fogo que purifica (tratado sobre las Ánimas)

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Fogo que Purifica (Tratado Sobre as Almas do Purgatório) Padre Ágio Augusto Moreira

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Tratado sobre las Benditas Ánimas del purgatorio. En portugués.

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Page 1: Fogo Que Purifica (Tratado Sobre Las Ánimas)

Fogo que Purifi ca(Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Padre Ágio Augusto Moreira

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Page 3: Fogo Que Purifica (Tratado Sobre Las Ánimas)

Fogo que Purifi ca(Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

BelmonteCrato - Ceará

2010

Padre Ágio Augusto Moreira

Page 4: Fogo Que Purifica (Tratado Sobre Las Ánimas)

EDITORASExpressão Gráfi ca

A Província Editora

APOIO CULTURALArmando Lopes Rafael

DIGITAÇÃOJoão Bosco Belchior Vilar

Luiz Carlos de SouzaEmanuel Belchior Vilar

ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICAJoão Bosco Belchior Vilar

ARTE FINALEd Batalha

REVISÃO GRAMATICALProfessor Miguel da Costa Barros

SUPERVISÃOMonsenhor Ágio Augusto Moreira

M835f Moreira, Ágio Augusto Fogo que Purifi ca (Tratado sobre as Almas do Purgatório)./Ágio Augus-

to Moreira [Padre].- Fortaleza: Expressão Gráfi ca Editora, 2010. 240 p. ISBN: 978-85-7563-528-5

1. Purgatório- tratado 2.Purgatório- Almas I. Moreira, Ágio Augusto II.Título CDD: 236.5

Catalogação na Fonte

Page 5: Fogo Que Purifica (Tratado Sobre Las Ánimas)

SUMÁRIO

PRIMEIRA PARTEExistência do Purgatório

01. O Purgatório Existe? ................................................................................1302. Tese Católica ..............................................................................................1503. Tradição dos Padres ..................................................................................1604. Os Concílios ..............................................................................................1705. Exéquias Eclesiásticas ...............................................................................1906. Novas Disposições do Direito Canônico ............................................1907. Razão de Conveniência ...........................................................................2008. Sentimentos do Coração .........................................................................2109. Ministro Extraordinário das Exéquias .................................................22

SEGUNDA PARTENatureza do Purgatório

10. Morte e Vida ..............................................................................................2511. O Sofrimento do Purgatório ..................................................................2612. A Pena do Dano ........................................................................................2913. A Pena dos Sentidos .................................................................................3114. A Duração do Purgatório ........................................................................3415. Longo e Breve Purgatório .......................................................................3616. Minutos Parecem Séculos .......................................................................3817. Mistério do Purgatório ............................................................................3918. Duração Positiva no Purgatório ............................................................4019. Alegrias e Consolações ............................................................................4120. Estado das Almas do Purgatório ............................................................4221. Falsas Canonizações .................................................................................4422. Lugar de Misericórdia e Purifi cação .....................................................4623. Atração das Almas ....................................................................................4724. Purgatório, Ato de Amor ........................................................................48

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TERCEIRA PARTEAs Videntes e Instruções dadas pelas Almas

25. A Vidente Santa Catarina de Gênova ..................................................5326. A Vidente Beata Ana Taigi .....................................................................5627. A Vidente Ágata Simma ..........................................................................5928. A Caminho da Vocação ...........................................................................5929. O Que é uma Aparição? ..........................................................................6130. Muita Cautela nas Aparições .................................................................6231. As Primeiras Aparições da Vidente Simma .........................................6432. Sofrimentos Expiatórios por Outras Almas ........................................6533. Perguntas às Videntes Ágata e Ana .......................................................6634. Instruções dadas pelas Almas através das Videntes ............................6935. Deus Exige uma Expiação .......................................................................7036. Maria SS. Mãe de Misericórdia ..............................................................7137. Balança entre o Purgatório e o Inferno ................................................7238. Por Que Faço Conferências? ..................................................................7339. A Vidente Irmã M. D. I. C. ....................................................................7440. A Vidente Maria Luiza Richard (Madame Brault) ...........................75

QUARTA PARTEO Purgatório Através das Aparições (Revelação de M.G. à Irmã M. D. I. C.)

41. O Purgatório e seus graus ........................................................................7942. Onde está o Purgatório? ..........................................................................8243. O Fogo do Purgatório ..............................................................................8444. Qual é Maior Sofrimento? ......................................................................8545. Após a Separação do Corpo ...................................................................8746. Quando uma Alma vai para o Céu? ......................................................8847. Expiação e Desapego ................................................................................9048. Como Aparecem as Almas do Purgatório? .........................................9149. As Almas se Comunicam? ......................................................................9250. O Que Deus Mais Ouve? ........................................................................9451. Eis o que Jesus Exige de Vós ....................................................................9552. Amor e Sacrifício ......................................................................................9653. União com Deus através da Renúncia ..................................................98

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QUINTA PARTEComo Evitar o Purgatório

54. Exercício da Vida Interior .....................................................................10155. Ensinamentos da Irmã M. G. ................................................................10356. Jesus, Mediador das Almas ...................................................................10557. A Graça de Deus .....................................................................................10658. Jesus Sacramentado nas Igrejas ............................................................10759. Vida Espiritual nas Pequenas Coisas ..................................................10860. Piedade, Hipocrisia e Caridade (Mensagem da Irmã M. G.) ........11061. Chamas de Amor ....................................................................................111

SEXTA PARTEMeios de Aliviar e Libertar as Almas do Purgatório

62. Sufrágios pelas Almas ............................................................................11563. Mensagens dos Santos Padres ..............................................................11764. O Maior Sufrágio ...................................................................................11965. Comunhão ...............................................................................................12166. Via Sacra e Orações Pelos Mortos .......................................................12367. A Esmola ..................................................................................................12568. Água Benta ...............................................................................................12769. Velas Bentas .............................................................................................128

SÉTIMA PARTEDevoção às Almas do Purgatório

70. Em que Consiste? ...................................................................................13171. A Voz da Gratidão ..................................................................................13472. Intercessão das Almas ............................................................................13573. Conhecimento de Deus ........................................................................13774. Visão de Santa Gertrudes ......................................................................13975. Alegria e Sofrimento ..............................................................................14076. Alegria nos Tormentos ..........................................................................14177. Tempo Precioso .......................................................................................14278. O Purgatório Tremendo ........................................................................144

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OITAVA PARTEMensagens das Almas

79. Misericórdia e Caridade ........................................................................14980. Perguntas e Respostas ............................................................................15081. Morte, Máxima Penitência ...................................................................15282. Nossos Sofrimentos ................................................................................15383. Santifi cai o Dia do Senhor ....................................................................15484. O Sofrimento como Satisfação ............................................................15585. Comunhão, Poderoso Sufrágio ...........................................................15686. Confi ssão dos Pecados ...........................................................................15787. Memento Morti ......................................................................................158

NONA PARTEContos e Fatos sobre o Purgatório

88. Fogo Real ..................................................................................................16189. Duração ....................................................................................................16390. Devoção às Almas ...................................................................................16691. Missas pelas Almas .................................................................................16792. Luta Contra o Demônio .......................................................................16993. Devoção do Rosário ...............................................................................17094. Revelações de Santa Francisca ..............................................................17295. Oração do Pai Nosso ..............................................................................17496. A Alma do Sacerdote .............................................................................17597. Caridade para com as Almas ................................................................17798. Oração pelas Almas ................................................................................17899. Visão de Santa Perpétua e Santa Gertrudes ......................................180100. Aparição a São João Bosco ..................................................................181101. Conservar a Vida ..................................................................................182102. Mãe do Missionário .............................................................................184103. Assistência à Missa ...............................................................................184104. Julgamento de Deus .............................................................................185105. Terrível Purgatório ...............................................................................187106. Uma Missa Salva uma Alma ...............................................................188

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DÉCIMA PARTEIndulgências

107. Noção Geral sobre as Indulgências ...............................................191108. Condições para Lucrar Indulgências ...........................................192109. Indulgências aplicadas às Almas ....................................................193110. Indulgências a favor das Almas ......................................................194111. Promessas de São Miguel Arcanjo ................................................196112. A Vida Eterna ....................................................................................196113. Tesouro das Indulgências ................................................................198

DÉCIMA PRIMEIRA PARTEDos Sufrágios pelas Almas do Purgatório

114. Responso ............................................................................................201115. Salmo “De Porfundis” .....................................................................202116. Novena das Almas ............................................................................202117. Ladainha pelos Fieis Defuntos ......................................................204118. Orações Diversas ..............................................................................206119. Súplica ................................................................................................208120. Memento dos Mortos ......................................................................209121. Breve Exercício para cada dia da Semana ....................................209122. “Miserere” (Tende Piedade) ...........................................................211123. “Ave Maria” (Meditada pelas Almas) ...........................................212124. “Pai Nosso” (Mechtilde) .................................................................213125. Novena Prodigiosa em Sufrágio das Almas do Purgatório ......215

APÊNDICE

01) Conversão através da Vidente Águeda Simma ............................21702) Uma Janela para o Além ou Museu Cristão ..................................21703) Valor e Elenco dos Objetos Raros ..................................................218

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TRATADO DO PURGATÓRIO(Por Santa Catarina de Gênova)

1. Conformidade com a Vontade de Deus ............................................2242. Alegria das Almas no Purgatório .......................................................2253. Penas das Almas do Purgatório ..........................................................2264. Diferença entre os condenados e as almas do Purgatório .............2265. Deus mostra sua Bondade aos próprios condenados .....................2276. As Almas do Purgatório ......................................................................2287. O Inferno e o Purgatório .....................................................................2288. Condenação ao Inferno .......................................................................2289. Lançamento no Purgatório .................................................................22810. Necessidade do Purgatório ...............................................................22911. Natureza Terrível do Purgatório ......................................................22912. Conformidade entre Deus e a Alma ...............................................22913. Como Deus purifi ca as Almas (Como Ouro no Crisol) ............23014. Ardente Desejo das Almas ................................................................23115. Alegria e Dor das Almas Purgantes .................................................23216. As Almas Padecentes não podem merecer ....................................23317. As Almas Querem a Sua Perfeita Purifi cação ................................23318. Exortações e Reprimendas aos Vivos ..............................................23319. Sofrimento Espontâneo e Alegria das Almas Purgantes ............23420. Conclusão da Santa Catarina sobre a Doutrina do Purgatório .234

TERÇO PELAS ALMAS .............................................................237

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................239

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DEDICATÓRIA

É com muito afeto e amor que dedico a presente obra à minha mãe Rai-munda Pereira de Castro, de saudosa memória.

Pois, desde o berço, ela despertou em mim a devoção às almas do purgatório.

Quando criança, rezando o terço com ela ou recitando o ofício popular, eu pedia as almas que não me aparecessem.

Minha mãe tinha uma devoção sólida. Ela sabia que entre os sufrágios poderosos a favor das almas, estava a celebração da Santa Missa.

Portanto, ela fazia questão de complementar a arrecadação, por meio de seu trabalho pessoal.

Muitas vezes, eu me oferecia para celebrar independentemente de qual-quer espórtula, mas ela não aceitava. Na sua formação espiritual, recebida diretamente do virtuoso Pe. Joaquim Sother de Alencar, todos os atos feitos com sacrifício têm muito merecimento para a outra vida. Daí, ela oferecia o sacrifício de seu trabalho para unir ao sacrifício do altar a favor das benditas e santas Almas do Purgatório.

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Existência do Purgatório

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

I PARTEExistência do Purgatório

Estudo sobre o purgatório(Existência, Fatos e Opiniões)

01 – O purgatório existe?Estado de Questão – É um lugar de justiça e de misericórdia divina.

De Justiça, pois as almas que passam por lá, após a morte, têm que pagar toda dívida que contraíram aqui na terra.

De Misericórdia, pois Deus reconhece as boas obras praticadas, durante a vida mortal.

Quanto à origem nominal – Vem de duas palavras latinas a saber: o adjetivo purus que significa limpo,puro, mais o verbo ago que significa fa-zer, tornar. Daí se formou a palavra purgare que vem a ser alimpar, tornar limpo, purificar.

Portanto, o Purgatório é o lugar de purifi cação. Quanto ao sentido real do termo – É um lugar em que as almas se puri-

fi cam de suas faltas. É um lugar, ou melhor, estado em que as almas dos justos, com pecado venial não perdoado, ou com pena temporal a pagar, sofrem até a purifi cação de todas as manchas. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o purgatório é a purifi cação fi nal dos “eleitos”. (Do Catecismo da Igreja Católica nº 1031). É um lugar espiritual, onde as almas se alimpam ou se purifi cam de suas imperfeições.

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As Penas do PecadoO pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da co-

munhão com Deus e, consequentemente, nos torna incapazes da vida eterna; esta privação chama-se “pena eterna” do pecado.

Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudi-cial às criaturas e exige purifi cação, quer na terra, quer depois da morte, no exato chamado purgatório. Esta purifi cação liberta da chamada “pena tem-poral” do pecado.

Pena Eterna e Pena Temporal“Estas duas penas não devem ser concebidas como espécie de vingança do

pecado e infl igidas por Deus, do exterior, mas antes como uma consequência da própria natureza do pecado”. ( Do Catecismo da Igreja Católica nº 1472 )

Perdão dos Pecados “O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam

a remissão das penas eternas do pecado”. Mas permanecem as penas temporais do pecado. (Do Catecismo da Igreja Católica nº 1473). Para se libertar das pe-nas temporais, o cristão, segundo o Catecismo Católico, deve esforçar-se para:

- suportar pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo;- enfrentar serenamente a morte, quando chegar a hora;- aceitar como uma graça essas penas temporais do pecado;- despojar-se completamente do velho homem para revestir-se do homem

novo. (Do Catecismo nº 1473)

Quanto ao sentido moral – O Purgatório é um lugar de paz. Lá só existe a doce paz dos eleitos que aguardam resignados, cheios de amor e de esperança, a entrada no céu. Por conseguinte, o purgatório é a entrada ou passaporte para o céu, quando há pecados para serem perdoados.

Quanto ao conceito de pecado – Segundo Santo Tomás de Aquino, o teólogo Suarez apontam três espécies de culpa:

1ª) Pecado Venial – pecado não perdoado;2ª) Hábitos maus que foram perdoados, mas não houve penitência;3ª) Pena Temporal – signifi ca a satisfação para merecer os sufrágios.

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Erros quanto à Doutrina do Purgatório

1º) Ário, Séc. IV, afi rmou que rezar ou fazer sacrifício a favor dos mortos é uma coisa vã;

2º) Albigenses e principalmente os inovadores, como Lutero, ensinaram que purgatório é “meram diaboli larvam” ;

3º) Calvino afi rma: “exitiale commentum satanae”;4º) Modernos Protestantes, não poucos, admitem de boa vontade que

existe um estado entre o céu e o inferno, mas rejeitam o nome de purgatório e asseguram que as almas podem merecer e satisfazer neste estado.

O purgatório é um lugar de suplício, onde as almas dos justos purifi cados acabam de purgar as suas faltas.

02 – Tese CatólicaExiste o purgatório, no qual as almas dos justos, que ainda, não expiaram

plenamente, se purifi cam das penas e podem receber sufrágios dos fi éis.Prova-se pelos textos da Sagrada Escritura, Tradição dos Padres, pelos

Concílios Provinciais e Ecumênicos, pela razão de Conveniência e pelos Sen-timentos do coração.

Antigo Testamento

Eis o texto clássico de Judas Macabeu:“O nobre Judas pediu ao povo para fi car longe do pecado, pois acabava

de ver, com seus próprios olhos, o que tinha acontecido, por causa do pecado daqueles que tinham morrido na batalha.”

Então, fi zeram uma coleta individual, reuniram duas mil moedas de prata e mandaram a Jerusalém, a fi m de que fosse oferecido um sacrifício pelo peca-do. Ele agiu com grande retidão, pensando na ressurreição; se não tivesse es-perança na ressurreição, nos que tinham morrido na batalha, seria coisa inútil e tola rezar pelos mortos. Mas, considerando que existe uma bela recompensa guardada para aqueles que são fi éis até a morte, então, esse é um pensamento santo e piedoso. Por isso, mandou oferecer um sacrifício pelo pecado dos que tinham morrido, para que fossem libertados do pecado. (2 Mc XII 48)

Nota bene: Os protestantes negam a existência do 2º Livro dos Macabeus.

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Novo Testamento

- “Quem disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem disser algo contra o Espírito Santo nunca será perdoado, nem neste mundo, nem no outro que há de vir.” (Mt XII,32)

Aqui, a expressão ‘que há de vir’ é o purgatório; logo, há pecados que são perdoados no outro mundo, no purgatório.

03 – Tradição dos Padres

Inscrições das Catacumbas

As inscrições das catacumbas demonstram que os primeiros cristãos ora-vam pelos mortos.

Pelos quatro primeiros séculos, a existência do purgatório já era aceita, pela prática universal de fazer orações e oferecer sacrifícios em favor das almas, ensinada pelos santos padres. Exemplo: “Ursula, acepta sis Christo. Aeterna tibi lex Timothea in Cristo”. Victoria refrigeretur…

Afi rmações dos Santos Padres

a) Tertuliano exorta uma viúva cristã a conservar pelo falecido esposo a mesma ternura, rezando por ele.

b) São João Crisóstomo: Perguntaram a ele o que era preciso fazer pelos defuntos. Respondeu ele: ”É preciso ajudá-los com ardentes súplicas e especialmente com a prece litúrgica, por excelência, o Santo Sacrifício da Missa”.

c) Santo Ambrósio: Escrevendo a Faustino diz: “Chorai menos e rezai mais. Derramai lágrimas, isto é permitido, mas não deixeis de reco-mendar ao Senhor a irmã querida que vos deixou.”

d) São Cipriano: Em Cartago, no 3º séc., fala do sufrágio dos mortos que ele recebera da tradição de seus predecessores.

e) Santo Agostinho: Ele louva a Parchius, porque, em vez de rosas, lírios e violetas sobre os túmulos, derrama o perfume da esmola sobre as cinzas dos mortos queridos. Ele diz mais claramente, num sermão aos seus diocesanos de Hipona:

“Não há dúvida de que as orações da Igreja e o sacrifício salutar e as es-molas dos fi éis ajudam os defuntos a serem tratados mais docemente do que mereciam os seus pecados.”

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“O que aprendemos de nossos pais, diz o Santo Doutor, e o que a Igreja Católica observa é fazer memória no Sacrifício dos que morreram em Comu-nhão do Corpo e Sangue de Cristo, e rezar e oferecer por eles o sacrifício. Pede orações no santo Altar pela alma de Mônica, sua mãe.”

f ) São Gregório Naziazeno: “Recomendamos a Deus as almas dos fi éis que chegaram antes de nós ao lugar de repouso.”

g) São Cirilo escreve – “Não é por lágrimas que se socorre um defunto, mas pelas orações e esmolas”.

h) São Cesário e São Gregório Magno trataram sobre o purgatório. Em Constituições Apostólicas encontramos: “Oremus Pro fratribus nos-tris, qui in Christo requierunt. Em vernáculo: “Rezemos pelos nossos irmãos que morreram em Cristo.”

Na antiga liturgia, encontram-se preces pro defunctis.A Igreja, porém, não ora pro reprobis, isto é, os condenados.

04 – Os ConcíliosProva-se pelos concílios provinciais e ecumênicos, a partir do ano 312.

Concílios Provinciais

Inúmeras assembléias provinciais e ecumênicas afi rmaram o dogma do purgatório e recomendaram os sufrágios e orações pelas almas. Eis os concílios provinciais:

1º. de Cartago, ano 312, cânone 292º. de Ordens, ano 533, cânone 143º. de Praga, ano 563, cânone 344º. de Chalon Sur Saône em 580

Concílios Ecumênicos

Os concílios de Latrão, Florença e sobretudo o Concílio de Trento que não defi niram a natureza do fogo do purgatório, mas afi rmaram os pontos es-senciais do dogma, da seguinte forma:

“A Igreja Católica, de conformidade com a Sagrada Escritura e a antiga tradição dos padres, ensinou, nos Concílios anteriores e no presente sínodo universal, que existe um lugar de expiação e que as almas ali encerradas podem ser aliviadas, pelos sufrágios dos fi éis e principalmente pelo sacrifício do Altar.”

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“O Santo Concílio ordena aos Bispos que tomem cuidado para que uma pura doutrina no que diz respeito ao purgatório, conforme a tradição dos san-tos padres e dos concílios, seja acreditada e sustentada por todos os que perten-cem à Igreja e seja ensinada e pregada em toda parte.”

“As questões difíceis e árduas neste ponto, que não poderiam servir para a edificação e nem favorecer a piedade, devem ser evitadas nas exor-tações ao povo.”

“É mister também evitar a exposição de opiniões incertas e com aparên-cias de erro.”

E defi nindo concluíram:“Se alguém disser que à graça da justifi cação, a culpa e a pena eterna são

de tal modo perdoadas ao penitente, que não resta pena temporal a sofrer, neste mundo e no outro, no purgatório, antes de entrar no reino dos céus, seja anátema.”

E outro cânon:“Se alguém disser que o santo sacrifício da missa não deve ser oferecido a

favor dos vivos e mortos, pelos pecados e penas, satisfações e outras necessida-des, seja anátema.”

Eis aí toda a Doutrina da Igreja sobre o purgatório. Que se conclui, então?Há dois pontos, perfeita e claramente defi nidos e que somos obrigados

a crer.1º) “Existe um lugar de purifi cação temporária para as almas justifi cadas

que saem desta vida, sem completa penitência dos seus pecados.”2º) “Os sufrágios dos fi éis, e especialmente o Santo Sacrifício da Missa,

são úteis às almas.”Eis aí, em síntese, a Doutrina da Igreja a respeito do purgatório, segundo

os Concílios Provinciais e Ecumênicos. O purgatório existe, é um Dogma de fé e por isso todos os fi éis da Igreja Católica são obrigados a acreditar.

Nos Primeiros SéculosSegundo o testemunho de Tertuliano e dos Santos Padres, como tam-

bém os monumentos, os cristãos sufragaram os mortos com orações e pelo Santo Sacrifício da Santa Missa celebrada sobre as sepulturas.

De tal modo que nos epitáfi os das catacumbas se encontram belas preces pelos mortos.

Perguntaram a São João Crisóstomo o que era preciso fazer pelos defun-tos. Respondeu ele: “É preciso ajudá-los com ardentes preces e especialmente com a prece litúrgica, por excelência, o Santo Sacrifício da Missa.”

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05 – Exéquias EclesiásticasO ritual das exéquias, reformado após o Concílio Vaticano II, foi pro-

mulgado por Decreto da Sagrada Congregação para o Culto Divino, de 15 de agosto de 1969.

Através do Código de Direito Canônico ou Eclesiástico, temos os seguin-tes cânones que confi rmam a existência do purgatório.

Vejamos:Can. 1176 – Parag. 1 – Celebrem-se exéquias eclesiásticas pelos fi éis de-

funtos, de acordo com o Direito.Parag. 2 – As exéquias eclesiásticas, com as quais a Igreja suplica para os

defuntos o auxílio espiritual, honram seus corpos e, ao mesmo tempo, dão aos vivos o consolo da esperança; sejam celebradas de acordo com as leis litúrgicas;

Can. 1177 – parag. 1 – As exéquias em favor de qualquer fi el devem ser celebradas, geralmente na própria Igreja Paroquial;

Can. 1185 – A quem se negaram exéquias eclesiásticas deve-se negar tam-bém qualquer Missa exequial.

Os cânones aqui apresentados mostram que a Igreja, através de seu Direi-to Canônico, aceita a existência tradicional do Purgatório, a ponto de estabe-lecer normas para as exéquias.

Valor dos Funerais“Os funerais, por edifi cantes que sejam, são antes consolo para os vivos do

que socorro para os mortos. Contudo, aí está um dever cristão, e seria injusto não conservar tais cerimônias. Mas que não são absolutamente necessárias à salvação dos defuntos”, afi rma Santo Agostinho.

06 – Novas Disposições do Código de Direito CanônicoSegundo novas disposições do Código do Direito Canônico, a partir

da intervenção do Papa Paulo VI, através de decreto da Congregação para a Doutrina da Fé, de 15 de novembro de 1966, publicado nas Atas da Santa Sé (AAS) volume 58, pág. 1186, todos os escritos referentes a reclamações priva-das (aparições, visões e locuções interiores, milagres, profecias, etc...) podem ser publicados e lidos pelos fi éis, sem licença prévia e expressa da autoridade eclesiástica, contanto que se observe a moral cristã geral.

O Decreto da Congregação para a Doutrina da Fé (AAS), nº 58/6, de 20-12-1966, já estava aprovado pelo Papa Paulo VI, na data 14-10-1966, e foi publi-

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cado por vontade do próprio Sumo Pontífi ce. Três meses depois da publicação, o decreto foi convalidado, pelo que não é mais proibido divulgar sem o “imprima-tur” escritos referentes às novas aparições, revelações, profecias e milagres.

O Concílio Vaticano II reconheceu o direito à informação leal entre as pessoas honestas, após 15-11-66; os cânones 1399 e 2318 não vigoram mais. (Documentação Católica nº 1488, pág. 327)

07 – Razão de ConveniênciaPor que existe o purgatório?A razão de ser do purgatório é o pecado. Só entra no céu a alma purifi cada

e digna da visão beatifi ca, pois o pecado separa a alma de Deus para sempre, daí o nome de pecado mortal.

No entanto, a misericórdia divina e infi nita de Deus, diante do pecador arrependido, dá o perdão e a graça da amizade.

Mas o pecador fi ca devendo à justiça divina. Ao receber a graça do perdão, o pecador fi ca obrigado a pagar a dívida satisfazendo a bondade de Deus, atra-vés da oração e da penitência.

“O pobre pecador, culpado de muitas faltas veniais, passa dessa vida para a outra, a fi m de prestar contas a Deus.”

Ora, não se pode condenar eternamente uma alma que só tem faltas e imperfeições, isto é, que não cometeu pecados graves ou mortais.

Para tais almas deve existir um lugar especial para serem purifi cadas.Outrossim, as pessoas que cometeram pecados graves ou mortais, mas se

arrependeram e receberam a graça do perdão, tais almas, se não fi zerem peni-tência, estão sujeitas a passar pelo purgatório.

De tal maneira que, se durante a vida não pagou devidamente toda a dívida, ou a morte surpreendeu, e o tempo não foi suficiente para pôr em dia as suas contas com Deus, então o único recurso para o pecador é passar pelo purgatório.

O Mons. Ascânio Brandão afi rma no seu folheto “O Purgatório” o se-guinte: pode-se ir para o purgatório por três motivos:

1º. Pelos pecados veniais não remidos ou perdoados neste mundo;2º. Pelas inclinações viciosas deixadas em nossa alma pelo hábito do pecado;3º. Pela pena temporal devida a todo pecado mortal ou venial, cometido de-

pois do Batismo e não expiado, ou mesmo expiado insufi cientemente nesta vida.“Depois da morte, não há mais reparação, nem penitência, nem mérito.”Havemos de pagar a dívida de nossos pecados, até o último centavo, como

afi rma o Evangelho.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Segundo o grande Conde de Maistre, a existência do Purgatório se apoia na natureza de Deus e na natureza do homem.

Digo na natureza de Deus. Deus é santidade, justiça e caridade. Como san-to, Deus não pode admitir união entre a sua pureza infi nita e nossas manchas.

Como Deus é bom! Não pode deixar perecer para sempre a obra das suas mãos que lhe implora o perdão. Daí a necessidade de um lugar de expiação.

A razão do purgatório também se baseia na natureza humana.“Está na natureza do homem procurar se purifi car para ter um alívio, por-

que a falta coloca o homem em desarmonia com seu fi m último.”Ora, a alma não pode se purifi car sem sofrimento, sem penas.O purgatório, portanto, é esta expiação, esta purifi cação que a alma pro-

cura.Para tornar a alma apta a gozar a felicidade de Deus, sem as manchas de

suas faltas, é necessária, indispensável a existência do purgatório.”

Resumo

O purgatório existe pela razão: Pecados veniais ou pecados livres são re-midos ou não perdoados neste mundo.

08 – Sentimentos do Coração Há muitos entes queridos que deixaram esta vida. Muitos praticaram a

caridade, mas cometeram muitas falhas. Outros passaram para o outro mundo com boas disposições, mas negli-

genciaram nos seus deveres de cristão.Ainda muitos tiveram a sorte de receber o perdão dos pecados, na última

hora, mas não deu mais tempo fazer penitência.Todavia o coração fala-nos que tais pessoas que morreram nessas circuns-

tâncias não podem receber a condenação eterna. Com certeza eram caridosas, possuíam qualidades apreciáveis e certamente fi zeram algum bem em vida.

Admitir que, após a morte, estejam no céu, depois de tantas faltas e defei-tos, sem ter feito penitência, não podemos aceitar.

Da mesma forma, não podemos afi rmar que tais pessoas estejam conde-nadas, pois seria muito inaceitável.

A idéia do purgatório se impõe necessariamente à nossa razão, antes que se impõe à nossa Fé.

Eis os pensamentos dos virtuosos ministros de Deus sobre o purgatório:

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Do Padre Faber: “O purgatório explica os enigmas deste mundo.”“Dá solução a uma multidão de difi culdades.”“Em face desse sistema, poderíamos chamá-lo de o oitavo e terrível sacra-

mento do fogo, que atinge as almas, às quais os sete sacramentos não deram uma pureza perfeita.”

“O purgatório é uma invenção de Deus para multiplicar os frutos da pai-xão de Nosso Salvador e que Ele estabeleceu prevendo a grande multidão de homens que deveriam morrer no amor de Deus, mas de amor imperfeito.”

“Não é uma continuação, além do cúmulo das misericórdias prodigaliza-das no leito de morte?”

Isto os esclarece tanto e nos faz supor que muitos católicos se salvam, principalmente os que viveram neste mundo na pobreza, no sofrimento e nas provações.

Do Monsenhor Baugoud: “O dogma do purgatório também encontra fundamentos e raízes no coração humano. É um intermediário entre a justiça e a misericórdia, como o divino auxiliar do amor”.

Tirar o purgatório e a justiça seria terrível. Seria inexorável. Felizmente está aí o purgatório. O amor infi nito de Deus o criou.

“O purgatório não serve apenas para temperar e satisfazer a justiça. Ser-ve também para dilatar a misericórdia. Serve para explicar a misericórdia de Deus que se contenta, na hora da morte, com um pouco de arrependimento do pecador.”

Do Monsenhor Tiamer Toth: “O purgatório é a melhor resposta aos er-ros da reencarnação. Há um sofrimento purifi cador depois desta vida.”

“O Cristianismo ensinou isto, muito antes que as fi losofi as nebulosas do oriente semeassem na alma do homem moderno o erro da reencarnação, que não tem a seu favor argumento de espécie alguma.”

09 – Ministro Extraordinário das ExéquiasAtribuições do Ministro Extraordinário das Exéquias:

01. Dirigir a celebração da palavra de Deus em velórios;02. Orientar a reza do terço em velórios e no cemitério;03. Presidir ao ritual da encomendação, mas só na falta do Ministro Ordenado;04. Acompanhar os enterros, fazendo as orações de despedida;05. Dirigir, quando na ausência do sacerdote, as celebrações de 7º dia.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Orientações Gerais

01. Na ausência do sacerdote, o Ministro Extraordinário das exéquias pode celebrar a encomendação, a saber: Na Igreja ou na casa, onde o velório foi realizado;

02. Pode também o Ministro Extraordinário efetuar a celebração da pala-vra de Deus no Velório, a celebração de 7º dia e as celebrações, no cemitério, de corpo presente ou no aniversário de morte;

03. Em qualquer das celebrações, é importante que o Ministro seja um sinal de Esperança e Vida.

Em nome da Igreja, evangelizadora por natureza e missão, ele deve procla-mar a Fé na ressurreição, sempre respeitando a dor e o sofrimento que a perda de um ente querido traz consigo;

04. Na Igreja, em casa ou no cemitério, o Ministro pode e deve dar uma mensagem que edifi que e console a todos que participam da celebração, espe-cialmente a família enlutada. Esta mensagem deve ser simples e breve;

05. “É interessante que o Ministro, em qualquer uma das celebrações acima enunciadas, esteja usando uma bata distintiva, segundo o uso da Comunidade”.

Também nós pregamos que há purifi cação além-túmulo. Esta purifi cação se faz na justiça de Deus e com o fi m de salvar uma alma, por toda a eternidade, e torná-la digna da pureza infi nita, que é Deus.

O purgatório é um combate aos erros do espiritismo, porque nos manda orar e sufragar os mortos, sem se preocupar em conversar com eles, na certeza de que estão nas mãos da divina justiça e não podem se comunicar com os vivos.

Que o não dogma racional e de quantos erros e superstições nos livra!”

Do Padre Faber: “O purgatório existe pelo sentimento. Encontra fun-damentos e razões no coração humano. É um instrumento entre a justiça e a misericórdia.”

“Tirar o purgatório, a justiça divina seria terrível.”“O purgatório serve para explicar a misericórdia de Deus, na hora da

morte.”Enfi m, é o 8º Sacramento, de fogo”, que atinge as almas, às quais os sete sacramentos não deram uma perfeição.

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Natureza do Purgatório

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II PARTENatureza do Purgatório

10 – Morte e Vida

“Vita mutatur”

“Non tollitur” (Do prefácio da Missa de Réquiem).Em vernáculo: A vida não foi tirada, nem desapareceu, mas mudou-se.A morte é a porta da eternidade.Os mortos lutam e sofrem para pagar as suas dívidas, contraídas durante

a vida mortal. Mas vale a pena, porque descansam realmente das fadigas e das lutas desta vida.

Post mortem judicium... Quer dizer, “depois da morte o juízo”.No juízo particular, há um exame rigoroso de tudo, é uma prestação de con-

tas minuciosa até “de uma palavra ociosa”. Diz Jesus no Evangelho (Mt XII, 36 )

Post Judicium... “Depois do juízo, poderíamos dizer, em geral, vem o purgatório.”

De qualquer modo, breve ou longo, o purgatório já está garantindo a en-trada no céu. Por conseguinte, podemos afi rmar teologicamente que o purga-tório é a entrada ou passaporte para o céu.

Refl exão: Ninguém veio ao mundo porque quis. Também, ninguém veio ao mundo por acaso. Ninguém planejou a sua vinda ao mundo e nem tampou-co apareceu no mundo por si mesmo.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

A nossa existência foi concebida nos planos do Criador. A realidade da nossa existência não é outra coisa do que a vontade expressa de Deus, que nos colocou na terra, independentemente de nossa vontade. Portanto, foi por ato sublime, infi nito amor, que Deus nos criou.

Como não houve correspondência da nossa parte, no que toca ao estado de graça e santidade, Deus nos castigou com a morte, até o dia da ressurreição da carne, no fi nal dos tempos.

Mas, mesmo assim, muitos abusaram da graça da Redenção, e o santo ve-lho Simeão, ao tomar nos seus braços o menino Jesus, expressou:

“Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos... Ele será um sinal de contradição.” ( Lc II, 34)

Então, o amor de Deus é infi nito, este mesmo amor que criou e resgatou a humanidade inventando o purgatório, como última chance para restituir o estado de graça e santidade da maior parte da humanidade. Portanto,o purga-tório é a derradeira tábua de salvação.

É preciso fi car ciente de que Deus criou o purgatório não por vingança, mas por amor.

A vida em si é um mistério insondável, pois só após a morte que chegare-mos a conhecer a realidade da vida.

A vida é transitória e, ao mesmo tempo, é a abertura para a eternidade.A morte é um golpe tão duro que torna a criatura incapaz de acostumar-

se, principalmente quando súbita.Apesar de ser certa, aparece sem aviso prévio, vem como ladrão, segundo

o Evangelho.Ela provoca choro, tristeza e saudades e até desespero para quem não tem

formação cristã.As lágrimas que derramamos são justas, mormente quando se trata de en-

tes queridos. No entanto, devemos chorar de uma maneira cristã, segundo o conselho do Monsenhor Ascânio Brandão:

“É mister lembrar-se deles (parentes), mais com orações e sufrágios do que com lágrimas estéreis.”

11 – O Sofrimento do PurgatórioNoção: Há dois sofrimentos distintos, duas penas principais, a saber:- a pena do dano ou separação de Deus;- a pena do sentido ou tormento do fogo.

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Sofrimento Terrível

“A Justiça divina fere as benditas almas para as purifi car, santifi car e torná-las dignas do esplendor da glória celeste e da visão beatífi ca de Deus.”

“O fogo é devorador, o sofrimento, portanto, é incrível.”“A enormidade do pecado foi tão grande que só pela cruz houve a salvação

e só pelo fogo a purifi cação total, para poder entrar na glória de Deus.”“Os estudiosos do assunto classifi cam-no de o 8º sacramento, o do fogo.”

Mas é considerado o Sacramento da Misericórdia, na entrada da vida eterna.

Opiniões dos Santos sobre o Sofrimento do Purgatório

Segundo São Tomás e Santo Agostinho, quanto ao sofrimento, as penas do purgatório são análogas as do inferno.

Santa Catarina de Gênova, após uma visão do purgatório, exclama: “Que coisa terrível é o purgatório. Confesso que nada posso dizer e nem conceber que se aproxima sequer da realidade. Veja que as penas que lá padecem as almas são tão dolorosas como as penas do inferno.”

“É o mais horroroso de todos os martírios.”Portanto, elas clamam das profundezas dos abismos das chamas expiado-

ras, segundo o texto de Job: “Miseremini mei! Saltem Vos, amici mei, quia manus Domini tetigit mei.”

Em vernáculo: “Tende compaixão de mim, ao menos vós que sois meus amigos, porque a mão de Deus me feriu.”

Segundo os teólogos e autores competentes, as almas do Purgatório so-frem tanto que não há linguagem humana que possa traduzir os tormentos terríveis que padecem.

Santa Catarina de Gênova, chamada a Teóloga do Purgatório, de quem Jesus Cristo recebeu o sofrimento de expiação dos justos, diz “ser impossível traduzir, e o nosso entendimento não pode conhecer tal sofrimento. É preciso uma graça e uma iluminação especial de Deus para compreender estas coisas.”

Segundo São Gregório Magno - “As chamas do purgatório são passagei-ras, não são eternas, mas creio que são mais terríveis e insuportáveis que todos os males desta vida.”

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São Boaventura ensina: “os nossos maiores sofrimentos fi cam muito aquém dos que ali se padecem.”

Santo Ambrósio e São João Crisóstomo asseveram: “todos os tormen-tos, que os furos dos pesquisadores e dos demônios que inventaram contra os mártires, jamais atingiram a intensidade dos que se padecem em tal lugar de expiação.”

Santo Antônio diz: “o fogo do purgatório é de tal maneira rigoroso que comparado com o que conhecemos na terra, este se afi gura como pintado num painel.”

São Nicolau Tolentino: “Tive uma visão de um imenso vale onde mul-tidões de almas se torciam de dor num braseiro imenso e gemiam de cortar o coração.”

Concluindo com Santo Tomás – “O purgatório tem penas que ultrapas-sam a todos os sofrimentos deste mundo”. E acrescenta: “a mínima pena do purgatório excede, em intensidade, a máxima pena deste mundo... Imaginemos os sofrimentos das pobres almas submersas nesse mar de fogo!...”

Santo Agostinho diz que o fogo, com que Deus purifi ca as almas dos jus-tos, no purgatório, tem a mesma natureza do fogo, com que, por permissão divina, são os réprobos atormentados do inferno.

Segundo Domingos Soto – “Se o homem tivesse de suportar os tormen-tos do purgatório, a dor matá-lo-ia num instante.”

A alma imortal, por sua natureza, torna-se mais forte, pela separação do corpo orgânico, e por isto tem a capacidade para tanto sofrimento.

Refl exão

Os nossos crimes foram tão graves que foi preciso a segunda Pessoa da SS. Trindade baixar até ao homem, a fi m de tomar uma carne, com todas as suas fraquezas, menos o pecado, para salvar a situação da Humanidade.

Jesus escolheu o sacrifício da cruz, o suplício mais cruel do tempo. Pela cruz, o próprio Cristo selou e sublimou o madeiro como objeto ideal para res-gatar a humanidade.

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Como a cruz não foi bastante, para purifi car as manchas do pecado, solu-cionou o problema, pelo fogo do purgatório, a fi m de restituir a pureza original.

Segundo a opinião de alguns Santos, tal fogo é mais quente do que o da terra, portanto, semelhante ao do inferno. De tal modo que, se ao homem, com seu corpo, fosse permitido se purifi car no fogo do purgatório, ele não agüentaria tamanha dor.

Ora, como a alma, além de ser espiritual, é imortal, por natureza, é mais forte e tem capacidade de suportar o fogo da purifi cação.

12 – A Pena do DanoA pena do dano é a privação da visão de Deus no céu. A visão intuitiva

consiste na felicidade de ver a Deus, como é, Videbimus eum sicut est, isto é, vê-lo-emos como Ele é, diz São Paulo.

À separação do Sumo Bem, a alma sente um horrível martírio, pior que o sofrimento do próprio fogo do purgatório. Esses desejos insatisfeitos são uns verdadeiros suplícios.

Opiniões

Segundo São Tomás, a pena do dano é mais insuportável, maior e mais terrível do que a pena do sentido. Não ver a Deus como Ele é, não possuí-Lo único encanto da pobre alma, que já não tem mais nada que a possa seduzir ou enganar, é deixá-la esquecida da suprema felicidade! Aqui neste mundo, a tibieza, o apego à terra e nossa fraqueza fazem com que, muitas vezes, nos esqueçamos de Deus, vivamos sem sentir e nem imaginar sequer o que seja separado de Deus.

“Há quem não possa sequer imaginar o que possa haver de sofrimento, nes-sa ausência de Deus, que é a pena do dano.” Porém, aí, quando a alma, separada deste corpo mortal, sentir a necessidade de voar para Deus, de possuir a Deus, atraída pelo Bem infi nito, sedenta da posse de Deus e da Eternidade, então, há de sentir, há de perceber quanto é doloroso e terrível estar um minuto que seja separada do Bem Soberano, separada de Deus! “É a horrível pena do dano.”

Segundo Santa Catarina de Gênova, “sentir um ímpeto de ir para Deus, sem poder satisfazer, isto é o maior sofrimento que se possa imaginar, é pro-

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priamente o purgatório. Este estado é um estado de morte, uma angústia imen-surável.” (tratado sobre o purgatório II)

Se compreendêssemos melhor como é horrível a separação de Deus!

Segundo Monsenhor Beaugaud, “Têm-se visto, neste mundo, afeições tão profundas, almas que se amavam e não poderam suportar a separação e morreram de dor.”

“Que não será no purgatório! Podemos dizer que, se Deus, por um mila-gre da sua Onipotência, não sustentasse as almas do purgatório, elas fi cariam aniquiladas de dor longe daquele Deus que amam apaixonadamente.”

“Ah! se compreendêssemos melhor como é horrível a separação de Deus, se, como os santos, experimentássemos as provações da vida mística, o tormen-to de se sentir ausente de Deus, saberíamos avaliar o que é e que faz sofrer esta terrível pena do dano.” (Do livro do cristianismo e os tempos presentes, Tomo V cap XIV)

Segundo Santa Teresa, “em vão tentariam explicar essas angústias miste-riosas, pois a alma sente um desejo irresistível de Deus. Não tem nenhuma consolação, nem no céu, nem na terra, a que já pertence. E, em que a natureza custa suportar, os ossos se separam e fi cam como que deslocados, sente-se uma dor violenta e um só desejo nos consome de morrer, morrer, ir a Deus!”

Segundo a Liturgia da Igreja, chama-o, com razão, de morte, nesta expres-são: “Libera eas a morte”, isto é, livra-as da morte.

Refl exão

Nominalmente, dano vem da palavra latina damnum, que signifi ca preju-ízo, perda. Portanto, a pena de dano seria o castigo de ser prejudicado de não ver a Deus, a perda de Deus.

Segundo Santo Tomás, é a pena mais terrível que a pena dos sentidos.Infelizmente, neste mundo velho, vive-se caducando atrás das coisas da

terra que não lhe dão felicidade completa, e sim, dissabores. A alma vive se enganando a si mesma, sem encontrar o gozo perene, caindo na tibieza, sem procurar Deus, esquecendo que a vida é breve, e nem medita que a alma, sepa-rada do corpo, necessariamente, como espírito, tende em busca do ser supremo que lhe deu a existência.

Por conseguinte, é tremendamente insuportável a pena do dano.Tal separação é inexplicável.

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Só um milagre da parte de Deus pode impedir o aniquilamento da alma, quando sofre a pena do dano.

Sentir um ímpeto de atração para Deus, e não o desejo de possuir a Deus, é o maior sofrimento.

Como já foi dito acima, Santa Catarina de Gênova afi rma:“A pena do dano é o purgatório propriamente dito.”

13 – A pena dos SentidosAlém do sofrimento da “pena do dano”, isto é, da privação da visão de

Deus ou da posse da visão beatífi ca, há as penas expiadoras e purifi cadoras.Dentro destas penas está a “pena dos sentidos.”No purgatório há fogo, um fogo terrível criado, pela Justiça Divina, para

a purifi cação dos justos, para acrisolar o ouro das almas.

Fogo verdadeiro

“Os teólogos, em geral e em sentença comum, afirmam que se trata de um fogo verdadeiro e não metafórico. Fogo que queima mil vezes mais que o fogo da terra, que, comparado a ele, não é mais do que uma pintura para a realidade.”

Os santos padres e os teólogos escolásticos admitem um fogo real.

Como pode um fogo material atormentar a alma que é espiritual? É um mistério. Todavia, não temos um outro mistério, que é o da alma espiritual agir sobre o corpo material?

Declaração de Santo Tomás: “No purgatório, há dois sofrimentos, a sa-ber: a pena do dano”, que consiste no retardamento da visão de Deus, e a “pena dos sentidos, castigo proveniente de um fogo material” (Suppl. Quaest. Cap. E art. 3). “As maiores dores são as que afetam a alma, comenta São Tomás. Toda sensibilidade do corpo vem da alma. O que não será uma dor que vem ferir diretamente a alma? Pois o fogo material, fogo misterioso, dotado de um poder extraordinário pela Justiça Divina, atinge diretamente a alma e a fere dolorosamente.”

Fogo Material. Segundo São Boaventura, “O fogo do purgatório é um fogo material que atormenta a alma dos justos que não fi zeram penitência nes-te mundo.”

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“Fogo”! Esta palavra faz tremer. Já exclamava Isaías:“Quem dentre vós poderá habitar em meio de um fogo devorador?”“Façamos penitência agora, aliviemos em meio de um fogo devorador”“É terrível o fogo que nos espera.”

Questão de Fogo. Foi muito discutida no séc. IV.Santo Agostinho concluiu pela existência do fogo material.No séc. XIII, Santo Tomás seguiu a opinião de Santo Agostinho.A pena do fogo é terrível. Não é menor em intensidade do que o fogo

do inferno. Este fogo, segundo São Gregório Magno, Instrumento da Divina Justiça, faz sofrer mais tormentos e muito mais crueldades do que tudo quanto sofreram os mártires, nos suplícios imagináveis!

Conclusão: “Não podemos saber, neste mundo, com certeza, e nem é ne-cessário saber, como é e o que é o fogo realmente. Sabemos é que a Sagrada Escritura, muitas vezes, nos fala do fogo para nos dar a entender que somos castigados e expiaremos nossas faltas, nos rigores da Divina Justiça, para nos purifi carmos e sermos dignos de entrar no céu.”

“Se o fogo desta vida, criado por Deus para nos servir, já é terrível, que não será o fogo da Divina Justiça.”

O Fogo do purgatório é semelhante ao fogo do inferno.“Ah! Dizia uma alma, ignora-se no mundo que o fogo do purgatório é

semelhante ao do inferno.” Continua a alma falando: “Se fosse possível fazer uma visita a essas mansões de dor, não haveria na terra quem quisesse cometer um só pecado venial, visto a rigor com que é punido.”

Refl exão

São importantes as nossas orações, boas obras e sofrimentos.Como são justas as queixas que um religioso ouviu desses pobres cora-

ções, abandonados: “Ó irmãos! Ó amigos! Há tanto tempo vos aguardamos, e vós não vindes;

chamamo-vos e não respondeis; sofremos tormentos que não têm iguais, e não vos compadeceis; gememos e não nos consolais.”

São Francisco Xavier percorria, à noite, as ruas da cidade, convocando com uma campainha o povo para orar pelas almas.

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Fogo do Purgatório

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14 – A Duração do Purgatório

Quanto Tempo?

Que pergunta desenganadora!“Tempus jam non erit amplius”, que quer dizer: O tempo já não será con-

tado, quando se trata da eternidade.

Quanto tempo fi ca uma alma no purgatório?É uma pergunta curiosa que não tem resposta. Não é só difícil, até mesmo

impossível.Não há nenhuma defi nição por parte da teologia ou da Igreja. É um mis-

tério. Pois sabemos que na eternidade não há mais tempo.Como julgar o tempo em relação à eternidade?O sofrimento intenso e horrível das pobres almas faz com que os minutos

lhes sejam anos e até séculos; aqui havemos de fazer como todos os autores que tratam do purgatório: recorrem às revelações particulares. Então, elas nos esclarecem, e algumas bem provadas e até sujeitas a processos canônicos rigo-rosos, como as dos Santos canonizados, que nos dão uma garantia de que não se tratava de ilusões ou fantasias mórbidas.

Opiniões Diversas

De Santo Agostinho – “Quanto à duração do purgatório, de uma coisa podemos ter certeza, é que as penas expiatórias não irão além do último juízo, no fi m do mundo.” ( De Civitate Dei-Lib XXI, cap. XIII e XVI).

De São Roberto Belarmino – É para nós coisa muito incerta. Podería-mos considerar duas espécies de duração. Uma positiva, que corresponde à me-dida do tempo tal como contamos neste mundo. Outra fi ctícia ou imaginária, a que pensam as almas pelo sofrimento que as faz perder toda noção do tempo. Daí partimos para as revelações particulares, como por exemplo: “pobres al-mas que se queixaram de anos e até séculos de abandono naquelas chamas.”

