folha de aprovaÇÃo - arca: home · ... que realmente a vida tem valor e que você tem valor...

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ii FOLHA DE APROVAÇÃO Cepas de Haemophilus influenzae circulantes, antes e após a utilização da vacina contra o sorotipo b, e o contexto epidemiológico das doenças por Haemophilus no Brasil. Antonio Eugenio Castro Cardoso de Almeida. Tese de Doutorado submetida à Comissão Examinadora composta pelo corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Vigilância Sanitária do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz e por professores convidados de outras instituições, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Vigilância Sanitária. Aprovado: Prof._________________________________________________(USP/FIOCRUZ) Dr. José da Rocha Carvalheiro Prof._________________________________________________(IMPPG/UFRJ) Dr. Milton de Uzeda Prof._________________________________________________(IMPPG/UFRJ) Dr. Sérgio Eduardo Longo Fracalanzza Prof._________________________________________________(IPEC/FIOCRUZ) Dra. Keyla Belízia Feldman Marzochi Prof._________________________________________________(INCQS/FIOCRUZ) Dra.. Maria Helena Simões Villas-Bôas Orientadores: ________________________________ _____________________ Dra. Keyla Belízia Feldman Marzochi Dr. André Luís Gemal. IPEC/FIOCRUZ INCQS/FIOCRUZ Rio de Janeiro 2005 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com

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  • ii

    FOLHA DE APROVAO

    Cepas de Haemophilus influenzae circulantes, antes e aps a utilizao da vacina contra o

    sorotipo b, e o contexto epidemiolgico das doenas por Haemophilus no Brasil.

    Antonio Eugenio Castro Cardoso de Almeida.

    Tese de Doutorado submetida Comisso Examinadora composta pelo corpo docentedo Programa de Ps-Graduao em Vigilncia Sanitria do Instituto Nacional de Controlede Qualidade em Sade da Fundao Oswaldo Cruz e por professores convidados de outrasinstituies, como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de Doutor emVigilncia Sanitria.

    Aprovado:

    Prof._________________________________________________(USP/FIOCRUZ)

    Dr. Jos da Rocha Carvalheiro

    Prof._________________________________________________(IMPPG/UFRJ)

    Dr. Milton de Uzeda

    Prof._________________________________________________(IMPPG/UFRJ)Dr. Srgio Eduardo Longo Fracalanzza

    Prof._________________________________________________(IPEC/FIOCRUZ)Dra. Keyla Belzia Feldman Marzochi

    Prof._________________________________________________(INCQS/FIOCRUZ)Dra.. Maria Helena Simes Villas-Bas

    Orientadores: ________________________________ _____________________Dra. Keyla Belzia Feldman Marzochi Dr. Andr Lus Gemal.

    IPEC/FIOCRUZ INCQS/FIOCRUZ

    Rio de Janeiro

    2005

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  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

    Almeida, Antonio Eugenio Castro Cardoso

    Cepas de Haemophilus influenzae circulantes, antes e aps autilizao da vacina contra o sorotipo b, e o contexto epidemiolgico dasdoenas por Haemophilus no Brasil./ Antonio Eugenio Castro Cardosode Almeida. Rio de Janeiro: INCQS / FIOCRUZ, 2005.

    xviii, 144p. il., tab

    Tese de Doutorado em Vigilncia Sanitria, Prog. Ps-Graduao emVigilncia Sanitria / INCQS, 2005.Orientadores: Keyla Belzia Feldman Marzochi e Andr Lus Gemal.

    1. Haemophilus influenzae e Haemophilus influenzae b (Hib).2. Haemophilus influenzae no b. 3. Meningite por Hib. 4.Vacinasconjugadas. 5. Caracterizao molecular: Identificao e Tipagem.6. Vigilncia epidemiolgica.

    I. Ttulo

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  • iv

    .......O melhor disso tudo foi descobrir que pude ir mais longe, depois de pensar que no

    podia mais.... e, que realmente a vida tem valor e que voc tem valor diante da vida!

    ... e jamais devemos deixar que nossas dvidas traidoras nos faam perder o bem que

    poderamos conquistar e fazer se no fosse o medo de tentar.....

    (adaptado da obra beijos no so contratos de William Shakeaspeare)

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  • v

    CAMINHO DA PERFEIO

    Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa. Deus no muda, a pacincia tudo

    alcana;

    Quem a Deus tem nada lhe falta, s Deus basta. Eleva

    o pensamento, ao cu sobe, por nada te angusties, nada te perturbe.

    A Jesus Cristo segue com peito grande e, venha o que vier, nada te espante.

    Vs a glria do mundo? glria v; Nada de estvel, tudo passa;

    Aspira s coisas celestes que sempre duram: Fiel e rico em promessas, Deus no muda.

    Ama-o como merece, bondade imensa; Mas no h amor fino sem a pacincia.

    Confiana e f viva mantenha a alma, que quem cr e espera, tudo alcana.

    Do inferno acossado muito embora se veja, burlar os furores quem a Deus tem.

    Advenham-lhe desamparos, cruzes, desgraas; Sendo Deus o seu tesouro, nada lhe

    falta.

    Ide, pois, bens do mundo. Ide, ditas vs; Ainda que tudo perca, s Deus basta.

    Santa Teresa de vila

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  • vi

    Irm Dulce o anjo bom da Bahia, de quem pude presenciar exemplos de caridades e

    amor ao prximo.

    A Oswaldo Cruz, o fundador dessa casa que tenho a honra de pertencer e que sempre

    esteve presente com o seu lema No esmorecer para no desmerecer.

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  • vii

    Aos meus pais, pelos seus exemplos, lies de fora e de sempre ir em frente.....

    A minha me por ter me ensinado que os seres humanos so iguais e somente

    as oportunidades os tornam diferentes....

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  • viii

    s Marias, do Cu e da Terra, que sempre estiveram presentes em minha vida.

    Especialmente as trs:

    Isabel, Elisa e Fernanda.

    Obrigado pela pacincia e as provas de amor dirio.

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  • ix

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente Dra. Suraia Hagge Barreto, da Faculdade de Farmcia da UFBa, pelos

    primeiros ensinamentos e a empolgao do amor pela Bacteriologia.

    Ao Instituto de Microbiologia da UFRJ, hoje honrando o nome do Professor Paulo de Ges,

    pela acolhida e em especial ao Depto. de Microbiologia Mdica onde conheci os Drs.

    Wilson Chagas de Arajo, Milton de Uzeda e Maria Cndida de Souza Ferreira que fazem

    parte da nossa caminhada. No poderia esquecer Fernando pela sua alegria e amizade

    principalmente nos anos de mestrado.

    Aos Drs. Jos da Rocha Carvalheiro e Srgio Henrique Ferreira que, nas suas passagens

    pelo INCQS, me ensinaram a confiar no futuro e no temer aos obstculos. Hoje estou

    concluindo um compromisso do passado. Obrigado pelo desafio!........

    Dra. Keyla Belizia Feldman Marzochi devo e dedico este trabalho. Obrigado pela sua

    acolhida naquela manh de julho de 2001. Hoje tomo emprestado suas palavras e digo

    que foi uma honra ser seu orientando. Como Deus foi bom em ter me conduzido sua

    presena!

    Ao Dr. Andr Luis Gemal, Diretor do INCQS, incentivador deste trabalho. Obrigado pela

    sua presena, seus incentivos em meu trabalho e sua orientao.

    Dra. Maria Regina Branquinho ex-Chefe do Depto de Microbiologia, pela confiana no

    meu trabalho ao iniciar a rea de H. influenzae no INCQS e aos incentivos constantes.

    s amigas do Setor de Saneantes Clia, Neide e Maria Helena sempre com pacincia,

    estmulo e apoio nesses longos anos. Clia, em especial, pelas palavras e a presena

    amiga sempre constante e principalmente nos momentos difceis, que ns cinqentes

    estamos vivendo!.... Sabemos quantas montanhas tivemos de atravessar nesses ltimos

    anos!

    Lucia C. Werneck, obrigado pela sua amizade e sua presena de irm em muitos

    momentos em todos esses anos!.....

    Marisa C. Adati, amiga e companheira desses anos. Obrigado por dividir as alegrias e as

    tristezas!

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  • x

    Aos colegas e amigos do Departamento de Imunologia, em especial ao Alexandre Alves

    Dias, e ao GT-VAC pela ajuda em muitos momentos.

    Ao Laboratrio de Substncia de Referncia, Setor de Colees de Culturas, primeiramente

    ao Ivano R. V. de Filippis: amigo, irmo, filho e professor. Obrigado por fazer parte de

    minha histria..... Maysa Mandetta Clementino, amiga, tia e professora. Nesse setor

    comecei a entender a Biologia Molecular e aprendi o melhor de tudo: que estamos sempre

    numa fila e h sempre algum na sua frente..... e atrs de voc.....Obrigado pela pacincia e

    amizade em muitos momentos. No posso jamais esquecer outros grandes amigos: Ctia

    Chaia, Nilson Pecly Ribeiro, Ana Paula Alves do Nascimento e Claudia Andrade que foram

    fundamentais com a pacincia e generosidade nesses anos de convivncia.

    s estagirias Alessandra, Diana e Letcia. Vocs marcaram minha existncia! Agradeo

    porque aprendi mais com vocs do que pude ensinar. Cada uma surgiu em seu momento

    mostrando-me o porqu de cada dia, de cada pgina da nossa vida.......

    Marise Magalhes, Chefe do Departamento de Microbiologia do INCQS, pelo apoio ao

    desenvolvimento deste trabalho.

    Aos colegas do Departamento de Microbiologia do INCQS, que direta ou indiretamente,

    colaboraram com palavras, trabalho e fora para a realizao dessa tese.

    Dra. Cristina Rebelo, Chefe do Laboratrio de Bacteriologia do Instituto Estadual de

    Infectologia So Sebastio, pelo apoio atravs do fornecimento de cepas clnicas,

    indispensveis na realizao desse trabalho.

