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Por que “romper” com os sindicatos é uma política contra o movimento operário EDIÇÕES CAUSA OPERÁRIA Um novo surto da “doença infantil” no Brasil

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Material publicado em 2012 sobre a proposta de divisionismo

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Por que “romper” com os sindicatos é

uma política contra o movimento operário

EDIÇÕES CAUSA OPERÁRIA

Um novo surto da “doença infantil” no Brasil

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Pela unidade dos trabalhadores, o que

diz o marxismo

A federação anã e a políti-ca anti-trotskista do PSTU/

Conlutas O texto aqui presente procura esclarecer a posição marxista sobre os sindicatos no sentido de combater a política pequeno-burguesa disseminada no movimento operário pelo PSTU

As inúmeras traições do PT, PCdoB, PSTU e PSOL à luta dos trabalhadores dos correios abriu um abismo entre os interesses do movimento operário e a bu-rocracia sindical, inaugurando uma nova etapa no movimento daquela catgoria, que se caracteriza pela agonia da burocracia sindical.

O choque dos trabalhadores dos Correios contra a política do PT e seus agen-tes burocráticos uma tendência política geral que deverá inevitavelmente abar-car toda a classe trabalhadora. Sua base são duas. 1) A aguda contradição entre a política do governo do PT, de defesa clara dos interesses dos capitalistas nacio-nais e estrangeiros contra as massas trabalhadoras, buscando fazer com que os trabalhadores paguem pela crise geral do capital e 2) o agravamento desta crise a partir de 2008, o qual começa a se manifestar com clareza no Brasil na forma de um ataque mais profundo às condições de vida das massas, rompendo o precário equilíbrio dos anos anteriores.

Esta situação tem comprometido cada vez a margem de manobra da burocra-cia em relação aos trabalhadores, sendo que as suas diversas correntes, do PSTU ao PT, passando pelo PCdoB, foram obrigadas a arcar com o ônus da política do governo do PT diante das massas, o que tem levado a um choque cada vez maior

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destas com as diversas alas da burocracia, acentuado a partir de 2003.A atual crise na Federação Nacional dos Correios, com a ruptura vertical do

bloco principal da burocracia sindical, PT-PCdoB, tem levado uma ala da bu-rocracia, mais fraca e que tem sido obrigada a arcar diretamente com a maior parte da política antioperária, o bloco PCdoB-PSTU, a levantar o programa de destruição da organização nacional da categoria para enfraquecer este movimen-to nacional e recuperar a sua capacidade de manobra diante dos trabalhadores.

O PSTU decidiu colocar-se como o principal defensor desta política que é, na realidade, maior serviço que se poderia prestar para a burocracia sindical nesse momento, se lançado a uma traição ainda maior que todas as anteriores: a des-truição da maior conquista da categoria que é sua organização unitária nacional. Seu papel nesta operação, que nada mais é que uma operação de salvamento da burocracia em seu conjunto, é o de dar uma cobertura “classista”, “oposicionista” e de “esquerda” à operação contra os trabalhadores que os demais estão comple-tamente incapacitados de fornecer.

Diante do canto do cisne dos agentes da burguesia, o PSTU/Conlutas, ala esquerda (no sentido de que faz uma demagogia de esquerda mais intensa) da burocracia sindical lançou na crise anterior com a assinatura do acordo bianual um programa de rompimento da federação nacional,, criando a chamada Frente Nacional do Trabalhadores dos Correios (também conhecida pelos trabalhado-res como federação anã por não agrupar mais que 7% do total da categoria), que tenta substituir a luta para derrubar de fato a burocracia em crise por uma políti-ca de mera aparência onde a ruptura com a burocracia seria apenas uma fachada para continuar levando adiante a sua política de colaboração com ela ao mesmo tempo em que dá uma satisfação ilusória aos que repudiam a política de traições da burocracia sindical.

Romper ou conquistar os sindicatos?

A proposta de ruptura das organizações sindicais foi caracterizada por Lênin como “o maior serviço prestado a burguesia”, ou seja, uma política que sob a cobertura de um radicalismo em palavras serve na realidade para enfraquecer o setor classista e fortalecer o setor patronal dentro do movimento sindical. Esta política foi historicamente rejeitada pelo movimento operário revolucionário in-ternacional, ou seja, pelos marxistas, tendo os seus principais dirigentes rejeitado esta política como “infantilismo”. Ela não aparece na história do movimento ope-rário, no entanto, apenas como uma manifestação de imaturidade, mas também, como uma manifestação de degeneração burocrática. No final dos anos de 1920 e no início da década de 1930, o stalinismo, até então, uma corrente centrista burocrática, levantou esta política para os sindicatos alemães, inserida na política

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conhecida como do “social-fascismo” ou do 3º Período. O Partido Comunista Alemão, na época o mais importante da Europa, sob a orientação de Stálin e sob a direção efetiva de uma parte dos “infantis” criticados por Lênin em 1922, colocou em marcha uma política que tinha como idéia central a noção de que da direita burguesa até os oportunistas de esquerda da social-democracia, todos eram fascistas. A ruptura com os sindicatos dirigidos pela social-democracia foi um dos pontos centrais do programa que Trótski classificou como sendo uma manifestação de senilidade burocrática, mais do que “infantilismo esquerdista”. O resultado de toda esta confusão política, aplicada sistematicamente à direção de grandes organizações de massa foi a vitória sem luta, sem reação do nazismo de Adolf Hitler sobre a classe operária alemã, a mais importante da Europa, em 1933. O resto é conhecido.

Felizmente para os brasileiros, o PSTU e a Conlutas estão longe, muito longe de terem este papel político. No entanto, não deve ser subestimado o estrago que esta política tem produzido e pode produzir na luta contra a burocracia sindical de todas as cores (Força Sindical, PT etc.) e na luta contra o regime burguês en-cabeçado neste momento pelo PT.

O marxismo, em inúmeras oportunidades, advertiu contra esta política de mera aparência revolucionária, reacionária no fundo, de romper as organizações sindicais, indicando que o fato de que os sindicatos sejam reacionários, atrelados ao Estado capitalista e dirigidos por uma burocracia contra-revolucionária não é motivo para dividir as organizações sindicais e que esta política de aparência nada mais significa do que entregar os trabalhadores em uma bandeja nas mãos da burguesia: “o melhor serviço que os revolucionários podem prestar à burgue-sia”.

Trótski e os sindicatos

Já indicamos que Lênin, cuja obra política, é a base fundamental de toda a po-lítica marxista a partir de 1917, apoiando-se na experiência do Partido Bolchevi-que, mostrou em um dos seus mais fundamentais textos, O esquerdismo, doença infantil do comunismo, que é um erro capital romper os sindicatos porque são dirigidos por uma burocracia, porque são dirigidos ditatorialmente etc. Vamos analisar agora as reflexões do segundo maior líder e teórico marxista depois de Marx e Engels, Leon Trótski.

Os escritos sindicais de Trotski sobre o movimento sindical da década de trin-ta conserva todo o seu valor e parece ter sido escrito frente as polêmicas travadas pelos militantes trotskistas quase um século depois. Seu pensamento é a linha do desenvolvimento do marxismo marcado pelo movimento vivo da revolução proletária de 1917.

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Em 1933, Leon Trotski afirmava em seu texto Os sindicatos na Grã-Bretanha que “(...) Na Grã-Bretanha, como na maioria dos velhos países capitalistas, a questão sindical continua sendo a mais importante da política proletária (...) Os sindicatos se formaram no período de surgimento e auge do capitalismo. Tinham por objeto melhorar a situação material e cultural do proletariado e ampliar seus direitos políticos. Esse trabalho, que na Inglaterra durou mais de um século, deu aos sindicatos uma autoridade tremenda sobre os operários. A decadência do ca-pitalismo britânico, dentro do marco do declínio do sistema capitalista mundial, minou as bases do trabalho reformista dos sindicatos. O capitalismo só se man-tém rebaixando o nível de vida da classe operária. Nessas condições, os sindicatos podem ou bem transformar-se em organizações revolucionárias ou converter-se em auxiliares do capital na crescente exploração dos operários. A burocracia sindical, que resolveu satisfatoriamente seu próprio problema social, tomou do segundo caminho. Voltou toda a autoridade acumulada pelos sindicatos contra a revolução socialista e inclusive contra qualquer tentativa dos operários de resistir aos ataques do capital e da reação”.

No Programa de Transição, escrito alguns anos depois, em 1938, Trótski as-sinala que estas conclusões são válidas para todos os sindicatos de todos países. Está claro que não perderam em nada a sua atualidade, a sua validade para os dias de hoje. Os sindicatos não apenas não se modificaram nas décadas que decorre-ram desde que Trótski redigiu estas linhas, como efetivamente aprofundaram e consolidaram estas características. Aplicam-se integralmente aos sindicatos bra-sileiros.

A análise de Trotski se aplica categoricamente também à formação do movi-mento nacional do Correios. O movimento dos trabalhadores dos Correios co-meça no fim da década de 70, com a greve de agosto de 1979 em Minas Gerais (seguindo os exemplos das greves dos metalúrgicos do ABC e da Mannesmann, em Contagem). Ele se consolida a partir de 1984, com a criação das associações, uma vez que a sindicalização estava proibida nos Correios pelo regime militar.

Esta importante geração de militantes realizou as mais importantes lutas da categoria, criando um poderoso movimento nacional que deu origem aos sindi-catos e à Fentect - Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios.

Este movimento entra em refluxo, acompanhando o desenvolvimento polí-tico do movimento operário do país. Para conter as massas, a burguesia lança em 1985 o plano cruzado e a politica de congelamento de preços que controla temporariamente a inflação.

Em 1989 a burguesia lança a política neoliberal que é iniciada no governo Collor passando por Itamar, FHC e Lula. A década de noventa vai se caracterizar pelo profundo ataque as condições de vida das massas e o refluxo das lutas ope-rárias.

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Os sindicatos que romperam com a burocracia sustentada pelo regime militar e que conquistaram uma grande influência sobre os trabalhadores através das lu-tas contra o regime na década de 1980 são utilizados como correia de transmissão da burguesia nas décadas seguintes.

Sem oferecer qualquer resistência, a burocracia apoia os ataques da burguesia. É a era das privatizações, o congelamento de salários, demissões em massas, su-cateamento de todos os serviços públicos etc.

Nos anos 90, a direção majoritária da Fentect era controlada pela burocracia sindical formada pelo bloco PSTU-PCdoB e PT. A burocracia sindical conseguiu, através do controle dos aparelhos sindicais, utilizar toda a autoridade dos sindi-catos para empurrar goela abaixo dos trabalhadores a política patronal de abono salarial, de Plano de Demissão Voluntária, banco de horas., terceirização etc., voltando às organizações sindicais contra a luta dos trabalhadores. Os sindicatos foram se transformando em uma engrenagem do processo de exploração capita-lista. As traições modificaram o caráter dos sindicatos, abrindo uma nova etapa no movimento operário. A evolução dos sindicatos dos correios e da federação nacional ilustra com precisão milimétrica a tese de Trótski sobre a evolução dos sindicatos e a sua tendência à integração ao Estado burguês e à sua transformação em correio de transmissão da burguesia.

Experiências organizativas em lugar da luta de classes

Para Trotski “A partir desse momento, a tarefa mais importante do partido revolucionário passou a ser e a libertação dos operários da influência reacioná-ria da burocracia sindical”. No mesmo texto Trotski afirma “Os sindicatos, como já dissemos cumprem agora um papel reacionário e não progressista. Mas não obstante reúnem milhões de operários. Não devemos pensar que os operários são cegos e não vêm a mudança produzida no papel histórico dos sindicatos. Mas que se pode fazer? (..) Os operários se dizem: os sindicatos são maus, mas sem eles estaríamos pior. É a psicologia daquele que se encontra num beco sem saída. (...). Frente a essa situação, surge imediatamente uma ideia: não é possível superar os sindicatos? Não é possível substitui-los por alguma organização nova, incorrupta, algo assim como sindicatos revolucionários, comitês de fábrica ou sovietes? O erro fundamental desse tipo de intenção está em que reduz o grande problema político de como libertar as massas da influência da burocracia sindi-cal a experiências organizativas.(...) Os esquerdistas impacientes dizem às vezes que é absolutamente impossível ganhar os sindicatos porque a burocracia usa o regime interno das organizações para preservar seus próprios interesses, re-correndo às maquinações mais grosseiras, E à repressão, ao jogo sujo, ao estilo da oligarquia parlamentar da era dos “municípios podres”. Então por que gastar

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tempo e energias? Esse argumento se reduz, na realidade, ao seguinte: abando-nemos, a luta concreta para ganhar as massas, usando como pretexto o caráter corrupto da burocracia sindical. Esse argumento pode ser desenvolvido; por que não abandonar também o trabalho revolucionário em vista da repressão e da provocação da burocracia estatal? Aqui não há diferença de princípios, já que a burocracia sindical converteu-se, definitivamente em parte do aparelho político, econômico e governamental do capitalismo. É absurdo pensar que seria possível trabalhar contra a burocracia sindical com sua própria ajuda, ou sequer com seu consentimento” (idem).

Conclui Trotski “somente os sectários ou os burocratas preferem uma minoria segura numa confederação sindical pequena e isolada em vez de um trabalho de oposição numa organização ampla realmente massiva; nunca os revolucionários proletários” (a questão da unidade sindical).

Aqui se impõem as seguintes conclusões. Em primeiro lugar, não há como formar sindicatos “puros”, 100% combativos e honestos, ou seja, não há como formar sindicatos imunes à penetração no seu interior da luta de classes, ou seja, tanto da influência revolucionária como da influência burguesa, contrarrevolu-cionária.

Em segundo lugar, o problema não é o de criar novas organizações, buscando a organização mais perfeita para evitar a influência da burguesia. Isso é, como assinala Trótski trocar a luta de classes contra a burguesia por experiências orga-nizativas. Nenhuma experiência organizativa – coisa típica do socialismo utópico e pequeno-burguês – pode substituri a luta prolongada por fazer a classe operá-ria evoluir para uma posição revolucionária. Os que propõem tais experiências acreditam, ou querem fazer os outros acreditar, que podem economizar os pro-blemas e o trabalho árduo para fazer a classe operária evoluir, necessariamente um processo lento, por um atalho. A luta de classes não aceita fantasias, apenas a realidade, e esta fantasia, assim como as demais, está fadada ao mais completo fracasso, quaisquer que sejam as suas intenções.

Em terceiro lugar, Trótski condena a mentalidade pequeno-burguesa e derro-tista daqueles que não acreditam que se possa derrotar a burocracia sindical. Nos correios, o PSTU/Conlutas vem procurando demonstrar que não é possível der-rotar a burocracia que atualmente dirige a Fentect. A acreditar nisso, toda a luta perde sentido e o projeto da federação anã se revela como um asilo para os que não acreditam mais na luta de classes. Por outro lado, a experiência dos correios demonstra exatamente o contrário, uma vez que as políticas patronais foram sen-do derrotadas através de uma luta prolongada: o abono, os PDV’s, o acordo bia-nual etc. A vitória não consiste nem apenas nem principalmente na conquista do controle do aparelho sindical, mas acima de tudo na evolução da consciência dos trabalhadores à qual o PSTU/Conlutas e os seus aliados na aventura sem emoção

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da federação anã não dão a menor importância.Em quarto lugar, fica claro o engodo e o confucionismo que signica a teoria

do PSTU/Conlutas do governismo. A burocracia sindical é um fenômeno social ligado à burguesia pelas suas ligações com o Estado capitalista. O fato do PT ser governo não o torno nem mais nem menos burocrático, assim como o fato de a Força Sindical não controlar o governo não muda o seu caráter absolutamente contrarrevolucionário. O governismo se presta a manobras e alianças política es-púrias e sem princípios do ponto de vista da luta da classe operária. Neste exato momento, por exemplo, o PSTU/Conlutas está procurando iludir os trabalhado-res dos correios com a ideia de que o setor mais agressivo da burocracia sindical dos correios, o PCdoB do Rio de Janeiro e de S. Paulo, responsáveis diretos por colocar em prática a política patronal porque teriam ou estariam rompendo com o “governismo”. Naturalmente, que esta mudança no caráter dos burocratas do PCdoB é puramente imaginária, mas mesmo que rompessem com o governo, isso em nada alteraria o seu caráter de classe, ou seja, de burocracia sindical ou a sua política patronal, a qual, contrariamente à teoria do PSTU, não depende de estar diretamente ligado ao governo. O PT e do PCdoB (assim como o PSTU/Conlutas) formavam uma burocracia nos correios muito antes da eleição de Lula como se pode ver na implementação sistemática dos abonos e dos PDV’s e a tá-tica de estrangular as campanhas salariais no TST (como foi feito na anterior) na famosa era do TSTU, durante o governo FHC, quando o PSTU estava à cabeça da Fentect e dos principais sindicatos.

Finalmente, Trótski não poderia ser mais claro em relação à situação atualdo que quando diz “somente os sectários ou os burocratas preferem uma minoria segura numa confederação sindical pequena e isolada em vez de um trabalho de oposição numa organização ampla realmente massiva; nunca os revolucionários proletários”. Insofismável e inconfundível até mesmo para confucionistas profis-sionais como os dirigentes do PSTU/Conlutas.

É importante notar que, no caso da federação anã, aplicam-se os dois critérios. A federação anã é justamente a frente única entre os velhos burocratas do PSTU, responsáveis por inúmeras traições, como “Jacaré”, “Jacozinho”, Heitor, “Geraldi-nho”, ou o que restou deles, porque a maioria já se passou com armas e bagagens para o PT/Articulação, e os esquerdistas confusos e sectários que não querem realizar o “trabalho de oposição numa organização ampla realmente massiva”. Nós, os revolucionários preferimos o trabalho de oposição.

Para o dirigente da revolução russa a política revolucionária deve ser a lin-guagem comum com das massas em um sentido revolucionário. A tendência da categoria é a unificação. A greve do ano passado mostrou que os trabalhadores avançam em sua luta, superando as barreiras que foram colocadas pela burocra-cia sindical do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol).

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A luta pela unidade dos trabalhadores

A política de ruptura “cria obstáculos insuperáveis para o trabalho nos sindi-catos, já que estes são, por natureza, uma frente única de fato dos partidos revo-lucionários com os reformistas e as massas sem partido” (os sindicatos na Grã--Bretanha, grifo nosso).

A política do PSTU/Conlutas visa o desmonte desta frente única, ou seja, o desmonte dos sindicatos e a sua substituição por facções isoladas e contrapostas, ou seja, tudo menos um verdadeiro sindicato, ou seja, um instrumento para mo-bilizar e fazer evoluir a ampla massa dos trabalhadores. Este é o único sentido desta frente única contraditória, uma vez que os trabalhadores estão aí justamen-te porque não conseguem ainda se livrar da burocracia sindical. Se o processo de superação estivesse realizado, a frente única com a burocracia não seria ne-cessária. Já a construção de uma organização que não é uma frente única com a burocracia burguesa e contrarrevolucionária, também não será uma frente única com as massas atrasadas e sem partido.

O fundamental, no entanto, não é o resultado no terreno sindical, mas as suas implicações revolucionárias. O papel dos revolucionários não é o de levar adian-te a luta sindical em si mesma, mas de organizar a luta sindical como parte do processo geral de luta pela revolução proletária, pela tomada do poder pela classe operária contra a burguesia. O PSTU/Conlutas manifesta e ao mesmo tempo ex-plora ilusões sindicalistas e reformistas no setor mais esclarecido dos trabalhado-res ao colocar o problema sindical como fim absoluto da atividade. Fica claro que se a luta não é, em última instância, para conquistar o aparelho dos sindicatos, mas para conquistar as massas para a revolução, não seria tão decisivo o julga-mento sobre as possibilidades de recuperação dos aparelhos sindicais. A revolu-ção não pode ser feita através da conquista dos sindicatos. Na Revolução Russa, como o próprio Tróstki assinala, o aparelho dos sindicatos principais eram do-minados pelos mencheviques, mesmo quando a maioria da classe operária já se-guia o Partido Bolchevique: “inclusive na Rússia, onde os sindicatos não tinham nem de longe a poderosa tradição dos britânicos, a Revolução de Outubro acon-teceu quando os mencheviques predominavam na administração dos sindicatos. Mesmo já tendo perdido as massas, essas administrações ainda podiam sabotar as eleições nos aparelhos, se bem que já eram incapazes de sabotar a revolução proletária” (idem).

O bloco entre os burocratas do PSTU/Conlutas e os esquerdistas na federação anã consiste justamente em colocar o problema do controle do aparelho sindical e não da luta das massas em primeiro plano. Para os burocratas é uma questão de sobrevivência porque não querem lutar para derrubar a burocracia da qual fazem

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parte e porque perderam toda a autoridade diante das massa por suas traições, para os esquerdistas impacientes, o problema do aparelho sindical materializa a sua tentativa de encontrar um atalho e a sua incapacidade de lutar contra a bu-rocracia.

A frente única que são os sindicatos é um dos meios para libertar os operários da influência dos pelegos e avançar na luta pela unidade revolucionária da classe operária, em última instância, não para construir sindicatos perfeitos, mas para organizar a classe operária em partido político, ferramenta maior para a vitória da revolução proletária . O nosso trabalho consiste em utilizar a denuncia do acordo bianual para ampliar a luta contra a burocracia sindical, ajudando os trabalhadores romperem com a política de frente popular.

Os trabalhadores em vários sindicatos dos Correios rejeitaram o acordo bia-nual e saíram em greve. A luta contra o acordo bianual aprofundou a crise da burocracia, que já não consegue controlar mais o movimento pelos métodos ha-bituais.

O estupro cometido pela burocracia sindical e os patrões abriu uma verdadei-ra guerra entre os trabalhadores e os pelegos. Na primeira greve depois do acordo a burocracia foi literalmente varrida do mapa.

O PSTU/Conlutas procura convencer os incautos e os assustados que não de-vemos explorar a crise da burocracia, mas criar um gueto sindical para burocra-tas em vias de aposentadoria. O PSTU/Conlutas está pulando fora do barco no exato momento em que o PT e o PCdoB manifestam a sua maior crise no movi-mento sindical dos Correios, uma crise terminal.

As condições de crise estão criando grandes dificuldades aos burocratas do bando dos quatro. É imprescindível cobrir seu flanco. Os burocratas do PSTU e os esquerdistas impacientes estão oferecendo o escudo ideal: a politica de ani-quilação do movimento nacional da categoria e do movimento de oposição no interior da Fentect.

A luta pela independência de classe

Trotski conclui o texto afirmando “O partido operário revolucionário deve es-tar solidamente unido por uma clara compreensão de suas tarefas históricas. Isso pressupõe um programa com bases científicas. Ao mesmo tempo deve saber es-tabelecer relações corretas com a classe. Isso pressupõe uma política” de realismo revolucionário, livre tanto de evasivas oportunistas como de reservas sectárias”

Diante da crise da burocracia, todo movimento de oposição, como está sendo comprovado nas greves que explodem em todo país, ameaça provocar uma onda de mobilização abrindo uma crise no regime burguês. A tarefa da burocracia é justamente tentar minar este processo.

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Trotski assinala categoricamente que a tentativa de construir sindicatos para-lelos é renunciar a luta pela direção política da classe operária. Neste sentido, de-vemos tomar parte ativa da luta contra burocracia sindical, uma luta implacável contra toda tentativa de submeter os sindicatos aos interesses da burguesia, seja através da atrelamento direto à burguesia ou da politica oportunista de aniquila-ção das organizações sindicais.

O que fazer? É preciso organizar a classe operária de forma politicamente in-dependente, ou seja, sobre a base de um programa, ou seja, lutar para organizar vanguarda do proletariado no terreno político, ou seja, em partido político. A luta pela independência dos sindicatos é parte da luta por uma nova direção re-volucionária para classe trabalhadora em seu conjunto, ou seja, a luta pela cons-trução de um partido operário revolucionário.

A divisão artifical dos sindicatos só pode ter como resultado enfraquecer a luta dos trabalhadores e deixar a maioria da classe sob o domínio do PT e da burguesia.

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Um novo surto da “doença infantil” no Brasil

Por que “romper” com os sin-dicatos é uma política contra

o movimento operárioA saída do PCdoB da federação dos Correios, aplicando a política defendi-

da pelo PSTU de romper com as organizações sindicais existentes e criar novas organizações sindicais minoritárias a pretexto de que tais sindicatos são “gover-nistas,” trouxe à tona o debate sobre a atuação que os revolucionários devem nos sindicatos e sua relação com a luta dos trabalhadores e, sobretudo, qual deve ser a política para combater e derrotar a burocracia sindical na luta pela independência do movimento operário

Em diversas situações, em diferentes países, alas pequeno-burguesas que atuam no interior do movimento e das organizações operárias procuram im-pingir aos trabalhadores seus próprios métodos pequeno-burgueses e substituir a luta revolucionária dos trabalhadores por ideias completamente estranhas aos interesses da classe oprimida da sociedade capitalista. Essas ideias, como não poderiam deixar de ser, procuram carregar o movimento operário do individu-alismo e do subjetivismo tipicamente pequeno-burguês, de conseqüências con-trarrevolucionárias, exatamente como condiz ao próprio lugar que a pequena--burguesia ocupa na economia da sociedade.

Uma dessas ideias tipicamente pequeno-burguesas é a de que se deveria virar as costas às organizações dos trabalhadores, por esse ou aquele motivo, sempre muito nobre, em geral a condenação correta da política das suas direções, mas nobre apenas na cabeça infantil do pequeno-burguês, abandonando a classe à sua própria sorte, e criando novas organizações que seriam mais puras, angeli-cais e sem nenhum pecado.

Abandonar a classe operária estaria justificado pelo “caráter burocrático” dos sindicatos, pelo domínio dos pelegos e reacionários etc. etc. etc. É precisamente isso o que faz o PSTU e seus satélites na chamada Conlutas e que querem repetir agora na Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios. A Conlutas-PSTU introduz uma novidade, que analisaremos adiante, que é a ideia do governismo. Os sindicatos ligados ao governo da esquerda é que teriam que ser abandonados.

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Além de ser profundamente estranha ao marxismo, esta idéia é absolutamente incoerente. Se o “governismo” fosse o motor da política nos sindicatos, porque não foi aplicada aos sindicatos governistas da direita no período anterior?

