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COMITÊ ORGANIZADOR Mario Novello | Luiz Carlos Bombassaro | Nelson Job | Maria Borba | Bruno Siniscalchi TEXTOS Mario Novello | Luiz Carlos Bombassaro PESQUISA DE IMAGENS Luiz Salgado Neto CONCEPÇÃO Gláucia Pessoa SECRETÁRIA Flavia Schaller | [email protected] REVISÃO DE TEXTO Thaís Fernandes DESIGN GRÁFICO Ampersand Comunicação Gráfica ICRA | CBPF Rua Dr. Xavier Sigaud, 150 22290-180 | Rio de Janeiro | RJ Tel: +55 21 2141-7298 PATROCÍNIO Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico DAAD Max Planck Institut für Wissenschaftsgeschichte MPIWG REALIZAÇÃO APOIO COSMOS & CONTEXTO Revista eletrônica de Cosmologia e Cultura GT Ética e Filosofia no Renascimento (ANPOF) Rio de Janeiro 9 A 11 | SETEMBRO | 2015 S I M P Ó S I O I N T E R N A C I O N A L Renascimentos Cosmologia, natureza e ética Este seminário pretende retornar aos últimos momentos em que as utopias ainda não eram controladas e a ciência surgiu, cheia de esperanças e de ambições de encontrar as razões que as transcendências projetadas no cosmos escondiam dos humanos. Hoje, e por razões que analisaremos neste seminário, estamos ansiando por um novo cosmos, alargado no espaço e em sua eternidade, para nos libertar do peso excessivo a que a técnica, ao impor à ciência sua orientação pragmática, submeteu-nos. COMPOSIÇÃO A PARTIR DE FOTO DE GLÁUCIA PESSOA. DETALHE DO PAVILHÃO ZERO (INTERIOR). EXPO MILÃO 2015

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Page 1: FOLDER 2 Simpósio Renascimento FINAL - Mario Novello · REVISÃO DE TEXTO Thaís Fernandes DESIGN GRÁFICO Ampersand Comunicação Gráfica ICRA | CBPF ... Óleo sobre tela, 1855

COMITÊ ORGANIZADOR Mario Novello | Luiz Carlos Bombassaro |

Nelson Job | Maria Borba | Bruno Siniscalchi

TEXTOSMario Novello | Luiz Carlos Bombassaro

PESQUISA DE IMAGENSLuiz Salgado Neto

CONCEPÇÃOGláucia Pessoa

SECRETÁRIAFlavia Schaller | [email protected]

REVISÃO DE TEXTOThaís Fernandes

DESIGN GRÁFICOAmpersand Comunicação Gráfica

ICRA | CBPF Rua Dr. Xavier Sigaud, 150

22290-180 | Rio de Janeiro | RJTel: +55 21 2141-7298

PATROCÍNIO

Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico • DAAD

Max Planck Institut für Wissenschaftsgeschichte • MPIWG

REALIZAÇÃO

APOIO

COSMOS & CONTEXTO Revista eletrônica de Cosmologia e Cultura

GT Ética e Filosofia no Renascimento (ANPOF)

Rio de Janeiro

9 A 11 | SETEMBRO | 2015

S I M P Ó S I O I N T E R N A C I O N A L

RenascimentosCosmologia,

natureza e ética

Este seminário pretende retornar aos últimos momentos em que as utopias ainda não eram controladas

e a ciência surgiu, cheia de esperanças e de ambições de encontrar as razões que as transcendências projetadas

no cosmos escondiam dos humanos. Hoje, e por razões que analisaremos neste seminário,

estamos ansiando por um novo cosmos, alargado no espaço e em sua eternidade, para nos libertar

do peso excessivo a que a técnica, ao impor à ciência sua orientação pragmática, submeteu-nos.