De São Vicente Ferrer – Ele nos assegura que “há almas que fi caram no purgatório um ano inteiro, por um só pecado.”

De Santa Francisca – Ela afi rma que “a maioria das almas que sofrem lá no purgatório compreende de 30 a 40 anos.”

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De Muitos Santos – Afi rmam que “viram almas destinadas a sofrer no purgatório até o fi m do mundo.”

Ao Padre Scoot de Louvain foi revelado que “um banqueiro de Antu-érpia estava no purgatório, há mais de duzentos anos, porque tinham rezado pouco por ele.”

Da Igreja Católica – “A igreja supõe, muitas vezes, que as penas do purga-tório sejam longas, quando permite fundação de missas e sufrágios, por longos anos, e celebra aniversário de 20, 30, 50 e mais anos. Permite fundações per-pétuas de missas.”

De Cesário – “Ninguém sabe quanto tempo, quantos anos deverá fi car no purgatório uma alma.”

Refl exão

As almas simples e humildes, sobretudo as que muito sofreram neste mundo, com paciência, e se conformaram perfeitamente com a vontade de Deus, podem ter um purgatório muito abreviado, às vezes de horas...

A pergunta curiosa acima não tem sentido. Tal pergunta não tem respos-ta, pois é difícil e até impossível. Em torno do purgatório, há um grande misté-rio. Santo Agostinho afi rma “que as penas expiatórias não irão além do juízo, no fi m do mundo.”

Conforme as revelações dos videntes, devido à intensidade dos sofrimen-tos, os minutos parecem anos e séculos. Na prática, a igreja permite fundação de missas e sufrágios, por longos anos, e até permite fundação perpétua. Certo é que ninguém sabe quanto tempo,quantos anos, quantas horas, quantos dias deverá uma alma permanecer no purgatório.

Atenção: O importante não é saber quanto tempo, quantos anos, quan-tas horas uma alma deverá permanecer no purgatório, e sim cuidar de evitar a pena do dano, fazendo penitência, aproveitando o ensejo para rezar pelas almas. Quem reza pelas almas tem-nas como protetoras lá na eternidade.

Elas não têm merecimento para elas, mas têm a nosso favor.

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15 – Longo e Breve PurgatórioMais longa é a pena do que a culpa.Segundo as revelações particulares, há almas destinadas a um longo sofri-

mento, nas chamas do purgatório, e outras passam brevemente pela expiação.Eis as várias revelações de Santos e Santas:

Santa Verônica Juliane – “Fala de uma irmã de seu convento que havia se oposto às reformas do Mosteiro e deveria fi car no purgatório tantos anos quantos passou neste mundo.”

Santa Margarida de Cortona – “À grande penitente franciscana disse Nosso Senhor”: “Alegra-te, minha fi lha, tua mãe está livre do purgatório, onde fi cou ela dez anos.” Como a Santa rezasse por três defuntos, ela julgava esti-vessem salvos. Revelou Jesus: “Estão salvos por tuas orações e se livraram do inferno, mas fi carão vinte anos nas chamas do purgatório.”

Santa Lutgarda – “Fez penitência pelo abade cisterciense, muito austero e duro demais para com os súditos. Deveria fi car no purgatório quarenta anos. A mesma Santa viu no purgatório um dos Papas mais piedosos e ilustres da igreja, a saber, Inocêncio III. Este Papa apareceu à Santa dizendo que, por algumas faltas no governo da igreja, deveria permanecer no purgatório até o fi m do mundo.”

Santa Teresa – “Na sua vida ou autobiografi a, fala-nos uma carmelita fervorosa que só passou dois dias no purgatório. Uma outra, muito pacien-te na doença, fi cou apenas quatro horas na expiação. Um irmão coadjutor da Companhia de Jesus morreu à noite e fi cou no purgatório até a missa do dia seguinte.” (M. Jugie-Le Purgatorie )

Santa Margarida Maria Alacoque – A vidente do Sagrado Coração de Jesus viu o seu diretor espiritual, o Beato Pedro Colombiére, passar algumas horas nas chamas expiatórias, por ligeiras faltas. E aqui se trata de um Santo. Imagine nós pecadores. Que será de nós?!

São Roberto Belarmino examinou, com muito cuidado, as circunstân-cias e a autenticidade desta visão, e falou dela em suas obras. Todavia, se há longas expiações, outras, pela misericórdia de Deus, são muito breves. Talvez tenham sido mais intensas.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Santo Cura Dar´s, João Maria Vianey, teve muitas vezes intuições ad-miráveis do tempo em que muitas almas deveriam fi car no purgatório. Per-guntaram ao Santo D´Ars se uma doente se havia de curar. Quem perguntou ignorava que a enferma tivesse morrido.

O Santo Cura, que sabia por inspirações do céu, respondeu logo: “Ela recebeu a recompensa” ( Intuitions du Crué, do livro do Mons. Trochu).

São Severino, Arcebispo de Colônia, era um grande servo de Deus, ad-mirável pelas suas virtudes e até pelos milagres. Após a morte, apareceu a um Cônego de sua Catedral para lhe pedir orações. Estava no purgatório, por ins-tantes, por ter rezado com alguma precipitação.

Refl exão

As almas simples e humildes, e sobretudo as que muito sofreram neste mundo, com paciência, e se conformaram perfeitamente com a vontade de Deus, podem ter um purgatório muitíssimo abreviado, às vezes de horas ape-nas. É o que nos dizem inúmeras revelações particulares. Até santos passaram ligeiramente pelo purgatório.

Que havemos de concluir, quando meditamos na duração do purgatório?Primeiramente, procuremos ter mais zelo pela causa das almas sofredoras

que tanto padecem, por causa de nosso esquecimento. Somos muito fáceis em canonizar logo os mortos e comodamente já não rezamos mais por eles, sob a desculpa de que já estão no céu.

Não canonizemos tão depressa os nossos mortos, mesmo aqueles que vi-mos ter a morte dos justos. Rezemos muito por eles. Nunca nos descuidemos do sufrágio dos mortos, porque já fi zemos muito, durante algum tempo. Já mandamos celebrar umas Missas e rezamos por umas tantas almas sofredoras? Muitas delas esquecidas?

Outra conclusão, que havemos de tirar de nossas refl exões sobre a duração das penas do purgatório, é a de cuidarmos mais de nossas imperfeições e não sermos tão presunçosos, julgando-nos capazes de entrar no céu.

Cuidado com esta presunção, que nos pode acarretar um longo e doloro-so purgatório.

Toma, pois, a resolução de jamais deixar passar um dia sequer sem rezar pelos parentes falecidos e entes queridos.

Tem piedade daqueles que nos deixaram e que agora estão sofrendo mui-to e muito.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Quase todos os cristãos, depois da morte, terão, por força, de passar um período mais ou menos longo, nas chamas tormentosas do purgatório. Real-mente são poucos, após a morte, que passam direto para o céu. Pois a justiça de Deus é rigorosa, principalmente para aqueles que abusam da graça, aqueles que não empregam um mínimo de esforço para se corrigir. Mas é certo que a graça não falta; quer dos sacramentos, quer por meio da leitura, empregar todos os meios para evitar a pena do dano.

16 – Minutos Parecem SéculosSão tão dolorosas as penas do purgatório que lá os minutos pare-

cem séculos.Há nas revelações particulares tantos fatos impressionantes que compro-

vam isto. E, ademais, que é a eternidade?A eternidade é a ausência do tempo.O tempo já não existe. Os minutos desta vida são séculos para as almas

que padecem naquelas chamas expiatórias.

Santo Antônio e São Paulo da Cruz – As narrações que se seguem ser-vem de refl exão de que a purifi cação no purgatório é muito séria e dolorosa.

Mais uma vez, por estes dois exemplos, podemos concluir que é melhor mortifi car-se aqui na terra.

Refl exão

Os dois fatos que se seguem servem de meditação.Conta Santo Antônio que um enfermo, vítima de dores atrozes, pedia

sempre a morte. Julgava os seus sofrimentos terríveis e acima de toda força humana. Um anjo lhe apareceu e disse:

“Deus me mandou para te dizer que podes escolher um ano de dores na terra ou um só dia no purgatório. O doente escolheu um dia no purgatório. Então, foi para o purgatório. O anjo foi consolar e ouviu este gemido de dor:”

“Anjo ingrato, disseste que fi caria no purgatório um só dia e sinto que estou já aqui, há longos vinte anos pelo menos...”

“Meu Deus! Como sofro!” O anjo respondeu: “como te enganas! Teu corpo está ainda na terra sem ter baixado ao sepulcro. A misericórdia de Deus te concede ainda voltar para um ano de doença na terra.”

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Respondeu o enfermo: mil vezes sofrimentos maiores ainda na minha doença. Então, ressuscitou e, durante um ano, sofreu horrivelmente, mas com uma paciência heróica até a morte.

Com São Paulo, deu-se também um impressionante fato:O Santo estava em oração na cela, quando sentiu que lhe batiam com

forte pancada na porta. Não quis atender, pensando ser o diabo que, às vezes, lhe perturbava a oração.

Em nome de Deus, retira-te, satanás, grita São Paulo, mas o batido continua.

- Que queres de mim? - pergunta o Santo.- Quanto sofro, quanto sofro, meu Deus!- Sou a alma daquele padre falecido.- Há tanto tempo estou num oceano do fogo.- Há quanto tempo!... Parecem mil anos!- São Paulo conheceu logo e respondeu admirado: “O que me diz?!”...- Meu padre, faz um quarto de hora apenas que faleceu e já me fala em

mil anos?!- O sacerdote do purgatório pediu sufrágios e orações e desapareceu.- São Paulo, comovido e banhado de lágrimas, tomou a disciplina e se

fl agelou até banhar-se em sangue. No dia seguinte, logo pela manhã, celebrou pelo padre defunto e viu-o

entrar triunfante no céu, na hora da Sagrada Comunhão.

17 – Mistério do Purgatório “Quem pode entender e penetrar este mistério de dor e de alegria, que é

o purgatório?”“Os santos nos poderiam dar uma idéia do que sofrem e do que gozam

as almas do purgatório, quando Deus os faz experimentar, aqui neste mundo, tanto martírio nas provações daquelas noites, de que nos fala São João da Cruz com as quais o Senhor prova, aniquila os seus eleitos na terra, e ao mesmo tempo os enche de uma paz inalterável e de consolações inefáveis, em meio de trevas e de angústias.”

“Mistério profundo! Só os que experimentaram este doloroso e feliz es-tado de alma, neste mundo, podem dizer algo do que se passa no purgatório?”

“Que alegria não experimenta o pobre náufrago, quando, depois de se debater entre as ondas, se vê de repente salvo e livre de todo perigo”!

“É a felicidade, a alegria das santas almas, quando, após esta vida e depois de haverem passado o tremendo juízo, vêem que estão salvas da condenação

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eterna, embora tenham de padecer muito naquelas chamas, naquele martírio, por mais prolongado que seja!” Estão salvas!

“Oh! Como elas cantam um hino de ação de graças à infi nita misericór-dia.” (Extraído do Opúsculo “O purgatório. Mons. Ascânio Brandão)

Refl exão

A própria palavra mistério diz algo de incompreensível e de impenetrável, pois somente aquelas almas que caíram lá, para expiar as suas faltas, podem nos comunicar alguma coisa. Se a nossa vida aqui na terra já consideramos um mistério, não devemos brincar, fazer pouco, mas tomar seriamente a realidade da vida, além mundo.

Temos que nos sustentar nas opiniões dos Santos e das manifestações dos videntes e das videntes. Em tais situações, devemos ser humildes.

Dobrar a cabeça perante os fatos, embora não seja dogma de fé. No entan-to, Deus nos fala por vários modos, inclusive pelas aparições dos videntes ou das videntes, dando verdadeiras instruções de ascética e mística, como proce-der à vida interior para com Deus.

18 – Duração Positiva no Purgatório

Opiniões de Santos e Santas

De Santo Tomás de Aquino- “Conta-se, na vida de Santo Tomás, que o mestre, seu sucessor na cátedra de Teologia de Paris, depois da morte, apareceu e disse que havia fi cado quinze dias no purgatório, para expiar a negligência em executar o testamento de um Bispo.”

De São Vicente Ferrer – “Ele assegura que há almas que fi caram no purgatório um ano inteiro, por um pecado venial.”

De Santa Francisca de Pampeluna – “Segundo o testemunho da Santa, a maioria das almas lá sofrem trinta a quarenta anos.”

De Padre Faber – A observação do padre leva-nos a crer “que a duração do purgatório vem aumentando sempre mais, à medida que a humanidade avança no tempo. Há tanta falta de penitência hoje, tanto luxo e mundanismo.”

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De Madre Francisca da Mãe de Deus – (1615-1671) “Nosso Senhor Cristo mostrou à madre quatro padres que estavam, há mais de cinqüenta anos, no purgatório, porque não administraram bem, com respeito e piedade, os sacramentos.”

De São Roberto Belarmino – “Ele examinou com muito cuidado as cir-cunstâncias e a autenticidade desta visão e falou dela nas suas obras. Todavia, se há longas expiações, outras, pela misericórdia divina, são muito breves.”

“Talvez tenham sido mais intensas.” Trata-se do caso do Papa Inocêncio II.

De Santa Margarida Maria Alacoque – É a vidente da devoção do Sa-grado Coração de Jesus. Diz a Santa que viu seu Diretor Espiritual, o Beato Padre La Colombiére, passar algumas horas nas chamas expiatórias, por ligei-ras faltas.

Refl exãoTodos estes exemplos supracitados são verdadeiras advertências que ser-

vem para uma profunda meditação a fi m de cada um sentir que o purgatório é um lugar de expiação e de purifi cação. Ninguém merece o céu facilmente. Na terra: Penitência. No purgatório: fogo.

19 – Alegrias e ConsolaçõesComo já foi dito, o purgatório é um mistério.Com certeza, tal mistério será desvendado no futuro. Pois há no purgató-

rio alegrias e consolações, mesmo no meio dos tormentos, da dor e das penas.O purgatório é a pátria da justiça rigorosa e, ao mesmo tempo, é a pátria

da infi nita misericórdia de Deus. Para nós é uma grandíssima misericórdia en-contrar, após a morte, um lugar de expiação.

Apesar do grande rigor da justiça divina, consola-nos a idéia de que no purgatório há consolações e alegrias.

O que é importante é que no purgatório há uma esperança da salvação certa, não obstante o grande sofrimento, mormente o grande, escuro e fundo purgatório.

Segundo São Francisco de Sales, as alegrias e as consolações que existem no purgatório de expiação são um bálsamo suavizante para as almas.

Eis o resumo escrito por São Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja, a respeito do purgatório:

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

1º) As almas do purgatório estão numa contínua união com Deus e perfeita-mente submissas à vontade de Deus. Não podem deixar esta união divina e nunca podem contradizer a divina vontade, como acontece conosco, neste mundo;

2º) Elas se purifi cam com muito amor e com muito boa vontade, porque sabem que é isto a vontade de Deus. Sofrer para fazer a vontade de Deus é uma alegria para elas.

3º) Elas querem fi car à maneira que Deus quer e quanto tempo Ele quiser.4º) Elas são impecáveis e não podem experimentar nem o mais leve movi-

mento de impaciência, nem cometer uma imperfeição sequer.5º) Amam a Deus mais do que a si próprias e mais que todas as coisas e

com amor muito puro e desinteressado.6º) As almas são consoladas pelos anjos.7º) Elas estão seguras da sua salvação e com uma segurança que não pode

ser confundida.8º) As amarguras que experimentam são muito grandes, mas numa paz

profunda e perfeita.9º) Se, pelo que padecem, estão como numa espécie de inferno, quanto

à dor, é um paraíso de doçura, quanto à qualidade, mais forte do que a morte.10º) “Feliz estado, mais desejável que temível, pois estas chamas do pur-

gatório são chamas de amor.” Quem pode entender e penetrar este mistério de dor e de alegria que é o purgatório?

Os Santos poder-nos-iam dar uma idéia do que sofrem e do que gozam as almas do purgatório, quando Deus os faz experimentar, aqui neste mundo, tanto martírio, nas provações daquelas noites de que nos fala. São João da Cruz, nas quais o Senhor prova, aniquila os seus eleitos e, ao mesmo tempo, os enche de uma paz inalterável e de consolações inefáveis, em meio a trevas e angústias.

20 – Estado das Almas do purgatórioAs almas detidas no purgatório não podem merecer e desmerecer. Consta

que o tempo de merecer e desmerecer cessa, no próprio instante da morte.“As almas do purgatório valem quando oram por nós. Pois, de uma parte,

são queridas por Deus, e nada impede que ouçam as preces das almas.”Vejamos. As almas detidas no purgatório:

a) Podem ajudar, pelo valor satisfatório e impetratório, quando, pelo Santo Sacrifício da Missa, se aplicam os merecimentos de Jesus Cristo;

b) Pelo valor satisfatório das nossas obras, quando se aplicam as indulgências, em vista dos merecimentos de Jesus Cristo e dos Santos.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Vejamos, agora, a força da oração quando se faz pelas almas que padecem no purgatório.

Exemplo: No séc. IV (em 302), Santa Perpétua conta- nos a seguinte vi-são do purgatório:

“Estávamos em oração na prisão, depois da sentença que nos condenara a sermos expostos às feras, e, de repente, chamei por Demócrito. Era meu irmão, segundo a carne. Morrera com um câncer na face, a lembrança de sua triste sor-te me afl igia. Fiquei admirada de me ter vindo à lembrança este irmão e pus-me a rezar por ele, com todo fervor, gemendo diante de Deus.”

Na noite seguinte, tive uma visão na qual vi Demócrito sair de um lugar tenebroso, no qual se acham muitas pessoas. Estava abatido e pálido, com a úlcera que o levou à sepultura. Tinha uma grande sede. Junto de mim estava uma bacia com água, mas ele em vão tentava beber e não conseguia. Conheci que meu irmão estava sofrendo e era preciso rezar por ele.

Pedi por ele, dia e noite, com muitas lágrimas para que fosse libertado. Alguns dias depois, tive outra visão, na qual Demócrito me apareceu todo bri-lhante e belo e se inclinou e bebeu à vontade a água que, antes, não podi sorver. Conheci por isso que estava livre do suplício.

Refl exão

As almas presas no purgatório não podem merecer e desmerecer. Elas mesmas afi rmam que, uma vez caindo no purgatório, não podem ter mere-cimento. É por isso que Deus permite às almas ter contato com as pessoas na terra, a fi m de pedir a esmola de uma prece, dum sufrágio. Mas, por outro lado, elas têm muito prestígio perante Deus, porque elas estão cumprindo a sua vontade. Quando as invocamos, estamos pedindo alguma graça. Pois, elas têm merecimento a nosso favor. Elas não têm merecimento para elas, mas têm para nós, cá na terra.

Elas, por sua vez, podem receber sufrágios e aplicação das indulgências, principalmente do santo sacrifício da Missa.

Mistério Profundo! Só os que experimentaram este doloroso e feliz estado de alma, neste mundo, podem dizer algo do que se passa no purgatório. ( Extraído do Opúsculo do purgatório, Mons. Ascânio Brandão)

Quando São Francisco de Assis soube que era um predestinado e viu garan-tida, pela revelação do céu a sua glória, teve uma alegria tão grande que nenhuma linguagem humana poderá traduzi-la.

Qual não será a alegria das pobres almas, na certeza de serem predestinadas?

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Refl exão

O purgatório é um mistério profundo. É uma mistura de tristeza e alegria, de dor e gozo, de sofrimentos e consolações. Existe união com Deus, porque as almas fazem a vontade de Deus, obedecem a Deus e o amam com pureza acima de tudo. Em compensação, são consoladas pelos anjos. Sentem segurança na sua salvação eterna. Apesar das dores, das amarguras, das angústias, sentem muita paz. Quanto à dor, padecem muito. No entanto, é um paraíso de doçura o purgatório.

Eis aqui o resumo do escrito de São Francisco de Sales, que muito contri-bui para servir de meditação.

21 – Falsas CanonizaçõesNão canonizemos depressa nossos mortos queridos. Nunca descuidemos

do sufrágio deles, porque já o fi zemos, durante algum tempo, ou mandamos celebrar algumas missas.

Ignoramos o rigor da Justiça Divina.

De Santo Agostinho: “Como são esquecidos os mortos!” Exclamava Santo Agostinho. “Em vida, eles nos amavam tanto.”

De São Francisco de Sales: “Nos funerais: lágrimas, soluços e fl ores. De-pois, um túmulo e o esquecimento.”

Quanto às canonizaçõesNosso São Francisco de Sales tinha muito medo dessas canonizações rece-

bidas dos veneradores. Estas boas almas, dizia ele, com seus elogios, imaginan-do que depois da minha morte fui logo direto para o céu, me farão sofrer no purgatório. Eis o que me aproveitara a boa reputação de santo!

De Santo Agostinho: “Ele pede orações pela alma de Mônica, sua mãe, e de Patrício, seu pai, a todos os leitores das suas confi ssões.”

De Santa Teresa: Ela escreve no prefácio do livro das fundações “pelo amor de Deus”, eu peço a cada pessoa que ler este meu livro, reze uma “Ave Maria”, a fi m de que me ajude a sair do purgatório e apresse a hora em que hei de gozar a vinda de N. S. Jesus Cristo.

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De Frederico Ozanam: Piedoso e admirável fundador das conferências de São Vicente de Paulo, deixou no seu testamento estas linhas: “Não vos deixeis levar por aqueles que nos disserem: ele está no céu! Rezai sempre por aquele que muito vos ama, mas que muito pecou. Com auxílio de vossas ora-ções, eu deixarei a terra com menos temor.”

De Padre Perregue: Ilustrado e piedoso, deixa esta recomendação: “Peço aos meus amigos que rezem por mim muito tempo depois de minha morte. Que eles não digam como se costuma dizer, muitas vezes, e com muita pressa, “já está no céu.” Que rezem muito por mim, sim , eu lhes peço encarecidamente.”

Refl exão

Os santos pedem orações não só para morrer bem, mas para se livrar do purgatório. Na verdade, o purgatório continua para nós um grande mistério.

Ninguém sabe por quanto tempo tem que sofrer, a não ser que haja uma revelação especial de Deus.

Da mesma forma, ninguém sabe as faltas ocultas e esquecidas, cometidas, quando vivo. Perante Deus, tudo fi ca claro como a luz do dia, e a inteligência reconhece a sua culpa e, ao mesmo tempo, cai nas chamas purifi cadoras do purgatório livremente, de boa vontade.

Nós ignoramos o rigor da justiça divina. Pois o Evangelho de São Lucas fala que são contados os cabelos da cabeça. “Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados.” (Lc XII,7)

Costumamos consolar a família do morto, dizendo que fulano era tão bom, virtuoso e que Deus levou para o céu. Os que podem, mandam celebrar missa de “corpo presente”, de sétimo dia, e 30º dia; às vezes, aniversário. De-positam fl ores, acendem velas, enviam cartões como lembranças aos parentes, amigos e conhecidos. Acham que cumpriram o seu dever social e solidário. Não se lembram ou não sabem que o purgatório é um estado de purifi cação que somente Deus sabe avaliar o grau de merecimento de cada alma. Pois hou-ve casos revelados, até de pessoas virtuosas de verdade, que foram obrigadas a se purifi car no fogo do purgatório.

Servem de exemplo os dois fatos narrados, nos capítulos anteriores, a sa-ber: O caso de São Severino, da cidade de Colônia, e o caso do Beato Pe. Co-lombiére, Diretor Espiritual de Santa Margarida Maria Alacoque.

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22 – Lugar de Misericórdia e Purifi caçãoMisericórdia: O purgatório é um lugar em que se percebe a Bondade e a

Misericórdia divina. É uma invenção do amor misericordioso de Deus. É uma revelação divina, no plano de Deus.

O juízo de Deus julga com justiça infi nita. Pois tudo que a alma fez de bom é reconhecido e recompensado, mesmo que tenha cometido um sem-números de faltas; não deixa perder o que é bom.

Purifi cação: O purgatório é também um lugar de purifi cação e derradeira tábua de salvação.

As almas no purgatório compreendem que, em vida, perderam grandes favores, muitas graças e favores de Deus, em várias circunstâncias. Então, reco-nhecem a injustiça que cometeram contra o amor e a bondade de Deus.

No purgatório, as almas são arrependidas. Tal arrependimento dá força e coragem para suportar o sofrimento. Pois elas sentem que o seu sofrimento é justamente a causa de sua indiferença, quando vivas.

As almas que, no mundo, se distinguiram na sua inteligência, nas suas habilidades, na sua capacidade em fazer o bem à humanidade, com uma dosa-gem de vaidade e, por conseguinte, alimentaram o próprio “EU”, com certeza sofrem um longo purgatório.

Mas vale a pena sofrer um purgatório escuro, longo, porque tais almas têm a certeza de uma felicidade eterna, depois de cumprir e satisfazer a vontade divina.

Na eternidade, não há mais pecado. As almas são consideradas benditas e santas.

Benditas: São benditas porque elas bendizem, louvam e agradecem a Deus, por ter-lhes concedido a salvação eterna.

Santas: São santas porque elas não pecam mais e tendem à perfeição, purifi cando-se de todas as imperfeições. O fogo em si não tem por fi nalidade castigar simplesmente, mas purifi car de todas as impurezas satisfazendo à jus-tiça Divina.

Refl exãoO purgatório é um lugar de misericórdia. Quando se fala em purgatório,

isso lembra logo que é mais uma modalidade de salvar o pecador que chegou a abandonar os meios ordinários, como sejam os sacramentos.

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O purgatório é um lugar de misericórdia, em que está presente a bondade infi nita de Deus. Ele julga tudo que está escondido nas profundezas da alma.

Bem que Deus reconhece tudo que a alma fez de bom, mas castiga toda imperfeição. Apesar de nossa fraqueza, a misericórdia, porém, é mantida, evi-tando, por conseguinte, desespero, desengano e desânimo.

Como última tábua de salvação, o purgatório, apesar de ser um lugar de purifi cação bem duro e intransigente, é também um lugar de misericórdia. As almas sentem o horror de seus pecados e por isso mesmo aceitam o sofrimento com resignação, louvando a Deus, pela graça da purifi cação, esperando entrar na bem-aventurança como benditas e santas.

23 – Atração das Almas

Ver Deus

“As almas do purgatório encontram-se numa conformidade tão unitiva com o seu Deus que não podem conceber motivos, comparações, em exemplos que sejam sufi cientes para esclarecer essa coisa tal como a mente a sente e só compreende por sentimento interior.”

“As almas têm a esperança de ver como Ele é, segundo São João”. “Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque nós o veremos como Ele é.” ( 1 Jô III,2)

“A ânsia de união é não só grande, mas muito forte a ponto de padecer o sofri-mento, até o momento em que possam saciar-se da presença real de Jesus Cristo.”

Sabedoria de Deus

“Assim como a alma limpa e purifi cada não acha outro repouso a não ser em Deus, também a alma em pecado não encontra lugar apropriado a não ser no inferno.”

“Da mesma forma, a alma separada do corpo, não encontrando em si aquela pureza na qual foi criada de boa vontade, imediatamente se lança no purgatório, para se ver livre da mancha que impede de ver Deus.”

Vontade de Deus

“Se as almas do purgatório pudessem purifi car-se por contrição, em um só instante pagariam suas dívidas, porque elas fi cariam contentes no que se refere à vontade e se encontrariam purifi cadas do pecado original e atual, no

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que diz respeito à culpa. Com a purifi cação, as almas fi cam tão puras como no momento em que Deus as criou. Por causa de sua confi ssão e arrependimento de todos os pecados cometidos, Deus perdoa sua culpa, restando a pena, a es-cória do pecado, isto é, de algumas dívidas a pagar, das quais vão se purifi cando no fogo, com a pena. Uma vez purifi cadas de toda culpa e unidas a Deus pela vontade, veem a Deus claramente, segundo o grau de conhecimento que Ele lhes concede.”

“As almas veem quanto importa a visão de Deus. E veem também que as almas foram criadas para este fi m.”

O purgatório é uma mistura de sofrimento e gozo.São as duas faces do amor, a saber:Amor purifi cador e amor unitivo.

Refl exão

A alma, como ente espiritual, criada à imagem de Deus, sente-se intrinse-camente atraída para contemplar o seu criador. Vem São João confi rmando esta verdade da união íntima que existe entre a alma e Deus criador. Esta união é mui-to forte. Pois a alma tem esperança de vê-lo como Ele é na realidade. Eis o texto:

“Quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque nós ve-remos como Ele é.” ( 1 Jô III,2)

Portanto, a alma, uma vez criada, não só depende do Criador, mas tem uma ânsia de se unir a Deus eternamente.

Então, vem a sabedoria divina para salvar muitas almas que se tornaram indiferentes, frias e tíbias; bondosamente oferece um meio maravilhoso para tirá-las da indiferença e da tibieza, fazendo passar pelas chamas expiadoras do purgatório.

Feliz invenção! Só a sabedoria divina podia ter tamanha e abençoada idéia.

24 – Purgatório, Ato de Amor “A alma percebe em si uma mínima mancha de imperfeição, recebe o

purgatório como misericórdia.”“A pena das almas do purgatório é maior, porque elas em alguma coisa

desagradaram a Deus e por terem cometido voluntariamente contra tanta bondade.”

“O motivo é este: estando em graça, aquelas almas veem a verdade e a importância do impedimento que não as deixa aproximar-se de Deus”.

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“Todas estas realidades tentei escrever e comparar com o que está gravado em minha mente. Sinto-me confusa, por não encontrar palavras adequadas e profundas.”

“Vejo tanta conformidade entre Deus e alma que, quando Deus a vê na-quela pureza em que a criou, atrai-a de certo modo para Si, com tanto e ardente amor.”

“Quando a alma, por visão interior, vê-se assim atraída por Deus, com tão amoroso fogo, então, pelo calor do ardente amor do seu Senhor Deus, sente transbordar em sua mente a ação de Deus, que nunca cessa de atraí-la e condu-zí-la, com muito cuidado e contínua assistência, à plenitude de sua perfeição. E Deus faz tudo isto só por amor puro.”

Necessidade de purifi cação: “Quem quiser entrar no paraíso pode entrar, porque Deus é todo misericórdia e tem os braços para nós, a fi m de receber-nos na sua glória.”

“O purgatório está preparado para tirar-lhe toda e qualquer mancha, e a alma lança-se dentro dele e parece-lhe encontrar grande misericórdia para se livrar de tal mancha:”

1º. Por causa do impedimento do pecado, não pode seguir esta atraçãopor Deus;

2º. Porque a alma é impedida de ver a luz divina;3º. Por impulso, a alma quer ser livre de impedimento, para seguir aquele

olhar unitivo de Deus.É esta visão interior que produz nas almas a pena que sofrem no pur-

gatório.Estado de Graça: “A alma foi criada com todas aquelas condições para

alcançar a purifi cação, sem contaminar-se com nenhuma mancha do pecado e viver como Deus ordenou.”

“Ao contaminar-se pelo pecado original, a alma perde seus dons e graças e morre. A alma só pode ser ressuscitada somente em Deus.”

“Deus ressuscita a alma também, por outra graça especial. Para conduzí-la a seu estado primitivo, criou o purgatório com ato de amor. Este último estado vai consumindo as imperfeições.”

Refl exão

As duas chamas ardentes estão em jogo. A chama do purgatório, purifi -cando a alma manchada pelo pecado, e por sua vez a chama da alma queiman-do de amor por Deus.

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Na medida que a alma vai se purifi cando, o amor vai crescendo fortemen-te em busca de Deus.

Deus faz ver às suas queridas amigas que o fogo do purgatório é ardoroso e não vingativo. Portanto, criou o purgatório somente por amor puro. Tal o interesse de Deus Criador que, com muito amor, criou a criatura humana em estado de inocência e pureza. O amor de Deus foi tão grande que não arrefeceu e criou o fogo do purgatório para recuperar o estado primitivo, restituindo a graça sublime da criação.

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Santa Catarina de Gênova

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III PARTEAs Videntes e Instruções Dadas Pelas Almas

25 – A Vidente: Santa Catarina de GênovaBiografi a

“Nasceu na Primavera de 1447.”Quando adolescente, desejava ingressar numa Congregação Religiosa,

mas pareceram obstáculos contra o seu intento. Assim as imposições sociais e familiares da época impediram a realização do seu ideal religioso.

Casou com Juliano Adorno. Conseguiu converter o marido. Ele se tor-nou um irmão da Ordem Terceira de São Francisco e concordou em viver com ela como irmão e em estrita continência.

Segundo o autor: “Para compensar as tribulações que causara ao marido e para diminuir tantas fadigas, ela se entregou aos prazeres e às vaidades do mundo e nelas se comprazia.”

Neste diapasão de vida viveu 5 anos. Mas, após a morte do marido, dirigiu um hospital, dedicando toda sua

vida aos doentes e aos pobres da cidade. Chegou a ser uma grande mística e escritora.

Segundo a tradição, como mística curava com sua bênção e orações. Pois, aos 26 anos de idade, triste, abatida, decepcionada, não sabia o que fazer.

Foi, então, que Deus infundiu em sua alma uma torrente de graças que a fez exclamar:

“Não mais mundo!Não mais pecados!Ó amor!Não mais pecados!” O Amor Divino transformou a pecadora numa santa e a mulher em um

anjo de puro amor.Afi nal, tornou-se uma vidente extraordinária.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Como escritora, escreveu um tratado sobre o purgatório. Tal obra é fruto de suas experiências místicas de 1501. Catarina tornou-se uma vidente extra-ordinária. Após uma visão do purgatório exclamou:

“Que coisa terrível é o purgatório! Confesso que nada posso dizer e nem conceber que se aproxime sequer da realidade.”

Vejo que as penas que lá padecem as almas são tão dolorosas como as pe-nas do inferno. (Tratado do purgatório, cap. VIII, Catarina )

“Jesus Cristo revelou a Santa Catarina o sofrimento da expiação dos Jus-tos. Diz ela que é impossível traduzir na linguagem humana, e o nosso enten-dimento não pode conceber tal sofrimento. É preciso uma graça e uma luz especial de Deus para compreender estas coisas, dizia a Santa.”

Comentários Sobre Santa Catarina

De São Francisco de Sales. Ele afi rmou: “Santa Catarina é mestra na ci-ência de amor.”

De São Luis Gonzaga. Ele disse: “As chamas do incêndio, do amor de Santa Catarina abraçaram minha alma.”

O Cardeal Perraud, escrevendo sobre as visões de Santa Catarina, disse o seguinte:

“As visões são de uma psicologia sobrenatural tão alta e tão forte que unem os mais altos conceitos da Filosofi a e da Teologia aos pensamentos mais próprios para fortifi car e consolar os que choram os seus entes queridos.”

“Eu não creio, escreve a Santa, que, depois da soberana felicidade que go-zam na glória os santos, haja uma felicidade igual à que gozam as almas do purgatório. O que é notável é que esta felicidade vai crescendo cada vez mais, à medida que desaparecem as manchas do pecado.” Ela escreveu o famoso “Di-álogo entre a alma e o corpo.” E o “Tratado do purgatório” escrito pela Santa é baseado nas suas experiências místicas de 1501. Tais experiências são os esque-mas do purgatório.

Santa Catarina viveu o amor e ensinou o amor.Aos 14 de setembro de 1510, foi chamada por Deus. Ela foi canonizada,

em 1737, pelo Papa Clemente XII.Contava 63 anos de idade.É protetora das esposas com problemas e casamentos com difi culdades.

Sua festa é celebrada no dia 14 de setembro.

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Beata Ana Taigi

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Maria Ágata Simma

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

26 – A Vidente Beata Ana Taigi

Biografi a

É natural da Itália. Contraiu matrimônio. Mas se tornou célebre mística, devido às graças extraordinárias recebidas por Deus. Principalmente sobre o mistério do purgatório.

A Beata trouxe, em sua extraordinária mensagem do sobrenatural, muitas luzes e preciosas lições.

Vamos passar as seguintes revelações:

Esmola

“Um homem conhecido de Ana morreu, e ela o viu nas chamas do purga-tório, salvo do inferno pela Divina Misericórdia de Deus, porque socorreu um pobre que o importunava muito, pedindo esmola.”

Grande Arrependimento

“Ana viu um conde, cuja vida se passou em delícias e divertimentos, que, na hora da morte, teve um grande arrependimento e se salvou, mas devia sofrer no purgatório tormentos incríveis, tanto quanto passou neste mundo sem se preocupar com a penitência e com a salvação eterna.”

Grande Virtude

“Ana viu homens de grande virtude sofrendo, porque se deixaram levar pela vaidade e amor próprio, muito apegados aos elogios e à amizade dos gran-des da terra.”

O Papa em Agonia

“Um dia Nosso Senhor lhe disse:”“Levanta-te e reza para o meu vigário na terra. Está na hora de compare-

cer-Me para prestar contas. Ana sufragou a alma do Papa e depois a viu como o rubi, ainda não de todo brilhante, pois lhe faltava se purifi car mais.”

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Divina Justiça

“Faleceu em Bona o Cardeal Dória, que deixou grande fortuna, e natural-mente celebraram-se por sua alma centenas de missa. Foi revelado à Beata Ana que as missas celebradas pela alma do Cardeal eram aproveitadas pelas almas dos pobrezinhos abandonados, que não tinham quem mandasse celebrar por elas. Viu-se, assim, a Divina Justiça, que não olha a riqueza nem as possibilida-des dos ricos em arranjar sufrágios, com descuido, às vezes, neste mundo, da verdadeira penitência.”

Complacências e Elogios

“Viu Ana, no purgatório, um sacerdote muito estimado por suas virtudes e sobretudo pelas brilhantes pregações que fazia, e o tornaram admirado por todos.” Sofria muito este pobre Padre.

“Foi revelado à Beata Ana que o padre expiava a falta, por procurar com muito empenho a fama de bom orador e um pouco de vaidade no pregar a palavra de Deus, sobretudo nas complacências com os elogios.”

Apego, pouca submissão, falta de recolhimento e piedade

“Ela viu dois religiosos muito santos no purgatório, em sofrimentos duros.”

“Um deles expiava o seu apego ao próprio juízo e pouca submissão ao modo de ver os outros, e o outro religioso, a disposição, a falta de recolhimento e piedade ao exercício do ministério sacerdotal.”

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27 – A Vidente Maria Ágata Simma

Biografi a

Era fi lha legítima de José Antônio Simma e Aloisa Rinderer.Maria Ágata ou Águeda foi, desde a juventude, muito piedosa e frequen-

tava assiduamente os cursos de Introdução Religiosa ministrados por seu pá-roco, Padre Carlos Fritz.

Queria ser religiosa. Após três tentativas, nada conseguiu, devido a sua fraca constituição física. Suas três passagens por Conventos formaram-na e fi -zeram- na progredir espiritualmente, preparando-a para o seu apostolado em favor das almas do purgatório.

Sua vida espiritual foi caracterizada pelo amor fi lial à Virgem Maria e pelo desejo ardente de socorrer as almas do purgatório, mas também de auxiliar, com todos os meios, as Santas Missões.

Depois da morte de seu pai, em 1947, viveu só em casa paterna.Para sobreviver, ocupou-se como jardineira. Viveu na pobreza, auxiliada

por pessoas caridosas. Além de ser pobre, viveu de seu trabalho. Fez todo ser-viço gratuitamente.

Ela consagrou sua virgindade à Maria SS. E fez a consagração, ensi-nada por São Luis Gringnon de Montfort, em favor sobretudo das almas do purgatório.

Ofereceu-se também a Deus pelo voto de Alma vítima de amor e expiação. Ela encontrou, assim, a vocação que Deus lhe designou: ajudar as almas

do purgatório com a oração, o sofrimento expiatório e apostolado.Quanto ao apostolado, ela ajudou a preparar crianças para a confi ssão e a

primeira comunhão, dando-lhes instrução religiosa complementar, e demons-trou nesta tarefa um verdadeiro talento.

28 – A Caminho da Vocação

Biografi a

“Desde a infância, compreendi que Deus me pedia um sacrifício todo especial.”

Quando comecei ir à escola, queria saber qual seria este sacrifício.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

É preciso que eu faça um acordo com Deus fazendo esta oração: “Senhor, vós podeis tudo...Fazei que eu encontre um bilhete no qual esteja escrito o que devo fazer.”

Como não houve resposta ao bilhete, fi z a seguinte oração: “Vós sabeis que não é minha culpa se não encontro o caminho que escolhestes para mim.”

Ao concluir os estudos, pensei: “Agora, talvez deva ir para um convento, quem sabe é lá que Deus me quer.”

Convento Sagrado Coração de Jesus

“Aos 17 anos, entrei no Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Hall, no Tirol. Depois de um ano, tive que sair, devido à pouca saúde.”

Convento das Dominicanas

“Escolhi o Convento das Dominicanas de Th albach, perto de Bregenz, às margens do Lago de Constança”. A Irmã Superiora, após oito dias, disse-me: “Você é muito fraca.”

Convento das Franciscanas

“Conheci o Convento das Franciscanas de Gaissau, que envia religiosas às Missões. Este é o Convento certo para mim, pensou Ágata Simma. Entrei em 1938. Gostava Muito. Pois bem, mais uma vez a superiora me disse: Você é o mais frágil de todas... É muito fraca para nós. Não podemos admiti-la. Ten-tei por três vezes entrar no Convento. Não consegui. Está tudo acabado para mim. Não pude encontrar o caminho que Deus escolheu para mim. Este pen-samento muito me atormentou, por algum tempo. Mas conforta-me a idéia de não ser culpada, pois fi zera o possível.”

Devoção a Almas

“Desde a infância, tinha um grande amor às almas do purgatório; o mes-mo acontecera com minha mãe que nos dava com freqüência este conselho: Quando tiverdes uma pergunta importante a fazer, endereçai-a às almas do purgatório; são as melhores ajudas.”

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29 – Que é uma aparição

Noção

“É uma manifestação do outro mundo, de alguém que nos vem dizer o que lá se passa.”

Podemos acreditar ou não ?

“Há dois extremos igualmente prejudiciais, a saber: a leviandade e o ce-ticismo.”

“Aceitar toda espécie de aparições sem examinar criteriosamente, através dos teólogos ou autoridades eclesiásticas ou superiores competentes no assun-to não passa de leviandade.”

“Qui cito credit, levis est corde.” Isto é, quem acredita facilmente, é levia-no de coração ou é um espírito leviano.”

Ao contrário, o céptico é aquele que duvida de tudo, nega por orgulho.“Qui incredulus est infi deliter agit, isto é, quem é incrédulo age de ma-

neira infi el.”É necessário um equilíbrio, neste caso, entre os dois extremos: a levianda-

de e o ceticismo.Uma alma humilde e obediente nunca pode se enganar. A boa Doutrina

da Igreja esclarece que só se dá por uma especialíssima permissão de Deus, nas seguintes circunstâncias:

- raras vezes- para dar um ensinamento- para dar lição aos vivos- para pedir socorro e sufrágio- por uma graça especial- por um milagre.(Extraído do folheto: O purgatório, Mons. Ascânio Brandão)

Comunicação

“Desde que nossa alma se separa do corpo, pela morte, não tem mais ór-gãos para se comunicar com os homens.”

É puro espírito e só por um milagre pode se tornar visível aos nossos olhos.O milagre das aparições encontramos na Sagrada Escritura. Eis os

exemplos:

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- Samuel apareceu à Pitoniza de Eudor e respondeu a Saul, porque havia perturbado o repouso dos mortos. Mostrou o castigo que lhe estava reservado, por esta curiosidade vã.

- S. Mateus narra que os túmulos se abriram, e muitos apareceram e foram vistos em Jerusalém. (Mt XXVII, 52 a 53)

- Sinais Distintivos.As aparições podem ser verdadeiras ou falsas:1º. A Igreja não admite revelação alguma, se não foi devidamente com-

provada.2°. A Igreja não obriga os fi éis a acreditar nas revelações particulares, por

mais provadas que tenham sido.3º. No entanto, seria temerário não acreditar que os santos homens, for-

mados e equilibrados, aceitaram e provaram não haver ilusões.4º. Diz o Papa Bento XIV que podem os fi éis acreditar, podem ser publi-

cadas as revelações, para a edifi cação dos fi éis, contanto que sejam aprovadas pela autoridade eclesiástica.

5º. O Papa Urbano VIII manda que, ao serem publicadas, declare o autor em nada querer se adiantar aos juízos da Igreja.

30 – Muita Cautela nas Aparições

EsclarecimentoQuanto às pessoas, é mister indagar dotes naturais:- É um temperamento equilibrado?- Não se trata de uma psiconeurose?- É instruída ou ignorante?- Não estaria com o espírito debilitado por jejuns ou por alguma

enfermidade?

Quanto ao estado mental- É pessoa discreta?- É de juízo reto?- É de imaginação exaltada?- É de sensibilidade excessiva?

Quanto à matéria das aparições- É mister muita para julgar as pessoas.- Segundo a doutrina unânime dos doutores eclesiásticos, nenhuma reve-

lação pode contradizer o dogma e o que foi ensinado pelo Evangelho.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- Diz São Paulo: “Ainda que um anjo do céu vos pregue um Evangelho diferente do que anunciamos, seja anátema.” (Gl IV,8)

- Diz Santa Teresa: “Acontece com certas pessoas de tão fraca imagina-ção que se embebem, de tal maneira, na imaginação que tudo o que pensam claramente lhes parece que estão vendo”

- No séc. XVII, o sábio Cardeal Bona criticou severamente a facilidade e a leviandade com que acreditavam muitos em revelações sobrenaturais e deu as seguintes regras:

1ª. “Toda aparição desejada ou provocada é suspeita. Ninguém deve de-sejar ver, nem conversar com os mortos, indagar a sorte dos defuntos, mesmo que a faça por motivo de caridade ou para rezar por eles: seria, portanto, teme-ridade e presunção.”

2ª. “Se a aparição revela coisas ocultas que seria melhor silenciar sobre elas, tais como faltas alheias, coisas contrárias ao dogma e ao Evangelho, horror à Água Benta, ao Crucifi cado. Tudo indica intervenção diabólica.”

3ª. “As almas do purgatório aparecem geralmente para solicitar orações, recomendar restituições, etc. Feito isso, não voltam mais a não ser para agra-decer.”

Se, porém, uma aparição se torna importuna, dia e noite ameaçando a paz de um homem ou de uma família ou comunidade, é certo sinal que vem do demônio.

4ª. “Ninguém deve aceitar serviços prestados pelas almas do purgatório que se vêm colocar a nossa disposição, morar, etc. É pura ilusão, isto é coisa diabólica.”

5ª “Todos os Teólogos Místicos ensinam que as aparições verdadeiras, logo de princípio, perturbam e assustam, depois lançam a alma numa doce paz, aumentam a humildade, excitam o amor a Deus e ao próximo e produzem um grande desejo de perfeição.”

6ª. “É mister que as aparições sejam expostas simplesmente a um Diretor Espiritual, sem exageros, sem reticências, nem diminuição da verdade. Aguar-dar a sua decisão e obedecer-lhe cegamente.” (Extraído do Livro: O purgató-rio, Monsenhor Ascânio Brandão)

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31 – As Primeiras Aparições à Vidente Simma

Revelações

Foi em 1940 que se manifestou, pela primeira vez, uma alma do purgató-rio. Conta Ágata Simma:

“Percebi que alguém ia e vinha pelo meu quarto e acordei.Olhei para ver quem era. Nunca fui medrosa, vi então um estranho que

andava lentamente. Questionei-o em tom agressivo: Como entrou aqui? Per-deu alguma coisa?

A pessoa estranha continuava a andar e não dava atenção.Que está fazendo? Perguntei. Não tive nenhuma resposta. Levantei-me e

tentei agarrá-lo. Só peguei o ar, não havia mais ninguém.Voltei para cama e vi-o novamente caminhando pelo quarto.Pensei. Estou vendo este homem, por que não posso apanhá-lo?Levantei outra vez e fui lentamente ao seu encontro, quis pará-lo e, mais

uma vez, peguei o vazio, não havia mais nada.Bastante intranquila voltei para o leito. Eram 4 horas da manhã. Ele não

voltou mais, e eu não consegui dormir.Após a Santa Missa, eu procurei meu Diretor Espiritual e contei-lhe tudo.

Ele me disse: Pergunte: O que deseja de mim?Na noite seguinte, ele retornou. Era a mesma pessoa da noite anterior.Perguntei-lhe: Que você quer de mim? Ele respondeu: Mande celebrar

três Missas por mim e serei libertado. Imaginei, então, tratava-se de uma alma do purgatório. O Diretor Espiritual confi rmou.

De 1940 a 1953, a cada ano, vinham apenas duas ou três almas particu-larmente em novembro. O padre Alfonso Matt, meu Diretor Espiritual, me aconselhou a nunca afastar uma alma, mas aceitar tudo com generosidade.”

Sofrimentos Expiatórios em Prol das Almas

A Vidente Maria Ágata Simma aceitou os sofrimentos como apostolado em prol das almas do purgatório:

a. Pra expiar os pecados de práticas anticoncepcionais e de impureza. Para expiar esses pecados, padecia sofrimentos expiatórios, terríveis dores corporais e horríveis náuseas;

b. Pecado da tibieza e frieza religiosa. Para Simma expiar tais pecados, parecia-lhe fi car horas entre blocos de gelo, e o frio a penetrava até a medula. Era expiação dolorosa pela Tibieza e Frieza religiosa;

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c. Quanto às indulgências, Simma desejou, desde a tenra idade, ajudar as almas do purgatório. Com todo zelo, procurou ganhar as indulgências e rezava pelas almas inúmeras orações indulgenciadas;

d. Sofrer pelos mortos. Até, então, Simma, não sabia que poderia expiar pelas almas sofrendo por elas;

Sofrimentos Expiatórios são duros como os do purgatório. Foi preciso todo o seu espírito de sacrifício e a consciência de seu povo, para aceita, espon-taneamente, sofrer tanto pelos outros.

e. Um dia, perguntou se não seria possível que as almas viessem com me-nos freqüência. Foi-lhe respondido que ela fi zera o voto de abandono total, como “alma vítima”. O fato é que tais sofrimentos são por vezes anunciados e depois cessam imediatamente após o tempo fi xado;

f. “Tu és dos nossos”. Que signifi ca? Signifi ca que, com teu voto, tu te en-tregaste, de modo especial, à Mãe de Misericórdia. Ela te deu a nós, e, por este motivo, o caminho que conduz a ti é luminoso para tantas almas. Fazes bem em receber-nos com solicitude, com amor e compaixão. Assim, podes libertar-nos mais rapidamente sofrendo menos, podes receber mais graças e méritos e entender muitas coisas a respeito das almas, das quais pedes informações;

g. Há muito tempo, eu assumi a proteção de uma alma, isto é, estar pronta a fazer sacrifícios para libertar uma alma desconhecida.

