fontes do direito do comercio internacional

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    CAPTULO I

    FONTES DO DIREITO DO COMRCIO INTERNACIONAL

    E O DIREITO BRASILEIRO

    AGOSTINHO TOFFOLI TAVOLARO IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

    1 INTRODUO

    Dinmico desde seus primrdios, o comrcio internacional, por presso mesma dascircunstancias em que se desenvolve, trouxe sempre um sopro renovador ao direito, que setraduziu no passado na criao das cambiais, no surgimento dos bancos e das bolsas devalores e do mercado de capitais, na concepo das sociedades, em especial das limitadorasda responsabilidade dos scios (annimas e por quotas), na disciplinao da quebra dasempresas, na criao da pessoa jurdica autnoma e desvinculada das pessoas fsicas que lhederam vida , do seguro, do credito documentrio, enfim de um sem nmero de institutos jurdicos que vieram luz , constituindo-se em arcabouo do direito hodierno.

    O extraordinrio incremento que a tecnologia permitiu s comunicaes no sculo quese passou e a sua influncia na internacionalizao do conhecimento humano e dointercmbio de bens e servios vieram e vem vindo, neste incio de sculo, tornar maispremente o conhecimento das regras que regem o comrcio internacional e que tornamindispensvel verificar suas tendncias e procurar mesmo antecipar problemas e alvitrarsolues.

    2 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL

    Regido o comrcio internacional pelo direito internacional, necessrio assim, embreve meno, recordar que esse direito tem suas fontes referidas no art. 38 do Estatuto daCorte Internacional de Justia, principal organismo judicirio da ONU, que as enumera comosendo os tratados, o costume internacional, os princpios gerais de direito, as decises judicirias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes naes, vendo neleIRINEU STRENGER (p.795, no.26.3) ramo do direito internacional privado que tem comofonte mais idnea os tratados , adicionando os costumes que o direito comercial internacionalpor sua prpria natureza acolhe, quando consagrados.

    2.1 TRATADOS INTERNACIONAIS

    Principais fontes do direito internacional, desempenham os tratados internacionais

    papel relevante quanto ao comrcio internacional, regulando seus aspectos particulares.

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    2.2 - A OMC

    De conhecimento fundamental para o estudo do comrcio internacional, asNegociaes Comerciais Multilaterais (Rodadas) do GATT inicialmente tratavam apenas dosproblemas tarifrios, caso das Rodadas de Genebra (1974) , Annecy (1949), Torquay

    (1950/1951) , Genebra (1956/1956) e Dillon (1960/1961), passando a abranger tambm ocampo no tarifrio, como refere LIGIA MAURA COSTA , a partir da Rodada Kennedy(1963/1967), seguindo-se-lhe a Rodada de Tquio ( 1973/1979) e culminando com a RodadaUruguai, iniciada em Punta Del Leste em 1987, cuja ata final foi assinada por 125 pases emMarraqueche em 15/04/1994, com a finalidade de incorporar os resultados finais da RodadaUruguai do GATT, bem como ento se estabeleceu a Organizao Mundial do Comrcio(OMC) ouWorld Trade Organization (WTO), cujo Acordo Constitutivo lhe d, no art. II.1 oescopo de constituir-se no quadro institucional comum para a conduo das relaes entreseus membros nos acordos a ele anexos. Aprovada a Ata Final, no Brasil, pelo DecretoLegislativo n.30, de 15/12/1994 e promulgada pelo decreto 1355 de 30/12/1994, constitui-se odocumento desse Acordo Constitutivo e dos anexos e entendimentos sobre interpretao devrios artigos do GATT-1994, tendo o Anexo 1A por objeto os acordos multilaterais sobre ocomrcio de bens , o Anexo1B o acordo geral sobre o comrcio de servios, o Anexo 1C oacordo sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual relacionados ao comrcio(TRIPS Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights) , o Anexo 2 sobreentendimentos relativos s normas e procedimentos sobre soluo de controvrsias , Anexo 3sobre mecanismo de exame de polticas comerciais, Anexo 4 sobre acordos comerciaisplurilaterais e anexo 4d. sobre o acordo internacional sobre carne bovina.

