fluxo de caixa as vÁrias faces

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  • 8/14/2019 FLUXO DE CAIXA AS VRIAS FACES

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    2008 Prof. Arievaldo Alves e Lima As Vrias Faces do Fluxo de Caixa

    http://www.grupoempresarial.adm.br 9/7/2008 12:07:09 pgina 1/5

    Mtodo Direto ou Mtodo Indireto?

    Nova legislao brasileira muda perfil do profissional contbil e valoriza quem,conhece as normas internacionais. demonstrativos oficiais :J a partir dos primeiros dias de 2008, verifica-se que no s de balano anual queesto se movimentando os departamentos de contabilidade e finanas dasempresas nacionais com a entrada em vigor no pas da nova lei das sociedadesannimas, aprovada pelo Congresso Nacional no final de 2007 sob o n 11.638 cujodesenho considerado pelos profissionais da rea, um divisor de guas na atividadecontbil pelo seu objetivo primordial de alinhar as normas brasileiras aos padresinternacionais.1 As novas regras afetaro no s a rotina, mas tambm a formao

    profissional e a carreira de contadores, auditores, controllers e executivos da reafinanceira.

    O autor vem acompanhando as tramitaes das discusses das ementas noCongresso Nacional nesses ltimos dez anos, visto ter dado um enfoque bastanteconsistente a necessidade de uma padronizao das informaes contbeis a nveisinternacionais na minha dissertao de Mestrado em Administrao, intitulada AContabilidade como Fonte de Informaes da Administrao dos Negcios daempresa Fundamentos Conceituais dos Relatrios Contbeis, defendida em 1998,afirmando que essa padronizao facilitaria, sobremaneira, os trabalhos dosprofissionais na analise e tomada de deciso. 2

    Uma das principais alteraes da nova lei a forma de clculo do patrimnio dascompanhias. Os balanos tero de incluir os bens intangveis, como marca elocalizao de um imvel. E os ativos das companhias sero contabilizados nomais pelo valor pago na poca da aquisio, mas pelo preo de mercado. Asempresas de capital aberto ainda tero de expor a diviso das riquezas produzidaspor elas. Alis, trata-se de uma outra informao preciosa. A citao da lei, dizrespeito a Diviso de Riqueza. A partir de 2009, as empresas de capital aberto,tero de divulgar a Demonstrao de Valor Adicionado, que mostra a diviso desuas riquezas entre acionistas, governo e empregados. 3

    J as de capital fechado de grande porte

    4

    faro balanos semelhantes aos dascompanhias listadas na bolsa e tero de contratar auditorias externas. O contadorno vai apenas registrar, mas tambm interpreta-los. a evoluo do profissionalpara uma posio mais estratgica na empresa. 5

    1 certo que as companhias iro alterar a maneira como fazem seis balanos e calculam o seu patrimnio. Aidia dar s empresas mais transparncia e capacidade de atrair investidores. Os prazos de adaptao vo at2010.2 Lima, Arievaldo Alves de. Dissertao de Mestrado, Universidade Estcio de S, 1998. Disponvel nos campi daUniversidade Estcio de S e Biblioteca Nacional no Rio de janeiro e na USP Universidade de So Paulo.3 O dado valioso para quem esto buscando trabalho ou fonte de investimento. Cito um caso notrio: Dados da

    FGV - A Cia. Suzano de Celulose informou no seu ultimo balano de 2006 a seguinte distribuio: empregados =23%; acionistas = 9%; governo = 28%; juros e aluguel = 12% reivestimentos = 28%.4 A lei prediz um faturamento anual de 300 milhes de reais.5 Sugiro ao leitor, manter-se permanentemente informado j que a lei ainda precisa de vrias regulamentaes,que sero editadas pela CVM Comisso de Valores Mobilirios.

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    O Fluxo de Caixa representa instrumento de extrema importncia para empresa,seus acionistas e os diversos usurios da informao contbil, subsidiando a tomadade decises. A Demonstrao do Fluxo de Caixa tem como objetivo primriofornecer informaes relevantes sobre os pagamentos e recebimentos de umaempresa em um determinado perodo. Quando analisada em conjunto com asdemais informaes financeiras, pode permitir que os investidores, credores e outrosusurios avaliem a liquidez, a solvncia, a flexibilidade financeira da empresa, bemcomo, a capacidade de honrar seus compromissos, pagar dividendos, retornaremprstimos obtidos, analisar a taxa de converso de lucro em caixa, alm deavaliar a capacidade de gerar fluxos lquidos positivos de caixa, dentre outros.

    Em verdade o modelo de documento adotado progressivamente e aceito por outrospases mais desenvolvidos, j era esperada com muita ansiedade a sua adoo noBrasil, comprova este fato a divulgao por partes de algumas empresas junto comseus demonstrativos oficiais. Logo, quando em dezembro de 2007, ao apagar dasluzes do exerccio social das empresas abertas, foi sancionada a lei 11638/07propiciando a efetiva implementao. Algumas questes, entretanto, serodeliberadas gradativamente, a fim de possibilitar a adaptao por parte dasempresas.6 Desta forma, o fluxo de caixa passa a ser um instrumento no simportante como tambm, obrigatrio e essencial para a administrao dopatrimnio empresarial e divulgao aos mltiplos usurios. Sua elaborao e

    utilizao visam evidenciar e identificar as modificaes ocorridas na posiofinanceira da empresa. 7

