flutuação populacional de d. citri em pomares de citros no...

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José Mário Carvalhal de Oliveira 2 Antonio Souza do Nascimento 3 Sílvia Helena Galvão de Miranda 4 Cristiane de Jesus Barbosa 5 Francisco Ferraz Laranjeira 6 2 – Mestre em Defesa Agropecuária/UFRB. Cruz das Almas/BA. Fiscal Estadual Agropecuário (ADAB); e-mail: [email protected] 3 – Doutor, Pesquisador da EMBRAPA/CNPMF. Prof. do Programa de Pós-Graduação da UFRB. Orientador; e-mail: [email protected] 4 – Doutora, Professora do Departamento de Econo- mia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP e pes- quisadora do CEPEA. Co-orientadora; e-mail: [email protected] 5 – Doutora, Pesquisadora da EMBRAPA/CNPMF. Co-orientadora; e-mail: [email protected] 6 Doutor, Pesquisador da Embrapa/CNPMF; e-mail: [email protected] T rata-se de um pequeno inse- to, com cerca de 2 a 3 mm de comprimento, de coloração marrom-clara quando jovem a mais escuro à medida que enve- lhecem (AUBERT, 1987; GALLO et al., 2002). Sua cabeça é marrom claro, ligeiramente mais estreita que o tórax, antenas com dois segmentos basais, de coloração castanho claro e pontas pretas e olhos castanhos escuro. Seu corpo é mosqueado de marrom, coberto com uma secreção sero- sa sob a forma de pó esbranqui- çado, com abdômen dorsalmen- te preto e branco, esverdeado ventralmente. São ativos, saltam e voam facilmente a pequenas distâncias quando molestados. Geralmente são encontrados na face dorsal das folhas, e quando parados, formam um ângulo de 45° em relação à superfície em que se encontram (BLACKWELL, 2005; HALL, 2008). Existem diversas observações sobre os hospedeiros preferen- ciais do D. citri. Porém, somente um estudo comparativo realizado em laboratório, onde as espécies Flutuação populacional de D. citri em pomares de citros no município de Rio Real, Bahia 1 1 Este artigo faz parte da dissertação apresentada no curso de Mestrado Profissional em Defesa Agropecuária da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB A cultura dos citros é uma das que apresenta maior número de pragas. Entretanto, poucas são as que podem ser classificadas, de fato, como importantes para a cul- tura (GRAVENA, 1984). Dentre estas pragas, Diaphorina citri Kuwayama, 1908, se destaca por ser vetor da bactéria causadora da doença denominada huanglongbing (HLB), possuindo ampla distribuição geográfica, podendo causar prejuízos às plantas cítricas (YAMAMOTO et al., 2001). Foto: Heckel Junior

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Page 1: Flutuação populacional de D. citri em pomares de citros no …swfrec.ifas.ufl.edu/hlb/database/pdf/22_Carvalhalde... · 2013-04-16 · destaca por ser vetor da bactéria causadora

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José Mário Carvalhal de Oliveira2

Antonio Souza do Nascimento3

Sílvia Helena Galvão de Miranda4

Cristiane de Jesus Barbosa5

Francisco Ferraz Laranjeira6

2 – Mestre em Defesa Agropecuária/UFRB. Cruz das Almas/BA. Fiscal Estadual Agropecuário (ADAB);e-mail: [email protected]

3 – Doutor, Pesquisador da EMBRAPA/CNPMF. Prof. do Programa de Pós-Graduação da UFRB. Orientador;e-mail: [email protected]

4 – Doutora, Professora do Departamento de Econo-mia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP e pes-quisadora do CEPEA. Co-orientadora;e-mail: [email protected]

5 – Doutora, Pesquisadora da EMBRAPA/CNPMF.Co-orientadora; e-mail: [email protected]

6 – Doutor, Pesquisador da Embrapa/CNPMF; e-mail: [email protected]

Trata-se de um pequeno inse-to, com cerca de 2 a 3 mm

de comprimento, de coloração marrom-clara quando jovem a mais escuro à medida que enve-lhecem (AUBERT, 1987; GALLO et al., 2002). Sua cabeça é marrom claro, ligeiramente mais estreita que o tórax, antenas com dois segmentos basais, de coloração castanho claro e pontas pretas e olhos castanhos escuro. Seu corpo é mosqueado de marrom, coberto com uma secreção sero-sa sob a forma de pó esbranqui-çado, com abdômen dorsalmen-

te preto e branco, esverdeado ventralmente. São ativos, saltam e voam facilmente a pequenas distâncias quando molestados. Geralmente são encontrados na face dorsal das folhas, e quando parados, formam um ângulo de 45° em relação à superfície em que se encontram (BLACKWELL, 2005; HALL, 2008).