    Dra. Clia Maria Monteiro da Cunha, do Laboratrio de Bacteriologia do Instituto

    Fernandes Figueira IFF/FIOCRUZ, pela acolhida e fornecimento de isolados clnicos para

    a realizao desse trabalho.

    s Dras. Nadjla N. F. Souza do LACEN-PE e Rita de Cssia Campos Bertoncini do

    LACEN-SC, pela colaborao na doao de cepas clnicas viabilizando nosso projeto.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Vigilncia Sanitria do INCQS, sob a Coordenao da

    Dra. Maria Helena S. Villas-Bas, pela sua ateno e gentileza sempre presente, no

    esquecendo a pacincia de Simone, Gisele e Pedro.

    Aos pacientes e seus familiares, que a despeito das circunstncias adversas, contriburam

    para a realizao desse trabalho.

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  • xi

    RESUMO

    As bactrias do gnero Haemophilus, famlia Pasteutelleaceae tm na espcie influenzae a

    mais importante nas infeces humanas. O Hi, que inclui os sorotipos capsulares a-f e os

    NT, responsvel por diversos quadros infecciosos, predominando em crianas,

    destacando-se a patogenicidade para o SNC e o trato respiratrio associada principalmente

    ao Hib. Desde 1988 as doenas associadas ao Hib so prevenveis pela vacina conjugada

    formada do PRP e uma protena carreadora, includa no PNI/MS em agosto de 1999. Foi

    ento criada uma linha de pesquisa sobre o Hi no INCQS-FIOCRUZ com nfase no estudo

    de cepas isoladas antes e aps a implantao da vacina, que reduziu mas no impediu a

    ocorrncia da doena. O presente estudo incluiu 235 cepas, procedentes dos estados de

    Santa Catarina (SC), Rio de Janeiro (RJ) e Pernambuco (PE). Verificamos que o Hib antes

    da vacinao predominava em mais de 90% dos casos, sendo os outros tipos sorolgicos

    raros. Aps a vacinao, cai o tipo b, crescem os tipos no b, em meningites, septicemias e

    infeces respiratrias. Os biotipos I e II foram os mais isolados. Houve variao da

    sensibilidade aos antimicrobianos testados (ampicilina, amoxicilina-cido clavulnico,

    ceftriaxona, rifampicina, cloranfenicol e sulfametoxazol-trimetoprim), sobretudo na

    associao SMX-TMP cuja resistncia dos Hi aumentou de 32,6% para 65,8% entre os dois

    perodos; enquanto se mantiveram taxas semelhantes de resistncia para a ampicilina

    (17,5% e 15,8%) e a presena de cepas produtoras de -lactamase; a sensibilidade

    amoxicilina-cido clavulnico e ceftriaxona foi de 100%. Alterao na resistncia ao

    cloranfenicol de 19,4 para 12,5% e da rifampicina de 8,2 para 9,7%.A tipagem sorolgica

    realizada pelo mtodo da SAL, teve bons resultados (96,2%) e a molecular, pela PCR,

    diferenciou as cepas NT das capsuladas b-. Embora a estrutura populacional dos Hi tenha

    sido inicialmente descrita como clonal, os resultados obtidos atravs da tcnica de ERIC-

    PCR, revelaram diversidade gentica nas cepas estudadas. As do sorotipo b, revelaram 4

    clones com diferentes caractersticas epidemiolgicas. A diversidade gentica foi maior nas

    Hinb e HiNT. Dos estados estudados, PE teve a mais alta diversidade gentica (6 clones

    em 15 cepas) seguido do RJ (3 clones em 23 cepas) e SC (2 clones em 13 cepas).

    Conclumos, portanto, que h necessidade do monitoramento das cepas circulantes de Hi no

    pas observando as possveis alteraes na prevalncia dos sorotipos atuais e a real

    estimativa do impacto da vacina contra o Hib atualmente utilizada no Brasil.

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  • xii

    ABSTRACT

    The bacterial genus Haemophilus is included in the family Pasteurellaceae and the most

    important specie causing infectious diseases in humans is the Hi. It shows capsular

    serotypes (a-f) as well as NT strains. A great number of different acute infectious diseases

    are caused by this organism, especially affecting the CNS, as well as RD, occurring

    frequently in children, especially with the Hib. Since 1988 disease associated with Hib has

    been vaccine-preventable, by means of the first conjugate vaccine showing great efficacy.

    The vaccine is composed by the PRP and a carrier protein. However, the Hib is still

    considered one of the most important human pathogens, which leaded us to develop

    different research lines, with isolates from different source of infections, after the

    introduction of the conjugate vaccine against Hib by PNI/MS in 1999. We used in our

    study 235 Hi isolates, from the brazilian states of Santa Catarina, Rio de Janeiro and

    Pernambuco. Our results, show that the rate of type b infections before vaccination was

    more than 90%, whereas other serological types were rare. After the advent of the vaccine,

    we observe a decrease of type b and an increase of non-b isolation. Biotypes I and II are

    still the most frequently isolated. The antimicrobial susceptibility found against ampicillin,

    amoxicillin-clavulanate, ceftriaxone, rifampicin, chloranphenicol and TMP-SMX, showed a

    recent increasing resistance against antibiotics commonly used to treat RD, especially

    among the ones administrated by oral route, showing a resistance rate from 32.6% to 65.8%

    between the two periods studied. Ampicillin, showed resistance rates of 17.5% and 15.8%

    in the two periods studied and the presence of -lactamase producing strains. Strains

    evaluated against amoxicillin/clavulanate and ceftriaxone, were 100% sensible.

    Chloranphenicol showed a decrease in the resistance rates of the strains isolated during the

    post-vaccination period, while rifampicin, showed an increase in the resistance rate from

    8.2 to 9.7%. The seroaglutination method used for capsular typing, showed good results,

    however, mutant b capsulated strains (b-), were only detected by the PCR, using specific

    primers for the capsule region. The population structure of Hi which has been described as

    clonal, revealed a great genetic diversity by ERIC-PCR. Therefore we can conclude that

    there is a need of systematic tracking of circulating Hi strains in the country, continuously

    watching possible epidemiological changes and the evaluation of the impact of the vaccine

    against Hib used in Brazil to date.

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  • xiii

    LISTA DE SIGLAS, SMBOLOS E ABREVIATURAS

    ATCC American Type Culture Collection

    CDC Center for Disease Center

    CDI Centro de Doenas Infecciosas

    CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia

    CNS Central Nervous System

    CIM Concentrao Inibitria Mnima

    COVER Coordenao de Vigilncia Sanitria das Doenas de Transmisso

    Respiratrias e Imunoprevenveis.

    DEVEP Departamento de Vigilncia Epidemiolgica

    DNA Deoxyribonucleic acid

    ERIC Enterobacterial Repetitive Intergenic Consensus

    EUA Estados Unidos da Amrica

    FUNASA/ FNS Fundao Nacional de Sade

    Hi Haemophilus influenzae

    Hib Haemophilus influenzae tipo b

    Hinb Haemophilus influenzae no b

    HiNT Haemophilus influenzae no tipvel

    HIV Human Immunodeficiency Virus

    IS 1016 Insertion Sequence

    ITR Infeco do Trato Respiratrio

    MS Ministrio da Sade

    NT No Tipvel

    OMS Organizao Mundial da Sade

    PCR Polymerase Chain Reaction

    PNI Programa Nacional de Imunizaes

    PRP Polirribosil-Ribitol-Phosphate

    RD Respiratory disease

    SAL Soro Aglutinao em Lmina

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  • xiv

    SES Secretaria Estadual de Sade

    SINAN Sistema de Informaes de Agravos de Notificao

    SNC Sistema Nervoso Central

    SUS Sistema nico em Sade

    SVS Secretaria de Vigilncia em Sade

    TBE Tris Borato-EDTA (ethylenediaminetetraacetic acid)

    TMP-SMX trimethoprim/sulfamethoxazole

    WHO World Health Organization

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  • xv

    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 - Esfregao de cultura do H. influenzae (Colorao pelo mtodo de

    Gram).................................................................................................................................... 1

    FIGURA 2 - Modelo simplificado da organizao do locus cap no genoma do

    H. influenzae......................................................................................................................... 6

    QUADRO 1 - Fisiopatologia das infeces por Haemophilus influenzae de tipo b..............7

    FIGURA 3 - Criana com um ano de idade com infeco no membro inferior (prpura

    fulminante) por Haemophilus influenzae sorotipo a ocasionando amputao de dois dedos

    (ADDERSON et al., 2001).....................................................................................................9

    FIGURA 4 - Esfregao de lquido cefalorraquidiano (LCR) com Haemophilus influenzae

    (colorao pelo mtodo de Gram).........................................................................................10

    QUADRO 2 - Tipos de vacina conjugada contra o H. influenzae tipo b (Hib)....................17

    FIGURA 5 - Estrutura da vacina conjugada contra o H. influenzae tipo b (Hib)................20

    QUADRO 3 - Calendrio Bsico de Vacinao contra o H. influenzae tipo b (Hib)-PNI/MS.......21

    GRFICO 1- Meningite p/ Haemophilus Srie histrica de casos e bitos. Brasil, 1980

    2003.......................................................................................................................................63

    GRFICO 2 Incidncia de meningite por diversas causas em crianas menores de

    4 anos, Brasil, 1987 a 1991.............................................................................................. 66

    GRFICO 3 Evoluo dos casos de meningite bacteriana no especificada no

    municpio do Rio de Janeiro.................................................................................................66

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  • xvi

    GRFICO 4 - Taxa de incidncia de meningites no municpio do Rio de Janeiro 1997 a

    2002.......................................................................................................................................67

    GRFICO 5 - Evoluo dos casos de meningite por H. influenzae no municpio do Rio de

    Janeiro (1997-2002)..............................................................................................................68

    TABELA 1 - N de cepas de H. influenzae tipo b (Hib) e Hi no b utilizadas em cada

    manuscrito.............................................................................................................................71

    TABELA 2 - Iniciadores (primers) para as regies cpsula-especfico e tipo - especifico do

    genoma do H. influenzae.......................................................................................................73

