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Formação Estatuto Disciplinar 1. A INFRAÇÃO DISCIPLINAR Âmbito de aplicação subjetivo Aplica-se a quem tiver uma relação de emprego constituída com a Administração Pública sob a modalidade de nomeação, contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, nomeadamente aqueles a que se referem os art.ºs 21º e 88º da Lei 12-A/2008, de 27.02, por contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo, certo ou incerto, ou comissão de serviço. Âmbito de aplicação objetivo (erradamente) também refere entidades públicas, isto porque não se aplica ao setor empresarial do Estado mas podem nesse setor trabalhar em regime de cedência especial, trabalhadores vinculados a órgãos ou serviços que integram o setor administrativo do Estado, por Força do art.º 58º da Lei 12-A/2008. Pelo que estes trabalhadores encontram-se sujeitos ao ED 1

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Estatuto Disciplinar

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Formao Estatuto Disciplinar

1. A INFRAO DISCIPLINARmbito de aplicao subjetivoAplica-se a quem tiver uma relao de emprego constituda com a Administrao Pblica sob a modalidade de nomeao, contrato de trabalho em funes pblicas por tempo indeterminado, nomeadamente aqueles a que se referem os art.s 21 e 88 da Lei 12-A/2008, de 27.02, por contrato de trabalho em funes pblicas a termo resolutivo, certo ou incerto, ou comisso de servio.

mbito de aplicao objetivo (erradamente) tambm refere entidades pblicas, isto porque no se aplica ao setor empresarial do Estado mas podem nesse setor trabalhar em regime de cedncia especial, trabalhadores vinculados a rgos ou servios que integram o setor administrativo do Estado, por Fora do art. 58 da Lei 12-A/2008. Pelo que estes trabalhadores encontram-se sujeitos ao ED

Princpios Gerais de Direito Disciplinar:- A violao dos deveres funcionais traduz-se na prtica de infraes disciplinares.- Pode acarretar simultaneamente, a prtica de ilcitos criminais, com violao do dever de probidade, art. 18, n. 1, alnea j), ED e art. 372 CP. - A violao dos deveres funcionais implica, igualmente, por vezes, a prtica de ilcito civis, em que os funcionrios, trabalhadores e agentes so responsveis art. 7 e 8 RRCE-Lei 67/2007 de 31 de Dezembro.- Qualquer instituio ou grupo social, os servios administrativos necessitam de possuir um conjunto de regras que visam no s regular as relaes que se estabelecem entre os membros do grupo. O conjunto de normas, consubstancia-se num conjunto de deveres vinculadores dos membros do dito grupo e constitui a sua disciplina. o que se passa com os servios pblicos.Os servios para satisfazerem necessidades coletivas, pressupe na sua ordem interna, uma disciplina, um conjunto de valores a que os servidores devem obedincia em ordem ao bom e cabal desempenho das atribuies postas por lei a cargo do departamento.O cumprimento exato, devotado e pontual, por parte dos diversos agentes, dos deveres que lhes so impostos, constitui o pressuposto do regular funcionamento dos servios em que desenvolvem a sua atividade.

Noo da Infrao Disciplinar- meramente culposo, praticado pelo funcionrio/trabalhador ou agente com violao de algum dos deveres gerais ou especiais decorrentes da funo que exerce.

Elementos da Infrao Disciplinar- So quatro: Sujeitos; Objeto; Culpabilidade; Ilicitude.

Sujeitos da infrao disciplinarDo lado passivo, os indivduos que se encontram vinculados Administrao por uma relao de servio subordinado;Do lado ativo, entidade ou pessoa de direito pblico que servida pelos indivduos vinculados Administrao.

Objeto O objeto da infrao disciplinar constitudo pela prtica voluntria de um fato que se traduz em desrespeito a um dever funcional. O incumprimento dos deveres funcionais tanto se pode dar por ao (Art. 17, n. 1, alnea b) como por omisso (art. 17, n. 1, alnea f), neste caso o agente no observa o comportamento adequado ao seu cumprimento.

Culpabilidade- A lei ao qualificar infrao disciplinar como facto, ainda que meramente culposo, violador de deveres funcionais, est a pressupor que, como condio da existncia da mesma, haja um nexo psicolgico entre o agente da infrao e o facto. Neste nexo subjetivo entre o agente e o facto reside precisamente a culpa.- Elementos do Juzo de Culpa sero: A Imputabilidade do agente; A sua atuao dolosa ou por negligncia; A inexistncia de circunstncias que tornam no exigvel outro comportamento (causas da excluso da culpa).

- Dolo, age com dolo quem, representando-se um fato que preenche um ilcito disciplinar, atua com inteno de o realizar. De igual modo, age com dolo quem representa a realizao de um fato que preenche um ilcito disciplinar como consequncia necessria da sua conduta. Quando a realizao de um ilcito disciplinar for representado como consequncia possvel da conduta, haver dolo se o agente atuar conformando-se com aquela realizao.

- Negligncia, age a este ttulo, quem, por no proceder com cuidado a que, segundo as circunstncias est obrigado e de que capaz:a) Representa como possvel a realizao de um fato correspondente a um ilcito disciplinar, mas atua sem se conformar com essa realizao;b) No chega sequer a representar a possibilidade da realizao do fato. De acordo com o art. 3, o direito disciplinar um direito de culpa constitui pressuposto e fundamento de toda a pena e da sua medida. Para que haja infrao disciplinar, tem de haver, sempre, a existncia de uma falta passvel de ser subjetivamente imputada a um agente. Em direito disciplinar no h responsabilidade objetiva prevista no artigo 499 CC. A responsabilidade objetiva no se funda na culpa. Logo poder haver violao de deveres, que no so censurveis ao agente por escaparem ao seu controle intelectual ou ao domnio da sua vontade. No pode ser responsvel disciplinarmente quem no tiver a mnima ou suficiente liberdade de entendimento ou deciso. A previso acidental e involuntria do exerccio das faculdades intelectuais no momento da prtica do ato ilcito, como circunstncia dirimente da responsabilidade disciplinar, art. 21 ED.

IlicitudeA ilicitude traduz a negao de valores prprios de uma determinada ordem. A ilicitude traduz a negao de valores nsitos nos deveres inerentes ao exerccio de funes. Ilcito o ato anti-disciplinar que se mostre contra as regras ou normas de disciplina de um servio.

Deveres especiais So os que se encontram contemplados nos instrumentos legais reguladores dos respetivos servios, tendo em ateno a natureza particular e especfica das atividades que cada um cumpre realizar. As ordens do superior hierrquico, as instrues, circulares, recomendaes notas interna, etc.

Deveres extrafuncionaisA sua ofensa s constitui objeto de infrao disciplinar quando atinja o servio diretamente ou atravs da desqualificao pessoal do funcionrio, no se excluindo os prprios atos da vida familiar cujo relevo implique projeo importante no conceito pblico e no ndice de respeito e considerao em que deve ser tido o funcionrio no meio social. entendimento da doutrina que os nomeados que exercem poderes de autoridade incide mas este tipo de deveres os contratados afastam mais estes deveres, porque os mesmos tm nveis de intensidade diferenciados.

Deveres gerais ou comunsDever de prossecuo do interesse pblicoPermite sancionar por excelncia as condutas da vida privada que tenham relao com o servio e possam comprometer a imagem, prestgio e eficincia da Administrao Pblica. Este dever pressupe um conceito amplo de interesse pblico, no sentido de que o interesse do servio no se pode sobrepor CRP e lei, no entanto dever atender-se ao artigo 5 ED.Dever de isenoConsiste em no retirar vantagens, diretas ou indiretas, pecunirias ou outras, para si ou para terceiro, das funes que se exerce. A honestidade ou probidade encaixa-se atualmente no dever de iseno. O conceito de vantagem visa sublinhar que o que ilcito a perceo do que comprovadamente no seria recebido se no exercesse aquela funo.Este dever fundamenta a responsabilidade em caso de crimes de peculato (art. 375, 376 CP), participao econmica em negcio (art. 377CP), violao de regras urbansticas por funcionrio (art. 382-A CP), corrupo (art. 373 e 374-A CP) e recebimento de vantagem (art. 372 CP e ED).O art. 372, n. 1 um crime especfico, pois o seu autor deve ser funcionrio. O n. 2 um crime comum, mas faz referncia indicao ou conhecimento do funcionrio. A mera solicitao ou aceitao de vantagem patrimonial ou no patrimonial. A aceitao tanto pode ser expressa como tcita, sendo est ltima revelada por atos ou omisses que, objetivamente levem concluso que o funcionrio aceitou a vantagem. O n. 2 refere-se dar ou prometer, ou seja dar, oferecer, ou prometer. A vantagem pode ser patrimonial ou no patrimonial e para o prprio ou terceiro. O legislador no alinhou o texto com o ED. O benefcio pode traduzir-se num benefcio da carreira profissional ou outro benefcio sem valor patrimonial. A vantagem ter de ser conferida no exerccio das suas funes ou por causa delas, embora se possa refletir na esfera privada do funcionrio.

Dever imparcialidadeO dever de iseno deixou de compreender o dever de imparcialidade, pode ocorrer violao de um e outro independentemente. Qualquer comportamento positivo ou negativo de funcionrio que se encontre a sua motivao num qualquer interesse pessoal ou de terceiros e que se traduza em tratar de forma igual o que no igual ou de forma desigual o que no desigual.Importa considerar os art. 44 CPA-garantias de imparcialidade: o impedimento, a escusa e a suspeio. Nos termos do art. 45 CPA, a falta de comunicao do impedimento, constitui falta grave para efeitos disciplinares. A violao do dever de imparcialidade est na base do crime do art. 369 CP Denegao de Justia Prevaricao.

Dever de informaoArt. 268, n. 1 e 2 CRP e art. 61 a 65 do CPA e a Lei 46/2007, 24/08-Lei acesso documentos administrativos.

