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folhafeminista 1 folha feminista Boletim da SOF na luta feminista - Agosto 2005 nº 58 - ISSN 1516-8042 editorial continua na página 2 Harry Callahan/1968 Diante da crise política pela qual passa o país, só temos um caminho: reforçar nossa organização e mobiliza- ção. A crise é complexa, uma vez que junta aspectos estruturais típicos da sociedade capitalista, hierárquica, do- minada pelas elites com uma crise na esquerda. Isso, na verdade, aprofunda o caráter de conflito e de necessidade de empreender um amplo processo de luta para disputar uma alternativa de- mocrática e popular, de ruptura com o atual modelo e com todas as suas for- mas de dominação e exploração. A crise atual ameaça brutalmente as possibilidades de transição abertas com a eleição de Lula. É necessário recupe- rar uma direção comprometida com as mudanças para as quais ele foi eleito. E isso só será possível com uma recompo- sição do governo e a saída de todos os setores conservadores, inclusive Anto- nio Palocci. Um governo de ruptura com o neoli- beralismo só será viável se sua opção de governabilidade estiver ancorada em uma ampla mobilização popular e através de mecanismos de democracia direta. A agenda dos movimentos sociais, ONGs, igrejas exige alteração da política econômica, garantia das políticas sociais universais, uma profunda reforma políti- ca e com ampla participação popular. Continuaremos lutando para que a esperança prevaleça. As Semprevivas Todo mundo pôde constatar: após muitos anos, o discurso das instituições internacionais mudou. Palavras como “pobreza”, “desenvolvimento”, entre outras, contrariamente aos anos 1980, não são mais um tabu. Em 2001, o Ban- co Mundial (BM) anunciou sua estraté- gia para reduzir a pobreza. As mulheres parecem ter um papel central nessa mudança de orientação. Entre os “objetivos do milênio” encon- tramos a “promoção da igualdade entre os gêneros” e “dar mais poder” às mulhe- res, eliminando a desigualdade ente os sexos em todos os níveis educacionais, a “promoção da saúde materna”. As análises destacam a necessidade de condições que aumentem a possibilida- de de escolha das mulheres. Há uma enorme quantidade de projetos nesse sentido: de formação profissional para “mulheres de baixa renda”, programas de modernização do ensino escolar que in- tegrem a questão de igualdade entre meninas e meninos, programas de saúde, alimentícios, de planejamento familiar, de proteção maternal e infantil. O relató- rio de 2001 do BM “atacou a pobreza” e destacou a relação entre pobreza e desi- gualdade entre os gêneros. O relatório de 2004 destaca, por exemplo, a discrimi- nação das jovens na educação. Podemos ficar tentadas a pensar que se trata de uma tentativa do BM de “lim- par” a fachada e de uma operação para tentar restaurar uma legitimidade des- gastada: discurso puramente panfletário, que não surtirá efeito algum e, principal- mente, levará à criação de projetos que praticamente não afetam os programas macroeconômicos, que ainda são dirigi- dos ao liberalismo e à abertura máxima das economias. Isso não deixa de ser verdade, mas se nos atermos a esse diag- nóstico, deixaremos de lado o essencial: a nova doutrina de desenvolvimento que o Banco Mundial e questão de gênero: “o novo consenso de Washington” Por Stéphanie Treillet* Orientações do Banco Mundial instrumentalizam a temática de gênero

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Page 1: folhafeminista - sof2.tempsite.wssof2.tempsite.ws/wp-content/uploads/2015/06/FF-58.pdf · folhafeminista 2 Debate continuação da capa Banco Mundial elaborou a partir dos anos 1990,

folhafeminista 1

folhafeministaBoletim da SOF na luta feminista - Agosto 2005 nº 58 - ISSN 1516-8042

editorial

continua na página 2

Harry Callahan/1968

Diante da crise política pela qual passa o país, só temos um caminho: reforçar nossa organização e mobiliza-ção. A crise é complexa, uma vez que junta aspectos estruturais típicos da sociedade capitalista, hierárquica, do-minada pelas elites com uma crise na esquerda. Isso, na verdade, aprofunda o caráter de conflito e de necessidade de empreender um amplo processo de luta para disputar uma alternativa de-mocrática e popular, de ruptura com o atual modelo e com todas as suas for-mas de dominação e exploração.