    2.3 OS BLOCOS ECONMICOS REGIONAIS

    Caracterizada a conjuntura mundial pela regionalizao, atravs da formao deblocos econmicos regionais, que atingem j o nmero de 32, segundo ENRIQUE RICARDOLEWANDOWSKI, necessrio referir que esses blocos apresentam-se em estgios diversos,que se pode identificar como

    Zona de Livre Comrcio quando existe entre seus membros a livre circulao demercadorias, sem barreiras ou restries quantitativas ou aduaneiras, conservandoos Estados-membros total liberdade nas relaes com terceiros pases, nointegrantes da ZLC, em matria de comrcio exterior.

    Unio Aduaneira quando alm da livre circulao de mercadorias adotam os pases

    que a integram tambm uma tarifa aduaneira externa comum.Mercado comum quando, alm da unio aduaneira, permitem os Estados que o

    integram a livre circulao entre si dos demais fatores de produo : capital etrabalho, permitindo o livre estabelecimento e o livre exerccio de serviosprofissionais sem restries aos nacionais ou residentes dos outros Estados queintegram esse mercado.

    Unio econmica e monetria quando a poltica monetria dos Estados que acompem seguem as diretrizes monetrias de um Banco Central da Unio,adotando ainda uma moeda nica. Este o estgio que est alcanando a Unio

    Europia, embora nem todos os seus estados-membros hajam ainda adotado amoeda nica o euro -, como, por exemplo, a Inglaterra.

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    Como anota TESAURO, busca-se atingir o exerccio das quatro liberdadesfundamentais: liberdade de circulao de bens, liberdade de circulao de pessoas, liberdadede prestao de servios e liberdade de capitais, adicionando LUIZ OLAVO BAPTISTA aessas ainda a liberdade de concorrncia.

    No se olvide que blocos regionais vem se formando ao longo dos anos, no af de

    assegurar aos Estados que os integram a manuteno de seus mercados e a conquista deoutros. Eis a razo principal pela qual temos , dentre outros , o NAFTA, formado pelos EUA,Canad e Mxico, a APEC, integrada por Austrlia, Brunei, Canad, Indonsia, Japo,Malsia, Nova Zelndia, Filipinas, Singapura (onde tem sua sede) , Coria do sul, Tailndia,e Estados Unidos, desde 1989, China, Hong Kong ,e Taiwan (1991), Mxico, Papua e NovaGuin, (1993), Chile (1994), Peru, Federao Russa e Vietn , desde 1998.

    2.3.1 MERCOSUL

    Analisado o contexto do MERCOSUL, vemos que o mesmo se apresenta como ummercado comum imperfeito, dado o grande nmero de excees que tarifariamente foramacordadas entre os seus membros Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, aos quais h que seagregar os estados associados Chile e Bolvia.

    De extrema relevncia para o Brasil, pois o comrcio com nossos vizinhos reveste-sede caractersticas extremamente favorveis pela proximidade geogrfica e a facilidade detransportes, inclusive por vias terrestres e fluviais, alm de termos uma base cultural comum,vem o MERCOSUL progredindo com vagar , embora seja de se lembrar que mesmo a UnioEuropia tambm vagarosamente se desenvolveu, de tal modo que, ao completar a CEE, em1982, seus 25 anos, via-se JEAN MONET, seu grande paladino, lamentar-se em entrevista narevista Time pois colocava em questo o prprio futuro da entidade.

    Ponto focal das discusses do MERCOSUL na atualidade o da harmonizao fiscal ,principalmente no campo dos impostos indiretos, em que coexistem competncias tributriase legislativas de 5.531 entidades, quais os 4 pases integrantes do MERCOSUL, os 26 estadose o Distrito Federal do Brasil e o 5.000 municpios brasileiros ( nmero aproximado), notaespecial ao trabalho que vem sido desenvolvido pelo BID Banco Interamericano deDesenvolvimento.