Dever zelo o dever de diligncia ou de aplicao. Pode ser analisado em vrias vertentes: a intelectual, que envolve o conhecimento e domnio das normas jurdicas indispensveis ao bom exerccio de funes; a organizativa, que impe ordem no exerccio das funes; e a comportamental, traduzida no efetivo empenhamento no trabalho. O trabalhador no pode ser punido por violao do dever de zelo, o que no cumpriu objetivos que nunca lhe foram transmitidos ou que no revelou competncias que no lhe tenham sido fixadas nem registadas na ficha anual de avaliao do desempenho. O trabalhador pode no possuir todo o saber profissional e toda a cultura geral que seja indispensvel para o eficaz e eficiente desempenho das suas funes, antes obrigando a que possua apenas aquele saber e toda aquela cultura que seja considerada como adequada pelos responsveis pelo servio para correta execuo das suas funes. O dever de zelo abrange no entanto uma vasta zona de obrigaes. O trabalhador deve ter em dia o servio que lhe distribudo, isto , h de ser diligente no trabalho evitando delongas, os atrasos que tanto prejudicam a administrao e o pblico. Embora deva ponderar com cuidado e ateno o que faz, no lhe lcito demorar os assuntos em que intervm, mais do que o estritamente necessrio. O trabalhador deve ter em dia o servio que lhe distribudo, ter de ser diligente no trabalho evitando delongas, os atrasos que tanto prejudicam a Administrao e o pblico. Os erros materiais de escrita e de clculo, quando repetidos ou reveladores de falta de cuidado na reviso dos trabalhos realizados, igualmente demonstram negligncia profissional. Omitir uma informao importante, por falta de cuidado, pode constituir violao do dever de zelo (Ac. STA de 15/10/1998, BMJ, 480, Proc.51). O zelo pode constituir circunstncia atenuante especial, art. 22, al. a), do ED.

Dever de obedinciaEste dever s cessa quando o cumprimento da ordem implicar a prtica de um crime. Em tais casos a ordem no se pode considerar como dada em objeto de servio. A delimitao deste dever extensvel aos ilcitos de mera ordenao social. A justificao da recusa deve acontecer no momento em que se transmite a mesma ao superior hierrquico. A apresentao da justificao de tal recusa em momento posterior, j no mbito do processo disciplinar, no idnea a afastar a responsabilidade disciplinar, nos termos do art. 21, Ac.TCAN de 9/3/2006, Proc. 00598/00.Exclui o dever de obedincia as situaes em que o trabalhador recebe ordens de um superior hierrquico nomeado por ordem de servio para lugar superior da hierarquia, mas no criado, uma vez que falta o requisito de subordinao hierrquica, o que leva a concluir pela inexistncia do dever de obedincia e urbanidade, Ac. STA de 26/09/1989.

Dever lealdadeDesempenhar as funes com subordinao aos objetivos do rgo ou servio. Os objetivos do rgo ou servio devem estar conformes lei. No se pode confundir lealdade com laos de lealdade ou fidelidade. Ex. Mdico que, findo o seu horrio de trabalho, abandona a urgncia de um Centro de Sade, sabendo que durante algumas horas no iria ficar no servio de urgncia qualquer outro mdico, viola o dever de lealdade, segundo o AC.STA de 25/11/2003. Segundo este acrdo, no caso que aprecia tal violao foi cometida com negligncia grave, e com grave desinteresse pelo cumprimento do dever de lealdade, na medida em que a permanncia do nico mdico num servio de urgncia configura um dever funcional to elementar que s com grave desinteresse pelos objetivos do servio e do interesse pblico por ele prosseguido pode ser ignorado.

Dever correo Algumas ideias:- O respeito devido ser aquele que se revelar indispensvel em face das necessidades do servio cuja falta se repercutir negativamente e perturbar o seu correto funcionamento;- O dever de respeito no pode silenciar o direito liberdade de expresso e crtica;- O exerccio de um direito no autoriza a que se viole o dever de correo;- O dever de correo apenas releva no mbito de uma relao com o servio. O dever de correo consiste em tratar com respeito os utentes dos servios pblicos, os colegas e os superiores hierrquicos. Ex.: Trabalhador que se dirige a outro reportando-se um colega no sabia o que andava a fazer. No se limita aos casos em que se ofenda a honra do visado, pois abrange uma mirade de comportamentos em que o agente atue com arrogncia, grosseira ou malcriadez.

Dever de assiduidadeNo significa somente no faltar ao servio mas sim, realizar esse servio o melhor possvel, pois que o funcionrio no deve limitar-se a ser mquina das horas regulares, nem adotar o sistema de produzir o menos possvel e de qualquer maneira.

Dever de pontualidadeO trabalhador deve comparecer ao servio dentro das horas estipuladas, cumprindo integralmente os horrios.

2. RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR

Sujeio ao poder disciplinarArt. 4O poder disciplinar de hierarquia. Disciplinarmente responsvel quem serve e enquanto serve a funo pblica, e unicamente por fatos consumados durante o respetivo exerccio. O servio pblico estabelece-se a partir da data em que entrou ao servio ou da tomada de posse. Quer numa situao quer noutra o cidado investido na qualidade de colaborador de um organismo pblico, fica preso aos deveres inerentes ao respetivo exerccio.Os comportamentos adotados antes do incio das funes deixaram de relevar para efeitos disciplinares. Aps a cessao do vnculo funcional, a justia disciplinar mantm-se para todas as infraes que tenham sido praticadas at essa data, se bem que venham a aplicar-se s possam concretizar-se caso o trabalhador constitua nova relao de emprego pblico art. 12 ED. Aps a cessao da relao funcional a violao do dever no poder ser objeto de procedimento disciplinar, podendo existir, no entanto, perseguio penal, se for cometido um crime.A responsabilidade disciplinar cessa:- pelo reconhecimento da inocncia do arguido;Pela constatao da existncia de causa da ilicitude do fato ou da culpa na sua produo (art. 21ED);- pela prescrio do procedimento disciplinar ou da medida aplicada (art.6 e 26 ED);- pela amnistia (art. 127);- pelo cumprimento da medida imposta; e - pela extino da relao jurdica entre o infrator e o Estado, por falecimento do arguido ou por aplicao da pena de demisso ou de despedimento por fato imputvel ao trabalhador.

Excluso da responsabilidade disciplinarArt. 5-Fica excluda a responsabilidade disciplinar em funo do cumprimento do dever de obedincia hierrquica. O poder conferido ao subalterno de reclamar ou de solicitar do superior hierrquico a transmisso ou confirmao da ordem por escrito reveste-se simultaneamente de uma caracterstica de dever. O funcionrio deve evitar satisfao de ordens ilegais, fazendo uso dentro das suas possibilidades, dos mecanismos previstos neste dispositivo legal, para que fique devidamente esclarecido do contedo e alcance da determinao que lhe superiormente imposta.Da que haja sempre a possibilidade do funcionrio ser punido disciplinarmente por falta de zelo, se podia e devia aperceber-se do vcio atravs do exerccio de um diligncia normal que seja exigvel generalidade dos funcionrios da sua categoria. Trata-se, neste caso, da violao do dever geral de zelo que obriga a uma vigilncia constante sobre a legalidade e os efeitos dos atos cometidos, e a uma preparao tcnica que permita, dentro da sua competncia, distinguir o carter lcito e ilcito do ato em si, em absoluto, e independentemente da sua atuao e dos comparticipantes.-Nos casos em que a obedincia hierrquica no seja devida se o funcionrio executar a ordem responde pelo seu ato, sem prejuzo e independentemente da sua responsabilidade que vier a caber ao autor da mesma ordem (art. 22, al. e9ED).- Os art.s 36 e 37 CP, que legislam sobre conflito de deveres e obedincia indevida desculpante respetivamente.

Prescrio do Procedimento DisciplinarArt. 6- A prescrio uma garantia que tem de ser interpretada em sentido amplo. A prescrio do conhecimento oficioso, sob pena de violao do princpio da proibio do excesso do art. 18., n. 2 da CRP. No s o instrutor que tem de conhecer a prescrio, tambm o rgo decisor e os tribunais podem conhecer a prescrio. O processo disciplinar no um processo de partes.- O prazo do n. 2 no se aplica o do n. 3, este ltimo aplica-se os prazos de prescrio do processo penal. O n. 2 os prazos contam-se de acordo com o CC art. 279 e no 72 do CPA, no se suspendendo sbados, domingos e feriados, pois no um prazo procedimental.-O prazo do artigo 6, tambm no se aplica com o n. 7, porque a verdade ser apurada em processo penal. No entanto havendo fatos autonomizveis dever ser instaurado procedimento disciplinar autnomo.- O n. 7 vale tambm para questes jurisdicionalmente para decidir como suspenso da eficcia do ato, recurso da deciso que aplique uma pena. As questes de recurso hierrquico, deduo de nulidades ou outras questes processuais no se palica o n. 7.Outra questo s ter conhecimento dos fatos atravs de uma certido criminal, neste caso aplica-se o prazo do n. 1.- Ocorrendo inqurito ou sindicncia s comeam a contar prazos prescricionais com a concluso deste e do apuramento de responsabilidades disciplinares.-O correndo infraes disciplinares continuadas, aplica-se subsidiariamente o CP, art. 119, n. 2, alnea b), o inicio da infrao no coincide com a prtica dos primeiros fatos integrantes da infrao, mas sim com o ltimo. A prescrio s comea a contar a partir do dia da prtica do ltimo ato que integra a infrao.

Efeitos da pronncia e da condenao em processo penalArt. 7A no aplicao do princpio non bis in idem, permitindo que um funcionrio seja disciplinarmente punido pelos mesmos fatos que foram declarados expressamente no provados em sentena penal ou seja punidos por factos que contrariam os fatos provados em sentena penal, viola o princpio da prevalncia e obrigatoriedade das decises judiciais (art. 205, n. 2 CRP), no se coaduna com o direito tutela judicial efetiva que exige o respeito pelo caso julgado (art. 282, n. 3 CRP), no se coaduna com princpio da separao de poderes (art. 2 e 11 da CRP), , no se coaduna com o princpio da segurana de um Estado de Direito Democrtico e pe em causa a dignidade da pessoa humana (art. 1CRP) que tais princpios visam salvaguardar.No entanto o CP aboliu a pena de demisso de trabalhador que exerce funes pblicas pelo que a divergncia doutrinal continua em aberto. Parte da doutrina entende que s se suspende o processo e espera-se pela deciso jurisdicional quando a administrao no tenha provas e espera pelos meios de prova penal, percias, exames etc.

Factos passveis de ser considerados infrao penalArt. 8O Ministrio pblico dever participar todas as infraes cometidas por qualquer trabalhador.

Penas disciplinares e os seus efeitos

Escala das penasArt. 9A deciso disciplinar no visa castigar o infrator pela falta cometida. A mesma visa a preveno especial ou correo de forma a que o trabalhador de futuro cumpra os seus deveres, o reequilbrio, que tm uma funo primordialmente educativa.As medidas disciplinares o taxativas, no pode existir regulamento ou acordo coletivo que estabelea outras.A escolha da medida deve acompanhar a responsabilidade do infrator, quanto maior o grau desta mais grave ser.Na avaliao da responsabilidade devem convergir fatores como gravidade culpa do agente a sua personalidade, as circunstncias em que agiu (como, onde e de que maneira), o seu curriculum na funo pblica , a experincia que tem dos servios, enfim tudo quanto possa orientar o titular do direito.Grau de responsabilidade leva a escolha de uma medida:Corretivas:-Morais, visam chamar a ateno do trabalhador, repreenso escrita;- Pecunirias, que impem um corte nos seus vencimentos durante determinados dias;- Profissionais, atingem a carreira do trabalhador, suspenso, ou cessao da comisso de servio.Expulsivas:- Profissionais que conduzem a demisso ou despedimento.Deve fundamentar-se a pena escolhida e porque no se suspende a pena de acordo com o artigo 18 da CRP.

