fluxo de energia e ciclos de matéria

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ADR – Ficha de trabalho n.º 7 Página 1 FICHA DE TRABALHO Nº 7 ADR AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DO CONCELHO DE MORA Curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural Ciclo de Formação 2007/2010 Ano Lectivo 2008/09 FLUXO DE ENERGIA E CICLOS DE MATÉRIA Todos os organismos necessitam de energia para realizar as suas funções vitais. A energia necessária para a vida na Terra provém praticamente toda do sol. Contudo, nem todos os seres vivos têm capacidade para a utilizar. São os seres com clorofila, como as plantas, que transformam a energia solar em energia química, num processo que já estudámos, a fotossíntese. Assim, a fotossíntese é o processo através do qual alguns seres vivos produzem o seu próprio alimento a partir da energia solar. Durante a fotossíntese, as plantas transformam a água, os sais minerais e o dióxido de carbono, que retiram do meio, em matéria orgânica e oxigénio. À medida que ocorre a transformação de matéria inorgânica em matéria orgânica, parte da energia luminosa é armazenada nos compostos orgânicos sob a forma de energia química (figura 1). A matéria orgânica engloba um conjunto de moléculas fabricadas pelos seres vivos, constituídas por carbono, hidrogénio, oxigénio, azoto e outros elementos químicos. Os restantes seres vivos também necessitam de energia para realizarem as suas actividades vitais. Os animais, por exemplo, como não realizam a fotossíntese, utilizam a energia química que está contida nas moléculas orgânicas dos alimentos. Com base na capacidade de produzirem ou não os compostos orgânicos a partir dos compostos inorgânicos, os seres vivos podem ser divididos em duas categorias: Autotróficos – seres vivos capazes de produzir a sua própria matéria orgânica a partir dos constituintes inorgânicos (matéria mineral e dióxido de carbono) que existem no meio ambiente, utilizando a energia luminosa como forma de energia externa. Heterotróficos – seres vivos que precisam de consumir matéria orgânica para obter energia e nutrientes.

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Resumo e compilação de algum material informativo sobre fluxo de energia e ciclos de matéria nos ecossistemas

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ADR – Ficha de trabalho n.º 7 Página 1

FICHA DE TRABALHO Nº 7 ADR

AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DO CONCELHO DE MORA

Curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural

Ciclo de Formação 2007/2010 Ano Lectivo 2008/09

FLUXO DE ENERGIA E CICLOS DE MATÉRIA

Todos os organismos necessitam de energia para realizar as suas funções vitais. A energia

necessária para a vida na Terra provém praticamente toda do sol. Contudo, nem todos os seres vivos têm

capacidade para a utilizar. São os seres com clorofila, como as plantas, que transformam a energia solar em

energia química, num processo que já estudámos, a fotossíntese. Assim, a fotossíntese é o processo

através do qual alguns seres vivos produzem o seu próprio alimento a partir da energia solar.

Durante a fotossíntese, as plantas transformam a água, os sais minerais e o dióxido de carbono, que

retiram do meio, em matéria orgânica e oxigénio. À medida que ocorre a transformação de matéria inorgânica

em matéria orgânica, parte da energia luminosa é armazenada nos compostos orgânicos sob a forma de

energia química (figura 1).

A matéria orgânica engloba um conjunto de moléculas fabricadas pelos seres vivos, constituídas por

carbono, hidrogénio, oxigénio, azoto e outros elementos químicos.

Os restantes seres vivos também necessitam de energia para realizarem as suas actividades vitais. Os

animais, por exemplo, como não realizam a fotossíntese, utilizam a energia química que está contida nas

moléculas orgânicas dos alimentos.

Com base na capacidade de produzirem ou não os compostos orgânicos a partir dos compostos

inorgânicos, os seres vivos podem ser divididos em duas categorias:

• Autotróficos – seres vivos capazes de produzir a sua própria matéria orgânica a partir dos

constituintes inorgânicos (matéria mineral e dióxido de carbono) que existem no meio ambiente,

utilizando a energia luminosa como forma de energia externa.

• Heterotróficos – seres vivos que precisam de consumir matéria orgânica para obter energia e

nutrientes.

