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Flávia Machado da Cruz Pinheiro Barbosa Regionalização de Fatores Ambientais para o Ecoturismo na Estrada Real UFMG Instituto de Geociências Departamento de Cartografia Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha Belo Horizonte [email protected] VIII Curso de Especialização em Geoprocessamento 2005

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Flávia Machado da Cruz Pinheiro Barbosa

Regionalização de Fatores Ambientais para oEcoturismo na Estrada Real

UFMG Instituto de Geociências

Departamento de Cartografia Av. Antônio Carlos, 6627 – Pampulha

Belo Horizonte [email protected]

VIII Curso de Especialização em Geoprocessamento2005

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FLÁVIA MACHADO DA CRUZ PINHEIRO BARBOSA

REGIONALIZAÇÃO DE FATORES AMBIENTAIS PARA O ECOTURISMO NA ESTRADA REAL

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de especialista em Geoprocessamento, Curso de Especialização em Geoprocessamento, Departamento de Cartografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais. Orientadora: Prof. ª Ana Clara Mourão Moura

BELO HORIZONTE 2005

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Barbosa, Flávia Machado da Cruz Pinheiro Regionalização de Fatores Ambientais para o Ecoturismo na Estrada Real / Flávia Machado da Cruz Pinheiro Barbosa. Belo Horizonte, 2005. v, 30f.: il. Monografia (Especialização) – Universidade Federal de Minas Gerais. Instituto de Geociências. Departamento de Cartografia, 2005. Orientadora: Prof. ª Ana Clara Mourão Moura 1. Geoprocessamento 2. Estrada Real 3. Fatores Ambientais. 4. Ecoturismo. I. Título.

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AGRADECIMENTOS

Ao Departamento de Cartografia, agradeço por oferecer oportunidade tão essencial para

nós geógrafos: um curso de Especialização em Geoprocessamento.

A Professora Ana Clara, pelos incentivos, pela didática maravilhosa, pela disponibilidade e

atenção realizada para com os alunos e seus orientandos.

Aos monitores que muito nos ensinaram e participaram deste momento tão importante.

A todos os professores que, na medida do possível, nos ajudaram na resolução de dúvidas

e questões relativas ao curso e nas atividades pertinentes.

Aos colegas de turma, agradeço pelos inúmeros momentos de descontração e seriedade

quando trabalhamos em grupo, principalmente Luiza, Marcela e Érica.

Ao meu querido esposo Paulo, pelo contínuo incentivo pela busca da minha realização

profissional, pois ele sabe quanto é importante para mim. E ao seu belo dom em design

que me ajudou no tratamento gráfico dos mapas.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 01

2. GEOPROCESSAMENTO E ESCOLHAS TURÍSTICAS:

objetivo e justificativa ................................................................................................. 02

3. ECOTURISMO ............................................................................................................ 03

3.1. Fatores ambientais: definições e suas inter-relações ................................................... 03

3.2. Ecoturismo: relações entre o turismo e a natureza ...................................................... 05

4. POTENCIALIDADE ECOTURÍSTICA DA ESTRADA REAL ............................ 08

4.1. Estrada Real: primeiros passos na história .................................................................. 09

4.2. Estrada Real e propostas de regionalização ................................................................ 12

5. METODOLOGIA ........................................................................................................ 14

6. RESULTADOS OBTIDOS .......................................................................................... 28

7. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 30

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LISTAS

TABELAS

Tabela 1 – Pólos de Desenvolvimento do Ecoturismo no Brasil – EMBRATUR ............ 06 Tabela 2 – Segmentos e principais características do turismo vinculados ao Ecoturismo 07 Tabela 3 – Matriz de cruzamento – Precipitação x Temperatura ..................................... 20 Tabela 4 – Matriz de cruzamento – Altitude x Temperatura e Precipitação ..................... 20 Tabela 5 – Matriz de cruzamento – Vegetação x Altitude, Precipitação e Temperatura .. 20

MAPAS

Mapa 1 – Mapa de localização das regionais turísticas da Estrada Real em Minas Gerais segundo o Instituto Estrada Real ........................................................................................ 08 Mapa 2 – Mapa de Precipitação – Janeiro – 1985 a 2004 ................................................. 15 Mapa 3 – Mapa de Precipitação – Julho – 1985 a 2004 .................................................... 16 Mapa 4 – Mapa de Temperatura Média – Janeiro – 1985 a 2004 .................................... 16 Mapa 4 – Mapa de Temperatura Média – Julho – 1985 a 2004 ........................................ 17 Mapa 6 – Mapa hipsométrico do Estado de Minas Gerais ................................................ 18 Mapa 7 – Mapa da vegetação natural do Estado de Minas Gerais ................................... 19 Mapa 8 – Mapa de combinação entre Precipitação e Temperatura – Janeiro ................... 21 Mapa 9 – Mapa de combinação entre Precipitação e Temperatura – Julho ...................... 22 Mapa 10 – Mapa de combinação entre Altitude, Temperatura e Precipitação – Janeiro . 22 Mapa 11 – Mapa de combinação entre Altitude, Temperatura e Precipitação – Julho .... 23 Mapa 12 – Mapa de combinação entre Vegetação, Altitude, Precipitação e Temperatura em Janeiro ........................................................................................................................... 23 Mapa 13 – Mapa de combinação entre Vegetação, Altitude, Precipitação e Temperatura em Julho ............................................................................................................................. 24 Mapa 14 – Mapa das regiões na Estrada Real caracterizadas por fatores ambientais Estação Chuvosa ................................................................................................................. 25 Mapa 15 – Mapa das regiões na Estrada Real caracterizadas por fatores ambientais Estação Seca ....................................................................................................................... 26