    A demonstrao dos fluxos de caixa indicar as alteraes ocorridas durante oexerccio no saldo das disponibilidades das empresas sendo dividida em trs fluxos:operacional, de investimento e de financiamento, podendo ser elaborada pelosmtodos diretos e indiretos. Na elaborao do fluxo de caixa pelo mtodo direto, asempresas devem detalhar os fluxos das operaes em recebimentos de clientes,recebimentos de juros e dividendos, pagamentos a empregados e fornecedores,juros pagos, impostos e outros recebimentos e pagamentos, se houver.8

    6 fundamental a capacidade da DFC como importante instrumento de informao para os usuriosde contabilidade, no entanto discute-se entre os profissionais, qual o melhor mtodo.7 Em seu livro, Lima, Arievaldo Alves de. Contabilidade Geral. LTC/GEN/Estcio Superior. Rio de janeiro, 2008 observou que este documento visa retratar a posio do capital em circulao na

    empresa, partindo da diferena nas disponibilidades, fato este vivenciado no Demonstrativo deOrigens e Aplicaes de Recursos, at ento.8 Observar que o mtodo direto o recomendado pelos rgos Internacionais FASB e IASB paradivulgar o fluxo de caixa oriundo de atividades operacionais.

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    O Fluxo de Caixa pode ser demonstrado de diversas maneiras, assumindo vriasfaces, desde que cumpra a funo bsica de fornecer informaes acerca do fluxode pagamentos e recebimentos num dado perodo. Cabe ressaltar, que apenas parafins operacionais podemos formatar o f luxo de caixa conforme a nossa convenincia,visando atender as necessidades informacionais do usurio, porm, para fins legais,de acordo a Lei n. 11.638, de 2007, a elaborao da demonstrao do fluxo decaixa torna-se obrigatria, mas o seu formato de apresentao ainda passvel deescolha.

    O FASB tenta padronizar a apresentao do fluxo de caixa, orientando que sua

    elaborao seja feita pelo mtodo direto. Esta padronizao no agradaria a maioriados executivos, pois segundo pesquisa realizada, h uma predileo na elaboraodo fluxo de caixa pelo mtodo indireto, cujo escopo considerado menos trabalhosoe complicado pela maioria dos profissionais e estudiosos da contabilidade. 9

    O Mtodo direto conforme determina a legislao, explicita as entradas brutas dedinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como osrecebimentos pelas vendas e produtos e servios e os pagamentos a fornecedores eempregados. O saldo final das operaes expressa o volume liquido de caixaprovido ou consumido pelas operaes durante um perodo.

    Por outro lado, o Mtodo indireto conforme o mesmo diploma legal faz a conciliaoentre o lucro liquido e o caixa gerado pelas operaes, por isso e tambem chamadode mtodo da reconciliao. Isso aplicado necessrio remover do lucro lquido osdiferimentos de transaes que foram caixa no passado, como gastos antecipados,crdito tributrio e todas as alocaes no resultado de eventos que podem ser caixano futuro, como as alteraes nos saldos das contas a receber e a pagar do perodo;e remover do lucro liquido as alocaes ao perodo de consumo de ativos de longoprazo e aqueles itens cujos efeitos no caixa sejam classificados como atividades deinvestimento ou financiamento: depreciao, amortizao do goodwill e ganhos eperdas na venda de ativos imobilizados e/ou em operaes em descontinuidades,como atividade de investimento e ganho e perda na baixa de emprstimos comoatividades de financiamento.

    Independente da forma que se apresenta, o essencial que o fluxo de caixa cumprasua funo de servir como instrumento que possibilite o planejamento e controle dosrecursos financeiros, proporcionando uma viso clara da administrao sobre o seucapital de giro. No existe um formato nico de fluxo de caixa que possa atender atodos os tipos de empresa, da a dificuldade de padronizao encontrada pelosrgos normatizadores.

    9 O autor verificou em suas pesquisas que em alguns pases, como Austrlia e Nova Zelndia, omtodo utilizado o hbrido, o que demonstra a variabilidade de faces que o fluxo de caixa podeapresentar.

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    Observamos que o FASB permite que as empresas faam suas escolhas para apublicao do Fluxo de Caixa Operacional, no entanto incentiva o mtodo direto ecom o mesmo determina que ao publicar tal mtodo a empresa evidencie em notasexplicativas, a conciliao entre o resultado e o efeito do caixa. As empresasacabam optando em publicarem o mtodo indireto apesar de contrariarem apreferncia do FASB.

    No cenrio brasileiro entende-se que as demonstraes so complementares e noexcludentes e ao longo do tempo e da prtica poderemos chegar a concluses maiscontundentes, j que algumas empresas j publicavam espontaneamente a mesmaantes da publicao da lei.

    As demonstraes, segundo a lei das sociedades por aes, devero ser divulgadasjuntamente com o relatrio dos rgos da administrao da empresa. Alm disso, aresponsabilidade tcnica sobre o sistema contbil da empresa deve estar a cargo,exclusivamente, de um profissional devidamente registrado no Conselho Regional deContabilidade.

    Em verdade, a forma de estruturao das demonstraes contbeis fundamentalpara que a informao contbil seja transmitida adequadamente. Assim jencontramo-nos em um cenrio promissor, onde a prtica aliada ao labor dirio nos

    dar as respostas que melhor couberem a cada uma de nossas empresas e as suasdevidas necessidades.

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