folha do iab 128

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Folha do IAB I AB JORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS NA VANGUARDA DO DIREITO DESDE 1843 N º 128 - MARçO/JUNHO - 2015 n ENTREVISTA Nelson Paes Leme considera a reforma política inadiável PÁGINA 8 n Posição do IAB contra ensino religioso confessional é levada a audiência pública no STF PÁGINA 6 n Diretoria anuncia isenção de anuidade e parcelamento de débitos de inadimplentes PÁGINA 3 Casa de Montezuma tem um novo representante no Supremo Tribunal Federal A carteira vermelha na mão do hoje ministro Luiz Fachin diz tudo: o Supremo Tribunal Federal tem agora mais um representante dos advogados. A foto acima registra um dos momentos da sabatina realizada no dia 12 de maio, na CCJ do Senado, quando o então candidato à vaga do mi- nistro Joaquim Barbosa foi questionado por mais de 12 ho- ras. Durante todo o processo de escolha do novo ministro, desde a indicação até a posse, no dia 16 de junho, o IAB manifestou seu total apoio a esse membro que orgulha a Casa de Montezuma. PÁGINAS 4 e 5 Mala Direta Postal Básica 9912328952/2013-DR/RJ IAB

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Edição 128 - março/junho de 2015

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março/junho1

Folha do IABIABjornal do instituto dos advogados brasileiros

na vanguarda do direito desde 1843

Nº 128 - março/juNho - 2015

n ENTREVISTA Nelson Paes Leme considera a reforma política inadiável

PÁGINA 8

n Posição do IAB contra ensino religioso confessional é levada a audiência pública no STF

PÁGINA 6

n Diretoria anuncia isenção de anuidade e parcelamento de débitos de inadimplentes

PÁGINA 3

Casa de Montezuma tem um novorepresentante no Supremo Tribunal FederalA carteira vermelha na mão do hoje ministro Luiz Fachin diz tudo: o Supremo Tribunal Federal tem agora mais um representante dos advogados. A foto acima registra um dos momentos da sabatina realizada no dia 12 de maio, na CCJ do Senado, quando o então candidato à vaga do mi-

nistro Joaquim Barbosa foi questionado por mais de 12 ho-ras. Durante todo o processo de escolha do novo ministro, desde a indicação até a posse, no dia 16 de junho, o IAB manifestou seu total apoio a esse membro que orgulha a Casa de Montezuma. PÁGINAs 4 e 5

Mala Direta PostalBásica

9912328952/2013-DR/RJIAB

março/junho2

Mensagem do presidente

Um dos mais renomados juristas brasileiros, o novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fa-chin, recebeu o apoio público e irrestrito do IAB,

imediatamente após ter seu nome indicado pela Presidên-cia da República. Seu nome foi acolhido, por unanimida-de, pelos consócios reunidos em sessão ordinária.

O ingresso de Luiz Edson Fachin no Supremo, com sua vasta experiência profissional, certamente contribui-rá para imprimir a visão da advocacia no julgamento dos processos mais relevantes do País.

Membro efetivo do IAB desde 1993, Fachin, que se tornou membro honorário ao tomar posse no cargo de ministro do STF, é detentor de uma biografia primoro-sa. Sua carreira profissional é marcada pelo brilhantis-mo. Sua vida acadêmica e intelectual resultou na larga produção de 140 artigos e 42 livros publicados, princi-palmente sobre Direito Civil.

A sabatina de mais de 12 horas a que foi submetido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado serviu para demonstrar a irretocável capacidade, a inabalável serenida-de e a probidade exemplar do novo ministro da Corte Su-prema, classificado pelo presidente Ricardo Lewandowski como “jurista que reúne plenamente os requisitos constitu-cionais de notável saber jurídico e reputação ilibada”.

Professor titular de Direito Civil da Universidade Fe-deral do Paraná (UFPR), a mesma em que se graduou em Direito em 1980. Tem mestrado e doutorado, tam-bém em Direito Civil, pela Pontifícia Universidade Cató-lica de São Paulo (PUC-SP), concluídos respectivamente em 1986 e 1991. Fez pós-doutorado no Canadá, atuou como pesquisador convidado do Instituto Max Planck, em Hamburgo, na Alemanha, e também como professor visitante do King’s College, em Londres.

