fisica gref completo
TRANSCRIPT
1
1
A Física está aí perto
de você, à sua volta.
Nessa primeira leitura,
iremos “enxergá-la”.
Física, eu?
2
1
assim nasce
um físico
Laerte. Anabel Lee.
Folha de S.Paulo, 4/4/93
Física, eu?
Desde que você nasceu, começou a aprender uma
infinidade de coisas: segurar a mamadeira, derrubar os
brinquedos do berço, destruir os enfeites da casa ... Pode
parecer que não, mas essas atividades tão edificantes eram
o início do seu aprendizado de física.
Com o tempo, você passou a executar tarefas mais
complicadas, tais como atravessar uma rua movimentada,
tomar sopa, enfiar linha na agulha e quem sabe até andar
na corda bamba ...
E assim sua mente teve de construir uma verdadeira “física
prática”. Você faz uso dessa "física" quando joga bola, anda
de bicicleta, aperta um parafuso: são coisas ligadas a uma
parte da física chamada Mecânica. Da mesma maneira, coisas
ligadas à sua visão fazem parte de um ramo chamado
Óptica, enquanto a sensação de frio e calor faz parte da
Física Térmica. O Eletromagnetismo é uma outra parte da
física que está relacionada ao uso de aparelhos elétricos
em geral. Vamos discutir um pouco mais cada uma delas:
Tudo o que envolve movimento, força e equilíbrio
relaciona-se à Mecânica.Estão ligadas a ela, entre
outras, as atividades de pedreiros, marceneiros e
motoristas. Ela também está presente nas máquinas e
ferramentas, no treinamento esportivo, nas construções
e em muitas outras coisas.
Coisas que estão ligadas ao calor e à temperatura,
como um fogão, uma geladeira ou um automóvel estão
relacionados à Física Térmica. Um cozinheiro, um
padeiro, um técnico de refrigeração e um mecânico
têm muito contato com essa parte da física.
Física Térmica
Mecânica
3
Óptica
A Óptica estuda os fenômenos luminosos. Faz parte
dela o estudo de lentes e instrumentos ópticos, das
cores, da fotografia e muitas outras coisas. Vitrinistas,
oculistas, pintores são exemplos de pessoas que lidam
diretamente com a Óptica.
Eletromagnetismo
De aparelhos elétricos e eletrônicos até os raios que
ocorrem em tempestades, é difícil imaginar uma
atividade hoje em dia que não envolva o
Eletromagnestismo. Em qualquer lugar as pessoas
convivem com aparelhos elétricos e precisam aprender
a usá-los. Eletricistas e técnicos de rádio e TV estão
entre os profissionais que necessitam de um maior
conhecimento dessa área.
Este livro será dedicado ao estudo da Mecânica. Para uma
primeira compreensão do significado desse ramo da física,
um dicionário pode nos ajudar.
Se você procurar no dicionário a palavra Mecânica
encontrará a seguinte definição:
Mecânica. [Do gr. mechaniké, 'a arte de construir umamáquina', pelo lat. mechanica.] S. f. 1. Ciência queinvestiga os movimentos e as forças que os provocam.2. Obra, atividade ou teoria que trata de tal ciência: amecânica de Laplace. 3. O conjunto das leis domovimento. 4. Estrutura e funcionamento orgânicos;mecanismo: a mecânica do aparelho digestivo; amecânica do relógio. 5. Aplicação prática dos princípiosde uma arte ou ciência. 6. Tratado ou compêndio demecânica. 7. Exemplar de um desses tratados oucompêndios. 8. Fig. Combinação de meios, de recursos;mecanismo: a mecânica política.
Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira.
Tente lembrar de coisas ousituações que você conhece e que
estão relacionadas à Mecânica
Pela definição do dicionário, percebemos que Mecânica
pode ser muita coisa. E realmente é. Na figura que abre
este capítulo, podemos visualizar muitas coisas e situações
ligadas a essa parte da física. Da mesma forma, se
pensarmos nas coisas que você usa, faz ou conhece também
encontraremos muitas outras ligações com a
Mecânica.
4
A natação é um esporte que tem evoluído
bastante em suas técnicas ao longo dos anos.
O estudo da propulsão, da sustentação e da
resistência da água tem trazido soluções para
aumentar a velocidade dos nadadores.
A velocidade do nadador
A velocidade do nadador depende do
comprimento de sua braçada, que é a distância
percorrida pelo braço dentro da água, e da
freqüência da braçada, que é o número de
braçadas que ele dá por minuto. Aumentando
uma delas, a outra diminui. Ele tem de conseguir
balancear as duas coisas para obter o melhor
resultado, dentro de cada estilo.
Propulsão e resistência
A força de propulsão de um nadador depende
do estilo de nado. No nado de peito, ela vem
basicamente do movimento de pernas. No
crawl os braços são a maior fonte de propulsão,
enquanto no nado borboleta vem igualmente
dos dois.
A água dificulta o movimento através da força
de resistência, podendo segurar mais ou menos
o nadador dependendo da posição das mãos
e da forma como ele bate as pernas. A posição
da cabeça e do corpo também influem bastante.
a mecânica nos esportes
basquete natação atletismoO basquete é um dos esportes mais populares
atualmente. A prática desse esporte envolve
técnicas que, em boa parte, podem ser
aprimoradas com o auxílio da Mecânica. Vamos
ver algumas delas.
Passe
Um jogador tem de passar a bola para seu
companheiro de equipe antes que um
adversário possa interceptá-la. Para que a bola
atinja a velocidade necessária o atleta deve usar
as forças de que pode dispor mais rapidamente:
flexão dos dedos e punhos e extensão dos
cotovelos. Forças maiores, como as do tronco e
das pernas, são mais lentas, devendo ser usadas
principalmente em passes longos.
Arremesso
O arremesso ao cesto é semelhante ao passe,
mas envolve fatores ligados à trajetória da bola:
altura, velocidade, ângulo de soltura e
resistência do ar. Dependendo da distância ao
cesto, o jogador deve combinar a velocidade e
o ângulo de lançamento, para fazer a cesta. A
possibilidade de acerto também varia de acordo
com o ângulo com que a bola se aproxima da
cesta.
Um jogador precisa treinar e estar atento a tudo
isso se quiser ser um bom arremessador
Dos esportes olímpicos, o mais popular é sem
dúvida a corrida. Desde a roupa e os calçados
até as características físicas do atleta influem nos
resultados obtidos nessa modalidade.
O comprimento das passadas
Para atingir uma alta velocidade o atleta
depende do tamanho da passada e de sua
freqüência. Um dos fatores que determina o
comprimento da passada é a distância de
impulsão, ou seja, a distância horizontal entre a
ponta do pé que fica no chão e o centro de
gravidade do atleta (próximo ao umbigo). Por
causa disso, nas corridas de curta distância os
corredores inclinam mais o corpo na hora da
largada. Esse é um dos temas mais estudados
pelos pesquisadores.
A freqüência das passadas
Para obter boas velocidades, em geral, é melhor
aumentar a freqüência das passadas do que seu
comprimento. A freqüência é determinada pelo
tempo que ele fica no ar e o tempo que ele
permanece em contato com o solo.
Dependendo do sistema muscular e nervoso
do atleta ele pode diminuir o tempo para
distender e contrair os músculos da perna. Esses
atletas são os que conseguem a maior
freqüência, e portanto o melhor desempenho.
5
classifísica
SkateTração nas quatro rodas. Já vem como moleque em cima. Não aceitamosdevolução do moleque. (055) 555-5555.
TransatlânticoEstacionado na praça Tiradentes, emfrente à banca de frutas. É só pegare levar. (55) 555-5555.
Asa DeltaPara ir pro serviço. Não polui e nãopega trânsito. Não pega rodízio.Preço do ônibus.
Fiat 148Faz de 0 a 100 em menos de 5minutos, com pouco barulho. Correbem na descida. Na subida, é levinhopra empurrar. Impecável. Freios sematrito. Fone 555-5555.
Prancha de SurfePode crer. Maior legal. Liga aí.
ÔnibusEm bom estado. 30 anos deexperiência de fins de semana naPraia Grande. Sobe a serra sempressa. F.: 555-5555.
TremTrem bão danado, sô. Se ocê pegaum trem desses num larga mais não.Liga pra Barbacena. Fone 55.
MacacoPara automóveis e embarcações.Macacos manuais e hidráulicosmovidos a bananas. Modelo especial"Gorila" para levantar caminhões oupara segurança em festas. $ 1200,00- grátis modelo "Mico" para erguerbicicletas. Ligue: 0500-555555.
Tesoura 3DCorte perfeito a laser em trêsdimensões. Nunca perde o fio. Nãoprecisa de óculos 3D. Acompanhaum kit de facas Gansu. Mande fax para55-5555.
Pé-de-cabra,bode e bezerro. Temos também o novopé-de-pato "Mangalô 3 Veis".Facilitamos em até 3 Veis. Alugamospé-de-cabra p/ serviços rápidos.(055)-55-5555.
CortadorMultiuso. Corta unhas, grama,garrafas de vidro, tênis, latas,salários etc. Lig-Kort 555-5555.
2Pondo as coisas no
lugar
Um carro anda; um
ventilador gira; uma viga
sustenta: por trás disso
está a Mecânica de cada
coisa.
Coisas que seDeslocam
PlanetaÓtima localização. Área de lazer.Completamente despoluído. Lindavista de Saturno e de várias luas. Omaior terreno da região. A 30 minutos(luz) do Centro.
BailarinaOferece-se para abrilhantar festas.Qualquer tipo de dança e muitorodopio. 555-5555.
Big VentiladorHélice de 80 cm. Pode ser usadocomo helicóptero individual empequenos trajetos, que podem serampliados com o uso de umaextensão. Telefone 555-5555.
Roda-GigantePortátil. Pode ser instalada emqualquer espaço, inclusive no quintalde sua casa. Cadeirinhas para vintecrianças não muito grandes. Telefonep/ 555-5555.
FuradeiraPoderosa. Fura cimento, concreto,metais e água. Buracos redondos equadrados. É broca. Ligar para 555-5555 (HC).
PiãoA álcool. Gira em cinco velocidadessimultâneas e sincronizadas. 6marchas para a frente e duas paratrás. Fieira automática e eixo móvel.(055) 555-5555, ramal 55.
Coisas queProduzem
Movimentos
VentoPacotes de 8 kg embalado a vácuo.Pode ser usado para moverpequenas embarcações a vela ou emnoites calorentas. Facilmentereciclável. Ligue já. 555-5555.
MinimotorAcoplável a perna de pau, produzvelocidades de até 35 km/h. Pode serusado para motorizar bicicletas,patins, pranchas de surfe efusquinhas. Funciona com uma pilhagrande e uma pequena.
MamonasÓleo de mamonas assassinas.Combustível alternativo que pode seradicionado ao álcool e à gasolina.Especial para veículos de coramarela. 555-5555.
ChuteServiço recente de sucesso extra-ordinário. Chutamos qualquer coisae não erramos (muito). Estamosfazendo contrato com grandes clubesde camisas verdes. Tel.: 555-5555.
Coisas queControlam
Movimentos
PastilhasPastilhas de freio em vários sabores.Tocam musiquinha enquanto seuveículo está brecando. Podem serusadas também como dropes. Ligueagora mesmo para 0555-555-555.
VolantesEsportivos e clássicos. Quadradose redondos. Vários modelos etamanhos. Trabalhamos tambémcom modelos para carrinhos derolimã. Ligue para o meu celular:555-5555.
MotoristaDe bicicleta. Bom de perna. Comcarta de referência. Leva até trêspessoas na garupa, uma no cano emais uma no ombro. Lotação para ocentro da cidade via Av. Brasil. Saídada padaria Flor da Vila Margaridaàs 4:30.
TrilhoVendo 5 km de trilho de bonde quasesem uso, que pode ser utilizado comvários tipos de bonde, inclusivemovido a burro. Grátis um burro semorelhas. Fone 55-55-55.
Coisas queAmpliamForças
Garanta seu futuro agora!!!!
CURSO DE
MECÂNICA
Aprenda mecânica de modo rápido eeficiente. Conserte tudo
usando um clipe e ojeitinho brasileiro
rua Parafuseta, 555 • perto do Metrô
Coisas queficam emEquilíbrio
Coisas queGiram
Descaroce!Chega de fazer força à toa. Comprejá um descaroçador de azeitonamodelo 486, com memória eprograma para 1024 tipos deazeitonas diferentes. Não consomeenergia elétrica e vem com controleremoto. Sem uso, na caixa.
Fone (055)-555-5055.
Rio-NiteróiVendo ponte sobre baía daGuanabara, com tudo que tem emcima, incluindo 17 veículosimportados novinhos ou troco por umOpala 92. F.: 555-5555.
*** Torre ***Edificação européia em estilo antigo.Potencial turístico ilimitado.Excelente para experiências sobregravidade.
PirâmideGrupo chinês oferece seus serviçosde pirâmide humana. Alcançamosonde nem o Magic Johnson alcança.Podemos trabalhar de cabeça parabaixo e segurando taças de cristal.Ligar para: 55-55-55-55, ramal 5.
MECÂNICA
6
2 Pondo as coisas no lugarPara iniciar nosso estudo pedimos que você imaginasse
várias coisas que possuíssem ligação com a Mecânica,
principalmente aquelas que lhe trazem dúvidas ou curio-
sidade. Todas essas coisas podem fazer parte do nosso
estudo, mas para lidarmos com elas é necessário arranjar
alguma forma de organizá-las.
Vamos agrupá-las de um modo que torne mais fácil pen-
sar nelas sob o ponto de vista da Mecânica. Uma maneira
de fazer isso é ver de que forma tais coisas se encaixam
nas idéia de MOVIMENTOS, FORÇAS e EQUILÍBRIO.
Coisas que giram
No entanto, quando falamos de um ventilador em
movimento, não entendemos o aparelho saindo do lugar,
mas funcionando pelo giro de sua hélice. Na Física,
chamamos os movimentos giratórios de rotação.
Coisas que se deslocam
Quando falamos, por exemplo, em um carro em
movimento, entende-se que o veículo está se deslocando,
ou seja, saindo do lugar. Na Física, esse tipo de movimento
recebe o nome de translação.
Movimentos
Coisas que controlam movimentos
Existem coisas cuja função é controlar um movimento:
um pára-quedas suaviza a queda do pára-quedista; o freio
de um carro pode impedir seu movimento ou simples-
mente diminuí-lo; e o volante controla a direção do movi-
mento.
Coisas que ampliam a
nossa força
Um outro tipo de coisa também estudado pela Mecânica
são os equipamentos ou ferramentas cuja função é ampliar
nossa capacidade de exercer força. Você já tentou cortar
um arame sem um alicate ou levantar um carro sem um
macaco?
Coisas que produzem
movimentos
Os motores e combustíveis são exemplos de coisas que
produzem movimentos: é graças ao motor e à energia
do combustível que um carro pode se mover
Forças
7
Coisas que permanecem
em equilíbrio
EquilíbrioProcure classificar as "coisas da Mecânica"
que você conhece em coisas que:- se deslocam- giram- produzem movimentos- controlam movimentos- ampliam a nossa força- ficam em equilíbrio.
RODA
gira
Essas idéias permitem analisar a maioria das
coisas e situações ligadas à Mecânica. Numa
bicicleta, por exemplo, podemos encon-
trar todos elas: o freio e o guidão controlam
o movimento, o ciclista mantém o equilí-
brio e produz o movimento, o pedal e o
freio ampliam forças e assim por diante.
A tabela abaixo mostra um pequeno exem-
plo de classificação possível.PEDAL
amplia forças
FREIO
controla
movimento
CICLISTA
permanece em
equilíbrio
CICLISTA
produz
movimento
BICICLETA
se desloca
GUIDÃO
controla
movimento
Em outras situações, é o equilíbrio que aparece como
algo essencial. É o que ocorre, por exemplo, em uma
ponte. A falta de equilíbrio nesse caso pode ter
conseqüências graves...
8
Equilíbrio
Equilíbrio e estabilidade
do veículo: 7 Quais são os fatores que determinam a estabilidade
de um automóvel? Como eles funcionam?
Empregando como guia as idéias da classificação da Mecânica, você pode fazer
uma pesquisa sobre o automóvel. Para conseguir as informações você pode
entrevistar um mecânico ou “entendido” no assunto ou procurá-las em livros,
revistas etc.
entrevista com um mecânico
ForçasProdução do
movimento:
Controle do
movimento e
ampliação de forças:
6 Como funciona o sistema de freios de um carro?
Existem sistemas de freios que exigem menor força?
4 Como a queima do combustível produz o
movimento do motor?
5 Como funciona o sistema de direção de um carro?
Existem sistemas de direção que exigem menor força?
2 Como é feita a transmissão da rotação do motor
para as rodas?
3 Qual a ligação entre a velocidade de giro do motor
(rpm) e a potência e velocidade do carro?
Rotação do motor:
1 Quais são os fatores que determinam a velocidade
de um automóvel?Velocidade:
Movimentos
9
MOVIMENTOS3
Coisas que se
deslocam
Iniciaremos o estudo da
Mecânica nos
perguntando: como as
coisas fazem para se
mover?
10.000 m/s
0,01 m/s
0,1 m/s
1 m/s
10 m/s
100 m/s
1.000 m/s
100.000 m/s
automóvel
20 m/s
tubarão
15 m/s
satélite artificial
7.500 m/s
movimento
orbital da Terra
30.000 m/s
bicho-preguiça
0,07 m/s
guepardo
30 m/s
som no ar
340 m/s
bala
700 m/s
galáxias
1.500.000 m/s
avião
200 m/sfalcão
100 m/s
lesma
0,006 m/s
pessoa correndo
3 m/s
pessoa passeando
0,7 m/s
corredor
olímpico
10 m/s
10
Coisas que se deslocam3Cada coisa "que se desloca" parece se mover através de
um meio diferente. Automóveis e caminhões usam rodas,
animais terrestres usam pernas, aviões e pássaros usam
asas e assim por diante. Apesar dessa variedade, podemos
perceber determinados aspectos que aparecem em todos
eles.
Para entender isso, vamos analisar separadamente o
movimento das coisas que possuem algum meio próprio
de se mover, como motores e pernas e coisas que
dependem de um impulso de algum outro objeto para
obter movimento.
Coisas que parecem se mover sozinhas...
Coisas que voam
Se você perguntar a qualquer um o que faz um avião voar,
a primeira resposta provavelmente será “as asas”. É uma
resposta correta, mas não é uma resposta completa. Para
que as asas de um avião possam sustentá-lo no ar, é preciso
que ele atinja uma certa velocidade inicial, e que se
mantenha em movimento no mínimo com essa velocidade.
Para que essa velocidade seja atingida é que são
empregados os motores a jato ou então as hélices. Tanto
as hélices quanto os motores a jato têm a função de
estabelecer uma forte corrente de ar para trás, que faz com
que a aeronave seja empurrada para a frente.
Batendo as asas, os pássaros também empurram ar para
trás e para baixo, e conseguem se locomover no ar. No
espaço, onde não há ar para ser "empurrado", a locomoção
pode ser feita com foguetes, que expelem gases a altíssima
velocidade.
As hélices "jogam" o arpara trás, impulsionado o avião.
Coisas que "nadam"
A locomoção sobre a água também exige "empurrar" algo
para trás. Em geral, esse "algo" é a própria água, que pode
ser empurrada por uma hélice, por um remo ou jato de
jet-ski.
A natação também exige que se empurre água para trás.
Isso é feito com o movimento de braços e pernas. Sob a
água peixes e outros animais marítimos também empurram
a água usando suas nadadeiras.
Coisas que "andam"
Os movimentos sobre a Terra também obedecem o mesmo
princípio. Embora não seja muito visível, a locomoção de
um automóvel ou de uma pessoa se dá a partir de um
impulso para trás dado pelas rodas ou pelos pés.
Portanto, mesmo contando com motores, pernas,
nadadeiras ou asas, os veículos e os animais precisam de
algo para empurrarem para trás para conseguirem sua
locomoção. Esse "algo" pode ser o ar, a água ou até
mesmo o próprio solo sobre o qual eles se movimentam.
11
Coisas que realmente parecem não se mover sozinhas
Pois é. Parece que para se mover, um objeto sempre
depende de outro. Mas há situações nas quais isso fica
ainda mais evidente: uma bola de futebol não se move
sozinha; seu movimento depende do chute pelo jogador.
Da mesma forma, um barco a vela depende do vento para
obter movimento.
Em ambos os casos, um movimento que já existia
anteriormente (no pé e no vento) parece estar sendo
parcialmente transmitido para um outro corpo (a bola e o
barco).
Essa transmissão de movimento é mais visível em um jogo
de bilhar ou sinuca, quando uma bola, ao atingir outra “em
cheio”, perde boa parte de seu movimento, enquanto a
bola atingida passa a se mover. Parece que o movimento
que estava na primeira bola foi transferido para a segunda.
Professores de Físicailustrando a transmissãode movimentos
O mesmo acontece quando uma onda atinge uma prancha
de surfe, cedendo a ela parte de seu movimento, dando
ao brother a devida diversão.
Em todos esses exemplos, um corpo sem motor ou alguma
outra fonte de propulsão própria obtém seu movimento
de um outro que já se movia antes, retirando-lhe parte de
seu movimento.
efervescente
tubo maior tubo menor
água
rolha
A figura mostra um brinquedo que é uma
miniatura plástica de uma arma antiga usada para
disparar flechas, conhecida pelo nome de
"besta". Quando deixamos uma “bestinha” cair
no chão, às vezes ela dispara e percebemos que
a flechinha vai para um lado e a arma para o
outro.
Tente fazer este teste. Há alguma semelhança
com o "recuo" de uma arma de fogo? Explique.
A bestinha Soltando a bexiga
Tente acoplar a bexiga a um carrinho e veja se
consegue fazê-lo se mover com a força gerada
pelo escape do ar. Procure explicar o movimento
do carrinho, comparando-o aos exemplos que
dicutimos nas páginas anteriores.
Se um canhão recua ao disparar, temos aí um
possível sistema de propulsão. A montagem
acima simula um canhãozinho, que também
pode ser acoplado a um carrinho. Uma dica:
aperte bem a rolha no tubo. Explique os
movimentos das partes do sistema.
Canhão efervescenteGaste seu tempo Estas três pequenas atividades mostram como os
movimentos surgem aos pares: algo para a frente,algo para trás. Experimente e divirta-se!
12
Explique como o formato da hélice faz com que
o ar seja lançado para trás enquanto ela gira.
Se os pólos da pilha forem ligados ao contrário,
ocorre algum efeito diferente? Por quê?
O que você faria para obter uma velocidade
maior com esse barquinho?
A velocidade de giro da pá é a mesma quando
ela está no ar e quando está na água? Por quê?
Você acha que o tamanho da pá influi no
desempenho do barquinho? Explique.
O que você faria para obter uma velocidade maior
com esse barquinho?
A velocidade do barquinho é maior no início ou
no fim do trajeto? Por quê?
Você acha que o formato da vasilha influi no
desempenho do barquinho? Explique.
O que você faria para obter uma velocidade maior
com esse barquinho?
escapamento
Com um canivete, "esculpa" uma hélice em um
pedaço de madeira e acople-a ao motor. Monte
um barquinho como na figura e coloque-o na
água.
Usando a cartolina faça uma pá e acople ao mo-
tor. Faça uma abertura no isopor para o movimento
da pá e posicione o motorzinho conforme ilustra
a figura.
A vasilha pode ser a parte de baixo de um copo
plástico. Fure seu fundo e coloque o canudo,
formando um "escapamento". Ponha água na
vasilha para o barquinho se mover.
coloqueágua aqui
pedaço de madeira
(para a hélice)
motorzinho a
pilha
água
canudinho
com dobrapequena
vasilha
placa de
isopor
placa de
isopor
cartolina
placa de
isopor
motorzinho a
pilha
As hélices são empregadas como propulsão em
grande parte de embarcações e aeronaves. Seu
formato especial faz com que lance água ou ar
para trás e impulsione o veículo. Você pode fazer
um barquinho que se move com hélice usando o
seguinte material:
Os remos e as nadadeiras de alguns animais
aquáticos servem para empurrar a água para trás,
fazendo com que eles obtenham movimento para
a frente. Isso é fácil perceber no barquinho que
sugerimos para você montar, usando o material
abaixo:
O jato é o sistema de propulsão mais poderoso,
mas seu princípio é simples: expulsar ar, gases
ou água a alta velocidade. Nosso barquinho
expulsará água devido a força da gravidade, por
isso sua velocidade não será muito alta. De
qualquer forma, acredite: ele funciona!
Hélices Remos e pás Jatos
Construa hoje mesmo um barquinho que (não) se move sozinho!ESSAS TRÊS MONTAGENS SÃO IDÉIAS MAIS SOFISTICADAS PARA MOSTRAR COMO PODEMOS
EMPURRAR ÁGUA PARA TRÁS PARA CONSEGUIR MOVIMENTO
13
4A conservação dos
movimentos
Pode parecer estranho,
mas é verdade: todo,
absolutamente todo o
movimento do universo
se conserva.
Nessa história todos os meninos ganham ou perdem figurinhas.Mas há algo que se conserva. O que é?
Mauricio de Souza.
Essa historinha é um resumo. O
original completo encontra-se
na revista Cascão no 98.
14
ANTES
A conservação dos movimentos4Bem, agora que você já leu a historinha, suponha que
antes de perder para o Tonhão o garotinho tivesse 4O
figurinhas. Imagine que o próprio Tonhão tivesse 5O
figurinhas e o Cascão, 3O. Então, antes de começar a
historinha, teríamos a seguinte situação:
Mas se outra pessoa tivesse participado (quem sabe a
Mônica ou o Cebolinha...) teríamos de levá-la em conta
também, para que a conservação se verificasse. Todos que
participam têm de ser incluídos, senão não funciona.
Mas como essa idéia de conservação pode se aplicar ao
estudo dos movimentos? René Descartes, filósofo do século
XVII, foi quem primeiro a empregou. Segundo ele, Deus
teria criado no Universo uma quantidade certa de repouso
e movimento que permaneceriam eternamente imutáveis.
Embora a Física atual não utilize idéias religiosas, a noção
de conservação dos movimentos presente na concepção
de Descartes ainda permanece válida.
Ou seja, se um corpo perde seu movimento, um outro
corpo deve receber esse movimento, de modo que a
quantidade de movimento total se mantém sempre a
mesma.
Você deve ter percebido que a quantidade total de
figurinhas se conserva, já que nenhuma delas foi destruída
ou perdida, como no último quadrinho da história.
O grande chute!
Vejamos então como a idéia de conservação pode ser
aplicada a uma situação de transferência de movimento...
Jim Davis.
Folha de S.Paulo.
O cãozinho inicia seu movimento ao ser atingido pelo pé
do Garfield. Assim, uma parte do movimento do pé é
transferida ao cachorro. Como exemplo, imagine que a
quantidade de movimento do pé do gato seja igual a 3O.
Como o cachorro ainda está parado, sua quantidade de
movimento é igual a zero. Assim, a quantidade de
movimento total antes do chute é trinta, pois 3O + O = 3O.
Durante o chute, uma parte da quantidade de movimento
do pé do Garfield é transferida para o corpo do cachorro.
Acompanhe o esquema:
=+ 3030 0
+ 30
DEPOIS
10 20=
Dessa forma, a quantidade de movimento total se conserva,
embora variem as quantidades de movimento do pé do
Garfield e do cachorro.
15
Você acaba de conhecer uma das leis mais importantes de
toda a Física: a lei da conservação da quantidade de
movimento. Uma lei da Física é uma regra que, acreditamos,
as coisas sempre obedecem. A lei que acabamos de
apresentar pode ser escrita assim:
“Em um sistema isolado a
quantidade de movimento total se
conserva”
Lei da Conservação da Quantidade de Movimento:
"Sistema" significa um conjunto de coisas ou objetos.
Portanto, um sistema isolado é um conjunto de objetos
sem contato com outros. É como o exemplo do Cascão,
do Tonhão e do menino: como só eles três participaram,
podemos dizer que a quantidade total de figurinhas nesse
conjunto se conserva. Se o Cebolinha também participasse,
não poderíamos mais garantir que a soma de figurinhas
Cascão + Tonhão + garotinho se conservasse: o sistema
não está mais isolado. Isso poderia ser resolvido muito
facilmente incluindo o Cebolinha no sistema.
Na Física, para definir sistema isolado, temos de incluir todos
os objetos que estão em interação uns com os outros.
Interação pode ser um chute, uma explosão, uma batida,
um empurrão, um toque, ou seja, qualquer tipo de ação
entre objetos.Procure no dicionário as palavras
“sistema” e “interação”. Use-as
para impressionar.
Grandes desastres da história
Em 1975, o francês Pierre Carrefour, 23 anos, corria
perigosamente com seu carrinho de supermercado
vazio com uma quantidade de movimento de 500
unidades. Ao distrair-se, olhando para Sabrine Bon
Marché, 19 anos, largou seu carrinho, que atingiu
dois outros carrinhos vazios enfileirados logo
adiante. Com o choque, o carrinho da frente ficou
com 410 unidades de quantidade de movimento,
enquanto o carrinho do meio adquiriu 60
unidades.
O que aconteceu ao carrinho lançado por Pierre? Explique.
1975 O terrível acidente de Pierre e Sabrine
1977 A fantástica batida no parque
John Play Center dirigia seu carrinho elétrico em
um parque de diversões em Massachusetts, numa
tarde morna de 1977, com uma quantidade de
movimento de 3000 unidades. De repente,
Camila Park entra em sua frente em seu veículo
com 1000 unidades de quantidade de
movimento, movendo-se no mesmo sentido. O
carro de Play Center chocou-se em cheio atrás do
carro de Park, que ficou com 2500 unidades de
quantidade de movimento.
O que aconteceu ao carrinho de Play Center:
parou, voltou ou continuou em frente? Explique.
Nesta coluna, você irá encontrar exercícios
em forma de historinha. Leia atentamente
e tente responder à pergunta,
baseando-se no texto que acabou de ler.
16
Robô Jim Meddick
Folha de S.Paulo, 1993
A tirinha acima mostra algo que estivemos discutindo. O menino da história evidentemente não leu as
duas páginas anteriores deste nosso texto. Mas você leu, a menos que esteja folheando o livro só para
ler as tirinhas. De qualquer forma, temos duas tarefas para você:
a) Tente explicar o funcionamento do brinquedo pelo “princípio científico” que acabamos de apresentar.
b) Usando duas réguas como “trilho”, lance uma bolinha de gude sobre uma fileira de bolinhas iguais
paradas. Veja o que acontece. Depois, tente lançar duas, três ou mais bolinhas. O que você vê e
como explica?
Garfield Jim Davis
Garfield na Maior, 1985
Quando o taco atinge a bolinha, temos um transferência de movimento, mas o taco ainda permanece
com uma razoável quantidade de movimento. Tente fazer um esquema semelhante ao que fizemos
no texto, na outra tirinha do Garfield, “chutando” valores para as quantidades de movimento da bola
e do taco e indicando a quantidade de movimento total antes da tacada e após.
As leis da Física
Quando falamos em leis, parece que sempre
lembramos das leis jurídicas, como as leis do
trânsito ou a legislação trabalhista. Mas as leis
formuladas pelas ciências, mais conhecidas
como “leis da natureza”, são algo bem
diferente. Nas figuras abaixo temos duas
“regras” ou “leis” ilustradas. Qual delas é do
tipo “jurídico”? Qual delas seria uma “lei da
natureza”?
•••
Se você já descobriu, tente fazer uma listinha
das principais diferenças que você percebe
entre esses dois tipos de lei.
17
5
Trombadas são as
melhores, mais caras e
mais perigosas situações
para estudar conservação
dos movimentos.
Trombadas
produzindo trombadas em casa
material necessário
batidas, batidas, batidas!
1
2
3
Faça-os bater de frente, um deles com
velocidade bem superior.
Faça-os bater de frente, ambos
com a mesma velocidade.
Faça um carrinho bater no outro,
parado logo à sua frente.
duas miniaturas de
automóveis de metal
iguais
mãos
firmes
alguém
para ajudar
O que acontece a cada carrinho após a
batida?
A velocidade dos dois carrinhos é igual após
a colisão?
O que acontece ao carrinho da frente?
O que acontece ao carrinho de trás?
A velocidade do carrinho da frente é igual à
que o outro tinha antes de bater nele?
O que acontece ao carrinho mais veloz após
bater?
E com o carrinho mais lento, o que
acontece?
o que vamos fazer
Usando duas miniaturas de carros você pode
simular situações que ilustram a conservação da
quantidade de movimento. Com isso, poderá
entender também como se dá essa conservação
em casos nos quais os corpos estão em movimento
em sentidos contrários.
Procure dois carrinhos iguais ou bem parecidos
em tamanho, forma e peso e que possuam rodas
bem livres. Arranje uma "pista" para o seu "racha",
que pode ser uma mesa bem lisa e horizontal.
18
Trombadas5Batida Traseira
Batida Frontal nº 1
Batida Frontal nº 2
Você deve ter notado que, quando tudo corre bem, o
carrinho de trás perde algum movimento, e o da frente
ganha movimento. Algo assim:
Este exemplo é idêntico aos que vimos antes, como o
chute do Garfield. Suponha que a quantidade de
movimento inicial do carrinho de trás fosse igual a 100. Se
após a batida o carrinho de trás ficasse com quantidade de
movimento igual a 40, quanto seria a quantidade do
carrinho da frente? Observe a "conta" no quadro-negro:
Não é fácil, mas quando eles batem bem de frente e à
mesma velocidade, tendem a voltar para trás, com
velocidades menores e iguais. Veja:
Se ambos avançam com 100, o total é 200, certo? E se
cada um volta com 60, o total é 120, certo? Então, não há
conservação, certo? ERRADO! Aqui estamos com
movimentos opostos, que são representados por números
opostos. Isso mesmo, negativo e positivo! Veja na lousa
como a conservação acontece:
CARRO A CARRO B TOTAL ANTES 100 + 0 = 100 DEPOIS 40 + x = 100
Se 40 + x = 100, é lógico que x=60. Ou não?
CARRO A CARRO B TOTAL ANTES 100 + -100 = 0 DEPOIS -60 + 60 = 0
Números e movimentos opostos sea n u l a m !
Se você conseguiu fazer essa batida direitinho, deve ter
notado que carro que corria mais volta devagar (ou pára),
e o carro que corria menos volta mais depressa.
Ih! Complicou... Imagine que o rapidinho vem com uma
quantidade de movimento igual a 100 e que o lento vem
com -30 (é negativo!). O total é 70! Se o carro A voltar
com quantidade de movimento igual a -10 (negativo, para
a esquerda), como ficará o outro? Vejamos...
CARRO A CARRO B TOTAL ANTES 100 + -30 = 70 DEPOIS -10 + x = 70
Se -10 + x = 70, então x=70+10, ou seja, x=80. Ufa!
A B
A B
A B
A B
A B
A B
19
Por que negativo?
Nas trombadas frontais, algo estranho acontece. Como
explicar, por exemplo, que dois carrinhos com quantidades
de movimento iguais a 100, ao bater e parar, conservam
essa quantidade de movimento? No início, a quantidade
de movimento total seria 100 + 100 = 200 unidades, e no
fim ela seria zero. Não parece haver conservação...
Mas não é bem assim. Diferentemente da batida traseira,
neste caso o movimento de um carro anula o do outro,
porque estão em sentidos opostos.
E quando uma coisa anula outra, isso significa que uma
delas é negativa, e a outra, positiva. É o que acontece
quando você recebe o seu salário mas já está cheio de
dívidas... As dívidas (negativas, muito negativas!) "anulam"
seu salário (positivo, mesmo que não pareça...).
Os sinais positivo e negativo existem para representar
quantidades opostas, e é isso que fazemos com os
movimentos. Você só precisa escolher um sentido de
movimento para ser positivo. O outro é negativo...
Essa escolha, porém, é arbitrária, quer dizer, não existe
uma regra fixa, ou motivo, para escolher o que é positivo
que não seja a nossa conveniência. Você pode dizer que
um movimento no sentido Belém-Brasília é positivo e que
o inverso é negativo. Mas pode escolher como positivo o
sentido Brasília-Belém. Escolha o mais fácil, mas não se
confunda depois, e deixe claro para os outros a escolha
que você fez!
Nesse texto, a princípio, faremos sempre positivo o
movimento para a direita, e negativo o movimento para a
esquerda. É um costume geralmente utlilizado em textos
de Física e Matemática!
Sabendo de tudo isso, você pode agora se divertir com
mais alguns "Grandes desastres da história"...
1992 Os inacreditáveis irmãos suicidasDois irmãos gêmeos, Jefferson Roller, 6 anos, e
Tobias Pateen, 8 anos, patinavam em uma pista de
gelo, no Marrocos, no verão de 1992. Estavam um
atrás do outro com quantidades de movimento iguais
de 100 unidades cada um quando, em uma atitude
impensada, o menino de trás resolveu empurrar o
da frente, que passou a se mover com 220
unidades.
Que aconteceu ao menino de trás?
2241 Acidente na frota estelarNa inauguração de mais um modelo da U.S.S.
Enterprise, o andróide que ajudava as naves a
manobrar estava gripado e faltou ao serviço,
causando grave incidente. Uma nave que estava
dando ré com uma quantidade de movimento de
250 Megaunidades foi atingida por outra que vinha
em sentido oposto com 500 Megaunidades. A
nave que estava indo para trás passou a ir para a
frente com 300 Megaunidades de quantidade de
movimento.
O que aconteceu à outra nave?
Qual foi o comentário do sr. Spock?*
1945 O espetacular desastre esféricoNo verão de 1945, em Milão, Giovanni Bolina
Digudi, 6 anos, deixou escapar sua veloz bolinha
de gude com uma quantidade de movimento de
8 unidades. A pequena esfera atingiu uma outra
posicionada cuidadosamente sobre um círculo
desenhado na calçada de uma pizzaria. A esfera de
Giovanni voltou para trás com uma quantidade de
movimento de 4 unidades após o choque.
*Resposta na próxima página
Qual foi a quantidade de movimento
adquirida pela outra bolinha?
Grandes desastres da história II
20
1ª ETAPA: LER O PROBLEMA: É preciso saber ler, quer dizer, ser capaz de imaginar a cena que o enunciado
descreve. Nem sempre entendemos tudo o que está escrito, mas podemos estar atentos aos detalhes para "visualizar"
corretamente o que se está dizendo. Leia o problema "Acidente na frota estelar" e tente imaginar a cena. Qual é
a "outra" nave a que a pergunta se refere? O que você imagina que poderia acontecer a ela após a batida?
2ª ETAPA: FAZER UM ESQUEMA: Fazer um esquema ou desenho simples da situação ajuda a visualizá-la e a
resolvê-la. Procure indicar em seus esquemas informações básicas como o sentido e os valores envolvidos. Note que
a expressão "dar ré" indica o sentido do movimento do objeto em questão. No exemplo, se uma nave vai no
sentido positivo, a outra estará no sentido negativo. Indique isso em seu esquema.
3ª ETAPA: MONTE AS EQUAÇÕES E FAÇA AS CONTAS: Uma equação só faz sentido se você sabe o que ela
significa. Sabemos que é possível resolver a nossa questão porque há a conservação da quantidade de movimento
total de um sistema. Quer dizer, a soma das quantidades de movimento antes e depois do choque deverá ter o
mesmo valor. Com isso, você consegue montar as contas.
4ª ETAPA: INTERPRETE OS VALORES. (A ETAPA MAIS IMPORTANTE!) Muito bem, você achou um número! Mas
ainda não resolveu o problema. Não queremos saber somente o número, mas também o que aconteceu. O número
deve nos dizer isso. Olhando para ele você deve ser capaz de chegar a alguma conclusão. A nave parou? Continuou?
Mas atenção: DESCONFIE DOS NÚMEROS!!! Existe uma coisa que se chama erro nas contas, que pode nos levar a
resultados errados. Pense bem no que o número está lhe dizendo e avalie se é uma coisa razoável. Se achar que há
um erro, confira suas contas e o seu raciocínio. Se o número insistir em lhe dizer coisas absurdas, considere a
possibilidade de aquilo que você esperava não ser realmente o que acontece na prática. Procure, portanto, não
responder o problema apenas com números, mas com algo como:
DESAFIO
O professor pescador
Um professor de Física em férias decide pescar
na tranqüila lagoa do sítio de um conhecido.
Porém, ao encostar o barco no cais para sair,
percebe um problema. Quando ele anda para
a frente o barco se move para trás, afastando-
se da plataforma e dificultando a saída.
Como bom professor de Física e pescador de
carteirinha, ele logo resolveu o problema.
E você, o que faria?resposta em um desafio posterior
Salve o astronauta
Um astronauta foi abandonado em pleno
espaço a uma distância de duzentos metros
de sua espaçonave e procura
desesperadamente um método que o faça
retornar.
O que você sugere?resposta em um desafio posterior
Suponha que você tem um problema, por exemplo o "Acidente na frota estelar", da página anterior.
como resolver problemas de Física
Tradução do idioma vulcano não disponível.Comentário de Spock:
Resp.: A outra nave voltou para trás bem mais vagarosamente, poissua quantidade de movimento é negativa e de pequeno valor.
Esquema da batida (antes):
-250500 A B
Esquema da batida (depois):
A B? !? 300
x + 300 = 250
x = 250 - 300
x = - 50
500 -250 ANTES 250
x 300 250DEPOIS
A B Total
21
6
Quando as trombadas
são entre carros de
tamanhos muito
diferentes, surgem
novos efeitos muito
interessantes.
Trombadas ainda
piores!
produzindo MAIS trombadas em casa
O que vamos fazer desta vez?
1
Para você que não se satisfaz com batidinhas suaves,
estamos propondo algo um pouco mais pesado. Que
tal uma boa e velha batida ao estilo "fusquinha contra
jamanta"? Você precisa apenas arranjar dois carrinhos,
sendo um sensivelmente mais pesado do que o outro.
Siga as instruções como se fosse uma receita médica!
2
3 Eu não tenho medo...
Eu uso o CINTO.
E você?
Agora bata o carrinho e o caminhão de frente. Teste
diversas velocidades para cada um deles.
Para todas as colisões, relate minuciosamente ao
seu superior o ocorrido com os veículos.
VelocidadeControlada
180km/h
Estou dirigindobem? Não?
E daí?Ligue para7 0 7 0 - 6 0 6 0
Sai da freeeeeeeeeeeeeeeeeeeeente!!!!Atropele o carrinho estacionado com a sua querida
jamanta de dois eixos.
Passa por cima!Lance um pequeno veículo automotor para bater na
traseira de sua jamanta em miniatura parada.
Não esqueça de nos contar o que
aconteceu com cada um deles!
Conte para a sua tia como foi essa espetacular
experiência. Diga o que ocorreu ao carrinho!
22
JAMANTA CARRO ANTES: 20 km/h 0 km/h
x 50 g x 20 g
1000 g.km/h + 0 g.km/h =1000 g.km/h
DEPOIS: 10 km/h 25 km/h
x 50 g x 20 g
500 g.km/h + 500 g.km/h =1000 g.km/h
J A M A N T A C A R R O ANTES 20 km/h 0 km/h
DEPOIS 10 km/h 25 km/h
Uai!? Cadê a conservação?
Trombadas ainda piores!6Batida “sai da frente”
Em geral, nesta trombada o carrinho sai a uma velocidade
superior à que o caminhãozinho que bate possuia antes.
E o caminhãozinho parece perder pouco movimento.
Baseado nisso alguém poderia propor os seguintes valores:
Espere aí! Antes de sair somando os valores,
lembre-se: nesta batida os carrinhos não são
iguais! Isso não influi em nada?
Claro que influi! O caminhãozinho tem uma massa maior.
Suponha por exemplo 20 gramas para o carro e 50 para o
caminhão. O caminhão equivale a mais de dois carrinhos!
Você já se
“massou” hoje?
Na Física empregamos a
palavra massa para
designar o que normal-
mente se chama de peso.
A massa pode ser medida
em gramas, quilogramas,
toneladas e assim por
diante. A palavra peso em
Física é empregada em
outras circustâncias que
estaremos discutindo
mais adiante.
Como se explica isso?
Se você fez a segunda batida, pode ter visto o carrinho
parar e o caminhão ir para a frente bem devagarinho...
Usando os valores de massa do exemplo acima tente
mostrar, numericamente, como a conservação da
quantidade de movimento explica o fato de o caminhão
sair devagarinho. Use o modelo da batida anterior.
Como você deve ter percebido, se simplesmente
somarmos as velocidades dos veículos antes e depois, não
obtemos nenhuma conservação. Isso porque não levamos
em conta que um carrinho possui mais massa do que o
outro.
Quando falamos em quantidade de movimento, estamos
falando de “quanto movimento há”. Em um caminhão, há
mais movimento do que em um carro com a mesma
velocidade, simplesmente porque há mais matéria em
movimento. Por isso, a quantidade de movimento é massa
multiplicada pela velocidade.
q = m . v
23
Batida “eu não tenho medo”
Grandes desastres da história III1799 O perigo sobre oito rodas
Em 29 de fevereiro de 1799, o professor de Física
austríaco FrankEinstein fez uma macabra
experiência em aula. Forçou a aluna Spat Fhada,
de patins, a lançar para a frente um cão morto de
10 kg. Tudo isso sobre a mesa do professor, para
que todos pudessem observar e anotar os dados.
Em vida, a vítim..., quer dizer, a aluna, declarava
possuir uma massa igual a 50 kg e conseguiu lançar
o animal com uma velocidade de 80 cm/s.
Faça os cálculos e diga o que ocorreu com Spat em todos os seus detalhes...
1909 Colisão fatal
Numa alameda em Paris, o conde Amassadini
dirigia a 6 km/h seu veloz automóvel Alfa Morreo
1906 de massa igual a 1,2 t. No sentido contrário,
sir Hard Arm colide de frente com seu Fort XT
1909, de 800 kg. Testemunhas relatam a parada
imediata dos veículos ao colidirem, mas até hoje
a justiça não sabe se sir Hard Arm conduzia seu
veículo acima dos 10 km/h permitidos por lei.
Resolva de uma vez por todas essa antiga pendência judicial!
2209 Amor na explosão do planeta Analfa-βββββLogo após a terrível explosão do planeta Analfa-
β, um casal de andróides apaixonados, BXA-24,
de 35 kg, e YAG-UI, de 84 kg, avistam-se em
pleno espaço, quando imaginavam que jamais
veriam seu amor novamente. Usando seus jatos
individuais, deslocam-se velozmente um em
direção ao outro, para se abraçarem. Ao fazerem
contato, permanecem unidos e parados.
Dê valores possíveis para as velocidades de ambos os andróides antes
da colisão, de acordo com a conservação da quantidade de movimento.
Pensemos agora na batida frontal entre o carrinho e o
caminhão. O que pode acontecer? Você deve ter visto
que em geral o caminhão “manda” o carrinho de volta e
ainda permanece em movimento. Poderia ser algo assim,
por exemplo:
JAMANTA CARRO ANTES: 20 km/h -20 km/h
x 50 g x 20 g
1000 g.km/h + -400 g.km/h = 600 g.km/h
DEPOIS: 8 km/h 10 km/h
x 50 g x 20 g
400 g.km/h + 200 g.km/h = 600 g.km/h
Observe que o carrinho volta com 10 km/h e o caminhão
continua em frente, com 8 km/h. Antes da batida a
quantidade de movimento total era de 600 g.km/h, e
assim permanece após a batida. Ou seja, mesmo estando
à mesma velocidade que o carrinho, o caminhão tem mais
quantidade de movimento do que ele.
Se você lançasse o carrinho com velocidade suficiente,
ele poderia fazer o caminhão recuar? Tente fazer isso com
os carrinhos. Quando conseguir, chute valores e faça as
contas, como no exemplo acima.
O carro destruidorUm caminhão de tamanho normal possui uma massa de
20 toneladas e trafega a 60 km/h em uma estrada de
rodagem. Você, certamente, nunca deve ter visto um carro
que empurrasse um caminhão, ao se chocar frontalmente
contra ele. Isso porque sua velocidade teria de ser muito
alta.
Você consegue estimar a velocidade que um carro
precisaria ter para empurrar um caminhão?
24
Na Física e na vida é sempre necessário se preocupar com as unidades em que as quantidades são
medidas. Massas podem ser medidas em gramas, quilogramas e toneladas. Tempo, em segundos,
horas, séculos e outras. E distâncias e tamanhos são medidos em muitas unidades, das quais as mais
usadas no Brasil são o milímetro, o centímetro, o metro e o quilômetro.
Quando fazemos cálculos, as unidades se misturam. Velocidades, por exemplo, misturam distâncias
e tempos: quilômetros por hora ou metros por segundo. A quantidade de movimento mistura
três unidades: a de massa, a de distância e a de tempo.
Em outros países, unidades “estranhas” como milhas, pés e polegadas são usadas para medir distâncias.
Também são usadas outras unidades para a medida de massas e outras quantidades importantes do
dia-a-dia. Internacionalmente, ficou definido que as unidades METRO, SEGUNDO e QUILOGRAMA
seriam usadas como padrão. Elas são chamadas unidades do Sistema Internacional, ou unidades do
SI. Veja a seguir um exemplo de unidades de medida diferentes e seu valor em unidades do SI.
unidades de medidaCAIU!no Vestibular
VagãoEstadual de Londrina
Um vagão de 6,0 t de massa, movendo-se com
velocidade escalar de 10 m/s, choca-se com
outro vagão de massa igual a 4,0 t em repouso.
Após o choque os vagões se engatam e passam
a se mover com velocidade escalar, em m/s:
a) 10,0 b) 8,0 c) 6,0 d) 5,0 e) 4,0
AbalroadoFuvest
Um carro de 800 kg, parado num sinal vermelho,
é albaroado por trás por outro carro, de 1200
kg, com uma velocidade de 72 km/h.
Imediatamente após o choque os dois carros se
movem juntos. Calcule a velocidade do conjunto
logo após a colisão.
Fazendo as contas.
Sabemos que:1 km = 1.000 metros1 h = 3.600 segundos
Então:60 km = 60.000 metros60 km/h = 60.000 ÷ 3.600 m/s
Calculando, temos: 16,7 m/s, ou seja, osegundo carro corre menos.
Mudando de unidades
Às vezes é necessário mudar de unidades. De
gramas para quilogramas, de quilômetros para
metros e assim por diante. Isso é fundamental
para compararmos coisas que estão medidas
em diferentes unidades. Na Física uma das
coisas importantes é saber passar de km/h para
m/s e de m/s para km/h. Tente responder:
Qual carro está correndo mais: um que está
a 25 m/s ou outro que corre a 60 km/h?
