folha 21-07-2014

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  • FOLHA 21-07-2014

    RUY CASTRO

    prova de vazamento

    RIO DE JANEIRO - H dias, aqui mesmo ("Algo a esconder", 14/7), criei algumas histrias em cima do fato verdico de que a NSA (Agncia de Segurana Nacional dos EUA), na sua faina de descobrir terroristas, est lendo e-mails, ouvindo mensagens e bisbilhotando a conta de todo mundo na internet. Por todo mundo, entendam-se tanto as pessoas mais inocentes, como eu ou voc --est bem, como voc--, at a chanceler alem Angela Merkel, que teve o telefone grampeado.

    Na semana passada, Merkel expulsou o chefe da CIA na embaixada americana em Berlim, por aliciar funcionrios da inteligncia alem para se tornar agentes duplos e vender informaes aos EUA. Depois de sofrer com as polcias secretas nazistas e comunistas por quase 60 anos, natural que os alemes no gostem de ser espionados. E, afinal, no somos aliados dos EUA? --pergunta Merkel. Por que espionar aliados?

    Porque no h aliados no mundo digital. O homem de capa, chapu e luvas, adentrando de madrugada um gabinete, vasculhando arquivos com a lanterna e subtraindo pastas de documentos datilografados ficou obsoleto. Hoje, sem sair de seu quarto, um escolar munido de um smartphone consegue furar os bloqueios de qualquer instituio e copiar seus documentos em 0,1 segundo.

    Talvez por isso, o chefe do Parlamento alemo, o democrata-cristo Patrick Sensburg, tenha anunciado em televiso que ele e seus colegas esto considerando voltar a usar mquinas de escrever para redigir os documentos mais sigilosos. O apresentador perguntou-lhe se ele estava brincando. E Sensburg, na lata: "No, no estou. Os russos j esto fazendo isso desde o ano passado".

    Verdade? Se for, uma revoluo --segredos prova de vazamento. Exceto se voltar tambm o homem de capa, chapu e luvas, vasculhando arquivos de madrugada com a lanterna.

    RICARDO MELO

    Choque de indigesto

    Acio presenteou a famlia com um aeroporto; a conta, R$ 14 milhes, foi espetada no lombo do contribuinte

    "Os equvocos em relao Petrobras foram muitos. E ta. Hoje a empresa frequenta mais as pginas policiais [...] do que as pginas de economia." As palavras so do candidato tucano Acio Neves em sabatina realizada na quarta (16), ao criticar o governo Dilma Rousseff.

    Nada como um dia depois do outro. Graas ao reprter Lucas Ferraz, ficamos sabendo neste domingo (20) que, antes de deixar o cargo de governador, nosso impoluto Acio presenteou a prpria famlia com um aeroporto no interior de Minas Gerais, na cidade

  • de Cludio. Deu de presente modo de dizer. A conta, R$ 14 milhes, foi espetada novamente no lombo do contribuinte. Tudo dinheiro pblico.

    O Brasil conhece exausto obras e estradas construdas perto de propriedades de polticos, sempre sob o argumento de pretensos interesses rodovirios e sociais. Cinismo parte, para no dar muito na vista, ao menos se permite a circulao de annimos pelas rodovias.

    No caso do aeroporto de Cludio dispensaram-se maiores escrpulos. "Choque de gesto" na veia. A pista de uso praticamente privado da famlia Neves e seus apaniguados. Um dilogo esclarecedor: perguntado pelo reprter se algum poderia usar o aeroporto, o chefe de gabinete da prefeitura local foi direto. "O aeroporto do Estado, mas fica no terreno dele. Mcio que tem a chave." O dele e o Mcio citados referem-se a Mcio Tolentino, tio-av de Acio e ex-prefeito do municpio. Pela reportagem, descobre-se ainda que Acio figura frequente no lugar --a cidade abriga um de seus refgios favoritos.

    Pego no escndalo, o candidato embaraou-se todo. Alega que a rea do aerdromo particular foi desapropriada. O que, vamos e venhamos, j discutvel: no mnimo no pega bem um governador indenizar sua prpria famlia para uma obra de utilidade social mais do que duvidosa.

    Mas a coisa s piora: o processo de desapropriao est em litgio, ou seja, a propriedade permanece sob controle do cl Neves & Cia. Talvez uma ou outra aeronave de conhecidos, ou algum Perrella da vida, tenha acesso pista. Fora isso, ignoram-se benefcios econmicos gerados pela empreitada ao povo mineiro. Questionado pela reportagem sobre quantas vezes esteve no estacionamento areo familiar e o motivo pelo qual uma obra custeada com dinheiro pblico tem uso privado, Acio no respondeu. Ou melhor: o silncio equivale a uma resposta. E a campanha mal comeou.

    CHEIRO DE QUEIMADO NO AR

    Um avio civil fulminado a 10 mil metros de altura, matando centenas de inocentes. Israel volta a atacar Gaza sem piedade. No Iraque, os anos de interveno americana resultaram na criao de um califado. Na ausncia de lideranas convincentes, a primavera rabe desembocou no inverno de outra ditadura sanguinria no Egito. A direita avana na Europa.

    Com a economia mundial em pandarecos, guerras so sempre uma vlvula de escape para lubrificar a engrenagem do capital, fazer a mquina girar. A extenso dos conflitos imprevisvel, principalmente quando a ONU mostra-se cada vez mais uma entidade decorativa. Mas que h um odor muito forte de queimado no ar, isto h.

    Conflito em Gaza tem dia mais sangrento

    Ao menos 87 palestinos morrem em ataques de Israel; com 13 mortos, foras israelenses tm pior baixa desde 2008

    Obama diz a premi de Israel estar 'seriamente preocupado' com crise; pas nega que soldado tenha sido capturado

  • DAS AGNCIAS DE NOTCIAS

    A ofensiva de Israel na faixa de Gaza contra o grupo islamita Hamas teve neste domingo (20) o dia mais sangrento desde seu incio, h 13 dias, de acordo com os dois lados do confronto.

    O governo palestino declarou que ao menos 87 foram mortos, a maioria na regio de Shejaiya, bairro da Cidade de Gaza. Em Israel, militares anunciaram que 13 soldados acabaram morrendo em emboscadas.

    O total de soldados mortos no domingo ultrapassa o nmero de baixas registrado na ofensiva contra Gaza de 2008 e 2009.

    Segundo o Exrcito, sete soldados mortos estavam num transporte blindado atingido por disparos antitanque, em Shejaiya. Outros foram atingidos quando se posicionavam dentro de casas que haviam tomado.

    Desde o dia 8 de julho, pelo menos 423 palestinos morreram no conflito, incluindo cerca de 100 crianas, alm de mais de 3.000 feridos.

    No lado israelense, desde o incio do confronto 20 j morreram.

