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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 1
SENTENÇA
Processo Físico nº: 0003375-82.2009.8.26.0296
Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Homicídio Simples
Autor: Justiça Pública
Réu: Flavio Paoliello Machado de Souza e outros
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Ana Paula Colabono Arias
Vistos.
FLÁVIO PAOLIELLO MACHADO DE SOUZA, MARIA CAROLINA DA
SILVA WINKLER e VALDOMIRO POLISELLI JÚNIOR, todos qualificados nos autos,
foram denunciados e estão sendo processados como incursos nos artigos 121, parágrafo 3º, por
quatro vezes, e 129, parágrafo 6º e 7º, por dez vezes, e 129, parágrafo 1º, incisos I e II, por uma
vez, na forma do artigo 70 (concurso formal), todos do Código Penal, porque, em 23 de maio de
2009, por volta das 2 horas da manhã, no interior do "Red Park", situado na Rodovia SP 340,
altura do km 130+500m, em Jaguariúna, durante o evento conhecido por "Rodeio de Jaguariúna",
agindo com imprudência e negligência mataram Vivian Montagner Contrera, Giovana Peretti,
Andréa Paola Machado de Carvalho e Ariel Foroni Avelar e ofenderam a integridade corporal de
Aline Carvalho Giavoni, Barbara Gabriela Cardoso dos Santos, Carlos Eduardo Dall Oca Fosse,
Guilherme Andraus, Irineu Siriani Neto, Isadora Gonzales Gegollotte, Maria Carolina Vilas Boas
de Oliveira, Maria Kfouri Gonçalves, Paula de Souza Sakurai, Rui Gilberto Aleixo Oliveira e Stela
Ribeiro de Paula (fls. 1d/9d).
A denúncia foi recebida em 19 de maio de 2011 (fls. 1205/1207).
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
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Os réus foram pessoalmente citados (fls. 1227-verso e 1377)
O acusado Valdomiro, por seu defensor, apresentou defesa prévia (fls. 1229/1260)
e documentos (fls. 1261/1324).
O acusado Flávio, por seu defensor, apresentou defesa prévia (fls. 1326/1345).
A acusada Maria Carolina, por seu defensor, também apresentou defesa prévia
(fls. 1347/1360) e documentos (fls. 1362/1368).
O Ministério Público ofertou aditamento a denúncia, para constar a prática de
apenas oito lesões corporais culposas (fl. 1369).
Por sentença datada de 30 de agosto de 2011, foi extinta a punibilidade dos
acusados em relação as lesões sofridas pelas vítimas Mariana Kfouri Gonçalves, Barbara Gabriela
Cardoso dos Santos e Carlos Eduardo Dall Oca Fossa em razão da composição civil. Também foi
recebido o aditamento ofertado pela acusação (fls. 1385/1387).
Na instrução, foram ouvidas sete vítimas (fls. 1545, 1616/1620, 1621/1625,
1626/1630 e 1686/1690), oito testemunhas de acusação (fls. 1636/1637, 1663/1673, 1674/1675,
1682/1686, 1690/1693, 1694/1701, 1723/1728 e 1773), onze testemunhas de defesa (fls.
1657/1659, 1676/1681, 1676/1681, 1759, 1815, 1996, 2143, 2144, 2145 e 2164) e cinco
testemunhas do juízo (fl. 1480) e, ao final, os acusados foram interrogados (fls. 2164 e 2317).
O Ministério Público apresentou alegações finais escritas, pugnando pela
condenação dos réus nos termos da denúncia, com a fixação da pena para todos os acusados acima
do mínimo legal em razão do intenso sofrimento suportado pelas vítimas e seus familiares e, em
relação aos acusados Flávio e Maria Carolina, requereu a incidência da majorante especial de
inobservância de regra técnica de profissão e pleiteou, ainda, a substituição da pena privativa de
liberdade pela restritiva de direitos e, em caso de descumprimento desta, a fixação do regime
inicial aberto para o cumprimento da pena (fls. 2329/2367).
A defesa de Flávio Paoliello, por sua vez, sustentou a preliminar de prescrição
quanto aos delitos de lesão corporal culposa. No mérito, pugnou pela absolvição, em razão das
modificações do projeto terem sido aprovadas pelo Corpo de Bombeiros; porque houve apenas um
incidente isolado e não a evacuação total do recinto em decorrência de incêndio e porque o
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acusado não pode ser responsabilizado por eventual falha na operação do evento. (fls. 2378/2415).
A defesa de Maria Carolina também levantou a preliminar de prescrição quanto
aos delitos de lesão corporal e, quanto ao mérito, sustenta que foi responsável somente pela
montagem da arquibancada, camarote e ala "vip"; que a montagem do palco, arena, bretes,
portões, chapas de fechamento, sinalização, iluminação e decoração eram da responsabilidade de
outras empresas contratadas pela organização de evento e que o plano de abandono e cálculo de
saídas não foi elaborado por ela, tampouco foi a responsável pelo controle de pessoas no evento
(fls. 2456/2465).
A defesa de Valdomiro Poliselli, da mesma forma que os demais defensores,
arguiu, em preliminar, a prescrição dos delitos de lesão corporal culposa. Quanto ao mérito,
afirma, em resumo, que não houve superlotação do recinto; que todos os requisitos legais para a
realização do evento foram observados e que as mortes e lesões decorreram de uma briga isolada,
requerendo, assim, a absolvição (fls. 2471/2547).
Finalmente, ao se manifestar sobre a preliminar arguida pelos advogados de
defesa, o Ministério Público opinou pelo reconhecimento da prescrição exclusivamente em relação
aos crimes de lesão corporal culposa (fls. 2549/2550).
É o relatório.
Fundamento e decido
(1) Da preliminar de prescrição.
Assiste razão à defesa dos acusados nesse ponto.
A denúncia foi recebida em 19 de maio de 2011 e o delito previsto no artigo 129,
parágrafo 6,º do Código Penal, prevê pena de máxima de um ano de detenção, prescrevendo,
portanto, em quatro anos, conforme dispõe o inciso V do artigo 109 do Código Penal.
Logo, a prescrição se consumou em 19 de maio de 2015, sendo de rigor
reconhecer a extinção da punibilidade em favor dos réus Flávio Paoliello, Maria Carolina e
Valdomiro Poliselli com relação aos delitos de lesão corporal culposa narrados na denúncia.
(2) Do mérito
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Trata-se de ação penal na qual se apura a responsabilidade criminal dos acusados
Maria Carolina, Flávio Paoliello e Valdomiro Poliselli pela prática, por quatro vezes, em concurso
formal, do delito de homicídio culposo, tendo como vítimas Vivian Montagner Contrera, Giovana
Peretti, Andrea Paola Machado de Carvalho e Ariel Foroni Avelar.
Entende-se por crime culposo aquele praticado pelo agente quando, deixando de
observar o dever de cuidado, por imprudência, negligência ou imperícia, realiza voluntariamente
uma conduta que produz um resultado naturalístico indesejado, não previsto nem querido, mas
objetivamente previsível, e excepcionalmente previsto e querido, que podia, com a devida
cautelar, ter sido evitado1.
Portanto, para o reconhecimento da prática de delito culposo, é indispensável a
existência de uma conduta voluntária; a violação do dever de cuidado objetivo; o resultado
naturalístico involuntário; nexo causal; tipicidade; previsibilidade objetiva e ausência de previsão
do resultado.
A tipificação do delito é patente assim como ausência de efetiva previsão do
resultado. Ademais, o resultado lesivo involuntário é inconteste e restou demonstrado notadamente
pelo boletim de ocorrência de fls. 4/5, auto de reconhecimento de cadáver de fl. 10, boletim de
ocorrência militar de fls. 32/35, laudos dos exames necroscópicos das vítimas Giovana Peretti,
Andrea Paola Machado de Carvalho, Ariel Foroni Avelar e Vivian Montagner Contrera (fls.
109/116) e pelo laudo pericial Complementar (fls. 1549/1577).
E antes da verificação da violação do dever de cuidado objetivo, nexo causal e
previsibilidade objetiva, passo, primeiramente, a analisar o extenso conjunto probatório acostado
aos autos.
Interrogatórios
Ao ser interrogado, o réu Valdomiro Poliselli Júnior relatou que é proprietário da
"Red Parque" e responsável pelo rodeio de Jaguariúna desde 1989; que o acidente que aconteceu
foi uma surpresa, pois naquele ano o evento estava completando 20 anos; que deu todo suporte
para as famílias das vítimas, bem como as restituiu; que atendeu as exigências do Ministério
Público; que nunca imaginou que poderia acontecer algo do tipo; que tinha mais 60 empresas que
1 Masson, Cleber. Direito Penal, parte Geral. Editora Método, 2a edição, página 261.
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auxiliavam no evento e que nos últimos 5 (cinco) anos a venda de ingressos era uma venda
informatizada; que o número de ingressos é informado para a empresa que comercializa, bem
como que é impossível ter algum tipo de falha, pois essa empresa faz a comercialização dos
maiores eventos do Brasil; que vendem os ingressos antes da liberação do AVCB, pois quando o
AVCB é liberado geralmente não foi vendido nem 50% dos ingressos; que mesmo se houver uma
venda acima da 50%, essas vendas são monitoradas e com base do AVCB do público do ano
anterior é liberado os lotes; que são liberados dois tipos de ingressos arena e parque, ala vip e
camarote e que os ingressos cedidos a colaboradores são contabilizados juntamente com os
ingressos vips; que no dia dos fatos não chegaram a 27 mil pessoal no evento e havia mais o
menos 19 mil na arena e parque e 8 mil na ala vip e camarote; que o controle de acesso é feito
através de um leitor que libera a pessoa, após passa para uma segunda catraca de contagem e que
todas as pessoas tinham que passar nas catracas para ter acesso ao evento. Indagado sobre um
evento anterior que foi adiado e se as pessoas poderiam ingressar no evento do dia dos fatos com o
ingresso do dia que foi adiando, negou essas alegações, esclarecendo que não tinha como
acontecer isso, pois o leitor das catracas liam somente o ingresso do dia e a orientação que foi
passada ao público foi para que fossem a um ponto de venda pegar o dinheiro do ingresso de volta
ou substituir por um ingresso do outro dia. Falou que sua função era como proprietário do evento,
mas o evento tomou uma proporção tão grande que não tinha como administrar tudo sozinho,
momento em que buscou profissionalizar o evento e contratar novos profissionais para auxiliar.
Relatou que a venda dos ingressos eram limitadas a 30 mil pessoas; que as pessoas do parque e as
pessoas dos camarotes tinham acesso à arena, bem como não tinha um controle de arena; que no
dia dos fatos estava presente no evento; que o acidente ocorreu por volta de meia noite e o show já
tinha começado; que foi informado de uma briga muito grande na arena e quando chegou ao local
o serviço médico já estava transportando as pessoas; que o serviço médico chegou imediatamente
no local; quanto aos seguranças, informou que a medida adotada por eles foi de fechar o portão da
arena até evacuar o corredor e depois abrir novamente; que todos os documentos contendo a
quantidade ingressos e quantidade de catracas foram colhidos no momento em que as vítimas
entraram em óbito e a polícia lacrou o evento, momento em que não teve acesso à mais nada.
Mencionou, ainda, que segundo estudos de 25% a 30% do público vai embora quando acaba a
competição; que o acidente foi um fato isolado e não houve necessidade de evacuar o evento e
que havia dois ambulatórios grandes, com acesso a duas saídas de emergência.
Também no interrogatório judicial, o réu Flávio Paoliello Machado de Souza
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relatou que é engenheiro civil há trinta anos e com relação ao evento objeto da ação penal fez doze
vezes o projeto de prevenção e combate a incêndio, o "projeto do bombeiro" como é mais
conhecido e que sempre fez esses projetos para outros eventos; que recebeu o projeto, fez os
cálculos e o apresentou para os bombeiros e que durante uma consulta com os bombeiros, eles
disseram a quantidade necessária de saída de emergência para um público inicial de 29 mil
pessoas e que precisaria diminuir a quantidade de pessoas na arena ou como segunda opção
aumentar as aberturas de saída de emergência e como isso não era possível, então foi diminuído
para 25 metros as saídas de emergência. Salientou que o recinto em si teria capacidade para 70 mil
pessoas, porém por questão de segurança foi limitado para 30 mil pessoas; que nunca alcançava a
lotação máxima estipulada para arena, pois as pessoas nunca ficavam no mesmo espaço ao mesmo
tempo e que a própria norma não contempla a possibilidade de o público total ter acesso à arena,
bem como que nunca é alcançada a lotação máxima da arena; que cinco portões de saída de
emergência foram implementados e comportava quatro mil e oitocentas pessoas por portão e que
depois que tudo esta montado é feita uma vistoria de liberação do rodeio; que por própria
desatenção no projeto impresso constam 4 saídas de emergência, mas na verdade são 5 saídas, pois
a quinta saída foi implementada e somente não foi impressa no projeto, o que implicou a redução
de capacidade máxima feita pelo bombeiro, por não constar essa quinta saída de emergência no
projeto apresentado. Mencionou que fiscaliza o local antes da vistoria e durante a vistoria a
implantação das saídas de emergências; que toda entrada é considerada uma saída de emergência e
que pode na mesma saída as pessoas tanto entrarem como saírem; que a sua responsabilidade
perdura até o momento da vistoria do Corpo de Bombeiro; que a sinalização era de
responsabilidade da organização; que eram cinco saídas de emergência com 5 metros cada
suficientes para escoar 24 mil pessoas; que o seu projeto e o de Maria Carolina são feitos
praticamente em conjunto; que sua esposa e seu filho estavam no camarote no dia dos fatos e sua
outra filha estava na arena, porém só ficou sabendo do incidente no dia seguinte e que seu projeto
estava correto, tanto que foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros.
A ré Maria Carolina da Silva Winkler, também no interrogatório, informou que
trabalhou por quatro ou cinco anos na empresa NP, empresa que fazia a montagem das estruturas
das arquibancadas e camarotes do evento; que a denúncia cita o palco e outras estruturas, mas
montou apenas os camarotes e arquibancadas; que a estrutura é modular, são módulos de 2,5 e o
cliente solicita para a empresa uma estrutura, eu quero “x” metros de estrutura; que era a
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engenheira responsável pela montagem da estrutura e montava a primeira montagem para o
cliente, que é a primeira estrutura, sem acabamento, sem sinalização, sem elementos decorativos,
sem portões, sem placas, sem nada; que a empresa não fornece portão, só módulos de 2,5 x 1,95,
faz a montagem, entrega ao cliente que é juntado ao projeto do recinto todo e o cliente providencia
a aprovação junto aos bombeiros, Prefeitura e tudo que for necessário e que é do seu conhecimento
tudo foi aprovado; que não tem como os corredores serem menores que 5 metros porque os
módulos são prontos; que montou três corredores porque eram os corredores que constavam
embaixo da estrutura, mas é do conhecimento de todos que foram disponibilizados mais dois
acessos no projeto geral; que o seu projeto chega primeiro e depois se junta ao geral, não é uma
modificação, várias empresas trabalham em conjunto, então seria um complemento de um projeto
com outro e foi tudo aprovado. Ressaltou que sua responsabilidade consistia em montar a estrutura
base, então montou a estrutura, entregou ao cliente e o cliente correu atrás das aprovações, sendo
que a empresa se prontifica a realizar modificações no projeto se solicitado, e nada foi requerido;
que as estruturas locadas nunca deram problemas e esse evento acontece na cidade há anos e
nunca deu problema e projeto é quase sempre o mesmo e nunca deu problema; não sabe dizer o
que ocorreu porque não estava presente, sabe apenas o que foi divulgado pela mídia, uma possível
briga, porém afirma que não houve falha técnica na montagem, que foi tudo aprovado e montado
de acordo com as normas; que a empresa não fornece nenhum portão e desconhece esse portão
mencionado; que a empresa tem contato direto com o cliente e faz tudo em cima do que o cliente
solicitou; que nunca conversou com o Sr. Valdomiro, tinha contato apenas com o engenheiro
Flávio, porém não pessoal; que o projeto foi liberado pelo Corpo de Bombeiros e que antes de
montar a estrutura modular analisa as orientações do Corpo de Bombeiros; que os contratos
sempre foram realizados da mesma forma, passando a responsabilidade dos bombeiros para o
cliente e, por fim, que desconhece qualquer pedido de alteração no projeto e para ela nada foi
requerido.
Ou seja, todos os acusados negam as acusações constantes na exordial acusatória.
Valdomiro Poliselli Júnior, responsável pela organização do evento, nega que tenha havido
superlotação; Flávio Paoliello Machado de Souza, engenheiro civil responsável pelo projeto de
prevenção e combate à incêndios, nega que seu projeto tenha apresentado as falhas técnicas
apontadas pelo Ministério Público assim como que as saídas de emergência existentes
efetivamente fossem insuficientes para o escoamento do público e, por fim, Maria Carolina da
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Silva Winkler, engenheira civil que assinou a ART do projeto das arquibancadas, não só nega que
tenha sido a responsável pelo projeto e implementação de toda a estrutura mencionada na denúncia
como também reafirma, tal como seu colega, que o projeto não continham falhas técnicas.
Vítimas
A vítima Aline Carvalho Giovoni relatou que no dia dos fatos estava presente e
teve uma briga no evento; como tinha falta de segurança ou os seguranças fecharam o portão, isso
fez com que o pessoal que estava entrando nesse local parasse de entrar, momento em que quem
estava na frente via que estava fechando e tentava sair e as pessoas que estavam atrás tentavam
entrar e começou um empurra-empurra, um por cima do outro e começou a ficar com falta de ar,
até que desmaiou. Informou que a briga aconteceu na arena e quando quem vinha de fora tentando
entrar na arena informaram que havia acontecido uma briga na frente e por isso fecharam a arena,
embaixo da arquibancada; era um tipo um corredor que fica embaixo da arquibancada e foi nesse
corredor que as pessoas entravam por baixo; esperou o show começar para não pegar a hora que
todo mundo ia entrar, já tinha dado um tempo que o show tinha começado, estava tranquilo para
entrar, daí começou, não entendeu nada a principio, momento em que começou a ficar pior do que
imaginava; disse que nas outras vezes que foi ao local tinham mais entradas, nunca aconteceu nada
das outras vezes, não sabe se por sorte ou se tinham mais segurança, o que percebeu é que não
tinha médico suficiente para o tamanho do evento, não tinha maca, tinha apenas duas macas para o
evento todo, não tinha maca suficiente para carregar o pessoal que teve problema; passou mal e
ficou duas horas no local, pois tinha muito trânsito e a ambulância não chegava; que algumas
pessoas falaram que foram fechadas as entradas para aumentar o camarote, pois é o local que dava
mais dinheiro; houve muita aglomeração no local, bem como que as pessoas tiveram que subir
naqueles paus da arquibancada e começaram a gritar para os seguranças “abre que tem gente
morrendo aqui”, após um bom tempo eles abriram; ficou sabendo que três pessoas morreram no
local, um menino perdeu a perna e uma morreu depois; sofreu ferimentos e até hoje sente falta de
ar, pois ficou muito tempo desacordada, bem como em razão do trauma faz terapia; que além do
desmaio, estourou veias de seu olho e ficou roxa em vários lugares, pois foi pisoteada e seu noivo
foi pedir uma maca para as pessoas que estavam lá e ele falaram “a gente só tem duas macas” e
não conseguiam localizar nem essas duas macas; acha que o problema foi falta de sinalização,
falta de pessoas competentes para organização de um evento daquele tamanho; que Guilherme não
sofreu nenhuma lesão, mas Paula sim, problemas na perna de circulação; disse, por fim, que o
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0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 9
tumulto aconteceu por volta de meia noite e pouco; que não chegou a presenciar a briga, mas ficou
sabendo do fato e que os portões haviam sido fechados.
A vítima Guilherme Andraus relatou que no momento em que tentou entrar na
arena já tinha começado o show e em um determinado momento eles pararam porque os portões
foram fechados; já tinham liberado para algumas pessoas entrarem e de repente fecharam e o
pessoal que conseguiu disse que ocorreu uma briga próximo ao portão, momento em que os
seguranças acharam melhor fechar os portões. Aduziu que não chegou a presenciar a briga
ocorrida dentro da arena e que as pessoas que estavam entrando resolveram voltar porque não
tinha mais acesso e as pessoas que estavam no início do corredor queriam entrar, então ficou um
pessoal querendo entrar e outro sair; nesse empurra-empurra as pessoas foram caindo uma em
cima das outras, todo mundo ficou travado ali, não tinha como sair; sua noiva Aline acabou
passando empurrada, ela caiu em cima de outra pessoa, outras pessoas caíram por cima dela, ela
simplesmente sumiu, dai os bombeiros apareceram, dois bombeiros, eles não sabiam o que fazer,
não tinha como tirar as pessoas debaixo nem pessoas de cima, o pessoal estava ali dentro do
corredor travado nesse intervalo e começaram a pular o alambrado do lado, abriram uma brecha,
começaram escapar, foi isso que isso que literalmente desafogou o corredor, as pessoas que
estavam atrás não tinham para onde sair, o portão fechado, começaram a sair pelo lado, começou a
aliviar, a Paula, a próxima testemunha, estava embaixo dele mas não estava preocupado porque
estava com o tronco para fora, estava normal e sua maior preocupação era sua noiva; quando
conseguiu sair de lá encontrou sua noiva praticamente morta, teve que ressucitá-la; ela estava com
o olho aberto, sem respirar, urinada, e como tem curso de primeiros socorros percebeu que eram
sinais de parada e no desespero deu um murro no peito dela, mas ela não respirava; carregou ela
sozinho, chamou os bombeiros e pediu uma prancha, porém foi informado de que não tinha
prancha, pois só havia três; então a colocou no chão do lado de fora e foi atrás de uma prancha,
levou ela até a enfermeira, chegando lá pediu para que atender ela, mas falaram que não, que ela
não podia ficar ali; disse que ela precisava de oxigênio e tinha problema de asma, mas a
enfermeira lhe disse que eles não tinham oxigênio, só em caso de emergência e disse ainda que ela
teria que aguardar, momento em que pegou sua noiva e saiu carregando-a; chegando no carro,
duas horas da manhã, conseguiu sair do evento era quatro e meia, parecia que não tinha plantão de
emergência nenhum, diversas vezes precisou parar e não teve nenhum apoio. Disse que era a
primeira vez que estava indo no rodeio de Jaguariúna e que só viu uma entrada que estava escrito
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bem grande “entrada”, então esse foi o único acesso que viu; contou que entrada e saída eram no
mesmo local, bem como que tinha muita gente no corredor de acesso e antes de chegar à
enfermaria tinha um espaço, um local que parecia um saguão, onde havia diversas pessoas
sentadas no chão, deitados, por diversos motivos, não só do acidente, mas estavam esperando
atendimento.