COMPOSIÇÃO A PARTIR DE FOTO DE GLÁUCIA PESSOA. DETALHE DO PAVILHÃO ZERO (INTERIOR). EXPO M

ILÃO 2015

Page 2: FOLDER 2 Simpósio Renascimento FINAL - Mario Novello · REVISÃO DE TEXTO Thaís Fernandes DESIGN GRÁFICO Ampersand Comunicação Gráfica ICRA | CBPF ... Óleo sobre tela, 1855

N a segunda metade do século 20, a física esqueceu por momentos seu sucesso prático e pretendeu se abrir para uma entusiasmante discussão sobre o universo. A partir de duas

propostas geradas entre os anos 1915 e 1919 por Albert Einstein e Alexander Friedmann, os cientistas mergulharam, pela primeira vez desde a época de Isaac Newton, em um modo novo de análise das propriedades globais do universo. Como consequência, e sem controle, instalou-se uma batalha

entre diferentes modos acessíveis aos cientistas: o modo associado ao pensamento aberto, que esperava por novidades que viriam de observações de regiões longínquas, muito além de nossa galáxia; e, em oposição, um pensamento rígido, moldado na eternidade das leis da natureza a partir da extensão da física terrestre ao universo e que impedia o exame de novidades formais não reconhecidas no programa convencional da ciência.

Ao longo das últimas duas décadas do século 20 e nos primeiros anos do século 21, as evidências obtidas pelos astrônomos pareciam ter encerrado a questão e dado vitória ao modo conservador de produzir ciência. No entanto, observações inesperadas projetadas para a frente da cena cósmica determinaram o retorno a propostas abandonadas no fi nal do século passado, provocando uma crise que se instaurou na racionalidade dura que até então controlava a cosmologia.

Carlo Gabriel Kszan PanceraUniversidade Federal de Minas Gerais

EXPERIÊNCIA E NATUREZA EM MAQUIAVEL

Celso Martins Azar FilhoUniversidade Federal Fluminense

COSMOLOGIA E FILOSOFIA MORAL EM MONTAIGNE

Fabrina Magalhães PintoUniversidade Federal Fluminense, Polo Universitário de Campos dos Goytacazes

A CIDADE IDEAL DE LEONARDO BRUNI NO RENASCIMENTO ITALIANO

Flávia Roberta Benevenuto de SouzaUniversidade Federal de Alagoas

COSMOS E FORTUNA NA OBRA DE MAQUIAVEL

Gilmar Henrique da ConceiçãoUniversidade Estadual do Oeste do Paraná,

campus Toledo

MONTAIGNE E A LEI: SOBRE O DO COSTUME E DE NÃO MUDAR FACILMENTE UMA LEI ACEITA (I, 23) E DA EXPERIÊNCIA (III, 13)

Helton Adverse Universidade Federal de Minas Gerais

MAQUIAVEL, POLÍTICA E CONFLITO

Jonathan MolinariUniversidade de São Paulo

AS LEIS DO COSMOS E A LIBERDADE DO HOMEM: GIOVANI PICO DELLA MIRANDOLA E LEON BATTISTA ALBERTI

José Luiz Ames Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Toledo

NATUREZA E COSMOLOGIA EM MAQUIAVEL: ENTRE O FATALISMO E A AUTONOMIA DA HISTÓRIA

José Martins Salim Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

RUMO À TERCEIRA REVOLUÇÃO COPERNICANA

Luiz Carlos BombassaroUniversidade Federal do Rio Grande do Sul

GIORDANO BRUNO, UNIVERSO INFINITO E FINITUDE HUMANA

Marcio Tavares d’AmaralUniversidade Federal do Rio de Janeiro

OCIDENTE, TERRA DA NOITE: O SOL RENASCERÁ?

Maria Cristina TheobaldoUniversidade Federal de Mato Grosso

MONTAIGNE, SÊNECA E A UTILIDADE DOS SABERES

Mario Novello Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

AS LEIS DA FÍSICA E O UNIVERSO

Nelson JobHCTE/Universidade Federal do Rio de Janeiro

RENASCIMENTOS: DO RESGATE DA ANTIGUIDADE

Newton Bignotto de SouzaUniversidade Federal de Minas Gerais

NICOLAU DE CUSA: ENTRE A METAFÍSICA E A COSMOLOGIA

Pietro OmodeoInstituto Max Planck para a História da Ciência (Alemanha)

COSMOS E ETHOS NO TEMPO DE GIORDANO BRUNO

Sérgio Xavier Gomes de AraújoUniversidade Federal de São Paulo, campus Guarulhos

GLÓRIA E VANITAS NOS ENSAIOS DE MONTAIGNE

Wolfgang NeuserUniversidade de Kaiserslautern (Alemanha)