Não poderia haver maior individualismo do que esse: abandonar a luta dos trabalhadores, confundir os elementos mais avançados do movimento, dividir categorias inteiras, ou seja, prestar um grande serviço aos inimigos da classe tudo em nome de uma posição moral cuidadosamente justificada por argumen-tos muito nobres.

Em nome do santo nome da “revolução”, o pequeno-burguês é capaz de se jogar e tentar jogar todo o movimento operário organizado na lata do lixo.

Em que consiste a doença infantil do “esquerdismo”

O revolucionário russo Vladimir Lênin explicou, com muito mais proprieda-de do que poderíamos fazer nesse breve artigo, as principais questões da política criminosa de abandonar os sindicatos e formar uma nova organização sindical “novinha em folha e completamente pura, inventada por comunistas muito sim-páticos” (“Esquerdismo”, doença infantil do comunismo, “Os revolucionários devem ler V. Lênin). Vale a pena levantar algumas questões, já que o esquerdista pequeno-burguês tem muita dificuldade de largar o oportunismo e compreen-der os problemas reais que a experiência histórica já demonstrou e provou.

A atuação dos revolucionários nos sindicatos tem como objetivo fundamen-tal atuar ali onde estão os operários, assim como são, com as suas ilusões, para ganhá-los para a revolução para fazer evoluir a sua consciência de classe sobre a base da sua própria experiência.

Segundo os esquerdistas (o PSTU prefere a expressão “ultra-esquerda”) do PSTU e dos seus aliados na Conlutas, esta ideia elementar do marxismo não se aplica.

A luta contra as direções oportunistas dentro dos sindicatos é inútil, é preciso logo romper com estas direções e criar novos sindicatos. No entanto, não se trata de que as massas devem romper, mas os “revolucionários” (consideremos por um minuto que sejam realmente revolucionários). As massas são abandonadas às direções traidoras e os revolucionários separam-se delas em um confortável gueto político. Esta é uma política, como se pode ver, de aplicação para um gru-po de indivíduos, não para as massas, ou seja, tipicamente pequeno-burguesa.

Para o revolucionário proletário não é importante o caráter da direção do sindicato em questão, uma vez que toda a sua luta, em todos os lugares, em todos os terrenos é a lutar para libertar as massas operárias da influência ideológica e política da burguesia que, de fato, está em todas as organizações sociais. O revolucionário proletário, quer dizer, comunista, sabe que não é possível isolar

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as massas ou isolar a si mesmo da influência da burguesia, que a única coisa possível é combatê-la. Nesse sentido, a política de criar organizações separadas é uma política que se aplica a indivíduos ou pequenos grupos, mas não às massas, que somente se separarão de fato da burguesia através de uma longa experiência política e de uma luta tenaz. É uma política de efeito apenas moral, uma vez que não serve absolutamente para a organização das massas, mas apenas para aliviar a consciência do pequeno-burguês de que não está misturado com os “maus ele-mentos”. Em resumo, é uma política tipicamente pequeno-burguesa.

Para o revolucionário comunista, a importância do sindicato não reside em que esse seja um aparelho com recursos materiais, mas em que este subordina a si mesmo as massas, que as massas o reconheçam como seu. Se assim não fosse, a discussão sequer teria sentido. É por esse motivo que o grande líder da Revolu-cão Russa de 1917 (que entendia alguma coisa da classe operária) assinala: “não atuar no seio dos sindicatos reacionários significa abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas (isto é, a esmagadora maioria das massas, n. do r.) à influência dos líderes reacionários, dos agentes da burguesia, dos operários aristocratas, dos operários ‘aburguesados’”(O esquerdismo, doença infantil do comunismo).

Um exemplo muito claro: os sindicatos de Zubatov

Os gênios estrategistas da Conlutas convenceram-se e convenceram um nú-mero de militantes inexperientes e sem formação marxista desta política tipica-mente de “ultra-esquerda” ou, como os estrategistas gostam de dizer, da “ultra” e que nós marxistas chamamos de “esquerdismo”. Um dos seus principais argu-mentos para convencer (ou intimidar) estes jovens sem experiência é o de que permanecer na mesma organização com o PT (o seu alvo, é importante lembrar e voltaremos sobre isso não é todo o peleguismo, mas o governismo) é estar ao lado do governo, é ser aliado dele etc.

Vejamos um exemplo da maior importância histórica que prova exatamente o contrário. Na Rússia, os primeiros sindicatos foram organizados, ainda no final do século XIX, por nada mais nada menos do que um agente da polícia secreta do Czar, o policial Segei Vassilievitch Zubatov, chefe da Okhrana, a polícia secre-ta do Czar em Moscou. Alguém duvidará que estes sindicatos russos eram mais direitistas e reacionários do que qualquer sindicato brasileiro?

Pois é, foram nesses sindicatos formados pela polícia secreta mais violenta do mundo, a Okhrana, que os sociais-democratas russos e depois os bolcheviques iniciaram sua atuação no meio da classe operária. De acordo com o PSTU e seus satélites, Lênin e os bolcheviques, eles mesmos, que anos depois fariam a maior revolução operária que o mundo já viu, estariam completamente errados, mais

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do que isso, seriam reacionários como a okhrana. Dá para acreditar em tamanho disparate?

Os sindicatos zubatovistas foram o foco central da famosa greve geral de 1903 e que levou à demissão do próprio Zubatov. Em 1905, foi um agente zubatovista, o Padre Gapon que organizou a marcha operária reprimida pelo Czar no famoso “Domingo Sangrento” que disparou a Revolução Russa de 1905.

Não, Lênin e qualquer revolucionário que mereça ser identificado como tal defendiam que os militantes deveriam se infiltrar de todas as maneiras neces-sárias nesses sindicatos para fazerem o trabalho junto aos operários, pois eram em torno desses sindicatos “reacionários, monarquistas e policialescos” que se encontravam os trabalhadores.

O mais impressionante de tudo é que o acerto dessa política ficou comprovada pela revolução de 1905. Um dos principais acontecimentos e estopim para a re-volução foi a manifestação organizada pelo sindicalista zubatovista Padre Gapon. Milhares de operários saíram às ruas com a foto do Czar, com imagens da Igreja Ortodoxa para pedir por favor ao santo Czar que melhorasse as condições dos trabalhadores. Manifestação pelega, não acha? Pois foi aí que, temendo perder o controle da situação política, tendo os bolcheviques e outros grupos comunistas participado da manifestação, o Czar mandou atirar nos trabalhadores e promo-veu um massacre que marcou a história do movimento operário mundial. Foi esse ato, conhecido na história como Domingo Sangrento o estopim da revolução de 1905.

Segundo Lênin: “é preciso saber enfrentar tudo isso, estar disposto a todos os sacrifícios, empregar inclusive – em caso de necessidade – todos os estratagems, ardis e processo ilegais, silenciar, e ocultar a verdade com o objetivo de penetrar nos sindicatos, neles permanecer e ali realizar, custe o que custar, um trabalho comunista. Sob o regime czarista, não tivemos nenhuma possibilidade legal; mas quando o policial Zubatov organizou suas assembleias e associações operárias ultra-reacionárias com o objetivo de perseguir os revolucionários e lutar contra eles, enviamos para ali membros de nosso partido (lembro entre eles o camarada Babuchkin, destacado operário de S. Peterburgo, fuzilado em 1906 pelos generais czaristas), que etabeleceram contato com a massa, conseguiram agitá-la e arran-car os operários da influência dos agentes de Zubatov (Esquerdismo, a doença infantil...).

PSTU e Conlutas: doença infantil ou senilidade?

Os gritos histéricos do PSTU e de seus satélites contra os “pelegos” e “gover-nistas” da CUT não são suficientes, como explica Lênin, para justificar o abando-no dos sindicatos, ou ainda de uma federação ou uma Central Sindical, que como

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o próprio nome já diz, é uma união de sindicatos.Depois de 11 anos apoiando a política do PT dentro da CUT com uma lingua-

gem de esquerda, o PSTU decidiu em 2004, abandonar a única organização no País que mereceria o nome de central sindical para criar a Conlutas, uma organi-zação supostamente pura de “esquerdistas” igualmente puros e santos, que supos-tamente absolutamente nada teriam a ver com o PT e seu governo anti-operário, a não ser pelo fato de que sempre apoiaram sua política, até meio segundo antes de tomarem a decisão de sair da CUT.

É difícil, no entanto, no que diz respeito ao experiente PSTU dizer que se trata apenas de uma “doença infantil”, coisa que se poderia aplicar a diversos grupos arrastados pelo PSTU para esta política “ultra”.

O PSTU é como” um homem muito velho e doente que tivesse uma mentali-dade de criança.

O motivo do PSTU para sair da CUT não está ligado simplesmente a estas noções infantis sobre o caráter “governista” da CUT, mas esconde um cálculo político preciso. Não é mera coincidência que, no exato momento, em que o PSTU lançava a sua grande batalha contra o “governismo”, as “centrais sindicais” surgiam em todo o país como cogumelos depois da chuva, por iniciativas de se-tores da oposição de direita ao governo e de setores do próprio governo, como o PCdoB, que formou a CTB. Não é por acaso, também, que quem colocou em prática nos correios a política revolucionária do PSTU foi a contrarevolucionária CTB. Está claro que este movimento geral de modo algum está determinado pela “luta dos trabalhadores” e sim pelos interesses da burocracia sindical não cutista (veja bem, incluindo setores “governistas” não cutistas como o PCdoB). É uma política comum ao PSTU “revolucionário e antigovernista” e aos governistas e contrarrevolucionários declarados. Um pouco de coerência lógica já demonstra que as alegações do PSTU não passam de fachada.

O problema real, que unifica todo este mosaico de sindicalistas governistas, antigovernistas, socialistas e capitalistas é que todos se sentem esmagados pela burocracia das grandes centrais na luta pelos seus interesses burocráticos e, mais ainda, nos seus interesses eleitorais. A burocracia petista que dirige a CUT trans-formou a maior e mais importante organização sindical do país em um cabo eleitoral de tamanho extra-grande. Os sindicalistas que são cabos eleitorais de partidos burgueses têm eles mesmo pretensões eleitorais e os partidos burgueses que gostariam de destruir o monopólio do PT lançaram-se a criar as suas pró-prias “centrais”, que não passam de uma fachada para o seu proselitismo e recru-tamento eleitoral, delimitando-se com um discurso oportunista dos sindicalistas da CUT e explorando em seu favor a sua vinculação com o governo. Daí também o fato de que o PSTU tenha escolhido esta palavra – que é central em toda a sua operação – de “governismo”, a qual, como veremos em seguida, nada tem de mar-

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xista ou, seja, não tem qualquer conteúdo de classe. A central patrocinada pelo PSDB e pelo DEM, a justo título também pode se chamar antigovernista.

Neste sentido, o problema do PSTU – diferentemente de vários grupos da Conlutas – não é da área da pediatria, mas faz parte de outro ramo da medicina, a geriatria. É um doença senil, como muito bem disse Trótski dos stalinistas quan-do estes começaram a macaquear estas teses “ultra”, como a de criar os sindicatos vermelhos. É o caráter burocrático e em retrocesso do sindicalismo do PSTU, completamente dependente dos aparelhos sindicais, da legalidade governamen-tal etc. que os leva a exibir esta política infantil “ultra”, mas o seu problema é a decadência e não a inexperiência.

O que é o “governismo”?

Para justificar esta política antimarxista, o PSTU sacou do arsenal pequeno--burguês de chavões e palavras sem significado a palavra “governista”. A função psicológica deste termo é evidente. Basta que qualquer um dos elementos semi--anarquistas e pequeno-burgueses da Conlutas seja acusado de estar relacionado com o governo Lula, em particular diante da campanha incansável da imprensa burguesa direitista contra o governo, para que este se assuste na hora e procure se safar da acusação. É por este motivo que o PSTU e seus aliados infantis procuram intimidar o Partido da Causa Operária com a pecha infamante de “governista” e, na realidade, não tem qualquer outro argumento.

Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que ser antigovernista não significa nada ou pior, pode significar que se é parte da oposição de direita ao governo oportunista e burguês de esquerda de Lula ou Dilma Rousseff. Afinal de contas, não será o sr. José Serra o maior de todos os antigovernistas deste país? Não será a revista Veja o maior porta-voz do antigovernismo? Isso quer dizer que, sem ter consciência, os “antigovernistas” nada mais são que um apêndice, em termos políticos do antigovernismo oficial, do qual, aliás não fazem esforço algum para se diferenciar.

Para um revolucionário proletário, quer dizer marxista, comunista, o fato de um partido ou uma direção estar ligada ou não a um governo de turno não tem absolutamente a menor importância, exceto em questões concretas da luta co-tidiana. Nós, os marxistas, baseamos a nossa atividade na luta de classes e nos conceitos de classe social. A nossa é uma luta da classe operária contra a burgue-sia e, deste ponto de vista geral, não há diferenças senão secundárias entre um burocrata sindical do PT ou do PSDB, quem quer que esteja no governo. É por este motivo que sempre denunciamos a subordinação da burocracia cutista ao Estado capitalista e, inclusive, aos governos de plantão, como Sarney ou Collor.

Outra coisa que a noção burguesa de governismo serve apenas para ocultar.

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A essência da burocracia sindical é a de ser vinculada à burguesia de conjunto por meio do Estado capitalista. Não é o fato do partido ao qual a burocracia está ligada estar no governo que altera esta situação.

Esta falta de concepção de classe e de uma política baseada na luta de classes é uma característica essencial do PSTU, organização pequeno-burguesa. Quando estava na CUT também não combativa a burocracia sindical com base na luta de classes, mas fazia uma oposição puramente verbal, baseada em discordâncias secundárias. Este tipo de oposição é tomado pelas pessoas inexperientes como sendo um antagonismo fundamental com a burocracia, quando, na realidade, colocava sempre o PSTU no terreno de classe da burocracia sindical.

Isso fica demonstrado pelo fato de o PSTU e seus aliados não conseguirem compreender que a CUT já era “governista” antes de Lula chegar ao governo. O que dizer então das câmaras setoriais no governo Itamar, onde sentavam jun-to com os patrões da Fiesp e o governo para chegar a uma política comum? A própria conciliação de classes, pelega e traidora, que essencialmente servia para sustentar o frágil e instável governo federal. Antes ainda, três anos depois de sua criação, a direção da CUT apoiou o Plano Cruzado, outra medida que serviu para sustentar o frágil governo Sarney.

Durante todo esse tempo ainda, o PSTU esteve apoiando, ora explicitamente – na maioria dos casos -, ora disfarçadamente, a política traidora levada pela Ar-ticulação do PT dentro da CUT. Decidiram romper depois, e quando exatamente a subida do governo Lula colocaria em xeque explicitamente a sua aliança com aparência oposicionista com o PT na CUT, deixando exposta sua política de co-laboração e exigindo uma maior subordinação formal à burocracia do PT. Nós do PCO nunca nos preocupamos com isso porque a nossa posição dentro da CUT sempre havia sido a de uma oposição perseguida pela burocracia e não de um corrente que atuava sobre a base de um acordo geral com a burocracia como era o PSTU. Este último fato ficou absolutamente claro quando da eleição de Vicente de Paula, o “vicentinho” que assumiu a direção da CUT apoiado por uma exten-sa campanha dos empresários e da imprensa capitalista para levar adiante uma política abertamente capitalista na CUT. Apesar de tudo isso, o PSTU integrou a chapa da situação, ou seja, a chapa de “Vicentinho”, da FIESP, de O Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo, da Rede Globo e da Veja! Como estava longe, neste momento, o PSTU do “antigovernismo”! Finalmente, esta escandalosa política “governista” valeu ao PSTU dois cargos na direção da CUT e selou a sua aliança com a burocracia sindical que continuou inclusive debaixo da chapa neoliberal de “Vicentinho”.

De um certo ponto de vista, o PSTU e seus aliados na Conlutas têm razão de acusar o PCO de governista por estar na Central Única dos Trabalhadores. Têm razão do ponto de vista da sua própria política, porque a experiência de uma

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década na CUT e a experiência ainda maior no PT significa, para organizações pequeno-burguesa, que militar na CUT e no PT não era apenas um meio para levar adiante a luta de classes junto aos trabalhadores contra a direção destas or-ganizações, mas um acordo com estas direções. Como, quando estavam juntos, estabeleciam um acordo político com a burocracia, não conseguem compreender que um partido, como o nosso, tenha passado anos em uma situação de iso-lamento e perseguição política, marginalizado dos privilégios concedidos pelo aparelho burocrático a todos os que lhes prestavam algum tipo de serviço contra a classe trabalhadora.

Esses exemplos deixam claro que há um agravante na política do PSTU em relação ao que Lênin nos ensinou no início do século XX. Há aqui um oportunis-mo claro, não se trata de simples equívoco ou erro infantil, mas de uma política decadente, de um grupo dependente dos aparelhos sindicais que na defesa da sua sobrevivência oportunista os leva a confundir e dividir os trabalhadores e sua luta sem qualquer consideração.

Essa é a principal explicação, além é claro da própria ignorância, do fato de que é tão difícil para o PSTU compreender o bê-á-bá da política revolucionária explicada por Lênin e Trótski.

A política infantil é usada pelo PSTU para contaminar determinados setores bem intencionados, mas inexperientes do movimento operário com uma política que, no fundo, não é outra coisa que oportunista travestida de combativa e revo-lucionária.

Como explica Lênin, a introdução de tais ideias no seio do movimento são absurdos ridículos “como uma discussão acerca da maior ou menor utilidade que tem para o homem a perna esquerda ou o braço direito.” (idem). Ou conforme diria o ditado popular brasileiro, é uma ideia “sem pé nem cabeça”: “Também não podemos deixar de achar um absurdo ridículo e pueril as argumentações ultra--sábias, empoladas e terrivelmente revolucionárias (...) a respeito de ideias como: os comunistas não podem nem devem atuar nos sindicatos reacionários; é lícito renunciar a semelhante atividade; é preciso abandonar os sindicatos e organizar obrigatoriamente uma ‘união operária’ novinha em folha” (ibidem).

Para explicar melhor, a discussão de romper com os sindicatos e organizações sindicais não só é uma política errada e criminosa, como também não tem ne-nhum sentido prático e político real a não ser do ponto de vista de grupos que vivem parasitariamente do aparelho sindical. Não deve, portanto, sequer ser le-vada a sério, não importam os pretensos argumentos ultra-esquerdistas gritados pelos pequeno-burgueses.

Por fim, para aqueles que ainda têm dúvida de onde estariam os trabalhadores brasileiros, basta uma constatação. A CUT, que ainda é uma central em forma-ção, justamente porque teve sua formação truncada pelo peleguismo e traição do

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Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) à luta dos trabalhadores, representa mais de 3 mil sindicatos no País, das maiores e mais importantes categorias, qua-se 40% dos sindicatos operários. A tão “limpa e pura” Conlutas aglomera..... bem menos de 0,5% desses sindicatos, um resíduo. Se a luta dos trabalhadores têm que passar por alguma organização já formada pela própria experiência politica, certamente ela será a CUT. Ignorar esse fato é ser um ignorante ou um mal in-tencionado.

O folclore do “sindicato patronal”

Outro argumento levantado pelos “ultras” do PSTU e seus satélites para rom-per com a Fentect é o de que essa seria “patronal”. É preciso, antes de mais nada esclarecer o óbvio: os patrões têm os seus sindicatos e associações patronais – como a Fiesp ou a Fenaban – e os trabalhadores têm os seus sindicatos. Se não houvesse diferença, para que então existirem dois sindicatos? Os patrões pode-riam constituir apenas os deles, desmanchar os sindicatos das categorias.

E por que a burguesia não acaba então com os sindicatos dos trabalhadores e deixa apenas os seus próprios? É simples. Porque o desenvolvimento e a expe-riência do movimento operário obrigaram, pela força, a burguesia a reconhe-cer os sindicatos das diversas categorias que são vistos pelos próprios operários como resultados do seu desenvolvimento histórico como organizações de classe. E como toda a necessidade histórica, é um fenômeno que não pode ser revertido da cabeça de ninguém, nem mesmo de uma classe como a burguesia.

Já que é impossível “voltar atrás”, os patrões precisaram lançar mão de um artifício: colocar elementos seus dentro dos sindicatos dos trabalhadores ou cor-romper os chefes que se destacaram nas diversas categorias. Isso significa que a burocracia não determina o caráter de classe do sindicato, assim como a burocra-cia stalinista não determinava o caráter de classe da URSS, que Trótski conside-rava como “Estado Operário”, apesar de ser dirigido por uma imensa burocracia contra-revolucionária.

A realidade é implacável e não respeita a compreensão limitada do pequeno--burguês.

O agente da burguesia dentro dos sindicatos dos trabalhadores é a burocracia sindical – seja de direita ou de esquerda, governista ou antigovernista – que leva adiante dentro dos sindicatos uma política que serve aos interesses patronais na medida em que deixam os interesses dos trabalhadores a reboque dos interesses da burguesia, o que em última instância significa o predomínio absoluto da bur-guesia e a anulação temporária do sindicato como instrumento da luta de classes. Mas esse fato não transforma o sindicato em “patronal” como quer o PSTU e os ultra-esquerdistas infantis que os seguem sem pensar. Vamos insistir no óbvio:

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sindicato patronal é dos patrões, sindicato dos trabalhadores é dos trabalhadores.Por esse motivo, romper com os sindicatos é dar as costas aos trabalhadores,

é abandoná-los nos braços da burguesia. Para quem se reivindica marxista, a pri-meira preocupação deveria ser exatamente oposta: em primeiro plano está a luta, seja ela diretamente contra os patrões seja contra os elementos patronais que foram infiltrados nas organizações operárias para frear a luta dos trabalhadores.

Repetindo novamente as sábias palavras de Lênin: “é preciso saber enfrentar tudo isso, estar disposto a todos os sacrifícios e, inclusive, empregar - em caso de necessidade - todos os estratagemas, ardis e processos ilegais, silenciar e ocultar a verdade, com o objetivo de penetrar nos sindicatos, permanecer neles e ai rea-lizar, custe o que custar, um trabalho comunista.” (idem)

Conforme podemos ver, a história de que os sindicatos são “patronais” e que por isso deveríamos romper com eles é história para boi dormir, é um folclore inventado pelas cabeças ocas da esquerda pequeno-burguesa.

A importância das organizações sindicais – centrais, federações e sindicatos – é precisamente o fato de que a classe operária se encontra ali. É assim.

A pior versão possível desta asneira ultra-esquerdista e infantil é a versão da Conlutas, que quer abandonar os sindicatos porque são “governistas”, não por-que são burgueses. É a versão piorada, mais abertamente pequeno-burguesa da mesma asneira esquerdista. Se é um crime romper com uma organização sin-dical porque é dirigida por agentes da burguesia, ou seja, com uma explicação esquemática e equivocada, mas que tenta ser de classe, muito pior é romper com uma explicação pequeno-burguesa que sequer considera o caráter de classe do problema.

O que é a CUT: uma completa incompreensão da luta de classes e do sindi-calismo

Entre as coisas absolutamente sem sentido que o PSTU e os integrantes da Conlutas falam dos sindicatos está a sua “análise” da Central Única dos Trabalha-dores. Vamos examinar aqui alguns argumentos.

Vamos somente assinalar, en passant, como no xadrez, que os integrantes destas organizações se desinformam e desinformam outras pessoas como uma versão falsificada da história da CUT, dizendo que esta foi o resultado de uma ruptura com uma imaginária “CGT varguista”.

A CUT não foi o resultado da ruptura de nenhuma organização sindical. No Brasil, historicamente não existiu nunca uma verdadeira central sindical. A mais importante tentativa foi a confederação Operária Brasileira no início do século XX. O varguismo, cuja ideologia nacionalista tem origem fascista, nunca foi a favor da criação de uma central sindical, o que tornava mais fácil para eles domi-nar a classe operária e arrastá-la detrás de uma política burguesa, uma vez que a central sindical é sobretudo uma arma política da classe operária. Os stalinistas,

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completamente subservientes à burguesia, também nunca criaram ou procura-ram de fato criar uma central operária, o que implicava em romper com os sin-dicalistas pelegos do PTB varguista. Daí que antes de 64, os stalinistas buscassem responder às necessidades de centralização da classe operária com “pactos”com o PUA, Pacto de Unidade e Ação, entre sindicatos ou com “comandos”. A CGT varguista dos “ultras” ignorantes da história do movimento operário era, na rea-lidade, o Comando Geral dos Trabalhadores stalinista, uma caricatura de central sindical.

Os pelegos sustentados nos sindicatos pela ditadura e seus aliados do PCB e do PCdoB na década de 70 eram completamente contrários à construção de uma central sindical, o que significava além de tudo desafiar frontalmente o regime militar. Lula e setores oposicionistas insistiam em conseguir o apoio dos sindica-listas pelegos para a construção de uma central única de trabalhadores, apesar da evidente oposição destes setores ao projeto. Finalmente, conseguiram o acordo com o sindicalismo pelego de realizar, de acordo com a legislação trabalhista da própria ditadura, o Conclat, Congresso das Classes Trabalhadores, tudo absolu-tamente legal. A CLT previa também o Conclap, congresso das classes patronais.

Este foi realizado em 1981 na Praia Grande em S. Paulo com mais de cinco mil sindicatos, a maioria de burocratas ligados ao regime militar. Neste congresso, foi aprovada a proposta de criar uma central sindical e estabelecida a Comissão Pró--CUT, de comum acordo entre o sindicalismo lulista, dissidência do peleguismo do regime militar, os pelegos e as oposições. Esta proposta foi aprovada pela pres-são das greves de 1978, 1979 e 1980 no ABC, que abalaram o sindicalismo pelego.

Ao Congresso, no entanto, seguiram-se três anos de recessão e de refluxo do movimento grevista, o que permitu aos pelegos tentar engavetar a proposta de central sindical. No entanto, em 1983, quando começam a ser retomadas as gre-ves, a ala lulista juntamente com a oposição decide acabar com a enrolação e chamar o congresso da CUT, ao qual os pelegos decidem não comparecer. De fato, embora Lula e as oposições tenham rompido com os pelegos na sua política de não construir a CUT, quem rompeu com a CUT foram os pelegos e não o sindicalismo de oposição.