A vítima Paula de Souza Sakurai relatou que foi assistir ao show, mas não
imediatamente assim que o show começou, aguardaram um pouco e então foram até a entrada, que
era entrada e saída e foram entrando, mas estava muito apertado no aceso à arena e resolveram sair
e todos começaram a sair; quando entrou havia esse portão, que estava aberto e não sabia que se o
portão havia sido fechado, mas achava que não; então as pessoas começaram a cair,
provavelmente por causa do empurra-empurra, como se fossem um dominó, caindo um por cima
do outro e ficaram presos lá por cerca de vinte minutos à meia hora; o pessoal que ia se soltando
tentava ajudar, iam puxando, como por exemplo as três pessoas que estavam embaixo e tentavam
puxar, mas a perna estava presa e depois de muito tempo não aparecia ninguém pra ajudar; quem
ajudava foi o pessoal que foi se soltando; estava de costas para a arena, porque estava saindo e o
fluxo se inverteu, e não sabe se em outra parte da arena tinha outra entrada para esse corredor;
esclareceu que o corredor tinha aproximadamente cinco ou seis metros de largura e eles não
estavam nem na metade e tem essa noção por causa de sua profissão como arquiteta; também que
estava na frente na hora de ir embora e no início ficou só inclinada, só que a cada pessoa que era
empurrada, o pessoal ia caindo, e até o final já se encontrava de joelho. Relatou que depois do
ocorrido pesquisou e ouviu falar que teve um tumulto na frente do palco e daí começou a correria,
mas que eles estavam no corredor então não pode afirmar; quem estava do lado de fora não sabia o
que estava acontecendo do lado de dentro então havia o empurra-empurra com umas pessoas
querendo entrar e outras querendo sair e quando um caiu todos começaram a cair; depois de
quinze ou vinte minutos apareceu um pessoal, com algo que lembrava um jaleco ou uniforme, não
sabendo precisar se eram seguranças ou da organização, pois até então quem estava ajudando era o
pessoal que ia se soltando e que quando eles chegaram, não sabiam o que fazer, estavam mais
perdidos do que quem estava se soltando e ajudando; lembra que um rapaz que se soltou foi
organizando, dizendo que era para começar pela beirada, puxando quem estava na beirada, e
depois ele pedia para o pessoal do fundo parar de tentar sair e que depois de meia hora, não sabe o
que fizeram na parte da arena, mas conseguiram desbloquear o acesso para sair, então as pessoas
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de trás foi levantando e as pessoas foram saindo; estava acompanhada de Guilherme e Aline; teve
ferimentos do pescoço para baixo, e, chorando, contou que ficou com sequelas, no pescoço, pois
ela usa bolsa lateral e no empurra-empurra a bolsa foi para trás, e ela estava de jaqueta grossa e
torceu o braço direito para trás, e não mexia; conseguiu arrebentar a alça e o braço não tinha como
soltar, estava estrangulado e o cabelo também estava preso, que a pessoa em cima dela ficou
segurando no cabelo então ela não conseguia olhar pro lado esquerdo, só tinha à frente e a direita,
e tinha dificuldade para respirar e certo momento achou que ia desmaiar, só que no empurra-
empurra, a pessoa que estava em baixo dela, de quatro, travou e apoiou seu corpo por cima dela e
não chegou a desmaiar, e quando pôde sair, levantou e foi até lá fora recuperar o fôlego e atrás do
amigos; foi atrás deles na enfermaria, viu que Aline não respirava e, ao ser questionada se foi
atendida, contou que quando chegou o portão estava fechado e não deixavam que eles entrassem e
era visível que ela não estava bem, estava descabelada, roupa estropiada, mas que pediu que só
queria saber se seus amigos estavam lá; tinha uma moça no fundo que estava anotando os nomes,
mas não achava, era muita gente machucada, não conseguia pegar o nome de todo mundo e que
nisso viu os dois amigos saindo e seu amigo lhe contou que sua amiga Aline tinha desmaiado e
que ele tinha ido atrás de uma maca, porque o pessoal estava perdido, os funcionários não sabiam
o que fazer. Esclareceu, ainda, que no acesso à arena não tinha placa sinalizadora de entrada e
saída, e que inclusive no lado externo do acesso ao corredor tinha um tronco no chão, onde eles
chegaram a tropeçar, não sabendo dizer se o pessoal que estava saindo tropeçou também; era a
primeira vez que esteve no local, que não gosta de sertanejo e que foi mais para conhecer a festa.
Questionada, informou que quando foi até a enfermaria não a permitiram entrar, justificando que
estava muito cheio e viu uma pessoa de jaleco com estetoscópio e o restante, não sabe dizer se
eram auxiliares; tinham por volta de trinta ou quarenta pessoas na enfermaria e tinham muito mais
pessoas em pé, na frente tinham trinta ou quarenta, e que ela estava no começo. Contou que no
corredor onde aconteceu o fato não tinha saída de emergência e algumas pessoas conseguiram
subir pela estrutura e sair. Questionada se em sua condição de arquiteta podia precisar quantas
pessoas por metro quadrado tinha no corredor, contou que achava que mais de dez pessoas,
contando que estava empilhadas, que só por baixo dela, contou quatro pessoas, e que antes do
tumulto, também era algo em torno de dez pessoas por metro quadrado, porque o espaço pequeno,
não podia dar passos longos. Contou que no acesso ao corredor não havia funcionários ajudando
ou direcionando e quanto à arena não sabe dizer, porque não chegou até lá. Contou que viu na
internet depois que tinham pessoas ali e ressaltou, quanto as sequelas, que depois de tudo teve
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dores no corpo todo, algumas passaram, porém outras continuaram persistindo, trincou a costela,
teve ruptura muscular nas duas pernas, lesão de ligamento no tornozelo direito, fora os hematomas
e afirmou ter atualmente Linfodema, o que não pode comprovar que foi devido o acidente, mas
suspeita que o problema surgiu após o acidente. Questionada acerca de todo o procedimento de
entrada, desde as catracas até a praça de alimentação, relatou que o estacionamento e o ingresso no
recinto pela catraca foi tranquilo; que logo que entrou, havia alguns estandes à esquerda, parte da
alimentação à direita, no fundo os "box" de alimentação; os corredores eram largos e nessa parte
não viu problema nenhum, tudo bem organizado; só na parte da arena, no corredor lateral, havia
uma única entrada e saída e para o tamanho da arena tinha que ter, visivelmente, muito mais
acesso e saída. Questionada se não existiam outros acessos ou se apenas não os tinha visto, disse
que por ser arquiteta, por tudo que aprendeu na faculdade, sempre que chega num lugar olha para
as saídas de emergência, e que então a única entrada que viu foi aquela, não sabe se existia outro
acesso do outro lado, mas do lado que era o principal afirmou que não tinha; que a partir do
momento que acessou o corredor, percorreu cerca de dez metros até fazer a inversão de sentido, e
que nesse trajeto de dez metros, haviam pessoas saindo também. Questionada se antes dos fatos as
pessoas conseguiam entrar e sair, informou que não, que começou a bagunça de pessoas querendo
entrar e querendo sair e que não viu briga alguma, só ficou sabendo posteriormente, pela internet.
A vítima Stela Ribeiro de Paula relatou que foi com seu namorado à festa e que
normalmente não vai até a arena, ficando sempre na arquibancada, mas nesse dia como estava com
muitos amigos, resolveu ir para a arena; sabe que é muito cheio, lotado, e que na entrada estava
bem lotado e que entrava conforme as pessoas iam empurrando, então decidiu aguardar no canto
enquanto as pessoas iam passando, lembra que ficou na grade esperando junto com outros casais
que também estavam esperando a multidão passar e depois de 10 ou 15 minutos viram uma fila de
pessoas que estavam conseguindo sair e resolveram sair junto com aquelas pessoas já que a
multidão não parecia melhorar, visto que já tinha se perdido dos dez amigos com quem chegou;
lembra de ter falado para que seu namorado ficasse atrás dela para protege-la e foram andando
apertados, como foi na entrada, muita gente querendo entrar e sair ao mesmo tempo, tendo isso
tudo ocorrido na entrada principal e não nas duas laterais e foram andando, lembra-se de ver uma
menina passando mal dizendo que ia desmaiar, e lembra-se que tudo em que pensava era que não
podia cair, porque se cair, vai cair todo mundo em cima e todos vão passar por cima; andou até
quase metade do caminho, ficando mais ou menos embaixo da arquibancada, e então caiu uma
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menina e abriu um buraco, foi quando conseguiram andar mais, mas então quase na saída uma
menina caiu e então começaram a cair pessoas na frente e então ela também caiu e o namorado
caiu em cima dela, e ela não conseguia mexer nada, e ficou por 20 ou 30 minutos nessa posição e
só conseguir mexer o pescoço, que era quando conseguia respirar, mas não conseguia mexer o
dedo dentro do sapato e as pessoas caíram uma em cima da outra e lembra-se de um menino
gritando desesperado e que ela, entretanto, ficou calma, só respirava, e que pensava que não podia
desmaiar; lembra-se de pessoas, principalmente meninas que tentavam subir na arquibancada pelo
ferro, tentando escapar da multidão, e algumas pessoas tirando foto e dando risada enquanto eles
gritavam pedindo ajuda, porque não tinha como sair, e então após um tempo chegaram os
bombeiros pela frente, pela entrada e fecharam as portas pra não entrar mais gente, disse que
imaginava que os bombeiros não conseguiam ter acesso por trás para tirar as pessoas que estavam
por cima, porque tinha muita gente e os bombeiros tentavam puxar as pessoas que estavam
embaixo, o que em sua concepção estava errado, porque ao puxar quem estava embaixo, as outras
pessoas caiam por cima; havia pessoas passando por cima das outras, entre cambalhotas, enquanto
tentavam sair, mas não a pisoteando, porque não tinha como andar e seu namorado que caiu por
cima, tentava empurrar as pessoas para trás, para que ele pudesse levantar; seu namorado estava
bem desesperado e as pessoas pisavam na perna das outras, chegando a quebrar, e depois de um
tempo, conforme foram saindo as pessoas de trás, seu namorado conseguiu levantar e lhe puxar, e
que estavam mais no canto da parede, nem tanto no meio, então ao ser puxada pelo namorado, ela
conseguiu levantar e sair pela lateral, isso tudo no tempo dos 20 ou 30 minutos em que teria ficado
nessa situação e ficou com marcas roxas devido ao ocorrido. Conhecia o acusado Valdomiro
apenas de nome, que é conhecido ali em Campinas (cidade onde prestou depoimento) e não
conhecia as vítimas que faleceram; acredita que quando entrou na arena o show já teria começado,
pois abriram as portas para o início do show e aí entraram, e não sabe precisar se foi
imediatamente quando começou o show ou 10 minutos depois, mas sabe que foi logo no início, e
que quando abriram as portas, logo na entrada não estava tão cheio, mas mais pro meio estava, e
então as pessoas iam vindo atrás e começavam a empurrar e que mesmo que você não queira
entrar, acaba entrando; o tumulto realmente aconteceu logo na abertura da arena e posteriormente
muitas pessoas falaram que viram brigas, mas não chegou a ver briga, só viu muita gente e que ao
ver tanta gente teve a intenção de sair e muitas pessoas pularam por cima para ir para a área VIP,
mas que ela não conseguia, porque era muito alto, e que foi então quando viram a fila de pessoas
que estavam tentando sair pelo canto, mas a maioria das pessoas queriam entrar. Disse que não
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sabe porque as pessoas não conseguiam passar, mas que sabia que tinha essa entrada e mais uma
na lateral, e que acredita que talvez fosse porque as pessoas entravam por essas duas entradas e
ficavam ali quando “desembocavam”. Ao ser questionada, informou que não viu ninguém da
organização do evento ajudando as pessoas a entrarem ou sinalizando, ou orientando as pessoas,
inclusive as pessoas ajudavam umas as outras e ela mesmo teria ajudado uma ambulante com um
isopor que nem conseguia andar direito e conseguiram puxar ela também, mas ninguém da
organização. Também ao ser indagada, informou que os bombeiros que fecharam o portão, que era
o portão da entrada da arena, o portão por onde ela teria entrado e eles fecharam para poderem
trabalhar, ou para não entrarem mais curiosos, não sabendo precisar o motivo, e disse que nesse
momento ela estava lá dentro da arena, com as pessoas em cima dela, no corredor que dá acesso à
saída. Contou ainda que só lembra de ter vistos bombeiros, que por causa da farda são fáceis de
reconhecer, não se lembra de ter visto seguranças. Questionada, informou que ela não foi
pisoteada, porque não tinha como as pessoas andarem por cima dela, porque eram muitas pessoas
umas em cima das outras, mas que o peso das pessoas em cima era terrível, só que não tinha como
as pessoas andarem por cima dela, mas que viu pessoas rolando por cima, tentando sair. Indagada,
contou que acreditava que existiam 3 entradas de acesso para a arena naquele dia, mas não chegou
direito a entrar na arena, porque havia esse corredor de acesso e foi quando ela chegou ao final
desse corredor, porque não tinha como continuar também, não podendo afirmar quantas pessoas
tinham no interior da arena. Indagada, informou que parou o carro dela no estacionamento e que
estacionar o carro levou muito tempo, porque estava demorada a fila, acha que levou por volta de
40 ou 50 minutos, mas que do estacionamento para dentro do evento, foi rápido, pegando uma fila
rápida. Contou que o espaço de alimentação que antecede a entrada da arena estava bem cheio
também, não tão cheio quanto a arena, mas bem cheio; não se recorda se estava acontecendo outro
show ali, naquela área de alimentação, se recorda que haviam áreas específicas com as baladas,
como por exemplo espaço Brahma e demais, mas que na rua ali mesmo não estava tendo um show.
Contou que no dia não viu nenhuma briga, mas que pessoas disseram que houve briga, tiroteio e
falou que sabe que briga sempre tem, mas que ela não viu, salientando que em sua opinião, não
teria sido uma briga que causou o tumulto, porque de onde estava, não ouviu gritaria, ou viu briga,
ou gente correndo querendo sair, era só muita gente. Acerca dos bombeiros, informou que eles
aparecerem da parte de fora para entrar, porque, como afirmou antes, eles apareceram pela frente e
tentaram puxar as pessoas que estavam por baixo, porque não conseguiam entrar por trás para tirar
quem estava por cima. Acerca do horário da ocorrência, não se recorda e não pode dizer um
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
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horário específico.
A vítima Maria Carolina Vilas Boas de Oliveira informou que na data dos fatos
uma amiga chegou a falecer, houve “pisoteamento” e chegou a ser pisoteada, mais pessoas
faleceram. Não sabe dizer porque aconteceu o pisoteamento, mas sabe que quando estavam
entrando, que estava mais ou menos na segunda música do show, entrando para a arena, ai muita
gente começou a sair, então quem estava entrando batia de frente com quem estava saindo, ocorreu
alguma coisa na arena, mas não sabe dizer o que aconteceu na arena, porque não viu, mas alguns
dizem que estava acontecendo uma briga, então quem estava na arena queria sair e muita gente
querendo entrar, começou um empurra empurra e nisso foi pra frente e caiu na metade do corredor
para entrar do lado direito, bem no canto, que caiu ali e as amigas começaram a voltar e no final
elas contaram que a Vivian caiu e onde ficou uma barreira de gente caída no chão, não se lembra
quanto tempo ficou caída no chão, mas lembra que tentava erguer a mão, beliscar as pessoas para
verem que estavam embaixo, mas ali era uma questão de sobrevivência, por conta disso teve uma
costela trincada, teve uma menina que ficou em cima, uma menina ficou em cima porque não tinha
para onde ir, uma pessoa caída em cima da perna, então não conseguia levantar e a hora que
levantaram, um menino ergueu então levantou e deu uns 10 passos e tinha uma barreira de gente
caída no chão, isso já saindo, umas quatro pessoas enfileiradas uma em cima da outra e ai o portão
já estava meio fechado, conseguiu sair e começou a procurar a Vivian e depois de uns 40 minutos
descobriu que ela tinha falecido. Disse que sua amiga Vivian estava bem próxima a saída, que ela
caiu no canto direito e a Vivian no canto esquerdo, bem no final; que o pé da Vivian ficou
enroscado em um ferro e caiu de rosto para o chão, enquanto ela caiu de cabeça e outra amiga
tentou puxar a Vivian, mas que o pé dela estava preso então não conseguia e nesse meio tempo
outro rapaz caiu em cima dela e ai já entrou uns moços com colete amarelo pedindo que elas
evacuassem o local que eles iriam cuidar de quem estava lá, mas não cuidaram de ninguém.
Perguntada sobre a quantidade de pessoas em cada barreira, informou que algumas tinham três ou
quatro pessoas, outras eram maiores, mas que não tinha como pular essa barreira de gente, para
sair tinha que pisar nessas pessoas. Informou também que o túnel inteiro de saída e entrada estava
com pessoas caídas, inteiro; que não havia pessoas da organização do evento oferecendo ajuda e
quando levantou viu alguns amigos que estudaram com ela e eles que vieram ajudar, tiveram que
passar por cima da pilha de pessoas novamente para ajudar, porque ninguém sabia o que estava
acontecendo, não tinha mais ninguém, tinha umas pessoas sentadas na cerca onde tinha o
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espetinho, mas eles fecharam o portão e deixaram um espaço pequeno então quem queria sair
também não conseguia porque o portão não estava completamente aberto e pelo que se lembra,
quando levantou não tinha nenhum moço com colete amarelo. Quando perguntada, informou que
foi ao rodeio de ônibus fretado e havia estacionamento para o ônibus, desceu do ônibus e entrou
por uma portaria que nunca tinha entrado, ficava perto do parque, tinha um parquinho lá e foi por
onde entrou que tinha um pouco de fila, mas não muito; no banheiro químico também não tinha
muita fila, mas estava faltando a parte de trás dele, porém, o outro banheiro do local mesmo é
impossível, não tem como usar porque fica muito cheio; disse que a praça de alimentação estava
lotada, mas pelo que se lembra não pegou fila para comprar nada, que dava para se movimentar
nos locais e que como não chegou a arena então não conseguiu visualiza-la. Esclareceu que
quando se levantou não viu nenhum bombeiro nem segurança no local, a hora que saiu, sentou um
pouco, ficou sentada para se recuperar, dai foi até a portaria que foi onde encontrou as meninas,
portaria principal, lá tinha uma ambulância e disse que estava procurando a amiga, mas não
deixaram ela entrar, só falaram que só entraria quem estivesse ferido e mesmo dizendo que havia
sido pisoteada não deixaram ela entrar, não quiseram saber o que estava acontecendo, e ela estava
morrendo de dor, mal conseguia andar, dai foi até uma outra enfermaria, que ficava do lado oposto
da porta de entrada e nisso procurava gente para falar, tinha várias salas e ela até entrou em uma
sala achando que era a amiga mas não era e não tinha bombeiro nenhum lá, também não tinha
bombeiros ou seguranças quando caiu.
A vítima Barbara Cardoso informou que chegou a escutar no máximo três
músicas e não ia entrar na arena, mas entrou para acompanhar a prima do namorado que era
menor; chegando na saída teve uma briga, mas não tinha nada a ver, a briga aconteceu na entrada
do corredor, mais a esquerda e o pessoal contornava à direita, quando passou estava vindo um
pessoal de frente, nisso não sabe dizer o que aconteceu, sabe que o portão estava fechado e
começou uma lotação, o pessoal empurrando, não tinha nada a ver com a briga que ficou lá para
trás; ficaram um por cima do outro, querendo sair e perdeu a consciência duas vezes, lembra de
pouca coisa, lembra do pessoal levantando, uma das meninas que faleceu segurou na mão dela e
ficou um tempo segurando e a hora que o rapaz a puxou pela cabeça e a ergueu na estrutura
metálica, conseguiu sair, um senhor falou para sair de lá e o pessoal rezou, foi um tempo longo
que a ficou lá, o pessoal falava “está me matando, está me matando”; tinha muita gente por cima
dela e a hora que tentaram ajudar eles tiravam a pessoa que estava embaixo e tinha que tirar o de
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cima primeiro. Informou que durante esse tempo a porta de acesso estava fechada, o namorado
conseguiu passar e gritava para o pessoal que estava no rodeio e ai começou a chacoalhar o portão
e o segurança não deixava, falava que tinha gente morrendo e o segurança falava que não tinha
nada; um rapaz falou que precisava levar ela no ambulatório e o segurança falou “essa menina tá
bêbada” e ela não estava, tinha acabado de entrar na arena; outro segurança tirou e falou que não
sabia onde era o ambulatório e jogou ela no chão, o outro pegou e foi andando com ela no colo e
levou até onde ele achou que era, estava totalmente perdido, pedindo informação para o pessoal da
festa; em momento algum os seguranças se importaram em ajudar as pessoas; seu namorado
chegou a observar que foram os seguranças que fecharam o portão e falou que pediu para abrir e
eles não quiseram abrir, outro segurança falou que era verdade o que ele estava falando e abriu.
Informou que a entrada da arena estava razoável, dava para ficar “na boa”, foram até na frente do
palco e na hora de sair já estava “muvuca”, tinha muita gente, demorou uns 15 ou 20 minutos para
sair da arena, tinha muita gente, na hora que conseguiram sair desse pessoal, teve a briga e lá na
frente teve uma “muvuca” na entrada e o pessoal estava querendo sair, não sabe se por causa da
briga, e um pessoal querendo entrar, foi a hora do efeito dominó. Informou que logo que entraram
na arena tinha uma pessoa vindo e outra saindo, parecia uma corrente humana, ninguém conseguia
sair, o pessoal atrás empurrava o pessoal que estava entrando pra sair e o pessoal empurrava o
pessoal que estava querendo sair para entrar e ai ficou uma barreira e foi caindo um, caindo outro,
começou a gritaria e o pessoal gritava “tem um morto aqui”, “sai de cima”, só que não dava, tinha
um peso enorme em cima das pessoas; ficou no corredor por 20 minutos e não tinha seguranças,
socorristas ou ambulâncias nas imediações do túnel e só apareceram depois de muito tempo, no
momento que estava acontecendo não tinha ninguém. Foi para estrutura e o segurança estava bem
distante, o próprio pessoal da festa começou a abrir o portão e não tinha ninguém; foi o pessoal
que estava bebendo lá fora, eles soltaram a latinha e começou a chacoalhar o portão até que abriu e
as próprias pessoas iam retirando os de baixo primeiro, não tirou os de cima, tinha muita gente.
Informou que o “empurra empurra” não teve a ver com a briga que acontecia perto, porque a briga
estava à esquerda ali, bem no "finalzinho" da arena, no início do corredor, o pessoal estava
desviando e entrando no corredor, nisso foi o pessoal de frente que ia entrar e outro que queria
sair, e não tinha como, era muita gente no corredor e que quando começou o show ainda dava pra
andar um pouco, lá na frente do palco, já pra trás não tinha condições, lá na frente tinha espaço
suficiente, só que começou a sair e era muita gente entrando, de uma vez só, foi formando uma
barreira precisou ficar desviando de muita gente (grifos nossos).
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Testemunhas de acusação
A testemunha de acusação Francisco José de Oliveira Safé, perito criminal que
realizou a perícia nas dependências do evento, relatou que a engenheira Maria Carolina da Silva
Winkler não executou o projeto com base na planta base aprovado pelo Corpo de Bombeiro, tendo
em vista que existia um projeto aprovado; que a segunda arquibancada não estava de acordo,
existia diferença na colocação de saída, não estavam identificadas como no projeto aprovado,
tanto que se pegar o projeto dela, no projeto dela que é anexo seis dos laudos, o projeto tem
diferença de dimensão, as saídas; que a quantidade de saídas do projeto da engenheira não
acompanhou o projeto aprovado; com relação às saídas 5 e 6 que existiam na arquibancada, ela
colocou a duas no mesmo local, só que quando ocorreu a montagem a última que ficava perto do
palco foi colocada na arena em caracol e que mudou isso do projeto dela, se for comparar o projeto
dela e do engenheiro Flávio; que esta não foi a planta aprovada pelo engenheiro Flávio e que na
planta do engenheiro houve mudança, não existia saída, ela não fez entrada e saída de deficiente e,
depois, na frente, a do engenheiro, as partes dos bretes que estavam na frente do palco foram
colocadas embaixo da saída da arquibancada; que a saída, a rampa de deficiente não existia e a
última saída foi deslocada para o trecho em caracol, no projeto, com a rampa para deficientes, na
arquibancada seriam quatro; que nas saídas da arena constou de diferente da planta aprovada, da
planta apresentada pela engenheira Maria Carolina duas saídas, ela montava as duas e passou mais
da área “vip” e que quando diz última saída, ele quer dizer que se aproximou do “caracol”, bem
como acredita que ela tirou a rampa para a arquibancada e passou para cá; as saídas da arena, ela
centralizou, mas a do meio e a daqui juntaram mais no acesso um, constou como apresentou no
croqui, se não me engano fl. 16, o croqui consta de fl. 12 do laudo pericial. Indagado sobre quantas
saídas de emergência constavam no projeto executado, da arena, informou que falando do primeiro
projeto, olhando tem duas saídas de emergência, mas embaixo do camarote, do primeiro projeto,
era para existir duas saídas; disse que embaixo do acesso onde aconteceu o acidente, entre a
arquibancada e a ala “vip”, ou seja, teria que ter sobre a área “vip” duas saídas, uma olhando de
frente para o palco do lado direito e uma na parte média que não existia. Mencionou que pelo
projeto conta uma, duas, três, quatro e cinco que fica de costas para o palco do lado direito,
quando chegamos lá existiam duas arquibancadas deslocadas de posicionamento a entrada um e
dois, muito próximas e a entrada do camarote não existia, com relação às entradas 7 e 8, informou
ainda que no croqui colocou que não poderia ser utilizada como saída de emergência. Aduziu que
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no projeto existiam as saídas 1, 2, 3 e a 7, constavam quatro saídas com cinco metros de largura
cada uma mas que não considerava a saída 7 de emergência, pois se a norma considera que a saída
de emergência não poderia ser a mesma dos que trabalhavam no palco, dos funcionários e artistas.
