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Editor: Instituto Politécnico de Santarém
Coordenação: Gabinete coordenador do projecto
Ano 5; N.º 183; Periodicidade média semanal; ISSN:2182-5297; [N.9]
FOLHA INFORMATIVA Nº16-2012
1º Fórum Ibérico do Tejo e 3º Congresso Nacional da Cultura
Avieira - 8 e 9 de junho - Santarém
Integrando a 49.ª Feira Nacional de Agricultura, 59.ª Feira do Ribatejo, o CNEMA - Centro
Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas -, S.A. foi palco do 1º Fórum Ibérico do Tejo e do
3º Congresso Nacional da Cultura Avieira. Com manifestações culturais paralelas decorrendo
em simultâneo - do folclore à pintura, à fotografia, à arqueologia e às embarcações Avieiras e
da Vieira de Leiria -, o Tejo foi a centralidade que congregou, durante dois dias, académicos e
estudiosos, portugueses, castelhanos e galegos e uma das comunidades mais identitárias para
a cultura das gentes taganas – a Avieira.
Numa organização do Instituto Politécnico de Santarém em parceria com a Universidade de
Castilla La Mancha e apoiado pelo CNEMA e CAP – Confederação dos Agricultores Portugueses,
o 1º Fórum Ibérico do Tejo centrou-se numa abordagem científica e cultural das problemáticas
do grande rio da Península. Sob a temática “O Tejo - corredor de cultura e de identidade
ibéricas -, berço de civilizações e factor de desenvolvimento dos territórios e do Turismo”, as
comunicações refletiram a importância do rio, enquanto fator de identidade e âncora para o
desenvolvimento turístico e económico da região.
Destaca-se a intervenção de Miguel Ángel Pérez, investigador e membro da Plataforma Cívica
de Talavera de la Reina, subordinada ao tema “A sobreexploração do Tejo em Espanha –
Porque não chega água a Portugal?”; uma visão crítica, atual e objetiva dos interesses
económicos nas águas do Tejo e dos seus impactos negativos sobre o caudal do rio, os
delicados ecossistemas e a sobrevivência das comunidades que dele dependem. Nesta visão se
destacou a política espanhola de transvases, que desviam o caudal do Tejo para
empreendimentos turísticos de luxo – incluindo campos de golfe em terrenos semidesertos no
sul de Espanha – e para projectos de agricultura intensiva, tendo como consequência a
redução muito acentuada de caudais do grande rio Ibérico e a falta de água em Portugal.
Outros intervenientes apresentaram o Tejo na sua geomorfologia e traçando a sua história,
desde os períodos mais recuados e anteriores à presença de qualquer forma de vida, passando
pelos tempos áureos de ser a principal via de comunicação e escoamento de produtos até
Lisboa, à atualidade marcada pela tentativa do seu renascimento, desta vez, assumindo-se
como atrativo e destino turístico. Os “quês e os porquês” da falta de água e a análise da morte
lenta do rio prepararam o 3º Congresso Nacional da Cultura Avieira.
A Cultura Avieira, enquanto potencial para um turismo cultural que vise a agregação de valor
às comunidades locais, poderá e deverá ser, a breve prazo, a prioridade de toda a região.
Envolver as comunidades, preservar a sua autenticidade, criar infra-estruturas necessárias,
divulgar e oferecer experiências turísticas únicas e completas, será apostar num caminho de
sucesso e num progresso sustentável. Responder-se-á assim, não só a objetivos intrínsecos das
comunidades e populações, mas a objetivos extrínsecos dos parceiros que a esta aposta se
quiseram associar.
A Cultura Avieira constitui-se como projeto de candidatura a património nacional. Antes de
mais, um projeto de afetos, bem expressos nos muitos elementos desta comunidade que
participaram nos trabalhos, tendo sido homenageados seis dos seus mais idosos
representantes, autênticos porta-vozes desta cultura, num reconhecimento do seu valor,
enquanto atores vivos de um património inestimável. O mais novo dos homenageados tem 80
anos e o mais idoso tem 88 anos. Foram eles Vítor Tomás (Caneiras), Crispim Dinis
(Valada/Cartaxo), Manuel do Vau [Bau] (Vila Franca de Xira), Emília Lameira (Vale de Figueira),
Iria Grilo (Touco/Alpiarça) e Maria de Sousa (Azinhaga).
Falar de Avieiros é falar de uma comunidade de resistentes às adversidades dos tempos; tendo
adotado outras buscas de sustento, quando o rio - atraiçoando-os -, escasseava nos seus bens,
os Avieiros integraram a sociedade à qual tinham, anteriormente, as costas voltadas, vivendo
com os olhos postos no rio. Mantiveram, contudo, as marcas da sua singularidade e
identidade.
Sendo âncora do Projeto de Candidatura da Cultura a Património Nacional, a casa palafítica, o
barco, as artes de pesca, o traje, a fala, a religiosidade e o património gastronómico,
apresentaram-se estudos e propostas sobre a dimensão social de um processo integrado de
desenvolvimento, tendo por base os desafios e as oportunidades de um turismo sustentável
assente nestes pilares.