A CUT não foi o resultado desse congresso, mas das greves gerais de 1983 e 1984 que convocaram e da maior onda de greves, de caráter revolucionário, que o país já teve em 1985, quando as oposições sindicais dirigidas pela CUT derru-baram as diretorias pelegas em mais de mil sindicatos. Não fosse essa enorme luta operária e a CUT e nem nenhuma das atuais centrais sindicais teria existido, isso porque uma central sindical não é criação de um congresso, mas da luta de massas da classe operária. Os pelegos, encurralados pela situação criaram a CGT que faleceu logo em seguida, sendo substituída pela Força Sindical, criada diretamente pelos patrões para agrupar o que restava do sindicalismo pelego em

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crise terminal.Os “ultras” do PSTU apressam-se, em sua concepção pequeno-burguesa, em

jogar na lata de lixo a CUT como sendo uma mera criação de cartório e que pudesse ser substituída pela Conlutas em um cartório, esquecendo-se que esta é o resultado de um movimento histórico. Pior, equiparam a CUT às demais “centrais”, que nada mais são que invenções burocráticas. Assim, criar uma cen-tral sindical tornou-se mais fácil do que comprar um cachorro-quente em uma barraquinha na calçada, o que mostra o superficialismo dos pequeno-burgueses. Para eles, se a central não está 100% boa, vamos construir outra, é tão fácil! Basta colocar 100 estudantes em um congresso e pronto! Isso mostra apenas que os pequenos-burgueses são espertos e têm soluções inteligentes para tudo, mas são uma nulidade social e nada têm a ver com as necessidades da classe operária. O resultado é que a Conlutas, ao invés de agrupar milhões de operários e milhares de sindicatos, só anda para trás.

Os “ultras” do PSTU e da Conlutas argumentam que a CUT não organiza a luta e, portanto, não tem função. Esquecem-se que, na realidade, ninguém or-ganiza a luta geral e que, de fato, não há luta alguma. Esquecem-se, também, de perguntar por que não há luta alguma.

A importância da CUT se mostra justamente pela negativa. A burocracia usa a CUT como um poderoso instrumento de contenção das lutas, apoiada na situa-ção de refluxo. Esse simples fato mostra o poder e a importância da CUT, embora pela negativa. O impressionismo político e o empirismo são também caracterís-tica dos pequeno-burgueses que somente conseguem ver o que indica o senso comum e as aparências imediatas, sem compreender concreta e essencialmente o fenômeno político.

Outro argumento muito impressionante é o de que a CUT não é um sindi-cato e, pior ainda, se possível for, que os trabalhadores estão organizados nos sindicatos de base e aí travam a sua luta e, portanto, a CUT simplesmente não tem importância. Fica claro por estes argumentos porque Lênin designava estas concepções como infantilismo. Em primeiro lugar, é um verdadeiro achado dizer que a CUT não é um sindicato. Seria preciso explicar qual seria a natureza destas organizações. Seriam clubes de boliche?

Por outro lado, se o importante é o sindicato de base e não a central sindical (eu disse “sindical”, perdão, esqueci que não é um sindicato!) porque, então criar a Conlutas? Fica prejudicada mais uma vez a coerência.

O mais importante, no entanto, é que o argumento revela a natureza sindica-lista e oportunista do PSTU e da Conlutas. Cada organização sindical se diferen-cia sobretudo pelo âmbito da sua atividade. Uma comissão de fábrica organiza a luta dos trabalhadores de uma fábrica, restrita em geral a questões locais. O sindicato de base organiza a luta dos trabalhadores das várias fábrias de uma de-

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terminada base territorial para lutar contra um patrão ou grupo de patrões. Uma federação nacional, como, por exemplo, a dos bancários, organiza os sindicatos estaduais ou regionais para lutar contra o mesmo patrão em escala nacional. A central sindical organiza ou deveria organizar o conjunto dos trabalhadores e sindicatos para lutar contra o governo em âmbito nacional.

No que diz respeito à central sindical, a luta dos trabalhadores sofre uma mu-dança de qualidade, tendendo a se transformar de luta econômica (nas comissões de fábrica, sindicatos de base e federações) em luta política contra toda a classe capitalista organizada pelo Estado capitalista. Toda luta contra o Estado ou no âmbito das instituições do Estado é, por definição, uma luta política.

Ao dizer que basta a luta na base dos sindicatos, a Conlutas e o PSTU abdicam da parte mais importante da luta da classe operária que é a luta política, muitas vezes expressa nas greves gerais. Ninguém se preocupou com isso porque toda a política do PSTU e de seus seguidores na Conlutas é baseada no senso comum adquirido no período de refluxo, quando não se vêem greves gerais, e não no marxismo. Criar a Conlutas como alternativa à CUT seria dizer que estão cons-truindo uma alternativa para a luta política dos sindicatos e da classe operária, coisa que ninguém é capaz de levar a sério, particularmente os que não vivem do senso comum pequeno-burguês e sabem o que significa organizar uma greve geral.

As “análises” da CUT que examinamos acima foram feitas apenas para jus-tificar a ruptura com a CUT. É sabido que a política pequeno-burguesa não é baseada em uma análise e uma teoria, mas que a pseudo teoria e a pseudo análise são usadas pelas correntes pequeno-burguesas para justificar e encobrir os seus interesses, cuja base é completamente distinta da justificativa apresentada. No entanto, cada um justifica de acordo com as suas próprias ideias, no marco da sua compreensão da realidade, e a justificativa do PSTU e dos conlutistas expressa uma completa despolitização e um abandono também completo da luta política de massas da classe operária ou, dito de outra forma, o programa de transformar a luta econômica da classe operária, de caráter reformista, em luta política revo-lucionária da classe, mostrando que estamos diante de uma organização refor-mista e oportunista com muita gritaria revolucionária.

O exemplo dos petroleiros

A teoria totalmente artificial de que se pode romper com a CUT porque não é sindicato de base esbarra, além da teoria e da lógica, na realidade.

Isso fica claro quando vemos que o PSTU e a Conlutas têm como meta rom-per com duas das mais importante federações sindicais do País, a dos trabalha-dores petroleiros e a dos trabalhadores dos correios.

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP), hoje, abarca 12 dos 17 sindicatos de petroleiros do Brasil, com 270 mil trabalhadores na base. A maioria dos seus sindicatos e da base de trabalhadores é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). O PSTU seguiu a mesma política do PCdoB nos petroleiros e rachou, junto com este, da FUP/CUT e levou a uma política de dividir a categoria com quatro sindicatos e pouco mais de 20 mil trabalhadores ou seja, 7% do total.

Com isso foi criada a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros).Segundo a “teoria” dos ultras”, o “racha” estaria justificado porque não se trata

do sindicato de base, mas da federação nacional que, na teoria pós-moderna e pós-marxista do PSTU, não é sindicato.

Ocorre que esta avaliação é puramente cartorial e formalista e não correspon-de aos fatos. Os sindicatos petroleiros agrupam os trabalhadores de uma mesma empresa, a Petrobrás e, na realidade, é um contra-senso que haja mais de um sindicato para estes trabalhadores. A federação, neste sentido, é na realidade, o verdadeiro sindicato da categoria, uma vez que a função essencial que caracteriza o sindicato é a sua faculdade de contratação coletiva. Ora, quem faz a contratação coletiva é a Federação, que encabeça a campanha salarial dos petroleiros que tem que obrigatoriamente ser nacional, pelo menos do ponto de vista dos trabalhado-res. Romper esta federação, assim como no correio, significa romper o sindicato da categoria.

E qual seria o ganho dos petroleiros com duas federações? Se fossem duas federações reais, teriam apenas e tão somente o prejuízo de ficar divididos diante do patrão unificado. Na realidade, porém, acontece outra coisa que demonstra a farsa da política “ultra” do PSTU e dos seus amigos sem bússola da Conlutas.

Essa federação anã, de tão “revolucionária e combativa” atua sempre a rebo-que dos pelegos, traidores e “governistas” da FUP, seja nos acordos salariais ou nas greves e mobilizações.

O gratuidade da divisão dos trabalhadores ficou evidente, pois a FNP atua como um anexo da FUP, sempre em favor da política da burocracia sindical do PT. Nas campanhas salariais chamam a unidade com a FUP, na tentativa de es-conder a farsa da divisão. A FNP controla a minoria da minoria da minoria dos sindicatos da categoria e não possui poder de intervir de maneira efetiva nas negociações da empresa, a federaçãozinha do PSTU só serve mesmo para causar grande confusão entre os trabalhadores. Essa é sua única utilidade. Os patrões agradecem. Finalmente, o resultado é que o PSTU tem a sua federaçãozinha, re-colhe uma parte das rendas sindicais, pagas apenas à federação de fachada que criou, cria cargos com liberação do trabalho e ostenta para os pequeno-burgueses superficiais, a sua enorme “força” ao filiar à Conlutas, uma central sindical de mentirinha, uma federação de mentirinha.

Só para lembrar que a divisão da FUP facilitou enormemente a vida da bu-

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rocracia da FUP. Isso porque a política traiçoeira de saída da FUP e criação da FNP retirou parte da oposição a essa burocracia, que se encontra na base desses sindicatos, e deixou livre o caminho para que essa burocracia atuasse livremente.

Nos Correios, a revelação da farsa

Nesse momento, o problema da atuação nas organizações sindicais pelegas, a ruptura e a criação de outras organizações paralelas têm se colocado de maneira decisiva para toda a categoria dos Correios e dos ativistas do movimento sindi-cal. Aqui, o exemplo da política ultra sectária do PSTU/Conlutas em oposição ao marxismo e à luta política revolucionária, com uma mistura inconfundível de oportunismo e vigarice política, é bastante ilustrativo para todos aqueles que analisam o problema.

No marco de uma crise sem precedentes do principal bloco dominante da bu-rocracia sindical PT-PCdoB, diante do ódio dos trabalhadores em relação à polí-tica patronal levada pela burocracia, o PCdoB anunciou a ruptura com a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios), desfiliando os sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro, os maiores da categoria, defendendo a criação de uma nova federação.

O bloco dominante da burocracia sindical PT-PCdoB, que possibilitou o es-trangulamento das greves e mobilização da categoria, pelo menos na duas últi-mas décadas, rachou ao meio com o anúncio da desfiliação. O golpe do PCdoB, uma tentativa desesperada de se livrar da crise através da divisão dos trabalhado-res, acabou derrubando a máscara do PSTU, o principal defensor dessa mesma política, com exatamente os mesmos argumentos.

Restou ao PSTU ou se aliar abertamente ao PCdoB no intento divisionista e se manter em sua campanha de dividir a categoria, ou se manter na Fentect e constituir junto com o restante da oposição um bloco que tem chances concretas de impor uma derrota à burocracia. Nesse sentido, a política criminosa do PSTU/Conlutas foi revelada.

Ela já havia ficado clara em 2010, quando o PSTU destruiu o bloco de oposi-ção, chamado bloco dos 17 sindicatos contra o acordo bianual, criando a FNTC (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) conhecida na categoria como Federação Anã e estabelecendo uma chapa nas eleições de São Paulo com a Articulação do PT, colocando o secretário-geral da Fentect com o cargo de tesoureiro.

Nos Correios, o PSTU estava em bloco permanente com os representantes patronais (PT-PCdoB) na categoria, apoiando todas as suas traições. Organizou a fraude eleitoral no Sintect-SP, com eleições feitas à revelia do estatuto, para entregar o sindicato para o PCdoB, agentes diretos dos patrões e defensores da

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privatização dos Correios.A política do PSTU e seus satélites nos Correios segue a linha do divisionismo

levado adiante com a ruptura com a CUT e a FUP. O agravante é que no caso dos Correios o crime é mais gritante. Se uma parte da oposição for levada pela política de criar a Federação anã, será o maior presente que alguém poderia dar à burocracia sindical do PT e ao governo. A crise da burocracia é tão clara que salta aos olhos até mesmo dos mais desinformados, basta não ser limitado pe-los preconceitos pequeno-burgueses que se alastram no cérebro dos esquerdistas como um câncer.

O exemplo da própria categoria revela que está na hora de derrubar a buro-cracia. A greve dos Correios em 2011, que durou 28 dias e foi a maior dos últimos 15 anos, mostrou que os trabalhadores estão passando por cima dos traidores. Não “por fora” da Fentect e dos sindicatos, como quer confundir o PSTU, mas por dentro deles e contra a corja criminosa que se infiltrou nas organizações ope-rárias para fazer o serviço dos patrões.

Abandonar a Fentect é não só abandonar os trabalhadores dos Correios e a possibilidade de retomar a federação para a luta, é favorecer explicitamente a burocracia sindical do PT e os patrões da categoria.

A ruptura da Fentect é, muito claramente, uma traição direta aos interesses dos trabalhadores de todo o país.

Quem quer lutar, luta

Diante disso, a política do PSTU e de seus satélites na Conlutas não passa de um distracionismo político e de um obstáculo ao desenvolvimento dos se-tores mais avançados da classe trabalhadora. A discussão de que se deve ou não romper com as organizações sindicais, se a CUT ou a Fentect são independentes ou não, patronais ou não, reacionárias ou não, é falsa e está sendo imposta pela esquerda pequeno-burguesa que atua no interior do movimento operário. É uma preocupação artificial introduzida por quem não tem qualquer preocupação com os interesses ou qualquer ligação com a massa dos trabalhadores. Pelo contrário, restringe o problema à disputa de caráter parlamentar que se dá na cúpula dos sindicatos por cargos.

Incidentalmente, muitos desavisados no interior da Conlutas parecem pensar o contrário, ou seja, que seria uma despreocupação com os aparelhos.

Esta concepção é completamente falsa porque é evidente que o PSTU e a Con-lutas não colocam, na prática, o problema do ponto de vista dos trabalhadores e da sua luta como sendo o fator decisivo na luta sindical, mas o problema do apa-relho, da instituição. Não confiam absolutamente na capacidade dos trabalhado-res derrotarem o aparelho da burocracia que apresentam como sendo onipotente

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e impossível de ser derrotado por dentro dos sindicatos. Daí a necessidade de criar organizações paralelas. Trata-se, na realidade, de uma política capituladora e derrotista de pequeno-burgueses que não acreditam na força da classe operária e não querem esperar o desenvolvimento desta luta, apresentando como alterna-tiva (ridícula) a sua própria atividade individual através de aparelhos depurados de pelegos. Na prática, os novos aparelhos somente servem como aposentadoria para uma burocracia de quinta linha do PSTU.

A essa imposição, os revolucionários devem esclarecer e colocar em prática uma luta política intensa contra essas ideias, que devem ser denunciadas para todos os trabalhadores como um crime contra o desenvolvimento da luta.

A tarefa que está colocada pelos trabalhadores brasileiros, em especial dos Correios, é limpar de vez a burocracia sindical que domina os sindicatos, que diferente dos sindicatos zubatovistas na Rússia não foram criados pela polícia secreta, mas pela própria luta revolucionária dos trabalhadores dos Correios no final dos anos 80. Se era um crime romper com os sindicatos zubatovistas, mais criminoso ainda seria romper com a Fentect.

A burocracia, governista ou não, deve ser varrida do mapa, mas pelos pró-prios trabalhadores, assim como as ideias cujo único objetivo é causar a con-fusão na classe e servir a essa mesma burocracia, como fica claro na atuação do PSTU, amigo de fé da burocracia sindical do PT-PCdoB e integrante do Bando dos Qutro. Somente essa luta levará os trabalhadores a sua vitória final contra os patrões.

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Um alerta aos trabalhadores

dos Correios e a toda a classe trabalhadora

PSTU e Conlutas estão que-rendo entregar a campanha salarial nas mãos de Dilma Rousseff, Paulo Bernardo e Wagner Pinheiro e facilitar a privatização da ECT

No momento de maior acirramento da luta entre os trabalhadores dos Correios e a direção da empresa, que não por acaso coincide com uma crise terminal da burocracia sindical (PT-PCdoB) nas organizações, o PSTU/Conlutas lança uma política de ruptura com a federação nacional dos trabalhadores com o objetivo claro de confundir e dividir os trabalhadores e enfraquecer a oposição, favorecendo assim o PT. Mais uma vez, o PSTU prova que é essencial como ala “esquerda” do bloco burocrático

Os trabalhadores do correio de todo o Brasil e todos os interessados nos rumos do movimento sindical e da luta classe operária brasileira têm que tomar conhecimento do que está acontecendo nos correios, a categoria mais ativa no movimento sindical na úl-tima década e que acaba de realizar a maior e mais importante greve operária nacional em outubro passado, com 28 dias de duração, envolvendo mais de 50 mil trabalhadores.

No ínicio deste ano, a CTB, um aparelho sindical pelego dirigido pelo ultra-cor-rupto Partido Comunista do Brasil, anunciou a ruptura dos sindicatos dos correios de S. Paulo e do Rio de Janeiro com a Federação Nacional, que congrega 35 sindicatos de todo o país.

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A explicação para a ruptura é do mais refinado cinismo. Acusam a federação de levar adiante uma política pelega. Ocorre que não apenas os sindicalistas do PCdoB compunham praticamente 50% do bloco dirigente da Fentect até ontem e são direta-mente responsáveis por toda a política patronal levada adiante pela federação, como, na realidade, foram nos últimos anos o principal executor desta política pelega por dirigi-rem os principais sindicatos do país que utilizaram contra todas as lutas e mobilizações da categoria.

A declaração do PCdoB apenas ilustra o total desprezo que os burocratas sindicais têm pela inteligência dos trabalhadores e a falta de respeito desta excrecência sindical pela classe operária como um todo.

Pelas suas escandalosas traições, foram regiamente pagos com cargos e altos salários dentro da ECT e verbas de diversas origens que alimentam o enriquecimento de um punhado de escroques burocráticos às custas da pobreza e do sofrimento de 100 mil trabalhadores dos correios e suas famílias.

Na campanha salarial de 2009, foi um dos líderes da máfia sindical do PCdoB, co-nhecido como “Ronaldão” que anunciou que iria assinar o acordo bianual à revelia do comando de negociação, cuja maioria se posicionava contra o acordo. Foi necessário que os trabalhadores de Minas Gerais, liderados pelo Sintect-MG, cuja direção faz par-te da corrente de Oposicão Ecetistas em Luta, ligada ao Partido da Causa Operária, fretasse dois ônibus com trabalhadores mineiros, paulistas e de outros estados para ir a Brasília, sob a complacência geral e cumplicidade do PT e PSTU, e aplicar um corretivo no inflamado dirigente sindical comprado pelos patrões, o que efetivamente ocorreu e que o levou a abandonar este propósito.

Vendo que o golpe de mão descarado não seria suficiente para colocar em prática a política ditada pelos patrões, depois da surra que levou dos trabalhadores da base o seu porta-voz no Comando de Negociação, a quadrilha sindical do PCdoB teve que fraudar as assembleias de Tocantins e Mato Grosso para conseguir o número suficiente de assinaturas para assinar o acordo bianual. Ali, nestes estados, estiveram também os militantes do PCO e de Ecetistas em Luta para evitar este desenvolvimento, o que não foi possível porque as pseudo assembleias foram realizadas sob a guarda das chefias dentro da empresa.

Por este simples fato, qualquer um pode ver o grau de cinismo da alegação da máfia sindical de que os que rompem com a Fentect o fazem porque discordam da política seguida por ela. Se isso fosse verdade, teríamos que concluir que a outra ala da buro-cracia é moderada e tímida demais nas suas traições para esta verdadeira quadrilha de bandidos.

O significado da nova traição do PCdoB

A ruptura do PCdoB com a Fentect – não pode restar dúvida alguma – é mais

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uma traição aos trabalhadores dos correios. Querem dividir o movimento na-cional para se preservar nas entidades em que dirigem e abrir uma nova via para impor novas derrotas aos trabalhadores.

Qualquer pessoa normal sabe que dividir os sindicatos, como disse Lênin em uma frase memorável, “é o melhor serviço que se pode prestar à burguesia”, ou seja, que é uma política ferozmente patronal.

O sindicato tem como fundamento a unidade dos trabalhadores. Por isso, os velhos sindicatos chamam-se Uniões. Quem se lança a dividir estas organizações é, salvo em raras exceções, o agente patronal. O PCdoB já é sabido como agente da direção da ECT e dos patrões em inúmeros sindicatos e, como partido, um grupo de pistoleiros de aluguel a serviço dos monopólios nacionais e estrangeiros e dos latifundiários, como se viu na questão da aprovação do Código Florestal, obra fundamental do deputado Aldo Rebello, principal líder do PCdoB, como foi reconhecido pelos próprios latifundiários, assassinos em massa dos trabalhado-res do campo.

Com a divisão da Fentect, os patrões poderão manipular a divisão dos tra-balhadores em mais de uma organização sindical e fortalecer os pelegos. Nada diferente disso pode acontecer.

O motivo da ruptura do PCdoB com a Fentect não é segredo para para nin-guém que conheça o movimento sindical dos correios e o movimento sindical em geral. O PCdoB está atravessando em todo o país uma crise de enormes propor-ções. Perdeu importantes lideranças para o PT e outros partidos. Nos correios, o PCdoB estava diretamente ligado ao PMDB, até ontem majoritário na direção da empresa. No governo Dilma, o PT vem procurando ganhar terreno às custas des-te partido e exonerou dos seus cargos a maioria dos administradores estaduais, dos quais o PCdoB dependia. Este é o primeiro fato.

O segundo fato é que, diante da crise do sindicalismo do PT, a partir da trai-ção da greve de 2003, e do fato de que contam com o maior número de cargos na empresa, o PCdoB recebeu a tarefa de controlar os dois maiores sindicatos da categoria, que foram entregues ao PCdoB pelo Bando dos Quatro para defender a política da direção da ECT.

A pressão nacional das bases contra o PCdoB vem crescendo de tal maneira que acuou os sindicalistas nas assembleias da campanha salarial e, mesmo com a ajuda do PSTU, não tiveram em momento algum coragem de propor o final da greve nem em S. Paulo nem no Rio de Janeiro, onde sempre são enterradas as campanhas salariais.

Os pelegos do PCdoB esperam enfraquecer os trabalhadores com a divisão da sua organização sindical e recuperar o controle, facilitando a aplicação da política patronal. A única coisa que se pode excluir é que mudem sua política patronal.

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O papel político do PSTU, o significado do bando dos quatro

A função do PSTU (Conlutas) no interior do movimento sindical e dos movi-mentos em geral, desde a sua criação em tempos remotos foi fornecer uma versão de esquerda para a política oportunista de colaboração de classes.

Nos correios, não foi diferente. Depois da criação dos sindicatos e das Fen-tects, nos quais a participação do PSTU foi inexpressiva, no momento de baixa das lutas tomaram conta dos principais sindicatos e da direção da Fentect, cons-tituindo-se em eixo organizador da burocracia sindical nos correios. Mantiveram um bloco político permamente com o PCdoB e com as alas mais direitistas do PT até 2003, quando a enorme greve da categoria os obrigou a romper esta frente.

Foram responsáveis pela derrota de inúmeras greves da categoria, chegando até a elaborar um sistema de traição dessas campanhas salariais, utilizado recen-temente pelo bloco PT e PCdoB, ou seja, levar a campanha salarial para o TST, onde era estrangulada. Naquele momento, foram apelidados de TSTU pela ma-neira sistemática como quebravam as greves e arruinavam as campanhas salariais com a ajuda de juízes.

A função do PSTU – que decorre das suas próprias características pequeno--burguesas vacilantes – é a de conseguir apresentar a mesma política do PT e do PCdoB sob uma aparência esquerdista para o setor que já compreendeu o caráter burguês da política do PT ou que não consegue levar adiante esta política.

Sua política centrista nunca o coloca de fato à esquerda da política oficial de colaboração de classes e, certamente, nunca o coloca em uma luta real contra ela e, muitas vezes, os colocam efetivamente à direita da política oficial, como acontece agora nos correios, onde com um discurso esquerdista querem dividir o movimento sindical nacional, o que levaria os trabalhadores a derrotas muito maiores do que aquelas que PT e PCdoB produziram como direção da Fentect.

A frente popular atualmente no governo nunca conseguiria atrelar os traba-lhadores à sua política de colaboração de classes se apresentasse um discurso único, um método único, uma tática única para os trabalhadores. Assim como a burguesia não conseguiria nunca atrelar a classe operária ao regime burguês e ao Estado capitalista se não contasse com mais de uma política para fazer isso.

O PSTU é, nesse sentido, uma espécie de ala esquerda da política burguesa. Dizemos “uma espécie” porque o seu esquerdismo, hoje, quando o PT está no governo, é pura aparência, é uma questão de meras palavras, de jogo de cena e que, na prática, na luta, não se diferencia em absolutamente nada da política do PT e do PCdoB.

No próprio acordo bianual, bem como na campanha salarial anterior, os mi-litantes e dirigentes sindicais do PSTU procuraram a todo momento sabotar a luta da oposição com um discurso de esquerda. Não assinaram o acordo bianual

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apenas porque os trabalhadores estavam conscientes de que este era uma traição, em grande medida pela propaganda da corrente Ecetistas em Luta. No entanto, nada fizeram para que fosse vitorioso em momento algum. Dentro do Bloco dos 17 sindicatos fizeram o impossível com sua campanha de intrigas para dissolver o bloco com o único intuito de formar a sua federação anã. Em momento algum fizeram nada de prático contra o acordo bianual e foram o principal instrumento para impedir o progresso daquela luta.

Na última campanha salarial, a sua atuação direitista foi muito mais difícil de esconder. Estiveram juntos com o PCdoB em S. Paulo, sendo os únicos auto-rizados pela quadrilha sindical para falar nas assembleias, onde apoiaram todas as medidas propostas pela diretoria do sindicato, trabalhando para impedir os trabalhadores de chocar-se com os pelegos.

O papel mais importante do PSTU como ala “esquerda” do peleguismo no movimento sindical dos correios é a campanha permanente para mostrar que as denúncias do PCO e da corrente Ecetistas em Luta contra o peleguismo não passam de calúnias, que os métodos de luta do PCO são “tumulto” etc. Essa cam-panha de falsificação e de mentiras tem um papel fundamental em confundir os setores que querem romper com a política pelega do PT e do PCdoB e para isolar o setor mais combativo desta ala esquerda indefinida que tende lutar contra a burocracia. Nesse papel verdadeiramente policial são sempre ajudados pelo coro dos sindicatos pelegos e, para os elementos mais confusos, a unidade do PSTU com o PCdoB e PT contra o PCO e contra a luta parece ser uma “opinião geral”, ou seja, tanto da direita como da esquerda, o que contribui para criar a ilusão de que não é uma política direitista, embora a própria frente única seja uma prova do seu caráter direitista.