Culpa divide-se em:-Culpa leve = repreenso escrita ou multa;-Culpa grave = penas de suspenso (grave negligncia), grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres funcionais e queles cujos comportamentos atentem gravemente contra a dignidade e o prestgio da funo.- Culpa muito grave = penas de demisso e despedimento, que inviabilizem a manuteno da relao funcional.- A demisso s se aplica aos funcionrios que at 31 de Dezembro de 2008 tenham sido nomeados de acordo com o n. 4, do art. 88 da Lei n. 12/2008 de 27 de Fevereiro.- O n. 3 do art. 9 aplica o princpio non bis in idem, um processo e uma pena por arguido. A administrao ter respeitar a apensao de processos.

Caraterizao das penas Art. 10- A repreenso escrita traduz-se num simples reparo escrito feito ao trabalhador, pela falta que cometeu, isto censura feita ao trabalhador, de modo formal, pelo superior hierrquico.- A pena de multa fixada em quantia certa e no pode exceder o valor correspondente a seis remuneraes dirias por cada infrao e um valor total correspondente remunerao base de 90 dias ano. No entram para este valor o abono de famlia e as prestaes complementares. O quantitativo mximo anual da pena de multa no pode ser excedido, mesmo quando no mesmo perodo de tempo o arguido seja punido com mais de uma pena de multa. O legislador deixa aqui a indicao de que tendo sido atingido o valor mximo dever ser aplicada pena de natureza mais gravosa. uma sano antiptica e pode revestir maior onerosidade que a suspenso porque o trabalhador exerce funes sem remunerao, enquanto na suspenso deixa de exercer funes, pelo que h quem considere esta sano inconstitucional por obrigar a trabalhar sem remunerao. - A pena de suspenso consiste no afastamento completo do trabalhador do rgo ou servio durante o perodo da pena, variando entre 20 e 90 dias por cada infrao, num mximo de 240 dias por ano. A pena determina para tantos dias quantos da sua durao, o no exerccio de funes correspondentes e da contagem do tempo de servio para antiguidade, no prejudicando o direito dos trabalhadores manuteno, nos termos gerais, das prestaes do respetivo regime de proteo social.Se o trabalhador suspenso continuar a exercer funes pode incorrer em crime de usurpao de funes (Art. 358 CP).-Pena de cessao da comisso de servio, ao pessoal dirigente apenas sancionado com pena de cessao da comisso de servio, no lhe podendo ser aplicada outra pena. Tanto pode ser pelo que fez ilicitamente como o que deixou de fazer. Os deveres prprios de cargo dirigente no se pode repercutir punitivamente sobre a carreira ou posto de trabalho de origem.

Efeitos das penasArt. 11Os efeitos obedecem ao princpio da taxatividade. Para as penas de repreenso escrita e multa o ED no prev qualquer efeito.A pena de suspenso apenas prev a perda de remuneraes e a contagem do tempo de servio para antiguidade no produzindo efeitos sobre as frias.

Penas aplicveis em caso de cessao da relao jurdica de emprego pblicoArt. 12No caso da pena de multa, no sendo paga aplica-se o processo de execuo fiscal.Parte da doutrina entende que este artigo s faz sentido quando se trata de uma suspenso (licena sem vencimento) e no uma extino. Porque se j h suspenso do vnculo funcional no se vai operar nova suspenso.

Competncia disciplinar Art. 13Este artigo refere-se a competncia para aplicao das sanes que mais importante do que a competncia para instaurar. Da que a lei que pode o mais pode o menos, logo absorve a competncia dos subalternos.

Competncia para aplicao das penas Art. 14SMAS competncia do Conselho de Administrao, cabe recurso para Cmara Municipal.

3 FATOS A QUE SO APLICVEIS AS PENAS (os fatos, a medida e graduao, circunstncias atenuantes e dirimentes, suspenso e prescrio)

Repeenso escritaArt. 15Mera advertncia ou aviso, feito por escrito, tendo por finalidade excitar o brio e o amor prprio do funcionrio a quem o superior hierrquico chama a ateno para os deslizes, instigando-o a corrigir-se pelo emprego de maior zelo na execuo dos atos da sua competncia.As faltas leves so aquelas que no oferecem perturbao nos servios, nem revelam falta de diligncia ou zelo por banda do funcionrio ou agente infrator, mas que mesmo assim no devem ficar sem reparo ( funcionrio que chega atrasado sem motivos justificado ou trabalhador que interrompe o servio para fumar para alm da tolerncia habitual e depois de advertidos).Regime jurdico da repreenso escrita:- Censura formal com vista a correo formal do trabalhador (art. 10);- Aplica-se a faltas leves ao servio (art.15);- O respetivo registo pode ser suspenso (art. 25);-Prescreve passado 1 ms a contar da data em que a deciso se tornou irrecorrvel (art.26);- No demanda a organizao prvia de processo disciplinar, exigindo contudo audincia prvia (art.28, n. 2);- susceptvel de reabilitao 1 ano aps a sua publicao ou aps o respetivo cumprimento (art. 78, n. 3); - Admissvel recurso hierrquico ou contencioso.

Multa Art. 16Aplica-se as seguintes condutas:Atpicas negligncia e m compreenso dos deveres funcionaisTpicas - -restantes enumeradas nas diversas alneas.O artigo tem um princpio geral de que a multa aplica-se particularmente queles trabalhadores que, no exerccio das suas funes, se no mostrem diligentes e cumpridores e revelem que no tm dos deveres funcionais um conhecimento suficientemente perfeito que lhes permita evitar situaes prejudiciais ao servio.O vocbulo nomeadamente significa que a enumerao no taxativa e que possvel subsumir ao preceito outras situaes que revelem negligncia e m compreenso dos deveres funcionaisRegime jurdico da medida de multa:- fixada em quantia certa, no podendo exceder o quantitativo correspondente ao previsto no artigo 10, n. 1;- Aplica-se a casos de negligncia ou m compreenso dos deveres funcionais, art. 16, n. 1;- Pode ser suspensa na execuo, art. 25;- Prescreve passado 3 meses a contar da data em que a deciso se tornou irrecorrvel (art.26);- Demanda a organizao prvia de processo disciplinar, exigindo contudo audincia prvia (art.28, n. 1);- susceptvel de reabilitao 1 ano aps a sua publicao ou aps o respetivo cumprimento (art. 78, n. 3); - Admissvel recurso hierrquico ou contencioso.Lei 12-A/2008, n. 6 art. 30

SuspensoArt. 24- A pena de suspenso exige atuao com grave negligncia ou com grave desinteresse pelo cumprimento dos deveres funcionais ou comportamentos que atentem gravemente contra a dignidade e o prestgio da funo.- Para que se verifique a infrao disciplinar na alnea c) necessrio que:- Se exeram funes em acumulao, sem autorizao;- Se exeram funes em acumulao apesar de no se ter sido autorizado a tal;- Se exeram funes com autorizao em acumulao com autorizao, quando esta tenha sido concedida com base em informaes ou elementos, fornecidos pelo trabalhador que se revelem falsos ou incompletos.- O atentado grave contra a dignidade e o prestgio da funo permite a punio de comportamentos adotados no domnio da vida privada, ou seja, fora do horrio de trabalho, e que tenham a sua causa justificativa no servio ou nas funes que o trabalhador exera.- nas alneas a), b), d), F), h), i) e o) releva o dever de zelo e o de lealdade, nas alneas c), e), l), m) e n), revelam sobretudo os deveres de imparcialidade e de iseno, nas alneas g) e J9, revelam os deveres de obedincia e de prossecuo do interesse pblico e na alnea f) o dever de informao.- Na alnea g), est desobedincia no se relaciona diretamente com a publicidade do ato, mas antes com o grau de reprovao da conduta do arguido, ao violar o dever de obedincia e com a importncia das respetivas consequncias nos servios. Est situao liga-se ao crime de peculato de uso art. 376.- Efeitos da pena de suspenso:-O no exerccio de funes e a perda das remuneraes correspondentes a da contagem do tempo de servio e antiguidade;- Mantm-se as prestaes da ADSE abono de famlia e prestaes complementares do vencimento;- Pode continuar a a frequentar as aes de formao que venham a realizar-se durante a execuo da pena, porque no existe cessao do vnculo funcional.Regime jurdico da medida de suspenso:- Consiste no afastamento completo do arguido do servio enquanto estiver a cumprir a medida da pena art. 10 , n. 3;- Aplica-se a casos de negligncia ou m compreenso dos deveres funcionais, art. 17, n. 1;- Pode ser suspensa na execuo, art. 25;- Prescreve passado 6 meses a contar da data em que a deciso se tornou irrecorrvel (art.26);- Demanda a organizao prvia de processo disciplinar, exigindo contudo audincia prvia (art.28, n. 1);- susceptvel de reabilitao 2 anos aps a sua publicao ou aps o respetivo cumprimento (art. 78, n. 3); - Admissvel recurso hierrquico ou contencioso.