32 – Sofrimentos Expiatórios Por Outras Almas

Expiação

“Depois, outras almas do purgatório pediram-me para sofrer por elas. Fo-ram grandes sofrimentos, diz Simma.”

Quando uma vem, me acorda, batendo à porta, me chamando, sacudin-do-me ou de outra maneira.

Foi assim que uma alma me perguntou: “Sofrerás por mim?” Isso me pa-receu bastante estranho, porque, até então, nenhuma expressava tal desejo. En-tão, lhe respondi: “Sim, mas o que devo fazer?” Ela me respondeu:

“Por três horas, experimentarás grandes dores em todo corpo, mas depois poderás levantar-te e continuar teus afazeres, como se nada tivesse acontecido. Assim, poderás diminuir vinte anos de purgatório para mim.”

Aceitei. Senti, então, dores tais que mal sabia onde estav, apesar de estar ciente que aceitara aqueles sofrimentos em expiação de uma alma, e que tais sofrimentos deveriam durar três horas. Tinha a sensação de que as três horas já deveriam ter passado, mas parecia tratar-se de três dias ou três semanas.

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Quando tudo acabou, dei-me conta de que apenas três horas se passaram. Às vezes, devia sofrer apenas cinco minutos, mas como me parecia longo aque-le tempo.

As Aparições Tornam-se Conhecidas

Em 1954, Ano Mariano, vinham almas, todas as noites. Às vezes, diziam quem eram e me encarregavam de várias incumbências para seus parentes.

Deste modo, o caso fi cou conhecido do público. Não me agradou, diz Simma. Pois só falaria ao meu Diretor Espiritual.

As almas vinham também durante o dia.Ao terminar o Ano Mariano, as almas não vinham todas as noites, mas

duas ou três vezes por semana. Em geral, apareciam na Primeira Sexta-Feira do mês, ou na festa da SS. Virgem, ou durante a Quaresma. Na Semana Santa, no mês de novembro e no Advento, muitas tinham permissão de vir.

33 – Perguntas às Videntes Ágata e Ana

Perguntas Interessantes – Respostas pelas Videntes01. Conhece as almas que se dirigem a você?Simma: “As que conheci, reconheço-as num instante; as outras não, a não

ser que me digam quem são.”

02. Pode-se mandar uma alma do purgatório a uma outra pessoa?Simma: “Não se pode”.

03. É possível fazer uma alma aparecer?Simma: “Não, não é possível. Ela vem quando o Bom Deus o permite,

para pedir sua libertação.”

04. É um pecado não crer nas aparições das almas?Simma: “Não, pois não é dogma de fé.”

05. O que sabem de nós as almas do purgatório?Simma: “As almas sabem tudo o que se diz a respeito delas e o que se faz

em favor delas. Estão muito mais perto ou próximas de nós do que possamos imaginar.”

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06. O que ajuda as almas do purgatório?Simma: “O auxílio mais precioso que podemos prestar as almas é, sem

dúvida, a Santa Missa, mas à medida que os mortos a estimaram, quando vivos. Isto vale não só para as Missas de Preceito (Domingos e Dias Santos), mas também as do dia da semana, quando podem assistir sem prejudicar as ocu-pações profi ssionais. Caso não seja possível, mande um membro da família.”

07. Acender velas é um ato devocional, tem sentido e valor? Simma: “Claro, especialmente quando são bentas.” “Quando, porém, não

são, é preciso pensar que as compramos por amor de nossos falecidos. Tal ato tem um grande valor.”

08. E a Água Benta?Simma: “É preciosa, quando é usada com fé e confi ança. Muitas vezes, vale

mais uma gota d’água acompanhada de uma jaculatória. É lamentável que, em muitas casas, não haja mais água benta. Não há ´portanto a oportunidade de, com ela, aliviar as almas do purgatório.”

09. Quais os pecados mais severamente punidos no purgatório?Ana: “Os pecados contra a caridade, a saber: Maledicência, calúnia, ran-

cor; querelas provocadas pela cupidez e pela inveja são severamente punidas no outro mundo.”

Precaução: Cuidemos de não criticar ou zombar, fazer pouco de alguém. Isso prejudica gravemente nossa alma.

10. Quais as obras que têm maior recompensa no céu?Ana: “São as obras da caridade.” Pecamos, muitas vezes, com palavras e jul-

gamentos sem caridade. Devíamos aceitar o conselho que nos dá a mãe de Deus:“Sejam caridosos e bons com todos”.

Eis o preceito divino: “Sermos bons com quem nos faz bem é coisa que também os pagãos fazem.” Mas fazer o bem mesmo àqueles que nos fazem o mal, eis aí a verdadeira atitude cristã, com que fi camos capazes de ganhar um amigo e abreviar os sofrimentos de quem padece no purgatório.”

11. O que sofrem as almas do purgatório?Ana: “Elas sofrem de mil maneiras diferentes.”“Há tantos tipos de purgatório quantas são as almas. Cada alma é punida

naquilo e por aquilo que a fez pecar. Mas há sofrimento comum a todas as al-mas: a ausência de Deus.”

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“As almas querem purifi car-se no purgatório como ouro no cadinho. So-mente uma alma luminosa, perfeita pode ir ao encontro da luz eterna e da per-feição divina, para contemplar Deus face a face.”

Refl exão

A nossa atitude é evitar tudo que possa humilhar o nosso próximo, omitin-do as críticas ferinas e maldosas, mal juízo, questiúnculas que provocam ressen-timentos ou mágoas ou ainda tristeza profunda.

Diz o provérbio: “Aquilo que não queremos para nós não devemos querer para os outros.”

“Quem despreza o seu próximo, peca.” (Prov. XIV, 21)Jesus, no entanto, nos advertiu qual deve ser o nosso comportamento, no

tocante à caridade. Vejamos:“Se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês

terão? Os pecadores não fazem as mesmas coisas? E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?” (Mt. V,46-47)

Outra pergunta feita à Vidente: “Quais as obras que têm a maior recom-pensa no céu?”

Segundo a Vidente Ana, são as obras da caridade. Pecamos, muitas vezes, não só por palavras, mas por obras, deixando de praticar a caridade ao próxi-mo, quando está em nosso alcance.

Jesus, porém, mostra o próximo narrando a parábola do homem que foi assaltado, quando ia descendo de Jerusalém a Jericó.

Depois de contar a parábola Jesus perguntou: “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” O Doutor da Lei respondeu: “aquele que praticou a caridade para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá e faça a mesma coisa.” (Lc X, 37-37)

Nós sabemos quem é o nosso próximo. Mas o que nos impede de praticar a caridade é o comodismo, a vaidade, a discriminação e o egoísmo. Ainda não vibrou aos nossos ouvidos a resposta de Jesus ao Doutor da Lei.: Vá e faça a mesma coisa.”

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34 – Instruções Dadas Pelas Almas Através das Videntes

Advertências

“Não precisa lamentar-se dos tempos que atravessamos.”“É necessário dizer aos pais que eles são os principais responsáveis.”“Os pais não podem atender a todos os seus desejos, dando-lhes tudo o

que querem simplesmente para que fi quem contentes e não gritem.”“Assim o orgulho forma raiz no coração da criança.”“Mais tarde, quando a criança começa a frequentar a escola, não saberá

sequer rezar um Pai Nosso, nem fazer o sinal da Cruz. Os pais se desculpam dizendo que a educação religiosa compete aos catequistas e aos professores de religião.”

Por que há hoje essa indiferença religiosa, esta decadência moral?A Vidente Simma responde simplesmente:“Porque as crianças não aprenderam a renunciar. Mais tarde, tornam-se

descontentes e pessoas sem discrição que fazem tudo e querem ter tudo em profusão. Isso provoca desvios sexuais, práticas anticoncepcionais e aborto. Todos estes atos pedem vingança ao céu! Quem não aprendeu de criança a renunciar, torna-se egoísta, sem amor, tirânico. Por este motivo, há tanto ódio e falta de caridade. Peca-se contra o amor ao próximo, sobretudo com a male-dicência, a enganação e a calúnia”.

Onde começa?

“Começa no pensamento. É preciso aprender estas coisas, desde a infân-cia, e procurar afastar imediatamente os pensamentos contrários à caridade. Tais pensamentos sejam combatidos e assim se julgará os outros sem caridade.”

Quem deve praticar o apostolado?

“O apostolado é dever de todos os católicos, quer como autoridade, quer pelo bom exemplo, quer ainda como simples cristão.”

“Os bons devem defender suas convicções e declararem-se cristãos.”“Todo cristão deveria buscar o Reino de Deus e fazer progredí-lo; caso

contrário, os homens não serão mais capazes de receber o governo da Provi-dência Divina.”

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35 – Deus Exige uma Expiação

Expiação

É com sacrifícios voluntários e com a oração que se pode expiar mais. Mas, se tais sacrifícios não são aceitos de boa vontade, Deus os exigirá com força. Porque a expiação é necessária.

Por que as almas não se dirigem diretamente aos seus parentes?

“É uma pergunta que fez Maria Simma (Vidente). Então veio uma alma que fez a seguinte correção, como resposta, de um modo severo:”

“Não peque contra as decisões Divinas! Deus distribui as graças a quem quer. Você não teria nunca o poder de enviar uma alma a outra pessoa. Não é por seus méritos que Deus lhe concede estas graças. Considerando os méritos, muitos outros poderiam ser preferidos a você. É verdade que, desde a infância, você tem ajudado muito as almas, mas também isso é uma grande graça. Esta graça (em outra pessoa) renderia muito mais do que você fez.”

Por que Deus permite às almas aparecer aos vivos?

“Certamente não é para satisfazer nossa curiosidade. Se, pela misericór-dia de Deus, aconteceram fatos extraordinários, eles são conformes o plano da salvação. Estes fatos são de grande consolação para os defuntos, porque lhes permitem serem libertados dos sofrimentos, e incitam os vivos a rezarem mais pelas almas do purgatório e a se desapegarem do que é terreno.”

Devemos estar alertas e preocupar-nos mais com a vida eterna...

Refl exão

“Não apeguemos nossos corações ao que é temporal. De tudo que passa não levaremos nada... Tudo passa e mais rápido do que pensamos. Só levare-mos nossas boas obras. É evidente que precisamos dos bens terrenos para viver, mas a questão é não apegar a eles o coração; eis o problema. Este é o sentimento e o escopo das aparições das almas do purgatório, como todas as outras revela-ções particulares.”

“É o único motivo pelo qual Deus permite tais contatos sobrenaturais. O bom Deus misericordioso se digne dar-nos sua bênção e a sua graça para podermos tirar proveito.”

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Certo que os caminhos de Deus são admiráveis, insondáveis.Um grande pecador pode tornar-se um grande Santo.

Por que as almas do purgatório vêm até você?

“Com certeza, não é por causa da minha devoção. Há pessoas mais devo-tas que eu. E, contudo, as almas não se dirigem a elas.”

“Os fenômenos sobrenaturais não são termômetros de santidade; a pedra de comparação da perfeição é a caridade desinteressada, a saber: sofrer pelos outros, por amor, imitando Cristo.”

Qual a maior Efi cácia?

“O que tem maior efi cácia é o sofrimento, quando suportado com grande paciência e colocado como oferta nas mãos de Deus, a fi m de que dele se sirva para quem desejar, onde será melhor e mais necessariamente utilizado.”

“Suportar o sofrimento com paciência, é precisa muita coragem.”“Sofrer a favor de outras pessoas, é necessário muita fé e heroísmo.”“Certo que os caminhos de Deus são insondáveis. É preciso uma grande

humildade.”

36 – Maria Santíssima, Mãe de Misericórdia

Mãe de Misericórdia

Para as almas do purgatório Maria é Mãe de Misericórdia.“Quando o seu nome ecoa no purgatório, as almas sentem grande alegria.”“Uma alma disse que Maria SS. pedira a Jesus para libertar todas as almas

que se encontravam no purgatório, por ocasião da sua assunção, e que Jesus atendera ao pedido de sua mãe.”

“Naquele dia, as almas acompanharam Maria ao Céu, porque ela fora co-roada Mãe de Misericórdia, Mãe da Divina Graça.”

“No purgatório, Maria distribui graças, segundo a vontade divina. Ela passa com frequência pelo purgatório.”

Isso é o que Maria Ágata viu.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Refl exãoSomente a palavra Mãe Já diz tudo. Pois mãe signifi ca amor, compaixão e

compreensão. Maria SS. Mergulhou no mar de sofrimento, mormente por oca-sião da Paixão de seu Divino Filho. Ela demonstrou amor à causa da Redenção compassiva e com muita compreensão participa do Mistério da Salvação.

Portanto, Ela merece o simpático título de “Mãe de Misericórdia, Vida, Doçura, Esperança nossa, Salve.”

37 – Balança entre o Purgatório e o Inferno

As almas do Purgatório e Os agonizantes“Segundo o que dizem as almas do purgatório, muitas almas vão para o

inferno, porque pouco se reza por elas.”“Inúmeras almas poderiam ser salvas, se, pela manhã e à noite, fosse re-

zada esta oração indulgenciada, a saber: Três ave-marias por aqueles que vão morrer naquele dia, acrescentando a oração dos moribundos:”

“Ó Misericordioso Jesus, que ardeis de tão grande amor pelas almas, eu vos suplico, pela agonia de vosso Sacratíssimo Coração e pelas dores de Vossa Mãe Imaculada, que purifi queis no Vosso Preciosíssimo Sangue todos os peca-dores da terra que estão em agonia e que hoje mesmo hão de morrer.”

“Coração agonizante de Jesus, tende piedade dos moribundos.”A Vidente Maria Ágata Simma viu numerosas almas na balança entre o

purgatório e o inferno.

Refl exão

Já pensou que, com tão pouco esforço, podemos socorrer tantas pessoas que morrem durante o dia, dependendo a sua salvação somente de uma peque-na ajuda de três Ave-Marias com a oração dos moribundos?

Vale rezar tudo pelos agonizantes, pela manhã e à noite.É oportuno rezar por aqueles que estão deixando a terra.É um ato de caridade excelente. É mais que uma esmola.É um presente valiosíssimo salvar uma alma que está à beira do abismo

do inferno.Não custa nada colocar na nossa devoção diária a prática das Ave-marias

com a oração dos agonizantes.Pesemos na balança da justiça a salvação dos que deixam o mundo

para sempre.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

38 – Por que faço Conferências?

Apostolado de SimmaA própria Vidente Maria Ágata Simma responde à pergunta, nestes ter-

mos: “Porque as almas me advertiram que devo ir a todas as partes onde pedem a minha presença; é o meu apostolado.”

“O Concílio Eclesiástico também quer que os leigos trabalhem mais no apostolado. Todo católico é obrigado, após a recepção do Crisma, a defender a fé e a verdade, segundo os dons que recebeu. Portanto, conclui a Vidente, é meu dever fazer conferências. Não exijo pagamento. Mas recebo donativos para as despesas de viagem. Toda sobra de dinheiro vai para a caixa das almas, pertence às almas que solicitam Missa ou uma boa obra.”

Quais escolas frequentou para ter capacidade de dar conferências? “Frequentei somente a escola do primeiro grau. Mas meus relacionamen-

tos com as almas do purgatório ensinaram-me muito e mudei bastante. Tenho uma grande confi ança no Espírito Santo. Quando invoco o Espírito Santo, eu sinto o poder de sua ajuda, mormente quando se trata da educação das crianças.”

Portanto, aconselho muito aos educadores e aos pais que peçam ao Espí-rito Santo para iluminá-los.

Qual o meio mais seguro para não cair no inferno?

“Sejam muito humildes. O humilde não vai ao inferno, mas o orgulhoso, este sim, está em perigo de perder-se por toda a eternidade.”

Quando há embuste?

Alguém fez perguntas sobre o destino de uma pessoa dizendo o nome, a data do nascimento e da morte. A resposta foi: “Está ainda no purgatório.” A pessoa, então, me disse, zombando de mim: “ Desta vez é claro que tudo isso é enganação, aquela mulher ainda vive.” Pensei: Como pode uma alma dizer-me que esta mulher estava no purgatório?

Procurei o meu Diretor Espiritual e lhe disse: “Não quero mais fazer per-guntas, há alguma coisa que não coincide.”

Com calma, tranquilidade me respondeu: Quando tiver ocasião nova-mente de falar com aquela alma, diga-lhe: “Em nome de Jesus, ordeno-te dizer-me por que me deste uma resposta errada, uma vez que esta pessoa está viva.”

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Fiz de acordo com isso e recebi a seguinte informação: “Esta resposta não veio de uma alma do purgatório.”

De quem, então?A alma respondeu: “Era o demônio sob a aparência de uma alma do pur-

gatório. Quando te fazem perguntas sinceras, recebem respostas certas, se pro-curam enganar, então o demônio tem o poder de se intrometer.”

“Portanto, a resposta foi unicamente a intervenção do demônio, pai da mentira.”

39 – A Vidente Irmã M. D. I. C.

Biografi a

Todos que a conheceram, sem nota discordante atestam que ela nunca deixou de praticar todas as virtudes cristãs, até ao heroísmo, muitas vezes. Era ótima religiosa. Como diretora de um pensionato, exerceu grande infl uência sobrenatural sobre as almas; todas a chamavam de verdadeira Santa. Trata-se da irmã M. D. I. C.

Todas as testemunhas atestam que era dotada de um juízo muito reto, era muito equilibrada e de muito bom senso. Além do mais, nunca desejou vias extraordinárias, e, ao contrário, procurou se convencer de que era duvidoso o que era obrigada a ouvir, e alegava ser coisa diabólica, declarando que não queria sair da via comum, desejava ser como toda gente e passar desapercebida.

Enfi m, com isto ela aproveitou muito na vida espiritual, e todos testemu-nham quanto se santifi cam com estas visitas ao purgatório. Faleceu em 02 de maio de 1917.

Quem é a Irmã M. G. ?

Trata-se da Irmã religiosa do Convento de V. que tem por iniciais M.G. Faleceu no dia 15 de fevereiro de 1871, vítima de sua dedicação, com 36 anos de idade.

A Irmã M.D.I.C. ouviu junto de si, de repente, em novembro de 1873, uns gemidos muito prolongados. Assustada, exclamou: “Que não apareça, mas me diga quem é!”

“Nenhuma resposta. E os gemidos não cessaram, e cada vez mais misteriosos.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Finalmente, no dia 15 de fevereiro de 1874, uma voz muito conhecida se fez ouvir: Não tenhais medo! Eu sou a Irmã M.G. Então, deu-se a conhecer à sua antiga companheira, cujos conselhos havia desprezado outrora; que ela havia de multiplicar as visitas para santifi cá-la, e que, assim santifi cada, havia de aliviar a antiga companheira no purgatório.”

Durante vários anos, de 1874 a 1890, se estabeleceram entre a Irmã M.G. (falecida) e a irmã M.D.I.C. (viva) relações que foram escritas em precioso “Manuscrito do purgatório.”

Depois de maduro exame destes manuscritos, os examinadores, verda-deiros mestres espirituais, não hesitaram em declarar que o manuscrito nada continha contra os ensinamentos da fé e estava de perfeito acordo com os prin-cípios da vida espiritual, e podia edifi car muito as almas.

Resumo das Aparições

Primeiro, há lição de caridade cristã. Pois a Irmã falecida M.G. tinha feito sofrer muito à M.D.C.I. e ela justamente veio pedir socorro, depois da morte, para se livrar do purgatório.

Quanto mais vivas eram as luzes adquiridas pela Irmã M.G. (falecida) tan-to mais se purifi cava a irmã falecida e progredia na santifi cação a Irmã M.D.C.I.

Portanto, a Irmã M.G. cada dia adquiria a purifi cação, enquanto a Irmã M.D.C.I. cada dia adquiria a santifi cação.

Nota bene: “O Manuscrito do Purgatório” foi traduzido pelo Mons. As-cânio Brandão.

40 – A Vidente Maria Luiza Richard (Madame Brault)

Biografi aEm 14 de março de 1910, faleceu na cidade de Pointe Claire, no Canadá,

uma mulher extraordinária, santa mãe de família, um modelo de esposa e cristã verdadeira, Maria Luiza Richard, Madame Brault.

Era dotada de uma grande simplicidade, espírito bem equilibrado e sen-sata, de uma piedade muito provada e sincera. Hoje está perfeitamente averi-guado que não se tratava de nenhum espírito mistifi cador, nem de alguma falsa visionária.

Teólogos e prelados ilustres examinaram os fatos; confessores, doutores e esclarecidos depuseram como testemunhas fi dedignas, no exame dos fatos

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

impressionantes da vida maravilhosa desta grande mística do século XX.Madame Brault tinha contato com as almas do purgatório como o Santo

Cura D’Ars podia dar testemunho da sorte das pobres almas.Dizia ele chorando, num dia de fi nados: “Os egoístas da terra se esquecem

dos mortos. Como deve ser cruel para as almas o abandono dos homens!”“Dizem que amam os pais e parentes defuntos. Que mentira! Madame

Brault teve muitas visões das almas do purgatório. Elas lhe pediam orações, Missas e Sacrifícios .”

As pessoas que ela via eram desconhecidas, às vezes, e fi zeram inquéritos rigorosos de datas, lugares e circunstâncias.

Chegaram à conclusão de que não existia nenhuma possibilidade de mis-tifi cação.

Eram impressionantes as revelações desta mística.

(Do livro: “O Purgatório” - Mons. Ascânio Brandão)

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O Purgatório Através das Aparições

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IV PARTEO Purgatório Através das Aparições

(Revelações da Irmã M. G. à Irmã M. D. I. C.)

41 – O Purgatório e Seus Graus

Neste capítulo, damos início à entrevista de uma irmã religiosa, falecida, à sua companheira Irmã de Convento, viva.

“Foi assim que, durante vários anos, se estabeleceram entre a alma da Irmã M. G. e irmã M.D.I.C. relações que foram escritas em precioso documento chamado Manuscrito do Purgatório, de 1874 a 1890.”

“Os teólogos que foram consultados deram o seu parecer de que o Ma-nuscrito tinha o selo de uma perfeita autenticidade e, por conseguinte, tinha pleno valor, quer quanto à sua autenticidade, quer quanto à sua origem.”

Não seguimos as datas das entrevistas entre as duas Irmãs, a saber: Irmã M. G. e Irmã M. D. I. C. Mas damos um esquema por assuntos mais interes-santes, não só pela curiosidade, mas principalmente pelos conselhos e adver-tências de quem sofreu e experimentou o purgatório, em todos os seus graus.

As informações que a irmã deu durante o período de dezesseis anos, isto é, de 1874 a 1890, são sufi cientes para a gente ter uma noção do que seja o pur-gatório e aproveitar, ao mesmo tempo, todo o potencial de uma vida interior com Deus.

As mensagens são úteis para todas as idades, mormente para as pessoas adultas que têm carência de formação espiritual.

Percorramos as entrevistas, de acordo com as perguntas feitas pela Irmã M.D. I.C. (viva) e à Irmã M.G. (falecida):

- Conheceis as coisas da terra? Pergunta a Irmã M.D.I.C.- Conheço, enquanto Deus permite. O meu conhecimento é muito res-

trito. Certas almas têm o conhecimento mais extenso do que eu. Tudo isto é proporcionado ao mérito. Eu posso falar dos graus do purgatório, porque passei por lá. O primeiro purgatório compreende o grande purgatório que tem diferentes graus:

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Primeiro grau – O mais profundo, e no que mais se sofre, é uma espécie de inferno momentâneo. Lá estão os pecadores que cometeram enormes cri-mes, durante a vida, e a morte os surpreendeu neste estado, sem que tivessem tempo de penitenciarem-se.

Salvaram-se por milagres, muitas vezes, pelas orações dos parentes e de pessoas piedosas.

Algumas vezes, nem puderam se confessar, e o mundo os julgou condena-dos, mas o bom Deus, cuja misericórdia é infi nita, lhes deu, no momento da morte, a contrição necessária para se salvarem, tendo em vista algumas ações boas que praticaram, em vida.

Para tais almas o purgatório é terrível. É um inferno, exceto isto, que no inferno propriamente dito se amaldiçoa a Deus, enquanto que no purgatório O bendizem e agradecem por terem sido salvas.

Segundo grau – Vêm as almas que, sem ter cometido grandes crimes, fo-ram indiferentes para com Deus, a saber:

- Não cumprir o dever pascal, convertidas na última hora. Não deu tempo de receber o viático. Portanto, no purgatório expiam sua longa indiferença, penas inauditas, abandonadas, sem orações, e se fazem orações por elas não podem aproveitar.

Terceiro grau - Há o purgatório das religiosas e religiosos tíbios, isto é, sem fervor, padres que não exerceram seu ministério com a reverência devida à Majestade Divina.

Grande Purgatório

Estão no grande purgatório os grandes pecadores e os que fi caram toda a vida afastados de Deus pela indiferença. E bem assim os religiosos que não fo-ram fervorosos. E lá as orações que se fazem por estas almas não são aplicadas.

Elas foram indiferentes para com Deus, em vida, e as deixa numa espé-cie de abandono, a fi m de que elas recuperem assim a sua vida que foi nula. Portanto, no grande purgatório, as almas não recebem as orações de alguém, expiam sua longa indiferença, penas inauditas, abandonadas, sem orações, e se as fazem por elas não as podem aproveitar.

Segundo purgatório

Encontram-se as almas que morrem culpadas de pecados veniais, não ex-piados antes da morte, ou então em pecados mortais perdoados, mas sem a satisfação devida.

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O purgatório das pessoas consagradas, que receberam maiores graças, é mais longo e mais piedoso do que o das pessoas não consagradas.

Terceiro purgatório

É o átrio ou o vestibular do Céu. Muitas pessoas muitos piedosas têm medo de Deus e não desejam bastante o céu com ardor. Este purgatório tem seu martírio bem doloroso como os outros. Estar privado da visita do Bom Jesus, que sofrimento!

Ah! Ninguém pode imaginar o que seja o purgatório!É preciso ser muito bom e ter compaixão das almas. O maior sofrimento

que possa ter uma alma que ama verdadeiramente a Jesus é não amá-lo.Entre os dois purgatórios o primeiro é o maior, o segundo, porém, é me-

nor, segundo a Irmã M. G.

Prudência quanto às Revelações ParticularesA Igreja Católica tem grande reserva em relação às revelações particula-

res. Pois ela é guardiã da verdade. Mas, quando os fatos estão de pleno acordo com os ensinamentos de Cristo, a igreja não pode rejeitá-los, mesmo ainda quando não examinados teologicamente.

Perguntei a uma alma: “Como podes dar-me conselhos a respeito das al-mas sobre as quais vos faço perguntas?”

A alma me respondeu: “Por meio de Maria, Mãe da Misericórdia, nós o sabemos.”

Refl exãoMeditando sobre o grande purgatório, a Irmã M. G., que experimentou

o terrível sofrimento, aconselha-nos muito fervor e freqüência à Santa Missa. Do contrário, após a morte, as missas que forem celebradas em nosso sufrágio Deus aplicará para outras almas necessitadas, e permanece indiferente.

Acontece a mesma coisa, quando somos tíbios ou frios nos nossos deveres para com Deus.

Aproveitemos, enquanto temos vida, a oportunidade para merecer a re-compensa eterna, participando do Santo Sacrifício da Missa, com a devida freqüência e fervor, para usufruir, após a morte, os sufrágios das missas a nosso favor.

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42 – Onde está o PurgatórioNo centro da terra, próximo ao inferno, respondeu a Irmã falecida.As almas estão aí num lugar restrito, comparado à multidão que aí se en-

contra, pois são milhares e milhares.

Entretanto, que lugar ocupa uma alma?

“Cada dia, aí chegam milhares e milhares, a maior parte dos 30 a 40 anos de idade.”

“Muitas almas fazem, às vezes, o seu purgatório nos lugares onde peca-ram, ao pé dos santos altares onde se encontra o SS. Sacramento, mas não im-porta o lugar onde se encontram, porque levam elas o seu purgatório, isto é, o seu sofrimento.”

O sofrimento, porém, é mesmo menos intenso do que no purgatório pro-priamente dito.

Há grande espaço entre o purgatório e o Céu?

“Às vezes, ouvimos um eco das alegrias que desfrutam os bem-aventura-dos no céu. É como que um castigo para nós, porque nos dá um grande desejo de ver Deus.”

Há uma grande diferença entre o purgatório e o Céu?

Sim, no céu há luz pura... No purgatório, profundas trevas.É verdade, eu trago sempre o meu purgatório comigo, mas tenho a per-

missão de vos acompanhar, diz a Irmã M.G. e por isso eu sofro menos.

O purgatório em vários lugares

Segundo a Vidente Maria Simma, o purgatório encontra-se em vários lu-gares. As almas nunca estão fora do purgatório, mas com o purgatório. Ela (a Vidente Simma) viu o purgatório de várias maneiras: Certa vez, de um modo; noutra vez, de outro.

No purgatório há uma grande multidão de almas absolutamente desco-nhecidas para ela. As que pecaram contra a fé tinham sobre um coração uma chama escura, aquelas que pecaram em grupo: padres, religiosas, religiosos; viu católicos, protestantes, pagãos. Os católicos sofriam mais que os protestantes

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e pagãos. Os pagãos, ao contrário, têm um purgatório mais suave, mas rece-bem menos socorros e sua pena dura mais tempo. Os católicos recebem mais socorros, e são libertados mais rapidamente. Viu também muitos religiosos e religiosas que ali estavam, por causa de sua tibieza na fé e pela falta de caridade. Ela viu as que pecaram contra a pureza, uma chama vermelha.

“Até crianças de seis anos podem ser castigadas a sofrer longo tempo o purgatório.”

“Cada alma é punida segundo a natureza de suas culpas e o grau de apego ao pecado cometido.”

“A intensidade dos sofrimentos não é a mesma para todas as almas. Um dia de purgatório rigoroso é mais terrível que 10 anos de purgatório leve.”

“A duração das penas é muito variada.”“Há almas que têm que sofrer até o juízo fi nal. Outras almas, porém, pas-

sam meia hora ou até menos.” (Visão da Vidente Maria Simma)“Oh! Se soubessem e pensassem o que é o purgatório e se soubessem que

amargura pensar que a gente aqui está por culpa própria.”“Estou aqui há oito anos, e parece-me que já faz dez mil anos, disse a

Irmã M. G.”

Pode a terra ser considerada um purgatório?

Segundo a irmã M. G., “O purgatório está no centro do globo.”“A terra já é uma espécie de purifi cação. Entre as pessoas que nela mo-

ram, umas aí fazem o seu purgatório inteiramente pela penitência voluntária ou aceita de boa vontade. Estas pessoas de boa vontade, depois da morte, vão diretamente para o Céu.”

Outras pessoas começam o purgatório na terra, porque a terra é também um lugar de sofrimento, mas estas almas, como não têm bastante generosida-de, vão acabar o seu purgatório da terra no purgatório real.

Qual é a ocupação das almas?

No purgatório, as almas fi cam só ocupadas com seus sofrimentos. No en-tanto, elas louvam, agradecem a Nosso Senhor as misericórdias infi nitas para com elas, porque o limite é o inferno para muitas almas; foi bem extremo e por um pouco não se condenaram.

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Qual não há de ser o reconhecimento, a gratidão, que foram assim arran-cadas das garras do demônio!

O modo de ver das almas é muito diferente do modo de ver da terra.Só é possível, quando a alma deixa o corpo.

Refl exão

O mundo é uma espécie de purgatório. É mil vezes melhor fazer o pur-gatório aqui do que deixar para fazer depois da morte. Quem nos lembra é a Irmã M. G. Pois o purgatório aqui na terra é menos doloroso e muito mais meritório. O sofrimento, quando é aceito de boa vontade, tem como garantia a entrada no Céu sem expiação, assim confi rma a alma que já passou pelo pur-gatório e sabe muito bem quão terrível é o sofrimento. A experiência da Irmã nos adverte encarecidamente. Soframos o quotidiano passageiro e benigno e evitemos os tormentos cruéis do purgatório.

43 – O Fogo do Purgatório

É um fogo como o da Terra?

“Sim, responde a Irmã M. G., com esta diferença: o fogo do purgatório é uma purifi cação da justiça divina, e o da terra é bem doce comparado com o do purgatório. É uma sombra junto dos grandes braseiros da divina justiça.”

Como uma alma pode se queimar?

“Por uma justa permissão de Deus. Pois a alma foi verdadeiramente culpa-da, o corpo nada mais fez que obedecer a ela. A alma sofre como se ela tivesse corpo para sofrer.”

E quanto ao julgamento de Deus?

“Os juízos de Deus são bem diferentes dos da terra.”Ele olha para o temperamento, o caráter, o que se faz por leviandade ou

por pura malícia ou ainda por perversidade. Deus conhece o fundo dos cora-ções. O íntimo de cada pessoa.

“Jesus é muito bom, mas muito justo.”

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O fogo do purgatório purifi ca os protestantes?

Segundo a alma M. G., pela misericórdia de Deus, um certo número de protestantes se salva, mas o purgatório deles é longo é rigoroso.

Eles não abusaram da graça, é verdade, como muitos católicos, mas não tiveram as graças, insígnias dos Sacramentos, e outros socorros da verdadeira religião católica.

Refl exão

O fogo do purgatório é um fogo de purifi cação.A Irmã M. G. afi rma que “a alma sofre como se ela tivesse corpo para

sofrer.”O fogo em si tem a propriedade de queimar, consumir e reduzir a cinzas,

quando se trata de matéria orgânica. Quando, porém, se refere ao espírito, o fogo queima, faz sofrer, atormenta, mas purifi ca, limpa, restitui ao estado pri-mitivo, a pureza original.

Diante da realidade do fogo, qual será a nossa opção: sofrer no fogo terrí-vel do purgatório ou sofrer no fogo, no vale de lágrimas da terra?

44 – Qual é o maior sofrimento?

Oh! Não podeis imaginar, nem representar, ainda na terra, quem é Deus. Nós, porém, O sabemos e O entendemos, porque nossa alma está desprendida de todos os laços que a prendiam e impediam de compreender a santidade, a majestade do Bom Deus, sua grande misericórdia.

Somos mártires, diz a Irmã M. G.. Uma força irresistível nos leva para o Bom Deus, como nosso centro e, ao mesmo tempo, uma força nos impele para o lugar da nossa expiação.

São duas forças, a saber: Uma nos leva a Deus, Outra nos leva à expiação. Quanto ao sofrimento, o maior é não ver Deus. Não é o fogo, mas a pri-

vação da visão de Deus. É um martírio contínuo que me faz sofrer mais do que o fogo do purgatório.

Nós, porém, merecemos o sofrimento, e aqui ninguém murmura. Que-remos o que Deus quer. Ninguém poderá compreender na terra o que pade-cemos. As almas sofrem quando dormimos, portanto, eu sofro mais de noite quando repousais.

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O principal tormento consiste na ausência daquele único objeto de nos-sos longos desejos: Deus.

Tendes de Deus um conhecimento mais perfeito do que o nosso?

Sim, responde Irmã M. G., nós O conhecemos muito melhor e O ama-mos muito melhor, e também muito mais.

“Ai! E é isto o que causa aqui nosso maior tormento. Na terra não se sabe o que é o Bom Deus! Fazem dele uma idéia muito estreita; mas nós, ao deixar-mos o nosso corpo de barro, então só agora é que conhecemos a Deus, que vida não haveríamos de levar.”

“É o mais duro, o mais amargo dos sofrimentos. Mas... inúteis arrependi-mentos!”

“E, no entanto, na terra não se pensa isto e se vive na cegueira. Não se da à devida importância à eternidade.”

Até aqui são as mensagens da Irmã M. G. como resposta.Agora, vamos apreciar as mensagens dos Santos sobre o mesmo assunto.

A terra, isto é, o mundo é uma passagem. Os sofrimentos do purgatório são terríveis, afi rmam os santos:

São Boaventura – Ensina que “nossos maiores sofrimentos fi cam aquém dos que ali se padecem.”

Santo Ambrósio e São Crisóstomo – “Asseveram que todos os tormen-tos, que os furos perseguidores e os demônios inventaram contra os mártires, jamais atingirão a intensidade dos que padecem em tal lugar da expiação.”

Santo Antônio – “Diz que o fogo do purgatório é de tal modo rigoroso que, comparado com o que conhecemos na terra, este se afi gura como pintado num painel.”

Santa Catarina de Gênova – “Que coisa terrível! Confesso que nada pos-so dizer e nem conhecer que se aproxime se quer da realidade. As penas que lá padecem são dolorosas, como as penas do inferno.”

Padre Faber – “E pior que todos os martírios.”

São Gregório Magno – “Creio que as penas do purgatório são mais terrí-veis e insuportáveis que todos os males desta vida.”

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São Nicolau Tolentino – “Teve uma visão de um imenso vale, onde uma multidão de almas se torciam de dor num braseiro e gemiam de cortar o coração.”

Refl exão

Segundo a Irmã M. G., “a nossa alma é impelida por duas forças, a saber: uma nos leva ao Bom Deus, e a outra nos leva à expiação. Pois o maior sofri-mento da alma do purgatório não é o fogo, mas a privação da visão de Deus. Devido ao grande desejo de ver Deus, a alma sabe perfeitamente que, para con-templar Deus face a face, sente-se a necessidade imperiosa de se purifi car.”

Portanto, “a alma se lança impetuosamente nas chamas do fogo do pur-gatório para se purifi car, a fi m de ter a felicidade de contemplar Deus, como Ele é.”

45 – Após a separação do corpoPergunta da Irmã M. D. I.C:Dizei-me: o que se passa depois da agonia?No último momento decisivo, o demônio emprega toda sua raiva, em tor-

no dos agonizantes.Deus permite que as almas fortes e generosas sofram as últimas provas,

nestes últimos combates, a fi m de que tenham um lugar mais belo no Céu.Deus não permite que uma alma, que Lhe foi dedicada na vida, pereça

nestes últimos momentos. As pessoas que amaram a SS. Virgem e a invocaram, toda a vida, receberam dela muitas graças, nas últimas lutas. Acontece o mes-mo para as que foram devotas de São José e de São Miguel, ou de algum santo protetor.

A alma, ao deixar o corpo, se encontra tomada, toda investida, se assim posso me exprimir, de Deus. Ela se encontra numa tal claridade que, num ins-tante, percebe toda a sua vida e o que ela mereceu. É em meio desta visão clara que se pronuncia sua sentença.

Se é uma alma culpada, e, por conseguinte, merece o purgatório como eu, a alma fi ca de tal maneira esmagada sob o peso das suas faltas a apagar, que ela, por si mesma, se atira no purgatório. A alma vê o Bom Deus, mas está aniquilada na sua presença. É só então que a gente compreende o Bom Deus, e seu grande amor pelas almas. E que desgraça é o pecado aos olhos da Majestade Divina!

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Refl exão

A Irmã M. D. I. C. dá a resposta certa, sem circunlóquios, com muita clareza, a realidade sobre a separação da alma do corpo.

A alma, após a morte, percebe a sua culpa.Em ato simultâneo, vê o semblante da justiça lançando a sentença.Quando a alma é culpada, ela se sente aniquilada sob o peso de seus

pecados.Quando a alma vê o Bom Deus, fi ca esmagada diante de sua presença. É

nesta visão que tudo fi ca claro, tudo se torna transparente, a alma vê quanto tempo perdeu, quando estava na terra, compreende, então, que deixou de ad-quirir um grande tesouro para desfruta, por toda a eternidade.

Que tesouro magnífi co, segundo o Evangelho: “Ajuntem riquezas no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assal-tam nem roubam.” (Mt VI 20)

46 – Quando uma alma vai para o Céu? Tudo que se passa no outro mundo é um mistério para a terraSão Miguel e o Anjo da Guarda estão presentes, na execução do julgamen-

to Divino.Não é o êxtase que vai levar a alma ao Céu. É assim, uma vida mortifi cada

e humilde, é muito mais, para se desejar e é muito mais segura. É preciso acei-tar os êxtases, quando Deus envia e nunca desejar. Pois o próprio demônio se aproveita do cérebro fraco, de um temperamento mole e de um juízo pouco equilibrado, e ilude estas pobres almas.

O demônio procede assim para lançar a religião ao ridículo.Poucas pessoas amam a Deus como Ele o quer. Elas se procuram a si

mesmas, julgando procurar a Deus e sonham com uma santidade que não é verdadeira.

Dizei-me, então: em que consiste a verdadeira santidade? Vejamos:

- Renunciar da manhã à noite.- Pôr de lado, toda hora, o “Eu” humano.- Viver no sacrifício.- Deixar que Deus trabalhe como queira em vós.

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- Receber as graças de Deus, com uma profunda humildade, reconhecen-do-se indigno delas.

- Estar, quando possível, sempre na presença de Deus.

As almas são confi rmadas na graça?

Segundo a Irmã M.G., “no purgatório há almas bem culpadas, mas arre-pendidas, e, não obstante, as faltas que têm ainda a expiar, estão confi rmadas em graças e não podem mais pecar. São perfeitas. Pois, à medida e na pro-porção que uma alma se purifi ca no lugar da expiação, compreende melhor a Deus, ou Deus e a alma se compreendem melhor, sem ,entretanto, se verem, porque, então, não haveria mais purgatório.”

Não tem também no purgatório mais graças do que as outras?

Sim, quanto mais uma alma está destinada a ocupar um lugar mais eleva-do, no céu, também os seus conhecimentos são mais extensos e sua união mais íntima com Deus, no lugar da expiação.

Tudo aqui é proporcionado ao mérito.

Conclusão

“Após a separação do corpo, todos nós teremos de comparecer manifesta-damente perante o Tribunal de Cristo, a fi m de que cada um receba retribuição do que tiver feito, durante sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal.” ( II Cor. V, 10).

Cada um receberá conforme suas obras.“Mas não deixa de ser verdade que cada um receberá conforme o que te-

nha praticado de bom ou de mau, em sua vida, pois o Senhor retribui a cada um conforme suas obras.”

Refl exão

Segundo a Irmã M.G., a ação do demônio é aproveitar a debilidade mental, a fraqueza do temperamento e o desequilíbrio da imaginação, por ocasião daqueles que estão em agonia.

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Para enfrentar o demônio, é preciso não só cumprir os mandamentos, mas abraçar os conselhos do Evangelho. Não basta dizer: Senhor! Senhor! Mas re-nunciar, diariamente, máxime, o “Eu” humano, ser humilde e colocar-se na presença de Deus. No purgatório, como acabamos de ler, as almas não pecam mais. Pois, no momento que entram no purgatório, começam a conhecer a Deus e, ao mesmo tempo, sentem a necessidade de se livrar das manchas do pecado, através das chamas expiadoras. As almas são, portanto, santas, porque se purifi cam; benditas, porque bendizem continuamente a Deus, por terem sido livradas do fogo eterno.

47 – Expiação e Desapego“Tudo está em proporção, no tocante às faltas que devem expiar. Algumas

almas se julgam santas, porque experimentam um amor mais sensível do que ordinariamente, mas todas estas sensibilidades naturais nada valem. É mister que a alma se eleve e se desapegue, pouco a pouco, de tudo que a cerca e so-bretudo de si mesma, de seu amor próprio, das suas paixões, a fi m de chegar à união divina, e só Jesus sabe quanto custa à natureza chegar até lá.”

“O coração há de ser triturado, a fi m de sair dele todo o amor humano, aliás muito difícil.”

“Poucas almas compreendem estas coisas.”“A alma, quanto mais unida a Jesus, tanto mais será exata no cumprimen-

to dos seus deveres.”“As almas que têm pecados veniais a expiar são de um número pequeno.

Estas não fi cam muito tempo no purgatório. Algumas orações bem feitas, al-guns sacrifícios as livram, em pouco tempo.”

“Deus me concedeu uma grande graça: a de vir pedir orações, assim fala a Irmã M.G.”

“Eu não merecia e sem isto eu fi caria aqui anos e anos, como a maioria das almas.”

“Deus permite que certas almas tenham grande ternura de coração, en-quanto outras são menos sensíveis.”

Tudo está nos seus desígnios, de Deus, assim fala a Irmã M.G.

Refl exão

Expiar é purifi car-se pela penitência, após a morte, pelas chamas ardentes do fogo do purgatório.

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Desapegar é despojar-se de tudo, principalmente de si mesmo, do amor próprio, de suas paixões, amizades e de tudo que tiver apego carnal ou mundano.

Enquanto temos vida, purifi quemo-nos, em todas as circunstâncias. Pois a nossa vida terrena é muito passageira. O nosso tempo, por curto que seja, vale a eternidade.

Não existe melhor penitência, na caminhada, quando na vida se nos ofe-rece a oportunidade de despojarmo-nos de tudo que possa comprometer a salvação eterna.

O desprendimento não deve ser só material, mas espiritual, como seja, apoiar a opinião dos outros, reconhecer os erros, não julgar mal, nem desejar ou guardar ressentimento, obedecer aos pais e superiores, por amor a Deus, isto é, ver na autoridade dos superiores a pessoa de Jesus Cristo.

48 – Como Aparecem as Almas do Purgatório?“Elas aparecem ordinariamente de formas diversas e diferentes modos”.Exemplo: algumas batem à porta, outras aparecem de improviso. Umas se

mostram em aparência humana, claramente visíveis, como em sua vida mortal, vestidas comumente, outras aparecem de modo evanescente.

“As almas que estão envolvidas no terrível fogo do purgatório causam uma impressão assustadora.”

“Quanto mais são purifi cadas por seus sofrimentos, mais se tornam lumi-nosas e afáveis.”

“Com freqüência, contam como pecaram e como escaparam do inferno, graças à Divina Misericórdia; às vezes, acrescentam ensinamentos e exortações às suas declarações.”

“Elas também aparecem extraordinariamente, sob formas que causam medo; às vezes, falam, como durante suas vidas, em sua língua.”

Os estrangeiros falam mal a língua, com sotaque próprio.Mortes Repentinas: São uma justiça ou uma misericórdia de Deus?“Estas espécies de morte, às vezes, são justiça e, outras vezes, misericórdia

de Deus.”Misericórdia: Quando uma alma tem o temor de Deus e Deus sabe que

ela está preparada para comparecer diante dEle a fi m de lhe poupar os horrores de angústias que poderia ter, nos últimos momentos, Deus a retira deste mun-do, com uma morte repentina.

Justiça: Às vezes, também, Deus toma estas almas por justiça.Não fi cam de todo perdidas. Se Deus as retira deste mundo, com uma

morte repentina, seu purgatório é bem mais doloroso e se prolonga muito.

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Outras encheram a medida de seus crimes, abafando a voz de todas as graças divinas, e Deus as tira da terra, a fi m de que não excitem mais a vingança divina.

Refl exãoA morte repentina, isto é, sem esperar, é para muita gente uma graça; para

outros é tremenda e, afi nal, para alguns é uma tranqüilidade.É uma graça, quando a pessoa está preparada, diariamente, e vive com

pensamento nas coisas de Deus.É um choque, quando apanha a pessoa de surpresa, sem nenhuma prepa-

ração, muitas vezes, em pecado.É uma tranqüilidade, quando alguém prefere tal tipo de morte para não

dar trabalho e preocupação aos parentes, amigos e conhecidos. Mas, segundo a Irmã M.G. revelou, a morte repentina é uma manifestação

da misericórdia ou da justiça divina.Vamos pedir a Deus que seu chamamento para a eternidade seja uma ma-

nifestação da sua misericórdia e não da sua justiça terrível.

49 – As Almas se ComunicamIrmã M.D.C.: As religiosas e as outras da mesma Congregação têm rela-

ções entre si?Irmã M. G.: No purgatório como no céu, as religiosas da mesma família

não estão sempre juntas.As almas não merecem todas as mesmas recompensas.Entretanto, elas se reconhecem no purgatório. Podem também, com per-

missão de Deus, se comunica entre elas.Irmã M.D.I.C.: Pode-se receber uma oração em pensamento de um amigo

defunto e lhe dar a conhecer a saudade que se tem dele?Irmã M. G.: No purgatório como no céu, pode-se fazer chegar até aqui a

lembrança e as saudades da terra, mas, como vos disse, não são úteis às almas do purgatório, porque elas sabem e conhecem as pessoas que se interessam por elas na terra.

Deus permite, algumas vezes, que delas se possa receber algum conselho, alguma advertência.

Assim, o que vos disse, diversas vezes, a respeito de São Miguel foi da par-te de Deus e, também, o que vos disse do vosso pai espiritual.

Todas as comissões que me destes, algumas vezes, para o outro mundo, eu as fi z sempre, mas tudo isto subordinado à vontade de Deus.

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Irmã M.D.I.C.: As faltas são conhecidas no purgatório por todos, como serão no dia do juízo fi nal?

Irmã M. G.: Nós não conhecemos no purgatório as faltas dos outros, ex-ceto quando Deus o permite para certas almas, mas segundo seus desígnios, e isto para muito poucas almas...

Irmã M.D.I.C.: No purgatório, as almas se consolam mutuamente, no amor de Deus, ou cada uma delas é completamente isolada em cada sofrimento?

