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IX Encontro Nacional / ENABED 2016 Forças Armadas e Sociedade Civil: Atores e Agendas da Defesa Nacional no Século XXI 06 a 08 de julho de 2016 em Florianópolis/SC AT7 - Segurança Internacional e Defesa O JAPÃO E SEU ENTORNO REGIONAL UMA ANÁLISE HISTÓRICA SOBRE O DEBATE DA SEGURANÇA INTERNACIONAL E DA REMILITARIZAÇÃO DO JAPÃO NO SÉCULO XXI ALANA CAMOÇA GONÇALVES DE OLIVEIRA PEPI/UFRJ

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IX Encontro Nacional / ENABED 2016

Forças Armadas e Sociedade Civil: Atores e Agendas da Defesa Nacional no

Século XXI

06 a 08 de julho de 2016 em Florianópolis/SC

AT7 - Segurança Internacional e Defesa

O JAPÃO E SEU ENTORNO REGIONAL

UMA ANÁLISE HISTÓRICA SOBRE O DEBATE DA SEGURANÇA

INTERNACIONAL E DA REMILITARIZAÇÃO DO JAPÃO NO SÉCULO XXI

ALANA CAMOÇA GONÇALVES DE OLIVEIRA

PEPI/UFRJ

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RESUMO

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial o Japão com a Constituição de 1947 renunciou o

uso da guerra como direito soberano da nação e, com a finalidade de cumprir o objetivo, as

forças do exército, marinha e aeronáutica não podem ser mantidas. Diante disso, a

Constituição japonesa é fundamental para entender a falta de poder militar, o crescimento

econômico japonês e a progressiva carência de projeção de poder político no cenário

internacional. O artigo pretende fazer um levantamento histórico da política externa japonesa

no período do Pós Segunda Guerra Mundial, entender as relações próximas do Japão com

os EUA e compreender as Forças Armadas de Defesa (FAD). Além disso, o trabalho busca

analisar o período do século XXI, onde temos os alardes da possível remilitarização japonesa

impulsionada pela dinâmica de segurança internacional no Leste Asiático, precisamente no

Nordeste da Ásia. A expansão da China para os mares do Japão, as pressões norte

americanas em missões de paz e o lançamento de mísseis nos mares próximos ao

arquipélago instigaram o reavivamento do debate da segurança e da necessidade de

remilitarização no Japão. A hipótese desse trabalho é de que os conflitos e as relações

desconfiadas do Japão com seus vizinhos instigaram e fomentaram o debate sobre a

militarização.

PALAVRAS CHAVE: SEGURANÇA; RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS JAPONEAS; POLÍTICAS

EXTERNA; REMILITARIZAÇÃO

2

INTRODUÇÃO

A Ásia é uma região de extrema relevância para a conjuntura internacional, todavia,

no Brasil ainda é pouco estudada tendo em vista as diferenças culturais e as dificuldades de

encontrar material bibliográfico sobre o assunto. Desde o final da Segunda Guerra Mundial o

Japão é considerado uma potência econômica, mas um anão político devido à uma política

externa mais reclusa e passiva no cenário internacional, direcionada somente para interesses

econômicos. No final do século XX, a política externa japonesa orientou-se para assuntos

comerciais e afastou-se de questões políticas ou militares.

Historicamente, após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), o Japão foi ocupado

pelas Forças Aliadas dos Estados Unidos que permaneceram no território japonês por cerca

de 7 anos. O discurso norte americano tangia para a desmilitarização e a democratização do

território nipônico, para também afastar possíveis influências do comunismo na região. Dessa

maneira, a derrota na guerra e a ocupação do país pelas Forças Armadas americanas

inauguraram um período de grandes reformas no Japão. O pequeno arquipélago sofreu

mudanças políticas e econômicas, inclusive constitucionais, que alinhadas com as relações

bilaterais Japão-Estados Unidos, são cruciais para entendermos o desenvolvimento nipônico

e sua atuação externa no século XX e XXI.

O Japão é composto por quatro ilhas principais: Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu;

e mais de seis mil ilhas pequenas espalhadas nas proximidades do Pacífico, precisamente no

Mar do Leste. O entorno regional japonês é marcado por um contexto de relações diplomáticas

e políticas conturbadas e conflitos territoriais1. A região que cabe destaque para o trabalho é

o Nordeste asiático, onde desde a Era Meiji2 (1868-1912) o Japão tem interesse na área.

Miyagi (2011) menciona que o Nordeste asiático foi objeto de interesse econômico do Japão

ao longo da história, mas diferente das relações nipônicas com o Sudeste Asiático, o Nordeste

é uma região onde os interesses relacionados a segurança são iguais ou até mais fortes do

que as questões econômicas.

Há nesse cenário rivalidades históricas e buscas pelo poder, além de conflitos

territoriais que se desenvolveram no século XX e persistem no século XXI. Com o intuito de

entender um pouco melhor a geopolítica da região asiática, o artigo pretende fazer um

levantamento histórico da política externa japonesa desde o final da Segunda Guerra,

pontuando as relações bilaterais Japão-EUA e a dinâmica interna de defesa do Japão.

1 Nota-se que o Japão só reestabelece relações diplomáticas com a Coréia do Sul em 1962 e com a China em 1972. Além disso, o Japão não tem relações diplomáticas com a Coréia do Norte e possui relações complicadas com Taiwan (MIYAGI, 2011). 2 Tendo em vista as incurões japonesas para a península da Coréia e a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895).

3

O artigo foi separado em três partes: no primeiro momento trazemos o debate sobre

segurança internacional e pontuamos a geopolítica japonesa a partir de autores nipônicos; na

segunda parte é feito um debate sobre o Japão no Pós-Segunda Guerra Mundial, onde

analisamos as Forças Armadas de Defesa (FAD) e a política externa japonesa do século XXI;

e por fim, na terceira parte, apresentamos um debate mais atual sobre a política japonesa

debatendo sobre os governos de Junichiro Koizumi (2001-2006), de Hatoyama Yukio (2009-

2010) e o segundo governo de Shinzo Abe (2012-atual) do Partido Democrata do Japão, e

apresentamos questões dos Livros Brancos de Defesa do Japão desde 2005 para

compreendermos o entorno regional japonês e o discurso da necessidade de remilitarização.

1. O DEBATE SOBRE A SEGURANÇA INTERNACIONAL: A INSERÇÃO JAPONESA

Como o Japão é um arquipélago, depende da pesca e de atividades voltadas para o

mar, por esse motivo há uma vocação marítima da população devido as necessidades e os

recursos que os mares provém para o Japão, sejam eles vivos ou não vivos. Desse modo, é

visível que o Japão depende dos mares para expandir-se e suprir suas necessidades internas,

haja vista a limitação territorial imposta por ser uma região localizada no Círculo de Fogo do

Pacífico e com áreas extremamente montanhosas. Em razão desses fatores, o Japão precisa

importar grande quantidade de commodities, principalmente recursos energéticos. O maior

parceiro comercial do Japão é a China, tanto no âmbito das importações como exportações e

o segundo maior é os EUA3.

