folha de Águas claras

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Dentro da perspectiva de que o vetor Sul representa o futuro da Região Metropolita- na, vários são os planos de utilização da área para a cria- ção de núcleos residenciais, para receber os trabalhado- res das centenas de empre- sas já instaladas e que estão se instalando na região, bem como a implantação de cen- tros universitários, como já foi pensado pela Faculdade Pitágoras, projeto que pode- rá ser retomado em breve. Quem já está no local é a Fundação Dom Cabral, que hoje se destaca como uma das cinco melhores escolas de gestão de negócios do mundo. O pensamento dos empreendedores de lotea- mentos como o Alphaville, e outros existentes na região, é atrair as principais faculdades que hoje atuam em áreas complexas, como o Buritis, oferecendo espa- ços adequados quer seja para a instalação dos 'campus', quanto na facili- dade de deslocamento. Quanto ao setor residen- cial, o objetivo é a criação de conjuntos habitacionais, sejam em casas geminadas ou pequenos prédios, que viriam a ser utilizados pelos trabalhadores de grandes empreendimentos como o BH Shopping ou as empresas instaladas no Jardim Canadá, por exemplo, e que hoje necessitam praticamente atra- vessar toda a Capital para chegar ao local de trabalho. Seriam, ao contrário do que se pode imaginar, imó- veis de qualidade com custo acessível, dentro da atual legislação que obriga aos empreendedores de condo- mínios de luxo e alto luxo - como os já existentes naquela região - a também criar espaços para que os trabalhadores possam morar próximo aos seus locais de trabalho. Há alguns anos, quando analisava o desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o pro- fessor de urbanismo da Uni- versidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Radamés Teixeira, era tido por muitos como visionário. Antes mesmo de o Alphaville se tornar uma realidade, ele já apontava para a BR 040 (na direção do Rio de Janeiro) e, consequente- mente, os municípios cortados por ela, como principal polo de desenvolvimento urbanístico do Estado. De acordo com ele, a área não só concentraria cen- tros urbanos e comerciais completos, a exemplo dos criados em Atlanta, nos Esta- dos Unidos, como também seria a principal opção de saída da capital mineira para S ã o Paulo. E agora, o lançamen- to do Plano Diretor de Desen- volvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PDDI-RMBH) pelo governo do Estado, que prevê o planejamento urbano inte- grado de 34 municípios da região metropolitana, vem a confirmar que o professor tinha razão. Ocupação planejada Para Radamés, o cresci- mento da cidade em direção ao vetor sul poderá ser feito de forma planejada, dentro das novas diretrizes ambien- tais, promovendo uma ocupa- ção ordenada, evitando construções em áreas de risco como as encostas dos morros, por exemplo. Nesse sentido, Teixeira analisa o papel das construtoras que já empreendem na região como fundamen- tal. O próprio Alphaville é tido por ele como um projeto pre- cursor, porém tímido, se com- parado ao que vem por aí. "Nos próximos 50 anos, a pai- sagem da região estará total- mente reconfigurada. A transformação da BR 040 na principal saída de BH para São Paulo vai levar um desenvol- vimento gigantesco para o vetor sul da Capital, que pode- rá até mesmo contar com o principal aeroporto de Minas Gerais e do Brasil", pontua, assegurando que o "terminal do futuro" será do porte dos maiores do mundo, como os de Denver (EUA), Londres (Inglaterra) e Paris (França), que têm capacidade para a média de 80 milhões de pas- sageiros/ano. Reforma viária O primeiro passo para o pleno desenvolvimento da região, em seu modo de ver, passa pelo setor de trans- portes. "Atualmente, a única saída da cidade para SP é por Betim, que já está estran- gulada. O grande fluxo pres- siona toda a extensão da Avenida Amazonas, o que não só impacta o trânsito da cidade de forma negativa como prolonga o tempo gasto nas viagens", analisa. A solução do problema, segundo o professor, depen- de de uma reforma viária que contemplaria a ferrovia Águas Claras, uma faixa de 50 metros que se estende do Bairro Jatobá, no Barreiro, até o município de Igarapé, envolvendo ainda a Via do Minério. "Trata-se da MG 040, que liga o Barreiro aos muni- cípios de Ibirité, Sarzedo, Mário Campos e Igarapé, que por sua vez se liga a Pieda- de do Paraopeba. Nesse sen- tido, a tendência aponta para uma nova saída para SP pela BR 040. Essa nova compo- sição não só promete atenuar a pressão do tráfego na Ama- zonas, como tem ligação dire- ta com o desenvolvimento do vetor sul. Será o caminho de construção de uma nova BH", assegura o urbanista. Cidades do futuro Criado o novo sistema viá- rio, Radamés acredita no pleno desenvolvimento da região. "Acriação de centros urbanos no entorno de grandes cidades com infraestrutura superior e planejamento de alto nível é uma tendência mundial. Exemplo vem de Atlanta (EUA), com residências e escritórios de alto luxo. Essas cidades do futuro serão mul- tifuncionais, o homem vai morar, trabalhar e ter acesso a serviços e lazer em um mesmo local. Será uma nova forma de vida, com potencial para conciliar o desenvolvi- mento urbano e a natureza", analisa. Isto é o que pode ocorrer, segundo ele, com Baldim, Belo Horizonte, Betim, Brumadi- nho, Caeté, Capim Branco, Confins, Contagem, Esmeral- das, Florestal, Ibirité, Igarapé, Itaguara, Itatiaiuçu, Jaboticatu- bas, Nova União, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Raposos Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio Manso, Saba- rá, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, Sarzedo, Taquaraçu de Minas e Vespasiano, os municípios que integram o Plano Diretor de Desenvolvimento Integra- do da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PDDI- RMBH). FUNDAÇÃO DOM CABRAL FOI A PRIMEIRA A SE INSTALAR NO LOCAL PROFESSOR RADAMÉS DIZ QUE OCUPAÇÃO TEM QUE SER PLANEJADA F OLHA ÁGUA LIMPA,DEZEMBRO/2011 - ANO I - N-º 1 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE ÁGUAS CLARAS Invasores do Água Limpa estão na mira da Justiça PÁGINAS 2 e 3 ESPECIAL Região pode abrigar centros educacionais e residenciais Vetor Sul é o caminho para o crescimento da Grande BH