    FIGURA 6 - Eletroforese em gel 1 % (1xTBE) com produto da reao da PCR de cepas de

    isolados clnicos de Hi onde esto representados todos os tipos sorolgicos encontrados em

    nosso estudo pelo mtodo da tipagem molecular por PCR...................................................74

    FIGURA 7 - Modelo simplificado de funcionamento da tcnica de ERIC-PCR em parte do

    genoma do H. influenzae ......................................................................................................82

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  • xvii

    SUMRIO

    RESUMO...............................................................................................................................xi

    ABSTRACT..........................................................................................................................xii

    LISTA DE SIGLAS, SMBOLOS E ABREVIATURAS...................................................xiii

    LISTA DE ILUSTRAES................................................................................................xv

    SUMRIO..........................................................................................................................xvii

    1- Introduo...........................................................................................................................1

    1.1- Consideraes gerais..........................................................................................1

    1.2- Histrico.............................................................................................................4

    1.3- Patogenia: A cpsula..........................................................................................5

    1.4- A infeco e a doena........................................................................................6

    1.4.1- Quadro clnico..............................................................................................8

    1.5- O diagnstico confirmatrio............................................................................11

    1.5.1- Isolamento e Identificao do Microrganismo...........................................11

    1.5.2- Sorotipagem.................................................................................................12

    1.6- Caracterizao molecular do H. influenzae: Identificao e Tipagem.............13

    1.7- Profilaxia: A vacina..........................................................................................14

    1.8- Mecanismo imune envolvido...........................................................................16

    1.9- Tipos de vacina................................................................................................16

    1.10- Epidemiologia..................................................................................................18

    2- Objetivos...........................................................................................................................23

    2.1- Objetivo geral....................................................................................................23

    2.2- Objetivos especficos.........................................................................................23

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  • xviii

    3- Resultados.........................................................................................................................24

    3.1 - MANUSCRITO 1 Occurrence of Haemophilus influenzae strains in three Brazilianstates since the introduction of a conjugate Haemophilus influenzae type b vaccine(publicado em Brazilian Journal of Medical Biological Research, 38 (5):777-781,2005)....25

    3.2 - MANUSCRITO 2 Antimicrobial susceptibility of Haemophilus influenzae isolatescollected from four centers in Brazil (1990-2003). (publicado em DiagnosticMicrobiology and Infectious Disease, 54 (1):57-62, 2006..31

    3.1- MANUSCRITO 3 Molecular and phenotypic characterization of Haemophilusinfluenzae strains isolated from Brazilian patients before and after vaccination againstHaemophilus influenzae type b (Hib). (submetido para publicao na Journal ofMedical Microbiology em setembro de 2005).............................................................38

    4- Discusso..........................................................................................................................62

    5- Concluses e Perspectivas................................................................................................84

    5.1- Concluses.........................................................................................................84

    5.2- Perspectivas.......................................................................................................85

    6- Referncia Bibliogrfica...................................................................................................87

    7- Anexos............................................................................................................................105

    7.1- Anexo 1............................................................................................................105

    7.2- Anexo 2............................................................................................................106

    7.3- Anexo 3............................................................................................................109

    7.4- Anexo 4............................................................................................................112

    7.5- Anexo 5............................................................................................................115

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  • 1. INTRODUO

    A proposta dessa pesquisa, abrindo uma linha de investigao no Instituto Nacional de

    Controle de Qualidade em Sade (INCQS) pertencente Fundao Oswaldo Cruz

    (FIOCRUZ), est associada necessidade de, sob diferentes aspectos, monitorar o

    comportamento dos processos infecciosos por Haemophilus influenzae (Hi) em todo o pas,

    tomando por marco divisrio a incluso da vacinao contra o Haemophilus influenzae b

    (Hib) no Programa Nacional de Imunizaes (PNI) do Ministrio da Sade (MS), a partir de

    agosto de 1999.

    1.1. CONSIDERAES GERAIS

    As bactrias do gnero Haemophilus pertencem famlia Pasteurellaceae e so

    microrganismos aerbios, imveis, no-hemolticos (com exceo das espcies hemolyticus e

    parahemolyticus). So tambm Gram-negativos, pleomrficos e no esporulados, conforme

    mostrado na figura1. Existem dezenove espcies, sendo dez parasitas obrigatrios do homem

    e nove encontradas em outros animais. As espcies isoladas de humanos fazem parte da

    microbiota dos tratos respiratrio, geniturinrio e da cavidade oral de indivduos saudveis

    (MENDELMAN, 1987).

    FIGURA 1 - Esfregao de cultura do H. influenzae(Colorao pelo mtodo de Gram).

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  • 2

    A espcie Haemophilus influenzae a mais importante e inclui diversos sorotipos

    capsulares (a-f) bem como espcies no tipveis. As doenas causadas por esse

    microrganismo compem um leque de infeces, de carter agudo, com maior patogenicidade

    para o Sistema Nervoso Central (SNC) e o trato respiratrio alto e baixo, francamente

    predominante em crianas e associadas principalmente ao Haemophilus influenzae do tipo

    sorolgico b ou Hib.

    Desde 1988 os processos infecciosos associados ao Hib so prevenveis por vacinao.

    Contudo, anos depois, o Hib ainda descrito como importante patgeno humano, responsvel

    por diversas infeces invasivas e graves, principalmente em crianas menores de 5 anos

    (MURPHU et al., 1993; IWARSON,1993). A partir de 1997, a Organizao Panamericana da

    Sade (OPAS) recomendou a aplicao da vacina contra o Hib em toda Amrica Latina, sendo

    o Uruguai (1994) e Chile (1996) os pioneiros com reduo importante na incidncia da

    meningite (BEPA, 2004).

    No Brasil poucos estudos foram feitos sobre a freqncia do Hib nas infeces. Em

    2002, Zanella e colaboradores analisaram 3204 cepas do Centro de Referncia do Instituto

    Adolfo Lutz So Paulo, isoladas no perodo de 1990-1999, revelando o Hib na quase

    totalidade (97,8%) seguido, muito distante, pelos H. influenzae no tipavis (1,5%) e pelo

    sorotipo a (0,5%). Dados recentes mostraram que, de 229 cepas coletadas no perodo de 1990-

    2003, originrias de trs estados brasileiros, 81,7% eram H. influenzae do tipo sorolgico b

    sendo todas procedentes de pacientes com meningite (DE ALMEIDA et al., 2005). Este

    microrganismo tem sido, classicamente, includo entre os trs principais causadores de

    meningite /meningoencefalite bacteriana, ao lado da Neisseria meningitidis e do Streptococcus

    pneumoniae (FREIRE, 1987; JOKLIK et al., 1992; BARQUET et al., 1996). Outras

    enfermidades causadas pelo Hib, de considervel freqncia e gravidade, envolvem epiglotite,

    pneumonia, otite mdia aguda, celulite, abscessos, artrite sptica e conjuntivite (GRANOFF &

    CATES, 1985; ANDERSON et al., 1989; LIPUMA, RICHMAN & TERRENCE, 1990;

    IWARSON, 1993; BARQUET et al., 1996; KONEMAN et al., 1997). A infeco do SNC a

    forma mais sria das doenas invasivas causadas por Haemophilus influenzae, principalmente

    pelo tipo b, podendo ser letal ou deixar seqelas neurolgicas permanentes como perda da

    audio, retardo mental e convulses (GRANOFF & CATES, 1985; BARQUET et al., 1996).

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  • 3

    A letalidade em crianas infectadas j alcanou a faixa de 5 a 10%, em pases desenvolvidos,

    e 30% em pases em desenvolvimento (MMWR, 1991; BIJLMER, 1991; JENNINGS & PON,

    1991; IWARSON, 1993; ADAMS et al., 1993; BARQUET et al., 1996).

    Com a utilizao da vacina conjugada contra o Hib houve acentuada diminuio em

    berrios e creches de surtos pelo Hib, antes freqentes, como os ocorridos nos anos 70 e 80

    na Europa. Casos relatados por McVernon et al. (2004), de infeco por Hib com crianas

    vacinadas, numa creche na Inglaterra, mostram a necessidade do controle dos portadores bem

    como, profilaticamente, da administrao de antibiticos nos comunicantes crianas e adultos.

    O ser humano o nico hospedeiro natural do Haemophilus influenzae. Esta bactria

    encontrada na microbiota da nasofaringe de 60 a 90% das crianas sendo a presena do

    H. influenzae tipo b nas narinas e faringe de cerca de 5% de crianas normais

    (MENDELMAN & SMITH, 1987). A transmisso do Haemophilus influenzae d-se atravs

    de gotculas nasofarngeas, de pessoa a pessoa, procedentes de portadores sos,

    principalmente, ou doentes.

    A microbiota da nasofaringe humana estabelecida gradualmente durante o primeiro

    ano de vida. Os microrganismos adquiridos nos primeiros dias aps o nascimento provm da

    me e de outros familiares, dos profissionais de sade envolvidos no momento do parto e at

    dos microrganismos do ambiente. Outros microrganismos patognicos, precocemente, podem

    ser encontrados na microbiota do trato respiratrio, a partir do primeiro dia de vida. Tambm

    o Hib foi detectado na nasofaringe de recm-nascidos, em 0,7% deles (ANIANSSON et al.,

    1992; CAMPOS, 1999). Porm estudo bem anterior na Nova Guin mostrou que a maioria das

    crianas estavam colonizadas por H. influenzae e S. pneumoniae j no primeiro ms de idade

    (ROUNTREE et al., 1967).

    Aproximadamente 80% das doenas por H. influenzae do tipo b ocorrem entre o

    terceiro ms e o terceiro ano de vida, sendo a maior incidncia observada em lactentes com

    idade entre seis meses e um ano; 35 a 40% dos casos observam-se em crianas com mais de

    18 meses de vida (AMATO NETO et al., 1991). Essa bactria foi responsvel at final da

    dcada de 90 por cerca de 95 % das meningites bacterianas infantis (MURPHU et al., 1993;

    BARQUET et al., 1996; ZANELLA et al., 2002; HEATH et al., 2001; BEPA, 2004; DE

    ALMEIDA et al., 2005).