Irmã M.G.: No purgatório, nossa única consolação, nossa única esperança é somente Deus. Na terra, Deus permite que a gente seja consolada, às vezes, nas penas do corpo e do espírito, por um coração amigo...mas, aqui, as almas estão abismadas em Deus, na vontade divina, e só Deus pode aliviar a dor que padecemos...

Todas as almas são torturadas, cada uma segundo a culpa que tem, mas todas têm uma dor comum que ultrapassa a todas as outras, a ausência de Jesus, que é nosso elemento, nossa vida, nosso tudo. E estamos separadas dEle por nossa culpa.

Irmã M.D.I.C.: Conhecei-vos uma às outras no purgatório?Irmã M.G.: As almas se comunicam entre si, quando Deus permite, po-

rém à maneira das almas, sem palavras... Eu vos compreendo sem que pronun-cieis com os lábios.

Há, entretanto, comunicações de almas, assim quando vos vem um bom pensamento pelo nosso Anjo da Guarda, ou por Deus mesmo.

Refl exão

Antes de tudo, as almas se comunicam entre si, quando Deus permite. A sua comunicação é sem palavras, à maneira própria dos espíritos.

As almas sabem e conhecem as pessoas que se interessam por elas, na terra.As almas comunicam-se com as pessoas da terra, com a permissão de

Deus.Elas não conhecem as faltas umas das outras, a não ser que haja interven-

ção de Deus.Só quem pode consolar e aliviar as dores das almas é somente Deus e mais

ninguém, a não ser quando rezamos por elas, fazemos penitências a favor delas. Mas há uma dor comum que elas sentem, é a ausência de Deus. Aliás, é o maior sofrimento no purgatório.

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50 – O Que Deus Mais Ouve

Vida Interior Com Deus

“É tudo que é feito com espírito interior.” “Devemos evitar os elogios do mundo”.

“Amai a Jesus, porque Ele é tudo, pouco amado. Quanto mais íntima é a união de uma alma com Deus, mais esta alma é ouvida. Procurai trabalhar aten-tamente só por Deus. Não procureis outro para testemunhar as vossas ações.”

“Ah! Quantas vidas parecem cheias de boas obras e, no entanto, na hora da morte, estarão vazias. Se soubésseis quão poucas as pessoas que agem só por Deus e praticam seus atos só por Deus. Na morte, estão aí! Quando a gente não está mais cego,quanto arrependimento! Ah se refl etissem, algumas vezes, no que é a eternidade!”

“Esta vida, comparada com este dia sem noite para os eleitos, com esta noite sem dia, não há de ter fi m para os condenados.”

“Ama-se tanta coisa na terra, apega-se a tudo neste mundo, exceto Àquele que unicamente deveria merecer nossa afeição e ao Qual recusamos nosso amor.”

Deus Ama as Almas Simples

“Deveis proceder para com Jesus como uma criança com sua mãe, con-fi ando na bondade dEle, entregando-Lhe nas mãos divinas todos os vossos interesses espirituais e corporais.”

“Deus não olha as grandes ações. Sim, uma ação simples, um pequeno sacrifício, contanto que sejam feitos por amor.”

“Um pequeno sacrifício conhecido só por Deus, e da alma que o praticou, torna-se mais meritório que um outro maior que foi aplaudido.”

“Devemos ser bem de vida interior, evitando os elogios do mundo.”“Jesus quisera que amásseis com amor de criança, isto é, com a ternura de

uma criança que só quer agradar a seus pais.”“Deveis oferecer vossas intenções a Deus bem determinadas.”

Refl exão

Ao tomar a refeição, dizei: “Meu Jesus, alimentai a minha alma com a vossa graça, assim como eu alimento agora o meu corpo.”

Ao lavar o rosto ou as mãos: “Meu Jesus, purifi cai a minha alma como eu faço com meu corpo.”

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“Habituai-vos a falar sempre a Jesus com o coração, como a um amigo, o mais devotado e sincero.”

“Não fazer e nem dizer nada sem consultar Deus, quer que presteis muita atenção nisto e o pratiqueis. Esta conversação divina, que Ele quer ter convos-co, não vos impedirá de vos entregardes aos trabalhos exteriores.”

“Ao contrário, é impossível conservar-se calmo no exterior, se o interior não está tranquilo.”

(Esta refl exão é da Imã M.G)

51 – Eis o Que Jesus Exige de Vós

“As paixões interiores se refl etem sempre no exterior, e a alma que vigia cuidadosamente o seu interior é também senhora do exterior.”

Eis, então, o que Jesus pede a vós:- Uma vida de fé;- União contínua com Ele;- Uma vida humilde;- Uma vida oculta, conhecida só de Jesus;- Uma vida de renúncia;- Uma vida de sacrifício e sobretudo de amor;- Sede generosos;- Fazer ou sofrer, segundo a vontade de Deus.

“Durante todo o ano, em vosso coração, ainda mesmo em meio das maio-res ocupações, tende sempre um lugarzinho reservado, onde vos recolhereis no coração e com o coração de Jesus, e lá nunca o perdereis de vista.”

“Na morte, vereis que nunca se fez demais”.Sede generosos. Vede o fi m para o qual vos chama Jesus: a santidade, o

puro amor.Caminhai sempre sem olhar para trás.Não há santidade sem sofrimento.Jesus vê com muito prazer os nossos esforços.”(Toda esta página é uma orientação da Irmã M.G. à Irmã M.D.I.C.)

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Refl exão

“Não há santidade sem sofrimento.”“Assim como não há salvação sem derramamento de sangue.”A essência da santidade está na obediência, isto é, em fazer a vontade

de Deus.Para fazer a vontade de Deus temos que renunciar. Toda renúncia é um

sacrifício. E o sacrifício é um sofrimento.É exatamente o que a Irmã M.G. disse, quando falou da vida interior com

Deus. Pois Deus pede a cada um de nós: a fé, uma união com Ele, levando uma vida humilde, oculta, acompanhada de renúncia, de sacrifício e de amor, fazendo ou sofrendo, ao mesmo tempo, a vontade de Deus, com generosidade em tudo por tudo.

52. Amor e Sacrifício“Deus gosta da pessoa que tem pureza de intenção e espírito interior e a

grande bondade para com as almas.”“As boas obras terão valor, no último dia, se forem oferecidas a Deus, an-

tes de serem executadas.”“Quanto mais uma alma ama Jesus, tanto mais as suas orações e ações são

meritórias diante dEle. No céu, só o amor é que há de ser recompensado. Tudo que foi feito com outra intenção será nulo, por conseguinte perdido.”

Continua a Irmã M.G. aconselhando à Irmã do convento (viva).“Vossa vida deve resumir-se em duas palavras: amor e sacrifício.”“O sacrifício e o amor da manhã à noite.”“Se soubésseis o que é o bom Deus, não haveria sacrifício que não qui-

sésseis fazer, sofrimento que não quisésseis padecer, para vê-lo num minuto somente, e então fi caríeis bem satisfeita, bem consolada, ainda que nunca mais tivésseis de vê-lO.”

Imagine ver Deus por toda a eternidade!“O sofrimento precede sempre o amor, e há um grande amor que só atin-

gem os que sofreram muito.”“Eu vos falo principalmente dos sofrimentos do coração. (Fala a Irmã

M.G. à Irmã do Convento)”.

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No Purgatório se ama?

“Sim, mas é um amor de reparação, e se nós tivéssemos amado a Deus como deveríamos, na terra, não seríamos tão numerosos e não haveria tantas almas no purgatório.”

No céu, Jesus é bem amado?

“No céu, se ama muito a Deus. Lá, Deus é desagravado, mas não como na terra.”

“Eu vos disse que há almas que fazem o seu purgatório, no pé dos altares. Elas fi cam ali pelas faltas que cometeram nas Igrejas.”

“Estas faltas que foram diretamente a Jesus presente nos tabernáculos são punidas, com muita severidade, no purgatório.”

“As almas que fi cam diante do tabernáculo em adoração, lá estão em re-compensa da devoção ao santo lugar.”

“Elas sofrem menos do que se estivessem no purgatório mesmo, e Jesus, que elas contemplam com os olhos da alma e da fé, ao mesmo tempo, lhes ali-via, com a sua presença real, o que padecem elas.”

“Jesus nos tabernáculos espera os corações que O amam e não os encon-tra...

Nunca chegareis a compreender bem a bondade de Deus. Se alguém refl e-tisse bem, algumas vezes, seria sufi ciente para fi car santo, mas não se conhecem bem a misericórdia de Deus e a bondade do coração de Jesus, neste mundo.”

“Cada um mede segundo o seu modo de ver, e esta maneira é defeituosa. Daí vem que se reza tão mal.”

“É o amor que tudo faz para o nosso bem. Deus quer de nós mormente o amor”.

“É preciso lutar contra vossas más inclinações.”“É preciso proceder como se Jesus estivesse sempre presente.”“E isto nos seja natural apesar de ser tão sobrenatural.”(Considerações da Irmã M.G. para a Irmã M.D.I.C do convento)

Refl exão: O amor exige pureza de intenção, que signifi ca as orações e as ações dirigidas para Deus. As orações e as boas obras sejam somente para Deus.

Portanto, tudo que for feito com outra intenção será nulo. O sacrifício são os sofrimentos do coração, a saber:

O desapego total das criaturas e das coisas, partindo de si mesmo.

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53 – União Com Deus Através da Renúncia“Trabalhai sem descanso e com todas as vossas forças para a vossa perfeição.”“Tende bastante fi rmeza de caráter, para vencer todas as difi culdades que

se opõem à vossa união com Jesus, até que chegueis lá aonde Ele quer.”Vossa vida será um martírio perpétuo.Custa muito renunciar-se a cada momento.“O sacrifício é um martírio contínuo. Mas, neste martírio, se experimen-

tam as mais doces alegrias. Nada agrada tanto a Nosso Senhor Jesus como ver uma alma que se esforça, não obstante todos os obstáculos que se encontram no caminho para poder se entregar, cada vez mais, para a glória e pelo amor de Deus.”

“Só as ações feitas com grande amor, sob o olhar de Deus, para cumprir a vontade, só elas terão a recompensa imediata em passar pelo Purgatório.”

“Jesus se sente mais insultado e ofendido com os pecados que cometem as almas que Lhe são consagradas do que com as injúrias daquelas pessoas que não são seus amigos.”

“Oh! Se vos fosse dado compreender, na terra, como Jesus é tratado com indiferença e desprezo, mormente da parte das comunidades religiosas, como também a indiferença do clero.”

Jesus é tratado como de igual para igual.O número que possui o espírito interior é muito pequeno.“No purgatório, os padres são numerosos, por falta de amor e indiferença.

Eles expiam, pelo fogo e em torturas de todas as formas, as suas negligências.”“A maior infi delidade da vossa parte, o menor esquecimento, a menor in-

diferença para com Jesus Lhe é mais sensível e Lhe fere o coração tão bom, tão amoroso do que uma injúria de um inimigo.”

Nunca haveis de fazer demais por um Deus tão bom.“Os sofrimentos da terra são meritórios. Não os deveis perder. Muitas al-

mas contam convosco para as tirar do lugar dos seus sofrimentos.”Pensai bem nisto e rezai por elas, de todo o coração.“Os sofrimentos do corpo e do coração são a herança dos amigos de Je-

sus, enquanto estão neste mundo.”“Feliz a alma privilegiada!”É o caminho mais certo para chegar ao céu.“Não tenhais medo do sofrimento, ao invés, amai-o porque ele nos apro-

xima mais dAquele que amamos.”

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“O meio mais infalível para chegar depressa à união com Jesus é o amor, mas o amor unido ao sofrimento.”

“Jesus envia à alma que ama sofrimento, penas sobre penas, a fi m de desa-pegá-la de tudo que a cerca...”

Então, pode falar ao coração.A Irmã M.G. aconselha a dizer, muitas vezes, durante o dia, as seguintes

orações:- “meu Deus realizai em mim os vossos desígnios!”- “daí-me a graça de não pôr obstáculos a vossa vontade!”- “meu Jesus, eu quero o que vós quereis, e tanto tempo quanto quiserdes!”“As almas do purgatório sofrem com paciência admirável e louvam a Mi-

sericórdia Divina, graças à qual escaparam do inferno. Sabem que merecem sofrer e deplorar suas culpas.”

“Quem pensa, em vida, que o purgatório seja pouca coisa, e aproveita para pecar sofrerá duramente.”

Refl exão

Nós temos que tender à perfeição: “sede perfeitos como meu Pai é perfeito.”

Aproximar-se da perfeição exige de nós muita fi rmeza de caráter e muito sacrifício. Ora, o sacrifício é uma espécie de martírio. Por conseguinte, exige de nossa vida quotidiana muita renúncia para ter bastante disposição a pender à perfeição. É através da renúncia que chegaremos à união com Deus.

A irmã M.G. fala que “Jesus Se sente insultado e ofendido com os pecados que cometem as almas que Lhe são consagradas.”

Nós, como pessoas consagradas, com urgência, temos que reparar pronta-mente tais insultos, tais ofensas, principalmente o desprezo das comunidades religiosas e a indiferença do clero.

Como culpados, temos que reagir contra tais afrontas, tal frieza e tal in-diferença, aproveitando a graça de estado, a prática de pequenas renúncias e máxime penetrar bem no fundo da realidade da vida misteriosa, no tocante ao purgatório.

Com a força da meditação sobre o purgatório, alcançaremos a vida eterna que tanto almejamos.

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Como evitar o purgatório

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V PARTEComo Evitar o Purgatório

54 – Exercício da Vida InteriorÉ um bem enorme evitar o purgatório. É uma graça que Deus terá grande

prazer em nos dar. É através da oração perseverante que podemos alcançar, também, grande graça em cada oração que rezamos, em cada Missa que ouvi-mos, em cada comunhão que recebemos e em cada boa obra que praticamos.

Transformamos as mágoas desta vida em merecimentos para o Céu rezan-do: “Seja feita a Vossa vontade!”

Um cristão sem formação catequética, no seu pensamento acha difícil evi-tar o Purgatório.

“Para tornar a nossa vida, aqui na Terra, mais feliz, para melhor receber a morte com resignação, para ter mais tranqüilidade, ao passar do tempo para a eternidade”, basta usar meios tão fáceis como práticos.

Pois há motivos por que temos que passar pelo Purgatório, após a morte:

a. Todo pecado pessoal tem que ser expiado, nesta ou na outra vida, como sem falta;

b. O período longo de expiação depende da gravidade e da repetição dos pecados;

c. A culpa é inteiramente nossa. Cometemos o pecado por própria culpa;

d. O pior é que contraímos a culpa e não cuidamos de pagar a dívida, aqui na Terra.

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Meios para Evitar o Purgatório

Eis algumas maneiras para evitar não só a prisão, mas a dureza e o tempo de duração no Purgatório:

1°. Evitar o pecado venial deliberado. Ofender a Deus deliberadamente é horrível, pois a ofensa a Deus é enorme, devido à malícia do pecado;

2°. Empregar todos os esforços para deixar os maus hábitos;

3°. Os hábitos e a deliberação aumentam a malícia do pecado;

4°. Dar satisfação, isto é, rezar atentamente estas palavras do Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas dívidas ou ofensas assim como nós perdoamos aque-les que nos ofendem”;

5°. A maneira de satisfazer é praticar penitência;

6°. Não devemos ter horror à penitência. Pois se é um dos meios efi cazes para alcançar o perdão, pratiquemos tranqüilamente a penitência;

7°. Não é tão difícil; em regra geral, Deus exige o cumprimento dos deveres;

8°. Façamos pequenas coisas com reta intenção e evitemos as grandes coi-sas, sem pureza de intenção, ausência de vida interior com Deus;

9°. A penitência em si é fácil, útil e necessária.Quanto ao segredo do bom viver, é transformar o dever num prazer;

10°. O cristão deve aproveitar os momentos de paciência e de amabilida-de para com os outros. O rigoroso cumprimento do dever ajuda-nos a adquirir boas experiências de penitências.

Refl exão: Afi nal, mais uma maneira de diminuir o nosso tempo de purgatório:

a. Fazer a nossa confi ssão freqüente;b. Comungar e assistir à Santa Missa diariamente.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Quanto à Confi ssão: “Aplica às nossas almas o sangue preciosíssimo de Cristo, apaga nossos pecados, faz-nos ver a sua malícia, enche-nos de horror ao pecado e dá-nos a graça necessária para evitarmos”.

Resumindo tudo o que foi dito, nos 10 pontos acima, para melhor me-morizar:

- Evitar o pecado deliberado, mesmo o venial;- Empregar esforços para abandonar os maus hábitos;- Praticar a penitência, custe o que custar, porque é um meio efi caz;- Cumprir o dever transformando em prazer;- Aproveitar todos os momentos de impaciência, contrariedade, ou incô-

modos físicos ou morais para exercer a penitência.

55 – Ensinamentos da Irmã M.G.A alma M.G. dá os derradeiros ensinamentos à Irmã do Convento.Vejamos os seus ensinamentos:

1 – Dizei, cada manhã ao levantar-se:“Meu Jesus, eis-me aqui para cumprir vossa vontade santa:”Que quereis que eu faça hoje para vos agradar?2 – Fazei todos os exercícios de piedade, sob o olhar de Jesus com muito

amor.3 – Só se pode fazer bem às almas do Purgatório na medida da união com

Deus.4 – Deus procura almas que reparem os ultrajes que Ele recebe, que O

amam e que O façam amar. Ele vos quer e quer neste número.5 – Jesus, antes de conceder a uma alma uma união íntima com Ele, puri-

fi ca-a pela provação; quanto mais desígnios tem sobre esta alma, tanto mais a prova é maior.

6 – Fixai vossa morada habitual no Coração de Jesus.7 – Ide procurar no Coração de Jesus o de que necessitais para vós e para

os outros.8 – Os sofrimentos do coração são mais penosos que os do corpo. Para

uma alma que ama a Jesus, a dor maior é magoar a Jesus, por suas ingratidões e pecados.

9 – Pedi ao Coração de Jesus força de alma necessária para que Ele cum-pra em vós seus desígnios.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

10 – Para fi xar o espírito na presença de Deus, tomai cada dia uma das 14 estações da Via-Sacra e pensai bastante nela. Jesus gosta que nos lembremos do que Ele sofreu por nós.

11 – Nos dias de festa, tomai um dos Mistérios Gloriosos.12 – Pensai também, muitas vezes, na Eucaristia e na vida oculta de Jesus,

no Tabernáculo.

Recomendações das Almas do Purgatório:

1º. O SS. Sacramento, a Eucaristia, não é mais honrada como deveria ser.2°. O Rosário ou o Terço de Maria deveria ser levado em maior conside-

ração. Esta prática tem grande devoção, tem grande poder. Maria é o socorro dos cristãos.

3°. É preciso levar as coisas seriamente, no tocante à moda que provoca e escandaliza.

Refl exão

“Tudo passa e passa depressa”. Não tenhamos tanta preocupação pelas coisas que um dia hão de acabar. Olhemos sempre o que nunca mais há de aca-bar. Por nossas ações santas unidas a Jesus, embelezemos nosso trono no Céu.

Façamos o nosso trono mais alto, alguns degraus mais próximos daqueles que haveremos de contemplar e amar por toda a eternidade.

Qual deve ser a vossa ocupação na terra?

Quanto aos ensinamentos da irmã M.G. para melhor reter na memória, vejamos o resumo:

- Ao amanhecer aconselhemos dialogar com Jesus, dizendo: “Que quereis que eu faça hoje para vos agradar?

- É dever fazer todas as ações, quer espirituais, quer comuns, tudo sob o olhar de Jesus.

- Empregar todos os meios para reparar os ultrajes por meio dos sofrimen-tos do coração que são mais duros que os do corpo.

- Jesus só concede a graça da união íntima no seu coração depois de puri-fi car a alma pela provação.

- Pensar ou meditar na Paixão e Morte, bem como adorar Jesus na Euca-ristia ou no Tabernáculo agrada a Jesus, faz bem à alma.

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56 – Jesus, Mediador das Almas“É Jesus, o Divino Mediador das almas. É Jesus que lhes presta serviço. É

o próprio Jesus que se externa pelas almas, que suplica por elas, que leva os seus desejos aos homens e os faz seus. É Jesus que pede orações e geme”.

“O amor misericordioso O impele a viver pelas almas, a cuidar delas e fazer tudo por elas”.

“Se a uma alma é permitido falar comigo, é Jesus que fala pelas almas”.“É Ele o intérprete do Purgatório”.“Sinto e ouço claramente que é Jesus que fala pelas almas”.“Cada palavra é Jesus”.“É sempre Jesus que agradece por elas e serve de medianeiro entre o Pur-

gatório e os homens. É Ele que nos abençoa e socorre em lugar das almas, quando rezamos por elas”.

“É indescritível a grandeza e condescendência da Bondade Divina”.“Deus lhes presta muitos serviços e não deixa ninguém sem consolação,

nem sem Jesus”.

Refl exão

A criatura humana, idealizada nos planos Divinos para viver a vida plena natural, foi criada no estado de graça e santidade, com o dom da liberdade, para, depois de certo tempo, ser introduzida na plenitude da felicidade eterna, o Céu, sem passar pela morte.

Enquanto o Criador coloca no mundo a humanidade no estado de graça e felicidade, o homem não corresponde com os planos divinos, desobedece e perde, portanto, a felicidade eterna prometida.

Mas Deus não abandona a criatura humana, enviando o seu Divino Filho para resgatar a humanidade, através da Redenção.

Infelizmente, o homem abusa da graça da Redenção e se entrega ao peca-do, com toda sua malícia e maldade. A justiça e a misericórdia entram em jogo, para conseguir e solucionar a situação do homem decaído.

A justiça Divina é retíssima, e a misericórdia Divina é infi nita e sobrepuja ao pecado. Então, Deus inventa um meio efi caz e decisivo que denominamos de “Purgatório”, a fi m de purifi car a alma de toda mancha, por meio do fogo expiador.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

O Purgatório é, por conseguinte, uma verdadeira tábua de salvação. Feliz do pecador se chegar a cair nas chamas terríveis do Purgatório.

O Purgatório, por mais abrasadoras que sejam as suas chamas e braseiros, garante a purifi cação e a entrada da alma na Bem-aventurança eterna.

Façamos tudo para evitar o fogo eterno, preferindo o fogo temporal.

57 – A Graça de Deus“Deus concede as suas graças a quem lhe apraz. A graça de Deus é um

dom gratuito. Devemos viver para fazer a vontade de Deus. Pois não deveis viver senão para Deus”.

“Procurai, em toda parte e sempre, a glória de Deus. Procurai o reino de Deus. Nada deveis fazer que não seja para agradar a Deus”.

“Antes de cada, ação recolher-se um momento e ver se é coisa que agrada a Deus”.

“Deus não recusa as graças que Lhe pedem, numa oração bem feita”. Ele não falta com suas graças divinas”.

“Fazei todas as vossas ações com olhar em Deus. Eu vos digo: consultai-O, antes de tudo o que tiverdes de fazer ou dizer”.

“Quando Deus quer uma alma só para Ele, espreme-a como às uvas, a fi m de vencer as suas paixões, os seus defeitos. Então, Jesus acumula as graças escolhidas e a inunda de seu amor”.

“Tomai como prática a presença de Deus, olhando com pureza e reta in-tenção”.

“Vejo o Bom Deus como vós com olhos da fé, mas a nossa fé é muito mais viva do que a vossa. Pois nós sabemos bem o que é o bom Deus”.

“Ai! Se soubéssemos como desejo ver a Deus”.(instruções da Irmã M.G.)

Como viver a vida interior com Deus?

“Fazer tudo para agradar a Deus. Tende sempre Deus convosco. Dizei-Lhe tudo como amigo e vigiai muito o vosso interior. Vossa vida deve ser uma vida de atos contínuos, interiores de amor, de notifi cações”.

“Que seja a vossa vida de fé e de amor”.“Ocupai-vos de Jesus da manhã à noite. Fazei todas as vossas ações sob o

olhar de Deus simplesmente, e, neste mundo, não procureis agradar senão a Ele”. (instruções da Irmã M.G.).

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Refl exão

“Mortifi cai vosso espírito, vossa língua, isto será mais agradável a Deus que as mortifi cações do corpo que,muitas vezes, procedem de nossa vontade. É preciso chegar ao despojamento de todas as coisas para não atender senão a Deus”.

“Mortifi cai-vos no corpo, mas, sobretudo, no espírito. Esquecei-vos”.“Fazei um ato total de abnegação de vós mesmos. Nunca repareis no que

fazem os outros. O Bom Deus não pede a mesma perfeição a todas as almas”.“Repito: mortifi cai-vos no corpo, mas sobretudo no espírito”.“Não vos canseis jamais de trabalhar. Recomeçai, cada dia, como se tivés-

seis de começar e não tivésseis feito nada”.“Esta renúncia perpétua da própria vontade de seus cômodos, e da manei-

ra própria de ver, é um longo martírio, mas muito meritório e muito agradável a Deus”. (Da Irmã M.G.)

58 – Jesus Sacramentado nas IgrejasEucaristia: “A Eucaristia deve ser para vós um ímã que vos atraia sempre,

cada vez mais.”“Vossa vida deve ser uma vida interior e de união a Jesus, pelos sofrimen-

tos do corpo e da alma, máxime pelo amor”.“Renovai a intenção de reparar o abandono de Jesus sacramentado, nas

igrejas. Deus somente:”Meu Deus é meu tudo”.- O Tabernáculo deve ser o meu repouso.- A Eucaristia é minha vida.- A Cruz é minha herança.- Maria é minha mãe.- O Céu é minha esperança.“Diante de Jesus Sacramentado, Nosso Senhor é muito sensível no SS. Sacra-

mento”.“Amai-O pelas almas injustas, e o Bom Jesus sentir-se-á confortado e conso-

lado neste desprezo. Preparai-vos, com muito cuidado, sempre, para bem receber a Santa Comunhão, participar da Santa Missa e do Ofício Divino”.

Comunhão: Deus Nosso Senhor deseja que vos habitueis a fazer, muitas ve-zes, a Comunhão Espiritual. Dela haveis de tirar frutos abundantes e salutares, se a fi zerdes com boas disposições. Devo preparar uma morada para Jesus.

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Reparação: Sim, é verdade que no Céu Deus recebe adorações infi nitas. Mas, como na terra Ele é ultrajado, quer também receber do mundo a reparação.

É de vós que espera esta reparação para que O ameis, a fi m de desagravá-Lo.

Confi ança e Amor em Deus: Não estejais a dar ouvidos a vós mesmos. Confi ai em Deus. Será que Deus não há de querer vos conceder todas as forças necessárias para servir? A Irmã M.G. insiste e repete: “Confi ai em Deus e não em nós mesmos. Amai muito somente o Bom Deus!”

“Tende confi ança sem limites na bondade de Jesus”.

Perfeição: “Não é preciso preocupar-se com os outros. Deus não pede a todos a mesma perfeição. Quando a gente se ocupa com Deus, é mister se ocupar também com a salvação das almas”.

“Não repareis nunca no que fazem os outros. O Bom Deus não pede, re-pito, não pede a mesma perfeição a todas as almas. Nem todos são esclarecidos com as mesmas luzes”.

Amor: Eu já vos disse que o Bom Deus procura, neste mundo, almas que O amem, mas com este amor de criança, esta ternura respeitosa. Ele não en-contra estas almas...O número delas é muito menor do que se pensa. Nos Ta-bernáculos da terra, Jesus espera os corações que O amam e não os encontra.

Refl exão

Jesus no Tabernáculo é a expressão viva do amor para com os homens. Depois de realizar a obra grandiosa da Redenção, o Seu amor não estancou, foi mais longe. Nos seus planos divinos, quis permanecer entre nós, de uma maneira duplamente oculta, a saber, sob as espécies de pão e vinho, escondido dentro de um Tabernáculo.

59 – Vida Espiritual nas Pequenas Coisas“Existem almas que praticaram muitas devoções, acompanhadas de orgu-

lho que não tem faltas”.“Muitas almas praticaram penitências unicamente por imitação dos santos

e não pelo arrependimento dos pecados”.“Muitas almas desejaram ser santas, praticando grandes penitências e gran-

des sacrifícios, chegando a empreender extraordinárias coisas, no entanto negli-genciaram as pequenas coisas, como os mais importantes deveres do estado”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

“Não se deve buscar coisas grandes nas almas, mas só pequenas e simples”.“É na simplicidade que se encontra a bondade e a grandeza de Deus”.“As próprias virtudes praticadas na terra têm que ser purifi cadas no santo

fogo do Purgatório. Certamente houve, no exercício das virtudes, aqui e acolá, vaidade de ser melhor do que os outros. Ou ainda merece o fogo purifi cador, devido às virtudes ladeadas por pequenos vícios”.

Confi rmadas na Graça: As almas no Purgatório, não obstante as faltas cometidas em vida, estão confi rmadas em graça, devido à expiação. Portanto, não podem mais pecar.

“No entanto, há almas no Purgatório que têm mais graças do que outras, pois são proporcionadas ao mérito de cada uma”.

“Tanto que Deus não permite que uma alma, que Lhe foi fi el na vida, pereça nos últimos momentos. De tal modo, estão presentes, nos últimos ins-tantes: Maria SS., São José, São Miguel, o Anjo da Guarda ou algum Santo Protetor”.

Refl exão

Para não ser tão pesada a nossa dívida no Purgatório, devemos sacrifi car em vida o próprio “EU”.

Para ser santa tem que renunciar ao “EU” humano, viver de sacrifícios, receber as graças de Deus com profunda humildade, colocando-se na presen-ça de Deus. “Não há santidade sem sacrifício.” E acrescento que a essência da santidade é sacrifi car o “EU” humano, que deve ser inteiramente despojado.

A Irmã M.G. aconselha que façamos o Purgatório aqui na terra. Mas, in-felizmente, alguns, por falta de generosidade, vão terminar o seu sofrimento no Purgatório real.

Outras almas deixam de fazer o seu Purgatório, neste mundo, unicamente por comodismo e apego às coisas materiais.

Sim, há almas admiráveis, porém muito raras, que já passaram o seu Pur-gatório, aqui neste mundo.

Diz Santa Catarina de Gênova:“Tenho medo de mim mesma, isto é, medo do amor próprio e da ilusão

própria.” Tenho que fugir de mim mesma, de outro modo não suporto o meu próprio “EU”.

“Eu penso, demasiadamente, no meu “EU” em vez de pensar em Jesus”. Ela tem razão. O “EU” é perigoso, traiçoeiro, manhoso, não merece confi ança. É como um verme que alimenta a enfermidade.

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Para dominar, é indispensável um despojamento total do “velho homem” como nos recomenda São Paulo.

O homem que se preocupa com o “EU” é considerado um homem velho, isto é, “aquele que se corrompe com paixões enganadoras. É preciso que vocês se renovem...e se revistam do homem novo” (Ef IV, 22 a 24).

Aí no Sacrário, Jesus está amavelmente como amigo, aguardando, noite e dia, os visitantes adoradores. Pois, no Céu, Jesus recebe adorações infi nitas e, na terra, espera, pelo menos, adorações de reparação. Diante de Jesus Sacra-mentado, deveis depositar confi ança absoluta nEle não em vós mesmos. Não basta tender à perfeição, mas empregar esforço capaz de reparar a falta de res-peito, a indiferença ou mesmo a frieza espiritual.

Mas não devemos esquecer que o amor, que Jesus Sacramentado deseja, é aquele amor com aquela candura de simplicidade de criança.

Infelizmente, são poucos que procuram o Cristo no Sacrário.Não é preciso empregar palavras proferidas pelos sábios, basta um olhar

de fé.Perguntaram ao santo Cura D’Ars por que passava tanto tempo olhando

para o Sacrário. Ele respondeu simplesmente: “Eu contemplo, Jesus e Ele olha para mim, isto é, dando-me a devida atenção”.

60 – Piedade, Hipocrisia e Caridade (Mensagens da Irmã M.G.)

Piedade“Há, no Purgatório, almas que pareciam ser piedosas. Mas, nestas almas,

houve malícias. Então, pelo Purgatório, através do fogo tormentoso, mostra-se que a verdadeira piedade consiste na verdade, na justiça e no temor a Deus”.

Hipocrisia

“Em outra vez, observei muitas almas pelas quais ninguém reza por elas. São almas que, em vida, foram consideradas piedosas e queriam parecer como tais. Estas sofrem muito no Purgatório”.

“Seria um alívio para elas se suas faltas, que sabiam esconder com astúcia, fossem conhecidas na terra. Por estas almas os fi éis rezam pouco ou nada, pois julgam-nas no Céu”.

“Por isso o Salvador me incumbiu de rezar, sofrer por elas e expiar-lhes as hipocrisias”.

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“Não obstante, vi, de fato, umas almas preferirem, agora, mil vezes, não ser veneradas na terra e estão expiando amargamente as hipocrisias, as teimo-sias, as vaidades espirituais”.

Caridade

“A caridade deve ser divina e não humana”.A verdadeira caridade não conhece simpatia, e sim, o amor. A verdadeira

caridade procura fazer bem a Jesus. Lembre-se da expressão proferida no Evan-gelho: “a mim o fi zeste” É este o grande e condescendente “Eu de Deus”.

Refl exão

A piedade não suporta a falsidade, por isso Jesus foi severo com os hipó-critas do seu tempo. Foi reprovado o fi ngimento da elite religiosa de Jerusalém, com a parábola dos dois homens que foram ao Templo para rezar.

A piedade repugna a malícia e a injustiça. Pela própria origem da palavra, é cumprimento religioso. Muitos cristãos se servem da piedade para ser res-peitados e elogiados. Portanto, de tais cristãos o Evangelho não só critica os elementos religiosos, mas também condena como Cristo condenou os fariseus com expressões fortes, veementes, corajosas, chamadno-os de “sepulcros caia-dos” (Mt. XXIII, 27), serpentes, raça de cobras venenosas (Mt. XXIII, 33), doutores e fariseus hipócritas (Mt. XXIII, 14), guias cegos (Mt. XXIII,16).

A falsidade era tanta que Jesus confi rmou a expressão do profeta Isaías, que profetizou muito bem sobre eles, quando disse: “Esse povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim” (Mt. XV, 7-8).

Para não cair nas exprobações ditas por Cristo aos doutores e fariseus de seu tempo, que a nossa piedade seja, antes de tudo, fi lial e de santo temor a Deus. Que as nossas ações sejam realizadas com o espírito elevado, oferecendo tudo a Deus.

61 – “Chamas do Amor”Segundo a Doutrina do Doutor Seráfi co da Igreja, São Francisco: “As al-

mas do Purgatório estão numa contínua união com Deus, fazem a vontade de Deus e por isso são impecáveis. Elas amam a Deus, são consoladas pelos anjos. Apesar de o sofrimento ser bastante intenso, elas gozam de uma paz profunda e perfeita”.

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Vejamos detalhadamente os pontos sobre a doutrina, segundo São Fran-cisco de Sales:

1°. “As almas do Purgatório estão numa contínua união com Deus e perfeita-mente submetidas à vontade de Deus”.

Não podem deixar esta união divina e nunca podem contradizer a divina von-tade, como nós, neste mundo.

2°. Elas se purifi cam com muito amor e com toda a boa vontade, porque sa-bem que isto é da vontade de Deus, e uma alegria para elas.

3°. Elas querem fi car na maneira que Deus quer e quanto tempo Ele quiser.4°. São impecáveis e não podem experimentar nem mais leve movimento de

impaciência nem cometer uma imperfeição sequer.5°. São consoladas pelos anjos.6°. Amam a Deus mais do que a si próprias, e mais que todas as coisas, e com

amor muito puro e desinteressado.7°. Estão seguras da sua salvação e com uma segurança que não pode ser con-

fundida.8°. As amarguras que experimentam são muito grandes, mas numa paz pro-

funda e perfeita.9°. Pelo que padecem, estão como numa espécie de inferno, quanto à dor;

é um paraíso de doçura, pois a caridade é mais forte do que a morte.10°. Feliz estado, mais desejável que temível, pois estas chamas do Pur-

gatório são “chamas de amor”. (Extraído do Opúsculo “O Purgatório”. Mons. Ascânio Brandão).

Refl exão

Segundo o esquema exposto de nosso simpático São Francisco de Sales, que tão bem escreveu a realidade da vida do Purgatório:

Há realmente no Purgatório verdadeira união das almas com Deus.Esta união é tão forte que a alma se torna impecável. Pois as almas amam

a Deus acima de tudo. De tal modo que a caridade se torna mais forte do que a própria morte.

As almas se acomodam, isto é, fazem a vontade de Deus como Ele quer e aceitam quanto tempo de sofrimento sem se queixar.

Daí, as almas, apesar das terríveis chamas ardentes e purifi cadoras, no en-tanto, sentem profunda e perfeita paz em Deus, porque têm a certeza absoluta da sua salvação.

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São Francisco de Sales

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VI PARTEMeios de Aliviar e Libertar as Almas do Purgatório

62 – Sufrágios pelas almas

a) Conceitos

A palavra sufrágio vem do verbo latino suff ragari que signifi ca dar o seu voto ou louvar, favorecer.

Sufrágio é tudo que possa favorecer em benefício de alguém.Portanto, as almas podem receber os nossos sufrágios, através da Santa

Missa, da Via-sacra, das boas obras, como sejam esmolas, jejum, visita ao SS. Sacramento, Comunhão, visita ao cemitério ou mesmo uma pequena oração ou jaculatória que faz tanto bem! Ela refrigera como um copo d’água fria dada a uma pessoa que está com muita sede.

Segundo a Irmã M. G.: “Uma alma religiosa pode aliviar as almas de seus defuntos, parentes ou amigos, com as ações praticadas com grande pureza de intenções, muito mais do que pelas orações”.

“No Purgatório, nós não recebemos as indulgências que nos são aplica-das, senão à maneira de sufrágios e como Deus o permite, e segundo as suas divinas disposições”.

“É verdade: quem está no purgatório não tem apego aos pecados, mas não estamos sob o reino da misericórdia, mas sob o império da justiça e desta justiça recebemos o que Deus quer que nos seja aplicado”.

b) Maior Sufrágio

A Santa Missa é o maior sufrágio a favor das almas.O Santo Sacrifício da Missa, o Sacrifício por excelência, é a renovação do

Calvário que salvou o gênero humano.A Igreja colocou a memória dos mortos no ato da Missa, em que a Divina

Vítima está presente sobre o altar. É a melhor, a mais efi caz, a mais rápida ma-neira de aliviar e libertar as almas dos nossos queridos mortos.

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Segundo Santo Anastácio: “Só o propósito de ouvir a Missa alvoroça as almas”.

“Se agora propondes ir à Missa, desde já as consolais”. “As almas a quem aliviamos, ou salvamos com as nossas Missas e boas

obras rezam por nós com fervor incalculável”.“O Senhor toma, com efeito, a Si mesmo, tudo quanto fazemos pelos

outros”. Quando aliviamos uma alma ou conseguimos a sua libertação, é como se

aliviássemos ou libertássemos o próprio Deus. Como não estará Ele pronto, portanto, a escutar as orações que essas almas oferecem por nossa intenção?!

Jesus Cristo põe claramente esta lei: “Pela medida que usardes sereis medidos”.

Quem trabalha devotamente para aliviar as santas almas poderá esperar que lhe seja perdoado, ou seja, reduzido muito o Purgatório.

c) Valor da Missa como Sufrágio

Se soubéssemos qual é o valor de uma Missa para a Eternidade, as Igrejas estariam lotadas, mesmo durante a semana. Na

Hora da morte, as Missas, às quais tenhamos assistido com devoção, du-rante nossa vida, serão o nosso maior tesouro. Elas terão para nós mais valor do que as Missas celebradas por nós, após nossa morte.

“As crianças são indolentes e desobedientes porque não vão assistir à San-ta Missa, todos os dias”.

A oração e a Comunhão dão-lhes a força de serem obedientes e fi éis aos deveres. “Nenhum pai, nenhuma catequista pode plantar no coração da crian-ça aquilo que Nosso Senhor lhe dá em graças durante a Missa e a Comunhão”.

Valor do Sacrifício e das orações oferecidas pelos mortos.

Santo Agostinho observa que o sacrifício e as orações oferecidos pelos mortos são venerável tradição da Igreja e que, portanto, possuem muito va-lor; de tal modo, podem ser aproveitados a favor das almas. Santo Agostinho propõe que nos convençamos, acima de tudo, desta verdade: “somente nossas orações, nossas esmolas e o sacrifício do altar podem ser aproveitados aos de-funtos a quem queremos ajudar”.

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Refl exão

Segundo a revelação da Irmã M.G., a alma no purgatório não está sob o reino da Misericórdia, mas sob o império da justiça. Realmente, enquanto estamos na terra, temos a nosso favor os benefícios da misericórdia de Deus.

Após a morte, porém, não contamos mais com a bondade divina, mas com o rigor da justiça. O maior sufrágio a favor das almas é a celebração da Santa Missa, porque nela celebramos a renovação do santo sacrifício do altar.

O melhor sufrágio, o mais efi caz, o mais rápido, o mais seguro, tanto para aliviar como para libertar, é o sacrifício da Missa.

Quanto à assistência à Santa Missa, a Irmã adverte que as missas assistidas com devoção, durante a vida terrena, valem mais do que as Missas celebradas a nosso favor, após a morte.

Portanto, não percamos tempo, vamos à Missa assegurar as vantagens es-pirituais que nos oferecem, enquanto temos vida.

Quanto à educação religiosa das crianças, a Irmã lembra que elas são in-dolentes e desobedientes porque não acompanham os pais à Santa Missa. Eis o motivo: “nenhum pai, nenhum professor de religião, nenhum catequista pode plantar no coração da criança aquilo que Jesus Cristo lhe dá em graças, durante a missa e a comunhão”.

63 – Mensagens dos Santos Padresa) Do beato João D’Ávila: “Nos últimos instantes da vida, perguntaram

o que mais desejaria, depois da morte. Respondeu o beato: Missa! Missas!”.

b) De São Jerônimo: “Saem muitas almas. E não sofrem tormento algum, durante a missa que lhe é aplicada”.

c) De São Vicente Ferrer: “Tinha uma irmã frívola e vaidosa”. Vindo a falecer, apareceu-lhe no meio das chamas e sofrendo penas horríveis:

“Ai de mim, meu irmão, fui condenada a estes suplícios, até o dia do juízo fi nal. Mas tu poderás ajudar-me. É de grande efi cácia a Santa Missa. Oferece por mim 30 (trinta) Missas”.

No 30º. dia, apareceu-lhe a irmã cercada de anjos e caminhou no céu. Graças à valia da Santa Missa, fi cou reduzida a 30 dias do seu purgatório, uma vez que deveriam durar séculos. Já pensou?

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d) De São João Crisóstomo: “Os anjos assistem à missa, fi nda a qual voam em tropel levando os sufrágios para as almas que, num alarido festivo, se preparam para subir ao céu, conforme ele mesmo viu, ao fi ndar a Missa que acabara de celebrar”.

e) De Santo Anselmo: “Aproveita mais mandar celebrar uma Missa, en-quanto vivo, que depois de morto”.

f ) De Guerranger: “Ele diz que não há melhor socorro às almas que a Santa Missa. E a esperança é a riqueza das almas. Podemos duvidar do valor de nossas orações, mas nunca da efi cácia do santo Sacrifício da missa, no qual se oferece o sangue de Jesus pelas almas”.

g) Do Beato Henrique Suzo: “Ao Beato Henrique Suzo apareceu, depois da morte, um amigo íntimo gemendo de dor e a se queixar”:

-“Ai, já te esqueceste de mim? Não, meu amigo, respondeHenrique, não cesso de rezar pela tua alma, desde que morreste”.-“Oh! Mas isto não me basta,não, não basta! Falta-me para apagar as cha-

mas que queimam o sangue de Jesus Cristo.”- Então, Henrique mandou celebrar inúmeras Missas pelo amigo.- Este lhe apareceu então, já glorifi cado, e disse-lhe: Meu querido amigo

mil vezes agradecido. Graças ao sangue de Jesus Cristo Salvador, estou livre das chamas expiadoras. “Subo ao céu e lá nunca te esquecerei”.

h) De Santo Afonso: “Ele afi rma, se desejamos o auxilio de suas orações, não só é justo, mas até é um dever socorrê-las com nossos sufrágios, pois, a caridade cristã exige que ajudemos o próximo quando necessita do nosso auxí-lio”... Elas estão continuamente no meio de um fogo que atormenta muito mais que o fogo deste mundo, acham-se privadas da visão de Deus, pena maior que todas as outras. Consideremos também que ate podem, talvez, estar pensando as almas nossos sufrágios. Se assim o fi zermos não só seremos agradáveis ao Senhor, mas também adquiriremos muitos méritos. Pois, estas almas benditas não cessarão de suplicar ao Senhor por nós... Tenho como certo, afi rma Santo Afonso, que uma alma do Purgatório por alguma pessoa piedosa, depois de entrar no céu, não cessará de dizer a Deus: “ Senhor, não permitais que aquela pessoa caridosa, que me libertou do cárcere do Purgatório e que fez com que eu gozasse mais depressa da vossa Divina Presença, conceda–lhe a salvação a salvação eterna”.

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Refl exão

No caso de São Vicente Ferrer, dá para impressionar bastante, a redução para trinta dias, em vez de vários séculos. Diante de tamanha redução, bem podemos avaliar como a Santa Missa é de valor infi nito.

No caso de Santo Anselmo, é uma advertência preciosa para melhor aproveitar os benefícios e as graças que tem uma Missa. Uma só Missa en-quanto vivo, que mil depois de morto. Pois, após as exéquias, o morto cai no esquecimento.

Demos valor à Santa Missa e aproveitemos, enquanto está ao nosso alcance.

A Vidente Simma revela: “o auxilio mais precioso que podemos dar às al-mas é, sem dúvida, a Missa, mas na medida que os mortos a estimaram, quando vivos. Isto vale não só para a Missa de preceito (Domingos e Dias Santos), mas também as dos dias da semana, quando podem assistir sem prejudicar as ocu-pações profi ssionais. Caso não seja possível, mande um membro da família”.

64 – O Maior SufrágioA Santa Missa é de todos os meios o mais poderoso e mais efi caz.E aqui citemos os Santos confi rmando a efi cácia da Santa Missa em sufrá-

gio pelas almas:- São Jerônimo: Diz o Santo: “A cada Missa celebrada com devoção saem

muitas almas do purgatório. E, durante a celebração, quando aplicada a elas, não sofrem tormento algum”.

- São João Maria Vianey. Conta-se que o santo sacerdote orava por um certo amigo que ele sabia está no Purgatório. Então, veio – lhe a idéia de que não podia fazer nada de melhor do que oferecer por sua alma o Santo Sacrifício da Missa. Ao chegar o momento da consagração, tomou a hóstia entre as mãos e disse: Pai Santo Eterno, façamos uma troca.

Vós tendes a alma do meu amigo que está no Purgatório, e eu tenho em minhas mãos o corpo do Vosso Filho.

“Pois bem, livrai meu amigo, e eu ofereço Vosso fi lho com todos os méri-tos de sua Paixão e Morte”.

Resultado da Prece: No momento da Elevação, “ele viu a alma de seu amigo, todo radiante de glória, subindo ao céu”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Valor da Santa Missa: É o sangue de Jesus que se dá em pagamento das dívidas da alma de quem se quer libertar, e esse sangue tem um valor infi nito.

A Indignidade daquele que encomenda a Santa Missa, ou mesmo de quem a celebrar, não tira o valor da oferenda. Qualquer outra oração ou obra boa, feita em estado de pecado mortal, é uma obra morta. Mas a Santa Missa tem sempre o seu valor intrínseco.

O mérito é ligado a Jesus Cristo: Bondaloue diz:“Seu mérito não depende de quem oferece e muito menos de quem

o faz oferecer, mas é ligado somente à pessoa de Jesus Cristo, ao preço de seu sangue”.

“Donde se segue que o pecador, ainda em seu estado desordenado, pode contribuir para o repouso das almas do Purgatório”.

No caso, porém, se os teus recursos não te permitem fazer celebrar mui-tas vezes, a Santa Missa em teu nome, podeis oferecer, assistindo àqueles por quem se oferecem com devoção, unindo as tuas orações às do sacerdote, às do Nosso Senhor Jesus Cristo.

Podes aplicar os méritos do Cordeiro sem manchas àqueles que te são caros.

Podes tomar o sue sangue divino e derramá – lo sobre as almas do Purgatório.

A Missa é um tesouro: Com o qual podemos saudar o resgate dos nossos defuntos que gemem na prisão do fogo e abrir a porta do céu.

A Missa Gregoriana: É uma grande devoção de se pedir que se para cele-brem 30 Missas individuais por uma alma do Purgatório.

Devem ser celebradas obrigatoriamente, em 30 dias seguidos, por um sacerdote.

Não podem ser acumuladas duas ou três no mesmo dia.As missas de Réquiem, nos dias permitidos pelas rubricas.O essencial é que as 30 Missas por uma alma sejam celebradas, em 30 dias

consecutivos, e que sejam individuais. Esta devoção teve origem com o Papa São Gregório Magno, que a enri-

queceu com especiais e extraordinárias graças e indulgências, como afi rma o Papa Bento XIV, nas instruções 34.

Aproveitam as Missas oferecidas e mais sufrágios, feitos pelas almas que não precisam, por estarem no céu, aproveitam àqueles por quem se oferecem e a todas as almas de Purgatório.

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Refl exão: O valor e o Mérito da Santa Missa.

Quanto ao valor, é o preciosíssimo Sangue de Jesus que se dá por paga-mento das dívidas da alma de quem se quer libertar, e esse sangue tem um valor infi nito. Portanto, a Santa Missa é um tesouro por que podemos liquidar o resgate de nossos irmãos defuntos do Purgatório.

Quanto ao mérito, é intrínseco, ligado a Jesus Cristo.Não depende: a) daquele que oferece o Santo Sacrifício, também nem b) daquele que faz oferecer.De tal modo que mesmo um pecador, ainda em seu estado de pecado,

pode cooperar pelo repouso das almas do Purgatório.