Nota-se que no mapa do Pacífico o Japão não tem uma posição estratégica

privilegiada, tendo em vista a presença da China, da Coréia do Norte e da Rússia em sua

proximidade. Nesse sentido, o entorno regional japonês é conflitivo, visto que o arquipélago

partilha linhas territoriais com potências com as quais tem histórias de guerras desde o século

XIX se olharmos para a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895) e no século XX com a

Guerra Russo Japonesa (1904-1905) e a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945).

A região Asiática não possui um hegemon regional e, por isso, segundo autores como

Fiori (2004) e Mearsheimer (2004) há uma disputa de hegemonia regional que envolve

grandes potências regionais e, até mesmo, extrarregionais: China, Japão, Coréia do Sul,

Coréia do Norte, Rússia, EUA4 e Índia. Por esse motivo, há um sistema complexo de

segurança regional na Ásia e precisamente no Nordeste asiático, onde pretendemos mostrar

que as preocupações japonesa se orientaram na política externa do século XXI.

3 Os Os principais destinos de exportação do Japão são a China($131 Bilhões), o Estados Unidos($128 Bilhões), a Coreia do Sul($52,5 Bilhões). As origens principais de importação do Japão são a China ($166 Bilhões), o Estados Unidos ($67,5 Bilhões), a Austrália ($43,1 Bilhões), a Arábia Saudita ($42,5 Bilhões) e o Emirados Árabes Unidos ($37,5 Bilhões) (OEC, 2016). 4 Este se insere como um possível hegemon na região, tendo em vista a proximidade de relações com o Japão e a VII Frota Marítima Norte Americana que circunda a região asiática.

4

Barry Buzan (1986), um dos autores mais influentes no tema de Segurança

Internacional, sugere que as análises das teorias de segurança muitas vezes abrangem

somente duas perspectivas: a nacional e a global. Ambas as perspectivas seriam exageradas

e para o autor é fundamental observarmos o nível intermediário (regional) “to the overall

picture of security relations because it provides a strong mediating factor between the great

powers and the local states” (BUZAN, 1986: p.4).

De acordo com o autor, a segurança não são meramente a capacidade, os desejos,

os medos individuais de cada Estado, mas também as capacidades, desejos e medos de

outros Estados no sistema internacional. Ou seja, para se entender a temática da segurança

é preciso compreendê-la como relacional, como interdependente. Por esse motivo, Buzan,

Waver e Wilde (1998: pp. 11-12) criam a ideia de complexos regionais de segurança, definindo

que existiriam “a set of states whose major security perceptions and concerns are so

interlinked that their national security problems cannon reasonably be analyzed or resolved

apart from one another”.

O complexo regional de segurança da Ásia, como um todo, possui dois grandes

poderes, China e Japão, além disso, a Índia já é considerada um dos grandes jogadores do

sistema. Existem também Estados detentores de armas nucleares – por exemplo, Paquistão

– e países com fortes alianças militares com os EUA, sendo o Japão um dos principais

(BUZAN; WAEVER, 2003: p.93).

Para uma análise do entorno regional japonês é necessário considerarmos o nordeste

asiático, onde terá maiores zonas de influência e disputas territoriais do Japão em relação aos

seus vizinhos. De acordo com Sorensen (2013: p.5) ”there is in Northeast Asia a relatively

autonomous sub-regional security pattern consisting of the bilateral security relations between

the Northeast Asian states generated primarily internally in Northeast Asia by a combination

of material, geographical, historical and political factors”.

No Nordeste asiático os atores são China, Japão, Coréia do Sul, Coréia do Norte,

Rússia e os EUA. Christensen (1999) compreende que a presença dos EUA em aliança com

o Japão é outro fator importante a ser considerado quando analisamos a balança de poder no

Leste Asiático, pois os EUA funcionaria como uma espécie de estabilizador na região, na

medida em que corrobora para mediações diplomáticas em alguns conflitos específicos. O

Japão-EUA assinaram acordos de defesa que permitiram a presença dos EUA de forma mais

incisiva no Leste asiático através de bases terrestres em território japonês e ao mesmo tempo

possibilitaram que o governo nipônico se preocupasse com a economia, deixando a

segurança encargo de seu aliado.

1.1 A GEOPOLÍTICA JAPONESA

5

De acordo com Fukushima (1977) um dos principais autores da geopolítica japonesa

foi Masamichi Royoma5. O autor compreendia em suas obras que o Japão tinha dois inimigos:

a Nação Chinesa e o Asianismo Japonês. A primeira faz referência ao nacionalismo chinês

que crescia devido ao sentimento de humilhação vivenciado nas guerras e movimentos do

final do século XIX6 e do início do século XX7. Desse modo, a China seria um problema para

o Japão, tendo em vista esse crescimento de sentimento nacional promovido por cicatrizes

não curadas de guerras e pressões imperialistas na região. Além disso, um outro problema

enfrentado pelo Japão foi o Tratado das Nove Potências (1922)8 onde as potências Ocidentais

teriam restringido o poder nipônico sobre suas antigas posses imperiais na China

(FUKUSHIMA, 1997).

Outro inimigo do Japão seria o crescente “Asianismo”, o entendimento de que o Japão

seria visto como Nação soberana e deveria ter o dever de se articular no cenário do Leste

asiático como o país central. Para Royama isso é um problema na medida que entende a

necessidade de mecanismos de cooperação na região para afastar potências ocidentais e o

avanço do socialismo. Ou seja, visando justificar a cooperação no Leste asiático e a

necessidade de enfraquecer o nacionalismo chinês (ROYAMA, 1933 apud FUKUSHIMA,

1997).

Outrossim, o autor ainda compreende que Organizações Internacionais, como a Liga

das Nações, não seriam capazes de controlar e resolver conflitos regionais e muitas vezes os

tornariam piores devido ao afastamento geográfico dessas instituições e pelo fato de estarem

embuídas em ideias ocidentais de resolução de conflito. Dessa forma, era necessário um novo

tipo de cooperação bo sistema internacional que requeriria uma articulação regional e poderia

ser fundamental para resolver dissuasões políticas, econômicas e territoriais.