A crise atual ameaça brutalmente as possibilidades de transição abertas com a eleição de Lula. É necessário recupe-rar uma direção comprometida com as mudanças para as quais ele foi eleito. E isso só será possível com uma recompo-sição do governo e a saída de todos os setores conservadores, inclusive Anto-nio Palocci.

Um governo de ruptura com o neoli-beralismo só será viável se sua opção de governabilidade estiver ancorada em uma ampla mobilização popular e através de mecanismos de democracia direta.

A agenda dos movimentos sociais, ONGs, igrejas exige alteração da política econômica, garantia das políticas sociais universais, uma profunda reforma políti-ca e com ampla participação popular.

Continuaremos lutando para que a esperança prevaleça.

As Semprevivas

Todo mundo pôde constatar: após muitos anos, o discurso das instituições internacionais mudou. Palavras como “pobreza”, “desenvolvimento”, entre outras, contrariamente aos anos 1980, não são mais um tabu. Em 2001, o Ban-co Mundial (BM) anunciou sua estraté-gia para reduzir a pobreza.

As mulheres parecem ter um papel central nessa mudança de orientação. Entre os “objetivos do milênio” encon-tramos a “promoção da igualdade entre os gêneros” e “dar mais poder” às mulhe-res, eliminando a desigualdade ente os sexos em todos os níveis educacionais, a “promoção da saúde materna”.

As análises destacam a necessidade de condições que aumentem a possibilida-de de escolha das mulheres. Há uma enorme quantidade de projetos nesse sentido: de formação profissional para “mulheres de baixa renda”, programas de modernização do ensino escolar que in-

tegrem a questão de igualdade entre meninas e meninos, programas de saúde, alimentícios, de planejamento familiar, de proteção maternal e infantil. O relató-rio de 2001 do BM “atacou a pobreza” e destacou a relação entre pobreza e desi-gualdade entre os gêneros. O relatório de 2004 destaca, por exemplo, a discrimi-nação das jovens na educação.

Podemos ficar tentadas a pensar que se trata de uma tentativa do BM de “lim-par” a fachada e de uma operação para tentar restaurar uma legitimidade des-gastada: discurso puramente panfletário, que não surtirá efeito algum e, principal-mente, levará à criação de projetos que praticamente não afetam os programas macroeconômicos, que ainda são dirigi-dos ao liberalismo e à abertura máxima das economias. Isso não deixa de ser verdade, mas se nos atermos a esse diag-nóstico, deixaremos de lado o essencial: a nova doutrina de desenvolvimento que o

Banco Mundial e questão de gênero: “o novo consenso de Washington”Por Stéphanie Treillet*

Orientações do Banco Mundial instrumentalizam a temática de gênero

Page 2: folhafeminista - sof2.tempsite.wssof2.tempsite.ws/wp-content/uploads/2015/06/FF-58.pdf · folhafeminista 2 Debate continuação da capa Banco Mundial elaborou a partir dos anos 1990,

folhafeminista 2

Debate

continuação da capa

Banco Mundial elaborou a partir dos anos 1990, da qual a estratégia para re-duzir a pobreza faz parte, e cuja utiliza-ção, de um determinado ângulo da te-mática do “gênero”, constitui uma peça central. Ao longo da primeira etapa do ajuste estrutural, durante os anos 1980, as mulheres não apareciam nos escritos das instituições financeiras internacio-nais: o seu papel nas economias do Ter-ceiro Mundo, assim como a conseqüên-cia das medidas tomadas sobre sua situ-ação foi simplesmente ignorada.

Dificuldades do ajuste estruturalMesmo os especialistas mais dogmá-

ticos foram obrigados a admitir que as estratégias de ajuste ultraliberais coloca-das em prática no Terceiro Mundo du-rante a década de 1980 fracassaram. Mas elas asseguraram o pagamento re-gular da dívida externa, o que era o principal objetivo. Em seguida, no en-tanto, foram incapazes de revitalizar as economias com o crescimento. Ao con-trário, mergulharam as economias em uma recessão prolongada, juntamente com o agravamento da pobreza e da desigualdade.