Velocímetros
Nos Estados Unidos os velocímetros dos
automóveis são indicados em milhas por hora
(mph) - uma milha vale 1609 m. Também seria
possível fazer um velocímetro em metros por
segundo. Você consegue imaginar esses dois
velocímetros para um carro com velocidade
máxima equivalente a 200 km/h? Lembre que
o velocímetro deve indicar somente valores
“redondos”, de 10 em 10, de 20 em 20 etc.
Desenhe velocímetros mph em m/s
milímetro (mm) 0,001 m miligrama (mg) 0,000001 kg minuto (min) 60 s
COMPRIMENTO MASSA TEMPO
centlímetro (cm) 0,01 m grama (g) 0,001 kg hora (h) 3.600 s
polegada (pol) 0,0254 m libra (lb) 0,4536 kg dia (d) 86.400 s
quilômetro (km) 1.000 m tonelada (t) 1.000 kg ano (a) 31.556.926 s
25
Como empurrar um
planeta
Você já empurrou seu
planeta hoje? Empurre
agora mesmo indo à
padaria comprar
pãezinhos.
7
Faça suas apostas!
No quadro ao lado
mostramos várias
colisões do Primeiro
Campeonato Mundial
de Colisões.
Tente descobrir quem
irá ganhar em cada
disputa, calculando
sua quantidade de
movimento.
COLISÕES QUE GOSTARÍAMOS DE VER
MOSCA BOLA DE PINGUE-PONGUE
100 mg12 m/s
2 g6 m/s
CAVALO MOTO CORRENDO
150 kg40 km/h
100 kg100 km/h
ASTERÓIDE PLANETA TERRA
100.000.000 t120.000 m/s
6.000.000.000.000.000.000.000 t106.000 km/h
BALEIA-AZUL SUPERPETROLEIRO
200 t20 km/h
500.000 t10 km/h
BOLA DE BOLICHE BOLA DE FUTEBOL
4 kg6 m/s
450 g100 km/h
DINOSSAURO ELEFANTE
20 t4 m/s
15 t6 m/s
26
Como empurrar um planeta7O Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento
é uma lei da Física que se aplica sem exceção a todos os
movimentos do Universo. Mas existem situações que
parecem desobedecê-lo. Parecem...
Sabemos que quando caminhamos sobre um pequeno
barco ele se desloca no sentido contrário e que qualquer
movimento dos ocupantes balança a embarcação. É por
isso que muitos pescadores voltam das pescarias com as
mãos abanando dizendo que “o barco virou”. Mas, quando
andamos sobre um navio, ele não parece se deslocar para
trás nem sofrer qualquer influência do nosso movimento.
Como podemos explicar isso?
Para entender melhor esse problema, podemos imaginar
exemplos concretos: suponha que você tenha 6O kg e
que caminhe sobre barcos de diversas massas diferentes.
Veja o esquema:
60 kg 6.000 kg
60.000 kg 600.000 kg
Caminhando sobre um barco
600 kg
O que você acha que aconteceria
durante uma caminhada em
cada um desses barcos? Você
acha que em todos os casos ele
recua? Por quê?
Esses exemplos nos mostram uma coisa que nem sempre
é percebida: quando andamos realmente empurramos o
chão para trás. Quando o chão é “leve”, desloca-se para
trás visivelmente. É o que acontece em um pequeno bote.
Se o “chão” tem uma massa muito superior a quem anda,
o efeito se torna muito pequeno, podendo até se tornar
totalmente imperceptível.
É o que verificamos no caso de um navio de 600 toneladas.
27
População: m
pop= 5.000.000.000. x 50 kg = 250.000.000.000 kg
qpop
= mpop
x vpop
= 250.000.000.000 kg.m/s
A Terra irá ganhar uma quantidade demovimento de -250.000.000.000 kg. m/s paratrás. Para achar a velocidade, dividimos q porm : v
Terra= q
Terra/m
Terra
vTerra
=-250.000.000.000 kg. m / s
6.000.000.000.000.000.000.000.000 kg
vTerra
= 0,000000000000042 m/s
O que você acha dessa velocidade?!? O queaconteceria coma Terra?
impressão de que o nosso movimento não é compensado
por outro e, que no sistema “pessoa + planeta Terra”, a
conservação da quantidade de movimento não ocorre.
O problema é que a massa da Terra é um pouco elevada...
Sua massa é 10 mil vezes maior do que a de uma pessoa
de 60 kg. Portanto sua velocidade para trás será também
10 mil vezes menor do que a da pessoa, e seu
deslocamento também será proporcionalmente menor. Esse
deslocamento é realmente imperceptível a olho nu.
Quando começamos a andar para a frente, para ir à padaria,
por exemplo, aparentemente não há nenhum objeto que
inicie um movimento para trás. O mesmo acontece a um
carro: ele parece iniciar seu movimento para a frente sem
empurrar nada para trás.
Mas andar a pé ou de carro são interações entre os pés ou
pneus e o chão. Para caminhar, empurramos a Terra para
trás e nos deslocamos para a frente. Porém, não vemos a
Terra se deslocar em sentido oposto. Isso nos causa a
O que aconteceria com a Terra se todo mundo resolvesse andar para o mesmo lado ao mesmo tempo?
Claro que iria ficar mais fácil transitar no centro de São
Paulo... Mas será que afetaria a rotação da Terra? Como
podemos avaliar isso? Vamos fazer um cálculo muito
simplificado para verificar se o deslocamento da Terra
devido ao andar das pessoas seria muito grande. Para
isso, usaremos os seguintes dados:
Massa da Terra = 6.000.000.000.000.000.000.000.000 kg
População da Terra = 5.000.000.000 de habitantes
Massa de um habitante, em média = 50 kg, levando
em conta que boa parte deles são crianças.
Velocidade do andar = 1 m/s.
=
Quem será que “pesou” a
Terra?
E como fez isso?
Mistério....
Andar de carro ou a pé
implica “empurrar” o
chão para trás.
28
Quem “pesou” a Terra?
A Terra tem massa, muita massa. Como
conseguiram determinar o valor dessa massa?
Isso tem a ver com a gravidade da Terra. A
Terra puxa os objetos para baixo com uma
determinada força, e quem já levou um tombo
sabe dizer que é uma força e tanto.
Pois bem, outros planetas também puxam os
objetos para baixo, mas com forças diferentes,
dependendo do seu tamanho e da sua massa.
Se você sabe o tamanho de um planeta ou
outro astro e a força com que ele puxa os
objetos, você consegue encontrar sua massa.
A Lua, por exemplo, é menor e atrai os objetos
com uma força 6 vezes menor que a Terra, e
sua massa é também muito menor que a da
Terra.
Foi o cientista inglês Isaac Newton que, no
século XVIII, encontrou essa relação entre
gravidade e massa. Essa relação, entretanto,
dependia da medida de um certo valor
chamado Constante de Gravitação Universal,
que foi determinado em uma experiência
idealizada por um outro físico inglês, Henry
Cavendish, em 1798. Com o valor dessa
Constante determinou-se a massa da Terra e
de outros astros.
formas práticas de empurrar a Terra
No carro
No parquinhoQuando você desce por um escorregador, parece que está
surgindo um movimento “do nada”. Mas você desce e vai
para a frente, e “algo” tem de se mover em sentido oposto.
Você poderá perceber que o chão recebe um impulso em uma
“escorregada” montando uma maquete de escorregador com
cartolina sobre uma pequena prancha de isopor colocada sobre
alguns lápis. Solte uma bolinha do alto da rampa de cartolina e
veja o que acontece.
Em um balanço, a criança vai para um lado e para o outro e
também nada parece ir no sentido contrário. A verdade é que
o movimento no balanço provoca também impulsos no chão
exatamente no sentido oposto ao movimento da criança sobre
o balanço. Arranje um arame, barbante, fita adesiva e uma
bolinha de gude e monte um balanço sobre uma pequena
prancha de isopor. Coloque vários lápis sob a prancha. Segure
sua balança enquanto ergue a bolinha e solte tudo ao mesmo
tempo. Enquanto a bolinha vai e vem o que ocorre ao resto?
carrinho defricção
prancha deisopor
lápis
Faça uma montagem como a da figura
ao lado. Para isso coloque uma prancha
de isopor sobre vários lápis enfileirados,
dê a fricção em um carrinho e coloque-
o sobre a prancha. Será que o “chão”
vai para trás? O que você acha?
Tente também:
1 Fazer a mesma experiência com pranchas
de outros tamanhos, observe o que
acontece de diferente e tente explicar. Uma
maquete de rua sobre a prancha é uma idéia
para feiras de ciências ou simples diversão.
2 Arranje dois carrinhos e una-os por um
barbante de 20 cm, de forma que o da
frente possa rebocar o de trás. Coloque o de
trás sobre o isopor e o outro na mesa, mais à
frente, e friccione só o da frente. Use o da frente
para rebocar o outro. A prancha recua? Por quê?
29
8Coisas que
giram
A partir desta leitura
estaremos nos
preocupando com os
movimento de
rotação.
100 rad/s
0,0001 rad/s
0,001 rad/s
0,01 rad/s
0,1 rad/s
1 rad/s
10 rad/s
1000 rad/s
furadeira
370 rad/s
furacão
0,002 rad/s
toca-discos
3,5 rad/s
Terra
0,000073 rad/s
VELOCIDADES ANGULARES
motor
200 rad/s
ponteiro dos segundos
0,1 rad/s
Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião,
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.
Chico Buarque
Roda Viva
Roda de bicicleta
15 rad/s
ponteiro dos minutos
0,011 rad/s
ponteiro das horas
0,00091 rad/s
Motor de carro
Fórmula 1
1900 rad/s
30
Coisas que giram8Quando fizemos o levantamento das coisas ligadas à
Mecânica, vimos que grande parte dos movimentos são
rotações. Elas aparecem no funcionamento de engrenagens,
rodas ou discos presentes nas máquinas, motores, veículos
e muitos tipos de brinquedo.
A partir desta leitura estaremos analisando esses
movimentos. Muito do que discutimos nas leituras
anteriores, para os movimentos de translação, irá valer
igualmente aqui, nos movimentos de rotação.
Para iniciar esse estudo seria interessante tentarmos
Se você observar com mais atenção cada caso, perceberá
que nas rotações os objetos sempre giram em torno de
“alguma coisa”. A hélice do helicóptero, por exemplo,
gira presa a uma haste metálica que sai do motor. No centro
da haste, podemos imaginar uma linha reta que constitui
o eixo em torno do qual tanto a haste como as hélices
giram.
Da mesma forma, podemos considerar que a pequena
hélice lateral, localizada na cauda do helicóptero, também
efetua uma rotação em torno de um eixo. Esse eixo, porém,
se encontra na direção horizontal. Assim, cada parte do
helicóptero que efetua uma rotação determina um eixo
em torno do qual essa rotação se dá.
estabelecer as principais diferenças que observamos entre
esses dois tipos de movimento.
Mencione as principais diferençasque você é capaz de observarentre os movimentos detranslação e os movimentos derotação.
Cada hélice gira em
torno de um eixo
No exemplo do helicóptero, as hélices estão presas a uma
haste metálica, que normalmente chamamos de eixo. Mas
o eixo de rotação pode ser imaginado mesmo quando
não há um eixo material como esse.
No caso de uma bailarina rodopiando ou da Terra, em seu
movimento de rotação, não existe nenhum eixo "real", mas
podemos imaginar um eixo em torno do qual os objetos
giram. Isso mostra que em todo movimento de rotação
sempre é possível identificar um eixo, mesmo que
imaginário, em torno do qual o objeto gira.
Em alguns objetos, como uma bicicleta, por exemplo,
temos várias partes em rotação simultânea, portanto
podemos imaginar diversos eixos de rotação.
Entrando nos eixos
31
O sentido das rotações
Quando você quer dizer para alguém para que lado uma
coisa está girando, o que você faz? Em geral as pessoas
dizem algo como: gire para a esquerda. Os mais
sofisticados dizem gire a manivela no sentido horário.
Porém, tanto um jeito quanto o outro trazem problemas.
Um ventilador no teto está girando para a direita ou para a
esquerda? Imagine a situação e perceba que tudo depende
de como a pessoa observa. Não é possível definir
claramente.
E uma roda-gigante, gira no sentido horário ou anti-horário?
Para quem a vê de um lado, é uma coisa, para quem vê
do outro, é o contrário. Faça o teste: ponha uma bicicleta
de ponta-cabeça e gire sua roda. Observe-a a partir dos
dois lados da bicicleta. Também não dá para definir
completamente.
Mas algum espertinho inventou um jeito de definir o sentido
de qualquer rotação, usando uma regra conhecida como
regra da mão direita. Seus quatro dedos, fora o polegar,
devem apontar acompanhando a rotação. O polegar estará
paralelo ao eixo e irá definir o sentido da rotação.
Acompanhe o desenho abaixo:
Nesse caso, definimos o sentido da rotação do disco como
sendo vertical para baixo. Qualquer pessoa que fizer isso
chegará sempre ao mesmo resultado, independentemente
de sua posição em relação à vitrola.
rotação
sentido
A velocidade nas rotações
E para expressar a rapidez com que uma coisa gira?
Sabemos que uma hélice de ventilador gira mais rápido
que uma roda-gigante, e que esta por sua vez gira mais
rápido que o ponteiro dos minutos de um relógio.
A maneira mais simples é determinar quantas voltas
completas um objeto dá em uma determinada unidade
de tempo, que chamamos de freqüência. O ponteiro dos
segundos de um relógio, por exemplo, efetua uma volta
completa por minuto. Dessa forma, expressamos sua
freqüência como 1rpm = 1 rotação por minuto.
Essa é uma unidade de freqüência muito usada,
principalmente para expressar a rapidez de giro de
motores. Um toca-discos de vinil gira a 33 rpm, uma
furadeira a 3000 rpm. Alguns automóveis possuem um
indicador que mostra a freqüência do motor em rpm,
indicando, por exemplo, o momento correto para a
mudança de marcha.
Outra forma de determinar a rapidez de giro é pelo ângulo
percorrido pelo objeto em uma unidade de tempo.
Quando você abre uma porta completamente, ela descreve
um ângulo de 90 graus. Se você leva dois segundos para
fazê-lo, a velocidade angular da porta será de 45 graus
por segundo.
Uma volta completa equivale a 360 graus, de forma que o
ponteiro dos segundos de um relógio faz 360 graus por
minuto. Sua velocidade angular em graus por segundo
poderia ser determinada levando-se em conta que um
minuto corresponde a 60 segundos, da seguinte forma:
ω =360
60s=6 graus por segundo
o
Portanto a velocidade angular do ponteiro, indicada por
ω, vale 6 graus por segundo. Ou seja, o ponteiro percorre
um ângulo de 6 graus em cada segundo.
• RADIANOS •Na Física, a unidade de
ângulo mais usada é o
radiano, que é a unidade
oficial do Sistema
Internacional.
Nessa unidade, MEIA
VOLTA equivale a πradianos. Ou seja, uma volta
são 2 π radianos.
Para quem não sabe, o
símbolo π (Pi) representa um
número que vale
aproximadamente 3,14
Um radiano por segundo
equivale a
aproximadamente 9,55
rotações por minuto (rpm).
Leia mais:
Sobre o π e os radianos na
página a seguir.
32
π π π π π Pi & Radianos π π π π π
É FÁCILDEIXAR
SUA MÃEFELIZ
VENTILADORES
EM 4 X FIXAS VENTO FRIO
SUPERPROMOÇÃO DO DIA DAS MÃES
O dono em 1º lugar
Special PadarieGarantia Padarie de 1ano. Importado.Assistência técnica emtodo o Brasil.
4x 52,00
rad/s
DESAFIO
JOGO DOS 7 EIXOS
Sócrates é um ciclista feliz. Um dia, porém, du-
rante um passeio em uma pista circular, percebe
que sempre volta ao ponto de partida. Tal
constatação inquieta sua mente com profundas
questões existenciais: Quem sou? Para onde
vou? Por que existo? Quantos eixos tem esta
bicicleta? Já que não podemos resolver os
problemas existenciais do nosso amigo, tente
encontrar ao menos 7 eixos em sua bicicleta.
Determine também o sentido das rotações.
4x 40,00
rad/s
Buteco's MasterModelo executivo à provad'água. Auto-reverso.
Histórias Felizes•••
Papai e mamãe no parquinho
Numa tocante cena dominical, uma família feliz
desfruta os prazeres de um parquinho. Enquanto
o pimpolho oscila satisfeito no balanço, papai e
mamãe se entregam aos deleites de uma saudável
brincadeira de sobe e desce na gangorra. Participe
de toda essa felicidade: identifique as rotações e
os respectivos eixos em cada um desses
brinquedos. Determine também o sentido dos
movimentos, pela regra da mão direita.
Algum babilônio desocupado um dia descobriu que
dividindo o valor do comprimento de um circulo (a
sua volta) pelo seu diâmetro obtinha-se sempre o
mesmo valor, algo próximo de 3,14. Hoje sabemos
que esse número, conhecido como π (pi), é mais ou
menos 3,141592635...
Séculos depois, algum pensador brilhante, certamente
um físico, teve a feliz idéia de criar uma medida de
ângulos baseada no pi, e assim relacionar ângulo com
comprimento de uma maneira simples. Essa medida
foi chamada de radiano.
Nesse sistema, meia volta, ou seja, 180o, equivaleria
a π radianos e o comprimento está ligado ao ângulo
pela seguinte fórmula
Comprimento = ângulo x raio do círculo
Você seria capaz de determinar o valor dos ângulos
de 30o, 45o, 60o e 90o no sistema de radianos?
4x47,00
rad/s
Superextra ComumA brisa natural em suacasa por um preçoacessível.
Para cada eixo existente no ventilador vocêrecebe um superdesconto de 10%. Não percatempo! Veja nossas ofertas e descubra qualventilador está com maior desconto. E mais:um brinde especial para quem indicar osentido da rotação pela regra da mão direita! Emais: descubra a freqüência em rpm e ganheum pinguim de geladeira!
33
Os incríveis potinhos girantes9
Os giros também
se conservam
Nas rotações
também existe uma lei
de conservação do
movimento.
quatro potinhos defilme fotográfico
elástico fino dedinheiro
barbante
areia ouáguamoedas
fitaadesiva
Agora nós vamos produzir movimentos de rotação em algumas montagens feitas com potinhos
de filme fotográfico. Essas montagens simularão situações reais, como o movimento do
liquidificador e do toca-discos, que estaremos discutindo. A idéia é tentar “enxergar” a
conservação da quantidade de movimento também nas rotações.
monte o equipamento
fitaadesiva
1ª ETAPA:
Una dois potinhos pelofundo com fita adesiva.
Prenda-os a umbarbante.
2ª ETAPA:
Monte outro conjuntoigual.
Una ao primeiro como elástico
elástico
material necessário
fazendo as coisas funcionar...
Rotações que se transferem
Rotações que se compensam
Torça bem o elástico,segurando os potinhos.
Solte os potinhos de cimae de baixo ao mesmotempo, deixando-os girarlivremente.
Com o elásticodesenrolado e os potinhosparados e livres, dêum giro repentino e suaveapenas nos potinhos debaixo.
...e pensando sobre elas!Para cada uma das duas experiências, tente
responder às perguntas abaixo:
Logo no início dos movimentos, compare omovimento dos potinhos de cima com odos potinhos de baixo, respondendo:
Eles têm a mesma velocidade?
Eles ocorrem ao mesmo tempo?
Eles são movimentos em um mesmo sentido?
Você consegue "enxergar" algumaconservação de quantidades de movimento
nessas duas experiências?
Explique!
34
Mas isso não ocorre apenas em aparelhos elétricos. Na
verdade, nenhum objeto pode iniciar um movimento de
rotação "sozinho". Máquinas, motores e muitas outras coisas
que aparentemente começam a girar isoladamente, na
realidade estão provocando um giro oposto em algum outro
objeto.
Quando um automóvel sai em "disparada", em geral
observamos que sua traseira se rebaixa. Isso acontece porque
o início de uma forte rotação das rodas tende a provocar o
giro do resto do veículo no sentido oposto.
Porém isso só ocorre quando o veículo tem a tração nas
rodas da frente. Carros de corrida e motocicletas, cujas rodas
de tração se localizam na traseira, têm a tendência de
"empinar", levantando a sua dianteira quando iniciam seu
movimento muito repentinamente.
Os giros também se conservam9
Rotações que se compensamComo nessa experiência, em aparelhos
elétricos, dois movimentos simultâneos
e opostos tendem a surgir.
Quando um motor começa a girar, sua carcaça tende a
girar no sentido contrário. Em geral não notamos isso, pois
os aparelhos funcionam fixos a alguma coisa. Mas quando
os manuseamos diretamente, como no caso de uma
enceradeira ou de uma furadeira, assim que eles são
ligados sentimos um “tranco”, que é devido justamente a
essa tendência de giro da carcaça em sentido oposto.
Nossas mãos
impedem o giro
da furadeira e
da enceradeira.
Liquidificadores e conservaçãoQuando um liqüidificador está desligado, a quantidade
de movimento do sistema é nula, simplesmente porque
não há nenhum movimento. Quando é ligado, seu motor
começa a girar, e aí temos uma quantidade de movimento.
Porém, diferentemente dos exemplos anteriores, o
movimento agora é de rotação. Podemos dizer que há
uma quantidade de movimento angular.
Se o liquidificador não tivesse "pés" de borracha e estivesse
sobre uma superfície lisa, veríamos sua carcaça girar em
sentido oposto ao do motor. A quantidade de movimento
angular do motor é, portanto, “compensada” pela da
carcaça, que tem sentido contrário. Por isso, podemos
considerar que as quantidades de movimentos angulares
do motor e da carcaça têm mesmo valor, mas com sinais
opostos. O mesmo vale para outros sistemas, como por
exemplo os potinhos da nossa experiência.
O motor gira em um
sentido, e a carcaça gira
em outro
++
Parece que nas rotaçõestambém há conservação
. . .Quer dizer que para algo girar para um lado, outra coisa
tem de girar ao contrário, da mesma forma que para algo ir
para a frente tem de empurrar outra coisa para trás. Nos
dois casos temos uma conservação de quantidades de
movimento, de translação em um caso, e de rotação em
outro.
Vamos esquematizar este papo:
ANTES DEPOIS
MOTOR: 0 20CARCAÇA: 0 -20
TOTAL: 0 0
35
Uma conservação que não deixa ninguém sair do eixo!
Rotações que se transferem
Normalmente, esses discos estão unidos de modo que a
rotação do motor seja transferida aos eixos. Quando pisamos
no pedal da embreagem, esses discos são separados,
interrompendo a transmissão de movimentos, enquanto
se muda de marcha. Ao fim da mudança de marcha, o
pedal é solto, os discos se unem e o movimento é
novamente transmitido às rodas. Se mantivermos o pé no
pedal da embreagem, o motor não estará acionando as
rodas e o carro irá perder velocidade.
Embreagem solta:
o movimento é transmitido.
Embreagem acionada: a
transmissão cessa.
motor motorembreagemembreagem
Essa experiência mostra mais
uma forma de se iniciar uma rotação:
a transferência de movimento.
Na maior parte das máquinas, temos uma transmissão
contínua de rotação de um motor para outras peças por
meio de várias engrenagens, polias e correias. Esse tipo
de transmissão é mais complicado do que o exemplo da
experiência, mas podemos identificar algumas situações
em que a transmissão de rotações é razoavelmente simples.
Encontramos um exemplo nos automóveis, que se movem
através da transmissão do movimento do motor para as
rodas. Como o motor está sempre em movimento, é
necessário um dispositivo que “desligue” o eixo das rodas
no momento das mudanças de marcha. Esse dispositivo,
conhecido como embreagem, é formado por dois discos:
um ligado ao motor em movimento e outro ligado ao eixo
que transmite o movimento às rodas.
Como você vê, a conservação está presente também nos
movimentos de rotação, que podem surgir aos pares, ou
ser transferidos de um corpo para outro. Portanto, da mesma
forma que nas translações, os movimentos de rotação
também possuem uma lei de conservação. Podemos
chamar essa lei de Princípio da Conservação da Quantidade
de Movimento Angular:
“Em um sistema isolado a
quantidade de movimento
angular total se conserva”
Lei da Conservação da Quantidade de Movimento Angular:
Mas o que acontece quando um objeto em rotação não
tem "para quem" perder seu movimento? É o caso de um
planeta, por exemplo! Sua rotação só não se mantém para
sempre porque na verdade ele interage um pouquinho
com os outros corpos celestes, conforme você verá mais
adiante.
A tendência de um corpo que perde sua rotação devagar
é manter sua velocidade e também a direção do eixo de
rotação. É o que acontece com um pião, que tende a ficar
em pé! E com a bicicleta, que devido à rotação de suas
rodas se mantém em equilíbrio. A própria Terra mantém a
inclinação de seu eixo quase inalterada durante milhões
de anos, o que nos proporciona as estações do ano. Em
todos esses casos, os movimentos só se alteram porque há
interações com outros corpos, embora bastante pequenas.
Piões, bicicletas e
o nosso planeta: não
"saem do eixo" graças à
conservação da
quantidade de
movimento angular!
36
O primeiro projeto de um veículo semelhante a
um helicóptero, uma “hélice voadora”, data da
Renascença e foi elaborado pelo artista e cientista
italiano Leonardo da Vinci (1452-1519).
Entretanto, somente no início do século XX foi
desenvolvida a tecnologia necessária para fazer
um aparelho como esse realmente voar.
O helicóptero, da forma como o conhecemos hoje,
só levantou vôo em 1936. Um primeiro modelo,
de 1907, possuía apenas uma hélice e decolava
sem problemas, atingindo altura de aproxima-
damente 2 metros. Porém, logo após a
decolagem, quando se tentava variar a velocidade
de rotação da hélice, para atingir alturas maiores,
o corpo do helicóptero girava no sentido contrário
da hélice, desgovernando-se.
Por que isso não ocorria quando o helicóptero
estava no chão? Como contornar esse problema?
A solução encontrada foi prolongar o corpo do
helicóptero na forma de uma cauda e colocar nela,
lateralmente, uma segunda hélice.
A função dessa hélice lateral é produzir uma força
capaz de compensar o giro do corpo do
helicóptero, proporcionando assim a estabilidade
do aparelho.
Quando o veículo estava no solo esse problema
não era percebido porque o aparelho estava fixo
ao chão. Ao ligar-se o motor, a aeronave sofria
uma torção no sentido oposto que era transferida
à Terra por meio das rodas. Dessa forma, devido
à elevada massa da Terra, não se notava nenhum
movimento.
Mais tarde, modelos bem maiores, com duas
hélices girando na horizontal, foram projetados
para transporte de cargas, geralmente em
operações militares . Nesse caso, cada hélice deve
girar em um sentido diferente para impedir a
rotação.
Helicópteros
A hélice na
cauda impede o giro
do helicóptero.
Os primeiros
helicópteros
giravam junto
com suas hélices.
Rombo IRombo IRombo IRombo IRombo I
Um grande herói americano, conhecido como
Rombo, viaja no possante helicóptero militar
da figura, que possui duas poderosas hélices
que giram na horizontal. Nessa aeronave bélica,
as duas hélices giram sempre em sentidos
opostos. Por que isso é necessário? DICA: é para
que o Rombo não fique (mais) tonto.
Rombo IIRombo IIRombo IIRombo IIRombo II
Em mais uma espetacular aventura, nosso
herói Rombo, com um único tiro de revólver,
inutiliza a hélice traseira de um helicóptero
inimigo, fazendo-o desgovernar-se e cair. É
possível derrubar um helicóptero dessa
forma? Discuta. DICA: para Rombo nada é
impossível.
Simulando um helicópteroNesta leitura vimos os efeitos interessantes do
funcionamento do helicóptero. O helicóptero
militar, discutido nos exercício "ROMBO I",
pode ser simulado com a montagem abaixo.
Torça o elástico dos dois pares depotinhos de forma que,ao soltá-los, elesgirem no mesmo sentido. O que vocêobserva? Como você explica?
Agora torça, fazendo com que os potinhosgirem em sentidos contrários. E agora,o que você percebe? Tente explicar.
isopor
elástico
barbante
potinhos de
filme
fotográfico
Rombo IIIRombo IIIRombo IIIRombo IIIRombo III
Cansado após um dia de heroísmo, Rombo
decide tomar um copo de água que
passarinho não bebe. Porém, ao sentar no
banquinho giratório do bar, percebe que não
consegue virar, pois seus pés não alcançam o
chão. Explique por que é tão difícil se virar,
sentado num banquinho sem apoiar-se.
37
do que você irá precisar
A velocidade de
rotação de um objeto
pode mudar
simplesmente
mudando-se sua
forma!
10
Gente que gira
O retorno dos incríveis potinhos girantesSempre é possível imaginar mais! O que aconteceria
se os potinhos da nossa experiência anterior não
possuíssem a mesma massa? Afinal, a maioria das
coisas são assim: o motor do liquidicador, por
exemplo, não tem a mesma massa do que a sua
carcaça. Mas o que é realmente interessante é que
essa nova experiência vai ajudar você a entender
movimentos muito curiosos que aparecem na dança
e no esporte. Por isso, o nome desta leitura é "Gente
que gira"...
Areia ouágua
Conjunto depotinhos
MoedasClipes
grandes
1ª experiênciaPreencha os dois potinhos de
baixo ou os dois de cimacom areia ou água.
Cuide para que os potinhospreenchidos com água ouareia fiquem equilibrados
na horizontal quandopendurados.
2ª experiênciaPrenda os clipes em torno
dos potinhos com fitaadesiva. Use a mesma
quantidade de clipes emcada um dos potinhos.
Nos de cima, coloque osclipes mais próximos aocentro, e nos de baixo,“saindo” dos potinhos.
O que ocorreu a cada potinho?
Os movimentos dos potinhos com clipes parafora e para dentro são iguais? Por quê?
Invertendo a posição dos potinhos,o que você observa?
Comparando essa experiência com a dospotinhos preenchidos, o que você conclui?
Refaça as duas experiências da
leitura anterior usando esses
potinhos e responda:
O que ocorreu a cada potinho?
O movimento dos potinhos preenchidos é igualao dos vazios? Por quê?
Quando invertemos a posição dos potinhosmuda alguma coisa? Por quê?
Repita os mesmos procedimentos
com esses potinhos e responda:
38
Gente que gira10Um bailarino ao executar um rodopio impulsiona o chão
em sentido oposto ao do seu giro. Após iniciar esse
movimento de rotação, ele pode aumentar sua velocidade
de giro sem a necessidade de um novo impulso,
simplesmente aproximando os braços do corpo.
Na modalidade de ginástica conhecida como salto sobre o
cavalo o atleta precisa encolher o corpo para realizar o
salto mortal (giro para a frente). Com isso, ele consegue
aumentar sua velocidade de giro durante o vôo sem precisar
receber um novo impulso. Já em um salto estilo peixe, em
que não há o rodopio, a pessoa deve manter seu corpo
esticado, para dificultar o giro.
Salto estilo peixe:
o corpo esticado
dificulta a rotação.
Salto mortal:
o corpo encolhido
possibilita o giro.
Há algo estranho nesta história. Como umacoisa pode aumentar sua velocidade sem
receber impulso?
Ao aproximar seus
braços do eixo de
rotação, o bailarino
aumenta sua velocidade.
Esses dois exemplos parecem desobedecer à conservação
da quantidade de movimento angular. Afinal, de onde vem
esse movimento a mais que eles receberam? Na realidade
não vem de lugar nenhum, ele estava aí o tempo todo,
"disfarçado". Vamos ver como e por quê.
Quando o bailarino está de braços abertos sua velocidade
de giro é pequena. Isso acontece porque, com os braços
afastados do corpo, sua massa fica distribuída mais longe
do eixo de rotação. Podemos dizer que nesse caso ele
possui uma “dificuldade de giro” maior do que quando os
tem fechados. Ao encolher os braços sua massa se distribui
mais próximo ao eixo de rotação, e assim sua dificuldade
de giro diminui. Ao mesmo tempo, sua velocidade
aumenta.
Essa “dificuldade” de girar é denominada momento de
inércia e está relacionada à maneira como a massa do corpo
está distribuída em torno do eixo de rotação. No nosso
exemplo, observamos que, quando o momento de inércia
diminui, a velocidade de giro aumenta. Da mesma forma,
quando o momento de inércia aumenta, a velocidade de
giro diminui. Isso é um indício de que há “alguma coisa”
aí que se mantém constante.
Na experiência que fizemos na página anterior, você viu
que os potinhos com clipes colados mais perto do eixo
giram mais rápido. Isso é semelhante ao caso do bailarino
com os braços fechados. Quando o bailarino abre os braços,
a situação se assemelha aos potinhos com os clipes colados
longe do eixo: a velocidade de rotação é menor.
É importante notar que os potinhos com clipes perto e
longe do eixo têm a mesma quantidade de movimento.
Suas velocidades são diferentes porque suas distribuições
de massa, ou seja, seus momentos de inércia, são diferentes.
O que a outra experiência mostrou é que o momento de
inércia não depende apenas da distribuição de massa, mas
também do seu valor. Por isso, potinhos com areia giram
mais devagar, embora tenham a mesma quantidade de
movimento angular que os potinhos vazios.
39
Com o corpo esticado, sua
dificuldade de giro é grande, e a
velocidade de giro é pequena,
porque a massa está distribuída
longe do eixo. Os valores podem
ser mais ou menos os seguintes:
Quando o corpo do atleta está
totalmente encolhido, o momen-
to de inércia do atleta é pequeno,
porque a massa está próxima do
eixo. Nesse momento, a veloci-
dade de giro é grande.
Com o corpo mais encolhido, o
momento de inércia (dificuldade
de giro) diminui, pois a massa do
corpo se aproxima do eixo de
rotação. Ao mesmo tempo,
aumenta a velocidade angular.
I = 6 kg.m2I = 15 kg.m2
ωωωωω = 0,8 rad/s ωωωωω = 2,0 rad/s
I = 4 kg.m2
ωωωωω = 3,0 rad/s
esticado: semi-encolhido: encolhido:
Então realmente há alguma coisa que se conserva nessa história. E seu valor aqui é 12. Essa “coisa” é a quantidade
de movimento angular. Vemos então que a quantidade de movimento angular é o produto de I com ωωωωω:
L = I.ωωωωωPortanto, para sabermos “quanto” movimento de rotação tem um objeto, multiplicamos seu momento de inércia
pela sua velocidade angular. Resumindo tudo, chegamos à seguinte conclusão: tanto o bailarino quanto o ginasta
não têm de onde receber quantidade de movimento angular. Então ela permanece constante. Quando eles mudam
sua distribuição de massa, estão mudando ao mesmo tempo seu momento de inércia e sua velocidade angular, mas
o produto desses dois valores se conserva: é a quantidade de movimento angular.
15 x 0,8 = 12 6 x 2,0 = 12 4 x 3,0 = 12
Note que se multiplicarmos os dois valores, I e ωωωωω, em cada caso obteremos sempre o mesmo resultado:
Para entender isso melhor, vamos ao exemplo do ginasta. Vamos dar valores a essas quantidades, indicando o
momento de inércia pela letra I e a velocidade de giro (ou velocidade angular, como é chamada na Física) pela
letra grega ωωωωω.
O livro Biomecânica das
técnicas desportivas, de
James G. Hay (Editora
Interamericana, Rio de
Janeiro, 1981), mostra
como se obtêm esses
dados.
40
Muito praticado
por mergulhadores
olímpicos desiludi-
dos com a vida e
professores em geral,
o Salto Ornamental no
Seco é um dos
esportes mais radicais
já inventados até hoje.
Proibido nos Estados
Unidos mas liberado
3,5
kg.m2
3
calcule!5,0rad/s
6,3
kg.m2
2
2,1rad/s
15
kg.m2
1
2 Quando ele encolhe o corpo como na figura 2, qual será sua quantidade
de movimento angular? Ela mudou em relação à cena 1? Por quê?
3 Calcule a velocidade angular do atleta na cena 3. De acordo com o texto,
ela é suficiente para o salto mortal?
Esportes Espetaculares...
Um esporte radical que vem
ganhando adeptos no mundo
todo é a prova de velocidade
em cadeiras giratórias.
Surgida em aulas de Física de
um professor do Texas, chega
ao Brasil fazendo grande
sucesso. A idéia é simples: o
atleta deve girar em uma
cadeira giratória com a maior
velocidade possível, medida
por sofisticados equipa-
mentos. Cabe à equipe
conseguir uma cadeira com o
menor atrito possível, e ao
atleta encolher-se após o
impulso inicial dado por seu
companheiro de equipe.
São duas modalidades: a livre,
na qual o atleta não pode usar
nenhum acessório especial
para aumentar o desempenho,
e a peso-pesado, na qual o
piloto segura nas mãos
pequenos halteres de
ginástica.
Prova de velocidade em
cadeiras giratórias
1 Por que a velocidade aumenta quando se
encolhe os braços?
2 O momento de inércia é maior quando se usa
halteres? Por quê?
3 Uma pessoa inicia o giro com 1 rad/s de
velocidade e 3 kg.m2 de momento de inércia.
Quando se encolhe, fica com 1,5 kg.m2 de
momento de inércia. Qual será sua velocidade
angular?
Salto ornamental no seco
no Brasil, o esporte virou
moda e começa a preocupar
as autoridades. O objetivo é
saltar executando um salto
mortal duplo, o que o torna
difícil porque é preciso saber
encolher braços e pernas.
Curiosamente, o atleta que
não consegue fazê-lo não
tem direito a uma segunda
chance.
Um professor de Física,
praticante da modalidade,
nos revelou alguns macetes.
O mergulhador precisa
conseguir uma rotação
inicial do seu corpo ao saltar
do trampolim. Ao encolher
o corpo sua velocidade de
giro irá aumentar e ele
conseguirá completar duas
voltas no ar antes de antigir
o seu destino.
Para isso, quando atingir o
ponto mais alto do salto, ele
precisa estar com o corpo
totalmente encolhido, para
estar girando a duas
rotações por segundo, o
que corresponde a uma
velocidade angular de 12
radianos por segundo.
1 Um competidor começa seu salto com a velocidade indicada na figura 1.
Quanto vale sua quantidade de movimento angular?
41
11
O controle dos
movimentos traz no-
vas questões
interessantes, em que
o conceito de força
será fundamental.
Coisas que controlam
movimentos
O controle do vôo dos aviões
CURVA NORMAL EMBICANDO INCLINANDOESCORREGANDO
eixo doplano
horizontaleixo doplano
vertical
eixo doplanolateral
coluna decontrole
leme
elevador
flap
aileron
pedaisdo leme
Figuras extraídas de
Como Funciona - todos os
segredos da tecnologia
moderna, 3a edição, Editora
Abril.
As figuras mostram os elementos mecânicos que permitem direcionar o vôo deum aeroplano. Com eles, o piloto efetua rotações no corpo da aeronave em plenoar, permitindo um controle muito grande do movimento do avião. Observe emcada figura quais são os elementos acionados para produzir cada efeito, que estãodestacados em preto. Na curva normal, por exemplo, o piloto utiliza o leme e osailerons (um para cima, e o outro para baixo). Para inclinar o bico do avião sãoacionados os elevadores, e assim por diante. Como você pode ver, para controlaro movimento de um objeto é preciso conhecer como produzir cada efeito. É dissoque iremos tratar agora.
42
Coisas que controlam os movimentos11Manobrar um carro para colocá-lo em uma vaga no
estacionamento ou aterrisar um avião são tarefas em que o
controle dos movimentos é fundamental.
Para que esse controle possa ser realizado, vários elementos
são projetados, desevolvidos e incorporados aos veículos
e outras máquinas.
Para um avião mudar de direção em pleno ar existe uma
série de mecanismos que você deve ter observado na
página anterior. Nos barcos e automóveis, também temos
mecanismos, embora mais simples do que os das aeronaves.
Tudo isso indica que a mudança na direção dos movimentos
não se dá de forma natural, espontânea. Ao contrário, exige
um esforço, uma mudança nas interações entre o corpo e
o meio que o circunda.
Da mesma forma, aumentar ou diminuir a velocidade exige
mecanismos especiais para esse fim. Os automóveis
possuem o sistema de freios para diminuir sua velocidade
e parar, e um controle da potência do motor para poder
aumentar ou manter a sua velocidade. O mesmo ocorre
com os aviões, barcos e outros veículos que têm de possuir
sistemas de controle da velocidade.
Além disso, até os animais possuem seus próprios sistemas
de controle de movimentos, seja para mudar sua direção,
seja para alterar sua velocidade.
Em todos esses casos estamos tratando das interações que
os corpos têm com o meio. Um barco para aumentar sua
velocidade tem de jogar água para trás: isso constitui uma
interação entre ele e a água. O avião, para mudar de direção,
inclina um ou mais de seus mecanismos móveis, e faz com
que ele interaja com o ar de uma forma diferente.
Na Física, as interações podem ser compreendidas como
forças que um objeto aplica em outro. Assim, para que o
avião mude de direção, é necessário que suas asas apliquem
uma força diferente no ar, e que este, por sua vez também
aplique outras forças no avião.
Força e variação da velocidade
Quando o vento sopra na vela de uma barco, está "forçando-
o" para a frente. Trata-se de uma interação que podemos
representar da seguinte forma:
FORÇA
A flecha indica que o vento aplica uma força na vela para
a frente. Seu comprimento indica a intensidade da força:
uma força maior seria indicada por uma flecha mais
comprida. Essa é a forma de representar uma quantidade
física chamada de vetor.
Para aumentar sua velocidade o barco precisa sofrer uma
força no mesmo sentido do seu movimento. Uma força no
sentido contrário faria sua velocidade diminuir. É o que
aconteceria se, de repente, o vento passasse a soprar para
trás.
Mas além de interagir com o ar, o barco também interage
com a água. Ele empurra água para a frente, e esta, por
sua vez, dificulta seu movimento, “segura” o casco. Isso
pode ser representado por uma outra força, agora no sentido
contrário do movimento. Se o vento cessar, essa força da
água fará o barco parar, uma vez que é oposta ao
movimento. Tente representar a força que a água faz no
barco por meio de um vetor.
VETORES E ESCALARES
Quantidades físicas que têm
valor, direção e sentido podem
ser representadas por vetores,
e por isso são chamadas
vetoriais. Exemplos: força,
velocidade, velocidade angular.
Quantidades que são
representadas apenas por um
valor, como a massa, o
comprimento ou a temperatura,
são chamadas de escalares.
43
Força e direção
Em outras palavras, se um carro está indo para a frente e
quer virar à esquerda, é preciso que a força seja aplicada
Para mudar a direção de um movimento, como já dissemos,
é preciso uma força. Porém, não uma força qualquer. Para
que o movimento mude de direção a força dever ser
aplicada em uma direção diferente da direção do
movimento. É isso que acontece quando um motorista vira
a direção do seu carro (já sei, já sei, escrevi muita "direção"
em um parágrafo só.)
como mostra a figura. Neste caso, a força representa uma
interação entre os pneus e o asfalto: o pneu força o asfalto
para lá e o asfalto força os pneus (e o carro) para cá.
Portanto, movimentos curvos só ocorrem quando há uma
força agindo em uma direção diferente do movimento.
Quando você gira uma pedra presa a um barbante, a
pedra está sendo forçada pelo barbante para “dentro”,
mantendo-a em um movimento circular. Se o barbante se
rompe, a pedra segue em frente de onde foi solta.
Forças aplicadas em
direções diferentes do
movimento mudam a
direção do movimento.
Para onde a pedra vai se
o menino soltá-la desse
ponto?
FORÇA
1ª Lei:
“Todo corpo continua em seuestado de repouso ou de movimentoem uma linha reta, a menos que eleseja forçado a mudar aquele estado
por forças imprimidas a ele.”
2ª Lei:
“A mudança de movimento éproporcional à força motoraimprimida, e é produzida nadireção da linha reta na qualaquela força é imprimida.”
3ª Lei:
“A toda ação há sempre umareação oposta e igual, ou, as açõesmútuas de dois corpos um sobre ooutro são sempre iguais e dirigidas
a partes opostas...”
Por trás de todos estes exemplos estão as leis do movimento, conhecidas como "Leis de Newton". Conhecendo estas leis
e as várias interações podemos prever os movimentos e as condições para que os objetos fiquem em equilíbrio. Os
sistemas de controle de movimento que acabamos de discutir obedecem às Leis de Newton e são projetados para
funcionarem corretamente de acordo com as interações a que estão sujeitos. Nas próximas leituras estaremos aprofundando
o estudo das Leis de Newton e das várias interações que acabamos de apresentar. Que tal dar uma lida nos enunciados das
três Leis de Newton, apresentados abaixo e tentar explicar com suas próprias palavras o que você consegue entender.
Esses enunciados de Newton estão em seu livro Princípios Matemáticos da Filosofia Natural.
44
Calvin Bill Watterson
A tirinha do Calvin ilustra o que você não irá fazer agora. Releia cuidadosamente cada um dos enunciados
das leis de Newton apresentados na página anterior e tente explicar o que diz cada uma delas. Tente
também dar exemplos práticos que você acha que estejam ligados ao que diz cada lei.
E se você for bom mesmo, tente encontrar exemplos de como as três Leis de Newton aparecem no
controle de vôo dos aviões.
O Estado de S.Paulo, 1995
Força e rotação
Você deve ter notado que os aviões, para mudar
de direção, efetuam rotações em torno de três
eixos, denominados, vertical, horizontal e lateral.
Para obter essas ou quaisquer outras rotações é
necessário sofrer a ação de forças. Porém, essas
forças não podem ser quaisquer forças.
Note que os mecanismos usados para girar o avião
no ar durante o vôo (aileron, elevador e leme)
estão situados nas extremidades da aeronave. Isso
porque, quanto mais longe do eixo for aplicada
uma força, mais eficaz ela será para provocar uma
rotação.
Ponha uma bicicleta de cabeça para baixo e tente
girar sua roda. Tente fazê-lo forçando na borda
da roda ou no centro dela. Você verá que forçar
pelo centro é uma tarefa muito mais difícil.
A capacidade de uma força provocar um giro se
denomina torque. Talvez você já tenha ouvido
essa palavra antes em frases do tipo: o motor deste
carro possui um grande torque. É exatamente
disso que se trata: a capacidade de o motor
provocar a rotação das rodas do veículo.
Identifique o eixo da rotação provocada
pelo leme, pelos elevadores e pelos
aleirons e indique o que eles provocam no
avião por meio de vetores.
Vetores!?
DESAFIO
Somar números é fácil... quero ver você
somar vetores.
Como somar dois vetores de direção e
sentidos iguais??
F1 = 12N
F2 = 5N
Essa foi fácil!!! He, he, he...
Agora quero ver você somar vetores de
mesma direção e sentidos contrários.
F2 = 5N F1 = 12N
Esse também foi fácil, não foi???
E com direções diferentes, você é capaz
de fazer?
Se você respondeu 17N, 7N e 13N, parabéns...
você é o mais novo vetorando da sala.
F1 = 12N
F2 = 5N
45
12
Você é capaz de
perceber as
diferentes interações
representadas na
cena ao lado?
Onde estão
as forças?
Revista MAD nº 97
Editora Record
46
Onde estão as forças?12
GravidadeAs coisas caem porque são atraídas pela Terra. Há
uma força que “puxa” cada objeto para baixo e que
também é responsável por manter a atmosfera sobre
a Terra e também por deixar a Lua e os satélites
artificiais em órbita. É a chamada força gravitacional.
Essa força representa uma interação existente entre
a Terra e os objetos que estão sobre ela.
SustentaçãoPara que as coisas não caiam é preciso segurá-las. Para levar a prancha o
garotão faz força para cima. Da mesma
forma, a cadeira sustenta a moça,
enquanto ela toma sol.
Em cada um desses casos, há duas
forças opostas: a força da gravidade, que
puxa a moça e a prancha para baixo, e
uma força para cima, de sustentação, que
a mão do surfista faz na prancha e a
cadeira faz na moça. Em geral, ela é
conhecida como força normal.
Na águaA água também pode sustentar coisas, impedindo
que elas afundem. Essa interação da água com
os objetos se dá no sentido oposto ao da
gravidade e é medida por uma força que
chamamos de empuxo hidrostático. É por isso
que nos setimos mais “leves” quando estamos
dentro da água. O que sustenta balões no ar
também é uma força de empuxo, igual à que
observamos na água.
No arPara se segurar no ar o pássaro bate asas e
consegue com que o ar exerça uma força
para cima, suficientemente grande para
vencer a força da gravidade. Da mesma
forma, o movimento dos aviões e o formato
especial de suas asas acaba por criar uma
força de sustentação.
Essas forças também podem ser chamadas
de empuxo. Porém, trata-se de um
empuxo dinâmico, ou seja, que depende de um movimento para existir.
As forças de empuxo estático que observamos na água ou no caso de
balões não dependem de um movimento para surgir.
As formas pelas quais os objetos interagem uns com os
outros são muito variadas. A interação das asas de um
pássaro com o ar, que permite o vôo, por exemplo, é
diferente da interação entre uma raquete e uma bolinha
de pingue-pongue, da interação entre uma lixa e uma
parede ou entre um ímã e um alfinete.
Isaac Newton, o famoso físico inglês do século XVIII,
conseguiu elaborar leis que permitem lidar com toda essa
variedade, descrevendo essas interações como forças que
agem entre os objetos. Cada interação representa uma força
diferente, que depende das diferentes condições em que
os objetos interagem. Mas todas obedecem aos mesmos
princípios elaborados por Newton, e que ficaram conhecidos
como Leis de Newton. Para compreender melhor essa
variedade de interações é que apresentamos a cena da
página anterior. Agora vamos dar um zoom em alguns
detalhes para observar mais de perto alguns exemplos
dessas interações.
47
Aprenda a voar em cinco minutos*...
AtritosCoisas que se raspam ou se esfregam estão em atrito
umas com as outras. Esse atrito também representa
uma interação entre os objetos. Quando você desliza
a mão sobre a pele da pessoa amada, está exercendo
sobre ela uma força de atrito.
De modo geral, as forças de atrito se opõem aos
movimentos. Ou seja, seu sentido é oposto ao
sentido do movimento. É isso que permite que um
carro freie e pare: a força de atrito entre o disco e a
pastilha dos freios e o atrito entre o pneu e o chão.
As forças de atrito são também as responsáveis pela
locomoção em terra. Quando empurramos a Terra
para trás para ir para a frente, estamos interagindo
por meio do atrito entre os pés e o chão.
ResistênciasEm que difere o andar desses dois cavalheiros? Bem,
ambos empurram o chão para trás para poderem ir
para a frente. interagem por meio da força de atrito.
Porém, este senhor que caminha na água encontra
uma dificuldade maior porque a água lhe dificulta o
movimento. Esse tipo de interação
se representa pelo que chamamos
de força de resistência. Como
o atrito, a força de resistência é
oposta ao sentido do movimento.
