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ANAIS DO 47 O CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA – SALVADOR – BA – 2014 727 ITINERÁRIOS GEOLÓGICOS DE PORTO ALEGRE: TECNOLOGIA SOCIOEDUCATIVA PARA VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO Fontana, R.C. 1 ; Menegat, R. 1 ; Mizusaki, A.M.P.¹ 1 Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul RESUMO: A introdução das ciências da Terra no âmbito cultural da sociedade é um dos grandes desafios dos geocientistas do século XXI e uma condição para a governança ambiental planetária. Nesse cenário, coloca-se como importante o desenvolvimento de tecnologias socioeducativas que auxiliem os cidadãos no entendimento das dinâmicas da geopaisagem local e global. Tendo como área de estudo a região de Porto Alegre (RS), com cerca de 1,5 milhão de habitantes, o trabalho apresenta uma tecnologia socioeducativa materializada em termos de itinerários geológicos. Parte-se do princípio de que a geoconservação em ambientes urbanos pode contribuir para o diálogo entre geologia, cultura e gestão ambiental. Os itinerários geológicos de Porto Alegre (IGPOA) embasam-se em três premissas principais: a) a geologia é base para o entendimento da paisagem e da geodiversidade; b) existem movimentos importantes para geoconservação, como o programa Geoparques, sob tutela da UNESCO, e o projeto Geoparques do Brasil, da CPRM; e c) a região de Porto Alegre é o encontro das paisagens da porção meridional da América do Sul, possuindo geodiversidade, história natural e conhecimento científico documentados e reconhecidos, como o Atlas Ambiental de Porto Alegre. Para propor os IGPOA, foi desenvolvida, na primeira etapa, uma metodologia própria de valoração das unidades geológicas e, na segunda etapa, de documentação e espacialização de geossítios que sintetizam a história geológica da região. As técnicas específicas de valoração constituem-se na análise de doze indicadores de geopaisagem que possibilitam: 1) diferenciar as unidades geológicas aflorantes de acordo com seu significado para a história geológica na região; 2) selecionar áreas potenciais de afloramentos significativos; e 3) definir geossítios com potencialidade de visitação. Os doze indicadores e seus respectivos valores foram ponderados em uma matriz de valoração que apontou as nove unidades geológicas chave do contexto geopaisagístico local, a saber: 1) Gnaisse Chácara das Pedras; 2) Granodiorito Lomba do Sabão; 3) Granito Santana; 4) Granito Independência; 5) Formação Rio Bonito; 6) Formação Serra Geral; 7) Depósitos de canal e planícies fluviais do Sistema laguna-barreira IV (SLB/IV); 8) Depósitos lacustres do SLB/IV; e 9) Depósitos deltaicos do SLB/IV. Na etapa seguinte, procedeu-se à seleção dos geossítios de cada unidade utilizando-se técnicas de documentação e espacialização. Foram definidos 55 geossítios plotados em mapa, e, de acordo com parâmetros logísticos de visitação, foram selecionados treze para compor os IGPOA. O itinerário completo encadeia os geossítios conforme a estratigrafia local de modo a ilustrar as quatro principais etapas da evolução geológica de POA: 1) colisão de continentes no Proterozóico Superior; 2) supercontinentes de Gondwana e Pangeia no Paleozoico; 3) fragmentação do Gondwana no Mesozoico; e 4) flutuações do nível do mar no Quaternário. Por fim, para auxiliar a visitação, os IGPOA são apresentados em dois mapas e, as informações geopaisagísticas constam em nove pranchas visuais-interpretativas. Os IGPOA foram testados por públicos de diferentes faixas etárias e níveis de ensino. Com isso, espera-se que essa tecnologia socioeducativa tenha amplo uso pela sociedade, facilitando o contato entre as pessoas e a paisagem do município. PALAVRAS-CHAVE: GEODIVERSIDADE; MATRIZ DE VALORAÇÃO; EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

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GEODIVERSIDADE; MATRIZ DE VALORAÇÃO; EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

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  • ANAIS DO 47O CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA SALVADOR BA 2014 727

    ITINERRIOS GEOLGICOS DE PORTO ALEGRE: TECNOLOGIA SOCIOEDUCATIVA PARA VALORIZAO DO PATRIMNIO GEOLGICO

    Fontana, R.C.1; Menegat, R.1; Mizusaki, A.M.P.