Quanto aos meios, por falta de recursos, podeis oferecer a Santa Missa, assistindo a ela com devoção. Tal devoção é válida. Não se deve perder a opor-tunidade de assistir ou participar da Santa Missa, todos os dias.

65 – Comunhão

Comunhão Sacramental

A comunhão é o segundo meio de aliviar as almas do Purgatório. “Pela recepção da Sagrada Comunhão, fi camos unidos a Jesus Cristo,

duma maneira tão íntima que cada um de nós pode exclamar como Paulo Apóstolo”. “Não , não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.

“Então, a nossa carne torna-se a sua própria carne, o seu coração faz palpi-tar o nosso, o seu sangue em nossas veias, a sua Divindade vive em nós, somos outro Cristo!”.

Eis a oração suplicante:“Ó Deus protetor dos afl itos, olhai por mim, aí verei a face de Vosso Cris-

to. Não , não sou eu que falo e que peço, é Jesus, Vosso próprio Filho, que fala e que pede por mim. É Ele que por mim dá a libertação de meus pais, amigos, irmãos e bem-feitores, libertação das almas abandonadas. Eu estou seguro, ó pai misericordioso, que não rejeitareis estas justas súplicas, porque o semblan-te, as orações, as lágrimas, o sangue de Cristo têm uma voz onipotente para apaziguar a Vossa justiça e obter o Vosso perdão! Amém.”

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Comunhão espiritual

Se não fi zer, muitas vezes, a Comunhão Sacramental, isto é, receber real-mente a Jesus Cristo em nosso coração, fazer ao menos a Comunhão Espiritu-al, que consiste no desejo ardente de nos reunirmos ao Divino Salvador e de recebermos o seu espírito e suas graças.

É uma prática tão salutar aos vivos e aos mortos, que Santo Afonso de Ligório ousa dizer que se pode haver dela tanto e mais fruto, se for feita com fervor, do que da Comunhão Sacramental feita com frieza.

“Tem, além disso, a vantagem de que pode ser feita, todos os dias, a todos os momentos, de dia e de noite e em todos os lugares, quer profanos, quer sagrados. Não é este um meio simples, fácil e poderoso de socorrer os nossos queridos?”

Oração da Comunhão Espiritual “Jesus, eu creio que estais aqui pre-sente, amo-Vos, desejo-Vos, uno-me a Vós de espírito e de coração, esperando que eu possa receber-Vos realmente”.

“Abençoai-me, abençoai também as almas que tanto padecem no Pur-gatório. Sim, Senhor, chamai os Vossos fi lhos e os nossos irmãos ao repouso eterno.”

“Que Vossa luz, que jamais se apaga, resplandeça sobre todas as almas! Amém!”.

Poderoso Valor da Santa Missa

- Em toda Missa, pode-se diminuir a pena temporal devida aos teus peca-dos e diminuí-la mais ou menos consoante o teu fervor.

- Perdoa os pecados veniais não confessados, dos quais, porém, te arre-pendeste.

- Diminui o império de satanás sobre ti.-Sufraga as almas do Purgatório da melhor maneira possível.- Uma só Missa, a que houveres assistido em vida, será mais salutar que

muitas a que outros assistirão por ti, depois de tua morte.- Toda missa diminui o teu Purgatório.- A Missa preserva-te um grau de glória maior no céu.

- Segundo São Bernardo: “fi ca sabendo, ó Cristão, que mais se merece com ouvir devotamente uma só Missa, do que com distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- Segundo São Jerônimo “Nosso Senhor nos concede tudo o que Lhe pe-dimos, na Santa Missa, e o que mais vale é que nos dá ainda o que nem sequer cogitamos pedir-Lhe.”

- Segundo São João Vianey: “ Se conhecêssemos o valor da Santa Missa, que ímpeto não teríamos em assistir a ela!”

Refl exãoO valor e o poder que tem a Comunhão Sacramental.Esta devoção tem valor no que toca à união com Jesus Cristo.Pois ocupa o primeiro lugar tal devoção porque devemos estar na graça

de Deus.Além da disposição na graça de Deus, para ser frutuosa, tem que haver

total desprendimento das coisas materiais e de afetos humanos. Comungar sa-cramentalmente é receber o corpo, sangue e alma de Jesus. Então, dá-se o que São Paulo afi rma; “eu já não vivo, mas é Jesus que vive em mim”.

Então, podemos afi rmar juntamente com os santos que a Comunhão Sa-cramental é capaz de obter o perdão e aliviar os sofrimentos das almas.

Quando não é possível fazer A Comunhão Sacramental, fazer pelo menos a Comunhão Espiritual,que consiste em receber Jesus espiritualmente,com ar-dor e devoção. As condições para bem comungar espiritualmente têm que se revestir das mesmas disposições da Comunhão Sacramental, a fi m de ter o seu efeito maravilhoso. É o meio mais fácil para socorrer as almas. Pois esta devo-ção pode ser feita em toda parte e em qualquer circunstância. Basta se recolher interiormente. É salutar tanto para os vivos como para os mortos. Como já vi-mos acima, Santo Afonso de Ligório, falando da vantagem da Comunhão, que pode ser feita, todos os dias, a todos os momentos, de dia e de noite e em todos os lugares, quer profanos, quer sagrados, conclui: “é preferível fazer a Comu-nhão Espiritual com fervor a fazer a Comunhão Sacramental com frieza”.

66 – Via Sacra e Oração Pelos MortosO exercício da Via crucis,isto é, o Caminho da Cruz, tem uma efi cácia

grande,quando se faz em prol da libertação das almas.Depois da Santa Missa, a oração recomendada em prol dos defuntos é o

exercício da Via-Sacra. Deus aceitará o que fi zerdes por todas as almas como se o fi zésseis por uma só.

O Papa Pio IX concedeu indulgência parcial à oração seguinte para ser rezada com devoção, antes do início da Via-Sacra:

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“Eterno Pai, eu vos ofereço a sangue, a Paixão e Morte de Jesus Cristo, as dores da S.S. Virgem e as de São José pela remissão dos meus pecados, livra-mento das almas do Purgatório, necessidade da Santa Madre Igreja Católica e conversão dos pecadores. Amém”.

Oração Pelos Mortos. “A oração está ao alcance de todos, tanto pobres como ricos, fracos ou fortes, jovens ou velhos. Ninguém pode alegar motivos racionais para se dispensar dela”.

“Todo mundo pode dar uma esmola de oração a favor das almas. Quem não pode achar no seu coração um grito de súplica para diminuir o sofrimento das almas padecentes?”

Veríamos sofrer um santo, um amigo, um parente, e não fazer uma boa oração que poderia aliviá-los e torná-los felizes?

Seria o cúmulo de indiferença para os irmãos sofredores!É então agradável falar daqueles que se ama, daqueles a quem se venera!“Tomai, pois, a resolução de não deixar passar nenhum dia sem pedirdes

pelos parentes, amigos, benfeitores e defuntos em geral, através de todas as orações, nem que sejam curtas ou simples jaculatórias, por exemplo”:

“Doce Jesus, sede-lhes propício”!“Senhor, dai-lhes o repouso eterno!”“Meu Deus, que eles repousem em paz!”

Santo Agostinho afi rma que “A oração é chave que abre o céu“.“A força da oração sobe até o trono de Deus, vai diretamente ao coração

de Deus; faz calar a justiça; o amor vence a justiça, cede ao perdão”.“A oração desce do trono de Deus ate ao abismo, liberta as almas,apaga o

fogo que arde, quebra os laços da prisão e entrega à felicidade eterna!”

Santo Tomás assegura: “Deus acolhe com mais fervor a oração pelos mortos do que a que nós Lhe dirigimos pelos vivos”.

Refl exão

Não fi car de braços cruzados, diante da realidade do fogo do Purgatório; podemos ajudar as almas, de uma maneira facílima. Pois elas não exigem de nós tanto auxilio material, a não ser uma esmola e uma prece. Entre as orações comuns de muito valor a favor das almas está a de percorrer o caminho sagrado da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: Rezar a Via-Sacra .

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A oração supra citada foi indulgenciada pelo Papa Pio IX e deve ser reza-da no início do exercício da Via-Sacra.

Os dois pensamentos dos santos completam a nossa refl exão.Santo Agostinho se expressou bem, quando disse: “a oração é a chave

que abre o céu. A força da oração sobe até o trono de Deus, vai diretamente ao coração de Deus. Faz calar a justiça. O amor vence a justiça, cede o perdão. A oração desce do trono de Deus até ao abismo, libera as almas, apaga o fogo que arde, quebra os laços da prisão e entrega à felicidade eterna”.

Deus ouve as preces a favor das almas. Mais depressa do que as demais intenções. Vejamos a afi rmação de Santo Tomás de Aquino, nestes termos: “Deus atende mais rapidamente a oração pelas almas do Purgatório. Nada per-demos, mas muito lucramos espiritualmente”.

67 – A EsmolaA esmola é uma das virtudes que nos são muitas vezes e mais poderosamente

recomendadas no Evangelho.- Segundo Santo Tomás de Aquino : “A esmola possui até um poder de sa-

tisfação maior do que a oração. Ou, antes, duplica a força das nossas orações, cujo sucesso nos assegura”.

- O Arcanjo Rafael dizia a Tobias: “A esmola salva da morte, apaga os peca-dos, tira alma das trevas, faz-lhe achar graça diante de Deus e lhe assegura a vida eterna”.

- Oh! Sejamos, pois, misericordiosos tanto quanto podemos sê-lo. Se possuir-mos muito, devemos dar muito. Se tivermos pouco, daremos do pouco que temos. Importante é dar sempre de bom coração.

- É um meio muito efi caz para aliviar as almas que sofrem. A caridade a favor dos pobres sobe até Deus. É um doce orvalho que cai nas chamas do Purgatório.

- Dando esmolas para uma boa obra, pode-se ajudar as almas do Purgatório. Portanto, a ajuda às Missões, atualmente, é uma obra particularmente boa.

- “É admirável economia espiritual, pensando-se em consolar. O dinheiro que dá o pão do momento a um miserável deste mundo dá, talvez, a uma alma libertada um lugar eterno, à mesa do Pai, no céu”.

- O anjo Rafael, companheiro do jovem Tobias, em sua viagem, disse

no fi nal: “É melhor praticar as esmolas do que acumular ouro. A esmola li-vra da morte e purifi ca de todo o pecado. Quem pratica a esmola terá vida longa”(Tobias XII ,8 a 9).

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- “Alma cristã, socorrei os afl itos da terra e aliviareis, ao mesmo tempo, os que choram além do tumulo”.

- “Coloque a esmola na mão do pobre; é o carcereiro do Purgatório. A sua voz, as chamas extinguem-se, os calabouços se abrem, e os cativos tornam-se livres”.

- “Se não temos dinheiro resta-nos a esmola espiritual da oração, que faz bem à alma e ao coração dos que sofrem e gemem, segundo a expressão de Santo Tomás”.

- Ah! As misérias espirituais são mais numerosas e mais deploráveis do que as misérias corporais .

Valor da Esmola: “Dê esmolas daquilo que você possui e não desvie o rosto, e Deus não afastará seu rosto de você. Que sua esmola seja proporcional aos bens que você possui: Se você tem muito, dê muito; se você tem pouco, não tenha receio de dar pouco.”

Assim, você estará guardando um tesouro para um dia da necessidade, pois a esmola livra da morte e não deixa cair nas trevas.

“Quem dá esmolas, apresenta uma boa oferta ao Altíssimo” (Tobias , IV, 7 a 11 )

“Reparta o seu pão com quem tem fome e suas roupas com quem está nu. Dê como esmola tudo o que você tem de supérfl uo e não seja mesquinha” (Tobias IV,16 e 17 ).

Refl exãoA esmola é um dos meios efi cazes para socorrer as almas do Purgatório,

pois, quando damos esmola ao pobre ou necessitado, estamos dando à pessoa de Jesus Cristo. E quando pensamos em socorrer as almas, através da esmo-la, estamos aliviando-as do fogo purifi cador, porque elas são amigas de Deus como são os pobres.

Segundo o Evangelho, a esmola purifi ca. Eis o texto de São Lucas: “Antes, dêem em esmolas o que vocês possuem, e tudo fi cará para vocês” ( Lc. XI ,41) Vem o texto de Tobias confi rmando: “a esmola livra da morte e purifi ca de todo o pecado” (Tb. XII,9 )

Mas Jesus faz uma recomendação importante, para que a esmola tenha o seu Valor: “Quando você der esmola, que sua mão esquerda não saiba o que sua direita faz”. (Mt .VI . 3 )

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E Jesus, para que a sua esmola seja recompensada, manda que seja dada às ocultas. Vejamos o texto: “Para que a sua esmola fi que escondida, e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você” (Mt. VII, 4).

O valor da esmola transparece, quando dada com justiça. “Mas vale a ora-ção com jejum e a esmola com justiça”(Pb. XII, 8). Além de seu valor em si, a esmola prolonga a vida: “Quem pratica esmola terá vida longa” (Tb XII, 9).

O que se destaca na esmola é ser ela dada com reta intenção, pois livra a alma da morte e não deixa cair no grande Purgatório. Eis o texto de Tobias:

“A esmola livra da morte e não deixa cair nas trevas” (Tb. IV, 10).

68 – Água Benta“A água benta, usada com fé e confi ança, tem grande valor para o corpo e a

alma, assim como constitui recurso efi ciente em favor das almas do Purgatório. Por conseguinte, quanto se tem água benta, asperge-se a si ou um objeto ou pessoa presente ou ausente; é como se de novo subissem ao céu as orações da Igreja; as bênçãos divinas sobre o corpo e a alma, assim como sobre os objetos aspergidos com a água benta”.

“É também a água benta uma poderosa arma para dissipar os maus espíritos”.

São muitos exemplos demonstrativos do temor, horror que satanás e os demônios têm da água benta.

Aplicação da água benta a Distância

Cada vez que se oferece, mesmo a distância, sobe aos céus a oração da Igreja, anexa à água benta e induz o Coração de Jesus a tomar sob Sua proteção, no corpo e na alma, nossos queridos.

O mesmo acontece, quando usamos água benta em favor das almas do Purgatório.

Quanto ao alívio, podemos nós concede-lo a uma alma sofredora, por meio de uma gotinha de água benta. Com efeito, uma gotinha tem, muitas vezes, maior efi cácia do que uma longa oração distraída, feita sem atenção. Di-ferente da oração da Igreja, intercedendo por meio da água benta.

Oração que agrada sempre a Nosso Senhor Jesus Cristo, em qualquer lu-gar, Onde lhe for apresentada em nome da Santa Igreja.

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Uso da Água Benta

Antes de sair de casa, o cristão deve habitua–se a se benzer com água Ben-ta, aspergindo-se com 3 gotas, a saber:

- Uma para si e as outras para seus queridos parentes, a fi m de receber a proteção divina.

- Uma outra para os moribundos pecadores, a fi m de que Deus, na última hora, ainda conceda a graça da conversão.

- Uma terceira gota em favor das almas do Purgatório.

Refl exãoEntre todos os símbolos litúrgicos, que servem para benzer os fi éis, o mais

frequente e o mais antigo é o da água benta.Na própria oração, encontramos a sua fi nalidade, a saber:- “Para alcançar a proteção divina contra toda enfermidade física”.- “Para conhecer a graça da conversão e do arrependimento dos pecados”.- “Para proteger espiritualmente contra todos os males e ataques do

demônio”.A efi cácia da água benta vai mais longe: Alivia o sofrimento das benditas

almas do Purgatório.Conta-se que, certo dia, o venerável Pe. Domingos de Jesus aspergiu a

caveira que estava sobre a mesa de sua cela. Com espanto, ele ouviu a caveira bradar em alta voz suplicando mais água benta; estava tendo um alívio. Per-gunta à vidente Maria Simma:

Vale a água benta para as almas?Responde a Vidente: “a água benta é preciosa, quando usada com fé e

confi ança. Muitas vezes, vale mais, quando uma gota é acompanhada de uma jaculatória. É lamentável que, em muitas casas, não haja mais água benta”.

Portanto, há oportunidade de, com a mesma gota d´água benta, aliviar as Almas do Purgatório”.

69 – Velas BentasO uso de acender velas é uma prática muito antiga.A vela benta é o símbolo da Fé. “Lumen Christi, isto é, a luz de Cristo”.Este objeto está na liturgia de uso muito frequente, a saber:- No Batismo, ela signifi ca a fé.- Na Primeira Eucaristia, signifi ca o cristão professando a Fé.- Na Crisma, é o cristão iluminado pela luz do Espírito Santo, simbolizan-

do a luz que possui na defesa de sua Fé.

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Na festa litúrgica do dia 2 de fevereiro, sob o título Festa da Purifi cação, pois Maria SS. tinha que se apresentar no Templo, após o nascimento do Pri-mogênito. Pela Lei Mosaica, quem fosse pobre devia oferecer como resgate um par de rolas.

Maria SS. não tinha obrigação porque era concebida sem pecado original.No entanto, ela se submeteu para cumprir o que foi dito pelos profetas. A

festa é chamada Festa das Candeias. Neste dia, a liturgia solenemente acende as velas. É a bênção das Velas, como luz dos povos: “Lumen Chisti”, isto é, luz de Cristo, que se manifesta como luz dos povos: “Lumen Gentium”. Uma luz que brilhará para os gentios (Lc. II, 32 ) Jesus é a luz por excelência, e Maria, a portadora da luz.

A vela como símbolo da luz e da consagração é companheira do cristão até a “Lux aeterna”.

É costume piedoso colocar a vela acesa na mão do moribundo. Para mui-tos é um gesto de fé e de esperança no Cristo, luz eterna dos que morrem no Senhor.

Acender velas ajuda as almas. Pois esta intenção de amor dá-lhes um au-xílio moral, e também porque as velas bentas iluminam as trevas em que se encontram as almas.

Observação ImportanteTodos os meios não ajudam as almas da mesma maneira.Se alguém na vida teve pouca estima pela Santa Missa, esta não aproveita-

rá muito a ele, quando estiver no Purgatório.Se alguém errou de coração, durante a vida, recebe pouca ajuda.Os que pecaram difamando os outros deviam expiar duramente seu

pecado.Mas, quem teve bom coração, em vida, recebe bastante ajuda.

Refl exãoQue a vela de nosso Batismo continue sempre acesa até a entradana Eternidade. Mas para isso temos que viver as promessas do nossoBatismo, que são as promessas de nossa fé de cristão.Vivendo as promessas da nossa Fé, a luz vai sempre arder no coração, vaisempre iluminar os nossos passos, na estrada da vida, em direção à luz

eterna.A vela da Primeira Comunhão é a posse de Jesus “Lumen Christi”.A vela da Crisma simboliza as luzes do Espírito Santo.

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Santo Afonso Maria de Ligório

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VII PARTEDevoção às Almas do Purgatório

70 – Em que Consiste?Santo Afonso Maria de Ligório dá o sentido da devoção às almas do Pur-

gatório, na sua pequena obra sobre as almas do Purgatório.Vejamos bem o que descreve o Santo:“A devoção às benditas almas consiste em encomendá–las a Deus, para

que lhes dê algum alívio, no meio das grandes penas que sofrem, e as chame, o mais depressa possível, para a sua glória. É muito agradável a Deus e proveitosa para nós, porque, por um lado, essas benditas almas são esposas queridas de Jesus Cristo, e por outra parte são elas sumamente gratas para com aquele que alcança a liberdade de sua prisão, ou ao menos lhes procura algum alívio, em seus tormentos”...

“É certo que essas almas benditas não se acham em estado de pedir em seu próprio favor, por se encontrarem no Purgatório penando por suas culpas; não obstante, podem perfeitamente pedir por nós e alcançar – nos abundantes graças”.

Dia de Finados: O dia e a oitava dos defuntos trazem uma alegria no Purgatório, e muitas almas se livram:

a - No dia de fi nados, muitas almas deixam o lugar de expiação para o céu.b - Por uma graça especial do Bom Deus, só neste dia todas as almas sofre-

doras, sem exceção, têm parte nas orações públicas da Santa Igreja, até mesmo as do Grande Purgatório. Mas o alívio de cada uma é proporcionado ao seu mérito. No entanto todas aproveitam essa graça excepcional.

c - Por permissão de Deus, há um sofrimento maior para as almas, quando as orações que se fazem por elas não lhes podem ser aproveitadas.

No Purgatório, não recebem as orações da terra, se não na medida em que Deus quer que sejam aproveitadas às almas.

Depende da disposição de Deus.

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d - Quanto ao tempo da nossa libertação, o dia e a oitava dos defuntos geram uma alegria no Purgatório, e muitas almas se livram.

e - As almas do Purgatório não têm conhecimento do futuro, a não ser que Deus lhes queira revelar.

Noite de Natal: Milhares de almas deixam o lugar de expiação para o céu.É verdade, a perfeição de uma alma é bem longa.

Orações Como Ofício Divino e Pequenina Oração em Prol das Almas

- Quanto ao ofício Divino, podeis dizer para diversas almas, a um tempo, mas antes de o recitar tende o cuidado de dirigir a intenção, como se pudésseis rezar por intenção de cada uma delas, e todas hão de aproveitar, como se fosse recitada uma oração para cada uma.

- Quanto à oração pequenina: “Ai! Se soubéssemos, suspira a Irmã M. G., o calor do Purgatório comparado ao nosso! Uma pequenina oração nos faz tanto bem. Ela refrigera, como um copo d’água fria a uma pessoa que tem muita sede”.

Boas obras: Uma religiosa pode aliviar as almas de seus parentes defun-tos, com as ações. Todas, praticadas com grande pureza de intenção, valem muito mais do que as orações.

Patrono das almas: São Miguel Arcanjo.Qual é o melhor meio de glorifi car o arcanjo padroeiro?

a - É recomendar quanto possível a devoção às almas do Purgatório.b - Fazer reconhecer a grande missão que ele tem junto das almas sofre-

doras. c - Ele é o encarregado de levar as almas para o céu.d - É uma honra para São Miguel apresentar as almas.e - Mas o melhor meio de glorifi car a São Miguel é recomendar a devoção

às almas do Purgatório.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Como se festeja São Miguel no Purgatório?No dia de sua festa, São Miguel, vem ao Purgatório e volta ao céu com

muitas almas, mormente as almas que lhe tiveram devoção na terra.

Que glória recebe São Miguel de sua festa na terra?Quando se festeja um santo na terra, ele recebe uma glória acidental.Consiste esta glória proporcionada à grandeza do mérito daquele que a

recebe, como também do valor da ação que mereceu esta recompensa.

Opinião dos Santos:

- São Gregório, nos Diálogos, trata a respeito de milagres operados por intercessão destas benditas almas.

- Santa Catarina de Bolonha: “Quando eu desejo alguma graça, recorro às almas do Purgatório e imediatamente consigo. Afi rma, ainda, que mais de uma graça que não tinha obtido por intercessão dos santos, as alcançara por intermédio das almas do Purgatório”.

Refl exão

Como as benditas almas não podem pedir a Deus em seu próprio pro-veito, pois já estão pagando a dívida que contraíram antes de morrer, agora estão se purifi cando no fogo do Purgatório. Então elas apelam para nós, a fi m de ajudá–las para liquidar a enorme dívida através de nossos sufrágios, a saber: a Santa Missa, a Comunhão Sacramental ou Espiritual, a recitação do rosário ou do terço de Maria SS., pequenas orações ou jaculatórias, o ofício divino, o exercício da Via–Sacra. Podemos ainda socorre–las fazendo mortifi cações, como programas de televisão, teatro, certas leituras, convívios ou comentários sobre a vida do próximo. Por fi m, todas as ações comuns do dia-a-dia, tudo mesmo para a maior honra e glória de Deus, para honra e glória de Maria SS., pela própria conversão e das almas do Purgatório.

Socorro Recíproco: Segundo o Cardeal São Roberto Belarmino, os mortos podem vir em nosso auxílio, conforme a Doutrina do Corpo Místico de Cristo.

“Como os vivos socorrem os mortos, por sua vez, os mortos socorrem os vivos”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Refl exão

As almas são santas, benditas e gratifi cantes. São santas, porque estão sen-do purifi cadas pelo fogo do Purgatório.

São gratifi cantes, porque reconhecem o benefício do sufrágio.A Igreja militante, que luta para ganhar o céu, lembra que são felizardos

todos aqueles que, em vida souberam consolar as almas do Purgatório, com suas orações e boas obras, exclama São Brígido.

Por tudo que for feito em favor das almas teremos uma recompensa, apôs a morte, ou mesmo nesta vida.

Não percamos os benefícios que são acumulados, após a morte.Vale a pena ajudar os nossos irmãos padecentes.

71 – A Voz da GratidãoSegundo revelação através da Vidente:“Deus concede, muitas vezes, mais graças por intermédio das almas do

Purgatório do que pela intercessão dos próprios santos”.Explica–se. As almas que estão no Purgatório foram salvas pela Bondade

Divina e Infi nita Misericórdia de Deus.Elas estão pagando uma dívida, através do fogo de purifi cação. As almas são santas e benditas.Para ter um alívio e abreviar os seus sofrimentos, elas apelam para nossos

sufrágios.Diante da situação em que se encontram, elas não têm merecimento para

diminuir os seus sofrimentos. O recurso pra tal situação é a intervenção de nossas orações e sufrágios.

Visão: Santa Brígida, numa visão, ouviu a voz de um anjo que descia do céu, para consolar as almas do Purgatório e repetia:

“Bendito seja aquele que, ainda na terra, enquanto vivo, ajuda as almas do Purgatório, com suas orações e boas obras”.

“A justiça de Deus exige que necessariamente as almas sejam purifi cadas pelo fogo; e as boas obras dos amigos das almas podem livrá-las do sofrimento”.

Dos abismos Santa Brígida ouviu também esta súplica:“Ó Cristo Jesus, Nosso Juiz Justíssimo, em nome de Vosso misericórdia

infi nita, não colheis as nossas faltas que são inumeráveis, mas os méritos do Vosso preciosismo sangue, da Paixão e Morte!”

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

“Senhor, fazei que os padres, religiosos e prelados, com um sentimento de caridade que Vós dareis, venham nos socorrer em nossa triste situação, por suas orações, esmolas e indulgências; que eles nos tirem de nossa triste situação”.

“Outras vezes, respondiam agradecidas; Graças! Mil Graças!” Senhor, a todos os que nos aliviam em nossas desgraças.“Senhor, que o Vosso poder pague o cêntuplo aos nossos benfeitores que

nos levaram à nossa eternidade e divina luz”.

A voz da Gratidão: tudo que devemos, por caridade, diz Santo Ambró-sio, às almas do Purgatório converte – se em graças para nós, e após a morte encontraremos o seu valor centuplicado.

O Purgatório é um Banco Espiritual, em que podemos depositar diaria-mente nossas boas obras. Sejamos generosos com as almas, para sermos bene-fi ciados com juros espirituais.

Poder e Gratidão das Almas :A ingratidão não pode existir no Purgatório.O Cardeal Barônio conta que uma pessoa devota das almas foi terrivel-

mente tentada, na hora da morte. Mas eis que uma multidão de pessoas veio em seu auxílio. Logo fi cou livre de toda a perturbação e perguntou:

“Que multidão é esta que esteve aqui, e na mesma hora senti alívio e fui socorrida pelo céu?”

Responderam: “Somos as almas que tirastes do Purgatório. Viemos bus-car tua alma para juntos entramos no céu”.

72 – Intercessão das Almas Segundo a maioria dos Santos chegam a afi rmar: obtém–se mais com a

intercessão das almas, do que com a intercessão dos Santos.

Opinião dos Próprios Santos:- Santa Teresa dizia “que tudo obtinha por intermédio das almas dos fi éis defuntos”.- Santa Gertrudes ouviu Nosso Senhor dizendo: “Muitíssimo grata me é aoração pelas almas do Purgatório, porque por ela tenho ocasião de liber-

tá–las das suas penas e introduzi–las na glória eterna”,- São João Damasceno declara: “Os testemunhos encontrados nas vidas

dos santos provam claramente as vantagens da oração que se faze pelos funtos”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- Santa Catarina de Bolonha: “Quando quero obter com certeza uma gra-ça, recorro a essas almas que sofrem, a fi m de que apresentem a Deus o meu pedido, e sempre me é concedida a graça”.

As almas são advogadas poderosas e agradecidas

Esta devoção é muito útil para nós porque, além do aumento da graça e da glória que resulta de toda obra de caridade, feita em graça de Deus, teremos, junto ao trono de Deus, advogadas poderosas e agradecidas.

Lembremo–nos de que no céu não entra a ingratidão.- Santo Afonso, São Belarmino, Suarez e outros teólogos ensinam “que se

pode legitimamente e muito utilmente invocar as almas do Purgatório para a alma, quer para o corpo”.

- Santa Teresa costumava dizer que tudo o que ela pedia a Deus, pela in-tercessão dos defuntos, lhe era concedido.

- Santa Catarina de Bolonha afi rma: “Quando quero obter seguramente uma graça, recorro a essas almas padecentes, a fi m de que apresentem a minha súplica ao Senhor, e a graça é sempre concedida”.

- Santa Gertrudes afi rmava: “Uma palavra dita do fundo do coração e animada de sólida devoção tem mais efi cácia que grande número de oração feita com pouco fervor”.

- São João Maria Vianey: “Se soubéssemos quão grande é o poder das almas do Purgatório e quantas graças que, por sua intercessão, podemos obter de Deus, não seriam elas tão esquecidas. Oh! Rezemos muito por elas para que elas peçam por nós”,

A devoção é agradável a Deus, não só por ser uma obra de caridade, mas também porque glorifi ca a sua Bondade e Misericórdia. Deus ama todas as criaturas, mas de um modo especial as almas, porque elas estão cumprido a justiça divina e porque o exige a sua Infi nita Misericórdia.

E como a Sua justiça deve ser satisfeita, e aquelas almas não podem satisfa-zer por si mesmas, antes do tempo marcado, Deus pede–nos que satisfaçamos por elas, Bondade Infi nita do Senhor.

Eis um meio fácil de socorrer as almas

Um movimento do coração, acompanhado de um olhar para o céu em sua lembrança, a invocação “Jesus, Maria e José”, pronunciando-se com devoção em favor das almas, diminuem suas penas.

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Vantagens da Devoção às Almas

Constituímos no céu um representante nosso que, em nosso nome, ado-ra, louva e glorifi ca o Senhor Deus. Tornamos nossos protetores as almas por quem oramos.

Segundo o Teólogo Soares: “As almas santas são queridas de Deus”.A Caridade leva–as a nos amar... e intercederão por nós sem cessar.

Refl exão

A intercessão das almas leva vantagem a intercessão dos Santos. Tal afi r-mação é confi rmada pela opinião dos próprios Santos. Realmente, as almas são as nossas advogadas, por que Deus dá ampla cobertura prestigiando os seus pedidos a nosso favor.

Portanto, a devoção às almas do Purgatório é agradável a Deus, porque quem ajuda as almas, na sua libertação, faz uma obra de caridade e, ao mesmo tempo, reconhece a bondade e a misericórdia de Deus no tocante à intercessão das almas.

Como a justiça divina deve ser cumprida, o único meio para satisfazer a vontade divina, é submetermo-nos aos Seus desígnios e empregarmos os nos-sos sufrágios a favor das almas queridas de Deus.

73 – Conhecimento de DeusO conhecimento de Deus a nosso respeito é perfeito. Pois Ele sabe quais

as nossas fraquezas, sabe qual a nossa educação, sabe qual é o nosso caráter e temperamento, os defeitos, a nossa malícia, a maldade, os nossos pensamentos mais profundos, os nossos maus juízos.

No entanto, a criatura pode ser grande pecadora, mas, se sua alma é hu-milde, simples e confi ante na misericórdia divina, encontra em Deus um ir-mão, um amigo, um salvador.

As almas que têm entrada franca no céu são aquelas que reconhecem as suas faltas, através dum arrependimento sincero.

O julgamento de Deus não se efetua somente segundo nossas faltas. Ele considera também a nossa boa vontade, principalmente quando nos esforça-mos na correção de nossos defeitos.

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A fraqueza da alma está na fortaleza divina. Na pobreza da alma existe a riqueza da graça divina. No arrependimento sincero existe o acolhimento do Pai.

Não adianta fazer muitas coisas, ou mesmo se preocupar com um montão de afazeres, deixando de lado a presença da Divina Providência.

Não podemos fugir. Ele penetra no íntimo de nosso ser, segundo o salmo:“Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe, penetras o meu

pensamento” (SI 138)No Purgatório fala a Irmã M. G:“Nós temos um conhecimento mais perfeito de Deus, porque nossa alma

está desprendida de todos os laços que prendiam e impediam de compreender a santidade, a majestade do Bom Deus, Sua grande misericórdia”.

“Há em nós do Purgatório duas forças, a saber:Uma nos leva a Deus,Outra nos leva à expiação”.

Refl exão

A Irmã M. G. nos afi rma que há nas almas do Purgatório duas forças bem fortes, a saber:

“Uma nos leva a Deus”“Outra nos leva à Expiação”.“Uma nos leva a Deus”, isto é, porque a alma vê em Deus a sua felicidade.“Outra nos leva à Expiação”, isto é, “a alma sente que a felicidade depende

muito da expiação”.Sem a purifi cação jamais alcançaremos a felicidade.Nós, cá na terra, lutamos mediante duas forças: a força da carne e a força

do espírito.O espírito luta para que a nossa alma viva em Deus, enquanto, por outro

lado, a carne tende para a sua fraqueza, deixando de cooperar com o espírito. Cristo, no Getsêmani, travou uma batalha entre a humildade e a divindade. Pois Jesus, enquanto homem, repugnou todo sofrimento da paixão. Ao passo que a divindade manteve a vontade do Pai.

“Meu Pai, não passe este cálice... seja feita a sua vontade”.Após a oração ao Pai, vai ter com os três apóstolos que dormiam e faz esta

declaração: “O espírito está pronto, mas a carne é fraca”.

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74 – Visões de Santa Gertrudes

Primeira Visão

Santa Gertrudes, favorecida por Nosso Senhor Jesus Cristo com inúme-ras aparições e êxtases, tocava de perto o sobrenatural. Tinha a santa uma gran-de estima por uma religiosa muito santa e que edifi cava pelas suas virtudes.

Morreu esta, e Santa Gertrudes a recomendava a Nosso Senhor, com mui-to empenho. Fora arrebatada em êxtase e vira, diante do trono de Deus, a alma da Irmã querida, vestida de trajes reais, belamente ornada, mas tinha os olhos baixos, como que envergonhada.

Gertrudes fi cou admirada e lhe disse: - Como minha fi lha, não se lança nos braços do Divino Esposo? Por que

fi ca assim?- Ó minha mãe, eu não sou digna ainda do abraço do Cordeiro sem man-

chas. É precisa muita pureza, ser pura como um raio de sol para se unir a Deus.

Tenho ainda manchas terrestres de algumas imperfeições.

Segunda Visão

Santa Gertrudes teve outra visão semelhante. Uma Irmã muito virtuosa apareceu, depois de morta. Estava de joelhos diante de Deus, como imersa numa grande tristeza.

Gertrudes pediu a Nosso Senhor que usasse de misericórdia para com ela. Je-sus respondeu – lhe: “se não viessem sufrágios, ela teria de pagar toda dívida à justiça Divina”.

Esta alma disse a Gertrudes:“A devoção que tive ao SS. Sacramento me fez colher frutos especiais da

Divina Hóstia. Eis por que eu entrarei mais depressa e logo no céu.”

Refl exão

Na primeira visão, a alma querida de Santa Gertrudes estava junto do tro-no de Deus, mas se sentia envergonhada, porque não era digna de se lançar nos braços do Cordeiro Imaculado, de Jesus devido a algumas imperfeições.

Daí concluímos que devemos aproveitar todas as oportunidades da nossa vida, para sermos perfeitos como Deus é perfeito.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Na segunda visão, santa Gertrudes pediu a Nosso Senhor que usasse de misericórdia para com a irmã que ela considerava muito virtuosa. Jesus respon-deu: “Se não vierem sufrágios ela terá que pagar toda a dívida à Justiça Divina”.

Esta resposta de Jesus a Santa Gertrudes obriga – nos a fazer sempre su-frágios pelas almas do Purgatório. Pois julgamos, pelo exterior, mas Deus julga pelo interior que somente ela é conhecedor.

75 – Alegria e Sofrimento“Tudo o que o homem julga em si mesmo como perfeição, diante de Deus

é imperfeição”.“Para que as operações sejam perfeitas e a ação de Deus se faça por Deus,

sem que o homem seja o primeiro agente dessas operações, Deus as realiza através da última ação do puro e limpo amor, sem nenhum mérito da parte da criatura”.

“É verdade que o amor de Deus transmite–lhes uma alegria tão grande que não pode se quer dizer, porém essa alegria das almas do Purgatório não lhes tira um pouco de pena”.

“O que lhes causa sofrimento é o amor que tarda. O sofrimento é tanto maior, quanto maior é a perfeição de amor de que Deus as fez capazes”.

Em resumo

“As almas do Purgatório experimentam uma alegria imensa e um sofri-mento muito grande. Uma coisa não impede a outra”.

Santa Catarina fala: “Eu vejo que aquelas almas estão no Purgatório com duas atividades a saber”:

A Primeira: “É que sofrem alegremente aquelas penas e, ao considerar o que mereciam e ao conhecer o quanto Deus é importante, parece–lhes que Deus lhes fez grande misericórdia”.

A Segunda: “Atividade que experimentam ao ver a disposição de Deus, que com amor e Misericórdia, opera nas almas”.

“Estas duas atividades, Deus as imprime naquelas mentes, num só ins-tante, e, como estão em graça, compreendem – nas e compadecem como são, segundo a sua capacidade”.

“As almas não vêem tudo isso em si mesmas, nem por si mesmas em Deus”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

“A visão de Deus, por pouca que seja, excede a toda pena e todo gozo que o homem possa compreender este excesso não lhes tira sequer o numero de gozo ou de pena”.

Refl exão

Não há contradição, quando se afi rma que as almas no Purgatório gozam alegria e sofrem as chamas do fogo. É um paradoxo, pois Deus realiza as opera-ções, sem nenhum mérito da parte da criatura.

O amor de Deus transmite às almas uma alegria tal que não impede de suportar a pena. O sofrimento é tão grande que, ao mesmo tempo, as almas sentem alegria, porque, em plenas chamas do fogo, elas têm a certeza de que estão livres da condenação eterna.

E em segundo lugar elas reconhecem realmente que são culpadas e com justiça merecem a pena.

Observamos neste capítulo dois atos divinos: a justiça e a misericórdia.

76 – Alegria nos Tormentos

Alegria da Alma

As almas sentem alegria no sofrimento do Purgatório, pelos seguintes motivos:

1º. Porque se livraram do fogo eterno, que denominamos de inferno.2º. Porque crescem na proporção que vai desaparecendo a mancha do pecado.3º. Porque elas consideram as penas não como castigo, mas como uma

purifi cação total da alma.

Pecado Original e Atual

O fundamento de todas as penas é o pecado original e atual. Pois Deus criou a alma pura, simples e limpa de toda mancha de pecado.

O pecado original afasta a alma de Deus.Com o acréscimo do pecado atual, a alma se afasta mais ainda.As almas do Purgatório têm somente a pena, já que a culpa foi apagada na

hora da morte, por terem ela se arrependido de seus retêm.Os que estão no Purgatório têm somente a pena, já que a culpa foi apagada na

hora da morte, por terem elas se arrependidos de seus pecados.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

O sofrimento é alegria, porque as almas têm sua vontade totalmente de acor-do com a de Deus.

Refl exão

O presente capítulo é a continuação do anterior, através da refl exão.Não vamos desejar a alegria no fogo do Purgatório. Enquanto desfruta-

mos a vida, devemos aproveitar o máximo para nos libertar do fogo tremendo do Purgatório.

Se a fi nalidade do fogo é purifi car, de antemão cuidemos da nossa purifi -cação, enquanto gozamos a vida neste mundo.

Há muitas ocasiões para se purifi car.Não percamos tempo com as coisas passageiras.O nosso pensamento

deve se voltar inteiramente para as coisas que não passam.Tenhamos na mente e no coração a verdade deste pensamento .“Sic transit gloria mundi, em vernáculo: assim passa a glória do mundo”.Os santos completam o pensamento: “exceto amar a Deus e servir o próximo”.

77 – Tempo Precioso O tempo vale eternidade. Eis o seu valor.Não somos nós que dispomos do tempo. É Deus que no–lo dá para pre-

enchê-lo, como um vaso precioso de boas obras.“Vai e tira do poço da vida eterna e depois vem e devolve o vaso cheio”.Devemos valorizar o tempo, fazendo tudo para agradar a Deus. Então, devemos aproveitar cada instante, todas as graças de Deus.Não devemos nos esquecer de que tudo é motivo e fi m santo, sobrenatu-

ral. Jesus quer que distribuamos bem o tempo e não gastemos à-toa e capricho-samente, pois o tempo pertence a Ele, e não a nós.

Em cada momento de nossa vida, deve haver um fi m santo, um propósito, uma tarefa. Pois o Deus todo poderoso é também o Deus dos momentos de nossa vida, o Deus de nosso tempo precioso.

Deus, Nosso Senhor, não nos deu o tempo para dispersar ou desperdiçar ou servir-nos dele à-toa.

O tempo deve ser aproveitado não só fazendo todas as ações para maior honra e glória de Deus, mas reserva uns momentos de adoração a Jesus Sacramentado.

“O tempo é o vaso com que temos que beber na fonte da vida eterna”.

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“A quem não o restituir em cheio Deus perguntará: o que fi zeste com aquele tesouro”? Devido à negligencia, o Salvador dirá:

Então, vem cá ao Purgatório reparar o dano.“Tempus jam non erit amplius”, isto é, na eternidade o tempo já não

existirá mais. Quantas vezes um minuto nos custam mais passar que longas horas? Pois o sofrimento horrível e intenso das pobres almas faz com quer os minutos sejam anos e até séculos.

Opinião dos Santos: Quanto à duração do Purgatório, de uma coisa po-demos ter certeza, segundo:

- Santo Agostinho: “As penas expiatórias não irão além do último juízo, no fi m do mundo”. (De Civitate Dei, Cap. XIII e XIV);

- São Francisco de Borges: Malo rudis vacari, quam temporis jacturam

pati. Em vernáculo: “Antes quero passar por imbecil do que perder meu tempo”.

- São Bernardo: “Todo tempo que não é empregado em Deus é tempo perdido”

- São Bernardino de Sena: “Um só momento vale tanto com Deus, por-que o homem pode, a cada instante, quanto um ato de contrição ou de amor, adquirir a graça de Deus e glória eterna”.

- São Roberto Belarmino: “É para nós coisa muito inserta poderíamos considerar duas espécies de duração do Purgatório, a saber: uma positiva, que corresponde à medida do tempo, tal como o contamos neste mundo; e outra fi ctícia ou imaginaria, a que penam as almas, pelo sofrimento que as faz perder toda noção do tempo”.

- São Cesário: “Ninguém sabe quanto tempo, quantos anos deverá fi car no Purgatório uma alma”.

Tempus non erit amplius (Spc. X, 6) passou o tempo e não volta mais.Bíblia: Fili, conserva tempus et devita a malo (Ecl. IX, 23) Em vernáculo:Ó fi lho, conserva o tempo e foge do mal.O tempo é um tesouro e só se acha nesta vida.Opinião dos Pagães- Nullum temporis pretium (Sêneca) Em vernáculo: não há valor igual

ao tempo.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- Nihil pretiosus tempore, sed nihil vilibus aestimatur (Ovídio) Em ver-náculo: Nada mais precioso que o tempo, mas nada há que seja menos estima-do e desprezado pelos mudanos.

- Tempus edax rerum = O tempo é um consumidor das coisas (Ovídio)

Refl exão

“Uma religiosa beneditina apareceu muito radiosa, depois da morte, a uma, pessoa e disse que estava verdadeiramente contente, mas, se pudesse al-guma coisa desejar seria voltar à terra e nela sofrer para merecer mais glória”.

A declaração da religiosa beneditina é uma prova patente de que perde-mos muito mérito e glória, quando desperdiçamos o precioso tesouro, o tem-po, que temos nesta passagem da vida tão curto.

Se o tempo para o pagão vale ouro em pó, para o cristão vale a eternidade feliz e gloriosa.

Aproveitemos, pois, a graça valiosa de dispor melhor o nosso tempo, não só em vista da salvação, mas da gloria eterna e plena de felicidade.

78 – Purgatório TremendoSanta Catarina escreve sobre a situação dos sacerdotes unicamente por

obediência “O purgatório mais terrível têm os sacerdotes que não foram fi eis, que de-

ram maus exemplos, contristaram muito ao Senhor Deus. Se, antes da morte, não tiveram a graça de sofrer muito e de arrepender-se completamente, fi cará reservado a eles um purgatório tremendo”

“Muitas vezes, sucede também que os sarcedotes se convertem e prepa-ram ainda satisfação e gozo ao Senhor. Mas, ao faltar essa conversão profunda e a compreensão, se o caminho para o Coração Divino for muito longo, se a preparação para a vida eterna e a ligação com o Divino forem bastante fracas e leves, Oh! então, o Bom Deus tem muito o que dizer- lhes no Santo Tribunal. E quão contentes não fi cam os sacerdotes, por não estarem perdidos.”

“Há sacerdotes que devem fi car no Purgatório até o fi m dos séculos. Com ninguém Nosso Senhor é tão severo, como seja, com seus ministros, porque ninguém pode pecar como o sacerdote que não cumpra o seu dever.”

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Julgamento Divino

Nosso Senhor é bondoso para com os padres que estão solitários e isola-dos, em sugares longínquos, que muito amorosamente depressa entram ao céu.

É bondoso também com os que estão contritos e aos quais tem muito que perdoar, porém sem penitência não passa ninguém... Não posso descrever com que severidade Deus pensa sobre os sacerdotes e julga os seus ministros.

- “O sacerdote que sempre tem boa vontade não deve recear nada, pois ex-perimenta, e inesperadamente, muita bondade e clemência da parte de Deus”.

- “Um padre que sempre quis cumprir com seus deveres e não teve afei-ções humanas ou mundanas passa bem”.

- “Também aquele que achava as suas delícias perante Jesus Eucarístico. Essas almas, tão somente enxaguadas pelo preciosíssimo sangue de Cristo, de-pois são levadas para o céu.”

Fundo do Purgatório

“Mas quase não posso suportar, quando vejo tantos sacerdotes no fundo do Purgatório, por terem causado muitas máguas ao Bom Deus, por terem sido ligados ao mundo e aos homens e terem esquecido sua dignidade sacerdotal”.

“Oh! Meu Deus! Esses sacerdotes estão com tremor perante o Senhor, e têm que expiar uma culpa tremenda! Mas Nosso Senhor é indulgente: logo que o arrependimento lhes penetra o coração, leva–os para Pátría Celeste, tão amoroso que é”..

Eucaristia

“Também os sacerdotes que acharam as suas delícias espirituais, diante do Bem e são-lhes apagadas as faltas e pecados pelo preciossísimo sangue de Jesus, pois na vida o apreciam e aproveitam. Mas a outros falta a compreensão. Estão insensibilizados para as graças da Redenção, somente pouco a pouco o despertam para a vida e o conhecimento”.

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Julgamento

Cada alma tem o próprio estado, por ter tido cada uma seu próprio de-ver e graça, e Deus julga – a segundo os talentos, a destinação e a boa vontade que tinha.

Deus é tão bom no Purgatório! Não condena ninguém.Se houver almas que nunca encontraram e conheceram amor, o Salvador

Eucarístico não as repreende. A essas almas concede a Comunhão de Desejos. As leis divinas são tão belas, muito amorosas e delicadas, e bem-aventurados os que as cumprem! Mas infelizmente muitos homens não compreendem as suas malícias na eternidade.

Pureza do céu

O céu é tão maravilhoso que o puro não é bastante puro para nele entrar, disse alguém.

A Pátria Celeste é tão pura que, sem contestação, a alma necessita de uma purifi cação especial para entrar na glória eterna.

Refl exão

O Purgatório tremendo está reservado para aqueles que, à hora da morte, não sofreram muito e não se arrependeram totalmente de seus pecados.

No entanto, Nosso Senhor julga indulgentemente os pobres sacerdotes que trabalham em paróquias isoladas e distantes de colegas de ministérios.

A bondade divina se manifesta também àqueles sacerdotes que contrita-mente se arrependem de seus pecados, não obstante suas imperfeições.

Se a Eucaristia é tudo para o simples cristão, com maior razão para o Mi-nistro do Altar, que transforma o pão no corpo e o vinho no sangue de Jesus.

A devoção à Eucaristia purifi ca a alma, mediante o preciosíssimo sangue, contanto que na recepção haja profunda contrição dos pecados.

O julgamento de Deus não é superfi cial, mas muito profundo. Ele julga a alma, segundo o seu estado de vida, seu próprio dever e os talentos recebidos gratuitamente. Portanto, aquele, que recebeu a graça de estado para cumprir o seu dever e fazer frutifi car os talentos recebidos, tem obrigação, sob pena de cair no fundo do Purgatório, de colocar tudo em ordem, antes de transpor os umbrais da Eternidade.

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O Purgatório - Julgamento

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VIII PARTEMensagens das Almas

79 – Misericórdia e Caridade

Misericórdia:

“A esmola de nossos corações é mesmo que visitar os enfermos”.- Comungando pelas almas, estamos dando de beber, de comer a quem

tem fome e sede de ver Deus: através da comunhão, estamos saciando as Almas.

- “Dando esmolas, estamos remindo e pagando o resgate das almas pri-sioneiras da justiça divina. Para as almas são verdadeiras obras de misericórdia, quando damos esmola, fazemos oração, comunhão, sacrifícios, boas obras e principalmente quando assistimos ao Santo Sacrifício da Missa”.

- “Socorrendo as almas, praticamos a caridade e obra de misericórdia, em toda a sua extensão”.