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Jornal relacionado ao crescimento do vetor sul da região metropolitana de Belo Horizonte em função do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PPDIRMBH) e providências do poder judiciário contra os invasores na região de Água Limpa divisa de Nova Lima e Itabirito - MG.

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Page 1: Folha de Águas Claras

Dentro da perspectiva deque o vetor Sul representa ofuturo da Região Metropolita-na, vários são os planos deutilização da área para a cria-ção de núcleos residenciais,para receber os trabalhado-res das centenas de empre-sas já instaladas e que estãose instalando na região, bemcomo a implantação de cen-tros universitários, como já

foi pensado pela FaculdadePitágoras, projeto que pode-rá ser retomado em breve.Quem já está no local é aFundação Dom Cabral, quehoje se destaca como umadas cinco melhores escolasde gestão de negócios domundo.

O pensamento dosempreendedores de lotea-mentos como o Alphaville,

e outros existentes naregião, é atrair as principaisfaculdades que hoje atuamem áreas complexas, comoo Buritis, oferecendo espa-ços adequados quer sejapara a ins ta lação dos'campus', quanto na facili-dade de deslocamento.

Quanto ao setor residen-cial, o objetivo é a criação deconjuntos habitacionais,

sejam em casas geminadasou pequenos prédios, queviriam a ser utilizados pelostrabalhadores de grandesempreendimentos como o BHShopping ou as empresasinstaladas no Jardim Canadá,por exemplo, e que hojenecessitam praticamente atra-vessar toda a Capital parachegar ao local de trabalho.

Seriam, ao contrário do

que se pode imaginar, imó-veis de qualidade com custoacessível, dentro da atuallegislação que obriga aosempreendedores de condo-mínios de luxo e alto luxo -

como os já ex is tentesnaquela região - a tambémcriar espaços para que ostrabalhadores possammorar próximo aos seuslocais de trabalho.