Todavia, ao contrário do que é pensado pelo autor, o Japão começou a surgir na arena

internacional cada vez mais como um ator isolado e não cooperativo no sistema e isso é

fundamental para entendermos o processo ideológico da política externa japonesa. Através

de um momento de insegurança e desconfiança das potências europeias e os EUA como

5 Professor da Universidade Imperial de Tóquio, hoje conhecida como Universidade de Tóquio. 6 A Primeira Guerra do Ópio (1839-1842) e a Segunda Guerra do Ópio (1856-1860) e Guerra Sino-Japonesa (1894-1895). 7 Guerra do Boxer (1899-1901) e o Movimento 4 de Maio (1919). 8 O Tratado afirmou a soberania e integridade territorial da China, de acordo com uma ideia de política de portas abertas, assinada por participantes na Conferência Naval de Washington em 1922. Os EUA estavam desconfiados dos planos de expansão imperialista japonesa para a China após a Guerra Russo Japonesa (1904-1905) e as Vinte e uma Exigências (1915) - As Vinte e uma exigências foram um conjunto de exigências feitas pelo Império do Japão enviadas ao governo nominal da República da China que se prontificou a aceitar algumas das exigências, mas nunca ratificou os tratados. O Japão teve que ceder pressões norte americanas em 1917 com o acordo Lansing-Ishii onde ambos se comprometiam a manter a política de portas abertas na China sobre a sua integridade territorial e administrativaem. Em 1922, há uma maior abertura, tirando o controle fundamental da China como parte de uma colônia japonesa, distribuindo poder para potências europeias.

6

possíveis usurpadores de um controle territorial japonês – que no caso eram posses chinesas

– fez com que o Japão se tornasse cada vez mais isolado no sistema, sem formas de

cooperação com outros países. Nesse sentido, os discursos entoados no Japão iam em

direção à necessidade de uma luta para emancipar os “compatriotas asiáticos” das mãos de

potências estrangeiras (ROYAMA, 1933 apud FUKUSHIMA, 1997).

2. ENTENDENDO O JAPÃO NO PÓS-SEGUNDA GUERRA

Indeed, we declared war on America and Britain out of our sincere desire to ensure Japan’s self-preservation and the stabilization of East Asia (…) the war situation has developed not necessarily to Japan’s advantage, while the general trends of the world have all turned against her interests (HIROHITO, 1945 – Surrender speech).

Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão passou por um período de ocupação das

Forças Aliadas sob o comando dos EUA, que durou de 1945 até 1952. A Força de Ocupação

foi liderada pelo general Douglas MacArthur, que tinha como principais objetivos promover

reformas políticas e econômicas no país. Esse período é marcado pelos três D’s:

democratização, desmilitarização e desmonopolização. Estas reformas, com o objetivo de

controlar e submeter totalmente o Japão, acabaram por criar o ambiente propício para o

crescimento econômico (GORDON, 2003; UEHARA, 2003).

O texto constitucional serviu como alicerce para a nova estrutura do governo japonês,

criando um regime sem direito a guerra e sem a possibilidade de investimentos massivos em

produtos bélicos. Isso mudou os rumos da industrialização japonesa que investia na criação

de armamentos e outros produtos do gênero. A partir desse momento o Japão renuncia a

força militar permanente e detém apenas uma força de autodefesa, mantendo-se sob proteção

dos EUA (CHRISTENSEN, 1999; FROSBERG, 2000; GORDO, 2003).

2.1 A CONSTITUIÇÃO DE 1947: FIM DAS FORÇAS MILITARES?

O texto da Constituição de 1947, a qual vigora até os dias atuais, foi redigido sob tutela

dos EUA e é fundamental para entendermos o percurso da política externa japonesa ao longo

dos anos da Guerra Fria. Existem duas grandes mudanças ocasionadas pela Constituição de

1947. A primeira delas é o sistema político japonês que foi modificado e, apesar de permitir a

continuidade do sistema imperial, gerou grandes mudanças no que tangia o poder do

Imperador. Os descendentes diretos da deusa Amaterasu9, que governaram o Japão durante

anos, perderam o poder político de decisão. O Imperador passou a representar apenas um

símbolo do país, sem qualquer participação política. Em decorrência disso, um sistema

9 É uma deusa da mitologia japonesa cujo nome significa "Grande Deusa que ilumina o céu". A deusa do sol vela sobre os homens e traria riquezas e paz para o Japão. Existe toda a simbologia que os Imperadores são da linhagem da deusa, tendo o sangue divino, por isso é escolhido para governar o povo japonês.

7

político misto foi arquitetado, onde o parlamento é quem governa e tem poder de decisão no

Japão e semelhante aos EUA, o Japão adotou uma legislatura bicameral10 (WATANABE,

2011: p.10; NAKA, 2002: p.176).

A segunda grande mudança e mais importante para este artigo foi a restrição imposta

pelo Artigo 9º11. Tal artigo menciona que o direito do Japão de fazer guerra não é mais

reconhecido. Além disso, o Japão fica proibido de constituir forças armadas sejam marítimas,

terrestres ou aéreas. Entretanto, apesar dessa proibição são instituídas as Forças de Auto

Defesa (FAD) no Japão que servem como forma de proteção interna e externa, como veremos

na próxima seção.

Article 9. Aspiring sincerely to an international peace based on justice and order, the Japanese people forever renounce war as a sovereign right of the nation and the threat or use of force as means of settling international disputes. In order to accomplish the aim of the preceding paragraph, land, sea, and air forces, as well as other war potential, will never be maintained. The right of belligerency of the state will not be recognized (CONSTITUTION OF JAPAN, 1947).

Diante disso, obrigado a afastar-se do poder militar, há a justificativa da concentração

dos esforços japoneses aos temas econômicos. O Japão voltou-se aos olhares para uma

política externa baseada em elementos econômicos, fugindo da política militarista. Desde o

final da Ocupação em 1952, os governos japoneses evitaram assuntos relacionados a

temática de defesa porque o assunto ainda era frágil e difícil de ser lidado com a sociedade e

com as potências estrangeiras (UEHARA, 2003: p.3).

2.1.1 O SURGIMENTO DAS FORÇAS DE DEFESA: ENTRE O CRISÂNTEMO E A ESPADA

Recuperando um brevemente o debate a respeito do surgimento de forças de defesa

é preciso compreender que em 1950 temos a constituição da Reserva de Polícia Nacional12

(RPN) e que surgiram por necessidade norte americana de proteger o Japão de ameaças na

Ásia. A Guerra da Coréia teve o efeito de colocar o governo Norte Americano mais engajado

na questão do Pacífico e reforçou o senso de urgência norte americano de consolidar o Japão

como um aliado anticomunista (MAKATO, 1977; MAEDA, 1995; FORSBERG, 2000: p.3;

COONEY, 2006).