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  • 4

    Com a introduo da vacina conjugada especfica contra o Hib houve no somente

    uma reduo dramtica nas doenas por Hib como tambm diminuio desse microrganismo

    nos portadores, tanto nas crianas vacinadas como no vacinadas (MEATS et al., 2003). Por

    outro lado, entretanto, aps a poltica mundial de imunizao com a referida vacina pouco se

    conhece sobre a nova epidemiologia associada aos sorotipos circulantes e a expresso clnica

    de infeces localizadas ou invasivas pelo H. influenzae (CAMPOS et al., 2003).

    Assim, torna-se necessrio avaliar as possibilidades de um novo papel eco-

    epidemiolgico e clnico dos sorotipos no b do H. Influenzae.

    1.2. HISTRICO

    Em 1882, Robert Koch foi quem primeiro descreveu um microrganismo semelhante ao

    Haemophilus encontrado em exsudato conjuntival. Entretanto, considera-se Richard Pfeiffer

    como o primeiro que identificou o patgeno designando-o de Influenza bacillus em 1892. O

    isolamento desta bactria no esputo e em tecido de pulmo de indivduos que morreram na

    pandemia de gripe, naquele mesmo ano, contribuiu para que fosse considerado como o agente

    etiolgico tornando-se responsvel pela denominao gripe conhecida como influenza

    (KILIAN, 1986). Ainda em 1892, Pfuhl fez o primeiro relato de meningite pelo Influenza

    bacillus, tendo sido o organismo identificado aps a morte dos pacientes. Em 1898, Slawyk

    relatou o isolamento do Influenza bacillus de um lquor purulento de um paciente ainda em

    vida (FREIRE, 1987).

    Winslow e colaboradores em 1917 sugeriram a denominao de Haemophilus para este

    grupo de microrganismo por apresentar crescimento significativo quando cultivado em meio

    sinttico contendo sangue ou hemcias lisadas. O reconhecimento desta denominao ocorreu

    bem mais tarde quando o Comit de Nomenclatura da Associao Americana de

    Bacteriologistas denominou-o de Haemophilus influenzae (PITTMAN, 1931). Neste mesmo

    trabalho a autora revelou que o H. influenzae poderia ser encontrado sob duas formas:

    encapsulado e no encapsulado. Foi tambm capaz de identificar seis tipos de cpsulas

    antignicas, que caracterizou de a at f. Dando continuidade a esta linha de trabalho, Pittman

    (1935) demonstrou que, dessas seis cpsulas sorotipadas, o sorotipo b era o responsvel por

    quase todas as infeces graves causadas por H. influenzae, o que tem sido at hoje verificado

    por outros autores (FREIRE, 1987; JOKLIK et al., 1992; ELLIS & GRANOFF, 1994).

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  • 5

    Pensava-se ento que as linhagens no capsuladas, encontradas em 50-80% do trato

    respiratrio de pessoas saudveis como microbiota natural, no estariam relacionadas a

    doenas invasivas (KILIAN & BIBERSTEIN, 1984; FREIRE, 1987; JOKLIK et al., 1992).

    Em continuao a caracterizao fenotpica, Kilian (1986) subdividiu o Haemophilus

    influenzae em quatro biotipos (I a IV). Esta classificao baseou-se em ensaios bioqumicos,

    portanto em caracteres fenotpicos, associados s caractersticas de produzir enzimas como:

    urease, ornitina-descarboxilase e triptofanase. Atualmente so oito biotipos (I a VIII), e no

    tm relao com os sorotipos (KONEMAN et al., 1997). Existe, porm uma associao entre a

    cpsula do tipo b e o biotipo I, que o mais freqente, inclusive nos estudos pioneiros

    realizados com cepas isoladas em So Paulo (LANDGRAF & VIEIRA, 1993).

    1.3. PATOGENIA: A CPSULA

    A patogenicidade de H. influenzae est relacionada cpsula, como principal fator de

    virulncia (ROBBINS, SCHJEERSON & PITTMAN, 1984; GRANOFF & CATES, 1985;

    JOKLIK et al., 1992; KONEMAN et al., 1997). Na clula bacteriana esta estrutura, formada

    de monmeros contendo unidades de ribose, ribitol e fosfato, que constituem o polissacardeo

    poliribosil-ribitol-fosfato (PRP), est firmemente aderida parede celular (CRISEL et al.,

    1975).

    A sntese e o transporte do polissacardeo para a cpsula do H.influenzae so regulados

    por um complexo de genes, denominado de locus cap, contidos em uma unidade funcional

    chamada cassete. O locus cap tem uma organizao comum para todos os seis tipos

    capsulados e formado por trs regies: I, II e III. As regies I e III contm os gens

    necessrios para o processamento e exportao do polissacardeo, que so comuns para todos

    os sorotipos. Estas regies flanqueiam a regio II, onde se encontram os genes responsveis

    pela sntese dos dissacardeos sendo, portanto, a regio capsular sorotipo-especfica. Na

    maioria das cepas invasivas do tipo b, o cap flanqueado por seqncia de insero (IS1016).

    Estes podem estar inseridos entre as regies I e II, interferindo na funcionalidade do cap,

    originando assim as cepas no tipveis (NT). Esta regio pode ser tambm flanqueada por

    seqncias repetitivas (KROLL et al., 1989; FALLA et al., 1994).

    A organizao do cap predispe duplicao ou perda do cassete capsular, podendo

    faltar a regio I ou III. A maioria das cepas isoladas de Hib contm uma duplicao parcial do

    cap, que consiste de uma cpia intacta e uma segunda cpia que carrega uma deleo parcial

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  • 6

    do bexA estando localizado na regio I do cap que participa na exportao do material

    capsular e se apresenta conservada em todos os seis tipos capsulados (KROLL, HOPKINS &

    MOXON, 1988; KROLL et al., 1989, 1990). A reao em cadeia da polimerase bexA

    (Polymerase Chain Reaction-bexA) visa, portanto, distinguir as cepas capsuladas das no

    capsuladas. Portanto, a deteco da cpsula tipo-especfico de fundamental importncia

    quando se deseja identificar as cepas invasivas de H. influenzae (VAN KETEL, DE WEVER

    & VAN ALPHEN, 1990; KROLL, LOYNDS & MOXON, 1991). A figura 2 mostra o modelo

    simplificado da organizao do locus cap no genoma do H. influenzae.

    Regio I Regio II Regio III

    regio comum regio capsular tipo-especfico regio comum

    bexA bex B bex C bex Da b c d e f

    Genes associados ao Genes sorotipo-especficos Genes ligados ps-transporte de protenas para polimerizao da cpsulacpsula ATP-dependente

    Regio truncada pelo IS 1016 IS 1016

    IS 1016 (facultativa)

    FIGURA 2 Modelo simplificado da organizao do locus cap no genoma do H. influenzae.

    1.4. A INFECO E A DOENA

    A aderncia e colonizao do epitlio da nasofaringe o primeiro passo para o

    desenvolvimento da infeco (subclnica) ou da doena sistmica pelo Haemophilus

    influenzae, sobretudo pelo Hib. Foi demonstrado que os contatos de pacientes com doena

    sistmica por Hib, como familiares e freqentadores de creches e orfanatos, apresentavam

    maior intensidade de colonizao. Nestas famlias foram encontradas taxas de 60 a 70% de

    colonizao entre irmos e 20% entre pais, concluindo-se que, pela maior exposio, os

    contatos citados estariam mais vulnerveis doena.

    Certamente a diferena entre a taxa dos colonizados e os que adoecem deve

    corresponder proporo de infectados que desenvolvero imunidade contra essa bactria.

    Isso justificaria a raridade da doena a partir dos sete anos de idade, a qual pode

    eventualmente reaparecer nos grupos etrios avanados associando-se queda da imunidade.

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  • 7

    A colonizao pode persistir na nasofaringe durante meses e seu sucesso depende da

    cepa do Haemophilus influenzae e das defesas locais do hospedeiro. Existem evidncias de

    que a infeco viral concomitante pode potencializar a colonizao e a doena invasiva.

    O desenvolvimento da infeco sistmica exigiria uma grande quantidade de bastonetes

    (BOUSKELA et al., 2000).

    A patogenia da doena por H. influenzae no est compreendida inteiramente, embora a

    presena da cpsula do polissacardeo seja considerada como o fator principal de virulncia. A

    invaso sistmica pode se dar atravs do epitlio da nasofaringe, penetrando diretamente os

    capilares sanguneos. A cpsula bacteriana dificulta a fagocitose e a lise, mediada pelo

    complemento. Por isso considerava-se que as espcies no capsuladas ou no tipavis fossem

    menos invasivas, podendo aparentemente induzir uma resposta inflamatria que levasse a um

    quadro patgnico. Em 2003, Murphy chamou ateno para outras estruturas antgnicas, alm

    da cpsula, que fazem parte do mecanismo de patogenia dos Hi. O lipopolissacardeo (LPS) e

    as protenas de membrana externa (OMP) so fatores de virulncia importantes, sobretudo

    para se entender o isolamento do HiNT em processos infecciosos.

    O H. influenzae, a partir da porta de entrada na nasofaringe, pode causar diversas

    manifestaes clnicas localizadas e sistmicas como faringite, sinusite, otite, laringite,

    pneumonia, meningite, septicemia, e outras possivelmente mais raras como: celulite,

    osteomielite e artrite, como sintetizado no quadro 1.

    QUADRO 1 - FISIOPATOLOGIA DAS INFECES POR HAEMOPHILUSINFLUENZAE DE TIPO b

    CONTATO BACTRIA - HOSPEDEIRO

    ADESO/ COLONIZAONASOFARINGE

    CORRENTE SANGNEA

    LOCALIZAO SECUNDRIASepse

    Outros

    Pneumonia

    Meningite

    Sinusite

    Otite

    Epiglotite

    Laringo - TrqueoBronquite

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  • 8

    Os H. influenzae no tipveis (HiNT) so agentes freqentes e comuns de otites e

    sinusites infantis sendo por vezes associados tambm a pneumonias em adultos. O Hib, que

    sempre se destacou como agente infeccioso, aparece somente em 20% das otites infantis

    (AMATO NETO et al., 1991). Aps a utilizao da vacina conjugada essa taxa caiu para

    5-10% (CDC, 2004).