    A quantidade de vtimas do conflito aumentou dramaticamente desde a noite de quinta-feira (17), quando o Exrcito israelense comeou uma operao terrestre para complementar os contnuos bombardeios da Aviao e da Marinha de Guerra contra o territrio palestino.

    TRGUA

    Durante a manh do domingo, Israel concordou com um cessar-fogo humanitrio solicitado pelo Comit Internacional da Cruz Vermelha para que fosse possvel evacuar feridos e civis, alm de remover corpos das vtimas.

    No entanto, passado menos de uma hora de trgua, o Exrcito israelense acusou o Hamas de violar o cessar-fogo e voltou a atacar a regio da Cidade de Gaza.

    Na quinta-feira (17), outra tentativa de trgua tambm acabou frustrada. Israel e Hamas haviam se comprometido com um cessar-fogo humanitrio de cinco horas a pedido das Naes Unidas, mas trs morteiros de Gaza atingiram Israel durante a trgua, segundo o Exrcito.

    EUA

    O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ligou para o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, e disse estar "seriamente preocupado" com o crescente nmero de mortos nos dois lados do conflito. Obama disse que o secretrio de Estado norte-americano, John Kerry, deve ir ao Cairo nos prximos dias para negociar a suspenso imediata do confronto.

  • Kerry qualificou de "infernal" a ofensiva, durante uma conversa telefnica privada que foi ouvida por jornalistas que iam entrevist-lo.

    Quando, j diante das cmeras, Kerry disse que os EUA "apoiam o direito de Israel de se defender contra os lanamentos de foguetes".

    O Conselho de Segurana da ONU realizaria na noite de domingo (20) uma reunio de emergncia para abordar os ltimos eventos em Gaza.

    O encontro foi pedido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que quer Israel responsabilizado pela ofensiva, de acordo com o direito internacional.

    SEQUESTRO

    As Brigadas "Azedin al Kasam", brao armado do Hamas, anunciaram a captura de um soldado israelense. Ao falar na emissora de TV do Hamas, o porta-voz Abu Ubaida disse: "Capturamos um soldado sionista e a ocupao no admite".

    O embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, negou, no entanto, a informao.

    "No h soldado israelense sequestrado e esses boatos so falsos", declarou Prosor, na sede da organizao, em Nova York.

    OPINIO

    Falha em reconhecer reivindicaes legtimas levou escalada do conflito

    Enquanto soldados israelenses invadem novamente Gaza e o nmero de mortos dispara, parte da retrica dos partidrios de ambos os lados se torna estranhamente paralela. Talvez seja hora de corrigir alguns equvocos das ressalvas que voam de um lado para o outro.

    Uma das mais ouvidas : "Esta uma batalha entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. No podemos nem negociar e no temos outra escolha seno agir."

    Ao contrrio, esta uma guerra em que ambos os povos esto muito certos em muitos pontos. A falha em no reconhecer a humanidade e os interesses legtimos das pessoas do outro lado que levou demonizao do inimigo.

    Os israelenses esto absolutamente corretos em reivindicar o direito de no serem atingidos por foguetes do Hamas, no serem sequestrados ou alvos de terrorismo.

    Da mesma forma, os palestinos esto absolutamente certos em reivindicar o direito a um Estado, o de abrirem um negcio e de importar mercadorias, de viverem em liberdade em vez de serem relegados a uma cidadania de segunda classe em sua prpria terra.

    Ambos os lados so compostos tanto de boas pessoas que s querem o melhor para suas crianas e suas comunidades quanto de zelotas mopes que pregam o dio. Um ponto de partida abandonar a narrativa de bom versus mau e e reconhecer a situao como a

  • histria de dois povos --cada uma com demandas legtimas-- colidindo uma com a outra.

    O fato de que o conflito se d entre dois lados cobertos de razo no quer dizer que no haja culpados, porm.

    O Hamas violento, no apenas em relao a Israel, mas tambm com seu prprio povo, e, ao contrrio de Israel, no parece tentar minimizar vtimas civis --israelenses ou palestinas.

    O Hamas no to corrupto quanto a Autoridade Palestina, mas muito mais repressora, e minha impresso das visitas que fiz a Gaza que tambm impopular em seu prprio lar. O Hamas s vezes parece ter mais apoio em certas universidades dos EUA ou da Europa do que em Gaza.

    Enquanto isso, a direita israelense enfraquece o maior parceiro que o pas tem para a paz, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. No obstante, os assentamentos israelenses so uma bno ao extremismo palestino.

    Atualmente, em Gaza e em Jerusalm, os falces esto no poder, cada um alimentando o outro.

    Beb morre aps passar 34 horas soterrado com a famlia em Aracaju

    Criana de 11 meses dormia com os pais e a irm em prdio que desabou na madrugada de sbado

    Famlia ficou presa em espao de cerca de 30 cm de altura; at a noite de domingo (20), pais no sabiam da morte

    VALTER LIMACOLABORAO PARA A FOLHA, EM ARACAJU (SE)DANIEL CARVALHODO RECIFE

    Um beb de 11 meses morreu na tarde de domingo (20) poucos minutos depois de ter sido resgatado ao lado da famlia dos escombros de um prdio que desabou em Aracaju (SE) no dia anterior.

    talo Miguel, os pais --o auxiliar de pedreiro Josevaldo da Silva, 24, e a dona de casa Vanice de Jesus, 31-- e a irm, Ane Gabriele, 8, estavam soterrados sob os entulhos do havia mais de 34 horas.

    Ficaram cerca de 25 horas sem nenhum alimento e sem gua. Foram retirados de l pelos bombeiros, por um buraco de 40 centmetros, entre 12h05 e 12h20 de domingo, e levados para o Hospital de Urgncia de Sergipe.

    Ainda no prdio, talo teve uma parada cardiorrespiratria. A caminho do hospital, no resistiu e morreu de insuficincia respiratria.

    Na noite de domingo, internados em situao estvel, pai, me e irm ainda no sabiam da morte do beb.

  • Mdicos, psiclogo e assistente social do hospital decidiram coloc-los numa rea isolada --sem acesso a TVs. At a concluso desta edio, no havia previso de alta.

    O prdio residencial de trs andares estava em construo e em fase de acabamento. Segundo a Prefeitura de Aracaju, o alvar para construo do prdio est regular.

    SAUDADES DO FILHO

    Silva era um dos operrios da obra e morava no imvel. Trabalhava no local havia dois meses e, muito apegado ao menino talo, estava ansioso para v-lo. Vanice e as crianas chegaram do interior de Alagoas na sexta (18).

    Segundo o vigia Rogrio Carlos Santos disse imprensa local, os trs planejavam voltar para casa aps trs dias.

    Sem dinheiro para hospedagem, resolveram ficar todos no prdio em construo.

    Naquela mesma noite, acomodaram-se no trreo do imvel, onde dormiram num s colcho, de acordo com os bombeiros. 1h45 do sbado, o prdio desmoronou.