Segundo São Francisco de Sales: “Encerra todas as obras de Misericórdia, cuja pratica ao sobrenatural nos há de merecer o Céu”.

- “Entre o último suspiro e a eternidade, há um abismo de misericórdia”.Passam-se entre Deus e a alma certos mistérios de amor que nós só conhe-

cemos no céu... Quem poderá narrar as misericórdias de Deus por seus fi lhos? “Pergunta São Francisco de Sales”.

Caridade

Segundo a Vidente Simma, os pecados mais rigorosamente castigados são os pecados contra a caridade, a saber: maledicência, calúnia, rancor, intrigas provocadas pela cupidez e pela inveja; são castigados no outro mundo;

A Vidente supra afi rma: “as obras que têm a maior recompensa no céu são as obras de caridade”.

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Refl exãoA própria Vidente nos aconselha, lembrando o conselho que nos dá a

Mãe de Deus, quando expressa: “Sejam caridosos e bons com todos”.Cuidemos de não criticar, fazer pouco de alguém. Isso prejudica grave-

mente a nossa alma.

Devíamos aceitar a advertência do Evangelho: “Sermos bons com quem nos faz o bem é coisa que também os pagãos fazem. Mas fazer o bem mes-mo àqueles que nos fazem mal, eis aí a verdadeira atitude cristã, capaz de ga-nharmos um amigo e abreviar os sofrimentos de quem padece no purgatório.”

80 – Perguntas e Respostas

O que sofrem as almas do Purgatório?Responde a Vicente: “elas sofrem de mil maneiras diferentes.Há tantos

tipos de purgatório quantas são as almas. Cada alma é punida naquilo e por aquilo que a fez pecar. Mas há sofrimento comum a todas as almas, é a ausência de Deus”.

Conhece as almas que se dirigem a você? Responde a Vidente: As que conheci reconheço-as num instante; as ou-

tras, não, ao menos que me digam quem são. Elas aparecem, na maioria das vezes, com roupa de trabalho.

Pode-se mandar uma alma do Purgatório a uma outra pessoa?

Responde a Vidente: Não, não se pode.

É possível fazer uma aparecer?

Responde a Vidente: Não, pois não é um dogma de fé.

O que sabem de nós as almas do Purgatório?Responde a Vidente: “as almas sabem tudo o que se diz a respeito delas e

o que se faz em favor delas. Estão muito mais perto e próximas de nós do que possamos imaginar”.

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Ao terminar o Ano Mariano (1954), as almas continuarão a aparecer?

Responde a Vidente: Elas não vinham todas as noites, mas 2 ou 3 vezes, na semana da quaresma. Na Semana Santa, no mês de novembro e no advento, muitas têm permissão de vir.

Há ricos e pobres no Purgatório?Responde a Vidente: Há no Purgatório muitos ricos, que ali são paupér-

rimos. Há também pobres que fi cam ricos no Senhor.Socorrer o próximo e fazer-lhe bem não é só dever. Quem possui muito há

de distribuir muito, pois os donativos vêm de Deus e pertencem a Ele.

Quanto ao sofrimento“As almas querem purifi car-se no Purgatório como ouro no cadinho. So-

mente uma alma luminosa, perfeita pode ir ao encontro da luz eterna e da perfeição divina para contemplar Deus face a face”.

A nossa vida aqui na terra é um purgatório?Responde Jesus à Catarina de Gênova: “Sim a tua vida seja um purgató-

rio, e assim poderás passar por esses sofrimentos e essas saudades do céu”.

As almas recebem poucas orações?Responde São Francisco Xavier: “Outrora, muitas almas saíam do Pur-

gatório graças às orações dos fi éis. Mas, infelizmente, poucas almas saem de lá. Pois pouca gente se preocupa com elas, isto é,as pessoas não rezam como deviam rezar”.

Devemos chorar ou rezar?Responde São João Crisóstomo: “Poupai vossas lagrimas pelos defuntos

e daí –lhes mais Orações”.Santo Ambrósio conclui: “É preciso assisti–las com orações mais do que

com lágrimas”.São Francisco de Sales completa: “Vós que chorais inconsoláveis a perda

de vossos entes queridos, eu não vos proíbo de chorar não, mas procurai adoçar vossas lágrimas com o suave bálsamo da oração que pode concorrer para as aliviar”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Qual a opinião dos Santos, no tocante ao sofrimento?

Segundo a opinião geral dos Santos: “Uma alma do purgatório sofre mais que todos os mártires, desde o início e até o fi m do mundo”.

Segundo a opinião do Monge Cluny: “O que vi excede imponderada-mente tudo quanto os mortais padecem nesta vida”.

Segundo Santa Catarina de Bolonha: “Nero, Imperador Romano, per-versamente tocava viola, enquanto Roma estava ardendo em chamas”. Da mesma forma, nós nos divertimos, enquanto nossos irmãos padecem nas “chamas” do purgatório.

Refl exão

Dentre as perguntas feitas à vidente destacam–se aquelas sobre o sofrimento no purgatório e na terra. A ausência de Deus no Purgatório é considerada pelas almas “o sofrimento comum”, o mais terrível. Portanto, para não sofrer a ausência de Deus, após a morte, desde já ajude o pobre, o quanto for possível, com aquele olhar de cristão, isto é, olhar no pobre a pessoa de Jesus Cristo, para ter dita ventura de gozar a vida de Deus, após a morte.

Devemos estar convencidos de que a vida, aqui na terra, é um suave Purgató-rio, segundo a resposta dada por Jesus a Santa Catarina de Gênova.

Mil vezes, portanto, sofrer no purgatório daqui, do que no Purgatório, após a morte.

81 – Morte, Máxima PenitênciaAfi rmam os santos: quando o doente percebe que vai morrer e oferece a Deus

a sua morte, com perfeita resignação, é muito provável que vá direto para o céu.A morte é o castigo infl igido por Deus, pelo pecado. É a máxima penitência,

é a maior reparação que podemos fazer.A morte mais feliz será morrer no dia, na hora, no lugar, da maneira que

Deus quer. Esta era a ideia de São Pio X, quando concedeu uma indulgência ple-nária à hora da morte, a quem disser, pelo menos uma vez, na vida, depois da Sagrada Comunhão, a seguinte oração:

“Senhor é o momento supremo da vida”.É nela que se decide a nossa eternidade.O Sacramento dos Santos Óleos purifi ca-nos, dá-nos alívio, consola-nos,

tira-nos o pavor da morte, afasta o demônio.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Dá-nos uma noite feliz.O próprio Deus nos deu um sacramento que tem por fi m levar a alma

para o Céu: “O Sacramento dos Santos Óleos dos Enfermos”.Segundo a opinião de Santo Tomás de Aquino e de Santo Alberto:“O Sacramento foi instituído para nos obter a graça duma santa e feliz

morte e para nos preparar a entrada imediata no céu”.

Refl exão

“Beati mortui, qui in Domino moriuntur” (Apoc. XIV, 22) Em vernácu-lo: Felizes os mortos que morrem no Sanhor.

Ao contrário: “Mors peccatorum pessima” (Salmo XXXIII, 22) Em ver-náculo: A morte dos pecadores é péssima.

No dia do Juízo, todos devem prestar contas de cada palavra inútil que tiverem falado (Mt.XII,36); confi rma-se com o seguinte texto:

“De fato, todos devemos comparecer diante do tribunal de Cristo, a fi m de que cada um receba a recompensa daquilo tiver feito, durante a sua vida no corpo, tanto para o bem, como para o mal” (2 Cor. V, 10)

São Silvestre, abade, procurou a solidão e a perfeição, depois que viu o cadáver de um nobre, por ocasião do sepultamento.

Santa Margarida de Cortona viu o corpo asqueroso, quase podre, de seu amante assassinado; compreendeu que era a imagem de sua alma em franga-lhos. Deixou tudo, converteu–se e hoje é considerada a madalena seráfi ca.

82 – Nossos SofrimentosO sofrimento junto com a prece tem uma efi cácia extraordinária para ob-

ter de Deus as graças.

Opiniões

Segundo São João Crisóstomo “aliviaremos as almas do purgatório com tudo que nos mortifi ca. Deus aplica aos mortos os méritos dos vivos”.

Segundo Pe. Berlioux: “Por aqueles que mais necessitam sacrifi cai o que tendes de mais caro. Sacrifi cai – vos a vós mesmos. Ah! Vejo essas almas felizes

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

elevarem–se para o céu, nas asas de nosso sacrifício, de nossas austeridades e sofrimentos”.

“Outra maneira de evitar o fogo do Purgatório: suportar o sofrimento com paciência”.

Aceitar a dor do sofrimento, com calma e por amor a Deus, é suportável e meritório a favor das almas do purgatório.

Nesta vida, há muitas lágrimas, muitas cruzes leves e pesadas. Então, quando aparecem tais sofrimentos, devemos aproveitar, suportando por amor da Paixão de Cristo e pela remissão dos nossos pecados.

A grande vantagem de sofrer, aqui na terra, é que não só diminuiremos o sofrimento do purgatório, mas alcançaremos a grande gloria de felicidade no céu.

Portanto, vale a pena sofre tranquilamente as dores da vida como peni-tência pelos nossos pecados.

Refl exãoQuando juntarmos o nosso sofrimento às preces, alcançaremos mais facil-

mente as Graças de Deus. Portanto, aliviaremos as almas que padecem mais ra-pidamente, quando decidimos aplicar os nossos sofrimentos justamente com as nossas preces.

Não percamos tempo. Todo sofrimento acompanhado de uma prece ar-dente, suportado não só por amor a Deus, mas também por amor a libertação das almas prisioneiras do Purgatório, é válido.

Os sofrimentos e as preces são meritórios aos olhos de Deus.

83 – Santifi cai o Dia do SenhorDomingos e Dias Santos.De fato, nesses dias, fazem-se trabalhos inúteis, absolutamente des-

necessários.Além disso, devem participar da Santa Missa, aos Domingos, e não aos

Sábados.A Santa Missa aos Sábados “foi introduzida somente para aquelas pessoas

que não podem participar, aos Domingos”.Quando os jovens querem fazer uma excursão, então participam no sába-

do. Isso é permitido. Mas não se pode agir assim por costume, dizendo: “Vou aos Sábados, assim, não preciso ir aos Domingos. Não se pode fazer isto. Não vale diante de Deus”.

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As almas do Purgatório dizem que o rito latino deve permanecer próximo àquele da língua materna, a fi m de que os fi eis que falam outras línguas possam participar com recolhimento da celebração festiva. Assim o deseja o Papa.

Refl exão

Domingo vem do latim: “dominus,” que signifi ca Senhor.Portanto, o Domingo, culto a Deus não só como criatura, mas como

cristão.Como criatura, somos a imagem do Criador, que nos deu a existência.

Como cristão, isto é, como discípulo de Cristo que nos deu exemplo, através de sua doutrina.

E a melhor maneira de prestar culto a Deus é assistir ao Santo Sacrifício da Missa.

84 – O Sofrimento Como SatisfaçãoO sofrimento é a grande satisfação que o Senhor pede aos devedores da

justiça. Logo soframos por Ele, a fi m de que soframos menos.São João Crisóstomo expressa: “Aliviemos as almas do Purgatório”.“Aliviemo-las por todos os meios possíveis, porque Deus tem cuidados de

aplicar aos mortos os méritos dos vivos”.Oh! Se tivéssemos uma fé mais viva, uma caridade mais ardente, que mor-

tifi cação não imporíamos a nós mesmos, para aliviar os parentes, amigos e ben-feitores e as almas em geral.

A penitência mais valiosa são os sacrifícios de muito valor a favor das al-mas, a saber:

- Sacrifício de um prazer, duma feição, duma leitura.- Renúncia a certos programas da televisão, cinema, jogos, passeios.- O vício do fumo, da bebida, do luxo ou da moda.Segundo Pe. Felix: “Escolhei o melhor sacrifício, escolhei-o sobretudo

do fundo do vosso coração. Sacrifi cai o que tendes de mais caro; sacrifi cai-vos a vós mesmos, e que o preço do sacrifício se torne o resgate do sofrimento das almas”.

“Todas as nossas penas podem tornar-se um meio de salvação para nós e para os outros, pois que podemos servir-nos delas para mitigar a mais cruel de todas as dores, a que sofrem as almas do Purgatório”.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

“Suportemos um incômodo, arranquemos almas do mais profundo sofri-mento e dor, afi nal, com sofrimentos expiatórios: sofrimentos físicos ou mo-rais, oferecendo-os pelas almas”.

Refl exão

O sofrimento é um meio para dar satisfação a Deus pelos pecados cometidos.

No pensamento de São João Crisóstomo, “nós aliviaremos as almas, por todos os meios possíveis, porque “Deus tem cuidado de aplicar aos mortos os méritos dos vivos”.

Por conseguinte, vale a pena fazer sacrifício de um prazer, renunciar à cer-tas curiosidades vãs e mortifi car os maus hábitos e vícios, sofrer com paciência as intempéries do tempo em sufrágio das almas.

85 – Comunhão, Poderoso Sufrágio

Depois da Santa Missa, os Santos consideram que a comunhão é um pode-roso sufrágio.

- Segundo São Boaventura: “Não há sufrágio mais poderoso depois da Santa Missa, para almas defuntas”.

- Segundo Santo Ambrósio: “A Eucaristia é um Sacramento de descanso e paz para as almas defuntas”.

- São Cirilo e São Crisóstomo afi rmam a mesma coisa.- Segundo o Papa Alexandre VI: “Todo aquele que reza e muito mais co-

munga pelas almas, com desejo de ajudá-las, obriga-as à gratidão e remuneração”. - Segundo o Venerável Luiz Blois: “tendo feito uma comunhão fervo-

rosa por um amigo que sofria no Purgatório, recebi a sua visita com estas pa-lavras: Graças, mil graças, meu amigo! Vou contemplar a face de meu Deus para sempre”.

Procuremos fazer boas comunhões, lembrando-nos de que quanto melhor as fi zermos tanto mais aliviaremos os mortos.

O Papa Paulo V estimulou a prática das Comunhões pelas almas padecentes .

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Refl exão

Na verdade, segundo a opinião dos Santos supramencionados, a Comu-nhão é um sufrágio poderoso.

Segundo Santo Ambrosio, a comunhão dá paz e repouso às almas.O venerado Luiz Blois, São Cirilo e São Crisóstomo afi rmam que a Co-

munhão Sacramental, feita com fervor, não só alivia, mas liberta as almas do Purgatório.

O Papa Paulo V, como já foi dito acima, estimulou a prática das Comu-nhões pelas almas padecentes.

É, portanto, louvável e proveitoso acudir as almas, por ocasião de recep-ção da Sagrada Comunhão, na hora da Santa Missa. Nós que vivemos neste mundo de meu Deus, podemos facilmente nos comover ante o sofrimento, a dor e o abandono das almas, na hora de nossa união com Jesus, na Comunhão.

Nessa ocasião, ouçamos os seus rogos, e cheias de compaixão elas nos pe-dem uma migalha de pão eucarístico que abundantemente recebemos, diaria-mente, nas Missas quotidianas.

86 – Confi ssão dos PecadosA confi ssão é sacramento instituído por Cristo e não pela Igreja, como

muitos pensam.Eis o texto da Instituição:“Recebei o Espírito Santo, aqueles a quem perdoardes os pecados serão

perdoados; aqueles a quem os retiverdes, serão retidos” ( Jo XX, 23)Logo, os pecados devem ser confessados, senão, como poderá o sacerdote

decidir sobre perdoá-los ou retê-los?

Objeção: “Mas Jesus Cristo não disse que é preciso contar os pecados no confessionário”.

Resposta: Isso Cristo não disse. Se prefere, pode confessar–se diante da comunidade, de modo que o sacerdote possa dar–lhe a absolvição, fora do con-fessionário. Mas deve acusar seus pecados.

Meditação: Por meio de várias desculpas, procuraram substituir a confi s-são auricular pela penitência feita através de uma meditação.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Declaração: Roma e os bispos austríacos declararam, com muita clareza, que numa confi ssão comunitária não é possível absolver uma pessoa em pecado mortal. Portanto, a confi ssão comunitária jamais poderá substituir a confi ssão pessoal.

O Papa já declarou, duas vezes, que a confi ssão deve preceder a primeira eucaristia.

As almas do Purgatório exortam-nos seguidamente a rezar pelo Papa.Hoje, é necessário estar unido escrupulosamente ao que diz o Papa e se-

guir a própria consciência.No entanto, a confi ssão antes da primeira comunhão é necessária para a

formação da consciência das crianças.

Refl exão

O próprio ato de confi ssão é um ato profundo de humildade. Por tal ato do penitente, quando confessa os seus pecados, Deus já põe a sua mão de mise-ricórdia sobre ele. Pois a confi ssão tem a sua vantagem não só como sacramen-to de perdoar os pecados, mas nos obriga a ser humildes, a fi m de alcançar de Deus a desejada reconciliação. O que nos garante o perdão de Deus é a humil-dade. Pela humilde confi ssão, estamos garantindo a graça e a salvação eterna.

Portanto, Deus só condena o pecador orgulhoso. Mas dá sempre a graça da conversão aos humildes. É por isso que muitos santos procuravam a confi s-são diária.

87 – “Memento Morti”O título acima signifi ca: Lembra-te da morte: O cardeal Barônius tinha gravada no anel esta inscrição: Memento Morti.Statutum est hominibus semel mori. Em vernáculo: “está decretado aos

homens morrer uma só vez” ( Heb. IX, 27 )

São Carlos Borromeu conservava sobre a mesa uma caveira, a fi m de ver a morte continuamente, diante dos olhos. Todo nosso futuro é incerto, exceto a morte.

Todos nascemos com a corda ao pescoço e a cada passo que damos tanto mais nos aproximados da morte.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Refl exão

A morte é a porta da eternidade. Todo mundo passa por esta porta: ricos e pobres, sábios e ignorantes, justos e pecadores, nobres e humildes, livres e es-cravos, jovens e velhos, mancos e violentos, santos e mundanos, crentes e ateus.

Ninguém escapa do decreto terrível. Cedo ou mais tarde, de repente ou demorado, acordado ou dormindo, em casa ou viajando, não tem lugar, nem dia e nem hora marcada. A morte é a coisa da vida que temos como certeza. Pouco importa: hoje ou amanhã, daqui a 50 ou 100 anos. Ela bate à nossa porta. É bom estar bem prevenido, pedindo a Deus uma feliz entrada na eter-nidade, rezando, de vez em quando “A porta inferi libera me, Domine”. Isto é, da porta do inferno livra–me, Senhor!”

Santa Teresa Conhecendo o valor dos nossos sofrimentos aqui na terra exclama: “Domine, non mori, sed pati”, que quer dizer: “Senhor, não morrer, mas sofrer”.

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Almas no Purgatório

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IX PARTEContos e Fatos Sobre o Purgatório

88 – FOGO REAL

88.1 - Fogo Real do Purgatório

Através deste fato podemos provar que o fogo do Purgatório é real.O fato que se segue é narrado pelo Monsenhor De Segur.Em 1870, diz o piedoso prelado, eu vi e toquei, em Foligno, perto de As-

sis, na Itália, uma destas terríveis provas de fogo, pelas quais as almas do Pur-gatório, por permissão de Deus, às vezes, atestam que o fogo do Purgatório é um fogo real.

Em 1859, morreu de uma apoplexia fulminante a boa Irmã Teresa Gesta que, durante longos anos, foi mestra de noviças. Doze dias depois, em 16 de novembro, uma irmã, Ana Felícia, subia à rouparia, quando ouviu um angus-tioso e triste gemido: “Jesus! Maria!”

- Que é isto? Exclama assustada a irmã. Não havia acabado de falar, quan-do ouviu uma queixa:

- Ai! Meu Deus!Meu Deus! Quanto sofro! A irmã Ana reconheceu logo a voz da defunta Irmã Teresa. Um cheiro sufocante de fumaça encheu toda a rouparia, e percebeu-se o vulto da Irmã Teresa que se dirigia para a porta e tocava nesta com a mão direita, dizendo:

- Aqui fi ca a prova da misericórdia de Deus. E na madeira da porta fi cou carbonizada a mão direita que desapareceu. Irmã Ana pôs-se a gritar, numa grande excitação nervosa. A comunidade correu para acudir, sentia-se um cheiro sufocante de fumaça.

A irmã contou o que se passou e reconheceu na mão pequenina, gra-vada na porta, a mão da irmã Teresa que se distinguia muito pela pequenez e delicadeza.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

As irmãs comovidas foram orar pela defunta.Passaram a noite em oração e penitência em sufrágio da saudosa mestra

de noviças.No dia seguinte, Irmã Ana ofereceu a Santa Comunhão por aquela alma.

Mais um dia se passou e a Irmã Felícia ouviu depois a irmã Teresa, radiante de glória, toda bela, que lhe disse com doce voz:

“Vou para a glória!”“Sede fortes e corajosas na luta, fortes em carregarar a cruz!”“E desapareceu numa luz brilhantíssima!”Monsenhor De Segur visitou o Convento das Terceiras Regulares Fran-

ciscanas daquela cidade,que foi submetida a um rigoroso processo ordenado pelo Bispo de Foligno, em 23 de novembro de 1859. (Extraído do “O purgató-rio, Mons. Ascânio Brandão)

88. 2 - Num Oceano de FogoDeu-se também um impressionante fato, narrado por São Paulo da Cruz.“O Santo estava em oração, na cela, quando sentiu que lhe batiam com

muita força na porta. Não quis atender, pensando ser o diabo que, às vezes, lhe perturbava a oração.”

“- Em nome de Deus, retira-te, satanás”, grita São Paulo, mas a batida continua.

“- Que queres de mim?” Pergunta o Santo.“- Quanto sofro, quanto sofro, meu Deus! Sou a alma daquele padre fale-

cido. Há tanto tempo estou num oceano de fogo, há quanto tempo!... parece mil anos.”

São Paulo o conheceu logo e respondeu admirado: “O que me diz? Meu Padre, faz um quarto de hora apenas que faleceu e já me fala em mil anos!”

O pobre Sacerdote do Purgatório pediu sufrágios e orações e desapare-ceu. São Paulo, comovido e banhado em lágrimas, tomou a disciplina e se fl a-gelou até banhar-se em sangue.

No dia seguinte, pela manhã, celebrou pelo padre defunto e viu-o entrar triunfante no céu, na hora da Comunhão.

88.3 - Prisão de FogoMadre Maria da Providência, desde pequenina, sentia compaixão pelas

almas sofredoras. Um dia, encontraram-na muito pensativa, em meio dos brinquedos da criançada.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- Que está pensando?- Sabem no que eu penso, disse ela, eu penso numa prisão de fogo, de onde

não se pode sair e da qual, com uma palavra, se pode tirar o prisioneiro, ou a prisioneira.

As companheiras olharam-na surpreendidas.- “Esta prisão de fogo, continua a menina, é o Purgatório, e com uma pa-

lavra, com uma oração, podemos libertar as almas.”Mais tarde, a Madre Maria da Providência foi fundadora de uma congre-

gação, cujos membros se oferecem a Deus pelas almas e vivem o voto heróico.

89 – Duração

89.1 - Duração Positiva

Segundo revelações particulares, temos os seguintes fatos:- De Santo Tomás de Aquino: Na sua vida, conta-se que seu sucessor na

cátedra de Teologia de Paris, depois de morto, apareceu e disse que havia fi cado 15 dias no Purgatório, para expiar a negligência em executar o testamento de um bispo.

- De São Vicente Ferrer:Este Santo assegura: “há almas que fi caram um ano inteiro por pecado venial”.

- De Santa Francisca de Pampeluna: Segundo a santa, a maioria das almas do Purgatório lá sofrem de 30 a 40 anos.

Muitos santos viram almas destinadas a sofrer no Purgatório, até o fi m do mundo.

- De Padre Faber: Algumas revelações particulares, observa o padre Fa-ber, levam-nos a admitir que a duração do purgatório vai aumentando sempre mais, à medida que a humanidade avança no tempo. Há tanta falta de penitên-cia, hoje, tanto luxo e mundanismo!

89.2 - Um só dia no Purgatório

Conta Santo Antonino que um enfermo, vítima de dores atrozes, pedia sempre a morte, julgava os sofrimentos terríveis, acima de toda força humana. Um anjo lhe apareceu e disse:

“Deus me mandou para te dizer que podes escolher um ano de dores na terra, ou escolher um dia no purgatório.” O doente escolheu um dia no pur-gatório. Então foi para lá. O anjo foi consolá-lo e ouviu este gemido de dor:

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

“Anjo ingrato, disseste que fi caria no purgatório um só dia e sinto que estou aqui, já longos 20 anos pelo menos....

Meu Deus, como sofro! O anjo respondeu:- Como te enganas! Teu corpo está ainda na terra, sem ter baixado à se-

pultura.A misericórdia de Deus te concede ainda voltar para um ano de doença

na terra- Queres?- Respondeu o enfermo: mil vezes, sofrimentos maiores ainda na minha

doença.Ressuscitou e, durante um ano, sofreu horrorosamente, mas com uma pa-

ciência heróica até a morte.Este fato foi contado por Santo Antonino de Florença, prodigioso Tau-

maturgo.

89.3 - De 555 a 1954

Esteve todo este tempo o Padre da cidade de Colônia. Diminuiu o tempo, graças aos sofrimentos de Simma. Foram ao todo 1399 anos de Purgatório.

“Conta-se que um padre de Colônia faleceu, no ano 555, apresentou-se a Simma com semblante desesperado: Vinha pedir-lhe sofrimentos expiatórios que ela devia aceitar espontaneamente, caso contrário, ele deveria sofrer até o juízo fi nal.”

Simma aceitou e foi para ela uma semana de dores terríveis. Todas as noi-tes, surgiam-lhe novos sofrimentos. Era como se tivessem estirado todos os seus membros.

Esta alma a oprimia, esmagava-a, por assim dizer; e sempre, em todas as partes, como que espadas penetravam nela com violência. O Pe. de Colônia fi cou, desde o ano 555 até a festa da ascensão do Senhor, no ano 1954. A fe-licidade foi que diminuiu o tempo, graças aos sofrimentos de Ágata Simma (O motivo de tantos anos de Purgatório: “O Pe. participava do martírio das companheiras da Santa Úrsula, sua falta de fé, adultérios e Missas celebradas sacrilegicamente.”)

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Purgatório - Visão de Santa Teresa

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90 – Devoção às almas

90.1 - Devoção às almas

São Felipe Néri era também devotíssimo das almas e, cheio de caridade, nunca deixou de socorrê-las, em toda sua vida.

Muitas vezes, lhe apareceram para lhe testemunhar uma gratidão profunda.Depois da morte do santo, um de seus confrades viu-o na glória do céu:- Que corte é esta que vos cerca? Perguntou o padre.- São as almas que livrei do Purgatório.

90.2 - Visão dos Santos: Bernardo, Teresa e Gertrudes

90.2.1 - Êxtase de São Bernardo – Certa feita, celebrando Missa em uma Igreja de Roma, São Bernardo caiu em êxtase e viu uma escada da terra ao céu, pela qual os anjos conduziam as almas libertadas, em virtude do Santo Sacri-fício da Missa. Escada do céu! Há um quadro que representa essa visão de São Bernardo.

90.2.2 – Visão de Santa Gertrudes – Uma irmã muito virtuosa lhe apa-receu, depois de morta. Estava de joelhos, diante de Deus, como imersa numa grande tristeza.

- Gertrudes pediu a Nosso Senhor que usasse de misericórdia para com ela.- Respondeu Nosso Senhor que se não viessem sufrágios, ela teria de pagar

toda a dívida à Justiça Divina.Essa alma disse a Gertrudes:- “A devoção que tive ao SS . Sacramento me fez colher frutos especiais da

Divina Hóstia. Eis por que eu entrarei mais depressa e logo no céu”.

90.2.3 – Visão de Santa Teresa – Conta na sua vida ou autobiografi a ter visto saírem do Purgatório almas muito virtuosas, que ela conhecia neste mundo, e que julgava estarem no céu e, no entanto, haviam sofrido nas chamas do Purgatório. No capítulo 34, a Santa narra vários casos, entre eles o do Pro-vincial dos Carmelitas, homem muito virtuoso.

Na ocasião da sua morte, disse a Santa: fi quei muito perturbada e temi pela sua salvação, porque foi prelado vinte anos, o que sempre me inspirava temor, por me parecer muito perigoso ter encargo de almas.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Com grande afl ição, entrei no Oratório. Dei-lhe todo o bem que tinha feito em minha vida, que bem pouco seria e disse ao Senhor que suprisse com seus méritos o que faltava àquela alma para sair do Purgatório.

Estando a pedir a Nosso Senhor, do melhor modo que podia, pareceu-me vê-lo sair das profundezas da terra, ao meu lado direito, e vi-o subir ao céu, com grande alegria.

Posto que fosse velho, apareceu-me como tendo apenas 30 anos e até me-nos, e o rosto resplandecente.

Foi rápida esta visão, mas me deixou extremamente consolada.

91 – Missas Pelas Almas

91.1 - Missa pelas almas“Uma jovem pobre, que vivia em Paris e estava desempregada, entrou na

Igreja de Santo Eustáquio para rezar. Do que possuía só restava um franco”.Resolveu aplicar seu último franco, mandando celebrar uma missa pelas

almas.Assistiu à missa devotamente e depois voltou a procurar emprego. Eis que

viu chegar-se a ela um moço que lhe disse: “A senhora procura emprego? Pois bem, vai a tal rua nº tal, e ali achará o emprego de que necessita.”

Sem perda de tempo, dirigiu-se à referida casa, à dita rua, e foi atendi-da por uma respeitável senhora que a introduziu em casa. Na sala, deparou-se com um retrato e diante dele exclamou: “Eis a fotografi a do moço que me enviou aqui.”

Estupenda, a dona da casa disse: “Esse é o meu fi lho, falecido há anos.” Contou, então, a jovem como tudo se tinha passado. A Missa que mandara celebrar, o encontro com o moço e tudo mais.

Este é meu fi lho! Exclamou a senhora. Não há como que duvidar de que lhe deve seu livramento do Purgatório, e Deus permitiu que ele te mandasse a esta casa, para recompensar o bem que lhe fi zeste.

Doravante, viveremos juntas e juntas rezaremos pelas almas que sofrem.Este fato foi atestado pelo Cardeal De Bordeaux e pelo Cardeal Pio.

91.2 - Moeda achada, aplicada na Missa pelas almas

Quando menino, Pedro, na maior das necessidades, era duramente mal-tratado por seu irmão. Um dia, o menino achou na estrada uma moeda. Tudo lhe faltava: roupas, calçados e até alimentos.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Pensando como aplicar aquele dinheiro, decidiu-se a dar o valor a um sa-cerdote para que celebrasse uma missa pelas almas.

Resolução feliz. Pois, desde então, sua sorte mudou. Foi acolhido por ou-tro irmão que o ajudou muito, mandando-o estudar. De tal forma que Pedro Damião, como era chamado, correspondeu ao estudo. De tal modo aceitou os benefícios da Educação que se tornou um grande Cardeal, Luz do Sacro Colé-gio e honra da Santa Igreja.

Afi nal, Pedro Damião de Cardeal tornou-se um grande Santo da Santa Igreja Católica.

91.3 - Missas celebradas pelo amigo

Ao Beato Henrique Suzo apareceu, depois da morte, um amigo íntimo gemendo de dor e a se queixar: “Ai! Já te esqueceste de mim?”

- “Não, meu amigo, responde Henrique, não cesso de rezar pela tua alma,desde que morreste.”

-“Oh!Mas isto não me basta, não basta! Falta-me apagar as chamas que queimam o sangue de Jesus Cristo”.

- Henrique mandou celebrar inúmeras missas pelo amigo.- Este lhe apareceu, então, já glorifi cado e lhe disse: “Meu querido amigo,

mil vezes agradecido. Graças ao Sangue de Jesus Cristo Salvador, estou livre das chamas expiadoras. Subo ao céu e lá nunca te esquecerei.”

91.4 - Efi cácia da Santa Missa a favor das almas

O venerável Beda conta que, depois de uma batalha, celebrando o sacri-fício da Missa pelas almas de alguns soldados que julgara terem morrido no campo de batalha, e que se achavam presos e acorrentados, no dia e na hora em que se celebrava a missa por eles, quebraram-se de repente as correntes de ferro, e os presos acharam-se em liberdade e voltaram à sua querida pátria.

“Bela imagem da efi cácia do Santo Sacrifício da Missa a favor das almas que, pela virtude do sangue Preciosíssimo de Jesus, alcançaram a liberdade de voar para a pátria celestial.”

91.5 - Missa pela Irmã de São Malaquias

São Bernardo contou declara com o exemplo da irmã de São Malaquias, Bispo da Irlanda. Este Santo prelado, depois da morte de sua irmã, ofereceu a Deus por ela o Santo Sacrifício da Missa, muitos dias seguidos, depois dos

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quais aplicou suas Missas por outras intenções. Apareceu-lhe, então, a alma da irmã, triste, abatida, e quixou-se dizendo: “Já são 30 dias que sou privada do alívio que recebia e do pão celestial que cada dia me davas.”

“Reconhecendo o Santo que, naqueles dias, havia deixado de celebrar a Missa por ela, reparou o seu descuido, ofereceu de novo a Santa Missa pela alma de sua irmã e teve a felicidade de tirá-la dos abismos da expiação e de vê-la subir gloriosa ao céu.”

91.6 - Missa Celebrada na Capela de Santa Praxedes

O Papa Pascoal I,tendo concedeu indulgência plenária, aplicável às al-mas do Purgatório,aos sacerdotes que celebrassem 5 missas na Capela de San-ta Praxedes, em Roma. Tendo-lhe morrido um sobrinho, naquele tempo, foi o Sumo Pontífi ce celebrar as 5 missas no altar privilegiado e, na última das Missas,virando-se para dar a última bênção, o Santo Padre viu a alma de seu sobrinho tirado do Purgatório pela própria mão da SS. Virgem, que o levou glorioso e triunfante para o céu.

92 – Luta Contra o Demônio

92.1 - Ataque do Demônio contra a Vidente Simma

Desde as 21 horas de 2 de dezembro de 1954 até às 4.30 horas da manhã seguinte, senti fortes queimaduras. Não havia ninguém perto de mim. Eu me sentia abandonada. De vez em quando, me dava uma queimação infernal; pas-sava um grande susto. Uma voz diabólica gritou-me:

“Cretina, viremos logo buscar-te”. “Era assustador, quase perdia a espe-rança”. O mais terrível era que eu tinha o sentimento de estar abandonada por Deus, de não poder rezar e de sentir-me em poder do demônio. Na manhã seguinte, às 4.30 horas, toda sensação de queimadura desapareceu de repente, e também o terrível medo do inferno.

92.2 - Truque do Demônio contra a Vidente Simma

O invejoso espírito imundo do demônio fez tudo para desviar Maria Sim-ma, a Vidente, do seu voto em favor das almas.

Apresentava-se, certas vezes, na roupagem de um anjo de luz.Uma vez, veio sob a aparência de um pároco que tinha sido confessor de

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Simma. Apareceu também como sendo o cônego Sattler,capelão do Instituo São José, depois como superiora das Irmãs do Convento Sagrado Coração de Jesus, de Hall.

O falso cônego, isto é, o demônio, queria fazer de Maria Simma uma San-ta e inspirar-lhe a renunciar o seu voto de doação total a Maria Santíssima.

Maria Simma, então, conheceu a fi gura de satanás.Expulsou-o dizendo: “Se és o demônio, eu te ordeno, em nome de Jesus,

retira-te”. Jogou água benta, e tudo desapareceu.De 10 de março a 1º de abril de 1954, o demônio manteve-me quase que

inteiramente sob o seu poder. Pensava estar no inferno e não na terra, assim afi rma a Vidente.

93 – Devoção do Rosário

93.1 - Devoção do Rosário a Favor das AlmasO Padre Luis Monaci era fervoroso devoto das almas. Viajando por

uma estrada infestada de perigosos assaltantes, estava recitando o Rosário pelas Almas.

Ao avistar de longe o sacerdote, um grupo de bandidos se preparou para o assalto. Qual não foi o espanto, quando viram e ouviram um pelotão de solda-dos que marchavam, ao lado do padre. Aterrorizados, se esconderam, enquan-to o Padre caminhava tranquilo.

Tempos depois, encontrando-o na hospedaria, indagaram sobre os solda-dos que o seguiam.

- “Meus fi lhos, falou Padre Luis, eu ando sozinho. Só tenho um compa-nheiro, meu rosário, que recito pelas santas almas.”

-“Somos bandidos e estamos prontos para o despojar e matar. Cremos que as almas vos salvaram da morte. Tocados pela graça, ali mesmo pediram perdão e se confessaram humildemente”.

93.2 - Rosário de São Domingos

Uma jovem, libertada do Purgatório pelo Rosário de São Domingos, apa-receu a este Santo e lhe disse: “Em nome das almas sofredoras, eu vos conjuro, pregai por toda parte e fazei conhecer a toda gente a devoção do rosário”. Que os fi eis apliquem às pobres almas as indulgências e outros favores desta devo-ção tão santa. A SS. Virgem e os Santos se alegram com o rosário, e as almas libertadas por ele rezam no céu pelos seus benfeitores.

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Promete, pois, em tuas difi culdades, propagar a devoção às Santas Almas, e elas saberão ser gratas e te ajudarão.

93.3 - Grande Devoção a SS. Virgem, através do Rosário

Uma irmã religiosa perdera o pai, no dia 31 de julho de 1903. Madame Luisa lhe disse: “Tenha confi ança, seu pai está no céu”. O pai da Irmã tinha uma grande devoção a SS. Virgem, gostava de rezar o Rosário e morreu num sábado. Naquele mesmo dia, o Senhor o fez entrar no céu.

93.4 - O Terço contra o assalto do Demônio

A SS. Virgem expressava para a vidente que rezasse diariamente o ter-ço pela conversão dos pecadores; ele é potentíssimo contra os assaltos do demônio.

Logo após esta notícia, recebi duas cartas, cujo conteúdo era idêntico. Diziam: “Entre nós acontecem coisas estranhas. Deve ser o demônio agindo.”

Pensei. “Vou escrever aos dois dizendo que rezem, todos os dias, o terço pela conversão dos pecadores.”

Era 16 de dezembro de 1964. Peguei duas folhas de papel, coloquei-as no centro da mesa com os dois envelopes.

Tenho o costume de escrever primeiro o endereço. De repente, um asso-bio estridente. Senti terror. O demônio estava ali perto. Arrancou-me as folhas e puxou-as até a extremidade da mesa, deixando sobre elas um sinal queimado. Pra mim foi a prova do poder do terço contra ele.

De vez em quando, o demônio fazia um barulho terrível, como se a casa caísse ou pegasse fogo. Parecia também como se uma chama fosse lançada no quarto, onde havia como que um rumor de explosão.

Uma alma do Purgatório me consolou: “Não te assustes, se deves sofrer por causa do inimigo... advirto-te, satanás está furioso contigo... Ele pode agir contra ti somente na medida em que Deus o permite; estás sob a proteção espe-cial da Mãe de Deus, que ele teme como uma espada...Ele gostaria de conseguir que renunciasses ao teu voto de abandono à SS. Virgem, para assim romper suas relações com as almas do Purgatório... Não te assustes, não te angusties. Sê humilde... Nós te ajudamos, mas a Mãe de Misericórdia quem te ajudará de modo particular”.

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93.5 - Satanás de MáscaraCerta alma veio-me e ordenou-me. Não se entretenha com a próxima

que vier.Meu Diretor Espiritual dissera-me que desse atenção a todas as almas que

vierem. Então perguntei: “Por que não devo?”- “Por que ela precisa sofrer o que não podes sofrer por ela.”Neste caso, Deus não a deixará vir, respondi.Fui tratada asperamente: “Deus te provará, quer obedeças, quer não.”

Quando estou na incerteza e não entendo bem as coisas, invoco o Espírito Santo, que nunca me abandona. Ordenei-lhe: “Se és o inimigo, ordeno-te, em nome de Jesus, retira-te.” Deu um grito e desapareceu. Vi, então, que era o inimigo, sob a aparência de uma alma do Purgatório.

93.6 - Tentação Horrível na hora da Morte O célebre Cardeal Barônio conta que uma pessoa devota das almas foi

terrivelmente tentada, na hora da morte.Estava desolada e quase em estado de desespero, quando uma multidão de

pessoas veio em seu auxílio. Logo fi cou livre de toda tentação e entrou em doce paz. Perguntou curiosa:

- Que multidão é esta que entrou aqui, e na mesma hora eu senti alívio e fui socorrida pelo céu?

- Somos as almas que tirastes do Purgatório, respondeu uma doce voz e vimos buscar vossa alma, para juntos entrarmos no céu.

Ao ouvir estas palavras, a agonizante feliz sorriu e expirou.

94 – Revelações de Santa Francisca Romana

94.1 - Revelações de Santa Francisca RomanaNas relações das aparições, por ordem do seu confessor, Santa Fran-

cisca disse que foi levada ao Purgatório pelo Arcanjo São Rafael, e que lhe foram mostradas às almas padecentes, em três regiões ou esferas, uma acima da outra:

a) Na Região Inferior, viu as almas envolvidas em terríveis chamas de fogo menos tenebroso do que o inferno.

A santa disse que nesta região são detidas as almas que cometeram pe-cados graves, de que não fi zeram sufi ciente penitência.

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Santa Francisca Romana

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

O fogo é o mesmo para todas; umas, porém, sofrem mais do que ou-tras, conforme a gravidade dos pecados cometidos.

Cada pecado mortal, pelo qual não se satisfaz a Deus, depois da absol-vição é expiado no Purgatório, sete anos de suplícios, nesta região inferio, segundo a Santa;

b) Na Região do meio, são detidas as almas que não cometeram tão gra-ves culpas. As penas do fogo que sofrem são terríveis, mas não tão horríveis, nem tão prolongadas como as da Região Inferior;

c) Na Região Superior, padecem as almas que caíram em pecados mais leves, ou que, tendo já expiado culpas graves, completam sua purifi cação ou dão a Deus a última satisfação, antes de ser admitidas à Sua divina presença e de enfrentarem o lugar do suavíssimo refrigério, na Região da Eterna Luz, no imenso oceano da Paz Bem aventurada. ( História Rohrbacher vol. II, pág. 291 )

95 – Oração do Pai Nosso

95.1 - Efi cácia do Pai Nosso

Conta-se que uma alma do Purgatório pediu que lhe rezasse um Pai Nos-so. “Oh! Se soubesse o grande alívio que senti com essa oração!...” Peço-vos que queirais repeti-la. Repetiu-a. “Não haveis de crer o quanto me aliviastes.” “Encarecidamente vos rogo que a torneis a repetir.” E tornou a rezar até 100 vezes, e então a alma banhada em luzes agradeceu e foi para o céu.

Podemos concluir que a Oração Dominical, isto é, a oração do Pai Nosso, ensinada por Jesus, é uma oração completa, capaz de sufragar os feis defuntos.

É preciso perdoar os falecidos, segundo a oração do Pai Nosso

Um camponês veio, um dia, ver-me para se queixar: “Estou construindo uma estribaria. Toda vez que a parede chega a uma

certa altura, cai do outro lado. Olhamos tudo. Não há defeitos. Deve ser algu-ma coisa de sobrenatural”. Que se pode fazer?

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Então, perguntei-lhe: “Há, por acaso, algum falecido que tenha alguma coisa contra você, ou que alimentava sentimentos de vingança ao seu respeito?”

- Respondeu: “Sim, e pensava mesmo que só podia ser ele que, embora esteja enterrado, não queira me deixar tranqüilo.”

- Eu disse-lhe: “Peço somente que o perdoe, nada mais.” - “O quê? Perdoar a ele que aprontou tantas para mim, enquanto vivo?

Perdoar para que possa ir ao céu? Não, ele deve expiar.”- Tive de acalmá-lo! “Não irá logo ao céu. Deverá expiar esse erro, mas

suportará mais facilmente sua pena. Não deixará você viver em paz, até que o tenha perdoado de coração.”

- Ele não queria saber de nada. Perguntei-lhe então:“Por que diz no Pai Nosso: Perdoai nossas ofensas como nós perdoamos

a quem nos tem ofendido? Você diz a Deus: Não me perdoe, porque também eu não perdoo ao meu próximo.”

- Somente agora entendo claramente, confessou ele. Consegui que ele ti-vesse forças para declarar. “Sim, em nome de Deus, quero perdoar, a fi m de que Deus me perdoe.”

96 – A alma do Sacerdote

96.1 - Bênção do Sacerdote

Um encontro inesquecível para mim foi a de um padre, cuja mão direita era negra. Pedi-lhe o motivo.

- “Deveria ter abençoado mais, me disse. Diga a todos os padres que en-contrar que devem abençoar mais. Eles podem dar numerosas bênçãos e escon-jurar as forças do mal.”

Oração por Rotina

A Vidente viu um padre conhecido no Purgatório, que lhe disse: “Eu so-fro muito, por ter rezado, tantas vezes, meu Ofício Divino, quase sem pensar que falava com Deus e por rotina, e também pela minha preparação e ação de graças muito rápidas, depois da Santa Missa.”

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96.2 - Depoimento de uma alma sacerdotal

Corria janeiro de 1998. Continuávamos rezando as 15 orações, mas em virtude das festas de fi nal de ano, atrasamos 27 dias. Num dado momento, percebi uma alma me chamando.

“Padre Vítor? É o senhor?”Há algum dia, havia percebido uma alma sacerdotal me pedindo orações,

mas eu não conseguia saber claramente quem era.Tentei descobrir visitando cemitérios.Agora sabia! Padre Vítor havia sido Reitor de um Seminário, onde eu

estudara há mais de 40 anos. Ele era fi rme, dinâmico, homem de fé inabalável e muito eloquente.

Ensinava a todos a santidade e, do que eu soubesse, também a vivia. Meu espanto era enorme, porque eu de fato o considerava um santo...

- Por que estava ali?- Pois é, disse ele, sou eu, sim! E estou aqui pagando um pecado, do qual

você foi testemunha!- Então, compreendi. Quando estávamos no Seminário, Padre Vítor foi

substituído por outro sacerdote. Quando ele era ainda Reitor, como de costu-me, sempre fazíamos um passeio, às quartas-feiras, e aconteceu que, exatamen-te na primeira semana que seguiu a posse, o passeio foi cancelado pelo novo Reitor. Aí, Padre Vítor se chegou a mim e disse:

- Viu, se ainda fosse o Reitor, o passeio aconteceria...Para mim foi um escândalo, porque senti que ele estava com inveja. Na-

quela ocasião, não perguntei isso a ele, entretanto agora o fi z.- E o senhor está aí só por isso?- Só! Afi nal, escandalizei uma criança.

Não me lembro se, na ocasião, eu fi cara escandalizado, porém já havia realmente me esquecido do incidente, que o bom padre agora me recordava. Então, lhe disse:

- Mas eu nada tenho contra o senhor. Sempre o achei íntegro; o que posso fazer, então?

- Rezem as 27 orações que faltam, que voarei direto aos braços de Deus, pelos quais anseio!

Rezaremos, padre amigo! Pode fi car certo! Tiraremos logo o senhor desse lugar.

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Observação

Soube, depois, que ele havia falecido em 1994 e que estava sepultado em São Paulo. Veja bem, ainda me lembro, quando entrei no Seminário, aos 9 anos de idade, Padre Vítor me perguntou: “ Para que você quer ser padre?”

“Para salvar almas, eu lhe respondi.”E agora vejo este padre, que considerava um santo, me pedindo para rezar

pela alma dele. Incrível!

97 – Caridade para com as almas

97.1 - Caridade para com as almas

O Padre Jacques Monfort S. J. escreveu um livro: “A caridade para com as almas” e fê-lo imprimir em Colônia, por Guilherme Freceysen.

Tempo depois, ele recebeu uma carta do Editor, na qual narrava que um fi lho e sua esposa tinham adoecido gravemente. Os médicos já tinham desen-ganado, e pensavam nos funerais.

Fui à Igreja e prometi distribuir 100 exemplares do citado livro entre os padres, a fi m de lhes lembrar quanto devem interessar-se pelos falecidos.

No mesmo dia da promessa, os doentes, mãe e fi lho, tiveram melhoras acentuadas e, poucos dias depois, estavam perfeitamente curados e tão sadios que o acompanharam à Igreja para agradecer a Deus tanta misericórdia.

97.2 - “Deus lhe pague! Agora estou livre.”

Um dia, em 1954, por volta das 14.30 horas, viajando para Marul, antes de chegar lá, encontrei no bosque uma senhora de aspecto tão encarquilhado que parecia ter cem anos de idade. Cumprimentei-a amavelmente.

- Por que me cumprimenta? Ninguém me cumprimenta mais.- Procurei consolá-la dizendo: “A senhora merece ser cumprimentada

como todas as outras pessoas.”- Começou ela a queixar-se: “Ninguém me dá provas de simpatia. Nin-

guém me dá de comer e devo dormir nas estradas.”- Pensei que tudo aquilo era impossível e que ela estivesse fora de si. Tentei

mostrar-lhe que aquilo não era verdade.

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- Claro que é, respondeu a velhinha encarquilhada.- Pensei, então, que, sendo intrigante por causa de sua idade avançada,

ninguém quisesse fi car com ela, por longo tempo, e convidei-a para jantar e dormir na minha casa.

- “Mas não posso pagar.”- Procurei encorajá-la: Não importa, aceite o que lhe ofereço. “Não tenho

casa bonita, mas será melhor que dormir na estrada.” Então, me agradeceu:- “Deus lhe pague! Agora estou livre!”- E desapareceu. Até aquele momento, não compreendera que era uma

alma do Purgatório. Com certeza, durante sua vida terrena, rejeitou alguém a quem deveria ter ajudado, e após a sua morte devia esperar que alguém lhe oferecesse livremente o que ela negara a outro.