Há alguns anos, quandoanalisava o desenvolvimentoda Região Metropolitana deBelo Horizonte (RMBH), o pro-fessor de urbanismo da Uni-versidade Federal de MinasGerais (UFMG), RadamésTeixeira, era tido por muitoscomo visionário. Antes mesmode o Alphaville se tornar umarealidade, ele já apontava paraa BR 040 (na direção do Riode Janeiro) e, consequente-mente, os municípios cortadospor ela, como principal polo dedesenvolvimento urbanísticodo Estado.

De acordo com ele, aárea não só concentraria cen-tros urbanos e comerciaiscompletos, a exemplo doscriados em Atlanta, nos Esta-dos Unidos, como tambémseria a principal opção desaída da capital mineira para

S ã o

Paulo. E agora, o lançamen-to do Plano Diretor de Desen-volvimento Integrado daRegião Metropolitana de BeloHorizonte (PDDI-RMBH) pelogoverno do Estado, que prevêo planejamento urbano inte-grado de 34 municípios daregião metropolitana, vem aconfirmar que o professortinha razão.

Ocupação planejada

Para Radamés, o cresci-mento da cidade em direçãoao vetor sul poderá ser feitode forma planejada, dentrodas novas diretrizes ambien-tais, promovendo uma ocupa-ção ordenada, evitandoconstruções em áreas derisco como as encostas dosmorros, por exemplo. Nessesentido, Teixeira analisa opapel das construtoras que

já empreendem na regiãocomo fundamen-

tal.

O próprio Alphaville é tidopor ele como um projeto pre-cursor, porém tímido, se com-parado ao que vem por aí."Nos próximos 50 anos, a pai-sagem da região estará total-mente reconfigurada. Atransformação da BR 040 naprincipal saída de BH para SãoPaulo vai levar um desenvol-vimento gigantesco para ovetor sul da Capital, que pode-rá até mesmo contar com oprincipal aeroporto de Minas

Gerais e do Brasil", pontua,assegurando que o "terminaldo futuro" será do porte dosmaiores do mundo, como osde Denver (EUA), Londres(Inglaterra) e Paris (França),que têm capacidade para amédia de 80 milhões de pas-sageiros/ano.

Reforma viária

O primeiro passo para opleno desenvolvimento

da região, em seu modo dever, passa pelo setor de trans-portes. "Atualmente, a únicasaída da cidade para SP épor Betim, que já está estran-gulada. O grande fluxo pres-siona toda a extensão daAvenida Amazonas, o quenão só impacta o trânsito dacidade de forma negativacomo prolonga o tempo gastonas viagens", analisa.

A solução do problema,segundo o professor, depen-de de uma reforma viária quecontemplaria a ferrovia ÁguasClaras, uma faixa de 50metros que se estende doBairro Jatobá, no Barreiro,até o município de Igarapé,envolvendo ainda a Via doMinério. "Trata-se da MG 040,que liga o Barreiro aos muni-cípios de Ibirité, Sarzedo,Mário Campos e Igarapé, quepor sua vez se liga a Pieda-de do Paraopeba. Nesse sen-tido, a tendência aponta parauma nova saída para SPpelaBR 040. Essa nova compo-sição não só promete atenuara pressão do tráfego na Ama-zonas, como tem ligação dire-ta com o desenvolvimento dovetor sul. Será o caminho deconstrução de uma nova BH",assegura o urbanista.

Cidades do futuro

Criado o novo sistema viá-

rio, Radamés acredita no plenodesenvolvimento da região."Acriação de centros urbanosno entorno de grandes cidadescom infraestrutura superior eplanejamento de alto nível éuma tendência mundial.Exemplo vem de Atlanta(EUA), com residências eescritórios de alto luxo. Essascidades do futuro serão mul-tifuncionais, o homem vaimorar, trabalhar e ter acessoa serviços e lazer em ummesmo local. Será uma novaforma de vida, com potencialpara conciliar o desenvolvi-mento urbano e a natureza",analisa.