Encobrindo o PCdoB, com um discurso de esquerda

É exatamente isso que vemos no caso da ruptura do PCdoB, que quer levar os trabalhadores dos principais sindicatos a romper com o restante da categoria, transformando o que é um movimento nacional em movimentos parciais sem enenhum poder real de barganha diante dos patrões.

Qualquer trabalhador minimamente informado sabe que a ruptura do PCdoB é mais uma traição e a rejeita de imediato. A tendência dos trabalhadores e de várias lideranças sindicais é a de sair à luta imediatamente contra o divisionismo do PCdoB e derrotar esta manobra patronal.

É exatamente aí que entra o PSTU para confundir uma parcela de dirigentes sindicais e paralisar esta luta. E como é possível? É possível porque os PSTU vai explorar a ilusão de um setor de que ele, PSTU, é de esquerda e luta contra o pe-leguismo para fazer com que estes mesmos trabalhadores apoiem exatamente a

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política do PCdoB e da direção da ECT.Imediatamente, quando a indignação dos trabalhadores se levantou contra

o PCdoB, o PSTU saiu a público para “aplaudir” (nas suas próprias palavras) a ruptura do PCdoB e para propor ele mesmo a ruptura, arrastando junto com eles os pequenos sindicatos que agrupou na federação anã.

Assim, o que os trabalhadores vêem como sendo uma traição da máfia sin-dical do PCdoB contra a categoria, o PSTU apresenta como sendo uma “luta” contra o PT.

Fazem um malabarismo para confundir ainda mais os trabalhadores ao apre-sentar o PCdoB, principal tropa de choque da traição aos trabalhadores como estando “rompendo” com o PT – uma mentira descarada – chamando-o a “rom-per com o governo”, coisa que qualquer um sabe que nunca irá acontecer e que somente serve para confundir os trabalhadores dando a ideia de que o PCdoB não é pelego, mas um grupo de pessoas honestas que estavam sendo enganados pelo PT e agora estão evoluindo à esquerda.

A maior confusão de todas, que fazem em todos os sindicatos, é entre romper politicamente, ser contra a política patronal de fato, e a ruptura puramente apa-rente que é criar um novo sindicato ou federação, cuja política nada mais é que a mesma política dos outros com os quais rompeu. Esta falsificação da realidade serve para atrelar ainda mais os trabalhadores à política da ala majoritária e ofi-cial do peleguismo.

Assim foi sempre com o PSTU e assim será sempre com o PSTU até que os trabalhadores se convençam pela sua própria experiência de que a política deste partido nada mais é que a versão com sabor esquerdista da política do PT.

Os trabalhadores e sindicalistas dos correios precisam compreender, com base na experiência que está sendo realizada neste momento, que a política do PSTU é uma traição aos trabalhadores dos correios a serviço dos patrões da ECT e da privatização da empresa, disfarçada com um discurso de ruptura com os pelegos, contra os patrões e a privatização. Para isso, precisam entender que há uma enorme distância entre o que um partido diz e o que ele efetivamente faz. Neste momento, o PSTU fala que quer lutar contra o peleguismo, mas está, nos seus atos, ajudando o PCdoB a trair os trabalhadores. As palavras não mudam os fatos.

Um plano para preservar os sindicalistas vendidos à direção da empresa

O fato fundamental da situação atual, que o PSTU, com seus golpes de mágico de circo quer ocultar dos trabalhadores dos correios e dos sindicatos é que o pele-guismo está afundado em uma crise sem precedentes na história do sindicalismo do correio.

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Em junho vai ocorrer o XI Congresso da Fentect e todo mundo sabe que esse momento é decisivo para a constituição do comando de negociação da campanha salarial e da própria direção da federação.

Do último congresso, em 2009, a diferença entre o conjunto das forças do peleguismo, PT e PCdoB e as forças de oposição, passou de 50% dos delegados para menos de 10%.

No Congresso de 2009, o bloco dos sindicalistas patronais tinha 75% dos dele-gados. Neste, terá pouco mais de 50%. O peleguismo perdeu cerca de um quarto dos delegados que passaram para a oposição. Um dos fatores fundamentais nessa crise é o racha entre PT e PCdoB, que é o mais importante resultado da pressão dos trabalhadores sobre a burocracia.

Estes dados estão mostrando o enorme avanço da oposição como resultado da revolta da categoria contra as traiçãos.

O bloco pelego, por outro lado, embora tenha uma pequena maioria de dele-gados está completamente dividido e enfraquecido, o que abre enormes possibi-lidades para a oposição, tanto no Congresso como na Campanha Salarial.

O PSTU vem, por debaixo do pano, tentando enganar os sindicalistas dos sindicatos da federação anã dizendo que não é verdade que o congresso está equilibrado. É mais um argumento de mágico de caberé, pois se o Congresso não estiver equilibrado, nem mesmo os matemágicos do PSTU conseguirão de-monstrar que a relação de forças na categoria dos correios virou-se totalmente contra o peleguismo e que a linha de desenvolvimento aponta claramente para o crescimento dos oposição e para o enfraquecimento do peleguismo. Este fato é inconveniente também porque este desenvolvimento de crise do peleguismo atinge o próprio PSTU que passou de ser a maior força do movimento sindical dos correios em 2003 dirigir hoje apenas dois sindicatos, Pernambuco e Vale do Paraíba e para perder completamente a sua autoridade política em S. Paulo, onde sempre dominaram o sindicato dos correios em aliança com o PT e o PCdoB.

A formação do bloco dos 17 não foi produto do acaso, mas da crise da política da burocracia sindical do PT, do PCdoB e do próprio PSTU. O PSTU conseguiu na maré baixa que se seguiu à provação do acordo arrastar os sindicalistas para a formação da federação anã com mentiras, dissimulação e intrigas. Agora, está se formando um bloco ainda mais poderoso de oposição e a tendência geral na categoria é a do fortalecimento da oposição e enfraquecimento da burocracia.

Qualquer pessoa com um mínimo de experiência no movimento sindical pode perceber, acima de qualquer dúvida, que este é um momento decisivo para organizar a luta contra o a burocracia sindical do PT e do que restou do PCdoB dentro da Fentect e impor a eles e à direção da ECT uma derrota decisiva.

Mais importante ainda, a ruptura dos sindicatos de S. Paulo e do Rio de Ja-neiro, enquanto o restante do movimento sindical nacional se mantém unido, re-

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presenta um extraordinário enfraquecimento dos pelegos destes dois sindicatos que, no desespero, levaram a si mesmos a uma posição de completo isolamento e que abre também uma enorme possibilidade de reconquistar os dois maiores sindicatos para a oposição. Estes se somariam ao terceiro maior sindicato, que é o Sintect-MG, dirigido por Ecetistas em Luta, formando uma força avassaladora dentro da federação.

O caráter profundamente contrarrevolucionário, traidor e nefasto da política do PSTU deve ser compreendido diante dos fatos que estão aí para qualquer um analisar. Diante destes fatos, o apoio ao PCdoB e a proposta de dividir o movi-mento nacional é uma das maiores, senão precisamente a maior traição que os trabalhadores dos correios já sofreram em toda a sua história.

A federação anã e o PSTU estão trabalhando para entregar o XI Congresso da Fentect ao PT em crise

A Federação Anã, formada pelo PSTU e por sindicalistas confusos, foi criada para defender a divisão dos trabalhadores, em favor dos pelegos e dos patrões, em troca de cargos e verbas estatais e outros privilégios para um punhado de sindicalistas que perderam todo o prestígio na base dos seus sindicatos, como se pode ver em S. Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Rio Grande do Sul etc. A caricatura de federação do PSTU publicou um Manifesto, sem nenhuma discussão com os trabalhadores de base dos sindicatos e, nem mesmo com os diretores do próprios sindicatos. Na Paraíba, a maior parte dos diretores do sindicato – até mesmo porque metade da diretoria é formada por militantes do PT (!) - já denunciaram o golpe dado por uma única pessoa, o sr. Emanuel, mostrando que sequer hou-ve reunião da diretoria e que Emanuel tomou a decisão sozinho sem consultar ninguém.

Os anões pubicaram depois uma nota ridícula onde dizem que o PCO está caluniando este tal Emanuel. A calúnia seria, dizem por debaixo do pano, mas não em público, entre outras coisas, que o PCO afirma que o sr. Emanuel é um di-tador e isso seria um “ataque pessoal”. O argumento é ainda mais ridículo quando é “explicado” (por isso, não é explicado de público, para não matar os trabalhado-res de rir), primeiro porque é uma coisa óbvia, que não precisa ser demonstrada que quando uma única pessoa toma decisões à revelia e contra toda a diretoria e mais dois mil trabalhadores é quase que um definição de dicionário de ditador. Em segundo lugar, porque a “calúnia”, que no dicionário do PSTU significa “a ver-dade” não foi feita pelo PCO, que apenas a divulgou, mas pelos próprios diretores que foram atropelados pelo aprendiz de ditador.

A importância desta crise que expõe a ditadura emanuelista na Paraíba é que revela que esta política não expressa o sentimento das massas, mas é uma tenta-

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tiva de impor aos trababalhadores e a todos os desejos de um punhado de buro-cratas de segunda linha em interesse próprio.

A mesma fraude dos ditadores do PSTU foi feita contra outros sindicatos, como o Sintect-PI, que já desmentiu oficialmente o Manifesto divisionista da ca-tegoria. A diretoria do Amazonas também não autorizou a assinatura deste ma-nifesto e não sabemos dos outros três sindicatos, mas está absolutamente claro que, até o momento, tudo vem sendo feito em surdina. Tem que ser assim, pois o maior inimigo desta política é a publicidade, pois uma vez que os trabalhadores saibam que os seus dirigentes querem dividir a categoria em aliança com os que assinaram o acordo bianual – o chefe da máfia do PCdoB no Comando de Nego-ciação da Fentect, o “Ronaldão”, é que foi o líder da façanha – a situação destes combativos sindicalistas ficaria periclitante como já o está na Paraíba.

Nesse manifesto,o PSTU defende que os trabalhadores dos correios deveriam romper com a Fentect, pegando carona na traição do PCdoB. Eles aplaudem o PCdoB (diretoria de S. Paulo e Rio de Janeiro), os maiores traidores da categoria que já romperam e também estão dividindo os trabalhadores.

Pelas costas de todos os trabalhadores, PSTU prepara a maior de todas as trai-ções nesta categoria tantas vezes traídas

A divisão da Fentect em três federações, como propõe cinicamente o PSTU significaria nada menos que a destruição da unidade nacional dos trabalhadores. Em lugar de uma organização unitária, surgirão três organizações mutiladas, de-bilitadas, cuja única função – qualquer que seja a sua direção – será a de ser um joguete nas mãos dos patrões.

O trabalhador, que vive do seu baixo salário, lutando contra as maiores di-ficuldades para manter a cabeça para fora d’água, vê a luta sindical como uma necessidade fundamental. Destruir a única ferramenta que o trabalhador tem para enfrentar o patrão que o oprime como um escravo no local de trabalho é uma coisa que nenhum trabalhador pode aceitar.

Se o seu sindicato está dirigido por pelegos, por pessoas sem caráter e sem hombridade que se venderam por um salário maior, traindo os seus irmãos de classe, a solução é derrubá-los, colocar outros no seu lugar, mudar os estatutos, ou seja, melhorar o seu instrumento de luta da melhor maneira possível.

Já para o pequeno-burguês, que acredita que o capitalismo sempre vai lhe dar o que precisa, embora isso não seja verdade, porque ele tem um pouquinho mais que os operários que vivem exclusivamente dos salários, o sindicato não é uma ferramenta de luta pela sobrevivência, mas um mero divertimento, um brinque-do ou, no caso dos mais venais, um meio de vida às custas da maioria dos traba-lhadores. Por isso, para eles, destruir uma federação nacional unitária, que leva

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todos os trabalhadores do país juntos à luta, não significa nada. Eles dizem: “esse brinquedinho está chato, vou pedir a papai para comprar outro, sem pelegos, sem pessoas que se vendem para o patrão”. E isso, quando eles mesmo estão prontos a se vender para o patrão!

Esse crime, no entanto, é muito maior, mais concreto, imediato e tramado conscientemente pelo PSTU do que pode parecer à primeira vista.

O manifesto da federação anã faz também uma outra declaração, da maior importância para compreender o verdadeiro sentido da política do PSTU e na qual aquele partido está envolvendo todos os sindicatos da federacão anã como São José dos Campos, Vale do Paraíba, Pernambuco, Amazonas, Piauí e Paraíba.

Segundo eles:“Por isso, diferente dos outros anos, proporemos que os sindicatos não dêem

essa autorização para FENTECT ou seu Comando de Negociações.“Vamos eleger um novo Comando Nacional de Mobilização e Negociação,

diretamente nas instâncias de base da categoria, composto por companheiros provados na luta, que não se ven- dam para o governo e a direção da empresa, em troca de cargos, como fez (sic) nos últimos anos os dirigentes sindicais da CUT e CTB” (Manifesto da FNTC, assinado pelos sindicatos de Pernambuco, Paraíba, Piauí, Amazonas, Vale do Paraíba e S. José dos Campos, com a ressalva de que a diretoria do Sintect-PI negou posteriormente ter dado autorização para assinar este manifesto e vários diretores da Paraíba declararam que a assinatura do Sintect-PB foi ali colocada em sequer discussão na diretoria).

O que significa essa declaração?Simplesmente que os sindicalistas do PSTU/Conlutas e dos demais sindicatos

da federação anã estão declarando que não vão participar da eleição do comando de negociação da campanha salarial, que não vão votar na oposição no XI Con-gresso da Fenect nos candidatos da oposição para derrotar os sindicalistas do PT e da direção da ECT nem para o Comando de Negociacão, nem para a direção da Fentect. Que vão entregar a direção da campanha salarial e da federação para o sindicalistas que estão a soldo do governo PT, boicotando a luta da oposição!

Vão formar um comando com três ou quatro sindicatos, que agrupam menos de 7% de total de trabalhadores dos correios e deixar os outros 93% de trabalha-dores, ou seja, 93.000 mil trabalhadores exclusivamente nas mãos dos sindicalis-tas a mando da direção da empresa!

Ouçam bem, trabalhadores dos correios e sindicalistas da federação anã! O PSTU não quer participar da luta para derrotar o PT e o PCdoB no Comando de Negociação e na direção da Fentect! Quer deixar o comando de negociação exclusivamente nas mãos do PT!

OUÇAM BEM, TRABALHADORES DOS CORREIOS E SINDICALISTAS DA FEDERAÇÃO ANÃ! O PSTU QUER DERROTAR A OPOSIÇÃO NO CON-

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GRESSO E DAR A VITÓRIA EXCLUSIVA AO PT!OUÇAM BEM, TRABALHADORES DOS CORREIOS E SINDICALISTAS

DA FEDERAÇÃO ANÃ! O PSTU QUER QUE O PT – OS VENDIDOS QUE RECEBEM CARGOS – DIRIJAM A CAMPANHA SALARIAL DOS CORREIOS SOZINHOS!

OUÇAM BEM, TRABALHADORES DOS CORREIOS E SINDICALISTAS DA FEDERAÇÃO ANÃ! O PSTU QUER DEIXAR A CAMPANHA SALARIAL NAS MÃOS DE DILMA ROUSSEF, PAULO BERNARDO E WAGNER PINHEI-RO PARA QUE ELES FAÇAM O QUE QUEIRAM COM OS TRABALHADO-RES!

OUÇAM BEM, TRABALHADORES DOS CORREIOS E SINDICALISTAS DA FEDERAÇÃO ANÃ! NO MOMENTO DE MAIOR CRISE DA PELEGADA DO PT E DO PCDOB, QUANDO O CONGRESSO ESTÁ DIVIDIDO PELA METADE, DEPOIS DE 10 ANOS DE DURAS BATALHAS CONTRA OS PE-LEGOS, O PSTU CHAMA A OPOSIÇÃO E OS TRABALHADORES A ABAN-DONAREM O CAMPO DE BATALHA E DEIXAR O PT VENCER POR W.O.!

OUÇAM BEM, TRABALHADORES DOS CORREIOS E SINDICALISTAS DA FEDERAÇÃO ANÃ! NO MOMENTO EM QUE A EMPRESA, OU SEJA, O GOVERNO DO PT E DO PCDOB, ESTÁ PRIVATIZANDO A EMPRESA, AU-MENTANDO A TERCEIRIZAÇÃO, IMPONDO O SISTEMA NAZISTA DO SAP, O PSTU CHAMA A OPOSIÇÃO E OS TRABALHADORES A DEIXAR A CAMPANHA SALARIAL NAS MÃOS DOS SINDICALISTAS A SERVIÇO DO GOVERNO, SEM LUTA NENHUMA.

OUÇAM BEM, TRABALHADORES DOS CORREIOS E SINDICALISTAS DA FEDERAÇÃO ANÃ!

ESTA É A MAIOR, MAIS MONSTRUOSA, MAIS PÉRFIDA FACADA NAS COSTAS DOS TRABALHADORES DOS CORREIOS DE TODA A SUA HIS-TÓRIA CHEIA DE TRAIÇÕES! MAIOR QUE ACORDO BIANUAL, O BAN-CO DE HORAS E O PCCS QUE ABRIU CAMINHO PARA A IMPLANTAÇÃO DO SAP!

O PSTU já está boicotando a luta da oposição, em favor do PT

Pois bem, Emanuel e o PSTU estão boicotando abertamente o congresso com a desculpa de que querem romper com a Fentect, mas tudo o que estão fazendo é garantir uma maioria do PT no comando.

Vejamos alguns exemplos que mostram que Emanuel e o PSTU estão prestan-do o serviço ao PT.

Pois bem, diante desse quadro favorável aos trabalhadores, o PSTU e seu ami-go Emanuel defenderam que o Sintect-SJO não participasse do congresso. Esse

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golpe contra os trabalhadores de São José do Rio Preto e de todo o País custou cinco delegados a menos para a oposição.

No Rio de Janeiro, o PSTU “saudou” a ruptura dos traidores do PCdoB e deci-diu não eleger delegados, o que representou no mínimo cinco delegados a menos para a oposição e cinco delegados a mais para o PT e o sindicalismo patronal.

Em São Paulo, o PSTU foi o principal articulador para que a oposição não fizesse assembleia contra a ruptura do PCdoB, ameaçando inclusive entrar com processo judicial se a assembleia fosse realizada. A companheira Anaí Caproni enviou ofício à direção da Fentect reivindicando a realização da assembleia dian-te da abstenção da direção do Sintect-SP, que foi negada em função desta ameaça do PSTU/Conlutas. Resultado: menos delegados para a oposição.

No Rio Grande do Sul, mais uma vez os integrantes da Federação Anã fizeram um escandaloso corpo mole (que pode ser chamado também de boicote) e elege-ram menos delegados do que poderiam, ou seja, não elegeram nenhum delegado. Mais uma baixa para a oposição.

Se não tivesse havido esse boicote, a relação entre o sindicalismo pelego e a oposição seria virtualmente um empate, O QUE PODERIA DAR AUTOMA-TICAMENTE O CONTROLE DA CAMPANHA SALARIAL PARA O BLOCO OPOSICIONISTA.

Mesmo com o boicote aberto do PSTU e da Federação Anã, a situação de delegados para o Congresso apresenta uma grande evolução da oposição e um recuo acentuado do bloco PT-PCdoB, ou seja, do sindicalismo patronal.

Diante disso, a Federacão Anã declara que vai boicotar agora a eleição do Co-mando e da própria Federacão entregando tudo para o PT.

O aumento da força da oposição EM QUALQUER SITUAÇÃO, MESMO COM O BOICOTE DO PSTU/CONLUTAS E DOS SINDICATOS DA FEDERA-ÇÃO ANÃ significa um maior controle dos trabalhadores na campanha salarial.

Está patente que o sindicalismo patronal do PT e do PCdoB está em retroces-so. Está também patente que a sua principal, senão única tábua de salvação é o bloco PSTU/Federação Anã.

A ideologia da traição: segundo o PSTU, “não é possível derrotar o peleguis-mo na Fentect”

O PSTU/Conlutas vem espalhando – como sempre, debaixo do pano – que “não é possível derrotar o bloco patronal na Fentect”. Esta seria a sua explicação para romper com a Fentect e não travar a luta contra o bloco patronal.

O que significa esta ideia? Apenas isto: que o PSTU entregou os pontos antes mesmo de lutar e está convencendo outros a fazer o mesmo.

O trabalhador não pode se dar este luxo de pensar que não pode derrotar

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a burocracia; ele tem que lutar pela derrubada da burocracia para conseguir a vitória das suas reivindicações. Por outro lado, nenhum trabalhador de verdade tem a ilusão de que se pode fugir do peleguismo. O peleguismo é uma política estimulada e organizada pelos capitalistas através da corrupção dos dirigentes sindicais e da exploração do seu atraso político e do seu reformismo. Forme uma nova federação e logo estará cheia de pelegos: não existe sindicato ou federação à prova de peleguismo. O peleguismo tem que ser derrotado politicamente pela única via possível, ou seja, pelo esforço para fazer evoluir a consciência da massa de trabalhadores, que aprendem por meio da experiência a reconhecer os seus inimigos de classe, os traidores, e a se organizar em torno de um programa de classe. Não há outro caminho: formar federações de brinquedo com a esperança de criar um clube do bolinha onde pelego não entra é uma ilusão que somente pode passar pela cabeça de crianças ou de pessoas que não estão interessadas na luta dos trabalhadores, mas em cargos sindicais.

Nesse sentido, a ideologia do PSTU é uma ideologia de traidores. O PSTU/Conlutas não confia na capacidade de 100 mil trabalhadores derrotarem uma centena de burocratas do PT. E não acreditam porque não acreditam no próprio trabalhador, nas bases sindicais, mas apenas na força do aparelho sindical para dominar os trabalhadores. Não é uma ideologia de um partido operário ou de um sindicalismo de classe, mas de burocratas sindicais que acreditam que o tra-balhador é um escravo ignorante que pode ser eternamente dominado por um punhado de vigaristas.

A experiência dos correios está mostrando justamente o contrário, ou seja, que os trabalhadores cada vez evoluem mais para derrotar a burocracia. E no exato momento em que esta luta começa a crescer, o PSTU/Conlutas forma a Federacão Anã para tentar dar um golpe na luta dos trabalhadores, dividindo o seu movimento nacional em favor do PCdoB.

Uma política da Conlutas e do PSTU imposta aos trabalhadores dos correios

É preciso esclarecer uma coisa muito importante sobre esta política de rup-tura. Ela de forma alguma parte das necessidades da luta dos trabalhadores dos correios, que aponta toda no sentido oposto, ou seja, da unidade nacional na luta. O que está colocado neste momento não é dividir a categoria em cinco ou seis federações impotentes, mas unificar ainda mais solidamente os trabalhadores em um único sindicato nacional dos trabalhadores dos correios com regionais em todos os municípios e regiões importantes.

Por que, então, esta política, neste momento?O fato é que os próprios dirigentes sindicais do PSTU estão sendo forçados

pela direção do seu partido e pela direção da Conlutas a levar adiante uma polí-

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tica que eles sabem perfeitamente ser amplamente impopular no meio dos tra-balhadores.

A necessidade que leva a propor a ruptura com a Fentect nada tem a ver com a luta real dos trabalhadores dos correios, mas com as necessidades burocráticas do PSTU e da Conlutas.

A ruptura da Fentect está a serviço da necessidade do PSTU de legalizar esta fachada de central sindical que é a Conlutas. É um problema legal e burocrático e está relacionado com a expectativa dos seus dirigentes de conseguir verbas e privilégios sindicais de acordo com a legislação sindical em vigor.

Para entender isso, basta ver que o PSTU não quer criar um bloco de oposição ou coordenação ou comando de luta para, sem romper com a Fentect, criar uma direção alternativa ao peleguismo na luta direta contra ele. E por que? Porque bloco de oposição e coordenações não dão nem verbas nem cargos, apenas ser-vem para organizar a luta.

O mercado sindical, a capitulação diante da política burguesa para o sindica-tos e a crise da Conlutas

A burguesia, cuja grande arte é manipular as ilusões dos pequeno-burgueses contra os trabalhadores para poder explorar a ambos, plantou uma isca para os dirigentes sindicais burocráticos e pequeno-burgueses engolirem o anzol que es-tava por detrás.

Estabeleceu uma legislação que permite a qualquer grupelho criar a sua pró-pria central sindical. Pelegos de direita como o PCdoB e outros que queriam escapar da Força Sindical e abrir o seu próprio pequeno negócio (não estamos na época neoliberal, do pequeno empreendedor?) e pelegos de esquerda como os sindicalistas do PSTU e outros também.

Qual era a função disso? Em primeiro lugar, retirar da Central Única dos Tra-balhadores a pressão para agir contra o governo, deixar o caminho livre para a burocracia controlar os principais sindicatos do país e pulverizar a pressão ope-rária em inúmeras organizações sindicais, a maioria delas sem qualquer outra função que servir como apito da panela de pressão.

Em segundo lugar, estimular a ilusão destes grupinhos sindicais para que se colocassem a serviço do confucionismo no movimento sindical, atuando como instrumento de desorganização progressiva do movimento sindical para abrir caminho para a reforma sindical ambicionada pela burguesia.

O PSTU, cumprindo sua vocação para dar uma aparência de esquerda às pio-res políticas da burguesia contra os operários, logo mordeu a isca e engoliu o anzol da burguesia, pregando que era preciso construir uma central sem pelegos, uma espécie de templo de sacerdotisas virgens do sindicalismo. Agruparam de-

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trás desta farsa – porque os sindicalistas que se agruparam aí podem ser tudo me-nos virgens inocentes – todo o tipo de sindicalismo, da direita à extrema esquer-da, encobrindo tudo com uma propaganda vazia contra o “governismo”, ou seja, disseminando o atraso político que encobre a luta de classes, uma vez que a luta contra o governismo é também a luta do PSDB, que é tão antigovernista como o PSTU. De quebra, pegaram carona na política oposicionista de direita ao governo Lula, ou seja, uma política que é pior ainda que a política burguesa do PT.