ADR – Ficha de Trabalho n.º 7 Página 2

A alimentação constitui a forma primordial de transferência de energia (e de matéria) entre os seres vivos

de um ecossistema.

Cadeias alimentares

O conjunto de seres vivos de uma comunidade que se alimentam e servem de alimento uns aos outros

constituem uma cadeia alimentar ou cadeia trófica. É nas cadeias alimentares que ocorre a transferência de

matéria orgânica de ser vivo para ser vivo.

Numa cadeia alimentar, cada ser vivo ocupa uma determinada posição chamada nível trófico (do

grego trophos=alimento), de acordo com a principal fonte de alimento.

Nas diferentes cadeias alimentares podemos encontrar, normalmente, três tipos de categorias de seres

vivos: produtores, consumidores e decompositores.

� Produtores

Os produtores são seres vivos capazes de produzir o seu próprio alimento (figura 3). São também

designados autotróficos. Ocupam o 1º nível trófico.

Figura 3 – Seres vivos produtores: cianobactérias (A), algas (B) e plantas (C)

A B C

ADR – Ficha de trabalho n.º 7 Página 3

� Consumidores

Os consumidores são seres vivos heterotróficos que se alimentam directa ou indirectamente da matéria

orgânica produzida pelos produtores.

• Consumidores primários ou consumidores de 1ª ordem – são herbívoros e alimentam-se

exclusivamente dos produtores. Ocupam o 2º nível trófico.

• Consumidores secundários ou de segunda ordem – designam-se predadores ou carnívoros e

subsistem à custa dos herbívoros. Ocupam o 3º nível trófico.

Existem ainda consumidores de 3ª ordem, de 4ª ordem e assim sucessivamente. Contudo, as

cadeias alimentares são, de uma maneira geral, curtas, não contendo mais do que cinco ou seis níveis tróficos.

� Decompositores

Os decompositores são seres vivos heterotróficos que transformam a matéria orgânica, de que se

alimentam (cadáveres e produtos de excreção, como as fezes e urina), em matéria mineral, que é devolvida ao

solo.

Figura 4 – Consumidores primários: alimentam-se à custa dos produtores.

Figura 6 – Os fungos e as bactérias são os principais decompositores.

Figura 5 – Consumidores secundários – são predadores que se alimentam de herbívoros.

ADR – Ficha de Trabalho n.º 7 Página 4

Os decompositores constituem um nível trófico especial. De facto, regra geral, um nível trófico inclui os

seres que têm uma posição determinada na teia alimentar – estão todos à mesma distância do nível dos

produtores, no qual se iniciam todas as cadeias alimentares. Porém, os decompositores não “respeitam” esta

regra, já que se apresentam em várias posições da cadeia alimentar em virtude de se alimentarem de seres

vivos de todos os níveis tróficos. Por esta razão, muitas vezes os decompositores não são representados ou,

então são representados num nível paralelo a todos os outros.

Importância dos decompositores

A decomposição é um processo complexo. Normalmente, os decompositores contam ainda com o

auxílio de outras espécies animais, como insectos, aranhas, minhocas, bichos-de-conta, centopeias e tantos

outros, que vão contribuindo para a decomposição dos detritos, alterando-os e fragmentando-os cada vez

mais..

Os decompositores desempenham um papel fundamental nos ecossistemas, visto que, ao

alimentarem-se, transformam a matéria orgânica em matéria mineral (inorgânica), que fica disponível no solo.

Esta matéria inorgânica pode então ser reutilizada pelos seres autotróficos no processo de produção de

matéria orgânica. Fazem assim a reciclagem das substâncias simples inorgânicas que os produtores retiram

do meio.

Teias alimentares

Na Natureza, as interacções alimentares são bem mais complexas do que as representadas até agora.

Na realidade, nos ecossistemas, as cadeias alimentares estão geralmente interligadas, formando redes ou

teias alimentares.

ADR – Ficha de trabalho n.º 7 Página 5

Actividade

A figura seguinte representa uma teia alimentar estudada no estuário do Rio Tejo, reflectindo uma enorme

variedade de espécies.

Figura 8 – Teia alimentar.

ADR – Ficha de Trabalho n.º 7 Página 6

1 – Defina cadeia alimentar.