The Korean War accelerated many trends, yet the outline of American policy toward Japan, China, Korea, and Vietnam for the next twenty years was set even before the fi

10 “A Constituição do Japão declara um sistema de democracia representativa no qual a Dieta é o “órgão mais alto de poder do Estado”. Desse modo, a designação do primeiro-ministro, que chefia o poder executivo, é feita após uma resolução da Dieta. O Japão pratica um sistema parlamentarista no qual o primeiro-ministro aponta a maioria dos membros do seu gabinete dentre os membros da Dieta. O gabinete, por sua vez, trabalha juntamente com a Dieta e é responsável por ela. A Dieta está dividida em duas câmaras: a câmara inferior, ou Câmara dos Representantes, e a câmara superior, ou Câmara dos Conselheiros.” (EMBAIXADA JAPÃO, 2016) 11 Disponível em: http://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/constituicao.html 12 O objetivo da RPN era manter ordem interna, não tinha o intuito de substituir as tropas aliadas, mas como os EUA precisavam de apoio nas Guerras das Coréias, o contingente diminuiu e foi necessário criar um novo mecanismo de segurança para afastar ameaças internas e externas do Japão.

8

ghting began. Perhaps Yoshida Shigeru spoke a truth (if not the truth) when he predicted, in 1950, that, like the changing balance between the American colonies and imperial Britain more than a century before, if Japan temporarily became a "colony of the United States, it [would] also eventually become the stronger." (SCHALLER, 1985: pp. 298).

Nota-se que a Guerra da Coréia impulsionou a recriação de uma Indústria de Defesa

no Japão, devido às demandas crescentes norte americanas e gastos militares na guerra que

ultrapassavam 10% do PIB dos EUA. Durante a guerra os Estados Unidos usaram diversas

bases japonesas para reparar e dar suporte a tropas, assim como as bases serviram de

armazenamento para materiais e alimentos para os soldados. O Japão também providenciou

navios para auxiliar o transporte de tropas e mantimentos para a guerra da Coréia, assim

como mandaram alguns policiais para ajudar com os feridos.

Segundo Forsberg (2000), a guerra estimulou a economia japonesa, tendo em vista

que o Japão comercializou serviços, automóveis, indústria têxtil e etc. Empresas como Toyota

conseguiram altas taxas de lucratividade, o capital norte americano começou a movimentar a

economia japonesa inclusive sendo chamado “divine aid” (FORSBERG, 2000: p.57).

Após a Guerra das Coréias, as Indústrias de Defesa no Japão passaram a depender

das Forças Armadas de Defesa que foram criadas em 1954, ou seja, a própria constituição

das FAD foi devido à pressão industrial nacional. De acordo com Maeda (1995) a FAD foi uma

forma do Japão aos poucos promover o rearmamento e os governos japoneses a partir da

metade do século XX buscaram constantemente aumentar as capacidades de atuação da

FAD dentro do limite constitucional. Nos século XXI a FAD continua a carregar o objetivo de

servir exclusivamente para fins defensivos, mesmo que o conceito de defesa tenha sido

ampliado e possa ser encarado ambiguamente (COONEY, 2006).

Segundo Watanabe (2016: p.80) a “Constituição é vista como um marco na história

social japonesa, mas o seu pacifismo prometido não passou de uma retórica, cujo sucesso se

deu pela aceitação popular. Surgiu, assim, uma norma social baseada em uma falsa

promessa”. Afinal, apesar das restrições da constituição de forças armadas, o Japão se armou

em uma retórica defensiva, mas cabe mencionar que ainda existem empecilhos a atuação

das Forças Armadas de Defesa que só vão ser despreendidos no século XXI.13

2.2 O CRESCIMENTO DO SOL: A ÁGUIA, O PODER MILITAR E A POLÍTICA EXTERNA

JAPONESA NO PÓS-SEGUNDA GUERRA

13 De acordo com os livros de defesa do Japão, precisamente de 2015, são retratados os requerimentos dos exercícios de Auto-Defesa. O governo interpreta o Artigo 9º na ideia de que as forças armadas podem usar exercícios de defesa somente diante de três condições: 1) Quando existir um eminente e ilegítimo ato de agressão contra o Japão; 2) Quando não há meios adequadros para lidar com esse tipo de agressão a não ser recorrendo ao método direto; 3) Quando o uso das forças armadas é somente o mínimo necessário para lidar com a ameaça. O texto ainda afirma que o Japão somente envia tropas na medida em que são referentes a ideia de ajuda humanitária e não de forças armadas para auxílio em guerras em termos de ataque (JAPAN’S WHITE PAPER, 2015).

9

Após a Segunda Guerra Mundial temos dois cenários: um Japão destruído e uma

necessidade dos EUA de assegurar um aliado no continente asiático, afastando possíveis

influências da URSS na região. Atrelado a isso, o governo de Shiguero Yoshida (1946-

1947/1948-1954) tem como principal objetivo a recuperação da economia japonesa, tendo

como aliado principal os EUA. Nesse sentido, os Estados Unidos tentaram fazer do Japão

um centro econômico na Ásia, sendo uma parte estratégica devido a Guerra da Coréia e a

Guerra Fria (GORDON, 2003).

Um dos momentos mais importantes para as relações bilaterais Japão-EUA e o rumo

da política externa japonesa foi o momento de assinatura de dois tratados em 1951: o Acordo

de Paz de São Francisco14 e o Acordo de Segurança Mútua Japão-EUA (PYLE, 2007, p. 234).

O primeiro devolvia a soberania japonesa do seu território e o segundo era desigual e

apontava que o Japão serviria de base para os EUA, eles teriam direito de intervir em qualquer

momento em questões internas japonesas e ao mesmo tempo o arquipélago seria protegido

pelos EUA.

Outro tratado assinado nesse período foi o MSA – Mutual Security Assistance que foi

designado para consolidar o sistema de aliança norte americano através do fornecimento de

armas e euipamentos. O Japão passou a equipar-se de materiais pesados, de caças, o que

foi importante para os EUA ter como apoio no contexto da Guerra Fria e da proximidade

geográfica do Japão com a China (PYLE, 2007).

Para entender um pouco esse debate é preciso revisitar alguns pontos da política

japonesa. Como mencionamos anteriormente a Constituição de 1947 traz alguns empecilhos

para a ação do arquipélago no cenário internacional e na reestruturação de forças militares.

Todavia, existem algumas questões relativas as Forças de Defesa do Japão que precisam ser

compreendidas para depois observamos de maneira breve a política externa japonesa do

século XX.

2.2.1 A POLÍTICA EXTERNA JAPONESA E AS PRESSÕES EXTERNAS: O TEMPO

NUBLADO

Na década de 1950, o primeiro-ministro Yoshida estabeleceu diretrizes para a política

externa japonesa que canalizavam os esforços do país para o desenvolvimento econômico

(JUNIOR, 2008: p.21). Historicamente, a política externa japonesa defendia, desde o final da

Segunda Guerra Mundial, os princípios da Doutrina Yoshida15: 1) recuperação econômica

14 No Artigo 2 do Capítulo 2 do tratado, quando é mencionada a questão do território. O Japão passa a reconhecer a independência Coreana, incluindo as ilhas de Quelpart, Port Hamilton and Dagelet. Além disso o Japão renuncia o território de Formosa (Taiwan) e a Ilha dos Pescadores; e qualquer direito sob o território das Ilhas Curill e parte de Sakhalin; e por último o Japão renuncia qualquer direito ou título das ilhas Spratly e Paracel (SAN FRANCISCO TREATY, 1951). 15 Diretrizes estabelecidas em 1950 pelo Primeiro Ministro Yoshida Shigeru.

