folha de couve 4 agosto14

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Boletim nº 4 - Agosto 2014

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Boletim informativo da Rede Transição Portugal http://transicaoportugal.net/

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Page 1: Folha de couve 4 agosto14

Boletim nº 4 - Agosto 2014

Page 2: Folha de couve 4 agosto14

Conteúdo

VIII Encontro Transição Nacional - Pág. 3

Site da Transição em Portugal - Pág. 9

Transição a Prosperar - Pág. 10

Um Ano em Transição - Pág. 12

IX Encontro Transição Nacional - Pág. 13

Economia e Transição - Pág. 14

Certificado em Ciência Holística e Economia

para a Transição - Pág. 19

ITLaV de lá para cá - Pág. 20

Permacultura Aldeia das Amoreiras - Pág. 23

Horta FC-UL - Pág. 25

Convergência Permacultura - Pág. 29

Um Degrau de cada vez - Pág. 30

Mais pra Menos que pra Mais - Pág. 32

Nota final - Pág. 33

Olá, bem-vindos à quarta edição do boletim da Plataforma das Iniciativas de Transição em Portugal, recentemente batizado de "Folha de Couve" e que está no processo de se tornar digitalmen-te mais interativo! Esperamos que seja uma forma de incentivar mais pessoas/projetos/iniciativas de transição a partilharem as suas experiências e novidades.

A Folha de Couve deste Verão 2014 chega cheia de notícias fres-quinhas e deliciosas: logo na primeira página é possível encontrar o tão aguardado resumo do VIII Encontro das Iniciativas de Tran-sição (IT) em Portalegre que reuniu 8 IT em torno de questões relacionadas com a plataforma das IT em Portugal... e muitas novidades: o site da plataforma das IT em Portugal já foi lança-do!!!

A 2 e 3 de Outubro acontece o curso de Iniciativas de Transição na Biovilla, em Palmela, com o André Vizinho, Amandine Gameiro e Gil Penha Lopes. Dias 6 e 7 de Dezembro volta a acontecer este curso com os mesmos formadores, mas desta vez na Covilhã, através da iniciativa de transição da Covilhã. O curso Transição a Prosperar (Transition Thrive) direcionado para pessoas que já fazem parte de uma iniciativa de transição, com May East e cola-boração de Mandy Dean está a ser planeado para a Primavera 2015. Estão também a ser desenvolvidos esforços para acontecer em Portugal o programa "Um Ano em Transição".

E para finalizar as notícias do encontro de iniciativas em Portale-gre, agendou-se o IX Encontro de Iniciativas de Transição com o foco na plataforma das IT em Portugal para início de Outubro, em Coimbra. Convidam-se as IT a participar neste próximo encontro!

Durante o encontro em Portalegre também criou-se o espaço para nutrir o interior. Mais uma vez voltou-se a falar do papel fundamental da Transição Interior numa IT. Por isso neste número trazemos uma partilha de Patrícia Caldeira "Economia de Dentro para Fora", da IT São Luís - uma das iniciativas em Portugal onde o "grupo de Transição Interior é bastante forte" . Aliás, já em Outubro deste ano terá início o Certificado em Ciência Holística e Economia para a Transição do Schumacher College em Portugal e Espanha.

De Linda-a-Velha chega-nos o artigo “De lá para cá” que faz o mapeamento dos projetos nesta localidade em consonância com os princípios da transição, e que vem desenvolver um dos aspetos referidos durante o Encontro em Portalegre: "mapeamento dos tipos de IT, funções e recursos".

E porque a Rede de Transição e as IT encontram na Permacultura uma das inspirações para tornar as suas comunidades mais sustentáveis e resilientes, neste número temos também artigo sobre Permacultura na Aldeia das Amoreiras e um arti-go sobre a Horta da IT da FCUL, um "espaço de experimentação de técnicas de permacultura e um local onde diferentes disciplinas se encontram". Aliás, de 24 a 26 de Outubro irá acontecer a primeira Convergência de Permacultura em Portu-gal, no Fundão, onde se pretende reunir para além de permacultores e projetos nesta área, também as IT e projetos de transição em Portugal para um grande momento de partilha, conexão, aprendizagem e construção. Estão todos convi-dad@s!

E o nosso convite final de leitura vão para os eventos "Transição em ação - um degrau de cada vez" na Covilhã" e " Mais pra Menos que pra Mais" em Lisboa. Terminamos assim em beleza e em festa com dois eventos que aliaram arte, natureza, pessoas, comunidade, sonhos, reabilitação... e muita celebração! CONTINUAÇÕES DE UM BOM VERÃO!

Page 3: Folha de couve 4 agosto14

Transição Portugal VIII Encontro

Portalegre, 23 a 25 de Maio de 2014

A Iniciativa de Transição de Portalegre acolheu nos dias 23, 24 e 25 de Maio o VIII Encontro Nacional de Iniciativas de Transição, o qual decorreu no espaço da Associação Ficar. Recebeu-nos de braços abertos e de forma muito acolhe-dora, com direito a estadia 5 estrelas e refeições cheias de mimo!

Neste encontro estiveram presentes: Coimbra em Transi-ção - Annelieke van der Slujis, Sandra Carvalho e Sara Rocha; Covilha em Transição: Georges Mendes, Manuel Lourenço e Margarida Sousa, Iniciativa de Transição da Aldeia das Amoreiras: André Vizinho, Iniciativa de Transi-ção da Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa: Rita Guerreiro, Linda-a-Velha em Transição: Fernando Oli-veira e Gonçalo Pais; Portalegre em Transição: Isabel e Luís Miguel Gonçalves (& crianças), Filipa Pimentel, Luís Morais, Olga Ribeiro; Transição São Luís: Carmen Maras-chin, Sara Serrão e Sérgio Maraschin.

Por Margarida Sousa

com participação de Annelieke van der Sluijs

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A equipa da iniciativa de transição de Portalegre

Pelas Sementes Livres!

Page 4: Folha de couve 4 agosto14

No dia 23 foi tempo de rever os 'vizinhos' de grande distância, para alguns conhecer o 'ninho' da iniciativa de transição de Portalegre situado no mercado municipal e finalizar os últimos preparativos antes do 'grande' fim-de-semana.

24 de Maio Como manda a tradição, a manhã de 24 de Maio foi dedicada às boas-vindas, ao mapeamento e apresenta-ção de iniciativas.

Círculo inicial de boas vindas!

Realizaram-se diversas perguntas e surgiram muitas outras entretanto aquando a realização do exercício, tais como "qual a força da vossa iniciativa de transição na vossa comunidade?" "Como observam a coesão e comunicação no vosso grupo?" "Qual a vossa sustentabili-dade financeira/o vosso retorno económico a partir de uma iniciati-va de transição?", "É uma relação nutritiva?" " A Transição permite um modelo social viável?" Observamos que elementos dife-rentes dentro da mesma iniciativa de transição, têm visões divergen-tes sobre a mesma e naturalmente surgiram diferentes olhares e res-postas às questões anteriores.

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Para alguns a comunicação dentro da própria ini-ciativa não é fácil, especialmente quando existe uma grande comunicação com recurso a computa-dor (ausência de calor humano), prioridades dife-rentes que dificultam encontros presenciais. Para outros é importante para além das reuniões pre-senciais fomentar refeições partilhadas e celebra-ção, promover encontros de transição interior - como alguém disse durante o encontro "o que dis-tingue a transição de outros movimentos ecológi-cos e semelhantes é a transição interior". Falou-se um pouco da evolução relativamente à perspectiva sobre o dinheiro que sucedeu nas ini-ciativas de transição ao longo dos últimos anos.

Exercício de mapeamento

Para algumas iniciativas passou-se de uma situação em que "tudo o que se faz na transição deve ser gratui-to e não deve ter retorno financeiro" para uma situação que o investimento, seja qual ele for (dinheiro, tempo energético...), deve ter um retorno e ser sustentável. Para alguns, especialmente de iniciativas de transição mais antigas, sentem que deram muito no início, mas que agora estão a receber desse investi-mento inicial: "Não preciso de sair da minha localidade/comunidade, deslocar-me ao centro da cidade para realizar as actividades que quero frequentar". Surgiram várias questões, será possível "eu receber um orde-nado tendo a minha vida profissional dedicada a 100% a uma iniciativa de transição?" ou "como é que jun-tando as nossas competências ganhamos dinheiro suficiente para todos?" Será possível viver na abundância em que cada um acredita?" Como alguém partilhou, "se existe um modelo social viável, é ainda um modelo em construção."

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Da parte da tarde avançamos para a auscultação de temas que cada participante considerou relevante para discutir no encontro das iniciativas de transição. De seguida procedeu-se a uma votação para selecionar quatro temas de discussão para uma dinâmica em 'world café' (descrição mais abaixo). Os temas propostos e os votos contabilizados foram:

Selecção de temas para a discussão da tarde numa dinâmica de world café

-Memorando de entendimento (Memorandum of Understanding) entre a organização “mãe” inglesa do movimento de transição (Transition Network) e as plataformas das iniciativas de transição de cada país; Transição e saúde (1 voto); Comunicação interna (2 votos); Tratado Transatlântico (2 votos); Transição Interior e relação com a comunidade (11 votos); Site nacional (11 votos); Comunicação da transição no contexto local (2 votos); Mapeamento dos tipos de iniciativa de transição , funções e recursos (4 votos); Estrutura e tomada de decisão na plataforma das IT (HUB) em Portugal (11 votos).

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Neste world café reunimos 4 grupos de 3 a 4 pessoas em torno de 4 temas de discussão, a qual no total per-fez 60 minutos. Ao fim de cada 20 minutos as pessoas de cada grupo (menos uma para assegurar a continui-dade da conversa) rodaram de tema (e mesa), de forma a dar oportunidade de participação em diferentes temas. No final seguiu-se uma apresentação dos resultados obtidos.