    Apresentamos, a seguir, a conduta e suas bases, a serem consideradas diante de pacientes

    com suspeita de doena por H. influenzae (DE ALMEIDA & MARZOCHI, no prelo).

    Justifica-se no s pela relevncia do diagnstico clnico e laboratorial ao tratamento precoce,

    capaz de evitar bitos e seqelas, mas como subsdio ao monitoramento dos casos suspeitos

    no perodo pr-vacinal.

    1.4.1 Quadro clnico

    A meningite purulenta ainda considerada a forma mais sria das doenas invasivas

    causadas por Hib, que persiste como o terceiro principal agente de meningite bacteriana

    purulenta aguda seguido de Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae (JOKLIK,

    WILLETT & AMOS, 1980; FREIRE, 1987; BARQUET et al., 1996). Embora o bito ocorra

    em menos de 10% dos casos, pode evoluir com manifestaes graves ou complicaes e

    deixar seqelas neurolgicas permanentes (GRANOFF & CATES, 1985; BARQUET et al.,

    1996). Outras enfermidades graves, alm da infeco do SNC, podem ser causadas por esta

    bactria incluem, ainda hoje, infeces do trato respiratrio, articulaes e pele

    (ANDERSON et al., 1989; IWARSON, 1993). Entre as formas clnicas freqentes esto a

    epiglotite, pneumonia, otite mdia aguda, celulite, artrite sptica e conjuntivite (GRANOFF &

    CATES 1985; LIPUMA, RICHMAN & TERRENCE., 1990; MURPHU et al., 1993;

    KONEMAN et al., 1997).

    A meningite por H. influenzae, clinicamente indistinguvel das demais meningites

    purulentas agudas, tem instalao rpida com febre alta, cefalia, vmitos, comprometimento

    do estado geral e sinais de irritao menngea. Pode acompanhar-se de sepse; porm, mais

    raramente, nos casos de sepse grave, pode ocorrer choque e at mesmo prpuras nas primeiras

    48 horas.

    Na evoluo da meningite, pode haver comprometimento sensorial e observar-se

    progressivamente sonolncia, desorientao, torpor e coma. Nas crianas menores, recm-

    nascidos e lactentes, o diagnstico mais difcil, pois a cefalia no caracterizada e os sinais

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  • 9

    menngeos e outros podem faltar, mas chamam a ateno a irritabilidade, recusa alimentar,

    abaulamento da fontanela, apatia, crise convulsiva, apnia e instabilidade trmica. Essas

    manifestaes em geral denotam a presena maior ou menor de edema cerebral. Sobretudo em

    lactentes, pode ocorrer coleo subdural, capaz de evoluir a empiema subdural, e abscesso

    cerebral. Nestes casos observam-se manuteno ou retorno da febre e aparecimento de sinais

    neurolgicos focais e/ou convulses. A coleo, de patognese desconhecida,

    freqentemente bilateral, contm lquido xantocrmico e estril com volume varivel (de 4 a

    100 ml) e com alta concentrao de protenas; quando, excepcionalmente, esse lquido

    purulento e contm o agente etiolgico caracteriza o empiema. Diferentemente da efuso

    subdural que no costuma agravar o diagnstico, o empiema e o abscesso por seu efeito de

    massa podem no ter boa evoluo, requerendo de regra interveno cirrgica.

    Seqelas permanentes das meningites como surdez, comprometimento cognitivo de

    diferentes nveis, epilepsia, hidrocefalia, cegueira, diabete inspido so referidas (GRANOFF

    & CATES 1985; BARQUET et al., 1996). As baixas faixas etrias acometidas so em si

    importantes fatores de risco. H registros de casos de prpura grave tambm ocasionando

    seqelas como amputaes de membros, ou fulminantes, figura 3 (ADDERSON et al., 2001).

    FIGURA 3 - Criana com um anode idade com infeco no membroinferior (prpura fulminante) porHaemophilus influenzae sorotipo aocasionando amputao de doisdedos (ADDERSON et al., 2001).

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  • 10

    Apresentaes clnicas mais raras, isoladas ou acompanhando outros quadros, podem

    ocorrer, como artrite, pericardite e endocardite.

    fundamental uma suspeita clnica etiolgica para o tratamento precoce, capaz de levar

    mais provavelmente a evoluo favorvel, sobretudo nas formas clnicas graves do

    acometimento associvel ao H. influenzae. A histria clnica completa e acurada, com exame

    clnico minucioso, incluindo a busca de infeces consideradas como porta de entrada, como

    otite, sinusite e pneumonia, so essenciais, principalmente nos casos de meningites.

    Exames laboratoriais inespecficos, inclusive de imagem, so indicados na dependncia

    da orientao clnica.

    No caso da suspeita de meningite, deve-se sempre proceder a puno do lquido

    cefaloraquidiano, salvo raras contra-indicaes. O lquor caracterstico das meningites

    purulentas mostra celularidade acima de 500, predomnio acentuado de neutrfilos, aumento

    de protenas e reduo de glicorraquia. O exame citolgico e bioqumico do lquor, e sricos

    como protena C reativa (PCR) e dosagem de procalcitonina (VIALLON, 1999; TUNKEL et

    al., 2004) contribuem para diferenar as meningites bacterianas das linfomonocitrias viral e

    tuberculosa ou fngica, entre os principais agentes.

    A bacterioscopia, no caso do lquor ou eventualmente de outras espcimes, permite

    evidenciar, na dependncia da concentrao bacteriana, formas de cocobacilos Gram

    negativos, como mostra a figura 4. Entretanto, a diferenciao devida entre as bactrias

    requer, obrigatoriamente, a busca de identificao do agente biolgico.

    FIGURA 4 Esfregao de lquido cefalorraquidiano (LCR) comHaemophilus influenzae (colorao pelo mtodo de Gram)

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  • 11

    1.5-O DIAGNOSTICO CONFIRMATRIO

    1.5.1 - Isolamento e Identificao do Microrganismo

    A cultura da amostra de lquor, de sangue e/ou de outros materiais secrees de

    ouvidos, seios da face, celulites, abscessos e outras de fundamental importncia visando ao

    isolamento do H. influenzae bem como a sua identificao, incluindo a determinao do tipo

    sorolgico. Essas bactrias so oxidase positiva, porm a reao da catalase varivel.

    Possuindo um sistema enzimtico inadequado para crescimento em meios de cultura no-

    enriquecidos, torna-se necessria a adio de nutrientes especiais como a nicotinamida

    adenina dinucleotdeo (NAD) e/ou a hematina, chamados de fator V e fator X,

    respectivamente, os quais esto presentes no sangue de alguns mamferos. A exigncia destes

    fatores serve para definir o gnero Haemophilus e tambm distinguir as diferentes espcies do

    gnero.

    Os meios de cultura convencionalmente utilizados em Bacteriologia, na sua maioria,

    utilizam o sangue de carneiro para confeco do clssico gar sangue. Como a maioria das

    espcies do gnero Haemophilus necessita dos fatores V e X, que esto nas hemcias

    utilizadas, no indicado o uso do sangue desse animal. Isso porque o fator V, requerido para

    o crescimento inativado em um processo natural de lise, pela enzima NADase que liberada

    das prprias clulas durante o armazenamento. Em contraste, o sangue de coelhos e cavalos

    no libera NADase. Desta forma os meios de cultura ideais devem se constitudos de uma

    base de nutrientes, esterilizada e posteriormente resfriada 80C, adicionando-se ento o

    sangue de um desses animais. O aspecto do meio de cultura torna-se escurecido sendo por isso

    chamado de gar chocolate favorecendo o crescimento da maioria das espcies de

    Haemophilus. Certamente este um dos pontos limitantes para o isolamento destas bactrias

    em material clnico suspeito e, muitas vezes, com quadro clnico sugestivo, de infeco por

    Haemophilus (KILLIAN & BIBERSTEIN, 1984; LIPUMA, RICHMAN & TERRENCE,

    1990; CAMPOS, 1999). Alguns microrganismos, incluindo espcies de Staphylococcus,

    Neisseria e certas espcies de fungos podem sintetizar NAD ou fator V. Quando esses

    microrganismos esto presentes nas culturas mistas, espcies de Haemophilus, que requerem o

    fator V podem aparecer como pequenas colnias, na rea de produo do NAD, prxima da

    colnia da bactria produtora. Este fenmeno chama-se de satelitismo, podendo desta forma

    colaborar na identificao desses microrganismos (KONEMAN et al., 1989; CAMPOS, 1999).

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  • 12

    1.5.2 - Sorotipagem

    Todos os isolados de H.influenzae devem ser sorotipados. Este procedimento deve ser

    solicitado especialmente tratando-se de pacientes menores de 15 anos, faixa etria na qual est

    sendo freqente o aparecimento de infeco pelo H. influenzae aps a introduo da vacinao

    de rotina contra o Hib. Este ensaio determina se um isolado do tipo b, portanto, de

    fundamental importncia considerando-se a especificidade da vacina. A sorotipagem

    usualmente feita pelos Laboratrios Centrais Estaduais de Sade Pblica (LACEN). Outros

    laboratrios podem tambm realiz-la com anti-soros disponveis no mercado (Marcas Difco,

    BBL, Oxoid).