10

como primeiro objetivo nacional; 2) dependência militar dos EUA, tendo em vista o artigo 9º

da Constituição de 1947; 3) bilateralismo nas relações internacionais, tendo como prioridade

a aliança com os EUA; e 4) participação nos organismos multilaterais – principalmente na

Organização das Nações Unidas (ONU) –, com o intuito de melhorar a imagem externa do

país no exterior (KAMIYA, 2003; UEHARA, 2003; HAMADA; MIMAKI, 2011: p.140).

Desse modo, é importante compreendermos que uma das causas da política externa

japonesa ser mais passiva no cenário internacional é a Doutrina Yoshida que enfatizou a

necessidade japonesa de alinhamento com os EUA, ainda que custasse sua liberdade

externa16. Yoshida Shigeru percebeu que a presença das forças dos EUA servia como uma

proteção para o Japão, assim ele estava livre para perseguir o rápido desenvolvimento

econômico sem o peso de ter que manter uma força militar permanente, que drenaria alguns

recursos essenciais para a reconstrução da economia (COONEY, 2006: p.36; HAMADA;

MIMAKI, 2011: p.140).

Os principais pontos da Doutrina Yoshida foram colocados em prática a partir de 1950,

sendo eles: a recuperação econômica como o primeiro objetivo nacional; o Japão investiria

1% do PIB no setor militar e evitaria envolvimento em assuntos político extratégicos; e para

garantir sua segurança a longo prazo, o país iria ceder seu território para bases às Forças

Armadas aos EUA (COONEY, 2007: p.36). Nesse sentido, observa-se que a política externa

japonesa esteve orientada para a fortificação das relações bilaterais Japão-EUA e com auxílio

norte americano através da ajuda financeira e as diretrizes da Doutrina Yoshida, o Japão pode

crescer economicamente e aos poucos se reestabelecer como potência no sistema

internacional. Com os objetivos voltados para a reeconstrução interna no contexto histórico

vivenciado pelo Japão na década de 1950 e 1960, o a política externa japonesa se manteve

reclusa e pautada nas relações bilaterais. Diante de um cenário de bipolaridade no sistema

internacional e na busca por desenvolvimento econômico o PIB superior a 9% ao ano17

(TORRES, 1997).

Com as crises do petróleo (durante a década de 1970 do século XX) há uma

desaceleração do crescimento econômico nipônico e é nesse momento em que há uma

mudança relativa na política externa japonesa que se desdobra para além das relações

16 De acordo com Uehara (2003) a formulação da política externa é formada por um “triângulo” composto pelo Partido Liberal Democrata (PLD), a burocracia e o setor privado. O PLD governou sem interrupção até 1990. 17 Ao longo de 23 anos (1950 – 1973), o PNB japonês cresceu com taxas anuais em média 9% ao ano, mas esse crescimento econômico terminou subitamente no segundo semestre de 1973, diante das crises que o mundo estava enfrentando. Durante esse período foram consolidadas algumas políticas entorno de uma industrialização pesada, além de utilizar o “over-loaning”, onde o Banco do Japão emitia empréstimos a bancos da cidade que davam créditos a conglomerados industriais. Houve a instituição da política de alocação de câmbio, um sistema de controles de importação destinadas a impedir a inundação dos mercados do Japão por produtos estrangeiros e o investimento em infra-estrutura (ferrovias, metrôs, aeroportos, instalações portuárias). Além disso, o Japão se integrou à econômica global, unindo o GATT, em 1963 e o FMI e a OCDE, em 1964. Quando Ikeda deixou o cargo, o PIB nipônico já estava crescendo acima de 10% ao ano(GORDON, 2003: p.242).

11

bilaterais Japão-EUA. O Japão precisou diversificar suas relações com as Nações de outros

continentes e até mesmo na Ásia18, pois a crise do petróleo trouxe a necessidade de

articulação com países do Oriente Médio19. O crescimento econômico continou e incluisove

no anos 1980, o Japão superou os EUA como líder no setor bancário, tecnológico e de

manufaturas, além de ultrapassar os EUA como o maior fornecedor de Ajuda Oficial para o

Desenvolvimento (ODA) e tornou-se ainda o principal fornecedor de recursos aos países em

desenvolvimento (UEHARA, 2003: p.2).

Ou seja, na medida em que o Japão se recuperava economicamente as nações

ocidentais questionaram o fato do Japão não participar mais ativamente da manutenção de

paz e da estabilidade no cenário internacional. O Japão tendia a separar assuntos políticos

dos econômicos, com isso o Japão se apresentava no mundo como potência econômica e

com interesses econômicos, sendo constantemente criticado.

No Pós-Guerra Fria (1991), o Japão precisou modificar a atuação de sua política

externa no cenário internacional devido a alguns incidentes da década de 1990. A Guerra do

Golfo (1990-1991) forçou o país a agir no cenário internacional. De acordo com Cooney

(2006: p. 41) “Japan was asked to participate at a level that was equal to its economic status

in the world, and Japan was not ready to do so. Japan’s checkbook diplomacy caused it to be

severely criticized abroad”.

Na Guerra do Golfo, o Japão ofereceu inicialmente uma ajuda de 400 milhões de

dólares aos EUA, todavia foi criticado, questionado e alguns dias depois a quantia subiu para

quatro bilhões de dólares. O Japão se recusava a mandar tropas para o exterior, tendo em

vista a o artigo nono da Constituição de 1947 e a cultura pacifista que já permeava o ideário

dos cidadãos japoneses. Entretanto, como o Japão comprava grande quantidade de petróleo

do Oriente Médio, a posição de afastamento em relação ao conflito, através de um

financiamento de tropas, foi vista de maneira negativa no mundo. Nota-se que as pressões

continuaram e o Japão doou treze bilhões de dólares para auxiliar na Guerra do Golfo (1990-

1991), mas mesmo sendo um dos maiores financiadores, sua imagem foi constantemente

questionada (COONEY, 2006: pp. 38-43).