Membro das Academias Brasileiras de Letras Jurídi-cas, de Direito Constitucional e de Direito Civil, Fachin é a advocacia no Supremo. É, também, o IAB no Supremo.

Técio Lins e Silva

membro das academias

Brasileiras de Letras jurídicas,

de Direito Constitucional

e de Direito Civil, Luiz

Edson Fachin é a advocacia

no Supremo. É, também, o IaB

no Supremo.

Expediente

Folha do IABPublicação bimestral do instituto dos advogados brasileiros

MARÇO/JUNHO1

Folha do IABIABJORNAL DO INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS

NA VANGUARDA DO DIREITO DESDE 1843

Nº 128 - MARÇO/JUNHO - 2015

n Instituto vai elaborar anteprojeto de lei para democratizar o acesso a livros

PÁGINA 7

n Posição do IAB contra ensino religioso confessional é levada a audiência pública no STF

PÁGINA 6

n Diretoria anuncia isenção de anuidade e parcelamento de débitos de inadimplentes

PÁGINA 3

Casa de Montezuma tem novo representante no Supremo TribunalA carteira vermelha na mão do hoje ministro Luiz Fachin diz tudo: o Supremo Tribunal Federal tem agora mais um representante dos advogados. A foto acima registra um dos momentos da sabatina realizada no dia 12 de maio, na CCJ do Senado, quando o então candidato à vaga do mi-

nistro Joaquim Barbosa foi questionado por mais de 12 ho-ras. Durante todo o processo de escolha do novo ministro, desde a indicação até a posse, no dia 16 de junho, o IAB manifestou seu total apoio a esse membro que orgulha a Casa de Montezuma. PÁGINAS 4 E 5

Fotografia: arquivo iabimpressão: gráfica Walprint tiragem: 2.500 exemplares

jornalista responsável: Fernanda Pedrosa (mt 13511)redação: ricardo gouveiaProjeto gráfico e diagramação: daniel tiriba

Diretoria EstatutáriaPresidente: técio lins e silva1º Vice-Presidente: Cândido de oliveira bisneto2º Vice-Presidente: rita Cortez3º Vice-Presidente: duval viannasecretário-Geral (licenciado): ubyratan guimarães Cavalcantisecretário-Geral em exercício: jacksohn grossmandiretor-secretário: Carlos eduardo machadodiretor-secretário: leilah borgesdiretor-secretário: Carlos roberto schlesingerdiretor Financeiro: thales rodrigues de mirandadiretor cultural: joão Carlos Castellardiretor de BiBlioteca: Fernando drummond

diretor adjunto: sydney sanchesdiretor adjunto: ester Kosovskidiretor adjunto: eurico telesorador oFicial: josé roberto batochio

Diretoria executivadiretor de relações institucionais: aristóteles atheniensediretor de relações internacionais: Paulo lins e silvadiretor de relações com o interior: armando de souzadiretor acadêmico: Pedro marcos nunes barbosadiretor de direitos Humanos: joão luiz duboc Pinauddiretor de leGislação e Pesquisa: aurélio Wander bastosdiretor de Patrimônio Histórico e cultural: luiz Felipe Condediretor de tV, comunicação e imPrensa: sara Costa

diretor de inFormática e modernização: antônio laért vieira juniordiretor de mediação, conciliação e arBitraGem: ana tereza basíliodiretor de acomPanHamento leGislatiVo: renato de moraesdiretor de sede: ludmila schargeldiretoria de eVentos: adriana brasil guimarãesProcurador-Geral: Paulo Penalva santosouVidor Geral: arnon velmovitsky

av. marechal Câmara n° 210, 5º andar - Centrorio de janeiro - rj - CeP 20.020-080telefax: (21) [email protected]

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Cooperação acadêmicaConvênios de cooperação acadêmica com a