Os especialistas das instituições pen-saram ser necessário dar “uma dimensão social” ao ajuste, uma “cara humana” com dispositivos de “luta contra a po-breza”, projetos que pretendiam colocar em ação “nichos de segurança”, que se-riam destinados a assegurar condições mínimas de sobrevivência. Era a doutri-na do “alvo”, reservar os recursos àqueles que realmente necessitam. Entre os gru-pos alvo estavam – e ainda estão – as mulheres pobres, em particular, as mu-lheres “chefes de família”.

Instrumentalização das mulheresAs mulheres teriam um papel cen-

tral dentro dessa nova lógica do BM, pois são, antes de tudo, consideradas um recurso, um investimento rentável, e totalmente instrumentalizadas. As múltiplas formas de discriminação que

sofrem são consideradas como fonte de ineficiência frente ao mercado e como entraves à sua produtividade, tanto no ambiente doméstico quanto no merca-do de trabalho.

E porque elas são consideradas edu-cadoras. É dessa forma que a melhoria na qualidade do sistema escolar condu-zirá as famílias - dentro do cálculo entre os custos e as vantagens - a acreditarem que de agora em diante é mais vantajoso colocar os filhos na escola, lê-se as meni-nas, do que os colocar para trabalhar na produção ou mesmo realizando tarefas domésticas.

Finalmente, a repartição dos papéis (funções) que atribuem às mulheres - o essencial das tarefas educativas e domés-ticas - não é colocada em questão: trata-se somente de tornar mais eficaz a execu-ção de tais tarefas...

Nota-se enfim que a atividade repro-dutiva remunerada que é objetivada pe-las mulheres não é obrigatoriamente as-salariada: o Banco Mundial defendeu o encorajamento do setor informal, consi-derado uma saudável reação da iniciativa privada que procura escapar das regula-mentações e do fisco.

Tudo isso reitera a temática do “de-senvolvimento participativo”, um gran-de eixo desse novo “consenso de Wa-

shington”, recuperar e redefinir a ativi-dade das ONGs, mas também de asso-ciações locais de comunidades de bairro (dando a todas elas o novo nome de “sociedade civil”), nos quais encontra-se um grande número de mulheres que asseguram grande parte das funções sa-nitárias e educativas que o Estado e o setor público não asseguram mais.

Essa estratégia preconiza um perigo, pois desmantela seus direitos sociais e a capacidade de acesso a serviços coletivos e implementa, de forma mais sutil do que antes, uma nova condicionalidade para o acesso às “compensações”: o des-mantelamento do direito trabalhista e sindical.

A reforma da educação na Guate-mala, por exemplo, previa a descentra-lização e gestão pela ‘sociedade civil, mas de fato ocorre quase que a privati-zação dos estabelecimentos escolares, a criação de associações, a marginalização dos sindicatos de professores e a perda de seus direitos, sem falar da degrada-ção da qualidade da educação gerada pela ausência de programas nacionais de controle.

* Economista, membro do Conselho Científico e da Comissão Gênero e Globalização do ATTAC-França. Artigo editado por nós. A íntegra está disponível na página da Rede Economia e Feminismo (www.sof.org.br)

Dorothea Kenaya

Desejo neoliberal: desmantelamento de direitos trabalhistas e sindicais

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Literatura

Uma festa para ClaricePor Denise Gomide*

Enigmática, supersticiosa, difícil... Para além desses adjetivos, a II Festa Li-terária Internacional de Paraty (RJ), ocorrida no período de 6 a 10 de julho, não deixou por menos: neste ano, dedi-cou sua homenagem central a Clarice Lispector, escritora cuja obra alcançou reconhecimento internacional.

Ucraniana, judia, nascida em 1925, Clarice veio para o Brasil com a família ainda recém-nascida. Morou em Alago-as, Recife e no Rio de Janeiro. Perdeu sua mãe ainda criança, foi criada pelo pai, teve dois filhos, separou-se do marido após quase 15 anos de casamento. Mor-reu em 1977, um dia antes do seu ani-versário. E, acima de tudo, dedicou à sua vida a esmiuçar as entranhas de protago-nistas introspectivas, reflexivas, ensimes-madas, por meio de uma escrita densa e original.