97.3 - Tudo depende da Caridade

“O que está fazendo com este balde?”Perguntei a uma senhora que encontrara com um balde na mão.- “É a minha chave do paraíso”, respondeu alegremente. Não rezei muito,

durante a minha vida, raramente ia à Igreja.Desta vez, porém, antes do Natal, limpei gratuitamente a casa de uma

pobre idosa. Foi a minha salvação.Conclusão: Esta é a prova de que tudo depende da Caridade.

98 – Oração Pelas Almas

98.1 - Oração Pelas Almas

Cristóvão Sandoval era devotíssimo das almas. Procurava socorrê-las, por todos os meios.

Quando estudava na Universidade de Lovaína,aconteceu que as remessas da Espanha custavam a chegar com recursos e o pobre estudante fi cou reduzi-do à extrema miséria.

Assim, amargurado, entrou numa Igreja e pensou: posso socorrer as almas com esmolas, e posso rezar por elas com minhas orações. E assim o fez. Ao sair da Igreja, encontrou um moço que disse estar de volta da Espanha, o qual lhe

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entregou uma avultada soma de dinheiro, pois, quando voltasse à Espanha, seu pai lhe havia de pagar. Depois desapareceu. Nunca mais Sandoval chegou a saber quem era aquele moço. Fez exaustivas pesquisas, mas tudo em vão.

Um dia, contou o fato ao Papa Clemente VIII.O Santo Padre lhe disse: “Meu fi lho, é preciso publicar este fato, para

mostrar como Deus recompensa os que dão esmolas, em nome das almas, e sufragam os mortos, com atos de caridade”...

98.2 - Essa oração me salvou

- Você me conhece?- Perguntou-me uma alma.- Disse-lhe que não.- “Mas você já me viu, em 1932, quando viajava comigo até Hall. Fiz-lhe

companhia na viagem.”- Lembrei-me muito bem dele. Este homem no trem tinha criticado,

em voz alta, a Igreja e a Religião. Embora tendo apenas 17 anos, me envolvi na questão e lhe disse que não era um bom homem, porque denegria as coisas santas.

- Você é muito jovem para me ensinar, respondeu ele para se justifi car.- No entanto, sou mais inteligente que o senhor, respondi com coragem. Abaixou a cabeça e não disse mais nada. Ao descer do trem, rezei ao Senhor: “Não permitais que esta alma se perca.”Essa oração me salvou. Sem ela eu me teria condenado, concluiu ele.

98.3 - Não rezou mais pelos seus entes defuntos?

- Não quero visitar esta louca, disse a mestra de noviças.- “Ó minha mãe, não diga assim! Madame Maria Luíza é tão equilibrada

e santa, tão discreta e humilde.”Afi nal, tiveram uma entrevista com ela. Foi uma palestra amável e sincera.Depois de alguns instantes, Madame Maria Luíza chamou a irmã e

lhe disse:- Minha irmã, a senhora não rezou mais pelos seus parentes falecidos?- Meus parentes morreram, há muitos anos, e eram muito bons, devem

estar no céu.

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- Sim, vosso pai e vossa mãe estão no céu. Um irmão, porém, morreu re-pentinamente em tal lugar e tal data, e um sobrinho.

- E a senhora nunca mais rezou por eles.- É preciso dizer ao sobrinho que vai se ordenar, que reze logo algumas

missas por seu tio.- A irma religiosa pasmou diante do que ouvira. Era impossível que Mada-

me tivesse tido informações tão preciosas a respeito de seus parentes.

99 – Visão de Santa Perpétua e de Santa Gertrudes

99.1 - Visão de Santa PerpétuaNo século IV, em 302, Santa Perpétua contou-nos a seguinte visão do

Purgatório:“Estávamos em oração na cadeia, depois da sentença que nos condenava a

sermos expostos às feras e, de repente, chamei por Demócrito. Era um irmão, segundo a carne. Morrera com um câncer na face. A lembrança de sua triste sorte me afl igia. Fiquei admirada de me ter vindo à lembrança este irmão e me pus a rezar por ele, com todo fervor, gemendo diante de Deus. Na noite seguinte, tive uma visão, na qual vi Demócrito sair de um lugar tenebroso em que se acham muitas pessoas. Estava abatido e pálido, com úlcera que o levou à sepultura. Tinha uma grande sede. Junto a mim estava uma bacia com água, mas ele em vão tentava beber e não conseguia.”

Conheci que meu irmão estava sofrendo, e era preciso rezar por ele. Pedi por ele, dia e noite, com muitas lágrimas para que fosse libertado.

Alguns dias depois, tive outra visão, na qual Demócrito me apareceu todo branco, brilhante e belo e se inclinou a beber à vontade a água que, antes, não pudera sorver.

Conheci, por isto, que estava livre do suplício.

99.2 - Visão de Santa GertrudesA Santa foi favorecida por Nosso Senhor, com inúmeras aparições e êx-

tases, e tocava de perto o sobrenatural. Tinha a Santa grande estima por uma religiosa muito santa e que edifi cava, pelas suas virtudes.

Morreu esta, e Santa Gertrudes a recomendava a Nosso Senhor, com muito empenho.

Fora arrebatada em êxtase e vira, diante do trono de Deus, a alma da Irmã querida, vestida de trajes reais, belamente adornada, mas tinha olhos baixos como que envergonhada.

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Gertrudes fi cou admirada e me disse:- Como? Minha fi lha não se lança nos braços do Divino Esposo? Por que

fi ca assim?- Ó minha mãe, eu não sou digna ainda do abraço do Cordeiro sem man-

cha. É preciso muita pureza, ser pura como raios de sol, para se unir a Deus. Tenho ainda manchas terrestres de algumas imperfeições.

100 – Aparição a São João Bosco

100.1 - Aparição dum morto (caso de São João Bosco)

Esta aparição é narrada pelo próprio Santo.João Bosco e seu amigo íntimo Luis Comollo tinham feito um contrato

de rezar um pelo outro, e o primeiro que morresse deveria comunicar a notícia da própria salvação ao companheiro sobrevivente, caso Deus o permitisse.

O clérigo Comollo morreu, no Seminário de Cheli, na noite de 2 de abril de 1839. Na noite do enterro, enquanto Bosco e os companheiros dormiam, ao soar a hora da meia-noite, ouviu-se um ruído cavernoso e prolongado que avançava do fundo corredor, tornando-se mais tétrico e assustador à medida que se aproximava.

Dir-se-ia o barulho de um trem correndo sobre chapas de zinco.Os seminaristas acordaram, mas ninguém tinha coragem de falar.O ruído avançava sempre; de repente, a porta do dormitório escancarou-

se, uma luz, que se tornava cada vez mais viva, apareceu no meio daquele es-trondo surdo de trovão e se aproximou da cela do Bosco.

Nesse ponto, o clarão fez-se vivíssimo, o tumulto cessou e ouviu-se ressoar distintamente a voz do clérigo Comollo, que repetiu 3 (três) vezes: Bosco...Bosco...Bosco... estou salvo!

Depois, o fragor recomeçou mais intenso do que antes e se afastou. A porta bateu assustadoramente, a casa toda tremeu como que abalada por terre-moto e depois fi cou em silêncio.

Os companheiros de Dom Bosco pularam da cama e fugiram como lou-cos. Ele, porém, os chamou e os acalmou, contando-lhes a promessa feita.

Naquele dia, não riu, mas riu depois do susto terrível, em consequência do qual adoeceu tão gravemente que estivera às portas da morte.

Deus onipotente e misericordioso permite, às vezes, que coisas assim aconteçam, mas estejamos certos da existência da alma e da vida futura, sem procurar provas, que são sempre terríveis.

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Nota bene: Até aqui, o narrador desta aparição foi o Padre Luís Chiavari-no, no seu livro “Os Sorrisos de Dom Bosco” (2ª Ed. Brasileira ´Pia Sociedade de São Paulo). Mas há outras biografi as de São João Bosco em que, no fi m desta história, o próprio Santo aconselha não fazer nenhum contrato ou promessa de aparecer, depois de morto.

101 – Conservar a Vida

101.1 - Vida

Uma alma contou-me:“Não observando as leis de trânsito, morri repentinamente, em Viena,

Áustria, enquanto andava de moto.”Perguntei-lhe: “Você estava preparada para entrar na eternidade?”- Não estava, mas Deus dá a todos os que não pecam com insolência e

presunção dois ou três minutos para poderem se arrepender. Só quem recusa é condenado.

- E continuou com seu comentário interessante e instrutivo.“Quando morre alguém num acidente, as pessoas dizem: era a sua hora.

Não é verdade. Pode-se dizer isso somente quando a pessoa morrer, sem ser culpada pelo acontecido. Mas, de acordo com os desígnios de Deus, eu poderia viver ainda 30anos;aí,então,teria passado todo o tempo de minha vida.”

Portanto, o homem não tem direito de expor sua vida a um perigo de morte, salvo em caso de necessidade.

101.2 - Vida de uma aldeia

“Em 1954, uma avalanche foi a causa de uma grande catástrofe. Na aldeia de Klinequele, morreu uma senhora de nome Stack, doente há 30 anos.”

Dizia-se que, 100 anos antes da avalanche, tinham acontecido ruínas. Mas esta última tinha sido pior.

Após a primeira devastação, fora plantado um bosque para proteger a al-deia. Na avalanche de 1954, este bosque foi quase totalmente arrancado. Algu-mas árvores contiveram a força da neve, caso contrário, metade da aldeia teria sido destruída.

Quando morreu a Sra. Stack, pouco depois da catástrofe, eu soube pe-las almas que somente suas orações e seus sacrifícios serviram para manter as árvores. Ela oferecera todos os seus sofrimentos para o bem de sua aldeia e

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conseguira assim, numerosas graças para o povoado. Se tivesse boa saúde, não as teria feito.

Suportando os sofrimentos com paciência, salvam-se mais almas do que com a oração. Evidentemente é mais fácil exortar um doente a sofrer com pa-ciência que perseverar sozinho no sofrimento. Eu conheço o sofrimento. Tem muito valor porque é penoso. Não vejamos o sofrimento como uma punição, ele pode ser acolhido como expiação não só por nós mesmos, mas, sobretudo, pelos outros.

Cristo é a própria inocência e sofreu mais que todos para expiar nossos pecados. Somente no céu saberemos o que obtivemos com o sofrimento, su-portando com paciência, em união com os sofrimentos de Cristo.

O modo mais efi ciente de oferecer nossos sofrimentos consiste em pô-los nas mãos de Deus, a fi m de que distribua a quem quiser, porque sabe quem mais precisa.

Atingido por uma paralisia

“Cometi um crime contra Deus”, confessou um homem. Pisoteei uma cruz na minha fúria, pensando que, se Deus existisse, não permitiria meu mal. Fui imediatamente atingido por uma paralisia. Foi a minha salvação.

Disse-me o que sua mulher deveria fazer e como poderia suavizar seu Pur-gatório. Sua mulher deixara a Igreja Católica, meu pecado causou-lhe grande impressão.

Disse: somente eu. E meu marido não pode, com certeza, contá-lo a alguém. Se esta alma disse isto, devo acreditar em você. E retornou à Igreja Católica.

101.3 - Abreviar a vida

Um médico veio, um dia, lamentando-se que devia sofrer, por ter abre-viado a vida de alguns pacientes, com injeções, a fi m de que sofressem menos. Disse que o sofrimento, suportado com paciência, tem para a alma um valor infi nito.

Tem-se o dever de aliviar os grandes sofrimentos, mas não o direito de abreviar a vida, com meios químicos.

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102 – Mãe do Missionário

102.1 - Mãe do Sacerdote

Em contato com o colega Padre Francisco, Missionário da Sagrada Famí-lia, na década 40 do século passado, por ocasião de uma visita pastoral, discor-rendo sobre o sufrágio pelas almas do Purgatório, ele me contou o seguinte:

“Depois de celebrar a Santa Missa, uma senhora, que estava assistindo a minha Missa, perguntou-me se eu vi uma mulher bem perto do altar, acompa-nhando toda a cerimônia da missa.”

- Eu lhe respondi que não a vi. Mas, por curiosidade, perguntei-lhe: Quais as suas feições?

- Ela me respondeu: “Desde o início da missa, observei que a estranha senhora possuía as mesmas feições de V. Revma.”

- Então concluí que se tratava de minha mãe, disse o Padre Francisco. Por coincidência ou não, a missa que celebrava era exatamente em seu sufrágio.

103 – Assistência à Missa

103.1 - Assistência à Santa Missa com Indiferença

“Conta-se que um hoteleiro de S. faleceu repentinamente, em outu-bro de 1954. Do ponto de vista religioso, não era católico praticante, tam-pouco zeloso.

Às perguntas feitas foi respondendo que as Missas celebradas para ele não eram de grande ajuda, porque, durante a sua vida, assistira à Missa com indiferença.

Mais tarde, foi respondido a Vidente Simma que uma oferta de 3000 Xe-lins para as missões poderia libertá-lo.

O irmão e a esposa do falecido rezaram bastante, para que a sua libertação acontecesse, ainda durante o Ano Mariano. Cumpriram a obrigação pedida.

Pouco depois, o falecido foi libertado, porque, com frequeência, durante as conversas, defendera a Religião e a Virgindade de Maria.”

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104 – O Julgamento de Deus

104.1 - O julgamento pertence a Deus

Corria o Ano Mariano de 1954. Um homem veio para ter notícia de dois falecidos, seus parentes.

“Estou impaciente para saber qual será a sua resposta”, disse-me.Não falou mais nada. Só queria a resposta. Era o Ano Mariano. A resposta

veio logo. Um mês mais tarde, pude comunicar-lhe:“A senhora S. está livre, e o Sr. H está ainda no fundo do Purgatório”.Meneou a cabeça. “Não é possível. A senhora S. morreu no hospital, por

causa de uma prática anticoncepcional e estaria livre, enquanto o Sr. H, que era sempre o primeiro a chegar e o último a sair da Igreja, ainda no Purgatório?”

Então, perguntei de novo e foi-me respondido: “Você anotou correta-mente.” Aconteceu que chegou ao lugar uma mulher que conhecera muito bem um e outro e tinha uma opinião contrária. Disse-me: “Estão indigna-dos com as respostas, mas eu estou firme na minha convicção a respeito de sua resposta.”

Continuou nestes termos: “Conheci a Senhora S., como se fosse minha irmã. Era fraca moralmente, é verdade, mas sofreu muito. Este defeito nela era devido, em grande parte, às taras hereditárias. Morreu devido à prática anticoncepcional, é certo, mas o padre que a assistiu, no último momento, admitiu: Gostaria de morrer com os sentimentos de arrependimento que teve esta mulher.”

Ela faleceu cristâmente e foi sepultada religiosamente.O Sr. H. era o primeiro a chegar à Igreja e o último a sair.Agora, tudo está claro para mim. Deus não quer que julguemos os outros.O Sr. H. condenou esta mulher, contudo Deus foi misericordioso com

ele, pois o salvou. É muito perigoso condenar alguém. Portanto, nunca deve-mos julgar. O Sr. H. criticava, sem tréguas, os outros. O que mais me indignou foi que, durante o funeral da Sra. H., ninguém estava mais inquieto do que ele. E não deixou de criticar, dizendo: “Esta carniça não deveria ser sepultada no cemitério.”

104.2 - “Ficarei Contente, se fi zer isso.”

Um dia, após ter dito tudo o de que precisava para sua libertação, uma alma acrescentou: “Ficarei contente se fi zer isso.” Nada mais disse, a não ser o lugar e o tempo em que deixara este mundo.

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Relatei tudo aos meus parentes que não conhecia. Inicialmente, fi caram céticos, depois quiseram saber se todo falecido me dizia: “Ficarei contente, se fi zer isso.”

“Até agora, é a primeira vez que uma alma se exprime assim”, respondi.Quiseram saber por que aquele falecido teria usado aquela expressão. Res-

pondi que não sabia o motivo.“Pois bem, nós sabemos” - disseram pensativos: Este era o modo de falar

de nosso pai, dizia sempre: “Ficarei contente, se fi zer isso.”Eram pessoas que não iam à Missa Dominical, pensando que fosse apenas

um mandamento da Igreja e não de Deus. Explicou-lhes que um mandamento da Igreja vale na eternidade tanto quanto o de Deus, e que a única diferença consiste no fato de que a Igreja pode mudar ou cancelar um de seus manda-mentos, enquanto é impossível mudar os de Deus.

104.3 - Um Bem Mal Adquirido

Certa vez, recebi uma visita. Escutei suas reclamações no corredor. Abri a porta para ver. Era um homem que me perguntou indignado: “Como é esta manifestação de almas do Purgatório?”

“Não se trata de mistifi cação, respondi-lhe.” Então, resmungando, foi di-reto ao assunto. “O Sr. E apareceu para você? Tinha diante de mim um parente a quem eu dissera, da parte do Sr. E, que devia restituir um bem mal adquiri-do.” Respondi afi rmativamente à sua pergunta. Começou a implicar dizendo que aquilo não era verdade, mas engano, para extorquir dinheiro.

“Que bem mal adquirido devemos devolver?”“Não sei”, respondi, apenas fui encarregado de dizer isto à minha família,

de restituir aquele bem. “Qual? O senhor deve saber.”Ele soube, então, exatamente qual bem, e também que sua fé cristã era

muito fraca. Criticou o Papa, a Igreja, a Religião. Expliquei-lhe tranquilamen-te o signifi cado. Acalmou-se e disse:

“Se é assim, é preciso que eu recomece uma nova vida. Não confi ava mais em nenhum padre. Agora, devo começar a crer em Deus, porque a senhora não poderia saber que, em nossa propriedade, havia um bem mal adquirido. Nem mesmo todos os membros da nossa família sabem.”

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105 – Terrível Purgatório

105.1 - A mulher que tinha o mais terrível purgatórioUm homem escreveu-me uma carta, na qual dizia que sua esposa falecera,

há um ano. Desde então, ouvia, todas as noites, baterem à porta de seu quarto. Pediu-me que visse o que acontecia. Fui, depois de ter-lhe dito não estar segura de poder saber alguma coisa. Talvez sua mulher não podia ainda manifestar-se. Neste caso, era preciso deixar tudo nas mãos de Deus.

Dormi naquele quarto. Lá pelas 23.30h, começou o rumor. Logo pergun-tei: “O que deseja, o que devo fazer?” Nada vi, nem recebi qualquer resposta. Pensei que aquela mulher não podia ainda falar. Após 5 minutos, ouvi um tro-pel assustador, veio um grande animal. Isso jamais me acontecera antes. Era um hipopótamo. Lancei água benta e perguntei: como posso ajudar-te? Nenhuma resposta. Era preocupante. Então, veio o demônio, sob a forma de uma horrí-vel e gigantesca serpente, que apertou o animal para segurá-lo. Depois, repen-tinamente desapareceu. Comecei a ter pensamentos tristes, contudo, aquela mulher não devia estar condenada.

Pouco depois veio uma alma com uma aparência humana, como de cos-tume. Consolou-me:

“Não tenha medo. Esta mulher não está condenada, mas deve sofrer o mais terrível purgatório que existe.” E deu-me a causa: Vivera 10 anos de ini-mizade com uma outra mulher, sendo ela a causa. Sua inimiga tentara, várias vezes, fazer as pazes, mas ela sempre recusava. Até, na sua última doença, rejei-tara com arrogância e morrera assim.

Temos aqui uma prova de como Deus pune severamente aqueles que se comportam de modo hostil com o próximo, porque isso é diametralmente oposto à caridade. Com freqüência, brigamos na vida, mas precisamos acertar as coisas, tão logo seja possível, perdoar sempre. A caridade supera tudo. Não se insiste bastante na sua força. Ela cobre uma multidão de pecados.

105.2 - Por Obstáculo à VocaçãoOutra vez, veio uma senhora que confessou: “Tive que sofrer trinta anos

de Purgatório, porque não deixei minha fi lha entrar no Convento.”Isso demonstra que os pais, que impedem a vocação de um filho, quan-

do chamado por Deus ao sacerdócio ou à vida religiosa, assumiram grande responsabilidade. Sei, por meio das almas, que muitos pais devem contas da responsabilidade de ter negado permissão a seus filhos de entrarem na vida religiosa.

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106 – Uma Missa salva uma Alma

106.1 - Uma alma pede missa

Deus, muitas vezes, permite a alma do Purgatório pedir orações, sacri-fícios, missa aos parentes, amigos e conhecidos, quer através de sonhos, quer através de imagens ou fantasmas.

Temos vários casos interessantes, narrados por pessoas que merecem fé, tanto pela sua sinceridade como pela sua idoneidade.

Quando parte para história de criança considerada normal, acreditamos, por causa de sua inocência e simplicidade. Em regra geral, a criança não mente e não inventa personagens estranhas.

Aqui, temos um caso que sucedeu na década 50 do século passado, no sítio, hoje distrito Barreiro do Jorge, na Serra do Quincuncá.

Expedita, na época, era criança mais ou menos de 7 para 8 anos de idade, quando o seu avô João Jorge, aliás meu tio da parte materna, apareceu-lhe, pela primeira vez, ao lado de um rancho de roça.

A menina Expedita viu um homem, mas não o conheceu.Quando, porém, o viu, pela segunda vez, ela desconfi ou e perguntou ao

pai que estava na roça, quem era a tal pessoa vestida de calça de mescla azul. Imediatamente, o pai compreendeu que se tratava de seu sogro Jorge que, em vida, usava esse tipo de calça.

Então, comunicou o fato a sua mulher, e ambos orientaram à fi lha, caso ele aparecesse novamente, que não deveria ter medo, perguntasse, em nome de Deus, o que deseja.

Ora, aconteceu que Expedita foi ao rancho e, de repente, o avô imediata-mente pediu uma missa e desapareceu.

Minha mãe, que era irmã do falecido João Jorge, narrou-me a história e, como na época eu já era sacerdote, ela me pediu encarecidamente que celebras-se, o mais breve possível.

Conta Expedita que, no momento da celebração, ele, João Jorge, ainda apareceu próximo ao altar, por um breve espaço de tempo, e, à noite, ela o viu em sonho agradecendo a Missa celebrada em seu sufrágio.

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Indulgências

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X PARTEIndulgências

107 – Noções gerais sobre as IndulgênciasÉ a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já

perdoados, que o fi el, devidamente disposto e em certas e determinadas con-dições, alcança, por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da Redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Jesus Cristo e dos Santos. (Doutrina das Indulgências).

Divisão

“A Indulgência é parcial ou plenária, conforme liberta em parte ou no todo da pena temporal devida pelos pecados.”( Normas 2 )

“A divisão das indulgências em pessoais, reais e locais já não se usa, para mais claramente constar que se enriqueceram de ações dos fi éis, embora sejam atribuídas às pessoas e lugares.” (Norma 12)

Decreto Geral

“Norma 13 da mesma Constituição Apostólica. O manual das Indul-gências seja revisto com o critério de se enriquecerem com indulgências somente as obras principais de piedade, caridade e penitência. Segundo a tradição, a participação no Sacrifício da Missa e nos Sacramentos não é en-riquecida de indulgências, por causa de sua superiora efi cácia para a santifi -cação e purifi cação.”

Para lucrar Indulgências

Para ganhar a indulgência anexa a algum dia, é exigida:1º. “Visita a Igreja ou a Oratório; esta pode fazer-se, desde o meio-dia

precedente até a meia-noite do dia determinado”;

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2º. “O fi el cristão que usa objetos de piedade, como crucifi xo ou cruz, ro-sário, escapulário, medalha, devidamente abençoados por qualquer sacerdote ou diácono, ganha Indulgência parcial. Se os mesmos objetos foram bentos pelo Papa ou pelo Bispo o fi el ao usá-lo com piedade pode alcançar indulgên-cia plenária.”

3º. “A indulgência anexa ao uso de objeto de piedade só cessa quando o mesmo objeto se estraga inteiramente ou quando for vendido.”

4º. “Para que alguém seja capaz de lucrar indulgências, deve ser batizado, não excomungado, encontrar-se em estado de graça.”

5º. “O fi el deve ter também intenção, ao menos, de ganhar a indulgência e cumprir as prescrições.” ( Cânon 996 );

6º. “A indulgência plenária só se pode lucrar, uma vez ao dia, enquanto a parcial pode ser lucrada, mais vezes ao dia.” ( Norma 6 a 18 );

7º. “A obra prescrita para alcançar a indulgência plenária, anexa à Igreja ou ao Oratório, é a visita aos mesmos, e neles se recitam o Pai Nosso e o Cre-do.” (Norma 16)

Justiça

No Purgatório, não recebemos as indulgências que nos são aplicadas, se-não à maneira de sufrágio e como Deus o permite e segundo as suas divinas disposições.

É verdade: quem está no Purgatório não tem apego ao pecado. Diz a Vi-dente: “Não estamos no reino da misericórdia, mas sob o império da justiça e desta justiça recebemos o que Deus quer que nos seja aplicado.”

108 – Condições para lucrar Indulgências“Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo afeto a qual-

quer pecado, até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indul-gência e o cumprimento das 3 (três) condições seguintes”:

- Confi ssão Sacramental.- Comunhão Eucarística- Oração nas intenções do Sumo Pontífi ce (Norma 7 a 10); podem ga-

nhar-se várias indulgências, mas com uma só comunhão e uma só oração para alcançar uma só indulgência plenária.

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“A condição de rezar nas intenções do Papa, cumpre-se ao recitarem-se nessas intenções, um Pai Nosso e uma Ave Maria. Mas os fi éis podem acrescen-tar outras orações”.

Para alcançar as indulgências, é sufi ciente rezar uma oração alternadamen-te com um companheiro ou segui-la com a mente, enquanto outro a recita.

Surdos e Mudos

Tanto os surdos como os mudos podem ganhar as indulgências anexas às orações públicas, se, rezando junto com os outros fi éis, no mesmo lugar, ele-varem a Deus a mente com sentimentos piedosos; é sufi ciente que as lembrem com a mente ou as percorram somente com os olhos.

“O fi el, que ao menos com o coração contrito faz obra enriquecida de indulgência parcial, com o auxílio da Igreja, alcança o perdão da pena tem-poral, com valor correspondente ao que ele próprio já ganha com sua ação.” (Cânon 994)

109 – Indulgências Aplicadas às almas

A Favor dos Mortos

“Dai-lhes, Senhor, o repouso eterno e brilhe para eles a vossa luz.” (Do ritual das Exéquias)

“Qualquer fi el pode lucrar indulgências parciais ou plenárias para si mes-mo ou aplicá-las às almas do Purgatório como sufrágio.” (Norma 5)

“Ninguém pode lucrar indulgências a favor de outras pessoas vivas.” (Norma 3)

Condição

“Visitar a Igreja ou Oratório, na Comemoração do dia 2 (dois) de novem-bro”, e recitar o Pai nosso e o Credo.

“Visitar o Cemitério: Ao fi el que visitar devotamente o cemitério e rezar, mesmo em espírito, pelos defuntos, concede-se indulgência aplicável somente às almas do Purgatório. Esta indulgência será plena, cada dia, de 1º a 8 de no-vembro. Nos últimos dias do mês será indulgência parcial”.

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Ofício dos Defuntos

“Concede-se indulgência parcial ao fi el que devotamente recitar Laudes e Vésperas do ofício dos defuntos.”

Jaculatória: “Amado Senhor, dai-lhes o descanso eterno.”

Indulgência na Hora da Morte

“O Sacerdote que administra os sacramentos ao fi el, em perigo de vida, não deixa de dar-lhe a bênção apostólica com a indulgência plenária, louvavel-mente ter recitado algumas orações, fazendo uso de um crucifi xo ou de uma simples cruz”. Habitualmente deve recitar algumas orações, sempre nas três condições requeridas para ganhar a indulgência plenária. Não vos confi eis di-zendo: “Eu me confessarei e ganharei a indulgência plenária; são coisas difíceis de alcançar.”

Realmente, para ganhar as indulgências a favor das almas e para si mesmo, é preciso ter a alma livre de todo apego terreno. O fi el moribundo deve dizer a Deus: “Quero o que tu queres, viver ou morrer.” Ou ainda como Santa Teresa: “Não morrer, mas sofrer.”

É preciso viver neste sentimento de desapego, para alcançar os favores da indulgência plenária, na hora da morte.

110 – Indulgências a favor das almas

Afi rmações dos Papas

Os Papas Urbano IV, Martinho V, Xisto IV e Eugênio IV concederam 500 anos de indulgências a quem ouve a Santa Missa ou manda celebrar a favor das almas.

As indulgências são o tesouro da Igreja. As indulgências são as chaves que a Igreja nos confi a para penetrar em nosso tesouro, onde estão os méritos de Jesus e dos Santos, com permissão de retirar a soma que ela indicou, e a entrega a Deus para fazer as dívidas das almas.

Santa Maria Madalena de Passi aproveitava quantas indulgências podia lucrar pelos mortos. Um dia, lhe apareceu uma das irmãs que, pouco depois

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de falecer, veio agradecer-lhe. Nosso Senhor revelou que essa deveria ter longo período no Purgatório, mas se livrou, graças às indulgências.

Santa Teresa viu a alma de uma religiosa de vida muito simples subir ao céu, logo depois de sua morte. Como a Santa revelasse grande surpresa com isto, Jesus lhe disse que aquela religiosa subiu direto para o céu, porque, em vida, teve sempre respeito pelas indulgências da Igreja, e sempre se esforçou para ganhar o maior número possível dessas indulgências.

Valor das Indulgências

“As indulgências são de um imenso valor, dizem as almas.”São umas apropriações das satisfações oferecidas por Cristo a Deus,

seu Pai.“Quem, durante a vida terrena, ganhar muitas indulgências em favor dos

defuntos, receberá, também, mais do que os outros, na última hora, a graça de lucrar completamente a indulgência plenária, concedida a todo cristão, no momento da morte.”

Segundo o Padre Faber, “O Rosário de Maria era considerado o rei das devoções indulgenciadas.” O simples fato de uma pessoa o levá-lo consigo dá-lhe direito a um tesouro de indulgências diárias.

Refl exão

O Padre Faber tem razão em afi rmar, porque o Rosário contém os misté-rios principais da nossa religião, para serem meditados. Daí o valor da indul-gência ligada ao rosário. Por isso os antigos, sem respeito humano, traziam-no pendurado no pescoço. Ainda hoje encontramos muita gente com seu rosário sobre o peito.

Além do rosário, recitamos jaculatórias indulgenciadas. O nome está di-zendo, são orações breves e fáceis de repeti-las, em toda hora e em toda parte.

Segundo os Místicos, a Jaculatória indulgenciada é uma mina espiritual que está à nossa disposição.

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111 – Promessas de São Miguel Arcanjo

As promessas são reais, mas não se deve acreditar que as pessoas que re-zam o terço, por rotina, e sem se preocupar com perfeição, sejam tiradas do Purgatório.

São Miguel faz muito mais ainda do que promete, mas os que estão con-denados a um longo Purgatório, não os retira assim tão depressa. A libertação imediata só terão as pessoas que trabalharam corajosamente para a sua perfei-ção e que tiveram pouca coisa a expiar no Purgatório.

Refl exão

Sufraguemos as Almas do Purgatório. Elas merecem a nossa compaixão, porque a sua pena é imensa. Pois consiste na privação de Deus, acompanhado do suplício do fogo.

Aquelas almas benditas conhecem que Deus é o único e infi nito Bem, digno de amor infi nito, e que só na posse dEle podem encontrar o repouso e a felicidade.

112 – A vida Eterna

Preparação para a Eternidade

Um ano a mais que se foi para a eternidade. Assim passam todos, uns após outros. Sucedem-se os dias, até aquele que põe termo à vida da terra, e começa a longa vida da eternidade. Empregai bem todos os instantes desta vida passageira.

Cada um deles pode ganhar o céu e vos evitar o Purgatório. Cada uma das

nossas ações, feitas sob o olhar de Jesus, dar-nos-á um grau de glória a mais no céu e, ao mesmo tempo, um grau de amor a Jesus também.

Na terra, nós arrumamos ao nosso modo, mas, no outro mundo, é Deus quem nos arruma a seu modo.

Perfeição

Jesus não nos deixará em paz, enquanto não tiverdes chegado à perfeição que Ele quer de nós.

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Enquanto a vossa vontade não for de acordo com a vontade de Deus e enquanto não fi zerdes todas as ações, sob o olhar de Deus, não tereis paz, nem a tranquilidade interior.

Alma Querida

A alma mais querida de Jesus é sempre a mais crucifi cada na terra; a cruz enviada por Jesus tem doçuras misturadas com amarguras.

Atenção! Há cruzes que vêm por nossa culpa, e nestas ficam só as amarguras.

Jesus não mostra à alma tudo quanto exige dela, assim de uma vez. Ela se assustaria. Porém, pouco a pouco, torna-a mais forte e lhe descobre seus segre-dos e torna-a participante da cruz.

Refl exão

A alma da Irmã M. G. nos obriga a entrar numa profunda refl exão.Jesus faz muito por nós e fará ainda muito mais, no futuro, mas é mister

que haja correspondências às suas graças e sejamos sempre bem generosos. Oh! Amai muito a Jesus. Não vivais e nem respireis mais que o amor de Jesus.

Ficai bem unidos a Jesus. Antes de qualquer ação, consultai-O. Jesus quer vossa alma toda inteira, com todas as suas faculdades, com todas as suas potên-cias; vosso coração, com todas as suas ternuras, e todo vosso amor. Tudo haveis de buscar na fonte daquele Divino Coração que nunca Se esgota.

Durante o dia, várias vezes, deixai-vos penetrar bem na presença de Deus.Recolhei-vos diante de Sua Divina Majestade. Reconhecei vossa miséria.Reconhecei Sua bondade infi nita. Agradecei-Lhe afetuosamente.Podeis falar com Jesus, o dia inteiro. Que vossa vontade seja uma só, uma

vontade com a de Jesus.Quando puderdes, fazei uma visita a Jesus e dizei-Lhe vossos sofrimentos,

vossas alegrias, vossas emoções, tudo enfi m. Falai-lhe como a um amigo, a um Pai. Não percais de vista a divina

presença.Deus vos quer santo e só para Ele. Não nos prejudiqueis. O comum, uso

que Jesus quer de você.

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113 – Tesouro das IndulgênciasIndulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos

pecados, quanto à culpa (perdoados somente quanto à culpa e à pena tempo-ral) que o fi el, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança, por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da Redenção, distribui, com autoridade, o tesouro das satisfações de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos Santos.

Ninguém pode lucrar indulgência a favor de outras pessoas vivas.Qualquer fi el pode ganhar indulgências parciais ou plenárias para si mes-

mo ou aplicá-las aos defuntos como sufrágio.É necessário ter intenção geral, ao menos de lucrar a indulgência.Os nossos pecados são tão numerosos e tão graves, as nossas satisfações

tão leves, que difi cilmente pagaríamos, neste mundo, as penas temporais, de-vidas às nossas iniquidades, se a Igreja não suprisse a nossa fraqueza, abrindo o tesouro das indulgências.

Pelas indulgências que são numerosas, fáceis de se ganhar, ao alcance de todos, desde que seja batizado e não excomungado, temos um meio de satisfa-zer a justiça divina, de resgatar almas.

Se ganhardes para elas uma indulgência parcial, abreviareis o tempo de sua expiação.

Se fordes felizes em ganhar uma indulgência plenária, a alma a quem apli-cardes fi cará provavelmente livre de toda sua dívida; o céu se abrirá, e ela será levada aos pés do Senhor Onipotente.

São Luís, Rei da França, dizia no seu testamento, por última recomenda-ção: “Meu fi lho, lembrai-vos de lucrar as indulgências da Igreja.”

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Sufr ágios pelas Almas do Purgatório

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XI PARTESufrágios Pelas Almas do Purgatório

114 – ResponsoSenhor, livrai-me da morte eterna, naquele dia tremendo, em que se

moverão o Céu e a Terra, quando vierdes a julgar o mundo com o fogo.

Senhor, compadecei-Vos de nós.Jesus Cristo, compadecei-Vos de nós.Senhor, compadecei-Vos de nós.

Pai Nosso... (mentalmente)

V. Da porta do inferno.R. Senhor, livrai as suas almas.V. Descansem em paz.R. Assim seja.V. Senhor, ouvi a minha oração.R. E chegue a Vós o meu clamor.V. O Senhor esteja convosco.R. E com o teu Espírito.

V. Oremos: ó Deus, Criador e Redentor de todos os fi éis, concedei às almas de vossos servos e servas a benigna remissão de todos os seus pecados, para conseguirem, pelas súplicas da vossa Igreja, a indulgência a que sempre aspiram. Vós, que viveis e reinais, por todos os séculos dos séculos.

R. Assim Seja.V. Senhor, Dai-lhes o descanso eterno.R. Entre os resplendores da luz perpétua.V. Descansem em paz.R. Assim seja.

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115 – Salmo “De Profundis”Do profundo abismo em que me achava, clamei por Vós, Senhor.Senhor, ouvi a minha voz. Inclinai vossos ouvidos atentos aos clamores de

minhas súplicas. Senhor, se considerardes as nossas iniquidades, quem poderá subsistir em Vossa presença?

Porém junto a Vós está o perdão dos pecados para que, com reverência, sejais servido.

Minha alma descansou na palavra do Senhor e nela colocou toda a sua esperança.

Espere Israel no Senhor, durante a noite, pelo raiar da aurora.Porque o Senhor é todo misericordioso, e a graça da sua Redenção é co-

piosa e infi nita.E Ele mesmo há de remir Israel de todas as suas iniquidades. (Sl 129)

V. Senhor, dai-lhes o descanso eternoR. Ente os resplendores da luz perpétua.V. Da porta do infernoR. Livrai, Senhor, suas almas.V. Descansem em paz.R. Ouvi, Senhor, minha oração.V. E chegue a Vós o meu clamor.R. Amém.

Oremos: ó Deus, Criador e Redentor de todos os fi éis, concedei às almas de Vossos servos e servas a benigna remissão de todos os seus pecados, a fi m de que, pelas humildes súplicas de Vossa Igreja, obtenham o pleno perdão que sempre esperam de Vossa infi nita misericórdia. Vós que viveis e reinais, por todos os séculos dos séculos. Amém.

116 – Novena das Almas (muito indulgenciada)Altíssimo Senhor, eu Vos ofereço estas orações, em união aos merecimen-

tos de Vosso unigênito Filho e Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem peço que as receba em desconto e satisfação das minhas culpas e pecados, confi rmando o que São Gregório e outros Pontífi ces têm concedido a quem rezar, diante da imagem do mesmo Senhor, e tudo quanto ganhar é minha vontade aplicar pela alma que for mais da minha obrigação. Amém.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

1. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro nessa Cruz, supor-tando a coroa de espinhos em Vossa sacrossanta cabeça; rogo-Vos que essa nobilíssima Cruz seja o escudo que me livre dos ministros de Vossa justiça. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA...

2. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro nessa Cruz, chagado e ferido, onde Vos deram a beber fel e vinagre; rogo-Vos que essas Vossas pre-ciosas chagas sejam o remédio e saúde da minha alma. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA ...

3. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro, por aquela grande amargura que por mim miserável pecador sofrestes na Cruz, principalmente naquela hora em que Vossa nobilíssima alma saiu do Vosso bendito corpo; ro-go-Vos que tenhais misericórdia da minha alma, na sua partida deste mundo, e leveis a gozar a vida eterna. Amém.

PAI NOSSO ... AVE MARIA ...

4. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro colocado no sepulcro e ungido com mirra e bálsamos cheirosos; rogo-Vos que a Vossa preciosa morte santifi que a minha vida. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA ...

5. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro descendo ao Limbo, para livrar as almas que esperavam nele a Vossa suspirada vinda; rogo-Vos que a minha alma não entre naquelas prisões e escuros cárceres. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA ...

6. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro ressuscitado dentre os mortos, subindo ao Céu e sentado à mão direita do Eterno Pai; rogo-Vos que me façais merecedor de Vos seguir a essa glória e fi car gozando a Vossa vida. Amém.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

PAI NOSSO... AVE MARIA ...

7. SENHOR JESUS CRISTO, Pastor benigno, eu Vos adoro, peço-Vos conservar os justos em graça; justifi cai os pecadores, compadecei-Vos de todos os fi éis e favorecei amoroso a este grande pecador. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA...

8. SENHOR JESUS CRISTO, eu Vos amo e adoro vindo a Juízo, cha-mando os justos ao Paraíso e condenando os pecadores; rogo-Vos que a Vossa dolorosa Paixão nos livre daquelas penas e nos leveis à eterna vida. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA...

9. DEUS, infi nitamente bom, eu Vos ofereço a preciosa morte do Vosso Unigênito Filho inocente e o amor de seu Divino Coração, por toda a culpa e pena que eu, miserável pecador e o mais depravado de todos, por minhas culpas mereci, e por todos os meus parentes e amigos, vivos e defuntos. Amém.

PAI NOSSO... AVE MARIA ...

Nota bene: Termina aqui a novena.

117 – Ladainha Pelos Fiéis DefuntosSenhor, tende piedade de nós.Jesus Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.Jesus Cristo, ouvi-nos.Jesus Cristo, atendei-nos.Deus Pai, do alto dos Céus, tende misericórdia dos fi éis defuntos.Deus Filho, redentor do mundo, tende misericórdia dos fi éis defuntos.Deus Espírito Santo, tende misericórdia dos fi éis defuntos.Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende misericórdia dos fi éis

defuntos.Santa Maria, rogai pelos fi éis defuntos.Santa Mãe de Deus, rogai pelos fi éis defuntos.Santa Virgem das Virgens, rogai pelos fi éis defuntos. São Miguel, rogai pelos fi éis defuntos.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Santos Anjos e Arcanjos, rogai pelos fi éis defuntos.São João Batista, rogai pelos fi éis defuntos.São José, rogai pelos fi éis defuntos.Santos Patriarcas e Profetas, rogai pelos fi éis defuntos.São Pedro, rogai pelos fi éis defuntos.São Paulo, rogai pelos ....São João, rogai pelos ...Santos Apóstolos e Evangelistas, rogai pelos ...Santo Estêvão, rogai pelos ...São Lourenço, rogai pelos...Santos Mártires, rogai pelos ...São Gregório, rogai pelos ... Santo Ambrósio, rogai pelos ...Santos Pontífi ces e Confessores, rogai pelos ...Santa Maria Madalena, rogai pelos ...Santa Catarina, rogai pelos ...Santas Virgens e Viúvas, rogai pelos ...Santos Todos e Santas de Deus, intercedei pelos ...Sede-nos propício, perdoai-lhes, Senhor.De todos os males, livrai-os, Senhor.De Vossa ira, livrai-os, Senhor.Do ardor do fogo, livrai-os, Senhor.Da região das sombras da morte, livrai-os, Senhor.Por Vossa admirável Conceição, livrai-os, Senhor.Por Vosso nascimento, livrai-os, Senhor.Por Vosso nome Dulcíssimo, livrai-os, Senhor.Pela multidão de Vossas misericórdias, livrai-os, Senhor.Por Vossa Paixão acerbíssima, livrai-os, Senhor.Por Vossas Chagas sacratíssimas, livrai-os, Senhor.Pela morte ignominiosa com que morrendo,Vencestes nossa morte, livrai-os, Senhor.Pecadores, vos rogamos, atendei-nos.Vós que absolvestes a pecadora e escutastes o bom ladrão, Vos rogamos,

atendei-nos.Vós que salvastes gratuitamente todos os que estão salvos, Vos rogamos,

atendei-nos.Que absolvais de todos os seus pecados e penas os nossos parentes, pro-

pínquos e benfeitores, Vos rogamos,atendei-nos.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Que Vos digneis lembrar-Vos e compadecer-Vos de todos os fi éis defuntos que não são lembrados na terra, Vos rogamos, atendei-nos.

Que outorgueis a todos os que descansam em Cristo o lugar do refrigério, da luz e da paz, Vos rogamos, atendei-nos.

Que convertais sua tristeza e luto em alegria, Vos rogamos, atendei-nos.Que os façais bendizer-Vos em tudo e Vos oferecer para sempre um eterno

amor e louvor, Vos rogamos, atendei-nos.Que os eleveis ao grêmio dos vossos escolhidos, fi lhos de Deus, Vos roga-

mos, atendei-nos. Fonte de piedade, Vos rogamos, atendei-nos.Vós que tendes a chave da morte e do inferno, Vos rogamos, atendei-nos.Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai o repouso eterno

aos fi éis defuntos.Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai o repouso eterno

aos fi éis defuntos. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, dai o repouso eter-

no aos fi éis defuntos.

Cristo, ouvi-nos.Cristo, atendei-nos.Senhor, tende piedade de nós.Cristo, tende piedade de nós.

PAI NOSSO... (todo em voz alta)

V. Das portas do inferno,R. Senhor, livrai suas almas.V. Descansem em paz.R. Assim seja.V. Ouvi, Senhor, minha oração.R. E chegue a Vós o meu clamor.

118 – Orações Diversas pelas Almasa. Oração por um Sumo Pontífi ce

Ó Deus, que por uma disposição inefável quisestes agregar ao número dos soberanos Pontífi ces o Vosso servo...., permiti, Vos suplicamos, que aquele que

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

neste mundo ocupou o lugar do Vosso Filho Unigênito, participe para sempre da companhia dos Vossos santos. Amém.

b. Oração por um Bispo

Permiti, Senhor, nós Vos suplicamos, que a alma do Vosso servo....,Bispo, que arrebatastes do laborioso combate desta vida mortal, seja pela Vossa graça introduzida na companhia dos Vossos santos. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém.

c. Por um Sacerdote

Senhor, permiti, Vos imploramos, que a alma do Vosso servo...., Presbí-tero, que elevastes à dignidade do Sagrado Ministério, durante a vida terrena, ocupe um lugar no Céu, onde goze a plenitude da glória, no meio das alegrias. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

d. Pelo Pai ou Mãe

Ó Deus, que nos ordenastes que honrássemos o nosso pai e a nossa mãe, tende piedade, pela Vossa clemência, das almas de meu pai e de minha mãe, e perdoai-lhes os seus pecados; permiti, também, que eu possa, um dia, tornar a encontrá-los nas alegrias da luz eterna. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

“Orando muitas pessoas juntamente, em vez de se dizer meu pai e minha mãe, poder-se-á dizer nossos pais e nossas mães; como também por pai ou mãe somente, se poderá dizer pela alma de minha mãe ou de nossa mãe.”

e. Pelos Irmãos, Parentes e Benfeitores

Ó Deus, que perdoais os pecadores e que desejais a salvação dos homens, imploramos a Vossa clemência, por intercessão da Bem-aventurada Maria, sempre Virgem, e de todos os Santos, em favor dos nossos irmãos, parentes e benfeitores, que saíram deste mundo, a fi m de que alcancem a bem-aventuran-ça eterna. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Amém.

f. Por muitos defuntos

Ó Deus, que estais inclinado a perdoar e usar de misericórdia, sede pro-pício para com as almas dos Vossos servos e servas, e perdoai-lhes os seus peca-

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

dos, a fi m de que, livres das cadeias da morte, entrem no gozo da vida eterna. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Assim seja.

g. Por um Defunto

Senhor, volvei os Vossos ouvidos para a voz das nossas orações em favor daqueles pelos quais imploramos humildemente a Vossa misericórdia, a fi m de que a alma do Vosso servo(a) ...., à qual ordenastes que deixasse este mundo, entre na região da luz, da paz, e participe da companhia dos Vossos Santos. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Assim seja.

h. Por uma Defunta

Senhor, segundo a Vossa misericórdia, Vos suplicamos, tende piedade da alma da vossa serva ...., e, depois de a haverdes limpado de todo o contágio da morte, dignai-vos restituir-lhe a herança da salvação eterna. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Assim seja.

i. Por aqueles que repousam no cemitério

Ó Deus, que misericordiosamente concedeis o repouso às almas dos fi éis, perdoai, também, Vos suplicamos, os pecados de todos os fi éis que, tanto aqui como em qualquer outro lugar, repousam em Jesus Cristo, a fi m de que, isen-tos de suas culpas, gozem Convosco para sempre a alegria. Por Jesus Cristo, Senhor Nosso. Assim seja.

119 – SúplicaÓ Jesus, Ó Maria, esperança, salvação e ventura de todos os fi éis, do fun-

do da sua miséria se dirigem a Vós as almas do Purgatório; elas imploram os salutares efeitos do Vosso sangue, ó Jesus! Os frutos das Vossas dores, ó Maria! Que esse sangue e essas dores, que tanta virtude tiveram, à primeira vez, so-bre o Calvário, para apagar as iniquidades do mundo inteiro, ponham fi m aos tormentos do Purgatório, e que os merecimentos de tão precioso sangue e de tão amargas dores libertem aquelas infelizes encarceradas ( e particularmente a alma de ...), por quem Vos pedimos, com todo o fervor, de que é capaz o nosso coração, sejam livres e conduzidas ao Céu. Amém.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

120 – Memento dos MortosEu Vos encomendo, Senhor, as almas dos meus pais, parentes e benfei-

tores, amigos e inimigos, e todos que estão no Purgatório, por minha causa.

Encomendo-Vos as almas que tiveram mais devoção à Paixão de Jesus Cristo, ao Santíssimo Sacramento e à Santíssima Virgem; as almas mais es-quecidas, as que sofrem e as que estão mais perto de entrar no Paraíso. Amém.

(É bom renovar este Memento, cada vez que se comunga ou, pelo menos,

fazer menção de recomendar todos os que estão designados nele).

121 – Breve Exercício para cada dia da Semanaa. Segunda-feira

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo precioso sangue que Vosso Filho derramou “no Horto”, livreis as almas do Purgatório e, em especial, as que estão mais esquecidas, conduzindo-as ao descanso eterno, para que aí Vos louvem e bendigam eternamente. Amém.

Pai Nosso ... Ave Maria ... De Profundis

b. Terça-feira

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo precioso sangue que Vosso Santíssimo Filho derramou “na sua fl agelação”, livreis as almas do Purga-tório e, em especial, as que estão próximas de subir ao Céu, para que aí come-cem a louvar-Vos e bendizer-Vos eternamente. Amem.