PUC-Rio e o Ibmec foram firmados pelo IAB, nos meses de abril e maio, com o objetivo de promover a integração com as duas institui-ções de ensino por meio de pesquisas, fóruns, conferências, seminários, debates e palestras que propiciem a produção de conhecimentos jurídicos. Na sessão ordinária de 15 de abril, o convênio com a PUC-Rio foi celebrado em ato assinado pelo presidente, Técio Lins e Silva, e o diretor da Faculdade de Direito, Francisco Gui-maraens. A integração com o Ibmec foi forma-lizada na sessão do dia 6 de maio, conduzida pelo 1º vice-presidente, Cândido de Oliveira Bisneto. O coordenador da graduação em Di-reito do Ibmec, Daniel Brantes Ferreira, afir-mou: “Certamente, os nossos 1.300 alunos não somente participarão dos eventos, como farão da Biblioteca do IAB uma extensão da nossa”.

PossesForam empossados como membros efetivos

do IAB, nos meses de março a junho, os advoga-dos Paulo Parentes Marques Mendes, Marcos Carnevale Ignácio da Silva, Gabriel Dolabela de Lima Raemy Rangel, Sheila Lustosa, Cristiano Zanin Martins, Fábio Ulhoa Coelho, José Carlos Martins do Nascimento, Flávio Villela Ahmed, Raimundo Cândido da Silva Júnior, Fernanda Silva Telles, Mário Fabrízio Coutinho Polinelli, Aniello Miranda Aufiero, Heloisa Helena Go-mes Barbosa, Juliana Hoppner Bumachar Sch-midt, Daniela da Rocha Brandão, Nilton Cesar da Silva Flores, Júlio Antônio de Jorge Lopes, Roberto Alves dos Reis, José Guilherme Ber-man Corrêa Pinto, Fernando Cariola Travassos, Nelson Austregésilo de Athayde Pestana e Ale-xandre Costa Rangel.

março/junho3

Institucional

Duas importantes decisões tomadas pela Diretoria do IAB foram anunciadas por meio de cartas enviadas pelo presidente Técio Lins e Silva, em abril, aos cerca de 1.200 consócios. Os de 75 anos ou mais, com pelo me-nos 35 anos de filiação, se tor-naram remidos, ou seja, foram dispensados do pagamento das anuidades, e o valor cobrado na anuidade de 2014 foi mantido, para que os inadimplentes pos-

sam liquidar os seus débitos, in-clusive com parcelamentos.

As medidas têm o objetivo de “aumentar a frequência e a permanência dos atuais con-sócios e, sobretudo, trazer de volta aqueles que, pelos mais variados motivos, se afasta-ram”, informou, nas cartas, Técio Lins e Silva.

Com as novas condições, os membros efetivos pagaram, até o dia 30 de abril, a anuida-

de de 2015 no valor de R$ 700 à vista ou optaram por 10 par-celas de R$ 78. Os consócios honorários, R$ 300 à vista ou três parcelas de R$ 100. Aos inadimplentes, independente-mente do período em atraso, bastou, para sanar os débitos, o pagamento da anuidade deste ano e de mais uma, à vista ou em parcelas, sem juros e sem correção, nos mesmos valores cobrados dos adimplentes.

Isenção de anuidade e parcelamento de débitos

Inaugurada a subsede em Brasília Da esq. para a dir., Paulo Lins e Silva, Fernando Drummond, Luiz Felipe Conde, Maíra Fernandes, Cândido de Oliveira Bisneto, Técio Lins e Silva, Jacksohn Grossman, Adriana Guimarães, Rita Cortez e Carlos Eduardo Machado.

A placa com a inscrição “Sala do Instituto dos Advo-gados Brasileiros”, na sede da OAB Nacional, foi descerra-da pelos presidentes do IAB, Técio Lins e Silva, e da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coe-lho, na inauguração da subse-de da entidade, em Brasília, no dia 15 de março. Instalada no primeiro andar do prédio da

antiga sede da Ordem, onde hoje funciona o Centro Cul-tural Evandro Lins e Silva, a sala foi entregue mobiliada e equipada com computadores e impressora. No plenário da OAB, Técio agradeceu a ces-são do espaço, classificada por ele como “reconhecimento da importância do IAB no cenário da advocacia nacional”.