Isto é o que pode ocorrer,segundo ele, com Baldim, BeloHorizonte, Betim, Brumadi-nho, Caeté, Capim Branco,Confins, Contagem, Esmeral-das, Florestal, Ibirité, Igarapé,Itaguara, Itatiaiuçu, Jaboticatu-bas, Nova União, Juatuba,Lagoa Santa, Mário Campos,Mateus Leme, Matozinhos,Nova Lima, Pedro Leopoldo,Raposos Ribeirão das Neves,Rio Acima, Rio Manso, Saba-rá, Santa Luzia, São Joaquimde Bicas, São José da Lapa,Sarzedo, Taquaraçu de Minase Vespasiano, os municípiosque integram o Plano Diretorde Desenvolvimento Integra-do da Região Metropolitanade Belo Horizonte (PDDI-RMBH).

FUNDAÇÃO DOM CABRAL FOI A PRIMEIRA A SE INSTALAR NO LOCAL

PROFESSOR RADAMÉS DIZ QUE OCUPAÇÃO TEM QUE SER PLANEJADA

FFOLHAÁGUA LIMPA, DEZEMBRO/2011 - ANO I - N-º 1 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

DE ÁGUAS CLARASInvasores do Água Limpaestão na mira da Justiça

PÁGINAS 2 e 3

ESPECIAL

Região pode abrigar centroseducacionais e residenciais

Vetor Sul é o caminho para o crescimento da Grande BH

Page 2: Folha de Águas Claras

2RECUPERANDO

AGU A LI M PA, DEZ EM BRO DE 2 0 1 1

Lançado e apro-vado em 1953, oloteamento "Balneá-rio Água Limpa" loca-lizado às margensda BR 040, sentidoRio de Janeiro, com13,4 mil lotes, sendoque 4.400 no territó-rio pertencente aNova Lima, e outros9.000 em e Itabirito,ocupa uma área totalde 10 milhões demetros quadrados,

que desde o final da déca-da de 1950 vem sendo alvode constantes invasões, mui-tas das quais ignoradas pormuitos anos, pelas autori-dades dos dois municípios.

No entanto, mais recen-temente, a AssociaçãoComunitária local, com oapoio do Judiciário, têm pro-curado soluções no sentidode expulsar os invasores,como revela o atual presi-dente, Túlio Dolabella.Segundo ele, "existem gru-pos que atuaram da mesmaforma em outras regiões,inclusive traficantes de outrosEstados, mas já existem pro-cessos na Justiça contraestes. Invasão é crime previs-to no Código Penal Brasilei-ro", assinala Dolabella.

Promessas

Localizado em regiãonobre da Grande BH, vizinhoa condomínios de luxo comoo Alphaville, a maior partedo Água Limpa ainda nãopossui urbanização. Porém,com a expectativa de gran-de valorização imobiliáriafrente ao desenvolvimentourbano na região, as prefei-turas de Itabirito e Nova Limaprometeram intervir.

"Os problemas relativosao Balneário Água Limpavem se arrastando desde osanos 1950, mas agora aregião tornou-se a bola davez, pois está em plenodesenvolvimento. Já partici-pei de reuniões com as auto-ridades, inclusive com oMinistério Público, e tiveretorno sobre o comprome-timento de todos no sentidode solucionar o problemadas invasões. Ninguémsuporta mais o descaso quehouve até aqui", afirma Túlio,em tom de irritação.

Providências

De acordo com o presi-dente, o Ministério Públicode Nova Lima ajuizou AçãoCiv i l Púb l i ca n º0188.11.008527-4 contra aloteadora, Construtora Alfa,S. A.; o Município de NovaLima e a NRG Empreendi-mentos, com a juíza substi-tuta da 1ª Vara Cível, AdrianaGarcia Rabelo, tendo defe-rido parte das medidas limi-nares requeridas, entre asquais a proibição de negó-cios com os lotes das rés.

A magistrada tambémdeterminou que o municípiofaça o cadastramento sócio-econômico de todos os inva-so res que v i vem noloteamento, com a identifica-ção dos imóveis ocupados,com encaminhamento derelatório ao Juízo, para queeste exerça fiscalizaçãosobre o que existe no local,a fim de evitar novas edifica-ções irregulares. Definiu,ainda que seja feita a delimi-tação dos lotes já comercia-lizados; a regularizaçãointegral do parcelamento,mediante licenciamento

ambiental corretivo; bemcomo a recuperação dosdanos ambientais verifica-dos.