Mulheres protagonistasMas o que diz para nós, feministas,

esta Clarice, o centro da festa? Muito longe de pretender fazer qualquer análise da sua obra, vale aqui tentar levantar al-guns aspectos que esta consagrada auto-ra levou para o mundo. Desde Perto do coração selvagem (1944) até A hora da estrela (1977), Clarice trabalhou em grande parte de sua obra com o universo da mulher de classe média, tendo como protagonistas mulheres solteiras – relati-vamente independentes, mas aprisiona-das pela exacerbação da própria subjeti-vidade – ou casadas, aprisionadas nos Laços de Família – título de uma obra publicada em 1960 –, à entediante roti-na doméstica.

Apesar de influenciada por autoras como Katherine Mansfield e Virgínia Woolf, o viés literário de Clarice não é propriamente feminista. Para todas as suas personagens, a figura masculina é sempre uma ausência – e não uma opres-são –, e a relação com o outro, o homem, é sempre dolorosa. Há sempre a espera do outro e de que a solução do conflito

existencial esteja neste outro. Além dis-so, a tirania familiar, com suas conven-ções, é outra das formas que a escritora encontrou, sem explicitar propostas, de mostrar que a dificuldade está, sobretu-do, na condição humana.

Fuga dos esteriótipos O paradigma da sua narrativa é a si-

tuação da mulher que, a partir de um episódio do cotidiano (uma barata que sai da gaveta, a festa da vovó), às vezes insignificante, se entrega a um processo doloroso de recordação e auto-análise, uma sondagem minuciosa da memória e da consciência, que detona um estado de intenso sofrimento, de “náusea sartre-ana” – filósofo e literato existencialista a cuja corrente ela se filiou –, na busca de uma dimensão metafísica do ser, sem transcendência, “entre o ser e o nada” (grande obra de Jean-Paul Sartre).

Dessa intensa dor, há um instante de revelação: nada se altera no mundo exte-rior. Mas, de repente, há uma densa compreensão do ser e do estar no mun-do. É o salto que Clarice pretende do psicológico para o metafísico – sondar qual o sentido profundo que espreita o ser nos seus gestos mais insignificantes.

Contudo, atrás das máscaras que vestem suas personagens, Clarice projeta uma voz inconfundível: uma maneira de escrever e pensar, que sendo inequivoca-

mente feminina, foge dos estereótipos comuns, dos papéis convencionais e convencionados à mulher: o de filha adolescente, aluna, esposa, mãe, avó. E a escritora faz isso sem pieguice romântica e com grande densidade artística, além de questionar constantemente o seu trabalho literário e a eficácia da palavra.

Para quem?Criticada pelas “patrulhas ideológi-

cas” por concentrar-se num universo burguês, em A hora da estrela, seu último romance, Clarice lhes dá uma contun-dente resposta: escrevendo o que se pode chamar de um conto de fadas às avessas, ela projeta na alagoana Macabea todas as vicissitudes da exclusão social. A migran-te nordestina explorada, abandonada pelo namorado também nordestino, jo-gada “numa cidade feita contra ela”, tem por trás o narrador, Rodrigo S.M., hete-rônimo da autora. Ele questiona as pos-sibilidades e os limites da palavra e da compreensão de um universo de tal for-ma desumanizado, que é inapreensível pela sua sensibilidade burguesa. Ao final, morre Macabea, atropelada por um Mercedes Benz, após ter saído esperan-çosa de uma cartomante; e morre o narrador, identificado com a escrita da obra que se acaba.

*Feminista e jornalista, integra a diretoria da SOF.

Reprodução

Clarice Lispector: densidade artística

sem pieguice

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folhafeminista 4

folhafeminista

• DEBATES SOBRE O DIREITO AO ABORTO

• MOBILIZAÇÃO CONTRA O LIVRE COMÉRCIO

próximos números

Cultura

o que rola

Patrícia Galvão, a Pagu (1910-1962), é uma das personalidades femininas mais famosas do século 20 no Brasil. Participante da Antropofagia modernis-ta, foi ativista política e teve uma ampla militância intelectual.