FIGURAS

Figura 1 – Mapa de localização dos principais municípios mineiros pertencentes à Estrada Real – SECTUR ................................................................................................................. 12 Figura 2 – Mapa com as divisões regionais e municípios integrantes do Projeto Estrada Real – IER .......................................................................................................................... 13

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RESUMO

Este trabalho tem como finalidade criar alternativas de escolhas para os ecoturistas que

percorrem a Estrada Real, comparando as regionais turísticas definidas pelo Instituto

Estrada Real com regionais criadas e caracterizadas por fatores ambientais. Podemos

justificar a realização deste trabalho pela necessidade de estudos voltados para a

caracterização geográfica da Estrada Real. Utilizamos os softwares ARCGIS para tratar os

mapas bases e SAGA para gerar mapas de combinação conforme as matrizes de

cruzamento elaboradas a partir do método de análise de multicritérios. Os mapas de síntese

revelam a variedade de escolhas que os turistas possuem para a prática do Ecoturismo na

Estrada Real. O Geoprocessamento, como ferramenta valiosa para o geógrafo, foi de

fundamental importância para a realização deste estudo.

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1. INTRODUÇÃO

As atividades turísticas, especificamente em Minas Gerais, mantêm um crescimento

acelerado em várias cidades que possuem importâncias histórico-geográficas. São

atividades que beneficiam economicamente a comunidade local, porém, prejudicam o meio

natural e o patrimônio histórico se não constarem de um planejamento anterior à

implantação destas atividades.

Uma das preocupações no planejamento turístico bem estruturado deve ser o conhecimento

prévio da região escolhida, principalmente, das características biogeográficas quando se

tratar da implantação de um projeto de Ecoturismo.

O conhecimento de alguns fatores ambientais, como o regime pluviométrico, de

temperatura, o tipo de relevo e a vegetação, é essencial para a prática de certas atividades

turísticas.

Grandes diversidades de recursos naturais são encontradas ao longo do percurso da Estrada

Real, programa turístico que foi escolhido para esta pesquisa, implantado em um antigo

caminho, que segundo SANTOS (2001), percorria vasta área no centro-sul do Brasil, tendo

como destino principal a região das minas de ouro e diamante da capitania das Minas

Gerais.

Percebemos uma necessidade de estudos ambientais voltados a este programa turístico, e a

partir desta necessidade, a pesquisa a seguir apresenta um levantamento de parâmetros

climáticos como a precipitação e temperatura nos períodos de estação seca e chuvosa

juntamente com a altimetria e vegetação do local.

Foram utilizados recursos de geoprocessamento para criação de regiões homogêneas a

partir destes fatores ambientais, o que constará de extrema importância para escolha do

local de visitação dos ecoturistas destinados às atividades na Estrada Real.

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2. GEOPROCESSAMENTO E ESCOLHAS TURÍSTICAS: objetivo e justificativa

O objetivo deste trabalho é criar alternativas de escolhas para os turistas que praticam o

Ecoturismo no Estado de Minas Gerais ao longo do percurso da Estrada Real,

caracterizando o Estado segundo composições de fatores ambientais e verificando essas

regionalizações ao longo da área do Projeto Estrada Real. A definição de regionais

proposta pelo Instituto Estrada Real – IER, seguiu os critérios da História e atividades

sócio-econômicas, e é objetivo do presente trabalho observar a correlação entre as referidas

divisões regionais e o zoneamento de fatores ambientais.

Podemos justificar a realização deste trabalho pela necessidade de estudos voltados para

Estrada Real. A demanda turística do programa Estrada Real junto às variadas atividades

que podem ser praticadas relacionadas ao Ecoturismo neste local determinaram o interesse

para a organização e tratamento de informações de fatores ambientais.

A expansão de tecnologias como as da informática, das imagens de satélites, dos softwares

gráficos e estatísticos permitiram à geografia, através do geoprocessamento, transformar-se

em uma ciência de utilização muito mais ampla.

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3. ECOTURISMO

3.1. Fatores ambientais: definições e suas inter-relações

Chamamos de recurso natural todo e qualquer componente da natureza que o homem pode

usar em seu benefício. Desde o tempo em que vivia em cavernas, o homem vem retirando

da natureza os meios necessários à sua sobrevivência e ao seu conforto. Com o tempo, ele

aprendeu a transformá-la, produzindo novos artefatos, mas a sua dependência em relação

ao meio natural não diminuiu; ao contrário, tornou-se maior em virtude do crescimento de

suas necessidades; ainda hoje, continuam sendo supridas mediante o aproveitamento

desses recursos.