Para evitar que o terre-no seja alvo das invasões, osproprietários legais devemestar com a documentaçãoreferente à propriedade doimóvel em dia. A Associa-

ção também apela para quetodos acompanhem o pro-blema e cobrem solução dasautoridades competentes,lembrando que o problemadas invasões diz respeito atodas as esferas do poderpúblico: Prefeitura, Estado,Polícia, Ministério Público,Crea, Secretarias de MeioAmbiente e outros.

Apenas uma parte doÁgua Limpa foi transforma-da em condomínio fechado.Denominado Ville des Lacs,com preços a partir de R$150,00 por metro quadrado.Para valorização do restan-te, expulsar os bandidos écondição fundamental. "Omaior problema é que estescrimes de formação de qua-drilha na região trazem medoe insegurança para as pes-soas de bem que queremcuidar de sua propriedade,construir, alugar, morar, pas-sar finais de semana oumesmo esperar o imóvelvalorizar mais. A ordem nolocal trará o desenvolvimen-

to que todos querem para obairro", assinala Túlio.

Irregularidades

Pelo levantamento par-cial existente, cerca de 4.000lotes e 15 km de vias públi-cas "já foram invadidos ecercados por má fé, com osinvasores tendo construídobarracos e usado a proprie-dade de terceiros como áreapara criatório de porcos,entre outros abusos. Há,ainda, estelionatários quefalsificam documentos como objetivo de vender terrenosque não lhes pertencem, oque também configura crimecom pena de prisão", afirmaDolabella.

Segundo ele, as primeirasdenúncias partiram da Asso-ciação Comunitária. "Açõesoportunistas de usucapião epequenas invasões ocorremhá mais de 20 anos. Noentanto, com a valorizaçãoda região impulsionada porempreendimentos do porte

do Alphaville e Vale dos Cris-tais, dentre outros, o númerode lotes invadidos se multipli-cou, o que foi denunciado,inclusive em matérias veicu-ladas pela TV Alterosa - quepodem ser conferidas, na ínte-gra, no blog www.loteamen-toagualimpa.blogspot.com",registra.

Legislação

De acordo com Túlio osproprietários legais dos ter-renos também têm integra-do a força tarefa paraexpulsar os invasores, combase no Código de Proces-so Civil, que permite a toma-da de medidas extremas emcaso de invasão de proprie-dade privada. "O proprietá-rio pode derrubar cercas econstruções sem autoriza-ção prévia do Judiciário",como diz o artigo 923.

Para tanto o departa-mento jurídico da Associa-ção oferece auxílio aosproprietários, mas lembra

JUST

IÇA

Invasores do Água Limpa

ASSOCIAÇÃO SE MOBILIZA NO SENTIDO DE IMPEDIR NOVAS INVASÕES PRESERVANDO PROJETO ORIGINAL

CIDADE

Page 3: Folha de Águas Claras

3 O PATRIMÔNIO

Invasão é crime. Noentanto, os invasoresacreditam que basta efe-tuar o cercamento de umaárea e entrar com açãode usucapião na Justiça,para legalizar a posse deum imóvel, o que é umgrande engano, pois ape-nas a colocação de cercasno imóvel não induz oentendimento de posse,como comprova decisãodo Tribunal de Justiça deMinas Gerais - TJMG,sobre um caso ocorridono Balneário Água Limpa,envolvendo a ConstrutoraAlfa.

A questão fo i emrazão da Apelação Cívelnº 10188060506923001,com o acórdão do TJMGafirmando que "para adeclaração da usucapiãoextraordinária prevista nosartigo 1.238 do CódigoCiv i l é necessár ia ademonstração inequívo-ca da posse mansa, pací-fica e ininterrupta duranteo período temporal legal-mente exigido, pelo quenão logrando a autoracomprovar suas alega-ções, inviável o acolhi-mento da pretensão."