A saída 7 era saída dos competidores, funcionários e a saída 8 foi caracterizada no dia que estava
sendo a perícia, foi ai que foram colocar a placa de saída; inclusive, quando houve a mudança do
brete para a arquibancada, os touros passavam embaixo da arquibancada era descarregados nessa
saída. Quanto à metragem, nenhuma saída tinha cinco metros. Todas variavam entre quatro metros
e trinta, quatro metros e sessenta centímetros. Mencionou que reduziu para quatro metros no laudo
pericial, pois pela norma, a gente tem que passar números inteiros. Disse que tem que passar com
múltiplos de 4 metros e trinta não dá para passar dez pessoas e um quarto de outra. Esclareceu que
a diferença daria muito pouco, mas não se pode passar meia pessoa pela porta. Declarou que a
saída 8 não foi considerada como saída nem no dia do evento, só que no dia anterior não tinha nem
sinalização, a saída tem que estar sinalizada e tudo mais. Asseverou que é engenheiro elétrico e
que acha que é responsabilidade do engenheiro que desenvolve o plano de abandono e combate a
incêndio fiscalizar a implantação do projeto de acordo com as normas existente. Narrou que o que
causa espanto é isso, foi provavelmente aproveitada a planta de outro evento, inclusive ele não
apaga medidas existentes na planta que não batem com o projeto, ele não teve responsabilidade de
ir ver o que estava sendo feito. Informou que se a engenheira Maria Carolina pegou o projeto
aprovado ela não teria que ver se estava sendo executado da forma correta, mas o outro engenheiro
teria que verificar se o projeto foi executado de maneira correta. Disse que quem fez a primeira
vistoria foi o Giaconi, bem como que a perícia foi feita na madrugada do dia dos acontecimentos
até o dia posterior. Mencionou que a colocação das portas e das placas de saída é de
responsabilidade do responsável pela montagem o mesmo responsável pela montagem da
arquibancada; que as saídas são de dois tipos; que o túnel é composto de placas metálicas
justapostas, as placas em alguns locais estavam sobrepostas e que na hora do problema de
superlotação as placas acabaram entortando e presando pessoas e que o responsável pelas placas
de emergência teoricamente é o responsável pelo projeto de prevenção e combate a incêndio
responsabilidade pelo menos de ir fiscalizar. Afirmou que saídas de emergência são utilizadas
como saída de emergência e o que havia lá eram acessos à arena e saídas de emergências
simultâneas, no local só tinha “plaquinha” indicando saída de emergência, mais nada. Informou
que as perícias do controle ao público foram realizadas em três datas; a primeira no dia que o
Giaconi foi, após foi sua vez quando estava sendo desmontada a estrutura e a terceira quando foi
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feita a reprodução simulada e que quando chegou ao local as catracas que estavam lá eram as
destinadas ao público, acesso geral, as do camarote já não estavam mais lá e depois e após olhou e
falaram que haviam 34 catracas e, no dia da perícia, estavam somente as do público; não se lembra
da quantidade, pois, a princípio, estava preocupado com o problema da parte estrutural, o que
estava montado, como estava montado e a distribuição do público. Informou que só foi
apresentado o número de catracas e que foi apresentado um relatório constando 20 catracas e,
nesse relatório tem algumas coisas que chamam a atenção, ele divide o público ingressante em
camarotes, estudantes e ala "Vip" e pelo relatório só demonstra a entrada de estudantes. Em
relação à contagem de público, a planilha do Ingresso Rápido fala em números de ingressos
vendidos até as 20h00 e a outra é o número de pessoas que efetivamente ingressaram no recinto e
que se tinha lá cinco mil de público e vinte mil nas catracas, mas o público do camarote, o único
lugar onde eu poderia estimar isso foi com o público referente aos ingressos vendidos e que fez
cinco estimativas de lotação; na planilha constavam quais eram os ingressos da ala “vip” e quais
eram os ingressos do camarote, mas não dava para entender, pois ele tem uma catraca controlada e
lá tinha uma folha simples somente. Mencionou que os competidores, fornecedores, comerciantes
entravam pelo estacionamento, pela saída que daria acesso à saída 7 e o acesso era feito sem
acesso as catracas, era feito pelo portão, um portão fechado com corrente lá que eles abriam,
separava o brete e ai já saída, e é por onde entravam e saíam os caminhões e cavalos. Asseverou
não saber por onde os funcionários entravam no recinto; que quando foi na delegacia já tinha
conhecimento da entrada de pessoas com ingresso de outro evento cancelado naquela época no dia
dos acontecimentos. Disse quem tinha conhecimento anterior desse fato, pois conversou com um
funcionário que trabalhou nesse sistema de venda e ele comentou que um show caiu e que as
pessoas com ingressos desse show que deixou de acontecer poderiam utilizar esse mesmo ingresso
para entrar nos outros dias do rodeio, mas que não há vídeos e nem depoimentos nesse sentido,
pois foi declarado informalmente. Explanou que o conceito técnico de superlotação é baseado nas
questões levantadas pelo corpo de bombeiros, que é responsável, por exemplo, eles autorizam
entrar quatro pessoas por metro quadrado já tem superlotação, a gente tem a medida do dobro em
torno de 50, 60 centímetros, ai já começa a ficar superlotado, só que tem que olhar para o tipo de
evento, têm casos, como por exemplo, partidas de futebol em que o estádio tem 45, 50 mil pessoas
sem problemas de lotação, as saídas bem distribuídas e dimensionadas; lá foi a falta de saídas e a
falta de controle do público que estava entrando e saindo da arena; que o problema maior no dia
do evento foi a concentração das saídas num mesmo local, na época que fez a reprodução
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simulada, conversou com outra pessoas que foram na festa e tem gente que não sabia que a saída
do brete existia, a saída número 3 do croqui de f. 12 do laudo oficial; nessa saída a sinalização
estava afastada, o arco que estava o portão estava fixado na arquibancada, tinha marcas de
propaganda ocupando quase 80% do letreiro luminoso e a saída estava embaixo dele, bem
pequena. Explanou que ficou sabendo da briga por um casal que estava na arena Carlos Eduardo e
Barbara, eles mencionaram que a gente deles e a à esquerda, estando de costas para a arena, surgiu
um briga, que eles tentaram passar pela direita da briga, só que nesse momento veio um “massa
humana” que começou a empurrar eles; disse que fica difícil dizer se essa briga foi resultado de
uma superlotação, pois as filmagens só aparece a briga e nesse momento não tem problema de
lotação; que nas filmagens não foi possível verificar o início e o termino da briga e precisa fazer
alguns cálculos para saber se seria relevante a diferença de metragem da largura das saídas, para o
escoamento de pessoas no local, bem como que teria que passar à trabalhar com 5 metros.
Declarou que no recinto da festa, a área total do evento foi constatada a existência de 30 mil
pessoas; nos três acessos, não existia controle de acesso e que quem fez o projeto tem que limitar,
da entrada, não existia o controle geral, de modo que se todas as pessoas resolvessem entrar na
arena não existiria um controle disso; se lá dentro tinham trinta mil pessoas, se todas resolvessem
entrar na arena, as três entradas seriam insuficientes para o escoamento. Esclareceu que a
diferença constatada na largura dos acessos se deu por conta das dobradiças dos portões, pois era
considerado sem o menor espaço e que, em sua concepção, o que aconteceu realmente foi que já
deu problema nas normas, só que com relação ao processo, a porta, abrindo e fechando, teve gente
que ficou prensada entre a porta, falta de iluminação dentro do túnel, quando derrubou a
iluminação aumentou a sensação de pânico nas pessoas e elas ficaram desorientadas, o chão estava
cheio de irregularidades; no dia seguinte eles tentaram lavar o chão para tirar o cheiro de cerveja, o
chão estava escorregadio, é uma série de irregularidades que foram travando e que agravou mais
com a superlotação e ainda mais com a concentração das saídas no mesmo vértice. Contou que não
sabe se algo relevante foi modificado no projeto, pois não teve tempo de analisar, mas informou
que durante o ano de 2010 saiu uma nova norma bem mais restritiva e que nem viu extintores de
incêndio no dia da perícia, nem se foram colocados.
A testemunha de acusação Carlos Guilherme Cardoso de Almeida, tentente da
Polícia Militar que estava prestando serviço no dia dos fatos e que fez a inspeção de todos os
policiais que estavam em serviço no dia, bem como um roteiro de vistoria, relatou que constatou
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com o senhor Osvaldo Lustre Júnior, que era o encarregado da equipe médica, que teriam 29
integrantes na equipe de brigadistas, o senhor Silvério B. de Paula com 30 integrantes e na equipe
de segurança privada, também com o senhor Silvério que 132 seguranças atuariam; que quem
acompanhou a checagem do evento até a abertura dos portões foi a Maria do Amparo da Cruz e
após isso, eles liberavam os portões e acompanhavam o desenrolar dos acontecimentos. Informou
que um pouco antes do acontecimento estava acompanhando um flagrante de tráfico de drogas na
Delegacia de Jaguariúna e ficou ciente pelo aspirante que estava lá; quando retornou, constatou
que não conseguia chegar no evento porque o pessoal tentava sair e ele tentava entrar e quando
chegou lá, colocou o Prefeito da Cidade na viatura, pois as crianças já haviam sido socorridas, mas
não conseguia sair de lá e demorou para chegar ao hospital, onde constatou que havia quatro
pessoas mortas, de modo que voltou para o evento e começou a evacuação. Informou que
apreendeu as máquinas com o Tenente Maurano, apreendeu as catracas, os borderôs e levou tudo
para a Delegacia e apresentou a ocorrência. Informou que no dia dos fatos o policiamento foi
externo e não acompanharam por dentro, tinham uma equipe na porta que fazia algumas
diligencias, colocaram o fichamento na entrada do evento para ficar de prontidão; que não foi atrás
de ninguém para saber o que estava acontecendo, apenas foi atrás do pessoal do borderô; que a
movimentação para a chegada no local era bem maior do que o normalmente observado e que os
borderôs mencionados eram os que representavam os dados das catracas. Acompanhou as edições
de 2010 e 2011 do evento e que ocorreram mudanças relevantes após o evento de 2009, passaram
a respeitar as regras, a cumprir as exigências e como participou das vistorias, percebeu mudanças,
pois hoje possuem controle das catracas, antes isso não existia; que quando o pessoal chega, os
menores passam pelo pessoal da Infância e Juventude, tem um pessoal na entrada para fazer isso,
acompanham para anotar o nome dos menores e a entrega dos borderôs é feita a qualquer
momento que pedir, sendo que o controle agora é setorizado, se a pessoa fica num local é somente
nesse local, não pode passar para outro. Na época fazia a vistoria interna, liberava o local e fazia
rondas e não se recorda se foi apreendido um CPU ou só os borderôs; o borderô que requisitou foi
emitido por volta das seis e meia da manhã quando o público foi evacuado e que fez curso para
fazer perícia pelo Corpo de Bombeiros. Esclareceu que a pessoa que pretende obter o AVCB
precisa cumprir todas as exigências e que presenciou máquinas na arena faltando meia hora para o
início do evento e que não tinha como liberar o evento lá, tinha caminhões, entulho, fiação. Não
soube estimar quantos carros haviam no estacionamento, mas que não estava na capacidade
normal, estava muito cheio, mais do que o previsto e que quando ocorreu o incidente de
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madrugada havia veículos entrando e saindo, motivo pelo qual não conseguia chegar no evento e
que teve dificuldade para a saída das ambulâncias, que estavam com motociclistas, quatro viaturas
com sirene ligada e não conseguia sair do local. Todas as áreas disponibilizadas pela Red foram
utilizadas, não tinha nada que estivesse vazio, mas não soube precisar quantos carros. Informou
que quem confeccionou o BO de fls. 32 e seguintes dos autos foi os Soldados PM Canato e
Marcos e que não se recorda se estava junto na elaboração do documento, mas sabe que foi feito
no horário local 04h50 e o horário final 09h00; o horário que ele chegou lá e o horário que ele
terminou, sabe que a ocorrência demorou bastante, mas não se recorda o tempo exato. Com
relação ao borderô, principalmente quanto ao “ingresso rápido”, lembra que foram apreendidos
mas não recorda se foram impressos na hora e que não se recorda se na elaboração do BO já estava
em posse dos borderôs das empresas Catrespe e Ingresso Rápido. Quando saiu com o Prefeito do
local já estava de madrugada e era o momento mais tenebroso, auge dos acontecimentos. Informou
que foi feita vistoria no local e que são feitas várias vistorias, cada vez que era solicitado ele fazia
vistoria no local e que algumas vezes quem fez foi o Capitão Mourano, mas que não se recorda
sobre quem fez a vistoria no dia dos fatos. Perguntado se em caso de liberação significa que tudo
está a contento informou que quem fez a vistoria pode, diante do constatado no local, se não
aprovado nova vistoria poderá ser realizada, oportunidade em que o Corpo de Bombeiros deverá
estar presente e que para liberação do portão tem a vistoria que é feita antes do evento e o relatório
de serviço diário. Informou que constata antes da abertura dos portões se houve o cumprimento
das exigências, se há médico, brigadistas, seguranças no dia do evento e que se não tivesse a
quantidade informada de seguranças não liberaria o evento no dia, mas a quantidade que estava na
ata, não estava faltando e que, na hora da vistoria, foi dito que havia 130 seguranças e entendeu
que dava para abrir os portões com essa quantidade e que se apegava com base apenas na
informação dada pela organização e que a contagem visual só começou a ser feita depois de 2009;
tudo a contento para realizar a festa naquele dia, para o público esperado de 30 mil pessoas e que a
autorização era feita com base no que era passado pela organização. Informou que fazia a vistoria
olhando por cima, não ficava contando um a um, fazia a pergunta e não percorria tudo; na época
tinha um posto médico somente, agora tem três e que atualmente coloca todo mundo em forma
para saber se há realmente o número de seguranças informados. Não foi feita conferencia no dia,
apenas verificação; que a autorização pela Polícia Militar não se deu somente por aspectos
documentais, que foi colhida na hora as informações também, antes fazia a vistoria preliminar, o
relatório é de serviço, não de vistoria, é de serviço, era para saber apenas quantas pessoas estariam
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trabalhando. Ressaltou, ainda, que não existia rota de fuga para viaturas e ambulâncias saírem da
festa sem enfrentar o fluxo de veículos, mas depois desse evento foi proposto que fizesse isso.
Informou que não houve briga no dia dos fatos, que foram abertos os portões e um pessoal foi de
encontro de um lado e criou-se uma onda ao contrário e o pessoal foi sendo esmagado e que
realmente foi a entrada das pessoas na arena que causou o tumulto, mas que é normal acontecer
briga dentro da arena, que chegou a separar diversas brigas lá, mas que não presenciou os fatos
porque não estava no recinto, estava na delegacia. Esclareceu, mais uma vez, que a Policia Militar
se limitou ao policiamento da área externa do rodeio pelos motivos elencados no Ofício nº 26
BPMI 145/03/09. Disse que não se recorda se foi permitida a entrada de pessoas com ingressos
de um show cancelado anteriormente no dia dos fatos.
A testemunha de acusação Gabriel Victor Schwarz relatou que foi até o Rodeio
de Jaguariúna juntamente com outros cinco amigos para assistirem ao show do João Bosco e
Vinícius; saíram de suas cidades em torno das 21 horas e chegaram em Jaguariúna em torno das
22:30 horas; enfrentaram congestionamento na marginal para ingressarem no Rodeio e levaram
cerca de quarenta minutos para estacionar os veículos; logo entraram na arena para assistir ao
show que já havia começado e não pararam nem para ir ao banheiro ou comer; a entrada da arena
estava congestionada e a entrada e a arena eram únicas e diversas pessoas entravam e saiam do
local e estava difícil caminhar, porém continuaram no sentido da arena até que em certo momento
foram obrigados a parar. Contou que o número de pessoas que tentava sair era muito grande e o
número de pessoas que tentava entrar também, ficaram prensadas e em certo momento, uma
pessoa caiu em cima de Giovana e ela foi entrando para dentro da massa, tentou puxa-la, mas não
conseguiu e então puxou Manuela e Camila pelos cabelos; diversas pessoas caíram e algumas
desmaiaram e foram pisoteadas; não havia sinalização de emergência, nem seguranças e que tanto
ele como seus amigos tiveram que passar por cima das pessoas, e que ele conseguiu subir em uma
arquibancada, puxando e socorrendo algumas pessoas; que um homem acabou sendo puxado
quase nu, sem as calças, ele já estava sem sentidos e posteriormente, na delegacia e através de
fotos, reconheceu Ariel Foroni Avelar como sendo o homem que puxou na arena. Os próprios
frequentadores do local socorriam as pessoas e o ambulatório estava lotado, mas que insistiu para
verificar se sua amiga Giovana estava no local. Ficou sabendo que duas pessoas foram
encaminhadas ao hospital, sendo que duas haviam falecido e no hospital, reconheceu Giovana
como uma delas; dias antes havia estado no show do Jorge e Mateus e o local estava lotado, porém
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não houve tumulto. Contou que dois soldados do corpo de bombeiros se apresentam uns 30
minutos após o episódio, que não tinha seguranças no local, as duas entradas foram fechadas,
prejudicando a saída, que foi preciso rasgar umas lonas para retiraras pessoas que estavam
desmaiada. Questionado, respondeu que o recinto era grande e foram direto para a arena, não
tendo como dizer como estava o movimento nos outros locais, como na Praça de Alimentação; oó
acesso entre a catraca e a arena foi tranquilo, ficou sabendo que havia duas entradas de acesso à
arena e não ficou sabendo se na outra entrada havia excesso de pessoas, não sabendo também
precisar quanto percorreu na entrada de acesso, bem como não sabia dizer se alguém fechou os
portões ou não, nem sabe dizer o que provocou o tumulto.
A testemunha de acusação Rafael Francatto Assunção relatou que os fatos
ocorreram um pouco após o show ter inicio; que tinha muita gente tentando entrar na arena e
muita gente tentando sair, mas o motivo exato não sabe informar; que algumas pessoas disseram
que o motivo foi um briga, outras por conta de arrastão, momento que com essa aglomeração de
pessoas aconteceu o acidente; que em nenhum momento teve algum segurança ou ambulância
para socorrer no momento; que foi muita gente caindo, muita gente desmaiando e pisando em
outras pessoas para tentar se salva e que as únicas pessoas que ajudaram a socorrer foram pessoas
que estavam na arquibancada e ajudaram as pessoas a subirem nas ferragens para sair; que foram
de van para o evento e que chegando ao local tiveram que descer no estacionamento, pois tinha
muita gente, muito trânsito e que tinha muita gente na bilheteria do evento para comprar o
ingresso na hora. Disse que quando entrou no recinto, após começar o show tinha muita gente e
quase não dava para andar, por conta da lotação no local; que as filas de bebidas e comidas
estavam grandes, mas que não viu bombeiros e nem seguranças no local do evento. Asseverou que
foi pisoteado e só conseguiu sair da arena com ajuda de algumas pessoas que estavam ajudando
uma mulher que havia desmaiado e que o próprio público abriu um buraco para tentar sair; que as
pessoas tentaram se pendurar nos fios e deu curto-circuito e que conseguiu sair se arrastando no
chão, mordendo as pessoas; as pessoas estavam desesperadas e que quando saiu da arena tinham
várias pessoas feridas; não viu nenhuma placa de indicação de saída de emergência, bem como
que perdeu seu tênis no tumulto. Sofreu uma lesão em seu olho, por conta de que pisaram em seu
rosto, mas não foi uma lesão grave e que tinha ambulância que estava tentando sair, mas estava
com dificuldade.
A testemunha de acusação Mariana Andrade Zen relatou que no dia dos fatos
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foram ao show e estava em um grupo entrando na arena e conforme estavam entrando, a multidão
começou a empurrá-los de volta; Maria Carolina foi a primeira a cair e eles continuaram sendo
empurrados pra fora e Vivian caiu também de frente e de bruços; tentou ajuda-la mas não
conseguiu e na hora que saiu da arena tinha uma multidão caída e quem saía saia por cima daquele
pessoa, e foi formando como se fosse um paredão de pessoas caídas; quando saiu encontrou um
segurança da festa e pegou em seu braço e disse à ele que estava acontecendo um acidente e se ele
podia ajudar a amiga dela, e ele lhe perguntou se a arquibancada caiu, quando disse que não, que
pessoas estavam caídas e ele lhe disse que não recebeu nenhuma ocorrência então não poderia
estar ajudando; continuou indo, quando então encontrou Maria Carolina, que foi a primeira a cair e
continuou procurando por Vivian nos ambulatórios, mas ninguém a deixava entrar nos
ambulatórios, até o momento em que conseguiu falar com o pai de Vivian, foi quando ele lhe
contou que ela já havia falecido. Contou que não se lesionou em decorrência dos fatos e que não
conhecia os acusados e, dentre as vítimas, conhecia apenas Vivian. Ao ser questionada, esclareceu
que quando isso ocorreu já havia se iniciado o show e que tudo ocorreu no momento em que
tentava entrar na arena, quando foi empurrada para fora, naquele túnel que é de acesso de entrada e
saída da arena. Disse, ainda, que com exceção do segurança com quem conversou, na hora em que
as pessoas começaram a cair não havia ninguém do evento ajudando, tanto que ninguém sabia e
que só depois que ficaram sabendo, que foi quando ela começou a ir em ambulatórios procurando,
enquanto falava com o pai dela (de Vivian), e que só posteriormente descobriu que ela tinha
falecido. Ao ser questionada se viu algumas pessoas tentando pular as estruturas metálicas,
afirmou que lhe contaram que isso teria acontecido, mas que não presenciou. Acerca do fato de o
portão da arena ter sido fechado, contou que não estava mais lá também. Disse, no mais, que foi
até a festa de carro e que demorou por volta de 30 minutos e que havia fila de carros para entrar
mas que não era muito grande; quanto à bilheteria estava normal sem problemas e área de
alimentação não se encontrava tão lotada no dia. Por fim, contou que não conseguiu entrar na
arena, pois no momento em que estava entrando na arena começou a ser empurrada para fora; não
viu brigas no local, mas que na hora do “empurra-empurra” teve gritaria e ficou sabendo
posteriormente através de comentários que houve uma briga. Logo depois dos fatos não viu
bombeiros, mas que muito tempo depois viu um bombeiro, chegando a falar com ele.
