    Total ,118 11

    Nas Figuras 31 e 32 esto representados, respectivamente, os grficos box-plot correspondentes firmeza e adesividade das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C. Como se pode verificar, os valores da firmeza e da adesividade do gel apresentaram maior heterogeneidade. O gel com vitamina C (G1A) armazenado a 20C apresentou maiores valores de firmeza que os cremes contendo a mesma vitamina. Quanto adesividade, verificaram-se valores mais elevados deste parmetro no caso do gel e do creme anidro.

  • 66

    Figura 31: Firmeza (N) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C.

    Figura 32: Adesividade (N.mm) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 20C.

  • 67

    Como se pode verificar na Tabela XII no existem diferenas significativas entre os valores da firmeza e da adesividade das preparaes contendo vitamina C armazenadas a 40C (p>0,05).

    Tabela XII: Anlise de varincia das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 40C.

    ANOVA

    Sum of Squares df Mean Square F Sig.

    Firmeza Between Groups ,009 3 ,003 ,924 ,472

    Within Groups ,025 8 ,003

    Total ,034 11

    Adesividade Between Groups ,060 3 ,020 2,570 ,127

    Within Groups ,062 8 ,008

    Total ,121 11

    Nas Figuras 33 e 34 esto representados, respectivamente, os grficos box-plot correspondentes firmeza e adesividade das formulaes contendo vitamina C, armazenadas a 40C. Os valores da firmeza do gel foram os que apresentaram maior intervalo inter-quartis. No caso da adesividade, no s o gel contendo vitamina C, mas tambm o creme anidro apresentaram variaes acentuadas em relao mediana.

  • 68

    Figura 33 Firmeza (N) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 40C.

    Figura 34: Adesividade (N.mm) das formulaes contendo vitamina C armazenadas a 40C.

  • 69

    4.4. Ensaios reolgicos

    A anlise reolgica das emulses semi-slidas e dos gis de silicone foi realizada conforme descrito no ponto 3.3.4. A seguir so apresentados os grficos da tenso de corte versus a razo de corte das formulaes armazenadas a 20C. Para cada formulao so apresentados os reogramas obtidos aos 8, 30 e 90 dias aps a preparao. A compreenso adequada das propriedades reolgicas de produtos cosmticos e dermofarmacuticos essencial para o seu desenvolvimento, avaliao da estabilidade e desempenho.

    Embora a determinao da viscosidade seja um critrio adequado para a avaliao da estabilidade das emulses, o seu uso em estudos de estabilidade no est relacionado com valores absolutos de viscosidade, mas com a avaliao das alteraes desta propriedade durante o tempo de armazenamento.

    Pela anlise dos reogramas, pode-se verificar que as formulaes no obedeceram lei de Newton, sendo ento consideradas fluidos no-Newtonianos.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    E3

    E3 inicial

    E3 30 dias

    E3 90 dias

    Figura 35: Reograma do creme A/S a 20C.

  • 70

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    E3B

    E3B inicialE3B 30 diasE3B 90 dias

    Figura 36: Reograma do creme A/S com vitamina C a 20C.

    Os reogramas do creme A/S (E3), obtidos ao longo do tempo, so praticamente sobreponveis, o que significa que esta amostra no sofreu alterao com o tempo de armazenamento a 20C. Esta preparao apresentou um comportamento reofluidificante, com tixotropia (Figura 35).

    Oito dias aps a preparao, o creme A/S com vitamina C (E3B) apresentou maior viscosidade que a respectiva base (E3). Todavia, verificou-se uma diminuio da sua viscosidade ao fim de 30 e de 90 dias de armazenamento. Esta preparao apresentou um comportamento reofluidificante, mas praticamente ausncia de tixotropia (Figura 36).

  • 71

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    E8

    E8 inicialE8 30 diasE8 90 dias

    Figura 37: Reograma do creme A/S/A a 20C.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    E3B1

    E3B1 inicial

    E3B1 30 dias

    E3B1 90 dias

    Figura 38: Reograma do creme A/S/A com vitamina C a 20C.

    O grfico da Figura 37 permite verificar que o creme A/S/A sem vitamina C (E8) apresentou valores muito baixos de viscosidade, comparativamente com o creme A/S

  • 72

    (E3), demonstrando aparentemente um comportamento do tipo Newtoniano. Alm disso, no caso do creme E8 no se verificaram alteraes reolgicas ao longo do tempo.