Antes da Guerra do Golfo, os políticos japoneses nunca pensaram na ideia de mandar

Forças de Defesa para outros países. As pressões continuaram por parte dos EUA e algumas

nações européias, com isso o governo japonês aprovou em 1990 o plano para mandar o

18 Nota-se que nesse período o Japão reestabeleceu as relações diplomáticas tanto com a Coréia do Sul, quanto com a China na década de 1970. A Chamada Doutrina Fukuda em 1978 impulsionou as relações diplomáticas do Japão com o sudeste asiático, provendo ajuda e desenvolvimento econômico para a região (UEHARA, 2003). 19 Além da multilateralização das relações japonesas, o país passou a colocar em prática dois importantes projetos que visavam diminuir a dependência japonesa do Petróleo importado. Assim, os projetos denominados “Sunshine Plan” de 1974 – que tinha como objetivo o desenvolvimento de um substituto para o petróleo - e Moonlight Plan de 1978 – que enfatizava a necessidade da construção de tecnologias capazes de ajudar na economia de energia – nasceram e permearam as políticas da época (OLIVEIRA, 2015).

12

“United Nations Peace Cooperation Team” para a Arábia Saudita, mas devido a protestos

dentro do Japão, a lei20 foi retirada e só é aceita dois anos depois21. Ainda na década de 1990

o Japão participa de missões humanitárias com ajuda financeira e humana: Camboja,

Moçambique, El Salvador, Golan Heights e Angola22.

3. ASCENSÃO DO SOL NASCENTE: POLÍTICA EXTERNA, DESAFIOS EXTERNOS E A

REMILITARIZAÇÃO NO SÉCULO XXI

Western nations basically do not fear Japan militarily, but many Asian nations have concerns based on their own historical experience with Japanese militarism. Western nations would prefer that Japan be an active player in the world scene, while many inside Japan and Asia feel that Japan is not ready for this role. With regard to Japan, the world can basically be divided into those who believe that Japan has something to offer the international community and those who do not (COONEY, 2006: p. 45).

Como observamos nos tópicos anteriores existem alguns fatores que influenciam a

política externa japonesa e que são fundamentais para entender o processo de atuação do

Japão no cenário internacional. Apesar de ser extremamente rico o debate sobre a política

externa japonesa no início do século XXI com os outros governo23, para entender o poder do

primeiro ministro, no que tange a dinâmica da segurança cabe analisarmos três líderes:

Junichiro Koizumi (2001-2006), Hatoyama Yukio (2009-2010) do Partido Democrata do Japão

e o segundo governo de Shinzo Abe (2012-atual).

O governo de Koizumi foi marcado pela proximidade do Japão com os EUA, nota-se

que durante seu governo temos como marco o evento de 11 de setembro de 2001. Pouco

depois do atentado, a Koizumi mobilizou a necessidade de uma mudança constitucional e um

cuidado maior com relação as políticas de defesa japonesas. Nesse sentido, Koizumi entendia

ser necessário enviar as FAD para assistir os EUA e seus aliados, através do envio de

médicos, transporte, abastecimento e proteção. Ainda em 2001, foi aprovada a Lei de Medidas

Especiais Antiterroristas e previa que as FAD poderiam ser enviadas com o intuito de fornecer

apoio aos EUA e seus aliados24 (KAMIYA, 2003; MASTANDUNO, 2003; WATANABE, 2016).

After September 11, U.S. officials made clear the urgency of a Japanese response that went beyond the financial realm. The Japanese government, for its part, took a very helpful first step by passing antiterrorist legislation that enabled the Japanese navy to provide direct military support to U.S. forces engaged in the waters proximate to Afghanistan. However the Afghanistan intervention (MASTANDUNO, 2003; p. 34).

20 Governo de Kaifu Bill (1989-1991) do PLD. 21 A lei foi aceita durante o governo do Primeiro Ministro Kiichi Miyazawa (1991-1993) do PLD e previa que o Primeiro Ministro não precisaria passar pela aprovação da Dieta para mandar tropas de Forças de Defesa para atividades como transporte, comunicação, construção, assistência humanitária internacional e funções administrativas. Para enviar as tropas em atividades de monitoramento, supervisão, patrulha e outras, era necessária a aprovação da Dieta Nacional. (COONEY, 2006). 22 Mais informações disponíveis em: http://www.mofa.go.jp/policy/un/pko/pamph96/02_4.html 23 Primeiro Mandato de Shinzo Abe (2006-2007); Fukuda Yasuo (2007-2008); Aso Taro (2008-2009); Kan Naoto (2010); Noda Yoshihiko (2011-2012), 24 Diferente da Guerra do Golfo, agora as FAD poderiam ser alocadas em regões de combate.

13

O governo de Hatoyama reconheceu os EUA como o principal aliado, entretanto

direcionou os esforços da política externa pela busca de liderança na Ásia, visando que o

Japão relembra-se sua identidade enquanto país asiático, por esse motivo Hatoyama se

aproximou tanto da China como da ASEAN25. Compreende-se que no período os países em

ascensão econômica seriam melhores para os interesses japoneses e para a própria

prosperidade da economia nipônica. Dessa forma, a estratégia da política externa japonesa

tinha o intuito de afastar a influência da Europa e dos EUA, colocando-se na direção de uma

proposta de integração regional (HATOYAMA, 2009; BERKOFSKY, 2010; MIYAMOTO;

WATANABE, 2014).

Although the influence of the US is declining, the US will remain the world's leading military and economic power for the next two to three decades. Current developments show clearly that China, which has by far the world’s largest population, will become one of the world's leading economic nations, while also continuing to expand its military power. (…) The future international environment surrounding Japan does not seem to be easy. (…) I believe that we should aspire to the move towards regional currency integration as a natural extension of the path of the rapid economic growth begun by Japan, followed by South Korea, Taiwan and Hong Kong, and then achieved by the ASEAN nations and China. We must therefore spare no effort to build the permanent security frameworks essential to underpinning currency integration (HATOYAMA, 2009).

Durante o governo de Hatoyama há um atrito entre as relações Japão-USA, devido a

busca pela realocação das bases norte americanas na ilha de Okinawa26, mas essa tentativa

do governo japonês falhou diante das pressões norte americanas e ineficiência do governo

em ter uma atitude realmente capaz de modificar esse cenário. A administração de Hatoyama,

apesar de buscar promover um maior engajamento do Japão com seus parceiros na Ásia, foi

vista negativamente pelos EUA e não colheu muitos frutos (BERKOFSKY, 2010;

MIYAMOTO;WATANABE, 2014).

Para entender a proposta de política externa japonesa durante o mandato do primeiro

ministro Shinzo Abe, é preciso recorrer a um artigo que ele escreve antes das eleições

japonesas. O artigo intitulado “Asia’s Democratic Security Diamond” demonstra a busca pelo

Japão ter mais proeminência no cenário internacional “Japan, as one of the oldest sea-faring

democracies in Asia, should play a greater role in preserving the common good in both regions”

(ABE, 2012).