A testemunha de acusação Tiago Tonini Rosa informou que participou do evento
Jaguariúna Rodeo Festival e que em um primeiro momento não lembra de tudo pelo tempo que já
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passou, que não lembra o horário que chegou no local, mas que já estava lá antes de acontecer e
tinha trânsito para entrar no rodeio, mas que estava normal e estava no setor “vip”; não sabe dizer
quanto tempo ficou lá mas que quando começou o show, por volta da terceira música, a arena
estava com 70% de lotação aparentemente e que então saiu da ala “vip” com um amigo e entrou
no corredor; não conseguiu entrar dentro da arena, tentaram entrar e então comentou com o amigo
para voltar e quando virou para ir a praça de alimentação não conseguiu sair, começou o fluxo,
tanto para dentro quanto para fora, então entrou no corredor de acesso da arena e ficou parado no
corredor, não dava para entrar na arena, conseguiu virar e começou o tumulto; parou bem no meio
do corredor e começou a afunilar, ficou em pé sem estar com os pés no chão, começou a
pressionar, o amigo foi andando, não por ele próprio, foi levado pela multidão para a lateral e
conseguiu escalar a estrutura e subir; ficou no meio da largura do corredor e começou a ser levado
pelas pessoas, não conseguia empurrar ninguém, foi levado, a princípio olhou para frente e não
tinha ninguém, mas as pessoas estavam caindo umas em cima das outras; quando chegou nessa
hora de cair as pernas estavam entrelaçadas, caiu sem conseguir se movimentar, as pessoas caiam
por cima e paravam por cima. Deu o nome aos fatos de “tapete humano”. Não se recorda se o
portão de acesso ao corredor estava aberto ou fechado, mas que acreditava que estava querendo
fechar, mas não se recorda do que disse no depoimento; ficou um bom tempo deitado, com
pessoas embaixo dele e não conseguia se mexer, as pessoas passavam e ele tentava segurar nos
bolsos das calças mas não conseguia se levantar; levou um soco e desmaiou quando estava deitado
e uma pessoa jogou refrigerante no seu rosto para acordar; o recurso que possuía era gritar, pois
estava com a perna quebrada e pedia ajuda, foi quando uma pessoa de chapéu com mais duas
fizeram uma barreira, ajudaram ele a se levantar e perguntaram como ele queria sair de lá, segurou
nos ferros que tinha, escalou e desceu do lado da escada, onde ligou para amigos irem buscar. Na
entrada do corredor tinha uma discussão, mas não verificou se tinha briga; ficou sabendo de briga
envolvendo quatro pessoas dentro da arena, em direção ao acesso, viu um tumulto na frente do
corredor, mas não sabe dizer se era briga, e nem se o empurra empurra era em decorrência de uma
briga; não chegou a entrar na arena, apenas chegou na área coberta do corredor e quando chegou
nessa área coberta voltou; esclareceu que para acessar a arena tinha uma catraca e para a área vip
também e que frequenta o rodeio desde os 15 anos e que desde a criação da área “vip” não descia
mais na arena, ficava mais nesse local, dependendo do pessoal descia as vezes; informou que nas
outras edições que participou o evento era cheio do mesmo jeito que estava no dia dos fatos e que
não se lembra se houve entrada de pessoas com ingressos de outro show anteriormente cancelado
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em virtude de chuva e que normalmente acontecem brigas dentro da arena; antes de tentar entrar
na arena não tinha ido a outros setores, apenas saiu da área “VIP” e desceu para arena, só
contornou a arquibancada e entrou no corredor; no momento da descida o fluxo de pessoas numa
escala de zero a dez estava de sete para oito, que não estava completamente cheio, só estava lotado
próximo ao acesso da arena. Informou, também, que no começo a festa era mais organizada, mas
que já não é mais assim, a questão do fluxo, nos show de sexta e sábado a capacidade,
principalmente na praça de alimentação, não consegue nem caminhar, tudo com muita dificuldade.
No dia dos fatos utilizou o estacionamento e o movimento de veículos era de 07 numa escala de
10. Não se recorda de ter visto ambulância no recinto; quando saiu do incidente foi direto para a
enfermaria, mas não foi atendido porque havia outras pessoas em pior situação que a dele então
resolveu sair do estabelecimento, porém, não conseguiu porque o fluxo de carro era tão grande que
ficou 03 horas no congestionamento. No momento que estava em pânico ouviu o João Bosco e o
Vinicius falar que estava tendo briga e que teria muita gente para sair mas só isso, não teve
orientação ou alarme, que não ouviu nada disso. Ligou para um amigo que estava na área “vip” e
ele não sabia o que tinha acontecido e o evento não parou por conta do acidente, o show parou só
entre uma música para outra, eles deram o recado e continuaram o show. Informou que o evento
não teve interrupção porque as pessoas pensavam que os outros estavam bêbados, em coma
alcoólico, ninguém imaginava o que tinha acontecido, que tinha acontecido um acidente, as
pessoas perguntavam porque ele estava sujo e o restante do evento estava normal.
A testemunha de acusação Carlos Eduardo Dall Oca Fossa, que é namorado da
Bárbara, narrou que no dia dos fatos entraram na festa, comeram um lanche e esperaram o show;
ao começar, se dirigiram para a arena e ficaram em frente ao palco, ouviram três músicas e
resolveram sair, só que não conseguiam ir reto para a saída, tinham que sair pelo lado, pela lateral
e tinha muita gente; no havia saída pela lateral do palco, só próximo a arquibancada, então foram
direto para o fundo, estavam saindo e sua namorada Bárbara passou mal, tinha muita gente e então
ele a carregou um pouco porque teve uma briga que estava atrás da saída, eram quatro pessoas, a
briga estava na entrada do acesso, na arena, do lado esquerdo; indagado, informou que a briga não
influenciou na entrada deles na arena, sendo que ele só desviou e foi para a saída; que não
conseguiam ir para frente, pois quem estava atrás os empurrava, momento esse em que ele ficou
para trás e sua namorada Bárbara bem para frente; foram empurrados e tinham pessoas bem mais
altas que ele que estavam caindo, quem chegou primeiro ficou mais embaixo e foi amontoado pela
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0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 29
multidão. Não sabe de onde conseguiu se levantar, Bárbara, sua namorada, foi para seu lado, tinha
um rapaz em cima das ferragens e conseguiu levanta-la; logo em seguida conseguiu sair e foi até o
portão que estava fechado, sua prima estava mais para frente e já tinha saído de lá, mas contou que
não sabia e pediu para o segurança abrir o portão que tinha gente morrendo ali e o segurança lhe
disse que para ele descer; então foi para a frente e falou com um pessoal de fora, que estava em
volta bebendo ali, que começaram a sacudir o portão para abrir; estava um pouco atrás, quase no
começo e o portão quando entrou no corredor estava fechado e viu que dois seguranças estavam
fechando o portão e segurando, sendo que os seguranças não deram justificativa para fecharem o
portão e não viu pessoas no sentido contrário tentando entrar na arena, apenas sair. Disse que
próximo ao palco estava lotado, mas dava para ficar em pé e não avistou bombeiros, seguranças ou
alguém que pudesse ajudar as pessoas pisoteadas; levantou Bárbara e disse que ela deveria
encontrar sua mãe, nesse momento ele conseguiu subir e não viu para onde ela teria ido, momento
em que foi procurar sua prima e não sabe como Bárbara foi socorrida, mas sabe que foi com ele na
ambulância; não sabe quanto tempo ficaram no corredor, mas que foi tenso e que queria sair logo
de lá; Bárbara saiu pelos ferros e ele foi até o portão para falar para abri-lo e que somente nesse
momento em que pediu, que ele foi aberto. Foi a primeira vez que entrou na arena no Rodeio, pois
foi no mesmo evento, também em 2009, mas ficou no camarote, passando por catraca para chegar
no camarote. Ao ser questionado se teve conhecimento de amigos ou alguém teria lhe dito se foi
admitida a entrada de pessoas com ingressos de uma data cancelada anteriormente, informou que
não e relatou que se lembra que quatro pessoas estavam envolvidas na briga. Indagado, informou
que entrou na arena pelo mesmo acesso que saiu; que o fluxo de pessoas para entrar estava normal,
só que conforme foram adentrando as pessoas ficou complicado e que quando saíram pela lateral
do corredor, iniciando a travessia, o portão estava fechado. Relatou que assim que entrou no
corredor já viu pessoas caídas, no momento em que entrou, reparou que estava fechado, o pessoal
estava apertando uns nos outros e ele foi se distanciando das duas pessoas com quem estava, não
se recordando a que distância parou do portão fechado e acha que o empurra-empurra se deu por
conta do número de pessoas.
A testemunha de acusação Gonzalez Gegollotto, que estava no Rodeio na noite
dos acontecimentos, narrou que estava em um show sertanejo com uns amigos da Universidade e
que quando começou o show estava num local alto; entrou com três pessoas e mais a menina que
faleceu e viram que começou a apertar muito rápido, como uma entrada apertada, não sabe dizer
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se barraram a entrada da frente, sendo que não ia para frente e nem para trás. As pessoas tentavam
entrar, mas não sabe se foi um tipo de arrastão, mas que poderia ser porque roubaram o celular e
verificou isso na hora; não sabe dizer se alguma amiga teve o celular furtado, só a amiga que
faleceu e as outras pessoas que estavam com ela que ficou, o resto conseguiu sair. Não soube dizer
se não foi aberta a porta da frente na hora do empurra empurra, mas imagina que estava fechada
porque não conseguia ir para frente e os de trás pressionavam para entrar; caiu no chão de costas e
várias pessoas caíram por cima, muita gente gritava mas não sabe dizer quanto tempo durou
porque desmaiou e quando acordou tinha uma roda de gente em volta e levaram para um pronto
atendimento, depois foi para casa de amigos em Holambra e depois disso que ficou sabendo do
óbito da amiga de faculdade “Jane”. Informou ainda que ela faleceu por conta do tumulto, que
ouvia ela pedir socorro e via um amigo chamando por ela mas depois não ouviu mais. Disse que
no rodeio tinha seguranças mas no local em si não e que em razão do ocorrido teve traumatismo
craniano; que o tumulto aconteceu em uma das entradas para a arena, mas que não chegou a entrar
e imagina que tivessem várias saídas de emergência, pois eram vários corredores de entradas de
acesso e esse que deu problema era para dentro do show; o acesso era tanto para entrar quanto para
sair; que foi socorrido de maca mas demorou mais de 15 minutos e que tinha fila no
estacionamento como qualquer rodeio e chegou por volta das 22h00; não havia fila na catraca para
entrar porque o show já havia começado e só tinha fila na entrada do show; que não viu briga no
recinto onde estava por isso achou que fosse arrastão, porque roubaram seu celular e só depois do
incidente, depois de um tempo que estava deitado que chegou SAMU ou bombeiro. Não teve
sequela, apenas abalo emocional.
Testemunhas de defesa (Valdomiro)
A testemunha de defesa Ricardo José Bellem, que é advogado do evento desde
até 2010 e também fazia parte da organização do evento, explicou que o evento conta com vários
responsáveis em cada segmento, sendo ele a pessoa responsável pela parte jurídica do evento,
encarregado de providenciar toda a documentação necessária para a realização do evento em si,
preparação de todos os ofícios, alguns contratos, participava de reuniões junto com a Polícia
Militar, além de outras atividades, como por exemplo, no dia, recepcionava alguma eventual
autoridade que comparecia no evento, participava algumas vezes na vistoria, acompanhava a
vistoria feita pelos bombeiros, etc, mas em 2009 não acompanhou a vistoria. Esclareceu que era
contratado pelo Valdomiro, na verdade, pela Red Eventos cujo sócio é o Valdomiro; que a Dra
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Maria Carolina era a pessoa que fazia o plano, apresentava o trabalho e uma ART para edificação
das estruturas móveis, como arquibancada e camarote e o palco em algumas vezes; que existiam
funcionários da empresa que iam até o local e executavam e que quanto a Maria Carolina não
pode precisar se por vários anos ela fez isso nos eventos do Jaguariúna Rodeio Festival, mas que a
empresa que montava era uma empresa que estava há vários anos atuando com eles, que era a
Neto Pavan, mas que não pode precisar se Maria Carolina era a mesma engenheira, mas que a
empresa era a mesma, Neto Pavan, durante anos e anos. Acerca de Flávio, contou que ele era
engenheiro, como é até hoje, que prestava serviços, e que Flávio o auxiliava muito nas atividades
que eram necessárias inclusive para efeitos de segurança do evento, informando que para que o
evento ocorrer ele tem um plano de abandono, rota de fuga, cálculo de abertura, isso tudo sendo
encaminhado com protocolo ao corpo de bombeiros, no 7º Grupamento em Campinas, e que eles
depois disso eles passam a fazer uma série de exigências e então o trabalho é complementado com
o que eles vão pedindo, então indo de extintores de incêndio até cálculos de rota de fuga e cálculos
de abertura de passagem e saída de emergência, e o Flávio acompanhava isso juntamente com o
Corpo de bombeiros. Contou que Flávio lhe deu grande apoio na confecção e acompanhamento de
alguns documentos, sendo uma pessoa extremamente diligente com o trabalho que ele fazia; não
sabe dizer se também acompanhou a execução do projeto de combate a incêndio, mas sabe dizer
que Flávio era diligente com seus serviços, sempre sendo o primeiro a chegar no evento e o último
a sair de manhã cedo.; que Flávio já tinha contribuído em outras edições do rodeio, com muita
maestria, inclusive ressaltando que existe hoje uma técnica de segurança em evento que foi
estudada e tratada com o próprio Flávio, os próprios bombeiros, os próprios policiais juntos, com
relação à essa segurança. Acerca da venda de ingressos, contou que no evento, em alguns anos,
chegaram a receber o AVCB para até mais de 30 mil pessoas, mas que não saíam vendendo os 30
mil ingressos, mas sim, por lotes, com apenas um percentual de 5% que é colocado um pouco
antes, que vai indo até observar quando realmente vai conseguir o AVCB, para aí a empresa de
ingressos, bloquear, por exemplo;que conseguiriam receber o de 30 mil como foi o caso daquele
ano, só é possível vender 30 mil ingressos, não é possível sequer efetuar a venda de 30 mil,
contando inclusive as cortesias. Ressaltou que apesar de o AVCB ser concedido apenas no dia,
nem todos os ingressos são totalmente vendidos antecipadamente, lembrando que são três fins de
semana de evento; que não são todos vendidos antecipados, tendo alguns sendo vendidos ainda
durante a realização do evento, até a chegada do AVCB pra saber quantas pessoas de fato vão
poder entrar no evento. Acerca do controle de acesso do público, contou que era feito através de
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catracas, pela empresa chamada "Catrespe", e quem fazia a emissão com código de barras era a
Ingresso Rápido, salientando que após a emissão feita pela Ingresso Rápido, com código de barras,
então esse código de barras era validado e passado pela catraca e na catraca ficava registrado o
público que ingressou dentro do evento, ai considerando público e inclusive cortesia, porque os
funcionários tinham outro tipo de acesso, através de credenciais;que os competidores e os
funcionários utilizavam-se de credenciais, que passavam também através de catracas, mas não as
mesmas catracas destinadas ao público, porque caso o competidor por exemplo, depois quisesse
se dirigir ao camarote, ele tinha uma credencial pra isso;que naquele dia não existiam mais de 400
credenciados, contando funcionários e competidores, incluindo ele mesmo, ressaltando que nem
todos os credenciados entram em todos os lugares do evento, como exemplo aquele que é
credenciado para trabalhar na praça de alimentação, não tem acesso à área VIP, Lounge,
Camarote; que os 400 credenciados estavam inclusos no público máximo da capacidade estipulado
no AVCB de 30 mil, no caso, e que eles não saem no Borderô e nem na catraca de público, mas
eles são contabilizados para efeito das pessoas que vão estar todas no evento, dizendo então que
esse número não vai além do que o AVCB permite.; que o Senhor Valdomiro sabia que o AVCB
era em 30 mil pessoas, então como os credenciamentos era feitos antecipado, ia deduzindo do
valor de 30 mil pessoas permitidas no evento, então a Ingresso Rápido emitia os convites de
acordo com a necessidade e a ordem, e as pessoa validavam os ingressos e passavam pela catraca e
a catraca registrava, inclusive por isso que pode-se ter mais pessoas, mas menos na catraca, porque
as vezes as pessoas não iam, algumas cortesias não iam; que o limite de convites emitidos era
calculado também de acordo com a quantidade de pessoas no evento, pois não era possível admitir
um número de pessoas maior do que o estipulado no AVCB de 30 mil; que se lembra que um dia
antes dos fatos teve um evento, e que devido a uma grande chuva não foi realizado, essas pessoas
receberam seu dinheiro de volta, ou aqueles que queria ir no evento, iam na bilheteria onde estava
acontecendo o evento na sexta-feira (dia dos fatos), então ao se dirigir no guichê, e recebia o valor
do ingresso e fazia o que queria com o dinheiro, podendo até mesmo comprar outros ingressos;
que não teria como alguém com ingresso do show anterior entrar em outro, pois eles são emitidos
com código de barras, e se o código de barras não for o correto, vai ser barrado. Contou que seis
meses antes da data do evento começa-se a pensar no projeto, no modelo pretendido, e que a
organização já tem uma ideia do que pretende e ela então coloca isso a apreciação das pessoas
competente para tanto, contando que é por isso que ele anexa todas as ARTs em todos os eventos
que ele realiza, que com a obtenção do AVCB, ART e licença que montras a possibilidade da
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realização do evento; que é feito um projeto comercial, projeto elaborado de concepção para se
tornar o Rodeio, idealizando-se, levando a apreciação de quem é competente que é quem
determina se aquilo é possível ou não, mediante sua capacidade técnica. Quanto ao portão, onde
foi questionado especificamente quem determinada que aquele portão deveria ficar ali e se serviria
de entrada ou saída, ou ambos, contou não se encontrava no momento, pois levou sua mãe e sua
filha pequena para São Paulo, e quando saiu passou em frente ao portão e tudo se encontrava
normal, porém quando estava chegando em São Paulo, recebeu a ligação contando o ocorrido;
quando retornou, a Polícia Militar já havia recolhido o fluxo de pessoas da catraca da "Catresp", já
tinha recolhido da Ingresso Rápido, e alguns documentos que foram para delegacia, para onde se
dirigiu em seguida, retornando depois e participando de uma reunião, onde chegou a Polícia Civil;
que foi questionado acerca de como funcionavam os portões, foi então que contou à polícia que os
portões existem porque onde as pessoas ficam para assistir o show depois é o mesmo lugar onde
acontece o Rodeio, então são necessários portões para garantir a integridade física das pessoas
pois os bois poderiam passar, então fica um portão de duas folhas, portão eu abre e fecha, e ficha
fechado durante o Rodeio, e quando acaba o Rodeio os seguranças abrem o portão e as pessoas
entram, sempre ficando seguranças, e que antigamente ficava a segurança e a polícia militar
também; que nos eventos anteriores aquele portão sempre existiu e aquele corredor sempre serviu
como entrada e saída, inclusive não existia nenhuma proibição da mesma entrada ser usada como
saída, passando, apenas em 2011, existir a norma de não poder usar o mesmo acesso para entrada
em saída, depois do ocorrido em Santa Maria; ressaltou que tanto não existia proibição, que era
vistoriado pelo Corpo de Bombeiros que concedia o AVCB. Contou que na época os Ingressos
eram vendidos setorizados em Ala VIP, Camarote e também setores como arena, pista, e tudo
estritamente dimensionado e contabilizado dentro desse número de pessoas que era permitido para
venda, ressaltando inclusive que antigamente não constava no AVCB o número específico de
pessoas por setor, como por exemplo, o número de pessoas que poderiam ficar na praça de
alimentação, o número de pessoas na arena e que tudo isso só passou a existir depois do
lamentável incidente, mas que os ingressos eram vendidos setorizados, pista e todos os acessos,
Camarote e Ala VIP, contou que não lembrava-se claramente se trabalharam com arquibancadas,
mas acha que teria uma pequena arquibancada do lado da face direita de quem entra na arena; que
quem comprava os ingressos para Arquibancada, Camarote e Ala VIP tinha acesso à arena, depois
que acabasse o Rodeio, porém poucas pessoas acessavam, porque era muito mais confortável ficar
na área VIP e Camarote do que na arena; que não havia controle de acesso para a arena, somente
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para a entrada do evento em si, com as catracas. Questionado, informou que no ano dos fatos o
limite concedido pelo AVCB era de 30 mil pessoas; que o AVCB continha apenas essa
especificações e que no verso, que era destinado às observações, continha somente o nome dos
engenheiros responsáveis e suas ARTs, diferente do que aconteceu nos anos de 2010 e 2011, onde
tinha especificado o número de público permitido em cada setor, mas que no ano de 2009 em
específico, não tinha. Contou que na festa existem alguns pontos, como o do Show, que leva as
pessoas a se dirigirem para a arena, mas que naquele ano em específico, não se recorda de ter
acontecido qualquer tipo de problema tanto que estavam na terceira semana de evento e tudo
transcorrendo com o mesmo projeto, perfeitamente e elogiado com o padrão de organização e nada
foi relatado com relação à isso, não existindo nenhum tipo de problema até aquele dia; que apenas
ouviu falar pois não estava lá que no momento da entrada das pessoas que acessavam a arena,
ocorreu uma briga, essa briga gerou um tumulto e as pessoas correram e infelizmente 4 jovens
foram pisoteados e vieram a falecer; que é disso que sabe pois lhe foi relatado por mais de uma
vez e por mais de uma pessoa, no dia dos fato, estava lá até mais ou menos meia noite, meia noite
e meia e enquanto observava o local, viu tudo transcorrer normalmente, não vendo nada
excepcional, tendo um público bom, mas não lotado, as pessoas andavam normalmente e que, se
fosse possível uma foto do alto, era possível ver que não encontrava-se lotado e que, não podia
precisar, mas que na época o permitido era 4 pessoas por metro quadrado. Contou que o projeto
era feito com base num cálculo, de que, por exemplo, uma pessoa sentada ocupa mais ou menos
50 ou 60 centímetros, então, concebível, 4 pessoas por metro quadrado, contando que assim
respeitava-se o limite do AVCB, pois era dessa maneira que o Bombeiro pensava e posteriormente
isso mudou, devido a tudo que aconteceu no Brasil todo. No dia do acidente, esteve lá na abertura
da festa e questionado sobre quem foi o responsável por abrir o evento e liberar as catracas,
respondeu que o evento não abre sem que o Comandante da Polícia Militar designado para aquele
di, determinasse e para que fosse determinada a abertura, ele deve acompanhar cada setor do
evento e vê se esta tudo de acordo, indo por exemplo no ambulatório e verificando se há
medicamentos ao conversar com o médico e indo até os seguranças e contando os seguranças para
verificar se está de acordo com o número de seguranças que lhe foi informado que teria naquele
dia, verificando os brigadistas, checando todos os acesso e só então autoriza a abertura dos
portões, não ficando a critério da Polícia Militar que determina ou não a abertura; naquele dia em
específico tudo correu normalmente e não foi feito nenhuma observação ou exigência, correndo
tudo como sempre tinha ocorrido. Não viu mas tomou conhecimento de que o fato determinante
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para que ocorresse aquele acidente, pessoas lhe informaram que havia ocorrido uma briga, que
gerou correria e houve um encontro naquele setor, que é o setor de acesso, não na arena, mas no
acesso entre a praça de alimentação e a arena, momento em que teria ocorrido o clarão e que nesse
momento houve o pisoteamento, onde esses 4 jovens vieram a falecer e que foi um caso
totalmente isolado, tanto que só ficaram sabendo do acidente em momento bem posterior, pois foi
um fato isolado, por isso o show continuou, pois pessoas que estavam na festa, foram embora após
o final e não ficaram sabendo, pois não foram impactadas por esse fato, pois foi isolado e contido
com muita rapidez, pois os seguranças conseguiram controlar, os socorristas e brigadistas atuaram
encaminharam pra equipe médica que tinha especialistas inclusive em trauma, chefe da liga do
trauma do estado de São Paulo, que era o responsável, com médicos, auxiliares, enfermeiros e uma
UTI que era até possível fazer intervenção e ambulância. Contou que envolvidos de alguma forma
na segurança do evento naquele ano, para propiciar o bem estar do público, 300 pessoas, ai
considerados controladores de acesso, seguranças e equipe médica; no local dos fatos existia um
ponto específico de seguranças, que já havia sido tratado em reunião com a Polícia Militar, e era
um ponto ondo colocava-se um número superior de seguranças, e inclusive em frente aquele local
tinha uma estação de uma guarita superior ali, sempre sendo um lugar sempre atendido, bem como
todo o evento. Ouviu um relato de que a Polícia Militar prestou socorro a uma das vítimas, então
ela (Polícia) reclamou que não existia projeto de segurança, mas salientou que ela saiu pela
entrada, que tinha um projeto de segurança que foi entregue protocolizado onde encontravam-se as
saídas de emergência, sendo que ele utilizou uma saída de emergência que era para ser utilizada
apenas após o final do evento, ao final do show, e que ela quis sair justamente na entrada daquele
avenida principal que direciona-se ao Lounge, quando na verdade, eles tinham orientação no
projeto que era para descer a esquerda, tanto que as outras ambulâncias assim fizeram, achando
por fim que o que ocorreu foi um engano, talvez por desconhecimento de algum, porque todo o
projeto de segurança foi encaminhado para os órgãos competentes. Acerca dos documentos
apreendidos, contou que existia o Comandante da Polícia Militar, como todos os dias do evento, e
ele entrou no administrativo e recolheu uma série de documentos e encaminharam para a delegacia
juntamente com as pessoas da organização que lá estavam, inclusive uma pessoa responsável pela
Ingresso Rápido, isso foi o que lhe foi informado, pois quando ele chegou de São Paulo eles todos
já estavam na Delegacia, mas isso ocorreu instantes depois do acidente e Comando da Polícia
Militar reagiu com rapidez, e instantes depois de todo o ocorrido eles já estavam no setor
administrativo recolhendo os documentos e levando as pessoas da organização para a Delegacia.