A força de resistência também
surge nos movimentos no ar. É isso
que permite a existência dos pára-
quedas.
O segredo do vôo dos pássaros ou dos aviões é o
movimento. Quando o objeto é "mais pesado" do que o
ar, somente o movimento, do ar ou do objeto, é capaz de
provocar o vôo.
Por isso os aviões são equipados com jatos ou hélices, que
têm a função de produzir o movimento para a frente. Uma
vez em movimento, são as asas, com seu formato especial,
que ao “cortarem” o ar provocam uma força para cima
que faz o avião voar. Mas o que esse formato especial tem
de tão especial?
O formato da asa do avião faz com que o ar que passa em
cima dela se movimente mais depressa do que o ar que
passa embaixo. Isso ocorre devido às diferentes curvaturas
na parte superior e inferior da asa. E daí?
Acontece que, quanto maior a velocidade do ar, menor
sua pressão. Por isso a asa do avião sofre uma pressão do
ar maior na parte inferior das asas e menor na parte superior,
o que resulta em uma força de sustentação. Quanto maior
a velocidade da aeronave, maior será a força de sustentação
obtida. Por isso, o avião precisa adquirir uma grande
velocidade antes de conseguir levantar vôo.
Isso ocorre porque o ar em movimento tem sua pressão
reduzida. Na brincadeira mencionada ao lado, quando você
sopra, a pressão do ar sobre a folha diminui. Como a pressão
do ar embaixo da folha fica maior, temos uma força para
cima, semelhante à do empuxo hidrostático. A diferença
é que para que ela surja é necessário que o ar se
movimente, por isso podemos chamar essa força de
empuxo aerodinâmico ou de força de sustentação
aerodinâmica.
Para entender isso, vamos
fazer uma brincadeira: pegue
uma pequena folha de papel e
sopre-a na parte superior.
Você deve perceber que a
folha sobe. Enquanto você
estiver soprando ela tenderá
a ficar na horizontal.
* Isso se chama “propaganda enganosa”
Perfil de asa: a pressão
sobre a asa se torna menor e
surge uma força para cima.
48
Quando o objeto está totalmente imerso na água,
também sofre um empuxo. A água continua
exercendo pressão sobre o corpo, só que agora
em todas as direções, pois ele está totalmente
imerso. A pressão embaixo do corpo é maior do
que a pressão em cima, pois sua parte inferior
está num ponto mais profundo. Um submarino,
por exemplo, sofre mais pressão na parte de baixo
do casco do que na de cima, pois sua parte inferior
está mais fundo na água.
Quem já entrou em uma piscina sabe que a
sensação é sempre a mesma: parece que ficamos
mais leves. Além disso, quem já se aventurou a
mergulhar fundo na água deve ter sentido o efeito
da pressão que ela exerce. Parece que não, mas
essas duas coisas estão intimamente ligadas.
Todos os líquidos exercem força nos objetos em
contato com eles. Essa força existe devido à
pressão e se distribui ao longo de toda a superfície
de contato. É isso que faz os objetos flutuarem ou
parecerem mais leves dentro da água.
Uma balsa flutua porque, devido à pressão, a água
lhe aplica forças para cima, distribuídas ao longo
de toda sua superfície inferior. O resultado dessas
forças equilibra a força da gravidade e é chamado
de empuxo hidrostático.
Você já empuxou hoje?
Mas se todos os objetos na água sofrem empuxo, por
que alguns flutuam e outros não?Se o objeto flutua na água é porque o empuxo
consegue vencer seu peso. Se afunda é porque
o peso é maior do que o empuxo.
Mas nem sempre os objetos pesados tendem a
afundar mais facilmente do que os leves: um
navio flutua, enquanto um prego afunda. A
flutuação depende do formato do objeto e do
material de que ele é feito. Objetos feitos apenas
de isopor flutuam na água, enquanto objetos de
ferro podem afundar (prego) ou não (navio),
dependendo do seu formato.
Mas o que significa ser mais leve ou mais pesado
do que a água? Uma grande quantidade de
isopor certamente irá pesar mais do que uma
gota de água. Na comparação devemos usar
volumes iguais de água e de isopor. Essa é a
idéia de massa específica ou densidade: é a razão
da massa pelo volume de um material. Um litro
de água tem 1000 gramas, e um litro de isopor,
apenas 10 gramas, a densidade da água é 1kg/l , e
a densidade do isopor 0,01kg/l. A densidade é
importante para saber se um objeto flutua ou não
em determinado líquido.
O formato também influi na flutuação de um
objeto, porque está ligado à quantidade de água
que ele desloca. Um corpo volumoso desloca
muito mais água do que um corpo pequeno.
Se você possui uma certa quantidade de massa
de vidro, pode moldar um objeto que flutue.
Como a massa de vidro tem uma densidade maior
que a água, ela pode afundar ou flutuar,
dependendo do seu formato. Uma bolinha, será
um objeto pouco volumoso, que deslocará pouca
água, e portanto irá afundar. Mas se você fizer
um objeto no formato de uma caixinha oca ele
poderá flutuar, pois irá deslocar mais água, e
portanto sofrerá um empuxo maior quando
colocado na água. Tente!
No navio
Identifique as forças presentes num navio em
movimento no mar, dizendo também qual é o
corpo que as aplica sobre a embarcação e
represente-as por meio de vetores.
A Terra atrai o navio pela forçagravitacional Fg. O navio não afundadevido à presença da força de empuxohidrostático Fe aplicada pela água. Omovimento da embarcação para a frenteé garantido por uma força Fed.
Essa força é aplicada pela água e não pelomotor ou pela hélice. Na verdade, a hélice“força” a água para trás e a água“empurra” o navio para a frente. Mas águatambém dificulta o movimento, através daforça de resistência da água Fr. Essaforça é aplicada no sentido oposto ao domovimento.
Helicóptero "parado"
Que força segura um helicóptero no ar?
Desenhe, através de vetores, as forças agindo
sobre um helicóptero pairando no ar.
49
Peso, massa e
gravidade
Tudo atrai tudo. Você
acredita nessa frase?
Não? Então leia as
páginas a seguir e tire
suas conclusões.
13
A tirinha e a reportagemforam extraídas da Folha de
S.Paulo
Jim Meddick
Robô
50
Isaac Newton, um gênioda Física, com apenas umano de idade descobriuum importante fenômenofísico:OBJETOS CAEM!
Pesquisas recenteschegaram a resultadosainda maisestarrecedores:não sãoapenas osobjetos quecaem...
PESSOASTAMBÉM CAEM!
Essa “coisa” está presente em todos os quartos de bebê
dos mais longínquos cantos deste planeta. Seu nome é...
Qual de nós já não esteve numa situação de precisar se
agarrar ao corrimão de uma escada para não cair? Ou mesmo
levou um tombo ao tropeçar em alguma saliência no chão?
O causador desses terríveis males não é outro senão o
implacável campo gravitacional.
Não podemos “brincar” com ele, pois um ligeiro cochilo e
lá vamos nós para o chão.
Peso, massa e gravidade13
O que poucos sabem é que a culpa não é dos lindos
pimpolhos, mas de algo invisível, inodoro, insípido,
incolor e, o que é pior, indestrutível...
As crianças, de modo geral, quando atingem
aproximadamente um ano de idade gostam de jogar
pequenos objetos no chão. Nessa importante fase do
desenvolvimento infantil elas estão vivenciando que os
objetos soltos de suas mãos caem. Infelizmente, existem
alguns pais que não compreendem o comportamento dos
anjinhos e justamente nessa época resolvem deixar certos
objetos fora de seu alcance....
Esse campo é mesmo danado, sô!
O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE:
O USO ERRADO DO CAMPO GRAVITACIONAL FAZ MAL À SAÚDE
Mas como atua o campo gravitacional?
Quando um objeto qualquer está em uma região onde
existe um campo gravitacional, um curioso fenômeno se
sucede: o objeto cai. Esse fato, amplamente estudado
pelos físicos durante séculos, é interpretado da seguinte
forma: a Terra possui em torno de si um campo gravitacional.
Quando um objeto qualquer está “mergulhado” no campo
gravitacional, sofre uma força, chamada de força
gravitacional ou simplesmente de PESO. Se não houver
nada para segurar o objeto, ou seja, para equilibrar a força-
peso o objeto cai...
Tudo isso pode ser representado por uma fórmula, que
expressa a medida da força-peso (P) como o produto entre
a massa (m) do objeto e o campo gravitacional (g) da Terra,
ou seja, .
QUEDA=CAMPO+CORPO
→→→→→ m x g = P
→→→→→→→→→→
→→→→→
51
Portanto, é o campo gravitacional da Terra que faz com
que os objetos sejam atraídos em direção a ela. Esse campo
preenche todo o espaço ao redor do planeta e nos mantém
sobre ele. Também é ele que mantém a Lua girando em
torno da Terra e “segura” a atmosfera em nosso planeta.
Se não houvesse um campo gravitacional suficientemente
forte, a atmosfera se dispersaria pelo espaço. O peso de
um objeto qualquer, tal como o de um bebê, é devido à
ação da Terra sobre esse bebê, intermediada pelo campo
gravitacional.
Na verdade, TODOS os objetos possuem campo
gravitacional. Podemos pensar no campo gravitacional
como uma “parte invisível” do objeto, que preenche todo
o espaço que o circunda, como sugere a figura.
No entanto, o campo gravitacional só é suficientemente
forte para percebermos seus efeitos se o objeto possuir
uma
massa imensa igual à da Terra:
Assim como a Terra ou qualquer outro objeto, a Lua também
tem seu campo gravitacional. Só que lá, como vemos nos
filmes, um astronauta parece ser mais leve do que na Terra.
Nesses filmes percebemos que, com um simples impulso,
o astronauta caminha na superfície lunar como um canguru
aqui na Terra. A verdade é que na Lua o peso do astronauta
é menor.
O campogravitacionaldiminui deintensidadeconforme adistância.
Isso acontece porque o campo gravitacional da Lua é menor
do que o campo gravitacional da Terra. A massa do
astronauta, entretanto, não muda quando ele vai da Terra
para a Lua, o que se modifica é o seu peso.
O peso do astronauta ou de qualquer outro objeto é tanto
maior quanto maior for o campo gravitacional no local onde
ele se encontra. A fórmula v
r
P m.g= é uma forma
matemática de expressar essa idéia. O
v
g
simboliza o campo
gravitacional, que na superfície da Terra tem a intensidade
média de 9,8 N/kg (newtons por quilograma). Isso signfica
que um objeto de 1 kg sofre uma força de atração igual a
9,8 N por parte do planeta. Se estivesse em outro planeta,
onde a intensidade do campo gravitacional tem um outro
valor, o corpo sofreria uma força diferente. Na Lua, onde o
campo gravitacional é de apenas 1,6 N/kg, a força é bem
menor. Um saco de arroz de 5 kg, que na Terra sofre uma
força de 49 newtons, enquanto na Lua seu peso será igual
a 8 newtons. Embora o saco continue tendo 5 kg de
arroz, carregá-lo na Lua causaria a mesma sensação de
carregar apenas 816 gramas na Terra. Se fosse possível
carregá-lo na superfície do Sol, a sensação seria equivalente
a 140 kg!
Na próxima página você encontra uma tabela onde estão
especificados os campos gravitacionais dos principais astros
do nosso Sistema Solar.
52
Garfield Jim Davis
Folha de S.Paulo, 1994
Campo gravitacional dos principais
astros do sistema solar
a) A resposta que o Garfield deu ao Jon nessa tirinha está fisicamente correta? Por quê?
b) Quais planetas do sistema solar poderiam ser escolhidos pelo Garfield para “perder” peso?
1 - Utilizando a tabela ao lado, responda:
a) Qual é o seu peso? Qual seria o seu peso no Sol? E em Mercúrio?
b) Um litro de leite pesa aqui na Terra 9,8 N. Qual seria a massa do litro de leite na Lua? Por quê?
E o seu peso?
2 - Em órbita.
É comum hoje em dia ligarmos a TV e assistirmos a algumas cenas que mostram os astronautas
" f lutuando" no interior da nave ou mesmo fora dela, quando ela se encontra em órbita ao redor da
Terra. Tais astronautas não têm peso? Discuta essa situação.
3 - Notícias!
Numa notícia, um jornal afirmava que ao cair de determinada altura um corpo chegava ao solo com
um peso muito maior. O peso de uma pessoa muda durante uma queda? Discuta essa situação.
Obs.: Lembre-se de que a quantidade de movimento linear do corpo aumenta gradativamente,
pois ele está sendo acelerado.O impacto do corpo com o chão acrescenta-lhe uma outra força?
4 - Pegadinha!
Se o peso de um objeto é sempre o mesmo num determinado local da Terra, então é a mesma coisa
sustentar um objeto nas mãos ou apará-lo numa queda?
Obs.: Como no exercício anterior, no impacto, a razão entre a variação da quantidade de movimento
e o intervalo de tempo do impacto é acrescentada ao peso do objeto.
Astro do
sistema
solar
Sol
Lua
Mercúrio
Vênus
Terra
Marte
Jupter
Saturno
Urano
Netuno
Plutão
Massa em
relação à
da Terra
329.930
0,0012
0,04
0,83
1
0,11
318
95
15
17
0,06
Campo
Gravitacional
(N/kg)
274
1,7
2,8
8,9
9,8
3,9
25
10,9
11
10,6
2,8
53
Medindo
forças
Para quem pensava
que as únicas formas
de medir forças
fossem o cabo-de-
guerra e o braço-de-
ferro, aqui vai uma
surpresa.
14 Monte um dinamômetro
Nesta atividade vamos investigar o dinamômetro, que é um instrumento capaz de medir forças. Apesar do nome
estranho, o dinamômetro é um instumento muito comum, conhecido popularmente como “balança de peixeiro”.
O seu princípio de funcionamento é simples: em uma mola presa na vertical, pendura-se o objeto cuja massa se
quer determinar. De acordo com a deformação produzida na mola, pode-se determinar a força que o objeto lhe
aplica, que é proporcional à sua massa.
PEDAÇO DEMADEIRAMOLA
CANO
ROLHA
ARAME
Eis o que você vai usar
Eis como ficará seu dinamômetro
PARAFUSOPAPELQUADRICULADO
54
Medindo forças14O dinamômetro e as unidades de forçaQuando é usado como balança, o dinamômetro possui uma
escala graduada que fornece os valores em gramas,
quilogramas ou outra unidade de massa.
Se for usado para medir forças, essa escala será em unidades
de força. Quando trabalhamos com metros, quilogramas e
segundos (unidades do Sistema Internacional) a unidade
usada é o newton (N), que é a mais usada na Física. Outras
unidades de força podem ser empregadas, como as listadas
na tabela ao lado.
O dinamômetro pode ser usado como balança somente
porque o campo gravitacional da Terra tem um valor mais
ou menos igual em todos os lugares. Porém, não serve
como uma balança precisa, por causa das pequenas
variações do campo de um lugar para outro.
Usando o dinamômetroSeu dinamômetro já está pronto? Muito bem. Segure-o
na vertical e pendure um objeto em seu ganchinho. Você
verá que a mola estica e a madeirinha desce.
O deslocamento da madeirinha abaixo do nível do cano
dá uma indicação da força com a qual a mola está sendo
esticada, que neste caso será igual ao peso do objeto que
está pendurado.
Pendure diferentes objetos em seu dinamômetro e
perceba os diferentes deslocamentos da mola.
Tente usar o dinamômetro para medir outras forças,
como a força dos seus próprios dedos ao puxar o gancho.
Compare-as com os pesos que você mediu.
Procure anotar suas observações.
PESOO deslocamento para baixo é proporcional ao peso.
Portanto, podemos usar esse deslocamento como uma
medida do peso e também de outras forças.
PESO
unidade símbolovalor em
newtons
força necessária
para carregar:
quilograma
forçakgf 9,8 N
um saquinho de
leite cheio
libras lb 4,448 Numa garrafinha
de refrigerante
newton N 1 N uma laranja
grama
forçagf 0,098 N
um canudo de
refrigerante
dina dyn 0,00001 Nforça
imperceptível
-
-
55
Calibrando o dinamômetroUm instrumento de medida não serve para nada se não
tiver uma escala para que possamos determinar o valor da
medida. Uma maneira de você fazer uma escala é
simplemente pegar um papel, dividi-lo em partes iguais
e colar na madeirinha do dinamômetro. Cada “risquinho”
corresponderia a uma unidade.
Tente fazer isso e use o
dinamômetro para medir o peso
de algumas coisas, como por
exemplo um estojinho com
lápis e canetas.
Porém, aqui há um probleminha. Quem garante que o
dinamômetro de um colega seu irá dar o mesmo valor
para o peso? Tente e veja! Não seria mais conveniente
garantir que vários dinamômetros registrem o mesmo valor
para o peso de um mesmo objeto?
Para conseguir isso é preciso definir uma unidade-padrão,
que pode ser o peso de alguma coisa bem conhecida cujo
peso seja sempre o mesmo. Moedas de 1 real ou pilhas
pequenas servem. Ponha uma fita de papel em branco na
madeira. Pendure um copinho no gancho com barbante e
vá colocando moedas.
Faça marcas no papel, indicando
o deslocamento para cada
número de moedas. Você criou
uma nova unidade de força. Dê-
lhe um nome.
Se outros colegas usarem o mesmo procedimento, terão
dinamômetros calibrados na mesma unidade, e os valores
medidos com um deles devem ser iguais aos medidos
pelos outros. Faça e confira!
Criando uma escala em newtonsVocê pode querer que o seu dinamômetro indique a força
em newtons, ou em alguma outra unidade já conhecida.
Para isso, você precisaria ter objetos como a moeda e a
pilha que tivessem valores de peso conhecidos.
Se você souber sua massa poderá achar o peso pela fórmula
P=m.g. Porém, há um probleminha: uma pilha tem uma
massa de 18,3 gramas, que corresponde a um peso de
0,18 newton. Mas esse é um valor quebrado!!! Fica ruim
fazer uma escala com ele.
Mas há um jeito: você pode usar água para calibrar o
dinamômetro. Basta saber que:
1 newton = 102 ml de água
Você pode fazer uma escala de décimos de newton (0,1
em 0,1), como se fosse uma régua, usando uma seringa e
considerando 0,1 newton como 10 ml de água.
Se a sua mola for muito forte, você terá de fazer uma escala
de 1 em 1 newton. Nesse caso, use uma garrafa plástica
para pôr a água e procure um recipiente de 100 ml. E não
esqueça de descontar o peso da garrafa depois!!!
Use o dinamômetro para
determinar o peso de alguns
objetos. A partir dessa medida,
encontre a massa desses
objetos em gramas.
56
Em situações nas quais os objetos podem ser
considerados elásticos, como é o caso da mola
ou do elástico do seu dinamômetro, é possível
determinar o valor da força de uma forma
bastante simples. Imagine, por exemplo, um
menino puxando o elástico de um estilingue.
Quanto mais o garoto puxa a borracha, maior é a
força que ele tem de fazer para mantê-la esticada.
Esse fato revela uma importante relação entre a
força aplicada e a deformação do elástico. Na
medida em que este é puxado, seu comprimento
aumenta e a força por ele aplicada também
aumenta.
Podemos estabelecer a seguinte relação...
que pode ser traduzida pela fórmula:
'
Nessa fórmula, a letra k representa as
propriedades elásticas do objeto, ou seja, se ele
se deforma facilmente ou não. Esse valor é
chamado de constante elástica. Quanto maior for
o valor de k, mais rígido será o objeto. Por
exemplo, um colchão de espuma mole possui
um valor de constante elástica pequeno, ao passo
que um colchão ortopédico tem um grande valor
de k.
O valor x representa a deformação sofrida pelo
objeto. É preciso lembrar que a força será sempre
no sentido oposto ao da deformação: se você
forçar um colchão com as mãos para baixo ele irá
forçar suas mãos para cima.
Estica e Puxa...
QUANTO MAIOR A MAIOR A
F k xelastica
= ⋅
Tente o seguinte: pendure um OBJETO QUALQUER em seu
dinamômetro, para determinar o seu peso.
Depois pegue o OBJETO QUALQUER e coloque dentro de uma
vasilha de água, pendurado pelo dinamômetro, como indica a
figura.
O que você percebe? Será que o objeto ficou mais leve? Ou não?
Que coisa maravilhosa, extraordinária e diferente ocorre quando
o objeto é mergulhado?
Se for possível, tente fazer um teste enchendo a vasilha com outro
líquido, como óleo por exemplo. MAS TOME CUIDADO, CRIATURA!
Não vá lubrificar toda a casa! Você observa algo diferente?
E agora, mais uma novidade para você: duas tabelas para você descobrir que
coisas flutuam ou não nos vários líquidos. Descubra como a coisa funciona!
A partir da tabela, você é capaz de dizer que materiais sempre flutuam no álcool?
E que materiais flutuam na água mas não flutuam no álcool?
Usando seu dinamômetro para afogar coisas
. .
57
Quando é difícil
parar
Se você está no comando
de uma espaçonave e
passa um cachorro
espacial na sua frente, o
que você faz?
15A lei da inércia segundo Garfield
Newton disse que um corpo permanece em repouso...
Mas também permanece em movimento...
Às vezes não percebemos que estamos em movimento...
Mas uma mudança brusca pode nos lembrar disso!
se não houvernada que possatirá-lo desseestado, ou seja,alguma interaçãocom qualqueroutro corpo.
constante, semalteração de suaquantidade demovimento atéque encontre algocom que interaja.
porque quando omovimento éuniforme nãopodemos senti-loou distingui-lo doestado derepouso.
Somente quandoestamosaceleradosrealmentesentimos algo quenos permite dizerque estamos emmovimento.
Quadrinhos de Jim Davis,
extraidos da Folha de S.Paulo e
da revista Garfield na Maior.
58
Quando é difícil parar15Barcos e espaçonaves
As espaçonaves, na
maior parte de seu
trajeto, trafegam na
“banguela”
As espaçonaves
possuem jatos
direcionados.
O que existe de semalhante entre o movimento de um
barco a remo e o de uma espaçonave? Tanto em um como
no outro, algo tem de ser lançado para trás para que o
veículo avance. A pessoa exerce força no remo jogando
água para trás, provocando com isso um impulso no barco.
Na espaçonave é a força de ejeção dos gases combustíveis
para trás que produz um impulso no veículo para a frente.
Porém, no momento de parar, existe uma diferença fun-
damental entre essas duas situações: é muito fácil parar
um barco (se não houver correnteza, é claro!) Basta a pessoa
parar de remar. Se ela quiser parar mais rápido, pode
simplesmente mergulhar a pá do remo na água.
Parar uma espaçonave já é mais difícil. Quando, em pleno
espaço, seus “motores” são desligados, ela continua seu
movimento sem diminuir a velocidade, a menos que
encontre algo em seu caminho. Por que existe essa
diferença?
Quando paramos de remar um barco, deixamos de exercer
a força que o impulsiona. Assim, no atrito com a água o
barco transfere aos poucos toda sua quantidade de
movimento para ela. Já uma espaçonave, mesmo sem a
força para impulsioná-la, permanece em movimento por
centenas de milhares ou até por milhões de quilômetros
praticamente sem modificar sua velocidade, até se
aproximar de outro planeta ou de um satélite. Isso acontece
porque no espaço não há nada para a nave transferir o seu
movimento. Não existe ar ou qualquer outra coisa para
interagir com ela. Dessa forma, ela mantém constante a
sua quantidade de movimento.
Isso mostra que se um objeto em movimento não contar
com algo que possa “segurá-lo”, ou seja, aplicar um impulso
contrário ao movimento, sua tendência será permanecer
em movimento para sempre. Essa tendência em continuar
o movimento mantendo constante sua velocidade é
chamada na Física de inércia.
Se no espaço uma nave se desloca por inércia,como é possível pará-la?
Para conseguir parar ou manobrar, os módulos espaciais
possuem jatos direcionados para a frente e para os lados.
Uma nave que se aproxima de uma estação espacial, por
exemplo, pode lançar jatos para a frente, impulsionando o
veículo para trás até que ele pare. Por meio de cálculos
feitos por computador, os operadores podem realizar
manobras com bastante precisão, sem risco para os
tripulantes.
Mesmo o barco precisa de uma força contrária ao seu
movimento para conseguir parar. Embora aparentemente
isso não seja necessário, mesmo quando paramos de remar
um barco, ele não pára sozinho: é a água que o “segura”:
é o que chamamos de força de resistência da água.
59
1ª lei de Newton
“Todo corpo continuaem seu estado derepouso ou demovimento em umalinha reta, a menos queele seja forçado amudar aquele estadopor forças imprimidasa ele.”
Por que não percebemos a Terra se mover?
Galileu Galilei quase foi para a fogueira porque dizia que a
Terra estava em movimento. E, realmente, esse fato não
parece algo razoável, porque não sentimos o movimento
da Terra.
Se você estiver em um trem, em um barco ou no metrô,
de olhos fechados, às vezes terá difilculdade de dizer se
está ou não em movimento, mas quando olha para fora e
vê a paisagem em movimento, logo se dá conta de que
está se deslocando.
Na verdade, se o movimento do trem, barco ou metrô for
uniforme, ou seja, sua velocidade se mantiver sempre a
mesma, em linha reta e se não houver trepidações e
vibrações, tudo se passa como se estivéssemos parados.
Se não olharmos para fora e não ouvirmos o som dos
motores é impossível saber se estamos em movimento ou
não.
Galileu percebeu que essa era a explicação para o fato de
não sentirmos o movimento da Terra. Mas isso tem
conseqüências ainda mais fortes: significa que os
movimentos são relativos.
O que quer dizer isso? Uma pessoa sentada no outro banco
do trem está parada em relação a você, que está lá dentro
mas está em movimento do ponto de vista de quem está
fora do trem. Qual é ponto de vista mais correto? O seu,
ou o da pessoa que vê tudo de fora? A resposta é: nenhum!
Afinal, quem estivesse "de fora" da Terra também veria a
pessoa "parada" fora do trem em movimento.
Todos que estejam em movimento uniforme em relação
aos outros podem dizer que seu ponto de vista é o correto.
A isso chamamos de referencial.
Tudo isso está intimamente ligado à Primeira Lei de New-
ton, também conhecida como Lei da Inércia. Dê mais uma
olhada nela. O estado de repouso de uma bola no chão do
trem em movimento uniforme equivale ao estado de
movimento de quem vê essa mesma bola de fora do trem.
Para tirá-la do repouso alguém dentro do trem pode dar
um cutucão na bola. Quem está de fora verá que a bola,
que estava em movimento constante junto com o trem,
muda seu movimento, ou seja altera o seu estado de
movimento.
E o que acontece se o trem brecar de repente? Bem, nesse
caso, sim, podemos sentir o efeito. Parece que estamos
sendo jogados para a frente. Agora o trem deixa de ser
um referencial equivalente aos outros, porque ele mesmo
está variando seu movimento.
Nessas condições, uma bola no piso do trem pareceria
iniciar um movimento para a frente. Na verdade, quem
está de fora terá condições de dizer que o trem está
parando e a bola simplesmente tendeu a continuar o
movimento que possuía antes. O mesmo aconteceria a
todos nós se a Terra freasse de repente o seu movimento:
nos sentiríamos sendo "jogados", e isso certamente causaria
grandes catástrofes, dependendo da intensidade dessa
"freada".
Se a Terra se move, e também os outros planetas, há algo
que pode ser considerado realmente "em repouso"? A
resposta é não! Mesmos as estrelas, como o Sol, estão em
movimento quase uniforme uma em relação a todas as
outras. Portanto, a velocidade de algo no espaço sempre
tem de ser indicada em relação a alguma outra coisa,
porque não há nada que possa ser considerado realmente
"parado".
60
A leitura das páginas anteriores estão bastante
ligada à chamada Teoria da Relatividade de
Einstein, da qual possivelmente você já ouviu falar.
Na verdade, foi Galileu que começou essa
história quando percebeu que as leis da Física
não dependem do referencial. Nunca poderemos
saber se estamos em repouso ou se nos
movemos em velocidade uniforme. Tudo o que
acontece é exatamente idêntico.
Albert Einstein, ainda muito jovem, pensou
muito sobre isso quando ouviu dizer que a
velocidade da luz era de 300.000 km/s. Ora,
pensou ele, quer dizer que seu eu corresse a
essa mesma velocidade poderia ver a luz parada?
Mas a velocidade da luz é medida em relação a
quê?
Acreditando que seria absurdo a luz "parada",
procurou uma solução para o problema, e
chegou à conclusão de que a velocidade da luz
era sempre a mesma independentemente do
referencial. Quer dizer, se fosse possível, ao ligar
uma lanterna, corrermos muito, mas muito
mesmo, sempre veríamos a luz se afastar de nós
a 300.000 km/s. Mesmo que conseguíssemos
atingir 299.990 km/s!
Como isso é possível? Para Einstein, conforme
nossa velocidade fosse aumentando, o nosso
tempo passaria mais devagar e o nosso espaço
encolheria, para quem nos visse de fora de nosso
veículo.
Assim, para quem visse de fora, a luz poderia
ter percorrido 600.000 km/s em 2 segundos.
Mas o mesmo espaço para nós teria 300.000
km e teria se passado apenas 1 segundo. De
qualquer forma, a velocidade da luz seria a
mesma: 300.000 km/s.
Porém isso também quer dizer que, para quem
se desloca a velocidades altas em relação a nós,
o tempo passa mais devagar. A pessoa não
percebe, mas quando ela volta, passou menos
tempo para ela!
Como assim? Imagine que fosse possível fazer
uma espaçonave que se movesse com
velocidade próxima à velocidade da luz. Os
tripulantes poderiam ir até um sistema solar a
alguns trilhões de quilômetros e voltar. Aqui na
Terra poderiam se passar, por exemplo 20 anos
para eles irem e voltarem. Mas, dentro de sua
nave poderiam se passar apenas cinco anos,
dependendo da velocidade!
Isso quer dizer que eles envelheceriam apenas
cinco anos, e que todo o tempo para eles seria
absolutamente normal, como sendo de cinco
anos. Mas para quem ficou na Terra, se passaram
vinte anos. Todos envelheceram vinte anos, tudo
se passou normalmente no tempo de vinte anos.
Para os astrounautas, é como se fosse uma
viagem para o futuro!
Vejamos por que. Imagine que em 1998 você
tivesse 18 anos e uma irmã de 6 anos de idade.
Se fizesse esta viagem, para você se passariam
cinco anos, e todos os relógios da nave
indicariam isso perfeitamente. Você voltaria à
Terra com 23 anos, com aparência e físico de 23
anos. Mas na Terra seria o ano 2018, e sua irmã
já teria 26 anos, com tudo o que tem direito.
Como você vê, isso é algo impressionante e
parece mentira! Mas se até hoje não
experimentamos esses fatos é porque nossos
veículos ainda são muito lentos. Se um dia formos
capazes de viajar a essas velocidade incríveis,
estes problemas certamente surgirão e alguns
pais poderão vir a ter filhos que sejam mais
velhos do que eles. Quem viver, verá!
A Teoria da Relatividade
Para fazer
no ônibus!
O que ocorre aos passageiros quando um ônibus
dá uma freada brusca? Como você explica esse
fato?
Quando o ônibus dá uma arrancada repentina,
o que ocorre? Explique baseado nas discussões
da página anterior.
Por que é tão perigoso saltar de um ônibus em
movimento?
A
O que acontece
à bolinha?
Uma bolinha de aço está apoiada sobre um
carrinho que possui uma superfície muito lisa.
Quando uma pessoa puxar o carrinho para a
direita, a bolinha irá:
( ) cair bem à direita do ponto A.
( ) cair aproximadamente sobre o ponto A.
( ) cair bem à esquerda do ponto A.
( ) acompanhar o carrinho.
Justifique a sua resposta.
61
Batendo, ralando
e esfregando...
Você viu que é o atrito
que faz tudo parar.
Agora vamos parar para
ver o que mais o atrito
faz.
16 experimente:Medindo o atrito
Procure aquele dinamômetro que você fez outro dia: você vai
usá-lo agora (não era para jogar fora...). Usando um caderno você
irá investigar a força de atrito entre a capa do caderno e a mesa.
Primeiro:Enganche um dinamômetro no arame de um caderno e arraste-o
sobre a mesa por uma certa distância, com velocidade mais ou
menos constante. Anote a medida.
Segundo:Repita a experiência, colocando outros objetos sobre o caderno
antes de arrastá-lo. Anote novamente a medida.
Terceiro:Observe o efeito que ocorre quando colocamos objetos embaixo
do caderno para arrastá-lo. Tente com lápis, borracha ou um
pano, por exemplo. Já anotou a medida?
Essa experiência mostra fatos que observamos na prática. A força de atrito depende das superfícies
que estão em contato. Em geral, o papel em contato com a madeira da mesa provoca mais atrito do
que um pano, mas por outro lado resulta em menos atrito do que a borracha. Para expressar esse fato
inventou-se um valor chamado coeficiente de atrito, indicado geralmente pela letra grega µµµµµ (mi) . E
quanto maior o peso sobre o objeto, maior a força necessária para arrastá-lo. Isso ocorre porque, quanto
mais forte o contato (força normal) entre as duas superfícies, também maior o atrito.
Os valores dessa tabelarepresentam quanto um ma-terial tem de atrito no contatocom outros.
É importante saber que essesvalores variam muito com ascondições dos materiais.
Materiais
gelo gelo
roupa de náilon roupa de náilon
madeira madeira molhada
madeira couro
roupa de algodão roupa de algodão
madeira tijolo
borracha sólidos limpos e secos
µµµµµ0,05 a 0,15
0,15 a 0,25
0,20
0,3 a 0,4
0,6
0,6
1,4
62
Batendo, ralando e esfregando...16Entre tapas e beijos
Na Física, a idéia de contato está relacionada à interação
que surge quando objetos se tocam. Podemos entender
essa idéia se pensarmos em nosso próprio corpo. Ele está
equipado para sentir essas interações, que podem se
manifestar sob as mais diferentes formas, produzindo uma
grande variedade de sensações em nossa pele.
Uma boa bofetada, por exemplo, corresponde a uma
interação entre a mão de quem bate e a face de quem
recebe, assim como um carinho. Do ponto de vista da
Física essas duas interações são de mesma natureza. Uma
diferença básica entre elas é a intensidade da força aplicada:
um tapa, em geral, significa uma força muito mais intensa
do que um carinho.
Porém há outra diferença importante entre o tapa e o
carinho: a direção da força aplicada. Em um tapa, a força é
na direção perpendicular à face da vítima, e no carinho,
em geral, essa força ocorre numa direção paralela à pele.
Essa distinção também ocorre em outras situações em que
existe o contato entre os objetos. Em batidas, chutes,
pancadas, beijos, espetadas, ou mesmo simplesmente
quando um objeto se apóia sobre outro, temos forças que
agem na direção perpendicular ou normal à superfície dos
objetos, por isso são denominadas forças normais.
Em outros casos, a força aparece na direção paralela à
superfície. É o que ocorre em situações como arranhões,
raspadas, esfregadas, deslizamentos etc. Em geral, essas
forças recebem o nome de forças tangenciais.
Portanto, os efeitos das forças de contato entre objetos
dependem da maneira como são aplicadas, paralela ou
perpendicular à superfície. Mas não é só isso que influi.
Também são importantes: a intensidade da força, as
características dos objetos e de suas superfícies e o tempo
em que eles permanecem em contato.
Uma força muito normal
Como vimos, as forças normais de contato aparecem
quando um corpo toca outro. Um chute em uma bola, um
cutucão, uma pedra atingindo uma vidraça são exemplos
de interações nas quais ocorre esse tipo de força. Em todos
esses exemplos é fácil perceber a presença da força, pelos
efeitos evidentes que ela produz.
Mas as forças normais de contato também aparecem em
situações em que sua presença não é tão visível. Quando
algum objeto ou pessoa se apóia sobre uma superfície, ela
força essa superfície para baixo. Por outro lado, a superfície
sustenta a pessoa aplicando em seus pés uma força para
cima: essa é a força normal.
As forças sempre causam alguma deformação nos objetos,
que, dependendo de suas características, pode ser
temporárias ou permanente.
Vamos discutir essa característica a partir de dois fenômenos
físicos bastante conhecidos, mas que em geral são
confundidos: a pisada na bola e a pisada no tomate.
As diferenças observadas entre as duas pisadas revelam as
diferentes características de cada material. As forças
aplicadas provocam deformações na bola e no tomate. A
bola volta ao normal após a pisada, e o tomate não.
O material da bola é relativamente elástico, ou seja, as
deformações sofridas por ela no momento da pisada são
temporárias.
Quando as forças cessam, sua tendência é retornar à forma
original. Quanto ao tomate, podemos dizer que é quase
completamente inelástico, uma vez que a deformação por
ele sofrida é permanente. Pense em outros exemplos de
materiais elásticos e inelásticos.
Nem sempre é fácil dizer o queé ou não é elástico. Na
realidade, não há um objeto queseja totalmente elástico ou
inelástico. Algumas bolassofrem deformações
permanentes depois de muitaspisadas, perdendo sua forma.
Por outro lado, mesmo umtomate tem sua elasticidade:uma “apertadinha” bem leve
lhe provoca uma pequenadeformação, que desaparece
assim que o soltamos.
63
O atrito está presente em diversas situações do nosso dia-
a-dia. Ele surge sempre que tentamos deslizar uma
superfície sobre outra. Ao passar a mão na cabeça de um
cachorro, ao apagar uma bobagem escrita na prova ou ao
lixar uma parede, a força de atrito é o personagem principal.
Quanto mais ásperas as superfícies, maior o atrito entre
elas: arrastar um móvel sobre um carpete é bem diferente
do que sobre um piso de cerâmica.
Em determinadas situações é fundamental que o atrito seja
o menor possível, como no caso da patinação no gelo,
onde os movimentos ocorrem graças ao reduzido atrito
entre as lâminas dos patins e a superfície do gelo. O peso
do patinador, concentrado todo nas lâminas, exerce uma
pressão sobre o gelo derretendo-o e formando uma
pequena camada de água entre as lâminas e a superfície
do gelo. Dessa forma o atrito torna-se muito pequeno,
facilitando o movimento do patinador.
Mas se em muitos casos o atrito atrapalha, em outras
situações pode ser totalmente indispensável. É ele que
garante que ao empurrarmos o chão para trás seremos
impulsionados para frente. Sem atrito, ficaríamos
deslizando sobre o mesmo lugar. A tirinha abaixo ilustra
bem uma situação onde o atrito faz falta.Fernando Gonsales
Folha de S.Paulo
Mesmo objetos aparentemente lisos, como um vidro, uma
mesa envernizada ou a superfície de um automóvel,
possuem muitas saliências e "buracos" no nível
microscópico.
Quando um objeto é colocado sobre uma superfície (um
tijolo sobre a mesa, por exemplo), ele tem, na verdade,
somente alguns pontos de contato com ela, devido a essas
saliências. A figura ao lado ilustra numa escala muito
ampliada a existência de tais saliências e o que acontece
quando as superfícies de dois objetos entram em contato.
Um modelo que explica a existência do atrito afirma que,
nos pontos onde as saliências se justapõem, ocorrem fortes
adesões superficiais, semelhante a uma espécie de “solda”
entre os dois materiais. Desse modo a força de atrito está
associada à dificuldade em romper essas soldas quando
um corpo é arrastado sobre o outro. Durante o movimento,
as soldas se refazem continuamente, em novos pontos de
contato, de forma que durante o arrastamento existe
sempre uma força de resistência ao movimento: é a força
de atrito.
Para ter uma idéia de como essas soldas ocorrem, imagine
o que acontece quando você senta no banco de um ônibus.
O atrito entre sua calça e o banco poderia ser representado,
em nível microscópico, da seguinte forma:
Esse modelo das soldas nos permite entender o efeito dos
lubrificantes, que têm a função de diminuir o atrito ao
preencher as reentrâncias existentes entre as superfícies e
dificultar a formação das soldas.
Vistas de perto, as
superfícies mais lisas
são cheias de
imperfeições
O atrito ao microscópio
64
Uma fórmula para a força de atrito
Na última festa junina
ocorrida na sua escola, o
professor de Física, meio
alterado após o árduo
trabalho na barraquinha
de quentão, decide
comprovar algumas
teorias físicas para uma
platéia estarrecida. Sua
façanha: subir no pau-de-
sebo. Para diminuir o
vexame, que sugestões
você daria para aumentar
a força de atrito e facilitar
a escalada do mestre?
Em primeiro lugar, provavelmente você irá
sugerir ao professor que agarre bem forte no
pau-de-sebo. Com isso você estará garantindo
que a força normal seja grande, o que irá causar
maior atrito.
Mas também é possível tentar alterar um pouco
os materiais em interação, talvez passando areia
na roupa e na mão. Ou seja, estamos sugerindo
um coeficiente de atrito maior.
Uma maneira matemática de expressar essas
possibilidades é pela seguinte fórmula:
F = Fatrito normal
µ ⋅A letra grega µµµµµ (mi) indica o coeficiente de
atrito entre as superfícies (aquela história da
areia), e Fnormal indica o valor da força nor-
mal entre as duas superfícies, quer dizer, a
agarrada forte que o professor deve dar. Pela
fórmula você pode ver que quanto maior
forem esses valores, maior será o atrito.
Atrito de rolamento
Jim Davis, Folha de S.Paulo.
Nem todos os atritos são iguais! Como o atrito é uma força de contato, ele depende essencialmente
de como é esse contato entre os objetos. No quadrinho acima, temos um exemplo de rolamento: as
bolinhas rolam sob o sapato de Jon e sobre o assoalho. Quando os objetos rolam uns sobre os outros,
a força de atrito é bem menor, porque não há o arrastamento. Quanto maior for a roda ou a bola que
estiver rolando, menor será o atrito de rolamento. Por isso é mais fácil empurrar carrinhos que possuem
rodas maiores.
No boliche
No jogo de boliche, a pista por onde as bolas
correm deve ser bem plana e lisa.
a) Depois de lançada, a bola mantém a mesma
velocidade até atingir o fim da pista? Por quê?
b) Enquanto rola na pista em direção aos pinos, a
bola sofre alguma força? Qual? Explique.
c) Quando atinge os pinos, a bola sofre alguma
força? Explique.
d) Explique de que forma o tipo de piso influencia
no desempenho da bola ao longo do trajeto.
e) Se fosse possível construir uma pista
absolutamente lisa, sem nenhum atrito, como
ficariam as respostas dos itens a e b?
Atritonos esportes!
Cada esporte possui suas peculiaridades, e,
dependo delas, as forças de atrito desempenham
papéis diferentes.
a) Em quais deles o atrito atrapalha o desempenho
dos atletas?
b) Em quais deles depende-se do atrito para a
prática dos esportes?
c) Aponte e discuta as características especiais dos
calçados de alguns esportes, destacando sua
relação com o atrito.
d) Que outros tipos de interação, além do atrito,
aparecem nos esportes que você mencionou?
65
O ar que te
segura
17
Você já reparou nos
diferentes formatos dos
carros existentes no
mercado? Será que isso
faz alguma diferença?
x x
Na tabela ao lado você pode ter
uma idéia da resistência
provocada pelo ar a que cada
formato está sujeito em seu
movimento.
-
a
a
66
O ar que te segura17Movimentos dentro da água
e outros líquidos
Quem já andou dentro da água sabe que é necessário um
esforço maior do que para andar fora dela, porque a água
resiste ao movimento. Fisicamente, interpretamos tal
resistência como uma força que a água aplica nos objetos,
opondo-se aos movimentos dentro dela
Essa força depende do formato do objeto que nela se move.
De modo geral os peixes e outros animais aquáticos são
estreitos e alongados. Trata-se de uma adaptação necessária
para se mover mais facilmente dentro da água, pela
diminuição da força de resistência.
Animais como um hipopótamo não têm muita mobilidade
dentro da água, pois seu corpo bojudo faz com que sofra
grande resistência. Os peixes possuem o formato ideal
para se mover dentro da água e sofrem um mínimo de
resistência. O formato do casco das embarcações em geral
Uma das causas da força de resistência da água é uma
coisa chamada viscosidade. Cada líquido tem uma
viscosidade diferente, que indica o quanto o líquido é
espesso. Você acha que é mais fácil se mover dentro do
mel ou dentro da água? Certamente o mel dificulta muito
mais o movimento do que a água, pois é mais “grosso” e
“grudento” do que ela: dizemos que ele tem maior
viscosidade.
leva em conta essa dificuldade de movimento dentro da
água; em geral é projetado para “cortar” a água de modo
a minimizar o atrito.
peixe hipopótamo
A viscosidade pode ser
quantificada por uma grandeza
denominada coeficiente de
viscosidade. A tabela acima
mostra alguns valores desse
coeficiente. Nela você poderá
ver que, com algumas
exceções, quanto mais
“espesso” o fluido, maior sua
viscosidade.
Líquido Viscosidade*
Acetona 0,00032
Água 0,0010
Álcool 0,0012
Ketchup 0,083
Creme de barba 0,26
Mostarda 0,29
Margarina 0,78
Óleo de rícino 0,99
Mel 12
* em N.s/m², a 20 graus Celsius
A resistência no ar
O ar e outros gases também resistem a movimentos
realizados “dentro” deles. É graças a isso que o pára-quedas
funciona. Quando o pára-quedista salta, ele é submetido a
uma força de resistência exercida pelo ar. Ela se manifesta
como um vento forte para cima, que vai aumentando à
medida que ele cai. A velocidade de queda também
aumenta até atingir um valor limite. Sabe-se que um pára-
quedista em queda livre atinge uma velocidade de no
máximo 200 km/h. Porém, sem a força de resistência do ar
ele atingiria velocidades muito maiores: saltando de uma
altura de 1000 metros ele chegaria ao chão com uma
velocidade de 508 km/h.
Quando ele abre o pára-quedas, a força de resistência se
torna muito maior devido ao formato e ao tamanho do
pára-quedas. Com isso sua velocidade cai rapidamente,
atingindo valores menores que 10 km/h, seguros o
suficiente para uma aterrissagem tranqüila.
Se nesse caso a força de resistência é útil, há outras situações
em que procuramos evitá-la. É o caso do projeto de
carrocerias de automóveis. Talvez você já tenha ouvido
frases do tipo “tal automóvel é mais aerodinâmico”. O que
quer dizer isso? Quer dizer que, dependendo do formato
que um veículo tem, ele sofre uma força de resistência do
ar maior ou menor. Os veículos mais modernos têm um
formato mais aerodinâmico, ou seja, que corta o ar de uma
maneira mais eficaz, diminuindo a resistência. Isso me-
lhora o desempenho do veículo (velocidade final atingida)
e economiza combustível, pois o motor não precisa de
tanta força para manter a velocidade.
formato moderno:menor força de resistência
formato antigo:maior força de resistência
67
O formato de um carro é caracterizado por um número
chamado coeficiente de arrasto aerodinâmico, indicado por
Cx. Quanto menor o coeficiente, melhor a aerodinâmica.
Normalmente o Cx dos veículos varia entre 0,3 e 0,9. A
tabela da primeira página desta leitura (pág.65) mostra o
valor de Cx para vários formatos diferentes.
Quanto maior for a velocidade do carro, maior é a força de
resistência que ele sofre. Se um passageiro coloca o braço
para fora, sente um pequeno vento na mão quando a
velocidade é baixa. Mas quando ela é alta, o vento empurra
fortemente sua mão para trás. Essa é a força de resistência
do ar, que aumenta com a velocidade.
A área do objeto voltada para o movimento também tem
uma influência importante na resistência do ar. Para entender
que área é essa, observe a figura abaixo:
Isso indica que a resistência do ar também está ligada ao
tamanho do objeto: um pára-quedas grande, por exemplo,
funciona melhor do que um pequeno. Há uma fórmula
que resume todas as características que discutimos até aqui
e que expressa o valor da força de resistência no ar e na
água para a maioria das situações:
Nessa fórmula há apenas uma coisa que não comentamos:
a densidade do meio indicada por d. Quanto maior for
essa densindade, também maior será a força de resistência.
Calculando a força no carro Leia e entenda tudo istoantes de saltar de pára-quedas
O gráfico acima mostra como a velocidade de um pára-quedista varia enquanto ele cai.
No começo, sua velocidade aumenta porque a resistência do ar é bem menor que o
peso. Conforme a velocidade vai aumentando, a resistência do ar aumenta, e com isso a
força resultante diminui (Por quê?).
Quando a resistência se iguala ao peso, a velocidade pára de aumentar. Agora, a força
resultante é nula. De repente, ele abre o pára-quedas, e a força de resistência aumenta
brutalmente, ficando bem maior que o peso. A resultante agora é para cima. O que vai
acontecer com o camarada?
Sua velocidade diminuirá rapidamente, e com ela também a força de resistência, até
que ela se iguale novamente à força-peso.
Mais uma vez a velocidade se torna constante. Só que agora o seu valor é bem pequeno:
o pára-quedista passa a ter uma queda suave até tocar o solo.
Para responder durante o salto:
1. Explique o que ocorre ao pára-quedista em cada trecho do gráfico.
2. Indique o sentido da força resultante em cada trecho.
3. Se o pára-quedas não abrisse, como ficaria o gráfico?
F1
2C d A v
res x
2= − ⋅ ⋅ ⋅ ⋅
ÁREA
68
QUEM CHEGA ANTES???
Suba numa da cadeira, estique os braços para
cima (cuidado com o desodorante vencido!!!)
e solte duas caixas de fósforo ao mesmo
tempo, sendo uma vazia e a outra cheia de
moedas. Qual chega antes?
Se você ja ouviu falar que todos os objetos
caem com a mesma aceleração, as duas caixas
deveriam chegar ao solo juntas, não é?
Acontece que é necessário levar em conta a
resistência do ar!!!! Eta ar bom...
A resistência do ar é a mesma para as duas
caixas, pois elas têm a mesma forma, mas os
pesos das caixas são diferentes; assim, é
necessário calcular a força resultante em cada
caixa.
Faça três desenhos representando as forças
que atuam em cada caixinha no início, no
meio e no fim do movimento e responda
rapidinho qual chega antes.
Esses recursos são utilizados porque
apenas o atrito dos pneus com o
chão não é suficiente para parar o
avião. Se dependêssemos só dessa
força necessitaríamos de uma pista
muito extensa!
Tanto os speed brakes, localizados
nas asas ou na lateral do avião, como
os pára-quedas acionados na
traseira do avião freiam o veículo
devido ao atrito com o ar. No caso do
turbojato, ao mudar a posição das pás
das hélices, invertemos o sentido do
jato. O jato dirigido para a frente
produz no avião um impulso para trás.
Em todos os recursos utilizados
sempre existe uma força oposta ao
movimento.