Demisso e despedimento por fato imputvel ao trabalhadorArt. 18A pena de demisso e despedimento diferenciam-se do ponto de vista dos destinatrios, pois produzem os mesmos efeitos jurdicos. A demisso aplica-se aos trabalhadores nomeados includo os que at 31 de Dezembro de 2008 tinham essa forma de provimento e passaram para o regime de contrato de trabalho em funes pblicas. O despedimento aplica-se em exclusivo aos trabalhadores vinculados por contrato de trabalho em funes pblicas ou por contrato de trabalho.Os fatos tm de inviabilizar a manuteno da relao funcional, mas este no o critrio, ter sempre de haver violao dos deveres jurdico-funcionais que revistam caractersticas tais que se possa afirmar inviabilizao da manuteno da relao jurdica funcional. E quais so as caractersticas? O dolo e negligncia revestem tais caractersticas. Mas podem ter um contedo tal, juntamente com a ilicitude revelada pelo fato, que se possa afirmar a referida impossibilidade de manuteno da relao funcional, sendo ndices os exemplos indicados na lei. a acusao que cabe provar os referido requisitos, no se devendo bastar a mera referncia a fatos objetivos descritos nas alneas da lei uma mera invocao abstrata da referida inviabilizao.A alnea l), do art. 17 e a m), n. 1 do art. 18, existe uma grande diferena, pois num caso estamos perante a no prestao de contas e no outro perante desvio de fundos. Importa apurar se o dinheiro est na disponibilidade do servio e qual inteno real do arguido.Nas faltas injustificadas com a apresentao de atestado mdico no inviabiliza relao funcional. No s a mera invocao da quebra da relao funcional ter de haver prova dos factos objetivos de onde decorra essa quebra de confiana.As faltas injustificadas so as que no constam do artigo 21 da Lei 100/99, de31 de Maro.O CP prev o abandono de funes art. 385. Neste crime existe um dolo especfico. O bem jurdico a proteger o bom andamento da Administrao Pblica e no caso concreto, a regularidade e continuidade da atividade administrativa, a ideia de que os rgos administrao pblica devem operar e atuar concretamente no sentido de consecuo dos fins administrativos de modo eficiente e coerente.O abandono de funes significa que o agente omite presena no seu servio ou ento afasta-se do mesmo por um espao de tempo juridicamente relevante. Uma vez que a inteno final a continuidade do servio pblico. Para que se verifique crime necessrio que haja inteno de impedir e perturbar o servio pblico o que no acontece em processo disciplinar.Regime jurdico da medida de suspenso:- Consiste no afastamento definitivo do arguido do servio enquanto estiver a cumprir a medida da pena art. 10 , n. 5;- Aplica-se a casos de inviabilizao da relao funcional, art. 18, n. 1;- No pode ser suspensa na execuo, art. 25;- Prescreve passado 1 ano a contar da data em que a deciso se tornou irrecorrvel (art.26);- Demanda a organizao prvia de processo disciplinar, exigindo contudo audincia prvia (art.28, n. 1);- susceptvel de reabilitao 3 anos aps a sua publicao ou aps o respetivo cumprimento (art. 78, n. 3); - Admissvel recurso hierrquico ou contencioso.

Cessao da comunicao de servioArt. 19A cessao da comisso servio exclusivamente aplicvel a quem esteja em comisso de servio em cargos dirigentes ou equiparados. So exercidos em comisso servio os cargos referidos no n.4, do art. 9 da Lei n. 12-A/2008 de 27 de Fevereiro.Nos termos do art. 10, n. 7 ED, a pena de cessao da comisso de servio consiste na cessao compulsiva do exerccio de cargo dirigente ou equiparado.O art. 11, n. 5, ED a cessao da comisso servio implica termo do exerccio de cargo dirigente ou equiparado e a impossibilidade de exerccio de qualquer cargo dirigente ou equiparado durante o perodo de trs anos a contar da data da notificao da deciso final.O pessoal dirigente s pode ser aplicada est pena, no lhe pode ser aplicada outra e o fundamento o que fez ou que deixou ilicitamente de fazer. A violao dos deveres prprios do cargo dirigente no se pode repercutir punitivamente sobre a carreira ou posto de trabalho de origem.Medida autnoma:Alneas a) a d)Medida acessria:Aplica-se acessoriamente a qualquer infrao disciplinar punida com pena igual ou superior de multa, cometida por dirigente ou equiparado.

Escolha e medidas da penaArt. 20So elementos essenciais da infrao disciplinar (art. 3ED):- Uma conduta do funcionrio ou agente;- O carcter ilcito da conduta, decorrente da inobservncia de algum dos deveres gerais ou especiais inerentes funo exercida;- O nexo de imputao, que se traduz na censurabilidade da conduta, a ttulo de dolo ou negligncia.Por fora do princpio da oportunidade, a culpa constitui um pressuposto e limite da medida disciplinar mas no o seu fundamento. Assim, a funo da culpa reside no em fundamentar a aplicao de uma medida disciplinar, mas unicamente em evitar que uma tal aplicao possa ter lugar onde no existe culpa ou numa medida superior suposta por esta.Neste artigo enumera-se os fatores que obrigatoriamente se deve atender na escolha da sano disciplinar. A estes fatores devem acrescer ainda os fatores que so indicados no art. 23ED, pois verificando-se atenuao extraordinria da pena a mesma pode ser atenuada aplicando-se a pena inferior.A Administrao goza de uma certa liberdade na eleio da pena a aplicar em concreto luz dos critrios enunciados neste artigo, no se pode esquecer que a interpretao que faa conhece limites, dados, justamente, entre outros, pelo princpio da proporcionalidade. Assim sendo, este princpio impede a livre discricionariedade da administrao para eleger a sano disciplinar, no podendo os Tribunais abster-se de julgar a justia da pena aplicada ou limitar esse seu julgamento a situaes de erro grosseiro na determinao de tal pena.Fatores:- Natureza do servio deve ser exercida influncia na determinao da medida da pena a aplicar ao infrator, porque h servios de maior relevncia e responsabilidades diferentes, onde as aes dos seus servidores merece relevncia diferente porque os resultados de graduao so distintos.-Mais categorizado funcionrio o comportamento dever servir de exemplo para os inferiormente posicionados;-Culpa dever ser mais severamente punido aquele funcionrio que no cometimento da infrao f-lo de forma mais censurvel. Fato e culpa so, pois as pedras de toque na punio disciplinar, sem esquecer que, no respeito ao princpio da proporcionalidade das medidas, haver que ter em considerao que o dolo releva maior culpabilidade que a negligncia;-Personalidade do agente tambm deve condicionar a determinao da medida j que no pode ser avaliado por igual o infrator ocasional e normalmente avesso ao incumprimento dos deveres funcionais e aquele que, por sistema, ou pelo menos com frequncia, manifesta tendncia para a violao de tais deveres.

Circunstncias dirimentesArt. 21 Trata-se de causas da excluso da culpa e da ilicitude.Excluem a ilicitude a alnea e) e c) e a atribuio legal de maior valor a outros interesses em presena, de que se realam, entre outros exemplos, o cumprimento de decises judiciais, a manuteno da ordem pblica e assistncia mdica oficial.A no exigibilidade de conduta diversa uma clausula geral de excluso de responsabilidade disciplinar que pressupe o recurso ao critrio do homem mdio pressuposto pela ordem jurdica, ou seja, a conduta diversa s inexigvel quando nas mesmas circunstncias um bom pai de famlia atuaria da mesma maneira. No se verifica a inexigibilidade de conduta diversa, quando a mesma corresponde a uma prtica desconforme lei ou errada, ainda que generalizada, e no obste a outra conduta. Os hbitos corrigem-seVer anotaes do artigo e inimputabilidade penalCircunstncias atenuantes especiaisArt. 22Especiais as que constam deste artigo e as gerais todas e quaisquer circunstncias que seja favorvel ao arguido.A alnea a) refere-se a comportamento e zelo exemplar, requisitos esses cumulativos e no alternativos o zelo implica um comportamento modelo, devendo constar do procedimento disciplinar provas suficientes desse comportamento e no basta a simples ausncia de faltas injustificadas ou de penas disciplinares.A alnea b) fala em confisso espontnea, deve ser anterior ao apuramento dos fatos, pois tem de ser em tempo til. Na confisso deve demonstrar arrependimento atravs de atos externos demonstrativos e de reparao do mal causado.A alnea d) fala na provocao mas dever ser deslindada que condutas levaram o arguido ter aquele comportamentoAcatamento ordens ver anotao anterior obedincia ordens chefia.

Atenuao extraordinria Art. 23Por fora do princpio da culpa, quando se trata de pena inferior significa qualquer pena e no s de escalo imediatamente inferior.

Circunstncias agravantes especiaisArt. 24Circunstncias agravantes especiais so as constantes das vrias alneas e so taxativas, as gerais so as que milite contra o arguido.A alnea b), trata-se de uma circunstncia que influi na gravidade objetiva da infrao, posto que a lei, no mesmo preceito, exija tambm um requisito subjetivo constitudo pelo fato de o funcionrio dever prever essa consequncia como efeito necessrio da sua conduta.A produo efetiva de resultados figura aqui, segundo nos parece, precisamente como resultado imediato e especfico do fato violador do dever, verificvel e legado ao prprio fato por uma relao imediata de causalidade.A alnea c), A premeditao incumbe provar a acusao, que o desgnio para o cometimento da infrao foi formado pelo menos, vinte e quatro horas antes da sua prtica. E quando a lei estabelece o prazo de 24 horas, f-lo com exigncia de mximo rigor na demonstrao de que esse prazo existiu. Na dvida, deve beneficiar-se o arguido, no fazendo valer a premeditao como circunstncia agravante especial, mas apenas como agravante geral.A alnea f), a reincidncia em matria disciplinar pressupe o cumprimento da pena imposta por infrao anterior. A reincidncia ocorre quando a infrao cometida antes de decorrido um ano sobre o dia em que tenha findado o cumprimento da pena aplicada por virtude de infrao anterior.Para que exista reincidncia as infraes em causa no tm que ser da mesma natureza.A alnea d), A comparticipao um conceito mais abrangente, pois inclui a instigao e a autoria moral, para alm da coautoria. A comparticipao criminosa so designadas por autoria imediata, autoria mediata, coautoria e instigao, as quais nos termos do art. 26 CP: executar o fato por si mesmo (autoria imediata); executar o fato por intermdio de outrem (autoria mediata) tomar parte direta na execuo do fato, por acordo ou juntamente com outro ou outros, ou seja, por acordo expresso ou com conscincia de colaborao com outro ou outros, o acordo, em geral, anterior ao fato, todavia, pode aparecer durante fato, at ao termo respetivo, tornando-se o agente corresponsvel pelas contribuies fticas que conhea e tenham sido realizadas pelos outros intervenientes, enquanto lhe aproveitarem e ele as secunde com a sua interveno (coautoria e coautoria sucessiva; determinar dolosamente outra pessoa prtica do fato desde que haja execuo ou comeo de execuo (instigao).

Suspenso das PenasArt. 25.Da deciso que aplique pena disciplinar efetiva deve constar a motivao ftica e jurdica que esteve na base da no suspenso da execuo das penas aplicadas, quando emitam a suspenso. Terminado o perodo da suspenso sem nova condenao, a medida disciplinar aplicada dever considerar-se extinta.

Prescrio das penasArt. 26Os prazos de prescrio contam-se a partir da data em que a deciso se tornou inimpugnvel, o que significa que nunca comearo a correr antes decorrido de um ano sobre a sua aplicao e notificao ao arguido, uma vez que esse o prazo mximo legalmente previsto no artigo 58 CPTA.Em caso de cessao da relao jurdica de emprego pblico, as penas previstas nas alneas b) a d) do n. 1, do artigo 9, so executadas desde que os trabalhadores constituam nova relao jurdica de emprego pblico. A prescrio da pena fica suspensa durante a totalidade do perodo que medeie entre a cessao e a constituio de uma nova relao de emprego pblico.Se a pena foi parcialmente executada (pagamento parcial da multa) e a restante prescrita, a restante conta para efeitos de reincidncia, porque se mantm os efeitos produzidos pela pena.

