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1 APRESENTAÇÃO SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – SESC, reforçando sua ação educativa, vem divulgando a produção artística, principalmente em suas vertentes Moderna e Contemporânea, junto a sua clientela e comunidade em geral. O Projeto ArteSESC, por meio dos Departamentos Regionais da Entidade, realiza exposições itinerantes em centros urbanos, tornando conhecidos os acervos de instituições culturais e obras de artistas plásticos de várias partes do país. Nesta oportunidade, o SESC se associa ao Museu Lasar Segall, visando oferecer ao público uma oportunidade privilegiada de apreciar a obra gráfica desse grande artista plástico. Departamento Nacional do SESC livreto_lsegal_18x18cm.indd 1 01/06/12 09:55

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Formacao Lasar Segall 4

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A P R E S E N T A Ç Ã O

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – SESC, reforçando sua ação educativa, vem divulgando a produção artística, principalmente em suas vertentes Moderna e Contemporânea, junto a sua clientela e comunidade em geral.

O Projeto ArteSESC, por meio dos Departamentos Regionais da Entidade, realiza exposições itinerantes em centros urbanos, tornando conhecidos os acervos de instituições culturais e obras de artistas plásticos de várias partes do país.

Nesta oportunidade, o SESC se associa ao Museu Lasar Segall, visando oferecer ao público uma oportunidade privilegiada de apreciar a obra gráfica desse grande artista plástico.

Departamento Nacional do SESC

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Poesia da linha e do corte

Serviço Social do Comércio

Presidência do Conselho NacionalAntonio Oliveira Santos

Departamento Nacional

Direção-GeralMaron Emile Abi-Abib

Divisão Administrativa e FinanceiraJoão Carlos Gomes Roldão

Divisão de Planejamento e DesenvolvimentoÁlvaro de Melo Salmito

Divisão de Programas SociaisNivaldo da Costa Pereira

Consultoria da Direção-GeralJuvenal Ferreira Fortes Filho

Projeto e PublicaçãoGerência de Cultura | DPSGerência Márcia LeiteEquipe de Artes VisuaisCaroline Soares de SouzaLeidiane Alves de CarvalhoLúcia Helena Cardoso de Mattos

Consultoria para as atividadesSabrina Rosas

Produção EditorialAssessoria de Divulgação e Promoção | DG

Gerência Christiane CaetanoSupervisão Editorial Jane MunizProgramação Visual Ronan PereiraEditoração Ingrafoto Produções GráficasEstagiário de Produção Editorial Adonis Nóbrega

©SESC Departamento NacionalAv. Ayrton Senna, 5.555 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 22775-004 Telefone: (21) 2136-5555 – site: www.sesc.com.br

Todos os direitos reservados e protegidos pelaLei 9.610 de 19/02/1998.Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autori-zação prévia por escrito do SESC Departamento Nacional, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos,fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Impresso em junho de 2012

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Poesia da linha e do corte

A g r a v u r a d e

rganizada a partir de matrizes originais de Lasar Segall, especialmente reimpressas pelo Museu Lasar Segall, em São Paulo, esta exposi-ção reúne 16 gravuras em metal e 19 xilogravuras realizadas pelo artista entre 1913 e 1930. A lito-grafia, meio a que se dedicou com afinco duran-te seu período alemão, permanece ausente desta mostra, à medida que a pedra litográfica, traba-lhada via de regra em ateliês coletivos, é sempre polida e reaproveitada.

Estas 35 estampas, no entanto, bastam para re-velar aqui um duplo movimento. Por um lado confrontam as distintas abordagens que a figura humana adquiriu na obra de Segall; por outro, evidenciam o modo como a gráfica se fez pre-sente em momentos cruciais de sua trajetória.

Viúva, 1919 - xilogravura - 32 x 32 cm

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Retrato de T, 1920 - ponta-seca - 21,5 x 25,5 cm

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Afinal, foi precisamente na gravura que o artista primeiro logrou uma nova forma plástica, concisa e concentrada, que dava conta tanto do seu lirismo nostálgico como da dramaticidade que as primeiras décadas do século anunciavam.

Não por acaso, em 1910, Segall transfere-se de Berlim para Dresden. Ali, na cidade que vira nascer o grupo A ponte (1905), um dos precursores do movimento expres-sionista na Alemanha, Segall assimilaria, de uma vez por todas, a energia ímpar da ima-gem gráfica, nascida da urgência do corte, num jogo áspero de brancos e negros.