Parando um
jato ou um avião de caça
Para conseguir parar esses tipos de avião usam
recursos como o acionamento do speed brake, o
pára-quedas ou a inversão da posição das pás
das hélices de turbinas. Explique, em termos de
impulso, como isso funciona.
O esquiadorDurante a descida de uma montanha o esquiador
sofre uma grande força de resistência do ar. Sendo
assim, em qual das posições (A ou B) um
esquiador deve descer para atingir a velocidade
mais alta? Explique.
Tartarugase jabutis
As figuras acima representam um jabuti e uma
tartaruga. Qual deles é um animal marinho? Quais
as diferenças no corpo dos dois que permitem
afirmar isso? Explique.
Caminhão
chifrudo
A figura acima mostra um acessório hoje em dia
muito comum, colocado sobre a cabine de
caminhões com o objetivo de economizar
combusível. Explique como funciona esse
equipamento.
Na Terra e na Lua.
Todos os corpos na Terra sofreriam a mesma
aceleração de queda,
igual a 9,8 m/s2, se não
fosse a resistência do ar.
Baseado nisso, responda:
ao soltar uma pena e um
martelo da mesma altura
sobre a superfície da Lua,
o que você espera que
aconteça? Por quê?
Exercitando
Afinal, o que é esse tal de speed brake???
69
18Que carro acelera mais?
Por que um carro acelera
mais do que outro? A
resposta está na
Segunda Lei de Newton.
A tabela mostra o desempenho de modernos veículosnacionais. Você é capaz de dizer por que uns aceleram
mais rápido do que os outros?
Jim Davis
Garfield na Maior
Ed. Cedibra
Acelera!
70
2ª Lei de Newton18A aceleração do carro e a Segunda Lei
Você pode observar pela tabela da página anterior que
alguns modelos atingem mais rapidamente a velocidade
de 100 km/h. Se compararmos os dois primeiros carros,
veremos que seus motores são diferentes, mas que eles
possuem a mesma massa. Na verdade, a principal diferença
entre eles é o motor, que é o responsável pela força.
O segundo carro possui um motor mais potente, o que
significa que ele é capaz de exercer uma força maior. Isso
explica o menor tempo para se atingir a marca dos 100
km/h.
Por outro lado, o primeiro e o terceiro carros (Trave Plus e
Paramim) têm o mesmo motor, porém seus tempos de
aceleração são diferentes. Por que será?
Se você observar bem, verá que o carro que possui maior
massa é o que acelera menos (maior tempo), o que nos
leva a concluir que uma massa maior provoca uma
aceleração menor.
Tudo isso está de acordo com a Segunda Lei de Newton:
“A mudança de movimento é proporcional à força
motora imprimida, e é produzida na direção da
linha reta na qual aquela força é imprimida.”
Como poderíamos expressar isso (argh!) matematicamente?
Já vimos que podemos “medir” o movimento de um corpo
pelo produto da massa pela velocidade: m.v. A mudança
do movimento seria então o produto da massa pela
mudança da velocidade, que é o que chamamos de
aceleração: m.a. Podemos, então, escrever assim: m.a =
F. Ou, como é mais bem conhecida:
F = m.a
Podemos dizer que essa fórmula expressa a Segunda Lei
de Newton.
Calculando a aceleração
A aceleração, portanto, mede a rapidez com que se muda
a velocidade. Observe a tabela da página que abre este
tópico. O automóvel Trave Plus demora 10 segundos para
atingir a velocidade de 100 km/h. Isso quer dizer que, em
média, sua velocidade aumenta 10 km/h por segundo.
Por que “em média”? Porque ele pode acelerar mais nos
primeiros 5 segundos e menos nos 5 segundos restantes,
por exemplo. De qualquer forma, dizemos que sua
aceleração média foi de 10 km/h/s.
É chato mas é verdade: para poder fazer cálculos de forças
você terá de passar todos os valores de velocidade para
metros por segundo. É realmente chato. Mas, afinal, o que
é dividir por 3,6? Em vez de 100 km/h teremos algo perto
de 27,8 m/s.
Tente calcular a
aceleração dos outros
dois modelos. Leia mais
para saber obter o valor
da força resultante em
cada um.
Isso quer dizer que a velocidade do Trave Plus aumentará
de 2,78 m/s em cada piscada do seu relógio digital. Ou
seja sua aceleração será de 2,78 m/s/s, ou, de forma
abreviada, 2,78 m/s² (metros por segundo ao quadrado).
Sabe como chegamos ao valor 2,78? Adivinhou: dividindo
27,8 m/s (que é a variação da velocidade do carro) por 10
segundos (que é o intervalo de tempo em que medimos
essa variação). Formulisticamente, isso se escreve assim:
av
tm
= ∆∆
Na Física o ∆∆∆∆∆ (delta) representa variação.
Então estamos dizendo que a aceleração
média é a variação da velocidade dividida
pela variação (intervalo) do tempo!
Use-a para achar a aceleração dos outros carros!
71
Subidas, descidas & areia
Se você observar a tabela ao lado, verá que na subida um carro acelera
menos, enquanto na descida acelera mais do que na pista horizontal. Isso
porque nesses casos, parte do peso (força gravitacional) do carro atua no
sentido de ajudar ou atrapalhar o movimento. Na descida o carro conta
com a ajuda da força gravitacional, enquanto na subida essa mesma força
representa um empecilho. Além disso irão contar outras forças, como o
atrito com a estrada, que irá depender da pista e do estado dos pneus, e
a resistência do ar que dependerá do formato do carro, da velocidade
dele e do vento e assim por diante.
Em todos os casos, é possível atingir os 100 km/h. Porém, às vezes ele o
faz mais rápido, ou seja, tem aceleração maior, e às vezes o faz mais devagar,
o que significa uma aceleração menor.
Quanto maior for o resultado dessas forças, maior será a
aceleração, ou seja, mais rápida a mudança de velocidade.
E quanto maior for a massa, menor será essa aceleração.
Um caminhão de muita massa demora para atingir altas
velocidades, embora a força a que está sujeito seja bem
maior que a de um carro.
O que conta, portanto, não é somente a força motriz que o
motor proporciona às rodas, mas também as demais forças.
Por isso falamos em força resultante, ou seja, o resultado
de todas as forças que estão agindo. Numa pista horizon-
tal, por exemplo, teríamos as forças:
Gravidade
8480 N
Na vertical temos a força gravitacional (peso), que é
equilibrada pela força que o chão faz nos pneus. Veja que
a soma das normais traseira e dianteira é igual ao peso.
Como essas forças estão em sentidos opostos, elas se
anulam. Na horizontal, há a força motriz de 2955 N para a
frente, mas também há um total de 560 N para trás,
somando atrito e resistência. “Sobram” apenas 2395 N para
acelerar o carro. Você pode encontrar sua aceleração
dividindo essa força resultante pela massa do carro.
Na subida as forças são praticamente as mesmas de antes,
mas estão todas “inclinadas”, exceto o peso, que continua
sendo “para baixo”. Como o peso fica inclinado em relação
ao piso, ele passa a ter dois efeitos: puxar o carro contra o
piso e puxá-lo na direção da descida. Para saber de quanto
é cada um desses efeitos temos de fazer como no esquema
ao lado, intitulado “Os efeitos do peso”.
A inclinação da subida na tabela desta página é de 8 graus,
semelhante à da figura “Forças na subida”. Isso provoca
algo em torno de 1178 newtons, na componente do peso
que força o carro ladeira abaixo. Quanto maior for a
inclinação, maior será a parte do peso na direção da ladeira.
Para 30 graus, como na figura “Os efeitos do peso”, esse
valor seria próximo de 4240 newtons. Você acha que o
carro conseguiria subir? Por quê?
Tente calcular a força resultante e chegue a uma conclusão.
Responda rápido:
Por que na pista com areia
o tempo de aceleração do
carro é maior?
Deixa eu ver:
Calculando, temos:
Se F=m.a então
aF
m=
a2395 N
848 kg2,8 m / s2= =
É isso aí!
~
Atrito
Resistência
Gravidade
Normal
Normal
Forçamotriz
Forças na subida:
Essa parte
puxa o carro
contra o piso
Força da
gravidade
Essa parte
puxa o carro
ladeira
abaixo
Os efeitos do peso:
carro situaçãotempo de
aceleração
(0 a 100 km/h)
Trave PlusAsfalto
Pista Horizontal10,0 s
Trave PlusAreia
Pista Horizontal16,7 s
Trave PlusAsfalto
Subida20,0 s
Trave PlusAsfalto
Descida8,3 s
Força motriz
2955 N
Resistência do ar
480 N
Atrito
80 NNormal
4240 N
Normal
4240 N
72
As forças que ouvimos por aí
Ptchisssss.... Poouufff!
Um canhão antiaéreo dispara
projéteis de 3 kg a 210 m/s. Sua bala
leva em torno de 3 milésimos de
segundo para sair do cano da arma.
Vruuummm....
Uma pessoa de 57 kg acelera um
automóvel de 843 kg, em 1ª
marcha, do repouso até a velocidade
de 5 m/s. O carro leva 20 s para
atingir essa velocidade.
Ops! Uaaaaaahhhhhh!!!!
Ao saltar do avião, um pára-quedista
de 85 kg (incluindo os equipamentos)
leva cerca de 10 segundos para atingir
a velocidade de 50 m/s.
Taaaaaac!
Em uma tacada de golfe, o contato
entre a bola e o taco dura em torno
de 1 milésimo de segundo. A bola,
de 45 g, atinge 150 km/h após a
tacada.
Pim! Sobe?
Um elevador, partindo do repouso
no térreo, demora 3 segundos para
atingir a velocidade de 180 metros
por minuto. Sua massa total é de
1000 kg.Uóóóóóóóóóuuummmmm...
Um superpetroleiro com massa total
de 200 mil toneladas, a 36 km/h,
demora meia hora para conseguir
parar, percorrendo uma distância
aproximada de 9 quilômetros.
Tchibum!
Em um salto sobre uma piscina, o
tempo que uma pessoa de 60 kg
leva para atingir o repouso dentro da
água aumenta para 0,4 s. Considere
que a pessoa atinge a água a 15 m/s
de velocidade.
Bang! Bang!.... ai!
Uma bala de revólver de 10 gramas
atinge uma pessoa a uma velocidade
de 150 m/s e fica alojada em seu
corpo. Ela leva um centésimo de
segundo até parar.
Zuuuuuuiiiiiimmmmmm!
O metrô é composto de seis vagões,
que ao todo somam 180 toneladas.
Controlado por um sistema especial,
ele sempre acelera de 0 a 44 km/h
em 10 segundos.Aaaaaaaaai!
A partir do repouso, a mão de um
praticante de caratê leva 14 décimos
de segundo para atingir a pilha de
blocos, a 14 m/s. Podemos
considerar a massa da mão como
de 700 gramas.
Scriiiinnch.... Crás!
Um automóvel de 1 tonelada colide
contra um muro a uma velocidade
de 12 m/s. O tempo de colisão é de
aproximadamente 3 décimos de
segundo.
Miaaaauuuu....
O animal terrestre mais veloz é o
guepardo, um felino que pesa em
torno de 60 kg. Ele consegue
acelerar de 0 a 72 km/h em apenas
2 segundos.
Vroooooooaaaaaaarrrrrrr!!!!!!
Em 5 segundos, um avião a jato de
40 toneladas ejeta 100 kg de gás,
que sofre uma variação de
velocidade de 500 m/s.
Tlim! Tlom! ...Estação Sé
Estando a 100 km/h, um metrô de
seis carros, com 30 toneladas cada
um, gasta 24,8 segundos para atingir
o repouso.
Senhores passageiros...
Um avião Jumbo 747 de 80
toneladas, atingindo a pista de pouso
a 270 km/h, percorre 1,2 km em
meio minuto até a parada total.
Aaaaaah... Pufff!
Em um acidente automobilístico, com
o carro colidindo contra um muro a
12 m/s, o tempo de colisão de uma
pessoa sem cinto de segurança com
o painel do veículo é de 1 décimo
de segundo. Considere que a pessoa
tem 60 kg.
Mããããnhêêêêêê!!!!!!
Um looping possui massa de 900
kg. Com capacidade para 24
pessoas, ele desce de uma altura de
78,5 metros, chegando ao ponto
mais baixo em apenas 3 segundos
com uma velocidade de 97,2 km/h.
Zuiiiimmmm .... Cataplof!
Para uma pessoa de 60 kg que cai
em pé de uma altura de 12 m o
tempo de colisão é algo em torno
de 0,12 s. Nessas condições, ela
chega ao solo a uma velocidade
próxima de 15 m/s.
Vromm! Vromm! Vromm!
O Dragster é o carro de competição
mais veloz que existe. Pesando apenas
250 kg, ele percorre uma pista de
402 metros, atingindo a velocidade
de 403,2 km/h em apenas 3,5
segundos.
Prrriiii!!!! Tchouff!! Uh, tererê!Após o chute para a cobrança de
uma penalidade máxima, uma bola
de futebol de massa igual a 0,40 kg
sai com velocidade igual a 24 m/s.
O tempo de contato entre o pé do
jogador e a bola é de 0,03 s.Yááááá!!!!Um carateca (praticante de caratê)
atinge uma pilha de blocos de
madeira, rompendo-os. Ao entrar em
contato com a pilha, a mão do
esportista possui uma velocidade de
13 m/s, levando apenas 5 milésimos
de segundo para partir os blocos. A
massa da mão, para essa situação,
pode ser considerada de 700
gramas.
Fluuuop! ...Ufa!
Antes de abrir um pára-quedas a
velocidade de um pára-quedista de
85 kg (incluso equipamentos) vale
50m/s. Após abrir o pára-quedas sua
velocidade cai rapidamente, atingindo
o valor de 4 m/s em apenas 1
segundo.
Quebrando um galho... (Crec!)Não se desespere, vamos ajudá-lo. Mas não é para acostumar! Resolveremos o problema do
canhão antiaéreo, que é mais fácil. Nesse caso, a velocidade varia de 0 a 210 m/s, a massa da
bala é de 3 kg e o tempo é de 0,003 segundo.
Então a quantidade de movimento é q=m x v=3 x 210= 630 kg. m/s.
A aceleração é: a= ∆∆∆∆∆v/∆∆∆∆∆t = 210 / 0,003 = 70.000 m/s².
A força resultante será: F = m x a = 3 x 70.000 = 210.000 N.
É fácil e indolor!
Força!
Você, que nunca imaginou que poderia ouvir alguma coisa neste livro, terá
agora a oportunidade de continuar sem ouvir. Porém, poderá imaginar as
situações abaixo e seus barulhos. Mais do que isso, aproveitar sua incansável
sede de saber e tentar calcular o valor da força resultante em cada uma
dessas situações. Para isso você pode calcular as acelerações e multiplicá-las
pela massa dos objetos. Que a força esteja com você!
Mas cuidado e atenção!!
As unidades de medida precisam ser transformadas para o SI. (O que é isso
mesmo? Quilograma - Metro - Segundo.)
E mais!
Se você colocar os resultados em ordem crescente de força poderá tirar
conclusões interessantes. Professor de Física acha tudo interessante...
73
Quem com ferro
fere...
19
...com ferro será ferido.
Será que esse ditado
popular tem algo a ver
com a Física?
Pergunte ao cavalo...
Um problema cavalar
SE A CARROÇA ME PUXAPARA TRÁS COM A MESMAFORÇA QUE EU FAÇO PARAA FRENTE, COMO É QUE
EU VOU MOVÊ-LA?
Um estudioso cavalo, ao ler Os Princípios
Matemáticos da Filosofia Natural, de IsaacNewton, na sua versão original em latim,
passou a questionar seu papel na sociedade.Como poderia puxar uma carroça, se de acordocom a Terceira Lei ela o puxa para trás com a
mesma força?
Antes de mais nada, sugerimos que você pense em todas as interações que
existem entre os objetos do sistema:
Cabe a nós o triste papel de
convencer o cavalo apermanecer na árdua tarefa de
puxar a carroça.
CARROÇACAVALO
CHÃO(Planeta Terra)
Eta cavalinho filho
duma égua!
74
Quem com ferro fere...19Quem com ferro fere......com ferro será ferido. Esse agressivo ditado popular é
muitas vezes traduzido pelo enunciado da lei que
provavelmente é a mais conhecida da Física: a lei da ação
e reação...
Mas o significado dessa lei, conhecida na Física como 3ª
Lei de Newton, não é tão drástico nem tão vingativo como
seu uso popular leva a crer. O uso do ditado reflete a
decisão de revidar uma ação. Esse direito de escolha não
está presente, porém, na 3ª Lei de Newton.
Um exemplo bastante comum é a batida entre dois
veículos: nesse tipo de incidente, ambas as partes levam
prejuízo, mesmo que um deles estivesse parado, pois os
dois carros se amassam. Não é necessário, portanto, que o
motorista do carro parado decida revidar a ação, pois a
reação ocorreu simultaneamente à ação.
Da mesma forma, quando chutamos uma bola, a força
exercida pelo pé empurra a bola para a frente, enquanto a
bola também age no pé, aplicando-lhe uma força no sentido
oposto. Se não fosse assim, poderíamos chutar até uma
bola de ferro sem sentir dor.
A bola recebe um impulso que a faz “ganhar” uma certa
quantidade de movimento. Já o pé do jogador “perde”
essa quantidade de movimento que foi transferida para a
bola, ou seja, sofre um impulso equivalente ao da bola,
mas em sentido oposto.
Faça & Explique
=+
Arranje:
Uma
Rodela
Um Copinho
Plástico
Fita
Adesiva
Dois Carrinhos
de Fricção
Depois Pegue... e Faça:
E finalmente:
RodelaConecte os dois carrinhos
usando a rodela:
Primeiro:Acione a fricção apenas do carrinho da frente e coloque-os em
movimento.
1. A aceleração dos carrinhos é igual à de quando temos apenas um carrinho? Por
quê?
2. Durante o movimento, o que ocorre com a rodela? Como você explica isso?
Segundo:Agore acione a fricção apenas do carrinho de trás e coloque-os em
movimento.
1. E agora, como é a aceleração dos carrinhos? Por quê?
2. O que ocorre com a rodela agora? Como você explica isso?
Terceiro:Acione a fricção dos dois carrinhos.
1. Como é a aceleração agora? Por quê?
2. O que acontece com a rodela? Explique.
Como você relaciona essas observações com
a Segunda e a Terceira Lei de Newton?
75
Na interação entre objetos as forças de ação e reação atuam
ao mesmo tempo, mas uma em cada corpo, possuindo
mesma intensidade e direção e sentidos contrários. O fato
de a força de ação agir em um objeto e a de reação em
outro é a idéia básica da 3ª Lei de Newton.
Isso está diretamente ligado à história do cavalo. A desculpa
do nosso esperto quadrúpede para não ter de puxar a
carroça não é válida. Vejamos por quê, analisando o que
acontece à carroça e ao cavalo.
Como o cavalo se move?
Se você disser que o cavalo empurra o chão está
absolutamente certo. Mas o que faz realmente o cavalo
andar é a força de reação que o chão faz no cavalo.
Poderíamos esquematizar tudo isso da seguinte forma:
O cavalo que sabia Física
Essa discussão mostrou dois pares de forças de ação e
reação. O primeiro representando a interação entre o cavalo
e o chão e o segundo mostrando a interação entre o cavalo
e a carroça. Mas para entender o movimento do cavalo
que puxa a carroça, podemos fazer um esquema somente
com as forças que são aplicadas nele. Observe:
FORÇA QUE O
CHÃO FAZ NO
CAVALO
FORÇA QUE O
CAVALO FAZ
NO CHÃO
FORÇA QUE O
CAVALO FAZ
NA CARROÇA
Mas o cavalo tem de puxar a carroça. Como ficaria o
esquema das forças com a carroça? É preciso lembrar que
da mesma forma que o cavalo "puxa", ela “segura” o cavalo,
ou seja, aplica nele uma força de reação, para trás. Ob-
serve o esquema:FORÇA QUE A
CARROÇA FAZ
NO CAVALO
Se o cavalo consegue se mover para a frente é porque a
força que o chão faz no cavalo é maior que a força que a
carroça faz no cavalo. Portanto, o cavalo tem de aplicar
uma grande força no chão, para que a reação deste também
seja grande. Se não for assim, ele “patina” e não consegue
arrastar a carroça.
E a carroça, como se move?
É claro que ela se move porque o cavalo a puxa. Mas não
podemos nos esquecer de que, além do cavalo, a carroça
também interage com o chão, que a segura pelo atrito.
Evidentemente, a força que o cavalo faz na carroça tem de
ser maior do que força que o chão faz na carroça.
FORÇA QUE A
CARROÇA FAZ
NO CAVALO
FORÇA QUE O
CHÃO FAZ NO
CAVALO
FORÇA QUE O
CAVALO FAZ
NA CARROÇAFORÇA QUE O
CHÃO FAZ NA
CARROÇA
76
Quem faz mais força?Um menino puxa seu companheiro preguiçoso
de uma cadeira tentando levá-lo para dar um
passeio. Aparentemente, essa é uma situação que
viola a Terceira Lei de Newton, uma vez que só
um dos garotos faz força. Isso é mesmo verdade?
Discuta.
resolução:
Essa situação é enganosa, pois nos levaa confundir força com esforçomuscular, que são coisasdiferentes. De fato, somente o garotoque puxa o companheiro realiza umesforço muscular, que pode serfisicamente identificado como umconsumo de energia dos músculos doseu braço. Mas em relação à força queele aplica, a situação é diferente: aomesmo tempo que suas mãos puxam obraço do companheiro para cima,este resiste, forçando as mãos dogaroto no sentido oposto. Portanto, obraço do menino sentado tambémaplica uma força nas mãos do outromenino, embora essa força nãoesteja associada a um esforço mus-cular.
Uma atração a distância
Uma menina resolve fazer a seguinte experiência:
em uma vasilha com água coloca dois
“barquinhos” de isopor, um com um prego e
outro com um ímã, posicionados a uma pequena
distância entre si. O que você acha que ela
observou? Explique.
Barquinho movido a ímã
A mesma menina tem a seguinte idéia: se
colocar um ímã na frente de um prego, ambos
sobre o mesmo barquinho, a atração fará o
barquinho se movimentar. Discuta essa questão.
Faça & Explique:
Boletim de ocorrênciaUm amigo do alheio, não obtendo êxito em
sua tentativa de apropriação indébita do
conteúdo de um cofre, decide que a melhor
solução é arrastá-lo até o recesso de seu lar. O
diagrama de forças ao lado indica as várias
interações presentes nessa delicada operação
executada pelo meliante.
Número Força
Atrito do pé aplicado ao chão
Atrito do chão aplicado ao pé
Normal do ladrão aplicada ao cofre
Normal do cofre aplicada ao ladrão
Atrito do cofre aplicado ao chão
Atrito do chão aplicado ao cofre
Peso do cofre
Normal do chão aplicada ao cofre
Peso do ladrão
Normal do chão aplicada ao ladrão
Sua tarefa:
Copie a tabela e coloque o número correto na
descrição de cada força.
Quais forças possuem a mesma intensidade?
Que forças constituem pares de ação e reação?
Quais forças deixaram de ser incluídas na tabela?
DESAFIOSe você se divertiu com o exercício acima, poderá desfrutar agora um prazer ainda maior:
desenhar todas as forças a que estão sujeitas cada uma das partes do trenzinho da figura
abaixo.
2
Diga quais
possuem o
mesmo valor
1
Explique o que
é cada uma
dessas forças
3
Indique todos
os pares de
ação e reação
Mentira pantanosaUm personagem conhecido como Barão de Mun-
chausen é considerado o maior mentiroso da
literatura internacional. Em uma das suas
aventuras, o simpático barão conta que, ao se
ver afundando em um pântano, conseguiu escapar
puxando fortemente seus próprios cabelos para
cima. Mostre que essa história é uma mentira
usando a Terceira Lei de Newton.
77
Fazendo um Testdrive na mesa da cozinha
Pitstop para um
testdrive
20
Você irá agora realizar
sofisticados testes
automobilísticos para
refletir melhor sobre as
Leis do Movimento.
ninguém
para ajudar
material necessário
rampa de papelão
ou madeira
barbante
clipes
fita adesiva
livros
folha de
papel
caixinha de
papelão
Gravitômetro de
Alta Precisão
Hi-accuracy Gravitommeter
1
Atritor Horizontal
Multifacial
Multifacial Horizontal Frictioner
2 Esse sofisticado instrumento é
configurado a partir de um
barbante de 20 cm colado na face
superior de uma caixinha de
papelão, de tamanho próximo ao
do carrinho.
Para montar esse equipamento de
última geração, faça um envelope
com o papel, conforme mostra a
figura. Usando a fita adesiva, prenda
a ele 80 cm de barbante.
um carrinho de
fricção
montando o equipamento
78
Pitstop para um testdrive20Você fará agora uma bateria de testes para avaliar o desempenho do seu carrinho de fricção e o seu
conhecimento sobre as Leis de Newton. Antes de começar, faça o carrinho se mover livremente para ter
uma idéia de quanto ele corre.
Test One Test Two Test Three
Coloque o carrinho para subir uma rampa feita
com uma tábua ou placa de papelão e alguns
livros, como mostra a figura.
Agora, antes de soltar o carrinho, encoste em
sua frente uma caixinha contendo clipes
grandes, bolinhas de gude ou alguma outra
coisa que aumente seu peso.
Quantos clipes seu carrinhoconsegue arrastar?
Faça um esquema das forças que agem
no carrinho neste teste. Explique a
interação que dá origem a cada uma.
Desenhe também as forças que agem na
caixa e explique qual é a interação
correspondente a cada uma.
Baseado no que você respondeu, explique
por que o carrinho não empurra a caixa
quando há muitos clipes.
Faça um esquema das forças que agem
no carrinho neste teste. Explique a
interação que dá origem a cada uma.
Desenhe também as forças que agem no
envelope e explique qual é a interação
correspondente a cada uma.
Baseado no que você respondeu, explique
por que o carrinho não puxa o envelope
quando há muitos clipes.
Faça um esquema das forças que agem
no carrinho neste teste. Explique a
interação que dá origem a cada uma.
Baseado em sua reposta, diga por que
quando a inclinação é muito grande o
carrinho não consegue subir.
Explique o que mudaria na situação se o
carrinho tivesse de empurrar a caixa com
clipes rampa acima?
Quantos clipes seu carrinhoconsegue erguer?
Que inclinação seu carrinhoconsegue vencer?
Faça agora o carrinho elevar um certo número
de clipes, colocados dentro do envelope,
conforme o esquema.
79
Test Four
Faça o carrinho já em movimento atingir uma
caixa cheia de bolinhas ou clipes.
Depois de bater na caixa, avelocidade do carrinhoaumenta ou diminui?
Após os clipes saírem do chão avelocidade do carrinhoaumenta ou diminui?
Use uma linha comprida, de forma que o
carrinho já esteja com uma certa velocidade
quando os clipes começarem a subir.
O resultado acima depende do número de clipes ou bolinhas? Por quê?
“Desenhe” e explique as forças horizontais que agem no carrinho nessa situação.
Quando o movimento é acelerado (velocidade aumentando), qual dessas
forças deve ser maior?
Como se alteram esses valores quando o movimento é retardado (velocidade diminuindo)?
Em uma viagem normal de automóvel pela cidade, em que momentos o movimento é
acelerado e em quais momentos ele é retardado? Dê pelo menos dois exemplos de
cada, citando as forças que aparecem em cada situação.
DESAFIO
Test Five
Testes Lunáticos
Que diferença observaríamos se os
três testes acima fossem efetuados
em uma base na Lua?
E o que ocorreria se porventura
tais testes fossem feitos em um
lugar onde não existisse nenhuma
forma de atrito?
DESAFIO
80
ForçaMotriz
Normal
Peso
AtritoTREM
Na Física, para resolver um problema precisamos
eliminar aqueles detalhes que não nos
interessam no momento e trabalhar com um
modelo simplificado. Não iremos nos importar
com as janelas, portas, cadeiras e passageiros
do trem, uma vez que, na prática, essas coisas
pouco influem no seu movimento como um
todo.
Como nosso objetivo é apenas calcular a
aceleração do trem, um modelo bem simples
como o representado a seguir é suficiente. Nele
só entra o que é essencial para responder à
questão que formulamos.ISTO É UM
TREM?!
A situação:
Coisas para pensar da próxima vez que você andar de trem
Problema 1: O trem acelerando...Quanto tempo esse trem leva para atingir uma
certa velocidade? Digamos que a norma é que
ele trafegue a 21 m/s (= 75,6 km/h). Quanto
tempo demora para ele chegar a essa
velocidade?
Problema 2: ...Se você fez o desafio da leitura anterior, deve
ter encontrado um esquema de forças parecido
com estes:
B
C
D E
FG
H
IJ
L
M
N
O
A
Muito bem, agora é com você! Siga a
seqüência:
1. Encontre o valor de todas as forças. Considere
que o coeficiente de atrito é igual a 0,008.
2. Encontre a força resultante.
3. Encontre a aceleração.
4. Calcule o tempo que ele leva para atingir 21 m/s.
Agora é novamente com você! Siga a
seqüência:
1. Encontre o valor de todas as forças. Considere
que o coeficiente de atrito é igual a 0,008.
2. Encontre a força resultante.
3. Encontre a aceleração.
4. Calcule o tempo que ele leva para atingir 21 m/s.
Uma locomotiva de 30.000 kg é utilizada para
movimentar dois vagões, um de combustível de
5.000 kg e outro de passageiros de 25.000 kg,
conforme mostra a figura. Sabe-se que a força
de tração sobre a locomotiva é de 30.000 N.
Pequenas Ajudas(Não é para acostumar!)
a) Para achar o peso, há a fórmula P=m.g.O valor da normal deverá ser igual aodo peso neste caso (por quê? Em quecasos ele não é igual ao peso?). O atritoé calculado pela fórmula Fatrito = µµµµµ.N.
b) As forças na vertical (peso e normal) seanulam. A resultante será a força motrizmenos a força de atrito (por que menose não mais?).
c) Você sabe a força resultante e a massa.Basta usar F=m.a. Que valor você temde usar para a massa?
d) Agora você tem de saber que a=∆∆∆∆∆v/∆∆∆∆∆t(que significam esses ∆∆∆∆∆?). O valor ∆∆∆∆∆v éa variação da velocidade, e ∆∆∆∆∆t é otempo que leva para o trem atingir a talvelocidade.
Aceleração da gravidade
UM OBJETO EM QUEDA DE PEQUENAS ALTURAS
AUMENTA SUA VELOCIDADE CONTINUAMENTE
ENQUANTO CAI. CONFORME DISCUTIMOS, ISSO
REPRESENTA UMA ACELERAÇÃO. GALILEU CONCLUIU
QUE ESSA ACELERAÇÃO É IGUAL PARA TODOS OS
OBJETOS, SE DESCONSIDERARMOS O EFEITO DA
RESISTÊNCIA DO AR, E QUE TEM UM VALOR PRÓXIMO
A 9,8 M/S2.
A) CALCULE QUE VELOCIDADE UM OBJETO EM
QUEDA ATINGE EM 1 E EM 5 SEGUNDOS DE QUEDA.
B) MANTENDO ESSA ACELERAÇÃO, QUE TEMPO UM
OBJETO LEVARIA PARA ATINGIR 100 KM/H?
81
21Coisas que
produzem movimento
De que formas os
movimentos podem ser
produzidos?
Exclusivo: jegue do Ceará supera carrãoBMW em teste PÁG. 128
UMA ÚNICA BALA DE 38 PODEDETONAR UMA CIDADE INTEIRA
Absurdo. Um cara muito loucochamado Einstein descobriu quetodas as coisas têm energia pracaramba. Um punhadinho dequalquer material tem energiasuficiente para causar o maiorestrago. Ele inventou umafórmula esquisita (E = m.c2) quemostra que uma única bala de38 tem energia equivalente a 65mil toneladas de dinamite. Éruim, hein? Isso dá para destruiruma cidade inteira. O problemaé que ainda não inventaram umjeito fácil de usar todo essepoder.
NOTÍCIASenergéticas
O JORNAL DO TRABALHO
30 JOULES
Futebol
TRELÊ REVELA: ZELÃO É BEMMAIS POTENTE QUE TILICOMAS TILICO TEM MAIS RESISTÊNCIAA maioria dos torcedores do São Páulio
não sabe é que o timaço do MorunTri
faz testes de potência e resistência
com todos os seus craques. O grande
técnico Trelezão diz que os testes feitos
mostraram que o atacante Zelão
detona na potência anaeróbica. Isso
quer dizer que o supercracaço corre
igual a um corredor de 100 metros
rasos. Animal!!
Já o meia Tilico é um cara que detona
na resistência anaeróbica. Quer dizer,
o gatão do MorunTri não corre tanto,
mas consegue agüentar o jogo todo
sem perder o gás. É igual a um cara
que corre nas corridas mais longas,
que não precisa ser tão rápido, mas
tem de ter maior resistência.
Vai ver que é por causa dessa
resistência toda que a mulherada não
sai da cola do craque. Sorte dele.
TUDO EM 6 X SEM ENTRADA!!!
•••A HORA É ESSA! •••
Sito Car tudo o que você precisa
ROLEMAN CARTRAÇÃO NAS 4RODAS
6 x 94,00À VISTA 95,50
Teoria diz que umaúnica bala podedestruir cidade de100 mil habitantes
e matar todomundo
6 x 116,00À VISTA 118,00
PULA-PULAELÉTRICO
6 x 136,00À VISTA 136,60
PATINETEA DIESEL
82
Coisas que produzem movimento21
Substâncias que produzem movimento
Pense nas diferentes formas pelas quais podemos nos
transportar de um lugar para outro. O que produz o
movimento em cada caso?
Você pode pensar no sistema mais óbvio: nossas próprias
pernas ao andar a pé ou de bicicleta, ou nossos braços, no
caso da natação.Outro sistema evidente são os veículos
movidos por um combustível, como os automóveis, as
motocicletas, os aviões e os navios. Mas há outras
possibilidades: o carrinho de rolimã; os trens, ônibus e
automóveis elétricos; barcos movidos pelo vento ou pela
correnteza e outros sistemas menos comuns.
Cada um desses sistemas representa diferentes fontes de
energia. Pensando nesses exemplos e na leitura do “jornal”:
Faça uma lista de todas as fontes de
energia diferentes que você
conseguir imaginar e responda:
Quantas formas de energia
existem?
O que o motor de um carro tem em comum com os
músculos de um animal? Se você respondeu “os dois
começam com M”, tudo bem, mas não é nisso que
estávamos pensando...
Tanto os músculos dos animais (nos quais estamos incluídos)
quanto os motores de carros, motos e caminhões produzem
movimento a partir de uma reação química conhecida por
combustão.
A queima dentro de um motor ocorre por uma reação
química entre o oxigênio do ar e os combustíveis. Nos
músculos, ocorre um processo semelhante, porém mais
lento e com várias etapas, no qual os açúcares provenientes
da digestão dos alimentos fazem o papel de combustível.
Poderíamos resumir essas reações químicas da seguinte
forma:
COMBUSTÍVEL + OXIGÊNIO GÁS CARBÔNICO + ÁGUA
Porém, algo mais aparece como resultado dessa reação
química. Nas substâncias do combustível estava
armazenada uma certa quantidade de energia, que é
liberada durante a reação química. Essa energia é que irá
possibilitar o surgimento do movimento.
Podemos dizer que está havendo uma transformação de
energia química em energia de movimento, que na Física
é chamada de energia cinética.
Em um motor de carro, a energia química do combustível
é convertida em energia térmica, ou seja, em calor, du-
rante a explosão do combustível. Essa energia térmica
liberada faz com que o ar superaquecido dentro do cilindro
do motor do carro empurre o pistão do motor, produzindo
movimento, ou seja, energia cinética.
O pistão
comprime
o ar com
combustível.
A explosão
empurra o
pistão para
baixo.
Portanto, a energia química que estava armazenada no
combustível se transformou em energia térmica, que em
parte é convertida em energia cinética. Quanto mais
energia térmica um motor conseguir transformar em
cinética, mais econômico e eficiente ele é. Nos carros
atuais essa taxa é de algo em torno de 25%.
83
Eletricidade e movimento
Motores elétricos convertem energia elétrica em energia
cinética. Os fios servem como “meio” de transporte da
energia elétrica da fonte que a produz (uma usina elétrica,
uma bateria ou uma pilha, por exemplo) até o motor que
irá produzir o movimento. Dentro do motor, a passagem
da corrente elétrica provoca um efeito magnético de
repulsão entre o rotor, que é a parte interna giratória, e o
estator, que é a parte externa do motor.
estator
rotor
contatos
detonador
Os motores elétricos são mais eficientes do que os motores
a combustão, no que diz respeito à porcentagem de
energia transformada em cinética, atingindo taxas superiores
a 80%.
Porém, há uma coisa em que não pensamos: de onde
vem a energia elétrica? Ela é realmente “produzida” nas
usinas e nas pilhas? Na verdade, a energia elétrica das
pilhas e baterias provém da energia química de substâncias
que reagem em seu interior, enquanto a energia elétrica
das usinas provém do movimento de turbinas que fazem
girar um gerador. Esse movimento pode ser obtido, por
exemplo, de quedas d'água, como é o caso das usinas
hidrelétricas.
E por falar em quedas, de onde vem a energia cinética
das coisas que caem? Será que ela surge do nada ou, ao
contrário, também é originada da transformação de alguma
outra forma de energia em movimento?
Gravidade e movimento
A gravidade também armazena energia. Quando uma
bomba de água eleva a água de um poço até uma caixa-
d'água, está usando a energia elétrica para efetuar uma
certa tarefa. Mas para onde vai essa energia? Perde-se?
Não, a energia fica armazenada na forma de energia
gravitacional. Quando a torneira é aberta, a atração
gravitacional faz a água se mover e você pode lavar suas
mãos.
Mas a energia da água armazenada em lugares altos poderia
ser usada para realizar outras tarefas, como, por exemplo,
produzir energia elétrica em uma usina hidrelétrica.
Portanto, a energia elétrica que a usina produz tem origem
na energia gravitacional armazenada pela água, que se
transforma em energia cinética, movimentando as turbinas.
A energia elétrica é transmitida pela rede elétrica para ser
convertida em outras formas de energia, como energia
térmica em um chuveiro, em cinética em um ventilador, e
até novamente em energia gravitacional em uma bomba
de água elétrica.
Esses exemplos nos mostram que a energia, de fato, sofre
transformações. Na verdade, ela não pode ser “produzida”
nem ”eliminada”. O que ocorre, na verdade, é sua
conversão de uma forma em outra. Estamos falando de
uma lei fundamental da Física:
“Em um sistema isolado a energia
total se conserva, independente
das transformações ocorridas”
Lei da Conservação da Energia:
84
Elásticos também armazenam energia
Quando você usa um estilingue, está armazendo a energia no elástico, que será liberada
repentinamente durante o disparo, na forma de energia cinética. O elástico esticado possui aquilo
que chamamos de energia potencial elástica. O mesmo ocorre ao se dar corda em um brinquedo,
acionar a fricção de um carrinho ou armar um arco antes de disparar uma flecha. Tente fazer o
brinquedo ”latinha vai e volta”, usando uma latinha, um elástico, peso e dois palitos. Quando você
rola a latinha no chão, ela pára em um certo ponto e volta para trás. Como você explica?
transformações de energia
Em um carroO carro conta com duas fontes principais de energia: a bateria e o combustível. A parte elétrica do
carro é acionada pela bateria, que transforma a energia química em energia elétrica. Os faróis usam
essa energia para gerar luz, que é energia eletromagnética na forma radiante. A buzina e os alto-
falantes geram energia “sonora”, que é uma forma específica da energia cinética do ar: as ondas
sonoras. A partida do carro consome grande energia elétrica, que é convertida em energia cinética no
chamado motor de arranque.
Quando o carro está em movimento, a energia química do combustível é transformada em energia
térmica, e parte dessa energia se converte em energia cinética. Parte dessa energia cinética é usada
para recarregar a bateria por meio de um elemento chamado dínamo ou alternador, que transforma
energia cinética em energia elétrica.
na cozinha da sua casaFaça um esquema mostrando as possíveistransformações de energia nos equipamentos deuma cozinha que sugerimos a seguir.
FOGÃO
Leve em conta as transformações de energia desdeo gás até os movimentos que ocasionalmenteocorrem na água durante um cozimento.
LIQUIDIFICADOR
A energia certamente provém da rede elétrica, esofre transformações durante o funcionamento doliquidificador. O som também é uma forma deenergia cinética, porque se dá pelo deslocamentodo ar.
MICROONDAS
Antes de produzir o calor, o forno de microondasemite energia na forma da energia “radiante” dasmicroondas. Essa energia é também uma forma deenergia elétrica.
85
22
Você trabalha? Muito ou
pouco? Será que há
alguma maneira de se
medir o trabalho?
Trabalho, Trabalho,
Trabalho!
Calma! Não é com você! Este
anúncio foi publicado no Diário
Popular, de São Paulo, em
24/9/1901, e reproduzido do
Boletim Histórico da Eletro-
paulo nº1, de abril de 1985.
86
Trabalho, trabalho, trabalho!22No início do século, o principal meio de transporte urbano
em São Paulo era o bonde a burro. Todo trabalho de
transportar pessoas e cargas era feito pelo esforço físico
dos animais. Em 1900 chega ao Brasil a Companhia Light,
responsável pela distribuição de energia elétrica e
implantação do bonde elétrico. Além do desemprego em
massa dos burros e demais quadrúpedes, a cidade foi
tomada por uma grande desconfiança em relação ao novo
e revolucionário meio de transporte.
A idéia de trabalho, portanto, não está relacionada apenas
a uma atividade humana. Animais e máquinas também
realizam trabalho, substituindo atividades humanas. No
período imperial, por exemplo, as damas da corte eram
transportadas em uma espécie de cadeira coberta (liteira)
transportada por dois escravos. Esse meio de transporte,
porém, levava uma única pessoa por vez, enquanto o bonde
a burro transportava por volta de 10 pessoas ao mesmo
tempo, com dois burros. Podemos dizer, portanto, que
um par de burros realiza um trabalho muito maior que um
par de pessoas.
A undidade de energia
no Sistema Internacional
(SI) é o Joule (J)
E por falar em eficiência...
A liteira é um
veículo muito
ineficiente.
Uma forma de comparar meios de transporte é verificar a
relação entre o consumo de energia e o trabalho de
transporte que ele realiza. Para fazer isso temos de levar
em conta o número de passageiros transportados e a
distância percorrida. Um carro que transporta cinco pessoas
realiza um trabalho útil maior do que o mesmo carro
transportando apenas o motorista. Dessa forma, a energia
é mais bem aproveitada porque a energia gasta por
passageiro transportado é menor. Observe a tabela a seguir:
Essa tabela mostra que, do ponto de vista da economia de
energia, é muito melhor andar de bicicleta. Porém, trata-
se de um meio de transporte lento (e cansativo). Por outro
lado, uma pessoa andando consome quase o mesmo que
um ônibus. Mas a distância percorrida e a velocidade no
ônibus são maiores, e o cansaço, bem menor.
Comparações semelhantes podem ser feitas em relação a
outras máquinas, sempre levando em conta o trabalho que
elas realizam e a forma de medi-lo. Máquinas industriais
para a fabricação de tecidos podem ser avaliadas em função
de sua capacidade de produção (em metragem de tecidos,
por exemplo) e da energia que consomem; máquinas de
colheita agrícola são comparadas em função de sua
capacidade de colheita (quantas toneladas colhe) e do
combustível que consomem; um guindaste, em função da
carga que pode erguer e da altura a que pode levantá-la,
e também do consumo de combustível. Em todos os casos,
é interessante a máquina que realiza o maior trabalho útil
com o menor consumo de energia.
Meio de transporte Energia consumida por pessoa
(em quilojoules por km)
Bicicleta 65
Pessoa 230
Ônibus 240
Carro (5 pessoas) 500Carro (só o motorista) 2250
Qual destes
carros consome
menos energia
por pessoa?
87
Como medir um trabalho?
A Física fornece uma forma geral de medir o trabalho de
máquinas, ou de qualquer outra coisa. Digamos que essa
coisa seja o sr. Hércules Pereira da Silva, trabalhador da
construção civil, que no cumprimento do seu dever
transporta materiais de construção para o alto de um prédio
em construção com o auxílio de um elevador manual.
No começo do dia, Hércules está totalmente envolvido
com o seu dever e lota o elevador com 50 kg de areia,
para elevá-la ao alto do prédio, a 6 metros de altura. É um
trabalho e tanto. Na segunda viagem, ele decide que vai
transportar só 25 kg de areia de cada vez. Nesse caso, em
cada viagem ele realiza metade do trabalho. Outra maneira
de realizar somente metade do trabalho é descarregar a
areia em um andaime, a 3 metros de altura. A idéia de
trabalho que a Física usa é igual à do Hércules. Quanto
maior a força e a distância percorrida, maior o trabalho. Isso
pode ser expresso assim:
T : trabalho
F : força
d : distância
Os Trabalhos de HérculesA força que o Hércules faz é igual ao peso da areia mais o peso do elevador. Mas vamos considerar só o peso da
areia, porque estamos calculando só o trabalho útil. Quando a massa de areia é 50 kg, o peso será P = m.g −> P
= 50.10 = 500 N. Assim, quando a massa de areia for 25 kg, o peso será P = 250 N. Sabendo isso, vamos usar a
fórmula para calcular o trabalho em três situações:
Trabalho 1Elevar 50 kg de areia a 6 metros
de altura:
T = F.d = 500.6 =
3.000 joules
Trabalho 2Elevar 25 kg de areia a 6 metros
de altura:
T = F.d = 250.6 =
1.500 joules
Trabalho 3Elevar 50 kg de areia a 3 metros
de altura:
T = F.d = 500.3 =
1.500 joules
T = F x d
TRABALHO
UNIDADE MAIS COMUM:
Joule (J)
T
88
Como fazer força sem realizar trabalho
Claro que o que todo mundo quer saber é como
realizar trabalho sem fazer força. Mas isso ainda
nós não sabemos.
Porém, é possível fazer força e não realizar
trabalho. Forças que realizam trabalho têm de
provocar deslocamento. Se não houver
deslocamento, não há trabalho, no sentido físico
do termo.
Portanto, quando você segura um saco de
cimento na cabeça, não está realizando trabalho,
apesar da grande força necessária para isso.
Fisicamente, quer dizer que você não está
transferindo energia para o saco de cimento.
Um exemplo clássico é alguém arrastando um
carrinho com uma cordinha, como na figura:
Nesse caso, nem toda a força que o nosso amigo
faz está servindo para realizar o trabalho de
puxar a carroça.
Isso porque a força está inclinada em relação ao
movimento. Somente uma parte dela, a
componente horizontal, está realmente
puxando a carroça. A outra, digamos assim, está
sustentando parte do peso da carroça:
Esta parte fazo trabalho
Esta partesustenta o peso
Portanto, para se calcular corretamente o
trabalho, sempre precisamos saber que parte
da força realmente está realizando esse trabalho.
Somente as forças que fornecem ou retiram
energia cinética do corpo é que realizam
trabalho. Forças que apenas sustentam ou
desviam não estão realizando nenhum trabalho.
Para se obter o valor da parte da força que realiza
o trabalho, às vezes é necessário usar um cálculo
matemático chamado co-seno. No exemplo da
carroça, se a corda estiver inclinada em 20 graus,
o valor do co-seno será 0,94. Quer dizer que
se a força total for de 100 newtons, apenas 94
newtons serão realmente utilizados para realizar
o trabalho. Esse valor se obtém multiplicando
0,94 por 100 newtons. Você pode obter valores
de co-senos para outros ângulos em uma tabela
apropriada.
Descubra as forças que realizam e as que
não realizam trabalho.
ângulo co-seno ângulo co-seno
0 1 50 0,64
10 0,98 60 0,5
20 0,94 70 0,34
30 0,87 80 0,17
40 0,77 90 0
Identifique as forças existentes nas cenas
abaixo e aponte aquelas que realizam
trabalho e as que não realizam.
Calcule se for capaz!
O trabalho do nosso amigo ao arrastar a carroça
com a força de 100 N, por 20 metros, com três
ângulos diferentes. Desenhe cada situação,
indicando o ângulo.
No caso, o que significa um ângulo igual a zero?
E como fica o cálculo?
E quando o ângulo for de 90 graus? Desenhe e
explique o que acontece!
89
23
Várias máquinas podem
realizar um mesmo
trabalho, mas algumas
são mais rápidas. Isso é
potência.
Máquinas Potentes
Esses recordes foram
publicados no Novo Guinness
Book 1995. Editora Três, São
Paulo.
Luzes mais brilhantes. O mais poderoso holofote até
hoje desenvolvido consumia 600 kW. Foi produzido
durante a II Guerra Mundial pela General Electric
Company Ltd., no Centro de Pesquisas de Hirst, em
Wembley, Inglaterra.
Temperaturas e dimensões. O Sol possui temperatura
central de aproximadamente 15.400.000 oC. Utiliza
quase 4 milhões de toneladas de hidrogênio por
segundo, o que equivale a uma liberação de energia
de 385 quinquilhões de MW, sendo necessários 10
bilhões de anos para exaurir seu suprimento de energia.
Levantamento de barril de cerveja. Tom Gaskin
levantou acima de sua cabeça um barril de cerveja
que pesava 63,1 kg por 720 vezes em um período de
6 horas, na Irlanda, em 2 de abril de 1994.
Caminhão. Em 4 de junho de 1989, no autódromo
de Monterey, México, Les Shockley dirigiu seu
caminhão ShockWave, equipado com três motores a
jato de 36.000 hp, à velocidade recorde de 412 km/h
durante 6,36 segundos por um percurso de 400 met-
ros, partindo do zero.
Maior usina hidrelétrica. A usina hidrelétrica de
Itaipu, localizada no rio Paraná, na fronteira Brasil-
Paraguai, é a maior do mundo. Começou a gerar energia
em 25 de outubro de 1984, sendo sua capacidade atual
de 12.600 MW.
Maior explosão. A misteriosa explosão, equivalente
a 10-15 megatons, ocorrida sobre a bacia do rio
Podkamennaya Tunguska em 30 de junho de 1908,
resultou na devastação de uma área de 3.900 km2, e a
onda de choque foi sentida a 1.000 km de distância. A
causa foi recentemente atribuída à energia liberada pela
total desintegração de um meteoróide.
Mais potente. O carro de produção em série mais
potente da atualidade é o Mc Laren F1, que desenvolve
mais de 627 hp.
Mais barulhento. Os pulsos de baixa freqüência
emitidos pelas baleias-azuis quando se comunicam
podem atingir até 188 db, o que lhes confere o título
do som mais elevado por qualquer fonte viva, já tendo
sido detectados a 850 km de distância.