A vida no globo terrestre, que se desenvolve na biosferaTPF

1FPT, depende de uma série de

condições físicas, químicas e biológicas como: luz, calor, umidade, diferentes gases da

atmosfera, vento, solo, condições locais como topografia, latitude e altitude. Por isso, o

meio ambiente é um conceito que pode assumir os mais diversos níveis de abrangência.

Os seres vivos dependem de fatores físicos e químicos para sobreviverem, e estes fatores,

inter-relacionados, dão características ao ambiente físico. Segundo TROPPMAIR (2004),

pode-se definir meio ambiente como sendo o complexo de elementos e fatores físicos,

químicos, biológicos e sociais que interagem entre si com reflexos recíprocos afetando os

seres vivos de forma direta e muitas vezes visível.

Dentre os fatores físicos, o clima tem importância fundamental, sendo resultado da

conjugação de diversos parâmetros como a insolação, temperatura, umidade, vento,

precipitação e evaporação em uma sucessão habitual de tempo em um determinado local.

As condições do tempo, estado instantâneo da atmosfera, são influenciadas pela latitude e a

elevação relacionadas a grandes formações de terra, montanhas, correntes oceânicas e

correntes de ar. Portanto, o clima é também o principal controlador do meio ambiente

físico.

TP

1PT TROPPMAIR (2004) define a biosfera “como o espaço terrestre onde se desenvolve a vida, ou seja,

funcionam as geobiocenoses. As geobiocenoses formam um mosaico na superfície terrestre existindo áreas com altas concentrações de vida como as florestas equatoriais, enquanto em outras, como nos desertos e pólos, a vida é rarefeita”.

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O vento pode afetar os solos e a operação de processos geomorfológicos. O fator

temperatura, por exemplo, pode influenciar no desenvolvimento de vegetais e animais e na

sensação de calor e frio no ser humano, provocando diferentes mudanças no uso de

vestuários e possível alteração no comportamento dos indivíduos.

As chuvas e a umidade do ar são também elementos do clima de grande relevância quando

se fala em atividade turística. Na maior parte do globo, os climas definem-se por suas

características higrotérmicas e pluviais. As chuvas, em especial, possuem uma distribuição

extremamente irregular nos hemisférios. As áreas afetadas por condições de secas severas,

por exemplo, impõem sérias restrições a inúmeras manifestações de atividades humanas,

assim como aquelas que registram valores de umidade extremamente excessiva. (REIS DE

JESUS, 2004)

O ritmo anual das precipitações pluviométricas durante o ano, numa região, representa um

outro aspecto de grande importância a ser registrado no calendário turístico. Para REIS DE

JESUS (2004), do ponto de vista meteoroclimático, a sazonalidade e os ciclos semanais

das chuvas numa região são explicados em função da freqüência de atuação de sistemas e

subsistemas produtores do tempo e do clima em consonância com o ciclo estacional

(estações do ano). Esse ciclo, nos ambientes tropicais, alterna-se em períodos secos e

chuvosos durante o ano, afetando sensivelmente o ritmo da procura pelos diversos tipos de

balneários, passeios por vias marítimas e fluviais, eventos realizados ao ar livre, dentre

outros. Certamente, os efeitos da sazonalidade, no âmbito climático, podem ser facilmente

percebidos, no momento em que as operadoras de viagens e as empresas aéreas passam a

promover vantagens ou reduções dos seus preços durante os chamados períodos de baixa

estação.

Um dos fatores ambientais existentes e, também, importante é a topografia e formações da

terra, ou seja, o relevo. A forma geral da superfície da terra e suas estruturas superficiais

tornam únicas algumas áreas geográficas. Para FENNELL (2002), uma região de

formações da terra é uma seção da superfície da terra caracterizada por uma grande

homogeneidade entre esses tipos de formação.

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Todos os arranjos dos elementos do meio natural considerados nesta pesquisa, como

fatores ambientais, formam um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico.

Para esta perspectiva de conjunto de componentes, processos e relações dos sistemas que

integram o meio ambiente físico, em que pode ocorrer exploração biológica,

SOTSCHAVA (1977) define como Geossistema que “compreende um espaço

caracterizado pela homogeneidade dos seus componentes, suas estruturas, fluxos e relações

que integrados, formam o sistema do ambiente físico e onde há exploração biológica”.

Atualmente, os espaços geossistêmicos são utilizados, freqüentemente, para a realização de

atividades turísticas. As modalidades de turismo relacionadas a espaços naturais cresceram

em importância no conjunto dos segmentos das viagens turísticas. Essas modalidades,

chamadas de alternativas, têm nos recursos naturais seu principal objeto de consumo,

diferentemente das práticas de turismo de massa que requerem imensas infra-estruturas

urbanas.