Os temas mais votados para discussão no world café

Resultados dos temas discutidos em world café:

Transição Interior e relação com a comunidade Processo de tomada de consciência em que num primeiro nível é trabalhado com o grupo de transição inte-rior, depois é alargado a todo o grupo da iniciativa de transição e por fim é trabalhado com toda a comuni-dade. Apresentou-se alguns exemplos práticos do grupo de transição interior de São Luís. Fica aqui o exem-plo do trabalho realizado por este grupo acerca do ego: "Todos nós temos um ego ferido e utilizamos várias máscaras para o esconder (egoísmo, ganância, etc.). Fizemos um saquinho com todas as máscaras do ego e colocamos um antídoto para as mesmas. (...) se eu vejo noutra pessoa, também o tenho de trabalhar em mim (...) passamos a ser conscientes. Depois desta tomada de consciência passamos para o grupo maior, em que toda a transição se trabalha para mudar. No final fomos até ao mercado de São Luís e demos às pessoas que por lá passavam o saquinho com as máscaras do ego, para elas também tirarem um papelinho.

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Mapeamento dos tipos de iniciativa de transição, funções e recursos Este tema surgiu da necessidade de ser mais claro para dentro e para fora com o objectivo de sabermos que não estamos a assumir a responsabilidade pelo território todo, por exemplo, que Coimbra em Transição não representa toda a cidade de Coimbra. Desta forma permite-se que outras entidades que existem nesse território percebam qual o papel da iniciativa de transição em questão e cria-se assim também o espaço para que novas iniciativas poderem surgir dentro do mesmo território. Assim procurou-se estruturar uma "chave de classificação" que poderá ser aplicada às diferentes iniciativas existentes e que consiste em dar nomes aos diferentes tipos de iniciativas e ao mesmo tempo classificar segundo o tipo de dedicação necessária e primordial (ou opcional) e se é voluntariado V(V) ou profissional P (P). Eis o resultado: As iniciativas de Transição podem ser de vários tipos: * Grupo de Transição V + (P) * Grupo de Transição Interior V * Rua / Prédio em Transição V * Centro Comunitário V+P * Plano de Transição P + (V) * Associações em Transição V+P * Empresas em Transição P * Cooperativas em Transição P * Escolas em Transição P * Hub/plataforma local V+P * Hub/plataforma regional V+P * Hub/plataforma nacional V+P * Freguesia em Transição (órgãos políticos... deixar?) * Município em Transição (órgãos políticos....deixar?)

* Associações alinhadas / parceiras / amigas

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Site Falou-se da importância de lançar o site: http://transicaoportugal.net/. Espera-se que este permita uma troca de partilha de saberes, experiências e recursos entre iniciativas. Foi sugerido uma comissão de manu-tenção do site. Ainda mencionou-se a possibilidade de criar uma rede social para além do: http://permaculturaportugal.ning.com/.

Estrutura e tomada de decisões na plataforma das iniciativas de transição em Portugal Este tema surgiu da necessidade de trazer maior fluidez e clareza ao processo de tomada de decisões na plataforma nacional, como decidir entre encontros nacionais, sem ter de esperar até ao próximo encontro para tomar uma decisão, clarificar quem faz o quê, como, etc. Assentou em três pilares fundamentais: estrutura de comunicação (como interligar de forma leve e eficaz? Será que se consegue construir e dar continuidade inteiramente baseado no voluntariado?), decisão (importância da clareza, transparência, mas também confiança. Quem tem voz em que nível, em quê? Como representar as iniciativas de transição? Como comunicar e decidir entre encontros?) informação (importância da ligação com o site e a organização da informação, começar com pessoas de contacto) Che-gou-se à conclusão que é um tema que exige aprofundamento e para trabalhar em continuidade. Mais tar-de no encontro surgiu a proposta de começar a explorar e entender redes como base.

Depois do world café seguiu-se para os pontos informativos em que muito brevemente falamos: - Formação: O André, Gil e Amandine gostariam de ter mais formadores para facilitarem o curso de iniciati-vas de transição. Aceitam 'estagiários'! A Sara Serrão demonstrou interesse em ingressar nesta equipa. - Cursos: Está previsto em Portugal (Sintra) o primeiro curso"A Transição a Prosperar", para mais informa-ções ler o próximo artigo da Folha de Couve, página 10. - Programas: '1 ano em transição' - para pessoas entre 20-35 anos que querem desenvolver o seu emprego na transição, próximo ano em PT. Essa oportunidade surgiu no âmbito de uma proposta do programa ERAS-MUS, em que a Transition Network colabora com Portugal, Suécia e Croácia na adaptação e implementação do programa nestes países em paralelo. Para mais informações ler artigo sobre este programa na página 12. - Grupos Internacionais de Trabalho: as plataformas nacionais de iniciativas de transição de cada país cola-boram em vários grupos de trabalho - (ver número anterior do boletim de transição nacional - "HUB nacio-nal no contexto internacional"): “família”, “comunicação & informação”, “estrutura & decisão”, “fundos” aos quais é possível assistir via skype. A Annelieke participa no grupo da “família” é observadora no grupo “informação & comunicação” e o Luís Miguel no grupo da “estrutura & decisão”. Mais pessoas podem jun-tar-se a estes grupos, falar com a Annelieke ou Luís Miguel.

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Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos: Prevê que as legislações em vigor dos dois lados do Atlântico cedam às normas do comércio livre esta-belecidas pelas grandes empresas europeias e norte-americanas, sob pena de sanções comerciais para os países infractores ou de reparações de vários milhões de euros em benefícios dos queixosos: deixa de existir soberania alimentar. A Sara e o Georges ficaram de investigar este tema e partilhar mais informação sobre o mesmo no próximo encontro.

Convergência de Permacultura no Fundão, Portugal em Transição: de 24 a 26 de Outubro, irá acon-tecer o primeiro encontro nacional de permacultura, no Fundão. Este encontro será também o momento para reunirmos as diferentes iniciativas/projectos de transição do país e partilhar experiên-cias. Cada iniciativa trará a esta convergência aquele tema/projecto que lhe é mais próximo e de certa forma relacionado com os temas principais da Convergência (Cuidar da Terra, Cuidar das Pessoas, Par-tilhar Excedentes)... Por isso estamos a reservar palestras de 10 ou 20min só dedicados às iniciativas/projectos de transição (cerca de 10-14) que queiram participar nesta convergência, para além claro de tudo o que irá girar em torno da permacultura (palestras, oficinas, etc.).

Depois de um dia bem cheiinho, seguiu-se uma bela janta da Filipa e Isabel de Portalegre e encerrou-se o dia com muitas conversas, cantorias e animação! :)

25 de Maio No Domingo foi o momento de vermos a apresentação do site de Transição Portugal (http://transicaoportugal.net/) pelo André Vizinho, agradecermos todo o trabalho desenvolvido e celebrarmos o processo inclusivo, descentralizado e de amadurecimento destes últimos três anos na construção do site!!!

Alguns dos elementos que contribuíram para a construção do site. Para além dos elemen-tos na foto é também de referir: Afonso Dinis, Amandine Gameiro, David Avelar, Filipa Pimentel, Gil Penha Lopes e Júlio Carvalho.

Ficaram algumas sugestões de melhoria como por exemplo inserção de mais fotos no site, informação mais detalhada e precisa acerca das iniciativas de transição, etc. O grupo do site foi reforçada com o Manuel, a Sara e o Georges que vão contactar todas as iniciativas de transição activas e 'dormentes' para auscultar o seu estado actual (exemplo: número de membros, activida-des em curso, etc.) e como gostariam de ser apresentadas no site.

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Por Margarida Sousa e com participação de Annelieke van der Sluijs

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Com muitos assuntos falados e ainda poucas horas juntos, come-çou-se a sentir uma certa frustração e aceleração. Optámos por sentar-nos em círculo, em silêncio, durante 5 minutos, para regressar à essência, o que precisávamos de explorar em grupo antes de irmos para casa. Foi uma boa introdução para uma dinâ-mica em que diferentes pessoas partilharam qual a sua chama interior relativamente à transição nos próximos tempos:

A chama interior de cada um e o grupo de apoio.

Actividades a desenvolver até ao próximo encontro nacional e responsáveis (“chamas”): Desenvolver o site: André, Luís Morais, Luís Miguel, Annelieke, Sandra, Georges, Manuel, Sara

Rocha, Margarida, Fernando. Viver a transição cada vez mais: Sandra e todos Contactar todas as iniciativas de transição e colocar informação no site: Sara Rocha, Jorge, Manuel

e todos Entender e desenhar uma rede: Sara Serrão, Carmen, Annelieke, Sandra Decisão coesa, rápida, participada: Annelieke, Sara Serrão, Carmen (depois da exploração sobre

redes) Momentos de Partilha e de reflexão colectiva: Sara Rocha, Sandra, Margarida e Annelieke.

Percorremos todos os assuntos propostos para este encontro, para avaliar se foram abordados. Grande parte dos assuntos sugeridos foram tratados e falámos de como continuar de uma forma prática com os temas que precisam de aprofundamento e concretização. Dos poucos temas que não foram falados decidimos quais vão ser abordados num próximo encontro.

Verificamos que a maioria dos temas que tínhamos proposto abordar no encontro tiveram resposta! E pessoas para dar continuidade...

Finalizou-se com um círculo final de partilha sobre o encontro. E de uma forma geral o sentimento foi:

O próximo encontro ficou agendado para início de Outubro em Coimbra para tratar de questões mais relacionadas com a plataforma nacional, e 24-26 de Outubro para partilharmos as nossas experiências/projectos de transição no Fundão. Até lá!!!

