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1 Ensino Fundamental 2 Data / / Nome N o 5 a série História – Prof. Caco Fontes Históricas Estudo do Meio nº 2 Aquilo que chamamos de documentos históricos ou fontes históricas não é necessariamente produzido pelos homens com o objetivo de deixar testemunhos para aqueles que viverão no futuro. É verdade que, em muitos casos, documentos como diários, memórias e outros registros, são produzidos com a intenção declarada de deixar testemunhos. Mas são os pesquisadores que, ao estudarem um determinado assunto, recorrem aos registros produzidos pelos homens, atribuindo- lhes um sentido, um significado. E quais seriam os diferentes tipos de documentos históricos? Da esquerda para a direita: no alto, cachimbo encontrado na Serra da Barriga (AL); escultura de Veiga do Vale, representando Nossa Senhora do Bom Parto, Museu de Arte Sacra de Goiás Velho (GO); capa da Revista Ilustrada, de novembro de 1889; o senador paulista Eduardo Suplicy concedendo entrevista. Escritos: Os indivíduos se utilizam da escrita para expressar suas idéias, sentimentos, impressões e conhecimentos. Ao escrever essas experiências, transformam o seu registro em documento. Para estudar a história dos homens, podemos utilizar vários documentos escritos, como por exemplo, certidões de casamento, de nascimento, letras de canções, cartas, periódicos (jornais e revistas), contratos, registros contábeis, livros ou textos escritos nos mais diversos tipos de material (papel, pergaminhos, argila, etc.), etc. Visuais: Uma outra forma de o homem fazer o registro de sua história é através de imagens. Podemos representar as idéias, os objetivos, as pessoas e os acontecimentos em forma de desenhos, esculturas, pinturas ou fotografias. Existem formas de representação que unem a imagem e a escrita, como as histórias em quadrinhos, e outras que unem a imagem e a fala, como filme ou documentários. Orais: Nas sociedades que não usam a escrita, a história das pessoas é recriada a partir da tradição oral. Os mais velhos contam para os mais novos sobre a origem de seu povo e as experiências de seus antepassados. A memória das pessoas é valioso documento para pesquisar histórias de outros tempos. Mas mesmo sociedades que conhecem a escrita podem se utilizar da oralidade como forma de registrar algo sobre o modo de vida de grupos sociais ou comunidades (por exemplo, por meio de entrevistas gravadas). Sonoros: São as músicas e ritmos em geral, que também informam sobre o modo de vida do homem de determinada época. Cultura material: Brinquedos, ferramentas, roupas, móveis e utensílios domésticos, entre outros, também são documentos que nos fornecem informações sobre o modo de vida dos homens. Incluem-se também nessa cultura os monumentos arquitetônicos e as construções em geral. Bibliografia: Montellato, Adrea Rodrigues Dias. História Temática, Tempos e Culturas, 5ª série, SP, Seipiome, 2000.

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Ensino Fundamental 2

Data

/ /

Nome No

5a série

História – Prof. Caco

Fontes Históricas

Estudo do Meio nº 2

Aquilo que chamamos de documentos históricos ou fontes históricas não é necessariamenteproduzido pelos homens com o objetivo de deixar testemunhos para aqueles que viverão no futuro.É verdade que, em muitos casos, documentos como diários, memórias e outros registros, sãoproduzidos com a intenção declarada de deixar testemunhos. Mas são os pesquisadores que, aoestudarem um determinado assunto, recorrem aos registros produzidos pelos homens, atribuindo-lhes um sentido, um significado.

E quais seriam os diferentes tipos de documentos históricos?

Da esquerda para a direita: no alto, cachimbo encontrado na Serra da Barriga (AL); esculturade Veiga do Vale, representando Nossa Senhora do Bom Parto, Museu de Arte Sacra de Goiás Velho(GO); capa da Revista Ilustrada, de novembro de 1889; o senador paulista Eduardo Suplicy concedendoentrevista.

Escritos: Os indivíduos se utilizam da escrita para expressar suas idéias, sentimentos, impressõese conhecimentos. Ao escrever essas experiências, transformam o seu registro em documento. Paraestudar a história dos homens, podemos utilizar vários documentos escritos, como por exemplo,certidões de casamento, de nascimento, letras de canções, cartas, periódicos (jornais e revistas),contratos, registros contábeis, livros ou textos escritos nos mais diversos tipos de material (papel,pergaminhos, argila, etc.), etc.