Com a lei das centrais sindicais, o governo (“governismo”?) criou um mercado sindical e envolveu os sindicalistas de menor envergadura na luta por este mer-cado sindical. O PSTU, o mais fraco de todos, somente poderia participar aí com uma política de aparência esquerdista, usando o governismo para agrupar tanto a esquerda como a direita sindical, ambos antigovernistas, mas não antiburgueses.

O que os seguidores do PSTU nunca conseguiram compreender, o que revela a sua completa indigência política, é que a ultrarrevolucionária central sindical proposta pelo PSTU estava sendo feita não contra a lei sindical fascista que existe no país, mas completamente dentro dela. É uma central sindical legalista (“gover-nista”?). Uma central bem comportada que busca cumprir todos os requisitos da lei e esta é justamente a sua preocupação principal.

Agora, chegou a hora das centrais mal comportadas ou bem comportadas como a Conlutas mostrarem se conseguem cumprir os números exigidos pela reforma sindical parcial que criou esta lei. E o problema é justamente que esses números faltam ao PSTU/Conlutas, o que ameaça comprometer toda a operação, uma vez que a preocupação do PSTU não é com a luta, mas com o dinheiro e os cargos, com o aparelho burocrático, sustentado pelo Estado através da legislação fascista reformada para os sindicatos.

É isto o que explica o verdadeiro frenesi para romper com a Fentect. É preciso acrescentar números para cumprir a legislação sindical.

Que todos os que apoiam a Conlutas (que nunca luta, nem nunca lutou) sai-bam que estão apenas servindo de degrau para a criação de um aparelho sindical estatizado (tudo conforme a lei sindical).

É preciso romper com a política do PSTU e com a Federação Anã

O PSTU/Conlutas e a Federacão Anã já deixaram claro que querem deixar o comando de negociação nas mãos do PT. Quem defende romper com a Fentect e faze corpo mole no congresso com tal situação favorável aos trabalhadores?

É EVIDENTE O TRUQUE DE MÁGICO QUE O PSTU QUER REALIZAR. QUER IMPOR UMA DERROTA À OPOSIÇÃO DENTRO DA FENTECT PARA DESMORALIZAR TODA A LUTA DOS TRABALHADORES OPOSICIONIS-TAS DENTRO DA FENTECT CONTRA O SINDICALISMO PATRONAL PARA

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QUE ACEITEM COMO PRÊMIO DE CONSOLACÃO A CONSTRUÇÃO DA FEDERAÇÃO ANÃ, QUE É UM VERDADEIRO CONSOLO DE VIÚVA.

Esta política só pode estar a serviço da direção da ECT e do governo do PT, por meio da defesa dos interesses particulares dos dirigentes do PSTU e da Con-lutas e dos interesses menores dos sindicalistas do PSTU nos correios, ainda por cima jogando com o medo dos sindicalistas de que “não é possível derrotar os pelegos”.

Diante disso, chamamos todos os trabalhadores e dirigentes sindicais da Fe-deração Anã a romper integralmente com esta política de capitulação e traições monstruosas, a sair da Federação Anã e a formar um bloco de oposição para impor uma derrota ao sindicalismo patronal no XI Congresso da Fentect e após ele na campanha salarial.

A relação de forças se inclina neste momento em favor dos trabalhadores contra o governo e o sindicalismo patronal. É preciso desenvolver este processo até o fim com a mobilização dos trabalhadores nacionalmente para impor uma derrota definitiva ao sindicalismo patronal.

Por uma campanha nacional de pressão sobre o congresso

Está claro que chegou a hora de derrubar os pelegos. O movimento dos traba-lhadores dos Correios a cada acontecimento tolera menos ainda aqueles que traem a categoria. Se os trabalhadores se unirem na oposição, como já vem acontecendo, os dias do peleguismo do PT e do PCdoB na Fentect estão contados.

Está na ordem do dia derrotar o PT na Fentect e garantir um comando de nego-ciação que seja efetivamente controlado pelos trabalhadores. Este controle será ainda maior com a greve unitária nacional dos trabalhadores dos correios na campanha salarial.

Mas, para isso, a categoria deve passar por cima também daqueles que querem boicotar a luta contra o PT, por isso, os trabalhadores não devem aceitar qualquer vacilação e menos ainda qualquer traição das suas direções sindicais.

A pressão dos trabalhadores de base sobre todos os sindicatos do país, a começar pelos sindicatos dirigidos pelo PCdoB e pela Federacão Anã, mas estendendo-se para os sindicatos controlados pelo bloco PT-PCdoB é fundamental para avançar e para a vitória dos trabalhadores sobre os patrões e seus agentes no interior dos sindicatos.

É preciso organizar esta pressão através de um amplo e enérgico trabalho de es-clarecimento para o maior número possível de trabalhadores sobre o que realmente está em jogo no congresso e a traição que está sendo armada pelo PSTU/Conlutas e pela Federação Anã.

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Crise nos Correios

PCdoB rompe com a fe-deração e expõe crise do sindicalismo patronal

Após anos de traição e peleguismo, desesperados pela completa desmoralização em suas bases, o anúncio oficial da saída do sindicato dos trabalhadores do Rio de Janeiro da Fentect, dirigido pelo PCdoB/CTB, expõe a crise terminal da burocracia nos Correios

O sindicato dos trabalhadores do Correio do Rio de Janeiro anunciou a sua desfiliação à Fentect e a não participação do XI Contect (Congresso dos Traba-lhadores do Correio) que vai ocorrer em Junho.

O anuncio da ausência dos sindicatos do Rio de Janeiro e, muito provavel-mente, de São Paulo (que já anuncia extraoficialmente nos setores de trabalho que também não comparecerá) para o XI Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, revela de maneira contundente o imenso racha no principal bloco da burocracia sindical dos Correios (PT-PCdoB) e, ao mesmo tempo, assinala a própria liquidação da burocracia como tal, completamente re-pudiada pelos trabalhadores.

A decisão do PCdoB é uma política de auto exclusão e isolamento que deve significar inclusive a morte do próprio partido dentro do movimento dos Cor-reios. É uma manobra desesperada na tentativa de sobreviver diante da crise que se impôs, principalmente após a greve de 28 dias do ano passado, uma das maio-res e mais radicalizadas dos últimos 15 anos, quando houve uma enorme traição do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol), tendo justamente a diretoria dos sindicatos de São Paulo e do Rio de Janeiro como protagonistas da traição.

Depois da greve, inclusive, a diretoria do Sintect-SP chegou a ser agredida e expulsa de setores pelos trabalhadores, situação não muito diferente enfrentada pela diretoria do Sintect-RJ.

O atestado de óbito da burocracia sindical

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A operação do PCdoB, puro desespero de causa, é a tentativa de sobreviver diante de sua própria decomposição e do desgaste político diante da categoria. Participar do congresso da Fentect significa expor a diretoria do sindicato e sua frágil e pequeníssima base de apoio às críticas feitas pela corrente Ecetistas em Luta, pela esquerda e da própria Articulação, pela direita, a qual com a subida do PT à direção da empresa, assedia com cargos e privilégios a já susceptível e minúscula base de sustentação do PCdoB, acostumada a prestar serviços a quem domina postos na empresa e, portanto, pode praticar a famosa “troca de favores”, que nada mais é do que a traição da categoria pelos dirigentes sindicais.

Importante lembrar que o PCdoB, por tradição política no Brasil, sempre foi um partido sustentado pelo PMDB, não por acaso o enfraquecimento do PMDB na política nacional e, particularmente no Correio, significa um enorme enfra-quecimento na burocracia do PCdoB, a qual não possui mais as enormes cone-xões com a direção da empresa, conexões estas que garantem o apoio sistemático de diretorias regionais nas disputas sindicais e no controle da categoria.

Para dimensionarmos o tamanho da crise, o PCdoB, dentro do bloco com o PT, representava cerca de 50% desse bloco, nessas circunstâncias já não se trata simplesmente de um racha, mas da própria liquidação desse bloco, implicando diretamente no desaparecimento definitivo da principal força que sustenta a bu-rocracia sindical nos Correios; significa o fim da aliança (PT-PCdoB) que permi-tiu nas últimas décadas estrangular o movimento de luta da categoria em diversas oportunidades com uma ajuda pela esquerda de setores como o PSTU.

A formação do bloco burocrático

O movimento sindical dos trabalhadores dos Correios coincide com o ascen-so geral da classe operária brasileira em 1985-1986. Naquele momento, uma ca-mada de trabalhadores acompanha o movimento geral contra a ditadura militar, derrubando os militares que comandavam diretamente a empresa, estabelecen-do, através de greves e grandes mobilizações, as primeiras associações e, poste-riormente, os sindicatos da categoria.

À medida que o movimento começou a refluir, já no final dos anos 80, sua ala centrista, aproveitando-se do refluxo, representada pelo que hoje é o PSTU, tomou conta desse movimento que começava a assumir um caráter claramente burocrático. A partir desse momento, após o ascenso revolucionário da catego-ria, forma-se uma aliança entre PSTU-PCdoB. É importante destacar que essa aliança não era uma exclusividade dos Correios, mas coincide com a entrada do PCdoB na CUT, apoiado pelo PSTU, na época Convergência Socialista. O PCdoB era, no momento de ascenso operário dos anos de 1980, a tropa de choque do pe-leguismo para tentar deter, inclusive pela violência física e policial o movimento

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ascendente dos trabalhadores. Sua entrada na CUT marca também o estrangula-mento do caráter combativo da entidade e fortalece a burocracia no seu interior.

A entrada do PT no movimento dos correios, precisamente sua ala mais di-reitista representada pela Articulação, vai se dando lentamente, acompanhando o aprofundamento do refluxo do movimento. O PT será sobretudo uma criação de militantes dissidentes do PSTU, o qual como um todo evolui à direita, mas tem dificuldade de fazer a política abertamente oportunista do PT.

O predomínio da ala centrista da burocracia sindical nos Correios, ou seja, do PSTU, em aliança com o PCdoB, vai prevalecer até pouco antes da subida do PT ao governo federal.

Em 2002, então, é formado o bloco PT-PCdoB, excluindo o PSTU que ingressa em uma etapa de declínio definitivo perdendo os seus principais sindicatos (São Paulo Capital, Campinas, Rio Grande do Sul etc.) a partir da importante greve de 2003. Ao mesmo tempo, nesse período, começa a ocorrer um novo ascenso da categoria, com a greve de 2003, e será justamente o PSTU a primeira vítima dessa nova situação. Apesar de dominar a maioria dos sindicatos, o PSTU, ala mais fra-ca da burocracia justamente pelo seu caráter centrista, foi sendo esmagado pelo novo bloco PT-PCdoB, até perder completamente a expressiva participação na diretoria do sindicato de São Paulo e em vários sindicatos nacionalmente.

A burocracia em queda livre

A partir de 2002-2003, quem dominará o bloco da burocracia seria o PT, sus-tentando sua política através da utilização de uma clientela nos setores. No entan-to, já em 2003, toda a burocracia sofre um golpe decisivo. Uma forte greve, que supera a limitação das greves burocráticas realizadas até então, que termina com os trabalhadores atacando os dirigentes sindicais de todo o Bando dos Quatro no carro de som da assembleia de São Paulo, retoma com força o ascenso da catego-ria e consequentemente abre plenamente a crise da burocracia.

A crise é tão intensa que nas eleições sindicais de 2004, foi necessária uma operação fraudulenta desesperada para impedir que a oposição classista, a Cor-rente Ecetistas em Luta, ganhasse a diretoria do sindicato de S. Paulo, realizada através da tomada pela força da sede do sindicato e das urnas, o maior do País.

A evolução da crise é implacável e o PT em pouco tempo perde completamen-te seu domínio. São necessárias mais duas eleições fraudulentas (2007 e 2010), sendo que em uma delas (2007) o Bando dos Quatro foi obrigado a contar com o apoio de uma intervenção da Justiça patronal para manter o sindicato de São Paulo.

É a partir daí que o sindicato é entregue nas mãos do PCdoB. A crise já é tão aguda que é necessário manter no maior sindicato da categoria, assim como no

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Rio e em Brasília, a ala mais direitista da burocracia e também com menor apoio nas bases. A única forma de segurar os trabalhadores, ainda que com debilidade, é o controle ditatorial do sindicato por uma máfia sindical típica: o PCdoB. A inversão da aliança PT-PCdoB para se apoiar sobre este último partido já era um sinal claro da enorme crise da burocracia, uma vez que o único setor sólido da burocracia seria o próprio PT. A formação do Bloco dos 17 sindicatos, com quase metade dos sindicatos da categoria, em 2009, foi a prova do enfraquecimento da burocracia e somente pode ser contornado temporariamente através da corrup-ção de uma parte dos dirigentes sindicais e com a ajuda da atividade divisionista do PSTU que se pôs a formar uma caricatura de federação, a federação anã, com seis sindicatos e menos de 10% da categoria.

Com a recente decisão do PCdoB de sair da Fentect, chega à total falência a última cartada da burocracia para controlar o movimento dos trabalhadores. A burocracia sindical, tal como se estruturou nos últimos 15 anos está morta e seu corpo está sendo velado na sede do Sintect-RJ.

Só restou o PT-patrão... será?

A morte desse bloco, dominante até a crise atual, representa o fim da burocra-cia sindical dos Correios e coloca na ordem do dia o aparecimento de oposições classistas e independentes em todos os lugares, pois, a burocracia sindical, o obs-táculo que se interpõe entre os trabalhadores e os patrões, desmoronou.

Os capitalistas e a direção da empresa, no entanto, necessitam conter esse mo-vimento, mas não podem mais contar com os sindicalistas traidores, odiados pela categoria, sem autoridade para levar a política da ataques da empresa contra os trabalhadores.

A solução dos patrões para esta crise catastrófica ficou clara no exemplo da assembleia para a eleição de delegados para o congresso, ocorrida em Campinas. Este exemplo revela que o plano do PT é que todos os sindicatos sejam dirigidos por chefes da empresa. O PT reuniu uma quantidade de chefes para participar da assembleia que levaram como cavalos no cabresto um grupo de operários para votar neles. Essa mesma articulação de chefes é visível em quase todos os sindi-catos, como por exemplo em Minas Gerais, onde um velho capacho do PT, Irton Santana, de Goiás, foi reintegrado, “milagrosamente” na empresa e transferido para Minas Gerais na esperança de organizar uma oposição de chefes e colocado – imaginem só – no maior setor da categoria. Furou a última greve da categoria, fazendo campanha contra o sindicato de dentro de umas das gerências, junto com o odiado chefe, o famoso traidor da campanha salarial de 2003, o “Teixeiri-nha “, com o qual faz dupla para defender a direção corrupta da empresa e atacar a diretoria do sindicato.

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O esquema do PT, no entanto, é extremamente frágil. Em Campinas, por exemplo, os trabalhadores presentes impediram a entrada dos chefes na assem-bleia e demoliaram a chapa patronal que não elegeu nenhum delegado. É um esquema patronal sem base nenhuma na categoria não tem a menor possibilida-de de se desenvolver no meio da crise de enormes proporções que se desenrola. Basta ver a radicalização dos 28 dias de mobilização na última greve. Para fun-cionar, este esquema teria que ser uma ditadura sobre os trabalhadores e sindi-catos maior que a ditadura militar conseguiu impor. Ocorre que estamos em um momento de crise e de franco crescimento da luta dos trabalhadores.

É necessário chamar os trabalhadores a passarem por cima dos chefes em todos os lugares.

PSTU/Conlutas: boi de piranha do PCdoB

O anúncio do PCdoB revelou completamente a farsa da política que vem sen-do levada pelo PSTU/Conlutas, os primeiros a falarem em romper com a Fentect e formar outra federação.

Apesar da política divisionista do PSTU/Conlutas de formar uma federação anã ter sido completamente repudiada até mesmo dentre vários de seus aliados, os principais elementos do PSTU/Conlutas nunca esconderam seu desejo de sair da Fentect.

A decisão do PCdoB/CTB revela que a propaganda divisionista do PSTU ser-viu para preparar o terreno para rompimento do PCdoB com a Fentect. Confor-me foi denunciado em várias oportunidades, pela Corrente Ecetistas em Luta, o PSTU/Conlutas estava a serviço da própria burocracia sindical e sua política, de aparência esquerdista para os trabalhadores mais mal informados e menos conscientes, era, na realidade, uma política direitista e patronal. A prova está em que foi usada pelo setor mais direitista da burocracia, que organizou a derrota de todas as campanhas salarial desde 2003!

Entretanto o tiro acabou saindo pela culatra. O PSTU será uma vítima indi-reta da crise já que com a decisão do PCdoB fica muito difícil conseguir colocar em prática a política divisionista levada até agora com a federação anã. Todos os argumentos pseudo-esquerdistas utilizados pelo PSTU/Conlutas para romper com a Fentect foram totalmente desmascarados pelo rompimento do PCdoB/CTB, que utiliza praticamente as mesmas justificativas que já foram levantadas pelo PSTU, mostrando o cinismo de tais colocações, por ambos os grupos.

Uma crise profundamente revolucionária

Muitos desavisados poderiam imaginar que a crise no seio da burocracia sin-

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dical não passa de uma manobra “por cima” cujo resultado seria apenas um rea-grupamento burocrático. Nada poderia ser mais falso.

A compreensão correta da crise exige que ela seja analisada como uma via de mão dupla. A divisão na burocracia vai levar a uma enorme crise revolucionária entre os trabalhadores e em contrapartida e ao mesmo tempo, a mobilização re-volucionária dos trabalhadores levou ao desmoronamento da burocracia.

Mas isso não basta, é importante ter claro que o trabalhador dos Correios vai se fortalecer na medida em que percebe a fraqueza da burocracia. A situação política ganha velocidade e é preciso criar urgentemente uma organização inde-pendente, de base e classista para ocupar o vazio deixado pelo fim da burocracia sindical.

As bases para essa nova organização podem aparecer no Congresso da cate-goria, mas ela deve ser encarada como um movimento amplo que está surgindo rapidamente em todos os setores de trabalho e cuja atuação central deverá se dar, acima de tudo, a partir da ação das bases sindicais.

Organizar a oposição classistaEstá na ordem do dia a organização e o fortalecimento de uma oposição na-

cional na categoria. É preciso organizar um movimento classista de luta em torno de um programa definido e derrubar de vez a burocracia que está podre. Esse programa deve colocar claramente o problema da independência política em re-lação aos patrões, da unidade dos trabalhadores através de um sindicato nacional e da luta revolucionária contra os ataques que o governo e a direção da empresa, ambos do PT, vêm cometendo contra os trabalhadores com o objetivo de priva-tizar a ECT.

Está em marcha uma verdadeira revolução na categoria que deverá servir de base e exemplo para a crise revolucionária que se aproxima no País e deve atingir em cheio as principais categorias operárias.

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PCdoB fora da Fentect

O desmoronamento final da burocracia sindical nos Correios

O Sintect-RJ, dirigido pelo PCdoB/CTB, anunciou sua desfiliação da Fentect, em uma tentativa desesperada de recuperar a completa desmoralização depois da greve

Em seu portal na internet, o Sintect-RJ (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro) anunciou sua desfiliação da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect). Conforme diz a notícia, uma reunião de diretoria teria decidi-do por “ampla maioria” a desfiliação. Este sindicato, o segundo maior da categoria, é formado pelo PCdoB/CTB, assim como o Sintect-SP, que segundo informações segu-ras, porém ainda extra-oficiais, deve tomar a mesma decisão de se retirar da Fentect.

Essa política, levada a cabo pelo PCdoB/CTB nessas diretorias, é mais uma ten-tativa de golpe contra os trabalhadores, assim como muitos outros e tantas traições que esses sindicalistas vêm cometendo há anos. Por toda essa história, qualquer tra-balhador minimamente informado sabe que o maior dos argumentos dados pela di-retoria do Sintect-RJ não passa de manipulação e oportunismo do mais chulo. O que está por trás da decisão do PCdoB/CTB é uma crise terminal de toda a burocracia sindical, que se expressa com mais força nas diretorias desses dois sindicatos, que justamente por serem os maiores da categoria, foram os primeiros a serem comple-tamente atropelados pela mobilização dos trabalhadores dos Correios e perderam completamente a pouca base que ainda mantinham – não podemos esquecer que em São Paulo, depois da traição na greve, membros da diretoria foram expulsos e agredi-dos por trabalhadores nos setores e no Rio a situação é muito parecida.

A desfiliação é uma tentativa desesperada das diretorias pelegas desses sindicatos de tentar ganhar certo fôlego, melhor dizendo, uma sobrevida, não se sabe bem di-reito de onde, já que sequer uma nova federação existe para que pudessem se apoiar.

O tal “fôlego” do PCdoB/CTB nos Correios poderia ainda vir de uma possível confusão que fosse gerada entre os trabalhadores, tentando jogar no colo da Articula-ção do PT todo o ônus das traições à categoria. Essa tarefa, no entanto, é quase impos-sível de ser realizada, já que todo mundo sabe que o PCdoB e o PT sempre estiveram

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de mãos dadas nas principais traições que aconteceram no movimento sindical da categoria. Mas vejamos os argumentos apresentados na matéria do Sintect-RJ.

Sindicalistas patronais

Segundo o PCdoB/CTB um dos motivos para sair da Fentect seria que a federa-ção estabelece como sua “relação preferencial” a direção da empresa. Ora, nada mais verdadeiro e mais correto. A pergunta que deve ser feita logo depois desse argumento, no entanto, é convenientemente escondida: quem é a Fentect senão sua direção majo-ritária composta pelo PT e o PCdoB?

As “relações preferenciais” com a empresa sempre teve como principal timoneiro o próprio PCdoB. Em primeiro lugar e mais importante, o PCdoB é parte do governo federal, ou seja, o patrão direto do trabalhador dos Correios, empresa estatal.

Mas lembremos apenas um fato recente: a PLR, que também é usada como justifi-cativa pela matéria do Sintect-RJ para provar a “falta de firmeza” da Fentect.

Na comissão da ECT, ou seja, na comissão patronal que negocia a PLR com os trabalhadores está na liderança nada menos do que o senhor Luís Eduardo do Ceará. Esse elemento patronal pertence justamente ao PCdoB/CTB e é o mais árduo defen-sor da escravidão nos Correios. Foi ele quem defendeu o desconto dos dias de greve e que na PLR não quer nem discutir a reivindicação dos trabalhadores de PLR linear.

O que dizer ainda do Vale Drogaria, que segundo o Sintect-RJ teria sido mais um exemplo de adaptação da Fentect à direção da empresa? Bem, a resposta está no próprio site da Fentect onde aparecem José Rivaldo Talibã ao lado do presidente e do vice-presidente da empresa e, com os três a Ana Zélia, nacionalmente conheci-da como Zélia Ginsp que é diretora do Sintect-RJ e membro do PCdoB/CTB. Zélia Ginsp também assinou o contrato do Vale Drogaria.

A diretora do Sintect-RJ está diretamente envolvida em mais um caso de acusação feita à Fentect. Se o sindicato fosse participar do próximo congresso da federação em Fortaleza, teria que gastar R$ 300 mil. Mas Zélia Ginsp, diretora do Sintect-RJ, foi a principal defensora dessa farra com o dinheiro do trabalhador.

E antes que nos esqueçamos, Zélia Ginsp é nada menos do que a secretária de finanças da Fentect.

A conclusão é simples: se a Fentect estabelece relações preferenciais com a ECT, então o PCdoB (leia-se as direções dos sindicatos do Rio e de São Paulo) é a terceira pessoa nessa relação.

Uma nova federação do PCdoB não será mais que uma federação ainda mais pa-tronal que a atual, agora sob o controle da panelinha, sem participação dos trabalha-dores.

A greve de 2011

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Para terminar, a matéria do Sintect-RJ afirma que a “Gota d`água” teria sido a greve de 2011. Eles fazem a pergunta: por que os trabalhadores dos Correios tiveram que ter sete dias descontados e os bancários não tiveram nenhum? A resposta é sim-ples e óbvia. O comando de negociação da Fentect, composto pelo Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) sendo dois elementos do PCdoB/CTB, um deles um diretor do próprio Sintect-RJ, Cláudio Roberto de Oliveira, aceitou, junto com Talibã (PT), todas as imposições da empresa e do TST, rebaixaram a pauta de reivindicações e cometeram todas as traições possíveis que culminaram no desconto dos dias, na compensação aos sábados, retaliações e na derrota da maior greve da categoria dos últimos anos.

Conforme está dito no site do Sintect-RJ, o secretário-geral da Fentect foi o “pro-tagonista” da “sabotagem e traições” na greve. Está correto, mas esqueceram de dizer que ao seu lado estava o comando de negociação, com os dois elementos do PCdoB e do próprio sindicato do Rio de Janeiro.

Crise da burocracia, mobilização dos trabalhadores

O desespero do PCdoB revela a crise terminal de toda a burocracia sindical e coloca na ordem do dia a necessidade de organizar uma oposição nacional que subs-titua os velhos sindicalistas pelegos e traidores por trabalhadores de base. A categoria necessita romper e derrubar de vez toda a burocracia para poder enfrentar com todas as forças os ataques da direção da ECT e a privatização.

A divisão da burocracia, nesse momento, vai abrir a possibilidade de crescimento dessa oposição e posteriormente de uma enorme mobilização dos trabalhadores. Por isso, é necessário que os trabalhadores do rio de Janeiro organizem a oposição para a realização de assembleia para a eleição de delegados para o XI Contect (Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios), passando por cima da decisão da dire-toria do sindicato. A mesma coisa deve ser feita em São Paulo, onde a diretoria do sindicato quer aprovar a desfiliação à Fentect em uma assembleia no dia 23 de abril; os trabalhadores devem ignorar a decisão do sindicato e organizar a eleição de dele-gados para o congresso.

É preciso constituir subsedes de um amplo movimento nacional de unidade no lugar desses sindicatos. O mesmo deve ser feito em qualquer outro sindicato que venha a seguir o mesmo caminho do PCdoB. É necessário chamar todos os trabalha-dores a formar e organizar esse movimento nacional de unidade.

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Declaração aos trabalhadores dos Correios de todo o Brasil: A unidade nacional dos traba-

lhadores está sendo colocada em risco por uma quadrilha de bandidos a serviço dos patrões

Não à traição! Fora quadri-lha do PCdoB dos sindicatos! Pela unidade dos trabalhado-res dos Correios em uma úni-ca luta nacional!