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Sabe que naquele mesmo dia uma pessoa veio até o hospital de Jaguariúna e acompanhou o
desenvolvimento da situação, pois não se sabia quantos feridos ou falecidos, após isso, contataram
um colega para que ele fizesse essa ponte imediata com a família da pessoa, tanto que a
organização se responsabilizou e cuidou do translado dessas pessoas, lembrando que a família de
uma das moças que faleceu é de Goiás, Goiânia, e que foi feita toda a assistência necessária, e que
posteriormente algumas ingressaram com as ações de indenização, nem todas, porque faleceram 4
pessoas, e 3 ingressaram com as ações, uma delas não, a de Goiás, e mesmo assim a família foi
procurada e foi celebrado um acordo com os mesmos valores e condições com os quais foi
celebrado com as outras vítimas, todos os acordos foram homologados, com exceção daquele feito
extrajudicialmente. Questionado sobre o dia seguinte do incidente, informou que eles tinham um
número de patrocinadores e ingressos vendidos e naquele dia, de manhã, ele foi até a prefeitura de
Jaguariúna, de manhã, e naquela época o Prefeito era o Senhor Gustavo Reis, e chegando lá todos
os vereadores e o prefeito querendo explicações do que ocorreu no evento e ele prestou tais
informações, e naquele momento ele contou que gostaria, se fosse possível e se tivessem
condições e segurança, fazer o evento, porque naquele ponto, muitas pessoas já haviam se dirigido
à Jaguariúna, era o show do Roberto Carlos; então sugeriu que isso fosse submetido à apreciação
de pessoas que pudessem atestar esses fatos e aí foi criada a comissão, composta pelo presidente
da OAB, por um engenheiro da prefeitura e não recorda-se se foi requisitada a presença do corpo
de bombeiros, pois não estava nessa vistoria, e nessa ocasião foi averiguado que o evento possuía
condições, e o bombeiro que foi depois no local não encontrou nada que desabonasse a realização
do evento, e levando em conta as pessoas que já haviam comprado ingressos e se deslocado até
Jaguariúna, ele buscou os meios legais; como deveria dirigir-se até a comarca de Amparo e
manifestou-se através de petição solicitando a realização do evento no dia que seria no sábado, o
que foi indeferido por determinação do Dr. Fabricio, e com a informação dessa determinação é que
então pode manifestar-se com todos, inclusive com os patrocinadores, pois era necessário dar uma
prestação acerca da situação e com essa decisão negando, ele pôde contar a todos que o evento não
se realizaria naquele dia, inclusive a Polícia Militar já se encontrava no local com os portões
fechados por determinação judicial. Naquela manhã, durante a reunião e depois a vistoria, ele não
estava, estando apenas na vistoria anterior, realizada com a polícia civil, com os investigadores
aqui de Jaguariúna, onde foi pedido que ele mostrasse o local e eles viram os portões, que abriam
dos dois lados e que eles não tinham cadeados e trancas, mas que ele, pessoalmente não participou
da outra vistoria, mas sabe dizer que foram ratificados os termos do AVCB, não havendo nenhum
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impedimento de ordem técnica para continuidade do evento, que só não ocorreu porque o Dr.
Fabricio entendeu que não deveria ocorrer. Acerca das catracas, contou que lembra-se de terem
sido contratadas através da empresa, cerca de 34 catracas que seria distribuídas pelo evento todo,
10 dessas catracas seriam direcionadas para divisões internas, por exemplo, para regular a entrada
da praça de alimentação para o Lounge, ressaltando que também trabalham com 4 catracas de
reserva, e o restante é distribuído nas entradas.
A testemunha de defesa Oscar Eduardo Moretti, que trabalha com o corréu
Valdomiro e participa da organização da festa mencionada na denúncia há vinte anos, narrou que
em todas os outros eventos e ele coube a responsabilidade pela organização do estacionamento de
veículos; que na data dos fatos, trabalhava normalmente e não identificou, a despeito da
experiência em eventos daquela natureza, quaisquer omissões ou irregularidades que pudessem
contribuir para o lamentável episódio. Sempre houve rigoroso controle de público e todas as
normas técnicas relativas à prevenção de acidentes eram observadas. Acredita que as mortes e
lesões corporais não decorreram de falhas imputadas à organização do evento, mas à aglomeração
de pessoas provocada por uma briga. Conhece o corréu Valdomiro há mais de vinte anos e trata-se
de pessoa honesta, correta e responsável na condução do trabalho que lhe cabe. Conhece também
os demais acusados em razão do contato profissional e não tem quaisquer críticas em relação a
eles. Questionado, contou que acredita que na noite indicada na denúncia havia aproximadamente
seis mil veículos (carros) no estacionamento; os ônibus e as vans permaneciam em estacionamento
separado e que acredita que havia aproximadamente vinte ônibus naquela noite. Em razão da
experiência adquirida ao longo dos vários eventos dos quais participou, estimou que cada veículo
automotor (carro) transportasse em média três pessoas e que o estacionamento não chegou a ser
fechado em razão do excesso de veículos (o fechamento sempre ocorre quando o número de
veículos supera a capacidade). Para melhor organização do estacionamento, tem por hábito buscar
informações aceca do público esperado em cada noite e que naquele dia ouviu do responsável
(Dagmar) que o público esperado era de aproximadamente vinte e duas mil pessoas, tendo
recebido essa informação quando ainda havia vendas. Relatou que embora não haja regra bastante
precisa, a maior parte do público deixa o evento em três ocasiões: após o rodeio, após o show e
quando do encerramento das atividades e acredita que na noite indicada na denúncia o evento
tenha recebido vinte e cinco ou vinte e seis mil pessoas. Aduziu que a venda dos ingressos não
cabe ao corréu Valdomiro, senão uma empresa terceirizada, Ingresso Rápido, ou algo semelhante;
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que o controle de fiscalização das catracas (acesso do público ao evento) também não cabe ao
corréu, senão a uma empresa terceirizada cujo nome não se recordou e que não obstante o
incidente mencionado na denúncia, não houve qualquer tipo de problema com a saída de veículos
que estavam no estacionamento. Informou que o evento não conta apenas com ambulatório, mas
também com quatro ambulâncias; que antes mesmo do início do evento há todo um planejamento
sobre o trajeto que tais ambulâncias hão de percorrer em situações de emergência e que o corpo de
bombeiros não apenas vistoriou mas também aprovou o recinto naquela ocasião. Salientou que a
organização do evento não cabe exclusivamente ao corréu Valdomiro, mas também a várias
empresas terceirizadas. Indagado, informou que o evento mencionado na denúncia se deu na
última semana da festa e não se recorda com precisão o dia exato; que a expectativa de público
varia de acordo com o dia da festa e as atrações previstas (entre dez mil e vinte e seus mil pessoas)
e, por fim, ue não houve nenhum outro incidente significativo durante todo o evento e atribuiu as
mortes e os ferimentos ao acaso, como fatalidade.
A testemunha de defesa Silvio César Vieira de Andrade, fazia parte da
organização do evento na parte administrativa, sendo preposto de uma empresa de segurança e era
o responsável pela segurança do local na data dos fatos. Informou que tinha um alvará expedido
pela Prefeitura de 30 mil pessoas e que não chegou a vender todos esses ingressos. Indagado de
que o limite máximo permitido era para 25 mil pessoas, disse que não tinha conhecimento disso,
tanto que foi expedido para 30 mil pessoas o alvará. Aduziu que foram respeitadas as
determinações do Corpo de Bombeiro e Polícia Militar, tanto que o alvará só é expedido no dia do
evento. A respeito da projeção das saídas de emergência que foram de aproximadamente 7 metros
a menos do que deveria ser, disse que é impossível ter acontecido sem que o corpo de Bombeiro
medisse e liberasse o alvará. Afirmou que a lotação máxima para 30 mil pessoas era para o evento
em si, mas não era limitado nada por local; que para o evento eram vendidos ingressos comum e
VIP e que as pessoas que compravam ingresso VIP tinha acesso à arena; que o formulário descrito
que reduziu a capacidade da arena para dezenove mil e duzentas pessoas. Asseverou que
participou do evento de 2009 e 2010 com Valdomiro; participou de duas reuniões com a policia
militar, mas que foram feitas aproximadamente umas 5 reuniões e que não é possível a abertura
dos portões sem a liberação da policia militar e que a policia militar não libera o evento, sem que
todos os seguranças estejam presentes no local. Informou que na noite dos fatos tinha 25 mil
pessoas presentes; que estava presente no dia dos fatos, bem como que estava bem próximo do
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local e que viu um tumulto no momento e um briga rápida. Mencionou que a saída de emergência
esta aberta e que houve a necessidade de fechar os portões, pois tinham 4 pessoas feridas no chão.
Disse que foi prestada assistência aos familiares das vítimas no dia e após o acontecido e que 97%
eram empresas terceirizadas que prestavam serviços para o evento. Salientou que no dia do evento
havia catracas na entrada, bem como que os ingressos de cortesias estavam computadorizados
junto com o limite de 30 mil pessoas; que não há possibilidade de serem vendidos mais de 30 mil
ingressos e que sua função era em primeiro lugar fazer a triagem do pessoal, abordagem, revista,
controle, indicação dos locais, controle do pessoal, evitar brigas e tumultos. Informou que havia
132 homens disponíveis para o evento e tinham outras empresas para cuidar do serviço
patrimonial, que era a Los Angeles e outra empresa para cuidar do Camarote e fundo do palco,
mas não ajudavam com a parte dele. Com relação a segurança, explicou que é feita uma reunião
com o comando da PM e eles passam o número de pessoas que esperam no evento e o número de
seguranças contratados e é feita a reunião com o comandante do policiamento; que foi passado
para a PM a quantidade de pessoas e o efetivo de seguranças e que a principio houve concordância
da PM, que eles fizeram a checagem dos seguranças e que foi apresentado o plano de fuga para a
PM. Antes do dia do acontecimento não teve nenhum tipo de problema, nenhum roubo, briga ou
problema; que a única coisa que acontece muito é furto e a PM só ficou do lado de fora, porque foi
acordado assim; que antes de abrirem os portões para o início do evento houve contagem dos
seguranças pela PM, também de bombeiros. 132 seguranças e 30 brigadistas foi contado pela PM,
por amostragem e individualmente e primeiro se conta o efetivo depois é feito um mapa
pontuando onde fica cada segurança, sendo que a polícia militar checou isso. Informou que estava
lá na abertura dos portões e não teve nenhum fato que impedia o início do evento; que passou no
local um minuto antes e, quando se ausentou, estava uns 50 metros, a bombeira que estava no local
o chamou e chegou lá em 30 segundos e presenciou tudo o que aconteceu. Informou que assim que
a bombeira chamou, retornou e chegou em 30 segundos porque não estava longe, sendo que o
tumulto já estava criado, imediatamente chamou mais seguranças e no local já tinha 4 seguranças e
chamou mais uns 12. Supõe que teve uma briga dentro da arena e o pessoal da arena estourou
deduzindo que alguém insinuou algo de arma, então estourou para o lado de fora e ainda tinha
muita gente tentando entrar; então tinha gente tentando entrar e gente tentando sair. Então,
posicionou seguranças na entrada da arena para impedir que mais pessoas entrassem e foram
tirando o pessoal que estava dentro do corredor, que infelizmente foram até pisoteados. Informou
que o portão em nenhum momento foi fechado, o que aconteceu foi que para tirarem as pessoas
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tinham que estar com o portão aberto. Era um portão que abria e fechava para os dois lados, o que
aconteceu era que muitas pessoas embriagadas que não estavam preocupadas com a situação
empurravam tentando fechar o portão, mas os seguranças não permitiram que isso acontecesse;
que havia bombeiro e brigadista no momento do problema e quem o chamou foi um brigadista.
Disse que mantinha quatro seguranças em cada entrada; que as pessoas foram socorridas
imediatamente, infelizmente houve um estouro do momento que ele chegou até controlar a
situação que não chegou a 10 minutos. Reafirmou que chegou no local em no máximo 30
segundos, porque estava próximo, e o socorro a todas as pessoas não chegou a passar de 10
minutos, tanto que 90% do público que estava na festa nem ficou sabendo do que estava
acontecendo, a festa continuou normalmente. Após a ordem judicial trazida pela PM para parar a
festa é que começou a evacuar o local. Disse que tem posto médico onde ficam as ambulâncias e
tem uma ambulância que presta primeiros socorros atrás do palco, onde ficam os peões e no posto
médico tinha ambulância; que no local a mesma entrada usa-se para saída de emergência e tem
duas entradas de frente ao lado do palco que não precisaram ser utilizadas, porque o problema foi
pontual na entrada. Não sabe dizer se tem entrada e saída diferente, sabe que tem uma entrada de
autoridades que pode ser utilizada por ambulância, que sai em uma marginal que cai na rodovia e
que havia 05 saídas da arena; as duas que são frontais estavam indicadas como saída de
emergência e as outras apenas como saída. A orientação era sempre deixar o portão aberto, mas o
portão abria e fechava então tinha que ficar atento para que vândalos não fechassem ele
indevidamente, por isso deixava sempre 04 seguranças no local; esse portão antes do show fica
fechado porque acontece o rodeio na arena e quando as provas terminam as pessoas entram para
ver o show. Informou que estava bem cheio o Rodeio na data dos fatos e que para acabar o tumulto
demorou 10 minutos, sendo que a retirada das pessoas foi imediata, não passou de 10 minutos.
Informou que do posto médico a ambulância tem saída exclusiva pelo caminho das autoridades; o
posto médico tem uma saída exclusiva para viatura e tem saída para uma rodovia, enquanto que o
público entra por outro lugar, mas não tem certeza porque isso faz parte da área externa e ele não
tem conhecimento.
A testemunha de defesa Dagmar Pereira dos Santos relatou que no dia dos fatos
estava no depósito A&B (Alimentos e Bebidas) coordenando o depósito e no momento do acidente
estava em um local chamado de “casulo” que é o local em que sai a distribuição das bebidas; ficou
sabendo que houve um briga na arena e as pessoas saíram pelo lado em que entraram; ficou
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sabendo que a lotação máxima do rodeio era para 30 mil pessoas e não sabe a quantidade de saídas
de emergência e nem o tamanho delas; não sabe informar da conduta dos seguranças no momento
do acidente, pois não estava no local no momento e informou que Valdomiro estava presente no
evento no data dos fatos. Disse que havia uma empresa contratada chamada de "Ingresso Rápido",
para gerenciar a venda dos ingressos; que os seguranças e médicos tinham o acesso através de
pulseiras e passavam em uma catraca separada; que o acidente aconteceu quando o show já havia
iniciado; que as pessoas feridas foram levadas para o hospital e o evento continuou normalmente
após o acidente; que o controle de acesso era feito por um computador de ingresso para validar o
ingresso e que brigas pequenas são comuns em rodeios.
A testemunha de defesa Marcelo Jones Lopes Pereira, que prestava serviços no
dia dos fatos na parte de competição do evento, relatou que ficou a noite toda presente, mesmo
após o show começar, mas que não chegou presenciar o tumulto que causou as mortes, ficou
sabendo posteriormente, pois estava do outro lado da arena. Asseverou que o senhor Valdomiro
era presidente da Red Eventos e administrava todo o evento; que no momento do acidente estava
entre o palco e o camarote, bem como que próximo ao local onde estava tinha 4 (quatro) saídas de
emergência, mas não houve necessidade de evacuação de pessoas e que conseguia visualizar a
arena e que a frente estava lotada, pois as pessoas querem ver os cantores e as laterais estavam
vazias.
A testemunha de defesa Ricardo Molina de Figueiredo informou que faz perícias
há 22 anos e que o que aconteceu no dia dos fatos foi um evento local, muito restrito a uma
determinada área, um conflito de movimento no qual houve um refluxo de pessoas que estavam
entrando na arena que entraram em contato com as pessoas que queriam sair da arena. Informou
que, tecnicamente, pisoteamento existe quando há um pico de compressão, muitas pessoas e um
súbito evento de descompressão. Se não há espaço vazio a pessoa não cai, é o que ocorre quando
há uma alta compressão. Quando ocorre um pico, abre-se um espaço e as pessoas caem, foi o que
ocorreu. Informou que a briga ocorreu na boca do túnel e que o perito oficial admitiu a existência
da briga e que várias pessoas também viram isso. Informou que nesse caso aconteceu a fatalidade
que levou as pessoas a voltar, querendo sair, enquanto outras pessoas queriam entrar sem saber o
que estava acontecendo. Informou que não existe placa de saída, luz verde ou de outra cor para
evitar isso; que segurança no momento de pânico não adianta nada, as pessoas entram em pânico e
geralmente fazem o que não devem fazer e que pode afirmar que houve aglomeração nas saídas
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um e dois, mas não superlotação, sendo que antes do fato as pessoas estavam rindo, tirando
fotografias, passando com bebidas nas mãos. Informou que não pode dizer que a proximidade das
saídas foi o evento causador, foi a briga que causou o pânico. Informou também que a norma não
fala que não pode ter entrada e saída na mesma via, pode ter saída e entrada na mesma via, não há
impedimento normativo quanto a isso. Disse que foi uma fatalidade o que aconteceu e não haveria
nada que pudesse ser feito para impedir o acontecimento. Informou também que os números não
são absolutos, que muita gente entrou, mas também muita gente saiu e essas saídas não foram
contabilizadas, de modo que fica praticamente impossível indicar quantas pessoas estavam no
local na hora do acontecimento. Quando perguntado se a briga foi o evento deflagrador do
ocorrido respondeu que correria da briga, que há um pico de compressão e descompressão, se o
portão estivesse fechado haveria aumento da compressão e as pessoas seriam pressionadas contra
o portão.
Testemunha de defesa (Flávio)
A testemunha de defesa Félix Walter Germer Júnior contou que não estava no
Rodeio no dia, mas ficou sabendo do que teria acontecido através de jornais. Contou que é
engenheiro civil e tem uma empresa que presta serviços na área de engenharia, e que o tipo de
serviços que presta é semelhante ao que o réu Flávio prestava. Ao ser indagado, contou que o
objetivo da implantação de um projeto de prevenção e combate à incêndios é a segurança pessoal,
ambiental e depois patrimonial; que é solicitado ao cliente a planta arquitetônica e se possível com
o "layout" do interior, para poder fazer um bom projeto em termos de cobertura dos elementos.
Acerca do dimensionamento do projeto, contou que visa atender o Decreto vigente e as instruções
técnicas, cada uma com seus tópicos, tendo que atender no âmbito de todas as instruções daquele
projeto. Afirmou que posteriormente aos fatos teve acesso ao projeto que foi apresentado naquela
ocasião, recebendo uma cópia do Flávio, que lhe procurou e apresentou o projeto para que fosse
feita uma avaliação e que, pela sua análise técnica, as saídas de emergência dimensionadas pelo
projeto eram totalmente satisfatórias para o escoamento do público e que o projeto tinha sido
inclusive aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Falou que as saídas de emergência estavam
dimensionadas de acordo com a capacidade populacional do ambiente e estavam totalmente de
acordo com o necessário. Ao ser indagado, contou que após a emissão do auto de vistoria pelo
Corpo de Bombeiros, uma vez que implantado o projeto previamente aprovado, a operação do
sistema não é de responsabilidade do autor do projeto; que a responsabilidade do autor do projeto
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é de apresentar o projeto para análise e aprovação doo projeto, sendo que depois ele entrega para o
proprietário que vai dar a continuidade para a implantação do mesmo e a solicitação de vistoria e
que o autor do projeto não tem a obrigação de acompanhar a realização do evento.
A testemunha de defesa Adriana Godoy de Chami Alves informou que estava na
arena na hora que ocorreu o acidente, com as suas duas filhas, o marido e três amigas das filhas;
estavam como convidados, como todos os anos, desde o primeiro ano do rodeio em Jaguariúna,
que vai todos os anos em família, então estavam em dois adultos e cinco adolescentes; comprou o
ingresso para arquibancada porque gostavam de ver o rodeio e depois ficaram para o show porque
as meninas queriam, sendo que a filha mais nova estava com dez anos e a mais velha com
dezesseis. Depois que terminou o rodeio foram para a praça de alimentação nas barracas pegar
comida e sentaram para comer e ficaram lá um tempo, depois começou o show, escutaram e então
saíram dessa área e foram em direção a entrada da arena, quando estavam próximos da arena, não
sabendo precisar a distância em metros, mas uma distancia como da sala de audiência até a entrada
do fórum, estavam entrando, a filha mais velha na frente de mãos dadas com ela e as filhas
menores atrás com as amigas e o marido ao final, porque sempre andam de mãos dadas para evitar
se perder, foram andando então começaram a ouvir “briga, briga, briga”, e então o pessoal
começou retroceder, ir para atrás, nesse momento estava em um lugar de transição, um corredor
que do lado de cá tem outras partes de alimentação com estruturas maiores, é um caminho largo.
Quando escutou dizer briga pediu para a filha parar e saíram em direção ao espetinho, então
saíram a direita e nisso percebeu que outras pessoas começaram a vir na mesma direção; entraram
no espetinho que tem um piso mais alto que o resto e pararam na cerquinha do espetinho para
esperar e poder entrar na arena, nisso passaram algumas pessoas e então passou um rapaz sem
camisa com a camisa na mão, parou atrás dela, apareceram mais alguns rapazes e pediram gelo no
espetinho, foi quando um deles começou colocar gelo no rosto e o outro a dizer “cara porque você
foi fazer isso, olha a confusão, para que isso?”, diante disso teve a impressão de que esse rapaz
teria começado a briga, mas que não viu nenhuma briga, porque imagina que a briga tenha
ocorrido já na arena, e eles não chegaram a entrar na arena; não percebeu nenhum tumulto na
entrada da arena, mas que não chegaram a passar a porta de entrada da arena, que estavam
conversando e andando normalmente; quando ouviu a palavra briga parou a filha e começou a
recuar, juntamente com outras pessoas, e foi ai que resolveu ir para a lateral esperar; depois que
viu esse menino começou a vir outras pessoas na mesma direção. Informou também que o rodeio
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possuía um sistema de som separado que fica tocando outras músicas que não a do show e nesse
som separado pediram a presença dos bombeiros na entrada da arena e que foi tudo muito rápido,
após o anúncio os bombeiros começaram a passar pela lateral de onde estavam, com prancha na
mão, indo em direção a esquerda. Ficou ali com as filhas, via algumas pessoas chorando, mas que
estava tranquilo, não estava cheio e não sentiram pânico onde estavam, que era uma área próxima
a praça de alimentação; que não chegou a entrar na arena em nenhum momento, porque conforme
foi acontecendo os fatos, em frente tem um telão para acompanhar o show, e o show continuou
rolando e o pessoal que estava esperando a filha ligou perguntando se iam entrar ai ela disse que
estavam esperando dar uma esvaziada na entrada para poder entrar, que a filha perguntou se onde
eles estavam era tranquilo e eles disseram que sim, que estava tranquilo, foi então que a filha disse
que perguntaria para a mãe. Como estava um pouco tarde e já tinha passado várias músicas ela
disse para a filha ir embora porque já iria dar o horário das mães das amigas buscarem, então
ficaram mais um pouquinho e saíram dali e foram ao carro. Informou que quando passaram os
bombeiros quando voltaram, voltaram por onde eles estavam, tinha uma moça morena na maca
que parecia estar desmaiada, dai passou e foi para outro lado, então ela disse para ir embora
porque já estava tarde, foram ao estacionamento, pegaram o carro, foram embora. Uma das
meninas que estavam com eles era de Santo André e queria conhecer Pedreira, só ai que
descobriram através da mãe da menina que viu pela TV que tinha acontecido uma tragédia no
Rodeio, algo mais grave, porque lá dentro não tiveram essa proporção, só no dia seguinte através
da ligação.