    Foram salvos porque ficaram presos entre o colcho em e a laje do prdio, que ficou escorada nos escombros.

    Nesse espao, havia cerca de 30 cm de altura. "Tanto que o homem [Silva] disse que a distncia entre a testa dele e a laje era de dois dedos", disse a major Maria Souza.

    Cerca de 200 pessoas se aglomeraram em frente ao prdio para acompanhar o resgate. Assim que cada uma das vtimas saam, aplaudiam. Quando todos estavam sendo atendidos pelo Samu, rezaram juntos o "Pai Nosso".

    'Nem animal seria tratado desse jeito', diz famlia de vigia

    Segurana morreu aps passar mal em frente a hospital na zona leste; testemunhas dizem que ele no foi socorrido

    Polcia Civil investiga omisso de socorro; hospital diz que punir funcionrios caso falhas sejam comprovadas

    GIBA BERGAMIM JR.DE SO PAULO

    As imagens do segurana Nelson Frana, 48, se contorcendo e balbuciando um pedido de socorro na frente de um hospital, sem atendimento, no saem da cabea do tambm segurana Fbio de Jesus, 31, sobrinho da vtima. "Nem um animal poderia ser tratado desse jeito", disse.

    A frase de Jesus resume a revolta da famlia de Frana, que morreu aps passar mal na frente do Hospital e Maternidade Santo Expedito, em Itaquera (zona leste), na semana passada. A unidade mdica, que particular, acusada de omisso de socorro pelos parentes da vtima.

  • Gravadas pela cmera de um celular, as imagens foram veiculadas exausto entre sexta-feira e domingo em programas de televiso.

    Feitas por uma mulher que acompanhava a me para uma consulta, as filmagens sero usadas nas investigaes da polcia e do Conselho Regional de Medicina.

    Nelas, dois homens --que seriam um mdico e um enfermeiro--observam a vtima no cho, sem toc-la.

    Um deles chamou o Corpo de Bombeiros, que socorreu Frana e o levou at um hospital municipal, onde ele j chegou sem vida.

    No vdeo, testemunhas gritam com funcionrios, pedindo que eles faam os primeiros socorros. Eles dizem que no houve atendimento.

    De uma famlia simples de Cidade Tiradentes --distrito do leste de So Paulo que est entre os mais pobres do municpio-- Frana, casado e trs filhos, sentiu dores no peito quando estava em uma lotao, a caminho do trabalho, na noite de quarta (16). Foi deixado no hospital pelo cobrador, que seguiu viagem.

    "Se no fosse essa gravao, nunca saberamos a verdade. Tem que haver punio", afirmou Jesus. Ele conta que familiares se juntaram para pagar os cerca de R$ 2.000 com o funeral.

    PREO DA CONSULTA

    "Liguei no hospital depois para saber quanto teria custado para ele ser atendido, j que ele no tinha convnio mdico. Me disseram que a consulta custa R$ 120. A vida dele valia muito mais", disse.

    Em nota, o hospital diz que abriu sindicncia interna. "Caso seja apurada a responsabilidade de algum profissional, a diretoria do hospital no hesitar em punir com rigor os eventuais envolvidos. O Hospital Santo Expedito no corrobora de forma alguma com qualquer tipo de omisso de seus profissionais", diz o texto.

    O hospital, que diz fazer atendimento populao carente da regio, acusa o motorista da lotao. "O senhor Nelson Frana foi irresponsavelmente abandonado pelo condutor da lotao que, caso tivesse adentrado ao pronto-socorro, distante 150 m do local, o fato no teria acontecido", diz a nota. A Folha no localizou o motorista.

    OUTRA SUSPEITA

    A polcia do Rio apura um caso semelhante. O fotgrafo Luiz Claudio Marigo, 63, morreu aps passar mal dentro de um nibus. Levado ao Instituto Nacional de Cardiologia, ele no foi socorrido.

    Na semana passada, o presidente e nove funcionrios do hospital foram indiciados por homicdio doloso (intencional). o chamado dolo eventual --quando a pessoa assume o risco de matar.

  • Madrasta disse que Bernardo morreu por causa de calmantes

    Vdeo divulgado pelo 'Fantstico' mostra depoimento polcia

    DE SO PAULODO RIO

    A madrasta do menino Bernardo Boldrini, Graciele Ugulini, afirmou Polcia Civil que a morte do garoto foi um acidente que ocorreu porque ela exagerou na dose de calmantes dados ao enteado.

    A verso dela contradiz com o que afirma a sua amiga Edelvnia Wirganovicz, que confessou participao no homicdio.

    Bernardo Boldrini, 11, que morava em Trs Passos (RS), desapareceu na tarde de 4 de abril. Dez dias depois, o corpo do garoto foi localizado numa cova rasa em um matagal em Frederico Westphalen, cidade prxima.

    Naquele mesmo dia, a Polcia Civil prendeu o pai e a madrasta do garoto, alm de Edelvnia, por suspeita de envolvimento no crime.

    Graciele e Edelvnia so apontadas como envolvidas no crime e prestaram depoimentos em abril, dias depois da morte de Bernardo. Os vdeos com as declaraes foram exibidos a noite deste domingo (20) pelo programa "Fantstico", da TV Globo.

    Na gravao, a madrasta negou ter aplicado uma injeo letal em Bernardo.

    Ela afirmou que deu calmantes e remdios para o menino dormir porque ele estava agitado durante a viagem de carro para a cidade de Frederico Westphalen. Ao perceber que o garoto no tinha pulso, Graciele, segundo sua verso, escondeu o corpo com a ajuda de Edelvnia.

    Em seu depoimento, Edelvnia afirmou que Graciele planejou o crime e lhe ofereceu R$ 20 mil para que a ajudasse a matar Bernardo.

    RIO DE JANEIRO

    Outra reportagem do "Fantstico" mostra os cabos Fbio Magalhes Ferreira, 35, e Vincius Lima Vieira, 32, perseguindo jovens no Rio.

    Com os trs adolescentes na caamba, um dos PMs diz "vamos l em cima, soltar uns tiros?". A cmera desligada e, quando religada, nenhum dos jovens aparece mais no carro da polcia.

    MINHA HISTRIA NLIO NICOLAI, 74

    De professor Pardal a pastor

    (...) Com o tempo entendi o que inveno (...) Achava que era o tal do jeitinho brasileiro

  • COLABORAO PARA A FOLHA

    RESUMO Aos 74 anos, o tcnico Nlio Nicolai, famoso por ter inventado o identificador de chamadas de telefones, o Bina, diz que j depositou 44 pedidos de patente e luta h 16 anos na Justia contra empresas de telefonia pelo direito de explorao comercial da tecnologia. Hoje, trabalha com estudantes de 17 anos para desenvolver um aplicativo de traduo simultnea e diz que sonha em ser pastor.