Existem diversas observações sobre os hospedeiros preferen-ciais do D. citri. Porém, somente um estudo comparativo realizado em laboratório, onde as espécies

Flutuação populacional de D. citri empomares de citros no município

de Rio Real, Bahia1

1Este artigo faz parte da dissertação apresentada no curso de Mestrado Profissional em Defesa Agropecuária da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB

A cultura dos citros é uma das que apresenta maior número de pragas. Entretanto, poucas são as que podem ser classificadas, de fato, como importantes para a cul-tura (GRAVENA, 1984). Dentre estas pragas, Diaphorina citri Kuwayama, 1908, se destaca por ser vetor da bactéria causadora da doença denominada huanglongbing (HLB), possuindo ampla distribuição geográfica, podendo causar prejuízos às plantas cítricas (YAMAMOTO et al., 2001).

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Murraya paniculata L. (murta-de--cheiro), Citrus jambhiri Luch (li-mão rugoso), Citrus aurantium L. (laranja azeda) e Citrus paradisi MacFad (toranja) foram testados. De todos os hospedeiros estuda-dos, C. paradisi se revelou como o melhor, enquanto que entre as outras espécies avaliadas não fo-ram encontradas diferenças signi-ficativas (BANÕS; RAVELO, 2007).

Segundo GALLO et al. (1988), D. citri se alimenta sugando a seiva de brotações, causando elevado dano, devido às pica-das sucessivas, acarretando o enrolamento das folhas, que fi-cam retorcidas, engruvinhando os brotos, promovendo a morte da gema apical, impedindo o crescimento normal das plantas.

De acordo com CATLING (1970), a flutuação populacional do D. citri está intimamente relacio-nada ao ritmo de brotações em plantas criticas, tendo em vista que a postura dos ovos ocorre

em ramos novos e que as ninfas precisam das brotações novas para se desenvolver. Relatado no Brasil na década de 40 (COSTA--LIMA, 1942), D. citri era conside-rado uma praga de importância secundária para a citricultura do país (GALLO et al., 2002), até o relato da presença das bactérias causadoras da doença denomi-nada huanglongbing (HLB) em pomares próximo do município de Araraquara, estado de São Paulo, em 2004 (COLLETA-FILHO et al., 2004; TEIXEIRA et al., 2005).

De acordo com YAMAMOTO et al. (2001), no estado de São Paulo, o pico populacional de D. citri ocorre no final da prima-vera ou início do verão, caindo posteriormente e permanecen-do em baixas populações no outono e inverno. PARRA et al. (2010) observou que no estado de São Paulo não existe um pa-drão na dinâmica temporal de populações do vetor e que tal dinâmica é alterada em função

da disponibilidade e abundân-cia de brotações, modulada por fatores climáticos.

Destarte, o conhecimento da di-nâmica populacional do vetor da D. citri é de grande importância para o estabelecimento de estraté-gias de manejo, caso a bactéria do huanglongbing seja introduzida no Estado da Bahia. O presente traba-lho teve por objetivo estudar a flu-tuação populacional de D. citri em pomares de citros no município de Rio Real, no período de novembro de 2010 a outubro de 2011.

MATERIALE MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido no município de Rio Real, principal produtor de laranja do estado da Bahia. Foram selecionados três po-mares de laranja (Citrus sinensis)

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da variedade Pera em porta-enxer-to de limão cravo (Citrus limonia), com idade de quatro anos, con-forme Tabela 1. As plantas foram escolhidas de forma aleatória, por sorteio, sendo marcadas com uma fita vermelha para facilitar sua iden-tificação no campo. Após a seleção das plantas, as mesmas recebe-ram uma numeração e foram plota-das em croqui.

Em cada pomar, foram monito-radas 20 plantas em frequên-cia quinzenal, registrando-se o número total de brotações novas e o número de psilíde-os observados em 20 ramos de cada planta, cinco por qua-drante, nas formas de ovos, ninfas (sem distinção de ínsta-res) e adultos. Cada árvore foi dividida em quatro quadrantes iguais, dividida por dois eixos imaginários, perpendiculares ao tronco. Os levantamentos

foram realizados durante o pe-ríodo compreendido entre no-vembro de 2010 a outubro de 2011. Após cada avaliação os dados eram registrados numa planilha eletrônica e, posterior-mente, efetuado o cálculo da média das brotações, insetos adultos, ninfas e ovos.