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Site da Plataforma Transição Portugal

Site: http://transicaoportugal.net/

Email: [email protected]

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"A Rede de Transição em Portugal representa um coletivo de pessoas e iniciativas portuguesas que se reuni-ram para juntar esforços, sonhos e uma visão em prol de uma atuação e mudança pró ativa em Portugal motivadas pelos alicerces do movimento de Transição.

Desde Novembro de 2010 a Setembro de 2013 que nos reunimos para criar esta rede conjunta, co-criando a

estrutura e bases com uma identidade própria e que possa ao mesmo tempo inspirar e cativar mais pessoas,

projetos e sonhos em Transição!" (...)

Na sequência deste caminho em conjunto de 2010 a 2013, surge assim a Plataforma de Transição em Portu-

gal, a qual é composta pelos representantes das várias Iniciativas de Transição que existem em Portugal e

que reúne-se periodicamente em encontros nacionais para apoiar as iniciativas locais/partilhar conhecimen-

to numa rede que queremos que seja de aprendizagem e partilha de experiências e recursos.

A Plataforma da Transição Portugal é a entidade que faz ligação direta de Portugal à rede mundial das Cida-

des em Transição que se chama Transition Network. Como este é um movimento de base, todas as pessoas

que pertencem à Plataforma da Transição Portugal pertencem a Iniciativas de Transição locais.

E eis que em Fevereiro de 2014, a Plataforma de Transição em Portugal lança o primeiro site da Transição em

Portugal em http://transicaoportugal.net/ e apresentado em Maio 2014 no último encontro de Iniciativas

de Transição em Portalegre.

Foi um momento de celebração e reconhecimento do trabalho voluntário inclusivo e participado de muitas

pessoas que ajudaram a colocar este site "de pé" (por ordem alfabética): Afonso Dinis, André Vizinho, Anne-

lieke Van Der Sluijs, Amandine Gameiro, David Avelar, Filipa Pimentel, Gonçalo Pais, Gil Penha Lopes, Isabel

Gonçalves, Júlio Carvalho, Luís Bello Morais, Luís Gonçalves.

Este site que se apresenta publicamente não é um resultado ou um fim mas apenas o principio de um pro-cesso de transformação que vai precisar de todos nós. Contribuam com conteúdos, experiências... divul-guem o site (http://transicaoportugal.net/)! "Obrigado a todos! Este site é para nós, vós e eles."

Page 10: Folha de couve 4 agosto14

Transição a Prosperar (Thrive)

Formação de Transição em Portugal, Primavera 2015

Por Annelieke van der Sluijs

Site: http://transicaoportugal.net

Email: [email protected]

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Trazer o curso “A Transição a Prosperar” para Portugal na primavera de 2015?

O curso “A Transição a Prosperar” (“Thrive” em inglês) é para quem já faz parte de uma iniciativa de transi-ção (ou outro grupo de cidadania ativa) e que pretende evoluir para um nível mais profundo na Transição. Cada participante pode aprender, de forma concreta e alcançável, como reanimar uma iniciativa ou fazer progressos. Trazer este curso para Portugal requer organização e uma preparação considerável. Podemos usufruir como movimento de transição se o fizermos bem... Ou perder a energia e motivação ao apostar em algo desajustado. São vocês, leitores deste boletim, que poderão ajudar a fazer a escolha certa.

O propósito do curso Apesar de cada iniciativa ter os seus desafios específicos, existem padrões que são partilhados pela maioria das iniciativas e que influenciam o seu grau de sustentabilidade, tanto ao nível do grupo como a nível pes-soal:

Ter pessoas suficientes e meios para concretizar ideias e dar continuidade ao que foi iniciado; Desenvolver processos de comunicação, avaliação e organização eficazes e participativos; Facilitar a criação de sustento: para que os membros do grupo se possam dedicar mais e para que

a comunidade local se torne mais resiliente; Apoiar a resiliência pessoal: evitar a sobrecarga, quebra e resultante desmotivação.

São estes os ingredientes principais do curso, que serão trabalhados a partir de casos reais fornecidos pelos participantes.

Se houver mais que um participante da mesma iniciativa, será possível desenvolver passos concretos para os desafios principais dessa iniciativa. Os porquês do curso em Portugal:

Há bastantes iniciativas adormecidas/paradas e outras com dificuldades de se desenvolverem. Conseguir agarrar estratégias que necessitam de atenção contínua e investimentos consideráveis (tempo, recursos), poderá ser um impulso considerável;

A equipa de facilitadores do curso de transição (André Vizinho, Gil Penha-Lopes, Amandine Gamei-ro e à distância, Claudian Dobos) está motivada por dar este passo e envolver-se no apoio às inicia-tivas de transição;

A tradução dos conteúdos deste curso requer uma adaptação à situação portuguesa que irá resul-tar em material disponível para todas as iniciativas de transição.

Os cursos com um sentido tão específico ao nível nacional, ajudam ao desenvolvimento da nossa rede.

Page 11: Folha de couve 4 agosto14

Por Annelieke van der Sluijs

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O lado prático e financeiro Os facilitadores dos cursos da rede mundial das Cidades em Transição que se chama Transition Network(TN) aprendem a ser facilitadores em ação, ao co-facilitar um curso com alguém que já tem experiência. Como ainda não temos essa experiência em Portugal, a May East e a Mandy Dean, conhecidas do famoso curso de transição em Sintra, disponibilizaram-se, com prazer, para apoiar a equipa de facilitadores portugueses. Vivem ambas no Reino Unido e falam português. Traze-las cá tem custos... Fizemos uma proposta para angariar fundos da TN, mas para já sem sucesso. Para abrir possibilidade organizar o curso sem financiamen-to, pretendemos convidar apenas a May. Ainda assim, a Mandy ofereceu o seu apoio via skype e como voluntária! Agora, vai depender muito do número de participantes e de como conseguimos apoiar o curso (oferecer alo-jamento, voluntários na cozinha...) e se é viável convidar a May. Ver tabela (atenção, são estimativas):

Sem apoio financeiro, parece-me que precisamos pelo menos de 40 participantes e uma equipa de hóspe-des e voluntários para tornar o curso viável. Por enquanto, a Quinta do Luzio (Janas, Sintra) ofereceu-se para receber o curso. Estás interessado por participar neste curso na Primavera de 2015? Se queres participar no curso e/ou na preparação dos materiais, podes enviar um e-mail ,com nome, contac-to (tlm) e as tuas observações para [email protected]. A meio de Setembro vou publicar o resultado no site da Plataforma da Transição Portugal (http://transicaoportugal.net), com a possibilidade de reagir até meio de Outubro. Na Convergência de Permacultu-ra no Fundão, poderemos tomar uma decisão. Para saber mais consulta: Transition Thrive: https://www.transitionnetwork.org/training/courses/thrive Vídeo dum curso recente em Barcelona: https://www.youtube.com/watch?v=SGUV-EbLQr8

Sem apoio financeiro Com apoio financeiro

Serviço de aloja-mento e alimenta-ção

Acampar/partilha de casa e comida partilhada

Serviço de aloja-mento e alimenta-ção

Acampar/partilha de casa e comida partilhada

10 Participantes 230€ 208€ 114€ 92€

20 Participantes 150€ 128€ 92€ 70€

30 Participantes 124€ 102€ 86€ 64€

40 Participantes 111€ 90€ 82€ 61€

Page 12: Folha de couve 4 agosto14

Um Ano em Transição

Formação de Transição em Portugal

Por Anneleike van der Sluijs

Site: http://transicaoportugal.net/

Email: [email protected]

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O programa Um Ano em Transição (“One Year in Transition”, 1YT) da rede mundial das Cidades em Transição que se chama Transition Network(TN) tem como objetivo apoiar pessoas entre 20 e 35 anos de idade no desenvolvi-mento de um projeto que lhes dá sustento com sentido, ao mesmo tempo que contribuem para o desenvolvi-mento sustentável da comunidade em que vivem. Ao longo do ano, os participantes “viajam” pelos desafios da situação económica, social e ambiental, num contexto de aprendizagem colaborativa. Na Inglaterra, o programa 1YT já vai entrar no seu terceiro ano consecutivo. Os resultados são altamente inspiradores. Vários participantes conseguiram tornar a sua visão num percurso profissional sustentável e em simultâneo está a desenvolver-se uma rede em que surgem cada vez mais oportunidades para criar sinergias e novas possibilidades.

Colaboração internacional e proposta para financiamento A equipa inglesa do 1YT quer partilhar o seu percurso de implementação e apoiar as plataformas de iniciativas de transição nacionais (HUB) interessadas na implementação do programa no seu país. A plataforma de iniciativas de transição portuguesa (juntamente com as plataformas da Suécia e da Croácia) participou numa proposta para financiamento europeu. Apresentámos uma ideia global, o programa vai ganhando forma através da participação de pessoas e jovens interessados em candidatar-se para o programa em cada país. Para transmitir uma ideia geral: num período de 6meses, pessoas jovens vão conhecer o programa e criar uma visão sobre um projeto pes-soal que gostariam de desenvolver em paralelo com ideias concretas sobre a implementação do programa no seu país.

Reunir em Outubro para arrancar Independente do resultado do financiamento, Sara Serrão (São Luís), Magda Jordão (Coimbra), Andreia Ruela (Aveiro) e eu (enquanto ligadora com a TN) pretendemos reunir um grupo de pessoas interessadas em Outubro em Coimbra (ligado com o IX Encontro, dias 3-5 ou 10-12) ou Fundão (ligado com a Convergência, dias 24-26). Sentimos grande necessidade dum programa deste género em Portugal. Reunindo as pessoas, fica mais concreto quais as oportunidades reais que conseguimos concretizar neste momento, independente de financiamento. Temos a sensação que pequenos passos concretos e focados dentro do nosso alcanço actual nos vão abrir cami-nhos.