    Voc sabe o que significa Bina, em hebraico? Significa sabedoria, inteligncia.

    Todo mundo acha que tenho um laboratrio em casa, mas na verdade eu tenho um computador e olhe l.

    Montei o primeiro modelo industrial do [identificador de chamadas] Bina junto com dois colegas. Eu tinha muitos vizinhos bombeiros, que reclamavam dos trotes no 193.

    Participei no comeo dos anos 1980 de uma feira internacional e, quando a imprensa viu o Bina, fiquei famoso.

    Registrei a primeira patente do Bina em 1980. Com o tempo entendi o que realmente uma inveno. Eu achava que estava quebrando um galho, que era o tal do "jeitinho brasileiro".

    Depois de me formar na Escola Tcnica de Minas Gerais, em 1967, fui trabalhar na Cemig como eletrotcnico. Na poca em que surgiu o Bina, eu j estava na Telebraslia [hoje absorvida pela Oi].

    Fui desenvolvendo uma capacidade de criar, mas no sabia que estava criando. Na poca, o Brasil implantava muitas centrais telefnicas. Muitas vezes faltava equipamento, mas, mesmo assim, eu dava um jeito de test-las.

    Quando surgiu o Bina, comecei a ser afastado do meu trabalho na Telebraslia, at ser demitido em 1984.

    O pessoal da Telebrs e do Ministrio das Comunicaes dizia que pases desenvolvidos jamais permitiriam o Bina porque seria uma quebra da privacidade das pessoas.

    A partir de 1997, o celular comeou a ficar popular no Brasil, graas implantao do identificador nos aparelhos.

    Naquele ano, assinei trs contratos: um com a Ericsson, fabricante de centrais telefnicas; com a Telest [diviso da extinta Telebrs, hoje Oi], pela explorao do servio que vem na conta telefnica; e com a Intelbras, que fabricava o aparelho.

    Nenhuma das trs me pagou. [Procuradas, Ericsson e Oi afirmaram que no se pronunciariam sobre o caso.]

    No ano seguinte, entrei na Justia contra a Americel [hoje controlada pela Claro].

  • Em 2001, saiu a sentena e ela foi condenada a me pagar R$ 550 milhes. Em 2012 fiz um acordo com a Claro. [Ele no diz o quanto recebeu e a empresa no quis comentar.]

    Estava sendo despejado da casa onde morava de aluguel, pois vendi tudo que tinha para manter o processo.

    Contra a Intelbras, estou na Justia desde 2000. [A empresa afirmou no ter nada a declarar, tendo em vista liminar de 2003 que suspendeu o efeito da patente do Bina.]

    Hoje, trabalho com estudantes em um aplicativo de traduo simultnea no celular. A ideia que, em uma ligao entre um japons e um brasileiro, um entender o que o outro est falando.

    Meu sonho ser pastor, mas no consigo gravar o nome das pessoas. At comecei um curso na igreja que frequento. Um dia vou ser.

    Dunga volta a comandar seleo brasileira

    FUTEBOL Deciso foi tomada neste fim de semana; tcnico dirigiu Brasil na Copa de 2010, quando equipe caiu nas quartas

    BERNARDO ITRIDO PAINEL FCSRGIO RANGELDO RIO

    O gacho Carlos Caetano Bledorn Verri, popularmente conhecido como Dunga, o novo tcnico da seleo brasileira de futebol.

    Sua apresentao est marcada para esta tera (dia 22), no Rio. O treinador de 50 anos j deve comandar o time nos primeiros amistosos aps a Copa, em setembro, nos EUA.

    O presidente da CBF, Jos Maria Marin, e seu sucessor, Marco Polo Del Nero, conduziram pessoalmente a contratao de Dunga. Os trs se reuniram pelo menos duas vezes nos ltimos dias em So Paulo, onde Marin e Del Nero moram. As negociaes foram concretizadas neste final de semana.

    Dunga e a cpula da CBF passaram as ltimas horas discutindo qual ser a formao da nova comisso tcnica da seleo, uma vez que todo o estafe que participou da Copa de 2014 foi dispensado pela confederao.

    A expectativa que, na tera, ao ser apresentado na sede da CBF, Dunga anuncie a sua comisso, que passar a trabalhar com ele focando a Copa da Rssia de 2018.

    A chegada do tcnico tem o aval tambm do novo coordenador de selees da confederao, Gilmar Rinaldi.

    O ex-goleiro e ex-empresrio estava ao lado de Dunga na Copa de 1994, quando o Brasil sagrou-se campeo, e foi apresentado na semana passada com a proposta de reformular as selees de base e a equipe principal.

  • Antes de fechar com a CBF, Dunga tinha alinhavado um acordo para comandar a seleo da Venezuela. Mas, a partir do convite para voltar seleo brasileira, o treinador abdicou do contrato com o time do pas vizinho.

    O retorno de Dunga seleo acontece quatro anos aps a sua demisso. Assumiu o Brasil em 2006, aps a eliminao nas quartas na Copa da Alemanha (o tcnico era Parreira) e conquistou a Copa Amrica-2007 e a Copa das Confederaes-2009.

    No Mundial da frica do Sul, em 2010, viu seu time ser eliminado pela Holanda, tambm nas quartas de final.

    frente da seleo de novo, Dunga ter a misso de promover uma reformulao no time que jogou a Copa de 2014. Muitos nomes do time de Felipo, como o goleiro Jlio Csar, no tero condio de atuar na Copa russa.

    A chegada de Dunga mantm os gachos no comando da seleo. Felipo, tcnico na Copa no Brasil, e Mano Menezes, que dirigiu o time de 2010 a 2012, tambm nasceram no Rio Grande do Sul.

    OPINIO O NOVO TCNICO

    Com Dunga de volta seleo, futebol do Brasil d marcha a r

    Tcnico nunca teve --e nunca ter-- capacidade para comandar a equipe

    HUMBERTO PERONCOLABORAO PARA A FOLHA

    Estranho o futebol brasileiro. Toda vez que ele precisa de um processo de renovao ele volta vrios passos.

    Era esperada uma mudana radical com a sada de Ricardo Teixeira do cargo de presidente da CBF, mas ele foi substitudo por Jos Maria Marin, que j na dcada de 1980, havia transformado a Federao Paulista de Futebol em um caos, e agora est fazendo o mesmo a frente do futebol brasileiro, com atos como estes --s para ficar nas asneiras dos ltimos dias: a indicao de Gilmar Rinaldi como coordenador e Dunga como tcnico da seleo.

    Dunga nunca teve a capacidade --e nunca ter-- para comandar a seleo brasileira. O ex-volante no fez um bom trabalho quando foi tcnico da seleo. Tudo bem que os que o defendem usam o bom retrospecto e alguns ttulos conquistados para justificar que ele foi bem --alis, Felipo tambm tinha bons nmeros at o desastre contra a Alemanha...