90
Máquinas potentes23A palavra potência está ligada à idéia de poder. Quando
falamos em uma coisa potente, imaginamos algo
poderoso, capaz de realizar grandes tarefas em um
tempo curto. Você pode usar um caminhão para
carregar mercadorias, mas sabe que um trem é bem
mais potente, pois carrega muito mais. Um navio é ainda
mais potente, pois pode carregar não só a carga mas o
próprio caminhão, se for necessário.
Todos os recordes da página anterior, extraídos do
Guinness Book, estão ligados à idéia de potência. Em
alguns casos são dados alguns valores de potência (ou
algo parecido) envolvidos no recorde.
Para podermos comparar as diversas potências seria necessário
usar a mesma unidade de potência em todos os casos. Em
geral, estaremos usando o watt (W), que é a unidade usada
internacionalmente, e seus múltiplos. Em alguns exemplos,
o valor dado nem é exatamente a potência, mas algo
próximo. Na baleia, o valor dado é do nível de pressão sonora,
e no meteorito, da energia liberada. Mas tanto em um caso
como em outro podemos obter o valor da potência.
Calculando potências
Mas como medir o “poder” de uma coisa, nesse sentido
que estamos dizendo? Em que essa idéia é diferente da
idéia de trabalho que estivemos discutindo há pouco?
É muito simples: o trabalho realizado por uma máquina
(ou qualquer outra coisa) está ligado à tarefa que ela realiza.
Mas, dependendo da máquina, ela pode realizar esse
trabalho mais rapidamente ou mais lentamente. Compare,
como exemplo, uma viagem de avião e uma de ônibus.
Qual dos veículos é mais potente?
Se você preferir, pode pensar também que, num mesmo
tempo, uma máquina pode realizar muito mais trabalho
do que outra. Compare, por exemplo, o caminhão ao trem.
Portanto, a potência de uma coisa está relacionada com o
trabalho que ela realiza e com o tempo que ela leva para
realizá-lo, da seguinte forma:
que poderia ser expressa matematicamente da seguinte
maneira:
MAIOR POTÊNCIAmaior trabalhomenor tempo
⇒
P =T
t∆
P : potência
T : trabalho
∆∆∆∆∆t : tempo
coisa valor unidade
Som da baleia 188 dB decibel
Carro 627 hp cavalo de força
Caminhão 108.000 hp cavalo de força
Usina 12.600 MW megawatt
Sol 385 quinquilhões de MW megawatt
Meteorito 10 a 15 megatons megaton
Lâmpada 600 kW quilowatt
91
Levantando barris de cerveja
Vamos usar a nossa nova fórmula para ESTIMAR a potência
do nosso amigo levantador de barris de cerveja.
Suponha que o sujeito leve um segundo para elevar o
barril até o alto de sua cabeça. Raciocinemos...
A distância é a que vai do chão até o alto da cabeça do
levantador. Pode ser, por exemplo, 2,20 m. A força tem
de ser, no mínimo, igual ao peso do barril, que deve ser
calculado pela fórmula P = m x g. Isso vai dar:
P = 63,1 kg x 9,8 N/kg = 618,38 N
O trabalho será então T = P x d. O resultado é:
T = 618,38 N x 2,20 m = 1360 J
A potência será esse valor dividido pelo tempo P =T
t∆ .
P =1360 J
1 s = 1360 W
Uau! É maior que a potência de um aspirador de pó!
Para usar a fórmula...
P =T
t∆...precisamos obter ovalor do trabalho.
T = F x d
Para obter o trabalho...
...precisamos do valorda força e da distância.
Unidades...
Watts, quilowatts e megawattsNo Sistema Internacional, usa-se o watt como unidade de
potência. Um watt significa 1 joule por segundo. Um
quilowatt (kW) são 1000 watts, e um megawatt (MW) vale
1 milhão de watts. É muito comum utilizar-se essas unidades
multiplicadas por hora (unidade de tempo). Nesse caso
você tem uma unidade de energia e não de potência. O
kWh (quilowatt-hora) é o mais usado, e equivale a
3.600.000 joules. Veja em sua conta de energia elétrica
quantos kWh gastam-se em sua casa por mês.
CavalosCavalo-vapor (cv) e cavalo de força (HP) são unidades
criadas nos primórdios dos estudos sobre máquinas. Seus
nomes indicam sua origem: medidas de potência com
cavalos. O cv vale 735 watts e é usado muito em
automóveis, e o HP vale 745,7 watts, sendo empregado
comercialmente em motores diversos (barcos, compressores
etc.).
CilindradasA cilindrada é usada em geral como uma referência de
medida de potência para carros e motos, mas não é
realmente uma unidade de potência. Ela é, na verdade, o
volume total da câmara de combustão, onde explodem os
combustíveis no motor. Nas motos de 125 cc, temos
125 cm³ de volume, e em um carro 1.0 temos 1 litro de
volume. Quanto maior esse volume, maior a potência do
motor, mas essa potência depende também de outros
fatores.
Calorias
A Caloria alimentar (Cal, com C maiúsculo) é uma unidade
de energia usada para determinar o conteúdo energético
de alimentos. Ela equivale a uma quilocaloria (kcal), ou
1000 calorias (cal, com c minúsculo), usada em Física e
Química. Quando se fala “tal coisa tem 100 Calorias”, quase
sempre se refere à Caloria alimentícia, que é igual à
quilocaloria. Veja os valores na tabela ao lado.
UNIDADE SÍMBOLO VALOR
Caloria
alimentar
quilocaloria
caloria
Cal 4.180 J
kcal 4.180 J
cal 4,18 J
92
O trabalho de
um elevadorOs motores dos elevadores não precisam fazer
tanta força quanto parece, porque eles possuem
um mecanismo chamado contrapeso. Se o peso
da cabine for igual a 2000 N e o contrapeso
também for de 2000 N, a força necessária para
elevar as pessoas será praticamente igual ao peso
delas. Sabendo disso, responda:
a) Qual seria o trabalho realizado pelo motor para
elevar, com velocidade constante, 5 pessoas
de 60 kg a uma altura de 25 metros?
b) Se a velocidade do elevador for de 1 m/s,
qual seria a potência desenvolvida nesse
exemplo?
Exercício de Física -r e s o l u ç ã o .
a) O peso das pessoas será de 300 kg
x 10 N/kg = 3000 N Dessa forma, oelevador terá de exercer essa forçapara elevar as pessoas.
O trabalho será então T=Fxd = 3000 Nx 25m.
T = 75.000 joules
b) Se o elevador sobe 1 metro a cada
segundo, levará 25 segundos parapercorrer os 25 metros de subida.
Verifique que você poderia chegar direto ao valor
da potência usando a seguinte fórmula:
Potência = Força x Velocidade
Por quê?
A potência de
um ciclistaUm ciclista produz em uma bicicleta uma força
de tração igual a 200 N para vencer uma subida
de 300 metros. Ele leva 2 minutos para fazê-lo.
a) Qual é o trabalho que ele realiza?
b) Qual sua velocidade e sua potência?
A potência “perdida”por um carro
Um carro, para se mover, tem de enfrentar a força
de resistência do ar, que fica maior conforme
aumenta a velocidade. Se calcularmos o trabalho
realizado por essa força, saberemos quanta energia
o carro “perde” em função da resistência do ar.
Também podemos calcular a potência perdida
com o vento e compará-la com a potência do
carro. Usando a seguinte tabela:
Velocidade Força de Resistência
a) Calcule a energia “perdida” em um trajeto de
100 km para as velocidades de 36 km/h, 72
km/h e 108 km/h.
b) Calcule a potência dissipada para essas mesmas
velocidades.
c) Calcule a porcentagem que essa potências
perdidas representam em um carro de 70 cv.
d) Qual é a conclusão que você tira desses
cálculos?
Unidades que se vê na TVO Megaton é usado para indicar o poderio de
bombas nucleares, e equivale à energia liberada
na explosão de 1 milhão de toneladas de
dinamite. Isso corresponde aproximadamente a
4 quatrilhões de joules. A bomba atômica lançada
pelos EUA sobre Hiroshima, em 1945, possuía
um poderio de 0,013 megaton e provocou a
morte de 80.000 pessoas.
O Decibel é utilizado para medidas sonoras, não
sendo exatamente nem unidade de potência nem
de energia. O ouvido humano suporta sem
problemas um nível de até 90 decibéis. Acima
disso pode haver danos irrecuperáveis. O nível
de pressão sonora depende da intensidade da
fonte de som e da distância a que estamos dela.
Um alto-falante de 100 W ligado no máximo gera
130 decibéis a 1 metro de distância, enquanto
um alto-falante de walkman, que fica a menos de
1 cm do tímpano, gera esses mesmos 130
decibéis com uma potência de apenas 1 W.
.
Meça sua potência!Será que você é capaz de determinar a sua
própria potência? Tente fazê-lo, usando os
seguintes materiais:
Como você fez? Quanto deu?
cronômetro
balança
você
escada
trena ou fita
métrica
93
24
Você sabia que pode
armazenar energia em
cima de seu guarda-
roupas? Descubra como.
A gravidade
armazena energia
GRAVITACIONALCINÉTICA
ENERGIAS
1 µµµµµJ
1 mJ
1 J
1 kJ
1 MJ
1 GJavião
2 GJ
satéliteartificial
3 GJ
bala
2,5 kJ
automóvel
450 kJ
pessoa
120 J
carro de corrida
2 MJ
mosca voando
15 mJ
tartaruga
0,5 µµµµµJ
jatinho executivo3 GJ
alpinista no pico
da Neblina2 MJ
morador do
4º andar1,2 KJ
livro de
Física sobre
a mesa
2 J
mosca no
teto2 mJ
formiga no dedão
do pé1µµµµµJ
1 PJ
1 TJ
94
A gravidade armazena energia24
Você já viu um bate-estacas de construção? Seu princípio
de funcionamento é muito simples: um motor eleva um
bloco muito pesado a uma certa altura. Quando ele atinge
o ponto mais alto, é solto sobre a estaca de concreto que
se pretende fincar no solo. A cada impacto a estaca entra
um pouco, até que finalmente ela atinge a profundidade
desejada.
Que transformações de energia estão presentes no uso de
um bate-estacas? Em primeiro lugar temos o
motor, que pode ser elétrico ou pode ser
a combustão. Nesse caso, há uma
transformação de energia química em
energia cinética, no caso de um motor a
combustão, ou de energia elétrica em
energia cinética se o motor for elétrico.
Essa energia cinética é usada para realizar o trabalho de
erguer o bloco. Nesse trabalho, a energia está sendo
acumulada na forma de energia potencial gravitacional.
Essa energia gravitacional, quando o bloco for solto,
transforma-se em energia cinética, à medida que vai
descendo. Quando o bloco atingir a estaca, a energia
cinética será usada para realizar o trabalho de deformação
do solo, que irá resultar na fixação da estaca.
Como calcular a energia potencial gravitacional
O bate-estacas
Faça um esquema das
transformações de energia que
ocorrem no bate-estacas.
três coisas:
massa x campo gravitacional x altura
Essa é a nossa fórmula para a energia potencial
gravitacional, que pode ser escrita assim:
Por que “potencial”?
A palavra potencial é
usada quando estamos
falando de uma forma de
energia que está
acumulada ou
armazenada de alguma
forma. Não está em uma
forma perceptível como o
movimento, o som ou a
luz, mas pode vir a se
manifestar.
Alguns exemplos: a
energia elástica
armazenada na corda de
um relógio ou a energia
química em uma bateria.
Eg = m x g x hg: campo gravitacional
h: altura
Eg: energia gravitacional
m: massa
Vamos tentar entender melhor o seu significado...
O exemplo do bate-estacas irá nos fornecer uma fórmula
geral para calcular a energia potencial gravitacional.
Suponha que a estaca tenha uma massa de 200 kg. Qual
será o trabalho realizado para elevá-la a 5 metros de altura?
Basta usar a fórmula: T = F x d. O valor da força será igual
ao peso do bloco, se a máquina elevá-lo com velocidade
constante, ou seja, F = m x g . É o mesmo cálculo que
fizemos nas leituras anteriores para estudar os elevadores.
Teremos então:
F = m x g = 200 kg x 10 N/kg = 2.000 N
T = F x d = 2.000 N x 5 m = 10.000 J
Esse valor corresponde à energia que ficou armazenada
no bloco, como energia potencial gravitacional. Observe
que para calcular essa energia você acabou multiplicando
95
Muito bem, agora você já deve saber que para guardar
energia em cima do guarda-roupa basta colocar qualquer
coisa sobre ele. O trabalho que você realiza representa a
energia que é acumulada na forma de energia potencial
gravitacional. Quando o objeto cai, essa energia se converte
em energia cinética.
Os gatos são mestres em acumular energia potencial sobre
os guarda-roupas: subindo neles. Durante o salto para cima,
sua energia cinética se converte em energia potencial. Essa
energia vai depender do gato (gordo ou magro), do
guarda-roupas (alto ou baixo) e do planeta onde o
fenômeno se dá. Por quê? Vejamos...
Guardando energia em cima do guarda-roupa
gato gordo noguarda-roupa de 2
metros
gato lunar noguarda-roupa de 2
metros
10N/kg
2m
x
40joules
x
m g h
2kg
10N/kg
1,8m
x
36joules
x
m g h
4kg
10N/kg
2m
x
80joules
x
m g h
2kg
1,6N/kg
2m
x
6,4joules
x
m g h
2kg
gato no guarda-roupade 2 metros
gato no guarda-roupade 1 metro e 80 cm
O valor da energia potencial gravitacional é maior quando
o gato é gordo, porque o trabalho para elevá-lo até em
cima do guarda-roupa é maior. Se a altura do guarda-
roupa for menor, o gato terá mais facilidade de subir, e a
energia potencial acumulada será menor.
Agora, se imaginarmos um gato em outro planeta ou na
Lua, a energia dependerá da intensidade do campo
gravitacional. Na Lua é mais “fácil” subir no guarda-roupa,
e assim também a energia potencial gravitacional
armazenada é menor.
96
12345678901234567890121234567890123456789012123456789012345678901212345678901234567890121234567890123456789012123456789012345678901212345678901234567890121234567890123456789012123456789012345678901212345678901234567890121234567890123456789012
Cordas & ElásticosPotencial Hidrelétrico da
Torneira da Cozinha
Será que você não poderia usar a torneira
da cozinha como uma fonte de energia
elétrica? Teoricamente, sim. Poderia usar
um minigerador elétrico sob a torneira,
acoplado a uma hélice, como na figura.
Mas o que é possível acionar com essa
torneira hidrelétrica? Um ventilador? Uma
lâmpada? Um chuveiro? Um trem?
Se você souber a altura do nível da água
até a torneira (vamos "chutar" 4 metros) e
quanta água sai pela torneira (usando um
balde e um relógio), poderá fazer esse
cálculo, pois a energia cinética da água ao
sair vem de sua energia potencial, m.g.h.
A potência será essa energia transformada
por unidade de tempo.
Teríamos o seguinte: P = m.g.h
t∆Um balde de 10 litros de água equivale a
10 quilos. Se ele levar 40 segundos para
encher, teremos:
P = 10 10 4
40= 10 W
x x
Talvez desse para ligar um radinho...
Uma das primeiras formas usadas para se
armazenar energia foram as cordas e os elásticos.
Em um sistema de arco e flecha, por exemplo, o
arco serve para armazenar a energia e transmiti-
la à flecha rapidamente no momento do disparo.
O mesmo vale para estilingues e coisas do
gênero.
Brinquedos de corda, caixinhas de música e coisas
do gênero também armazenam energia de forma
semelhante. O segredo é o que chamamos de
elasticidade dos materiais. Quando você estica
ou comprime algo, tem de consumir energia para
realizar esse trabalho. Essa energia que você
"consumiu" fica armazenada no material, desde
que ele seja elástico, quer dizer, retorne à sua
forma original após cessada sua ação.
Essa energia acumulada se chama Energia
Potencial Elástica, e pode ser calculada por uma
fórmula simples:
E =k x
2p
2⋅
Nessa fórmula, a letra x representa o valor da
deformação, e a letra k a constante elástica do
material (vide leitura 14). A energia elástica é
chamada "potencial" porque pode ser
armazenada, a exemplo da energia gravitacional.
Da mesma forma, a energia química dos
combustíveis e alimentos é uma forma de energia
potencial, uma vez que fica armazendada nos
alimentos. Quando você lê na embalagem de um
alimento a indicação de suas calorias, está
examinando sua energia potencial química, dada
na unidade "Caloria alimentar" (Cal, com "c"
maiúsculo - vide leitura anterior).
AçúcarItaipuNa usina de Itaipu, cada turbina é
acionada por um volume de água de 700
mil litros por segundo, em queda de uma
altura igual a 113 metros.
Tente calcular a potência "teórica" de cada
turbina, usando os dados acima.
Compare esse valor aos 700 MW que
essas turbinas realmente geram de energia
elétrica. Há diferença? Por quê?
Um quilograma de açúcar possui uma
energia de 3850 Cal (calorias
alimentares). Se fosse possível
transformar toda essa energia em energia
potencial gravitacional, até que altura
seria possível elevar essa quantidade de
açúcar?
Para fazer o cálculo, primeiro transforme
as calorias alimentares em joules.
97
25
Agora você irá
aprender como se
calcula a energia
cinética e verá que
esse cálculo possui
muitas aplicações
práticas.
A energia dos
movimentos
A tabela mostra quanto um carro percorre antes de parar em uma brecada numa estrada. Após veralgo que exija a freada, o motorista leva um certo tempo para reagir e o carro percorre alguns
metros. Essa distância será proprocional ao tempo de reação do motorista e à velocidade do carro.
Na terceira coluna está a distância percorrida após o acionamento do freio, até o veículo parar.Observe que quando o valor da velocidade é o dobro, essa distância se torna quatro vezes maior,
e não apenas o dobro. Isso mostra que em altas velocidades a distância a ser mantida entreveículos deve ser em muito aumentada, para evitar acidentes. Mostra também que, se o valor da
velocidade for realmente muito alto, será muito difícil o carro parar antes de atingir oobstáculo que exigiu a freada.
Usando os dados da tabela,calcule o tempo de reaçãodo motorista. Esse tempo
varia de pessoa parapessoa e aumenta quandoo motorista está sob efeito
do álcool.
Velocidadedistância
percorridapensando
distânciapercorridafreando
distânciatotal
percorrida
36 km/h 6 m 6 m 12 m
72 km/h 12 m 24 m 36 m
108 km/h 18 m 54 m 72 m
144 km/h 24 m 96 m 120 m
(10 m/s)
(20 m/s)
(30 m/s)
(40 m/s)
98
Vamos tentar usar essa fórmula para determinar o valor da
energia cinética de um carro a várias velocidades.
Imaginemos um automóvel de 800 kg nas quatro
velocidades da tabela:
v = 10 m/s
v = 20 m/s
v= 30 m/s
v = 40 m/s
Quadrados
A energia dos movimentos25
A energia cinética depende também da massa, já que
frear um veículo de grande porte é mais difícil do que
parar um carrro pequeno.
Ec: en. cinética
m: massa
v: velocidade
Ec=½mxv2
achei um
quadrado!
Isso ocorre porque a energia cinética depende do quadrado
da velocidade. Quadrado?!??
Observe bem e você verá o quadrado:
quadrados
12=1
22=4
32=9
42=16
52=25
62=36
72=49
82=64
92=81
102=100
A tabela da página anterior está diretamente ligada à idéia
de energia cinética.Por quê? Porque ao efetuar uma
brecada, o carro está perdendo toda a sua energia cinética,
que será convertida em calor pelo atrito entre os pneus e
o asfalto. A força responsável por esse trabalho é,
portanto, uma força de atrito. O trabalho realizado por
ela será igual ao valor da energia cinética perdida.
Se você olhar na tabela verá que quanto maior a
velocidade do veículo, maior a distância de freada, o que
indica que o trabalho foi maior, porque o carro tinha mais
energia. Porém, quando a velocidade dobra de valor, a
distância fica quatro vezes maior:
2 x 36 km/h = 72 km/h
4 x 6 metros = 24 metros
E quando a velocidade triplica, a distância fica nove vezes
maior e não apenas três vezes. Observe:
3 x 36 km/h = 108 km/h
9 x 6 metros = 54 metros
Ec = ½ x m x v²
Ec = ½ x 800 x 20²
Ec = 160.000 J
Ec = ½ x m x v²
Ec = ½ x 800 x 10²
Ec = 40.000 J
Ec = ½ x m x v²
Ec = ½ x 800 x 30²
Ec = 360.000 J
Ec = ½ x m x v²
Ec = ½ x 800 x 40²
Ec = 640.000 J
99
Uma colisão a 36 km/h corresponde auma queda de 5 metros de altura
Imagine um carro caindo de um barranco, de
frente para o chão. Desprezando a resistência do
ar, ele estaria sempre aumentando sua velocidade
até atingir o solo. Quanto maior a altura, maior a
velocidade ao chegar ao chão. Durante a queda
sua energia potencial irá, pouco a pouco, se
transformando em energia cinética.
Podemos montar uma tabela relacionando altura
de queda e velocidade ao se chegar ao solo,
igualando a energia do corpo antes da queda
(que era somente energia potencial gravitacional)
à energia no fim da queda (somente energia
cinética), da seguinte forma:
m v
2m g h
2⋅ = ⋅ ⋅
Fazendo algumas peripécias você pode concluir
que a fórmula para a altura é:
h=v
2 g
2
⋅
Para uma velocidade de 36 km/h, que
corresponde a 10 m/s e g = 10 N/kg, podemos
fazer esse cálculo e chegar ao valor de 5 metros.
CONSULTE O LIMA SOBRE
EXPRESSÕES ALGÉBRICAS
Pode-se saber a velocidade de um carroantes de bater pelas marcas no asfalto?
É possível ter uma boa idéia, com este método.
Imagine que um carro deixe uma marca de 15
metros de comprimento no asfalto e que na hora
da colisão ele estivesse a 10 m/s. Será que ele
corria muito antes de brecar? Consideremos que
o coeficiente de atrito do pneu do carro com o
asfalto seja igual a 1 (vide a leitura 16). Nesse
caso, a força de atrito terá valor igual ao da força
normal, e se a pista for horizontal, será também
igual ao peso do carro. O trabalho realizado pelo
atrito é a retirada de energia cinética do carro, ou
seja:
Energia cinética perdida = Trabalho do atrito
De acordo com o que discutimos isso irá nos dar
a seguinte formulinha:
m v
2
m v
2 m.g.d
depois2
antes2⋅
− ⋅ = −
Com a ajuda de um experiente matemático você
pode chegar a uma forma mais simples:
v v +2.g.dantes2
depois2=
Se você conseguir a façanha de realizar os
cálculos, verá que o carro possuia 20 m/s de
velocidade antes de frear.
Pelo amassado do carro podemos sabersua velocidade ao bater?
Quando o carro bate em um muro, por exemplo,
a força de contato com o muro é muito grande, e
pode ser considerada aproximadamente como
sendo a resultante. Ela realiza o trabalho de
amassar o carro de uma quantidade x, retirando-
lhe toda sua energia cinética. Então podemos
igualar:
m v
2F x
2⋅ = ⋅
Como a força é a resultante, ela vale mv
t⋅ ∆∆ .
Com essas duas fórmulas e o fato de que a
velocidade final é zero após a batida, podemos
ter fazer a seguinte conta:
m v
2m
v
tx
2⋅ = ⋅ ⋅∆
Simplificando tudo, teremos uma fórmula
pequenininha para achar essa velocidade:
v2 x
t= ⋅
∆Uma colisão que dure 0,1s e amasse meio
metro indica uma velocidade de 10 m/s.
100
Casal Neuras Glauco
Uma melancia de massa m = 6 kg é abandonada a partir do repouso de uma janela situada a uma
altura h = 20 m da cabeça de um senhor de alcunha Ricardão. Considerando a intensidade do campo
gravitacional da Terra como g = 10 N/kg e desprezando a resistência do ar sofrida pelo bólido veg-
etal:
a) Calcule a velocidade com que ele atinge seu alvo.
b) O que mudaria se fosse uma laranja, em vez de uma melancia? E o que não mudaria?
TESTANDO CONHECIMENTO
(FUVEST) Um carro viaja com velocidade de 90 km/h (ou seja, 25m/s) num trecho retilíneo de uma
rodovia quando, subitamente, o motorista vê um animal parado na sua pista. Entre o instante em que
o motorista avista o animal e aquele em que começa a frear, o carro percorre 15 m. Se o motorista frear
o carro à taxa constante de 5,0 m/s2, mantendo-o em sua trajetória retilínea, ele só evitará atingir o
animal, que permanece imóvel durante todo o tempo, se o tiver percebido a uma distância de, no
mínimo,
a) 15 m.
b) 31,25 m.
c) 52,5 m.
d) 77,5 m.
e) 125 m.
Qual dos motoristas tem reflexo mais vagaroso: do vestibular ou da tabela da página 97?
FIQUE ESPERTO:
medindo um tempo de reação
Segure uma régua na vertical, pela sua
extremidade superior. Diga ao seu colega que,
quando você soltar a régua, ele deve apanhá-la
com os dois dedos inicialmente afastados
aproximadamente 5 cm, colocados no outro
extremo da régua, onde encontra-se o zero.
Diga “JÁ” quando soltar a régua. O que
aconteceu? Ele conseguiu pegar a régua?
Qual foi o seu tempo de reação?
Dica: determine a distância percorrida pela régua
entre o seu “JÁ” e o instante em que ele
consegue segurar a régua. Utilizando esse valor,
determine o tempo de queda da régua, que é
igual ao tempo de reação de seu colega.
101
26
Ok, você também
quer facilitar seu
trabalho, não é?
Agora você verá que
até isso tem um
preço!
Como facilitar
um trabalho
Você se lembra do Hércules?
Roldana
manivela
duas
roldanas
Fle
ch
as a
pen
as p
ara ilu
str
ação
não
in
clu
ídas n
o e
qu
ipam
en
to.
roda e eixoplano inclinadoalavanca
Raramente percebemos, mas a maioria dos utensílios que usamos se baseiam em poucas
idéias básicas que costumamos chamar de máquinas simples. São elas:
Sim, estamos falando de nosso velho amigo, o sr. Hércules Pereira da
Silva, que em uma leitura anterior estava levando areia para o alto de
um prédio em construção. Imagine como seria elevar toda essa areia
sem a ajuda de um poderosíssimo instrumento conhecido como roldana.
Se não houvesse a roldana, ele teria de subir no telhado e puxar a caixa
de areia para cima, ou mesmo subir uma escada com a caixa nas costas.
Mas existem outros mecanismos que podem
facilitar um trabalho, diminuindo ainda mais
a força necessária para realizá-lo. Com uma
manivela e duas roldanas a força que
Hércules precisa fazer é bem menor.
Como é possível alguém realizar um mesmotrabalho fazendo uma força menor?
O truque é trocar FORÇA por DISTÂNCIA. Usando a manivela e duas roldanas, a quantidade de corda que
Hércules terá de puxar será bem maior, e a força, bem menor. Isso só é possível graças às incríveis,
espetaculares e sensacionais...
MÁQUINAS SIMPLES
102
Como facilitar um trabalho26
Quantas vezes você não precisou levantar
um elefante e sentiu dificuldade em fazê-
lo? Para essa e outras tarefas importantes
do nosso dia-a-dia é que existem as
alavancas.
Com um ponto de apoio e uma barra nosso amigo constrói
uma alavanca para facilitar seu trabalho. A força que ele faz
em uma ponta é ampliada no outro lado da barra. Mas
para isso ele tem de percorrer uma distância maior do que
aquela que o elefante irá subir.
Se a massa do bichinho é de 2 toneladas, ele terá de fazer
uma força de 20.000 N. Para erguê-lo a 5 cm (0,05 metro)
de altura, terá de fazer um trabalho de 1000 joules. Com a
alavanca ele realiza o mesmo trabalho com uma força de
apenas 1000 N, que é o peso de um elefante bebê! Porém,
ele terá de fazer um deslocamento de 1 metro. Observe:
Sem alavanca: 20000 N x 0,05 m =
1.000 J
Com alavanca: 1000 N x 1 m = 1.000 J
O segredo da alavanca é ter dois "braços" de tamanhos
diferentes. No braço maior fazemos a força, e no outro
colocamos a carga:
=
Esse truque é usado, com algumas adaptações, em diversos
equipamentos que usamos para as mais variadas
tarefas.Embora a maior parte das alavancas possua o apoio
entre a carga e a força, você pode imaginar outras posições
para o ponto de apoio. Numa carriola de pedreiro, por
exemplo, a carga é colocada entre o ponto de apoio e o
ponto onde fazemos a força.
braço maior braço menor
Algumas alavancas
disfarçadas:
=
=
AlavancasAs facilidades da vida moderna nos
fazem esquecer antigos prazeres
como retirar aquela água fresquinha
do fundo do poço. Mas também
poucos se lembram de que, para
puxar aquele pesado balde de água
para cima, contava-se sempre com
a ajuda da prestativa manivela e
seus inseparáveis companheiros
roda e eixo.
Rodas & eixos
Qual é o segredo da manivela? Bem, não é mais um
segredo: ela troca força por distância. O trabalho realizado
com ou sem a manivela é o mesmo. Mas com a manivela
a distância percorrida pela mão da pessoa é bem maior, e
portanto a força é bem menor:
E existem muitas coisas na sua vida, caro leitor, que
funcionam da mesma maneira.
=
No caso da torneira, a "borboleta" faz o papel da roda,
embora não seja propriamente uma roda, e o pino faz o
papel do eixo. Mas o princípio é exatamente o mesmo, e
você poderá ver isso em muitas outras coisas por aí.
103
Roldanas
Plano inclinado
Um amigo poderia ajudar,
fazendo metade da força. Para
isso, é preciso três roldanas.
Para levantar um elefante com
uma roldana você tem de
fazer uma força igual ao peso
do bicho.
Se o amigo falhar, pode-se
usar o teto para fazer metade
da força. Mas terá de puxar
o dobro de corda.
Agora você quer colocar seu elefante em um
pedestal para enfeitar o jardim. Porém, o jardim
não tem um teto para que você possa usar
roldanas. O que fazer? Uma boa alternativa é
usar uma rampa:
Se você tentar elevar o elefante diretamente,
percorrerá uma distância menor, porém terá uma
força grande, igual ao peso do belo animal. Mas
se usar uma rampa, a distância percorrida
aumenta, mas em compensação a força será
menor. O velho truque de trocar FORÇA por
DISTÂNCIA...
Em certas situações a rampa ideal acaba se
tornando muito longa. Então alguém teve a feliz
idéia de trocar essa rampa por várias rampinhas
menores, ou então de dobrar ou enrolar a rampa
grande. A idéia era tão boa que foi aproveitada
também nas roscas e parafusos. A rosca é usada
em ferramentas como macaco de automóveis,
morsa e uma série de outras que permitem uma
enorme ampliação de força. Isso ocorre porque a
rosca dá muitas voltas para se deslocar apenas
um pouquinho. Ou seja, aumenta-se muito a
distância percorrida para diminuir muito a força a
ser feita
O plano inclinado é usado também nas cunhas e
nas ferramentas de corte. A lâmina de um
machado percorre uma distância igual
a enquanto afasta a
madeira por uma distância de . Em
compensação a força que ela faz para afastar a
madeira é proporcionalmente maior. Esse é o
segredo das lâminas. Quanto mais afiadas, mais
ampliam a força, porque maior será a diferença
entre as duas distâncias.
MADEIRA
Deslocamento
da rosca
Um outro truque feito com rodas para facilitar o trabalho
é o uso de roldanas. Com uma roldana você já facilita o
trabalho porque pode fazer força para baixo para puxar
algo para cima, como na primeira figura. Nesse caso,
porém, não há ampliação de forças: é somente o seu
próprio peso que está ajudando.
Mas quando você utiliza mais de uma roldana, realmente
consegue uma ajuda, em termos de ampliação de força.
E, nesse caso, como não poderia deixar de ser, você
estará trocando força por distância, ou seja, terá de puxar
mais corda, proporcionalmente ao aumento de força que
conseguir, já que o trabalho realizado será sempre o
mesmo.
104 Descubra no meio desta bagunça
exemplos dos três tipos demáquinas simples discutidas nas
páginas anteriores.
BAGUNÇA! Qual é a vantagem?
Quando você utiliza uma ferramenta, está obtendo
algo que chamamos de vantagem mecânica. Essa
"vantagem" nada mais é do que a ampliação de
força que você consegue. No caso de uma
alavanca, por exemplo, se o braço curto for
metade do braço longo, sua força será ampliada
duas vezes. Assim, você terá uma vantagem
mecânica igual a 2. No caso de rodas com eixo,
basta medir o diâmetro da roda e do eixo. Em
uma torneira, isso seria igual ao comprimento da
"borboleta" dividido pela espessura do pino, que
pode ser, por exemplo, nove vezes menor. Isso
quer dizer que sua força é ampliada nove vezes,
e esse é o valor de sua vantagem mecânica.
No plano inclinado, basta comparar o
comprimento da rampa com a altura. Dividindo
um pelo outro, você tem a vantagem mecânica.
Se você entendeu isso, pegue algumas
ferramentas, como um martelo, uma tesoura, uma
torneira e muitos outros, e tente calcular sua
vantagem mecânica. Depois, faça uma tabela
comparativa em um cartaz e cole na parede de
sua sala de aula. Ficará lindo!
Faça você mesmo!
Usando sua a régua horrível, que um candidato
a deputado lhe deu na última eleição, faça
cuidadosas medidas nas figuras acima e
determine a vantagem mecânica de cada
ferramenta.
Para comprovar a teoria na prática, fixe alguns
parafusos em uma prancha de madeira com
várias ferramentas diferentes (as duas acima, por
exemplo) e sinta o resultado, pela força que você
tem que fazer para colocar e retirar tais parafusos.
Força versus velocidadeEm uma bicicleta, ao invés de ampliar forças
estamos reduzindo-as através dos sistemas de
rodas e eixos. Você pode verificar isso
comparando o raio da roda com o do pedal:
Acontece que nesse caso o que realmente nos
interessa é um ganho de velocidade. A roda anda
mais do que o pedal na mesma unidade de
tempo, mas temos de fazer mais força. O mesmo
acontece em um barco a remo, em que o remador
aplica força no braço curto da alavanca (o remo!)
para ganhar velocidade. Pois é, nem sempre
aumentar a força é o que importa. Às vezes
queremos mesmo é percorrer uma certa distância
em um tempo menor...
105
27O “mapa” do
Universo
Olhe para o céu e tente
imaginar como são todas
aquelas coisas que você
vê e também as que não
vê.
“Escéptico, o Peregrino na borda da Terra”
O que essa gravura do século XVI representa para você?Em que a sua idéia a respeito da estrutura do Universo é
diferente da desse artista?
106
O “mapa” do Universo27Observe bem a gravura da página anterior. Ela representa
o céu como uma grande superfície esférica dentro da qual
está a Terra. Passa a idéia de que os astros (a Lua, o Sol, as
estrelas) estão “colados” por dentro dessa superfície.
Quando o “peregrino” consegue ver além dessa cortina,
descobre um universo complexo, a que não temos acesso
diretamente.
Você acha que as coisas são assim mesmo? O que você vê
de “certo” e de “errado” na imagem da gravura em relação
à imagem que você faz da Terra e do nosso Universo?
Tente fazer uma lista de tudo quevocê imagina que tenha no espaço.A partir dela tente construir seupróprio “mapa” do Universo.
Teste:
Se a Terra fosse do tamanho
de uma moeda de 1 Real, a
Lua teria o tamanho de:
Um LP do Roberto Carlos?
Um CD da Xuxa?
Uma moeda de 1 centavo?
Uma ervilha?
Um pingo no i?
Uma bactéria?
Olhando além da “borda” da TerraTerra-Lua
O mês do nosso calendário não existe por acaso. Ele foi
criado a partir do tempo que a Lua leva para completar
suas quatro fases, ou seja, para dar uma volta em torno da
Terra. Esse período é de aproximadamente 29,5 dias.
Sua distância até a Terra é de 384.000 km, que equivale a
30 vezes o diâmetro do nosso planeta. Observe que alguns
fusquinhas 66 já atingiram tal quilometragem.O diâmetro
da Lua é de 3480 km.
O Sistema Solar
Enquanto a Lua gira em torno da Terra, a Terra gira em
torno do Sol, e isso leva exatamente um ano! Não é muita
coincidência? Não, não e não.
Na verdade, o ano foi definido inicialmente a partir da
observação do clima, ou seja, do tempo que leva para
recomeçar um ciclo das estações.
Depois começou-se a perceber que esse ciclo estava
relacionado com a posição e o trajeto do Sol no céu du-
rante o dia, que vão mudando ao longo do ano. Percebeu-
se que levava um ano para que o Sol repetisse suas mesmas
posições e trajetória no céu. Esse é o efeito do movimento
da Terra em torno do Sol.
Mas há mais coisas em torno do Sol do que o nosso
planetinha. Outros planetinhas, planetões, cometas,
asteróides. Alguns estão pertinho do Sol, como Mercúrio:
57.900.000 km. Outros, bem mais longe, como Plutão
5.900.000.000 km. A Terra deu muita sorte: ficou na
distância ideal para o surgimento da vida: 149.500.000
km. Não é tão quente quanto Mercúrio nem tão gelado
quanto Plutão.
O Sol é uma estrelinha modesta: tem 1.392.530 km de
diâmetro. Será que ele caberia entre a Lua e a Terra? E se
a Terra fosse do tamanho de um pires de café, de que
tamanho seria o Sol? E qual seria a distância da Terra ao
Sol? E qual seria a distância do Sol até Plutão? Chega!!
Mais estrelasO Sol junto com os planetinhas não vaga sozinho por aí.
Você ja deve ter se perguntado o que são e onde estarão
essas estrelas todas que vemos no céu. A estrela mais
próxima de nós está a nada menos do que 4,2 anos-luz e
se chama Alfa Centauri. Isso quer dizer que a luz dessa
estrela leva 4,2 anos até chegar aqui. É pouco? Para vir do
Sol até a Terra, a luz leva 8 minutos, e da Lua até a Terra,
leva 1 segundo. "Perto" de nós, até 16 anos-luz, há 40
estrelas. Umas muito brilhantes e visíveis, outras nem tanto.
Às vezes uma estrela bem mais distante pode ser mais
visível que uma mais próxima, dependendo do seu brilho.
Mas que raio dediâmetro é esse?
isto é um diâmetro
107
1019 m
1018 m
As galáxias
As estrelas são bichos muito sociáveis: gostam de viver
em grupos, como as abelhas. Imagine um enxame de
abelhas girando em torno de uma colméia (centro) onde
se aglomeram muitas abelhas. Uma galáxia é um
aglomerado imenso de estrelas, que em geral possui na
região central uma concentração maior de estrelas.
Nosso Sistema Solar e todos os bichos que você vê no
céu, sem ajuda de telescópio, fazem parte da Via Láctea,
exceto duas simpáticas gálaxias irregulares chamadas
nuvens de magalhães. Via Láctea é o nome dado à galaxia
em que moramos. Ela é um disco de cerca de 100 mil
anos-luz de diâmetro por 1000 anos-luz de espessura, onde
convivem aproximadamente 200 milhões de estrelas. O
retrato falado da Via Láctea é mais ou menos esse:
Ano-
luz
é a
dist
ânci
a pe
rcor
rida
pel
a lu
z à
velo
cida
de d
e 2
99
.79
2.4
58
m/s
, em
um
ano
tróp
ico
(36
5,2
42
198
78
dia
s so
lare
s
méd
ios)
, às
12 h
oras
de
Tem
po d
as E
fem
érid
es, e
m 1
o d
e ja
neir
o de
19
00
, e e
quiv
ale
a 9
.46
0.5
28
.40
5.5
00
km
. Sim
ples
, não
?
O nosso Sistema Solar fica em um desses "braços" da galáxia,
a 24 mil anos-luz do centro.
Grupos de galáxias
As galáxias, como as estrelas, também vivem em bandos.
Porém, não gostam de tanta aglomeração: seus
agrupamentos possuem algumas poucas galáxias. Nós
habitamos o chamado "Grupo Local", que possui 20 galáxias
de porte razoável. Se a Via Láctea fosse do tamanho de
uma moeda de 1 real, todo o Grupo Local estaria a menos
de 1 metro. Mas se o Sol tivesse esse mesmo tamanho, as
estrelas próximas estariam distribuídas em um raio de 3.000
km.As galáxias são mais próximas umas das outras do que
as estrelas.
Sistema Terra-Lua
Milhares de quilômetros
106 m
Sistema Solar
Milhões de quilômetros
109 m
Anos-luz
1013 m
Nossa Galáxia
Estrelas Próximas
Centenas de milhares de
anos-luz
Grupo LocalMilhões de anos-luz
VISTA DE CIMA
VISTA DE PERFIL
108
idéias de mundo
Na Grécia Antiga Hoje
Com certeza você já observou o céu e pode
verificar que os astros estão se deslocando acima
da sua cabeça, nascendo no leste e pondo-se
no oeste dia após dia. Pois conhecer e entender
os fenômenos astronômicos era de fundamental
importância para os antigos.
Em virtude disso, os gregos, que eram ótimos
teóricos (eles achavam que fazer experiência era
coisa para escravo), elaboraram um esquema em
que todos os astros giravam ao redor da Terra.
Tudo muito bonito e certinho, até que com o
passar do tempo a qualidade das observações
melhorou e esse esquema tornou-se
extremamente complicado para, por exemplo,
descrever a posição de um planeta. Imagine que
para isso eles elaboraram um modelo em que
encaixavam cerca de duzentos e cinquenta e
poucos círculos! Esse modelo é um geocêntrico,
palavra que quer dizer Terra no centro (geo
significa Terra em grego).
Nessa história toda podemos perceber que a Terra
saiu do centro do Universo, dando lugar ao Sol.
Posteriormente verificou-se, estudando o
movimento das estrelas, que antes eram chamadas
de fixas, que o Sol também não está no centro
do Universo.
Em especial, no início do século XX, observações
de aglomerados globulares indicaram que eles
estavam distribuidos em torno do centro da
galáxia, e não em torno do Sol.
De acordo com os mapas contruídos a partir das
observações verificou-se que o Sol ocupa uma
posição periférica em relação ao centro da nossa
galáxia, que, devido à mitologia, recebeu o nome
de Via-Láctea.
A Revolução
Lá pelo século XVI surgiu um astrônomo chamado
Copérnico que achava que a natureza não po-
dia ser tão complicada e propôs o tão conhecido
e divulgado hoje em dia Sistema Heliocêntrico,
que simplesmente quer dizer que o Sol está no
centro e os planetas giram ao seu redor.
A grande mudança social e intelectual da
Renascença e as primeiras lutas dos burgueses
contra o feudalismo propiciaram a difusão da
teoria heliocêntrica.
Pois é, Copérnico sugeriu mas não provou. Foi
com Galileu e sua “luneta mágica” que o sistema
geocêntrico teve as primeiras provas contrárias.
Galileu viu que existiam satélites girando em
torno de Júpiter! É, assim como a Lua gira em
torno da Terra.Verificou também que o planeta
Vênus apresentava fases.
109
Na época de Hagar, o
Horrível, já havia
gente que achava que
a Terra era redonda.
Mas meu tio Zé não
acredita. E você?
Quem falou que a
Terra é redonda?
O formato da Terra
HAGAR DIK BROWNE
28
SPLAT
!
Se a Terra éredonda, como ela
fica de pé?Responda rápido
ou...
110
Quem disse que a Terra é redonda?28Todo dia ela faz tudo sempre igual
Você já parou para pensar como pode ser dia em um lugar
do mundo e ser noite em outro? Por que as horas são
diferentes nos vários lugares do planeta? E também já se
questionou por que nos pólos faz muito frio em qualquer
época do ano?
Tudo isso tem a ver com o fato de a Terra ser redonda e
possuir um movimento de rotação. Você já deve ter ouvido
falar da experiência em que se coloca uma bolinha em
frente a uma lanterna em um quarto escuro. Tente fazer e
observe que uma das faces ficará iluminada, e a outra ficará
escura. É assim com a Terra e o Sol.
Como convencer alguém de que a Terra é redonda?
O primeiro a fazer isso foi um cara (filósofo) chamado
Aristóteles, que percebeu que durante um eclipse a sombra
da Terra na Lua apresentava-se como um arco. Ora, coisas
ARRANJE IMEDIATAMENTE UM GLOBOTERRESTRE E TENTE SIMULAR O DIA E A NOITECOM UMA LÂMPADA OU COM A LUZ QUE VEMDA JANELA. VERIFIQUE EM QUE LOCAIS É DIAE NOITE E ONDE O SOL ESTARIA NASCENDO ESE PONDO. LEMBRE-SE DE QUE A TERRA GIRADE OESTE PARA LESTE. FAÇA ISSO JÁ. SE VOCÊLEU ESTA FRASE É POR QUE AINDA NÃO FOIFAZER!!! VÁ!!
Com fuso horário nos entendemos, sô!!!!!
É por causa da rotação da Terra que vemos o Sol e as
estrelas nascerem num lado, que foi chamado de leste, e
desaparecerem no lado oposto, no oeste.
Ao meio-dia o Sol passa pelo ponto mais alto do seu
caminho no céu. Será que é possível ser meio-dia ao
mesmo tempo no Rio de Janeiro e em João Pessoa? Analise
o mapa ao lado e tente responder.
A resposta correta seria não. Verdadeiramente, o horário
só seria exatamente o mesmo em cidades alinhadas na
mesma vertical (no mesmo meridiano) no mapa, como o
Rio e São Luís ou Fortaleza e Salvador. Para facilitar a vida
e evitar que as cidades tenham diferenças de minutos em
seus horários, criaram-se os fusos horários. São faixas do
planeta onde o horário oficial é o mesmo, embora o horário
verdadeiro não seja. Em São Paulo, por exemplo, o meio-
dia verdadeiro ocorre por volta das 11:36 h. Ou seja, o Sol
passa no ponto mais alto de sua trajetória 24 minutos antes
do meio-dia oficial.
redondas projetam sombras redondas.
A Terra gira em torno de um eixo imaginário, chamado
eixo polar. O nome é claro vem do fato dele ligar os pólos
Norte e Sul. O Sol que está o tempo todo emitindo luz,
hora ilumina um lado da Terra hora ilumina outro.Eis então
a explicação para a existência do dia e da noite.
111
Se você pensa que é tudo bonitinho está muito enganado!
O eixo da Terra está inclinado em relação à sua trajetória
em torno do Sol, que chamamos de órbita. Veja:
MENTIRA!Tem gente que pensa que as estações do ano ocorrem devido ao
afastamento e à aproximação da Terra em relação ao Sol. Embora
realmente a distância entre a Terra e o Sol varie um pouco durante o
ano, não é essa a causa das estações. Se fosse assim não poderia ser
inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul ao mesmo tempo.
A variação na distância da Terra ao Sol é pequena, em relação aos
efeitos causados pela inclinação.
A conseqüência disso é que o hemisfério que estiver de
frente para o Sol receberá os raios solares mais diretamente.
Na posição A, o hemisfério sul, onde
habitamos, recebe luz mais diretamente
do que o norte, e por isso se torna mais
quente. É verão! Mas no norte é
inverno.
Na posição B é verão no norte, porque
a situação se inverteu. É a posição B na
figura acima. E o outono e a primavera?
Como ficam?
E nos pólos, o que será que acontece para ser tão frio o
tempo todo?
As estações do ano
Podemos ver pela figura que amesma quantidade de raiosatinge as áreas X e Y.
Qual das duas vai esquentarmais? Por quê?
Se chover o mesmo volumenum rio bem pequeno e numrio maior, qual vai encher mais?
Pois é, meu caro, eis a resposta!A parte Y esquenta mais
que a parte X, certo?
O verão ocorre quando a Terra está mais perto do Sol?
HEMISFÉRIO:
Nome bonito para as
metades de uma esfera.
Na superfície X os raios vão se distribuir mais que na
superfície Y, e é por isso que ela esquenta menos.
Devido à inclinação do eixo polar as regiões polares tanto
sul quanto norte vão sempre receber os raios estando mais
inclinadas, por isso elas esquentam menos. Além disso
podemos ver nas figuras anteriores que quanto mais perto
do inverno maior é a duração da noite. Isso quer dizer que
o tempo em que os raios solares atingem a superfície é
também menor.
Rapaz, sabia que exatamente no pólo temos seis meses
de dia e seis meses de noite? Já pensou em como seria
dormir uma noite no pólo???
A
B
C
D
Existem duas situações especias em
que os hemisférios estão igualmente de
frente para o Sol e, portanto, são
atingidos pelos raios da mesma
maneira: primavera e outono. Enquanto
é primavera num hemisfério é outono
no outro. Ambos recebem os raios
solares da mesma forma, ou seja,
nenhum está mais de frente para o sol.
C
D
B
A
Quanto durauma noite?
Gire os globos inclinadosdo jeito A e do jeito B.Tente observar que do
jeito B a noite dura mais emPorto Alegre que em A,
tchê!Por quê?
112
Redonda, plana ou quadrada?
Hagar
Folh
a d
e S.
Paulo
Dik Browne
Imagine que a Terra fosse como o modelo de Hagar na tira acima: um cubo. A partir disso, tente
descrever como seriam os dias e as noites, o pôr-do-sol e o crepúsculo.
Hagar Dik Browne
Folh
a de
S. P
aulo
a) Se a Terra é redonda, como você explica o fato de que ela nos parece ser plana, como
aparece na tira acima?
b) Como você faria para convencer alguém de que a Terra é redonda e não plana? Se esse
alguém for o Hagar, esqueça!
E se
a T
erra
para
r de g
irar
?•
E se
o e
ixo
daTe
rra
não
foss
ein
clin
ado?
•E
se o
eix
o da
Terr
a fo
sse
vira
do n
a di
reçã
odo
Sol
?•
E se
a T
erra
leva
sse d
ezm
inut
os p
ara
dar
a vo
lta em
torn
odo
seu
eixo
?
DUVI
DO Q
UE
RESP
OND
A!
É possível a Terra girar mais devagar, e defato sua velocidade está variando. Há xmilhões de anos, a Terra levava apenas yhoras para dar uma volta em torno de si.
Isso significa que os dias eram maiscurtos. A velocidade de rotação da Terracontinua a diminuir, mas isso ocorre tãovagarosamente que não temos condições
de perceber diretamente.
Como é possível isso?
Lembre-se de que não estamos sós noUniverso. A Terra não é um sistema
isolado: interage fortemente com a Lua eo Sol e também sofre influência dosoutros planetas. É isso que provoca
pequenas variações em seu movimentode rotação, seja na velocidade, seja na
inclinação do eixo polar.