Convite para participação Tens interesse em estar presente neste primeiro encontro e/ou receber informação sobre os avanços? Manda e-mail com os teus contactos e interesses para [email protected].

Page 13: Folha de couve 4 agosto14

IX Encontro Transição Nacional

Coimbra, 3-5 ou 10-12 de Outubro

Em Outubro haverá duas oportunidades para encontros ao nível nacional: Uma oportunidade para todos os interessados na transição em Portugal: a Convergência de Permacultura no Fun-

dão (24-26 de Outubro) Um encontro para avançar com o desenvolvimento da Plataforma das iniciativas de Transição Portugal, um fim-de

-semana de trabalho em equipa para avançar com o que foi combinado no VIII Encontro em Portalegre, em Maio.

O Encontro em Coimbra terá lugar no fds 3-5 ou 10-12 de Outubro. Se pretendes participar, pedimos-te reservar ambos estes fins-de-semana por enquanto e mandar-nos um e-mail para [email protected] com os teus contactos. Pretendemos confirmar as datas certas através do site da Plataforma e a lista de e-mail até ao fim do mês de Agosto.

Assuntos principais até agora: Desenvolvimento do site nacional; Preparação da apresentação da Plataforma em Fundão; Resumo do Encontro internacional das iniciativas de transição e oportunidades para participação nos grupos de

trabalho e fundos; Memorando de Entendimento (Memorandum of Understanding) com a Transition Network.

Por motivos da logística do Encontro temos um limite de participação de 15 pessoas. Se o número de inscrições que recebemos for maior, vamos pedir outra iniciativa para receber o grupo.

Ansiamos por um fim-de-semana rico e produtivo para continuar o bom espírito e trabalho de Portalegre.!

Por Anneleike van der Sluijs e Sara Rocha

Site: http://coimbraemtransicao.wordpress.com/

Email: [email protected]

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Page 14: Folha de couve 4 agosto14

Economia e Transição

São Luís, Julho de 2014

Economia de Dentro para Fora It is well enough that people of the nation do not understand our banking and monetary system, for if they did, I believe there would be a revolu-tion before tomorrow morning. "Que as pessoas desta nação não compreendam os nossos sistema económico e bancário é melhor, pois se o fizessem, creio que haveria uma revolução antes da manhã seguinte." Henry Ford, multimilionário e industrial norte Americano.

Por Patrícia Caldeira

Site: transicaosaoluiswix.com

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Resposta à ansiedade. Conhecer

Há um ano e meio atrás, em resposta a uma ansiedade crescente quanto à sobrevivência económica, juntei-me a um coletivo ativista que estuda o atual sistema económico e suas alternativas. Em vez de continuar a sofrer em silêncio e isoladamente, o grupo deu-me apoio emocional e criativo. O facto de estar a enfrentar o problema querendo conhecê-lo transformou a situação. E de certa maneira mostrou-se um reflexo da mesma. Sentir-se uma "vítima económica" é um reflexo primeiro de desempoderamento, e segundo, de ignorância.

O meu pai era economista, diretor financeiro da sucursal portuguesa de uma grande companhia multinacional norte americana, e professor universitário de uma disciplina com o nome de reengenharia empresarial, vocacio-nada para uma economia global e de grande escala. Desde criança que debatíamos às refeições questões de organização económica. Agradeço-lhe a paciência de debater com as suas filhas estes temas. E raramente está-vamos de acordo.

Como as nossas vidas eram tão diferentes, as nossas formas de dar valor às coisas era diferente. O meu pai cres-ceu na Madeira dos anos 50, numa família pobre e numerosa. Muitas foram as suas dificuldades. Conseguiu a pulso estabilidade económica e segurança financeira que depois ofereceu à sua família. Dava outro valor ao que tinha conseguido, a segurança material dava-lhe paz de espírito. Eu defendia a sustentabilidade ambiental acima de tudo e o meu pai, contrapunha com as regras do mercado e suas aplicações práticas e reais. Entrámos em posições extremas até que o debate se tornou impossível com a adolescência. Agora compreendo ambos os nos-sos erros. De tal maneira queria outra realidade ambiental, económica e social, com todo o entusiamo juvenil, não queria ver o que estava a acontecer atualmente. E o meu pai, educado numa escola superior de economia, estruturava-se nos conceitos e sistemas de valores que lhe foram ensinados, sem ser capaz de os questionar.

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A importância de questionar Questionar é hoje fundamental numa época de rápida transformação, colapso ambiental, austeridade e desequilíbrio económico. Voltando ao meu pai, este podia considerar-se um especialista na sua área. A sua dificuldade em questio-nar o que aprendeu é um reflexo da sua educação, pois o sistema educativo baseia-se numa estrutura de coletivismo vertical, hierárquico e piramidal. Quem do topo decide os tópicos a serem ensinados decide como vão pensar as pessoas, e dessa forma molda a sua realidade. E essa estrutura de coletivismo vertical é aparente na religião, nos estados e nos partidos políticos, nas monarquias, nos exércitos, nas corpora-ções, etc. No entanto nem sempre as sociedades humanas se organizaram de essa forma.

Segundo a história (com todas as reservas), as sociedades humanas anteriormente à revolução do neolíti-co (cerca de 10.000 anos a.c.) organizavam-se em tribos. Hoje em dia ainda se encontram tribos a viver dessa forma ancestral em zonas recônditas do planeta. Caracteriza-se por pequenos grupos de pessoas que vivem juntas, nómadas ou não, em maior equilíbrio com a natureza, e que gerem comunitariamente, sem noção de posse, o meio onde vivem. Todas as pessoas que não pertencem agora a uma tribo foram de alguma forma "domesticadas", assimiladas em civilizações vastas e complexas. Com as civilizações surgem os fenómenos de desigualdade social, capacidade de acumulação de capital e poder, e divisão do trabalho. A família, agora fragmentada, vestígio da tribo, assim como os gangues, grupos, associações, etc. E essa "domesticação", que é contínua e presente, torna-se violenta e coerciva, como podemos ver em inúmeros exemplos de tribos ainda hoje a viver esse processo e na propaganda que permeia os meios de comunicação de massas. A autoridade imposta de níveis cada vez mais centralizados e distantes. Os inte-resses individuais sacrificados ao coletivo. Não se quer com isto retirar importância ao papel fundamental das comunidades locais para o bem estar das populações, da ecologia e economia. Mas saber estar em comunidade não implica um controle central, um governo. O maior exemplo disto é a Natureza. Um siste-ma vivo, em forma de redes interdependentes.

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Economia

Definição clássica.

O que se ensina ainda hoje nas universidades. Definição clássica de economia: A satisfação dos desejos sempre crescentes com base em recursos escassos. Adam Smith, economista do sec. XVIII. Esta conceção pressupõe dois conceitos: desejos sempre crescentes e recursos escas-sos. O crescimento económico no entanto não pode ser eterno pois os recursos em que se baseia não o são.

Temos o exemplo do petróleo, motor da economia, que já ultrapassou o pico de produção há mais de uma década. O outro conceito inerente a esta conceção é a escassez de recursos. Segundo este paradigma é a escassez que lhes dá valor A chamada época das luzes, resultado da mudança de paradigma e de valores que põe o ser humano no centro, do universo, ao invés de o manter subserviente a Deus. A revolução científica que acompanhou esta mudança de paradigma foi admirável e o progresso técnico mudou a vida das populações humanas. No entanto nos olhos da humanidade o mundo perdeu encantamento e valor espiritual. A natureza deixou de ser sagrada e passou a ser vista como um objeto a explorar. A revolução industrial e o uso do petróleo transformaram a a vida das pessoas e deixam marcas no planeta. Mas o problema maior do sistema financeiro nos dias de hoje é que cada vez se dissocia do que se chama a economia real. Mani-pulação de variáveis de mercado através de fraudes contabilísticas. A performance económica é avaliada em quantidade, o PIB (Produto Interno Bruto), e não em qualidade. Com a exceção do Butão, estado em que a economia é medida em Felicidade e bem estar. Voltando ao PIB, que este seja alto não significa necessariamente que a vida das populações seja melhor: um desastre ecológico é "bom" para o PIB por-que estimula gastos em limpeza, cuidados e reparações e isso tudo financiado através de endividamento.

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O dinheiro

Que é? De onde vem? Para onde vai? O dinheiro é uma ferramenta de facilitação de trocas. Regras comuns para a definição de dinheiro: tem que ser divisível, ter valor intrínseco e consenso geral para ser usado. Em si o dinheiro é extremamente útil e pode ser uma ferramenta de criação de riqueza. O dinheiro também é uma metáfora de energia. Funciona na economia como o óleo que se põe nos motores, ou o sangue que alimenta os organismos. Daí se fale dele como um líquido. O fluxo económico. A liquidez. Pres-são dos mercados. Bolhas que explodem.

O dinheiro é o sangue da economia e a velocidade a que flui determina a sua saúde. Neste momento o sangue é demasiado ralo, sem alimento (excesso de criação de dinheiro que diminui o seu valor real). E ao mesmo tempo o fluxo torna-se mais lento ( a acumulação de capital no mercado financeiro em detrimento da economia real, as grandes fortunas aumentam mas não os salários da classe média). O torniquete da desigualdade económica. O mercado está anémico e com quebras de tensão.