    No perodo que ele comandou a seleo, Dunga no fez nenhuma inovao, no revelou nenhum grande jogador. Para a Copa de 2010, levou um time envelhecido com jogadores que no tinham condies de jogar uma Copa do Mundo --se no temos um bom time hoje, Dunga tem grande participao nisso.

    Na Copa da frica do Sul, Dunga armou um time sem um repertrio de jogadas ofensivas e que na primeira adversidade, contra a Holanda, perdeu totalmente o rumo.

  • Fora da seleo, ele fez um trabalho medocre no Internacional, no ano passado (OK, ele venceu o Gacho).

    Mesmo tendo um dos elencos mais caros do pas, Dunga no deu padro de jogo equipe e mais uma vez, deixou terra arrasada --no custa lembrar que o time foi ameaado de rebaixamento.

    No momento em que se fala que o futebol brasileiro precisa uma revoluo ttica, Dunga tem muito pouco repertrio para fazer isso.

    Moderno --e modelo de time vencedor-- para ele o Brasil que conquistou o tetra no Mundial de 1994, equipe em que ele era o capito. Ou seja, o time armado no tradicional 4-4-2, com trs ou dois "Dungas" no meio.

    A Alemanha, fazendo tudo certo, precisou de 12 anos para montar um time que ganhou a Copa. Com "Marins", "Polos", "Gilmares" e "Dungas" vamos precisar de uns 30 anos, pois nossos projetos de renovao, nos ltimos anos, sempre fizeram nosso futebol dar marcha a r.

    OPINIO O FUTEBOL BRASILEIRO DEPOIS DO MUNDIAL

    Fracasso na Copa do Mundo em casa salutar

    Derrota nos permite poupar anos de iluso em torno da ideia de que somos bons e podemos continuar assim

    HILRIO FRANCO JNIORESPECIAL PARA A FOLHA

    A "Copa das Copas" prometida pela presidente da Repblica terminou. Felizmente. Tudo indica que, se ela tivesse se prolongado, as frustraes ainda estariam se acumulando.

    De fato, para a seleo brasileira ela no poderia ter sido mais medocre, e a torcida intuiu isso desde o comeo: a audincia do jogo inaugural da seleo na TV aberta caiu 20 pontos percentuais em relao a 2010.

    Todo observador lcido sabia que o elenco era fraco, que no existia um time propriamente dito, com padro ttico definido, e um comando tcnico com alternativas claras para diferentes situaes. Foi o que mostrou a humilhante derrota frente Alemanha, que foi se avolumando sem que surgisse uma mudana ttica adequada.

    Ironicamente, esse desastre teria talvez sido evitado se a seleo tivesse sido desclassificada antes. Como merecia.

    Moralmente ela foi a segunda colocada no seu grupo, j que beneficiada por um pnalti inexistente, um gol impedido e a anulao de dois gols legtimos do Mxico na sua partida contra Camares. Assim, nas oitavas de final o Brasil no deveria ter enfrentado o Chile (que quase nos eliminou), e sim a Holanda, que nos goleou na disputa pelo terceiro lugar.

  • A esperana de que o Maracanazo de 1950 fosse varrido para debaixo do tapete da histria no apenas no aconteceu, como quele trauma juntou-se o Mineirazo de 2014. verdade que uma simples comparao, posio por posio, j mostrava que a gerao de 50 era superior atual. No entanto, podia-se legitimamente esperar que a experincia internacional dessa gerao suprisse no plano mental e ttico suas limitaes tcnicas.

    Isso no aconteceu devido ao comando, que, de to centrado na motivao, criou instabilidade emocional no grupo e abafou a bagagem ttica que os jogadores traziam de seus clubes europeus.

    TRUCULNCIA E PRETENSO

    O essencial da questo, porm, no so nomes, e sim estrutura, modelo de trabalho. No bastaria trazer um treinador estrangeiro, hiptese alis muito interessante para arejar todo o sistema, mas infelizmente descartada pela CBF, se no lhe fosse dada autonomia, tempo e condies materiais, se o calendrio do futebol nacional no fosse racionalizado.

    Ou seja, embora a responsabilidade de Scolari no fracasso histrico de 2014 seja inegvel, ela no isolada.

    Se faltou comando competente na seleo porque ele falta na CBF e no governo. Abundam nos trs planos truculncia, arrogncia e pretenso, a capacidade gerencial escasseia.

    A confederao uma corporao fechada que defende interesses de pequenos grupos, raramente os do futebol brasileiro. O partido do governo e seus aliados passam o tempo a tentar aumentar seu poder e distribuir cargos, no a governar em prol da nao.

    O problema comportamental, cultural, da no ter sido superado nas dcadas entre o Maracanazo e o Mineirazo --o modo de ser coletivo do brasileiro continua baseado no improviso, no jeitinho, nas meias solues de ltima hora. No conseguimos ou no queremos antecipar uma dificuldade. S vamos pensar nela quando estiver grande e a soluo for mais difcil ou mais cara.

    De toda forma, se um dos objetivos era propagandear o pas no exterior, ele foi alcanado. Hoje o mundo tem a comprovao de que somos um pas muito rico, pois construmos um estdio em Manaus para quatro partidas da Copa e praticamente nada depois (cada jogo custando portanto R$ 150 milhes!), o mesmo em Cuiab (R$ 125 milhes), Natal (R$ 100 milhes) e, j que o estatuto de capital merece, Braslia, onde cada um dos sete jogos consumiu R$ 285 milhes!

    Alm disso, a televiso de muitos pases divulgou o "pitoresco" dos morros cariocas com suas favelas, vielas labirnticas e misria. A criatividade brasileira ganhou um pblico bem mais largo graas cena area que correu o mundo mostrando um arrasto na praia de Copacabana que deixou centenas de turistas sem carteira, celular, mquina fotogrfica e relgio.

    Graas a dez torcedores ingleses agredidos por um grupo de nativos, muita gente no exterior pde tomar conhecimento dos modernos e bem equipados hospitais nacionais.

  • Pena que todo esse espetculo no tenha atrado tantos turistas estrangeiros quanto merecia, pois, se eles foram bem mais numerosos que na frica do Sul em 2010, foram bem menos que na Alemanha em 2006.

    CONHEA O BRASIL

    Contudo, como toda viagem aquisio de conhecimento, nossos visitantes puderam aprender bastante sobre o Brasil.

    Como etngrafos, constataram que a atrao nacional mais por etiquetas do que por contedos, por exemplo ficaram sabendo que na "Cidade Maravilhosa" acontecem 5.000 assassinatos por ano, dos quais 8% so investigados e menos ainda chegam a julgamento.

    Como socilogos, assistiram a vrias cenas de um patriotismo quadrienal que encontrou uma nova via de expresso no hino nacional cantado com furor.