Visuais: Uma outra forma de o homem fazer o registro de sua história é através de imagens.Podemos representar as idéias, os objetivos, as pessoas e os acontecimentos em forma de desenhos,esculturas, pinturas ou fotografias. Existem formas de representação que unem a imagem e a escrita,como as histórias em quadrinhos, e outras que unem a imagem e a fala, como filme ou documentários.

Orais: Nas sociedades que não usam a escrita, a história das pessoas é recriada a partir da tradiçãooral. Os mais velhos contam para os mais novos sobre a origem de seu povo e as experiências de seusantepassados. A memória das pessoas é valioso documento para pesquisar histórias de outros tempos.

Mas mesmo sociedades que conhecem a escrita podem se utilizar da oralidade como forma deregistrar algo sobre o modo de vida de grupos sociais ou comunidades (por exemplo, por meio deentrevistas gravadas).

Sonoros: São as músicas e ritmos em geral, que também informam sobre o modo de vida dohomem de determinada época.

Cultura material: Brinquedos, ferramentas, roupas, móveis e utensílios domésticos, entreoutros, também são documentos que nos fornecem informações sobre o modo de vida dos homens.Incluem-se também nessa cultura os monumentos arquitetônicos e as construções em geral.

Bibliografia: Montellato, Adrea Rodrigues Dias. História Temática, Tempos e Culturas, 5ª série, SP, Seipiome, 2000.

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A escavação possibilitará a evidenciação (ataque horizontal) do material arqueológico, dando“ênfase à representatividade, no presente, das referências socioespaciais do passado” (Santos, 1995,p. 109).

Dentre outros elemenos, a presença de paredes de pedras em ruínas com argamassa de cal econchas, as seteiras, os fragmentos de tachas de cobre e formas de pães-de-açúcar, além do fosso 1,atestam a construção e a ocupação do sítio São Jorge dos Erasmos a partir do século XVI, e evidenciamum alto potencial arqueológico, comprovando a necessidade urgente do prosseguimento dos trabalhos,principalmente nos setores A, B, C e Q, após o escoramento das paredes e a estabilização dos taludes,ns setores D, H e I.

A continuidade dos trabalhos de escavação torna-se imprescindível para alcançar os seguintesobjetivos:

• levantamento de outros testemunhos do século XVI que possibilitem a determinação domodelo de engenho construído;

• delinear e/ou reconstruir as linhas essenciais das condições socioeconômicas e cotidianasde um engenho de açúcar no Brasil Colonial;

• subsidiar os trabalhos de consolidação e revitalização da área, tendo em vista a futuraimplementação de projetos educacionais e museológicos que divulguem os conhecimentosobtidos com as pesquisas arqueológicas.

ARQUEOLOGIA: ENGENHO DOS ERASMOS

Engenho São Jorge dos Erasmos: Prospecção Arqueológica, Histórica e industrialMargarida Davina Andreatta (*)

Na pesquisa do sítio São Jorge dos Erasmos, em sua fase de Prospecção Arqueológica,Histórica e Industrial, foram identificadas as áreas de maior potencial arqueológico para que nesseslocais sejam realizados, dentro do possível, trabalhos de escavação e evidenciação das demaisestruturas (alicerces) do engenho original

(Figura 21)

Figura 21 – Engenho São Jorge dos Erasmos – ruínas evidenciadas – 1996

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NOTAS

1) No decorrer dos trabalhos arqueológicos, o interesse pela continuidade da pesquisa arquivísticalevou os pesquisadores a contatar, através da Internet, o historiador português Alberto Vieira, dacidade de Funchal, Ilha da Madeira, a fim de obter mais informações e dados sobre os engenhosde açúcar (o “ouro branco”, como era chamado no século XVI). Desse contato, recebemospublicações referentes ao tema.

2) A prospecção arqueológica foi tema de mestrado de Fernanda Maria Felipe dos Anjos, apresentadoao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP sob a minha orientação e com o título: “O Caminhodo Açúcar. Cotidiano, Trabalho e Cultura Material: a Circulação da Produção nas Ruínas do EngenhoSão Jorge dos Erasmos (Século XVI)”.

3) Agradecimentos ao Museu Paulista e à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas daUSP pelo apoio financeiro que permitiu o desenvolvimento da primeira fase da pesquisaarqueológica.

(*) Margarida Davina Andreatta é arqueóloga do Museu Paulista-USP e coordenadora do Projetode Pesquisa Interdisciplinar Engenho São Jorge dos Erasmos - Santos - SP.