Nesse documento o primeiro ministro também demonstra receios com relação a

expansão da China para os mares do Sul, entendendo a projeção chinesa como uma ameaça

para a paz e a estabilidade dos oceanos. Outrossim, o controle chinês sob o Mar do Sul seria

25 Associação das Nações no Sudeste Asiático. Durante o governo de Hatoyama foi promovido em 2009 a East Asian Community (EAC) sob liderança do Japão, tendo em vista que havia uma política voltada para a estruturação econômica do Japão e a reaproximação com seus vizinhos. 26 Durante o governo de Koizumi (2003-2006) fora feito um acordo entre o Japão e os EUA onde seria providenciada uma mudança das bases aéreas para Futenma, uma ilha de Okinawa que proveria mais espaço para tropas estadnidenses agirem. Hatoyama decidiu que seria mais interessante realocar as tropas para a ilha norte americana de Guam, retirando do território japonês (MIYAMOTO; WATANABE, 2014).

14

um empecilho e um problema para as rotas de navegação de produtos importados e

exportados tanto do Japão, como da Coréia do Sul.

Yet, increasingly, the South China Sea seems set to become a “Lake Beijing,” which analysts say will be to China what the Sea of Okhotsk was to Soviet Russia: a sea deep enough for the People’s Liberation Army’s navy to base their nuclear-powered attack submarines, capable of launching missiles with nuclear warheads. Soon, the PLA Navy’s newly built aircraft carrier will be a common sight – more than sufficient to scare China’s neighbors (ABE, 2012).

O governo de Shinzo Abe é fundamental para entendermos o dilema de insegurança

do Japão no século XXI e a proposta de remilitarização e mudança constitucional27. Afinal,

apesar desse assunto ser revisitado durante o século XXI diversas vezes, o governo do século

XXI conquistará mais espaço para a discussão. Dessa forma, durante o período recente

notícias a respeito do conflito pelas Ilhas Senkaku/Diaoyu/Diaoyutai são recorrentes devido a

presença mais forte da China no território28 (OLIVEIRA, 2015).

The ongoing disputes in the East China Sea and the South China Sea mean that Japan’s

top foreign-policy priority must be to expand the country’s strategic horizons (…) I

envisage a strategy whereby Australia, India, Japan, and the US state of Hawaii form

a diamond to safeguard the maritime commons stretching from the Indian Ocean

region to the western Pacific. (…) In a period of American strategic rebalancing

toward the Asia-Pacific region, the US needs Japan as much as Japan needs the US

(ABE, 2012)

Outro ponto conturbado do governo de Shinzo Abe com relação aos vizinhos foi a visita

do Primeiro Ministro ao Templo Yasukuni em dezembro de 201329, onde foram enterrados

japoneses após a Segunda Guerra Mundial e muitos considerados como criminosos de

guerra. Essa visita desestabilizou as relações do Japão com a China, tendo em vista o

sentimento de aversão e anti-japonês de muitos chineses que questionam o não

reconhecimento do governo japonês dos crimes cometidos durante o Massacre de Nanquim30

(CHRISTENSEN, 1999: p. 53; HAY, 2014).

Um feito recente do governo Shinzo Abe foi a aprovação, em setembro de 2015, do

Parlamento japonês tanto na Upper House como na Lower House, a aprovação de uma lei

permitindo os militares japoneses participassem de novo em operações militares

27 Para modificar a Constituição japonesa é necessário que dois terços da maioria na Upper House e na Lower House. 28 As Ilhas Senkaku/Diaoyu/Diaoyutai são constituídas por cinco pequenas ilhotas rochosas desabitadas e localizadas na parte leste do Mar da China, distanciando-se de cerca de 120 milhas náuticas a nordeste de Taiwan, 200 milhas náuticas a leste da China e 200 milhas náuticas a sudeste de Okinawa (Japão). A disputa pelas ilhas está envolta em questões nacionalistas, históricas e territoriais. Tanto a China como o Japão e Taiwan, revindicam a posse pelas ilhas (OLIVEIRA, 2015). 29 Nota-se que o Primeiro Ministro Ryutaro Hashimito (1995-1996) também visitou o templo em 1995, assim como Junichiro Koizumi (2001-2006) visitou em 2006. 30 Um ponto fundamental para entender esse sentimento rancoroso com relação ao Japão é o Massacre de Nanquim (1937-1938) que foi um episódio de assassinato e estupros em massa cometidos por tropas do Império do Japão contra a cidade de Nanquim durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa.

15

internacionais, em situações em que a ameaça não afeta diretamente o Japão, mas alguns

de seus aliados, no caso a medida foi direcionada para ajudar os EUA (JAPANTIMES, 2015).

3.3 ENTORNO REGIONAL E GASTOS MILITARES

Os três grandes problemas do Japão com seu entorno regional são: a Coréia do Norte,

a China e a Rússia. De acordo com Hay (2014) esses três países são fundamentais para

compreendermos a política externa japonesa do século XXI e as questões de segurança no

entorno regional asiático. Desde o início do século XXI são constantes os treinamentos e

lançamentos de mísseis norte coreanos nos mares próximos ao Japão, tanto que desde 2007

existe uma cooperação entre o Japão e os EUA para a construção de um escudo

antimísseis31.

Com relação a China as dissuasões são frequentes em termos territoriais e políticos,

mas se mantém estáveis ou em ascendência quando a questão é comércio, visto que a China

é o principal parceiro japonês em termos econômicos32. As relações são conturbado devido

ao Japão ter sido o primeiro país a romper com o sistema sinocêntrico tributário33 e,

principalmente, divido as duas guerras sino-japonesas34. A guerra trouxe cicatrizes que ainda

não foram curadas, posto que é constantemente relembrado pelo governo chinês a

humilhação que a China vivenciou de potências estrangeiras no século XIX e XX (MEISSNER,

2006). O Japão tem disputas territoriais extremamente importantes com a Rússia, onde o

Japão revindica soberania pelas ilhas Kurill, mesmo após a assinatura do Tratado de São

Francisco, e também tem relações um tanto problemáticas devido a presença dos EUA em

território japonês em caráter permanente (HAY, 2014).

Nos Livros Brancos de Defesa do Japão desde 2005 são retratadas as questões

estratégicas no âmbito da segurança e constantemente tratam da relação do Japão com seus

vizinhos regionais35. Existe uma constante quando são tratadas as questões relativas aos

países no entorno regional japonês. Existe um tratamento especial para os EUA que é

constantemente retratado como importante aliado. Além disso, a China, a Rússia e as Coréias

são questões constantemente levantadas a respeito das forças militares, mesmo que algumas

com mais ou menos intensidade (DEFENSE OF JAPAN, 2005; 2006; 2007; 2008; 2009; 2010;

2011; 2012; 2013; 2014; 2015).