    2.3.2 UNIO EUROPIA

    Sem dvida alguma o exemplo mais marcante de regionalizao o da Unio

    Europia, que baseada em 4 tratados fundadores, a saber: o Tratado da Comunidade Europiado Carvo e do Ao (CECA), de 1951, o Tratado da Comunidade Econmica Europia(CEE), e o da Comunidade Europia da Energia Atmica (EURATOM) , ambos de 1957 efinalmente o Tratado de Maastrich (Tratado da Unio Europia ) de 1992 aos quais h de seadicionar o Tratado de Amsterdam (1997), modificador do Tratado da Unio Europia,congrega a partir de maio deste ano de 2004 25 pases, com 455 milhes de habitantesrepresentando a terceira maior populao do globo (atrs da China e da ndia) .com um PIBprevisto para 2004 de US$ 12,5 trilhes, enquanto a previso do PIB americano para o mesmoperodo de US$ 11,5 trilhes (Folha de So Paulo, 1 de maio de 2004, p. A12). A soberaniados Estados que integram a Unio Europia apresenta-se, em funo desses tratados,comprometida segundo alguns autores, fixando-se no entanto a maioria deles , segundo De La

    ROCHRE , citada por LEWANDOSWSKI (p. 288) em uma distino entre dois tipos desoberania, a jurdica, que consistiria no monoplio de dizer o direito, e a poltica, que seria o

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    poder de executar e coagir ao cumprimento das normas, entregue a soberania jurdica UnioEuropia e mantida a soberania poltica nas mos dos Estados.

    Do ponto de vista do comrcio internacional inegvel que a condio de nicasuperpotncia econmica de que desfrutaram os EUA deixa de existir, como j haviaacentuado por McLURE.

    2.3.4 - ALCA

    No se deixe de mencionar, dentre os blocos regionais, a ALCA rea de LivreComrcio das Amricas, que visa reunir 34 pases das 3 Amricas, ainda em discusso, masque dever, realmente chegar a uma efetivao, superando barreiras polticas e ideolgicas,como resposta real necessidade de se dar maior integrao e fora ao bloco das naesamericanas, embora do lado do Brasil se levantem argumentos contrrios, fortementeinfluenciados por ideologia.

    Ao que tudo indica, dever prevalecer um consenso pragmtico, orientado no sentidode se negociar os pontos de maior importncia , de molde a no ficar o Brasil excludo de umacordo dessa magnitude.

    3 LEX MERCATORIA

    Relaes dinmicas que se desenvolvem entre pessoas fsicas ou jurdicas de diversospases, tornou-se necessrio, desde que principiou o comrcio internacional a tomar forma,utilizar-se de regras e normas especficas, distantes muitas vezes daquelas adotadas nos pasesde origem dos atores partcipes das operaes mercantis.

    3.1 ANTECEDENTES HISTRICOS

    Assim que IRINEU STRENGER (Direito, p. 826 , n 27.1) recorda a Lex Rodhia de jactu dos fencios e o nauticum foenus dos romanos , para em seguida afirmar que deveu-sea formao dos princpios fundamentais do direito comercial aos juristas italianos dos sculosXVI e XVII, nascendo assim alex mercatoria que define como um conjunto de procedimentos que possibilita adequadas solues para as expectativas do comrcio nacional sem conexes necessrias com os sistemas nacionais e de forma juridicamenteeficaz (DIREITO, p. 846, no.27.8), direito anacional ou metanacional que CARLOSNEHRING entende como supercodificao comercial de cunho internacional que estaria emposio hierarquicamente superior aos cdigos nacionais.

    GESA BARON, tendo em vista que o uso do termo novalex mercatoria, sugerealguma coisa como a velha e a novalex mercatoria, traa a trajetria da lex mercatoriadistinguindo seu perodo medieval, sua absoro e desintegrao e posterior retorno,

    3.1.1 PERODO MEDIEVAL

    A lex mercatoria medieval foi desenvolvida com o crescimento do comrcio na Europa,iniciando-se nas cidades italianas e espalhando-se pela Frana, Espanha e pelo resto daEuropa, inclusive a Inglaterra. Tendo como pontos geogrficos as grandes feiras, os grandesmercados e os portos principiais, para eles deslocavam-se os mercadores, levando consigo,alm de suas mercadorias, seus usos e costumes , que foram incorporados s regras das

    diferentes cidades e portos, adquirindo , em virtude do comrcio ocenico, principalmente emVeneza, Gnova, Marselha, Barcelona, Amsterdam e as cidades da Liga Hansetica, umverdadeiro carter cosmopolita.