A Ordem do Mérito Judici-ário Militar foi aposta na ban-deira do IAB pelo presidente do STM, ministro William de Oliveira Barros, em solenidade, no Clube do Exército, em Brasí-lia, no dia 1º de abril. Técio Lins e Silva recebeu a comenda, e a bandeira do Instituto foi condu-zida à condecoração pelo diretor financeiro, Thales de Miranda.

Bandeira do IAB é condecorada no STM

O IAB agora tem o seu hino. Na AGO do dia 25 de março, os consócios, após ouvirem a execução, aprova-ram, por aclamação, o Hino do IAB composto, a pedido do presidente Técio Lins e Silva, pelo maestro Weling-ton B. A. Ferreira, regente do Coral da Mútua dos Magis-trados. A letra e o áudio estão disponíveis no site. Na oca-sião, o presidente anunciou a criação do Coral do IAB, a ser integrado por consócios e seus familiares.

O Museu do IAB come-çou a ser reformado. Parte do acervo – becas, medalhas, placas, selos, fotografias, es-culturas e documentos – está exposta em novas vitrines, no hall do plenário. Todas as pe-ças do patrimônio histórico, artístico e cultural serão cata-logadas por um museólogo.

Todas as peças do acervo serão catalogadas por um museólogo

Hino e Museu

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“Técio Lins e Silva

o STF já estava engrandecido

com a indicação de Luiz Fachin e, com a aprovação

do seu nome pelo Congresso

Nacional, ganhou imensamente

com sua vasta experiência

profissional e a inclusão da visão da advocacia no

julgamento dos processos

mais importantes do País.

A advocacia no SupremoUm dia após a presidente da

República, Dilma Rousseff, anunciar a indicação de Luiz

Edson Fachin, de 57 anos, para ocu-par a vaga aberta no Supremo Tri-bunal Federal (STF) com a aposenta-doria do ministro Joaquim Barbosa, o presidente do Instituto dos Advo-gados Brasileiros (IAB), Técio Lins e Silva, na sessão ordinária do dia 15 de abril, exaltou a figura do jurista acolhida de forma unânime pelos consócios presentes. Até ser nomea-do ministro do STF, cujo decreto foi publicado no Diário Oficial da União de 25 de maio, o jurista Luiz Edson Fachin, que passou por uma sabatina de mais de 12 horas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Sena-do, recebeu do IAB diversas mani-festações de apoio ao seu ingresso na Corte Suprema.

No dia 20 de abril, na sua coluna semanal publicada, às segundas--feiras, no Jornal do Commercio, a en-tidade se posicionou publicamente no manifesto intitulado “IAB exalta a indicação de Fachin para o STF”.

Na ocasião, Técio Lins e Silva afir-mou: “O advogado Luiz Fachin é um dos mais renomados juristas do País, detentor de uma biografia pri-morosa, com uma carreira profissio-nal marcada pelo brilhantismo e uma vida acadêmica e intelectual de larga produção, com 140 artigos e 42 livros publicados, principalmente sobre Di-reito Civil”.

O presidente do IAB também dis-se que a Suprema Corte já estava “en-grandecida com a indicação de Luiz Fachin” e, com a aprovação do seu nome pelo Congresso Nacional, ga-nharia imensamente com a sua “vasta experiência profissional e a inclusão da visão da advocacia no julgamento dos processos mais importantes do País”. Ao ressaltar que Fachin é, des-de 1993, membro efetivo do Instituto, Técio Lins e Silva lembrou: “Trata-se de mais um membro do IAB a ocupar o STF, dentre os vários ministros que integram a Corte, a começar pelo pre-sidente Lewandowski”. Com sua ida para o STF, Fachin se tornou membro honorário do IAB.