Usucapião

Ausucapião é o modode aquisição da proprieda-de e outros direitos reais,como o usufruto, o uso, ahabitação, pela posse pro-longada da coisa com aobservância de requisitosprevistos em lei. Existemtrês tipos de usucapião: aextraordinária, e as espe-ciais urbana e rural. A pri-meira é conferida quandoa posse é visível, pacífica,ininterrupta com "animusdomini", isto é, com inten-ção de domínio ou posse,por vinte anos indepen-dentemente de título e deboa-fé.

Na usucapião espe-cial urbana, reconhece-sea quem provar moradianele, desde que o imóvelnão seja público e tenhaa dimensão máxima de250 m². É condição para

sua obtenção, que o inte-ressado não seja proprie-tário de outro imóvelurbano ou rural e tivermorado nele, ininterrup-tamente por cinco anos.Já a especial rural, tam-bém conhecida de "pró-labore " - ouposse/trabalho, é conferi-da ao possuidor que comseu trabalho tornar pro-dutiva área em zona rural,tendo nela a sua moradia,por cinco anos sem inter-rupção e sem oposição.

Exemplo

Para qualquer espé-cie de usucapião, o domí-nio é conferido por meiode ação judicial, cuja sen-tença deverá ser registra-da no competente Cartóriode Registro de Imóveis.Pelo disposto no Art. 2028do Novo Código Civil, osprazos da lei anterior,quando reduzidos pelanova lei, e se já houvertranscorrido mais da meta-de do tempo, será o esta-belecido pela lei anterior.

Pela lei antiga, o prazode usucapião extraordiná-ria era de 20 anos. Assim,se a moradia em umdeterminado imóvel ini-ciou-se em 1990, e, con-siderando que o novoCódigo entrou em vigên-cia em 2003, aqui setranscorreram 13 anos demoradia, portanto mais dametade do prazo, e, assimo prazo para tal usuca-pião é o da lei antiga, ou

seja, 20 anos. Nessecaso, o morador não terádireito a usucapião. Poroutro lado, o proprietárioterá êxito ao acioná-lopara devolução do lote,demolição das benfeito-rias indevidas e recebi-mento de indenização atítulo de aluguel.

Recuperação do

imóvel

Para evitar a proposi-tura de ações e conse-quentemente perda doimóvel, o legítimo proprie-tário conta também com oamparo legal. Há exercí-cio regular de direito nadefesa em esbulho pos-sessório recente, que sejamenos de ano e dia. Oproprietário pode usar daforça para ser restituídona posse, desde que ofaça logo e os atos dedefesa não extrapolem oindispensável para suamanutenção. É o chama-do 'desforço incontinente',através do qual o proprie-tário pode derrubar cer-cas e construções semautorização prévia doJudiciário, de acordo como artigo 923 do Código deProcesso Civil.

Já o parágrafo primei-ro do artigo 1.210 do NovoCódigo Civil diz que "opossuidor turbado, ouesbulhado, poderá man-ter-se ou restituir-se porsua própria força, contan-to que o faça logo; os atosde defesa, ou de desfor-ço, não podem ir além doindispensável à manuten-ção, ou restituição daposse".

O Código confere,ainda, aos ofendidos, ins-trumentos ágeis e efeti-vos para proteção daposse, através das açõespossessórias - interditoproibitório, reintegração emanutenção da posse,nas quais pode obter man-dados imediatos atravésde liminares, ou medidasde tutela antecipada.

Invasores se apóiam na ação deusucapião para garantir posse

estão na mira da Justiça

Alegislaçãobrasileiraconsagra

três tipos de usucapião: a extraordi-nária, e asespeciaisurbana e

rural.

que a regularização daposse dos terrenos é impres-cindível, dentro da máximade que "só é dono quemregistra o imóvel".

Várias são as denúnciasque chegam ao Departa-mento jurídico da Associa-ção a respeito de invasões,consideradas crimes, pelalegislação brasileira. Deacordo com o artigo 161, "écrime suprimir ou deslocartapume, marco, ou qualqueroutro sinal indicativo de linhadivisória, para apropriar-se,no todo ou em parte, decoisa imóvel alheia", sobpena de "detenção, de um aseis meses, e multa".

