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FORMAÇÃO DAS PALAVRAS II Diferentemente dos demais materiais sobre o conteúdo formação de palavras, exploraremos, inicialmente, conceitos cujo domínio é pré-requisito para que se entenda que o vocabulário da língua portuguesa não é estático, já que está sujeito a inúmeras combinações que enriquecem a língua. Morfemas Unidades de significação responsáveis pela formação das palavras. São morfemas: radical, vogal temática, tema, desinências e afixos. Não são morfemas: vogal e consoante de ligação, já que não possuem significação, apenas unem os elementos mórficos para desfazer encontros sonoros desagradáveis e facilitar a pronúncia. Exemplos: cha-l-eira ; bambu-z-al (consoantes de ligação) cron-ô-metro (vogal de ligação) Radical: É o elemento mórfico que fornece a significação da palavra. Exemplos: pedra; pedrinha; pedrada. Radicais de origem Grega ttp://www.portugues.com.br/gramatica/radicais-origem-latina.html

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FORMAÇÃO DAS PALAVRAS II

Diferentemente dos demais materiais sobre o conteúdo formação de palavras, exploraremos, inicialmente, conceitos cujo domínio é pré-requisito para que se entenda que o vocabulário da língua portuguesa não é estático, já que está sujeito a inúmeras combinações que enriquecem a língua.

Morfemas

Unidades de significação responsáveis pela formação das palavras.

São morfemas: radical, vogal temática, tema, desinências e afixos.

Não são morfemas: vogal e consoante de ligação, já que não possuem significação, apenas unem os elementos mórficos para desfazer encontros sonoros desagradáveis e facilitar a pronúncia. Exemplos: cha-l-eira ; bambu-z-al (consoantes de ligação) cron-ô-metro (vogal de ligação)

Radical: É o elemento mórfico que fornece a significação da palavra.

Exemplos: pedra; pedrinha; pedrada.

Radicais de origem Grega

ttp://www.portugues.com.br/gramatica/radicais-origem-latina.html

Radicais de origem latina

http://www.portugues.com.br/gramatica/radicais-origem-latina.html

Vogal Temática: É o elemento mórfico que se agrega ao radical de uma palavra para que ela

possa receber outros morfemas. As vogais temáticas podem ser nominais ou verbais.

a) Nominais: são as vogais átonas -a, -e e -o, em final de adjetivos e substantivos.

Exemplos: rosa; livro; triste.

São consideradas atemáticas palavras que terminam em consoantes, como luz e mar.

b) Verbais: são as vogais a, e e i que agrupam os verbos nas três conjugações.

Exemplos: cantar; beber; cair.

Tema: é o radical acrescido de vogal temática.

Nos verbos, obtém-se o tema destacando-se o r do infinitivo.

Exemplos: ama-r; recebe-r; parti-r;

Nos nomes, obtém-se o tema somando o radical com a vogal temática.

Exemplos: mes-a ; prat-o; lev-e.

Desinências: são elementos mórficos que apresentam categorias gramaticais como gênero;

número; tempo etc.

a) Desinências nominais: indicam gênero e número nos nomes.

Não se deve confundir vogal temática com desinência de gênero. Em palavras que não

possuem variação de gênero, a vogal presente é a vogal temática, entretanto, os nomes que

possuem variação de gênero, quando flexionadas no feminino não possuem vogal temática, ou

seja, a vogal é apenas a desinência de gênero, ao passo que quando flexionadas no masculino,

a vogal é tanto vogal temática, quanto desinência de gênero. (Www.filologia.org.br › revista › artigo)

Exemplos:

pedr-a e cam-a (vogal temática)

moç-a (desinência de gênero)

moç-o (vogal temática e desinência de gênero).

b) Desinências verbais: tem-se as desinências para tempo e modo, modo-temporais e as

desinências de número e pessoa, número-pessoais. Há ainda desinências especiais para as

formas nominais dos verbos (infinitivo, particípio, gerúndio)

http://gentequeaprende.blogspot.com.br/2012/03/desinencias-verbais.html

Nem sempre as formas verbais possuem a vogal temática. Na 1° pessoa do singular do

presente do indicativo e do presente do subjuntivo, a desinência adere imediatamente ao

radical.

Exemplos:

cant-o ; vend-o ; part-o (desinências número-pessoais)

cant-e ; vend-a ; part-a (desinências modo-temporais)

Afixos: os afixos subdividem-se em sufixos, pospostos ao radical, e prefixos,

antepostos ao radical, e se agregam ao radical a fim de:

1) mudar o sentido de uma palavra: fazer – desfazer

2) estabelecer ideia acessória: gordo – gorducho

3) mudar a classe da palavra: legal – legalizar

PROCESSO DE FORMAÇAÕ DE PALAVRAS

1. Derivação

A derivação consiste em formar uma nova palavra a partir de outra pré existente por meio do acréscimo de afixos. Esse processo se dá de 4 maneiras: a) sufixação Resulta de acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical.