Realizou-se também, o monito-ramento de adultos de D. citri utilizando-se armadilhas adesi-vas amarelas para insetos, nas dimensões de 30 cm x 10 cm, instaladas em dois pomares cí-tricos com idade variando de quatro a oito anos e em plan-tas de murta escolhidas alea-toriamente no município de Rio Real – Bahia. Inicialmente, foram instaladas 10 armadilhas na pro-priedade denominada Fazen-da Lagoa do Coco, em laranja (Citrus sinensis) da variedade Pera em porta enxerto de limão

cravo (Citrus limonia), com idade de oito anos. Tendo em vista que o índice de captura do D. citri se apresentou muito baixo, optou--se em instalar três armadilhas na propriedade denominada Fazenda Esperança, em laranja (Citrus sinensis) da variedade Pera em porta enxerto de limão cravo (Citrus limonia), com idade de quatro anos. Também, foram instaladas armadilhas adesi-vas em quatro plantas de murta (Murraya paniculata) distribuídas pelo município. O objetivo de se instalar armadilhas em murta foi o de verificar se existe preferência do D. citri pela planta ornamental M. paniculata em relação às plan-tas cítricas. Utilizou-se o índice PAM (psilídeo/armadilha/mês) para medir a densidade popula-cional do inseto adulto. A Tabe-la 2 apresenta as coordenadas geográficas das plantas onde foram instaladas as armadilhas.

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As armadilhas foram recolhidas quinzenalmente e encaminha-das ao laboratório de Fitopato-logia da EBDA/SLC. Para tan-to, utilizou-se um equipamento desenvolvido pela EMBRAPA/CNPMF (Figura 1), composto por uma caixa de isopor e um caixi-lho confeccionado em madeira leve com a finalidade de acon-dicionar as armadilhas contendo os insetos capturados. As aná-lises foram realizadas por bol-sistas treinados pela EMBRAPA/CNPMF, com auxílio de lupa de aumento (10X). Os dados eram registrados em uma ficha e pos-teriormente digitalizados em pla-nilha eletrônica.

TABELA 1 CARACTERÍSTICAS DAS PROPRIEDADES SELECIONADAS NO ESTUDO

Propriedade Área do imóvel (ha)

Área com laranja (ha) Localização Coordenadas

(SAD 69)Variedade/

porta enxerto Idade (anos)

Sítio Sr. do Bomfim 7,5 5,45

Comunidade Tanque do Marques

S 11º 26’ 09,3” WO 38º 00” 29,8”

Pera/Limão Cravo 4

S 11º 26’ 10,7” WO 38º 00” 30,7”

S 11º 26’ 05,2” WO 38º 00” 33,2”

S 11º 26’ 06,6” WO 38º 00” 34,9”

Fazenda Junco 240 140 Comunidade Mata Verde

S 11º 30’ 48,0” WO 37º 59” 01,0”

Pera/Limão Cravo 4

S 11º 30’ 47,4” WO 37º 59” 02,0”

S 11º 30’ 57,0” WO 37º 59” 04,5”

S 11º 30’ 56,3” WO 37º 05” 05,9”

Sítio Lagoa de Baixo 6,8 1,2

Comunidade Lagoa de Baixo

S 11º 34’ 32,2” WO 37º 53” 47,2”

Pera/Limão Cravo 4

S 11º 34’ 31,2” WO 37º 53” 48,2”

S 11º 34’ 29,5” WO 37º 53” 44,7”

S 11º 34’ 28,6” WO 37º 53” 45,7”

Fonte: Dados dos Autores

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Figura 1 – Aspecto geral do equipamento para acondicionamento e transporte das armadilhas adesivas, mostrando o caixilho em madeira, no interior de uma caixa de isopor. Salvador, BA. 2012.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média das brotações por planta encontra-se no Gráfico 1. O pico de brotação ocorreu

entre os meses de novembro de 2010 e março de 2011, atin-gindo o máximo em 28/01/2011, quando foi contabilizada no Sítio Senhor do Bomfim uma média de 96 brotações e 45,5 no Sítio Lagoa de Baixo. Na Fazenda Junco, o pico ocorreu

em 25/02/2011 com uma média de 51,25 brotações. Os resulta-dos da flutuação populacional de adultos e formas jovens de D. citri e a quantidade de ovos encontrados durante o período do monitoramento são mostra-dos nos Gráficos 2, 3 e 4.