No entanto e fazendo o paralelo com Roma à altura do seu colapso, em que se criou muita moeda, o que desva-lorizou o seu valor (ex: as moedas de ouro passaram a ser de outro metal banhado a ouro), ao mesmo tempo que aumentaram as desigualdades sociais. Mais dinheiro em circulação pelos mesmos bens aumenta os seus pre-ços. Mas de onde vem? No sistema atual, 3% existe em forma de notas em moeda emitida pelos governos e bancos centrais, e 97% existe apenas em forma digital. O dinheiro é maioritariamente gerado nos bancos através da criação de dívida. Parece absurdo, mas é assim: se eu quiser pedir 5000 euros ao banco para comprar um car-ro novo, e o empréstimo for aceite, o banco escreve uns números no computador que passam para a minha con-ta. O dinheiro não existia nem tem que existir. Eu vou ao stand de automóveis e novamente há uma transferência de números em computador. O dinheiro não existe real-mente. O dinheiro, digital e inexistente, ou papel colorido, só tem valor porque se acredita nele.

Existe um consenso que dá legitimidade aos bancos para criarem o dinheiro, Pôr o nome de um estado soberano nele, e ser obrigatoriamente usado. No entanto eu terei de pagar ao banco juros sobre o valor emprestado, juros que não foram criados à altura, e o carro será sempre um bem colateral a ser penhora-do em caso de falta de pagamento, é o que dá "valor" ao empréstimo. Se se fizer um paralelo ao sistema financeiro, por exemplo os lucros da especulação na bolsa não têm um paralelo em criação de riqueza no mercado real. O problema é que se dá a organizações privadas com o único fim de gerar lucros a possibili-dade de emitir moeda e estas já não precisam de depositantes mas sim de endividados.

A possibilidade de controlar o fluxo monetário de um sistema inteiro não pode ser deixada nas mãos de banqueiros insaciáveis cujas manobras criam crashes económicos, cíclicos e devastadores para a maioria mas que são transferências da riqueza de todos nós para esse cartel criminoso.

As moedas criptogradas digitais, entre outros, são a revolução económica que tornará os bancos obsoletos e desnecessário um controle central.

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Definição etimológica

A definição etimológica da palavra economia. Oikos Nomia. Compõe-se de duas palavras de origem Grega: Oikos, que significa casa, e Nomia que significa organizar. Organizar a casa. A casa pode ser entendida em várias dimensões, seja o planeta onde habitamos, o nosso domicílio atual, e o nosso corpo. A definição eti-mológica implica também uma relação com recursos, mas tendo em vista a organização, a gestão, a manu-tenção e a harmonia. Organizar a casa, tratar do corpo e da saúde, cuidar do planeta e meio ambiente. Uma economia das avós, que sempre cuidaram da terra, dos netos e das casas. Compreender estas casas nas suas várias dimensões, na relação com, outros seres, em redes, em famílias.

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Transição interior de Valores

Transição interior de valores. Revalorizar a relação com a Natureza e com o Todo. Tomar consciência de se ser consciência. Sentir o corpo como uma casa. Habitar o corpo. Que preciso para viver? Para alimentar o corpo, a alma, o espírito? Re encantar o mundo, tornar sagrados os elementos, dar valor.

O grupo de Transição Interior de São Luís, que reúne regularmente, para meditar e partilhar caminhos, e observar em conjunto por exemplo a relação pessoal com o ambiente, a pegada ecológica, o uso energéti-co. De dentro para fora.

O grupo de comunicação da Transição de São Luís faz o trabalho de divulgar eventos informações e iniciati-vas dos diversos grupos de trabalho. E é uma ponte de comunicação do trabalho da transição interior, do grupo de artes e economia.

O grupo da Terra da abun-dância funciona como um grupo de transição interior. Vivemos espalhados pelo concelho de Odemira mas reunimos frequentemente. Primeiro partilhamos as nos-sas emoções e vivências, focando na parte financeira das nossas vidas. Ouvimo-nos, damo-nos apoio, parti-lhamos informações. E cria-mos em conjunto, transfor-mamo-nos e transforma-mos.

E por fim mas não menos importante o movimento ReCo, Rede Cooperar. Uma rede interdependente não centralizada que une coope-rantes numa área alargada do Alentejo, participando em e organizando encontros, eventos, ajudadas e mercados. Informal e não institucional, tem ação económica e social.

Pertenço a todos estes grupos que estão assim interligados e em permanente comunicação. Apesar de estudar o atual sistema económico, não procuro uma solução centralizada e imposta. Ao invés, olho o sis-tema económico como um espelho de mim mesma. De dentro para fora. Que crenças tenho que permi-tem manter o atual paradigma económico? E que quero? Que sonho? Quero ver com olhos de abundân-cia. Escolho pensar que a escassez que está impregnada neste sistema, inclusive na própria definição de economia de Adam Smith, não é o meu estado natural.

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Por Patrícia Caldeira

E que é abundância? De onde vem? Quero transformar a forma de ver o meu corpo, a minha casa, o meu planeta, apenas pelo ato de lhes dar atenção, amor e valor. Abundância é resultado de suficiência. Não existe desperdício na natureza.

A insatisfação infantil que se perpetua no atual sistema consumista é insaciável, torna o mundo uma lixei-ra. Pode-se escolher a forma de ver e valorizar quem somos e o que nos rodeia. Transformando os valores transforma-se a perceção de quem se é, da comunidade em que se vive. De dentro para fora, o facto me sentir parte um todo envolve-me nele. Bibliografia: - Economic Renasissance, Shumacher Institute Documentários: - Money & life - The Secret of Oz - 97% Owned - - I want the earth (plus 5%) Sites http://www.maxkeiser.com

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Certificado em Ciência Holística e

Site: www.schumachercollege.org.uk

Email: [email protected] ou [email protected]

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O Certificado em Ciência Holística e Economia para a Transição que irá decorrer de Outubro 2014 a Março 2015 em Portugal e Espanha, é um projecto pioneiro em colaboração com o Schumacher College, um dos centros mais prestigiados de educação transformativa e sustentabilidade. Este curso é baseado nos currículos das pós-graduações: Ciência Holística e Economia para a Transição, do Schumacher College. Neste curso será possível investigar como o pensamento holístico pode ser utilizado como uma ferramenta para entender a essência da crise global social e ecológica. O objectivo deste certificado é dar ao participan-te uma introdução ao pensamento e acção holística que tem sido desenvolvida no Ocidente durante os últi-mos anos. Os principais temas deste certificado serão explorados em quatro módulos: Introdução ao Holismo Sistemas Complexos e Teoria de Gaia Economia para a Transição Caminhos para a Mudança O curso tem um carácter de exploração pessoal e coletiva usando uma mistura de recursos "online", sessões de orientação e discussões em grupo via internet, conferencias por convidados especiais e períodos residen-ciais em três locais Centro Albayda, Cordoba, Espanha; Vale da Lama Algarve, Portugal; e Posada del Valle Asturias, Espanha. Professores, tutores e facilitadores: Stephan Harding

Philip Franses

Augusto Shantena Sabbadini

Cruz Mañas

Carmen Maraschin

Sergio Maraschin

Sebastian Burch

Maria Llanos del Corral

Para mais informação, visite a página Iberia 2014-2015 do Colégio Schumacher (http://www.schumachercollege.org.uk/courses/certificate-in-holistic-science-and-economics-for-transition-iberia-2014-2015). Informações mais específicas poderão ser encaminhadas para [email protected] ou [email protected]. Será esse curso o inicio de sua próxima jornada?

Economia para a Transição

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ITLaV de lá para cá

Linda-a-Velha, 12 de Agosto de 2014

A ITLaV começou com um projeto de mobilidade suave mas depois de uma reu-nião na iniciativa vizinha de Telheiras, passou para um projeto holístico. Numa primeira fase criámos uma oficina de saberes comunitária, organizámos ações de consciencialização, oficinas de recapacitação e fomentámos a partilha de saberes. De seguida trabalhámos a transição interior e a aposta em projetos que nos apaixonavam. A semente da Transição espalhou-se pela vila e pela comunidade. Como estamos agora? As opiniões variam mas a minha motivação pessoal em projetos comunitários revela-me que mesmo que a ITLaV esteja “adormecida”, deixou sonhos a construir.

Por Fernando Oliveira

Site: http://transicaolav.blogspot.pt/

Email: [email protected]

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A oficina e horta comunitária foram crescendo e hoje tornaram-se um local de encontro e partilha de vários vizinhos, abraça projetos de educação recebendo a associação APAS, mantendo uma especial relação com a hor-ta e a sua dinamizadora Teresa. Fora de portas, isto porque a oficina comunitária foi a base de trabalho da ITLaV durante aproximadamente 3 anos, foram surgindo iniciativas na comunidade já não dependentes da ITLaV, mas envolvendo a comunidade e abraçando os sonhos de cada um.

As ajudadas no Jardim de Infância José Martins, mudaram a maneira de estar de uma associação de pais, que virou o seu tra-balho para o exterior, deixando de fazer atividades fechadas apenas para os seus associados, mas abrindo a toda a população as suas iniciativas. Viu os seus projetos cres-cerem, serem acarinhados e reconhecidos pela comunidade e daí surgiu a vontade de dar um passo maior. Juntos com outros vizi-nhos, lançaram um projeto ao orçamento participativo de Oeiras para a criação de uma Quinta Urbana Pedagógica que prevê a criação de parcelas individuais apenas em 1/5 da sua área disponível. No restante espaço está projectado um pomar comuni-tário, um terreno para cultivo coletivo e outro pedagógico e uma zona social, acessí-vel a pessoas de mobilidade reduzida que conta com canteiros adaptados, com espa-ços para atividades propostas pela comuni-dade.