O texto caracteriza comocriminoso "aquele que inva-de, com violência à pessoaou grave ameaça, ou

mediante concurso de maisde duas pessoas, terreno ouedifício alheio, para o fim deesbulho possessório - inva-são" , como quem usa má fépara vender propriedades deoutros incorre em crime deestelionato, previsto no arti-go 171 do mesmo Códi-go."Obter, para si ou paraoutrem, vantagem ilícita, emprejuízo alheio, induzindo oumantendo alguém em erro,mediante artifício, ardil, ouqualquer outro meio fraudu-lento é crime com pena dereclusão de um a cinco anos,e multa", descreve Túlio.

Ainda segundo ele,neste mesmo artigo podeser enquadrado o topógrafoque marca o lote para quemnão é seu legitimo proprie-tário; o pretenso dono de

posse inexistente que otransfere a terceiro; e o com-prador, se a sua má-fé tam-bém for comprovada.

Nesse caso, ele tambémpode ser comparado aoreceptador que compra coisaque sabe ser furtada, poden-do ser enquadrado tambémno artigo 180 do CódigoPenal. "Adquirir, receber,transportar, conduzir ou ocul-tar, em proveito próprio oualheio, coisa que sabe serproduto de crime, ou influipara que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou ocul-te configura crime comopena de reclusão, de um aquatro anos, e multa", diz aLei. Há ainda, a agravanteda invasão podendo ser qua-lificada como crime de for-mação de quadrilha.

A PARTE DO LOTEAMENTO QUE JÁ POSSUI INFRAESTRUTURA ACABA POR ATRAIR OS INVASORES

CIDADEAGU A LI M PA, DEZ EM BRO DE 2 0 1 1

JUSTIÇA ESTÁ DE OLHO EM QUEM OCUPA ÁREA DE FORMA IRREGULAR E NÃO DEVE RECONHECER USUCAPIÃO

Page 4: Folha de Águas Claras

Apartir da implan-tação do AlphavilleLagoa dos Ingleses -condomínio de luxoque sedia a Funda-ção Dom Cabral, ohotel Caesar Busi-ness e a unidadenáutica do MinasTênis Clube, entreoutros empreendi-mentos âncoras, fezcom que o chamadovetor sul, que com-preende uma faixa de

40 km e seu entorno, na BR040 em direção ao Rio deJaneiro ficasse cada dia maisvalorizado, sendo, inclusive,comparado ao que ocorreucom a Barra da Tijuca, naCapital carioca.

A constatação é do pre-sidente da Câmara do Mer-cado Imobiliário de MinasGerais - CMI-MG, ArianoCavalcanti de Paula, exem-plificando com o bairro Jar-dim Canadá, que já atraiu oSupermercado Verde Mar, aboate Cinco, uma filial daDrogaria Araújo e mais de1.000 empresas de presta-ção de serviços e entreteni-mento. Segundo ele, em 10anos, o valor médio do metroquadrado de área no localpassou de R$ 12,00 para R$500,00, o que significa umavalorização de 41.666%.

Vocação

Entretanto, tudo istorepresenta apenas umapequena amostra do queestá para acontecer. Segun-do avaliação de Cavalcanti,que também preside a Seco-vi, não há precedentes noEstado para o ‘boom’ imobi-liário esperado para os pró-x imos anos na região."Trata-se de uma grandeárea de ocupação para aclasse média e média alta,

que já não encontra opçõesdentro da cidade", coloca,confirmando que praticamen-te todos os novos empreen-dimentos na região estãodestinados a moradores decondomínios de luxo e altoluxo.

Ele exemplifica com ocondomínio Lumière II, lan-çado pelas empresas Domuse PDG, que conta com apar-tamentos de dois e três quar-tos com suíte, varandagourmet, duas vagas e exce-lente padrão de acabamen-to, além de vista definitivapara a Lagoa dos Ingleses."No Rio de Janeiro, a Barrada Tijuca representa um‘boom’ imobiliário e o mesmotende a acontecer na regiãoda BR 040", reforça.