100

80

60

40

20

0

Grá�co 1

Fonte: Dados dos Autores

1811

2010

0312

2010

1712

2010

3112

2010

1401

2011

2801

2011

1102

2011

2502

2011

1103

2011

2503

2011

0804

2011

2004

2011

0605

2011

2005

2011

0306

2011

1706

2011

0107

2011

1507

2011

2907

2011

1208

2011

2608

2011

0909

2011

2309

2011

0710

2011

2110

2011

DiaMêsAno

Média debrotação

por plantaPrimavera Verão Outono Inverno Primavera

MÉDIA DAS BROTAÇÕES NAS PLANTAS DE LARANJAS NAS TRÊS PROPRIEDADESLOCALIZADAS NO MUNICÍPIO DE RIO REAL - BA

Senhor do Bom�mLagoa de Baixo

Junco

TABELA 2 LOCALIZAÇÃO DAS ARMADILHAS ADESIVAS AMARELAS

Localização das armadilhas PlantasCoordenadas geográficas

Longitude (S) Latitude (WO)

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 18,5” 37º 52’ 18,3”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 16,6” 37º 52’ 17,9”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 14,5” 37º 52’ 17,5”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 12,5” 37º 52’ 16,7”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 10,7” 37º 52’ 16,7”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 08,5” 37º 52’ 15,7”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 06,3” 37º 52’ 15,2”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 04,3” 37º 52’ 14,8”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 02,2” 37º 52’ 14,1”

Faz. Lagoa do Coco Laranja Pera 11º 34’ 00,2” 37º 52’ 13,5”

Lagoa de Baixo I Murta 11º 34’ 32,1” 37º 53’ 49,9”

Lagoa de Baixo II Murta 11º 34’ 10,9” 37º 54’ 01,8”

Rua da Embasa Murta 11º 29’ 05,7” 37º 56’ 41,4”

Mansa/Estrada Lima Murta 11º 29’ 46,4” 37º 55’ 06,6”

Faz. Esperança Laranja Pera 11º 33’ 21,7” 37º 51’ 34,8”

Faz. Esperança Laranja Pera 11º 33’ 20,6” 37º 51’ 36,7”

Faz. Esperança Laranja Pera 11º 33’ 19,6” 37º 51’ 39,0”

Fonte: Dados dos Autores

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Grá�co 2

Fonte: Dados dos Autores

1811

2010

0312

2010

1712

2010

3112

2010

1401

2011

2801

2011

1102

2011

2502

2011

1103

2011

2503

2011

0804

2011

2004

2011

0605

2011

2005

2011

0306

2011

1706

2011

0107

2011

1507

2011

2907

2011

1208

2011

2608

2011

0909

2011

2309

2011

0710

2011

2110

2011

DiaMêsAno

Primavera Verão Outono Inverno Primavera

FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE ADULTOS DE D. CITRI, EM TRÊS POMARES DE CITROSDO MUNICÍPIO DE RIO REAL, BA

Senhor do Bom�mLagoa de Baixo

Junco

0,045

0,040

0,035

0,030

0,025

0,020

0,015

0,010

0,005

0

Grá�co 3

Fonte: Dados dos Autores

1811

2010

0312

2010

1712

2010

3112

2010

1401

2011

2801

2011

1102

2011

2502

2011

1103

2011

2503

2011

0804

2011

2004

2011

0605

2011

2005

2011

0306

2011

1706

2011

0107

2011

1507

2011

2907

2011

1208

2011

2608

2011

0909

2011

2309

2011

0710

2011

2110

2011

DiaMêsAno

Primavera Verão Outono Inverno Primavera

FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DE NINFAS DE D. CITRI, EM TRÊS POMARESDE CITROS DO MUNICÍPIO DE RIO REAL, BA

