flui(dez), por aílla ceres

16

Upload: la-bodeguita

Post on 05-Aug-2016

224 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Flui(dez) é a estreia da poeta Aílla Ceres na Bodeguita. Agradecimentos especiais a Victor H. Azevedo pela capa. Vem que o esquema é louco.

TRANSCRIPT

Page 1: Flui(dez), por Aílla Ceres
Page 2: Flui(dez), por Aílla Ceres
Page 3: Flui(dez), por Aílla Ceres

Flui(dez)

(por aílla ceres)

Page 4: Flui(dez), por Aílla Ceres
Page 5: Flui(dez), por Aílla Ceres

1. Denúncias

Precavendo atribuições triunfais

concluo que

nada condiz

intencionalmente com um tudo

se passa mais

como uma fugaz fiscalização

pastorando

norteando

manejando

rebanhos desfalecidos

Page 6: Flui(dez), por Aílla Ceres

2.

Querendo chamar-te em delírio

Sou adepta ao nosso furor

A cegueira aspirante dos ventos

Se deu de encontro com a volição ensaiada do zelo

alardeando

proclamando

trombeteando

o soalho lunar

Na verdade as gargalhadas paleavam

denotavam

apontavam uma demanda..

sem aduzir

só revelar

sem estampar

só desmascarar

um querer, uma perícia.

Refinação de um amor

Page 7: Flui(dez), por Aílla Ceres

3.

Com o lampejo dos faróis de agosto,

implico com alguém por prevenção,

predisposta ao intelecto do novo,

sanando a ânsia do ser,

o escopo da causa da vontade,

o motivo, a pontaria e o porquê.

A velocidade do obséquio descarta rasgos,

queima,

a ciência,

os dogmas,

a conduta estreita de um eu.

Hoje o meu desembaraço tem voracidade

mas eu finco aqui, anjo

apenas com as minhas reflexões.

Page 8: Flui(dez), por Aílla Ceres

4.

Aqui com o vidro polido em tom verde lodo,

um plano se une,

a minha aceitação.

É uma famigerada forma translúcida

de uma anuência graúda,

à beira de um fundo minucioso de não.

Sou hoje um energético,

aberto de proverbial,

ou talvez mais do que isso,

a essência de um empurrão

num céu escuro.

Page 9: Flui(dez), por Aílla Ceres

5. Inconsciente

corrente que se intensifica,

dinamiza

o poder que quase se equaliza

uma brisa violenta,

que pensa,

atina,

atenta

um ser imbecil quase se afugenta

nesse universo velho, novo

nesse espaço

tempo

degradante

violento

o inconsciente.

Page 10: Flui(dez), por Aílla Ceres

6. Títulos

julguei uma etapa

quase torturei, fina, escassa

e cansava

e ria, e alegava um ato

de submissão

à vida, ao vão, ao nada

que em contíguo tempo

fizeram-se os títulos

Page 11: Flui(dez), por Aílla Ceres

7.

Em classes morfossintáticas,

não quero rotular substantivos

seriam femininos plurais de dúvidas?

Ou masculinos singulares de afirmações?

não possuo crendices, não agrupo sujeitos

Simples. Compostos?

Sinônimos. Antônimos?

Substituições morfológicas?

Acredito que a voz ativa das orações

aumenta o significado.

As máximas elocuções estão soltas,

existe um dizer

existem atos

Não importa a computação das sequências,

A cintilação está rasgada ao afeito.

Page 12: Flui(dez), por Aílla Ceres

8. Percalços

No contratempo do sangue,

Houve momentos de dúvidas,

O transtorno demorou,

incomodou,

alterou o estado dos objetivos,

não consegui acompanhar a fuga,

houve percalços,

houve cansaço,

o emolumento veio logo depois.

Page 13: Flui(dez), por Aílla Ceres

9.

Sucateada neste amontoado de linhas embrulhadas,

eis que me emparelho costeando forças vívidas.

Hoje não sei unir, só abscindir.

Hoje não sei agradar, só distinguir.

Hoje sou como um escambo

à espera.

Emplacada.

Acionando.

Articulando.

Engrenando.

Lotações.

Page 14: Flui(dez), por Aílla Ceres

10. Marfim

Me sinto bem aqui,

Me sinto bem assim.

Às vezes escorrego, não nego.

Às vezes estremeço e acho que mereço.

às vezes o silêncio de tom verde toma tanta conta.

Parece súbitas nuvens carregadas,

De uma coisa que não sei o que é,

Mas parece bom.

A energia em mim faz-se análoga a um quadrado.

Aqui

Como uma vida inteira sem uma certeza de fim.

Nas cores fortes e,

De mar,

Fim.

Page 15: Flui(dez), por Aílla Ceres

la bodeguita edições – junho de 2016

“sambando sobre as ruínas da linguagem desde

março de 2016”

Page 16: Flui(dez), por Aílla Ceres

la bodeguita