food landscapes - esad.cr 2010

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Food Landscapes O projecto Food Landscapes, desenvolvido pe- los alunos finalistas da licenciatura em Design Industrial, foi realizado em parceria com a Eco- le Supérieure d'Art et de Design de Reims e será apresentado, numa exposição conjunta das duas escolas, em Outubro de 2010, na mais importan- te feira mundial de produtos alimentares, a SIAL, a decorrer em Paris. A ESAD Reims é escola com larga experiência no ensino do design culinário, com quem a ESAD. CR tem vindo a estreitar relações no sentido da criação de uma pós graduação internacional em Food Design. A pertinência do Design no campo dos produtos alimentares prende-se com a crescente indus- trialização deste tipo de produtos. Hoje em dia, os alimentos são produzidos de forma global e massificada, tratados como qualquer outra ma- téria prima industrial, transformados em estrutu- ras fabris em tudo semelhantes às que produzem produtos de vidro, cerâmica ou plástico. O projecto Food Landscapes, parte do conceito de paisagem para propor uma reflexão sobre a percepção dos produtos alimentares. Os traba- lhos apresentados relacionam referências cul- turais e territoriais com a recuperação de uma Coordenador do Curso de Industrial estética alimentar ligada ao natural e ao efémero. Procuraram-se formas de reforçar a identidade cultural dos produtos alimentares reaproximan- do-os dos seus territórios de origem e recorrendo à presença de elementos de memória colectiva como a lava, as nuvens, a floresta ou os terrenos agrícolas . Fernando Pires

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Food Landscapes - ESAD.CR 2010

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Food Landscapes

O projecto Food Landscapes, desenvolvido pe-los alunos finalistas da licenciatura em Design Industrial, foi realizado em parceria com a Eco-le Supérieure d'Art et de Design de Reims e será apresentado, numa exposição conjunta das duas escolas, em Outubro de 2010, na mais importan-te feira mundial de produtos alimentares, a SIAL, a decorrer em Paris.

A ESAD Reims é escola com larga experiência no ensino do design culinário, com quem a ESAD.CR tem vindo a estreitar relações no sentido da criação de uma pós graduação internacional em Food Design.

A pertinência do Design no campo dos produtos alimentares prende-se com a crescente indus-trialização deste tipo de produtos. Hoje em dia, os alimentos são produzidos de forma global e massificada, tratados como qualquer outra ma-téria prima industrial, transformados em estrutu-ras fabris em tudo semelhantes às que produzem produtos de vidro, cerâmica ou plástico.

O projecto Food Landscapes, parte do conceito de paisagem para propor uma reflexão sobre a percepção dos produtos alimentares. Os traba-lhos apresentados relacionam referências cul-turais e territoriais com a recuperação de uma

Coordenador do Curso de Industrial

estética alimentar ligada ao natural e ao efémero.

Procuraram-se formas de reforçar a identidade cultural dos produtos alimentares reaproximan-do-os dos seus territórios de origem e recorrendo à presença de elementos de memória colectiva como a lava, as nuvens, a floresta ou os terrenos agrícolas .

Fernando Pires

Adriana NetoGelly Lab

A gelatina é rica em colagénio, uma proteína estru-

tural, importante para a manutenção do organismo

e rejuvenescimento celular. Este projecto apresenta

um conjunto de experiências que procuraram afastar

a gelatina do estereótipo de alimento para crianças.

Procurou tirar-se partido da mistura de diferentes

consistências e aromas, como se de uma paisagem

bacteriológica se tratasse.

Gelatina, aromas vários, placas de petri

Agnieszka TomalczykFood Design Project with Pierogi

Na Polónia durante o Verão nascem nos campos de-

liciosas bagas silvestres com as quais é feita uma

compota de cor intensa e luminosa que recheia um

bolo chamado Pierogi. Neste projecto os Pierogis são

comidos sobre folhas brancas de papel. Quando cor-

tados derramam o seu recheio de cor vermelha, mar-

cando na folha branca a memória dos gestos feitos

durante a degustação.

Bagas silvestres, açúcar, bolo, papel

Carlos EsgaioMesa de Fogo

O fogo é apreciado pelo seu carácter destrutivo e re-

novador da paisagem. Neste projecto a passagem do

fogo transforma uma paisagem constituída por frutos,

fundindo elementos e libertando aromas. O caramelo

líquido delimita o fogo servindo de barreira à lâmina

de álcool alimentar que cozinha e carameliza os fru-

tos.