Em sessão solene realizada no Plenário do Supremo Tribunal Federal no dia 16 de junho, o advogado Luiz Edson Fachin tomou posse como novo ministro da Corte. Ele assumiu a cadeira deixada pelo ministro Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho do ano passado. Na cerimônia de posse, Fachin foi conduzido ao Plenário pelos ministros Celso de Mello (à esq.) e Luís Roberto Barroso, respectivamente o mais antigo e o mais novo membro da Corte, como ocorre tradicionalmente. O presidente Ricardo Lewandowski lembrou que as solenidades de posse dos ministros do Supremo “caracterizam-se pela singeleza”.

A nomeação de Fachin foi publicada no DO da União de 25 de maio

Nelson Jr./STF

Posse singela

Supremo

março/junho5

Sabatina de mais de 12 horas

Técio Lins e Silva cumprimenta Fachin após a sua aprovação na sabatina

O presidente do IAB compa-receu à sabatina na CCJ do Se-nado, no dia 12 de maio, quan-do, após ter sido questionado por mais de 12 horas, Luiz Ed-son Fachin teve o seu nome aprovado com 20 votos favo-ráveis e sete contrários. Técio Lins e Silva se disse “impres-sionado com o desempenho de Fachin, que deu um show de competência e probidade pe-rante os senadores”.

Uma semana depois, no dia 19 de maio, a aprovação pelo plenário do Senado ocorreu com 52 votos a favor e 27 con-tra. Na véspera da votação, o Conselho Federal da OAB, reunido em sessão plenária, decidiu emitir uma moção de apoio à indicação do profes-sor e jurista. O documento foi subscrito pelos presidentes da Ordem e do IAB e os ex-pre-sidentes da OAB, que declara-ram “integral e irrestrito apoio à indicação do advogado e professor Luiz Edson Fachin, convictos de seu notável saber jurídico e de sua indiscutível reputação ilibada”.

Horas depois de ter o seu nome acolhido pela maioria dos senadores, Fachin divul-gou uma nota na qual, além de agradecer “ao Senado Federal e à Presidência da República a indicação confirmada para desempenhar a honrosa mis-são de Ministro do Supremo Tribunal Federal”, afirmou ter sido “um momento de grande emoção e felicidade”, para ele e toda a sua família. “Chegar ao Supremo Tribunal Federal não é apenas a realização de um sonho e sim, especialmen-te, a concretização de uma trajetória que a partir de hoje se converte em compromisso com o presente e com o futu-ro”, afirmou Fachin.

Lewandowski: ‘Notável saberjurídico e reputação ilibada’

O ministro Ricardo Lewan-dowski, presidente do STF, logo após a aprovação da indicação pelo Senado, ressaltou por meio de nota que “o Supremo Tribu-nal Federal se sente prestigiado pela escolha do professor Luiz Edson Fachin para ocupar uma das cadeiras da mais alta Corte do País”. Lewandowski o clas-sificou como “jurista que reúne plenamente os requisitos consti-tucionais de notável saber jurí-dico e reputação ilibada”. Para o presidente do STF, “a criteriosa indicação pela Presidência da República, seguida de cuidado-so processo de aprovação pelo

Senado Federal, revelaram a força de nossas instituições re-publicanas”.

Outros ministros do STF também se manifestaram. Teori Zavascki declarou que “foi uma aprovação merecida, pois Luiz Edson Fachin é um jurista à al-tura do Tribunal e vai qualificar ainda mais a Suprema Corte de nosso país”. Para Luís Roberto Barroso, “a digna altivez com que o professor Fachin enfren-tou as críticas mais ferozes va-lorizam-no como ser humano. E certamente reforçaram o seu espírito para ser um juiz sereno e independente”.