É surpreendente observar como, a partir desse contato com o círculo artístico de Dresden, Segall encontraria uma via de ex-pressão extremamente pessoal, capaz de dis-cernir com exatidão as possibilidades plásti-cas inerentes a cada meio. Por isso, quando quer fixar a singularidade de alguém que lhe interessa como indivíduo, recorre ao sulco no metal – como no estupendo Retrato de T (1920) – em que um desenho brusco, feito de saltos, supressões e cortes, acaba abrindo o acesso à interioridade do modelo.

Viúva, 1919 - xilogravura - 32 x 32 cm

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Quando, ao contrário, busca o recorte impactante, mas genérico da condição humana, corta a imagem no bloco compacto de madeira, criando estampas como Mendigo (1913), Viúva (1919) e outras. Importa notar aí a monumentalidade que consegue inscrever mesmo numa peça diminuta como Cabeça de olhos vazados (1921) ou o emprego brutal da goiva e do formão – em Mãe e filho (1921) – ressal-tando o duro desamparo comum.

Vale observar ainda a síntese poderosa que se abate sobre esses rostos. O nariz reduz-se a um único eixo, no topo do qual se equilibram dois olhos turvos, esvazia-dos. Duas janelas da alma – conforme o dito agostiniano –, dando a entrever, em sua assimetria e deslocamento, uma arquitetura exasperada, toda sombras e arestas, que muito lembra os ângulos e corredores instáveis de um filme como O gabinete do doutor Caligari, do alemão Wiene, de 1919.

De fato, não é nem pouco difícil reconhecer nesses retratos despojados aquilo que Anatol Rosenfeld sublinhava como traço fundamental do expressionismo: a inten-ção de “projetar a realidade ‘essencial’ de uma consciência reduzida às estruturas básicas do ser humano em situação extrema. Não se trata, pois, de seres matizados, situados em contexto histórico, mas de arquétipos – portadores quase abstratos de visões apocalípticas ou utópicas (…)”

Distintas, no entanto, serão as figures que Segall irá traçar na segunda metade da década de 1920, depois de ter-se instalado no Brasil. Nas gravuras que realizou entre

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Marinheiro deitado com cachimbo, 1930 - ponta-seca - 29 x 36 cm

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1926 e 1929 sobre o Mangue, a célebre zona de prostituição do Rio de Janeiro, o tratamento dado às moças e ao seu ambiente é bastante diverso do lirismo agônico, lunar e desesperado que move homens e mulheres do período de Dresden. No lugar de seres mirrados, com traços secos e segmentados, agora os planos de dilatam e os corpos se impõem em contornos nitidamente delineados.

Desse modo, no quartinho das prostitutas, o que o interessa não são os estados de rupturas – a depressão, a orgia, o gozo –, mas a humana condição da espera. O calor, os colares, os leques, o jogo de baralho, o fonógrafo, as persianas: índices de um cotidiano de quem tem de se haver, passo a passo, com o tempo. Analogamente, a composição já não se vaza naquela urgência desesperada de suas visões anteriores, de caráter quase alucinatório. Ao contrario: sólidos retângulos de portas, paredes e janelas emolduram o quadro, como que amparando uma penetração mais lenta e ponderada no mistério humano.

Na realidade, essas moças à espera de seus clientes não são muito diferentes das famí-lias de imigrantes, largadas ao relento nos navios – série que Segall também gravava naquele período. Talvez a única nota a escapar do tom docemente melancólico que envolve essas imagens seja a figura daquele marinheiro, deitado no convés, fuman-do seu cachimbo, num alegre e silencioso diálogo com o sol. O idílio, porem, não faz esquecer as forças impessoais da produção – lá estão as imperiosas chaminés, os respiradouros ambíguos feito telescópios vigilantes, e, do outro lado, acachapados pelas dimensões do navio, os cidadãos de terceira classe, apinhados ao longo da mu-rada. Outra estampa – Marinheiro e chaminé – comprova que o momento de trégua

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não podia mesmo durar. Com incrível economia de recursos, Segall explora a massa de negro própria da xilogra-vura para traduzir a monumentalida-de esmagadora da chaminé, que pesa e empurra o rosto humano para fora do quadro. No fundo, é essa capacida-de de combinar em alto grau a força e o lirismo, respondendo em liberdade às exigências de sua poética e de seu tempo, que faz da gravura de Segall um dos grandes legados da arte bra-sileira e um impulso para a renovação da nossa gráfica.

Alberto Martins.