Inox, frutas variadas, álcool alimentar

Eduardo Silvaà sombra

Este projecto propõe-nos a experiência sensorial de

estar em baixo de uma árvore, através da projecção

de uma sombra de folhagem em movimento e sons de

fundo. É possível ajustar as sombras a diferentes me-

sas ou a uma toalha no chão para que se possa fazer

um piquenique no meio de uma sala.

PVC, Mini projector de vídeo

Fábio FernandesRebuçado de funcho

Este projecto nasce da reflexão sobre a desertificação

da ilha da Madeira. O chupa, composto por uma copa

feita de rebuçado de funcho e eucalipto e revisita os re-

buçados tradicionais madeirenses.

Rebuçado de funcho, rebuçado de eucalipto, ramos

Cláudio Duarte e SilvaCookie Shapes

Com Cookie Shapes, as crianças podem criar a sua pró-

pria paisagem ou história, utilizando as formas das bo-

lachas de massa folhada e um plano desdobrável que

vem no interior da embalagem.

Massa folhada, papel plastificado

Filipe TimóteoDo you know what you’re eating?

Determinadas formas são associadas a uma alimen-

tação pouco saudável e ao fast food. Ao embrulhar os

alimentos escondo a sua verdadeira natureza, sua for-

ma faz-nos pensar que se tratam de um hambúrguer e

batatas fritas, mas afinal tratam-se de alimentos sau-

dáveis. Pretende-se que o consumidor reflicta sobre

os seus hábitos alimentares enquanto descobre o real

conteúdo

do produto.

Folha de alumínio, arroz, cenoura, alho francês, brócolos,

pimentos, batatas, vinho

Joana Rita CardosoAzeite Aromático

Um ramo de cheiros que confere aroma ao azeite é

preso no fundo de uma garrafa.

O ramo em forma de árvore remete para a árvore de

onde provém o azeite e cria uma paisagem submersa

onde por vezes a árvore se move lentamente, criando

um efeito encantatório.

Vidro, cortiça, inox, lacre, azeite, funcho

Filipa Santos AugustoUction

O desafio deste jogo de construção é fazer a repre-

sentação tridimensional de diferentes estruturas

arquitectónicas. O jogo é composto por três tipos de

módulos diferentes.

Waffers de baunilha.

Joana PaisLicor de Tola

Cada árvore tem uma essência que lhe confere frutos

e madeiras distintas. Seleccionou-se a madeira de

Tola, também conhecida por Agba, devido ao seu ol-

facto e paladar. O licor é apresentado como que uma

poção contendo vários

corações que vão libertando a sua magia.

Madeira de tola, aguardente bagaceira, açúcar.

João MouraPão de cor

Este projecto explora o acto de descoberta durante a

sua degustação, em que gradualmente, a cada fatia

surge uma nova paisagem de cor aliada a um novo

sabor e aroma. As cores resultantes são naturais, de-

rivadas apenas dos componentes de sabor adiciona-

dos durante a confecção.

Farinha de Trigo, água, sal, fermento, pasta de azeitona,

tomate, pimentos, salsa, orégãos, mostarda e açafrão.

Joaquim Praçana BastosPaisagem Campestre

A partir da anatomia das codornizes, criaram-se posi-

ções que sugerem movimento,

brincando com a refeição e ilustrando histórias. As

posições são construídas com o

auxílio de paus de espetada e palitos que depois do

prato ir ao forno se retiram,

porque a pele ao grelhar endureceu mantendo as po-

sições.

Codornizes, paus de espetada, palitos

Joneiber SaldanhaFátima

A paisagem cultural e religiosa impulsionou o meu

olhar sobre Fátima e sobre a fusão de valores profa-

nos e sagrados presentes na sua identidade. Através

de dezenas de reproduções da Nossa Senhora de Fá-

tima em chocolate branco materializa-se a dicotomia

entre o consumo e a fé.

Chocolate branco

Jorge CarreiraÂmbar

Este projecto parte da vontade de aprisionar sabores

silvestres em rebuçado, como se tivessem sido con-

servados em âmbar. Neste processo criam-se peque-

nas paisagens no interior do rebuçado que invocam

memórias de sabores.