Desinências Número-pessoais

Exemplo:

Alfabetização

No exemplo acima, o sufixo -ção transforma em substantivo o verbo alfabetizar. Este, por sua

vez, já é derivado do substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar.

A derivação sufixal pode ser:

Nominal, formando substantivos e adjetivos.

Exemplo:

Boiada -remagem

Verbal, formando verbos.

Exemplo:

Cruzar-golear-civilizar

Adverbial, formando advérbios.

Exemplo:

Comodamente, bondosamente, copiosamente

b) prefixação

Consiste em formar uma palavra nova (derivada), a partir de outra já existente (primitiva).

Exemplos:

Ordinário - extraordinário

Ler- reler

Capaz- incapaz

Vermelho- infravermelho

Presidente- vice-presidente

b) parassíntese A parassíntese é um processo de formação de palavras caracterizado pela adjunção simultânea de um prefixo e um sufixo ao radical de uma palavra primitiva (CAMARA Jr., 1975; BASÍLIO, 2004; KEHD, 2005). Segundo esses autores, a exclusão de um dos afixos implica a inexistência da palavra na língua. Exemplos: I) Acalmar (a- + calma + -ar) II) Recadastrar (re- + cadastro + -ar) De acordo com essa definição, vocábulos como (I) são formados a partir da parassíntese, pois a exclusão do prefixo a- ou do sufixo -ar resulta em uma palavra agramatical na língua (acalma / calmar). Ainda com base na definição apresentada, palavras como (II) não seriam parassintéticas, visto que a exclusão do prefixo re- ou do sufixo -ar é possível na língua, gerando vocábulos devidamente gramaticais (recadastro / cadastrar). Sendo assim, (II) seria um

http://revistagloborural.globo.com/GloboRural

http://www.lenteseoculos.com.br/

vocábulo formado por derivação prefixal, pois o critério “simultaneidade” não se aplica nesse caso.

http://carruagem23.blogspot.com.br/2013/03/exemplos-maus.html

d) derivação regressiva

A derivação regressiva consiste na redução na forma fonológica da palavra derivada em relação

à forma primitiva da palavra.

Exemplos:

busca de buscar abalo de abalar

choro de chorar resgate de resgatar

O processo de derivação regressiva produz os substantivos deverbais, que são substantivos

formados a partir de verbos, pela eliminação da desinência verbal e o acréscimo das vogais -a, -

o ou -e ao radical.

2. Onomatopeia

mauricio-pereira.blogspot.com

Enquanto figura de linguagem, a onomatopeia é um recurso utilizado na linguagem oral e escrita que aumenta a expressividade da mensagem. As onomatopeias são palavras que reproduzem, na linguagem escrita, os sons existentes, como os barulhos das máquinas e objetos, os ruídos dos animais, os sons produzidos pelo ser humano e os ruídos da natureza.

http://www.mensagenscomamor.com/

Essa figura de linguagem é recorrentemente encontrada em histórias em quadrinhos ou teatros, na fala, é importante para a criança aprender a distinguir os sons, processar a informação, discriminar e associar o som à imagem ou situação apresentada. Com o auxílio das onomatopeias, podemos gerar sensações, mover sentimentos, gerar estímulos auditivos, coisas que apenas se conhecia pela leitura e que se transformara em pensamento, hoje, graças a interpretação da língua falada e expressa com qualidade, seja na música ou no teatro, podemos sentir as vibrações e emoções pelas vias auditivas estimuladas pela figura de linguagem onomatopaica. Exemplos:

www.stoodi.com.br

gabigarciasoares.xpg.uol.com.br

3. Composição A composição consiste na associação de duas ou mais palavras (ou radicais) para formar uma outra de significação nova, a qual se denomina palavra composta. Os dois tipos de composição são: Justaposição: as palavras unem-se sem qualquer alteração fonética. Exemplos:

Paraquedas

João-ninguém

http://donacereja.com.br/

Girassol

Pé-de-moleque

Aglutinação: as palavras fundem-se, com alteração fonética. Exemplos:

petróleo (pedra + óleo)

aguardente (água + ardente)

Nem sempre é possível identificar os radicais que compõem a palavra formada por aglutinação, pois só a etimologia poderia explicá-los. Exemplos:

embora (em + boa+ hora) vinagre (vinum + acre)