4-PROCEDIMENTO DISCIPLINAR

Formas de processoArt. 27O procedimento disciplinar comum encontra-se regulado nos artigos 28 a 38 e 39 a 65 do ED.O procedimento disciplinar especial encontra-se regulado nos artigos 66 a 78 do ED. Os processos de inqurito e sindicncia art. 66 a 68, processos de averiguaes art.s 69 a 71, reviso do procedimento disciplinar art.s 72 a 77, reabilitao art. 78.O novo estatuto eliminou os processos por falta de assiduidade e converteu-os em comuns. Os anteriores processos de averiguao foram convertidos em inquritos.O direito disciplinar especial regulado pelas disposies que lhe so prprias e nos casos omissos pelo processo comum.Mas h remisses diretas para o CP (art. 6, n. 3ED) e CPP (art.s 36, 50, n. 4 e 53, n. 6 do ED).As lacunas de acordo com a doutrina so preenchidas de acordo com os seguintes parmetros:-Analogia dentro do sistema disciplinar;- Princpios gerais da atividade administrativa e normas de procedimento administrativo geral; - Princpios e regras do direito processual penal e;- Regras do direito processual civil. No entanto as regras do processo penal so as que do mais garantias constitucionais ao arguido da a opo do ED.

Obrigatoriedade de processo disciplinarArt28A pena de repreenso escrita a nica pena que pode ser aplicada sem prvia instaurao de procedimento disciplinar, mas tero de ser assegurados os direitos constitucionais do arguido, ou seja a audincia e defesa do arguido. Ter de ser deduzida acusao, porque ter de haver audincia para o arguido conhecer os fatos (tempo, modo e lugar) de que acusado.

Competncia para a instaurao do procedimentoArt. 29A competncia para a instaurao de procedimento disciplinar no se confunde com a competncia para a aplicao de sanes disciplinares. O art. 14 do ED refere-se competncia para a aplicao de sanes disciplinares. De acordo com este artigo a competncia para instaurar procedimento e a competncia para aplicar a pena de repreenso escrita cabe a todos superiores hierrquicos em relao aos seus subordinados. Mas s em relao aos respetivos subordinados, pois quanto a outras pessoas, deve ser feita participao ao superior hierrquico competente. Este artigo deve ser conjugado com o disposto no art. 6, n. 2, ED. Porque qualquer superior hierrquico tem competncia para instaurar ou mandar instaurar procedimento disciplinar contra os respetivos subordinados, ainda que no seja competente para punir. Nos termos do art. 40., n. 3 do ED, tratando-se de processo por falta de assiduidade s o dirigente mximo do servio que pode mandar (ou no) instaurar procedimento disciplinar quando um trabalhador deixe de comparecer ao servio, sem justificao, durante 5 dias seguidos ou 10 interpolados.

Local da instaurao e mudana de rgo ou servio na pendncia do processoArt. 30 entendimento da doutrina que o rgo que aplica a pena deve ponderar ouvir previamente rgo onde a infrao foi cometida, inclusive sobre a sano disciplinar a aplicar.

Apensao de processosArt. 31.Este artigo deve conjugar-se com o art. 9, n. 3, ED, o qual dispe que no pode ser aplicada uma pena por cada infrao, pelas infraes acumuladas que sejam apreciadas num nico processo ou pelas infraes apreciadas em processos apensados. Apenas pode ser aplicada uma pena disciplinar pela globalidades das infraes. Se as infraes no tiverem sido punidas aplica-se o art. 9, n. do ED. A apensao tem a ver com a prescrio de 18 meses do art. 6, n.6 do ED. Fica ao arbtrio da autoridade administrativa o poder de optar pela no apensao, com argumento do risco de prescrio ou de caducidade. Pode ser apensado um processo de inqurito a um disciplinar depois de aquele ser convertido em processo disciplinar, fim do arguido ser ouvido e pode defender-se da respetiva acusao. Apenso um processo disciplinar a outro, aquele perde autonomia devendo todos os atos subsequentes ser praticados no processo principal.

Arguido em acumulao de funesArt. 32Em cada apensao, a instruo fica a cargo do instrutor que tiver sido nomeado para o primeiro processo, pela que cessa funes o instrutor do processo apensado.A instaurao dos procedimentos disciplinares comunicada aos rgos ou servios em que o trabalhador desempenha funes, de igual modo se procedendo em relao deciso proferida.

Natureza secreta do processoArt. 33A confidencialidade traduz-se da seguinte forma:- Exame do processo, este secreto at acusao, podendo o arguido requerer o exame do mesmo, sendo-lhe porm, proibida a divulgao do seu contedo, sob pena de procedimento disciplinar;- Passagem de certides, pode ser autorizada pela entidade que dirige a investigao e at sua concluso, quando necessrias defesa de interesses legtimos e em face de requerimento que especifique o fim a que se destinam, podendo, porm, proibir-se a sua aplicao, sob pena de desobedincia.O carter secreto do processo disciplinar reside no seguinte:-Defesa dos direitos de personalidade do arguido (Dt ao bom nome, honra e reputao);- Defesa do interesse pblico da instituio (a divulgao de uma infrao que possa por em causa a imagem do servio pblico);- Facilitar a procura da verdade material (divulgao pode facilitar a destruio ou dificultao de provas).O indeferimento ter de ser fundamentado de acordo com o artigo 268 CRP e o art. 124., n. 1, al. a), do CPA.No art. 11 do CPA princpio da gratuitidade do procedimento administrativo.

Forma dos atos Art. 34Existe meleabilidade processual do procedimento disciplinar. Os atos inteis so proibidos e implicam responsabilidade disciplinar a quem os prtica, nos termos do art. 137. CPC. Isto porque o processo disciplinar sumrio, rpido secreto e contraditrio.A falta do arguido aos atos de procedimento disciplinar no nenhuma, exceto a no considerao de argumentos que pode-se deduzir e no seja obtenveis oficiosamente.Outras pessoas com vnculo ao Estado, violam o dever de prossecuo do interesse pblico, na modalidade de falta de colaborao, quando no mesmo de imparcialidade ou de iseno, que poder dar origem a responsabilidade disciplinar.Nestas situaes a doutrina divide-se e h quem entenda que se verifica o crime de falsas declaraes art. 360, n. 1 e 2, porque consideram que a administrao da justia abrangente a todo o Estado. Outra parte da doutrina entende que no possvel porque nestes processos no intervm o Tribunal o Ministrio Pblico ou a Polcia criminal.

Constituio de advogadoArt. 35A partir da constituio de advogado as notificaes passam a ser executadas na pessoa do mandatrio, a exceo das que respeitam acusao e deciso que aplique pena disciplinar, por fora do disposto no art. 49, n. 1 e 57 do ED.Na fase de instruo (secreta) o advogado do arguido apenas pode estar presente na sua audio, requerer em conformidade com o disposto no art. 33 do ED e apresentar requerimentos, no podendo estar presente na produo de outras provas, atenta a natureza no contraditria desta fase.Nos termos do art. 53, n. 7 do ED, o advogado do arguido pode estar presente e intervir na inquirio de testemunhas. E nos termos do n. 5 desse mesmo artigo, as diligncias para a inquirio de testemunhas so sempre notificadas ao arguido. O instrutor deve informar o arguido de que pode constituir advogado, pois esse dever de informao decorre do estatuto do arguido. A ausncia desta informao fere de nulidade insanvel o depoimento prestado pelo arguido em procedimento disciplinar, pois configura a violao de um direito fundamental.Sendo a fase de defesa contraditria, o instrutor deve notificar o arguido, na sua pessoa ou na pessoa do seu defensor, das diligncias de produo de prova que agendar. A falta de notificao prvia da data dessas diligncias configura nulidade ao abrigo do art. 37., n. 2 do ED.Sobre o queixoso fazer-se representar por advogado ver anotao art.47 ED.

Atos oficiososArt. 36Aplica-se CPP art. 126, exceto na parte dos atos do juiz de instruo.

NulidadesArt. 37. Nulidades insuprveis:- Falta de audincia do arguido em artigos da acusao nos quais as infraes sejam suficientemente individualizadas e referidas aos correspondentes preceitos legais;- Omisso de diligncias essenciais descoberta da verdade.Nulidades suprveis:- Todas as demais. O seu suprimento, contudo, ter que ser reclamado at deciso final.As nulidades insuprveis implicam as seguintes concluses:- Em processo disciplinar, a acusao tem de ser formulada atravs da articulao de fatos concretos e precisos, sem imputaes vagas, genricas ou abstratas, devendo enunciar as circunstncias conhecidas de modo, lugar e tempo, e as que integram atenuantes e agravantes, e, bem assim, as infraes disciplinares que deles derivem, com referncia aos correspondentes preceitos legais e s penas aplicveis;- A formulao da acusao em termos vagos, genricos ou abstratos, corresponde falta de audincia do arguido, geradora da nulidade insuprvel;- No se verifica a nulidade acima referida quando o arguido, apesar das deficincias da acusao, designadamente pelo carter vago, genrico ou indeterminado dos respetivos artigos, revelar, na defesa, ter compreendido perfeitamente o mbito, sentido e alcance da acusao, no resultando em nada afetadas as garantias constitucionais da sua audincia e defesa.

Alterao da relao jurdico-funcional do arguidoArt. 38O arguido no est impedido de se candidatar a procedimentos concursais, de passar de uma situao de mobilidade ou de licena sem remunerao. Vigora o princpio do direito criminal consagrado no n. 2 do art. 32 da CRP, segundo o qual todo o arguido se presume inocente at trnsito em julgado da deciso condenatria. Se o arguido vier a ser punido, cumprir a suspensa na situao jurdico-funcional em que se encontra data em que ela possa ser executada.

Incio e termo da instruoArt. 39Estabelece os prazos para incio e termo de instruo e prev a prorrogao do prazo instrutrio.O prazo para o instrutor iniciar o processo de 10 dias que se inicia a partir da data em que o instrutor foi notificado do despacho de instaurao.O incio da instruo conta-se desde a data do conhecimento dado ao arguido e do participante. Se o instrutor no der conhecimento comete uma irregularidade que se considera sanada se, at deciso final do processo disciplinar, o arguido ou o participante no reclamarem.A contagem dos prazos efetuada nos termos do art. 72. CPA, tais prazos no se suspendem por motivo de gozo de frias do instrutor.Os prazos de 10 e 45 dias, so meramente ordenadores, pelo que a sua violao no afeta o procedimento de qualquer invalidade, no extingue a possibilidade de prtica do ato nem constitui vcio procedimental suscetvel de se repercutir no ato final do processo disciplinar.