Rebuçado, amoras silvestres, ervas aromáticas

Lara CarvalhoCandy

Candy é uma embalagem para rebuçados feita numa

peça de cerâmica sem nenhuma tampa, a embala-

gem é aberta ao ser partida ao meio. Candy não re-

solve apenas questões logísticas (armazenar e dis-

tribuir), ela coloca-nos uma pergunta: Como é que os

rebuçados foram postos dentro da embalagens de

cerâmica?

Faiança, rebuçado

Luis Paulo GuedesNuvem

Partindo dum sonho de criança de comer nuvens,

criou-se uma nuvem em claras de ovos suspensa por

um fio de nylon que se torna quase invisível, dando a

sensação que a nuvem está realmente suspensa no

ar.

Claras de ovos, bolacha e adoçante

Nádia FurtadoSopas de Espírito Santo

Neste projecto procurou-se reinventar as Sopas de

Espírito Santo, prato central da festa religiosa mais

importante do arquipélago dos Açores. Desenhou-se

um pão circular que representa as 9 ilhas do arquipé-

lago que emergem do caldo, representação do mar

que as rodeia.

Pão, caldo de carne

Pedro MalheiroTree

Este projecto procura aproximar o gesto de pegar em

frutos secos do movimento de colher na natureza, fa-

zendo lembrar às pessoas de onde os alimentos pro-

vêm.

Faia, cobre, fibras vegetais, frutos secos

Pedro Agapito PedrosoOrigem

Devido a globalização e à distância entre a origem dos

produtos alimentares e o consumidor final, a origem

do produto perde-se dentro de complexos circuitos

de distribuição. Este projecto procura, através da

colocação de uma válvula de cheiro na embalagem,

aproximar o consumidor do produtor. A essência aro-

mática funciona como uma chave para uma paisagem

mental única, que levará a uma viagem ilusória de en-

contro á origem.

Café de comércio Justo, alumínio, vinil, espuma de

polietileno, papel de algodão, essências aromáticas

Raphael MoraisCrumbling Stone

Ao movimentar circularmente a pedra dentro do azei-

te, cria-se a ilusão que esta se está a desfazer, pro-

duzindo um molho aromático. A ilusão é conseguida

através de especiarias em pó, de cor aproximada à da

pedra, colocadas sob a sua base.

Pedra, porcelana, azeite e especiarias

Ricardo MarquesMoldura

Molduras de arroz remetem para a pintura de nature-

zas mortas. Género de pinturas que celebra a abun-

dância e a riqueza, mas também lembra que os bens

terrenos são efémeros..

Arroz, alumínio

Rui LopesFood from food

Tudo o que nos rodeia é gerido por ciclos, que vivem e

se transformam. Este projecto explora o ciclo de vida

nos alimentos. Novos alimentos crescem de outros,

criando um sistema contínuo e eterno.

Pão, tomate, queijo fresco, agrião.

Sara LopesVulcão

Este prato tem o aspecto de um vulcão, foi pensado

para se manter quente durante toda a refeição, atra-

vés do auxílio de uma lamparina, colocada no seu in-

terior.

Grés, carne picada com molho, puré de batata

Sean SilvaDelusion

Um grande plano branco com concavidades embutido

no topo de uma mesa, serve de recipiente de degus-

tação para molhos, mel, sumos, doces...Ao se poder

espalhar molho sobre um plano branco, cria-se uma

superfície líquida parecida com um lago de variações

cromáticas vibrante e aparência apetitosa. Propõe-se

assim uma nova forma de comer, onde as barreiras

entre o contentor e a nódoa se esbatem.

PVC expandido, madeira

Sónia RosaLava Landscape

Este projecto é uma paisagem vulcânica, que recebe

inspiração dos Açores, um arquipélago situado no

nordeste do Atlântico. Inspira-se na paisagem de ba-

salto abundante e da ligação do povo à sua geografia

e geologia, encenando uma escoada de lava.

Porcelana, leite-creme

Susana CostaBolo Postal

O remetente vive a experiência, tem a vivência, os

sabores. O destinatário partilha dessa experiência,

pode provar, degustar, sentir.

Papel Cristal, bolo tradicional

Tiago SousaSweet Moments

Sweet Moments é um projecto que procura desenvol-

ver laços de cumplicidade e intimidade. Partindo de

uma caixa de anel, que foi substituído por doce, acen-

tua-se o efémero e a partilha de prazer, por oposição à

durabilidade e valor de uma aliança.

Mogno, elástico, doce de morango