Pai Nosso ... Ave Maria ... De Profundis

c. Quarta-feira

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo precioso sangue que Vosso Santíssimo Filho derramou “na sua coroação de espinhos”, livreis as amas do Purgatório e, em especial, a que teria de ser a última a sair deste lugar, prin-cipie já a louvar-Vos e Vos ame e glorifi que eternamente no Céu. Amém.

Pai Nosso ... Ave Maria ... De Profundisd. Quinta-feira

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo precioso sangue que Vosso Santíssimo Filho derramou nas ruas de Jerusalém, quando ia “com a Cruz às costas”, livreis as almas do Purgatório e, em especial, as mais ricas em méritos, para que, do excelso trono de glória que as espera, Vos louvem e ben-digam eternamente. Amém.

Pai Nosso ... Ave Maria ... De Profundis

e. Sexta-feira

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo santíssimo corpo e preciosíssimo sangue que Vosso Divino Filho, na noite de sua Paixão, “deu em comida e em bebida” a Seus apóstolos e deixou a toda a Igreja em sacrifício per-pétuo e salutar alimento dos fi éis, livreis as almas do purgatório,e, em especial, a mais devota deste mistério de amor, para que, por Ele, vos louve com o vosso divino Filho e com o Espírito Santo na eterna glória. Amém.

Pai Nosso ... Ave Maria ... De Profundis

f. Sábado

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo precioso sangue que correu “do sagrado lado” de Vosso Santíssimo Filho, em presença e com grande dor de sua santíssima Mãe, livreis as almas do purgatório, e, em especial, a que foi mais devota desta Senhora, para que, dentre em breve vos entoe cânticos de louvor pelos séculos dos séculos Amém.

Pai Nosso ... Ave Maria... De Profundis

g. Domingo

Deus e Senhor Onipotente, suplico-Vos que, pelo precioso sangue que correu “do sagrado lado” de Vosso Santíssimo Filho, em presença e com grande dor de sua Santíssima Mãe, livreis as almas do Purgatório e, em especial, a que foi mais devota desta Senhora, para que, dentro em breve, Vos entoe cânticos de louvor, pelos séculos dos séculos. Amém.

Pai Nosso ... Ave Maria ... De Profundis

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

122. – Miserere (Tende Piedade)Tende Piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de Vosso amor,

purifi cai-me!

- Do meu pecado, todo inteiro, lavai-me e apagai completamente a minha culpa!

- Eu reconheço toda a minha iniqüidade, o meu pecado está sempre à minha frente.

- Foi contra Vós, só contra Vós, eu pequei e pratiquei o que é mau aos Vossos olhos.

- Mostrai assim quanto sois justo na sentença, e quanto é reto o julgamen-to que fazeis.

- Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade e em pecado minha mãe me concebeu.

- Mas Vós amais os corações sinceros, na intimidade me ensinais a sabe-doria.

- Aspergi-me, e serei puro do pecado e mais branco do que a neve fi carei.- Fazei-me ouvir cantos de festa e de alegria, e exultarão estes meus ossos

que esmagastes.- Desviai o Vosso olhar dos meus pecados e apagai todas as minhas trans-

gressões!- Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito

decidido.- Ó Senhor, não me afasteis de Vossa Face, nem retireis de mim o Vosso

Santo Espírito!- Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confi rmai-me com espírito ge-

neroso.- Ensinarei Vosso caminho aos pecadores, e para Vós se voltarão os trans-

viados.- Da morte como pena libertai-me, e minha língua exaltará Vossa justiça!- Abri meus lábios, Senhor, para cantar, e minha boca anunciará Vosso

louvor! - Pois não são de Vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto,

o rejeitais.- Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração ar-

rependido!- Sede benigno com Sião, por Vossa graça, reconstruí Jerusalém e os seus

muros!

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

- E aceitareis o verdadeiro sacrifício, os holocaustos e oblações em Vosso altar!

- Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

123 – Ave Maria ( meditada pelas almas)Ave Maria... Ó Mãe de misericórdia, volvei vossos olhos benignos para esses

fi lhos vossos que tantos tormentos sofrem nas abrasadoras chamas do Purgatório.Suplicamo-vos, pelo imenso júbilo que produziu em Vossa alma a Saudação

Angélica, que tenhais piedade dessas almas e lhes envieis, por meio do anjo, a Saudação que tanto as alegrará, anunciando-lhes o fi m de suas penas.

Cheia de Graça... Alcançai de Deus graça, misericórdia e alívio de suas pe-nas para os que gemem no Purgatório.

O Senhor é convosco... Ele nada vos recusará; ouvirá a vossa oração e socor-rerá misericordiosamente essas almas afl itas.

Bendita sois vós entre as mulheres... Sim, sois bendita entre todas e mais que todas as criaturas do Universo. Abençoai, pois, por vossa misericordiosa in-tercessão, e fazei felizes as pobres almas do Purgatório; quebrai as prisões que ainda as impedem de voar ao céu.

Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus ... Salvador e santifi cador do mun-do, a quem destes à luz sem dores. Ó misericordioso Jesus, fruto bendito de Ma-ria, Virgem Imaculada, tende piedade das pobres almas do Purgatório. Ó Mãe de misericórdia, apressai-vos em socorrê-las.

Santa Maria, Mãe de Deus... Mãe e Virgem admirável, rogai por nós, po-bres pecadores, e pelas almas do Purgatório, agora e sempre, mas especialmente na hora da nossa morte, e do mesmo modo que socorrestes estas almas, no su-premo transe, assisti-as agora, nas dores daquela prisão, a fi m de que, livres por vossa intercessão maternal daqueles tormentos, passem da dor ao regozijo e do sofrimento à paz e bem-aventurança eterna do Céu, onde juntamente convosco e com os Anjos e Santos se alegrarão por toda a eternidade. Amém.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

124 – Pai Nosso (De Santa Mechtilde)Um dia, em que Santa Mechtilde havia acabado de comungar e oferecido a

Deus a Hóstia preciosíssima, a fi m de que a Sagrada Comunhão servisse para a libertação das almas do Purgatório, com a remissão de seus pecados e reparação de suas negligências, ouviu o Senhor Jesus dizer-lhe: “Reze por elas um Pai Nosso, em união com a intenção que Eu tive, ao tirá-lo de meu Coração, a fi m de ensiná-lo aos homens.” Por estas palavras, a Santa compreendeu rezar o Pai Nosso pelas seguintes intenções:

Pai Nosso que estais no Céu... Eu vos peço, ó Pai Eterno, que perdoeis as almas do Purgatório, por não Vos terem amado e não Vos terem rendido o culto de amor e honra que Vos é devido a Vós, seu Senhor e Pai, que só por pura graça as adotastes como fi lhas. E elas, no entanto, por causa de seus pecados, Vos expulsa-ram de seu coração, onde desejais sempre habitar. Em reparação desses pecados por elas cometidos, eu Vos ofereço todo o amor e toda veneração que o Vosso Filho, feito Homem, Vos testemunhou, ao longo de toda a sua vida terrestre, e Vos ofere-ço todas as ações de penitência e de satisfação, pelas quais Ele apagou e expiou os pecados dos homens.

Santifi cado Seja o Vosso Nome... Eu Vos suplico, ó Eterno Pai, que perdoeis as almas do Purgatório, por não terem honrado dignamente o Vosso Santo Nome, por terem-nO pronunciado frequentemente em vão e terem-se tornado, pela sua vida de pecado, indignas do nome de cristão. Em reparação desses pecados por elas cometidos, eu Vos ofereço toda a honra que o Vosso Filho bem-amado rendeu ao Vosso Nome, por suas palavras e obras, ao longo de toda a sua vida terrestre.

Venha a Nós o Vosso Reino... Eu Vos rogo, ó Eterno Pai, a perdoar as almas do Purgatório, por não terem sempre procurado nem desejado o Vosso Reino com bastante zelo, este Reino que é o único lugar onde reinam o verdadeiro repouso e a eterna Paz. Em reparação desta indiferença em praticar o bem, eu Vos ofereço o santíssimo desejo, com o qual o Vosso Divino Filho desejou que, também elas, fossem as herdeiras do seu Reino.

Seja Feita a Vossa Vontade Assim na Terra Como no Céu... Eu Vos rogo, ó Eterno Pai, que perdoeis as almas do Purgatório, por não terem submetido a sua vontade própria à Vossa e nem procurado fazer a Vossa vontade, acima de todas as

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

coisas. Em reparação dessa desobediência, eu Vos ofereço a perfeita conformidade do Coração pleno de Amor de Vosso Divino Filho com a Vossa Santa Vontade, e a submissão que Vos testemunhou, obedecendo-Vos até a morte de cruz.

O Pão Nosso de Cada Dia Nos Dai Hoje... Eu Vos rogo, ó Eterno Pai, a perdoar as almas do Purgatório, por não terem recebido a Sagrada Comu-nhão, com bastante desejo, por terem-na freqüentemente recebido sem reco-lhimento e sem amor, até mesmo indignamente, e ainda terem negligenciado em recebê-la. Em reparação de todos esses pecados, eu Vos ofereço a Eminente Santidade e o Grande Recolhimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Di-vino Filho, assim como o ardente amor com que Ele nos fez este incomparável Dom. E Vos rogo ainda por aquelas almas que comungaram sem fé, sem gesto de adoração, não cuidando das migalhas da Hóstia, com roupas indecentes ou até provocadoras, com pecados mortais, sem terem se confessado. Eu Vos rogo, igualmente, pelas almas dos protestantes que rejeitaram este Augusto Sacramento, e agora o lamentam no meio das chamas. Compadecei-Vos delas, suscitando em mim, em seu lugar, a Fome Eucarística.

Perdoai as Nossas Ofensas, Assim como Nós Perdoamos a Quem Nos Tem Ofendido... Eu Vos rogo, ó Eterno Pai, a perdoar as almas do Purgató-rio, de terem se tornado culpadas, sucumbindo aos pecados mortais e por não terem querido, nem amar e nem perdoar a seus inimigos. Em reparação desses pecados, eu Vos ofereço a oração cheia de amor que, na cruz, o Vosso Divino Filho Vos dirigiu em favor dos seus inimigos.

Não Nos Deixeis Cair Em Tentação... Eu Vos rogo, ó Eterno Pai, a per-doar as almas do Purgatório, por não terem freqüentemente resistido às tenta-ções e às paixões e seguido o inimigo de todo o Bem, e de terem-se abandonado à concupiscência da carne. Em reparação de todos estes pecados, em suas múl-tiplas formas, dos quais se tornaram culpadas, eu Vos ofereço a gloriosa Vitória que Nosso Senhor Jesus Cristo obteve sobre o mundo, assim como a Sua San-tíssima Vida, Seu Trabalho e Suas penas, Seu sofrimento e morte crudelíssima.

Mas Livrai-nos do Mal e de todos os castigos, em virtude dos méritos de Vosso Filho Bem-Amado, e conduzi-nos, assim como as almas do Purgatório, ao Vosso Reino de Glória, que sois Vós mesmo. Amém.

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125 – Novena Prodigiosa em Sufrágio das Almas do Purgatório

Em que consiste?Consiste em três atos espirituais, a saber:1º) Assistir à missa inteira, em qualquer Igreja;2º) Comungar na Missa;3º) Rezar o terço de Nossa Senhora, em casaEm cada ato, deve oferecê-lo como sufrágio pelas almas do Purgatório.Mas, para ser efi caz, devemos colocar o pedido ou o problema nas mãos

de Deus, dizendo:“Se for para a maior honra e glória de Deus,para honra e glória de Maria, para minha (sua ou nossa) conversão e liber-

tação das almas do Purgatório, conceda-me (nos) a graça ou as graças...”

Observação:Se há missa diária na sede da Paróquia, Igreja ou Capela, a novena deve ser realizada em nove dias em seguida.

* * *

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APÊNDICE

01 – Convenção da Vidente Águeda SimmaHá anos, não pisava numa Igreja. Naquele momento fui tocado. O amor

de Deus me tocou, transformando minha vida.Minha decisão foi imutável. Esta mulher fará conferência em nossa cida-

de. Eu vou me encarregar disso.Ele não pôde falar com o pároco, pois este era contrário.Foi, então, falar com uma autoridade civil que lhe concedeu uma sala da

Prefeitura, mediante um pagamento de 300 marcos.Ao anunciar a palestra, o Pároco telefonou dizendo:- “Como está fazendo isso sem a minha permissão?”- O industrial respondeu: “Por enquanto, temos liberdade de expressão

e de consciência. E ademais, não se preocupe, pois não vamos corromper ne-nhuma alma.”

- O ataque é a melhor defesa, pensou o pároco e declarou: “Vou pôr no jornal que ninguém deve ir ao encontro.”

- Respondeu o Industrial: “Está bem, o Sr. pode fazer isso, mas eu chamarei todos os anjos da guarda da cidade para me ajudarem, e veremos quem vencerá.”

O pároco escreveu o artigo, porém foi publicado com atraso, depois de eu ter feito a palestra, um dia antes.

Chegaram a telefonar ao Pároco, dando conselho de que uma próxima vez, iria também participar da conferência, antes de se comprometer com a imprensa.

02 – Uma Janela para o Além

O museu teve a sua origem no Egito, Roma e Grécia.De fato, somente na metade do ano 1400 é que se deu vida e desenvolvi-

mento ao embrião desta instituição a que chamamos “museu”.No sentido nominal, “museu” vem do grego e signifi ca lugar sagrado

das “musas.”

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

Roma, rica em museus de grande valor. Mas, entre os museus originais, o mais original é que contém uma documentação excepcional, uma coletânea de provas da “imortalidade da alma”, ou melhor, da existência do Purgatório.

No Lungotevere Prati, nas proximidades do Castelo Santo Ângelo, numa Igreja de estilo gótico, dedicada ao Sagrado Coração do Sufrágio, encontra-se o “museu” das almas do Purgatório. É uma pequena abertura pela qual é possí-vel vislumbrar alguma coisa da misteriosa vida dos mortos.

Esta janela, a única do mundo, foi aberta (com a aprovação do Papa Bento XV) pelo Pe. Victor Jonet, missionário francês do Sagrado Coração.

Mas o que levou o Pe. Jonet, fervoroso apóstolo da devoção às almas do Purgatório (fundara uma associação, o sufrágio das almas santas) a recolher a impressionante e modesta documentação que constitui o “museu”?

Foi um acontecimento extraordinário, sensacional, ocorrido em 15 de novembro de 1897, numa capela dedicada a Nossa do Rosário. Nesta, havia um pequeno oratório, que o próprio Padre mandara fazer, em maio de 1893.Naquele dia, no altar da capela, se alastrou, de repente e misteriosamente, um incêndio, durante o qual os fi eis, que ali se encontravam, puderam ver entre as chamas a imagem de uma pessoa sofrendo. Ao cessar o incêndio, a silhueta daquela pessoa fi cou delineada no painel de madeira que estava à esquerda do altar, visto que todos consideravam o fato como aparição de uma alma do Purgatório.

Espalhou-se repentinamente pela cidade como sendo um milagre.Por medida de prudência, a autoridade eclesiástica resolveu tirar o painel.O Pe. Jonet, ardente apóstolo do sufrágio das almas do Purgatório, esti-

mulado pelo interesse e pela devoção suscitados nos fi eis pelo misterioso even-to, pensou realizar o que denominou “Museu Cristão do além túmulo”. Para realizar sua ideia, pôs-se em busca de testemunhos e documentos que, de certa maneira, pudessem atrair, chamar atenção dos fi éis sobre a realidade do Pur-gatório. O resultado de sua busca forma o mais original e interessante “museu do planeta”.

03 – Valor e Elenco dos Objetos Raros

O museu cristão não tem objetivos, muito menos finalidades de lucros materiais. O único e autêntico fim de tal original, única coletânea e conser-vação dos objetos raros ou chamados “cimélios”, foi e é a de fazer pensar na vida, após a morte e também de lembrar aos distraídos mortais que existe uma prisão: o Purgatório, do qual não se sai até que o último centavo tenha sido pago.

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Cimélios EspeciaisOs dez objetos raros, conservados no museu, guardados numa vitrina.

Ei-los:01. É visível a marca deixada na parede, após o pequeno incêndio, ocorri-

do em 15 de novembro de 1897, em Roma.

02. É visível a marca de três dedos, deixada no dia 5 de março de 1871, no livro de devoção de Maria Zaganti, da Paróquia de Santo André de Poggio Berni ( Rimini) pela falecida Palmira Rastelli, irmã do pároco, morta em 28 de dezembro de 1870, a qual pedia, por meio da amiga, ao irmão, Padre Santo Rastelli, a celebração de Missa.

03. Aparição, em 1875, de Luíza Lê Sénechal, nascida em Chauviéres, morta em 7 de maio de 1873, a seu marido Luís Lê Sénechal, em sua casa, em Ducey ( Manche-França), para pedir-lhe orações; deixa como sinal a marca de cinco dedos sobre um gorro, que foi feita pela falecida, para que o marido documentasse, com sinal visível, à sua filha o pedido de celebração de “Santas Missas”.

04. Fac-simile fotógráfico (O original se conserva em Winnemberg, uma marca de fogo deixada, em 13 de outubro de 1696, sobre o avental de Irmã Maria Herendorps, do Mosteiro Beneditino de Winnemberg, perto de Warendorf-Westphalia) da mão da falecida Irmã Clara Schoe-lers, religiosa da mesma ordem, morta pela peste de 1637.

05. Fotografi a de uma marca deixada pela falecida senhora Leleux na manga da camisa de seu fi lho José, na sua aparição, na noite de 21 de junho de 1789, em Wedecq (Bélgica).

Segundo a narração de seu fi lho, a mãe morrera, há 27 anos, e apareceu-lhe, na noite de 21 de junho de 1789.

A mãe lembrou-o da obrigação de Santas Missas, como estava no testamento, e chamava seriamente a sua atenção, pela vida dissipada, pedindo-lhe que mudasse a conduta e trabalhasse pela Igreja. E pôs a mão sobre a manga de sua camisa, deixando uma marca bem visível.

José Leleux mudou sua vida e fundou uma congregação de Leigos Piedosos. Morreu em odor de santidade, aos 19 de abril de 1825.

06. Marca de fogo de um dedo, deixada pela piedosa Irmã Maria de São LuÍs Gonzaga, numa aparição à Irmã Margarida do Sagrado Coração, na noite entre 5 e 6 de junho de 1894.

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Conta-se que a Irmã Maria de São Luís Gonzaga, sofrendo dores, por causa da tuberculose, com grandes febres, tosses, asma e hemoptises, fi cou desalentada e, portanto, tomada pelo desejo de morrer logo, para não sofrer. Porém, sendo bastante fervorosa, ante à exortação da Madre Superiora, entregou-se à Von-tade Divina. Alguns dias depois, na manhã de 5 de janeiro de 1984, faleceu.

Apareceu, na noite entre 5 e 6 de junho, vestida como Clarissa, circunda-da de sombras, mas reconhecível.

Irmã Margarida, maravilhada, perguntou-lhe onde se encontrava.Respondeu que estava no Purgatório pagando pela impaciência para com

a Vontade Divina. Pediu orações de sufrágio e, para atestar a realidade de sua aparição, colocou o dedo indicador sobre a fronha do travesseiro e prometeu voltar.

Reapareceu-lhe, do dia 20 ao 25 de junho, para agradecer e dar avisos espirituais à comunidade, antes de ir para o céu.

07. Marcas numa mesinha de madeira, na manga da túnica da venerável Isabel Fornari, abadessa das clarissas do mosteiro de São Francisco, em Todi, pelo falecido abade Pauzini de Mântua, no dia 1º de novembro de 1731.

São quatro marcas:

a) Uma da mão esquerda sobre uma mesinha, da qual se servia a venerável abadessa para seu trabalho (é bem visível o sinal da cruz impresso profun-damente na madeira);

b) A segunda é a da mão esquerda numa folha de papel;c) Outra marca na mão direita, na manga da túnica;d) A quarta marca é a mesma que, furando a túnica da Irmã, queimou o pano

que estava debaixo da túnica, manchado de sangue.

08. Marca deixada num livro de Margarida Demmerlé, da Paróquia de Ellingheu (Diocese de Metz), pela sogra, a qual lhe apareceu, após 30 anos de morte (1785 – 1815), gemendo e olhando a nora com tristeza, como se pedisse alguma coisa.

Margarida, aconselhada pelo pároco, na aparição seguinte dirigiu-lhe a palavra e teve esta resposta: “Sou tua sogra, morta de parto, há 30 anos. Vá em peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Mariental e mande celebrar ali duas missas por mim.”

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Após a peregrinação, a aparição mostrou-se novamente para anunciar sua libertação do Purgatório. Margarida, orientada pelo pároco, pediu um sinal, e a falecida deixou, pondo a mão sobre o seu livro: “Imitação de Cristo.”

09. Marca de fogo que o falecido José Schitz deixou, tocando com a ex-tremidade dos cinco dedos da mão direita num livro de oração, em alemão, pertencente a seu irmão Jorge, no dia 21 de dezembro de 1838, em Sarabalde (Lorena). O falecido pedia orações de sufrágio para reparar sua pouca piedade, durante a vida.

10. Fotocópia de uma nota de 10 liras. Entre 2 de setembro de 1918 a 1919, foram deixadas trinta delas no mosteiro de São Leonardo, em Montefal-co, por um padre falecido que pedia missas. A cédula original foi restituída ao mosteiro de São Leonardo, onde está conservada.

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Santa Catarina de Gênova

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TRATADO DO PURGATÓRIO(Por Santa Catarina de Gênova)

Dados Biográfi cos

Santa Catarina nasceu, em Gênova, no ano 1447. Pertenceu à família Guelfa dos Fieschi. Casou em 1463 com Giulamo Adorno.

Com o decorrer do seu casamento ela se desapegando do mundo paulati-namente, expressou: “Não mais mundo, não mais pecado!”

O desapego começou em 1473, a ponto de se converter para uma nova vida cristã.

Então, até a sua morte 1510, a vida da Santa foi progredindo, através da devoção e da penitência, até chegar àqueles dois anos de sua vida, em que ela nos conta que viveu o seu Purgatório ( J. B.)

Amor a Deus

Quando esta alma bendita, transformada no amor a Deus, desejava ex-pressar aos seus fi lhos espirituais aqueles sentimentos que tinha de seu Doce Amor, no qual estava mergulhada, dizia algumas vezes:

“Oh! Se pudesse dizer aquilo que sente este coração, o qual eu sinto arder e consumir totalmente!”

Quando alguém pedia explicação, ela respondia:“Não posso encontrar palavras adequadas a tão ardoroso amor. Pois, a

meu ver, não há expressão que traduza o que sinto no meu coração.”Para mostrar a grandeza do Doce Amor que ela sentia no seu coração,

confi rmou que, uma só gota de amor caísse no inferno, transformá-lo-ia todo em vida eterna, porque haveria tanto amor e tanta união com ela, que os demô-nios se converteriam em anjos, e as penas se mudariam em consolações. Pois, com o amor a Deus, não pode haver pena.

Um religioso, que estava presente, fi cou surpreendido com aquilo que a santa falava, e lhe disse:

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“Madre, eu não entendo bem isto que disse. Mas, se eu tentasse dar uma interpretação às suas palavras, e se esta interpretação às suas palavras coincidis-se com o seu pensamento, a Madre confi rmaria?”

- Ela respondeu que sim.- “Oh! doce fi lho meu, eu o creio.”- Eis a explicação do religioso:- “O efeito do amor, do amor que sentes, seja um íntimo calor unitivo, o

qual une a alma com o seu Deus-Amor, de tal maneira a une, por participação de sua bondade, que não discerne já a alma entre si mesma e Deus. E é tão admirável esta união que não há palavras para expressá-la, porque é impossí-vel poder sentir, gostar, nem desejar nenhuma outra coisa que não seja aquele amor unitivo.”

Conclui o religioso:“E, por isso, se houvesse essa partícula de união que dizes, aquele lugar em

que estão não seria mais o inferno, mas seria a vida eterna. Pois esta se encontra ali onde há tal união divina.”

Catarina, ao ouvir a interpretação do religioso, exclamou:“Oh! doce fi lho meu! Assim aconteceu, de fato, como você disse, pois

assim é de fato.”Portanto, ela aceitou a interpretação do religioso, porque era justamente

o seu pensamento.

1 – Conformidade com a Vontade de Deus“Há perfeita conformidade das almas purgantes com a vontade de Deus.

Portanto, as almas que estão no Purgatório, segundo Catarina, não podem ter nenhuma outra afeição que a de estar nesse lugar, e isto acontece por determi-nação de Deus.”

Exemplo:- “Já cometi tais e quais pecados, pelo que mereço estar aqui.”- “Eu não queria tê-los cometido, porque assim eu estaria agora no

Paraíso.” - “Também não dizer de outras almas: esta sairá daqui antes de mim, ou

dizer: eu sairei antes dela.”“As almas têm tanto contentamento de achar-se dentro da ordem divina e

de que Deus opere nelas, como mais Lhe agrade, que não podem pensar de si mesmas com maior pena.”

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- “Não podem ver outra coisa, a não ser as operações da Vontade Divina sobre as almas.”

- “Não podem ter em sua mente esta representação dos pecados, porque com isto lhe sucederia uma imperfeição ativa, presente, que não pode dar-se neste lugar, porque nele não pode atuar o pecado.”

- “Estas almas não vêem o motivo de estar no Purgatório, mais que uma só vez, que, ao sair ou deixar a vida, já não podem ver mais, porque de outro modo se lhes seria como uma propriedade sua o vê-lo.”

“Por que Estando essas almas na caridade e não podendo desviar-se dela, com nenhum defeito atual, não podem crer e nem desejar outra coisa senão o puro querer da pura caridade. Pois, estando no fogo do Purgatório, estão dentro da ordem divina, a qual é a caridade pura.”

“E não podem desviar-se o mínimo, em nenhuma outra coisa, porque es-tão igualmente privadas de poder pecar, como também de merecer.”

2 – Alegria das Almas no PurgatórioSanta Catarina afi rma que não há alegria, nem contentamento que seja

comparado ao da alma do Purgatório, a não ser o contentamento dos Santos no Paraíso.

O crescimento do contentamento está na infl uência de Deus nessas al-mas, de conformidade com o desaparecimento das manchas do pecado.

O impedimento é o resíduo do pecado.O fogo que vai queimando a alma paulatinamente vai se descobrindo,

cada vez mais, pela infl uência divina.O próprio pecado é a causa do fogo que consome as almas do Purgatório.

Proporção

A aproximação da alma a Deus está na proporção: quanto mais se conso-me, tanto mais cresce o contentamento, de acordo com a destruição da misé-ria do pecado.

Não diminui a pena, mas sim o tempo de estar nessa pena.

Conclusão

Na medida em que o fogo vai purifi cando aumenta o contentamento de ver Deus, pois o que impede a visão de Deus é o pecado, na sua malícia.

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3 – Penas das Almas do PurgatórioA maior pena é a separação de Deus.As almas sofrem uma pena tão grande que não haveria língua capaz de ex-

plicá-la, nem inteligência que pudesse compreender sequer uma centelha dela, se Deus, por uma graça especial, não se manifestasse.

Catarina recebeu uma centelha, por uma graça especial de Deus. Mas ela confessa que não tem palavras para explicá-la. Esta visão que me deu o Senhor sobre o Purgatório nunca mais se apagou de minha mente.

Base de todas as penas: É o pecado original e o atual.Pois Deus criou a alma pura, simples e limpa de toda mancha do pecado.Pelo pecado original em que a alma se encontra se separa de Deus.E quando se apega ao pecado atual, então, se afasta mais de Deus. E quanto

mais se afasta, tanto mais se torna maliciosa, porque Deus lhe corresponde menos.Quando Deus encontra uma alma que se aproxima de Sua primeira criação,

pura e limpa, faz com que aquele instinto bem-aventurado se vá descobrindo, e crescendo nela o fogo da caridade tanto que pareça à alma uma coisa insupor-tável encontrar-se impedida para Ele. Quanto mais e melhor o vê assim a alma, tanto mais aumenta nela a pena.

4 – Diferença entre os condenados e as almas do PurgatórioAs almas do Purgatório não têm culpa de pecado.A única pena que impede para chegar a Deus é aquela pena de não ver

Deus, enquanto não alcança a purifi cação total.O fogo extremado é tão parecido como do Inferno, que não há mais nas

almas purgantes nenhuma culpa.Ao contrário, os condenados permanecem naquela vontade desesperada e

pervertida oposta à vontade de Deus.Por conseguinte, a vontade perversa é contrária à vontade de Deus, o que

faz a culpa. De tal modo, perseverando a vontade má, persevera a culpa.Quando acontece isso?

a) Ao sair dessa vida, com aquela vontade má.b) Porque não podem mudar a vontade com que saíram desta vida.c) Pois, na passagem a alma se estabiliza no bem ou no mal, com a deliberação

da vontade em que estão ou se encontram, segundo as expressões:

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- Ubi te inveniam= Onde te encontrarei, isto é, na hora da morte com a vontade de pecar ou com o descontentamento e arrependimento dos pecados.

- Ibi te judicabo= Aí eu te julgarei. Depois do julgamento, não há pos-sibilidade de remissão. Porque, depois da morte, a liberdade do livre arbítrio torna-se fi xa ou para o Bem ou para o Mal, no momento em que se encontra, na morte.

Explicação

Aqueles que, no momento da morte, se acham com a vontade de pecar, irão para o fogo eterno.

Aqueles, porém, que na hora da morte, se arrependerem de ter ofendido a Bondade Divina, vão para o Purgatório, porque a culpa foi cancelada, no momento da morte, fi cando apenas para pagar a pena.

5 – Deus mostra sua Bondade aos próprios condenadosA pena dos condenados não é, contudo, infi nita em quantidade, porque

a doce Bondade de Deus resplandece com um raio de sua misericórdia, ainda até no inferno.

Quando o homem morre com pecado mortal, merece uma pena infi nita em um tempo infi nito.

Mas a Misericórdia de Deus fez só o tempo infi nito, e a pena fi nita em quantidade.

Quando não se arrepende, permanece na culpa.Depois de purifi cadas dos pecados, as almas padecentes sofrem gozosa-

mente as penas.As almas do Purgatório têm sua vontade totalmente conforme a vontade

de Deus, e por isso Deus as corresponde com Sua Bondade.Daí, as almas estão contentes no que se refere à vontade; elas estão purifi -

cadas do pecado original e do atual, no que se refere à culpa.Uma vez purifi cadas, fi cam tal e qual como Deus as criou. Uma vez con-

fessadas de todos os pecados cometidos, com a vontade de não voltar a cometê-los, Deus perdoa a sua culpa, restando somente a pena para ser purifi cada.

E assim purifi cadas, de toda culpa e unidas a Deus pela vontade, vêem a Deus claramente, segundo o grau que a Ele alcança seu conhecimento.

Elas vêem também quanto vale e importa este gozo de ver Deus, e que é o fi m para o qual as almas foram criadas.

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6 – As Almas do PurgatórioEncontram uma conformidade tão unitiva com a de Deus, a qual tanto

as atrai para si, de tal modo que não se pode dar uma fi gura ou exemplo que sejam sufi cientes para esclarecer uma coisa como esta, tal como a mente a sente e compreende pelo sentimento interior.

As almas condenadas são privadas de toda esperança de jamais ver a Deus, seu Salvador Verdadeiro.

Mas as almas do Purgatório têm a esperança de ver o pão de Deus saciar-se dele. Por isso só padecerão fome e sofrerão esta pena, todo o tempo que estiverem sem poder saciar-se daquele pão de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e Salvador, Amor nosso.

7 – O Inferno e o PurgatórioTanto um como outro revelam-nos a admirável Sabedoria de Deus.Assim, o espírito limpo e purifi cado não encontra lugar, a não ser em

Deus para seu repouso, por haver sido criado para esse fi m.Assim, a alma em pecado não encontra outro lugar adequado para ela que

não seja o inferno, que para este foi ordenada por Deus.

8 – Condenação ao InfernoMas, se esta alma condenada não encontrasse, no momento da morte,

aquela ordenação procedente da justiça de Deus, cairia em um inferno muito pior do que aquele em que caiu, porque estaria fora daquela ordenação divi-na, a qual participa da Divina Misericórdia, que não lhe dá tanta pena quan-to merece. Por isso, não encontrando a alma lugar mais conveniente para ela, nem em outro que se encontra com menos dano do que aquele que, por ordenação divina, se lhe oferece, lança-se dentro, como encontrando nele seu lugar próprio.

9 – Lançamento no PurgatórioAssim, também, em relação ao Purgatório diremos que a alma, separada

do corpo, ao não se encontrar com aquela pureza e nitidez com que foi criada,

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e vendo em si o impedimento da culpa, que só pode ser quitada por meio do Purgatório, rapidamente se lança nele de boa vontade.

10 – Necessidade do Purgatório O Purgatório não tem sequer portas.Deus é todo misericórdia e tem sempre para nós os braços abertos para

receber-nos em sua glória.Mas a essência divina é tanta pureza e nitidez (e muito mais do que se

possa imaginar).Diante dessa pureza e nitidez, a alma, só com uma mínima falta, lançar-

se-ia ao Purgatório, antes de encontrar-se na presença da Majestade Divina com aquela mancha. Portanto, para purifi car-se daquelas manchas, espontane-amente se lança dentro do Purgatório, para encontrar nele uma grande miseri-córdia, a fi m de tirar de si aquele impedimento.

11 – Natureza Terrível do PurgatórioA alma, quando sente em si um mínimo traço de imperfeição, aceita o

Purgatório como misericórdia.A pena das almas do Purgatório é maior, por terem visto nelas mesmas

ooalguma coisa desagradável a Deus, e esta coisa fi zeram voluntariamente con-tra tanta bondade, pois nenhuma outra pena sentem as almas que estão no Purgatório.

Conclusão

Assim, porque estando em graça, vêem a verdade e a importância do impedimento que não as deixa aproximar-se de Deus. Por fi m, Catarina afi r-ma: ainda estou confusa, por não saber encontrar palavras mais claras para explicá-los.

12 – Conformidade entre Deus e a AlmaO amor de Deus que atrai a Si as almas santas e o impedimento que essas

encontram no pecado geram a pena do Purgatório.

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Há tão grande conformidade entre Deus e a alma!- Quando a alma vê Deus naquela pureza em que a criara, atrai-a de

certo modo a Si com tanto amor ardente que bastaria para aniquilá-la, se não fosse imortal.

- Quando a alma, vendo-se a si mesma interiormente, se sente assim atraí-da com tão amoroso fogo para Deus... que percebe, em seu entendimento, toda ela como que se liquidar-se e fundir-se.

- A alma vê depois a luz divina e vê nela como Deus não cessa nunca de atraí-la amorosamente à inteireza de Sua perfeição, com tanta e tão contínua previsão e cuidado, e isto só por puro amor se faz.

- Vê-se a alma, pelo impedimento do pecado, entorpecida a seguir aquela atração de Deus, aquela meta unitiva com que Deus a atrai para Si.

- Vendo também quanto lhe signifi ca o estar, todavia, tão atrasada que não pode ver a luz divina, mostrando a ele aquele outro instinto da alma que quisera ser livre e sem impedimento algum para seguir aquela busca unitiva de Deus.

Conclusão

Ver todas as coisas justas é o que gera nas almas a pena que sofrem no Purgatório.

Mas o que sentem mais é a oposição em que ainda se encontra a vontade de Deus, a qual vêem já tão claramente infl amada de um forte e puro amor para elas.

E este amor, com aquela meta unitiva, age de maneira tão forte e tão con-tínua nas almas.

Por isso, a alma, vendo isto, se encontrasse outro Purgatório mais terrí-vel para poder arrancar de si, de maneira mais rápida, esse impedimento, em seguida atirar-se-ia nele movida pelo ímpeto daquele amor tão consequente entre Deus e a alma.

13 – Como Deus purifi ca as Almas (Como Ouro no Crisol)Vejo, diz Catarina, que procedem daquele amor divino, em direção à alma,

certos raios e centelhas de fogo tão penetrantes e tão fortes que parece que deve-riam aniquilar não só o corpo, mas a alma mesma, se isto fosse possível.

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Estes raios têm dois efeitos: um, o de purifi car; o outro, o de aniquilar ou consumir. Ex: O ouro, quanto mais o fundem, melhor se torna; de tal modo, quanto mais se funde chega-se a aniquilar toda impureza.

Este efeito tem o fogo em todas as coisas naturais. Mas a alma, como não se pode aniquilar e consumir em Deus, se aniquila e consome em si mesma; e quanto mais se purifi ca, tanto mais em si mesma se consome e aniquila para unir-se a Deus totalmente purifi cada.

O ouro, quando se purifi ca até 24 quilates, não se consome mais, por mais fogo que se ponha nele, porque não pode consumir-se senão o que nele é im-perfeição ou escória.

Assim também faz o fogo divino com a alma.Deus mantém o fogo até que consuma nela toda imperfeição e a conduza

à perfeição 24 quilates ( a cada alma naturalmente, segundo seu grau). E quan-do já está purifi cada deste modo, a alma fi ca totalmente pertencente a Deus. Seu ser é Deus.

Por isto, quando Deus está conduzindo a alma a Si, purifi cada desse modo, não fi ca nela nada a ser consumido. Pois, purifi cada como está, se man-tivesse no fogo, este fogo não lhe causaria pena alguma. Seria um fogo de amor divino, durável eternamente, sem prejuízo e sem contrariedade.

14 – Ardente Desejo das AlmasArdente desejo que têm as almas de transformar-se em Deus, e Sabedoria

de Deus, ao ocultar-lhe suas imperfeições:a – A alma foi criada com todas aquelas condições de bondade que a ca-

pacitam para alcançar a perfeição, vivendo como Deus teria ordenado, sem contaminar-se de mancha de pecado;

b – Ao contaminar-se pelo pecado original, perdeu a alma seus dons e suas graças, fi cando morta;

c - Não pode ressuscitar senão com a vontade de Deus. E quando é ressus-citada pelo Batismo, fi ca, porém, aquela inclinação primeira que a empurra e conduz ao pecado atual, pelo qual morre de novo;

d – Deus volta de novo a ressuscitá-la, por meio de outra graça espe-cial, porque a alma ficou tão entorpecida que, para voltá-la ao estado pri-mitivo como foi criada por Deus, são necessárias todas aquelas operações divinas já citadas...

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e – Quando a alma se encontra em caminho de volta àquele seu primeiro estado, tamanho é o ardor que sente para se transformar em Deus. Tal ardor é o seu purgatório;

f – Porque aquele instinto de subir para Deus é impedido pela imperfei-ção, daí o seu purgatório;

g – A alma se encontra com tantas imperfeições ocultas que, se ela tivesse conhecimento, viveria desesperada. Mas Deus, através do fogo do amor, vai consumindo todas as imperfeições, de uma maneira misteriosa.

Somente quando forem consumidas, Deus o mostrará à alma para que esta veja aquela operação divina que lhe causou o fogo do amor.

15 – Alegria e Dor das Almas Purgantes

Todo aquele que julga o homem por si mesmo como perfeição, diante de Deus, coete defeito. Por isso, todo aquele que faz do homem uma aparência de perfeição, tanto no que vê, como no que sente, ou no que entende, ou no que quer e até no que recorda, se não reconhece que é de Deus e não todo seu, todo ele se contamina.

Porque é necessário que a obra de Deus se faça por Deus sem que o ho-mem o faça primeiro.

Estas são aquelas obras que Deus faz, na última atuação do amor puro; porque as faz por Si só sem mérito nenhum nosso. E essas obras são tão pene-trantes que infl amam a alma, que parece consumir-se, como se estivesse dentro de um grande fogo.

É verdade que o amor de Deus, assim refl etido na alma, dá a esta um tão grande contentamento... mas esta alegria das almas que estão no Purgatório não lhes diminui nem uma centelha sequer da pena.

Porque aquele mesmo impedimento do amor é o que lhes faz maior a sua pena; e esta pena se vai aumentando nelas, conforme a maior perfeição de amor de que Deus, as torna capazes.

E assim, as almas do purgatório têm tão grande alegria como grandíssima pena, que uma coisa não impede a outra, isto é, a alegria e a pena podem existir sem nenhum impedimento.

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16 – As Almas Padecentes não podem merecer Isto é, não tem merecimento. No entanto, estão dispostas a receber obras

que se oferecem, neste mundo, para seu sufrágio. Se as almas do Purgatório pudessem purgar-se por contrição, em um só instante pagariam toda a sua dívi-da. Mas nem um mínimo se perdoa, porque assim foi estabelecido pela Justiça Divina, no que se refere a Deus. Pelo que se refere às almas, estas já não têm afeição própria e não podem ver outra coisa, senão, o que Deus quer, nem de outro modo podem querer, e sim como Deus quer. Portanto, essas almas quietas, imóveis, entregues a tudo o que Deus lhes dá, tanto de prazer e de contentamento como de pena, nunca mais podem voltar-se para si mesmas.

De tal modo que estão transformadas intimamente na vontade de Deus que se contentam com a Sua Santíssima Vontade.

17 – As Almas Querem a Sua Perfeita Purifi cação Se alguma alma pudesse apresentar-se à visão de Deus, conservando algo

de impureza, sentir-se-ia terrivelmente injuriada com isto, padecendo, então, uma paixão e pena muito maior que a de 10 purgatórios juntos.

Porque aquela Pura Bondade e Suma Justiça não poderiam suportá-la em Sua presença, o que é impossível por parte de Deus.

Aquela alma que visse que Deus não estaria plenamente satisfeito com ela, ainda que tivesse leves traços de purifi cação, ser-lhe-ia isto tão intolerável que, para destruir aquela miséria, se lançaria de boa vontade em mil infernos, se pudesse, antes que sentir-se diante da Presença Divina não purifi cada de tudo.

18 – Exortações e Reprimendas aos Vivos Isto é, repreensão severa. Oh! Miseráveis! Não deveis deixar-vos levar por

este mundo, desprezando a necessidade de chegar o momento da morte, e ser apanhado de surpresa sem ter nenhuma previsão.

- Todos nós estamos sob a esperança da Misericórdia de Deus. No en-tanto, não vedes a Bondade de Deus. Precisamente se levantará contra vós no Julgamento, já que havíeis vivido contra a vontade de um Senhor tão bom.

Por causa desta bondade, deveríeis obrigar-vos a cumprir totalmente a Sua vontade; não a abandonando, pelo contrário, a Sua justiça não pode faltar-nos, tampouco necessariamente será cumprida plenamente.

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- Não te confi es mais dizendo: eu me confessarei e obterei logo a indul-gência plenária; e estarei, então, purifi cado de todos os meus pecados e assim poderei salvar-me.

- Ganhar uma Indulgência Plenária é coisa tão difícil que, se soubesse, es-tremeceria de medo. Pois estaria muito mais seguro de não podê-la conseguir.

19 – Sofrimento Espontâneo e Alegria das Almas Purgantes A primeira operação que as almas que estão no Purgatório padecem vo-

luntariamente são aquelas penas.Elas vêem a grande Misericórdia e Bondade de Deus temperando a Justiça

Divina, graças ao Precioso Sangue de Cristo.Pela gravidade de um só pecado, a alma mereceria mil infernos perpétuos.

Por isso, essas almas padecem voluntariamente, porque sabem que é justissima-mente merecida a pena, não se queixam de Deus, sentindo-se como se estives-sem na vida eterna.

A segunda operação é aquele contentamento que sentem, vendo a perfeita ordenação de Deus que, com tanto amor e misericórdia, opera com as almas.

Conclusão

Estes dois pontos de vista, em um só instante, imprime-os Deus naquelas mentes, os quais que como estão elas em graça, entendem e compreendem as-sim, cada uma segundo a sua capacidade.

Daí é que lhes acontece tanto contentamento e alegria.De tal modo vai sempre crescendo, cada vez mais, na medida em que vai

se aproximando de Deus.Mas as almas não vêem tudo isto em si mesmas e nem por si próprias,

senão em Deus.

20 – Conclusão da Santa Catarina sobre a Doutrina do Purgatório

Ela faz aplicação do que ela experimenta em sua alma.Assim ela se expressa:Esta forma purgativa que eu vejo nas almas do Purgatório, sinto-a tam-

bém em mim mesma, em meu entendimento, sobretudo, a contar desde uns dois anos, e cada dia que passa sinto-a e vejo com maior claridade.

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- Vejo que a minha alma está em meu corpo como no Purgatório, tão conforme e semelhante ao verdadeiro Purgatório como pode ser, na medida em que o corpo poderia suportar sem morrer, padecer, que pouco a pouco virá a chegar até a morte.

- Vejo o meu espírito afastar-se de todas as coisas, inclusive daquelas espi-rituais com as que pudesse nutrir-se e reconfortar-se melhor; como lhe suce-deria com a alegria, com deleitação ou consolação. Vejo, não obstante, que vai perdendo de tal modo o gosto de todas as coisas, sejam temporais ou espiritu-ais, e que o sejam pela vontade, pelo entendimento ou memória, que não posso dizer sequer que me contente de uma coisa mais que de outra.

- Encontra-se assim o meu ânimo interiormente tão assediado que, de todas aquelas coisas que refrigeram a vida espiritual ou corporal, se sente pouco a pouco e completamente vazio. Mas depois que as perde é quando conhece que eram coisas com as que pudesse aparentar-se e confortar-se,e, contudo, sucede que ao mesmo tempo as aborrece tanto que as deixa perder sem nenhum reparo.

- E isto é assim, porque o espírito tem aquele instinto de elevar-se sobre toda coisa impeditiva de sua perfeição, e com tanta crueldade se manifesta, que quase chegaria a jogar-se no inferno para atingir o seu desejo. E, por isso vai, cortando de si todas aquelas coisas com que o homem interior se apascenta e conforta, e o assedia tão sutilmente com isto que não pode deixar passar sequer um mínimo de imperfeição, que não seja ao ponto de aborrecê-la.

Quanto ao que se refere ao exterior, como o espírito não lhe corresponde nem sustenta, se acha o corpo, todavia, mais assediado, pois não encontra coisa sobre a terra que possa confortar-lhe em seu instinto humano.

Não lhe fi ca mais consolo que Deus, o qual opera tudo isto com tanto amor e com tão grande misericórdia o faz para a satisfação de sua justiça.

O considerar tudo isto dá à alma grande paz e contentamento, sem que isto diminua a pena nem o assédio; ainda que tampouco lhe possa aumentar tanto a pena para que chegasse a alma a querer sair daquela ordenação divina.

Não sai a alma dessa prisão, nem tampouco o quer, nem tenta, tal que espera nela e que Deus faz tudo aquilo que seja necessário.

Mas o contentamento está em que Deus esteja satisfeito, e não caberia maior pena para mim que a de sair da ordenação divina, que vejo tão justa e plena de misericórdia.

Todas essas coisas que digo, vejo-as e toco-as; mas não posso encontrar palavras sufi cientes para expressá-las, para dizer com elas tudo o que quero.

Mas o que disse é o que sinto dentro de mim espiritualmente, e por isso eu digo.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

A prisão em que parece que me encontro é o mundo, a que o corpo me acorrenta. A alma iluminada pela graça, é a que, ao reconhecer a importância de encontrar-se assim retida ou atrasada por este instrumento, para conseguir seu fi m próprio em Deus, sofre com isso tanta pena, que sofre assim por causa de sua própria delicadeza.

É que a alma também recebe de Deus, por graça, certa dignidade que a faz semelhante a Deus, pois assim é como Deus faz consigo uma mesma coisa: por participação de sua bondade. E como é impossível que a Deus lhe suceda alguma pena, assim sucede às almas quando a Ele se aproximam; e quanto mais se aproximam, tanto mais recebem e participam desta propriedade divina.

Por isso, o retardamento em que se encontra causa à alma tão intolerável pena, porque a pena e o atraso a separam daquela propriedade que ela tem, que é a de sua própria natureza e que pela graça é mostrada, pois o não-poder alcançar a Deus sentindo-se capaz para Ele, dá-lhe esta pena, que é tão grande como é a sua estima mesma de Deus, já que esta estima é tanto maior quanto mais o conhece, e tanto mais consegue conhecê-lo quanto mais se acha sem pecado, pois o entendimento resulta, então, mais terrível, ao recolher-se a alma em Deus que sem impedimento algum de erro conhece.

Do mesmo modo que o homem, que prefere morrer a ofender a Deus, sente a morte que lhe causa sofrimento, mas a luz de Deus o incendeia de modo que chega a estimar mais aquela hora divina que a sua morte corporal, assim a alma, ao conhecer a ordenação divina, estima mais aquela ordenação que todos os tormentos interiores ou exteriores, por terríveis que lhe possam ser; e isto simplesmente porque Deus, que é o que faz tudo isto, excede a tudo o que se possa sentir ou imaginar.

E acontece que Deus, por pouco que dê à alma, a ocupa tão por inteiro que já de outra coisa não pode preocupar-se sequer com isto; a alma perde toda outra propriedade sua e já não vê, nem fala, nem conhece dano, nem pena.

Pois tudo isto que foi dito a alma compreende, no último momento, em um só instante, ao deixar esta vida.

Finalmente, concluindo, entendemos que Deus faz perder ao homem tudo aquilo que só era seu pelo pecado, e que o Purgatório o purifi ca.

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TERÇO DAS ALMAS1. No Início: Credo

2. Nos Pai-Nossos: Pai Eterno, eu vos ofereço o Sangue Precioso de Je-sus, para alívio das almas sofredoras que padecem no Purgatório e, vós, almas benditas, intercedei junto ao Redentor por todos nós.

3. Nas Ave-Marias: Benditas almas, aceitai as minhas preces

4. No Final: Salve Rainha

5. Oração: Pai de Misericórdia e Bondade, nós Vos suplicamos que con-cedais às almas do Purgatório o alívio de suas penas, levando-as à Vossa divina presença, para Vos glorifi carem junto com todos os Anjos e Santos. Lembrai-Vos, especialmente, das almas de nossos queridos parentes, amigos e benfeito-res e daquelas mais abandonadas. Senhor Jesus, fazei com que descansem em paz. Amém.

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Fogo que Purifi ca (Tratado Sobre as Almas do Purgatório)

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