Participação no dia do Vizinho

Ajudada no Jardim de Infância

Projeto OP—Quinta Urbana Pedagógica

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A mudança de visão do Centro Comunitário de Linda-a-Velha, ainda em crescimento, que promove a cultura e a expressão local a custos justos e proporcionais à rentabilidade dos projetos, já com pequenas experiên-cias com base na economia da dádiva e trocas, prepara-se agora para alargar a sua influencia na comunida-de, lançando e apoiando projetos como a Malhação e os Livros à Solta. A Malhação, projeto ITLaV, reavivou-se neste espaço e ganhou asas, tornando-se autónomo e acontecendo um pouco por toda a localidade.

O Livros à Solta é uma biblioteca "Livre" funcio-nando numa relação de confiança com o leitor que se prepara agora para criar parcerias locais para espalhar os seus livros por Linda-a-Velha.

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Aqui, em parceria com a ITLaV, criou-se um ponto de entrega de cabazes do proje-to PROVE, que dinamiza o comercio de produtos hortícolas directamente do pro-dutor e de proximidade. Os cuidados com a alimentação e o bem estar levaram a Camy (Carmen Duarte) a dar um passo em frente e desenvolver um projeto de formação em cozinha macro-biótica e um serviço de "take away" de refeições.

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Por Fernando Oliveira

Surge também em 2013, o projeto de Mobilidade Sua-ve, projeto que esteve na base da formação da ITLaV e que promove a utilização de meios de transporte com reduzido impacto ambiental, agora autónomo e que dina-mizou a oficina comunitária, deu formações e celebrou.

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O poder local, através de parcerias com a ITLaV, conta agora com uma visão muito alinhada com o movimen-to de Transição. Já sonhou Linda-a-Velha e passou a dinamizar espaços até agora subaproveitados com feiras de segunda mão, mercados de artesanato (Urban Market), comemorações festivas, etc. Conta sempre com as associações locais para dinamizar alguns dos eventos, apoiando assim os seus percursos e beneficiando de um cartaz repleto. Em colaboração com o Centro Comunitário e a Associação de Pais do JI José Martins, criaram um projeto de requalificação do mercado, o "Mercado Social e Cultural de Linda-a-Velha", projeto lançado este ano no Orçamento Participativo de Oeiras deste ano. Caso seja um dos contemplados, vai dotar a localidade de um espaço multifuncional, com estúdio, café concerto, sala de terapias complementares, oficina do artesão, loja comunitária, cozinha comunitária, entre outros.

Mais recentemente, com a instalação da associação "Florescer" com o seu projeto "Educação em Transição", trouxe para Linda-a-Velha uma nova consciência para a educação, promovendo o debate e dinamizando espaços. Encontrando nas associações de pais das escolas publicas locais uns parceiros despertos para estas questões, está a desenvolver projetos piloto (em Linda-a-Velha) levando à escola praticas e conceitos da educação global.

Neste momento a ITLaV faz o papel de plataforma de iniciativas/projectos (HUB) ligando estes projetos comunitários, grupos de ação, associações e a autarquia local, promovendo ações da comunidade para a comunidade. Esta é a minha percepção e um possível modelo de transição, apesar de reconhecer a necessidade de grupo e que este traria mais valias substanciais à comunidade.

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Permacultura Aldeia das Amoreiras

Aldeia das Amoreiras, Julho de 2014

Por João Gonçalves

Site: http://centrodeconvergencia.wordpress.com

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O conceito “permacultura”, exposto pela primeira vez em livro em 1978 na Austrália por Bill Mollison e Dave

Holmgren (1) (um professor na universidade e o outro estudante de design ambiental), uniu os termos

“permanente” e “agricultura”. Designava um novo sistema interdisciplinar de planeamento/design ético, eco-lógico e funcional, para a escala humana e local, que ambos começaram a formular e a implementar no terre-

no, em meados dos anos 70.

Após a segunda guerra mundial, com tanques transformados em tratores e a indústria química da guerra e do petróleo reorientadas para a produção de fertilizantes e pesticidas, a agricultura industrial avançou sobre o planeta e mostrou o seu poder destrutivo sobre os solos e a biodiversidade dos ecossistemas terrestres. Que

fazer? Para intervir na sociedade e divulgar esta nova metodologia positiva por todo o mundo, Bill Mollison

cria o Instituto de Permacultura e o Curso de Design em Permacultura. Nos anos 80 leva este curso a alguns

países “pobres”, como Zimbabwe, Índia, Botswana e Brasil. O objetivo era treinar formadores, criar centros de demonstração e formação, e promover a disseminação descentralizada. A permacultura começava por ser aplicada primeiro na vida dos “permacultores” e depois usada no planeamento de “eco aldeias”, projetos

comunitários e de escala comercial.

No cerne da permacultura estão os imperativos éticos de consciência e de responsabilidade pessoal perante a exploração e destruição da Terra e a interrogação “os nossos filhos e netos vão herdar um planeta em

melhor estado do que aquele que nós encontrámos?”. É uma atitude radical que rejeita a organização econó-mica apenas orientada para a maximização do lucro financeiro e mostra alternativas à agricultura de escala

industrial (aquela que movimenta quantidades massivas de energia e “matéria-prima” de um continente para

outro, escalas de produção ligadas à insustentável, ineficiente e poluente “máquina ”-indústria do petróleo e seus derivados combustíveis, fertilizantes e pesticidas).

No Manual de Permacultura (2), em 1988, Bill Mollison definiu:

“Permacultura (agricultura permanente) é o design e manutenção conscientes de ecossistemas agricultural-

mente produtivos, que têm a diversidade, estabilidade e resiliência de ecossistemas naturais. É a integração harmoniosa entre paisagem e pessoas, satisfazendo de forma sustentável as suas necessidades de alimento, energia, abrigo e outras necessidades materiais e imateriais. Sem uma agricultura permanente

não existe a possibilidade de uma ordem social estável.

(…) é um sistema de integração de componentes conceptuais, materiais e estratégicos num padrão que fun-ciona para beneficiar a vida em todas as suas formas. A filosofia subjacente à permacultura é a de trabalhar

com e não contra a natureza; de longa e ponderada observação em vez de uma ação irrefletida prolongada; de ver os elementos dos sistemas em todas as suas funções, em vez de requerer deles apenas um produto; e

de permitir que os sistemas manifestem as suas próprias evoluções.

(…) A Base Ética da Permacultura. 1. Cuidar da Terra 2. Cuidar das Pessoas 3. Fixar limites ao crescimento populacional e ao consumo: Governando as nossas próprias necessidades, podemos dispor de recursos

para apoiar as duas primeiras éticas.”

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“Árvores e plantas anuais e perenes em pequenos espaços: Maximizar o rendimento através da maximização da captação de energia solar, durante todo o ano, através do empilhamento vertical e sinergias entre plantas

úteis abaixo e acima do solo é um dos princípios da permacultura”.

Durante os anos 80, o foco deixou de ser somente a regeneração ecológica, a gestão do ambiente e seus recursos materiais, para abranger também o planeamento dos sistemas que satisfazem as necessidades

humanas básicas: saúde, tecnologia, construções, energia, educação, finanças, economia, organização comu-nitária, jurisdição e política. Com a ampliação do leque interdisciplinar, a permacultura passou a ser definida

como um sistema de planeamento que visa uma “cultura-permanente”, além de uma “agricultura-permanente”.

O processo de planeamento implica as tradicionais fases de

observação-diagnóstico, análise, proposta, implementação, e

monitorização-avaliação. Nele são conceitos e valores centrais: observar extensa e perspicazmente, respeitar a Natureza e

tomá-la como modelo, integrar e relacionar num sistema os elementos que suprimem as necessidades uns dos outros,

maximizar a reutilização e a multifuncionalidade de cada ele-mento, diversificar a origem de cada bem essencial, cooperar, pensar globalmente e agir localmente, valorizar aspetos margi-

nais, não poluir e otimizar recursos, empoderar, criar sistemas autorregulados, obter o máximo rendimento com a mínima

intervenção, assistir às necessidades urgentes e básicas das pessoas e das comunidades, transformar problemas em solu-ções, eco literacia, entre outros.

Este planeamento minucioso e funcional, integra as linguagens da ecologia, biologia, antropologia, arquitetura paisagista,

agricultura ecológica, eco psicologia, construção natural, tec-nologias apropriadas, desenvolvimento local, economia ética,

educação social, etc. “Vilas em Transição” é uma metodologia para trabalhar à escala de um bairro,

freguesia ou município, cujo conceito original nasceu num curso de permacultura em 2006. Com rápida expansão, tem tido grande expressão nas zonas de maior densidade populacional, por responder aos desa-

fios de criar sistemas urbanos mais humanizados, resilientes e sustentáveis. Num contexto de crise social e económica, e de recorrente aumento do custo dos fatores de produção, o pla-

neamento ecológico assente na permacultura poderá ser uma mais valia para adequar as organizações e as estruturas produtivas aos desafios que se adivinham a médio e longo prazo, sejam eles, o acesso à água e a

contaminação dos lençóis freáticos, a desertificação e perda de solos férteis, o pico do petróleo, o aumento dos fenómenos meteorológicos extremos, o aumento da toxicidade na cadeia alimentar, o crescimento demográfico e do desemprego, a injustiça ecológica e social.

Capa do livro “Amoreiras – Permacultura para uma aldeia” do qual o João Gonçalvez é co-autor, com edição prevista para

2014.

Bibliografia: (1) MOLLISON, B. e HOLMGREN, D. Permaculture One: A Perennial Agriculture for Human Settlements. Austrália.

Transworld Publishers, 1978

(2) MOLLISON, B. Permaculture: A Designers` manual. Austrália.