O único caminho para os trabalhadores é recuperar suas organizações sindicais para a luta construindo uma nova direção e derrubando o peleguismo patronal do PT e do PCdoB

O PCdoB (Partido “Comunista” do Brasil), que criou a organização sindical de fachada chamada CTB (Central dos Trabalhadores Brasileiros) foi colocado pela di-reção da ECT, de maneira ditatorial, através da fraude e da violência na cabeça dos dois maiores sindicatos da categoria, Sintect-SP e Sintect-RJ. Esse partido decidiu, em reuniões de cúpula, a ruptura desses sindicatos, ou seja, de toda a sua base, mais de 30 mil trabalhadores com a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) e a posterior criação de uma nova federação.

PCdoB: uma quadrilha de bandidos a serviço da direção da ECTA decisão da quadrilha do PCdoB sela sua participação no movimento sindical

dos Correios como o maior crime cometido contra a categoria.Após anos e anos de traições, esse partido tenta agora dividir a categoria. O ato

criminoso visa a dividir a força dos trabalhadores e enfraquecer sua luta na campa-nha salarial. Um serviço prestado aos patrões.

Os patrões ficaram assustados com a greve passada, de 28 dias, nacionalmente

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unificada, de dezenas de milhares de trabalhadores de todos os estados do País. É por esse motivo que esta quadrilha de criminosos que tomou conta por meio da fraude e da violência e com o apoio dos patrões quer agora dividir a categoria e enfraquecê-la.

Os maiores sabotadores da campanha salarial

Esse crime não é nenhuma novidade para os trabalhadores dos Correios.Desde que tomou o domínio dos dois sindicatos, o PCdoB tem sido o principal

pilar de sustentação da política de liquidação das campanhas salariais. O tamanho dos dois sindicatos em nível nacional era usado pela burocracia sindical e a empresa para iniciarem a debandada das campanhas salariais e levar o resto do País à derrota. No momento de maior dificuldade das nossas greves, chamavam assembleias fantasmas e com a ajuda de outros vendidos para o patrão, acabavam com a greve, desmorali-zando todo o movimento. Em troca disso, ganharam cargos altamente remunerados, vendiam o trabalhador para a empresa como Judas Escariotes vendeu Jesus Cristo.

Agora, esses sabotadores da luta da categoria querem também isolar os trabalha-dores do Rio e de S. Paulo do movimento nacional unitário da campanha salarial. Já declararam inclusive que irão fazer a campanha salarial separadamente. Qualquer um sabe que esses dois sindicatos não vão conseguir negociar com a empresa sozi-nhos, a Fentect é a única reconhecida pelos trabalhadores e outra federação não teria força para nada a não ser se rastejar, como já faz há muito tempo o PCdoB, conforme os interesses patronais da direção da ECT.

O PCdoB quer jogar os trabalhadores desses dois estados no isolamento e toda a categoria na divisão cuja única conseqüência só pode ser a derrota dos trabalhadores, um retrocesso dos direitos conquistados até hoje pela unidade da luta da categoria.

A criação da Fentect foi a maior conquista dos trabalhadores desde as primeiras greves em 1985. Destruir esta conquista somente pode ser obra de pessoas que estão completamente a serviço dos patrões.

Uma lista de traições

A quadrilha do PCdoB, que está saindo da federação tentando jogar no colo do PT toda a sujeira, esconde que foi o maior cúmplice da bandalheira contra o traba-lhador dos Correios.

O nível de cinismo, oportunismo e vigarice política é tão grande que nos argu-mentos levantados como supostas justificativas para a ruptura estão traições cujo PCdoB teve papel central, há décadas atuando dentro desses sindicatos.

Assinatura do PCCS da escravidão, que abriu caminho pra a terceirização e a pri-vatização, assinatura do acordo bianual, banco de horas, o apoio ao SAP, as chanta-gens da PLR. Em tudo isso, o PCdoB, seja como diretoria do sindicato, seja como

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parte da direção da ECT, foi o principal criminoso contra a categoria.No caso do acordo bianual, o PCdoB esteve como cabeça de toda a traição. Para

citar um exemplo, Diviza (presidente do Sintect-SP) e Ronaldão (presidente do Sin-tect-RJ) estiveram presentes em Tocantins para ajudar a empresa a fraudar a decisão da assembleia dos trabalhadores que havia por duas vezes rejeitado o acordo bianual para obter uma maioria fajuta para a assinatura do acordo.

A defesa da divisão dos trabalhadores é a continuação dessa política de traições que o PCdoB sempre fez junto com o PT.

Nunca é demais lembrar que foi o elemento do PCdoB/CTB do Ceará, senhor Luis Eduardo, ex-sindicalista, que organizou todo o ataque da compensação da greve, obrigando os grevistas a trabalharem feito escravos durante os finais de semana.

Por que a quadrilha está rompendo?

Depois de todos esses anos de traição, o infarto fulminante dos traidores do PCdoB foi a greve de 2011, de longe a maior greve da categoria, que durou 28 dias.

Com a burocracia já totalmente enfraquecida, a greve de grandes dimensões foi feita contra a vontade desses sindicatos. Nem no seu pior pesadelo a burocracia sindi-cal imaginou enfrentar uma greve desse tamanho e dessa duração que derrubou todo o esquema que existe há anos no movimento sindical pelego, como é o caso de quase todas as greves que acontecem.

Os pelegos do PCdoB, desde o primeiro momento queriam acabar com a greve para assinar um acordo coletivo favorável aos patrões.

A mobilização dos trabalhadores impediu que a greve fosse enterrada a ponto de terem existido momentos de extrema tensão entre a diretoria do sindicato e traba-lhadores nas assembleias que só não terminaram em pancadaria porque a quadrilha do PCdoB teve medo de desafiar abertamente os trabalhadores. A greve só terminou quando os patrões deram a cartada do judiciário e os pelegos de Rio e de S. Paulo mentiram dizendo que não havia outra saída senão acabar com a greve. A pressa em acabar com a greve foi tão grande que nem negociaram os dias parados e os trabalha-dores tiveram que amargar a perda dos 28 dias, com enorme sobrecarga de trabalho.

A derrota na greve foi a gota d’água para os trabalhadores e foi fatal para as direto-rias desses sindicatos do PCdoB, como se viu depois a rejeição da categoria. Diretores do Sintect-SP e do Sintect-RJ chegaram a ser expulsos e ameaçados fisicamente pelos trabalhadores nos setores.

O PCdoB perdeu toda a sua base, que já era minúscula, e se desmanchou. Uma parte grande do PCdoB se vendeu diretamente para o PT.

O crime da ruptura é a tentativa desesperada de se livrar dos crimes anteriores nos quais estiveram envolvidos e conseguir uma sobrevida. Mas não há muitas esperan-ças para o PCdoB, sua ficha criminal já está exposta e é conhecida por todos.

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Às costas dos trabalhadores

A crise das relações da quadrilha com os trabalhadores de base é tão intensa que há muito tempo, tanto o Sintect-SP como o Sintect-RJ não têm coragem de fazer as-sembleias, pois sabem que os trabalhadores não apóiam absolutamente nada da sua política criminosa e perderiam o controle.

Está mais que constatado que a quase totalidade dos trabalhadores condena a ten-tativa da quadrilha de dividir a luta da categoria dos correios em escala nacional. Todo trabalhador sabe pelo menos duas coisas fundamentais sobre o sindicalismo: 1) que uma andorinha só não faz verão e, portanto, é a união que faz a força e 2) que as diretorias vem e vão, mas o sindicato é do peão e ninguém põe a mão.

Se a diretoria de um sindicato é ruim, o único caminho é lutar para derrubá-la e colocar companheiros honestos e de luta no seu lugar, mas nunca dividir os trabalha-dores criando organizações sindicais paralelas. Por isso, a decisão das duas diretorias foi tomada às costas dos trabalhadores, em reuniões de cúpula entre os membros da quadrilha do PCdoB. Esses bandidos não têm autoridade, nem direito para fazer o que querem com os trabalhadores.

Chamamos todos os trabalhadores a se mobilizar para impedir este crime desta quadrilha de bandidos e para defender com unhas e dentes a unidade dos trabalha-dores dos correios nacionalmente. A ECT é uma só empresa, por isso os trabalhado-res de todo o país devem estar unidos, em uma única luta, em uma única campanha salarial, em uma organização nacional para sair vitoriosos.

Chamamos os trabalhadores de S. Paulo e do Rio de Janeiro a organizar imediata-mente a campanha salarial unificada com o restante da categoria.

O sindicato é dos trabalhadores: nos Correios, é a Fentect que faz o contrato cole-tivo dos trabalhadores, o que a caracteriza como o verdadeiro sindicato da categoria. Cabe aos trabalhadores derrubar os pelegos, a divisão é uma tentativa de estancar a crise, no entanto, deverá ser o início para colocar abaixo essa quadrilha de pelegos criminosos. A oposição nacional Ecetistas em Luta vai organizar uma sede para fazer um trabalho de oposição a essas diretorias divisionistas, organizando ali todos os tra-balhadores que queiram defender a unidade nacional da categoria.

Chamamos os trabalhadores a comparecer ao próximo congresso da Fentect e a pressionar todos os representantes para lutar para derrubar os pelegos que sobraram na federação nacional e recuperar totalmente a nossa organização unitária para a luta efetiva pelos interesses da categoria.

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Crítica da declaração do Movimento Revolu-cionário (Luta Pela Base)

A política de destruição da Fentect é uma traição aos trabalhadores dos correios

A ruptura do PCdoB com a Federação Nacional revelou todo o segredo da política “radical” preconizada pelo PSTU e por outros esquerdistas pequeno-bur-gueses que vivem à sombra daquele partido: trata-se não apenas de uma política oportunista e radical só de fachada, como efetivamente de uma política franca-mente patronal e contra os interesses mais elementares dos trabalhadores.

Não deveria haver novidade nisso, até mesmo porque PSTU e estes esquer-distas, como, por exemplo, o Movimento Revolucionário nos correios (Luta pela Base), se dizem marxistas e trotskistas, embora participem da “central sindical” fantasia do PSTU, a Conlutas. Qualquer pessoa que conheça o be-a-bá do mar-xismo sabe que esta doutrina se opõe frontalmente a romper com as organizações sindicais em virtude da sua direção ser oportunista ou patronal.

A única via para os trabalhadores chegarem à plena consciência de classe é a experiência prática com as suas direções oportunistas e burguesas por meio da luta cotidiana. Querer pular esta etapa e construir sindicatos pequenos sem opor-tunistas, ou seja, sem derrubar as direções oportunistas, é dar às costas a todo o movimento operário e à revolução proletária.

Para quem luta pelo interesse da classe trabalhadora, o fundamental é a evo-lução da consciência dos trabalhadores e não os aparelhos. A divisão das orga-nizações sindicais apenas favorece a confusão e é, como disse Lênin, “o melhor serviço que os comunistas podem prestar à burguesia” (Esquerdismo, doença infantil do comunismo).

“Sindicatos patronais e que não podem ser recuperados”

O MR lançou diante da ruptura do PCdoB um manifesto da sua corrente sin-dical “Luta Pela Base” onde afirma que a Fentect é patronal e que não pode ser

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recuperada pelos trabalhadores.Essa afirmação é evidentemente falsa e uma capitulação vergonhosa diante

da burocracia sindical. A Fentect não é patronal. Patronal é a maioria da direção nacional da Fentect, ou seja, até o momento, PT e PCdoB. A Fentect engloba não apenas a burocracia sindical, mas também os trabalhadores, como se pôde ver na última greve, onde milhares de trabalhadores se organizaram e mobilizaram na campanha salarial sob a direção da Fentect e, mais ainda, travaram aí uma enor-me luta contra a direção pelega daquela entidade sindical. Será que estas dezenas de milhares de trabalhadores também são patrões? Será que eles não fazem parte da Fentect? Será que a própria realização da greve não foi uma vitória dos traba-lhadores contra a política da burocracia sindical burguesa e patronal?

De onde vem esta confusão primária entre a entidade sindical e a sua direção? Não é difícil de descobrir. Para os esquerdistas do movimento sindical dos cor-reios, a entidade se resume à burocracia sindical, às suas direções, ao aparelho. Na realidade, ignoram a presença dos trabalhadores como um fator ativo na vida sindical. Sindicalismo é aquilo que fazem as direções sindicais, ou seja, a buro-cracia sindical.

Partindo deste tipo de raciocínio, não é difícil de entender que, para este setor, os dezenas de milhares de trabalhadores dos correios são completamente inca-pazes de derrotar algumas dezenas de burocratas sindicais. Para acreditar nisso, é preciso conceber um sindicalismo onde os trabalhadores não desempenham nenhum papel, não têm uma posição ativa.

A greve mostrou exatamente o contrário. Os trabalhadores encurralaram a burocracia pelega em todos os estados, particularmente em S. Paulo e no Rio de Janeiro e é este justamente o motivo pelo qual estes dois sindicatos decidiram romper com a Fentect. Suas direções burocráticas estão sofrendo da ilusão de que podem fugir da pressão dos trabalhadores se estiverem fora da Fentect. Logo verão o quanto estão enganados.

Dizer que os trabalhadores não podem derrotar a burocracia sindical é de-monstrar um ceticismo típico de pequeno-burgueses estranhos ao movimento operário sobre a capacidade de luta da classe operária, a única classe verdadeira-mente revolucionária.

Se cerca de 100 mil trabalhadores não são capazes de derrubar a burocracia pelega da Fentect não serão meia dúzia de sindicalistas, na maioria burocratas, da Federação Anã do PSTU que vão ser capazes. A conclusão a ser tirada disto é absolutamente clara: quem não acredita na capacidade dos trabalhadores de der-rotar a burocracia sindical só pode tirar a conclusão de que a burocracia sindical é invencível.

Está claro que esta política não é nem mesmo remotamente marxista ou operária.

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Uma política patronal

A última greve demonstrou: os trabalhadores dos correios são uma enorme força social. E mais, estão evoluindo para uma completa ruptura com o PT, a frente popular e o governo de frente única entre o PT e a burguesia. Mas, também é evidente, são uma força na medida em que permaneçam unidos. Outra coisa que é evidente é que o quadro da importante evolução da consciência dos tra-balhadores é o movimento nacional unitário que se manifestou na última greve.

A divisão da categoria em inúmeras federações não terá nenhum outro re-sultado que dividir esta força, enfraquecer os trabalhadores diante dos patrões e criar um quadro de absoluta confusão.

É uma política patronal e uma traição aos interesses dos trabalhadores.Qual argumento é usado para enganar uma parcela de ativistas e de traba-

lhadores para apoiar a divisão da categoria? O argumento é o mais ilógico possí-vel. Segundo esses grandes estrategistas, os trabalhadores teriam uma federação pura, com os “verdadeiros” dirigentes de luta etc. (isso se consideramos, o que de forma alguma estamos dispostos a fazer, que tais dirigentes sejam de luta, como o PSTU que encabeçou boa parte das traições contra os trabalhadores no movi-mento dos correios).

Este argumento é totalmente sem fundamento. Qual a utilidade de ter uma direção maravilhosa se os trabalhadores estão desunidos e não têm força para lutar contra os patrões? Mais uma vez fica clara a ilusão (ou a falta de vergonha) de quem propõe a divisão dos trabalhadores. Segundo eles, um dirigente sindical é muito mais decisivo que milhares de trabalhadores. Diante de tal pensamento, só rindo e às gargalhadas. “Se formamos uma federaçãozinha com meia dúzia de sindicatos, como quis formar o PSTU e o MR, contando com 10% das bases, mas com “grandes” dirigentes sindicais, somos fortes”. Quer dizer, o importante são os dirigentes sindicais, não os trabalhadores. Não apenas é uma concepção pe-queno-burguesa e oportunista, como é uma concepção burocrática, pois apenas um burocrata sindical, que confia apenas na força do aparelho sindical indepen-dentemente dos trabalhadores e vê os trabalhadores como massa de manobra, poderia pensar que este milagre poderia ser realizado. É uma posição, sobretudo ridícula, pois qualquer pessoa que saiba pensar logo vê que esta federação é uma farsa enquanto instrumento de luta da massa dos trabalhadores.

A concepção infantil e sectária sobre os sindicatos

PCdoB, PSTU e grupos como o MR têm as mesmas alegações para propor a ruptura com a Fentect: é patronal, não luta etc.

O primeiro problema que aparece nesta avaliação absolutamente ingênua e

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infantil (quando não é pura vigarice política) é ignorar que 90% dos sindicatos do mundo são assim, sendo muito generoso na estimativa.

Os pretensos trotskistas que nunca leram Trótski não sabem que: “Há uma característica comum no desenvolvimento ou, para sermos mais exatos, na dege-neração das modernas organizações sindicais de todo o mundo: sua a aproxima-ção e sua vinculação cada vez mais estreitas com o poder estatal. Esse processo é igualmente característico dos sindicatos neutros, social-democratas, comunistas e anarquistas. Somente este fato demonstra que a tendência a “estreitar vínculos” não é própria desta ou daquela doutrina, mas provém de condições sociais co-muns a todos os sindicatos.

“O capitalismo monopolista não se baseia na concorrência e na livre iniciativa privada, mas numa direção centralizada. As camarilhas capitalistas, que encabe-çam os poderosos trustes, monopólios, bancos etc., encaram a vida econômica da mesma perspectiva como o faz o poder estatal, e a cada passo exigem sua colabo-ração. Os sindicatos dos ramos mais importantes da indústria, nessas condições vêem-se privados da possibilidade de aproveitar a concorrência entre as diversas empresas. Devem enfrentar um adversário capitalista centralizado, intimamente ligado ao poder estatal. Daí a necessidade que os sindicatos têm - enquanto se mantenham numa posição reformista, ou seja, de adaptação à propriedade priva-da - de adaptar-se ao estado capitalista e de lutar pela sua cooperação. Aos olhos da burocracia sindical, a tarefa principal é “liberar” o estado de suas amarras capitalistas, de debilitar sua dependência dos monopólios e voltá-los a seu favor. Esta posição harmoniza-se perfeitamente com a posição social da aristocracia e da burocracia operárias, que lutam por obter algumas migalhas do sobrelucro do imperialismo capitalista. Os burocratas fazem todo o possível, em palavras e nos fatos, para demonstrar ao estado “democrático” até que ponto são indispensáveis e dignos de confiança em tempos de paz e, especialmente, em tempos de guerra. O fascismo, ao transformar os sindicatos em organismos do estado, não inventou nada de novo: simplesmente levou até às últimas conseqüências as tendências inerentes ao imperialismo.

“Os países coloniais e semicoloniais não estão sob o domínio de um capitalis-mo nativo, mas do imperialismo estrangeiro. Mas este fato fortalece, em vez de debilitar, a necessidade de laços diretos, diários e práticos entre os magnatas do capitalismo e os governos que deles dependem, nos países coloniais e semicolo-niais. À medida que o capitalismo imperialista cria nas colônias e semicolônias um estrato de aristocratas e burocratas operários, estes necessitam o apoio dos governos coloniais e semicoloniais, que desempenhem o papel de protetores, de patrocinadores e às vezes de árbitros. Esta é a base social mais importante do ca-ráter bonapartista e semibonapartista (1) dos governos das colônias e dos países atrasados em geral. Essa é também a base da dependência dos sindicatos refor-

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mistas em relação ao estado.“No México, os sindicatos transformaram-se por lei em instituições semi-

-estatais e assumiram, por isso, um caráter semitotalitário. Segundo os legislado-res, a estatização dos sindicatos fez-se em benefício dos interesses dos operários, para lhes assegurar certa influência na vida econômica e governamental. Mas enquanto o imperialismo estrangeiro dominar o estado nacional e puder, com a ajuda de forças reacionárias internas, derrubar a instável democracia e substituí--la por uma ditadura fascista declarada, a legislação sindical pode transformar-se facilmente numa ferramenta da ditadura imperialista.” (Trótski, os sindicatos na época de decadência imperialista).

E Trótski conclui: “De tudo que foi dito, depreende-se claramente que, ape-sar da degeneração progressiva dos sindicatos e de seus vínculos cada vez mais estreitos com o Estado imperialista, o trabalho da degeneração progressiva dos sindicatos e de seus vínculos com o Estado imperialista, o trabalho neles não só não perdeu sua importância, como é ainda maior para todo partido revolucioná-rio. Trata-se essencialmente de lutar para ganhar influência sobre a classe operá-ria. Toda organização, todo partido, toda fração que se permita ter uma posição ultimatista com respeito aos sindicatos, o que implica voltar as costas à classe operária, somente por não estar de acordo com sua organização, está destinada a acabar. E é bom frisar que merece acabar.” (idem).

Só para esclarecer: a posição ultimatista a que Trótski se refere é justamente esta do MR e dos seus patronos da Conlutas de romper com os sindicatos

Isso quer dizer que os trotskistas do MR e do PSTU (ressalvando-se que em grande medida a posição do PSTU é pura vigarice política de burocratas sindi-cais), parte de uma ingenuidade que se espanta que os sindicatos na época de decadência imperialistas estejam nas mãos da burguesia imperialista! Trótski é taxativo: alegar que o sindicato é patronal para voltar as costas à classe operaria organizada neles é um crime político que só pode levar, merecidamente, à extin-ção destas organizações. Somente o monstruoso atraso político destas organiza-ções é que pode dar abrigo a tais concepções antimarxistas e antioperárias e que permite a manipulação de burocratas sindicais como os do PCdoB e do PSTU e elementos mais jovens, inexperientes, ingênuos e completamente ignorantes do marxismo.

Quais são as verdadeiras razões da política divisionista do PCdoB e do PSTU

Outro problema desta teoria infantil e vigarista é que o PCdoB é a ala direita da burocracia patronal da Fentect e principal instrumento patronal contra as lu-tas dos últimos anos. Isto demonstra acima de qualquer dúvida que as alegações para a ruptura não passam de um pretexto, de demagogia para convencer os tra-

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balhadores descontes com a burocracia de seguir os que estão rompendo e favo-recer os seus planos particulares que nada têm a ver com a luta dos trabalhadores.

O PSTU e a Conlutas, com a sua propaganda oportunista somente prepara-ram o terreno e ofereceram uma cobertura pretensamente esquerdista para a ala direita da burocracia sindical. O fato de que esta tenha adotado exatamente a po-lítica preconizada pelo PSTU e pelo MR e inclusive com os mesmos argumentos mostra a completa ausência de qualquer característica revolucionária nesta polí-tica. Mostra mais, que esta é uma política que, sob determinadas circunstâncias, favorece a burocracia sindical, mas não os trabalhadores.

O problema chave, porém, é: por que estão rompendo? Fica claro que nem PCdoB nem PSTU querem “lutar contra a burocracia sindical”. Que querem re-solver um problema da sua própria política burocrática e nada mais.

O motivo no fundo desta política tanto para o PSTU como para o PCdoB é a crise política da burocracia. A ruptura do PCdoB revelou este problema com toda a sua clareza.

Tanto PSTU como PCdoB foram duas alas da burocracia dependentes da burocracia principal representada pelo PT. A aliança entre estas burocracias de distinto tamanho, força e integração com o Estado somente foi possível devido a uma determinada correlação de forças, quando uma parte da burocracia podia se apoiar limitadamente no movimento dos trabalhadores que eles mesmo im-pediam que se desenvolvesse. Nos últimos dez anos dois fatores fundamentais alteraram completamente esta relação de forças: a chegada do PT ao governo federal, o que permitiu crescer a sua influência dentro da ECT e a retomada da mobilização independente dos trabalhadores. Isso significa que, de um lado, a burocracia no seu conjunto evoluía à direita, assumindo cargos de direção na ECT e os trabalhadores à esquerda. Este movimento, como é evidente, produziu uma polarização cada vez maior dentro do movimento sindical, esvaziando o centro político constituído pela burocracia e do qual, até 2003, o PSTU era o centro, sendo força majoritária no Sintect-SP. Daí que a crise do PSTU tenha sido a primeira manifestação da crise da burocracia, reduzindo este partido a uma minoria insignificante do ponto de vista do aparelho burocrático.

A proposta de ruptura feita pelo PSTU é uma clara manobra de autopreser-vação desta burocracia menor que, dentro do aparelho geral dos sindicatos não tem nem o apoio dos trabalhadores e nem da burocracia. Foi este mesmo motivo que o levou a romper com a CUT quando Lula chegou ao governo. Não é por acaso que toda a propaganda rupturista do PSTU e sua propaganda em geral não é baseada em uma concepção de classe, mas no “governismo”, uma espécie de de anarquismo caricatural e burocrático.

À crise do PSTU seguiu-se a crise do PT, que não conseguiu manter a sua base sindical diante das traições que operou no comando dos principais sindicatos,

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particularmente em S. Paulo e da ascensão da maioria dos seus quadros sindicais à direção da empresa. Nestas condições, PT e PSTU entregaram os dois maiores sindicatos ao PCdoB, que serviu até agora como face visível da burocracia.

Agora, a burocracia em seu conjunto ingressou em uma nova etapa de crise com a greve de 2011, de longe a maior da categoria e que atropelou completa-mente a burocracia sindical que, nem mesmo nos seus piores pesadelos, teria pensado que iria enfrentar 28 dias de greve, com assembleias lotadas e trabalha-dores conscientes do seu antagonismo com a burocracia, que foi impedida em várias assembleias de encerrar a greve. Em S. Paulo, a burocracia sindical tentou fazer um acordo em separado, mas foi impedida pela categoria na assembleia. Este fato fez com que o PCdoB perdesse apoio dentro da burocracia da empresa.

A ruptura da diretoria dos sindicatos do Rio de Janeiro e de S. Paulo é um resultado direto da crise da burocracia sindical. É uma tentativa de se preservar da crescente pressão dos trabalhadores e da falta de apoio dentro do aparelho da empresa.

Este fato deixa claro que a política do PSTU de ruptura é uma política buro-crática, oportunista, burguesa, contrarrevolucionária, com uma cobertura polí-tica para consumo de esquerdistas ignorantes e sem espírito crítico. A ruptura com a CUT e a formação da Conlutas, vista em perspectiva, não passou de um episódio menor da formação de diversas “centrais” sindicais com objetivos finan-ceiros, burocráticos e eleitorais. A diferença entre a Conlutas e as demais dezenas de centrais sindicais é apenas e tão somente o discurso esquerdista.