    Como linguistas, perceberam que as hiprboles so especialidade brasileira: Thiago Silva "o melhor zagueiro do mundo", Neymar "um novo Pel", o Brasil "o pas do futebol" etc.

    Como psiclogos, notaram a ciclotimia nacional que alterna momentos de grande entusiasmo com outros de clara depresso.

    No seria correto, portanto, diminuir o alcance do evento. Os R$ 33 bilhes gastos pela sociedade brasileira para sediar a Copa fizeram a felicidade de muita gente. No plano esportivo, alm da campe Alemanha, os torcedores de Blgica, Chile, Colmbia, Costa Rica e Mxico puderam se orgulhar de suas selees terem apresentado futebol mais consistente que o dos brasileiros.

    A verdadeira festa, porm, fizeram alguns polticos, empreiteiros e dirigentes, certos meios de comunicao de massa e o Corinthians, que em mais de um sculo de histria no teve competncia para construir estdio prprio e ganhou um graas a manobras de bastidores e ao dinheiro pblico.

    Sim, o Brasil perdeu a Copa jogada em casa. Mas isso salutar, permite-nos economizar alguns anos de ressaca e iluso de que somos bons em alguma coisa (suprflua) e podemos continuar a sermos como somos. No podemos. No devemos.

    FOCO

    Jogo no Rio comemora os cem anos da seleo, sem a seleo

    ADRIANO BARCELOSDO RIO

    Em partida comemorativa aos cem anos da seleo brasileira, o time sub-23 do Fluminense enfrentou o Exeter City, da quarta diviso do futebol ingls, na manh deste domingo (20), no estdio das Laranjeiras, zona sul do Rio.

  • O centenrio era da seleo, mas a aniversariante no compareceu. E nenhum representante da CBF, a entidade mxima do futebol brasileiro, prestigiou a partida que marca a data histrica.

    Em 21 de julho de 1914, o Exeter City enfrentou um combinado de jogadores de Rio e So Paulo, em jogo reconhecido pela prpria CBF como o inaugural da seleo. A CBF publicou texto em seu site recuperando a histria da partida inaugural, sem mencionar o jogo nas Laranjeiras.

    O jogo da manh deste domingo foi descrito como "a realizao de um sonho" por parte dos ingleses. O Exeter City um time sem grandes glrias no futebol, mas que se orgulha, e muito, de ter sido o primeiro adversrio da seleo na histria.

    "Estamos aqui como quem faz uma peregrinao. Crescemos ouvindo a histria de que o Exeter City enfrentou a seleo brasileira. um sonho", descreveu o aposentado Brian Ingersent, 62, um torcedor no grupo de 160 ingleses que vieram ao pas para ver a equipe encarar o Flu.

    Ingersent declarou que por dois anos se planejou e guardou dinheiro para ver o jogo --um insosso 0 a 0. A torcida tambm ficou devendo: pouco mais de 500 tricolores, alm do grupo de ingleses.

    Quem chegou mais cedo sede do Fluminense, contudo, pde ver exposta a bola do primeiro jogo da seleo.

    Ricardo Calado, scio da empresa que organizou o evento, disse que a ideia de trazer o Exeter de volta s Laranjeiras comeou em 2004, no centenrio do time ingls. A organizao do jogo consumiu trs anos, e ele afirmou que "a CBF foi convidada".

    Aps 'retiro', Isis volta como protagonista

    Atriz de 27 anos ser Sandra na novela das seis 'Boogie Oogie', de Rui Vilhena, que estreia em agosto na Globo

    Folhetim ser ambientado no Rio dos anos 1970 e traz mundo das discotecas e do surfe como pano de fundo

    ISABELLE MOREIRA LIMADE SO PAULO

    Depois de seis meses de uma espcie de retiro forado, a atriz Isis Valverde, 27, volta s telas da TV em agosto pela primeira vez como uma protagonista de novela.

    Ela interpretar a doce e mal-afortunada Sandra, de "Boogie Oogie", novela de Rui Vilhena ambientada no Rio dos anos 1970, que no dia do casamento perde o noivo de maneira trgica.

    O folhetim estreia na faixa das seis, na Globo.

    O ltimo trabalho de Isis na TV foi a minissrie "Amores Roubados", em que viveu Antnia, par romntico de Leandro (Cau Reymond).

  • A produo foi ao ar no comeo de janeiro. No fim daquele ms, a atriz sofreu um acidente de carro que causou a fratura de uma vrtebra da coluna e a obrigou a usar um colar cervical por meses.

    Em entrevista Folha, a atriz afirmou que voltar ao trabalho como protagonista foi "um presente".

    Ela diz ver o acidente em que esteve envolvida como uma oportunidade de "aprendizado". "Vou guardar para sempre como uma lembrana de como a vida frgil e de como no podemos entreg-la nas mos de ningum. A gente acha que com a gente no vai acontecer nada, mas acontece sim", afirma.

    Na trama das seis, Sandra e a antagonista Vitria (Bianca Bin) foram trocadas na maternidade logo depois do nascimento. Elas se reencontram j na vida adulta quando o namorado de Vitria, Rafael (Marco Pigossi), salvo de ferragens pelo noivo de Sandra, que acaba morrendo no processo de resgate.

    "Para a Sandra, vai ser uma pancada atrs da outra. A minha situao foi algo completamente diferente. Se as experincias dela fossem minhas, Deus do cu, tem que ter uma cabea muito boa para encarar o que ela encara nessa trama", afirma.

    Discpulo de Aguinaldo Silva e com carreira slida em Portugal, Rui Vilhena assina pela primeira vez o texto de um folhetim global como autor. Segundo ele, "Boogie Oogie" ter toda a "pera da novela" com um toque de alegria e bom humor. "Ela vem com uma densidade dramtica, mas ao mesmo tempo uma novela para cima", diz.

    O autor escolheu 1978, ano em que foi ao ar o clssico "Dancin' Days" (hoje exibido pelo canal pago Viva), para focar bem no universo das discotecas e do surfe.

    "Minha inteno fazer com que as pessoas, ao assistirem, achem que a festa vai comear. O Rio era a festa e eu quero dar nfase a esse ambiente de dana e surfe."

    Para isso, ele conta, os atores esto fazendo aulas de dana e parte do folhetim se passar na boate fictcia Boogie Oogie, alm de outros lugares populares e badalados que existiram na poca.

    Apesar do enfoque no surfe, que marcou a poca e gerou uma forte cultura em Ipanema, bairro nobre da zona sul do Rio, Rui diz que essa no ser uma novela de "peito pelado". "Do contrrio, os figurinos so lindssimos e vai influenciar muito a roupa que as pessoas usam na rua."

    Isis Valverde diz que j foi influenciada. "J adotei algumas peas do figurino dela. Quando fao uma personagem, comeo a usar umas coisas parecidas. S a Suelen que no dava, porque ela tambm quase no usava roupa direito", diz sobre a periguete que interpretou em "Avenida Brasil" (2012).