Por João Gonçalves

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A Horta como facilitador da Transição

FCUL - Uma reflexão sobre o ano letivo 2013/2014

P’los guardiões da Horta FCUL - David Avelar & António Alexandre

Site: http:/fcul/www.tu-.net/

Email: [email protected]

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A HortaFCUL é um projeto informal que teve o seu início em meados de 2009 fruto de um sonho de um conjunto de estudantes. Passados 5 anos, novas pessoas se juntaram ao projeto tendo trazido diferentes ideias e muita ener-gia.

O projeto é dinâmico e flexível mas a sua visão geral é ser um espaço de experimentação de técnicas de Permacultura e um local onde diferentes dis-ciplinas se encontram.

O projeto é aberto a qualquer pessoa da comunidade da Faculdade de Ciên-cias da Universidade de Lisboa (FCUL), a sua organização é caórdica sendo que a ausência de hierarquia não tem impedido de se realizar muitas e diver-sas atividades.

A horta tem sido o verdadeiro motor e facilitador do que pode ser o início de um processo de transição na FCUL dado que aborda as questões da sustentabilidade ambiental, promove relações de confiança entre os membros da comunidade e atrai criatividade e mudança através da organização de atividades alternativas. Eis algumas destas atividades realizadas este ano letivo:

2013

Setembro - Festão da Horta

Começamos o ano letivo com uma atividade de cele-bração para juntar os amigos das Horta, dar as boas vindas a novos estudantes e festejar o início do ciclo! Outubro - Trabalhos na Horta às 3ª feiras

Sentimos que era necessário criar uma rotina de tra-balhos na horta para que outras pessoas interessadas se pudessem juntar de forma regular. Assim, iniciamos os trabalhos às 3ª feiras à tarde, sendo que geralmen-te pelo menos um responsável pelo projeto teve a função de facilitador.

Novembro - Projeto Tomilhos

Fomos desafiados pelo professor Luís Pedro para ajudar numa experiência com tomilhos, nomeadamente na construção de pequenos terraços com paletes recicladas.

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Dezembro - Feira da Associação de Estudantes da FCUL

Temos uma relação de simbiose mutualista com a Associação de Estudantes e estivemos presentes na sua feira anual onde podemos ter uma banca para vender alguns dos nossos produtos e interagir com a comunidade.

2014

Janeiro - Interação com comunidade não-docente

Porque o projeto pretende ser transdisciplinar, temos envolvido a comunidade não-docente como por exemplo a D. São e D. Fátima da equipe de limpeza e bem estar da FCUL, que nos têm vindo a ensinar alguns truques como por exemplo a técnica de plantação de cana-de-açúcar segundo os hábitos de Cabo Verde. Janeiro - Parceria com projecto270 Dado que ainda não somos totalmente independentes de plantas, decidimos colaborar com o projeto de Permacultura situado nas ter-ras da Costa da Caparica que nos trouxeram algumas variedades de hortícolas e aromáticas criadas em composto orgânico. Experiência de inoculação de cogumelos

Porque somos de ciências, fizemos uma pequena experiencia de ino-culação de cogumelos (Pleurotus Eriingi) com a ajuda do grupo de investigação do Centro de Biologia Ambiental. Fevereiro - Poda de arvores de fruto na FCUL

A poda das árvores é uma arte e um investimento a médio-longo pra-zo, como tal decidimos convidar o especialista e investigador na FCUL Filipe Maçarico para nos passar o conhecimento. O workshop correu tão bem que decidiu-se replica-lo num Projeto semelhante no Lumiar coordenado por João Silva dos serviços técnicos da FCUL. O equinócio FreeParty

A horta e sua biodiversidade rege-se pelos ciclos solares, nomeada-mente as estações do ano. A Primavera costuma acelerar o metabo-lismo da mesma e é assinalada pelo equinócio, altura em que o dia e a noite duram o mesmo tempo. Assim, decidimos celebrar este perío-do com mais uma festa.

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Março - Banca da Dádiva

Esta foi uma das experiências mais interessantes que fizemos. Quisemos ganhar alguns recursos para investir em materiais na horta e ao mesmo tempo testa a confiança da comunidade. Assim, expusemos alguns dos nossos produtos numa banca no C5 onde pedíamos às pessoas para levarem o que queriam e doarem o que achavam justo. Para nosso espanto, em 3 sema-nas fizemos cerca de 50€ e tivemos uma média de 1€ por plan-ta!

O Workshop de Bioconstrução

Quisemos aprender a construir com recursos naturais e criar um local acolhe-dor para Estar na horta. Assim, convidamos a Canya Viva a facilitar um work-shop de 3 dias de construção com cana (Arundo donax) onde aprendemos várias técnicas. O resultado pode-se dizer que é uma peça de arte bastante funcional, pois não só suporta os nossos Kiwis, como trás conforto às nossas reuniões.

Abril - Workshop de Introdução à Permacultura

Com a chegada de novos elementos e dado que o projeto assenta na éti-ca, princípios e abordagens da Permacultura decidimos organizar um workshop de introdução à Permacultura facilitado por Tiago Silva e Ber-nardo Nogueira cujo público alvo foram os elementos mais ativos na hor-ta mas houve espaço para novas pessoas.

Maio - As interações com as escolas e jardins de infância locais

Temos vindo a ser requisitados por várias escolas primárias e jardins-de-infância vizinhas que vêm o nosso projeto uma inspi-ração para desenvolver as hortas nas suas escolas com as suas crianças. Este ano tivemos o prazer de receber algumas turmas da E.B.1 Santo António e o Jardim de Infância de Alvalade. Os alunos e professores de uma das escolas, depois da visita, cria-ram a sua própria horta que já produz parte da comida das crianças e que já tivemos a oportunidade de visitar.

A sopa da horta

Pela primeira vez e depois de muito sonhado A parceria foi cele-brada com o coordenador dos bares Zé Manuel, que já nos comu-nicou que estão receptivos à continuação. Quem sabe não passará a ser um hábito mensal bastante sustentável.o contributo para o consumo local, conseguimos ter uma boa produção de alhos fran-ceses (cerca de 10kg) que serviram como principal ingrediente à sopa dos bares da Associação de trabalhadores da FCUL. Em con-trapartida pagaram-nos em senhas de sopa.

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Por David Avelar & António Alexandre

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A nova casa da Horta

Algo há muito desejado era termos um espaço para arrumos das nossas ferramentas. Ainda sobre a alçada da última direcção, e com o apoio particular do Professor Sá Fonseca, a FCUL apoiou financeiramente a compra da casa de madeira que com a ajuda dos serviços técnicos da FCUL foi montada este ano.

Junho - Mais Pra Menos Que Pra Mais - Horta Mandala Os coordenadores do evento artístico “uma horta em cada esquina” pediram apoio à hortaFCUL para coordenar a criação de uma das hor-tas no Campo Pequeno. Foi um desafio que nos consumiu bastante energia, mas o resultado é amplamente reconhecido, não só pela sua componente produtiva, estética (padrão mandala) como social (a delegação).

O convívio da Horta

Iniciamos o ciclo letivo com uma festa e terminamos o mesmo com uma celebração. O convívio da horta é uma atividade direcionada aos amigos da horta que desde o início do projeto temos vindo a dinamizar. Muitas das ideias surgem nestes momentos, pelo que pode-se esperar mais convívios no futuro…

A título de conclusão e reflecção deste ano letivo, para além das atividades mais relevantes descritas, des-tacamos dois pontos:

- Os novos membros que confiaram e que se juntaram ao projeto auto-organizado. Mérito para eles que carregam a responsabilidade do legado bem como a oportunidade de deixar a sua marca. Estes fazem par-te dos guardiões da horta e tentamos reunir uma vez por semana para tomar decisões.

- A aprendizagem contínua dos guardiões e a sua organização segundo o modelo caórdico; Por incrível que pareça, o grande desafio deste Projeto é social. No entanto, é também nesta dimensão que temos vindo a aprender e a crescer juntos, nomeadamente, como tomar decisões em consentimento, como tornar as reuniões eficientes, como conseguir que todos aquel@s que contribuem para o projeto hortaFCUL, saiam a ganhar.

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Convergência de Permacultura

Fundão - 24 a 26 de Outubro de 2014

Por Margarida Sousa

Site: https://convergenciapermacultura.wordpress.com

Facebook: https://www.facebook.com/convergenciapermacultura

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A Primeira convergência de Permacultura que irá acontecer de 24 a 26 de Outubro no Fundão, tem como objetivo reunir uma grande diversidade de pessoas e recursos durante três dias para partilhar experiências, aprendizagens, conhecimento, projetos, oficinas práticas… relacionados com a permacultura, transição, edu-cação, comunidades, investigação, construção natural, energias alternativas, arte, saúde, etc. Oferece assim a oportunidade de se conhecer a Permacultura de uma forma holística, bem como a possibilidade de tornar o movimento de Permacultura em Portugal mais visível e coeso, contribuindo para a organização e expansão de redes. O programa da Convergência encontra-se organizado segundo as três éticas da Permacultura – “Cuidar da Terra, Cuidar das Pessoas e Partilhar os Excedentes”. E embora durante os três dias do Encontro todas as éti-cas sejam contempladas, no primeiro dia (24 Out, Sexta) o foco será a TERRA, no segundo dia (25 Out, Sába-do) o foco será PESSOAS e no Domingo (26 Out) o tema principal será EXCEDENTES. Nesta convergência além dos tradicionais permacultores e projetos relacionados com a permacultura, irão estar presentes diversas iniciativas/projetos de transição de norte a sul do país, as quais irão partilhar expe-riências e aprendizagens. Se no encontro das iniciativas de transição em Coimbra em Outubro, o foco será a plataforma da Transição Portugal, na Convergência espera-se criar espaços de encontro e partilha geral entre as diferentes iniciativas/projetos de transição. Juntem-se a este evento histórico!