3.2. Ecoturismo: relações entre o turismo e a natureza

O Brasil é um país de dimensões continentais e de diversidades naturais. Poucos destinos

turísticos podem oferecer opções tão variadas quanto o Brasil. Suas belezas naturais e as

inúmeras reservas ambientais protegidas são valiosos atrativos para o turista. São florestas,

formações arbustivas, extensas áreas de vegetação rasteira, formações complexas como o

Pantanal, além dos geossistemas tipicamente litorâneos como os mangues, dunas e

restingas.

Prevalecendo no Estado de Minas Gerais, as formações rochosas, serras, grutas e

cachoeiras são atrativos turísticos cada vez mais procurados pelos turistas com o objetivo

de buscar o ar puro e a beleza natural inexistente nas grandes metrópoles.

AZEVEDO e KOHLER (2003) enfatizam que “o turismo faz uso da paisagem na

concepção geográfica de espaço (ambiente ou meio), formada pelos elementos bióticos e

abióticos que constituem a geosferaTPF

2FPT”.

TP

2PT Para AZEVEDO e KOHLER (2003 ), a geosfera é a zona de interseção da litosfera, atmosfera, hidrosfera e

biosfera.

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Esses elementos bióticos e abióticos são recursos naturais que de modo geral, se

apresentam como aspectos únicos, diferentes, e atraem a atenção das pessoas para a prática

do lazer, da recreação e do turismo.

Os campos e as florestas servem tanto para piqueniques como para passeios ao ar livre, as

áreas de água superficial para canoagem e natação, as montanhas para o alpinismo ou para

avistar o que está mais além panoramicamente.

COSTA (2002) ressalta que a contemplação de belezas naturais está nas raízes de um

segmento do turismo: o chamado ecoturismo. A história do ecoturismo está ligada a uma

noção de turismo ao ar livre, o que carrega uma interpretação – um tanto falha – de

atividade específica de deslocamento para áreas naturais. O ecoturismo é mais do que isso:

é, antes de tudo, uma atividade que compreende em si um posicionamento ambiental de

conservação do patrimônio natural e cultural, tanto em áreas naturais como não naturais.

Essa atividade vem crescendo no país, junto com a busca pelo atrativo de parques

nacionais, inclusive dinamizando todo um processo de viagens de brasileiros – e

estrangeiros – ecoturistas.

A EmbraturTPF

3FPT, segundo COSTA (2002), lançou em 1999/2000 um programa de pólos de

ecoturismo com o objetivo de identificar as localidades brasileiras onde o ecoturismo já

ocorria com algum sucesso. Em Minas Gerais, foram definidos seis pólos conforme

Tabela 1 a seguir:

PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO NO BRASIL CÓDIGO DENOMINAÇÃO

MG1 Grutas, serras e diamantes

MG2 Zona da Mata

MG3 Circuito do Ouro

MG4 Terras Altas da Mantiqueira

MG5 Pólo Canastra

MINAS GERAIS

MG6 Pólo Caminhos do Cerrado

Tabela 1 - Pólos de Desenvolvimento do Ecoturismo no Brasil - EMBRATUR

TP

3PT Instituto Brasileiro de Turismo

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Para a EMBRATUR (1994), a atividade ecoturística deve abranger como características

conceituais:

• a dimensão do conhecimento da natureza,

• a experiência educacional interpretativa,

• a valorização das culturas tradicionais locais, e

• a promoção do desenvolvimento sustentável.

Dois segmentos do turismo se vinculam ao ecoturismo para a prática de modalidades que

englobam algum exercício fisco: o turismo desportivo e o turismo de aventura. COSTA

(2002) resume as principais características destas duas modalidades conforme a Tabela 2:

MODALIDADE ESPAÇO ATIVIDADES

Turismo de Aventura Áreas naturais, rotas naturais e históricas

Senderismo, acampamento, expedições, excursões marítimas, snorkling,

trekking

Turismo Desportivo Áreas naturais, acidentes e elementos geográficos

Montanhismo, escalada, ciclismo, canoagem, rafting,

caça e pesca sustentáveis

Tabela 2 – Segmentos e principais características do turismo vinculados ao Ecoturismo

Hoje, o ecoturismo é considerado um segmento elitizado: o turista que procura essa fatia

do mercado possui um grau de cultura elevado e de poder aquisitivo de médio a alto social

e economicamente, a chamada classe média é o público característico. COSTA (2002) os

divide em ecoturistas praticantes e os eventuais.

Os praticantes caracterizam-se por uma busca contínua de contato e integração com a

natureza; são adeptos fiéis de uma ou várias práticas ecoturísticas, em que o mais comum é

a alternância na prática de várias atividades. Os eventuais são os que buscam um contato

esporádico com a natureza utilizando-se, para isso, do ecoturismo; normalmente, são

pessoas que procuram aliviar a tensão e o estresse do dia-a-dia, e quase sempre procuram

atividades de mais ação para tanto.