    A deteco do antgeno deve sempre ser feita, porm apresenta dificuldades em relao

    aos resultados, sobretudo quando o paciente j est em uso de antimicrobianos e o

    microrganismo podendo no estar vivel nas culturas. Entre os mtodos indicados,

    destacam-se (LIPUMA et al., 1990; CAMPOS, 1999):

    a) Aglutinao em ltex: rpido, sensvel, especfico para deteco do antgeno capsular do

    Hib no lquor, soro, urina, fludo pleural e fludo de articulaes. H disponibilidade no

    mercado de Kits para este ensaio. Alm disso, permite o diagnstico diferencial com outras

    bactrias como Neisseria meningitidis (menos sorogrupo W135), Streptococcus pneumoniae,

    Streptococcus grupo B e Escherichia coli K1.b) Contraimunoeletroforese (CIE): similar a aglutinao em ltex, porm um mtodo menos

    sensvel, mais demorado e exige equipamento especfico.

    c) Identificao molecular pela PCR: uma reao mais rpida e sensvel por ser capaz de

    detectar a presena de fragmentos de DNA da bactria mesmo na ausncia do crescimento

    bacteriano em cultura. Pode ser realizada diretamente do fludo biolgico suspeito ganhando-

    se tempo. A desvantagem o custo do equipamento e os reagentes especficos, porm o

    investimento inicial pode compensar a rapidez do diagnstico.

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  • 13

    1.6 - CARACTERIZAO MOLECULAR DO H. influenzae: IDENTIFICAO E

    TIPAGEM

    de extrema necessidade que se tenha um mtodo de tipagem capsular eficaz para a

    caracterizao das cepas de H. influenzae, principalmente as do tipo b, neste perodo de ps-

    vacinao com a vacina conjugada contra o Hib. Portanto, sorologicamente, as cepas de H.

    influenzae podem ser visualizadas como capsuladas (a-f) e no capsuladas (NC), onde se

    inclui as b- genotipo capsular. A incidncia de infeces invasivas por Hi com cepas mutantes,

    deficientes de cpsula do tipo b (cepas b-) tem sido relatada. Na era das vacinas conjugadas

    este tipo de H. influenzae particularmente importante, porque poder ser considerado como

    uma das causas de falha vacinal. Podem-se ter situaes em que cepas do tipo b perdem

    temporariamente a cpsula, porm so capazes de recuper-la ao invadir o organismo. O papel

    das cepas b- no perodo ps-vacinal no est claro. Quando so detectadas associadamente a

    uma infeco invasiva, elas podem ser classificadas como resultado de falha vacinal.

    Entretanto, quando aparecem em portadores, considera-se uma fonte significante de cepas NC

    invasivas (FALLA et al., 1994). Assim, cepas mutantes no encapsuladas de H. influenzae

    tm sido reportadas em diferentes estudos como variantes desse microrganismo podendo

    reverter para a forma capsulada. Portanto, deve ser visto com cautela a possibilidade da

    doena com o Hib invasivo em vacinado pois este poder ter sido um Hib que sofreu mutao

    em um individuo previamente imunizado contra o Hib. Nesta situao o uso de um mtodo

    eficaz de tipagem importante para detectar e determinar a origem da doena causada por

    estas cepas. Por conseguinte, as cepas mutantes b- podem ser confundidas com cepas NC

    pelos mtodos sorolgicos tradicionais (LUONG et al., 2004).

    A classificao tradicional das cepas de H. influenzae pela determinao do biotipo e do

    sorotipo, ou seja, pelas variaes fenotpicas no fornece informaes sobre sua origem

    clonal. Para isso necessria a avaliao de variaes no genoma do H. influenzae atravs de

    tcnicas de biologia molecular.

    Muitos autores descreveram a existncia de seqncias genmicas repetidas em

    diversas bactrias e sua utilizao para determinar a relao gentica entre diferentes cepas

    da mesma espcie. Um tipo de seqncia repetida foi inicialmente descrito em espcies

    pertencentes s famlias Enterobacteriaceae e Vibrionaceae e foi chamada de ERIC

    (Enterobacterial Repetitive Intergenic Consensus) (VERSALOVIC, KOEUTH. & LUPSKI,

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  • 14

    1991; DE BRUIJN, 1992; VERSALOVIC et al., 1994; VAN BELKUM et al.,1998). Baseia-

    se, portanto, no pareamento de iniciadores com seqncias repetitivas, distribudas no

    genoma. Neste caso, os iniciadores ou primers promovem amplificao do DNA presente

    entre duas seqncias ERIC prximas. Essas seqncias no codificantes se repetem ao longo

    do genoma em intervalos de tamanhos diferentes, sendo as mesmas repetidas como ponto para

    o anelamento dos "primers" ou iniciadores. Muitos estudos reportam a utilizao da tipagem

    molecular para determinar a variabilidade gentica em cepas de H. influenzae utilizando a

    tcnica da ERIC-PCR (GMEZ-DE- LEON et al., 2000; PETTIGGREW et al., 2002).

    1.7- PROFILAXIA: A VACINA

    Os primeiros trabalhos com polissacardeos como antgenos e imungenos partiram da

    utilizao da cpsula do Streptococcus pneumoniae. Na era pr-antibitico, a pneumonia pelo

    pneumococo foi a doena mais freqente e a que mais causou mortes. Em 1923, Heidelberger

    & Avery demostraram que polissacardeos eram o antgeno-tipo para imunizao. Em 1929,

    os trabalhos de Avery & Goebel mostraram que os polissacardeos do pneumococo, quando

    quimicamente conjugados a protenas, aumentavam a imunogenicidade bem como as

    respostas de reforo. Em 1945, foi demonstrado que os polissacardeos purificados de

    pneumococo, se utilizados como vacina parenteral, poderiam prevenir a pneumonia por

    pneumococo.

    As vacinas bacterianas tradicionais so feitas com clulas inteiras ou mortas de

    bactrias como a do Bacilo Calmette-Gurin (BCG) ou a Bordetella pertussis, e toxides

    (toxinas bacterianas quimicamente inativadas) como as vacinas contra ttano e difteria.

    Expectativas de grandes descobertas e avanos tecnolgicos foram ampliadas com a

    possibilidade de vacinas conjugadas. Estas incluem veculos proticos, mais imunognicos,

    acoplados a polissacardeos especficos formando o terceiro grupo de vacinas bacterianas. As

    tradicionais, no entanto, so produzidas em alta escala e a custo no elevado tendo sua

    produo difundida em todo o mundo, enquanto as conjugadas ainda so restritas a poucos

    pelo alto custo tecnolgico. O custo por dose de US$ 2.50 (trs doses US$ 7.50), o que

    compensa grandemente visto que o custo de um paciente com meningite por Hib pode variar

    de US$ 1000 a 10.000 para livr-lo da morte, em casos extremos (RUSSELL et al., 2003) ou

    como j mencionado nesse trabalho, minimizar as seqelas, muitas vezes graves, deixadas

    com essa doena.

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  • 15

    O desenvolvimento das vacinas polissacardicas conjugadas foi um marco na produo

    de imunobiolgicos aps a disponibilidade da clssica trplice bacteriana (contra a difteria,

    ttano e coqueluche /DTP). Neste novo grupo, a primeira vacina conjugada apresentada foi

    contra o Haemophilus influenzae tipo b (Hib), destinada a prevenir, principalmente, a

    meningite por Hib. Previu-se, ento, que o sucesso desse imungeno traria novas vacinas

    conjugadas de polissacardeos contra doenas causadas por outras bactrias patognicas, como

    Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Pseudomonas aeruginosa (POOLMAN,

    1990).

    A primeira vacina disponvel para preveno de doenas provocadas por Haemophilus

    influenzae tipo b foi desenvolvida no incio dos anos 70, composta basicamente de cpsula

    polissacardica purificada de Hib (RODRIGUES et al., 1971; ANDERSON et al., 1972;

    ADAMS et al., 1993). O polissacardeo purificado demonstrou uma eficincia satisfatria em

    crianas acima de 18 meses (GRANOFF & CATES, 1985; WHO, 1991; MMWR, 1991;

    ADAMS et al., 1993). Estudos realizados na Finlndia, a partir de 1974, demonstraram a

    capacidade imunognica da vacina constituda pelo polissacardeo capsular do Haemophilus

    influenzae, o polirribosil-ribitol-fosfato ou PRP (MKEL et al., 1977, 1988; PELTOLA et

    al, 1977, 1984). Os autores concluram que o PRP era capaz de conferir proteo a 90% das

    crianas vacinadas com 18 a 71 meses de idade contra todas as formas de doena invasivas

    causada por H. influenzae tipo b. Observaram tambm que a vacina no conferia imunidade a

    crianas menores e que a resposta imunognica tornava-se mais intensa e duradoura com o

    aumento da idade, passando a ser semelhante entre adultos e crianas a partir do sexto ano de

    vida. A persistncia de nvel protetor de anticorpos, nos vacinados entre 18 e 35 meses de

    idade, variou de um ano e meio a trs anos e meio. A eficcia protetora dessa vacina, em 90%

    das crianas entre 24 e 59 meses de idade, foi tambm comprovada (HARRISON, BROOME

    & HIGHTOWER, 1989). Em outros estudos realizados nos EUA, a vacina utilizando o PRP

    sozinho protegeu 41 a 88% das crianas estudadas com idade igual ou superior a 18

    meses.(MMWR, 1991).

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  • 16

    1.8 - MECANISMO IMUNE ENVOLVIDO

    A resposta imunitria ao polissacardeo desenvolve-se pela presena do antgeno e

    ativao do linfcito B, sem interveno dos linfcitos T. Isto provoca uma resposta primria

    do tipo IgM, sem grande amplitude e que no permite estimular a memria imunitria

    duradoura.

    O PRP, como todo polissacardeo, um antgeno timo-independente. At a idade de 18

    meses os linfcitos B do lactente se encontram em estado de maturao, insuficiente para

    permitirem resposta sem ajuda do linfcito T. Foi necessrio acoplar ao PRP uma protena

    carreadora para se obter uma resposta timo dependente, eficaz em crianas com idade abaixo

    dos 18 meses. Desta forma, a resposta imunitria passa ento pela estimulao dos linfcitos

    T, que ativam os linfcitos B por intermdio de fatores solveis. Isto permite uma produo

    precoce, a partir do segundo ms, de anticorpos anti-PRP nos quais a IgG predomina, e doses

    subseqentes estimulam a memria imunitria. esta a base da vacinao atual.