A testemunha de defesa Tarcísio Cleto Chiavegato afirmou que o ocorrido foi em
2009 e ele teria deixado a Prefeitura, onde era Prefeito Municipal, em 2008, então não teria
acompanhado a expedição do alvará para realização desse evento. Quanto aos outros anos, contou
que o rodeio foi fundado em 1989 e era prefeito dessa época, e participou da fundação do rodeio,
mas que em 2009 não estava mais na prefeitura, acompanhou de 2001 a 2008, mas estava dentro
do evento em 2009. Primeiramente, contou que na época em que era prefeito ainda, as
formalidades e exigências para a expedição do alvará pela Prefeitura eram o AVCB do Corpo de
Bombeiros e também era feita uma vistoria pela Secretaria de Planejamento da própria Prefeitura.
No dia dos fatos, estava dentro do Camarote do evento e não viu nada, somente no outro dia de
manhã que ficou sabendo da tragédia, mas não viu nada, nenhuma briga, nenhuma confusão.
Contou que o réu Flávio é filho da Dona Ilka, que foi Secretária de Saúde na época em que foi
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prefeito e também Secretária de Educação em outro de seus mandatos e o pai de Flávio era
funcionário estadual, é que Flávio foi Secretário de Planejamento em um de seus mandatos, e
sempre trabalharam juntos, talvez desde 1989, sempre trabalhando na área de planejamento. Nesse
período Flávio sempre foi uma pessoa competente, já tendo tido experiência grande na área,
saindo do país e quando prestou o concurso, passou e passou a trabalhar na prefeitura, uma pessoa
de responsabilidades. Ao ser indagado, contou que durante o tempo em que Flávio trabalhou com
ele, durante seus mandatos, ele já teria sido responsável por outros trabalhos nessa secretaria, por
outros eventos, como o Carnaval, onde ele “sempre estaria na frente”, planejava e sempre com
bastante cuidado, sendo responsável. Contou que conhece Valdomiro desde quando ele veio para a
cidade em 1983, mais ou menos, onde eles fizeram amizade, ele era de Barretos e tinha vontade de
montar um Rodeio aqui em Jaguariúna e ele formou o Clube do Cavalo de Jaguariúna e iniciaram
o primeiro Rodeio em 1989, criando amizade grande com Valdomiro e sua família, e pela amizade
de muitos anos participaram da criação da lei para regularizar a lei do Rodeio no Brasil, em
Brasília, onde lutaram muito para legalizar o Rodeio no Brasil. Durante todos esses anos durante o
rodeio nunca ficou sabendo de nada parecido como esses fatos que ocorreram em 2009, apenas
sabe dos acidentes que aconteciam as vezes na arena, quando a pessoa caía dos bois, inclusive não
percebeu nada nesse de 2009. Contou que o Valdomiro era zeloso e que a as diversas edições do
rodeio trouxeram aumento no turismo para Jaguariúna e reconhecimento até no exterior, gerando
muitos empregos, e Valdomiro sempre pregou a ideia de Rodeio com qualidade, com segurança.
Contou que no Rodeio de 2009 também ocorreu em outras datas, não apenas no dia dos fatos e que
a quantidade de pessoas estava próxima a dos dias anteriores; que havia um número “x” de
pessoas que era permitido entrar.
A testemunha de defesa Dimas Lúcio Pires informou que na época estava
viajando, de modo que ficou sabendo dos fatos apenas depois. Conhece Flávio há muito tempo,
tem excelente caráter, muito responsável e que tem conhecimento de todos os grandes projetos que
ele fez em Jaguariúna, com caráter excepcional e com a melhor índole possível, sendo uma pessoa
fantástica. Acerca de Valdomiro, contou que o conhece há 30 anos, bem como conhece a festa do
Rodeiro há muito tempo também; que frequentava as festas e que era uma das mais bens
organizadas, com muita segurança e que nunca teve nenhum problema, sendo uma festa conhecida
nacionalmente e internacionalmente.
Testemunhas do juízo
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A testemunha do juízo Edimalto Paim relatou que estava na com uma barraca de
bebida na entrada do túnel onde aconteceu o acidente; que ouviu uma gritaria, saiu para ver e
estava acontecendo uma briga, momento em que as pessoas queriam entrar e sair do mesmo
portão, próximo ao local; tentou conter o pessoal para ninguém entrar mais, porém tinha muita
gente e o pessoal tentava sair, algumas pessoas caíram e outras pessoas foram passando por cima.
Explanou que faz a montagem dos "stands" do evento há oito anos e conhece os organizadores do
evento; que o corredor ficou cheio de gente tentando sair, bem como que viu muita gente
machucada, sem roupas e sapato e que no momento do acidente a festa continuou. Declarou que
tinham três acessos para arena e havia placas de saída de emergência; que tinha segurança e
bombeiros no evento, bem como que um posto médico com várias salas e que os portões de acesso
para o corredor estavam abertos. Disse que em sua opinião o acidente não pode se repetir
novamente, pois hoje são vendidos ingressos restritos para cada local e antigamente, na época do
acidente, quem adquiria o ingresso tinha acesso liberado em todas as áreas do rodeio, sem
restrições.
O informante do juízo Antonio Carlos Gragnani Giaconi declarou que assinou o
laudo complementar que o colega apresentou na audiência. Quando levantado pelo juiz que o
perito anterior disse que das cinco saídas existentes duas não foram consideradas como saídas de
emergência e perguntado por qual motivo aconteceu isso respondeu que elas estavam cobertas,
fechadas com lona, era passagem de serventia, funcionários e pessoas que entrariam na arena, não
eram usadas pelos frequentadores do ambiente, não tinham características consideradas para as
saídas de emergência, elas estavam vedadas e não estavam sinalizadas como saídas de emergência.
Quando questionado se as saídas que referia eram as de número sete e oito no croqui de fls. 12,
respondeu que sim, são essas, mas não, foi o primeiro perito, foi para lá algumas horas depois do
ocorrido e o Francisco foi depois pra lá fazer os exames de engenharia e reconstituição. Disse que
o laudo do Corpo de Bombeiros constou a aprovação do evento, sabe que há carimbo do Corpo de
Bombeiros fazendo a aprovação com ressalvas, mas não teve acesso às ressalvas e não sabe
também se há prazo para a regularização do projeto. Com relação ao quesito suplementar nº 14
apresentado disse que para fazer o cálculo que esta no laudo, de 33.917 pessoas, foram utilizadas
duas planilhas diferentes e somadas, que as planilhas continham o montante de catracas, mostrava
quantas pessoas entraram no recinto; o borderô continha a informação da área “vip”, camarotes e
uma terceira categoria de pessoas que não entra pelas catracas, então, para estimar o número, já
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que não havia uma forma física, buscaram essa maneira.
A informante do juízo Lucimara de Godoy Vilas Boas relatou que na época dos
fatos era responsável pela análise dos projetos e que no caso específico, naquele período, se
encontrava como chefe da análise, então era dada entrada no projeto, ela analisou de acordo com o
Decreto e, assim como os outro projetos, foi passado para que fosse ratificado pelo Capitão Ivair,
chefe da SAT. Relatou que aprovou o projeto com algumas exigências que constam no verso do
formulário, contou não lembrar de todas as exigências, mas lembra-se que tinha um vão que era
superior ao exigido, onde visualizou o risco de alguma criança ou pessoa de menor estatura cair,
então exigiu que esse vão fosse diminuído de acordo com o Decreto e mais algumas RTs, contou
que não se lembra de todas as observações, mas se lembra dessa especificamente. Em relação às
saídas de emergência, contou que, pelo que se recorda, estavam de acordo com as normas e que
salvo engano, tinham quatro saídas, salientando que não pode afirmar com certeza porque está há
dois anos fora e não teve mais contato com o projeto, então como faz dois anos que analisou o
projeto, prefere não afirmar com certeza. Ao ser indagada sobre a apresentação de uma planta
substitutiva, relatou que ficou sabendo que foi apresentada, mas todas as SATs eram analisadas na
época, não sabendo informar se até hoje era assim, pelo oficial que fazia a vistoria, que
normalmente eram exigências de vistoria, então o oficial que fazia a vistoria que analisava estes
formulários, salientando então que este formulário não teria passado por ela. Confirmou que ela
analisava, fazia a comunicação, o responsável tinha que atender às comunicações e depois fazia a
aprovação final, mas que o projeto não voltou para ela, pois ela podia aprovar, reprovar, ou
aprovar com exigências, então ela teria aprovado com exigências e essas exigências eram
verificadas na vistoria, ou na retirada no caso de documentação, assim, o oficial que fez a vistoria
que teria que verificar. Quanto ao número de pessoas que poderia ter acesso de acordo com as
entradas e saídas, era de sua competência verificar o dimensionamento das saídas de emergência e
foram verificadas e de acordo com o que analisou, estavam corretas, a largura, pelo que se lembra,
estava correta. Contou não se recordar se fez alguma exigência de que a organização poderia
controlar os espectadores de acordo com a saída e a entrada. Relatou não se recordar se em outros
projetos era feita essa exigência de que a organização controlasse o máximo de telespectadores,
mas que geralmente saía no AVCB a quantidade máxima de espectadores, o próprio organizador
do evento, neste e em outros, dizia que deveria ter, então eles calculavam, verificando o
dimensionamento de acordo com o Decreto, onde conferiam e o engenheiro apresentava para
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
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verificar se era possível para aquele recinto e saía no AVCB a quantidade de pessoas que
poderiam adentrar, mas o controle já não cabia ao Corpo de Bombeiros. Questionada se o Plano de
Gestão de Risco estava dentro das normas do que o Corpo de Bombeiros exigia, contou que não
foi apresentado plano de risco e não se recordava, preferindo não responder essa pergunta.
Indagada se no caso específico havia alguma medida de segurança extra a ser exigida por conta do
tamanho do evento, relatou que de acordo com a legislação e pelo que se recorda, não havia.
Contou que não é engenheira formada; que trabalhou na análise de projetos por 6 meses e que
quando aconteceu o fato ainda estava na unidade. Questionada se chegou a verificar se tinha
alguma irregularidade no local ou alguma irregularidade na planta, contou que pelo que se lembra,
o projeto foi até São Paulo para ser verificado pela Seção, pela DAT, foi verificado por outros
oficiais e eles falaram que estava analisado de maneira correta. Contou que a legislação da época
foi melhorada de acordo com os acontecimentos, todas as instruções técnicas, mas pelo seu
entendimento, a legislação era rigorosa o suficiente. Questionada se o piso de brita seria
recomendado nesse tipo de evento, disse que, pelo que se recorda, o que não era permitido era piso
que escorregasse e esse tipo de piso não era escorregadio, então estava de acordo. Indagada se o
piso de brita não escorregava mesmo molhado, disse que preferia não responder a esta pergunta,
que estava de acordo com o entendimento dela como analista, como oficial analisadora do projeto.
Também indagada, relatou que não se recordava se algumas destas saídas de emergência se
confundiam com as passagens das atrações e esclareceu que o que era definido primeiro, entre
quantidade de pessoas ou número de saídas de emergência, era a quantidade de pessoas e que
dependendo da quantidade de pessoas, passa-se a exigir um número X de saídas de emergência.
Contou que se não tiver esse número X de saídas de emergência, as medidas a serem tomadas
eram exigir que o organizador aumentasse o número de saídas de emergência ou diminuísse a
quantidade de pessoas, é o organizador quem lhes diz “neste evento terão tantas pessoas e tantas
saídas de emergência”, então eles verificam se as saídas de emergência são suficientes e se o
recinto comporta aquela quantidade de pessoas, sendo então o organizador que passa aquelas
informações à eles e eles verificam se esta de acordo com a legislação e no caso em questão,
estava de acordo com a legislação. Questionada se o organizador assume um compromisso de não
exceder estes limites aprovados, contou que pelo que se recorda, na IT-1, uma das instruções do
Corpo de Bombeiros, diz que o organizador do evento tem o dever de não exceder a quantidade de
pessoas de acordo com o aprovado.
A testemunha do juízo Ivair Nunes Pereira informou que quando o projeto foi
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apresentado para análise da sessão técnica do grupamento de bombeiros era o chefe da sessão
técnica, porém depois assumiu a função de subcomandante da unidade, interinamente. Não se
recorda o dia em que o projeto foi apresentado, mas acredita que tenha sido 10, 15 dias antes do
evento e que quando o projeto deu entrada na sessão era chefe da sessão, posteriormente, um dia
ou dois após a análise deste projeto, assumiu o sub comando da unidade, então o tenente André
Bicudo assumiu interinamente as funções de chefia da sessão técnica. Quando da vistoria no local
confundia-se na pessoa dele a função de vistoriador e chefe da sessão, então foi apresentada uma
planta substitutiva que foi analisada pela Tenente Luciamara, que era a oficial analisadora, e por
ele como chefe interino da sessão técnica, posteriormente, após avaliar que estava correta esta
modificação, porque houve segundo o que foi visto, houve uma redução no tamanho da arena, o
que levou a possibilidade de se trabalhar com apenas cinco saídas de emergência. Explicou que no
projeto inicial havia cinco saídas e na primeira vistoria constatou quatro saídas e que a planta
substitutiva adaptou para quatro saídas porque houve a diminuição no tamanho da arena, o que foi
feito na execução do projeto, então foi apresentado projeto substitutivo contemplando esta
diminuição, o que ratificaria apenas a necessidade de quatro saídas de emergência. Disse que esse
projeto substitutivo foi avaliado posteriormente pela tenente Lucimara e pelo então tenente André
Luiz Bicudo; que a planta substitutiva que autorizava a redução de uma saída de emergência era
perfeitamente legal e dentro das normas; que quando feita a vistoria e há previsão das normas
dentro do corpo de bombeiros cabe ao subcomandante assinar o auto de vistoria; após realizada a
vistoria o tenente André Luiz chegou com o auto de vistoria e disse que estava pronto e vistoriado,
que foi tudo cumprido, então foi assinado o auto como subcomandante da unidade. Informou que
não foi no local, quem foi no local foi o tenente André Luiz Bicudo e que essa prática é comum,
pois o ordenamento do corpo de bombeiros prescreve o que incumbe a cada um dentro do sistema
de atividades técnicas, e para estes casos, para eventos e locais de reunião de público acima de dez
mil pessoas, é o subcomandante que assina a vistoria, é uma forma de notificar o comando da
unidade dos eventos que estão ocorrendo na região dele. Informou que o projeto foi aprovado de
acordo com as normas do corpo de bombeiros; que o perito desconsiderou uma das saídas, por isso
constaram no laudo três saídas ao invés de quatro, porque ele entendeu que pelo fato de uma das
saídas ficarem numa paralela lateral ao palco, e a legislação, a instrução técnica 12, dizer que a
saída de emergência das pessoas não pode se confundir com a saída dos artistas, então ele
desconsiderou, por conta disso é que ele coloca que haviam apenas três saídas, mas no local
efetivamente as saídas estavam executadas; que houve confusão por parte do perito ao observar as
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plantas da arena, pois elas mostram a quarta saída, que foi desconsiderada, que há um acesso
lateral que dá vazão a esta saída, de maneira que não se confundisse com a saída dos artistas; que a
denúncia faz menção aos itens 3 e 4 deste relatório de fl. 1641 e que a colocação que faz das 04
saídas se refere ao projeto; que esta situação de vistoria no local foi visualizada pelo André Luiz
Bicudo, porém, após a ocorrência do evento, foi destacado um outro oficial para vistoriar o local,
esse oficial ratificou aquilo que já tinha sido feito em vistoria, porque ele relata inclusive que a
quinta saída que havia sido retirada do primeiro projeto original, embora não sinalizada, ainda
persistia no local; que existiam as 04 saídas que estavam na polícia civil na época dos fatos, sendo
que o inquérito apontava inclusive fotos mostrando uma saída que estava sendo sinalizada, estava
sendo colocada uma faixa de saída durante a perícia que estava sendo realizada no local; esta faixa
referia-se à quinta saída que não tinha sido desmontada no local embora não prevista no projeto
substitutivo, então pelo que foi relatado e pelo que foi constatado posteriormente pelo vistoriador,
após a ocorrência do evento, havia as 04 saídas e a quinta saída que não estava sinalizada, e não
era considerada para efeito de saída. Informou que a diferença da ocupação entre 12.547 pessoas
para 19.200 se dá exatamente no fato do perito não considerar a saída que se achava ao lado do
palco, se diminuísse a saída que estava colocada ao lado do palco, que era a quarta saída, então
leva um número menor de pessoas que poderiam ser colocadas dentro do recinto. Perguntado
sobre o piso do local, que era constituído por terra compactada e coberto por brita, se a
fiscalização sobre o piso era do corpo de bombeiros respondeu que sim, que as saídas de
emergência quem faz a fiscalização é o corpo de bombeiros, porém, para eventos desta natureza,
não há outra forma de se estabelecer a saída/ esclareceu que a brita é na realidade uma forma que
se encontra inclusive de melhorar as condições para a saída das pessoas, porque o evento é um
evento de rodeio, é um piso em terra, e a arquibancada está construída sobre a terra, são
arquibancadas desmontáveis, não é um evento permanente como é o caso de Barretos ou estádios
de futebol, porque a norma serve também para todos estes tipos de eventos; então nestes eventos
temporários, que são feitos sobre a terra, a brita é uma alternativa para melhorar as condições de
saída das pessoas. Informou que o evento acontece na cidade há 20 anos e que os bombeiros
aprovam o projetos todos os anos e não precisou de medidas extras de segurança porque era um
evento que estava dentro das normas do corpo de bombeiros. Ressaltou, mais uma vez, que de
acordou com o projeto apresentado, havia quatro saídas no local, o que foi verificado pelo André
e, em vistoria posterior ao acontecido, o tenente que fez a vistoria posterior ratificou a posição do
tenente André Luiz Bicudo e acrescentou que havia uma quinta saída que embora existente no
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local não estava sinalizada.
Exposta, de forma minuciosa, a prova oral colhida e acostada aos autos do
presente processo-crime, passo a analisar e fundamentar a responsabilidade de cada um dos réus.
Segundo a denúncia o réu Flávio Paoliello, contratado pela empresa organizadora
do evento para elaborar e apresentar ao Corpo de Bombeiros o projeto de prevenção e combate a
incêndios: (a) apresentou um plano de abandono com o cálculo das saídas de emergência, de
acordo com a instrução técnica n. 12/04, calculando lotação máxima na arena de 24.960 para um
projeto com quatro saídas de emergência na arena, com 5 metros de largura cada uma, perfazendo
um total de 20 metros, o que, segundo a IT 12/04 permite o escoamento de apenas 19.200; (b)
instruiu o pedido de concessão de AVCB com uma planta baixa na arena, onde elabora cálculo de
saída de emergência para a arena, considerando lotação máxima da arena de 28.034, para o que
seria necessário que a arena tivesse, em saídas de emergência, uma largura de 29,20 metros; (c)
deixou de considerar a lotação máxima da arena a lotação do evento, tendo em vista que as
pessoas que estavam na área externa e nos outros setores tinham livre acesso à arena no momento
do show; (d) não buscou o FAT – formulário de atendimento técnico, do Corpo de Bombeiros, que
reduziu a lotação máxima da arena para 19.200.
Em resumo, segundo o Ministério Público o réu foi imperito ao estipular lotação
máxima do evento incompatível com a capacidade da arena; subdimensionou a largura total das
saídas de emergência da arena, desobedecendo a prescrição da instrução normativa 12/04, bem
como negligente ao não observar a FAT do corpo de bombeiros e, por conseguinte, o corredor de
acesso/saída da arena, onde ocorreram as mortes e lesões, não suportou o fluxo de pessoas, em
razão da superlotação autorizada pelo erro de cálculo do projeto do engenheiro.
A ré Maria Carolina, responsável pela montagem de toda a estrutura fixa principal
do evento, considerando-se arquibancadas, camarotes, ala vip, palco, corredores de acesso/saída,
bretes, etc, seria responsável pelas mortes e lesões corporais pois, segundo a denúncia, construiu a
estrutura fixa em desconformidade com o projeto, porquanto implantou na arena três saídas de
emergência ao invés de cinco; o corredor onde ocorreram os fatos, que funcionava como saída de
emergência, admitia fluxo nos dois sentidos, quando deveria haver um corredor de entrada e outro
de saída; tal corredor era vedado por portas de duas folhas que basculavam para se fechar contra o
fluxo de saída da arena, quando deveriam abrir apenas no sentido de saída e a soma das larguras
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dos corredores de saída de emergência era menor do que o projetado, sendo que tais falhas
prejudicaram sensivelmente o fluxo de escoamento das pessoas no corredor onde se deram os
fatos, contribuindo para o evento morte.
Por fim, o acusado Valdomiro, empresário que organizou o evento e responsável
pelo espaço onde ocorreu o vento, assumindo, por isso, a posição de garante, segundo o Ministério
Público permitiu e fez ingressar milhares de pessoas a mais do que a lotação previamente fixada e
autorizada no Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, gerando uma superlotação que impediu o
fluxo normal das vítimas no corredor onde ocorreram os fatos, o que implicou em empurra-
empurra, quedas e pisoteamentos.
Os réus respondem por quatro homicídios culposos e no delito culposo a
condenação exige prova inequívoca do descumprimento do dever de cuidado objetivo, bem como
da relação de causalidade entre esse comportamento e o evento danoso e a previsibilidade objetiva
do resultado.
Por conseguinte, em resumo, é necessário verificar se houve o descumprimento do
dever de cuidado objetivo e se o comportamento de cada um dos réus, atribuído especificamente
na denúncia, efetivamente causou a morte dos quatro jovens que estiveram no Rodeio de
Jaguariúna do dia 23 de maio de 2009.
Das declarações das vítimas e dos depoimentos prestados pelas inúmeras
testemunhas, tanto na fase inquisitorial quanto na fase judicial, é possível concluir que o evento
transcorria normalmente quando, após o início do show musical agendado para aquele noite,
iniciou-se uma grande aglomeração de pessoas no corredor de acesso e saída da arena, corredor
este localizado no sentido oposto ao palco. Esta aglomeração, causada pelo elevado número de
pessoas tentando sair da arena e outras tentando entrar no mesmo corredor, fez com que as pessoas
não mais conseguissem se movimentar, vindo a cair umas sobre as outras, o que implicou a morte
de quatro jovens e diversas lesões corporais em outros espectadores.
Ou seja, é fato que o evento danoso ocorreu após a concentração elevada de
pessoas em apenas um dos corredores da arena, que funcionava como saída e entrada e não após
uma evacuação de público.