2 – Distinga ser autotrófico de heterotrófico.

3 – Identifique as cadeias alimentares desta teia alimentar.

4 – Indique o nível trófico ocupado pelos:

4.1 – produtores

4.2 – consumidores de 2ª ordem

5 – Refira os:

5.1 – consumidores primários

5.2 – consumidores secundários

5.3 – consumidores terciários

6 – Defina teia alimentar.

7 – Mencione um ser que ocupe diferentes níveis tróficos nesta teia alimentar.

8 – Indique qual o nível trófico ocupado pelos seres que nesta teia alimentar são apenas predadores,

não sendo presas.

9 – Explique a importância dos produtores para a vida na Terra

10 – Defina decompositores

11 – Explique a importância dos decompositores nos ecossistemas.

Conclui-se assim que, numa teia alimentar, os mesmos seres vivos podem pertencer a várias cadeias

alimentares. Na realidade, o mesmo ser vivo pode ocupar diferentes níveis tróficos. Os animais da mesma

espécie podem pertencer a várias cadeias alimentares, para garantirem alimento suficiente e a assegurar a sua

sobrevivência.

Fluxo de energia

O fluxo de energia, partindo do sol, atinge todos os níveis tróficos de um

ecossistema através das relações alimentares. Contudo, apenas uma parte da

energia disponível num nível trófico é transferida para o nível trófico seguinte.

O que acontece é que uma grande parte da energia contida nos alimentos é gasta

pelos seres vivos em actividades vitais, enquanto que outra é desperdiçada em excreções.

ADR – Ficha de trabalho n.º 7 Página 7

Deste modo, numa cadeia alimentar, à medida que se passa de nível trófico para nível trófico, a

quantidade de energia disponível diminui, devido à energia que é dissipada. Calcula-se que apenas 10% da

energia contida num nível trófico passe para o nível trófico seguinte.

Actividade

A tabela seguinte contém dados relativos à quantidade de energia que transita ao longo de uma cadeia

alimentar.

Organismo Energia recebida

(unidades de energia)

Energia acumulada

(unidades de energia)

Planta 423 000 5 000

Roedor 1 600 1,5

Carnívoro 0,5 0,01

1 – Compara a energia recebida pela planta com a quantidade que esta consegue acumular.

1.1 – A que se deve esta diferença?

2 – Refira o motivo pelo qual as cadeias alimentares não têm, em geral, mais do que cinco níveis tróficos.

Como a energia utilizada não é reaproveitada pelos seres vivos, diz-se que o fluxo de energia num

ecossistema é unidireccional.

Fluxo de matéria

Contrariamente à energia, que se transfere num fluxo unidireccional, a matéria circula nos

ecossistemas de uma forma cíclica e contínua.

Nos ecossistemas, a matéria orgânica circula dos produtores para os consumidores e regressa ao solo

e regressa ao solo, sob a forma de matéria mineral, pela acção dos decompositores. No solo, esta matéria

mineral fica disponível para os produtores, ocorrendo um novo ciclo.

ADR – Ficha de Trabalho n.º 7 Página 8

A matéria utilizada pelos seres vivos é constituída por elementos químicos – principalmente hidrogénio,

carbono, oxigénio e azoto – que existem no meio ambiente. Estes elementos circulam na Natureza através de

ciclos, onde existe uma forte intervenção biológica.

Ciclo do carbono

O carbono encontra-se na Natureza em diferentes moléculas, como, por exemplo, a de dióxido de

carbono. O dióxido de carbono existente na atmosfera ou dissolvido na água é utilizado pelos seres

autotróficos na produção de moléculas orgânicas, durante a fotossíntese.

Figura 12 – O fluxo de materiais num ecossistema ocorre de forma cíclica e contínua,

reciclando permanentemente os materiais utilizados pelos seres vivos.

Quando os consumidores se alimentam, o carbono presente nas

moléculas orgânicas é transferido para o seu corpo. Parte deste carbono é

libertado para o meio durante a respiração, sendo a restante parte retirada dos

tecidos dos organismos.

Quando os organismos morrem, entram em decomposição e o carbono

é libertado, regressando à atmosfera ou à água.