    Em 1980, a partir deste conhecimento, Schneerson e colaboradores fizeram

    modificaes que tornaram o polissacardeo de Haemophilus influenzae tipo b mais

    imunognico, ligando-o quimicamente a uma protena carreadora. A vacina constituda por

    este composto foi testada em crianas de diferentes faixas etrias e o resultado foi bastante

    satisfatrio para crianas menores de 18 meses.

    Em 1987, a vacina PRP foi substituda, nos EUA, por vacinas conjugadas mais eficazes

    dotadas de capacidade imunognica em crianas menores (AMERICAN ACADEMY OF

    PEDIATRICS, 1988, 1989, 1990; MMWR, 1988, 1991).

    1.9 - TIPOS DE VACINA

    Atualmente, quatro tipos de vacinas conjugadas contra Hib so licenciadas para

    crianas a partir de seis semanas, adotando-se, de regra, o critrio da primeira dose com 2

    meses de idade . Todas elas utilizam o mesmo princpio imunognico variando apenas quanto

    ao tipo de carreador protico, como sintetizamos a seguir no quadro 2:

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  • 17

    QUADRO 2 - Tipos de vacina conjugada contra o H. influenzae tipo b (Hib)

    Vacina Protena Carreadora Produtor

    PRP-D toxide diftrico Connaught Labs.

    HbOC protena de mutante Lederle/Praxis

    de C. dipheteriae

    PRP-T toxide tetnico Pasteur Merieux

    SmithKline

    Bio-Manguinhos

    PRP-OMP protena de membrana externa

    de N. meningitidis B Merck S. Dhome

    a) PRP-D: o PRP conjugado com o toxde diftrico.

    b) HbOC: utiliza oligossacardeos da cpsula (segmentos curtos de PRP) so conjugados com

    a protena de uma cepa mutante de Corynebacterium diphtheriae, a CRM 197.

    c) PRP-T: possui o PRP conjugado com o toxide tetnico.

    d) PRP OMP: neste tipo o PRP est conjugado com as protenas da membrana externa do

    meningococo do grupo B.

    Adaptado de WHO (1991)

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  • 18

    1.10 - EPIDEMIOLOGIA

    Antes da implementao de vacinas conjugadas contra H. influenzae tipo b nos Estados

    Unidos ao final da dcada de 1980, o ndice anual de incidncia de infeces causadas por esta

    bactria estava na faixa de 67 a 129 casos / 100.000 crianas de at 5 anos de idade, sendo que

    50% dos casos ocorriam em crianas com idade inferior a 2 anos. Com a generalizao do uso

    das vacinas conjugadas para Hib nos pases industrializados, as infeces clssicas invasoras

    produzidas por este microrganismo tm diminudo drasticamente (LPEZ et al., 2000).

    Aps o incio da vacinao em 1988, houve um declnio de 80 a 85% dos casos totais de

    meningite por H. influenzae tipo b em crianas, no somente nos EUA, mas tambm em

    pases da Europa (ADAMS et al., 1993; BROADHURST et al., 1993; MURPHU et al., 1993;

    BARQUET et al., 1996; MENDELMAN et al., 1997). Em 1998, Foxwell e colaboradores, em

    uma avaliao da vacinao iniciada nos Estados Unidos e na Europa, descreveram e

    reforaram os esforos empreendidos para o desenvolvimento da vacina conjugada contra o

    Hib mostrando sua eficcia, mas consideraram tambm que o foco nesta rea da sade

    humana tem revelado uma mudana para os H. influenzae no tipveis (HiNT), explicado pelo

    fato da vacina conjugada anti-Hib, ao agir diretamente contra a cpsula do polissacardeo tipo

    especfico, no tem, portanto, capacidade de prevenir infeces causadas pelos HiNT, bem

    como pelos outros tipos capsulares.

    De fato, com a reduo das doenas invasivas na Europa e Estados Unidos pelo

    decrscimo do Hib, os problemas de Sade Pblica apontam para a observao dos outros

    tipos capsulares (a,c e f) e das cepas no capsuladas (GMEZ-DE-LEON et al., 2000).

    Estudos recentes realizados no Reino Unido e Repblica da Irlanda (HEATH et al.,

    2001) mostraram que, com o declnio das doenas causadas pelo Haemophilus influenzae tipo

    b devido a ampla utilizao das vacinas conjugadas, o Haemophilus influenzae no b (Hinb)

    aparece em muitos processos infecciosos como agente principal, o que poder torn-lo a mais

    importante causa da doena por Haemophilus influenzae. Os H. influenzae no b constituem,

    atualmente, um campo de investigaes em diversas regies do mundo.

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  • 19

    Nas crianas vacinadas com a vacina conjugada contra o Hib, os Hi no b podero ser

    expressivos agentes infecciosos de doena (HEATH et al., 2001). Reforando este

    pensamento, Adderson et al., 2001 consideram que, com a drstica diminuio e a hipottica

    eliminao do Haemophilus influenzae tipo b, outros sorotipos podem adquirir forte virulncia

    e emergir como importantes patgenos em crianas (REIS et al., 2002; DE ALMEIDA et al.,

    2005), como foi mostrado na figura 3.

    Em pases desenvolvidos, onde o uso da vacina conjugada contra o Hib teve eficcia

    de 95-98% e os sistemas de vigilncia epidemiolgica so ativos e rastreadores facilitando o

    inicio imediato das aes necessrias para o controle da situao, tm-se relatado casos por

    HiNT (FALLA et al., 1993).

    J nos pases pobres ou em desenvolvimento os sistemas de sade existentes so

    muitas vezes limitados nas aes pertinentes para a situao emergencial requerida. Ali,

    muitos recm-nascidos prematuros, com tempo de gestao de 28-30 semanas, nascem com

    complicaes respiratrias, e dificilmente sobrevivem, tendo-se em 90% desses bitos o

    isolamento do HiNT em hemoculturas (FRIESEN, C. A & CHO C. T., 1986; GARCIA et al.,

    1985). Estudos recentes em Israel relataram, pela primeira vez, 9 casos de recm-nascidos

    prematuros, que desenvolveram septicemia e pneumonia tendo em 8 deles o isolamento do

    HiNT e um Hid no perodo de 2000 a 2004 (HERSHCKOWITZ et al., 2004).

    Pequisas realizadas (GRANOFF & CATES, 1985; BIJLMER, 1991; JENNINGS &

    PON, 1991; MMWR,1991; WHO, 1991; ADAMS et al., 1993; IWARSON, 1993;

    BARQUET et al., 1996; MURPHY, 2003) reforam claramente que as infeces do trato

    respiratrio associadas aos HiNT ainda so freqentes, como na dcada de 80, em muitos

    pases em desenvolvimento ou no industrializados como uma das maiores causas de

    morbidade e mortalidade, ou ambas, em crianas, onde o Hib j alcanou at 30% de

    letalidade como citado anteriormente (item 1.1).

    Em nosso pas onde a vacinao s teve incio, na segunda metade de 1999, atingindo

    ento a maioria dos municpios, seu impacto na diminuio dos casos de meningite por Hib

    conhecido parcialmente, havendo carncias de publicaes. Dados do CDI/ CENEPI/ FNS,

    atualizados em 11/02/03, mostram que em 1999 foram notificados 1616 casos, enquanto 2003

    houve 111 casos confirmados de meningite por H. influenzae tipo b, uma reduo de 93,3%

    em relao a 1999, ano do inicio da vacinao no Brasil.

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  • 20

    A figura 5 ilustra a estrutura da vacina brasileira cuja frao imunognica o PRP-T.

    .

    A apresentao desse imunobiolgico na forma de lofilo, facilitou sua combinao

    vacina DTP (Difteria, Ttano e Pertussis) que, por sua vez, sendo apresentada na forma

    lquida, funcionou tambm como diluente. Constituiu-se assim a vacina tetravalente que

    permite reduzir o nmero de injees, evaso de retorno para doses subseqentes e custos por

    utilizar apenas uma seringa. Ambos os produtos, PRP-T e DPT, so produzidos no Brasil

    pelos Institutos Bio-Manguinhos / FIOCRUZ e Butantan, respectivamente. O esquema de

    vacinao atualmente utilizado no pas pelo PNI/MS, apresentado no quadro 3.

    Toxide tetnico

    Ponte de ligao covalente

    PRP

    ESTRUTURA DA VACINA PRP-T

    FIGURA 5 - Estrutura da vacina conjugada contra o H. influenzae tipo b (Hib).Composta de polissacardeo capsular poliribosil-ribitol-fosfato (PRP) purificado de Hib,covalentemente ligado ao toxide tetnico.

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  • 21

    QUADRO 3 - Calendrio Bsico de Vacinao contra o H. influenzae tipo b (Hib)-PNI/MS

    IDADE VACINAS DOSES DOENAS EVITADAS

    2 meses Vacina Tetravalente(DTP + Hib)

    1 DoseDifteria, ttano, coqueluche,meningite e outras infecescausadas pelo H. influenzae

    tipo b.

    4 meses Vacina Tetravalente(DTP + Hib)

    2 Dose idem

    6 meses Vacina Tetravalente(DTP + Hib)

    3 Dose idem

    12 a 23 mesescom esquemaincompleto eno vacinados

    Hib 1 doseMeningite e outras

    infeces causadas peloH. influenzae tipo b.