4. Criação semântica A criação semântica se dá pela mudança de significado de uma palavra já existente.

Pensando na linguagem da informática, observa-se, por exemplo, que vírus, rede e programa

assumiram novos significados e constituem, portanto, casos de criação semântica. Não se trata de um processo de criação esporádico. A linguagem cotidiana está repleta de palavras formadas

por esse processo - orelhão (identificando um telefone público) é um bom exemplo.

http://www.limitedoinfinito.com.br/?p=74

5. Derivação imprópria A derivação imprópria consiste na mudança de classe ou subclasse de uma palavra. Não é anexado qualquer prefixo ou sufixo a palavra que sofreu mudança. É importante lembrar que se altera também o significado original da palavra

Exemplos:

a) de nome próprio para nome comum:

A cidade do Porto é patrimônio histórico.

Todas as noites, ela bebe um cálice de Porto.

b) de nome comum para nome próprio:

Ele tem um carneiro branco.

O Sr. Carneiro é muito elegante.

c) de nome para adjetivo:

A violeta é a minha flor prefeida.

Aquela casa tem um tom violeta.

d) de nome para interjeição:

A paciência é uma qualidade a prezar.

Paciência! Já falta pouco!

e) de adjetivo para nome:

Estes documentos são de importância capital.

A capital de Portugal é Lisboa.

f) de adjetivo para interjeição:

Aquele cavalo é muito bravo.

Bravo! conseguiste o que pretendias!

g) de adjetivo para advérbio:

Isso é muito trabalho para uma pessoa apenas!

A Célia está muito feliz.

h) de verbo para nome:

O Rodrigo está a jantar.

O jantar estava delicioso!

i) de verbo para conjunção:

A minha mãe deseja, acima de tudo, que eu seja feliz!

Seja menina, seja menino, vou gostar dele da mesma forma.

j) de advérbio para adjetivo:

Eu só queria ter sossego!Ele é um homem muito só!

k) de advérbio para nome:

Ele chegou tarde ao encontro.

Ontem, a tarde estava agradável!

6. Palavra-valise Palavra-valise é um termo na linguística que se refere a uma palavra ou morfema (a menor unidade linguística que possui significado) que faz uma junção de duas palavras, geralmente uma perdendo a parte final e a outra perdendo a parte inicial (composição por aglutinação). Frequentemente estas palavras são neologismos. Exemplos: bit (binary + digit) motel (motor + hotel) portunhol (português + espanhol) tefal (teflon + alumínio) telemovel (telefone + móvel) showmicidio (show + comício) 7. Estrangeirismos Os estrangeirismos ou empréstimos lexicais são palavras de outra língua que entram na língua portuguesa com o passar do tempo. Esse processo originou-se do contato entre culturas e da influência que uma exerce sobre a outra em vários aspectos. Geralmente a palavra é mantida em sua língua original sofrendo por vez algumas adaptações. Exemplos: xampu (shampoo-inglês) abajur (francês) sutiã (francês) shopping (inglês) show (inglês) 8. Siglas (ou acronímica) Esse processo transforma determinadas sequências vocabulares em uma sigla, também pode ser chamado de siglonimização. As siglas podem ser rapidamente incorporadas à língua como palavras independentes, o que explica o fato de que muitas vezes são submetidas aos mecanismos de derivação e flexão.

http://www.pylones.com.br/

Exemplos: ONU (Organização Das Nações Unidas) CPF (Cadastro de Pessoa Física) ET (Extraterrestre) 9. Abreviação vocabular

Por uma questão de economia, algumas vezes uma palavra pode sofrer um processo de

redução, com eliminação de sílabas, no entanto a palavra que sofreu redução assume todo o

sentido da palavra original.

Exemplos:

José - Zé

Fotografia - foto

Motocicleta - moto

Cinema - cine

10. Hibridismo O hibridismo consiste na formação de palavras, por derivação ou por composição, a partir de radicais e afixos provindos de línguas diferentes. Exemplos:

buro + cracia francês + grego

socio + logia latim + grego

goia + beira tupi + português

auto + móvel grego + latim

REFERÊNCIAS: http://blogdofuraste.blogspot.com.br/2010/10/estrutura-e-formacao-de-palavras.html http://www.unoeste.br/facopp/revista_facopp/IC1/IC16.pdf AFQjCNGsjVqc4pU0njqz9i9wGu0H3giNnA&bvm=bv.104615367,d.Y2I www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/textoacademico.pdf http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf4.php http://www.infoescola.com/portugues/formacao-de-palavras/ http://www.portugues.com.br/gramatica/processos-formacao-palavras-.html http://www.mundoeducacao.com/gramatica/formacao-das-palavras.htm http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm https://www.algosobre.com.br/portugues/formacao-das-palavras.html

http://www.sobreavida.com.br/