Marinheiro e chaminé, 1930 - xilogravura - 24 x 18 cm

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Bibliografia básica sobre Lasar Segall

BARDI, Pietro Maria. Lasar Segall. São Paulo: Museu de Arte de São Paulo, 1952. Il.

BECCARI, Vera d’Horta. Lasar Segall e o modernismo paulista. São Paulo: Brasiliense,

1984. Il.

LASAR Segall: textos, depoimentos e exposições. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1991.

LASAR Segall. São Paulo: Círculo do livro, 1985. 72p. Il. (Grandes artistas brasileiros)

LASAR Segall: antologia de textos nacionais sobre a obra e o artista. Rio de Janeiro: Funar-

te, 1982, 158p.

O MUSEU Lasar Segall. São Paulo: Banco Safra, 1991, 319p. Il.

O DESENHO de Lasar Segall. São Paulo: Museu Lasar Segall, 191. 169p. Il.

A GRAVURA de Lasar Segall. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1988. 183p. Il.

MATTOS, Cláudia Valladão de. Lasar Segall. São Paulo. EDUSP, 1997. 192p. Il. (Arte

Brasileira 7).

Por caminhadas ainda mais distantes: as emigrações artísticas de Lasar Segall. Chicago: The

David and Smart Museum of Art, São Paulo: Museu Lasar Segall, 1997, 284p. Il.

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Gravuras de Lasar Segall que compõem esta mostra

1. Mulher de braços cruzados, 1913 Xilogravura 21,5 x 15,5 cm

2. Mendigo, 1913 Xilogravura 30 x 23 cm

3. Oração lunar, 1918 Xilogravura 25 x 30 cm

4. Cabeça de rabino, 1919 Xilogravura 24 x 21,5 cm

5. Mulheres errantes, 1919 Xilogravura 16 x 12 cm

6. Mulheres errantes – II versão, 1919 Xilogravura 23 x 29 cm

7. Viúva, 1919 Xilogravura 32 x 22 cm

8. Cabeça de olhos vazados, c. 1921 Xilogravura 12 x 9 cm

9. Mãe e filho, 1921 Xilogravura 28 x 22,5 cm

10. Mulher adormecida, c.1913 Água-forte 12 x 16 cm

11. Moça de Vilna, 1916 Ponta-seca 17 x 13,5 cm

12. Jovem de Vilna, 1916 Ponta-seca 19,5 x 14,5 cm

13. Retrato de T, 1919 Ponta-seca 21,5 x 17,5 cm

14. Retrato Sra. Dr. W, 1919 Ponta-seca 30 x 24 cm

15. Mulher do Mangue com espelho, 1926 Xilogravura 31 x 24,5 cm

16. Cabeça de negro, 1929 Xilogravura 20 x 15 cm

17. Cabeça de negra, 1929 Xilogravura 24 x 18 cm

18. Casal do Mangue com persiana I, 1929 Xilogravura 26,5 x 20,5 cm

19. Casal do Mangue, 1929 Xilogravura 24 x 18 cm

20. Casa do Mangue, 1929 Xilogravura 31,5 x 42 cm

21. Carnaval, c. 1926 Ponta-seca 28 x 22 cm

22. Duas mulheres do Mangue com persiana, 1928 Ponta-seca 23,5 x 17,5 cm

23. Duas mulheres do Mangue com cactos, 1928 Ponta-seca 28 x 20 cm

24. Mulheres do Mangue com fonógrafo Ponta-seca 28 x 21,5 cm

25. Mulheres do Mangue com baralho, 1929 Ponta-seca 30,5 x 20,5 cm

26. Dois marinheiros acompanhados, 1929 Ponta-seca 30 x 24 cm

27. Emigrantes com lua, 1926 Xilogravura 24,5 x 18 cm

28. Ondas, 1929 Xilogravura 25,5 x 32,5 cm

29. Emigrante debruçado na amurada, 1929 Xilogravura 18 x 24,5 cm

30. Marinheiro e chaminé, 1929 Xilogravura 24 x 18 cm

31v Emigrantes com lua, c. 1926 Ponta-seca 25,5 x 32,5 cm

32. Emigrantes, 1929 Ponta-seca 28,5 x 34,5 cm

33. Marinheiro deitado com cachimbo, 1930 Ponta-seca 29 x 36 cm

34. Cabeça de marinheiro e chaminés, 1930 Ponta-seca 22 x 28 cm

35. Navio e montanhas, 1930 Ponta-seca 28 x 41,5 cm

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Impresso em papel couche 90 g/m2

Fonte Adobe Garamond corpo 11

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