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4. POTENCIALIDADE ECOTURÍSTICA DA ESTRADA REAL

De acordo com informações da Secretaria do Estado de Turismo de Minas Gerais -

SECTUR (2005), a Estrada Real abrange 177 municípios, sendo 162 em Minas Gerais, 8

no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo. O grande potencial turístico da região permite o

desenvolvimento de diversas modalidades de turismo: ecoturismo, rural, de saúde,

religioso, esotérico, esportivo, de negócios, gastronômico, histórico e cultural. São mais de

1400 km de percurso para atrair cerca de 2,5 milhões de turistas por ano, gerando mais de

178.000 empregos e U$S 1,25 bilhão para as economias municipais. O percurso está

localizado entre monumentos históricos e riquezas naturais, sendo dividido pelo Instituto

Estrada Real – IER em 8 regionais turísticas conforme o Mapa 1.

Mapa 1 – Mapa de localização das regionais turísticas da Estrada Real em Minas Gerais segundo o Instituto Estrada Real

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4.1. Estrada Real: primeiros passos na história

A Estrada Real vem se tornando e firmando-se cada vez mais como um dos principais e

mais importante projetos turísticos e ecológicos de Minas Gerais, atraindo a atenção de

agências e órgãos governamentais, empresas privadas, organizações não governamentais e

profissionais individuais.

Para compreendermos a Estrada Real como uma importante peça de movimento turístico e

econômico no Estado de Minas Gerais é de suma relevância voltarmos alguns passos na

história e entendermos sua importância nas Minas Gerais dos séculos XVII e XVIII.

Conforme SANTOS (op. at.), o surgimento dos primeiros trechos da Estrada Real deve-se

à ação das bandeiras de prospecção de pedras preciosas iniciadas por Fernão Dias por volta

de 1674 (século XVII) e encontra seu auge em meados de 1750 (século XVIII) com a

economia mineradora. A entrada portuguesa no território das Minas Gerais se deu de forma

abrupta como instrumento de expressão da constante expansão européia. As penetrações no

interior do território por contingentes de exploradores agrupados em formação

paramilitares, seja para a captura de índios ou extração de riquezas minerais, foram as

iniciativas responsáveis pelo devassamento da enorme massa territorial representada pelo

aglomerado de terras da porção oriental da América do Sul. A incursão dos bandeirantes é

vista como uma cruel violação devido ao fato das terras penetradas já serem ocupadas por

cerca de cinco milhões de indivíduos, dentre eles índios originários do território brasileiro,

paraguaio e do Rio do Prata, que ali já constituíam suas tribos.

Foi em São Paulo de Piratininga e nas demais vilas paulistas ao redor da região que se

originaram e proliferaram os maiores contingentes de expedições ao interior do território

brasileiro e que, no decorrer dos passos históricos, viriam a ser conhecidos como

bandeirismo. Não podemos frisar a atividade bandeirante apenas como um fenômeno

oriundo dos núcleos urbanos paulistas do século XVI e XVII, pois outros agentes também

foram peças fundamentais para o desenvolvimento do sistema de exploração do que é o sul

da Bahia e o norte de Minas Gerais: as entradas baianas, do sertão nordestino por

expedicionários sergipanos e cearenses e da região do Rio Doce as entradas organizadas na

capitania do Espírito Santo.

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SANTOS (2001) também ressalta que, com as expedições paulistas, o ouro é descoberto na

região central de Minas Gerais em fins do século XVII. Obstáculos das serras na demanda

pelas minas, tendo como caminhos a serem percorridos os vales dos rios e as serras como

pontos de referência e dispersão, criaram o contexto geral no qual surge a Estrada Real.

Ouro Preto se tornou o principal foco dinamizador da Colônia em função de sua riqueza

mineral foi, ainda, rota de passagem para as minas do Rio das Velhas e, posteriormente, a

do distrito diamantino. LEÃO (2003) afirma que “o trecho que percorre de Ouro Preto a

Ouro Branco constitui um sítio impregnado de referências históricas, era passagem

obrigatória no período colonial por acessar a região de maior riqueza aurífera, Ouro Preto e

adjacências”.

Devido ao fato de Minas Gerais ter se tornado a principal fonte de riquezas para sua

Metrópole, Portugal, um crescente aglomerado de pessoas ali se localizaram constituindo

uma crescente urbanização e o desenvolvimento de uma malha de vias por onde a

economia circulava. O ciclo do ouro, então, torna-se o responsável pelo povoamento

rápido de Minas Gerais causando assim um “inchaço” na Colônia.

Esse aglomerado populacional gerou toda uma relação de comunicação com as regiões em

seu entorno. Segundo IGLESIAS (1985), dois são os aspectos na sociedade que aí se

formaram e podem ser destacados como: a urbanização e a estratificação social. A

mineração foi peça que alavancou a origem de muitas localidades, mas não foi o único

fator predominante. O comércio que se desenvolveu nas margens das estradas, no

cruzamento dos caminhos, em torno de uma região, foram também peças relevantes para a

emersão de vilas.