Portanto, a quantidade de movimentoangular da Terra não se conserva,porque ela faz parte de um sistema
maior. Mas, como sabemos, se diminuir aquantidade de movimento angular da
Terra, algum outro astro deverá receberessa quantidade perdida.
E se a Terra girar mais devagar?
113
29
Você sabe para onde está
o norte?
Qual a duração do ano?
E a latitude da sua
cidade?
Construa seu
relógio de sol
Usando sombras você mede o tempo e o mundo!
bússola
equipamentos
sofisticados
placa de madeira ou
isopor
material desnecessáriomaterial necessário
Antes depôr a sua
novamascote no
Sol...
Eu acredito em Gnômon...
Nesta aula você vai montarum gnômon que significa“relógio de sol” em grego.GNÔMON?
relógio
lua
seu professorvocê pode fazer
sozinho!
Gnomos da floresta
Eis comoficará o seu
gnômon!
uma vareta
qualquer
alfinete
fio ou
barbante
dia de sol
123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890
abajur, lanterna ou
uma lâmpada móvel
bola
mesa
Tudo o que você vai observar com seu gnômon podeser simulado na mesa de um boteco da esquina,com uma lâmpada e um lápis. O pessoal vaiestranhar, mas em boteco e hospício tudo é nor-mal. Mova a lâmpada como na figura, simulando otrajeto do Sol. Veja a sombra do lápis e tentedescobrir se os ratos estão no norte, no sul, noleste ou no oeste.
114
Construa seu relógio de sol... e outras coisinhas mais!29
mesa
do
bar
vist
a d
e c
ima
Na mesa do bar ...
Este é o primeiro teste que você vai fazer. O ponto
central de cada borda da mesa será um ponto cardeal
(norte, sul, leste e oeste). Movimente o “Sol”da borda
leste para a oeste, formando um arco, como
desenhado na página anterior.
PERGUNTAS:
1 O que ocorre com a sombra ao longo do trajeto
do “Sol” no “céu”?
2 Descreva suas variações de tamanho e direção
e tente explicar suas causas.
3 Quando a sombra é maior? Quando ela é
menor? Quando desaparece? Tente explicar o
porquê.
4 A que parte do dia correspondem cada um
desses momentos?
5 Há sempre algum momento em que o “Sol”
fica a “pino”, ou seja, a sombra do objeto
desaparece sob ele? Por quê?
Como alguém de fora da Terra veria a sombra do
nosso gnômon? Descubra isso usando uma bola com
um alfinete espetado (a “Terra”) e uma lâmpada ligada
(o “Sol”). Faça sua “Terra”girar mantendo o seu
Solzinho fixo (e ligado!)
PERGUNTAS:
1 O que você observa que acontece com a sombra
do seu gnômon? Será que ela está se comportanto
de forma parecida com a sombra na mesa do
boteco?
2 Em que momento a sombra vai apontar na direção
de um dos pólos? Neste momento, como é o
seu tamanho?
3 É possível perceber o nascer ou pôr-do-sol com
essa experiência? Como?
4 Coloque o alfinete em vários lugares do globo e
tente verificar quais as diferenças que ocorrem
nas sombras.
5 A noite dura o mesmo tempo em todos os lugares
da Terra? Como você isso?
Brincando com as bolas
115
COMO ACHAR AS DUAS SOMBRAS DO MESMO TAMANHO, UMA DE MANHÃ E OUTRA DE TARDE?
Ponha o bichinho de pé
bem “simples” de fazer isso: ver quando o tamanho da
sombra for menor. Só que para isso você vai ter de ficar
o dia todo marcando a sombra. Que chato, não ?
Mas, como sempre, existe outro jeito. Se você souber
dois momentos, antes do meio-dia e após, quando as
sombras têm o mesmo tamanho, o meio-dia vai ser dado
pela reta central entre essas duas sombras.
Durante muito tempo se utilizaram sombras para
marcar as horas do dia. Pelo tamanho e
principalmente pela posição da sombra no chão é
possível sabermos a posição do Sol no céu e,
portanto, as horas. Esse é o princípio do relógio
de sol.
O primeiro passo para construir nosso relógio de
sol é achar o meio-dia “verdadeiro”. Há um jeito
Muito simples: escolha um momento qualquer,
por exemplo, às 10:30 h. Marque o tamanho da
sombra (com giz ou canetinha) e desenhe um
círculo com centro no gnômon, tendo como raio
a própria sombra. Depois, espere a sombra atingir
o círculo novamente.
Depois que você encontrou o meio-dia
verdadeiro, é fácil marcar os pontos
correspondentes às 6:00 h da manhã e às 18:00
h. Como? Basta fazer uma reta perpendicular à
reta do meio-dia. Observe:
Agora divida esses quadrantes em partes iguais. Cada
marca corresponderá a uma hora. Na figura ao lado você
pode ter uma idéia de como vai ficar o mostrador do
seu relógio de sol.
PERGUNTAS:
1 A marcação desse relógio coincidirá com a do seu
relógio de pulso? Por quê?
2 Você pode tirar o relógio de sol do lugar
original? Responda uma das duas:
a) Jamais, por que...
b) Poderia, mas...
3 Você pode usar o relógio de sol para saber os pontos
cardeais? Por quê?
seu relógio de sol
116
Luís Fernando Veríssimo
O E
stad
o d
e S.
Pau
lo
As Cobras
Tudo depende do referencial ENQUANTO ISSOMARISA MONTE / NANDO REIS (1991)
Enquanto isso
anoitece em certas regiões
E se pudéssemos
ter a velocidade para ver tudo
assistiríamos tudo
A madrugada perto
da noite escurecendo
ao lado do entardecer
a tarde inteira
logo após o almoço
O meio-dia acontecendo em pleno sol
seguido da manhã que correu
desde muito cedo
e que só viram
os que levantaram para trabalhar
no alvorecer que foi surgindo
Leia o texto da Marisa Monte e do Nando
Reis tentando extrair o significado de cada
frase e do texto como um todo. Baseie-se
em nossas discussões e observações. E, é
claro, não deixe de ouvir essa música!
Níquel Nausea Fernando Gonsales
Folh
a d
e S.
Paulo
O jeitinho de “tirar o corpo fora” dizendo que “tudo é relativo” vem desde a época do físico
italiano Galileu! Você pode sempre dizer: depende do referencial... Referencial é o ponto de
vista que você adota para observar uma coisa. Para quem está na Terra, parece natural que o Sol
gira em torno da Terra. Nesse caso, estamos adotando como referencial a Terra e observando o
dia e a noite.
Mas você pode imaginar diferente. Se alguém estivesse no Sol, coisa que é impossível, veria
sempre a Terra girando em torno do Sol, completando uma volta a cada ano. Tem gente, como
Galileu, que quase foi para a fogueira por defender que esse ponto de vista também era possível,
e que muitas coisas poderiam ser mais bem explicadas com ele. E você, o que acha?
Leia as duas tirinhas acima e identifique qual delas adota referencial na Terra e qual adota
referencial no Sol. Explique como é o movimento do Sol ou da Terra em cada um destes
referenciais.
É a Terra que gira em torno do Sol ou o Sol que gira em torno da Terra?
117
30
ninguém
para
atrapalhar
Noite de lua cheia
janela com vidros
cartolina
calculadora
A Lua e a Terra
Você consegue imaginar
de onde vem a luz da
Lua?
E de onde vem a Lua?
material necessário
agulha de costura
ou alfinete
Fita métrica ou trena
Fita adesiva
Algumas dicas incríveis!Se sua mãe gritar: "Meu filho, o que estás a fazer?",diga que é uma experiência científica e que falta
pouco para acabar. Ela vai ficar orgulhosa!
Se você não sabe o que vem a ser uma trena,pode usar a fita métrica ou consultar um dicionário.
Não dá para fazer essa experiência em uma noitecoberta por nuvens, mesmo que seja lua cheia!
Você aprendeu algum dia regra de três? Não selembra? Bem, boa sorte...
Sim! Você pode medir a Lua agora mesmo!
Arranje o material listado ao lado. Fure um buraquinho com
um alfinete num pedaço da cartolina. Prenda na vidraça
duas tiras de fita adesiva da seguinte maneira:
Procure deixar as fitas bem retinhas. Agora você precisa
medir a distância entre as duas tiras (uma dica: tente deixar
essa distância perto de 2 cm). Agora é só observar pelo
buraquinho da cartolina a Lua (cheia), quando ela estiver
entre as duas tiras na vidraça. Quando isso acontecer, meça
a distância entre você e a janela, usando a trena ou a fita
métrica. Com isso você vai obter os seguintes dados:
distância entre sua
pessoa e a janeladistância entre as
duas fitas
distância entre a
Lua e a Terra
(384.000 km)
diâmetro da Lua
que você quer
calcular
d
D
x
L
Lx
d
D
118
30 A Lua e a Terra
Dicas para medir a Lua (y otras cositas más...)
Como se mede a altura de uma árvore? Usando
triângulos. Suponha que você tem 1,60 m de altura e
que em dado momento sua sombra tem 40 cm de altura.
A sombra, portanto, tem um quarto do seu tamanho.
Pode ter certeza que a sombra de tudo que esteja na
vertical terá também um quarto de sua altura. Se a sombra
de um poste tiver 1 metro, sua altura será de 4 metros,
e se a sombra de um abacaxi tiver 9 cm, ele terá 36 cm
de altura. Neste caso, qual será o tamanho da sombra
de um sujeito de 2 metros? E que altura terá um prédio
cuja sombra seja de 20 metros?
Exatamente o mesmo raciocínio você usa para medir a
Lua, na atividade que propomos na página anterior.
Observe que o triângulo
com linha cheia é uma
miniatura do pontilhado!
Portanto, se você for bom mesmo,
saberá que podemos escrever a seguinte
relação, para achar o tamanho da Lua. D
L
d
x =
A Lua, essa filha da...
Quando os supercomputadores se tornarem
potentes o suficiente, se poderá testar uma outra
teoria: o sistema Terra-Lua teria surgido após uma colisão
entre uma jovem Terra e um pequeno e jovem planeta.
As simulações mostram que é possível que tenha sido
assim, mas ainda não há nenhum outro indício que possa
reforçar essa hipótese. Como você vê, ainda temos muita
dúvida sobre o que realmente aconteceu.
Mas ainda há outras teorias, que dizem que a Lua pode
ser a "irmã menor" da Terra, tendo se formado junto com
ela, como um planeta menor girando em torno do Sol e
que, devido a sua aproximação, teria sido capturada pelo
nosso querido planeta. Ou ainda poderia ter se formado já
em órbita da Terra.
Porém, a probabilidade de "captura" é muito baixa. Se
tivesse ocorrido, a energia cinética dissipada em calor seria
suficiente para derreter a Lua. Por outro lado, se a Lua
tivesse se formado na mesma região que a Terra, deveria
ter uma composição semelhante. Portanto, essas duas teorias
não explicam satisfatoriamente a formação da Lua.
Terra?!? Pelo menos essa é uma das teorias. Alguns
astrônomos acreditam que a Lua seja um pedaço da Terra
que foi arrancado há bilhões de anos por um grande corpo
celeste. Naquela época a Terra ainda estava em formação
e era uma grande bola pastosa e quente. Outros acreditam,
ainda, que esse pedaço poderia ter se separado
simplesmente devido à alta velocidade de rotação da Terra,
como mostra a figura.
O problema com essas duas teorias é que a Lua tem uma
composição química muito diferente da composição da
Terra, para que tenha origem nela. A segunda teoria ainda
tem o problema de que a Terra deveria ter uma quantidade
de movimento angular muito grande para perder um
pedaço dessa maneira. Se isso tivesse realmente
acontecido, a Terra deveria estar girando muito mais rápido
ainda hoje.
Nós
nascemos
juntas!
119
As fases da LuaComo sabemos, a Lua gira em torno da Terra e ela sempre
aparece diferente no céu. Às vezes vemos a Lua inteira, às
vezes só metade, sem falar que às vezes ela nem aparece,
ou então aparece de dia, contrariando os românticos.
Mas por que isso acontece?
É fácil entendermos que a aparência da Lua para nós
terráqueos tem relação com o seu movimento em torno
da Terra. Para facilitar vamos considerar a Terra parada e a
Lua girando em torno dela em uma trajetória quase circu-
lar.
De acordo com a figura, os raios solares estão atingindo a
Terra e a Lua. O que acontece é que, dependendo da
posição da Lua em relação à Terra, apenas uma parte da
Lua é iluminada (posições 2 e 4), ou é toda iluminada
(posição 1) ou então não é possível vê-la (posição 3).
Isso se repete periodicamente, é um ciclo!
Viu? É por causa do movimento da Lua em relação à Terra
e também em relação ao Sol que ela muda de "cara", ou
melhor, de fase!
Dizemos que quando a Lua está totalmente iluminada está
na fase cheia, e é essa que os namorados preferem. Quando
está invisível para nós é porque está na fase nova. Indo de
nova para cheia a fase é chamada de quarto crescente,
enquanto indo de cheia para nova a fase é quarto minguante.
Os eclipsesÉ claro que você já viu um eclipse. E certamente quando
viu ficou se perguntando que era aquilo.
Muitos séculos antes de Cristo, os chineses acreditavam
que o eclipse lunar ocorria quando um enorme dragão
estava tentando engolir a Lua. Assim, nas datas dos eclipses
saíam todos à rua batendo panelas, tambores etc. para tentar
espantar o dragão.
Embora muitas pessoas não acreditem que o homem já
pisou na Lua (a pegada deve estar lá até hoje: tente
imaginar por quê), sabemos que essa história de dragão é
uma lenda. Há dois tipos de eclipse:
eclipses lunares:A Lua entra na sombra projetada pela Terra, "sumindo" total ou
parcialmente no céu.
eclipses solares:Quando a Lua fica entre a Terra e o Sol, bloqueando total ou
parcialmente a luz do Sol em algumas regiões da Terra.
Num eclipse lunar, a Terra se econtra entre o Sol e a Lua,
impedindo que a luz solar chegue até a Lua. Como só
vemos a Lua porque ela reflete a luz do Sol, no eclipse ela
fica escura.
4
3 1
2
quarto minguante
quarto crescente
120
RELATÓRIO DA BASE TERRESTRE
ELABORAR RELATÓRIO CONTENDO AS SEGUINTES INFORMAÇÕES >> 1. COMO
WARK APARECE NO CÉU DE ZWAMBOS? >> 2. QUAL A DURAÇÃO DO ANO DE ZWAMBOS? >> 3. POR QUE
HÁ ECLIPSE A CADA 6 DIAS E 7 HORAS EM ZWAMBOS? >> 4. POR QUE A NOITE EM ZWAMBOS É MAIS
CLARA QUE NA TERRA? >> 5. DESENHO DA TRAJETÓRIA DE ZWAMBOS. >> 6. MAQUETE DO SISTEMA
WARK-ZWAMBOS EM TORNO DA ESTRELA, COM ESFERAS DE POLIESTIRENO EXPANDIDO. << . BLURP! . >>
MISSÃO: VIAGEM DE RECONHECIMENTO AO SISTEMA PLANETÁRIO WARK-ZWAMBOS
PLANETA WARK \ CLASSIFICAÇÃO: GIGANTE GASOSO \ MASSA 4,89E+27 KG \\DIÂMETRO EQUATORIAL: INDETERMINADO \PERÍODO ORBITAL: 669 DIAS TERRESTRES \\DISTÂNCIA DA ESTRELA CENTRAL: 5,60 E+8 KM \NÚMERO DE SATÉLITES: 23 ... FIM ...
SATÉLITE ZWAMBOS \ CLASSIFICAÇÃO: CLASSE TERRESTRE \ ÓRBITA: PLANETA WARK \\DIÂMETRO EQUATORIAL: 1,02 E+4 KM \PERÍODO ORBITAL: 6 DIAS E 7 HS TERRESTRES\MASSA: 3,05 E+24 KG \DISTÂNCIA DO PLANETA CENTRAL: 1,3 E+6 KM \ HABITADO \\VIDA ANIMAL INTELIGENTE: 2 ESPÉCIES \HABITANTES: 1,23 E+9 \ ... FIM ...
ANÁLISE PRELIMINAR DO COMPUTADOR
SATÉLITE ZWAMBOS TEM CONDIÇÕES SEMELHANTES ÀS DA TERRA, MAS
TEMPERATURA MAIS ALTA. REGIÕES PRÓXIMAS AO EQUADOR
INABITÁVEIS (TEMPERATURA > 60OC). AS ESPÉCIES QUE HABITAM APARTE NORTE E SUL SÃO DIFERENTES, MAS TÊM ORIGEM COMUM.HABITANTES DO NORTE E DO SUL NÃO SE CONHECEM. TECNOLOGIA NÃOPERMITE ATRAVESSAR ZONA CENTRAL.
121
O Sistema
Solar
Dê uma olhada na
tabela ao lado e
responda:
você ainda se acha
importante?
31Responda rápido:
Qual é o maior planeta do Sistema Solar? E o menor? Qual é o mais distante do Sol? Qual é o
menos? Qual possui maior massa? Qual deles tem mais satélites? Em qual o ano dura mais? Em
qual o ano dura menos? Qual tem o dia mais longo? E o mais curto? De qual deles é mais difícil
escapar? E de qual é mais fácil? A gravidade é maior em qual deles? E menor em qual? Qual se
parece mais com a Terra? O maior planeta equivale a quantas Terras em tamanho? E em massa?
Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? O planeta mais próximo do Sol é também o mais
quente? Em qual planeta a variação da temperatura é maior? Todos os planetas têm satélites?
Quais têm mais satélites: os grandes ou os pequenos? Que tipo de planeta possui superfície sólida:
os grandes ou os pequenos? Com quantos paus se faz uma canoa? Qual é o planeta mais próximo da
Terra? Quantos anos terrestres dura o ano em Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão? Quantos
meses dura o ano de Mercúrio e de Vênus? E o dia de Vênus, dura quantos meses? Quanto é 1+1?
122
O Sistema Solar31
COLOQUE UMA COLHERONA BEM GULOSA
DE AÇÚCAR NUM COPIM D'ÁGUA E MEXA,
GIRANDO BEM RÁPIDO, TENTANDO DISSOLVER
TODO O PÓ.
O QUE VOCÊ VÊ NO CENTRO DO FUNDO DO
COPO?
Você percebe que existe um aglomerado bem grande no
centro, e que em volta desse aglomerado ainda temos
um pouco de pó girando? Se você consegue formar
redemoinhos menores em torno desse centro, formam-se
aglomerados menores, O aglomeradão é parecido com o
nosso Sol, e os aglomeradinhos seriam os planetas.
FAÇA!
Como é que você acredita que todos os planetas giram
em torno do Sol? Aliás, que bicho você acha que é esse
tal de Sol? Qual a diferença entre o Sol e os planetas?
Vamos começar do início. Cerca de 4,5 bilhões de anos
atrás, tudo o que chamamos de Sistema Solar era uma
nuvem. Não uma nuvem dessas de fumaça ou de água,
mas uma nuvem de poeira (partículas muito, muito
pequenas) e gás (por exemplo, hidrogênio, hélio,
carbono...). Essa nuvem, que estava bonitinha e quietinha
girando lentamente no seu lugar, de repente sofreu algum
tipo de agitação. Devido a essa "agitação" as partículas
passaram a se concentrar mais em alguns pontos, e esses
pontos, por causa de sua massa maior, atraíam mais
partículas, criando aglomerados cada vez maiores. Essas
partículas, quando se atraíam aumentavam seu movimento
de rotação, girando cada vez mais rápido. Esse fenômeno
é parecido com o que acontece quando a gente coloca
muito açúcar para adoçar alguma coisa: ao mexer com a
colher, uma parte desse açúcar se deposita no fundo do
redemoinho!
Experiência
Estrela é um astro com fusão...
Nessa nuvem se formaram tanto uma estrela (S L!) quanto
outras coisas que não “conseguiram” ser estrelas (os
planetas). Mas qual a diferença?
Quando a aglomeração de partículas é muito grande,
aquelas que ficam no centro começam a sofrer uma pressão
muito forte. Como elas estão em constante movimento,
sua temperatura vai aumentando e aumentando, conforme
a aglomeração cresce. Parece show de rock e final de
campeonato.
Chega uma hora em que essa pressão e temperatura são
tão altas que começa a acontecer uma coisa terrível chamada
FUSÃO NUCLEAR. Vejamos o que é isso: de uma maneira
simples podemos dizer que dois átomos de hidrogênio se
fundem formando um átomo de hélio. Nesse processo
ocorre transformação de massa e há uma liberação enorme
de energia na forma de calor.
Não tente entender! O que interessa é que as partículas
dos núcleos atômicos (prótons, nêutrons) passam a se
combinar, gerando uma imensa quantidade de energia,
que é emitida pela estrela na forma de radiação como a
luz, os famosos raios ultravioleta (bons para pegar um bronze
ou um câncer de pele, dependendo da quantidade) e
outras radiações (raios x, raios gama, raios infravermelhos
etc.). No caso dos planetas as coisas não esquentaram tanto
(parece um jogo de time pequeno ou um show de banda
desconhecida), de modo que não deu para eles realizarem
fusão nuclear, ou seja, eles não viraram estrelas!
123
Planetas parecidos com JúpiterEsses planetas são grandes, têm muitos satélites e possuem
anéis. Não é possível pousar neles, pois não há chão, mas
uma espessa atmosfera sobre um “miolo” líquido.
Júpiter é quase uma estrela. É o primeiro dos planetas
gasosos. Existem 16 luas de Júpiter conhecidas, das quais
as quatro primeiras podem ser vistas com um binóculo.
Além disso ele possui um fino anel composto por finas
partículas.
Saturno também é um gigante gasoso. O que mais chama
a atenção nesse planeta são os anéis, um sistema de anéis
finos compostos por fragmentos de gelo. Alguns anéis são
tão brilhantes que podem ser vistos com binóculos. Dentre
suas luas, 18 conhecidas ao todo, algumas orbitam no
interior dos anéis.
Urano também é um planeta gigante e que
também possui anéis. Sua atmosfera (maior parte metano)
dá ao planeta uma coloração azul. Seu eixo de rotação
tem uma inclinação tão grande que podemos dizer que
ele gira deitado em torno do Sol.
Netuno tem quatro anéis fraquinhos e oito luas conhecidas.
Ele está tão longe que leva cerca de 165 anos para dar
uma volta completa em torno do Sol.
Plutão: diferente de todos. Assim como Netuno, foi
descoberto por meio de cáculos, devido a suas interações
com outros planetas. É um planeta pequeno e sólido, que
orbita junto com outro astro não muito menor, chamado
Caronte. Há quem proponha que se tratam de “satélites
perdidos” de Netuno.
Planetinhas e planetões
Cada planeta é diferente dos outros porque se formou por
partes diferentes da nuvem primordial. No entanto
podemos encontrar muitas características comuns em
alguns deles, o que nos leva a classsificá-los como sendo
parecidos com a Terra ou com Júpiter.
Planetas parecidos com a TerraOs do tipo da Terra são bem menores que os do tipo de
Júpiter, são rochosos e têm poucos satélites.
Mercúrio é o mais próximo do Sol. A ausência de
atmosfera faz com que as temperatuas sejam bem variáveis:
aproximadamente -430oC na parte iluminada, - 170oC no
lado escuro.
Vênus é, depois do Sol e da Lua, o astro geralmente
mais brilhante visível no céu da Terra, pois a sua espessa
atmosfera reflete intensamente a luz do Sol. Essa atmosfera
causa o efeito estufa, tornando o planeta muito quente,
cerca de 450oC de temperatura na superfície. É o planeta
mais próximo da Terra em tamanho.
Terra é um planeta como os outros, exceto pelo fato de
nela existir vida. Sua atmosfera desempenha um papel
fundamental protegendo contra a radiação nociva do Sol
e contra os meteoritos.
Marte é conhecido como o planeta vermelho. Essa cor é
devida ao resíduo de poeira na atmosfera, embora ela seja
mais rarefeita que a da Terra. Sua estrutura é rochosa, e é
em Marte que se encontra o maior vulcão do Sistema Solar:
o monte Olimpo, com 25 km de altitude.
Terra
Plutão
124
Cometas, asteróides e outros “bichos” do Sistema Solarbicho desses é desviado da nuvem devido a
alguma perturbação causada. Eles são formados
de gases congelados e poeira. É claro que você
vai perguntar: por que ele tem cauda?
Acontece que, ao se aproximar do Sol, os gases
que formam o cometa começam a se vaporizar,
produzindo uma cabeleira e uma cauda de gás
e poeira. Quanto mais próximos do Sol, maior
será a cauda.
Normalmente nós fazemos muita confusão a
respeito desses bichos. Quase sempre ouvimos
falar de estrelas cadentes e da estrela Dalva, mas
o que será cada uma dessas coisas?
Existem entre os planetas do Sistema Solar rochas
e ferro de todos os tamanhos chamados
asteróides. Quando um asteróide atinge a Terra,
acontece o seguinte: devido à atmosfera, que
serve como escudo protetor, o asteróide é
aquecido por atrito e aparece como um rastro
de luz incandescente. Esse fenômeno é chamado
de meteoro ou estrela cadente. Se esse pedaço
de rocha conseguir chegar à superfície da Terra,
então ele é chamado de meteorito.
A tão citada estrela Dalva nada mais é do que o
planeta Vênus, que devido à proximidade do Sol
aparece sempre ao entardecer ou ao amanhecer,
conforme a época do ano, e com um brilho
razoavelmente intenso.
Já os cometas são um tanto mais estranhos. Gostam
de ficar girando em torno do Sol em órbitas bem
alongadas, às vezes tão alongadas que nem se
fecham. Mas do que são feitos e de onde eles
aparecem?
Há uma teoria que diz existir uma nuvem que
rodeia o Sistema Solar ( chamada nuvem de Oort),
de onde os cometas são originários. Às vezes um
É uma curiosidade de todos saber se há ou não
vida em outros planetas, e a resposta a isso é
muito simples: não se sabe. Em relação aos
planetas do nosso Sistema Solar, não há até hoje
nenhum indício de que exista ou tenha existido
no passado alguma forma de vida em algum
deles. Não se pode ter certeza, porém, de que
não houve em algum momento vida em algum
outro planeta ou até quem sabe em um dos
satélites dos planetas gigantes que possuem
atmosfera.
Quanto a vida em planetas fora do nosso sistema,
também não há nenhum indício concreto. Na
verdade, somente há muito pouco tempo
pudemos observar definitivamente a existência
de planetas orbitando outras estrelas, embora os
astrônomos acreditassem firmemente que eles
deveriam existir, afinal nossa estrela é muito
parecida com outras observadas, e os planetas
devem ser conseqüência natural da formação de
Vida em outros planetas? Viagens espaciais?tais estrelas.
Pelo mesmo motivo, não há razão para duvidar
que haja outros planetas capazes de abrigar vida,
principalmente se levarmos em conta o imenso
número de estrelas existente no Universo. Há
quem diga que é muito difícil um planeta reunir
todas as condições para abrigar vida, portanto
deveriam ser muito raros os planetas com vida. A
verdade é que não se sabe exatamente quais
condições são essenciais ou não para a
possibilidade de existência de vida, de forma que
é possível que os planetas habitados, se existirem,
não sejam tão raros assim.
Mas se isso fosse verdade, já não deveríamos ter
tido algum contato com essas formas de vida? A
resposta é: não é tão simples assim.
O problema é que mesmo as estrelas mais
próximas estão muito distantes de nós. Tão
distantes que uma pessoa levaria muito mais do
que o tempo de sua vida para ir e voltar, com os
meios de que dispomos hoje. Mesmo para seres
mais desenvolvidos que nós o obstáculo é
realmente muito grande.
A quantidade de energia necessária para fazer
qualquer matéria (uma nave, por exemplo) se
aproximar da velocidade da luz (o que tornaria
possível atingir grandes distâncias no tempo de
uma vida) é muitíssimo, mas realmente muitíssimo
alta.
125
QUANDO UMA ESTRELA SE
FORMA, SEMPRE SOBRA
ALGUM MATERIAL DE SEGUNDA MÃO, CUJA
AGLOMERAÇÃO NÃO É SUFICIENTE PARA GERAR A FUSÃO
NUCLEAR. ÀS VEZES FORMAM UMAS PELOTINHAS, QUE
ALGUÉM RESOLVEU CHAMAR DE PLANETAS.
A gravidade da
gravidade
Por que você está aí
grudadinho na Terra?
Você acha essa
pergunta boba? New-
ton não achou...
32
A GRAVIDADE FAZ TUDO POR VOCÊ!
tudo o que você sempre quis fazer agora ficou muito mais fácil e divertido!
Estrelas!
Planetas!
BURACOSNEGROS! AS ESTRELAS TÊM UMA LONGA VIDA,
ONDE MUITA COISA ACONTECE, DEVIDO
A UMA INTERESSANTE COMBINAÇÃO DE
EFEITOS DA GRAVIDADE, DA FUSÃO NUCLEAR
E DE DETALHES DA ESTRELAS. ALGUMAS SE TORNAM VORAZES
BURACOS NEGROS! NÃO PERCA AS PRÓXIMAS LEITURAS!
Atmosferas!POIS É, TERRÁQUEO!
PLANETAS E SATÉLITES
POSSUEM ATMOSFERA
PORQUE A GRAVIDADE
PRENDE GASES EM TORNO DELES. PLANETAS
COM GRAVIDADE FRACA POSSUEM POUCA OU QUASE
NENHUMA ATMOSFERA. PLANETAS IMENSOS POSSUEM
ENORMES ATMOSFERAS DADA SUA GRAVIDADE.
A MATÉRIA ESPALHADA NO
ESPAÇO QUE OS ASTRÔNOMOS
GOSTAM DE CHAMAR DE POEIRA, MAS QUE NA VERDADE
SÃO MINÚSCULAS PARTÍCULAS E GASES (OU SEJA, POEIRA),
ATRAI-SE MUTUAMENTE, PROVOCANDO A FORMAÇÃO DOS
AGLOMERADOS QUE DISCUTIMOS NA AULA ANTERIOR, E QUE
DÃO ORIGEM ÀS ESTRELAS.
LINDASÓRBITAS!
COISAS GIRAM EM TORNO
DA TERRA, E DIZEMOS QUE
ELAS ESTÃO EM ÓRBITA. A TENDÊNCIA DE TODO OBJETO LIVRE
DE INTERAÇÕES, SOLTO NO ESPAÇO, É PERCORRER UMA LINHA
RETA. MAS A GRAVIDADE FORÇA ALGUMAS COISAS A GIRAR
EM TORNO DE OUTRAS. A TERRA E OS DEMAIS PLANETAS EM
TORNO DO SOL. E TAMBÉM OS COMETAS.
Tudo isso, e muito mais,somente a gravidade pode
proporcionar a você e toda asua família...
126
O que estes planetas estão fazendo lá em cima?
A gravidade da gravidade32
Enquanto quebravam a cabeça tentando entender o que
eram a Terra e o céu, muitos sujeitos foram percebendo
coisas importantes. De início, parecia natural pensar que
tudo que víamos no céu estivesse girando à nossa volta.
Essas coisas (estrelas, Lua e Sol) se moviam no céu! E nós,
“obviamente” estamos parados.
Havia coisas, entretanto, que pareciam insistir em não se
comportar direito. Umas "estrelas" (ou algo que de longe
pareciam estrelas) queriam ficar vagando no meio das
outras, e o pessoal resolveu chamá-las de planetas. Fora
isso, o Sol e a Lua também eram (ou pareciam ser) muito
diferentes de todo o resto...
Muita gente quis observar e medir detelhadamente onde
cada coisa no céu estava em cada época. Mas nem sempre
as coisas estavam onde acreditavam que deviam estar, de
acordo com suas teorias. A que melhor explicava tudo,
em dado momento, é que o Sol estaria no centro e os
planetas, o nosso inclusive, girando em torno dele. Algo
assim:
Mas um sujeito chamado Kepler percebeu que as trajetórias
não deviam ser circunferências perfeitas, e propôs que
fossem elipses, que são circunferências achatadas, como
estas:
A família das elipses compõe-se de elipses muito excêntricas
(achatadas) e pouco excêntricas. A circunferência também
é uma elipse: uma elipse nada excêntrica.
Os planetas orbitam o Sol em trajetórias em forma de elipse,
mas pouco excêntricas. Os cometas também percorrem
elipses, mas bastante excêntricas. O Sol não fica no centro
da órbita, mas em um ponto chamado foco da elipse.
Com essa teoria, as observações com telescópios faziam
muito mais sentido. As medidas realizadas concordavam
com a hipótese de órbitas elípticas.
Mas a teoria de Kepler não parava por aí. Ele propôs uma
relação entre o período da órbita e seu tamanho. Quer
dizer, há uma relação sempre igual entre o tempo que o
astro leva para completar uma volta e o tamanho e o formato
de sua órbita.
Isso quer dizer que para cada órbita existe um tempo
determinado, independente do que estiver nessa órbita.
Por exemplo, se a Terra fosse uma laranja, percorrendo a
mesma órbita, levaria o mesmo tempo que leva: 365 dias
e uns quebrados.
Isso vale desde que o objeto em órbita não tenha uma
massa tão grande a ponto de influenciar o astro central. Por
exemplo, se a massa da Terra fosse quase igual à do Sol,
ambos estariam girando em torno de um ponto situado
entre os dois astros. Isso acontece em sistemas em que há
duas estrelas, que são chamados sistemas binários. Algo
parecido ocorre em nosso sistema, entre Plutão e seu satélite
Caronte, que têm massas razoavelmente parecidas.
PLANETAquer dizer
Astro Móvelquer comprar um astromóvel
zerinho?
TÔ NO FOCO,TÁ LIGADO?
127
A grande sacada
Quem teve a grande sacada sobre a gravidade foi Newton.
Ele achou que os planetas atraíam coisas, que o Sol atraía
os planetas e assim por diante, por uma força especial.
Mas como ele mesmo havia dito que toda ação tem uma
reação, isso quer dizer que os planetas também atraem o
Sol e que as coisas também atraem os planetas.
Em outras palavras, a Terra atrai uma torrada com manteiga
(que cai sempre com a manteiga para baixo). Mas a torrada
com manteiga também puxa a Terra para cima (e bate
sempre no lado da manteiga). O Sol atrai a Terra, e a Terra
atrai o Sol. E mais: as forças são iguais em valor.
Os efeitos, porém, são diferentes. A Terra puxa a torrada
com uma força de 0,3 newton, e isso lhe causa um grande
efeito por que sua massa é pequena. A torrada puxa a
Terra com 0,3 newton, e ela nem “sente”, porque sua
massa é gigantesca, se comparada à torrada. O mesmo
acontece entre a Terra e o Sol. A massa do Sol é gigantesca
comparada à da Terra, e apesar da força que esta lhe aplica,
o efeito é pequeno.
Entre a Terra e a Lua, alguns efeitos são mais visíveis. A
força de atração que a Lua exerce sobre a Terra é uma das
causadoras das marés. Quando a Lua “passa” sobre o
oceano, causa-lhe um “calombo”, faz a água subir um
pouco.
Isso acontece porque todo corpo tem “algo” invisível em
volta dele, que é o campo gravitacional. A Terra tem, a
Lua tem, você tem e a torrada tem. O da Terra é o mais
forte, e o da torrada é o mais fraco. Por quê? Por causa da
massa. Corpos “massudos” têm campos fortes!
A Lua fica em torno da Terra por causa do campo da Terra.
Mas a Lua também puxa as coisas em sua direção. Por isso
o mar sobe um pouquinho quando ela passa sobre ele.
Pelada na rua
Quando a gente joga pelada na rua, sempre pergunta: até
onde vai o campo? No caso do campo gravitacional você
pode também querer saber: até onde ele vai? Na verdade
o campo NUNCA NUNCA NUNCA NUNCA NUNCA acaba. Ele
só vai ficando fraco quanto mais longe do corpo. É como o
cheiro de uma coisa, quanto mais longe, mais fraco. Você
pode não sentir o cheiro do bife a 100 metros, mas o
cachorro sente. O problema é o nariz!
Teste:
O campo gravitacional da Terra
tem o tamanho de:
um campo de futebol?
uma quadra de tênis?
Um estrelão?
Ai meu campo!!!
2d
mGg =
Quer dizer que o campo gravitacional é grandão quando
a massa é grandona, e vai diminuindo com a distância,
como o cheiro da sua meia. É claro que isso pode ser dito
com uma fórmula:
2metros) (100
massa sua G xcampo seu =
O VALOR DE G:
0,000000000067N.m2/kg2
o meu deu:
0,00000000000054N/kg
e o seu?
Você coloca o valor da massa na letra m e a distância ao
centro do objeto na letra d. A letra G é uma constante,
quer dizer, nunca muda. Você pode até encontrar o valor
do SEU campo gravitacional a 100 metros de você. Assim:
Esse valor será muito pequeno, porque o valor de G, que
é sempre o mesmo, é muito pequeno. Para que o campo
gravitacional de alguma coisa seja perceptível, essa coisa
precisa ter uma massa muito grande, como os planetas,
estrelas etc.
O que aconteceria se o valor de G não
fosse tão pequeno assim?
128
Seriam as marés
provocadas por
seres misteriosos
que habitam o
fundo dos mares?
Realmente não.
Mas como é então
que os mares
enchem e esvaziam sem ninguém colocar mais
água neles? A causa dessa bagunça toda são os
astros do sistema solar. No entanto os efeitos mais
significativos são causados pelo Sol e
principalmente pela Lua. Mas como assim?
É que o Sol tem uma massa muito grande, e a
Lua, apesar de ter uma massa muito pequena,
está muito próxima da Terra.
Foi o próprio Newton o primeiro a explicar
convincentemente o fenômeno das marés. Para
isso ele usou a Lei da Gravitação Universal. A idéia
que está por trás dessa lei é que os corpos que
estão longe fazem força pequena, e os corpos
que são muito grandes fazem força mais intensa.
Quanto maior a massa, maior a força, e quanto
mais longe, menor a força, mas o que é mais
expressivo não é a massa, mais sim a distância.
A superfície da Terra é constituída de uma parte
sólida que chamamos de crosta terrestre (é o chão)
e uma parte líquida (a água dos mares, rios, lagos,
piscinas...).
A região do nosso planeta que está mais próxima
da Lua sofrerá uma força maior. Com isso a água
será "puxada" mais fortemente que a crosta,
Como se formam as marés?
calombocalombo
formando um calombo de água nessa região. No
lado oposto o que deverá acontecer? Acontecerá
o mesmo, porque nessa região a atração pela Lua
é menor, o que provoca um pequeno afastamento
da superfície do mar em relação a ela.
Mas então isso quer dizer que sempre está
havendo marés em alguma região da Terra? É
verdade; no entanto, as marés são realmente
muito maiores quando o Sol e a Lua estão
"alinhados", pois ambos estão agindo juntos numa
mesma região da Terra.
TerraLua
Por que a Lua não cai na Terra?Se alguém responder que a Lua está caindo em direção à Terra, não estaria mentido.Apenas a Lua não atinge a superfície da Terra. O que isso significa? Para entender,vamos fazer o seguinte exercício imaginário:- desenhe um círculo representando a Terra. Escolha uma posição de sua superfíciee de uma altura h
1, lance um foguete na horizontal com velocidade v
1 . Com esses
valores da altura e da velocidade, a aceleração da gravidade faz com que o foguetevolte para a superfície da terra, ou seja, ele cai na Terra.Aumente a altura para h
2 e lance com mesma velocidade. O foguete cai na Terra, em
um ponto mais distante da posição do lançamento.Da altura h
2, lance o foguete com velocidade maior do que v
1. Ele cairá na terra em
uma posição mais distante ainda. Se a altura e a velocidade forem sendo aumentadascada vez mais, chegará um momento em que o foguete, ao cair (ser puxado emdireção ao centro da Terra), não encontrará a superfície da Terra e continuará seumovimento em seu redor “ tentando” atingi-la. Esse é o caso da Lua.
129
As estrelas nascem, crescem
e morrem, e as vezes até se
casam. Muitas preferem viver
em grupos! Nunca ouviu essa
história antes?
33A Vida das Estrelas!
Evolução estelarEstrelas comuns
São estrelas que estão curtindo o melhor do seu
hidrogênio, como o nosso Sol. Um dia elas irão se
tornar gigantes vermelhas. É o início do seu fim.
Gigante vermelhaÉ o começo do fim da vida
de uma estrela. Ela
engorda muito e fica
vermelhona.
O caroço de uma
supernova pode
virar um buraco
negro se sua
massa for grande.
Buraco negro
Anã brancaÉ a "parte nobre" que sobra
quando uma gigante vermelha
morre. Muito quente e compacta.
SupernovaÉ uma supergigante
vermelha
explodindo. Dura
pouco no céu.
Anã negra
PulsarÉ uma estrela de nêutrons
que gira muito rápido. A
estrela de nêutrons é o
caroço estelar que sobra de
uma supernova.
É uma anã branca que
já "morreu", ou seja,
que gastou todo seu
"combustível" nuclear.
130
Evolução estelar
A difícil vida de uma estrela
Se você pensa que é fácil ser estrela está muito enganado!
Elas estão sempre com problemas de massa e com dilemas
muitas vezes explosivos.
Para falar a verdade, as estrelas se parecem muito com o
homem. Sua vida depende do regime, da quantidade de
energia que gasta, dos problemas com a namorada ou
namorado....
Existem duas forças agindo o tempo todo numa estrela:
uma chamada pressão térmica, que tende a empurrar as
partículas para longe do núcleo. A outra é a gravidade, é
a mesminha que mantém a gente preso aqui na Terra e
que tende a puxar as partículas em direção ao núcleo.
Ao longo de sua juventude há um equilíbrio entre essas
forças, a estrela vai queimando o combustível da sua região
central e vivendo tranqüilamente. Essa boa fase da vida
dura somente de alguns milhões a uns bilhões de anos. O
nosso Sol, por exemplo, já viveu metade dessa sua fase,
algo perto de 4,5 bilhões de anos. Tem mais uns 5 bilhões
de anos para aproveitar a energia de sua juventude.
Mas chega um momento da vida em que o combustível
começa a se esgotar e mesmo assim a estrela continua
queimando o combustível, só que em regiões cada vez
mais perto de sua superfície. A estrela começa a sentir o
peso da idade. Propagandas na TV dizem que a vida
começa aos 40 (bilhões da anos), mas a estrela já está
ingressando em uma fase terminal...
Alguma vez na vida você já deve ter ouvido falar que esses bichos chamadosestrelas são enormes e muito quentes, têm cores e tamanhos diferentes. Masporque será que elas são assim?
E os buracos negros, as estrelas de nêutrons, as radio-estrelas, as gigantesvermelhas, que criaturas medonhas são essas?
33
Como nasce uma estrela
Tudo começa na barriga da mãe; ops, queremos dizer numa
nuvem de poeira e gás. Essa nuvem sofre algum tipo de
perturbação interna e passa a se contrair por ação da
gravidade. Pela contração a energia potencial diminui e
transforma-se basicamente em energia cinética, num
processo em que as partículas caem em direção ao centro
da nuvem gasosa.
Durante os choques que ocorrem entre as partículas há
também transformação de energia cinética em energia
térmica, ou seja, calor.
Devido a essa transformação a temperatura da nuvem
aumenta, aumenta, aumenta, de tal maneira que em uma
certa região, onde houver maior concentração de matéria,
átomos mais leves começam a se fundir. Ou seja, começam
as reações de fusão nuclear: nasceu uma estrela!
Nos restos da nuvem podem se formar concentrações
menores, com temperatura insuficiente para gerar reações
de fusão nuclear. Nessas regiões podem se formar planetas.
131
Chega uma hora em que toda estrela precisa inchar, inchar, inchar...Quando a estrela passa a queimar combustível cada vez
mais nas regiões superficiais, sua atmosfera aquece e se
expande. A estrela torna-se uma gigante vermelha. As
camadas mais exteriores da estrela se expandem e com
isso se esfriam e brilham menos intensamente, passando
por isso a ter uma cor vermelha. É uma fase em que a
estrela passa por grandes modificações em um tempo curto
se comparado à sua fase anterior. Quando isso começar a
ocorrer ao nosso Sol, a Terra, se ainda existir, irá sumir do mapa.
Até aí tudo bem. Quase todas as estrelas chegam a essa
fase mais ou menos da mesma forma. Mas o que acontece
depois de ela ter se tornado uma gigante vermelha?
A vida da estrela após o estágio de gigante vermelha vai
depender da sua massa. Vamos dividir em dois grupos:
primeiro, as estrelas de pequenas massas, e depois estrelas
de grandes massas.
A morte das pequenas...
As estrelas de pequenas massas são aquelas que têm massa
até aproximadamente duas vezes a massa do Sol. Depois
de terem se tornado gigantes vermelhas, a parte central
se contrai, de modo que as camadas externas formam uma
casca de gás em volta desse núcleo. Nessa nova fase da
vida, essa casca da estrela recebe o nome de nebulosa
planetária.
O núcleo que resta é muito pequeno e muito quente (daí
a cor branca), e a estrela está com um pé na cova! A essa
"estrelinha" originada no núcleo dá-se o nome de anã
branca.
Ainda assim a estrela, agora uma anã branca, continua
queimando combustível até que ela se esfrie e se apague,
de modo que a estrela morre como uma anã negra.
...e a morte das grandes
No fim da fase gigante vermelha, o núcleo das estrelas de
grande massa pode colapsar, causando uma grande
explosão, chamada supernova. Às vezes isso provoca um
brilho maior que uma galáxia inteira durante um certo
tempo. Se sobrar algum "caroço" após a explosão, ele pode
se tornar algo muito interessante, dependendo de sua
massa.
ESTRELAS DE NÊUTRONS
Um "caroço" com massa entre 1,5 e 3 massas solares diminui
se transformando numa estrela muito pequena e muito
densa, chamada estrela de nêutrons. Essas estrelas têm
cerca de 10 km de diâmetro. Em uma colherinha de chá
de sua matéria teríamos cerca de um bilhão de toneladas.
BURACO NEGRO
Se a massa do caroço for maior do que 3 massas solares,
então ele se contrai, se contrai, se contrai, até se transformar
num voraz buraco negro. Um buraco negro é portanto uma
das maneiras de uma estrela de grande massa morrer.
CUIDADO! NÊUTRONS, BURACOS NEGROS E AS QUESTÕES DA PROVA NA PÁGINA A SEGUIR...
colapsar: provocaralteração brusca edanosa, situaçãoanormal e grave.
132
As estrelas mais incríveis...As estrelas de nêutrons, como você já viu, se
originam a partir de "restos" da explosão de uma
supergigante vermelha. É um dos possíveis fins
da estrelas de grandes massas.
Pergunta chata nº 1:
QUAIS OS OUTROS POSSÍVEIS FINS
DE UMA ESTRELA DE GRANDE MASSA?
Quando os "restos" da explosão possuem massa
entre 1,5 e 3 vezes a massa do nosso Sol, eles
se "encolhem" até algo em torno de 10 km de
diâmetro.
Pergunta chata nº 2:
VOCÊ NÃO ACHA QUE É UM TAMANHO
MUITO PEQUENO PARA ALGO QUE TEMMAIS MASSA DO QUE O NOSSO SOL?
Como a estrela está muito encolhidinha, a matéria
fica muito concentrada. Se um elefante fosse
encolhido de forma equivalente, ele seria
invisível a olho nu, mas continuaria tendo as suas
toneladas de massa. Imagine uma bolinha de gude
com a massa igual à do Sol. Conseguiu? Mentiroso...
Pergunta chata nº 3:
QUE FORÇA INCRÍVEL SERÁ ESSA QUE
FAZ UMA ESTRELA ENCOLHER TANTO?
Você sabe... aquela força que discutimos na
leitura anterior. Vamos dar uma dica: ela começa
com G. Mas existe algo ainda a dizer a respeito
dessas estrelas. Coisas soltas no espaço, como
uma estrela, costumam estar em rotação. Agora,
se algo em rotação encolhe, sua velocidade
aumenta. Lembra-se da bailarina?
Pergunta chata nº 4:
QUE BAILARINA? POR QUE AUMENTA
A VELOCIDADE?
Coisas que encolhem muito aumentam muito de
velocidade de rotação. Coisas que encolhem
estupidamente demais mesmo, aumentam sua
velocidade estupidamente demais mesmo. É o
que acontece com as estrelas de nêutrons.
Algumas atingem velocidades tão incríveis que
passam a emitir ondas de rádio. Claro que não
há música nem propaganda... Mas essas ondas
são detectáveis por enormes antenas, conhecidas
por radiotelescópios. Quando isso ocorre a estrela
de nêutrons ganha o apelido de pulsar.
Pergunta chata nº 5:
AS ESTRELAS DE NÊUTRONS SÃO FEITASDE NÊUTRONS? E O QUE SÃO
NÊUTRONS?
Certamente há muitos nêutrons nas estrelas de
nêutrons, mas essa coisa é bem mais complicada
do que parece. Aliás, como tudo na vida. Você
só precisa saber que o nêutron é uma das
partículas constituintes dos átomos, mais
precisamente do núcleo dos átomos. Há também
os elétrons, que ficam em torno do núcleo, e os
prótons, que ficam junto dos nêutrons. Na estrela
de nêutrons tudo é tão apertado que os elétrons
são obrigados a se unir ao núcleo e vira tudo
uma coisa só. Saiba que essa é uma explicação
ultra-super-hiper-simplificada da coisa.
Pergunta chata nº 6:
A INTENÇÃO ERA EXPLICAR OU
COMPLICAR?
ESSAS NÃO ERAM AS QUESTÕES DA PROVA. QUESTÕES DA PROVA DAQUI A QUATRO PÁGINAS...
PELA SUA COR. ESTRELAS MUITO QUENTES SÃO AZULADAS. AS
MAIS FRIAS SÃO AVERMELHADAS. A SEQÜÊNCIA É MAIS OU MENOS
ESSA:
VERMELHA - AMARELA - BRANCA - AZULADA
CLARO QUE NÃO. É A MATÉRIA DE UMA ESTRELA TÃO CONDENSADA
QUE SUA BRUTAL GRAVIDADE IMPEDE A LUZ DE ESCAPAR. POR ISSONÃO PODEMOS VÊ-LA.
EXISTEM ESTRELAS QUE ORBITAM UMA EM TORNO DE OUTRA,FORMANDO PARES, TRIOS ETC. COMO NA MÚSICA SERTANEJA. ELAS
PODEM TER NASCIDO JUNTAS OU TER SE APROXIMADO.
SE EXISTE, EU NUNCA VI.
NÃO. NA VERDADE ELES EMITEM LUZ NOS PÓLOS MAGNÉTICOS.QUANDO A PARTE LUMINOSA VIRA PARA CÁ, A GENTE VÊ.
QUANDO NÃO, PARECE QUE APAGOU, MAS NA VERDADE ESTÁVIRADA PARA O OUTRO LADO.