Com testemunhos de avieiros que, na primeira pessoa, recordaram e partilharam algumas
ocultações de saberes, o 3º Congresso da Cultura Avieira aliou esta transmissão pessoal
assente nas experiências de vida, à objetividade e rigor dos trabalhos científicos já
desenvolvidos e dos que se encontram em curso e virão a constituir o Portefólio da sua
candidatura.
Claramente evidente do interesse que cada vez mais suscita, tanto nos meios académicos,
como empresariais e associativos, foi a diversidade de temáticas apresentadas nas
comunicações. A emoção com que foram transmitidas reflete a carga afetiva com que, até as
mais objetivas áreas de pesquisa, se revestem quando partilhadas. São resultado de
investigações rigorosas e de compromissos morais, voluntariamente assumidos cuja
gratificação nada mais aporta que a sensação de bem-estar ao contribuir para a preservação e
divulgação do nosso património cultural, material e imaterial. Neste caso, de um património
ainda não descoberto na sua totalidade, de uma comunidade apelidada por Alves Redol de
“ciganos do rio”. Uns “nómadas da água” que, ao cruzarem o território de norte para sul, se
instalaram e, mais tarde, fixaram nas suas margens, edificando assentamentos tão
marcadamente diferentes e específicos da sua cultura.
De entre as muitas personalidades presentes, instituições académicas castelhanas, galegas e
portuguesas, convidados e Avieiros, o Engenheiro António Redol, filho do grande escritor
neorrealista Alves Redol, foi um atento acompanhante dos trabalhos deste que foi mais um
dos eventos importantes para o reconhecimento público da notoriedade da Cultura Avieira.
Uma cultura que se mantém viva e trará a notoriedade que o nosso grande Tejo merece,
verdadeiro mosaico cultural, paisagístico e gastronómico.
O Tejo e as manifestações culturais paralelas
Exposição de pintura dedicada exclusivamente aos Avieiros, de Sérgio Ramos
Duas exposições de fotografia sobre os Avieiros e o Tejo, uma de José Peixe e outra de Ricardo Peixeiro
Exposição de fateixas/âncoras de grandes dimensões resgatadas do leito do Tejo, na zona de Abrantes, possivelmente de barcos de água-acima
Exposição de oito embarcações, sete Avieiras (da colecção da AIDIA), e uma da
Praia de Vieira de Leiria
Stand dedicado ao projeto da cultura Avieira, no espaço da TuriPortugal
Exibição de dois agrupamentos que interpretaram o folclore dos pescadores -
Peixeiras da Vieira (de Vieira de Leiria), e Albandeio (de Alpiarça)
O Secretariado do Congresso; Lurdes Véstia autografando o seu último trabalho, uma publicação
integrada no projecto de Candidatura da Cultura Avieira a Património Nacional: “Avieiros – Dores e Maleias”, uma co-autoria com Emídio Rafael
José Gaspar, membro da Associação para a Promoção da Cultura Avieira
Oradores do último painel de comunicações, da esquerda para a direita: Prof. Carlos Barbosa; Presidente da
Federação da Associação de Embarcações Marítimas e Fluviais de Galiza, Victor Fernandez González; Antónia Seabra
(Cineasta e produtora do filme sobre os Avieiros, há cerca de 20 anos e aqui exibido, “Dia que não vejo o Tejo não é
dia”; Isabel Cabral, Presidente da Associação das Aldeias Históricas de Portugal; João Serrano, Coordenador do
Projeto de Candidatura da Cultura Avieira; Professor Alfredo Pinheiro Marques, fundador do CEMAR (Centro de
Estudos do Mar); Arquiteto Simões Dias, especialista em arquitetura fluvial; historiador Hermínio Nunes;
Ana Paula Pinto
Carlos Vitorino
PORTEFÓLIO FOTOGRÁFICO DO 3º CONGRESSO
O Sr. Presidente do IPS, Prof. Doutor Jorge Guerra Justino, na sessão de
abertura do 3º Congresso
O Sr. representante da Universidade de Castilla-La Mancha, Prof. Doutor
Ángel Monterrubio Pérez, na sessão de abertura do 3º Congresso
A apresentação e chamada de cada um dos avieiros homenageados
Um momento da homenagem pública ao avieiro Vítor Tomás, da aldeia
das Caneiras (Santarém)
Manuel do Vau [Bau] (Vila Franca de xira), no momento em que se preparava
para ser publicamente homenageado
Um momento da homenagem pública a Emília Lameira, da aldeia da Barreira
da Bica (Vale de Figueira - Santarém)
Um momento da homenagem pública a Maria de Sousa, de Azinhaga
(Golegã)
Um momento da homenagem pública a Crispim Dinis, da aldeia de Santana
(Cartaxo)
Um momento da homenagem pública a Iria Grilo, da aldeia de Touco
(Alpiarça), na presença do Prof. Doutor Ángel Monterrubio Pérez, da
Universidade de Castilla - La Mancha
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