    Hoje, Isis mantm uma rotina de cerca de 12 horas de gravao por dia. Ela diz que est sendo cansativo especialmente porque, apesar do humor do texto, tem que interpretar emoes "muito fortes e intensas".

  • "Tudo o que fao, agarro com muita fora, me entrego mesmo", afirma.

    Sandra Annenberg ganha novo programa na Globo

    Jornalista comanda, a partir de agosto, o 'Como Ser?', exibido aos sbados

    Produo, no horrio das 6h, vai tratar de temas como educao, trabalho, cidadania e sustentabilidade

    GISLAINE GUTIERREDE SO PAULO

    ncora do "Jornal Hoje", Sandra Annenberg passa a apresentar tambm na Globo, a partir de 9 de agosto, o "Como Ser?". O novo programa, que ir ao ar aos sbados, das 6h s 8h, se prope a discutir questes ligados a educao, trabalho, cidadania e sustentabilidade.

    Por ser exibido to cedo, e aos sbados, o programa buscar uma linguagem mais coloquial e divertida, mas tambm com a preocupao de informar.

    A dinmica das redes sociais inspira a produo: "Queremos trazer para a tela da TV esse poder de mobilizao, essa coisa contagiante das mdias sociais", disse Beatriz Azeredo, diretora de responsabilidade social da Globo, durante entrevista na emissora.

    " um programa para curtir e compartilhar experincias", disse a diretora. No site do "Como Ser?" (www.comosera.com), os internautas podero ver vdeos com histrias do pblico, enviar fotos e mandar perguntas aos convidados.

    Na TV, Sandra Annenberg vai convidar o espectador a compartilhar suas experincias a partir de um tema diferente a cada ms. O primeiro deles mudana.

    Na estreia, logo aps o programa na TV, a apresentadora participar de um bate-papo ao vivo na internet.

    INTEGRAO

    O "Como Ser?" vai ocupar a faixa do "Globo Cidadania", tambm apresentado por Annenberg, que hoje rene os programas "Globo Educao", "Globo Cincia", "Globo Ecologia", "Globo Universidade" e "Ao". "O Globo Cidadania' era o embrio de uma vontade de integrar mais todas essas pontas", disse Sandra Annenberg.

    Na estreia, ela vai receber a atriz Marisa Orth, para falar sobre o Spetaculu, uma escola de arte criada por ela e pelo cengrafo Gringo Cardia e que forma pessoas para trabalhar nos bastidores do teatro e de shows.

    "Estamos descobrindo coisas que no estvamos acostumados a ver". disse Annenberg. Ela cita como exemplo uma matria feita por Max Fercondini, que viajou at as ilhas Cagarras, no Rio.

  • "De Ipanema voc v essas ilhas e fica se perguntando o que tem ali", disse Annenberg. "Foram at achados artefatos indgenas ali que ningum sabia que existiam", completou Fercondini.

    Lanar um olhar diferente sobre temas do cotidiano o desafio do "Hoje Dia de", quadro que traz um tema ligado ao fim de semana.

    "Eu vi recentemente um sobre as peladas e falava sobre a trajetria da bola, com que fora que voc tem de chutar para acertar no ngulo direito do gol... o Fred podia ter assistido, n?", brincou Annenberg.

    O quadro "Qual Vai Ser?" vai ajudar jovens indecisos a escolher sua carreira, colocando-os em contato com diferentes profissionais. Sero mostradas, tambm, profisses novas, como piloto de drone, desintoxicador digital e professor de cubo mgico.

    "O programa no tem intuito comercial, no feito para gerar patrocinador, mas para mostrar o compromisso da Globo com esses temas. No importa quantos pontos d", disse o diretor Mauricio Yared. O "Como Ser?" ter exibies aos domingos s 6h05, na GloboNews, e s 15h, no Futura.

    CRTICA NOVELA

    Trama confusa de 'Em Famlia' chega ao final sem deixar nenhuma saudade

    A Globo no parece ter um s na manga ou uma frmula que retome a ateno do pblico

    RICARDO FELTRINCOLABORAO PARA A FOLHA

    Terminou melanclica a novela "Em Famlia". ltimo trabalho de flego do autor Manoel Carlos, que pretende se afastar das novelas, a trama no deixar saudade.

    Nenhum personagem cativante. Nenhuma reviravolta do destino. Nenhum vilo que faa jus ao nome e seja lembrado. E o mais baixo ibope de todas as novelas nessa faixa horria --a mais valiosa comercialmente. Exibido na sexta (18), ltimo captulo teve 35 pontos de audincia, segundo prvia do Ibope.

    A novela comeou confusa, um tanto torta. Como toda novela de "fases", em que os personagens principais crescem, envelhecem e, principalmente, evoluem, "Em Famlia" empacou logo de sada. Foi arriscado colocar jovens e inexperientes atores em papis fundamentais, como Bruna Marquezine.

    No fcil fazer uma novela que pretende abordar pocas diferentes. H que se encontrar atores e atrizes de diferentes idades que deem uma certa corroborao ao que o autor pretende. No foi o caso. Os jovens Helena, Laerte, e Virglio apresentaram pouca verossimilhana com seus "eus" futuros.

    Mas esse nem o maior dos problemas. A novela j comeou mal, espicaada por baixos nveis de audincia na primeira fase, o que fez com que a Globo a encurtasse.

  • Tambm houve problemas pessoais no elenco. Captulos atrasaram. O pouco simptico (porm excelente ator) Gabriel Braga Nunes teria se indisposto com colegas, e chegou-se a cogitar limitar (ou matar) o personagem central da trama graas sua antipatia. No seria a primeira vez que a Globo faria isso.

    Manoel Carlos no aceita o epteto de ter o pior ibope de todos os tempos em uma trama das 21h. Maneco, como gosta de ser chamado, tambm no aceita que tenha oferecido uma trama confusa e com dilogos demais. Para o autor, esse o problema: no passado as novelas tinham verborragia a granel, os telespectadores ficavam presos por meses observando e discutindo nuances e matizes de cada personagem. Era empolgante. No mais.

    O mais curioso que a Globo no parece ter um s na manga ou uma frmula que retome a ateno do pblico. Aps quase cinco dcadas de dramaturgia, de personagens fascinantes e caricatos, de histrias mirabolantes e viles ao mesmo tempo apaixonantes e odiosos, parece no restar muito para se inventar e prender a ateno do telespectador noveleiro.

    Os grandes astros esto desaparecendo, os bons papis, escasseando. Os autores cada vez mais se copiam.

    Para uma emissora que j foi cantada em prosa e verso como o suprassumo das novelas, a Globo est devendo uma histria que fixe a famlia diante da TV.