31 O Japão implantou pelo menos três sistemas de defesa antimíssil Patriot PAC-3 e também possui o sistema de SM-3. 32 Segundo dados da OEC (2016) 22% dos produtos importados pelo Japão são de origem chinesa, enquanto 18% dos produtos exportados pelo arquiélago tem como origem destino a China (OEC, 2016). 33 No final do século XIX, o sistema tributário chinês é desfeito, sistema que liderava desde a dinastia Ming (1368-1644). 34 Primeira (1894-1895) e a segunda (1937-1945). 35 Nos Livros de Defesa, o terrorismo é um tema constantemente tratados pelos japoneses. É constamente mencionado a ajuda humanitária japonesa e as guerras no Oriente Médio.

16

Nos livros são constantemente tratados os treinamentos militares, capacidades e

gastos de defesa. Nesse sentido são retratadas o poder de ameaça perante o território

japonês. Entretanto, a partir de 2006 os países são tratados de forma mais específica e com

maior rigor a respeito das despesas e das aproximações vias aéreas ou marítimas de

territórios japoneses. Com relação a Rússia o Japão questiona as tropas russas nos “Northern

Territories” que apesar de não serem japonesas de acordo com o Tratado de São Francisco.

A respeito da China, nos livros são retratadas as animosidades chinesas com relação a

territórios disputados por países do sudeste asiático, a respeito das ilhas Spratlys e Paracells.

MAPA 1: AÇÕES CHINESAS EM TERRITÓRIOS JAPONESES OU PRÓXIMOS DOS

LIMITES FRONTEIRIÇOS

FONTE: JAPAN’S WHITE PAPER, 2015

Além disso, desde 2006 são retratadas ações chinesas em territórios marítimos

japoneses, pontuando também sobre a exploração de campos de gás e petróleo nos campos

de Chunxiao. As Ilhas Senkaku aparecem nos livros de defesa a partir de 2010 de maneira

mais incisiva devido a proximidade de navios pesqueiros na região e inclusive as

revindicações de Taiwan36.

36 Assunto tratado em outro artigo publicado na revista NEIC. O debate a respeito do controle das ilhas voltou para as mídias nacionais e internacionais de cada país após um barco pesqueiro chinês colidir com um navio oficial japonês em 2010. Os oficiais japoneses prenderam o capitão do barco pesqueiro e decidiram colocá-lo para

17

Um outro ponto de análise importante é a projeção de gastos militares no cenário

internacional. Separando os países do Sudeste Asiático, podemos observar que as grandes

potências tem expressivos gastos militares, incluindo o Japão, mesmo com a restrição da

Constituição japonesa. Nos livros o Ministério de Defesa do Japão constantemente pontua

que o ambiente de segurança que cerca o Japão tem se tornado cada vez mais grave, com

vários desafios e fatores de desestabilização. Nota-se que o gastos de defesa na Ásia são

expressivos, principalmente quando demonstramos o crescimento chinês. O Japão, apesar

de ter em sua Constituições limitações com relações as Forças Armadas, também tem

expressivos gastos militares.

GRÁFICO 1: GASTOS MILITARES (PAÍSES SELECIONADOS)

FONTE: Elaboração própria com base nos dados doo SIPRI, 2016

O cenário de insegurança no Nordeste asiático é estimulado devido aos gastos

militares da China, que alcançaram um total de US$ 215 bilhões em 2015, e o discurso de

remilitarização do Japão que traz de volta lembranças da guerra. Analisando o complexo

arranjo de poder existente no Nordeste Asiático, na disputa e no sentimento de insegurança

por parte de muitos países tanto em relação à expansão chinesa, como a remilitarização do

Japão, podemos pensar no dilema de segurança de John Herz (1951).

Segundo o dilema, na busca pelos Estados se protegerem, eles adquirem mais e mais

poder com o intuito de espantar o possível impacto de poder dos outros países no sistema.

Em consequência, os outros ficam mai inseguros e também acumulam poder. Ou seja, os

gastos em segurança da China corroboram para um sentimento de insegurança com os seus

países vizinhos que acabariam por gastar mais dinheiro em aparatos de defesa. Esses gastos

julgamento. China acreditava que os dois governos tinham o entendimento que se um navio chinês ficasse em até 12 milhas náuticas das ilhas, os japoneses poderiam expulsá-los, mas não prendê-los (OLIVEIRA, 2015).

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

USA China, P.R. USSR/Russia India Japan

18

militares e a expansão chinesa para os mares é utilizado no discurso do primeiro ministro

japonês Shinzo Abe para reinserir o debate de segurança e remilitarização no Japão.

CONCLUSÃO

Desde o final da Segunda Guerra Mundial a política externa japonesa esteve em uma

posição mais passiva no cenário internacional e, após a Guerra Fria, o debate sobre a falta

de envolvimento japonês no sistema trouxe questionamentos e como consequência o Japão

passou a atuar de maneira mais expressiva mundialmente. Para debater sobre política

externa japonesa no século XXI, é preciso compreender a Doutro Yoshida, a Constituição de

1947 e a atuação japonesa em crises humanitárias e atuações no Oriente Médio em ajuda

aos EUA.

As políticas de defesa do Japão se modificaram ao longo dos anos e no século XXI,

há uma guinada na necessidade de assuntos relativos a militarização serem retratados devido

à Guerra ao Terror e às possíveis ameaças que o Japão poderia sofrer com o lançamento de

mísseis pela Coréia do Norte e pela expansão da China para os mares, envolvendo disputas

territoriais como o caso das Ilhas Senkaku.

Buscamos demonstrar que o debate a respeito da remilitarização do Japão tem como

marco histórico desde o a Guerra da Coréia de maneira mais incisiva, mas foi constantemente

tratado ao longo do século XX. A política japonesa visou o crescimento econômico, afastando-

se dos holofotes internacionais durante a Guerra Fria, mas precisou tomar ações mais firmes

com a Guerra do Golfo, as Crises humanitárias, o atentado de 11 de setembro de 2011 e

devido a preocupações em seu entorno regional.

Diante disso, nota-se que o discurso de remilitarização do Japão é pautada pela

necessidade de mecanismos de defesa para se precaver de ataques em seu entorno regional

e auxiliar aliados em outras partes do mundo. Diante disso, vislumbra-se que as relações

próximas do Japão-EUA são fundamentais para entendermos as políticas de defesa do

arquipélago e sua evolução no decorrer dos anos.

O Japão tem buscado se livrar das correntes da Doutrina Yoshida e tornar-se uma

potência “normal” no cenário internacional, através de mudanças constitucionais e maior

projeção de sua política externa em assuntos para além dos econômicos. Os governos de

Junichiro Koizumi, Hatoyama Yukio e Shinzo Abe foram os propulsores dessa mudança na

política externa japoneda, sendo que o último tem se mostrado cada vez mais inclinado para

discutir e ampliar as políticas de defesa do Japão. O entorno regional do arquipélago é um

dos motivos para a remilitarização diante de um cenário de insegurança e potenciais conflitos

oriundos de dissuasões seja históricas, nacionalistas ou estratégicas.

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