Participao ou queixaArt. 40A participante aquele que transmite a notcia da infrao ao superior hierrquico e queixoso o que simultaneamente direta e imediatamente lesado pela infrao disciplinar.Uma vez que j no lavrado auto de notcia de infrao disciplinar, deixou de existir a figura do autuante.A infrao pode ser transmitida atravs de uma queixa particular ou de uma participao a superior hierrquico ou apresentadas diretamente a quem tem competncia para mandar instaurar o processo disciplinar ou ser adquirida por conhecimento prprio superior hierrquico com competncia para instaurar o processo disciplinar.De acordo com o n. 6 a denncia annima passvel de abertura de procedimento, mas apenas quando dela se retirarem indcios da prtica de infrao disciplinar ou constituir ela prpria infrao um crime.Nos termos nos n.s 3 e 4, do ED, quando o trabalhador deixe de comparecer ao servio, sem justificao, durante 5 dias seguidos e 10 interpolados, o superior hierrquico, j no lavra auto por falta de assiduidade, mas participa o fato ao dirigente mximo do servio ou rgo, o qual pode considerar, do ponto de vista disciplinar, justificada a ausncia, determinando o imediato arquivamento da participao quando o trabalhador faa prova dos motivos que considere atendveis. As faltas podem ser formalmente injustificadas (apresentadas fora do tempo) e, no entanto, serem consideradas materialmente justificadas, por terem existido motivos reais e atendveis para a sua verificao. Em tais casos o dirigente mximo do rgo ou servios pode mandar arquivar a participao por considerar, do ponto de vista disciplinar, justificada a ausncia.Os 5 dias seguidos ou 10 dias interpolados mencionados no art. 40, n. 3, do ED, tm que ocorrer no mesmo ano civil.

Despacho liminarArt. 41Vigora o princpio da oficiosidade, ou seja, existe um poder/dever de instaurar procedimento disciplinar constatando-se a existncia de uma infrao disciplinar, at porque se inicia a o prazo de prescrio do procedimento disciplinar.O princpio da igualdade e da proibio do arbtrio, da imparcialidade e da legalidade impem o subprincpio da oficiosidade.A doutrina entende que o despacho liminar deve ser notificado ao participante e ao arguido (art.s 268, n. 3 CRP, art. 66 do CPA e 42 e 43 do ED).O artigo 41 prev trs tipos de despachos, sendo apenas dois deles despachos liminares:- Despacho em que a entidade recebeu a queixa ou a participao declara no ter competncia para aplicao da pena e entenda que no h lugar a procedimento disciplinar e submete a deciso da entidade competente;- Despacho liminar que determina a instaurao do processo disciplinar e nomeia instrutor (art. 41, n. 3 ED);- Despacho de arquivamento liminar da participao ou queixa ( art. 41, n. 2, ED).Nomeao de instrutorArt. 42.O instrutor no poder deixar de ser titular de uma relao jurdica de emprego pblico.A no notificao ao arguido da instaurao de procedimento disciplinar e da nomeao do instrutor configura um vcio forma enquadrvel, art. 37, n. 2, ED.A nomeao de pessoa sem estas qualidades ou seja trabalhador de outro servio ou sem formao jurdica, sem necessidade, configura nulidade do art. 37., n.2 do ED, que poder ser arguida at ser proferida a deciso final do procedimento disciplinar, nulidade essa por violao dos princpios da imparcialidade e da prossecuo do interesse pblico, diminuindo as garantias de defesa por parte do arguido, uma vez que s quem seja titular de tal relao de emprego pblico que est vinculado ao respeito pelos referidos princpios constitucionais e fornecer as garantias de imparcialidade legalmente necessrias para poder analisar com iseno, transparncia e exclusiva ponderao do interesse pblico a gravidade da infrao imputada ao arguido.A escolha do instrutor deve respeitar os critrios de preferncia elencados no art. 41, n.s 1 e 2, do ED, devendo ser fundamentada a escolha que altere a ordem indicada.Sobre os graus de complexidade funcional mencionados no art. 42., n. 1, consulte-se o art. 44, da Lei n. 12-A/2008.Lei n. 12-A/2008, de 27/02, art. 44 Graus de complexidade funcional.

Suspeio do instrutorArt. 43A suspeio pode ser impugnada judicialmente quando lesiva dos direitos e interesses do arguido ou do queixoso.A suspeio pode ser suscitada oficiosamente, at pelo prprio instrutor.Para alm das alneas deste artigo podero verificar-se outras situaes violadoras do princpio da imparcialidade art.44 CPA.

Medidas cautelaresArt. 44As medidas previstas s podem ser ordenadas aps instaurao do procedimento disciplinar e aps a nomeao do instrutor. As medidas tm de ser necessrias, adequadas e proporcionadas ver art. 84 CPA.O ED no estabelece prazo de validade cautelares, pelo que esto sujeitas ao prazo para concluso do procedimento disciplinar, se no formulada deciso final antes do fim desse prazo.Quando as medidas cautelares sejam lesivas de direitos ou interesses protegidos podem ser judicialmente impugnadas art. 59 CPTA.

Suspenso preventivaArt. 45A suspenso preventiva no implica a perda da remunerao base (art. 70 da Lei 12-A/2012) nem desconto na antiguidade, mas implica a perda do direito aos suplementos remuneratrios (art. 73 da Lei-A/2008) e ao subsdio de refeio (art. 114 da Lei n. 12-A/2008). Ver art. 67 da Lei n. 12-A-2008 componentes da remunerao, art. 70 conceito remunerao base, art. 73 suplementos remuneratrios.O prazo de 90 dias improrrogvel. A suspenso preventiva pode ter lugar em caso de infrao punvel com pena de suspenso ou superior. Devem existir fortes indcios da prtica da infrao por parte do arguido, no podendo ser uma condenao antecipada. A no ser assim a suspenso preventiva ser desproporcional e assim excessiva.A notificao da suspenso preventiva acompanhada de indicao, ainda que genrica, da infrao ou infraes de cuja prtica o trabalhador arguido. No entanto tero de existir fortes indcios, pois para se indicarem as infraes necessrio que se conhea j a autoria, a extenso e a gravidade da infrao em termos suficientes.

Instruo do processoArt. 46A autuao do processo visa a constituio de verdadeiro processo escrito, ordenado cronologicamente e que compile as diligncias e atos realizados.A audio do arguido obrigatria, quer por forma do disposto no art. 46., n. 2, ED, quer por fora da sano prevista no art. 37, n. 1, do ED.Na fase de instruo, quando o instrutor julgue suficiente a prova produzida, pode, em despacho devidamente fundamentado, indeferir o requerimento do arguido no sentido de realizao de mais diligncias (art. 46, n. 3 e 4, ED). Contudo, na fase de defesa, j em sede de resposta acusao, s podem deixar de ser ouvidas as testemunhas arroladas pelo arguido se os fatos a que foram indicadas forem considerados provados pelo instrutor (art. 53, n. 3, ED). Na fase de instruo, quando o instrutor julgue suficiente a prova produzida, pode em despacho devidamente fundamentado, indeferir o requerimento do arguido no sentido de realizao de mais diligncias (art. 46, n.s 3 e 4, ED). Contudo, na fase de defesa, j em sede de resposta acusao, s podem deixar de ser ouvidas as testemunhas arroladas pelo arguido se os fatos a que foram indicadas forem considerados provados pelo instrutor.O instrutor tem o objeto da investigao delimitado por despacho que determinou a instaurao de processo disciplinar, no devendo investigar de forma autnoma outros fatos, salvo se tal for necessrio para acautelar a conservao da prova. Constatando a existncia de novas infraes disciplinares, que se integram na mesma clusula geral punitiva e no se encontrem numa conexo ntima com os fatos que determinaram a abertura do processo disciplinar, deve comunicar a sua existncia a quem tem competncia para determinar a instaurao de processo disciplinar.

Testemunhas na fase de instruoArt. 47De acordo com o previsto no Artigo 61, n. 3 do Estatuto da ordem dos advogados, a assistncia por advogado sempre admissvel e no pode ser impedida perante qualquer jurisdio, autoridade pblica ou privada, nomeadamente para a defesa dos direitos da pessoa assistida. Muito embora a testemunha seja um mero interveniente processual, a lei no deixa de lhe atribuir determinado acervo de direitos: no pode ser objeto de mtodos proibidos de prova (art. 126 CPP); s pode ser inquirida sobre fatos que constituem objeto de prova ( art. 128CPP); no obrigadaa responder a perguntas quando alegar que das respostas pode resultara a sua responsabilidade penal (art.132, 2); e pode recusar-se a depor, em determinadas situaes ( casos de parentesco e afinidade, bem como em determinados casos de vinculao e segredo profissional, funcional ou de Estado (art. 134 e ss CPP).Existe incompatibilidade no fato do advogado do denunciante ser tambm o das testemunhas.