Em linhas gerais, foi a colonização o principal mecanismo para o surgimento da linha de

escoamento aurífero e, conseqüentemente, o surgimento da Estrada Real através da

abertura de caminhos pelas matas. Esses caminhos foram surgindo de forma progressiva e

desenvolvendo-se para atender cada vez melhor o movimento gerado pela exploração de

ouro em Minas Gerais.

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Até o final do século XVII havia apenas dois caminhos que forneciam acesso às minas, o

caminho geral do sertão, vindo da cidade de São Paulo e o caminho velho, vindo do Rio de

Janeiro e passando por São Paulo, via Taubaté. Iniciado no final do século XVII, o

Caminho Novo, do Rio de Janeiro direto às Minas Gerais, já era transitável por volta de

1710, vindo a se transformar na rota definitiva do escoamento do ouro. O desenvolvimento

dos novos caminhos mostra um encurtamento no tempo de percurso na artéria aurífera que

leva até Minas Gerais, o primeiro caminho, sul de São Paulo, era percorrido em dois

meses, o segundo caminho (Caminho Velho) se fazia em 45 dias, partia-se de Taubaté, e o

terceiro caminho (Caminho Novo) era percorrido em apenas 15 dias e tinha como ponto de

partida o Rio de Janeiro. O Caminho Novo, mais tarde denominado de Estrada Real,

tornou-se a partir de então, o caminho oficial e definitivo do Rio de Janeiro para Minas

Gerais.

Na década de 1990, um grupo de pessoas, inspirado na peregrinação no Caminho de

Santiago de CompostelaTPF

4FPT, existente na Espanha, propôs ao governo mineiro a

institucionalização da Estrada Real como um programa turístico oficial. Este caminho é

místico, mas em torno dele desenvolveu-se toda uma dinâmica de economia turística.

Em 2003, é lançado um programa turístico governamental apoiado por vários órgãos e

instituições envolvidas com o turismo e o financiamento de projetos. O Programa de

Desenvolvimento do Potencial Turístico da Estrada Real vem recebendo incentivos,

inclusive linhas de financiamento e programas de divulgação tanto no nível estadual como

no nível federal.

Segundo a Secretaria do Estado de Turismo de Minas Gerais – SECTUR (2005), o

Programa Estrada Real abrange três Estados brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas

Gerais, como já vistos, de fundamental importância na história da Estrada Real. Esse

Programa foi também ao encontro da crescente valorização da ecologia e da paisagem

natural que vem aos poucos transformando locais do interior mineiro em atrativos

turísticos e tem como finalidade promover e desenvolver os municípios mineiros da área

TP

4PT LEÃO (2003) explica que, desde 1994, algumas pessoas viram nos caminhos da Estrada Real, que até

então constituíam caminhos “da roça” no interior mineiro e de passeios de grupos alternativos uma possível versão local do caminho da Espanha.

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de influência da Estrada Real, recuperando e aproveitando o potencial local, de modo a

formatar um produto turístico de destaque no cenário nacional e internacional.

4.2. Estrada Real e propostas de regionalização

Existem duas propostas de regionalização do Projeto Estrada Real, uma definida

pela SECTUR e outra pelo IER. A proposta da SECTUR define a distribuição de

municípios integrantes do Projeto Estrada Real conforme os circuitos turísticos como

mostra a Figura 1.

Figura 1 – Mapa de localização dos principais municípios mineiros pertencentes a Estrada Real – SECTUR

A SECTUR define circuito turístico como:

“Um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável, através da integração contínua dos municípios, consolidando uma identidade regional”. (SECTUR, 2005)

Os municípios mineiros integrantes do Programa Estrada Real estão divididos entre os

vários circuitos turísticos definidos pela SECTUR: Circuito dos Diamantes, da Serra do

Cipó, do Ouro, da Trilha dos Inconfidentes, do Caminho Novo, das Águas e das Terras

Altas da Mantiqueira.

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Já a regionalização dos municípios integrantes do Projeto Estrada Real realizada pelo

Instituto Estrada Real - IER é diferente da proposta da SECTUR. Os municípios são

agrupados em regionais turísticas em função de suas características históricas e sócio-

econômicas, conforme a Figura 2. A comparação da regionalização criada neste presente

trabalho foi realizada com a proposta de regionalização definida pelo IER, mas, em futuros

trabalhos, seria possível compará-la também com a proposta da SECTUR.

Figura 2 – Mapa com as divisões regionais e municípios integrantes do Projeto Estrada Real – IER

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5. METODOLOGIA

As etapas metodológicas foram as seguintes:

1. Pesquisa bibliográfica acerca do tema de estudo. Realização de leituras para definição

dos principais conceitos relacionados ao geoprocessamento, turismo, ecoturismo,

climatologia e biogeografia.

2. Definição dos principais fatores ambientais relacionados ao ecoturismo que foram a

Precipitação e Temperatura no mês mais chuvoso (janeiro) e mais seco (julho) durante

os anos de 1984 a 2004, a altitude e a vegetação natural.