"O transbordo se dá rapi-damente. Basta analisar ocrescimento do bairro Belve-

regiões. Caso contrário, corre-se o risco de se permitir umadensamento descontrolado,o que representaria mais pro-blemas de caráter urbano nofuturo, especialmente comogargalos de trânsito", ponde-ra.

InvestimentosO especialista reconhe-

ce que os preços para ometro quadrado de imóveisde luxo na região da BR 040ainda estão um pouco abai-xo daqueles praticados nacapital, diferença que tendea se reduzir a partir dodesenvolvimento da região,incluindo a oferta de servi-ços. "Hoje, o preço de umimóvel de alto padrão emregião nobre de Belo Hori-zonte varia de R$ 8 mil a R$13 mil. No vetor sul, o valorvaria entre R$ 7 mil e R$ 8mil", revela.

Mas, para Ariano, "aconurbação é uma realida-de", aponta, ponderando que

a decisão de morar no entor-no da cidade fica a cargo decada pessoa, lembrandoque o principal entrave cos-tuma ser a dificuldade dedeslocamento: o Alphaville,por exemplo, está a 32 qui-lômetros da Savassi. "Emcontrapartida é a oferta demoradias em meio à nature-za, com vista deslumbrante,sossego, o que aponta paraum melhor índice de quali-dade de vida dos morado-res", assinala.

Este pensamento secoaduna com o fato de queo trade turístico tambémcobiça investir na região.Prova disto são dois projetospara a construção de resorts,ambos no vilarejo de Maca-cos, também distrito de NovaLima, um deles anunciadopelo megaempresário EikeBatista. "A região tem umatendência bastante convin-cente de valorização. Oapelo latente é muito impor-tante e significativo", arre-mata Ariano Cavalcanti.

MER

CADO

IMOB

ILIÁ

RIO

VALORIZAÇÃO

A ÁREA É CONSIDERADA, SOB TODOS OS ASPECTOS, COMO CAMINHO NATURAL DE EXPANSÃO DA CAPITAL

PRESIDENTE DA CMI APOSTA NO SUCESSO DE EMPREENDER NO LOCAL

4 AGUA LIMPA, DEZEMBRO DE 2011ECONOMIA

EE XX PP EE DD II EE NN TT EEPUBLICADO POR

GARCIA E GARCIA - ADVOGADOS ASSOCIADOSCNPJ 03.261.042/0001-74

Sede: Av. Afonso Pena, 867 - s. 1212Ed. Acaiaca - Centro - Belo Horizonte

Fone: (31) 3547-8487

dere e a ocupação imobiliá-ria na região do Vila da Serra,que pertence a Nova Lima. Ovetor sul é o principal corre-dor para a ocupação de imó-veis de alto padrão na RegiãoMetropolitana de Belo Hori-zonte - RMBH. Ele tem essavocação", assegura o espe-cialista.

Velocidade daocupação

Para o presidente doCMI, a ocupação tende a serrápida. "Já existem váriosempreendimentos na região",observa, mais uma vez citan-do o caso do Belvedere,acrescentando que a ocupa-ção da região não se tratade uma questão de escolha.

"O crescimento da cidadepara além das fronteirasmunicipais já é uma realida-de, tanto para o segmentode habitações popularesquanto para as construçõesde luxo", assegura.

Nesse sentido, o lança-mento, pelo governador Antô-nio Augusto Anastasia, doPlano Diretor de Desenvolvi-mento Integrado da RegiãoMetropolitana - PDDI, no mêsde setembro, representa umalívio, pois sinaliza que asautoridades têm a intenção defazer com que a ocupaçãoocorra de forma ordenada esem prejuízos a equipamen-tos de segurança, saúde ebem-estar. "Estratégias estãosendo pensadas para tentardesenvolver também outras

Vetor Sul é comparado àBarra da Tijuca, no Rio

A OFERTA DE MORADIAS EM MEIO À NATUREZA, COMVISTA DESLUMBRANTE, APONTA PARA UM MELHORÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA DOS MORADORES