Termo da instruoArt. 48Nos termos doa art. 39, n. 1 do ED, a instruo do processo disciplinar inici-se no prazo mximo de 10 dias contados da data da notificao ao instrutor do despcho que o mandou instaurar e ultima-se no prazo de 45 dias (conta-se desde o incio da instruo, quando o instrutor informou a entidade que o nomeou, o arguido e o participante queixoso) e s pode exceder esse prazo por despacho da entidade que mandou instaurar, sob proposta fundamentada do instrutor no caso de excecional complexidade.O instrutor remete o processo disciplinar a entidade que tenha competncia para decidir o processo disciplinar, porque quem manda instaurar por vezes no detm essa competncia.O relatrio dever conter uma proposta de arquivamento, pois o instrutor no tem competncia decisria. A entidade com competncia decisria pode discordar da proposta e solicitar que o instrutor efetue mais diligncias e fixar o prazo para a sua concluso.A entidade com poder de deciso pode tambm efetuar acusao fundamentada e contrariar o arquivamento. E pode depois na fase de deciso final propor o arquivamento com outros fundamento que no os apresentados pelo instrutor em respeito pelo princpio da verdade material ou da justia (pode haver mudana do rgo colegial no decurso da defesa).O prazo de cinco dias meramente ordenador.Quando o instrutor considere que as provas recolhidas so suficientes da existncia de infrao disciplinar da sua autoria por parte do arguido visado no processo disciplinar formula acusao no prazo de 10 dias. De forma articulada, indicando os fatos integrantes da infrao disciplinar, as circunstncias de tempo modo e lugar da prtica da infrao e as circunstncias que integram atenuantes e agravantes, acrescendo sempre a referncia aos preceitos legais respetivos e s penas aplicveis.Enquanto a acusao do art. 238 do CPP se funda em indcios suficientes , a acusao em processo disciplinar deve fundar-se em provas suficientes., pois no se lhe segue qualquer audincia de julgamento, de onde se possa esperar qualquer evoluo probatria. A falta da audincia do arguido entendida pela doutrina como as seguintes realidades:-A acusao despida de qualquer expresso fatual e contendo apenas juzos de valorativos ou conclusivos, com remio para peas ou documentos do processo, que no identifiquem inteiramente as infraes;-Ausncia de formalidades essenciais acusao e defesa; -Falta de notificao da acusao (pessoal ou com carta registada com aviso de receo);- Falta de publicao de aviso no DR quando necessrio;-Concesso de prazo insuficiente para defesa;-No prorrogao injustificada do prazo para a defesa;-Negao do direito de defesa ampla;-Falta de nomeao de curador quando necessrio;-No notificao ao arguido da juno de documentos, ou de declarao ou depoimentos, por ele no requeridos e efetuados posteriormente apresentao da defesa.A acusao:-Deduz-se por artigos para tornar mais fcil a defesa, cada artigo deve conter um fato imputado ao arguido, indicando precisa e concretamente, com todas as circunstncias de modo, lugar e tempo;-A acusao deve ser tal que o acusado inocente a possa cabalmente destruir, sem imputaes vagas sem fatos imprecisos, sem arguies genrica;-Fatos no articulados no podem ser invocados contra o arguido ou fundamentar a sua condenao. E tm-se por no articulados os fatos apenas insinuados ou obscura, vaga ou confusamente apresentados.-Dever ser efetuada uma referncia aos deveres violados e os preceitos legais respetivos, art. 37, n. 1 e art. 48, n. 3 do ED. O instrutor deve limitar-se a averiguar a existncia dos fatos constantes do auto de notcia, no gozando da faculdade de investigar outros, a menos que se integram na mesma clausula geral punitiva e se encontrem em conexo ntima com os primeiros, caso este requesito no seja cumprido verifica-se vcio de lei por erro. Quando se verifique a existncia de outros fatos no constantes do auto de notcia prope o arquivo do processo disciplinar a instaurao de outro com extrao de certido da pea processual.

Notificao da acusaoArt. 49A notificao do arguido pessoal e na impossibilidade efetuada por carta registada com aviso de receo na pessoa do arguido. Caso seja efetuada a terceiros uma nulidade insuprvel art. 50. Quando o arguido recuse a notificao h quem entenda que deve ser feita por edital publicado no DR o mesmo acontece com os arguidos desconhecidos. No entanto h que defenda que se o arguido se recusar a ser notificado o agente da polcia lavra incidente e o arguido considera-se notificado. No Caso da Comisso de Trabalhadores e Associao Sindical falta de notificao uma nulidade sanvel art. 37, n. 2. As entidades podem no ser notificadas caso seja a vontade do arguido e tenha sido feito por escrito.Quando o processo seja complexo pelo nmero e natureza das infraes e procedendo autorizao da entidade que mandou instaurar o procedimento, o instrutor pode conceder prazo superior ao do n. 1, at ao limite de 60 dias (dado prazo de 60 dias e solicitada prorrogao de mais 60 dias, ou 30 mais 30 dias).

Incapacidade fsica ou mentalArt. 50As percias mdico-legais aplica-se com as necessrias adaptaes o artigo 159 CPP. O prazo de defesa suspende-se at que se conhea o resultado da mesma, se for confirmada o resultado da mesma ter de ser nomeado curador.Nomeao de curador art. 143 e 146 CC.Da percia psiquitrica resultar a falta de integridade mental do arguido na pode este ser responsabilizado disciplinarmente, devendo arquivar-se o processo disciplinar.Se, atrvs de exame mdico, o trabalhador for declarado absoluta e permanentemente incapaz para desempenhar as tarefas que lhe foram funcionalmente cometidas, ser sujeito a aposentao ordinria se tiver pelo menos 5 anos de servio (art. 37, n. 2, al a), do DL 498/72, de 09 de Dezembro.

Exame do processo e apresentao da defesaArt. 51- Exame do processo a qualquer hora de expediente;-Exame pelo arguido, curador e/ou defensor;-Resposta assinada pelo arguido, curador ou defensor constitudo nos autos;-Apresentao da resposta no lugar onde o procedimento tenha sido instaurado;-Quando a resposta for remetida pelo correio, considera-se apresentada na dta da sua expedio;-Com a resposta pode o arguido apresentar o rol das testemunhas e juntar documentos, requerendo tambm quaisquer diligncias;-A falta de resposta dentro do prazo marcado vale como efetiva audincia do arguido para todos os efeitos legais.Quando se fala em quaisquer diligncias inclui o pedido de novo interrogatrio ou de acareao entre o arguido e qualquer testemunha, verificados os respetivos pressupostos.A ausncia de defesa pode ter como consequncia a sanao de nulidades secundrias, art. 37, n. 2 do ED.

Confiana do Processo Art. 172Aplica-se o art. 169, 170, 172 e 173 do CPC.Decorrida a fase secreta do processo art. 33 ED, os mandatrios podem solicitar, por escrito ou verbalmente, que os processos lhe sejam confiados. O advogado pode passar procurao para algum ir buscar e com incumbncia de o entregar. A recusa de confiana deve ser fundamentada e cabe reclamao ou recurso hierrquico facultativo.O mandatario que no entregue o processo no prazo de 2 dias teis ser notificado para justificar o seu procediemnto. Caso no o faa ser feita participao a ordem dos advogados e determina nova notificao para restituio processo no prazo de 5 dias teis, sob pena de crime de desobedincia.Caso o exame por disposio da lei ou por despacho do instrutor tenha prazo para exame o mesmo -lhe confiado, pelo prazo marcado.Quando o processo entregue dado baixa na nota de entrega.Nesta matria ter de ser considerado os art.s 61 a 65 do CPA.

Produo da Prova oferecida pelo arguidoArt. 53 Este artigo por omitir uma diligncia, dever ser interpretado da seguinte forma, no caso de realizao de diligncias de provas requeridas na defesa pelo arguido e essenciais para descoberta da verdade dever ser efetuada audincia ao arguido aps realizao das mesmas, caso contrrio ofende-se o dever de audincia e o princpio do contraditrio, integrando a nulidade insuprvel prevista no artigo 37, n. 1EDO instrutor s pode recusar a inquirio das testemunhas apresentadas na defesa se considerar que os respetivos depoimentos so dilatrios ou impertinentes mas dever fundamentar por escrito. A no inquirio das testemunhas arroladas pelo arguido constitui nulidade insuprvel por violao do direito de defesa garantido pelo art. 269, n. 3 da CRP.O advogado do arguido pode estar presente na inquirio das testemunhas e intervir. O mesmo acontece quando o arguido no constitui advogado, fica ele detentor desse direito Ac. STA de 17/12/2003, Rec. 1717/03.Quando se trata do queixoso/ participante que no constitui advogado, o que se disse acerca do arguido tambm aplicvel para o queixoso, neste caso uma nulidade sanvel nos termos do art. 37, n. 2 do ED, quando se trata do arguido uma nulidade insnavel, nos termos do art. 37, n.1 ED, por estra em causa o direito de audincia.O instrutor inquire as testemunhas e rene os elementos de prova oferecidos pelo arguido no prazo de 20 dias. Pode ser prorrogado por despacho at 40 dias de acordo com o n. 9 do art. 53. Mas um prazo meramente ordenador e com tal contabiliza-se 20 que pode ir at 40 e no 20 mais 40.

Relatrio Final do instrutorArt. 54O ED omisso no entanto entendimento da doutrina que antes da elaborao do relatrio final dever o arguido ser ouvido. No entanto h quem entenda que se aplica o artigo 103 CPA, dispensa de audincia quando j se realizou audincia.O dever de audio no deve ocorrer s quando:- Foram realizadas diligncias no requeridas pelo arguido;-Foram introduzidos fatos que no constavam da acusao;-Verificou-se alterao da qualificao jurdica dos fatos;-foram juntos documentos sobre os quais o acusado no tenha tido oportunidade de se pronunciar. Isto porque dever dar-se a defesa a possibilidade de se pronunciar sobre a acusao definitiva sob pena de violao do princpio do contraditrio.Reposio dinheiro pblico DL 155/92, de 29/07 Pag. 246 livro.A deciso final deve ser presente por parte da entidade competente para deciso comisso de trabalhadores ou associao sindical e estes podem emitir parecer ao contrrio do art. 49.

DecisoArt. 55A deciso em procedimento disciplinar no uma sentena. A fundamentao da deciso deve ser expressa, atravs da fundamentao de fato e de direito da deciso, no podendo consistir numa mera concordncia. A fundamentao de direito no exige a especificao dos preceitos legais aplicados, bem como da doutrina e jurisprudncia. A falta de fundamentao, determina a existncia de vcio de forma, por se tratar de um direito constitucional nos termos do art. 17, 18 e 268 da CRP. Dos art.s 42, 54 e 55, ao distinguir entre o instrutor e entidade competente para analisar o processo, que vigora no procedimento disciplinar o princpio da separao entre a entidade instrutora e a entidade decisria. Esta separao constitui reforo em termos de implementao do principio da imparcialidade da Administrao Pblica, que se traduz na implementao do princpio do acusatrio.

Pluralidade de arguidosArt. 56O presente ED continua omisso no caso de pluralidade de arguidos se devem existir vrios processos porque o que se trata aqui de decidir em relao a todos pela autoridade mais conveniente. Cabe ao instrutor tomar a providncia adequada e recorrer ao CPP.Notificao da decisoArt. 57A omisso da notificao impede o incio do prazo para o trabalhador impugnar a deciso punitiva.

Incio de produo de efeitos das penasArt. 58A execuo das penas no fica depende da obteno de um ttulo executivo porque so inerentes a celeridade e eficcia da administrao pblica.As deciso pode ser objeto de recurso o que implica a sua no executoriedade.A forma de notificao feita de acordo com o previsto no art. 49, n. 1.Aps a pena disciplinar produzir efeitos no caso da suspenso ou da demisso/despedimento, se o arguido continuar a exercer as suas funes pblica, revelia e com desconhecimento do servio ou autoridade que o puniu pode incorrer na prtica do crime de usurpao, art. 358 CP.

Meios impugnatriosArt. 59Existe um lapso quando se refere aos artigos 60 a 62 do CPA, so os artigos 166 a 177 do CPA, sem prejuzo dos artigos 60 a 63 do CPA. A remisso aos artigos 63 a 65 deve reportar-se aos artigos 50 e ss do CPTA, mas tambm dever considerar-se o previsto no art. 274 RCTFP Lei 59/2008.

Recurso hierrquico ou tutelarArt. 60SMAS recurso hierrquico imprprio.