Publicou, em 1933, Parque Indus-trial, considerado “um importante docu-mento social e literário, com uma pers-pectiva feminina e única do mundo modernista de São Paulo”. Sua produção jornalística abrange quatro décadas e te-mas que vão do teatro à televisão, da po-lítica à literatura. É também autora do romance A Famosa Revista, juntamente com Geraldo Ferraz, e dos contos poli-ciais de Safra Macabra. Mas sua obra maior é a própria vida, pautada pela bus-ca do novo e pelo combate às injustiças.

Paixão Pagu – A autobiografia precoce de Patrícia Galvão é um livro que não podia calar. Assim sendo, os filhos de Pagu, Rudá de Andrade e Geraldo Gal-

vão Ferraz, resolveram publicá-lo, mais de 60 anos depois de ser escrito.

Pagu não conseguiu ver as injustiças do mundo acabarem, mas sua militância política contribuiu para que fosse adian-te a chama da esperança de uma vida mais justa. Revolucionária, feminista, também marcou o cenário cultural bra-sileiro com uma incessante busca do novo e a constante missão de traduzir e divulgar os sopros da vanguarda.

Paixão Pagu – autobiografia precoce

Luta pela terra e contra o preconceitoA notícia de que seria finalmente assentada teve um significado especial para Zil-

denice Ferreira dos Santos, a Dida: “Depois de sete anos de acampamento, conseguir um lote é uma vitória. Mas pra mim o mais importante é ter a Darci no mesmo con-trato, sermos reconhecidas como uma família”, enfatiza Dida. “Eu queria ter essa se-gurança para minha companheira. Se acontecer qualquer coisa comigo, fico tranqüila, sabendo que o lote é de nós duas”. Ela e sua companheira Darci Maria Batista da Costa são uma das 181 famílias assentadas em abril deste ano pelo INCRA no Assen-tamento Zumbi dos Palmares, localizado em Iaras (SP).

Juntas há três anos, a união foi assimilada pelo círculo de parentes, amigos e pela comunidade, e se consolidou com a gradativa superação das dificuldades. Darci era casada na época em que se conheceram, e houve momentos de tensão com o ex-ma-rido, fazendo com que a coordenação do acampamento enfrentasse abertamente a questão, e a avaliação é a de que o processo educou as pessoas para uma postura de respeito quanto às opções particulares de cada uma.

O reconhecimento de que elas representam uma unidade familiar por parte de um órgão governamental fortaleceu a confiança no futuro em comum e numa vida me-lhor. Dida, que é da coordenação do núcleo de assentamento, explica que estão plane-jando o cultivo de feijão, milho, mandioca e amendoim, além da pecuária leiteira. Elas gostariam de oficializar a união, mas enquanto isso não é possível, comemoram o fato de terem sido assentadas juntas.

Reproduçãonº 58 Agosto de 2005 ISSN 1516-8042

CONSELHO EDITORIAL

Andréa Butto, Francisca Rocicleide da Silva (Roci), Helena Bonumá, Ivete Garcia, Maria Amélia de Almeida Teles (Amelinha), Maria Ednalva Bezerra de Lima, Maria Emília Lisboa Pacheco, Maria de Fátima da Costa, Maria Otília Bocchini, Martha de la Fuente, Mary Garcia Castro, Matilde Ribeiro, Raimunda Celestino Macena e Tatau Godinho.

A Folha Feminista, ISSN 1516-8042, é um boletim da SOF na luta feminista. Este número tem apoio financeiro da Fundação Heinrich Böll.

EQUIPE EDITORIAL

Diretora Responsável: Nalu FariaEditora: Fernanda Estima (Mtb 25.075)Projeto Gráfico: Alexandre BessaDiagramação: Márcia Helena RamosFotolito: SB Editora Impressão: RWC Artes GráficasTiragem: 1.500 exemplaresNúmero avulso: R$1,50

Assinatura anual (10 números): R$15,00

Rua Ministro Costa e Silva, 36, Pinheiros05417-080 - São Paulo / SPTel/fax: 3819-3876Correio Eletrônico: [email protected]ágina na internet:http://www.sof.org.br