Também restou demonstrado – pela ampla prova oral produzida – que um fato, em
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especial, contribuiu sobejamente para o evento danoso: o fechamento, pelos segurança dos evento,
do portão existente no mencionado corredor, o qual funcionava por meio de duas folhas que
basculavam para fechar ( e segundo testemunhas existia para impedir a saída dos animais durante
as apresentações de rodeio) e que somente foi aberto após alguns minutos com a intervenção do
próprio público.
Contudo, o preposto da empresa responsável pela segurança do evento, quando
ouvido em juízo, negou tal fechamento; os seguranças efetivamente responsáveis por tal ato não
foram identificados e não recai sobre os réus denunciados qualquer imputação relativa a tal fato,
mesmo porque trata-se de conduta praticada por terceiros, razão pela qual embora relevante para o
deslinde do feito, tal fato não tem relevância na presente ação penal.
Salienta-se, ademais, que a defesa, notadamente do acusado Valdomiro, reitera
que uma briga ocorrida na arena desencadeou a aglomeração em um dos portões que funcionava
de acesso e saída. No entanto, embora de fato as testemunhas ouvidas tenham mencionado a
ocorrência de uma briga em local próximo, a testemunha Carlos Eduardo Dall Oca Fossa informou
que a briga não influenciou na entrada deles na arena, sendo que ele só desviou da briga e foi para
a saída, onde sim ocorreu o tumulto, agravado pelo fechamento dos portões. Todavia, tal questão
será melhor ponderada quando da análise da responsabilidade do réu Valdomiro.
Destarte, a dinâmica dos fatos é indubitável: o show musical transcorria
normalmente no palco montado na arena, quando algumas pessoas que estavam dentro da arena
resolveram sair pelo acesso/saída localizado embaixo da arquibancada, enquanto outras pessoas
tentavam entrar pelo mesmo local, criando uma aglomeração de pessoas dentro do corredor e as
pessoas caíram umas em cima das outras, permanecendo nessa situação por pelo menos mais de
dez minutos até a abertura do portão e início do socorro.
No tocante à responsabilidade criminal dos acusados, verifico que em relação aos
acusados Flávio e Maria Carolina a imputação diz respeito à desobediência de normas técnicas de
engenharia que teriam gerado falhas na estrutura do evento, as quais, segundo apontado pelos
peritos e ratificado pelo Ministério Público, contribuíram para a ocorrência das mortes.
No que concerne à ré Maria Carolina, como já lembrado, afirma-se que foi ela a
responsável pela montagem da estrutura fixa e que a executou em desconformidade com o projeto,
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porquanto implementadas três saídas de emergência da arena ao invés de cinco; um corredor, onde
ocorreram os fatos, que admitia fluxo nos dois sentidos e possuía largura inferior a do projeto
original e uma porta no corredor que fechava contra o fluxo da saída da arena, falhas essas que
teriam contribuído para o evento danoso.
Em sua defesa, a ré afirma, de início, que não foi a responsável pela montagem de
toda a estrutura fixa do local, tampouco pela instalação do palco, da arena, bretes, portões, chapas
de fechamento, placas de sinalização, iluminação, etc., mas somente pela montagem da
arquibancada, área vip e camarotes; que a montagem é feita de acordo com projeto apresentado
pelo contratante e que eventuais falhas técnicas atinentes às saídas de emergência também não são
de sua responsabilidade, porquanto não foi a engenheira responsável pelo plano de abandono e
cálculos de saídas.
E embora não se discuta que a ré Maria Carolina foi efetivamente a engenheira
responsável pelo projeto da estrutura fixa principal do evento, assinando o respectivo ART
(Anotação de Responsabilidade Técnica), não se demonstrou que foi a responsável pela efetiva
implantação da parte da estrutura que continha as falhas apontadas pelo expert e pelo Ministério
Público.
Com efeito, o órgão ministerial afirma que a ré "implantou na arena três saídas de
emergência ao invés de cinco; o corredor aonde ocorreram os fatos lesivos, que funcionava como
saída de emergência, admitia fluxo nos dois sentidos, quando deveria ter um corredor de entrada e
outro de saída; tal corredor era vedado por portão de duas folhas que basculavam para se fechar
contra o fluxo de saída da arena e a soma das larguras dos corredores de saída de emergência era
menor do que o projetado".
Contudo, restou demonstrado que a implantação das saídas de emergência foi feita
de acordo com o projeto e plano de fuga desenvolvido pelo engenheiro Flávio Paoliello, não sendo
de responsabilidade da ré a fiscalização e conferência do número de saídas de emergência e
respectivas larguras, as quais passaram pelo crivo do Corpo de Bombeiros quando da expedição do
respectivo AVCB.
Ademais, da prova oral colhida percebe-se facilmente que a engenheira
denunciada apenas foi a responsável pelo projeto e implementação dos camarotes, arquibancadas e
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ala VIP, sem qualquer sinalização, placa ou portão, o que ficava a cargo da empresa organizadora
do evento, a qual teria por obrigação estabelecer e fiscalizar o fluxo dos acessos/saídas de
emergência e eventual obstrução desse acesso por meio de um portão com folhas que basculavam.
Aliás, no tocante ao portão existente no local – apontado no laudo pericial oficial e
na denúncia como falha que contribuiu para o evento danoso – verifica-se na Instrução Técnica do
Corpo de Bombeiros, n. 12/04 (cópia juntada aos autos no apenso do laudo pericial), que o artigo
5.1.5.8 permite a existência de porta basculante em saída de emergência desde que permaneça
aberta, do que se depreende que a falha consistiu não na colocação da porta mas no seu
fechamento, o que foi feito pelos seguranças do evento, tal como já ressaltado.
Da mesma forma, embora os fluxos em sentidos opostos no mesmo corredor de
acesso/saída tenham contribuído para o resultado lesivo – tal como se depreende dos relatos das
vítimas e testemunhas de acusação que estiveram no momento dos fatos e constou no laudo
pericial do Instituto de Criminalística - a legislação em vigor quando da ocorrência dos fatos
(Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros n. 12/04) não proibia que o mesmo corredor
funcionasse de entrada e saída de emergência. Assim, diferente do asseverado pelos peritos que
subscreveram o laudo da perícia realizada no local dos fatos, não se pode considerar tal fato como
uma falha técnica apta a ensejar a responsabilidade criminal culposa, na modalidade imperícia.
Nesse sentido, saliento depoimentos prestados nos autos n. 60.486/11, que
tramitaram na Justiça Militar e apuraram a responsabilidade penal, pelo fato em exame, dos
bombeiros responsáveis pela emissão do AVCB e foram juntados nessa ação penal:
Tenente Miranda: "Esse fato (da evacuação) foi um fato motivador de nós
fazermos uma revisão dessa instrução técnica n. 12 (...) levando em consideração a parte de saídas
e entrada de pessoas, pois, até então, os direcionamentos da IT em relação à saída de pessoas não
havia previsão de fluxo nos dois sentidos na entrada e saída" (fl. 2433);
Major Adilson Antonio da Silva, na época lotado no setor de normatização "Após
o evento a IT n. 12 foi revisada e determinado que as entradas e saídas tenham fluxo único" (fl.
2435);
Capitão Alexandre Riquena da Costa "Quatro saídas poderiam ser usadas como
entrada. Na época dos fatos a norma não trazia a exigência de que as portas deveriam ter sentido
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único, após o evento foi acrescentada essa determinação" (fl. 2436).
Portanto, seja porque a engenheira Maria Carolina não foi a responsável pelas
alegadas falhas técnicas apontadas pelo Ministério Público como concausas do evento danoso, seja
porque os fatos considerados relevantes para o evento danoso não constituíram falhas técnicas,
uma vez que a legislação em vigor não proibia que o mesmo corredor funcionasse como acesso e
saída de emergência com fluxo nos dois sentidos ou mesmo que tal corredor possuísse um portão
de duas folhas que basculavam, a absolvição da ré é de rigor.
Em relação ao réu Flávio, as falhas técnicas apontadas na denúncia se referem ao
projeto de prevenção e combate à incêndios por ele apresentado ao Corpo de Bombeiros, no qual o
engenheiro teria calculado lotação máxima para a arena de 28.034, quando a metragem total das
saídas de emergência projetadas por ele (20 metros) seria suficiente para o escoamento seguro de
apenas 19.200 pessoas, segundo a Instrução Normativa 12/04 e conforme constou no formulário
de atendimento técnico do Corpo de Bombeiros.
Em suma, segundo a exordial acusatória tal réu foi imperito ao estipular lotação
máxima do evento incompatível com a capacidade da arena e ao subdimencionar a largura total
das saídas de emergência da arena, desobedecendo a prescrição da Instrução Normativa n. 12/2004
e negligente ao não observar a FAT do Corpo de Bombeiros e, por conseguinte, o corredor de
acesso/saída da arena, onde ocorreram as mortes e lesões, não suportou o fluxo de pessoas em
razão da superlotação autorizada por erro de cálculo do projeto do engenheiro.
Na defesa, o acusado Flávio afirma que o projeto de prevenção e combate a
incêndios foi elaborado com base em projeto arquitetônico apresentado pelo cliente, que limitou a
lotação do recinto a 30.000 pessoas; que durante a montagem do projeto e após ter sido
protocolado o projeto de sua responsabilidade no Corpo de Bombeiros, houve alteração no “lay
out” original, com a implementação de mais uma saída de emergência junto à arquibancada e
também mais uma na arena, à direita do palco, o que implicou o desenvolvimento de um novo
projeto, todavia, por falha na impressão, a nova saída não foi imprensa na prancha apresentada
com o FAT (Formulário de Atendimento Técnico), mas estava faticamente instalada, conforme
reconhecido no laudo oficial e somente em razão da falha na planta apresentada no FAT, - a qual
não correspondia à realidade – o Corpo de Bombeiros limitou a capacidade de público para 19.200
pessoas. Em resumo, sustenta tal réu que embora no projeto de combate incêndio constassem
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0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 57
quatro saídas foram implementadas cinco saídas, suficientes para o escoamento seguro de 24 mil
pessoas e que o fato não ocorreu por necessidade de evacuação do recinto, mas devido a fato
isolado.
Veja-se, então, que a principal imputação que recai sobre o réu Flávio é atinente à
falha no cálculo e implementação das saídas de emergência necessárias para o escoamento do
público almejado pela organização.
Há no laudo oficial informação de que há cinco "aberturas" na arena (croqui de fl.
18 do laudo Instituto de Criminalística), contudo, segundo os experts, apenas três poderiam ser
consideradas saídas de emergência, porquanto as demais não atendiam aos requisitos técnicas da
instrução normativa 12/2004.
Por outro lado, os bombeiros, que realizaram a vistoria, aprovaram o projeto de
prevenção e combate à incêndios e emitiram o AVCB do evento, salientam que quando da vistoria
havia quatro saídas de emergência, nos termos da planta substitutiva apresentada pelo réu Flávio,
razão pela qual o projeto foi aprovado com capacidade máxima para a arena de 19.200 pessoas, o
que constou na FAT retirada pelo engenheiro após o evento danoso. Afirmaram, ainda, que não só
constataram na vistoria a implementação das quatro saídas de emergência previstas no projeto
apresentado, como também que havia uma quinta saída, sem sinalização, a qual seria suficiente
para escoamento do público previsto pela organização.
Nesse sentido, destaco o depoimento do tenente Ivair Nunes Pereira, ouvido como
testemunha do juízo e responsável pela sessão técnica do grupamento de bombeiros: " o projeto foi
aprovado de acordo com as normas do corpo de bombeiros; que o perito desconsiderou uma das
saídas, por isso constaram no laudo três saídas ao invés de quatro, porque ele entendeu que pelo
fato de uma das saídas ficarem numa paralela lateral ao palco, e a legislação, a instrução técnica
12, dizer que a saída de emergência das pessoas não pode se confundir com a saída dos artistas,
então ele desconsiderou, por conta disso é que ele coloca que haviam apenas três saídas, mas no
local efetivamente as saídas estavam executadas; que houve confusão por parte do perito ao
observar as plantas da arena, pois elas mostram a quarta saída, que foi desconsiderada, que há um
acesso lateral que dá vazão a esta saída, de maneira que não se confundisse com a saída dos
artistas; que a denúncia faz menção aos itens 3 e 4 deste relatório de fl. 1641 e que a colocação que
faz das 04 saídas se refere ao projeto; que esta situação de vistoria no local foi visualizada pelo
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André Luiz Bicudo, porém, após a ocorrência do evento, foi destacado um outro oficial para
vistoriar o local, esse oficial ratificou aquilo que já tinha sido feito em vistoria, porque ele relata
inclusive que a quinta saída que havia sido retirada do primeiro projeto original, embora não
sinalizada, ainda persistia no local; que existiam as 04 saídas que estavam na polícia civil na época
dos fatos, sendo que o inquérito apontava inclusive fotos mostrando uma saída que estava sendo
sinalizada, estava sendo colocada uma faixa de saída durante a perícia que estava sendo realizada
no local; esta faixa referia-se à quinta saída que não tinha sido desmontada no local embora não
prevista no projeto substitutivo, então pelo que foi relatado e pelo que foi constatado
posteriormente pelo vistoriador, após a ocorrência do evento, havia as 04 saídas e a quinta saída
que não estava sinalizada, e não era considerada para efeito de saída. excerto da sentença
proferida na Justiça Militar, que analisou a responsabilidade dos bombeiros pelo mesmo fato em
análise nesta ação penal (página 2092 dos autos).
Oportuno destacar que a Justiça Militar absolveu os bombeiros responsáveis pela
fiscalização do evento, em relação a acusação de homicídio culposo e lesão corporal culposa, por
entender o magistrado sentenciante que não houve violação das normas técnicas quando da
emissão do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, do que se concluiu que o AVCB obtido
estava regular.
Nesse sentido, destaco trecho da sentença proferida pela Terceira Auditoria da
Justiça Militar, cuja cópia está acostada às fls. 2079/2107:
"Restou, enfim, devidamente demonstrada a atipicidade na conduta dos acusados.
Os depoimentos das testemunhas, as provas materiais e as periciais afastam a coima de imperícia
na aplicação e na exigência do cumprimento das normas técnicas. A prova carreada para os autos
evidencia que não se pode imputar-lhes a redução do tamanho da largura das saídas de
emergência. Os técnicos afirmaram que o primeiro e o segundo denunciados não desrespeitaram a
Instrução Técnica. (fl. 2106)"
Concluiu-se, destarte, diante da prova documental apresentada nos autos e da
prova oral colhidas nesta ação penal e naquela que tramitou na Justiça Militar, que as quatro saídas
de emergência constantes no projeto apresentado ao Corpo de Bombeiros estavam efetivamente
implementadas e que faticamente havia mais uma abertura na arena, não considerada saída de
emergência pela falta de sinalização existente quando da vistoria realizada um dia após o evento.
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Todavia, em que pese a existência da falha técnica atinente ao número e largura de
saídas de emergência existentes no local (já que as saídas de emergência regulares seriam
insuficientes para o escoamento do público estimado pelo engenheiro Flávio), para estabelecer a
responsabilidade criminal do réu Flávio pelas quatro mortes é preciso constatar se as falhas
constatadas no tocante às saídas de emergência contribuíram para o resultado lesivo, tal como
mencionado pelos peritos do Instituto de Criminalística e ratificado pelo Ministério Público na
denúncia e nas alegações finais.
Para tanto, é indispensável verificar se na inexistência de tais falhas os resultados
ocorreriam da mesma forma. Penso que sim.
Com efeito, entende-se por saída de emergência uma estrutura que possibilita a
saída das pessoas em caso de emergências que exigem evacuação rápida do local, fornecendo uma
rota de fuga para os ocupantes e permitindo o acesso de brigadas de emergência e corpo de
bombeiros.
In casu, todavia, não houve uma situação de emergência que tornasse necessária a
efetiva evacuação do público por meio das saídas de emergência localizadas na arena do rodeio de
Jaguariúna.
Conforme já mencionado, não se discute que as mortes ocorreram após uma
aglomeração de pessoas ocorrida em um dos corredores de acesso/saída da arena, quando então
algumas pessoas tentavam entrar na arena e outras sair e houve o fechamento do portão existente
no acesso, por um dos seguranças, agravando a situação.
O fato imputado aos acusados ocorreu em apenas um dos corredores e durante o
transcorrer do show, momento em que normalmente não há uma grande concentração de pessoas
saindo ou deixando a arena (diferente do que ocorre momentos antes do início do show e ao seu
término). Tanto não houve uma situação emergencial apta a justificar uma evacuação e a
utilização das saídas de emergência existentes no local que muitas testemunhas ouvidas só
souberam do fato ocorrido após o término do evento, pela própria imprensa, e o show musical
continuou até o final sem qualquer outra intercorrência.
Discutiu-se muito no decorrer do feito a efetiva implantação e validade das duas
saídas de emergência localizadas próximas ao palco e denominadas de saídas 07 e 08 no croqui n.
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01 da folha 12 do laudo oficial.
Contudo, ainda que ambas as aberturas preenchessem os requisitos legais (da IT
12/2004) para serem consideradas "saídas de emergência, os resultados lesivos não teriam sido
evitados. Isso porque, reitero, o público existente no local assistindo ao show musical lá
permaneceu próximo ao palco e, na verdade, as pessoas que se dirigiram ao acesso 01 (croqui n.
01 folha 12 do laudo), onde ocorreu o evento danoso, pretendiam deixar a arena com destino aos
outros setores, enquanto que outra parte do público do evento tentava ingressar na arena para
assistir ao show que ocorria, não havendo uma situação emergencial (incêndio, atentado, etc.) que
tornou necessária a utilização das saídas de emergência que não teriam sido implementadas (ou
estavam irregularmente implementadas segundo o laudo oficial) pelo engenheiro acusado.
No mais, alega o Ministério Público que o réu Flávio foi negligente ao considerar,
para fins de concessão do AVCB, a lotação máxima do evento 30 mil pessoas, quando deveria ter
considerado a lotação máxima da arena 24.960 pessoas, uma vez que não havia controle de acesso
à arena e as pessoas que comprovam ingressos para os outros setores (área vip, camarote e
arquibancada) tinham livre acesso para a arena.
No entanto, ainda que seja inconteste que o público dos demais setores poderia ter
acesso à arena e que não havia controle de acesso à arena (diferente do que ocorre hoje nas edições
do Jaguariúna Rodeo Festival) e que seja de conhecimento geral que nem todas as pessoas que
compram os ingressos para os demais setores descem para assistir o show musical na pista, o
número estipulado pelo réu Flávio como lotação máxima tem importância para a fixação do
número e largura total das saídas de emergência necessárias para o escoamento rápido e seguro do
público.
Conforme explicitado pelos policiais militares do Corpo de Bombeiros que
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prestaram depoimentos2 neste feito e nos autos que tramitaram na Justiça Militar, o organizador
apresenta o número de espectadores do evento e com base em tal informação são calculadas as
saídas de emergência. Então, o cálculo da lotação máxima do recinto tem importância para o
cálculo do número e largura das saídas de emergência a ser executadas e utilizadas em caso de
evacuação do público, situação esta não ocorrida.
Por conseguinte, não se pode afirmar que eventual erro na estipulação da lotação
máxima da arena contribuiu para o resultado danoso ocorrido em um dos corredores de acesso.
Para concluir, analisando com cuidado o conjunto probatório apresentado,
especialmente as declarações das vítimas, os depoimentos das testemunhas e o laudo pericial do
Instituto de Criminalística (cujas conclusões são similares), não tenho dúvida de que alguns fatos
contribuíram de forma relevante para o evento danoso: a existência de apenas dois corredores que
davam acesso do público à arena; o fato do corredor onde ocorreu o evento danoso funcionar ao
mesmo tempo como acesso e saída da arena; o fechamento doloso do portão existente no corredor
01 pelos seguranças do evento; a falta de organização quando do acesso do público à arena e da
arena para as demais partes do evento; a falta de atendimento rápido às vítimas e a aglomeração de
muitas pessoas no mesmo corredor.
Todavia, a Instrução Normativa do Corpo de Bombeiros n. 12/04, na época dos
fatos, nada estabelecia quanto ao número mínimo de corredores necessários para o acesso ao local,
tampouco impedia que o mesmo corredor funcionasse como entrada e saída de emergência, razão
pela qual nenhum dos engenheiros pode ser responsabilizado criminalmente por tal fato. Os
seguranças responsáveis pelo fechamento do portão, não obstante a gravidade do fato, não foram
identificados. As falhas atinentes à segurança e atendimento médico durante a realização do
evento não foram imputadas pelo Ministério Público ao réu responsável pela organização do
evento e, por fim, a questão relativa à aglomeração de pessoas será analisada a seguir, quando da
apuração da responsabilidade criminal do réu Valdomiro, organizador do evento.
2 Lucimara de Godoy Vilas Boa " esclareceu que o que era definido primeiro, entre quantidade de pessoas ou número de saídas de emergência, era a quantidade de pessoas e que dependendo da quantidade de pessoas, passa-se a exigir um número X de saídas de emergência. Contou que se não tiver esse número X de saídas de emergência, as medidas a serem tomadas eram exigir que o organizador aumentasse o número de saídas de emergência ou diminuísse a quantidade de pessoas, é o organizador quem lhes diz “neste evento terão tantas pessoas e tantas saídas de emergência”, então eles verificam se as saídas de emergência são suficientes e se o recinto comporta aquela quantidade de pessoas, sendo então o organizador que passa aquelas informações à eles e eles verificam se esta de acordo com a legislação e no caso em questão, estava
de acordo com a legislação."
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Diante disso, porque o projeto de combate à incêndio apresentado pelo engenheiro
Flávio foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros e os bombeiros responsáveis pela emissão de tal
documento foram absolvidos na Justiça Militar, não tendo sido verificada qualquer irregularidade
na aprovação do AVCB e porquanto as falhas técnicas atinentes às saídas de emergência e cálculo
da lotação do recinto não contribuíram para o evento morte, conforme amplamente fundamentado
nesta sentença, é também o caso de absolvição do acusado Flávio Paoliello Machado.
Por fim, passo a analisar a responsabilidade criminal do acusado Valdomiro
Poliselli Júnior.
Segundo a acusação, o mencionado acusado, na qualidade de empresário que
organizou e promoveu o evento, assumiu a posição de garante da segurança dos espectadores e, no
dia dos fatos, de forma negligente e imprudente, permitiu o ingresso no recinto do Rodeio de
milhares de pessoas a mais que a lotação máxima previamente fixada e autorizada pelo Auto de
Vistoria do Corpo de Bombeiros, gerando uma superlotação que impediu o fluxo normal das
vítimas no corredor onde ocorreram os fatos, o que implicou em empurra-empurra, quedas e
pisoteamentos.
Na defesa preliminar, em seu interrogatório e, ao final, nas alegações finais, o
acusado afirma que não houve superlotação, ou seja, não houve o ingresso no local de um número
maior de pessoas que o permitido pelo AVCB (30 mil pessoas), conforme comprovam os
documentos da CATRESP e da empresa "ingresso rápido", e nega que os resultados lesivos
tenham sido causados pela superlotação, afirmando que, do contrário, as mortes e lesões ocorridas
no corredor foram causadas por um tumulto decorrente de um briga isolada ocorrida na arena.
Assim, para a condenação do réu Valdomiro é imprescindível verificar, com base
nas provas documentais e orais produzidas, se na condição de organizador do evento ele permitiu
o ingresso no recinto de um número maior de pessoas que o autorizado pelo Auto de Vistoria do
Corpo de Bombeiros (AVCB), isto é, 30 mil pessoas; se tal fato contribui, de forma relevante, para
a aglomeração de pessoas no corredor e, por consequência, para a ocorrência das mortes e, enfim,
se tal resultado era previsível. Vejamos.
No que concerne à superlotação, segundo o órgão ministerial esta consistiu em
permitir a entrada no evento de um número de espectadores superior a lotação máxima
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estabelecida no Auto de Vistoria de Corpo de Bombeiros, qual seja, 30 mil pessoas.