Outros meios de provaArt. 61.Com o recurso, o recorrente pode requer novos meios de prova ou juntar documentos que entenda convenientes desde que no pudesse ter sido requeridos ou utilizados em devido tempo. No h qualquer restrio ao tipo de prova.No pode requerer quem: desconhea a existncia de prova, no se encontre na posse de condies fsicas ou psicolgicas que lhe permitam faz-lo ou no tem conhecimentos que lhe permitam faz-lo.No pode utilizar quem: No consiga ter acesso prova em tempo til, tenha acesso prova mas, contra a sua vontade, lhe seja vedada a utilizao da mesma, e tenha prova na sua posse mas desconhea, de forma no censurvel, a sua importncia.A realizao de novas diligncias significa que dever descobrir-se toda a verdade, no se satisfazendo com uma justia formal.

Regime de subida dos recursosArt. 62.Aplica-se tambm o art. 173 e 177 do CPA.

Renovao do procedimento disciplinar Art. 63Este artigo no significa o aproveitamento dos atos jurdicos, mas a renovao do procedimento disciplinar quando o ato de aplicao da pena tenha sido jurisdicionalmente impugnado com fundamento em preterio de formalidade essencial o decurso do processo disciplinar. Logo sem impugnao jurisdicional no se aplica este artigo. Para que possa ser renovado procediemnto disciplinar necessrio que se formule deciso nesse sentido at ao termo do prazo para contestar a ao jurisdicional.Os requisitos cumulativos so os seguintes:- A data da renovao do procedimento, o direito de instaurar o procedimento disciplinar no tenha prescrito pelo decurso de um ano sobre a data em que ocorreu a infrao;-No tenha ocorrido j a prescrio de curta durao do art. 6, n. 2, pois no possvel fazer de conta que a anulabilidade decorrente da condenao por infrao prescrita e oportunamente invocada no ocorreu;-O fundamento da impugnao jurisdicional no tenha sido previamente apreciado em recurso hierrquico ou tutelar que tenha sido rejeitado em recurso hierrquico ou tutelar.- Seja a 1 vez que se opere a renovao do procedimento.Este artigo s se aplica as nulidades doa rt. 37, n. 1 ED.E caso ocorra suspenso o arguido quiser ver ressarcido os suplementos remuneratrios, subsdio de refeio ter que interpor ao de indemnizao nos tribunais administrativos.

Efeitos da invalidadeArt. 64O tribunal alm de anular ou declarar nulo ou a inexistncia o ato de demisso ou despediemnto deve proceder a condenao a administrao nos termos da alnea a) a c)ou ao pagamento de uma indemnizao substitutiva nos termos do artigo 65 do ED.

Indemnizao em substituio da reconstituio da situaoArt. 65Conforme se disse na anotao anterior.

Inqurito e SindicnciaArt. 66Ao contrrio do que acontece com os processos disciplinares comuns, s os membros do governo e dirigentes mximos dos servios podem ordenar inquritos e sindicncias aos rgos ou unidades orgnicas na sua dependncia ou sujeitos sua superintendncia ou tutela. E a eles cabe nomear o instrutor ou sindicante.Neste processos aplica-se o previsto no art. 27, n. 3ED, os processos especiais regulam-se pelas normas que lhe so prprias e na parte no prevista pelas disposies do processo comum (exceto proposta final e acusao).O inqurito ordenado para apurar se num servio foram efetivamente praticados fatos de que h rumor pblico ou denncia popular e o seu carter e imputao.A sindicncia destina-se a uma averiguao geral acerca do funcionamento do rgo, servio ou unidade orgnica. uma ampla investigao destina a averiguar como funciona certo servio e qual o grau de disciplina de todos os seus agentes.Determina a realizao do inqurito e nomeado o instrutor, este inicia a instruo do processo no prazo mximo de 10 dias teis, contados da notificao ao instrutor do despacho que mandou instaurar o inqurito e ultima-se em 45 dias teis. Este prazo conta-se da data incio do inqurito, data est em que o instrutor informa a entidade que o tenha nomeado da data do incio do inqurito. O inqurito no pode esquecer os prazos de prescrio do art. 6 ED, sob pena de se converter num processo intil.O inqurito obedece as contagens de prazo do art. 72 do CPA, no podendo tais prazos ser suspensos por motivo de frias por parte do sindicante nem alargados ou prorrogados com fundamento no comparncia de testemunhas porque poder por em causa a prescrio ao abrigo do artigo 6.A escolha do instrutor obedece ao estabelecido no art. 42 ED.As diligncias do processo de inqurito e que tenham de ser feitas fora do lugar onde ocorra o inqurito podem ser requisitadas respetiva autoridade administrativa ou policial, art. 46, n. 5 ED.Nestes processos os trabalhadores podem constituir advogado de acordo com o art. 68, n. 5 ED.

Anncios e EditaisArt. 67Este artigo aplica-se a sindicncia.Determina a realizao da sindicncia e nomeado o sindicante, este inicia a instruo do processo no prazo mximo de 10 dias teis, contados da notificao ao sindicante do despacho que mandou instaurar a sindicncia e ultima-se em 45 dias teis. Este prazo conta-se da data incio da sindicncia, data est em que o instrutor informa a entidade que o tenha nomeado da data do incio da sindicncia. O sindicante, logo que d incio sindicncia, f-lo constar por anncios e editais.Determina a realizao da sindicncia e nomeado o sindicante, este inicia a instruo do processo no prazo mximo de 10 dias teis, contados da notificao ao sindicante do despacho que mandou instaurar a sindicncia e ultima-se em 45 dias teis. Este prazo conta-se da data incio da sindicncia, data est em que o sindicante informa a entidade que o tenha nomeado da data do incio da sindicncia.

Relatrio e trmites ulterioresArtigo 68Considerando o previsto no art. 6, n. 4, os processos de sindicncia e inqurito suspendem o prazo prescricional, por um perodo at seis meses.

Mas nos termos do n 5, art. 6 ED, s ocorre a prescrio quando cumulativamente:- Os processos referidos tenham sido instaurados nos 30 dias seguintes suspeita da prtica de fatos disciplinarmente punveis;-O procedimento disciplinar subsequente tenha sido instaurado nos 30 dias seguintes receo daqueles processos, para deciso, pela entidade competente e;- data da instaurao dos processos e procedimento referidos nas alneas anteriores, no se encontre j prescrito o direito de instaurar procedimento disciplinar.

Instaurao processos averiguaesArt.69A instaurao do processo destina-se a apurar o desempenho que justificou aquelas avaliaes constitui infrao disciplinar imputvel ao trabalhador avaliado por violao culposa de deveres funcionais, designadamente do dever zelo. Pressuposto da instaurao imediata e obrigatria de processo de averiguaes so duas avaliaes do desempenho negativas consecutivas.Causas excluso da culpa:- a no frequncia de formao ou;-a frequncia de formao inadequada, aquando da primeira avaliao negativa do trabalhador.

TramitaoArt. 70Este artigo mas no o respeito pelo princpio da imparcialidade consagrado no art. 266, n. 2 CRP.

Relatrio e decisoArt. 71As infraes consideram-se cometidas, para todos os efeitos legais, designadamente para efeitos de contagem dos prazos prescricionais previstos no art. 6, na data daquela proposta.

Requisitos da reviso Art. 72 O instituto da reviso um meio excecional que se traduz num desvio regra geral estabilidade das decises administrativas de que j no pode recorrer-se. A reviso do processo disciplinar s possvel quando ocorram cumulativamente trs situaes:1 verificao de novas circunstncias ou novos meios prova;2 que os mesmos no pudessem ter sido utilizados pelo arguido no processo disciplinar e;3 que estes demonstrem a inexistncia de fatos que determinaram a condenao e incluem-se as situaes em que judicialmente se deem por provados fatos totalmente inconciliveis com os que fundamentam a sano disciplinar, se apresente documento autntico que comprove a impossibilidade de o arguido ter cometido o ilcito ou se forem descobertos novos fatos ou meios de prova que suscitem a forte probabilidade de o arguido no ter cometido a infrao, como seguramente suceder se judicialmente vier a ser provado que a inocncia do arguido. O pedido de reviso pode ser interposto a todo o tempo, independentemente de j ter sido cumprida a pena disciplinar ou de ainda nem sequer se ter iniciado a sua execuo.

LegitimidadeArt. 73O processo de reviso da iniciativa do trabalhador porque depende de requerimento. No h reviso de decises de arquivo porque o artigo fala em pena disciplinar.

Deciso sobre o requerimentoArt. 74A entidade que tenha aplicado a pena resolve no prazo de 30 dias teis se deve ou no conceder reviso do procedimento. Trata-se da fase preliminar do processo de reviso.

TrmitesArt. 75Sendo concedida a reviso, inicia-se a fase final ou de comprovao do mrito da reviso:-determina a apensao do requerimento e do despacho disciplinar;-nomeia-se instrutor diferente do primeiro-o instrutor marca ao trabalhador prazo no inferior a 10 nem superior a 20 dias teis para responder por escrito aos artigos da acusao constantes do procedimento a rever;- seguem-se depois os termos dos artigos 49 e ss.A reabertura do procedimento disciplinar por fora do pedido de reviso no pes e causa a consolidao de nulidade sanveis anteriores acusao.

Efeito sobre o cumprimento da penaArt. 76Mesmo concedida a reviso o arguido j condenado no deixa de ser um arguido j condenado, pelo que no se presume inocente, incumbindo-lhe provar o que alegou no seu requerimento, sem prejuzo do dever de descoberta da verdade material.

Efeitos da reviso procedenteArt. 77Revogao:-cancelamento do registo da pena no processo individual do trabalhador;-anulao dos efeitos da pena;- restabelecimento da relao jurdica de emprego pblico na modalidade em que se encontrava constituda;- reconstituio da situao jurdico-funcional atual e hipottica e; -ser indemnizado, nos termos gerais de direito, pelos danos morais e patrimoniais.Alterao:-no caso das penas de demisso ou despedimento o restabelecimento da relao jurdica de emprego pblico na modalidade em que se encontrava constituda;Pena diferente da demisso e despedimento, a pena s pode ser a mais favorvel;- reconstituio da situao jurdico-funcional atual e hipottica e; -ser indemnizado, nos termos gerais de direito, pelos danos morais e patrimoniais;- alterao do registo disciplinar.Se com a reviso ficar provado que o trabalhador no cometera os fatos que foi punido ter direito a compensao correspondente aos vencimentos perdidos.

Reabilitao regime aplicvelArt. 78A reabilitao atribuda a quem tenha pela sua conduta merecido. No basta o cumprimento das suas funes obrigacionais. Para quem tenha sido aplicada pena de despedimento ou demisso, no restabelece a relao jurdica de emprego. Pode ser admitido a novas funes.

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