    1 Instituto de Geocincias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    RESUMO: A introduo das cincias da Terra no mbito cultural da sociedade um dos grandes desafios dos geocientistas do sculo XXI e uma condio para a governana ambiental planetria. Nesse cenrio, coloca-se como importante o desenvolvimento de tecnologias socioeducativas que auxiliem os cidados no entendimento das dinmicas da geopaisagem local e global. Tendo como rea de estudo a regio de Porto Alegre (RS), com cerca de 1,5 milho de habitantes, o trabalho apresenta uma tecnologia socioeducativa materializada em termos de itinerrios geolgicos. Parte-se do princpio de que a geoconservao em ambientes urbanos pode contribuir para o dilogo entre geologia, cultura e gesto ambiental. Os itinerrios geolgicos de Porto Alegre (IGPOA) embasam-se em trs premissas principais: a) a geologia base para o entendimento da paisagem e da geodiversidade; b) existem movimentos importantes para geoconservao, como o programa Geoparques, sob tutela da UNESCO, e o projeto Geoparques do Brasil, da CPRM; e c) a regio de Porto Alegre o encontro das paisagens da poro meridional da Amrica do Sul, possuindo geodiversidade, histria natural e conhecimento cientfico documentados e reconhecidos, como o Atlas Ambiental de Porto Alegre. Para propor os IGPOA, foi desenvolvida, na primeira etapa, uma metodologia prpria de valorao das unidades geolgicas e, na segunda etapa, de documentao e espacializao de geosstios que sintetizam a histria geolgica da regio. As tcnicas especficas de valorao constituem-se na anlise de doze indicadores de geopaisagem que possibilitam: 1) diferenciar as unidades geolgicas aflorantes de acordo com seu significado para a histria geolgica na regio; 2) selecionar reas potenciais de afloramentos significativos; e 3) definir geosstios com potencialidade de visitao. Os doze indicadores e seus respectivos valores foram ponderados em uma matriz de valorao que apontou as nove unidades geolgicas chave do contexto geopaisagstico local, a saber: 1) Gnaisse Chcara das Pedras; 2) Granodiorito Lomba do Sabo; 3) Granito Santana; 4) Granito Independncia; 5) Formao Rio Bonito; 6) Formao Serra Geral; 7) Depsitos de canal e plancies fluviais do Sistema laguna-barreira IV (SLB/IV); 8) Depsitos lacustres do SLB/IV; e 9) Depsitos deltaicos do SLB/IV. Na etapa seguinte, procedeu-se seleo dos geosstios de cada unidade utilizando-se tcnicas de documentao e espacializao. Foram definidos 55 geosstios plotados em mapa, e, de acordo com parmetros logsticos de visitao, foram selecionados treze para compor os IGPOA. O itinerrio completo encadeia os geosstios conforme a estratigrafia local de modo a ilustrar as quatro principais etapas da evoluo geolgica de POA: 1) coliso de continentes no Proterozico Superior; 2) supercontinentes de Gondwana e Pangeia no Paleozoico; 3) fragmentao do Gondwana no Mesozoico; e 4) flutuaes do nvel do mar no Quaternrio. Por fim, para auxiliar a visitao, os IGPOA so apresentados em dois mapas e, as informaes geopaisagsticas constam em nove pranchas visuais-interpretativas. Os IGPOA foram testados por pblicos de diferentes faixas etrias e nveis de ensino. Com isso, espera-se que essa tecnologia socioeducativa tenha amplo uso pela sociedade, facilitando o contato entre as pessoas e a paisagem do municpio. PALAVRAS-CHAVE: GEODIVERSIDADE; MATRIZ DE VALORAO; EDUCAO AMBIENTAL.