Detalhe da Figura 21– Engenho São Jorge dos Erasmos – ruínasevidenciadas – 1996

Detalhe da Figura 21– Engenho São Jorge dos Erasmos – ruínasevidenciadas – 1996

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Brás Cubas lê o foral de vila,documento régio que eleva Santos àcategoria de vila. Detalhe de quadro emformato mural existente no prédio daBolsa do Café de Santos, mostrando afundação da Vila de Santos em 1545.

Tela de Benedito Calixto

Nascido em 14 de outubro de 1853 na cidade de Itanhaém,litoral sul do Estado de São Paulo, Benedito Calixto realizou uma imen-sa obra, ainda não catalogada, através do patrocínio de instituiçõesoficiais, da Igreja e pela encomenda de particulares.

Sua primeira exposição aconteceu em São Paulo, em 1881, noSalão Nobre do Jornal Correio Paulistano, com boa aceitação da críti-ca. Neste mesmo ano fixa residência em Santos, onde ganha notorie-dade ao executar as pinturas do teto do Teatro Guarani, Calixto re-cebe o convite, através do Visconde de Vergueiro, para realizar estu-dos na França. Em janeiro de 1883, partiu para Paris onde permane-ceria por mais de um ano freqüentando o atelier de Jean FrançoisRaffaelli e posteriormente a Academia Julien.

Retornando ao Brasil, reside em Santos, posteriormente naCapital (realizando várias exposições) e em 1894 volta ao litoral, para a cidade de São Vicente, deonde não mais se afastaria até sua morte em 31 de maio de 1927. Mesmo com uma produção artís-tica frenética, Benedito Calixto dedicou-se também ao ensino da pintura e aos estudo históricos.

Para a pesquisadora Maria Alice Milliet de Oliveira, “as pinturas de Calixto são testemunhos deum momento de transição passagem do século XIX ao XX – quando neste Estado tem início o pro-cesso de modernização ainda hoje em curso, gerador de transformações radicais nas cidades, no cam-po e no litoral. A precisão no registro de visitas onde a arquitetura comparece, de panorâmicas dascidades e seus confins, de paisagens litorâneas remete a um passado recente, revelando cenário hojequase irreconhecíveis. Com estranhamento vemos estes quadros como são vistos retratos da infância,como lugares revisitados após longa ausência, como relatos de avós. Tempo congelado em imagenssurpreendentes na constatação de que assim foi”.

Fonte: FUNDAÇÃO PINACOTECA BENEDITO CALIXTO

Foto

: Siz

enando Calixto

Benedito Calixto

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“Três fatores nortearam a vida de Calixto: o mar, a família e a história. Três fatores que lhe

condicionaram o amor: à eles Calixto dedicou sua vida e perdeu-a, por fim, intoxicado pelas tintas que

usava no seu trabalho (...) Quando foi à Europa, experimentou pintar, de memória, as suas queridas

praias, mas não obteve a aprovação dos seus mestres franceses (...) Calixto preferiu voltar”.

“Como historiador, representa Calixto uma fase da história de São Paulo. Pintou diversas telas,

escreveu artigos em jornais, publicou memórias sobre São Paulo, Santos, São Vicente, Itanhaém e São

Sebastião. Deixou ainda em seu arquivo particular trabalhos inéditos, que são gloriosa fonte de infor-

mações sobre nossa Terra e nossa Gente”.

“Calixto não só sempre procurou inspiração brasileira de feição notadamente paulista, como tam-

bém foi pesquisá-la no nosso passado histórico, tanto que os críticos divergem em suas opiniões, se ele foi

um grande pintor ou um grande historiador. Para bem compreendê-lo, cumpre considerá-lo simultanea-

mente nas suas feições de pintor-historiador e de historiador-pintor”.

João Calixto

Martim Afonso no Porto de Piaçagüera.A caminho de Piratininga (onde em 25 de ja-neiro de 1554 seria fundada a cidade de SãoPaulo de Piratininga, atual São Paulo), MartimAfonso desembarcou no Porto de Piaçagüera(área no município paulista de Cubatão) emoutubro de 1532, conforme retratado em óleode Benedito Calixto existente no Palácio SãoJoaquim, no Rio de Janeiro, parcialmente Re-produzido:

2010/fonteshis/nsv,my/edf

BIBLIOGRAFIA

• ANDREATTA, M. D. Projeto de Pesquisa Interdisciplinar Engenho São Jorge dos Erasmos - Relatório de Atividades,

Prospecção Arqueológica. São Paulo, FFLCH/Museu Paulista - USP, 1996-97.

• CORDEIRO, J. P. L. O Engenho São Jorge dos Erasmos. São Paulo, Nacional, 1945.