3. Levantamento de base cartográfica do Estado de Minas Gerais da carta ao milionésimo

disponibilizada na web pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

4. Levantamento de mapas temáticos da Precipitação e Temperatura Máximas e Mínimas

dos meses de Janeiro e Julho, no período de 1985 a 2004, no Estado de Minas Gerais,

disponibilizados pelo projeto GEOSCHISTOTPF

5FPT do Departamento de Cartografia da

UFMG, sendo utilizados os dados do CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e

Estudos Climáticos.

5. Levantamento de mapa temático da Vegetação Natural do Estado de Minas Gerais,

disponibilizado na web pelo GeoMINAS. É importante ressaltar que este mapa não

mostra a vegetação atual de Minas Gerais, mas, sim, identifica a vegetação original.

6. A partir da necessidade de aplicar uma projeção plana e que envolve todo o Estado de

Minas Gerais, convertemos a Projeção Geográfica LAT/LONG (projeção original) de

todos os layers para a Projeção de LAMBERT no software ARC/GIS. A Projeção

UTM não foi utilizada pelas limitações existentes no software SAGA.

TP

5PT Convênio René Rachou – Fiocruz & Laboratório Geoprocessamento UFMG & INPE (CPTEC e DPI)

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7. Definição de resolução dos mapas, sendo que todos foram de 300m com 3880 colunas

e 2980 linhas, pois uma resposta por 300 x 300 metros é mais do que suficiente para o

objetivo desta pesquisa.

8. Definição do retângulo envolvente com as seguintes coordenadas: 1782000:891000,

888000:891000 e 1782000:2055000, 888000:2055000.

9. Reclassificação dos mapas de Precipitação e Temperatura Mínima e Máxima no

software ARCGIS (a Temperatura Média foi calculada no software ARCGIS somando

os dois mapas e dividindo por dois); conversão das bases vetorais para raster com

extensão .TIFF no ARCGIS, sendo as imagens raster levadas para o software CRIAR

do software SAGA; montagem dos layouts dos mapas gerados no módulo

RASTERTIFF do SAGA para definição de cabeçalho e legendas (Mapas 2, 3, 4, 5).

Mapa 2 – Mapa de Precipitação – Janeiro – 1985 a 2004

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Mapa 3 – Mapa de Precipitação – Julho – 1985 a 2004

Mapa 4 – Mapa de Temperatura Média – Janeiro – 1985 a 2004

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Mapa 5 – Mapa de Temperatura Média – Julho – 1985 a 2004

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10. Geração de um modelo digital de terreno com as informações de curvas de nível da

carta ao milionésimo do IBGE no software ARCGIS.

11. Geração de mapa hipsométrico baseado no modelo digital de terreno com a verificação

do ponto mais alto e ponto mais baixo para classificação das faixas hipsométricas no

software ARCGIS; conversão da base vetorial para raster com extensão .TIFF no

ARCGIS, sendo a imagem raster levada para o software CRIAR do software SAGA;

montagem do layout do mapa gerado no módulo RASTERTIFF do SAGA para

definição de cabeçalho e legenda (Mapa 6).

Mapa 6 – Mapa hipsométrico do Estado de Minas Gerais

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12. Reclassificação do mapa temático de Vegetação Natural no software ARCGIS;

conversão da base vetorial para raster com extensão .TIFF no ARCGIS, sendo a

imagem raster levada para o software CRIAR do software SAGA; montagem do layout

do mapa gerado no módulo RASTERTIFF do SAGA para definição de cabeçalho e

legenda (Mapa 7).

Mapa 7 – Mapa da vegetação natural do Estado de Minas Gerais

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13. Criação de tabelas de combinação, ou seja, matrizes de cruzamento para composição da

análise de multicritérios para avaliação no software SAGA (Tabelas 3, 4 e 5).

PRECIPITAÇÃO

CLASSES ALTA MÉDIA BAIXA

NOTAS 0 2 4

ALTA 0 0 1 2

MÉDIA 6 3 4 5

TE

MPE

RA

TU

RA

BAIXA 12 6 7 8 Tabela 3 – Matriz de cruzamento – Precipitação x Temperatura

TEMPERATURA X PRECIPITAÇÃO

CLASSES A B C D E

NOTAS 0 2 4 6 8

ALTA 0 0 1 2 3 4

MÉDIA 10 5 6 7 8 9 AL

TIT

UD

E

BAIXA 20 10 11 12 13 14 Tabela 4 – Matriz de cruzamento – Altitude x Temperatura e Precipitação

ALTITUDE X TEMPERATURA X PRECIPITAÇÃO

CLASSES A B C D E F G H I

NOTAS 0 2 4 6 8 10 12 14 16

CAATINGA 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8

CERRADO 18 9 10 11 12 13 14 15 16 17

CAMPO 36 18 19 20 21 22 23 24 25 26 VE

GE

TA

ÇÃ

O

FLORESTA 54 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Tabela 5 – Matriz de cruzamento – Vegetação x Altitude, Precipitação e Temperatura

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14. Geração de mapas através do cruzamento das bases de precipitação, temperatura,

hipsometria e vegetação no módulo AVALIAÇÃO do software SAGA (Mapas 8, 9,

10, 11, 12 e 13) e definição da classificação tipológica para cada região homogênea

conforme combinações geradas dos mapas, definindo o critério de agrupamento por

regiões menores agrupadas com regiões maiores vizinhas. O motivo deste critério é

para alcançar o objetivo da generalização necessária para análise dos mapas finais, ou

seja, zoneamentos com predomínios de uso. Os cruzamentos dos mapas foram

realizados anteriormente às montagens dos layouts no módulo RASTERTIFF do

SAGA.