A política do MR: fornecer uma cobertura de esquerda à traição do PCdoBNo exato momento em que o PCdoB manifestou a sua intenção de romper

com a Fentect, o Movimento Revolucionário publicou a sua declaração defen-dendo a mesma política, apenas com a ressalva de que não se manifestava a favor de uma federação unitária com o PCdoB, intitulado “Romper com a Fentect já, por uma nova federação sem PT e sem PCdoB”. A declaração é, claramente, uma resposta à política divisionista do PCdoB, a qual o grupo em questão apoia.

Neste momento, a questão política real, não a questão política imaginária que os integrantes do MR levantam, de criar uma micro-federação classista, é que uma das alas da burocracia está tentando retirar cerca de 40% de toda a categoria nacional da Fentect e dividir a categoria e suas lutas em duas metades, levando os trabalhadores dos correios que fizeram a espetacular greve de 28 dias a uma situ-ação de fraqueza diante dos patrões e no exato momento em que está em marcha a privatização da ECT.

A política do PCdoB tem como resultado e objetivo destruir a organização unitária da categoria e fragmentá-la em várias organizações separadas. O PCdoB ataca frontalmente o princípio fundamental de todo sindicalismo e da luta de classe dos trabalhadores: a necessidade da sua unidade para lutar contra o inimi-

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go comum.Os integrantes da federação anã não se pronunciam claramente sobre esta

monstruosa traição aos trabalhadores e às suas lutas e pelo menos um dos seus integrantes deixa claro que esta traição é considerada por eles como uma vitória da sua própria política.

O MR acentua a política destrutiva do PCdoB propondo que se acentue a liquidação da organização unitária dos trabalhadores criando ainda uma terceira federação para deixar a categoria completamente dividida e impotente.

A criação da Fentect foi um resultado da luta dos trabalhadores e uma vitória desta luta e, é preciso dizer com todas as letras, a maior conquista da categoria em todo este período de lutas. O próximo passo lógico e natural do movimento dos correios seria o de construir um sindicato nacional da categoria, como é a tradição do sindicalismo mais avançado do mundo há muitas décadas, ficando o Brasil muito atrasado neste sentido. Isso não é de se estranhar, uma vez que, antes da criação da CUT em 1983, o país somente havia tido uma experiência séria de construir uma central sindical na primeira década do século com a COB, a Confederacão Operária Brasileira, criada pela ala mais combativa do anarco--sindicalismo.

É demagogia e exploração da ignorância alheia confundir uma organização sindical com a sua direção. Os trabalhadores necessitam realizar uma longa ex-periência antes de criar uma direção verdadeiramente revolucionária para as suas organizações. A política proposta pelo MR e PSTU impede esta evolução se for realizada efetivamente em grande escala, o que efetivamente não acontece neste momento.

Ao defender a conduta criminosa do PCdoB, o MR-Luta Pela Base torna-se cúmplice da sua política patronal, traidora e contrarrevolucionária. Sobre isso não é possível qualquer compromisso.

Tentando fechar a crise da burocracia

O PSTU, com a ajuda de grupos e sindicalistas confusos como o MR deu uma enorme ajuda à burocracia ao desmantelar o bloco dos 17 sindicatos de oposição com o objetivo claro de isolar a corrente Ecetistas em Luta, a corrente revolucio-nária do sindicalismo dos correios, e levar adiante o projeto de construir uma micro-federação, mera fachada para o carreirismo dos seus dirigentes sindicais e um instrumento de barganha com a burocracia sindical do PT e do PCdoB. Fracassaram no seu intuito de construir a pseudo federação, mas foram bem su-cedidos em desmantelar a oposição unitária.

Agora, novamente, o PSTU e seus confusos aliados vêm em socorro da buro-cracia. A saída do PCdoB da Fentect é um sinal de crise extrema da burocracia

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sindical em seu conjunto e somente um cego não é capaz de ver esta situação. Em primeiro lugar, se a burocracia procurar enfraquecer a categoria, dividindo a federação, ao romper o bloco unitário da burocracia ela também se enfraquece de maneira extremamente decisiva. No Congresso da Fentect que está para se realizar, é evidente que a esquerda dará um passo adiante no que diz respeito à direção da categoria e que a burocracia petista, amputada do PCdoB, sairá enor-memente enfraquecida. Esta situação é o resultado de anos de experiência dos trabalhadores dos correios com as traições da burocracia que teve o seu momen-to culminante na última greve.

A proposta de romper com a Fentect “já”, sem mesmo verificar a correlação de forças no congresso ou dentro da categoria com o colapso do bloco burocrático PT-PCdoB se não for apenas cegueira e sectarismo agudo, é uma tentativa deses-perada de salvar a burocracia da sua própria crise.

Com a saída das diretorias do Sintect-SP e do Sintect-RJ, onde há fortes opo-sições organizadas, o Sintect-MG, um sindicato dirigido por Ecetistas em Luta torna-se momentaneamente o maior sindicato da Fentect, o que acentua ainda mais a crise da burocracia em seu conjunto. O MR, seguindo de uma maneira de-lirante a política criminosa do PSTU, propõe romper “já” ao invés de propor um bloco de toda a esquerda para derrubar de vez a burocracia da Fentect, seja no Congresso, seja depois do Congresso, uma linha de desenvolvimento que decorre claramente da situação.

Nós, da nossa parte, chamamos todos os setores oposicionistas, inclusive PSTU e MR a formar um bloco de oposição unitário para dar o combate à buro-cracia neste congresso, aprovar um programa de luta, um plano de luta efetivo, alterar os estatutos da federação para permitir o controle dos trabalhadores de base sobre a sua organização sindical e por uma nova direção para a Fentect, cla-ro que, com a condição de que a luta se dá tendo como princípio fundamental a unidade dos trabalhadores e não a sua divisão. Acreditamos no desenvolvimento desta proposta apesar da política apresentada por um setor da federação anã de romper com a Fentect, porque acreditamos que a pressão de baixo pode colocar este bloco no caminho político correto.

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Quadrilha do PCdoB quer justificar retirada do nosso sindicato do movimento nacional

A quadrilha de pelegos cri-tica o peleguismo. Dá para acreditar?

Os pelegos e traidores do PCdoB, que aprovaram o acordo bianual e traíram a greve do ano passado querem que o trabalhador acredite que são de oposição. Pen-sam que o trabalhador dos Correios de S. Paulo é débil mental

Todo mundo conhece o PCdoB/CTB, em especial as diretorias do Sintect-SP e do Sintect-RJ. Os trabalhadores dos Correios já viram, em dezenas de opor-tunidades, essa quadrilha de bandidos à cabeça das principais traições contra a categoria.

Agora, esses especialistas em política patronal e traição mostraram também que são expert em cinismo. Anunciaram que estão saindo da Fentect e criando uma nova federação.

A cara de pau é tanta que nem mesmo uma criança consegue acreditar. Eles pensam que nós, trabalhadores dos Correios de S. Paulo, somos uns verdadeiros idiotas.

O sujo fala do mal lavado

É difícil de acreditar, mas os piores bandidos que o movimento sindical já viu, os maiores defensores de uma política traidora e patronal, acusam a diretoria da Fentect de estar defendendo a política da direção da ECT.

- Mas quem é a diretoria da Fentect? Pergunta um trabalhador desavisado. A diretoria colegiada da Fentect é composta justamente por PT e PCdoB em sua maioria. Juntos, eles são 75% da diretoria e o PCdoB tem metade desse pessoal. Todo mundo sabe que essas duas quadrilhas estiveram sempre mancomunadas contra o trabalhador e a serviço da direção da empresa.

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Diviza, Peixe, de São Paulo, e Ronaldão e Marcos Santaguida do Rio de Janeiro são a tropa de choque da diretoria da ECT no movimento sindical dos Correios. Fizeram aprovar o acordo bianual através de violência e fraude contra os traba-lhadores com a ajuda da empresa. O SAP é obra deles.

Quem não sabe que foram as diretorias do Sintect-SP e do Sintect-RJ as res-ponsáveis por enterrar as últimas greves?

O PCdoB/CTB dos Diviza, Peixe, Ronaldão e Marcos Santaguida, nesses sin-dicatos é tão pelego e traíra que a direção da ECT usa os dois sindicatos para acabar com a greve nacional em todas as campanhas salariais.

Vamos apenas relembrar o exemplo mais recente, a greve do ano passado.O que permitiu a derrota da categoria foi a decisão do Sintect-RJ de mandar os

trabalhadores retornarem ao serviço sem discussão em assembleia. Essa decisão, que ultrapassa os limites do peleguismo, foi seguida pelo Sintect-SP que cancelou a assembleia marcada para fazer uma reunião fantasma em plena noite de feriado e acabar com a greve. Os 28 dias de greve só aconteceram graças à pressão dos trabalhadores de base contra a diretoria desses sindicatos, que tinham a intenção de acabar a greve muito antes.

Os cínicos pelegos e traidores do PCdoB/CTB, Diviza, Ronaldão, Peixe e Mar-cos Santaguida, nos dois maiores sindicatos da categoria, querem agora tirar o corpo fora de todas as inúmeras traições que fizeram contra o trabalhador.

Pensam que nós trabalhadores somos burros, que não vamos nem lembrar que aprovaram o PCCS da escravidão e da privatização, o acordo bianual, o ban-co de horas, o SAP e que acabaram com a nossa última greve de 28 dias sem qualquer conquista e tendo que repor todos os dias parados!

Pensam que nós somos uns ignorantes e idiotas sem memória!

E o acordo bianual?

O PCdoB/CTB esquece também que foi o principal articulador do acordo bianual. O PT de Talibã assinou, mas o PCdoB insistiu, fraudou, ameaçou, cor-rompeu, assinou até que conseguiu enfiar goela abaixo da categoria o bianual, uma das maiores derrotas dos trabalhadores.

O Diviza (Sintect-SP) e o Ronaldão (Sintect-RJ) se esquecem de dizer que fo-ram eles pessoalmente até Tocantins passar por cima da decisão dos trabalhado-res daquele estado e organizar uma assembleia de chefes dentro da empresa para aprovar o acordo bianual na marra. A mesma coisa o PCdoB fez no Mato Grosso.

Não é à toa que agora o Sindicato de Tocantins, presidido por um ex-diretor da empresa, participa da nova federação pelega que o PCdoB quer montar.

O golpe na praça é desmascaradoFica muito claro que a decisão do PCdoB de sair da Fentect não passa de uma

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manobra para garantir privilégios, cargos e verbas para esses pelegos que estão parasitando os sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro.

A saída da Fentect é apenas uma jogada de interesses corruptos e patronais desse grupo de vigaristas políticos que é o PCdoB.

Mais do que isso. A ruptura com a Fentect está a serviço dos patrões e é incen-tivada pela direção da ECT. Já que todo mundo sabe que o PCdoB ocupa parte da diretoria da empresa e são aliados históricos do PMDB que também faz parte da cúpula da ECT e do governo.

Se não fosse uma política aprovada pelos patrões, o PCdoB já teria caído por-que não tem nenhum apoio entre os trabalhadores e só se sustenta no sindicato com o apoio dos patrões, que mandam chefes nas assembleias votar nessa qua-drilha de bandidos

Além de trair os trabalhadores, o PCdoB/CTB ri dos trabalhadores e despreza a sua inteligência, desrespeita os trabalhadores querendo que acreditem nestas mentiras de cara de pau!

A saída do Sintect-SP e do Sintect-RJ é apenas mais uma enorme traição con-tra os trabalhadores dos Correios. É um golpe dos patrões para dividir a categoria nacionalmente e impedir as greves nacionais.

Se nós deixaramos, isso trará sérios prejuízos para o trabalhador de São Paulo e do Rio de Janeiro que ficarão isolados e, pior ainda, nas mãos apenas do PCdoB.

Qualquer trabalhador sabe que toda e qualquer política de divisão das orga-nizações dos trabalhadores só pode significar um enfraquecimento da luta e só pode ser uma política que é feita a serviço dos patrões.

Manter a unidade da categoria, expulsar a quadrilha de bandidos do nosso sindicato

Os trabalhadores em todo o País não vão deixar que mais essa traição seja imposta pelos vigaristas do PCdoB/CTB. Não vamos deixar que a categoria esteja enfraquecida e que a campanha salarial se transforme em mais um fiasco graças mais uma vez à traição.

É necessário defender a unidade dos trabalhadores, por isso, vamos defender que a Fentect comece a abrir sedes nas bases dos sindicatos que estão rompendo para expulsar de vez esses pelegos que tomaram conta do sindicato.

Essas subsedes devem ser o primeiro passo para a transformação da Fentect em um Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios, a união dos trabalha-dores é a condição para sua vitória.

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O PSTU a serviço da direção dos CorreiosEntenda por que a divi-

são é uma política patronal O divisionismo do PSTU na Fentect é a maior de todas as traições desse grupo

no movimento dos Correios

O PSTU levanta uma série de justificativas para provar que a Fentect (Fede-ração Nacional dos Trabalhadores dos Correios) seria traidora e pelega. De nossa parte, concordamos que a política levada adiante pela diretoria majoritária da Federação foi a responsável pelas derrotas da categoria. No entanto, a única saída para os trabalhadores é derrubar a burocracia sindical que domina a Fentect, e não abandonar a federação.

Quando o PSTU levanta todas as traições da Fentect, esse partido e os seus satélites esquecem que a direção majoritária, que até o momento é do PT-PCdoB e já foi do próprio PSTU, passou a maior parte de sua história dominada por um bloco que denominamos e que a categoria já conhece como Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol). Nesse sentido, o PSTU sempre, esteve unido ao bloco que hoje ele acusa de traidor.

Banco de horas

Depois da greve de 2008, que durou cerca de duas semanas, o PSTU, junto com o restante do Bando dos Quatro assinou o acordo prevendo que os grevistas deveriam pagar com horas extras os dias parados da greve. Quer dizer, na prática, o Bando dos Quatro instituiu pela primeira vez o banco de horas na categoria, um mecanismo dos patrões que serve para aumentar a escravidão dos trabalha-dores. Cinicamente, o PSTU procura jogar a culpa do Banco de Horas apenas para o PT, mas o “mérito” é de todos.

PCCS da escravidão

Em 2008 começaram as negociações para um novo Plano de Cargos Carreiras e Salários dos Correios. A intenção da empresa era clara: preparar as bases para a privatização da ECT. Para isso, precisava retirar o máximo de direitos da categoria.

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Os ataques contidos no PCCS são inúmeros. Foi ali, por exemplo, que ficou institucionalizada a terceirização. No documento também se aprofundava a po-lítica de metas, absenteísmo e o GCR para aumentar a pressão contra os traba-lhadores.

Um dos maiores escândalos foi a criação do cargo amplo. O PCCS extinguiu os cargos e criou um único: o agente de Correios. Dessa maneira, o funcionário fica à disposição e ao sabor da empresa, sendo obrigado a exercer o trabalho que for exigido. Com o PCCS de 2008 o cargo de motorista foi definitivamente extin-to da empresa.

Com essa e muitas outras atrocidades contra a categoria, o PCCS foi rejeitado não só pelas bases, mas pelas próprias diretorias dos sindicatos. No entanto, a comissão de PCCS da Fentect assinou o documento passando por cima de todo o mundo. Reconhecidamente à frente dessa traição estava o membro do PSTU/Conlutas Ezequiel Ferreira Filho, o “Jacaré”, de São Paulo.

O caso do PCCS mostra que o PSTU estava na linha de frente da maior traição cometida pela direção da Fentect.

Intervenção nos sindicatos

Nas eleições sindicais em São Paulo em 2007, o PSTU entrou na justiça pedin-do a intervenção nas eleições. A justiça patronal acatou a decisão e nomeou uma junta interventora para controlar o processo.

Nessa junta interventora estava um advogado da Força Sindical e mais uma vez Ezequiel Ferreira Filho, o “Jacaré”. A justa interventora da justiça patronal deu a vitória para o PCdoB no Sintect-SP, mesmo sem apoio da categoria. As urnas de votação, com assinatura dele ficaram guardadas no quartel da ROTA, polícia criada para assassinar trabalhadores. Isso é que é lisura!

A intervenção da Justiça patronal nos sindicatos acabou virando moda e vá-rios sindicatos de oposição passaram a sofrer com esse tipo de ataque patronal.

Eleições no Sintect-SP

Voltando um pouco mais no tempo, nas eleições para o Sintect-SP de 2004, que ocorreu após a grande greve de 2003, o PSTU já havia dado a diretoria do sindicato de presente para o PCdoB.

Após a mobilização de 2003, a vitória da oposição Ecetistas em Luta parecia certa. Diante dessa ameaça, PT e PCdoB e a direção da ECT, mandaram capangas para invadir a sede do sindicato e tomar as urnas. Ninguém teve acesso à conta-gem dos votos e a vitória foi dada à chapa do PCdoB.

O PSTU se limitou a chorar, mas não fez absolutamente nada para reverter a

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situação e pior, legalizaram a fraude que era a mais escancarada.

Greve de 2011

Por fim, e esses são apenas alguns exemplos, a traição na greve de 2011. De-pois da maior greve feita pela categoria nos últimos anos, o PSTU, junto com o restante do Bando dos Quatro, comandou a debandada da greve, obedecendo caninamente à decisão do TST.

Os sindicatos dirigidos pelo PSTU mandaram os trabalhadores de volta ao trabalho, sem assembleia e sem discussão.

Em São Paulo, “Geraldinho”, do PSTU, foi o único que pode falar na assem-bleia fantasma chamada às pressas no feriado pelo PCdoB. Geraldinho defendeu a saída da greve, legalizando o golpe; não é à toa que foi chamado de “amigo de fé, irmão camarada” pelo secretário-geral do Sintect-SP.

O resultado dessa traição o trabalhador está sentindo agora na pele: pressão das chefias, compensação no fim de semana e SAP.

Por essas e muitas outras, a política divisionista do PSTU, por mais alto que se grite contra o “governismo” e o peleguismo da Fentect, não passa de oportu-nismo.

Mais precisamente, a política do PSTU de romper com a Fentect é mais uma traição contra a categoria, talvez a maior de todas as traições. É mais um dos muitos serviços prestados pelo PSTU à direção da ECT.

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A maior das traições

Federação Anã vai romper com a Fentect para seguir o PCdoB e ajudar o PT

O PSTU e alguns de seus aliados estão defendendo a divisão da categoria para apoiar a burocracia sindical

A Federação Anã publicou um manifesto chamado “Chegou a hora de romper com a Fentect, governo Dilma e a direção dos Correios”. Há duas considerações iniciais sobre o documento, que é uma verdadeira cartilha de capitulação e covar-dia política para dizer o mínimo.

Uma fraude contra os trabalhadoresPara começo de conversa, o manifesto da FNTC, conhecida como Federação

Anã, é um golpe contra os próprios integrantes da tal frente. Em nenhum mo-mento a política de romper foi aprovada nas reuniões da frente, segundo infor-mações de alguns de seus integrantes. Pior ainda, a ânsia do PSTU em aprovar sua política divisionista é tanta, que fraudaram a assinatura de pelo menos dois dos sindicatos: o Sintect-PI e o Sintect-AM. A defesa da ruptura com a Fentect não foi aprovada nem pelas diretorias desses sindicatos.

É claro que, se nem mesmo as diretorias de alguns sindicatos aprovam a po-lítica do PSTU, muito menos os trabalhadores da base desses sindicatos apoiam essa política. Não há e nunca houve discussão na base. O PSTU e seus aliados divisionistas querem impor aos trabalhadores essa política, pois sabe que a cate-goria não apoia uma política que só pode favorecer aos patrões.

Os trabalhadores também nunca apoiariam uma política que pega carona na política do PCdoB, maior traidor da categoria. Não existe unanimidade nem mesmo entre os próprios diretores sindicais da Federação Anã, é um golpe do PSTU.

Argumentos de esquerda para uma política patronal de direita

Na história, as piores atrocidades contra o povo foram feitas com as melhores intenções, sob a bandeira da maior moralidade, do “bom”, do “puro”, do “belo”.

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Na política não é diferente, no meio da esquerda pequeno-burguesa também não.Em nome da “luta” os pequeno-burgueses são capazes de cometer os maiores

crimes justamente contra a luta. Em nome do marxismo e da classe operária, a es-querda pequeno-burguesa é capaz de passar por cima dos princípios elementares do socialismo científico e dos interesses da classe operária. Tudo para esconder que na realidade sua política é carregada do mais puro individualismo pequeno--burguês.

É isso o que transpira o manifesto da Federação Anã e todas as palavras pro-nunciadas pelo PSTU e seus aliados menores. O caso do rompimento com as organizações sindicais é o mais significativo.

Nada mais “belo e puro” ou mais “de luta” do que romper com um sindicato, federação ou central, na caso em questão a Fentect, porque esta seria “patronal” ou “pelega”. Em nome dessa consideração carregada de boas intenções, o PSTU e seus aliados querem dividir os trabalhadores, pegando carona na política do PCdoB, e o que é pior, no momento em que um bloco de oposição tem chances reais de impor uma derrota à burocracia sindical da Fentect.

A crise da burocracia sindical obrigou o PCdoB, um de seus principais pila-res, a romper com a Fentect na tentativa desesperada de ganhar uma sobrevida, tentando dar exclusividade de todas as traições ao PT. Dessa maneira, o PT foi abandonado pelo seu principal cúmplice dos crimes contra a categoria. Existiria prova maior da crise e fraqueza da burocracia sindical?

Pois o PSTU quer sair da Fentect para de um lado, apoiar a sobrevida do PCdoB e de outro dar a sobrevida ao PT na Fentect, na medida em que com a política divisionista pode enfraquecer o bloco de oposição em troca de um mi-núsculo aparato sindical com alguns cargos e que absorveria um dinheiro dos sindicatos de base que a compuserem.

“Saudamos todas as rupturas”

Foi com essa frase que o manifesto da Federação Anã, no 5o parágrafo deixa claro, para os que não querem se iludir, seu apoio ao PCdoB. “A FNTC saúda to-das as iniciativas de ruptura com a falida Fentect”. Todas as iniciativas, mas quais seriam essas todas?

A única inciativa tomada de ruptura até agora foi do PCdoB, a frase poderia muito bem ser substituída por “saúda a iniciativa do PCdoB de ruptura”. Mas não é só isso. O manifesto pede coerência aos “companheiros” do PCdoB, que as dire-torias de S. Paulo e do Rio de Janeiro deveriam “romper também com o governo Dilma e a direção da ECT”, o que significa simplesmente rir dos trabalhadores que acompanham a podridão que é a trajetória dessa ala da burocracia. O PSTU se solidariza na prática com a ação do PCdoB e procura, com este “chamado”,

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simplesmente encobrir o crime da quadrilha de bandidos do PCdoB contra os trabalhadores apontando para a sua “regeneração”.

O PSTU apoia o PCdoB, mas faz uma “ressalva” que mais corretamente pode-ria ser chamada de “pedido” aos “companheiros” do PCdoB. Eles estão certos em terem rompido com a Fentect e dividido a categoria, mas deveriam também dizer que não apoiam o governo Dilma.

No seu manifesto, em nome da Federação Anã, o PSTU tenta convencer que o PCdoB,comprometidos até a medula com o governo do PT e a direção da ECT, cujos diretores sindicais são os mais corruptos e traidores reconhecidos pela ca-tegoria, ainda teria alguma remota chance de serem combativos, operários ou no mínimo “democráticos”. Está claro que esse “pedido de coerência” é mais um apoio ao PCdoB, serve para confundir os trabalhadores sobre o principal signi-ficado desse partido para o movimento operário. O PCdoB sempre foi a ala mais direitista da burocracia.

A pergunta que fica é: será que o Ronaldão (PCdoB-RJ) que assinou o acordo bianual vai romper com o governo conforme está pedindo o PSTU? E o Diviza? E será que as dezenas de membros do PCdoB que têm cargos na ECT vão entregar seus cargos como está pedindo o PSTU? Uma piada.

Esta política e este pedido não é para desmascarar o PCdoB, mas para masca-rar o seu caráter de traidores, para criar a ilusão de que o PCdoB está rompendo com a sua própria política ocultando que a própria ruptura é mais uma traição aos trabalhadores e uma traição ainda maior, porque ameaça dividir todo o mo-vimento nacional e enfraquecê-lo diante dos patrões.

Solidariedade com o PCdoB

O mais escandaloso do manifesto é que o PSTU declara abertamente solida-riedade com a manobra traiçoeira do PCdoB: “Apesar de opinarmos que as deci-sões das diretorias dos sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro de romperem com a FENTECT deveriam ser submetidas às assembleias de base, nossos militantes nestas bases não irão participar do XI CONTECT como delegados, pois em mo-mento algum faremos qualquer tipo de aliança ou unidade de ação em relação a defesa da falida FENTECT”.

Ou seja, não elegeram delegados no Rio de Janeiro para apoiar a divisão dos traidores do PCdoB. Fica claro aqui que não se trata de defender romper com a Fentect para agrupar os setores de luta e combater a burocracia. Se trata, isso sim, de apoiar a burocracia traidora dos Ronaldão, Peixe, Diviza, Santaguida e outros criminosos para conseguir, através da destruição da Fentect, uma federaçãozinha com uns cargos para os dirigentes sindicais do PSTU que, em todos os lugares estão sendo completamente repudiados pelas massas e a ponto de perder o em-

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prego.Por outro lado, é importante ressaltar a duplicidade do PSTU, que não elege

delegados no Rio para apoiar explicitamente o PCdoB, mas vai ao congresso, caso o golpe da federação paralela não dê certo.

PSTU propõe entregar o comando de negociação ao PT

O Manifesto da Federação Anã, colocado de maneira sorrateira pelo PSTU/Conlutas, sobre o imediato rompimento com a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) expõe a política covarde e traidora que está sendo levada adiante pelo PSTU.

O manifesto diz sobre a campanha salarial e as negociações com a direção da ECT que “os sindicatos não deem essa autorização para a Fentect ou o seu co-mando de negociações”. Estão pedindo para que os sindicatos e os trabalhadores deixem de disputar a Fentect com a burocracia sindical e liberem os espaços de disputa para os sindicalistas do PT tomarem conta. Se os sindicatos não disputa-rem o comando, estarão pura e simplesmente entregando o comando nas mãos exclusivas do PT e isso no momento em que esse partido atravessa a sua maior crise.