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    Essas regras eram muito diferentes daquelas locais, feudais reais ou eclesisticas quese constituam no direito dessas localidades, apresentando um carter distinto onde sepoderiam distinguir cinco aspectos fundamentais: primeiro: eram regras transnacionais;segundo, tinham como base uma origem comum e fidelidade aos costumes mercantis;terceiro, eram aplicadas no por juizes profissionais, mas pelos prprios mercadores, atravs

    de suas corporaes ou das cortes que constituam nos grandes mercados ou feiras; em quartolugar, seu processo era rpido e informal e, em quinto e ltimo lugar, enfatizava a liberdadecontratual e a deciso dos casos ex aequo et bono.

    3.1.2 ABSORO E DESINTEGRAO

    3.1.2.1 LEX MERCATORIA E COMMON LAW

    Na Inglaterra, a partir do sculo XVII , a lei autnoma dos mercadores foi restringida eregrediu com o desenvolvimento dacommon law , especialmente sob o Lord Chief of JusticeSir Edward Coke, quando a Corte do Almirantado e outras cortes especializadas foramabolidas ou tiveram sua jurisdio limitada, passando as disputas comerciais a seremresolvidas pelacommon law, enquanto as regras dos mercadores , embora no oficialmenteabolidas, foram consideradas como costumes e prticas comerciais a serem provados em cadacaso, to the satisfaction of twelve reasonable and ignorant jurors.

    No foi seno no famoso casoPillans v. Microp onde Lord Mansfield (1705 1793),decidiu que as regras da lei dos mercadores eram matria jurdica a ser decididas pelostribunais, no se tratando de usos e costumes, que se tornaram elas parte integrantes dacommon law, havendo no sculo XIX sido incorporadas a vrios dispositivos legais.

    3.1.2.2 LEX MERCATORIA E AS CODIFICAES NA EUROPA

    No continente, as legislaes nacionais que surgiram na era do mercantilismo, de umlado promoveram a efetivao do direito comercial, de outro lado porm marcaram o fim davelhalex mercatoria , com a emergncia dos cdigos no sculo XIX. Incorporados muitos deseus preceitos a tais cdigos e leis. No entanto, perderam assim essas disposies seu carterde cosmopolitismo, tornando-se distantes da realidade e enfrentando muitas vezes hostilidadequando consideradas costumes mercantis.

    3.2 A MODERNA LEX MERCATORIA

    A lei dos mercadores no estava morta, no entanto: a vontade e a prtica do comrciointernacional foram mais fortes que as restries e limitaes das leis nacionais, que se viramobrigadas a reconhecer instrumentos e estruturas legais que nele eram utilizadas,desempenhando a Cmara Internacional de Comrcio de Paris , a partir de 1920, papel deimportncia na sua revitalizao.

    Os homens de negcio estavam e ainda esto insatisfeitos com a inadequao das leisnacionais quanto ao comrcio internacional e os resultados das decises dos tribunais estataismuitas vezes arbitrrios e nada prticos, decorrentes muitas vezes de tecnicismo processual ,enquanto que um volume crescente de prticas comerciais internacionais, flexvel e adaptados necessidades comerciais oferece melhores condies de atendimento s necessidades do

    comrcio internacional.

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    Nos anos 60 BERTHOLD GOLDMAN, CLIVE SCHMITTHOFF e ALEXANDERGOLDSTAJNS foram os primeiros a apontar a tendncia para uma novalex mercatoria, cujasfontes formais, como enumera PHILIPPE KAHN . citado por ESTHER ENGELBERG, so :os contratos-tipo, as condies gerais de compra e venda , as condies gerais do COMECON, os Incoterms e a leis uniformes.