NÃO. SÃO FRAGMENTOS QUE SE INCENDEIAM AO ATINGIR AATMSOFERA E QUE AS PESSOAS CONFUNDEM COM ESTRELAS.
Como os caras sabem a temperatura das estrelas?
Existem estrelas invisíveis?
Existem estrelas duplas?
As estrelas cadentes são estrelas?
Os buracos negros são buracos no espaço?
Os pulsares piscam?
••• RAPIDINHAS •••
133
O Universo não é
tudo?
Galáxias, quasares,
matéria escura, Big
Bang. As diferentes
formas no universo e
a forma do universo.
34
1018 km
1 km
103 km
106 km
109 km
1012 km
1015 km
1021 km
da Terra ao Sol
150.106 km
Lua3,5.103 km
da Terra à Lua
384.103 kmJúpiter
143.103 kmTerra
13.103 kmMarte
6,8.106 m
Sol1,4.106 km
1 ano-luz
9,5.1012 km
Pico Everest9 km
TAMANHOS & DISTÂNCIAS
1 UA
1,5.108 km
SistemaSolar
15.109 km
estrela maispróxima
40.1012 km
Via Láctea(diâmetro)
9,5.1017 km
galáxia mais próxima(distância)
1,6.1018 km
Andrômeda(distância)2,1.1019 km
galáxia mais distante(distância)
94,6.1019 km
quasar(distância)1,4.1022km
estrela maisbrilhante81,4.1012
km
São Paulo-Juiz de Fora500 km
pessoa1,6.10-3 km
Nesta tabela usamos potências
de 10 para expressar números
grandes. Veja:
101 = 10
102 = 100
103 = 1000
104 = 10000
105 = 100000
Observe que o número de zeros
é sempre igual à potência do
dez. Não sabe o que é potência
de números? Pegue seus livros
de matemática do 1º grau!
134
34 O Universo não é tudo!
Nós não estamos sós. Nossa estrela é uma dentre os milhares
da nossa querida galáxia Via Láctea, que tem um diâmetro
da ordem de 100.000 anos-luz.
Galáxia !!?!?!?
Esses monstros gigantes são verdadeiros titãs do espaço,
que vivem em grupos e muitas vezes lutam entre si para
dominar, podendo às vezes se destruir e outras vezes se
juntar, somando forças e formando um monstro mais
poderoso! E você está no cotovelo de um deles...
Nossa, mas isso é o caos! Não, não, calma, devagar... isso
foi só uma metáfora. As galáxias não são bárbaras como os
homens. São singelos e inocentes amontoados de gás,
poeira, estrelas, planetas. Alguns dizem que elas são
recheadas até de uma fria e misteriosa matéria escura!
Existem tipos diferentes de galáxias, em forma e tamanho.
Podemos dizer que são três tipos principais: elípticas, que
têm uma forma oval; espirais, que têm braços ligados a
uma parte central; irregulares, que não têm forma bem
definida. Há vários tamanhos de galáxia: desde as imensas
até as estupidamente e gigantemente imensas. As imensas,
também conhecidas como galáxias anãs, são maioria no
Universo.
É devido à atração gravitacional que as galáxias gostam
de viver em grupos. A nossa galáxia juntamente com
Andrômeda e mais umas dezenas de galáxias menores
formam um grupo chamado Grupo Local.
VOCÊ ESTÁ
AQUI!
Não se sabe ainda como e quando esses bichos se
formaram, e o principal motivo para essa dúvida é que a
maior parte da massa do Universo não é luminosa, é matéria escura!
Matéria escura? Mas o que é isso?
Ao estudar galáxias, especialmente a nossa, verifica-se que
mesmo somando a massa de todas as estrelas ainda é pouco
para que elas se mantenham presas devido à força
gravitacional. Daí surgiu a idéia de que deve haver um
tipo de matéria diferente, não visível, por isso chamada de
matéria escura, da qual não se conhece a natureza.
Mesmo assim existem duas idéias sobre como aconteceram
as formações de galáxias: uma diz que primeiro se
formaram superaglomerados de formas alongada parecidas
com filamentos, ou achatadas parecidas com panquecas.
Nessa idéia, por algum motivo, esses superaglomerados
se fragmentaram, dando origem a estruturas menores, que
são as galáxias.A outra idéia diz que primeiro se formaram
sistemas menores, a partir da agregação gravitacional. Essas
estruturas foram também se agregando, dando origem aos
aglomerados e superaglomerados de galáxias.
De qualquer forma o importante é perceber que tudo isso
só existe devido à interação gravitacional. Se não fosse
ela, a matéria escura, as estrelas, os gases, as nebulosas, os
planetas e tudo o mais não se juntariam para formar esses
imensos agrupamentos de matéria. Mais ainda, nem sequer
existiriam estrelas, planetas e tudo o mais, uma vez que
eles próprios se originaram de um acúmulo de matéria
provocado pelas forças gravitacionais.
Como seformaram asgaláxias?
135
O Universo
Qual é a maior curiosidade da humanidade? Não sabe?
Você sabe de onde vem? Sabe para onde vai? Sabe se
está sozinho neste mundão? Não sabe, né?!
Existem outras pessoas muito preocupadas, assim como
você, em responder a essas questões. Os que estudam
para saber sobre o Universo são os cosmólogos.
Esses sujeitos estranhos, ao observar as galáxias e seus
aglomerados e perceber que eles se afastam continuamente
uns dos outros, concluíram que nosso Universo está se
expandindo! Como explicar isso?
A teoria mais aceita é que a origem do Universo se deu
com o chamado Big Bang (não, não é marca de sanduíche!).
Segundo essa teoria, o Universo surgiu de uma explosão
gigantesca cerca de 10 a 20 bilhões de anos atrás. Tudo o
que existe estava espremido em um espaço minúsculo,
extremamente quente e denso. No inicio era só radiação e
não havia matéria na forma que temos hoje. Como o
esfriamento continuou, formou-se a matéria conforme a
conhecemos hoje. Várias perguntas podem surgir daí:
SE O UNIVERSO SURGIU
DE ALGO MINÚSCULO QUE EXPLODIU,
O QUE HAVIA ANTES?
O QUE IRÁ ACONTECER
COM O UNIVERSO NO FUTURO?
Dont worry, be happy!!!!!!!!
A primeira pergunta é fácil responder: não sabemos! Mas
se conseguirmos responder a segunda, talvez possamos
ter pistas sobre a primeira. Acredita-se que o Universo
tem se expandido desde o Big Bang, embora não se saiba
se essa expansão vai ou não continuar.
A expansão pode ser gradualmente lenta e reverter-se
em algum instante. De acordo com as continhas feitas pelos
cosmólogos, isso dependerá de qual é o valor da massa
total do Universo. Vejamos:
Se existir menos massa que uma certa quantidade, a força
gravitacional não será suficiente para parar a expansão, e
então o Universo crescerá para sempre e pronto! Nesse
caso, ficaremos ainda sem saber o que veio antes da
explosão, ou por que essa explosão ocorreu, fora as outras
412.232 perguntas ainda não respondidas.
Mas se a quantidade de matéria for grande o bastante, o
Universo irá atingir um certo limite e cessará a expansão.
Irá contrair-se de modo a voltar até um estado de altíssima
densidade, ocorrendo outro Big Bang, e depois expansão
de novo. Assim, o Universo será oscilante: explode, cresce,
encolhe, explode... Se for assim, já temos uma vaga idéia
do que havia antes.É aí que vemos claramente a
importância de se descobrir como é a matéria escura: para
saber se o Universo voltará a encolher ou não.
Pois é: ou o Universo é eterno ou ele é mortal, nasce e
depois de muito tempo morre. Se for assim, não se
preocupe porque o tempo de vida do nosso planeta com
certeza é bem menor que o tempo de vida do universo!
Você já sabe que quando o sol se tornar uma gigante
vermelha, o que ocorrerá daqui a cerca de 5 bilhões de
anos, os humanos terão de dizer adeus de algum jeito.
136
As Cobras Luís Fernando Veríssimo
Compreende-se que todos estivéssemos ali,
disse o velho Qfwfq, e onde mais poderíamos
estar? Ninguém sabia ainda que pudesse haver
o espaço. O tempo, idem; que queriam que
fizéssemos do tempo, estando ali espremidos
como sardinha em lata? Disse "como sardinha
em lata" apenas para usar uma imagem literária;
na verdade, não havia espaço nem mesmo para
se estar espremido. Cada ponto de cada um de
nós coincidia com cada ponto de cada um dos
outros em um único ponto, aquele onde todos
estávamos. Em suma, nem sequer nos
importávamos, a não ser no que respeita ao
caráter, pois, quando não há espaço, ter sempre
entre os pés alguém tão antipático quanto o sr.
Pbert Pberd é a coisa mais desagradável que
existe.
Quantos éramos? Bom, nunca pude dar-me
conta nem sequer aproximadamente. Para poder
contar, era preciso afastar-se nem que fosse um
pouquinho um dos outros, ao passo que
ocupávamos todos aquele mesmo ponto. Ao
contrário do que possa parecer, não era uma
situação que pudesse favorecer a sociabilidade;
sei que, por exemplo, em outras épocas os
vizinhos costumavam freqüentar-se; ali, ao
contrário, pelo fato de sermos todos vizinhos,
não nos dizíamos sequer bom-dia ou boa-noite.
Cada qual acabava se relacionando apenas com
um número restrito de conhecidos. Os que
recordo são principalmente a sra. Ph(1)Nko, seu
amigo De XuaeauX, uma família de imigrantes,
uns certos Z'zu, e o sr. Pbert Pberd, a quem já
me referi. Havia ainda uma mulher da limpeza -
"encarregada da manutenção", como era
chamada -, uma única para todo o universo,
dada a pequenez do ambiente. Para dizer a
verdade, não havia nada para fazer durante o
dia todo, nem ao menos tirar o pó - dentro de
um ponto não pode entrar nem mesmo um grão
de poeira -, e ela se desabafava em mexericos
e choradeiras constantes. Com estes que
enumerei já éramos bastantes para estarmos em
superlotação; juntem a isso tudo quanto
devíamos ter ali guardado: todo o material que
depois iria servir para formar o universo,
desmontado e concentrado de modo que não
se podia distinguir o que em seguida iria fazer
parte da astronomia (como a nebulosa
Andrômeda) daquilo que era destinado à
geografia (por exemplo, os Vosges) ou à química
(como certos isótopos de berílio). Além disso,
tropeçávamos sempre nos trastes da família Z'zu,
catres, colchões, cestas; esses Z'zu, se não
estávamos atentos, com a desculpa de que eram
uma família numerosa, agiam como se no mundo
existissem apenas eles: pretendiam até mesmo
estirar cordas através do ponto para nelas
estender a roupa branca.
Também os outros tinham lá sua implicância com
os Z'zu, a começar por aquela definição de
"imigrante", baseada na pretensão de que,
enquanto estavam ali primeiro, eles haviam
chegado depois. Que isso era um preconceito
sem fundamento, a mim me parecia claro, dado
que não existia nem antes nem depois e nem
lugar nenhum de onde imigrar, mas havia quem
sustentasse que o conceito de "imigrantes" podia
ser entendido em seu estado puro, ou seja,
independentemente do espaço e do tempo.
TUDO NUM PONTO
O Estado de S. Paulo
O texto é um trecho do conto "Tudo num ponto", de Ítalo Calvino, em seu livro Cosmicômicas,Editora Companhia das Letras, e é uma brincadeira sobre o Universo antes do Big Bang.
O que você acha da afirmação da cobra no
segundo quadrinho? Discuta com seus colegas
durante a festinha de "amigo secreto"...
11
Não há nada, na
natureza ou nas
técnicas, que não
tenha a ver com o
calor .
Calor:
presença universal
Se alguma coisa dá a impressão de não ter
nada a ver com a idéia de calor...
é só impressão!
2
1 Calor, presença universal
Todas as coisas recebem
e cedem calor o tempo
todo. Quando esta troca
é equilibrada, diz-se que
elas estão em equilíbrio
térmico. Quando cedem
mais do que recebem, ou
vice-versa, é porque
estão mais quentes ou
mais frias que seu
ambiente
Portanto...
tudo tem a ver
com o calor...
mesmo quenão pareça!
Geladeiras ou regiões geladas do planeta têm tanto a ver
com o calor quanto fornos ou desertos:
A GELADEIRA, POR EXEMPLO, É UM APARELHO DE BOMBEAR
CALOR. VOCÊ PODE VERIFICAR COMO É QUENTE A "GRADE
PRETA" ATRÁS DELA. TRATA-SE DO RADIADOR QUE
EXPULSA O CALOR TIRADO DO INTERIOR DA GELADEIRA, OU
SEJA, DOS OBJETOS QUE REFRIGERA;PARA SOBREVIVER NO PÓLO NORTE, OS ESQUIMÓS
PRECISAM DO ISOLAMENTO TÉRMICO DAS ROUPAS DE PELE
DE ANIMAIS E PRECISAM COMER ALIMENTOS COM ALTO
TEOR CALÓRICO. ALÉM DISSO, PARA ENTENDER POR QUE
OS PÓLOS SÃO TÃO FRIOS, É PRECISO SABER QUE OS RAIOS
DE LUZ E DE CALOR VINDOS DO SOL SÓ CHEGAM LÁ MUITO
INCLINADOS, E MESMO ASSIM SÓ DURANTE METADE DO
ANO...
Por falar em Sol, quando a gente olha para o céu, numa
noite de inverno, vendo aquelas estrelinhas que parecem
minúsculos cristais, perdidos na noite fria...
...pode achar difícil acreditar que cada estrelinha daquela
seja um quentíssimo "sol", cuja luz viajou milhões de anos
para chegar até nós. Se houver planetas em torno delas,
quem sabe se não haverá vida em seu sistema solar...
Quando tentamos pensar em alguma coisa que "não tem
nada a ver com o calor", é natural, por oposição, pensar
em algo frio. Na realidade, quando se diz que um objeto
está frio, é porque está menos quente que o ambiente à
sua volta, ou porque está menos quente do que a mão
que tateia o objeto.
Como veremos, a percepção de que alguma coisa "é fria"
está associada a ela estar tomando calor do ambiente ou
da mão que a toca. Da mesma forma, diz-se que alguma
coisa está quente quando está cedendo calor à mão que a
toca ou ao ambiente.
3
Além de todas as coisas estarem constantemente trocando
calor entre si e com seu meio, grande parte dos objetos
necessita de processos térmicos na sua produção.
Não só bolos e biscoitos são produzidos em fornos, mas
todos os metais, por exemplo, precisam de fornos para
ser extraídos de seus minérios, assim como para ser
fundidos e depois moldados ou, pelo menos, para ser
aquecidos antes de serem laminados,
SERÁ PRECISO FERVER O MOTOR PARA LEMBRARMOS QUE O
AUTOMÓVEL É "MOVIDO A CALOR", POIS O QUE O
EMPURRA É UM MOTOR A COMBUSTÃO INTERNA?
DA MESMA FORMA, SERÁ PRECISO FICARMOS COM FEBRE
PARA LEMBRAR QUE TAMBÉM SOMOS SISTEMAS TÉRMICOS
E QUE "NOSSO MOTOR" TAMBÉM USA COMBUSTÍVEL?
Quando nos lembramos de um combustível, qualquer
derivado de petróleo ou o álcool, por exemplo, podemos
imediatamente associar essas substâncias com a produção
de calor...
...mas nos esquecemos de que essas substâncias necessitaram
de calor, nas destilarias, para ser produzidas!
Difícil mesmo é achar alguma coisa que não precise de
calor para ser produzida.
Uma fruta,
será que é precisocalor
para produzi-la?
No motor
do automóvel, será
possível produzir o
movimento do carro,
a partir do
combustível,
mantendo o motor frio?
!
!!
!
4
Faça você mesmo...
Talvez você ainda não esteja convencido de que o calor
esteja presente em tudo no universo. Não há de ser nada,
você ainda chega lá...
VOCÊ PODERIA DAR UMA OLHADA À SUA VOLTA E DIZER QUE
COISAS, NA SUA OPINIÃO, ESTÃO MAIS DIRETAMENTE
RELACIONADAS COM O CALOR? QUAL CARACTERÍSTICA OU
QUALIDADE DESSAS COISAS AS ASSOCIA A PROCESSOS
TÉRMICOS?Veja as roupas que voce está usando ou tem guardadas.
De algodão, de lã ou outros tecidos, seus modelos, com
ou sem manga, com ou sem gola, com ou sem forro, com
ou sem botões para regular as trocas de calor...
Veja na cozinha que coisas produzem calor, que coisas
transmitem calor, que coisas extraem calor, que coisas isolam
para não perder calor. Chama, panela, cabo de panela...
Veja no banheiro. Veja na casa ou no edifício.
Veja alguns exemplos que envolvem o calor:
Água ( serve, entre outras coisas, como meio de refrigeração)
Cobertor (serve como isolante térmico,evitando maiores perdas de calorpelo corpo, em noites frias)
Dilatação (é provocada por variação detemperatura e, por isso,é basepara vários termômetros)
Ebulição (é o que acontece quando umlíquido é aquecido a ponto devirar um gás)
Tente também
fazer uma lista
de pelo menos
vinte coisas ou
situações,
explicando
uma possível
relação
com calor ou
com
temperatura
Motor doautomóvel
(que transforma calor de queimaem trabalho mecânico)
52
Esquentando os motores
e preparando a rota
Se tudo tem a ver com
calor, por onde
começar?
Calor e temperatura são a
mesma coisa? Qual leva a
qual? Qual vem primeiro?
O que é a chama?
Todo calor é energia? Todaenergia é calor? E o trabalho, o
que é?
O combustível queima e "faz
calor". Mas como é que o calor
faz trabalho?
^
6
2 Esquentando os motores e preparando a rota
Ao fim da leituraanterior, foi feitauma lista de coisasrelacionadas com ocalor e processostérmicos
É possível agruparessas coisas demuitas formasdiferentes
Serve a ordem alfabética?... gás,geladeira, queimadura... Pensandobem, acho que não!
fogo, grau celsius, secador, forno elétrico,
derretimento, geladeira, forno de microondas,
caloria, amor, resfriado, gelo, isopor, ferro quente,
cobertor, chuva, vapor, sol, chapéu, radiação,
queimadura, filtro solar, febre, lua, luz, motor, radiador,
metal, madeira, álcool, fogão, gás, chuveiro, vulcão,
água, ar, freezer, atrito, borracha, isopor, combustão,
garrafa térmica, aquecimento, gêiser, termômetro,
convecção, condução, gasolina, carvão,
liquidificador, dilatação, ventilador, evaporação,
calor, solidificação, lâmpada, bomba atômica,
dissolução, vento, condensação,
compressão dos gases, ebulição, freada, fusão,
martelada, nuvem, lagos etc. Gelo é frio, vapor é quente, mas étudo água. Como classificar? Quente efrio ou mudança de estado?
Há coisas que produzem calor, comoos combustíveis, o Sol, umaresistência elétrica. São umacategoria? Como chamá-las?
Roupas podem proteger do frio,isopor impede as trocas de calor,metais facilitam certas trocas.Isolantes/condutores térmicos etrocas térmicas são outra categoria?
7Entre as muitas classificações possíveis vamos propor uma que será usada
como roteiro para classificar a listagem de termodinâmica
É claro que muitas coisas podem ou não estar presentes em várias categorias. Por exemplo, a água serve para controlar a temperatura no motor a
explosão, troca calor com a vizinhança, muda de fase e é a substância usada na turbina a vapor. A madeira, utilizada como isolante e combustível, se
encontra na coluna de fontes e trocas de calor.
Medida e controle de
temperatura
forno
termômetro
radiação
água...
Fontes e trocas de calor
Sol
madeira
convecção
isopor
água...
Transformações
térmicas
motor
água
gases
panela de pressão...
Máquinas térmicas
geladeira
motor
turbina a vapor...
Medida e controle de temperatura
Somos capazes de sentir o calor porque temos receptores na pele
que detectam o aumento de energia térmica.
Para medir temperaturas construímos termômetros clínicos ou
industriais que se baseiam na propriedade de os materiais dilatarem
quando aquecidos.
O controle de temperatura feito pelos termostatos, que ligam e
desligam circuitos, também se baseia na dilatação.
Transformações térmicas
Na natureza encontramos água em grande quantidade: no estado
líquido, como sólido nas geleiras polares e como gás na atmosfera.
O gelo, a água e o vapor de água são estados diferentes de uma
mesma substância.
Utilizando tecnologias específicas nós provocamos mudanças de
estado nas substâncias sempre que necessário.
Transformações térmicas exercidas nos gases produzem variações
de volume e pressão.
Fontes e trocas de calor
Que o Sol é uma fonte de calor ninguém duvida. E os combustíveis?
E nós, será que também podemos nos considerar uma fonte de
calor? Como o calor do Sol chega até nós?
Sempre que algo puder ceder calor para a vizinhança pode ser
considerado uma fonte de calor. Às vezes, entretanto, precisamos
impedir as trocas de calor que ocorrem de várias maneiras. O
isopor, entre muitos outros, é um material que evita a condução
do calor.
Máquinas térmicas
Identificar um motor do carro como uma máquina térmica é
habitual. Mas, e uma geladeira? Ela resfria alimentos.
E o organismo humano, pode ser classificado da mesma forma
que um motor?
Os princípios em que se baseiam o funcionamento das máquinas
térmicas são os mesmos que regem os fenômenos naturais; eles
são universais.
8
Exercícios
1) Observando as cenas ilustradas a seguir, identifique as coisas relacionadas com calor de acordo com a sua interpretação da cena.
TODAS ESSAS COISAS "CABEM" NA CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA?
2) Relendo as páginas anteriores, tente classificar as coisas da sua lista da leitura 1, da leitura 2, das coisas da sua casa e das coisas vistas pela janela de um
ônibus.
Utilizando
uma lupa
Um curto-circuito
Empurrando um
carro
93
Medidas de
temperatura
Tanto entre as coisas naturais como entre as
produzidas ou construídas, o assunto é calor.
Como as coisas cedem e recebem calor?
A nossa pele é um
receptor para a
radiação térmica tal
como o olho é um
receptor para a luz.
Como avaliar o "quanto"
essas coisas são quentes?
10
"Todas as coisas recebem ecedem calor o tempo todo."
E QUANDO NÃO HÁ NADA ENTRE OS OBJETOS? VOCÊ JÁ
PENSOU DE QUE MANEIRA A LUZ E O CALOR DO SOL
CHEGAM ATÉ NÓS? COMO SENTIMOS O CALOR DO SOL?COMO NOS PROTEJEMOS DO SEU CALOR TÃO INTENSO?
A luz do Sol atravessa milhares de quilômetros de espaço
vazio, sem atmosfera, até chegar ao nosso planeta. Esse
processo de propagação é chamado de radiação.
Somos capazes de sentir o calor porque temos receptores
na nossa pele que são ativados quando detectam o
aumento de energia térmica.
Os receptores são órgãos microscópicos localizados na
camada mais interna da pele. São sensíveis ao toque, à
pressão, à dor e à temperatura.
Ao receber um estímulo, cada receptor específico produz
um impulso e o envia para o cérebro. É o cérebro que nos
faz sentir dor, prazer, calor etc.
Quando sentimos desconforto devido ao calor muito
intenso, nos abrigamos. Uma árvore, uma parede, um teto
bloqueiam a radiação solar.
A nossa experiência cotidiana nos mostra que quando há
um contato direto entre dois objetos, o mais quente cede
calor para o mais frio. É o que chamamos de condução
de calor.
Mesmo se não estiverem em contato direto, havendo um
fluido entre eles, geralmente o ar ou a água, também ocorre
a troca pelo movimento das moléculas.
Como na água fervente, o movimento da água aquece a
parte superior da panela também. Nesse caso dizemos que
por convecção.
Quase todos os bloqueadores da radiação térmica também
não deixam passar a luz. Mas é necessário tomar cuidado,
pois o vidro se comporta de maneira diferente em relação
à luz ou ao calor.
Os filtros solares utilizados hoje para aumentar o tempo de
exposição ao sol também são bloqueadores de radiação
solar. A nossa pele, que é um sensor térmico, necessita
dessa proteção.
Às vezes utilizamos o tato para avaliar o quanto um objeto
está quente e até mesmo o estado febril de uma pessoa.
Entretanto a nossa sensação pode nos surpreender, como
pode ser verificado na próxima atividade.
Coloque uma das mãos numa vasilha com água
quente e a outra numa vasilha com água fria. Se as
duas mãos forem colocadas posteriormente numa
terceira vasilha com água morna, essa mesma água
provocará uma sensação diferente em cada mão.
A água morna parecerá fria para a mão que estava
quente, e quente para a mão que estava fria.
SE OS NOSSOS SENTIDOS "MENTEM", O QUE PODERIA SER
USADO PARA SE QUANTIFICAR O "QUENTE" OU O "FRIO"?COMO DETERMINAR A TEMPERATURA DE UM OBJETO?
Medidas de temperatura3
O vidro bloqueia a
luz? E a radiação
térmica, o calor?
Corte da nossa pele
11
-A escala Fahrenheit
Outra escala que ainda é usada em países de lingua inglesa
é a escala Fahrenheit, em que o zero (0oF) foi escolhido
para a temperatura de um certo dia muito frio na Islândia,
e o cem (100oF) para a temperatura média corporal de
uma pessoa. Nessa escala, a temperatura de fusão do gelo
corresponde a 32oF e a temperatura de ebulição da água a
212oF. O intervalo é dividido em 180 partes, cada uma
correspondendo a 1oF.
Veja no esquema ao lado a correspondência entre as duas
escalas.
Para conseguir que termômetros diferentes marquem a
mesma temperatura nas mesmas condições, é necessário
estabelecer um padrão comum para eles; uma escala
termométrica. Na escala Celsius são escolhidas duas
referências: uma é a temperatura de fusão do gelo e a
outra é a da ebulição da água.
Essas temperaturas são tomadas como referência, pois
durante as mudanças de estado de qualquer substância a
temperatura permanece constante. Na escala Celsius o zero
é atribuido para a temperatura do gelo fundente, e o cem
para a temperatura da água em ebulição. Para completar a
definição dessa escala termométrica, é só graduar o
intervalo entre 0 e 100, em cem partes iguais, cada divisão
correspondendo a 1oC. É por isso que a escala Celsius é
uma escala centígrada. Com os termômetros clínicos
avaliamos temperaturas com precisão de até décimos de
grau. Em média, as pessoas têm sua temperatura normal
de aproximadamente 36,5oC, enquanto a 38oC já está
certamente febril.
A escala Celsius
Os termômetros que usamos para verificar a temperatura
são construídos com um fino tubo de vidro ligado a um
pequeno bulbo lacrado preenchido com mercúrio ou álcool.
Quando aquecido, o líquido se dilata e seu nível sobe no
capilar; quando resfriado, ocorre o contrário. Nos
termômetros clínicos, há um estrangulamento no capilar
para que o líquido não possa retornar, assim pode-se retirar
o termômetro e depois fazer sua leitura, sem alteração, o
que facilita o trabalho do médico. Para o líquido voltar é
preciso chacoalhar o termômetro.
Tanto o mercúrio como o álcool são líquidos que dilatam
mais do que a água, e mesmo com um pequeno
aquecimento se dilatam visivelmente mais que o vidro.
Por isso são escolhidos para a construção de termômetros.
Há propriedades dos materiais que podem ser usadas para
estabelecer e medir temperaturas, como a cor da luz emitida
pelo filamento aquecido de uma lâmpada ou a dilatação
do mercúrio dentro de um tubo de vidro.
Um efeito do aquecimento: dilatação
O piso das calçadas, os trilhos de trem, as vigas de concreto
de construções como pontes e edifícios, como tudo o mais
se dilatam. Sendo estruturas grandes e expostas ao sol,
devem ter vãos para acomodar dilatações, prevendo esse
efeito do aquecimento e evitando que provoque
rachaduras. Nas calçadas, por exemplo, essas "folgas"
costumam ser preenchidas por grama ou tiras de madeira,
em pontes são simplesmente fendas livres e em edifícios
são fendas livres ou preenchidas por fitas de borracha.
Todos os objetos sólidos, líquidos ou gasosos, quando
aquecidos, se dilatam, ou seja, aumentam de volume. Essa
propriedade dos materiais pode ser usada para medir
temperaturas.
Se fossem construídos com água, precisaríamos de um
grande volume. Imagine a inconveniência de usar um
termômetro desses para medir febre! A escala graduada
no vidro dos termômetros clínicos mede temperaturas que
vão de 350C a 410C aproximadamente.
MAS COMO ESSES VALORES SÃO ATRIBUÍDOS À ESCALA?
12
Mudando de escala...
3.1- Será que a temperatura de 100oF corresponde mesmo
à temperatura de 36,5oC, que é o valor considerado nor-
mal para a temperatura corporal?
Resolução:
Ao compararmos as duas escalas, Celsius e Fahrenheit,
buscamos uma correspondência entre seus valores a partir
do comprimento das colunas de líquido das duas escalas.
Para cada temperatura tC em graus Celsius há uma
temperatura correspondente tF em graus Fahrenheit. Para
determiná-las vamos comparar a razão entre dois segmentos
nas duas escalas.
A razão entre os segmentos para a escala
Celsius é a mesma que a razão para a escala
Fahrenheit. Portanto:
Popr meio dessa expressão você pode converter qualquer
temperatura de uma escala para outra. Convertendo a
temperatura de 100oF para a escala Celsius você encontra:
Como você vê, a pessoa cuja temperatura foi tomada como
referência estava um pouco febril naquele dia.
3.2 - A temperatura de 00 F foi tomada como referência em
um dia muito frio. Determine essa temperatura em graus
Celsius.
3.3 - Você mesmo pode elaborar uma escala termométrica.
Para isso, basta escolher um número para a temperatura
de fusão do gelo e outro para a temperatura de ebulição
da água. Em seguida, você pode relacionar a sua escala
com a escala Celsius do mesmo modo como já fizemos.
3.4 - Você encontra para comprar dois termômetros, ao
mesmo custo, que contêm a mesma quantidade de
mercúrio: um com um tubo longo e fino, e o outro com
um tubo curto e de diâmetro maior. Qual deles você
preferiria? Explique por que.
3.5 - A esterilização de instrumentos cirúrgicos, que antes
era feita em banho de vapor, hoje é feita em estufas
apropriadas. Por que não é possível esterilizar um
termômetro clínico da mesma maneira? Que método você
proporia para fazê-lo?
Exercícios t
c t
f - 32
100 180
______ _______=
tc t
f - 32
5 9
______ _______=
tc 100 - 32
5 9
______ _________=
tc 38
o
C=~
tc - 0 t
f - 32
100 - 0 212 - 32
_________ __________=
tf - 32
212 - 32
__________
tc - 0
100 - 0
_________
13
4Controle de
temperatura
Temperaturas muito altas
ou muito baixas requerem
dispositivos específicos
para seu controle.
- se for um gás, dilata muito mais.
- ele dilata de modo típico;
À nossa volta encontramos "coisas" que estão atemperaturas bastante altas, como um forno, ou muitobaixas, como o interior de um freezer. Para medir econtrolar temperaturas tão diferentes utilizamos algumaspropriedades dos materiais.
- um material aquecido emiteluz colorida ao atingir umacerta temperatura;
14
4 Controle de temperaturaO tungstênio, o ferro e outros metais, quando aquecidos,
emitem energia, que chamamos de radiação térmica.
Se a intensidade da energia emitida for próxima à da luz
visível, conseguimos "ver" a radiação.
A radiação térmica é parte de um conjunto de radiações
chamado de espectro de radiação.
No diagrama de energia abaixo, mostramos a posição das
diversas radiações do espectro.
A QUE TEMPERATURA ESTÃO AS
COISAS À NOSSA VOLTA?QUAIS DELAS ATINGEM UMA
TEMPERATURA MUITO ALTA?E UMA TEMPERATURA MUITO
BAIXA?
Um ferro elétrico, por exemplo, pode ser regulado para
passar seda, algodão ou linho, funcionando a diferentes
temperaturas.
Veja na tabela alguns valores de temperatura de algumas
regiões do nosso "universo térmico". Você vai identificar
"coisas" presentes no esquema da leitura anterior.
"Coisas" ou situações Temperatura ( C)
fotosfera solar 5700
fusão do tungstênio 3380
filamento de uma lâmpada 2500
forno metalúrgico 4000
forno doméstico 400
interior da geladeira 5
interior do congelador -5
interior do freezer -20
dia bem quente de 30 para cima
dia bem frio de 10 para baixo
Tabela 4.1
O filamento de tungstênio da lâmpada incandescente,
quando ligada, tem temperatura que varia de cerca de
200C a 25000C. Nessa temperatura o filamento emite luz.
Se você aproximar a mão de uma lâmpada incandescente
ou de um ferro elétrico, será possível afirmar se eles estão
ligados ou não, mesmo estando de olhos fechados, graças
aos receptores térmicos da pele.
Já olhando a distância, você consegue perceber se uma
lâmpada está acesa, mas não consegue perceber se um
ferro elétrico está quente ou não.
Entretanto, se você deixar um ferro elétrico ligado na
temperatura máxima durante um certo tempo num quarto
escuro, será possível "ver" a luz vermelha emitida pelo ferro
aquecido. Algo semelhante acontece nas resistências de
fornos e aquecedores elétricos.
A região das radiações visíveis engloba desde a cor
vermelha próxima às radiações térmicas até a cor violeta,
de maior energia.
A luz do Sol emitida pela sua camada exterior, fotosfera
solar, é a parte visível da radiação solar que chega até
nós. A radiação solar contém grande parte do espectro de
radiação.
Medidores e dispositivos de controle
Em função da necessidade de conforto ou até mesmo de
sobrevivência, utilizamos os diferentes materiais e suas
propriedades para controlar a temperatura de aparelhos
ou sistemas térmicos.
Se um alimento é cozido em panela com água, sabemos
que sua temperatura não ultrapassa 1000C. Se ele estiver
numa frigideira com óleo quente, sua temperatura, com
certeza, supera 1000C, pois o óleo atinge temperaturas
maiores, antes de ferver.
Será que você sabe?Responda rapidinho, qual é atemperatura:
Interior do Sol =Superfície do Sol =Interior de uma Estrela =Superfície de uma Estrela =Chocolate quente =Ar embaixo do cobertor =Água gelada =Água do banho quente =Água da piscina =Interior da Terra =Superfície da Terra =Interior da geladeira =Congelador =Freezer =Gelo seco =Nitrogênio líquido =Interior do Iglu =Cume do Everest =Verão na Antártida =Noite no deserto do Saara =Brasa de uma fogueira =
O
15
Se você estiver em regiões geladas, sabe que a temperatura
é igual ou inferior a 0oC.
Aparelhos como condicionadores de ar ou geladeiras têm
temperatura controlada por termostatos a gás, que são
dispositivos que ligam e desligam seus motores.
Quando um pedaço de ferro é aquecido, a partir de uma
certa temperatura começa a emitir luz, a princípio vermelha,
depois laranja, amarela e finalmente branca.
O funcionamento de um pirômetro óptico se baseia nessa
propriedade dos materiais. Ele possui uma lâmpada de
filamento cujo brilho pode ser aumentado ou diminuído
pelo operador do aparelho, que aciona um circuito elétrico.
A cor do filamento dessa lâmpada tomada como referência
e previamente calibrada é comparada com o interior de
um forno ou com outra lâmpada, permitindo assim, a
distância, determinar sua temperatura.
O aquecimento faz com que a espiral bimetálica se altere,
movendo o ponteiro e indicando o valor da temperatura.
Em temperaturas muito baixas o controle de temperatura
pode ser realizado com maior eficácia usando-se os
termostatos que se baseiam na expansão de um gás, como
os usados nas geladeiras, por exemplo.
Quando ocorre aumento de temperatura no interior da
geladeira, o gás contido no capilar do termostato expande,
fechando o circuito elétrico que liga o motor. Quando a
temperatura no interior da geladeira atinge o valor
preestabelecido pelo botão de regulagem, o gás se contrai,
permitindo que a pressão da mola abra o circuito elétrico
e interrompa o funcionamento do motor.
Um tipo de termostato é o construído com lâminas
bimetálicas (duas lâminas de metais diferentes firmemente
ligadas), que, quando aquecidas ou resfriadas, se dilatam
ou se contraem, encurvando-se ou endireitando-se,
abrindo ou fechando circuitos elétricos. Isso ocorre porque
cada metal tem uma dilatação típica.
Alguns medidores de temperatura usados em carros são
constituídos de uma lâmina bimetálica enrolada em forma
de espiral com mostrador. Neste caso uma das
extremidades da lâmina é fixa e a outra está acoplada a
um ponteiro.
Os filamentos das lâmpadas incandescentes, quando
emitem luz branca, estão à temperatura aproximada de
2500oC.
Par bimetálico
Para controlar temperaturas da ordem de algumas centenas
de graus, como a de fornos domésticos ou ferros elétricos,
por exemplo, são usados termostatos em sua construção.Os ferros de passar roupas ou torradeiras elétricas têm
temperatura controlada por outro tipo de termostato - uma
lâmina bimetálica que se contrai ou expande, abrindo ou
fechando um circuito elétrico.
A tabela 4.1 apresenta coisas que estão a temperaturas
muito mais altas ao lado de outras que estão a temperaturas
bastante baixas. Que tipo de termômetro pode medir a
temperatura do filamento de uma lâmpada ou da fotosfera
solar? Essas temperaturas são tão altas que os termômetros
comuns não conseguem medir, pois derreteriam. Para
medir altas temperaturas são usados pirômetros ópticos.
Pirômetro óptico
16
Quando observamos uma lâmpada incandescente,
percebemos que a luz produzida é branco-
amarelada, e dificilmente conseguimos ver outras
cores. Já a observação da chama de uma vela pode
nos revelar que a luz emitida por ela possui cores
diferentes.
Olhando para a chama de uma vela e dispondo da
tabela que relaciona cores com temperatura, você
pode avaliar a temperatura das regiões da chama.
Acenda uma vela para...1) Você pode conseguir numa oficina mecânica
ou ferro-velho um termostato de radiador de
automóvel.
Coloque-o numa vasilha com água quente para
observar a válvula se abrir.
O QUE VOCÊ ESPERA QUE ACONTEÇA
AO RETIRÁ-LO DA ÁGUA?É por esse processo que a água que circula ao
redor dos cilindros do motor depois de aquecida,
ao atingir a temperatura predeterminada, volta ao
radiador para ser resfriada e reutilizada.
2) Em oficinas de conserto de eletrodomésticos
você pode encontrar um termostato de aquecedor
elétrico. Aproximando-o e afastando-o da chama
de um isqueiro você pode perceber o "liga e
desliga" quando os metais do termostato se
aquecem e se resfriam.
Obs.: Cuidado para não se queimar e... não
desmonte o aquecedor novo de sua mãe.
Para fazer
Você agora conhece a temperatura da chama de
uma vela mas ainda não sabe responder o que é a
chama.
Calma! A gente chega lá...
CORES TEMPERATURAcastanho de 520oC a 650oCvermelho de 650oC a 1050oCamarelo de 1050oC a 1250oC
branco/azulado acima de 1250oC
17
5Calculando a
dilatação
Podemos calcular
exatamente quanto
dilata um material que
sofre aquecimento.
Os engenheiros evitam acidentes como esse ao prever asdilatações que os materiais vão sofrer, deixando folgas nos
trilhos das linhas de trem.
Nas construções civis as juntas são feitas com material que
permite a dilatação do concreto.
Observe na sua casa, escola e praças os recursos utilizados
pelos construtores para evitar rachaduras.
18
5 Calculando a dilatação
Com a leitura 15
você entenderá por
que os lagos de
regiões de inverno
rigoroso conservam
água sob o gelo.
Descarrilamento de trens e rachaduras no concreto são
alguns dos problemas que a dilatação dos materiais causam
na construção civil.
Por outro lado, é a dilatação que facilita o trabalho de um
ferreiro.
Na fabricação de rodas de carroça e barris, por exemplo,
os aros metálicos são aquecidos ao fogo e dilatados; depois
são facilmente colocados. Ao esfriar, o metal se contrai e os
aros ficam bem justos e firmes na madeira das rodas ou
dos barris.
Não são só os sólidos que se dilatam quando aquecidos.
Os líquidos dilatam-se mais que os sólidos, e os gases
mais ainda; na construção dos termômetros pode ser
utilizada substância sólida, líquida ou gasosa, dependendo
da temperatura envolvida e da precisão da medida.
Existem substâncias que se contraem ao ser aquecidas;
elas são exceções. A água, por exemplo, quando aquecida
de 0 a 4oC, se contrai, e quando resfriada abaixo de 0oC,
torna-se sólida, e nesse processo se dilata. Essa
particularidade garante que só a superfície dos lagos se
congele.
A dilatação é sempre volumétrica; as substâncias se dilatam
nas três dimensões: comprimento, largura e altura. A
propriedade de cada material se dilatar de uma maneira
típica é que permite a construção dos pares bimetálicos.
Um material dilatando-se mais que o outro provoca a
curvatura do dispositivo que liga e desliga os circuitos,
como vimos na leitura anterior.
O coeficiente de dilatação volumétrica representa
o volume dilatado (em cm3 ou m3 etc.) para uma
unidade de volume (em cm3 ou m3 etc.) inicial do
material ao ser aquecido em 1oC.
Tabela 5.1: Coeficiente de dilatação volumétrica
Pela tabela se constata que o coeficiente de dilatação da
água no estado líquido é maior do que no estado sólido.
No estado gasoso esse coeficiente é cerca de 17 vezes
maior do que no líquido.
Esse valor de coeficiente de dilatação volumétricaA tabela a seguir nos fornece o coeficiente de dilatação
volumétrica de alguns materiais. é o mesmo para todos os gases.
γvapor de água0 -1 C C= × =−6 −13663 10 1
2730
γ = −11273
0 C
Termostato
Substância T( o C) Coef. de dil. Vol. ( 0 C-1) aço 0 - 100 31,4 x 10 -6
água 20 210 x 10 -6
álcool 0 - 60 1100 x 10 -6
alumínio 20 - 100 71,4 x 10 -6
cobre 25 - 100 50,4 x 10 -6
ferro 18 - 100 34,2 x 10 -6
gelo 20 - 0 153 x 10 -6
invar (Fe, Ni) 20 2,7 x 10 -6
madeira 20 90 x 10 -6
mercúrio 0 - 100 182 x 10 -6
ouro 15 - 100 42,9 x 10 -6
prata 15 - 100 56,7 x 10 -6
superinvar (Fe, Ni, Cr) 20 0,09 x 10 -6
tungstênio 20 12 x 10 -6
vidro comum 0 - 100 27 x 10 -6
vidro pirex 20 - 100 9,6 x 10 -6
v
P
19
Caso você tenha um fio bem fino e longo, por exemplo, e
queira calcular a dilatação de seu comprimento, considere
que a dilatação em uma só dimensão depende de um
coeficiente de dilatação linear equivalente a 1/3 do valor
encontrado na tabela, que é de dilatação volumétrica.
Assim, a dilatação linear é calculada pela relação:
A dilatação volumétrica (∆∆∆∆∆V) sofrida por uma substância
de coeficiente de dilatação volumétrica γγγγγ é
proporcional ao produto do volume inicial (Vo) e da
variação de temperatura (∆∆∆∆∆T). Matematicamente
podemos representar a dilatação e o coeficiente de
dilatação volumétrica como:
Às vezes só nos interessa a dilatação de uma superfície do
material. Nesse caso levamos em conta duas dimensões e
utilizamos o coeficiente de dilatação superficial, que é
equivalente a 2/3 do coeficiente de dilatação volumétrico.
A equação pode ser escrita da seguinte forma:
Onde:
∆L = variação do comprimento
Lo
= comprimento inicial
∆T = variação de temperatura
α = coeficiente de dilatação linear
A DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA É DIRETAMENTE PROPORCIONAL
AO VOLUME INICIAL E À VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
Inverno Verão
Os vãos deixados em
construções ficam
maiores no inverno
Onde:
β = coeficiente de dilatação superficial
∆S = variação da área
So= área inicial
∆T = variação de temperatura
É um problema deadaptação???
1) Ao lavar pratos e copos, você verifica que às vezes um
copo fica "grudado" dentro de outro, não sendo possível
separá-los facilmente. Sugira um método simples de fazê-
los soltar um do outro sem perigo de quebrá-los.
2) Quando é que o pistão de alumínio do seu carro se
adapta mais justamente ao cilindro de aço: quando ambos
estão quentes ou quando ambos estão frios? Explique.
3) A platina é o metal utilizado para confecção de amálgama
dentário. Seu coeficiente de dilatação volumétrico é 27 x
10-6 0C-1. Compare esse coeficiente com o dos demais metais
e discuta o porquê dessa escolha.
∆V = γ Vo ∆T γ = ∆V
Vo ∆T
→ ∆S = β So ∆T β = ∆S
So ∆T
→
∆L = α Lo ∆T α = ∆L
Lo ∆T
→
20
Resolução:
Antes de tudo vamos expressar o volume de 1litro em
mm3.
1 l = 1 dm3 e 1 dm = 102 mm
Portanto:
1 l = 1 dm3 = (102)3 mm3 = 106 mm3
Como: ∆V = γ Vo ∆T
∆Vágua
= 106 x 210 x 10-6 x 10 = 2.100 mm3
∆Válcool
= 106 x 1.100 x 10-6 x 10 = 11.000 mm3
Como a área da secção reta do capilar é de 1 mm2, a
altura h é numericamente igual ao volume.
Assim, a altura da coluna de água vale 2.100 mm = 2,10 m
e a de álcool vale 11.000 mm = 11 m.
Imagine o transtorno se você quisesse medir febre com
um termômetro desses!
5.3- Um mecânico pretende soltar uma porca de invar
(liga de ferro com níquel) de um parafuso de ferro. Qual
deve ser o procedimento do mecânico se a porca estiver
emperrada?
5.4- Um posto recebeu 5.000 litros de gasolina num dia
em que a temperatura era de 350C. Com a chegada de
uma frente fria, a temperatura ambiente baixou para 150C,
assim permanecendo até que a gasolina fosse totalmente
vendida. Sabendo-se que o coeficiente de dilatação da
gasolina é 1,1 x 10-3 0C-1, calcule em litros o prejuízo sofrido
pelo dono do posto.
5.5- Explique por que travessas de vidro comum não
podem ir ao forno e as de vidro refratário (como o Pirex)
podem.
Como a dilatação linear prevista é ∆L = 10 cm , o
coeficiente de dilatação linear é α = 10,5 x 10-6 oC-1 e o
comprimento é L0 = 100 m = 104 cm, teremos:
Como você pode ver, o engenheiro foi previdente até
demais.
5.2- Você dispõe de um litro de água e outro de álcool
dotados de tubos capilares de 1mm2, bem longos
colocados nas rolhas.
1 x 31,5 x 10-6 = 10,5 x 10-6 oC-1
3
Exercícios
5.1- Um prédio de 100 m, com uma estrutura de aço, tem
um vão de 10 cm previsto pelo engenheiro. Que variação
de temperatura esse vão permite sem risco para o prédio?
Resolução:
O coeficiente de dilatação volumétrica do aço é:
Considerando apenas a dilatação do comprimento da
estrutura, usaremos o coeficiente de dilatação linear que
vale:
Portas de armário que
ficam "emperradas" no
verão abrem sozinhas no
inverno
Inverno Verão
31,5 x 10-6 oC-1
∆T = = = 95oC∆L 10
L0 α 104 x 10,5 x 10-6
~
Sabendo que os coeficientes de dilatação da água e do
álcool valem respectivamente: γágua
= 210 x 10-6 oC-1 e
γálcool
= 1.100 x 10-6 oC-1, determine a altura da coluna
de cada líquido quando a variação de temperatura for de
10oC.
21
6 Sol: a fonte da
vida
A energia:
na fotossíntese
e na respiração.
O capim precisa de luz e calor do Sol.
O gado come o capim.
Você se alimenta das plantas e do gado.
Você inspira o oxigênio fornecido pela planta.
Você libera o gás carbônico e o calor de que aplanta necessita...
22
6 Sol: a fonte da vidaa reprodução etc. Esse processo de liberação de energia,
análogo ao de queima, é a respiração.
material orgânico + oxigênio CO2 + H
2O + energia
Luz do Sol
Que a folha traga e
traduz...
Em verde novo.
A música do Caetano Veloso
conta um fenômeno que
acontece no planeta há
muitos milhões de anos.A fotossíntese é o processo através do qual os vegetais
produzem o combustível indispensável para a vida da
planta, do homem e de outros animais.
Os vegetais necessitam da luz solar, absorvendo a energia
em reações químicas e armazenando-a em ligações
químicas. É na fotossíntese realizada pelas plantas que
ocorre o primeiro e principal processo de transformação
de energia no ambiente terrestre.
Os vegetais que possuem clorofila absorvem energia solar
e gás carbônico do ar e realizam reações químicas,
produzindo material orgânico como açúcares, gorduras e
proteinas, e liberam oxigênio.
A reação química que ocorre na fotossíntese poderia ser
esquematizada da seguinte forma:
H2O + CO
2 + luz material orgânico + oxigênio
Fotossíntese e a vida animal
As pessoas e os animais também necessitam de energia
para sua sobrevivência e suas atividades. Não produzimos,
como as plantas verdes, a energia interna que
armazenamos.
Ao ingerirmos o alimento proveniente das plantas, parte
das substâncias entra na constituição celular e parte fornece
a energia necessária às nossas atividades, como o crescimento,
A quantidade de energia contida em um alimento é medida
pela energia obtida em sua queima. Se queimarmos a
mesma quantidade de pão e amendoim para aquecermos
uma mesma quantidade de água, ao medirmos a
temperatura da água perceberemos, no final da queima,
que ela ficará mais aquecida quando utilizamos o amendoim
como combustível.
O amendoim libera mais energia na queima por conter
menor quantidade de água e por possuir substâncias mais
calóricas que o pão.
Essa energia é proveniente da reação de queima dos
alimentos retirados do meio ambiente, por exemplo das
plantas verdes ou de animais como o gado, que come as
plantas verdes.
A energia dos alimentos
→
→
23
Alimentos Porções (100g) Energia (kcal)
leite de vaca cru meio copo 63
queijo brancofresco
uma fatia 243
pão duas unidades 269
ovo duas unidades 163
carne de vaga(magra)
um bife 146
peixe de mar frito dois filés 371
arroz cozido 3 colheres (sopa) 167
feijão cozido 5 colheres (sopa) 67
mamão uma fatia 32
coca-cola meio copo 39
batata frita 2 unidades 274
Felizmente não precisamos fazer esta atividade sempre que
quisermos saber o poder energético de um alimento.