O PSTU/Conlutas está propondo uma política covarde e que vai beneficiar di-retamente o PT na direção da Fentect e no comando de negociação da campanha salarial. Isso porque a burocracia do PT encontra-se numa crise monumental que coloca seu domínio na direção da Fentect em xeque.

O que estamos observando é que existe uma diferença muito pequena entre as delegações de oposição e situação, nas eleições de delegados para o XI Contect, o que representa uma possibilidade de derrota da burocracia do PT.

O quadro de delegados deixa claro que a política da federação anã de dividir a Fentect é uma política criminosa cujo único sentido é abandonar a luta contra uma burocracia em crise total, que vai beneficiar o PT.

A farsa da “luta” do PSTU/Conlutas

O PSTU critica o comando de negociação, mas esconde que sempre atuou com as falcatruas e traições do PT/PCdoB no comando, sem sequer denunciar para a categoria o que ocorria nas reuniões com a direção da ECT.

Sempre esteve aliado do PT e do PCdoB nas principais traições contra a cate-goria, formando com o Psol o famoso Bando dos Quatro. Foi assim na assinatura do Banco de Horas, em 2008, na intervenção da justiça patronal nas eleições do Sintect-SP e na assinatura do PCCS da escravidão, cujo membro do PSTU, Eze-quiel Ferreira, conhecido como “Jacaré”, foi o principal defensor e, na prática, foi

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quem viabilizou dentro da Fentect a aprovação daquele ataque patronal contra os trabalhadores.

Na greve de 2011, “Jacozinho” se negou a denunciar os acordos entre a dire-ção da ECT, o TST e a burocracia do PT (sequer protestou) no carro de som nas manifestações que ocorreram em Brasília.

Pelo contrário, não falaram nada sobre o golpe no TST (Tribunal Superior do Trabalho), para que os trabalhadores voltassem ao trabalho sob a ditadura dos Bandidos de Toga, e saíram da greve juntamente com os pelegos do PT/PCdoB sem sequer realizar assembleias. Uma verdadeira traição e apoio à manutenção da Fentect nas mãos da direção da ECT.

Abandonar a Fentect é favorecer a burocraciaO manifesto da Federação Anã ainda afirma que não mandará delegados ao

XI Contect das bases de S. Paulo e do Rio de Janeiro pois não farão nenhum tipo de “aliança ou unidade de ação em relação à defesa da falida Fentect”. Para o PSTU é melhor se aliar ao PCdoB na política patronal de dividir a categoria, do que defender a Fentect. A discussão, no entanto, é uma manipulação, pois levar delegados ao congresso não significa defender a Fentect, mas fortalecer o bloco de oposição que irá ao congresso para se opor à burocracia do PT. É isso o que está em questão e justamente o contrário disso o que o PSTU está querendo fazer: enfraquecer a oposição.

O único conteúdo da política divisionista do PSTU é favorecer a burocracia sindical e de tabela favorecer os patrões.

A tarefa dos trabalhadores, pelo contrário, é se organizar e partir para cima da burocracia, denunciar as traições e derrotar de vez os traidores em uma luta que lance mão de todos os meios.

O PCO e a corrente Ecetistas em Luta são os que mais denunciam e lutam contra as traições e a subordinação da direção da Fentect (PT-PCdoB) à ECT. Mas essas denúncias não são feitas para que uma corja de vigaristas – seja lá com qual argumento ou coloração política – formarem um cabide de empregos às cus-tas da destruição da organização de luta dos trabalhadores. Dizemos claramente para todos os trabalhadores dos correios: o único caminho de luta honesto é o de derrotar e derrubar os pelegos da direção da federação nacional e dos sindicatos, não construir cabides de empregos para dirigentes sindicais que foram repudia-dos pelos trabalhadores.

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Para que várias federações?

A política divisionista ser-ve para criar um novo cabi-de de empregos

O PSTU/Conlutas quer colocar em prática, nos Correios, sua política divisio-nista, rachando a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) e criando outra federação. Os motivos alegados pelo PSTU para cometer esse crime contra a categoria são os mais “nobres” e “esquerdistas” possíveis, dizendo que a Fentect, dominada pelo PT, é “pelega, traidora e patronal”

O PSTU/Conlutas quer colocar em prática, nos Correios, sua política divisio-nista, rachando a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) e criando outra federação. Os motivos alegados pelo PSTU para cometer esse crime contra a categoria são os mais “nobres” e “esquerdistas” possíveis, dizendo que a Fentect, dominada pelo PT, é “ pelega, traidora e patronal”.

Deixando de lado a farsa pequeno-burguesa, inventada apenas para justificar uma política capituladora diante da burocracia sindical, se o PSTU quer sair da Fentect por todos esses motivos nobres por que seria necessário criar outra fe-deração? Por que o PSTU não sai apenas e fazem uma “oposição” de fora dessa federação amaldiçoada?

Não é isso o que acontece. Não basta só sair da Fentect, tem que criar outra federação, ainda que na prática essa nova federação, muito bem apelidada de “Federação Anã” não represente nada, já que terá uma ínfima parte da categoria, no caso em questão, cerca 8% dos trabalhadores. É mais do que óbvio que não dá para dirigir a luta com apenas 8% da categoria.

Se o PSTU e seus satélites não agüentam mais conviver com a burocracia pe-tista na Fentect, bastava sair e ficar fazendo oposição do lado de fora. Isso se o interesse dessa organização fosse de fato com a luta dos trabalhadores.

Essa questão é outra revelação do verdadeiro teor da política do PSTU. O in-teresse, à parte todo o discurso pseudo-radical “esquerdistas”, no sentido que que Lênin dá a esse termo, é o aparato e os benefícios que um aparato podem trazer para um burocrata sindical.

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Por isso, o PSTU tem levantado, junto com os “combativos” divisionistas do PCdoB (eles não são governistas?), várias alegações jurídicas para provar que eles podem sim montar outra federação e que essa federação poderia negociar etc. etc. etc. Para eles, simplesmente não existe argumentos políticos, apenas a neces-sidade de garantir seu privilégio, custe o que custar.

Criar uma nova federação com seis sindicatos para confundir, dividir e en-fraquecer os trabalhadores é a maneira que o PSTU encontrou de legalizar um micro empreendimento, pegando carona no incentivo dado pela própria lei bur-guesa, para ganhar as sobras que caem da mesa dos patrões enquanto esses nego-ciam com a burocracia sindical oficial do PT.

Com a “Federação Anã”, o PSTU aumentaria o número de diretores liberados e teria um jeito de ficar com uma parte, ainda que menor, do dinheiro que sobra dos sindicatos. Essa é a única explicação da fúria com que o PSTU vem defen-dendo a ruptura a criação de uma nova federação: a criação de um novo cabide de empregos para burocratas.

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A crise da burocracia dos correios em números

Quadro de delegados reve-la equilíbrio entre situação e oposição no Congresso

A análise preliminar dos delegados eleitos para o Contect mostra que há pratica-mente um empate entre os bloco oposicionista e da situação

Terminou o prazo estatutário para a realização das assembleias dos sindicatos dos trabalhadores dos Correios para a eleição de delegados representantes no XI Contect (Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios) que vai ocorrer em junho, representando mais de 115 mil trabalhadores da base.

Em meio a uma enorme crise da burocracia sindical do bloco PT e PCdoB e a uma tendência de mobilização da categoria como nunca se viu antes, materiali-zada na greve de 28 dias do ano passado, os trabalhadores e ativistas comprome-tidos com o desenvolvimento da categoria devem começar um balanço sobre a relação de forças que está colocada no congresso.

O resultado das assembleias, levando em conta que os sindicatos de São Paulo, de Bauru e de são José do Rio Preto deixarão sua base sem representação e que a assembleia do Rio de Janeiro poderá não ser aceita pelo congresso, revela com clareza a situação política extremamente favorável à oposição e aos trabalhadores.

A relação de delegados (ver anexo) está praticamente empatada. Os diversos grupos de oposição (composta pela corrente Ecetistas em Luta e diversos outros grupos e militantes independentes), segundo estimativas, tem 121 delegados, e o bloco da situação (composta pelo PT e a parte dissidente do PCdoB), 139, uma diferença de 18 delegados, ou seja, cerca de 5% do total. Diante desse quadro, algumas considerações devem ser feitas.

A luta política no congresso será decisiva

A diferença minúscula entre as delegações de oposição e situação pode ser revertida por uma luta política dos setores oposicionistas. Os militantes da oposi-ção devem ter durante todo o congresso um espírito de luta, combativo, que deve

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servir para esclarecer, convencer e arrastar parte da delegação da situação para as suas posições. É importante dizer que a crise terminal da burocracia sindical vai se expressar em uma bancada extremamente em crise, frágil, com tendência a se desintegrar em pleno congresso. A bancada do bloco burocrático está toda rachada por dentro, isso é público.

Nesse sentido, os setores oposicionistas devem desde já se organizar em um bloco nacional de oposição com o claro objetivo de derrubar a burocracia sin-dical traidora. Quanto maior a organização da oposição, mais coesa e forte para intervir no congresso.

Essa é a tarefa de todos aqueles que de alguma forma se dizem de oposição.

O crime da federação anã

A minúscula diferença de delegados denuncia também a traição dos setores da federação anã, liderada pelo PSTU, que durante as assembleias decidiram se-guir o PCdoB e defender o divisionismo na categoria.

O caso do Sintect-SJO (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São José do Rio Preto) é o mais significativo. Passando por cima completamente das reais necessidades dos trabalhadores, a diretoria desse sindicato, da federação anã, de-cidiu convocar uma assembleia às pressas para aprovar a não ida ao Congresso, uma conduta inexplicável diante do quadro político do congresso. O resultado, olhando para o quadro de delegados, é bem claro. Os “tão oposicionistas” direto-res de São José do Rio Preto acabaram sendo os maiores ajudantes da burocracia, caso esse sindicato tivesse eleito delegados para participar do congresso, a dife-rença seria ainda menor. A oposição teria que reverter a posição de apenas cinco delegados!

Merece o troféu traição também o PSTU no Rio de Janeiro. Participaram da convocação da assembleia da oposição ao PCdoB para decidir na hora, também de maneira inexplicável, não eleger delegados e ainda defender a política divi-sionista. Resultado, mais alguns delegados da oposição, que podem ser calcula-dos em cinco ou seis que deixarão de ir ao congresso e pior foram para o bloco situacionista, estabelecendo uma vantagem de para o PT de dez a 12 delegados. Apenas aí já é possível perceber que a oposição poderia inclusive chegar ao con-gresso com a maioria dos delegados, pronta para derrotar os anos de domínio da burocracia sindical e aprovar inúmeras propostas de interesse da catgegoria.

Por fim, no Rio Grande do Sul, o MR-Luta pela Base e o próprio PSTU que de-fendem abertamente a ruptura com a federação, apesar de terem elegido delega-dos, poderiam ter imposto uma derrota maior ao bloco traidor caso abandonas-sem a política divisionista e fizessem uma campanha entre os trabalhadores para eleger delegados da oposição contra o PT. Ao invés disso ficaram no discurso va-

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zio de que como a direção da federação é pelega, sem fazer nada para derrota-la.O quadro de delegados deixa claro que a política da federação anã de dividir

a Fentect é uma política criminosa cujo único sentido é abandonar a luta contra uma burocracia em crise total, uma política sem nenhum compromisso com a luta real dos trabalhadores.

Chamamos todo o bloco oposicionista e organizar uma intervenção combati-va no congresso e convocamos os trabalhadores a exigirem daqueles que querem dividir a categoria e favorecer os pelegos que abandonem tal ideia, que será de-nunciada como o maior crime já cometido no movimento sindical dos Correios.

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Não à divisão da campanha salarial dos Correios

A unidade dos trabalhado-res é uma condição para a luta

A A divisão da categoria que a burocracia procura impor aos trabalhadores serve para atacar a campanha salarial e a unidade do movimento grevista contra os patrões

A crise sem precedentes da burocracia sindical dos Correios (PT-PCdoB) deu lugar a uma política desesperada e criminosa dessa mesma burocracia e seus aliados, de ten-tar dividir os trabalhadores formando mais uma federação.

O PCdoB/CTB desfiliou os sindicatos de S. Paulo e Rio de Janeiro com o pretexto de formar uma nova federação supostamente em oposição à política da Fentect, o que é puro cinismo, uma vez que esse partido juntamente com o PT foram os principais responsáveis pelas inúmeras traições contra a categoria, assinando os piores acordos (PCCS da escravidão, acordo bianual etc) em troca de privilégios e cargos oferecidos pela direção da ECT.

Por outro lado, o PSTU/Conlutas, pioneiro dessa política, com a criação da FNTC (Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios), conhecida na categoria como “fe-deração anã”, logo saíram em defesa do PCdoB vendendo a ilusão que a “ruptura” dos burocratas seria para formar uma federação de luta. Isso está absolutamente fora de cogitação, uma vez que o PCdoB foi e é o um dos principais partidos ligado à direção da empresa. Dessa maneira, o PSTU/Conlutas procura encobrir a sua política patronal de direita com um vocabulário “esquerdista”.

Os efeitos profundamente nocivos dessa política que tem serventia apenas aos pa-trões são evidentes, independentemente dos argumentos cínicos e oportunistas utiliza-dos pela burocracia para justificar a divisão.

O que os divisionistas não sabem ou o que, mais provavelmente, querem ocultar é que o principal papel que tem uma associação sindical e no caso dos Correios, a Federa-ção, é organizar a defesa da força de trabalho contra a feroz exploração dos patrões e, em termos jurídicos, negociar as cláusulas do contrato coletivo de trabalho com base nos interesses e reivindicações da categoria. A divisão dos trabalhadores, portanto, vai isolar os sindicatos e diluir a força e a pressão da categoria contra os patrões, que negociando separadamente com cada federação terá melhores condições de impor uma derrota aos

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trabalhadores. A divisão da categoria em mais uma federação servirá para diluir a força e o poder

de pressão dos trabalhadores contra os patrões. É um ataque, nesse sentido, diretamente à campanha salarial, ou seja, ao salário e aos benefícios econômicos conquistados pelos trabalhadores. É uma forma da ECT atacar essas conquistas em nível nacional fazendo os sindicatos rastejarem diante da empresa pedindo uma esmola. Trata-se, portanto, de uma política para enfraquecer a organização da luta dos trabalhadores, uma vez que a divisão criará uma enorme confusão durante a campanha salarial, a greve ou a qualquer mobilização, onde a categoria, que embora seja nacional e tenha apenas um patrão, o governo, a direção da ECT, está dividida, sem nenhuma voz de comando onde possam ser discutidos e resolvidos os problemas organizativos e políticos da categoria.

No caso do PCdoB, não há nenhuma novidade nessa política, pois desde que assu-miu o domínio do Sintect-SP e Sintect-RJ ele tem utilizado o poder desses dois sindica-tos, os maiores da categoria, para liquidar a campanha salarial em momentos decisivos, aprovando a mando da empresa, em assembleias manipuladas, o fim da greve e inician-do uma debandada geral da campanha salarial no restante do País, levando a categoria à derrota.

Todos os trabalhadores sabem perfeitamente que a força de uma categoria, a vitória na luta contra os patrões, reside principalmente na organização centralizada e unificada do movimento operário. A força da última greve dos Correios comprovou claramente esse fato; o caráter amplo e nacional da greve de 28 dias foi o que permitiu passar por cima da burocracia sindical que não teve força para derrotar a greve, precisando da ajuda do judiciário, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) e da campanha de desinfor-mação e ataque da imprensa burguesa.

A unidade dos trabalhadores em uma organização centralizada, unificada é uma conquista da categoria que deve ser defendida energicamente.

A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) é uma realidade que não pode ser ignorada, é a única organização independente de qualquer conside-ração que possa ser feita, que foi efetivamente criada pelos trabalhadores e que unifica a categoria. Se a sua direção é pelega, é vendida, segue a política da empresa, que então seja mudada, derrotada pela luta dos trabalhadores ecetistas para colocar uma direção nova, combativa que defenda seus interesses.

Os trabalhadores dos Correios e os elementos que participam ativamente dessa luta devem ter isso claro. O caminho é lutar para retomar os sindicatos e a Fentect para os trabalhadores. A divisão é uma arma dos patrões para derrotar os operários e uma for-ma da burocracia dominar sem a pressão da base.

A crise terminal da burocracia PT-PCdoB e seus aliados tem relação com a luta cotidiana, a experiência do movimento dos Correios com essas direções pelegas e foi através dessas que a luta e a consciência da categoria avançou e continua avançando.

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A nova federação do PSTU

Federação Anã: ”Mais pe-lega” que a Fentect

O PSTU/Conlutas divulga amplamente que a Fentect é pelega, mas este argu-mento não passa de um discurso sem qualquer conteúdo real

O PSTU/Conlutas está propondo rachar com a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores nas empresas de Correios e Telégrafos), pois esta seria “gover-nista” e não representaria mais o interesse dos trabalhadores.

Vejam bem. O argumento da Conlutas não é o de que a maioria da direção da Fentect seja “governista” e não represente o interesse dos trabalhadores dos correios e sim, toda a Fentect, que além da maioria da direção tem uma minoria opositora, trinta e cinco sindicatos e organiza a luta de mais de 110 mil traba-lhadores nacionalmente, além de contar com mais de uma dúzia de correntes políticas organizadas no seu interior. Segundo a “nova” teoria do PSTU/Conlutas todo este conjunto seria “governista” e “pelego”.

Essa afirmação não passa de uma enorme confusão política e teórica que reve-la que, na realidade, nem os dirigentes do PSTU/Conlutas e menos ainda os seus militantes sabem o que é uma organização sindical.

Nesta “nova” teoria, a organização sindical fica reduzida apenas à sua direção e nem mesmo a toda esta direção, mas apenas à facção majoritária desta direção, todo o resto perdendo completamente a importância.

Omitem que a Fentect possui uma direção, que sua composição é proporcio-nal e com diversas correntes políticas. Conta com 35 sindicatos filiados e mais de 110 mil trabalhadores que podem influenciar e pressionar as suas direções sindicais.

Estão confundindo a entidade com a direção. Mas não é apenas confusão po-lítica e sim uma mistura de ignorância política crassa com oportunismo com interesses bem claros que não correspondem à defesa dos trabalhadores, mas a um carreirismo e na luta por interesses pessoais.

Ignoram que neste momento, em que a classe operária começa a superar um longo período de refluxo, há um enorme domínio da burocracia sindical sobre as organizações sindicais. Como uma organização trotskista deveriam ter claro que este fato é um fenômeno social e histórico inevitável. Leon Trotsky no livro Os

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sindicatos na época da decadência imperialista afirmou que “há uma característi-ca comum no desenvolvimento ou, para sermos mais exatos, na degeneração das modernas organizações sindicais de todo o mundo: sua a aproximação e sua vin-culação cada vez mais estreitas com o poder estatal. Esse processo é igualmente característico dos sindicatos neutros, social-democratas, comunistas e anarquis-tas. Somente este fato demonstra que a tendência a “estreitar vínculos” não é pró-pria desta ou daquela doutrina, mas provém de condições sociais comuns a todos os sindicatos”. Isso significa, colocando em poucas palavras, que não tendo uma direção revolucionária, os sindicatos são quase que automaticamente integrados ao Estado burguês. Significa também que não há organização enquanto tal que esteja imune a este fenômeno, mas que somente uma luta permanente contra a burguesia pode garantir a existência de organizações independentes e de luta.

Para um revolucionário o grau de atrelamento de um sindicato ao governo ou ao Estado ou aos patrões de cada setor da produção não pode levar ninguém e menos ainda quem se diz revolucionário e marxista a abandonar a luta ou dividir as organizações simplesmente porque estas fantasias organizativas não correspondem à evolução do conjunto dos trabalhadores e a única base para a constituição de uma nova direção para o movimento é a própria evolução dos trabalhadores.

Tais questões fundamentais, no entanto, não fazem parte das preocupações dos dirigentes e militantes da Conlutas para quem tudo o que importa é a evolu-ção do aparato sindical.

O peleguismo da Fentect

Se for realizada uma análise concreta da situação do movimento sindical na-cional e das traições contra os trabalhadores, a Fentect passa longe de ser a enti-dade que mais traiu os trabalhadores, tomada na concepção do PSTU/Conlutas.

No momento em que o ataque tem se tornado cada vez mais agudo e sistemá-tico contra a classe trabalhadora, com dezenas de sindicatos de várias categorias aprovando acordos bianuais seguidos, a Fentect somente aprovou um, e que so-mente foi aprovado através da fraude e de uma crise gigantesca. E depois desse fato, a imposição do acordo bianual nunca mais foi proposta e nem sequer men-cionado. Ou seja, foi derrotado de maneira completa dentro da Fentect, apesar da vontade da sua direção de fazer como todos os demais sindicatos estatais vem fazendo, ou seja, instituir de uma vez por todas o acordo bianual.

Citamos este fato, porque este é o maior ataque contra os trabalhadores no último período e atinge diretamente o interesse fundamental do trabalhador que é o seu salário.

Este fato mostra que as federações e sindicato governistas não são todos iguais,

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não são instrumentos obedientes nas mãos da burocracia, mas são diretamente influenciados pelos trabalhadores. Na verdade o acordo bianual e outros ataques dentro dos Correios foram derrotados pela mobilização e luta dos trabalhadores e pela luta de partidos dentro da organização da Fentect, com todas as restrições burocráticas existentes.

É importante lembrar que o único acordo bianual foi aprovado devido a frau-de, senão nunca teria sido aprovado. O acordo bianual foi derrotado devido à dura luta travada pelos trabalhadores e pelos setores oposicionistas dentro da Fentect e dos sindicatos, em primeiro lugar, a corrente Ecetistas em Luta ligada ao PCO.

A burocracia sindical foi derrotada e sua política não foi implantada, e ob-serve que os mesmos traidores continuam na ala majoritária da federação, mas não conseguem impor essa política devido aos trabalhadores. Da mesma forma, anteriormente, os trabalhadores rejeitaram e derrotaram a política estabelecida pelo governo FHC e defendida por toda a burocracia sindical de substituir os aumentos salariais por abonos e pela pretensa “participação nos lucros”.

A questão do abono

Outra derrota da burocracia sindical e da direção dos Correios foi à política de abono salarial. Enquanto o abono é colocado em praticamente todas as cate-gorias como uma vitória pela burocracia sindical, nos correios os trabalhadores derrotaram essa política.

O abono foi implantando nos Correios pelo governo de Fernando Henrique Cardoso e apoiado pela direção da Fentect, nesse período nas mãos do PSTU, como uma grande vitória dos trabalhadores. É importante lembrar que todas as correntes políticas do movimento sindical – o famoso Bando dos Quatro (PT--PCdoB-Psol-PSTU) dos Correios apoiavam o abono, somente a corrente Ecetis-tas em Luta, do PCO era contra e realizou inúmeras campanhas contra o abono e denunciou a farsa do abano como um ataque ao salário do ecetista.

O abono foi derrotado dentro da Fentect pelos trabalhadores e não foi preciso derrotar essa política rachando a categoria. Apenas realizando uma firme cam-panha de denúncia e esclarecimento dos trabalhadores, com uma luta principista contra a burocracia sindical.

Estes fatos são a demonstração de que os trabalhadores podem e não ape-nas podem, mas efetivamente irão derrotar a burocracia sindical. Que a evolu-ção da consciência da classe operária modifica as organizações sindicais e pode transformá-las completamente. Este conceito fundamental da luta de classes está totalmente ausente dos cálculos políticos do PSTU/Conlutas que não acredita nem na evolução da história nem no poder político dos trabalhadores, pois se os

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trabalhadores não são capazes de derrotar a burocracia sindical de segunda linha do PT, é óbvio que não serão também capazes de derrotar a burguesia local e o poderoso imperialismo mundial. Isso mostra que toda a conversa sobre a revolu-ção mundial e a IV Internacional não passam... de conversa.

A política de privatização

O processo de privatização das empresas estatais foi colocado em marcha pelo governo neoliberal de FHC. E desde então uma infinidade de empresas foi pri-vatizadas, seja em maior ou menor grau. Nesse processo o Correio é uma das menos atacadas e esse processo é extremamente defensivo. Isso só ocorre porque os trabalhadores estão derrotando as tentativas de privatização da ECT. E apesar de toda a burocracia do Bando dos Quatro apoiar todas essas políticas citadas e tentar desmobilizar a categoria para implantá-las, foram derrotadas pela luta dos trabalhadores centralizados pelo aparato dos sindicatos e da Fentect, contra a direção destes aparatos.

PSTU/Conlutas propõe rachar a Fentect

O PSTU/Conlutas propõe rachar a Fentect, dividindo a categoria, e criar a FNTC (Federação Nacional dos Trabalhadores nos Correios) e que foi apelidada pelos trabalhadores de Federação Anã, devido ao pequeno número de sindicatos e de trabalhadores na sua base (apenas 6% do total). Isso porque a Fentect estaria dominada pelos “governistas” do PT e do PCdoB e não corresponde mais aos interesses dos trabalhadores, e que deve ser criada uma outra federação de luta, pura e livre dos pelegos e “governistas”.

A federação criada proposta pelo PSTU/Conlutas agrupou os menores sin-dicatos do país e possui menos de 7% dos trabalhadores. São eles: Sintect-AM, Sintect-PB, Sintect-PI, Sintect-SJO, Sintect-VP e Sintect-PE.

São pequenos sindicatos que não possuem força para impor sua política con-tra a direção da ECT, que vai negociar com a Fentect e enfiar goela abaixo desses sindicatos a proposta da campanha salarial apresentada pelos patrões. Ou seja, vão ficar a reboque da política da Fentect e da direção da empresa e, pior, sem poder influir na luta interna da federação. Do ponto de vista da luta sindical e política é uma política de autoisolamento.

A divisão dos trabalhadores pode ainda contribuir para a manutenção do PT na direção da Fentect, pois a burocracia sindical do PT e do PCdoB vive a maior crise da sua história no movimento dos Correios e corre um grande risco de perder no Congresso da Fentect. A mobilização da categoria nos últimos anos, que levou o bloco dominante PT-PCdoB à sua crise final, está resultando em um