    Objeto especfico cada uma dessas fontes de captulos desta obra, conforme seu planogeral, neste passo cabe apenas nomin-las, cabendo ainda advertir com IRINEU STRENGER(Direito, p. 849, no. 27.10) que outras causas determinantes da formao dalex mercatoria so reconhecveis, quais aquelas situaes que ainda no sujeitas a uma taxinomia, do ensejoa novas regras do comrcio internacional, no sendo de se estranhar que o atentado terroristado 11 de setembro de 2001 venha dando j origem a prticas de preveno do bio-terrorismo e inspeo mais detalhada de containeres, por exemplo. Lembre-se, tambm , com o mesmoconsagrado mestre (Contratos, p. 93, no.46), que no se pode, entretanto, ir ao exagero deadmitir a desvinculao dos contratos internacionais de qualquer direito estatal.

    3.3 O DEBATE SOBRE A LEX MERCATORIA

    No se d, no entanto, por pacfica a aceitao dalex mercatoria, pois contra ela sealinham argumentos que GESA BARON alinha como sendo:

    a) A lex mercatoria no uma lei, faltando-lhe base metodolgica e um sistema legalque a suporte, no possuindo nenhuma autoridade estatal da qual possa derivar seuefeito obrigatrio:

    b) A lex mercatoria incompleta, vaga e incoerente, pois, considerando os vriossistemas legais nacionais existentes no mundo (sistema romnico, common law, leiislmica, etc.), poucos so os princpios gerais comuns, e aqueles identificadoscomo tal so geralmente muito amplos e gerais;

    c) A decantada flexibilidade dalex mercatoria pode levar a decises arbitrrias e auma deciso diferente para cada caso, ainda que semelhantes.

    O autor citado alinha, em defesa dalex mercatoria que:

    a) A recusa de se aceitar alex mercatoria tem origem em uma jurisprudnciapositivista que baseada em que a lei deriva da vontade de um estado soberano eque o direito internacional nasce da coincidncia da vontade de vrios estadossoberanos. Para os adeptos da lei dos mercadores, no entanto, alex mercatoriaemerge independentemente da vontade das autoridades estatais, mas sim do seu

    reconhecimento comum tal pela comunidade de negcios. Desse modo, diferenteque o direito encontrvel nos cdigos ou nas leis, sendo parte do direito vivo que o produto da criatividade dos operadores do comrcio.

    b) Nenhum dos mercadoristas alega que alex mercatoria seja um conjunto denormas completo, preciso e exaustivo. Contudo, tampouco o so os sistemaslegais nacionais.

    c) Sim, alex mercatoria , embora no seja to vaga e rudimentar como pretendemseus adversrios, podendo levar a decises conflitantes e contraditrias, em nadase difere das leis dos estados. Alm disso, em muitos casos , um grande nmero decontratos internacionais em reas especializadas tem regras altamente sofisticadas,que os laudos arbitrais aplicam. No caso de lacunas, o que os impede de utilizar os

    mesmos recursos hermenuticos de que se utilizam os juizes que julgam nosistema legal estatal?

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    4 CONCLUSO

    A adoo da lex mercatoria apresenta-se, na atual fase de globalizao da economiacomo um grande facilitador da contratao no comrcio internacional, afastando a incertezados julgamentos nacionalistas que podem prosperar em qualquer parte do mundo, seja por

    ideologia, seja por xenofobia, ou pelo prosaico comodismo de decidirem os juizes semmaiores indagaes sobre o direito aliengena.

    Adicione-se a isto a tendncia que se revela de maior incremento da utilizao daarbitragem no campo internacional, afastando-se, alm dos fatores acima, e principalmente nocaso do Brasil, a morosidade da justia, demora essa na prestao jurisidicional que no apangio somente do sistema judicirio brasileiro, mas que aflige tambm inmeros pases.

    O profissional do direito que opere, deseje ou veja-se forado a operar no campo dascontrataes internacionais e esse o caminho a ser percorrido hoje e mais ainda no futuroprximo tem por obrigao debruar-se sobre a matria e verificar, se o direito ditoespontneo dalex mercatoriaser o que melhor atender as circunstncias de cada contratoem que tiver de intervir.

    de ARNOLDO WALD a recomendao de que a atitude dos juristas brasileiros emrelao alex mercatoria no deve ser de simples espectadores, mas sim de verdadeirosparticipantes de sua construotendo um papel ativo no plano profissional e doutrinrio.

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