Professor de Direito Civil da Universidade Federal do Pa-raná (UFPR), onde se formou em 1980, Luiz Edson Fachin é mestre e doutor em Direito das Relações Sociais, tem pós-dou-torado no Canadá e é fundador de um escritório, em Curitiba, especializado em arbitragem e mediação no Direito Empre-sarial. O advogado foi pesqui-sador convidado do Instituto Max Planck, na Alemanha, e professor visitante do King’s

College, na Inglaterra. Luiz Fachin ocupa atual-

mente cadeiras na Academia Brasileira de Letras Jurídicas, Academia Brasileira de Direito Constitucional, Academia Bra-sileira de Direito Civil e Insti-tuto dos Advogados do Paraná (IAP). Ele integrou a comissão do Ministério da Justiça para a Reforma do Poder Judiciário e o Instituto de Altos Estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Professor e jurista

o Supremo se sente prestigiado pela escolha do professor Luiz Fachin. a criteriosa indicação pela Presidência da república, seguida de cuidadoso processo de aprovação pelo Senado Federal, revelaram a força de nossas instituições republicanas.

“ministro ricardo Lewandowski

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Pareceres

O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) participou da audiência pública realizada no dia 15 de junho na Sala de Sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi discutido se o ensino religioso nas escolas públicas deve ter caráter confessional, ou seja, estar vincu-lado a uma religião específica. Re-presentado pelo consócio Gilberto Garcia, o IAB defendeu a tese de que a disciplina deve ser ministra-da sem viés confessional e mani-festou apoio à Ação Direta de In-constitucionalidade 4439 ajuizada pela Procuradoria-Geral da Repú-blica (PGR), em questionamento ao Decreto 7.107/2010, por meio do qual o governo promulgou o acordo relativo ao Estatuto Jurídi-co da Igreja Católica no Brasil.

A audiência foi convocada pelo relator da matéria no STF, ministro Luís Roberto Barroso. O presidente do IAB, Técio Lins e Silva, também acompanhou a sessão: “Tive a honra de tes-temunhar o enorme prestígio deferido aos nossos consócios Carlos Roberto Schlesinger, dire-tor secretário, e Gilberto Garcia, ativos membros do IAB, pelo ministro Barroso, que me agra-deceu pela qualidade da indi-

cação feita pelo IAB. Lavramos um tento importante e reafirma-mos o vigor intelectual de nossa instituição”, disse Técio, lem-brando que o ministro também é membro da Casa de Montezu-ma. Carlos Schlesinger falou em nome da Associação Nacional de Advogados e Juristas Brasil--Israel (Anajubi).

O IAB defende que o STF interprete o decreto à luz da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Em seu art. 33, a LDB estabeleceu que “o ensino religioso, de matrícula facultati-va, é parte integrante da forma-ção básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o res-peito à diversidade cultural reli-giosa do Brasil e vedadas quais-quer formas de proselitismo”.

Contra o ensino religioso confessional nas escolas públicas

O parecer de Fernando Drummond, da Comissão de Direito Penal, favorável ao PL 554/2011, do senador Antônio Carlos Valladares (PSB/SE), que altera o Código de Proces-so Penal, determinando a apre-sentação do preso em flagrante à autoridade judicial, no prazo de 24 horas, foi aprovado na sessão ordinária do dia 6 de maio. “A audiência de custó-dia permitirá que o juiz com-petente analise a legalidade da prisão em flagrante e decida se irá convertê-la em prisão preventiva, relaxá-la, caso a considere ilegal, ou conceder a liberdade provisória”, afirmou Fernando Drummond.

Gilberto Garcia

Parecer de Evandro Lins e Silva contra a redução da maioridade penal

O presidente Técio Lins e Sil-va enviou, no dia 24 de março, aos presidentes da Câmara Fede-ral, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), e da CCJ, Arthur César Pereira de Lira (PP/AL), e a todos os membros da CCJ o parecer ela-borado pelo jurista Evandro Lins e Silva, em 1995, contrário à pro-posta de redução da maioridade penal (PEC 171/1993) protocola-da, dois anos antes, pelo deputa-do Benedito Domingos (PP/DF). O parecer foi aprovado, por una-

nimidade, pelo plenário do IAB, em 21 de março de 1996.

Técio encaminhou, também, outros pareceres opostos à PEC produzidos pelas Comissões de Direito Penal e Constitucional. O presidente informou que “o enca-minhamento dos pareceres se faz necessário, em razão da posição contrária do IAB à diminuição da idade penal, que inviabilizaria o sistema de Justiça Penal e não iria solucionar, minimamente, as questões de segurança pública”.