Mapa 8 – Mapa de combinação entre Precipitação e Temperatura - Janeiro

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Mapa 9 – Mapa de combinação entre Precipitação e Temperatura - Julho

Mapa 10 – Mapa de combinação entre Altitude, Temperatura e Precipitação - Janeiro

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Mapa 11 – Mapa de combinação entre Altitude, Temperatura e Precipitação – Julho

Mapa 12 – Mapa de combinação entre Vegetação, Altitude, Precipitação e Temperatura em Janeiro

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Mapa 13 – Mapa de combinação entre Vegetação, Altitude, Precipitação e Temperatura em Julho

15. Superposição das regionais turísticas definidas pelo Instituto Estrada Real nos mapas

de síntese (Mapas 14 e 15).

16. Finalização nos softwares COREL DRAW e PAINT SHOP PRO de todos os mapas

gerados pelo módulo RASTERTIFF do SAGA.

17. Organização final da produção científica.

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Mapa 14 – Mapa das regiões na Estrada Real caracterizadas por fatores ambientais – Estação Chuvosa

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Mapa 15 – Mapa das regiões na Estrada Real caracterizadas por fatores ambientais – Estação Seca

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6. RESULTADOS OBTIDOS

Os dois mapas de síntese gerados (Mapas 14 e 15) revelam a variedade de escolhas que os

turistas podem ter quando decidirem participar de alguma atividade relacionada ao

ecoturismo. Foram encontrados 12 tipos de regiões em cada mapa, sendo que, na Estação

Seca a predominância é de regiões de Cerrado e Floresta, em lugares de altitude média com

baixa precipitação e baixa a média temperatura. Na Estação Chuvosa, são predominantes

as regiões de Campos, Cerrado e Floresta, em locais de altitude média com média a alta

precipitação e média temperatura.

Na estação chuvosa, os turistas que praticam canoagem ou rafting, em rios e corredeiras

mais cheios, podem optar pelas regionais turísticas de Barbacena, Vertentes e São

Lourenço e na estação seca as regionais Vertentes e São Lourenço.

Já aqueles que gostam de trilhas e caminhadas na estação chuvosa podem escolher a parte

leste das regionais Conceição do Mato Dentro, Ouro Preto, Barbacena, e Juiz de Fora e, na

estação seca, as regionais Ouro Preto, Barbacena e Vertentes. Principalmente nos Parques

Estaduais Serra da Candonga, do Itacolomi e do Parque Nacional do Itatiaia.

Para o montanhismo, escalada e canionismo, a regional Terras Altas da Mantiqueira é a

mais indicada na estação chuvosa e seca, e em pequenas áreas que abrangem os topos dos

campos nas regionais Diamantina, Conceição do Mato Dentro e Ouro Preto seriam as

indicadas na estação seca. Principalmente no Parque Nacional da Serra do Cipó e Parques

Estaduais do Itacolomi, Serra do Rola Moça e Biribiri.

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7. CONCLUSÃO

A pesquisa realizada possibilitou um contato real com o SIG – Sistemas de Informações

Geográficas, suas aplicações, softwares e metodologias. Além de proporcionar uma visão

sistêmica e multidisciplinar da tecnologia do Geoprocessamento.

Concluímos que as regionais definidas pelo Instituto Estrada Real possuem poucas

semelhanças com as regionais criadas neste trabalho. A enorme diversidade de regiões

caracterizadas por fatores ambientais permite a prática de muitos tipos de atividades

ecoturísticas no percurso da Estrada Real. O Ecoturismo vem crescendo nesta região

histórica com realizações de competições, como por exemplo, a grande final do Circuito

Estrada Real de Corrida de Aventura, em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, que teve

todas as dificuldades possíveis para os quase setenta atletas que participaram da prova. Em

um dia de chuva e muito frio, os competidores tiveram que enfrentar morros de mais de 3

km, cachoeiras, córregos, rios e cânions para vencer os 75 km do trajeto.

Esta pesquisa disponibiliza informações essenciais para estas competições, tanto para o

planejamento do evento quanto para possíveis formulações de critérios de dificuldades das

provas de exercícios físicos.

O Geoprocessamento, para esta pesquisa, foi de fundamental importância para a criação de

mapas digitais e as combinações possíveis entre seus elementos. Constitui uma valiosa

ferramenta para estudos variados e sua utilização possibilitou a realização deste trabalho

monográfico com técnicas precisas para a geração de mapas tipológicos.

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