    Como existem diferentes esquemas vacinais, utilizando trs ou quatro doses, o Ministrio

    da Sade optou pelo esquema de trs doses no primeiro ano de vida, dispensando o reforo

    aos quinze meses. Crianas de 12 a 23 meses que no completaram o esquema de trs

    doses ou no se vacinaram no primeiro ano de vida, devero fazer apenas uma dose. Se a

    imunizao primria for feita com vacina conjugada com protena da membrana externa

    da N. meningitidis B (PRP-OMP), recomenda-se aplicao de somente duas doses no

    primeiro ano de vida, sendo necessrio o reforo (Capacitao de Pessoal em Sala de

    Vacinao Manual do Monitor-FUNASA, 2001; ANFARMAG, 2005). Alguns pases

    como os da pennsula Escandinvia, onde se deu incio a vacinao contra o Hib houve

    uma reduo da incidncia da meningite pelo Hib em quase 100%. Na Dinamarca,

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  • 22

    segundo Hviid & Melbye (2004), a eficcia com 3 doses foi de 99,29%. Na Finlndia o

    uso de 3 doses, iniciado desde 1988, at hoje utilizado com sucesso (4, 6 e 14 18

    meses), embora trs casos de meningite por Hib em vacinados tenham sido descritos nos

    ltimos dez anos, um em 1995, de uma menina de 6 anos de idade, vacinada com as trs

    doses de PRP-D; um em 1999, um menino de 4 anos de idade, vacinado com trs doses de

    HbOC; e um em 2000, um menino de 4 meses de idade, este vacinado somente com uma

    dose da vacina HbOC. Outros trs casos de meningites, porm, por Hi no b, foram

    encontrados nesse perodo: dois pelo Hif e um pelo HiNT, de pacientes sem problemas

    imunolgicos (PELTOLA, SALO & SEXN, 2005). Anteriormente, Campos Marques &

    Aracil Garcia (2003) j relatavam o aparecimento de falhas vacinais na Europa, sobretudo

    aps o uso das vacinas combinadas. O Reino Unido passou a administrar uma dose de

    reforo, em 2003, recomendada a todas as crianas de 6 meses a 4 anos; ali so usadas

    rotineiramente vacinas combinadas de Hib com: poliovrus inativado (IPV), trplice

    bacteriana tradicional, a clula inteira da B. pertussis (DTP), DTP com o componente

    pertussis acelular e com a anti-hepatite B. A Holanda que no faz uso da DTP com o

    componente acelular e sim a DTP tradicional combinada com a vacina contra o Hib,

    tambm teve casos de falha vacinal. O significado clnico ainda no foi esclarecido. A

    Espanha que usa Hib+DTP acelular adotou uma dose de reforo da vacina conjugada

    contra o Hib aos 18 meses. Dessa forma os autores concluram que o uso da dose de

    reforo tornou-se importante quando se observou o declnio de anticorpos especficos

    (anti-PRP). Este cenrio nos leva a prever estudos futuros da permanncia dos anticorpos

    em nveis protetores, j que em nosso pas, desde 2002, utilizada pelo PNI/MS no

    calendrio de vacinao, a vacina combinada Hib+DTP, como citada anteriormente.

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  • 23

    2 OBJETIVOS

    2.1- OBJETIVO GERAL

    Ampliar os conhecimentos epidemiolgicos sobre o Haemophilus influenzae tipo b

    (Hib) e o no b (Hinb), atravs da caracterizao de cepas isoladas de material clnico por

    marcadores fenotpicos e moleculares, visando ao monitoramento das cepas circulantes em

    diferentes reas geogrficas e deteco de possveis clones relacionados filogeneticamente,

    em perodos pr e ps - vacinao contra Hib no Brasil.

    2.2 - OBJETIVOS ESPECFICOS

    Caracterizao dos sorotipos e biotipos de isolados clnicos de Haemophilus influenzae por

    metodologias sorolgicas e bioqumicas (Manuscrito 1).

    Avaliao da sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento de infeces por

    Haemophilus influenzae, bem como a deteco de cepas produtoras de -lactamase

    (Manuscrito 2).

    Determinao da variao gentica pela tcnica "Enterobacterial Repetitive Intergenic

    Consensus (ERIC-PCR)" e observao da relao gentica entre as diferentes cepas da espcie

    H. influenzae utilizadas (Manuscrito 3).

    Caracterizao e tipagem molecular por amplificao dos genes da regio capsular cap das

    cepas isoladas de H. influenzae (Manuscrito 3).

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  • 24

    3 - RESULTADOS

    Optamos por apresentar os resultados obtidos nessa tese no formato de coletnea de

    artigos cientficos, com a apresentao de trs manuscritos. O primeiro publicado em maio de

    2005 (Manuscrito1), o segundo recentemente (Manuscrito 2) e o terceiro j submetido

    (Manuscrito 3).

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  • 25

    3.1 - MANUSCRITO 1 Occurrence of Haemophilus influenzae strains in three Brazilianstates since the introduction of a conjugate Haemophilus influenzae type b vaccine(publicado em Brazilian Journal of Medical Biological Research, 38 (5):777-781, 2005).

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  • 30

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  • 31

    3.2- MANUSCRITO 2 Antimicrobial susceptibility of Haemophilus influenzae isolatescollected from four centers in Brazil (1990-2003).(publicado em DiagnosticMicrobiology and Infectious Disease, 54 (1):57-62, 2006).

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    3.3 - MANUSCRITO 3 Molecular and phenotypic characterization of Haemophilusinfluenzae strains isolated from Brazilian patients before and after vaccination againstHaemophilus influenzae type b (Hib). (submetido para publicao na Journal ofMedical Microbiology em setembro de 2005).

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    4 - DISCUSSO

    O Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Sade (INCQS), pertencente

    Fundao Oswaldo Cruz - FIOCRUZ no Rio de Janeiro RJ, tem como misso contribuir

    para a promoo e recuperao da sade e preveno de doenas atuando como referncia

    nacional para as questes cientficas e tecnolgicas relativas ao controle da qualidade de

    produtos, ambientes e servios vinculados Vigilncia Sanitria.

    Assim, se justifica possuir colees de microrganismos de referncia a serem utilizadas

    nos ensaios oficiais. Neste sentido, a partir de 1990 criou-se uma nova coleo de isolados

    bacterianos de processos infecciosos humanos por Haemophilus, considerando-se o interesse

    em projetos de pesquisa de relevncia ou programas de monitoramento de diagnstico e

    controle para a sade pblica, na rea da Microbiologia.

    A iniciativa do INCQS de obteno de isolados de casos clnicos com suspeita de

    meningites bacterianas, comeou no perodo de 1989-1990 quando foram implementadas

    campanhas de vacinao com a vacina produzida em Cuba, em So Paulo e Rio de Janeiro,

    visando o controle da meningite causada pela N. meningitidis sorogrupo B, que j apresentava

    uma taxa de ocorrncia elevada na populao (DE FILIPPIS, 2005). A partir de ento passou-

    se a preservar as cepas isoladas, iniciando-se com aquelas procedentes do estado do Rio de

    Janeiro, atravs do Instituto Estadual de Infectologia So Sebastio (IESS)/ SES. Este

    integrava, juntamente com o INCQS e outros participantes, o grupo tcnico de Meningites do

    Rio de Janeiro - RJ. Observou-se desde a que, uma parte considervel dos isolados clnicos

    enviados ao INCQS era de Haemophilus influenzae b (Hib). Ao mesmo tempo,

    acompanhvamos a persistncia ou o avano das meningites bacterianas em todo o mundo,

    inclusive a causada pelo Hib em nosso pas, conforme mostrado no grfico1. A partir de 2003,

    constatava-se o sucesso da primeira vacina conjugada contra o Hib, aplicada na populao

    brasileira desde 1999, apesar de disponvel em outros pases desde 1988, capaz de proteger

    crianas menores de 2 anos, como se observava na Finlndia e nos EUA, e a seguir na

    Dinamarca, Reino Unido e Canad (HVIID & MELBYE, 2004; McVERNON et al., 2004;

    PELTOLA, SALO & SEXN, 2005; SCHEIFELE et al., 2005).

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  • GRFICO 1 - MENINGITE P/ HAEMOPHILUS Srie histrica de casos e bitos.Brasil, 1980 2003.

    Fonte: COVER / SINAN / DEVEP / SVS / MSDados atualizados em 11/02/04

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  • 64

    Esse fato fez com que o PNI/MS se decidisse por sua incluso no calendrio das

    vacinas infantis. Preocupava-nos o fato de que, no Brasil, raras pesquisas haviam sido

    publicadas sobre o H. influenzae b (ou outros sorotipos) seja como agente de meningite ou de

    outros quadros clnicos. A necessidade de possveis anlises desses aspectos nos motivou a

    realizar o presente estudo dentro dos objetivos considerados nesse projeto.

    A proposta inicial, mais abrangente, envolvia todas as regies brasileiras, pela incluso

    de cepas de H. influenzae de pelo menos um estado de cada regio. Pretendia tambm

    estabelecer correlao entre as cepas isoladas e os aspectos clnicos da infeco incluindo

    forma clnica, resposta teraputica, letalidade e histria vacinal dos pacientes. Entretanto, a

    heterogeneidade no preenchimento das fichas obtidas trazendo informaes muitas vezes

    incompletas, levaria a uma reduo da incluso de casos e, portanto, de isolados, que porm

    poderiam ser aproveitados sob outros aspectos considerados no estudo. Contudo, as anlises

    no realizadas nesta oportunidade, devero ser feitas posteriormente, com a continuao dessa

    linha de pesquisa.

    Como o Instituto Adolpho Lutz de S. Paulo-SP (IAL-SP) inclui o Centro Nacional de

    Meningites, planejamos inicialmente a realizao da pesquisa em parceria. Porm (em que

    pese a concordncia da Diretoria, o envio do projeto e a visita pessoal para acertos entre as

    partes envolvidas), no obtivemos colaborao, o que foi ento justificado por estar sendo ali

    desenvolvido projeto semelhante ao proposto. Diante disso, admitimos que uma possvel

    dupla abordagem poderia ser interessante para comparao. Assim, optamos por desenvolver

    nosso estudo com as cepas que dispnhamos, procedentes das trs maiores regies

    populacionais do Brasil, Sul, Sudeste e Nordeste, atravs dos estados de Santa Catarina, Rio

    de Janeiro e Pernambuco, respectivamente, os quais, por vnculos prvios, nos enviavam

    cepas desde o perodo pr-vacinao contra o Hib.

    Justamente a regio norte ficou sem material representativo em nosso projeto, com