DUAS CULTURAS PÓS-TRADICIONAIS: RENASCENÇA E SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

C oncepções cosmológicas estão profundamente ligadas ao modo como compreendemos o universo, a natureza,

a vida e o ser humano. Não há cultura que não tenha produzido, ao seu tempo e em seu contexto histórico e social, uma imagem de mundo baseada na interpretação do cosmos. Representações artísticas, narrativas míticas, refl exões fi losófi cas e explicações científi cas servem para mostrar a presença marcante da cosmologia, em suas mais variadas formas de interpretação. Por isso, também não se pode deixar de reconhecer que as concepções cosmológicas constituem o horizonte interpretativo sobre o qual incidem perguntas imprescindíveis para compreender a própria experiência do pensar e do agir humano.

Embora as perguntas sobre o cosmos tenham uma longa história, não resta dúvida de que foi em torno da cosmologia e da fi losofi a da natureza que foram sendo forjadas as bases do projeto moderno, instituído com o advento da moderna mentalidade científi ca associada à transformação histórico-conceitual produzida pelo movimento intelectual ao qual costumamos

chamar de Renascimento. Isso é especialmente signifi cativo quando se considera o contexto da revolução copernicana, para a qual Nicolau de Cusa e Giordano Bruno, dentre outros, ofereceram argumentos metafísicos e matemáticos decisivos para os debates acerca da unidade, da infi nitude e da eternidade do universo.

É desse movimento de liberação, desse renascimento do pensamento cósmico que iremos falar. No entanto,

é importante que tenhamos em mente que se trata ainda de um movimento subterrâneo, fora dos holofotes da mídia com que hoje se produz verdades científi cas. Os grandes programas, os projetos ambiciosos para além de uma racionalidade simplista, as fantasias idealizadas e as utopias formais foram colocados à parte, tornando-se programas vigiados pelo sistema, controlados de inúmeras formas, em particular, por meio dos procedimentos de fi nanciamento das pesquisas.

Dessa nossa análise emerge cristalina a necessidade de um novo compromisso cósmico, que requer um novo Copérnico, novas utopias, espelhadas nas maravilhosas propostas de Kurt Gödel e Georg Cantor. Devemos, enfi m, examinar as consequências do espanto provocado pela perda do controle da fi nitude do cosmos e a necessidade de compreender o signifi cado da eternidade do universo que os cosmólogos produziram. Porque, afi nal, é isso que estamos aprendendo: não há nenhuma evidência cósmica que nos permita retirar dessa análise a concordância que nos faça entender o diminuto papel do homem no cosmos.

M as, ao propor a substituição do modelo de um mundo fechado para o modelo de um universo infi nito com uma pluralidade de mundos,

teria a grande mudança conceitual operada pela revolução copernicana também transformado o modo de compreender o próprio homem? As refl exões de Maquiavel e Montaigne, por exemplo, parecem indicar claramente uma íntima conexão entre cosmologia e fi losofi a moral, natureza e política. No caso de Maquiavel, o movimento do mundo celeste, eterno e circular, contrapõe-se às contínuas transformações do mundo sublunar, onde tudo é instável e está sujeito à corrupção e à mudança. Mas, não raras vezes, o próprio modelo

da cidade ideal busca inspiração na representação idealizada do cosmos, como em Leonardo Bruni. Por isso, pode-se justifi car que, para o pensamento renascentista, confl ito e harmonia ora são contrapostos,

ora se complementam; que a ordem do cosmos guarda uma relação direta, às vezes de valência inversa, com a liberdade humana, como bem o mostram pensadores como Giovani Pico della Mirandola e Leon Battista Alberti.

E ssa teia de interações entre cosmologia, fi losofi a, ética e natureza, que tem lugar em um contexto

de transformação impulsionado pelo movimento renascentista, assim como as contribuições de vários autores para a análise do modelo emergente de compreensão do universo, encontram repercussão nas palestras dos especialistas de diversos campos do conhecimento que integram este seminário.