Foi aprovado na sessão do dia 4 de março o relatório de Manoel Messias Peixinho, da Comissão de Direito Cons-titucional, rejeitando a PEC 21/2014, do senador Romero Jucá (PMDB/RR), que am-plia de 15 para 19 membros a composição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com o relator, a ampliação do número de integrantes romperia com o “equilíbrio institucional” proporcionado pela “plu-ralidade representativa” da composição originária. Hoje, o CNJ é integrado por nove magistrados, dois membros do Ministério Público, dois advogados e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. O senador propõe que as quatro novas vagas sejam ocupadas por um ministro do TSE, um mi-nistro civil do STM, um juiz de TRE e um juiz-auditor da Justiça Militar da União.

Favorável à audiência de custódia

Rejeição à ampliação da composição do CNJ

março/junho7

O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) vai elaborar um anteprojeto de lei alterando a Lei Autoral Brasileira (Lei 9.610/98), para autorizar as bibliotecas acessíveis ao público a digitali-zarem as obras de seus acervos, sem consulta prévia aos autores, desde que para o fim específico de disponibilizá-las nos termi-nais nelas instalados. A propos-ta, aprovada na sessão ordinária do dia 15 de abril, foi apresen-tada pelo consócio Hariberto de Miranda Jordão Filho, em seu voto de vista sobre o parecer do relator João Carlos de Camargo Eboli, da Comissão de Direito de Propriedade Intelectual, favorá-vel à alteração na legislação.

João Carlos de Camargo Eboli produziu seu parecer após anali-sar a indicação feita pelo diretor da Biblioteca do IAB, Fernando Drummond, com base nas ino-vações legislativas vigentes na

Europa. De acordo com o relator, a digitalização foi assegurada às bibliotecas, em decisão recente proferida pela 4ª Seção do Tri-bunal de Justiça da União Euro-peia. Em seu voto, João Carlos de Camargo Eboli sugeriu o acolhi-mento da mudança na legislação autoral brasileira. Contudo, ele se posicionou contrariamente à parte do acórdão da Corte Eu-ropeia que autoriza os Estados--Membros a produzirem legisla-ções nacionais que permitam às suas bibliotecas a gravação ou impressão do material acessado.

“Costumo reagir com muita cautela, parcimônia e indisfar-çável apreensão sempre que me deparo com propostas visando a flexibilizar a legislação auto-ral, importando no acréscimo de novas limitações ao exercício dos direitos do autor”, ponderou o relator. Segundo ele, “o bom senso é o melhor caminho para

se chegar a um denominador co-mum, visando ao ajuste da irre-nunciável proteção dos direitos intelectuais com o crescente inte-resse coletivo no acesso às letras, às artes e às ciências”.

Para o diretor Fernando Drummond, a alteração legisla-tiva será de enorme importân-cia para a preservação dos acer-vos. “Além de evitar o contato físico e o consequente desgaste de obras raras, como as que temos na Biblioteca do IAB, a mudança desafogará o espaço cada vez mais limitado das es-tantes”, defendeu.

Anteprojeto para alterar a Lei Autoral Brasileira

‘A terceirização provocará uma explosão de litigiosidade’

Os consócios do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) aprovaram, na sessão ordinária de 17 de junho, a rejeição suge-rida pela relatora Claudia Maria Beatriz Duranti, presidente da Comissão de Direito do Tra-balho, no parecer contrário ao projeto de lei 4.330/2004, que permite às empresas contratar trabalhadores terceirizados em qualquer ramo para execução de atividades-fim. Na exposi-ção do seu relatório, a advogada disse que “o projeto é inconsti-tucional, porque quer, por vias transversas, burlar as garantias constitucionais dos trabalhado-res” e alertou para as consequ-ências judiciais que decorrerão da terceirização. “O Judiciário será o palco desta contenda, pois verificaremos uma explo-são de litigiosidade que se es-

tenderá por anos a fio, em mais um capítulo da eterna luta en-tre capital e trabalho”, afirmou Claudia Duranti.