Senhor do Bom�mLagoa de Baixo

Junco

0,25

0,20

0,15

0,10

0,05

0,0

Grá�co 4

Fonte: Dados dos Autores

1811

2010

0312

2010

1712

2010

3112

2010

1401

2011

2801

2011

1102

2011

2502

2011

1103

2011

2503

2011

0804

2011

2004

2011

0605

2011

2005

2011

0306

2011

1706

2011

0107

2011

1507

2011

2907

2011

1208

2011

2608

2011

0909

2011

2309

2011

0710

2011

2110

2011

DiaMêsAno

Primavera Verão Outono Inverno Primavera

QUANTIDADE MÉDIA DE OVOS DE D. CITRI, ENCONTRADOS EM TRÊS POMARES DE CITROSDO MUNICÍPIO DE RIO REAL, BA

Senhor do Bom�mLagoa de Baixo

Junco

0,014

0,012

0,010

0,008

0,006

0,004

0,002

0,0

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Nas propriedades monitoradas no município de Rio Real, o pico popu-lacional de adultos de D. citri ocorreu entre os meses de novembro e de-zembro de 2010, final da primavera e início do verão, atingindo o máximo em 03/12/2010, na Fazenda Lagoa de Baixo. Após o pico, a população do psilídeo decresceu gradativa-mente, permanecendo baixo no ou-tono e inverno, provavelmente pela ausência de brotações. Exceção foi verificada na Fazenda Junco onde só foi verificado o inseto-praga no outono, no período compreendido entre 08/04/2011 a 06/05/2011. Tra-balho realizado por YAMAMOTO et al. (2001), em 16 pomares de citros no norte do estado de São Paulo, constatou que o pico populacional do D. citri ocorreu no final da prima-vera e começo do verão.

A presença de ninfas também predominou no final da prima-vera e início do verão, com des-taque para o Sítio Senhor do Bomfim que apresentou a maior população na amostragem de 18/11/2010. Após esse pico, a população de ninfas de D. citri decresceu nas propriedades, apresentando alguns picos no outono e inverno, provavelmente, pela emissão de novos fluxos ve-getativos, permanecendo baixo no restante do período estudado. Na Fazenda Junco, em que pese à existência de brotações nas

laranjeiras monitoradas não foi registrado a presença de ninfas.

Em relação ao número de ovos, as maiores quantidades foram verifi-cadas no final da primavera e início do verão no Sítio Senhor do Bomfim e no final do verão e no outono no Sítio Lagoa de Baixo, períodos em que também foram verificadas as maiores quantidades de adultos de D. citri na propriedade, favorecen-do provavelmente o acasalamento e postura de ovos.

O percentual de plantas com psi-lídeo também foi avaliado no pre-sente estudo. Conforme demonstra o Gráfico 5, os maiores percentuais de plantas com psilídeos foram verificados no final da primavera e inicio de verão no Sítio Lagoa de Baixo, e final do outono e início do inverno no Sítio Senhor do Bomfim, possivelmente porque nestas épo-cas do ano a ocorrência de chuvas, e aumento da umidade relativa do ar favorece as brotações, criando um clima propício para a repro-dução do inseto, permanecendo baixo no restante do período estu-dado. Na fazenda Junco, o maior percentual de plantas com psilídeo foi verificado em 20/04/2011.

O Gráfico 6 mostra que a densidade populacional do inseto é relativamen-te baixa se comparada com os dados obtidos nos pomares do Recôncavo

da Bahia (dados não publicados). O gráfico mostra uma maior densidade populacional do inseto na espécie ornamental M. paniculata em compa-ração com as plantas cítricas, suge-rindo que existe uma preferência do psilídeo pela espécie ornamental M. paniculata em comparação com as plantas cítricas. Constatou-se, tam-bém, que o pico populacional de D. citri ocorreu na primavera, possivel-mente pela maior emissão de fluxos vegetativos, regredindo gradativa-mente na medida em que o número de brotações diminuem.

CONCLUSÕES

1 – A densidade populacional de Diaphorina citri, vetor do HLB, é relativamente baixa se comparada com os dados obti-dos nos pomares do Recôncavo da Bahia (dados não publica-dos), embora o inseto estivesse presente em todos os pomares monitorados;

2 – Adultos e/ou ninfas de D. citri ocorreu durante todo o ano e seu pico populacional coincidiu com o final da primavera e inicio do verão;

3.– A densidade populacional de D. citri em murta, Murraya paniculata, é extremamente elevada quando comparada com a do hospedeiro citros;

4. – A população de D. citri, tanto na forma de inseto adulto quanto na de ninfas foram diretamente influencia-das pela emissão do fluxo vegetati-vo, das plantas de laranja.

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Referências

AUBERT, B. Trioza erytreae Del Guercio and Diaphorina citri Kuwayama (Homóptera: Psylloidae), the two vectors of citrus greening disease: biological aspects and possible control strategies. Fruits, Paris, v. 42, p. 149-162, 1987.

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Grá�co 5

Fonte: Dados dos Autores

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DiaMêsAno

Primavera Verão Outono Inverno Primavera

PERCENTUAL DE PLANTAS COM DIAPHORINA CITRI, EM TRÊS POMARES NO MUNICÍPIO DERIO REAL, BA

Senhor do Bom�mLagoa de Baixo

Junco

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NÚMERO DE PSILÍDEO COLETADOS EM ARMADILHAS ADESIVAS EM LARANJEIRA EMURTA MURRAYA PANICULATA. RIO REAL, BA

MurtaCitrus

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