    Diferentes trabalhos que estudaram a estabilidade de emulses mltiplas tambm relataram a diminuio da viscosidade aparente em relao s correspondentes emulses simples, sugerindo que essa alterao da viscosidade est relacionada com a diminuio do tamanho ou rompimento das gotculas da fase intermdia (Nakhare, 1996; Ferrari, 2002; Vasiljevic, 2005), ou ainda, com o aumento do volume da fase externa da emulso mltipla (Vasiljevic, 2005).

    Como se pode verificar na Figura 38, o creme A/S/A contendo vitamina C (E3B1) apresentou uma diminuio drstica da viscosidade ao fim de 30 dias de armazenamento, tendo mantido o mesmo perfil aos 90 dias.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    F1

    F1 inicialF1 30 diasF1 90 dias

    Figura 39: Reograma do creme anidro a 20C.

  • 73

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    F1A

    F1A inicialF1A 30 diasF1A 90 dias

    Figura 40: Reograma do creme anidro com vitamina C a 20C.

    Como se pode verificar no grfico da Figura 39, o creme anidro P/S (F1) apresentou uma diminuio da viscosidade com o tempo e um aumento da tixotropia. O creme anidro contendo vitamina C (F1A) (Figura 40) apresentou uma ligeira diminuio da viscosidade aos 30 e aos 90 dias e um aumento da tixotropia, mantendo, no entanto o comportamento reofluidificante.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    G1

    G1 inicialG1 30 diasG1 90 dias

    Figura 41: Reograma do gel de dimeticone a 20C.

  • 74

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    G1A

    G1A inicialG1A 30 diasG1A 90 dias

    Figura 42: Reograma do gel com vitamina C a 20C.

    O gel G1 (Figura 41) apresentou uma diminuio acentuada da viscosidade ao fim de 30 dias, mantendo-se o mesmo perfil aos 90 dias. Foram obtidos resultados semelhantes com o gel contendo vitamina C (Figura 43), sendo de salientar, neste caso, um ligeiro aumento da tixotropia com o tempo. Todavia, a presena da vitamina C parece no ter influenciado a viscosidade dos geles.

    Tal como no caso dos cremes, tanto o gel base como o gel com vitamina C apresentaram comportamento reofluidificante, o que est de acordo com estudos que relatam que vrias formulaes farmacuticas e cosmticas apresentam este tipo de comportamento, principalmente os gis (Kim, 2003; Ribeiro, 2004) e as emulses (Korhonen, 2001; Mambro, 2003; Buhse, 2005).

    Devido instabilidade de alguns cremes A/S e A/S/A armazenados a 40C, s foi realizado o estudo reolgico dos cremes anidros e dos gis com e sem vitamina C.

    temperatura de 40C, conforme a Figura 43 e a Figura 44, o creme anidro P/S e o creme anidro P/S com Vitamina C tiveram um comportamento reofluidificante, e nota-se o aumento da tixotropia, tal como nos reogramas correspondentes s determinaes efectuadas temperatura de 20C, o que sugere que a temperatura no teve influncia relevante no comportamento reolgico destas formulaes.

  • 75

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    F1 40C

    F1 inicialF1 30 diasF1 90 dias

    Figura 43: Reograma do creme anidro P/S a 40C

    0

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    200

    300

    400

    500

    600

    700

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    F1A 40C

    F1A inicial

    F1A 30 dias

    F1A 90 dias

    Figura 44: Reograma do creme anidro P/S com Vit. C a 40C

  • 76

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    300

    400

    500

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    800

    900

    0 100 200 300 400 500 600

    (P

    a)

    (s-1)

    G1 40C

    G1 inicialG1 30 diasG1 90 dias

    Figura 45: Reograma do gel base de dimeticone a 40C

    G1A 40C

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0 100 200 300 400 500 600(s-1)

    (P

    a)

    G1A inicial

    G1A 30 dias

    Figura 46: Reograma do gel com vitamina C a 40C

    O gel base de dimeticone e o gel com Vitamina C armazenados a 40C (Figura 45 e Figura 46), apresentaram uma diminuio acentuada da viscosidade com o tempo e um aumento da tixotropia. Todavia, no caso do gel com vitamina C, no foi possvel efectuar

  • 77

    a determinao da viscosidade ao fim de 90 dias, pois este gel apresentava-se demasiado fluido.

    4.5. Doseamento do teor de vitamina C

    O mtodo