    GREGORIO DUVIVIER

    Spoilers

    Olhe sua volta. Todos vo morrer. A vida pior que 'Game of Thrones'. No sobra nem o ano

    Uma mulher assassinada no Baixo Gvea ao meio-dia. Um avio derrubado e mata 300 pessoas. Morre Joo Ubaldo Ribeiro. Israel invade a Faixa de Gaza.

    A morte dos outros um spoiler. Parece te revelar algo que voc no sabia, ou fingia no saber sobre voc mesmo: voc vai morrer. Olhe sua volta. Todo o mundo vai morrer. A vida pior que "Game of Thrones". No sobra nem o ano.

    A vida s possvel enquanto a gente esquece que a morte est espreita. Os jornais, como a revista "Minha Novela", contam o que a gente no quer saber. "Olha a morte ali, te esperando. Nada disso faz sentido. Nunca fez."

    H quem busque um sentido na religio, que jura que o melhor est por vir. O padre d ao beato o mesmo conselho que um f de "Breaking Bad" d quele que est comeando a srie: s vai ficar bom mesmo l na ltima temporada. Mas no pode pular nenhum captulo. Voc vai ser recompensado. Confia em mim.

    O que vale para "Breaking Bad" no vale para a vida. O cncer no regride quando voc comea a vender droga --infelizmente. A vida est mais pra "Lost". A cada episdio que passa surgem novos mistrios. Prometem que no final tudo vai se esclarecer mas tudo

  • acaba de repente, com todo o mundo se abraando. S te resta a perplexidade: mas e aquele p gigantesco? E aqueles nmeros malditos? E aquele moo que usa lpis no olho e no envelhece? E o Rodrigo Santoro? Esquece. A vida vai morrer na praia.

    O que entendi que melhor desistir de entender. O roteirista da vida preguiosssimo. Personagens queridos somem do nada. Personagens chatssimos duram pra sempre. Tem episdios inteiros de pura encheo de linguia e, de repente, tudo o que deveria ter acontecido numa temporada inteira acontece num dia s. As coincidncias no so crveis --e numerosas demais. A vida inverossmil.

    A voc me pergunta: vale a pena ver um seriado to longo que pode ser interrompido a qualquer momento sem que te expliquem porra nenhuma?

    Talvez valha, como "Seinfeld", pelas tardes com os amigos tomando caf e falando merda. Ou, como "Girls", pelas cenas de sexo. E pela nudez. Talvez valha, como "Chaves", pra rir das mesmas piadas e chorar quando voc menos espera. E vale pelos churros. E pelos sanduches de presunto.

    E vale, de qualquer maneira, porque a vida, chata, bvia ou repetitiva, s o que est passando.

    LUIZ FELIPE POND

    Marketing geopoltico

    O Hamas espera que muitos palestinos morram para dizer que Israel mau. Isso puro marketing

    Uma das ltimas modas da mdia foi a Primavera rabe. Neste caso, quase um caso de estelionato geopoltico. O Egito voltou a ser o que era. A Lbia, terra de tribos, caiu no caos. A Sria estava melhor com o Assad mandando. As mentiras do Bush sobre "smoking guns" no Iraque foram tambm um estelionato geopoltico. Mas, este, todo mundo reconhece. J a "primavera rabe", custa a ser vista como : uma inveno do marketing geopoltico da esquerda de butique.

    E este marketing serve para grupos como o Hamas fingirem que querem a paz, quando, na realidade, querem matar os israelenses. No por acaso, o Hamas louvou o assassinato dos trs adolescentes israelenses.

    No quero dizer que no exista uma dinmica poltica e social no Oriente Mdio, quero dizer que esta dinmica (catica, violenta, atvica, tribal, religiosa, racial, comercial) nada tem a ver com o que "filsofos queijos e vinhos" pensam que seja.

    Vejamos o caso do Estado de Israel. Alis, talvez este seja um dos assuntos onde o marketing geopoltico mais faz estrago reflexo.

    Israel um "anacronismo" contemporneo. Primeiro porque no faz marketing geopoltico e isso, aliado ao velho antissemitismo hoje travestido de crtica a Israel, cria o caldo no qual grande parte da mdia discute o conflito entre judeus e rabes no Oriente Mdio. Os rabes investem pesado em marketing geopoltico. Israel, no.

  • Importante lembrar que os palestinos so uma cabea de ponte dos pases rabes e do Ir que continuam buscando a eliminao de Israel do mapa da regio. O marketing geopoltico rabe oculta este fato. O Hamas no lana foguetes pela criao do Estado Palestino, lana pela destruio do Estado de Israel. Sabia disso?

    Desde 1948 alguns pases rabes tem uma poltica chamada "judeus ao mar", apesar de no se falar dela hoje porque pega mal para o marketing geopoltico dos rabes e do Ir. O mesmo marketing que alimenta ideias falsas como "primavera rabe". Muitas vezes temos a impresso de que este fator ("judeus ao mar" como poltica do Hamas inclusive) no existe.

    O filsofo britnico, nascido em Riga, Isaiah Berlin (1909-1997), descreve Israel no artigo "The Origins of Israel" de 1953 (republicado no volume "The Power of Ideas", Princeton University Press, 2000) como um anacronismo porque fundado nos mais puros ideais da "intelligentsia" liberal russa do sculo 19: liberdade, igualdade, justia, cincia, democracia, ou seja, a busca de assimilao dos judeus aos modos da vida moderna da Europa ocidental.

    Para Berlin, se quisermos entender Israel devemos olhar pro sculo 19. Entretanto, h um outro componente neste processo: a influncia das comunidades religiosas judaicas do Leste Europeu. Esta mistura cria um conflito interno no Estado judeu (identificado hoje no conflito seculares x ortodoxos), ainda que, na sua origem, o ideal era que os judeus das comunidades fechadas do Leste Europeu, em algum momento, seriam assimilados ao modo de vida secular. Isso no aconteceu. Ao contrrio, as mulheres ortodoxas so trs vezes mais frteis do que as seculares.

    Como dizia antes, Israel no trabalha no plano da propaganda geopoltica como o Hamas. O Hamas se esconde atrs da populao civil porque sabe que quando Israel obrigado a revidar, muita gente morre e a mdia internacional embarca de novo no estelionato geopoltico.

    Quer exemplos? 1. No dia 15 de julho, um hospital em Gaza foi danificado por msseis. Por qu? Porque o Hamas colocou uma base de lanamento de foguetes contra Israel ao lado do hospital. 2. Voc j se perguntou por que s aparece foto de criana chorando em Gaza? 3. Quando Israel lana panfletos dizendo para as famlias sarem de casa por conta de ataques na regio, se voc sair, o Hamas considerar voc colaborador do sionismo.

    Os defensores da poltica de "judeus ao mar" sabem que militarmente perderam todas as guerras, do contrrio Israel no existiria mais. Por isso, investiram na mdia: esperam que muitos palestinos morram para dizer que Israel mau e eles uns "docinhos de coco".