Blog: https://convergenciapermacultura.wordpress.com Blog em inglês: http://permacultureconvergence.wordpress.com Facebook: https://www.facebook.com/convergenciapermacultura

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Transição em Ação um degrau

Covilhã, 17 e 18 de Maio de 2014

Por Patrícia Paixão

Site: http://covilhaemtransicao.wordpress.com/

Email: [email protected]

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O primeiro passo é o sonho…

O projeto de reabilitação e intervenção artística nas Escadas da Trapa nasceu de um desejo e sonho indivi-

dual, no entanto, nunca teria sido possível realizá-lo sem a aprovação e vontade de um coletivo. Tudo por-

que umas escadas, com mais de 100 degraus, numa cidade de altos e baixos, poderiam ser mais bonitas,

poderiam inclusive contar um pouco da história adversa (ou não) de uma cidade e de um espaço. O sonho

demorou mais de seis meses a ser amadurecido entre questões, conversas e dúvidas; o que pintar na pare-

de?; será que podíamos pintar nos degraus?; a quem pedir autorizações?; como vamos justificar a ação?;

como atrair a comunidade e quais vão ser as reações?

de cada vez

Já temos dois pés no chão, é só andar…

Seria o primeiro evento do Covilhã em Transição

num espaço 100% público, exposto e ao ar livre,

contando também com o facto que uma boa par-

te do grupo não é Covilhanense de origem,

podendo dar azo a reações menos acolhedoras.

Felizmente, qualquer insegurança foi sendo dissi-

pada com a crescente vontade e respostas afir-

mativas e solícitas. Não foi fácil e a viagem não

deixou de ter os seus desvios, uns mais acompa-

nhados e amparados que outros. Mas a data

estava marcada, quer quiséssemos quer não, dia

18 de Maio era o dia.

Também se tropeça…

Até lá contámos com o apoio do Teatro das Beiras desde o início, que nos permitiu pintar o mural lateral às escadas, pertencente ao Teatro. A Câmara apoiou, dando uma mãozinha na limpeza das escadas, e embora mesmo no final, tivemos direito a duas latas de tinta. Quisemos fazer um vídeo com os testemunhos de pes-soas que habitavam ou trabalham perto das escadas, numa das fábricas em redor... Mas onde estavam elas? Muitas mudaram-se, outras faleceram, outras não queriam falar, nem percebiam que importância poderiam ter umas escadas. Correu-se a cidade... e apesar da frustração, e de, no fim, termos voltado às escadas e recolhido testemunhos de quem passava, a verdade é que ficámos a conhecer melhor a Covilhã e a quem ela pertence. Queríamos ter uma intervenção mais “verde”e, por isso, pensámos na opção de utilizar musgo como preenchimento das pinturas... no entanto, o teste que fizemos não pegou e abandonámos a ideia. Pedimos também ajuda e colaboração a uma turma da UBI do curso Design e Multimédia, cadeira de dese-nho para a elaboração dos desenhos.

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E embora tenhamos pensado que a ideia suscitaria a criatividade de uma turma de 1º ano, a verdade é que foi um processo difícil. Poucos foram os alunos que se dedicaram ao projeto, ou que apre-sentaram algo, sendo que apenas um esteve presente durante as pinturas. É também esse o aluno o autor dos desenhos dos drama-turgos e atores que vemos na parede. Nem sempre todo o grupo de Reabilitação de Espaços Urbanos pode estar presente, por vezes foi um trabalho a um, a dois, a três, ou a quatro. No entanto, foi com a justificação da angariação de fundos para a reabilitação e intervenção que se começaram as danças tradicionais europeias, que angariaram mais pessoas, não só para o evento... mas para outros eventos transição.

Ver vídeo: https://vimeo.com/96318233

Subir escadas é connosco!

Foram dois dias de atividade para o exterior, 17 e 18 de Maio, sem-

pre banhados de sol. As escadas, e até o pátio exterior do Teatro

das Beiras, viram mais gente do que o regular cruzando-se pincéis, sorrisos, passos de dança, música, tea-tro, e até, comida da boa! Sendo que a pintura dos degraus tinha já sido terminada, iniciaram-se as pinturas do mural no dia 17 de manhã, pouco a pouco surgiram rostos de actores portugueses (Maria do Céu Guer-ra, Mário Viegas) e dramaturgos e encenadores estrangeiros (Dario Fo, Samuel Beckett, Goldoni, ou Molié-re), que, de uma forma ou de outra, passaram pelo Teatro. Surgiram também fábricas e silhuetas de possí-veis trabalhadores, que lentamente subiam as escadas para a fábrica, que hoje em dia é Teatro. A ideia de alguém que se transforma ou que transiciona, de operário, a possível actor ou encenador, ou apenas a his-tória do desaparecimento de uma fábrica e transformada no fumo dos tempos, em Teatro. Cada pessoa que passava e ficava, tinha a oportunidade de pintar um pouco e participar. Pelo fim da tarde, ensaiaram-se no páteo do Teatro, um cenário com pontas de memória, umas ruínas do que em tempos foi a Fábrica Barata & Filhos. As nossas primeiras danças ao ar livre! Estafados, mas satisfeitos, deixámos o primeiro dia com a sensação que o dia 18 prometia.

Sem nunca nos esquecermos de celebrar... Encheram-se as escadas de plantas e flores, deco-

rativas e comestíveis, tentando que a ligação à

natureza e ao ambiente estivesse presente. Conti-

nuámos o mural, incluiu-se o espectáculo do Tea-

tro das Beiras no programa, repetiram-se as dan-

ças tradicionais no pátio, houve um grande jantar

partilhado em que todos se esmeraram a trazer

algo, projectou-se o vídeo “Um Degrau de Cada

Vez”, e, no final, já pela noite, descemos as esca-

das e ouvimos os actores do Teatro das Beiras con-

tar um pouco da história da Covilhã, cidade lã e

fábrica, através da obra “A Lã e a Neve” de Ferreira de Castro, enquanto subíamos, degrau a degrau. Ao

chegar cá acima, cantaram-se ainda os parabéns e apagaram-se as velas, aos quarenta anos do Teatro das

Beiras, e ao primeiro da Covilhã em Transição.

Em dois dias, mais de cinquenta pessoas passaram pelas escadas, pelas danças, pelo teatro... e acima de

Por Patrícia Paixão

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Mais pra Menos que pra Mais

Lisboa, 25 a 29 de Junho de 2014

Site: http://www.orumodofumo.com/

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"Queríamos dançar entre os legumes, desaguar entre raízes, fazer música para entusiasmar sementes, desenhar para ouvir plantas, trautear o seu crescimento, comer em frente à comida (quando ela ainda está na terra), falar para e a partir de hortícolas, dizer grandes textos no meio da horta, ter cenografias comestíveis.

Queríamos contrariar o comboio e ver a comida a crescer ao pé das nossas casas, em terrenos ociosos pelos quais passamos todos os dias, e entusiasmar outros a cultivá-la connosco. Queríamos ter mão na comida. Construímos quatro hortas (quase cinco!), com a ajuda de muitos hortelãos voluntários (a quem estamos muito gratos!) e pre-parámos o terreno para nele derivarmos juntos. Ao longo destes cinco dias teremos encontros, movimentos, sons, sentidos, questões e experiências entre plantas, assinalando o regresso do cultivo à cidade." Vera Mantero

Quatro hortas foram construídas em 2014 no âmbito do projeto "Mais Pra Menos Que Pra Mais". Estas hortas foram desenhadas e cultivadas por vários agricultores experientes com a colaboração de uma série de voluntários entusiastas, muitos deles ligados a iniciativas de transição e permacultura (com a participação do TU-FCUL, a hor-ta biológica do Clube Nacional de Natação, a Horta do Mundo, a Wakeseed, a UrbanGrow e a Biosite). Este projec-to foi baseado na iniciativa comunitária "Incredible Edible Todmorden unlimited", Inglaterra. Esta iniciativa pro-move o cultivo de vegetais e plantas em jardins e espaços públicos, procurando estimular a economia local.

De 25 a 29 de Junho o Teatro Maria Matos, Culturgest, Palácio Galveias, etc. acolheram uma série de eventos no âmbito de "Mais Pra Menos Que Pra Mais" de Vera Mantero e convidados. Por aqui passaram conferências-debates relacionados com agricultura urbana e peri-urbana, produção alimentar, agroecologia, permacultura, etc., performances, concertos, workshops, exibição de filmes, danças, leituras, experiências de som, conversas, dese-nhos, excursões, visitas guiadas, lanches, descanso, etc... que foram apreciados livremente ao tempo de cada um.

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NEWSLETTER TRANSIÇÃO EM PORTUGAL (NTRP)

[email protected]

Margarida Sousa (Covilhã em Transição)

Fernando Oliveira (Linda-a-Velha em Transição)

Ilustração da Capa

Fernando Oliveira (Linda-a-Velha em Transição)

PRÓXIMO NÚMERO

Gostaríamos de lançar o número 5 da Folha de Couve da transição em Portugal no final do Outono, pelo que

solicitamos que enviem os vossos artigos até dia 15 de Novembro. Sugerimos que os textos não excedam as

400 palavras (1 página A4), que incluam para além do nome do autor, a referência da iniciativa de transição,

email de contacto, blog/site. Solicitamos que enviem 2 a 4 imagens por cada artigo. Enviar o material para:

[email protected]

NOTA FINAL

A todos os que contribuíram para este quarto número do Boletim Transição em Portugal um MUITO OBRI-

GADA!!!