Para a análise de tal fato é imprescindível verificar os documentos apresentados
aos autos referentes ao número de ingressos vendidos e ao número de pessoas que foram
contabilizadas pelas catracas utilizadas no evento, assim como a idoneidade de tais documentos
para comprovar efetivamente o público existente no evento, bem como analisar as conclusões dos
peritos oficiais confrontando-as com o parecer do assistente técnico nomeado pelo acusado
Valdomiro.
Ao ser ouvido na Delegacia de Polícia e posteriormente em juízo, o Tenente da
Polícia Militar Carlo Guilherme Cardoso relatou que após tomar ciência do ocorrido, enquanto
acompanhava um flagrante de tráfico de entorpecentes na Delegacia de Polícia, se dirigiu para a
Red Eventos, foi até a sala onde são confeccionados os ingressos da festa e solicitou que o
funcionário responsável emitisse um borderô, ou seja, um relatório, com o objetivo de descobrir a
quantidade de pessoas que entraram no recinto, documento este que demorou para ser emitido,
mas lhe foi entregue.
Assim, tem-se que o relatório de ingressos vendidos pelo sistema "ingresso
rápido" foi obtido pelo Tenente Guilherme após algumas horas do evento danoso, tendo sido
fornecido por funcionário da organização (documentos de fls. 37 e seguintes do apenso). Nesse
documento (fl. 46 do apenso) constou a lotação máxima por setor (21000 pessoas para
pista/arquibancada/parque; 6.000 pessoas para a ala VIP e 3.000 pessoas para o camarote,
totalizando a lotação máxima de 30 mil pessoas), bem como o número de ingressos vendidos para
cada setor e os ingressos cortesia fornecidos para cada setor, chegando-se ao total de 27.224
ingressos vendidos, segundo o aludido documento.
No entanto, observa-se que na planilha fornecida pela "ingresso rápido" não
constaram os ingressos vendidos para os camarotes, somente aqueles fornecidos como "cortesia"
(fls. 2209).
Já o relatório da CATRESP (documento de fl. 36 do apenso) foi apresentado pela
própria organização do evento. Nesse relatório constou como total de público que ingressou no
recinto 25.679 pessoas, divididas e denominadas de "estudantes" e "ingresso" (ou seja, ingresso
inteiro), público este que foi contabilizado por meio de 19 catracas.
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0003375-82.2009.8.26.0296 - lauda 64
Por outro lado, é incontroverso (documento juntado à fl. 2217 pela própria defesa)
que o evento contava com 34 catracas. Dessas, fora informado pela organização do evento e
ratificado pelo réu Valdomiro, que 24 catracas eram destinadas ao acesso de público com ingresso,
venda ou cortesia, sendo que dessas catracas 04 eram reserva técnica, 20 foram instaladas e 10
catracas eram usadas para o pessoal credenciado, ou seja, aqueles para quem não são fornecidos
ingressos mas uma simples credencial que dá acesso ao recinto (fornecedores, funcionários,
patrocinadores, atletas, etc).
Com o parecer do assistente técnico nomeado pelo réu Valdomiro, também foi
informada a disposição de cada uma das catracas instaladas, bem como que as catracas 09 e 20
instaladas na portaria da bilhetaria estavam quebradas (fl. 2219) e apresentada a relação analítica
das pessoas credenciadas (fls. 2220/2291), as quais corresponderiam, segundo a organização, a
418 pessoas, razão pela qual concluiu o assistente técnico que "no dia 22 de maio de 2009,
adentraram no recinto do evento Jaguariúna Rodeo Festival o total de 26.097 (vinte e seis mil e
noventa e sete pessoas)" sendo que 18.578 ingressaram pelas catracas instaladas na
portaria/bilheteria que dava acesso ao parque/arquibancada/arena; 7.101 ingressaram pelas
catracas localizadas na ala VIP/camarotes e outras 418 pessoas ingressaram pelas catracas
instaladas para os denominados credenciados (fl. 2197).
Não se pode olvidar, contudo, que a conclusão do assistente técnico contratado
pela defesa se baseia em informações que não constam no documento oficial enviado à perícia do
Instituto de Criminalística e que foram fornecidas pela organização do evento após o início do
trâmite do processo.
Conforme já explicitado, não consta no relatório simplificado da CATRESP a
divisão setorizada das catracas, tampouco os dados referentes às 14 catracas não constantes desse
relatório. Nesse documento – submetido à análise do IC - somente constam enumeradas vinte
catracas, sendo que duas delas, as de número 09 e 20, não contém dados, não se sabendo, portanto,
quantas pessoas efetivamente ingressaram pelas quatorze outras catracas existentes e se dessas
catracas quatro delas efetivamente não foram utilizadas, porquanto para reserva técnica.
Além disso, não é crível que em um evento organizado para 30 mil pessoas metade
das catracas sejam colocadas à disposição de apenas 1,5% do total do público (isto é, à apenas 418
pessoas que possuíam credenciais e não ingressos).
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Anoto, ainda, que as catracas não foram objetos de perícia técnica, de modo que,
não sendo o relatório da CATRESP documento idôneo para comprovar efetivamente quantas
pessoas efetivamente ingressaram no evento, pelas falhas já apontadas, a conclusão dos peritos
subscritores do laudo do Instituto de Criminalística, no tocante ao público do evento, ganha
relevância.
Nesse diapasão, verifico que os peritos, primeiramente, fizeram uma estimativa de
público presente no evento com base mormente nos documentos obtidos durante o inquérito
policial, e imagens do dia do evento fornecidas pela própria organização e por diversos veículos de
comunicação, e, após extensa análise constante do laudo (fls. 91/111 do laudo oficial) emitiram a
seguinte conclusão:
"Da análise comparativa entre as reproduções simuladas e as "imagens" das mídias
das TV's pode-se concluir que: a taxa de ocupação da arena, nos instantes que antecederam o
sinistro, era superior a 04 pessoas por m2, ou seja, o número de espectadores era superior a 24.960
pessoas, ou resumidamente 140% superior a lotação máxima calculada pelos relatores em função
da somatória total das saídas existentes, ou ainda, 30% superior a lotação máxima autorizada pelo
Corpo de Bombeiros, caracterizando em qualquer das duas situações a ocorrência de superlotação.
(...) Em razão do exposto, os relatores acreditam que o total do público no interior das instalações
do "Jaguariúna Rodeo Festival", no dia dos fatos, era superior a 30.000 (trinta mil) pessoas,
conforme apresentado a seguir:
RECINTO/SETOR N. PESSOAS CALCULADOS PELO PERITOS
N. DE PESSOAS CONSIDERADO
ARENA Maior 24.960 (a) 24.960
ARQUIBANCADAS 7.339 (b) 6.605
ALA VIP 5.521 (c) 4.968
CAMAROTES 2.717 (d) 2.445
PRAÇA ALIMENTAÇÃO 5% da somatória da arena, ala VIP, camarotes e arquibancadas (e)
1.948
ACESSO/SAÍDA 01 158,00 m2 x 4 pessoas/m2 (f) 632
ACESSO SAÍDA 02 158,00 m2 x 4 pessoas/m2 (f) 632
ACESSO SAÍDA 03 158,00 m2 x 4 pessoas/m2 (f) 632
TOTAL GERAL DO PÚBLICO 42.822
Onde: (a) e (e) pela análise das imagens; (b) lotação máxima em função das
saídas; (c) e (d) pelo borderô resumo, (f) área de acesso x 4 pessoas por metro quadro; (g) no caso
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das arquibancadas, ala Vip e Camarotes, considerou-se que 10% das pessoas no horário do show
encontravam-se na praça de alimentação ou no interior da arena. Do exposto, verifica-se que o
total geral no recinto do "Jaguariúna Rodeo Festival, na data do sinistro, era de 42.822
(quarenta e duas mil, oitocentas e vinte e duas pessoas) ou cerca de 42% maior que o
autorizado pelo Corpo de Bombeiros (30.000), caracterizando a ocorrência de superlotação"
(fls. 112 do laudo, grifos nossos).
É certo também que os peritos fizeram outras quatro estimativas de público pelas
quais também chegaram a número superior a 30 mil pessoas.
Na segunda estimativa, asseveraram os peritos que "como na planilha 'ingresso
rápido' não existe qualquer informação acerca do número de catracas e considerando que, na
análise de tal planilha, se verificou que o total de ingressos vendidos para estudantes e inteiras é
menor que o registrado na "planilha público", acreditam que estes valores poderiam representar as
14 catracas faltantes e, em assim sendo, o total de espectadores seria igual a somatória do total de
público dessa planilha com a do item anterior", chegando ao total de 52.903 pessoas. Contudo, tal
estimativa não deve ser aceita - tal como impugnado no parecer do assistente técnico -, uma vez
que os peritos somaram o total de público representado na planilha de venda de ingressos com o
total de público representado na planilha das catracas, que contém as pessoas que ingressaram no
evento, o que é contraditório, já que as pessoas contabilizadas na planilha da CATRESP
ingressaram no recinto com o ingresso e, portanto, também estavam contabilizadas na planilha da
ingresso rápido.
Em outra seara, os peritos elaboraram uma terceira hipótese de estimativa de
público do evento, calculando o total do público em função do número de catracas, borderô
resumo e planilha de público, nos seguintes termos: "considerando-se, ainda, que na análise da
planilha de público temos um total de 25.679 pessoas que ingressaram através de 20 catracas e que
não existem quaisquer registros referentes ao ingresso dos espectadores para a Ala Vip e
Camarotes, que tem entrada diferenciada, que no presente caso poderiam ser as 14 catracas
faltantes e como na planilha do "Ingresso Rápido – Borderô Resumo" o total de ingressos da Ala
Vip e Camarotes correspondem a 8.238 pessoas, o total seria igual a 25.679 + 8.238 pessoas, com
total geral de público de 33.917 pessoas, configurando superlotação" (fl. 114).
Tal estimativa pode ser considerada, já que de fato o relatório da CATRESP não
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possui qualquer informação acerca do público que entrou no evento com os ingressos do Camarote
e Ala VIP e é cediço que tal público não utiliza a mesma catraca dos espectadores com os
ingressos mencionados.
E embora no parecer do assistente técnico conste que as catracas n. 06 e 18 foram
utilizadas pelos Camarotes e Ala VIP (2189) tal informação não constou no relatório oficial
apresentado quando do início do inquérito policial e não veio acompanhada de qualquer outra
prova. Demais disso, o fato de somente terem sido informados os dados relativos a 18 catracas,
das 34 disponibilizadas à organização, torna legítima a utilização dos dados contidos na planilha
de venda de ingressos para a estimativa de público. Assim, mais essa estimativa corrobora a tese
de superlotação autorizada pelo réu.
Por outro lado, a quarta hipótese elaborada pelos peritos também não pode ser
aceita por este juízo como elemento comprobatório da superlotação, uma vez que os relatores do
laudo utilizaram como premissa para tal cálculo o fato de que as pessoas que compraram ingressos
para um show cancelado anteriormente poderiam usar o mesmo ingresso para show ocorrido no
dia 23 de maio de 2009, quando ocorreu o evento danoso. Porém, tal fato, embora cogitado quando
do início do processo e tenha sido objeto de questionamento às testemunhas de acusação, vítimas e
testemunhas de defesa, não foi comprovado no decorrer do feito.
Assim, considerando que os documentos apresentados pela organização do evento,
quais sejam, o borderô da empresa "ingresso rápido" e o relatório da CATRESP foram
insuficientes para comprovar a contento o público que efetivamente ingressou no Rodeio de
realizado em 23 de maio de 2009 e, por outro lado, tendo em vista a validade de duas das quatro
estimativas elaboradas pelos peritos, as quais demonstram efetivamente que ingressou no local um
público superior a 30 mil pessoas, deve ser reconhecida a superlotação.
E nos termos defendidos pelo Ministério Público, de fato restou devidamente
comprovado nos autos que a superlotação concorreu de forma relevante para as mortes do quatro
jovens e que tal fato era previsível ao réu Valdomiro, responsável pela organização do evento.
O Capitão da Polícia Militar Sidney Maurano Júnior, ouvido pelo Ministério
Público em 29 de abril de 2009 (fl. 204), ou seja, quase um mês antes dos fatos, já havia alertado
para o risco de superlotação, dizendo ser pratica corriqueira da organização do evento, o que
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infelizmente veio a ser confirmar, conforme se observa no seguinte excerto do seu depoimento:
"Em decorrência das informações obtidas durante as reuniões com os
organizadores, chamou a atenção o fato de não ter sido apresentado a quantidade de ingressos
colocados à venda pelo organizador do evento. Apenas foi informado que trabalhariam com a
expectativa de público de 30.000 pessoas. Considerando que sabemos que, habitualmente, esse é
apenas o número de pessoas que o corpo de bombeiros limita como capacidade do recinto para o
Rodeio e tendo em vista a experiência dos anos anteriores, em que tive de intervir, por mais de
uma vez, para fechar a bilheteria e o acesso de arquibancadas, pela evidente superlotação no
recinto, há indicios de que, novamente, serão oferecidos ingressos além da capacidade permitida.
Isso comprometerá muito a segurança do público (...) (fl. 200).
No mesmo teor foi o ofício do Tenente Coronel Vanderlei Manoel de Oliveira,
datado de 28 de abril de 2009 e reproduzido às fls. 205/207.
Da ata da reunião acerca do Jaguariúna Rodeo Festival 2009, datada de 23 de abril
de 2009, constou o seguinte: "(...) A Sra. Telma, Secretária de Relações Institucionais do
município, (...) É de seu conhecimento que haverá shows cuja expectativa de público chegue em
torno de 50.000 (cinquenta mil) pessoas, ou seja, o dobro da população do município (...)" (fl.
211). Os senhores Carlos (diretor do evento) e Valdeir (responsável pelo estacionamento) estavam
presentes e nenhuma ressalva fizeram a essa afirmação.
Na reunião preparatória anterior, de 22 de abril de 2009, constou que: "Como item
necessário à elaboração do projeto de segurança, antes da sua apresentação foi perguntado à
organização o número de ingressos colocados à venda, sendo informado pelo Sr. Belém, advogado
do evento, que tal informação não possui, assim sendo trabalha com o público estimado de 30.000
(trinta mil) pessoas por dia, conforme possibilita a certidão de providências fornecida pela Polícia
Militar." (fl. 213).
Ou seja, já causava estranheza que as vésperas de um evento de tal magnitude a
organização ainda não tivesse decidido quantos ingressos seriam postos a venda, ainda mais que o
Rodeio era promovido pela empresa do acusado há vários anos e há vários anos o excessivo
público era constado pela Polícia Militar.
No mais, as vítimas e testemunhas ouvidas corroboram a alegação de que o evento
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estava superlotado – assim como já se observava nos eventos realizados nos anos anteriores,
situação está modificada, para melhor, depois de 2009.
De forma resumida, a vítima Stela Ribeiro Paula relatou que a arena estava muito
lotada, que entrava conforme as pessoas iam empurrando, então decidiu aguardar no canto
enquanto as pessoas iam passando que permaneceu de 10 ou 15 minutos na grade aguardando
viram uma fila de pessoas que estavam conseguindo sair e resolveram sair junto com aquelas
pessoas já que a multidão não parecia melhorar, visto que já tinha se perdido dos dez amigos.
Também as vítimas Gabriel Victor S. E Paula de Souza Skauriu relataram que a
entrada da arena estava muito congestionada, estando difícil de caminhar e a testemunha Rafael
Francatto também disse que o recinto estava tão cheio que quase não dava para andar. .
Mais incisivo foi o depoimento do policial militar Tenente Carlos Guilherme
Cardoso, o qual afirmou que a movimentação na chegada do recinto era bem maior que o normal e
que estacionamento estava muito cheio, mais que o usual.
Embora algumas testemunhas tenham afirmado que outros setores do evento
estavam com movimento normal se comparado às outras edições do evento, dos relatos colhidos e
das imagens apresentadas no laudo pericial é possível observar que havia sim uma grande
concentração e aglomeração de pessoas na arena. Assim, foi suficientemente demonstrada a
superlotação do recinto.
E não procede a alegação da defesa – baseada no parecer do assistente técnico
Ricardo Molina – de que o evento danoso decorreu de uma ação incontrolável provocada por um
multidão em pânico em decorrência de uma briga pontual.
Ora, conquanto algumas vítimas e testemunhas tenham afirmado que houve uma
briga dentro da arena próxima ao local do fato, não se infere dos relatos que a aglomeração de
pessoas no corredor 01 (croqui do laudo) de entrada e saída decorreu da aludida briga, ou seja, que
as pessoas resolveram sair da arena para "fugir" de tal briga, entrando no corredor ao mesmo
tempo em que outras pessoas tentavam entrar na arena.
Nesse sentido, destaco as declarações da vítima Barbara Cardoso, no sentido de
que "chegando na saída teve uma briga, mas não tinha nada a ver, a briga aconteceu na entrada do
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corredor, mais a esquerda e o pessoal contornava à direita", o que corrobora as declarações da
testemunha Carlos, namorado dela, de que as pessoas já queriam sair do local e que desviaram da
briga para acessarem o corredor de saída.
Portanto, não se pode afirmar por nenhum elemento de prova colhido que o evento
ocorrido decorreu de um pânico na multidão provocado por uma briga ocorrida na arena.
Outrossim, está evidenciado nos autos que a superlotação no evento provocou uma
aglomeração no corredor 01 (segundo croqui do laudo) de acesso/saída da arena e que tal fato
contribuiu de forma relevante para as mortes e lesões corporais ocorridas.
Corroborando tal conclusão, tem-se, além dos relatos das vítimas e testemunhas já
transcritos, a reprodução simulada dos fatos realizada pelos peritos do Instituto de Criminalísticas,
juntada às fls. 46/54, após a qual os experts concluíram: (a) que as portas de acesso/saída n. 01
estavam aberta para o interior da arena; (2) não havia dispositivo de controle do número de
espectadores nem do direcionamento do fluxo; (3) que o referido acesso encontrava-se lotado de
pessoas; (4) que a queda, sobreposição de corpos e pisoteio das vítimas teve início
aproximadamente 6 metros do porão de entrada do acesso.
Impende frisar, por oportuno, que, ao final do laudo, concluíram os peritos que a
superlotação tanto do recinto geral quanto da arena, na ala Vip e Camarotes constituíram fatores
de risco (fl. 116 do laudo) e quanto à responsabilidade dos organizadores do evento assim
destacaram: "A organização, por permitir o ingresso, de mais 30.000 espectadores, configurando
superlotação, conforme o já consignado anteriormente assumiu a responsabilidade de colocar a
segurança dos espectadores em risco" (fl. 117).
E nem se fale que os eventos danosos ocorridos (mortes e lesões corporais) não
eram previsíveis ao réu Valdomiro, uma vez que indubitavelmente ele tinha ciência da lotação
máxima estabelecida pelo Corpo de Bombeiros e é cediço que tal providência formal tem por
escopo garantir a segurança dos espectadores.
Aliás, em eventos de grande magnitude é de praxe a exigência pela polícia militar
da apresentação, pela organização do evento, de inúmeros documentos tendentes a demonstrar que
o evento é seguro, ou seja, não oferece riscos à integridade física do público. E o réu Valdomiro,
na condição de organizador do Rodeio de Jaguariúna há mais de 20 anos sempre teve ciência
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dessas exigências e obviamente, ao permitir o ingresso no evento em testilha de um número maior
de pessoas que o autorizado pelo AVCB, assumiu o risco de produzir o resultado danoso, pelo
qual, portanto, deve ser responsabilizado criminalmente.
Diante de todo o exposto, com base em toda a argumentação exposta acima, é o
caso de absolvição dos acusados Maria Carolina da Silva Wilkler e Flávio Paoliello Machado de
Souza e de condenação do réu Valdomiro Poliselli Júnior pelos quatro homicídios culposos
descritos na denúncia.
Passo, então, a dosar às penas.
Sopesados os critérios estabelecidos nos artigos 59 e 60 do Código Penal, verifico
que embora o acusado seja primário e tenha bons antecedentes, as circunstâncias do delito em
exame fogem de casos análogos do mesmo tipo penal, o que justifica o aumento da pena mínima
em 1/2.
Isso porque as mortes ocorreram em evento de grande magnitude, tendo o delito
causado grande comoção social. Além disso, as vítimas faleceram muito jovens, de modo que
houve grande sofrimento e angústia por parte dos familiares, especialmente dos genitores. Assim,
fixo a pena-base em 1 ano e 6 meses de detenção.
Não há agravantes ou atenuantes a serem valoradas.
Em razão do concurso formal de crimes, uma vez que, com uma ação o réu
produziu quatro mortes, aumento a pena em 1/2 (em razão do número de mortes), nos termos do
artigo 70 do Código Penal, fixando-a em 2 anos e 3 meses de detenção.
A pena é definitiva, pois nenhuma circunstância mais a altera.
O regime inicial da pena privativa da liberdade seria o aberto, por força do art. 33,
parágrafo 2º, aliena “c”, do Código Penal.
Todavia, considerando que o acusado preenche os requisitos do artigo 44, incisos
I, II e III, cumulado com o parágrafo 2º, e artigo 45, parágrafo primeiro, do Código Penal,
substituo a pena corporal por uma pena de prestação de serviços à comunidade a ser fixada pelo
Juízo das Execuções Penais e outra pena de prestação pecuniária.
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE JAGUARIÚNAFORO DE JAGUARIÚNA2ª VARARUA SANTO ANTONIO DE POSSE, 259, Jaguariuna - SP - CEP 13820-000Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
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Fixo a prestação pecuniária no valor máximo previsto, isto é, 360 salários
mínimos, pois notória a vultosa capacidade financeira do réu, o qual é um grande empresário da
região. Tal prestação pecuniária ser revertida para entidade pública ou privada com destinação
social, a ser especificada quando da Execução Penal, uma vez que é de conhecimento deste juízo
que as famílias das quatro vítimas que faleceram foram ressarcidas civilmente pelo próprio réu,
enquanto organizador do evento, de modo que eventual prestação pecuniária fixada em favor das
famílias das vítimas se perderia, ante a compensação admitida pelo artigo 45, parágrafo primeiro,
do Código Penal.
Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação penal para:
(1) EXTINGUIR a punibilidade dos réus FLÁVIO PAOLIELLO MACHADO DE
SOUZA, MARIA CAROLINA DA SILVA WINKLER e VALDOMIRO POLISELLI JUNIOR
ante a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva em abstrato, nos termos do artigo 109, inciso
VI, e artigo 107, IV, do Código Penal em relação a imputação da prática, por oito vezes, do delito
previsto no artigo 129, parágrafos 6º e 7º do Código Penal;
(2) ABSOLVER os réus MARIA CAROLINA DA SILVA WINKLER e FLÁVIO
PAIOLIELLO MACHADO DE SOUZA, com fundamento no artigo 386, inciso V, do Código de
Processo Penal;
(3) CONDENAR o réu VALDOMIRO POLISELLI JUNIOR, qualificado nos
autos, à pena de 2 (dois) anos e 3 (três) meses de detenção, no regime inicial aberto, em caso de
conversão, substituída por uma pena de prestação de serviços à comunidade e outra de prestação
pecuniária no valor de 360 salários mínimos, a ser revertida para entidade público ou privada de
fins sociais a ser indicada, pela prática do delito previsto no artigo 121, parágrafo terceiro, na
forma do artigo 70 (por quatro vezes) do Código Penal.
Poderá o réu condenado apelar em liberdade, porquanto primário, com bons
antecedentes, estão ausentes os requisitos que autorizariam sua custódia cautelar e a prisão é
incompatível com a pena aplicada.
Após o trânsito em julgado: (a) lance-se o nome do réu no rol dos culpados; (b)
notifiquem-se a família das vítimas do teor desta decisão; (c) informe a condenação ao IRGD e
TRE.
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Deixo de fixar a indenização devida às vítimas, visto que a questão já foi discutida
em ação própria.
Custas na forma da lei.
P.R.I.
Jaguariuna, 06 de abril 2018.
Ana Paula Colabono Árias
Juíza de Direito
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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