Segundo a advogada, “a ter-ceirização alija o trabalhador da participação dos direitos e conquistas da categoria pro-fissional à qual efetivamente pertence”. Como exemplo prá-tico, ela citou a condição de um metalúrgico que se torna empregado de uma empresa de fornecimento de mão-de-obra. “Nessa situação, o trabalhador fica impedido de se beneficiar das cláusulas das convenções coletivas de trabalho do Sindi-cato dos Metalúrgicos, porque, embora ele seja metalúrgico, o seu ramo econômico, em razão da atividade preponderante da sua empresa, passou a ser o de serviço, e não o da metalurgia”.

A respeito das implicações da terceirização na Administração Pública direta e indireta, a rela-tora afirmou: “Talvez seja neste ramo de atividades que a ques-tão seja mais nefasta”. Ela foi ta-xativa ao afirmar que “o projeto, além de inadequado para disci-plinar as relações de trabalho no âmbito da Administração Públi-ca direta e indireta, conflita com a Constituição Federal, que, em seu artigo 37, inciso IV, admite como única forma de ingresso no serviço público a aprovação por meio de concurso público”.

Claudia Maria Beatriz Duranti

João Carlos de Camargo Eboli

março/junho8

Entrevista|Nelson Paes Leme

Em longos períodos de

transição democrática,

a repetição de um mandato apenas, para o Executivo,

pode ser uma prática

saudável para a

consolidação de políticas

de Estado bem aceitas.

“A reforma política não deve ser obra do Legislativo”

Qual é a reforma política que a sociedade pode esperar de um Parlamento cujo comportamen-to majoritário se distancia das mudanças por ela desejadas?

A reforma política inadiável para o Brasil não deve ser obra do Poder Legislativo, que é um poder constituído, mas sim do Poder Constituinte, ainda que parte dela possa ser elaborada pelo Poder Constituinte Derivado. Jamais de uma legislatura.

O fim do financiamento empresarial das cam-panhas eleitorais é um dos pontos cruciais da reforma?

Não, absolutamente. As grandes democra-cias alternam modelos de financiamentos de campanha. Nos EUA é de total liberdade. Já na França é público. Ambas são democracias forte-mente consolidadas.

O instituto da reeleição tem sido ruim para a democracia brasileira?

A experiência comparada não tem demons-trado qualquer vantagem ou desvantagem. Mas, em longos períodos de transição democrática, a repetição de um mandato apenas, para o Execu-tivo, pode ser uma prática saudável para a con-solidação de políticas de Estado bem aceitas.

O voto distrital imprimiria mais representativi-dade ao Poder Legislativo?

Certamente, especialmente o modelo misto

alemão. Mas o problema, no Brasil, não é a im-plantação do distrital em si, quer misto ou puro, como o inglês. O nosso problema é federativo. Aqui o distrito federado não existe.

Qual a sua opinião sobre a recorrência a plebis-citos e referendos?

Esses mecanismos de democracia direta são importantíssimos, desde que permanentemente bem articulados com a democracia representati-va. Dá certo no mundo inteiro. É uma conquista pouco utilizada da Constituição Federal promul-gada em 1988.

A judicialização da política poderá promover alterações no resultado final da reforma sem interferir na independência dos Poderes?

O STF tem papel constitucional limitador e limitado na Constituição Federal. Deve sem-pre prevalecer a harmonia entre os Poderes Constituídos. Qualquer desequilíbrio nessa harmonia é prejudicial, não apenas à reforma, mas ao próprio País.

Que papel devem ter entidades de expressão nacional, como o IAB, na discussão da reforma?

Na condição de maior instituto jurídico e científico-político de altos estudos do País, pela pluralidade, variedade e excelência de seus quadros, quanto mais o IAB se fizer pre-sente nas grandes discussões nessas duas esfe-ras, melhor para o Brasil.

Ex-vice-presidente do IAB, Nelson

Paes Leme considera “inadiável” a reforma política, mas ressalva que ela deve ser feita pelo Poder Constituinte. Para o advogado, “quanto mais o IAB se fizer presente nas grandes discussões do País, melhor para o Brasil”.