P A L E S T R A N T E S

Manuscrito da Escola Florentina das obras de Petrarca (manu Mattaei domini Herculani de Vulterris), produzido no século 15 para o primeiro duque de Urbino, Frederico III de Montefeltro (1444-1482). Contém as Rimas e os Triunfos. Biblioteca Nacional da Espanha.WIKIMEDIA COMMONS

Europa, 1453. Maps and tables of chronology and genealogy; selected and translated from Monsieur Koch’s “Tableau des Révolutions de l’Europe” [por C. T. L., i.e. Charles Thomas Longley, mais tarde, Arcebispo de York], 1830. Biblioteca Britânica.THE BRITISH LIBRARY / FLICKR

Acima, Dante e Virgílio visitando o Inferno, obra de Rafael Flores (1832-1886). Óleo sobre tela, 1855. Museu Nacional de Arte – MUNAL, Cidade do México, México.WIKIMEDIA COMMONS

Ao lado, detalhe da Porta do Paraíso do Batistério de Florença. História de José. Placa de bronze. Réplica a partir do original de Lorenzo Ghiberti (1378-1455). Obra iniciada em 1425 e hoje no Museo dell’Opera del Duomo, Florença, Itália.WIKIMEDIA COMMONS

Cenografia da cosmografia ptolomaica. Carta mostrando os símbolos do zodíaco e do Sistema Solar, tendo a Terra ao centro. Atlas Harmonia Macrocosmica, de Andreas Cellarius. Editado por Johannes Jansonius (Johannes van Loon) em 1660/1661. Biblioteca Nacional da Austrália. WIKIMEDIA COMMONS

Ao lado, monumento a Giordano Bruno (1548-1600). Pietrasanta, Toscana, Itália.

FOTO DAVIDE PAPALINI / WIKIMEDIA COMMONS

Abaixo, retrato de Nicolau Maquiavel (1469-1527),

feito por Santi di Tito (1536-1603) na segunda metade do século 16.

Palazzo Vechio, Florença, Itália.WIKIMEDIA COMMONS

De Re Aedificatoria, obra de 1452de Leon Battista Alberti

(1404-1472). Página de rosto da tradução de Giacomo Leoni

para o inglês (1726). Biblioteca da Universidade de Heidelberg, Alemanha.

WIKIMEDIA COMMONS

À esquerda, planta de Paris (c. 1550) de Olivier Truschet e Germain Hoyau. Fac-símile Seefeld, Zurique, Suíça, 1980.WIKIMEDIA COMMONS

Abaixo, panorama de Florença (1557) de autoria incerta. Coleção do conde Magnus Gabriel De La Gardie (1622-1686). Biblioteca Nacional da Suécia.BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL

Cópia da segunda edição do primeiro livro

da obra Essais, de Montaigne, com as correções, anotações

e adições do autor no ensaio nº 27,

intitulado De l’amitié (‘Sobre a Amizade’),

para a terceira (e última) edição da obra.

Exemplar de Bordeaux, Universidade de Chicago.

WIKIMEDIA COMMONS

Anunciação, obra de Leonardo da Vinci (1452-1519). Óleo sobre madeira, c. 1472. Galeria Uffizi, Florença, Itália.

WIKIMEDIA COMMONS

À direita, Sibila Délfica, obra de Michelangelo (1475-1564).

Afresco, c. 1509. Capela Sistina, Vaticano.WIKIMEDIA COMMONS

Abaixo, Dinheiro dos Tributos, obra de Masaccio (1401-1428). Afresco, 1425. Capela Brancacci,

Basílica de Santa Maria del Carmine, Florença, Itália.WIKIMEDIA COMMONS

Madonna do Prado, obra de Rafael Sanzio (1483-1520). Óleo sobre madeira, 1506. Museu de História da Arte de Viena, Áustria.WIKIMEDIA COMMONS

Vênus, Marte e o Cupido, obra de Piero de Cosimo

(1462-1521). Óleo sobre madeira,

c. 1505. Gemäldegalerie,

Berlim, Alemanha.WIKIMEDIA COMMONS

Carta planetária. Sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico (1473-1543). Atlas Coelestis, 1660. Biblioteca Britânica. WIKIMEDIA COMMONS