Encontramos tabelas que nos fornecem essas informações.
Na tabela 6.1, por exemplo, estão especificados os teores
de energia expressos em quilocalorias (kcal) por 100 g de
alimento.
1 kcal = 1.000 cal = 1 Cal
A energia dos alimentos representava para o homem
primitivo a quase totalidade do seu consumo energético,
pois ele, além de consumir os alimentos, só usava a energia
do fogo.
Situação muito diferente acontece no mundo moderno.
Só 5% do que o cidadão urbano consome atualmente
corresponde à energia dos alimentos para sua subsistência.
A maior parte provém dos combustíveis dos veículos, da
energia elétrica para iluminar, tomar banho, aquecer e
resfriar e da energia para a produção dos bens que ele
utiliza.
1 caloria é definida como a quantidade de
calor necessária para elevar em 1ºC a
temperatura de 1 grama de água no estado
líquido.
Tabela 6.1: Energia fornecida pelos alimentos
Devido ao nosso próprio metabolismo, absorvemos
quantidades variadas de energia ingerindo os mesmos
alimentos que outras pessoas. A perda de energia ao realizar
as mesmas atividades também é uma característica pessoal,
dependendo do tamanho corporal e da eficiência dos
movimentos.
Consumimos em média cerca de 3.500 kcal de alimentos
diariamente.
O conhecimento da quantidade de energia liberada pelos
alimentos no organismo é de interesse de médicos e
nutricionistas, uma vez que a alimentação com excesso ou
deficiência de calorias pode levar à obesidade, a doenças
vasculares ou à subnutrição.
EXPERIMENTE CALCULAR A QUANTIDADE DE ENERGIA
FORNECIDA PELOS ALIMENTOS QUE VOCÊ INGERIU
HOJE
As tabelas de dieta fornecem o valor de energia do alimento
em grande caloria (Cal) em lugar de quilocaloria (kcal).
Neste caso, 1 Cal (caloria médica) corresponde a 1 kcal em
Física.
É possível se fazer um balanço entre a energia fornecida
pelos alimentos e a energia consumida por uma pessoa
durante um determinado tempo em suas atividades diárias.
g)
refrigerante
24
O ciclo do carbono
Na grande quantidade de transformações que ocorrem na
Terra, a fotossíntese, a respiração e a decomposição, além
de promoverem uma circulação da energia proveniente
do Sol, também são responsáveis pela circulação de um
importante elemento químico, o carbono.
O gás carbônico dissolve-se nas águas oceânicas e entra
em contato com os íons de cálcio que vão sendo
depositados lenta e continuamente no fundo dos oceanos.
Ao longo de milhões de anos esses materiais originam
rochas como o calcário ou o mármore.
Os esqueletos e carapaças dos seres marinhos como
lagostas, caranguejos, corais, mariscos etc. são constituídos
de carbonato de cálcio, a mesma substância que constitui
o mármore.
Esses animais retiram o gás carbônico e os íons de cálcio
diretamente da água do mar e, quando morrem, também
vão contribuir para a formação de carbonato, que poderá
formar rochas.
A atmosfera, os vegetais, os animais e os oceanos são
verdadeiros reservatórios de carbono do nosso planeta, e
os átomos de carbono migram de um reservatório para
outro, através dos processos intimamente relacionados,
como a fotossíntese, a respiração e decomposição,
constituindo o ciclo do carbono.
Veja a figura apresentada a seguir:
Confira se você se alimenta bem do ponto de vista
energético fazendo um balanço.
Verifique quanta energia você gasta durante um dia inteiro.
Quanta energia você consome no mesmo tempo? Você
queima todas as calorias ingeridas?
Certas dietas alimentares fixam em 1.500 Calorias ( ou seja,
1.500 kcal de energia) o consumo energético diário visando
uma gradual perda de peso de pessoas com alguns quilos
a mais.
Consulte a tabela 6.1 e proponha um cardápio
energeticamente balanceado de um dia para essa dieta.
Balanço energético
Diariamente ingerimos alimentos cuja energia é utilizada
na realização de nossas atividades.
Veja na tabela ao lado a taxa de utilização de energia
medida em quilocalorias por hora em algumas atividades.
Tabela 6.2
dormir
ficarsentado
assistir àaula ouestudar
trabalhar
ficar empé
andar
78 kcal/h
108 kcal/h
180 kcal/h
180 kcal/h
120 kcal/h
228 kcal/h
25
7O Sol e os
combustíveis
A lenha.
O carvão mineral.
O petróleo.
O álcool de cana.
De onde vem essa
energia?
Animais e plantas soterrados ao longo de bilhões de anos se
transformaram em combustíveis fósseis.
Na queima da lenha, do petróleo, do álcool de madeira ou
de cana, transformamos energia química em térmica, que
pode ser transformada em energia de movimento.
26
7 O Sol e os combustíveis.As plantas, ao realizarem a fotossíntese, garantem a
produção de matéria orgânica e do oxigênio do ar
necessários à vida animal.
Ao morrer, tanto as plantas como os animais se decompõem
muito rapidamente. Ao longo de bilhões de anos, muitos
organismos foram soterrados por areia ou lama e submetidos
a intensas pressões, sofrendo um processo de fossilização.
A gasolina, o óleo diesel e outros derivados do petróleo
são formados por fósseis vegetais e animais, assim como os
alimentos, a lenha e o carvão vegetal produzidos pelas
plantas são resultados da transformação de energia
proveniente do Sol através da fotossíntese, em energia
química de ligação, principalmente do carbono e do
hidrogênio.
A pergunta que fica é: que origem tem a energia solar?
Essa energia, também chamada energia radiante, é
resultado da fusão nuclear que se dá no processo de
evolução das estrelas.
No caso do Sol, por exemplo, o tipo de fusão nuclear que
ocorre faz com que núcleos de hidrogênio se juntem para
compor núcleos mais complexos, como o de hélio.
Para a fusão nuclear ser possível é preciso uma temperatura
altíssima, de milhões de graus. Qual a origem inicial dessa
temperatura? Que fonte de energia a promove? Nova
surpresa: é a energia gravitacional. Estrelas, como o Sol,
se formam pela autocompactação gravitacional de grandes
nuvens cósmicas que "caem sobre si mesmas" . Nesse
processo a energia potencial gravitacional se transforma
em energia cinética, térmica, garantindo a alta
temperatura, essencial à fusão nuclear.
Será que todas as fontes de energia que existem
dependem da energia proveniente do Sol? Uma das
fontes de energia no nosso planeta que não tem origem
solar é a energia de fusão e fissão nuclear, usadas
respectivamente nas terríveis bombas A e H e nas
controversas usinas nucleares.
Carvão mineral: um
combustível fóssil
Os combustíveis fósseis
são reservas da energia
solar produzidas no
passado
O Sol é o responsável
por quase toda a
energia que
utilizamos
Tanto a hidroeletricidade como a energia dos ventos e as
combustões de todos os tipos dependem da radiação solar,
seja para a evaporação da água, seja para a circulação de ar
ou para a fotossíntese, que garante a formação dos
combustíveis.
O Sol e a energia que utilizamos
Os motores de automóveis e de outros veículos e as turbinas
de aviões necessitam de uma fonte de energia para a
produção do movimento. A energia necessária é
proveniente da queima de combustíveis como a gasolina,
o álcool, o óleo diesel ou o querosene.
27
gás de cozinha + oxigênio CO2 + H
2O + calor
O combustível mais utilizado nos fornos e fogões é o GLP
(gás liquefeito de petróleo), contido em botijões de gás,
que, ao ser liberado, entra em contato com o oxigênio do
ar e, na presença de uma centelha, transforma energia
química em energia térmica. Esse processo recebe o nome
de combustão.
Combustível Calor decombustão(kcal/kg)
álcool etílico(etanol)*
6400
álcool metílico(metanol)**
4700
carvão vegetal 7800
coque 7200
gás hidrogênio 28670
gásmanufaturado
5600 a 8300
gás natural 11900
gasolina 11100
lenha 2800 a 4400
óleo diesel 10900
petróleo 11900
querosene 10900
TNT 3600
Tabela 7.1
* é obtido de cana-de-açúcar,
mandioca, madeira. Utilizado
como álcool combustível em
veículos no Brasil.
** é obtido de carvão, gás
natural, petróleo.
A combustão, presente tanto nos aparelhos residenciais
como nos veículos, libera energia para o meio,
aquecendo-o. Essa energia, conhecida como calor,
depende do combustível usado e do seu fluxo.
Em todos esses processos em que ocorrem trocas de calor,
os sistemas mais quentes aquecem os mais frios. Dessa
forma, "fonte de calor" é qualquer sistema que esteja mais
quente que sua vizinhança. O grau de aquecimento de
um objeto é caracterizado numericamente por sua
temperatura, ou seja, quanto mais aquecido, maior sua
temperatura.
Sistemas que estejam em contato sempre interagem
termicamente na troca de radiação ou na colisão entre
suas partículas. Quando na mesma temperatura, há equilíbrio
térmico, sem ganho ou perda de energia.
A quantidade de calor liberada durante a
queima completa de uma unidade de massa da
substância combustível é denominada calor de
combustão.
A tabela 7.1 fornece o calor de combustão de alguns
combustíveis em kcal/kg.
MAS QUAL O SIGNIFICADO DESSA UNIDADE DE MEDIDA?
Uma maneira de medirmos energia é compararmos a
quantidade utilizada em determinada situação com a
quantidade de energia necessária para elevar a temperatura
de 1 grama de água em 1oC, que chamamos caloria.
Considerando que 1 kcal é igual a 1.000 calorias, quando
o calor de combustão de um determinado combustível for
igual a 1 kcal/kg, significa que em 1 kg de combustível
serão liberadas 1.000 cal de energia durante a combustão.
O valor do calor de combustão nos permite comparar a
quantidade de calor liberada por massas iguas de diferentes
combustíveis.
OS MATERIAIS QUE QUEIMAM QUANDO EM CONTATO COM O AR
E UMA CENTELHA SÃO CHAMADOS COMBUSTÍVEIS, E O
PROCESSO DE QUEIMA É CONHECIDO COMO COMBUSTÃO
Existem combustíveis que não precisam de uma centelha
para iniciar a combustão. O palito de fósforo é um exemplo
desse tipo. Neste caso, o atrito com o material da caixa é
suficiente para fazer o palito pegar fogo.
Os fornos, fogões e aquecedores em geral têm o
funcionamento baseado na queima de um combustível.
Quando utilizamos combustíveis como gasolina, álcool,
carvão, lenha, gás natural e outros, estamos transformando
energia química em energia térmica.
Temperaturas diferentes resultam em efetiva variação de
energia, levada de um sistema para outro. Por isso se
define calor como sendo a energia transferida devido
a diferenças de temperatura.
→
Calor decombustão(kcal/kg)
28
Só produzimos calor por meio da
queima?
Existem outras situações em que ocorrem transformações
de energia térmica e o aquecimento também se encontra
presente. As freadas, o esfregar das mãos, a compressão
do ar pelas bombas de bicicleta e as marteladas, que
envolvem processos tais como atrito, compressão dos gases
e choques mecânicos, são algumas dessas situações. Nestes
casos, ocorre um aquecimento localizado que constitui uma
fonte de calor em relação à sua vizinhança.
Por outro lado, temos a sensação de frio quando saímos de
uma piscina. Isso acontece porque as gotículas de água,
em contato com o nosso corpo, retiram calor dele ao
evaporar.
Podemos perceber a liberação de calor numa situação em
que umedecemos um pano com álcool e depois o
colocamos na água. A dissolução do álcool na água se
constitui numa fonte de calor que vai aquecer a vizinhança,
no caso a nossa mão.
ALÉM DESSES É POSSÍVEL TERMOS OUTROS PROCESSOS NOS
QUAIS OCORRE AQUECIMENTO E EM QUE ALGUMA "COISA"FUNCIONA COMO FONTE DE CALOR?
Outro modo de produção de calor é por meio da corrente
elétrica que circula em alguns tipos de fio. Este se aquece
a ponto de emitir luz, como é o caso do tungstênio do
filamento das lâmpadas ou do níquel-cromo dos chuveiros,
aquecedores de ambiente, fornos ou ferros elétricos.
O conhecimento dos valores de energia fornecidos por
cada combustível é importante para o dimensionamento
dos queimadores e, em geral, para o planejamento,
construção e uso dos fogões e outros aquecedores.
7.1 - Consulte a tabela 7.1 e responda:
a) Indique o combustível que libera maior quantidade de
calor por unidade de massa.
b) Compare as quantidades de calor liberadas pela mesma
massa de TNT e gasolina.
c) Qual a relação entre as massas de gasolina e de álcool
para a liberação da mesma quantidade de calor?
d) Pesquise o preço de um quilograma de álcool e de um
quilograma de gasolina. Estabeleça a razão entre custo e
energia liberada para cada um deles. Essas razões são
iguais?
7.2 - É comum percebermos que a água de uma moringa
é mais fresca do que a de uma garrafa de vidro. Explique
por que existe essa diferença.
7-3 - Pode-se cortar um arame exercendo nele movimentos
de "vaivém" repetidas vezes. Explique essa operação por
meio da transformação de energia.
7.4 - Quando alguns veículos descem uma serra longa e
íngreme, é comum sentirmos "cheiro de queimado" . Você
é capaz de explicar esse fato? O que acontece nessa
situação?
Exercícios
29
8Calor e conforto
O calor do Sol chegando
até nós.
Como o calor se propaga
nas situações cotidianas?
As trocas de calor que
ocorrem numa cozinha.
De toda a energia do Sol que chega à Terra, 30% é refletida nas camadas
superiores da atmosfera.
Os 70% restantes são absorvidos pelo ar, água, solo, vegetação e animais.
Essa energia, que garante a existência de vida na Terra, é trocada entre todos os
elementos e retorna para o espaço como radiação térmica.
O homem utiliza a tecnologia para trocar calor com o meio ambiente de umamaneira confortável.
30
8 Calor e conforto
O CALOR FLUI
ESPONTANEAMENTE DE
UMA FONTE QUENTE PARA
UMA FONTE FRIA.
O CALOR SE PROPAGA NO AR, NA ÁGUA, NO SOLO E NOS
OBJETOS ATRAVÉS DE UM MEIO MATERIAL
Parte dessa energia (30%) é refletida diretamente nas altas
camadas da atmosfera e volta para o espaço.
Cerca de 46,62% dessa energia aquece e evapora a água
dos oceanos e rios; 16,31% aquecem o solo; 7% aquecem
o ar e 0,07% é usada pelas plantas terrestres e marinhas na
fotossíntese.
A luz e o calor do Sol quando chegam até nós já
percorreram 149 milhões de quilômetros atravessando o
espaço vazio, o vácuo, pois a camada atmosférica que
envolve a Terra só alcança cerca de 600 km.
Esse processo de propagação de calor que não necessita
de um meio material é a irradiação.
O Sol irradia energia em todas as direções. De toda a energia
liberada pelo Sol, só 1,4 bilionésimo chega até a Terra.
Geralmente um objeto é aquecido por mais de um processo
ao mesmo tempo. Numa cozinha você encontra várias fontes
de calor e situações de troca interessantes. Faça a próxima
atividade.
O ar em contato com o solo aquecido atinge temperaturas
mais altas do que a das camadas mais distantes da
superfície. Ao aquecer ele se dilata e passa a ocupar um
volume maior; tornando-se menos denso, ele sobe. Em
contato com o ar mais frio, perde calor, se contrai e desce.
O deslocamento do ar quente em ascensão e de descida
do ar frio, as chamadas correntes de convecção, constituem
um outro processo de propagação de calor, a convecção.
Esse processo ocorre no aquecimento de líquidos e gases.
Nos sólidos o calor é conduzido através do material. É
devido à condução de calor através do metal que o cabo
de uma colher esquenta quando mexemos um alimento
ao fogo.
Toda a energia solar
absorvida na Terra acaba
sendo reemitida para o
espaço como radiação
térmica.
31
A cozinha: um bom laboratório de Física Térmica
Ao entrar numa cozinha em funcionamento você se depara com algumas fontes de calor e um ambiente aquecido. Relacione essas fontes.
Analise as situações em destaque
1- Quando se aquece água em uma vasilha de alumínio, há formação
de bolhas de ar que sobem, enquanto outras descem. Se você colocar
serragem na água esse fenômeno ficará mais evidente.
- Quais os processos de propagação de calor envolvidos nessa situação?
- Se colocarmos uma pedra de gelo na água fria, poderemos observar
as correntes de convecção?
2- Quando colocamos a mão ao lado e abaixo de uma panela que foi
retirada do fogo, sentimos a mão aquecida.
- A que processo de propagação de calor você atribui o aquecimento
da mão?
3- Como se dá a propagação do calor do forno para o ambiente?
- Compare a temperatura dos armários localizados próximos ao chão
com a dos localizados no alto. A que você atribui essa diferença de
temperatura?
4- Observe uma geladeira.
Será que o congelador tem de estar sempre na parte de cima? Por
quê? E as prateleiras, precisam ser vazadas? Por quê?
5- Quando você coloca uma travessa retirada do forno sobre uma
mesa utilizando uma esteira, qual o processo de troca de calor que
você está evitando?
6- Investigue as diferentes panelas e as travessas que vão ao forno e
para a mesa. Faça uma lista dos diferentes materiais que encontrou.
32
Dicas da cozinha:
Na cozinha de sua casa, os fornos atingem temperaturas
de cerca de 400oC. Nas indústrias metalúrgicas a
temperatura dos fornos é muito maior, da ordem de
1500oC, mas os processos de propagação de calor são os
mesmos.
Ao aquecer a água, a serragem deve ter ajudado a
evidenciar as correntes de convecção. A camada inferior
de água é aquecida por condução, pelo alumínio da
panela. A água aquecida se dilata e sobe, sendo que a
água da camada superior, mais fria, se contrai e desce.
Também observamos as correntes de convecção esfriando
a camada superior da água com uma pedra de gelo.
É para facilitar a convecção do ar que as prateleiras das
geladeiras são vazadas. O ar quente sobe, resfria-se em
contato com o congelador, sempre localizado na parte de
cima da geladeira, se contrai e desce, resfriando os
alimentos.
A temperatura mais elevada dos armários superiores da
cozinha são também uma conseqüência da convecção do
ar. O ar quente sobe e permanece em contato com eles.
É para evitar a condução do calor que usamos uma esteira
entre a vasilha aquecida e a mesa, que queremos
preservar.
Você deve ter ficado em dúvida ao colocar a mão ao lado
e abaixo da panela. Quando colocada abaixo da panela, a
mão não poderia ser aquecida por convecção, pois o ar
quente sobe.
Neste caso, a propagação do calor se deu por condução
através do ar ou por irradiação? Afinal, o piso da cozinha
se aquece devido à condução do calor do forno e da chama
do fogão pelo ar ou por irradiação?
Para responder a essas questões vamos procurar mais
informações sobre a condução do calor pelos materiais.
Numa cozinha há uma grande variedade deles, como você
deve ter observado. Esses novos dados vão responder a
outras questões relativas aos materiais utilizados em
cozinhas, indústrias, moradias e roupas.
Exercício:
8.1- Para observar correntes de convecção um aluno
mergulhou um ou dois objetos de alumínio aquecidos (cerca
de 100oC) num balde com água em temperatura ambiente,
em várias posições.
Relacione cada uma das situações ilustradas com a
respectiva corrente de convecção que deve ter sido
observada.
33
9Transportando
o calor
Utensílios.
Material de Construção.
Roupas.
Isolantes ou Condutores?
Um cobertor de lã é "quente"?Ele produz calor?
Por que o cabo de panelasnormalmente não é feito demetal?
Por que sentimos um piso deladrilho mais frio do que um demadeira, apesar de ambosestarem à temperaturaambiente?
34
9 Transportando o calorTabela 9.1
Encontrar o material adequado para um uso específico pode
ser uma tarefa simples, como escolher um piso frio para
uma casa de praia, ou mais complexa, como definir a
matéria-prima das peças de máquinas térmicas.
É importante na escolha de materiais levarmos em conta o
seu comportamento em relação à condução térmica. Para
isso comparamos esses materiais segundo o seu
coeficiente de condutividade, que indica quantas calorias
de energia térmica são transferidas por segundo, através
de 1 cm do material, quando a diferença de temperatura
entre as extremidades é de 1oC.
A tabela 9.1 nos permite comparar a condutividade de
alguns materiais sólidos. Traz também o coeficiente de um
líquido (a água) e de um gás (o ar) com os quais trocamos
calor constantemente.
Sendo o coeficiente de condutividade do ar muito baixo,
como mostra a tabela, podemos afirmar que o calor quase
não se propaga através do ar por condução. Quando
sentimos o calor ao colocar a mão abaixo de uma panela
O cabo de panelas geralmente de madeira ou de material
plástico (baquelite) permanece a uma temperatura bem
menor que a panela aquecida, o que nos permite retirá-la
do fogo segurando-a pelo cabo.
Ao tocarmos um piso de madeira, temos a sensação de
que este é mais quente que o piso de ladrilho. O pé e o
ladrilho trocam calor muito mais rapidamente do que o pé
e a madeira. A madeira é um mau condutor de calor. Os
maus condutores de calor são chamados de isolantes
térmicos.
quente, a propagação não poderia ter ocorrido por
convecção, pois o ar quente sobe, nem por condução,
pois ela é muito pequena, tendo sido portanto irradiado.
A tabela 9.1 nos mostra também que os metais e as ligas
metálicas são bons condutores de calor.
Ser um bom condutor de calor, entre outras propriedades,
faz com que o aço, o ferro e o alumínio sejam a matéria-
prima das peças de máquinas térmicas, como o motor de
carros. Nesses motores a combustão, o calor interno devido
à explosão do combustível é muito intensa e deve ser
rapidamente transferido para o meio ambiente, para evitar
que as peças se dilatem e até mesmo se fundam.
MAS, AFINAL, COMO É QUE ACONTECE A CONDUÇÃO DE
CALOR NOS DIVERSOS MATERIAIS? EXISTE UMA DIFERENÇA
ENTRE A CONSTITUIÇÃO DO ALUMÍNIO À TEMPERATURA
AMBIENTE OU DO ALUMÍNIO AQUECIDO?Não podemos ver como as substâncias são constituídas,
nem mesmo com microscópios potentes, mas podemos
imaginar como elas são fazendo um "modelo" baseado em
resultados experimentais.
Como são constituídos os materiais?
Um modelo proposto pela comunidade científica é o que
supõe que todas as substâncias são formadas por pequenas
porções iguais chamadas moléculas. As moléculas diferem
umas das outras, pois podem ser constituídas por um ou
mais átomos iguais ou diferentes entre si.
S u b s t â n c i a s
arfibra de vidropoliestirenoamiantomadeiracortiçacerâmicaáguaconcretogelo (a 0°C)vidrotijolomercúriobismutochumboaçoferrolatãoalumínioantimônioourocobreprata
Coeficiente decondutividade
térmica(cal/s.cm.°C
[20°C])
0,006 x l0 -3
0,0075 x l0 -3
0,0075 x l0 -3
0,02 x l0 -3
0,02 x l0 -3
0,04 x l0 -3
0,11 x l0 -3
0,15 x l0 -3
0,2 x x l0 -3
0,22 x l0 -3
0,25 x l0 -3
0,3 x l0 -3
1,97 x l0 -3
2,00 x l0 -3
8,30 x l0 -3
11,00 x 10 -3
16,00 x l0 -3
26,00 x l0 -3
49,00 x l0 -3
55,00 x l0 -3
70,00 x l0 -3
92,00 x l0 -3
97,00 x l0 -3
35
Os átomos do alumínio formam uma estrutura regular
chamada de rede cristalina.
Neste modelo de sólido cristalino as moléculas não ficam
paradas, e sim oscilam. Essa oscilação é mais ou menos
intensa, dependendo da temperatura do material.
Os átomos do alumínio de uma panela aquecida vibram
mais do que se estivessem à temperatura ambiente. Os
átomos que estão em contato com a chama do fogão
adquirem energia cinética extra e vibram mais
intensamente, interagem com os átomos vizinhos que,
sucessivamente interagem com outros, propagando o calor
por toda a extensão da panela. É dessa forma que o nosso
modelo explica a propagação do calor por condução.
Cada material é formado por átomos e moléculas que o
caracterizam. No caso do alumínio que está no estado sólido,
os átomos estão próximos uns dos outros e interagem entre
si. Esses átomos não mudam de posição facilmente, e por
isso os sólidos mantêm a forma e o volume.
Em materiais em que as moléculas interagem menos umas
com as outras a condução do calor é menos eficiente. É o
caso do amianto, da fibra de vidro, da madeira. Veja que
isso está de acordo com os valores dos coeficientes de
condutividade da tabela 9.1.
Assim como os sólidos, os líquidos e os gases também são
formados por moléculas; porém, essas moléculas não for-
mam redes cristalinas. Isso faz com que a propagação do
calor nos líquidos e nos gases quase não ocorra por
condução.
Num líquido, as moléculas se movimentam mais livremente,
restritas a um volume definido, e a sua forma varia com a
do recipiente que o contém. Nesse caso, o calor se
propaga, predominantemente, através do movimento de
moléculas que sobem quando aquecidas e descem quando
resfriadas, no processo de convecção.
Nos gases, as moléculas se movimentam ainda mais
livremente que nos líquidos, ocupando todo o espaço
disponível; não têm forma nem volume definidos. A
convecção também é o processo pelo qual o calor se
propaga, predominantemente, nos gases.
Escolhendo os materiais
Em lugares onde o
inverno é rigoroso, as
paredes são recheadas de
material isolante e os
encanamentos de água
são revestidos de
amianto, para evitar
perdas de calor por
condução e convecção
Dependendo das condições climáticas de um lugar, somos
levados a escolher um tipo de roupa, de moradia e até da
alimentação.
Roupa "quente" ou "fria"? Mas é a roupa que é quente?
Uma roupa pode ser fria?
O frio que sentimos no inverno é devido às perdas de
calor do nosso corpo para o meio ambiente que está a
uma temperatura inferior.
A roupa de lã não produz calor, mas isola termicamente o
nosso corpo, pois mantém entre suas fibras uma camada
de ar. A lã que tem baixo coeficiente de condutividade
térmica diminui o processo de troca de calor entre nós e o
ambiente. Esse processo deve ser facilitado no verão, com
o uso de roupas leves em ambiente refrigerados.
Nos sólidos a irradiação
do calor ocorre
simultaneamente à
condução
Nos líquidos e nos gases
a condução e irradiação
de calor também ocorrem
simultaneamente à
convecção
36
Como trocamos calor com o
ambiente?
Apesar de perdermos calor constantemente, o
nosso organismo se mantém a uma temperatura
por volta de 36,5oC devido à combustão dos
alimentos que ingerimos.
Quanto calor nós perdemos? Como perdemos
calor?
Os esportistas sabem que perdemos mais calor,
ou seja, gastamos mais energia, quando nos
exercitamos.
Um dado comparativo interessante é que quando
dormimos perdemos tanto calor quanto o irradiado
por uma lâmpada de 100 watts; só para repor
essa energia, consumimos diariamente cerca de
1/40 do nosso peso em alimentos.
Você já observou que os passarinhos e os
roedores estão sempre comendo?
Por estar em constante movimento, esses animais
pequenos necessitam proporcionalmente de mais
alimentos que um homem, se levarmos em conta
o seu peso.
9.4 - No livro No País das Sombras Longas, Asiak,
uma personagem esquimó, ao entrar pela primeira
vez numa cabana feita de troncos de árvores num
posto de comércio do Homem Branco, comenta:
"Alguma coisa está errada, em relação ao Homem
Branco. Por que ele não sabe que um iglu
pequeno é mais rápido de ser construído e mais
fácil de manter aquecido do que uma casa
enorme?". Discuta esse comentário fazendo um
paralelo entre os tipos diferentes de habitação.
(Obs.: compare os coeficientes de condutividade
da madeira, do gelo e do concreto.)
9.3 - Geladeiras e fornos normalmente têm a
estrutura (carcaça) de chapas metálicas, que são
bons condutores de calor. Como elas conseguem
"reter" o calor fora da geladeira ou no interior do
forno?
RESOLUÇÃO:
Tanto a carcaça de geladeiras como a de fornos
são fabricadas com duas paredes recheadas com
um material isolante.
Os isolantes térmicos mais eficientes são a lã de
vidro e a espuma de poliuretano. Eles evitam que
o calor seja conduzido do ambiente para o inte-
rior da geladeira. No caso dos fornos, eles
impedem as perdas de calor por condução do
interior do forno para fora.
Um animal pequeno tem maior superfície que
um de grande porte proporcionalmente ao seu
peso, e é por isso que tem necessidade de comer
mais.
Não é só a quantidade de alimentos que importa,
mas sua qualidade. Alguns alimentos, como o
chocolate, por exemplo, por serem mais
energéticos, são mais adequados para ser
consumidos no inverno, quando perdemos calor
mais facilmente.
É pela superfície que um corpo perde calor.
Ao anoitecer a temperatura no deserto cai
rapidamente e a roupa de lã proteje os viajantes,
impedindo o fluxo de calor do corpo para o
exterior.
9.2 - Asas-deltas e paragliders, conseguem atingir
locais mais altos do que o ponto do salto, apesar
de não terem motor. O mesmo ocorre com
planadores, que, após serem soltos dos aviões
rebocadores, podem subir. Como você explica
esse fato?
RESOLUÇÃO:
As pessoas experientes que saltam de asas-deltas
ou paragliders conseguem aproveitar as correntes
Trocando calor...
9.1 - Cenas de filmes mostram habitantes de
regiões áridas atravessando desertos com roupas
compridas de lã e turbantes. Como você explica
o uso de roupas "quentes" nesses lugares, onde
as temperaturas atingem 50oC?
RESOLUÇÃO:
Em lugares onde a temperatura é maior do que a
do corpo humano (36oC) é necessário impedir o
fluxo de calor do ambiente para a pele do
indivíduo. A lã, que é um bom isolante térmico,
retém entre suas fibras uma camada de ar a 36oC
e dificulta a troca de calor com o ambiente.
ascendentes de ar quente para subir e planar em
pontos mais elevados do que o do salto. Para
descer procuram as correntes de ar frio, e descem
lentamente.
Em todos esses vôos o ângulo de entrada na
corrente de convecção do ar, o "ângulo de ataque",
determina a suavidade da subida ou do pouso, e
até mesmo a segurança do tripulante, no caso de
mudanças climáticas bruscas (ventos fortes, chuvas
etc.).
Trocas de calor
de dede
37
Cercando o calor
A estufa.
A garrafa térmica.
O coletor solar.
Se o calor "consegue" entrar no carro, por que ele não sai?Como os materiais "absorvem" e emitem calor?
Quem já entrou num carro que tenha ficado estacionado ao sol
por algum tempo vai entender o significado da expressão "cercando
o calor".
10
38
A estufaQuando um carro fica exposto ao sol, o seu interior se aquece
muito, principalmente porque os vidros deixam entrar a
luz, que é absorvida pelos objetos internos e que por isso
sofrem uma elevação de temperatura. Costumamos dizer
que o carro se transformou em uma estufa.
De fato, as estufas utilizadas no cultivo de algumas plantas
que necessitam de um ambiente aquecido para se
desenvolver são cobertas de vidro. Mas, por que o lado de
dentro fica mais quente que o lado de fora?
O "calor" do Sol chega até nós principalmente na forma de
luz visível, por irradiação, isso porque quase todo calor
proveniente do Sol é refletido ou absorvido na atmosfera
terrestre. Para explicar a irradiação, seja a do Sol, seja a de
um forno ou de qualquer objeto aquecido, temos de pensar
na luz como uma onda eletromagnética, semelhante às
ondas de rádio ou às de raios X. Novamente estamos
recorrendo a um modelo para explicar um fenômeno.
Essas ondas não necessitam de um meio material para ser
transportadas. Nesse processo de propagação de calor,
somente a energia é transmitida.
A luz do Sol, interpretada como uma onda eletromagnética,
atravessa o vidro do carro ou da estufa e incide nos objetos
internos. Eles absorvem essa radiação e emitem radiação
infravermelha (calor), que fica retida no interior do carro,
impedida de sair porque o vidro é "opaco" a ela, tendo um
efeito cumulativo.
Além disso, a troca de calor com o ambiente externo por
condução é dificultada porque o ar de fora também está
quente e o vidro é um mau condutor de calor.
Absorção da luz
Qualquer objeto que receba a luz do Sol absorve energia,
se aquece e emite calor.
A interação da luz com a matéria só ocorre nos pontos
onde a luz incidiu. Isso pode ser observado no
10 Cercando o calor
NA IRRADIAÇÃO SOMENTE
A ENERGIA É
TRANSMITIDA.AS ONDAS
ELETROMAGNÉTICAS
NÃO NECESSITAM DE UM
MEIO MATERIAL PARA
SER TRANSPORTADAS.
NAS INTERAÇÕES COM
OS MATERIAIS A LUZ SE
COMPORTA COMO
PARTÍCULA.
desbotamento dos tecidos e papéis expostos ao sol, que só
ocorre em alguns pontos.
Esse efeito localizado só é explicado se interpretarmos que a
luz nessa interação com a matéria se comporta como partícula.
Esse modelo, o modelo quântico, considera a energia
luminosa como grãos de energia, os fótons.
Os objetos absorvem fótons de energia da luz incidente e
depois emitem fótons de energia mais baixa, o calor.
Estes dois aspectos da luz: comportar-se como onda ou como
partícula nas interações com a matéria são conhecidos como a
"dualidade onda-partícula". Este modelo será estudado com
mais detalhes no curso de Óptica e Eletromagnetismo.
Veja agora como "aprisionamos" calor impedindo a absorção
ou emissão de radiação e outras trocas de calor num utensílio
de uso diário em nossa casa.
A garrafa térmica
Inventada no final do século XIX pelo cientista Dewar, essa
vasilha dificulta muito a propagação do calor por condução,
por convecção ou por irradiação.
É constituída de paredes duplas. Quase todo o ar contido
entre as paredes é retirado, evitando-se assim que o calor se
perca por convecção ou por condução.
Para evitar as perdas de calor por radiação, as paredes são
prateadas: a interna, na parte em contato com o líquido, para
refletir as ondas de calor do interior, impedindo-as de sair, e a
externa, na parte de fora, para refletir as ondas de calor que
vem do meio ambiente, impedindo-as de entrar.
COMO A GARRAFA TÉRMICA
TAMBÉM MANTÉM LÍQUIDOS A
TEMPERATURAS INFERIORES À
DO AMBIENTE?
39
Um aparelho construído para "cercar" o calor com a função de aquecer a água é o coletor solar.
Depois das leituras sobre a propagação do calor e com algumas investigações você pode fazer a próxima atividade.
O sistema de captação de energia solar foi idealizado no século XVIII pelo cientista suíço Nicolas de Saussure.
Utilizado hoje em residências e indústrias, esse aparelho capta a energia solar e impede as perdas de calor por irradiação e condução
para o ambiente, com a finalidade de aquecer a água.
O Sol, fonte de energia gratuita, disponível algumas horas por dia, ao substituir os combustíveis comuns preserva as reservas de energia
fóssil e não polui.
Você pode construir um aquecedor simples levando em conta o que aprendeu e com alguma pesquisa.
Atividade: Construção de um coletor solar
1- Escolha um tubo através do qual deve circular a água e que
será exposto ao sol. Da escolha de um tubo de borracha, PVC ou
metal dependerá a eficiência do seu coletor. Consulte a tabela de
condutividade.
2- Você acha que é necessário que o tubo forme uma serpentina
como o do esquema apresentado? Por quê?
3- Esse tubo deve ser pintado? De que cor? Investigue a influência
da cor dos objetos na absorção da energia térmica medindo a
temperatura de objetos brancos (de mesmo material), pretos e de
outras cores que tenham ficado expostos ao sol durante o mesmo
tempo. A partir da sua investigação, qual cor de tinta é a mais
indicada. Por quê?
4- Os coletores solares industrializados são cobertos por uma placa
de vidro. Verifique como a colocação desse dispositivo melhora a
eficácia de seu aparelho. Lembre-se da estufa!
5- Encontre soluções para evitar as perdas de calor do seu
aquecedor para o exterior. Consulte a tabela 9-1.
6- No aquecedor esquematizado, qual deve ser a entrada e a saída
de água do reservatório de água quente para o coletor? Por quê?
7- Meça a temperatura atingida pela água no seu coletor solar.
Compare a eficiência do seu aparelho com a dos seus colegas e
com a dos aparelhos industrializados.
40
O efeito estufa
A Terra recebe diariamente a energia solar, que é absorvida pelo planeta
e emitida na forma de radiação infravermelha para o espaço. Uma
parcela desse calor volta para nós retido pela atmosfera.
O vapor de água, o gás carbônico e o CFC (clorofluorcarbono) presentes
na atmosfera deixam passar luz solar, mas absorvem a radiação
infravermelha emitida pela Terra e a devolvem para a superfície, o
que constitui o efeito estufa. O oxigênio e o nitrogênio, transparentes
tanto à luz solar como ao infravermelho, não colaboram para o efeito
estufa.
É devido ao efeito estufa que o nosso planeta se mantém aquecido
durante a noite. Sem esse aquecimento a Terra seria um planeta
gelado, com poucas chances de propiciar o surgimento da vida.
Há milhares de anos, a temperatura média da Terra é de 150C, isso
porque toda energia que chega do Sol é emitida como radiação
infravermelha para o espaço. Porém, no último século, a temperatura
média da Terra aumentou cerca de 0,50C. Alguns pesquisadores
atribuem esse aumento ao efeito estufa causado por um acréscimo da
concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera, devido à combustão
de carvão usado na geração de energia elétrica e do petróleo nos
meios de transporte.
Se a concentração de CO2 na atmosfera aumentar muito, quase toda
radiação infravermelha voltará para o planeta, que se aquecerá cada
vez mais. É um aquecimento de grandes proporções que tememos.
Ele poderia transformar terras férteis em solos áridos e provocar o
derretimento das geleiras dos pólos, inundando as regiões litorâneas.
Não é à toa que o efeito estufa é para nós sinônimo de ameaça.
Transformando luz em calor
1
2
O gráfico ao lado apresenta as
curvas de Irradiação solar fora
da atmosfera terrestre (1) e ao
nível do mar (2). Podemos
identificar, na região hachurada,
a absorção do calor pelos gases
da atmosfera terrestre, bem
como estimar a parcela da
radiação refletida nas altas
camadas da atmosfera. Note
que na parte à direita a curva
corresponde ao calor, e que a
ampla absorção impede a
chegada dessa radiação à
superfície terrestre.
Que cor esquenta mais?
Os pigmentos, responsáveis pelas cores dos objetos e
das tintas, são conjuntos de substâncias que refletem parte
da luz incidente - compondo a cor que vemos - e que
absorvem o restante - transformando luz em calor. A tabela
ao lado relaciona o índice de reflexão da luz incidente
para alguns materiais e cores.
Agora responda: que cores esquentam mais?
Em seu livro Paratii: Entre Dois Pólos,
Amyr Klink narra a sua decisão de
importar um mastro para seu barco
Paratii, que navegaria até a Antártida.
O mastro deveria ser anodizado, isto
é, ter a superfície do alumínio coberta
por uma cor, sem ser pintada. Amyr
conta também como essa decisão foi,
para ele, de vital importância.
"...e então descobri o quanto foi importante insistir na cor preta do mastro.
Ao tocar no gelo, ele desprendeu-se como um picolé saindo da fôrma.
Subi até a primeira cruzeta e em segundos não havia mais gelo sobre a
superfície escura do mastro. Todas as outras ferragens, que não eram
pretas, estavam cobertas." (pág. 178)
reflexão (%)
70 - 8570 - 8065 - 7565 - 7560 - 7560 - 7045 - 6545 - 6035 - 5030 - 5530 - 5530 - 5030 - 5030 - 4025 - 4025 - 3525 - 3520 - 3015 - 2515 - 2510 - 2510 - 2510 - 2510 - 2510 - 2010 - 2010 - 15 5
Material ou cor
BrancoGessoAmareloEsmalte brancoAzulejo brancoMármore claroCinza-claroRosaCimento claroAzul-claroVerde-claroMadeira claraOcreConcreto claroCinza médioLaranjaVermelho-claroTijolo claroConcreto escuroGranitoAzul-escuroMadeira escuraMarromVerde-escuroCinza-escuroVermelho-escuroTijolo escuroPreto
41
11Aquecimento e
clima
Brisas amenas ou
vendavais assustadores?
O que propicia a
formação dos ventos?
O solo, a água e a vegetação, entretanto, alcançam
temperaturas diferentes ao receberem a mesma quantidade
de radiação solar.
Esse aquecimento diferenciado, juntamente com as
características de cada região, determinam o seu clima.
A inclinação do eixo da Terra e a localização de uma região
(latitude e longitude) determinam a quantidade de radiação
solar que a região recebe.
42
11 Aquecimento e clima
A quantidade de calor necessária para elevar em 1oC
a temperatura de uma unidade de massa de cada
substância é chamada de calor específico.
Quando a radiação solar incide sobre o solo, ela é quase
totalmente absorvida e convertida em calor. Além disso,
esse aquecimento fica restrito a uma fina camada de terra,
uma vez que esta é má condutora de calor. Por outro lado,
sendo a água quase transparente, a radiação, ao incidir
sobre o mar, chega a aquecer a água em maior
profundidade. Assim sendo, a massa de terra que troca
Você vai verificar com essa atividade que para massas
iguais de areia e água que recebem a mesma quantidade
de calor a elevação da temperatura da areia é bem maior.
A areia também perde calor mais rapidamente do que a
água quando retirada do sol.
Retirando as vasilhas do sol, você pode comparar as
quedas de temperatura da areia e da água ao longo do
tempo.
Deixe em duas vasilhas rasas a mesma massa de água e
de areia expostas ao sol. Meça a temperatura da água e
da areia algumas vezes e anote esses valores.
Aquecendo areia e águaO aquecimento diferenciado do solo, da água e da
vegetação, a presença de maior ou menor quantidade
desses elementos numa localidade, as diferentes
formaçãoes rochosas, como as montanhas e vales,
determinam o clima de uma região.
O homem pode interferir nesse equilíbrio ao lançar no ar
partículas de gás carbônico (CO2) em quantidades que
alterem significativamente a atmosfera, ao represar os rios
nas construções de hidrelétricas, desmatando florestas,
provocando erosões, poluindo o solo e a água.
Essas alterações, poderiam provocar um aumento na
temperatura média do nosso planeta, que é de 15oC e não
se modifica ao longo de muitos anos. Um aumento de
cerca de 2oC na temperatura média da Terra seria suficiente
para transformar terras férteis em áridas e duplicar o número
de furacões.
MAS COMO O AQUECIMENTO DA TERRA INFLUI NA
FORMAÇÃO DE FURACÕES? ESSE AQUECIMENTO TAMBÉM É
RESPONSÁVEL PELA OCORRÊNCIA DE VENTOS MAIS
AMENOS?
Vamos discutir esse aquecimento pela formação de ventos
brandos e agradáveis.
A brisa marítima.
Diferentemente dos ventos que ocorrem eventualmente,
a brisa marítima é um fenômento diário, sopra do mar para
a terra durante o dia e em sentido contrário à noite.
Durante o dia a areia atinge uma temperatura bem maior
do que a água. Você pode fazer a próxima atividade para
comprovar essa afirmação.
43
calor é muito menor que a de água, e acaba também sendo
responsável pela maior elevação de temperatura da terra.
Um outro fator que contribui da mesma forma para essa
diferença de aquecimento é que parte da radiação recebida
pela água é utilizada para vaporizá-la e não para aumentar
sua temperatura.
Como a terra fica mais aquecida durante o dia, o ar, nas
suas proximidades, também se aquece e se torna menos
denso, formando correntes de ar ascendentes. Acima da
superfície da areia "cria-se" então uma região de baixa
pressão, isto é, menos moléculas de ar concentradas num
certo espaço.
À noite, os mesmos fatores ocorrem de forma inversa, e a
brisa sopra da terra para o mar.
A água se mantém aquecida por mais tempo, enquanto a
terra diminui rapidamente sua temperatura. Diferentes
resfriamentos, diferentes pressões; o ar sobre a terra está
mais frio e mais denso (alta pressão), o ar sobre o mar, mais
quente e menos denso (baixa pressão), e a brisa sopra da
terra para o mar,.
Esse ar mais frio movimenta-se horizontalmente do mar
para a terra, isto é, da região de alta pressão para a de
baixa pressão.
Essa movimentação se constitui numa brisa que sopra do
mar para a terra e que ocorre graças à convecção do ar.
O ar próximo à superfície da água, mais frio e por isso
mais denso, forma uma região de alta pressão.
Além das brisas marítimas temos ventos diários que sopram
dos pólos para o equador. Esses ventos se formam porque
o ar próximo às superfícies aquecidas da região equatorial
se torna menos denso e sobe, criando uma região de baixa
pressão.
Ocorre então uma movimentação horizontal de ar frio da
região de alta pressão (pólos da Terra) para a região de
baixa pressão (equador da Terra).
Existem também ventos periódicos anuais. Devido à
inclinação do eixo da Terra, em cada época do ano um
hemisfério recebe maior quantidade de calor que o outro,
o que provoca a formação de ventos que estão associados
às quatro estações do ano.
Os ventos se formam devido ao aquecimento diferenciado
de solo, água, concreto, vegetação e da presença de maior
ou menor quantidade desses elementos.
A altitude de uma região, bem como a sua localização no
globo (latitude e longitude), definem a quantidade de
radiação solar recebida e caracterizam o seu clima em cada
época.
Outros ventos periódicos
44
O fenômeno El Niño
Atualmente, os pesquisadores mantêm bóias no oceano Pacífico que registram
diariamente a temperatura da água. Dados coletados nos anos 80, mostram que
em doze anos aconteceram quatro aquecimentos. Anteriormente a esse controle,
pensava-se que o El Niño ocorresse a cada sete anos.
Para alguns cientistas, o homem é o vilão, que ao poluir o ar interfere no seu ciclo,
tornando-se responsável pelo fenômeno El Niño. Mas existe também uma teoria que
afirma ser o calor liberado pelo magma vulcânico do fundo do oceano Pacífico o
responsável por esse aquecimento, que se constitui no maior fenômeno climático
da Terra.
Até cerca de 30 anos atrás, o "El Niño" era um
fenômeno conhecido apenas por pescadores
peruanos. Os cardumes de anchovas sumiam das
águas onde eram pescados, o que acontecia com
periodicidade de alguns anos, geralmente na época
do Natal, daí o seu nome El Niño (O Menino Jesus).
El Niño é visto até hoje como um fenômeno climático
que ocorre periodicamente e altera o regime de
ventos e chuvas do mundo todo. Consiste no
aquecimento anormal da superfície das águas do
oceano Pacífico na região equatorial, que se estende
desde a costa australiana até o litoral do Peru.
Hoje, acredita-se que os ventos tropicais que sopram
normalmente da América do Sul em direção à Ásia,
através do Pacífico, são responsáveis pelas baixas
temperaturas no oceano Pacífico junto à costa das
Américas. Os ventos "empurram" constantemente a
camada da superfície do oceano, aquecida pelo sol,
para a costa da Ásia e da Austrália, deixando esposta
a camada mais fria. Quando esses ventos diminuem
de intensidade, provocam esse aquecimento
"anormal" e o fenômeno El Niño. As causas do
enfraquecimento dos ventos tropicais ainda não são
conhecidas, mas são periódicas.
Normalmente os ventos tropicais são fortes e deixam
à tona as águas mais frias, que juntamente com os
seus nutrientes atraem os peixes. Essa mistura de
águas mantém a temperatura da região equatorial
do oceano Pacífico em torno de 240C.
Com a diminuição da intensidade dos ventos
tropicais, que acontece periodicamente, não ocorre
o deslocamento das águas superficiais, o que muda
o equilíbrio global. A água da superfície chega a
atingir 290C, por uma extensão de 5000 km.
Devido à elevação de temperatura, há maior evaporação dessa grande massa de água,
e as chuvas caem sobre o oceano em vez de chegar até o sudeste da Ásia, provocando
tempestades marítimas e desregulando os ciclos das chuvas de toda a região tropical.
Como conseqüência, temos chuvas intensas no sudeste dos Estados Unidos, no sul
do Brasil e na região costeira do Peru.
O El Niño é responsável também pelas secas mais intensas no nordeste brasileiro, no
centro da África, nas Filipinas e no norte da Austrália.
O que você acha? Faça uma pesquisa sobre as medidas que têm sido tomadas pelo homem para diminuir os efeitos desse fenômeno.Procure saber também sobre o fenômeno oposto ao El Niño, a La Niña. Qual será a diferença?
45
12Aquecimento e
técnica
Carro refrigerado
a ar ou a água?
Calores específicos tão diferentes como o do ar e o da águadeterminam sistemas de refrigeração que utilizam técnicas
bastante diferentes.
46
12 Aquecimento e técnica
Esses valores tão diferentes de calor específico da água
(considerada como elemento padrão) e do ar, juntamente
com outras características, são determinantes na escolha
entre os dois sistemas de refrigeração.
Refrigeração a água
Refrigeração a ar
No sistema de refrigeração a ar é um ventilador acionado
pelo motor do carro (ventoinha) que joga o ar nas
proximidades dos cilindros, fazendo-o circular entre eles.
Essa ventilação forçada retira o calor das peças do motor e
joga-o na atmosfera.
No sistema de refrigeração forçada de ar temos
disponível uma grande massa de ar em contato com
o carro em movimento.
Nos motores refrigerados a água, os cilindros são permeados
por canais através dos quais a água circula. Bombeada da
parte inferior do radiador para dentro do bloco do motor, a
água retira o calor dos cilindros e depois de aquecida
(aproximadamente 80oC) volta para a parte superior do
radiador.
Tabela 12.1
Ao circular pela serpentina do radiador (feito de cobre ou
latão) com o carro em movimento, a água é resfriada, pois
troca calor com o ar em contato com as partes externas do
radiador. Ao chegar à parte de baixo, a água se encontra a
uma temperatura bem mais baixa, podendo ser novamente
bombeada para o bloco do motor.
As câmaras de combustão do motor de automóveis, onde
ocorre a queima do combustível, atingem altas temperaturas
(em média cerca de 950oC). Se esses motores não forem
refrigerados continuadamente, suas peças fundem-se. Essa
refrigeração pode ser feita pela circulação de água ou de
ar, duas substâncias abundantes na natureza mas que se
aquecem de maneira bastante diferente.
Enquanto 1 grama de água precisa receber 1 caloria de
energia calorífica para elevar sua temperatura em 1oC,
1 grama de ar tem a mesma alteração de temperatura com
apenas 0,24 caloria. A tabela 12.1 mostra o calor específico
da água, do ar e de alguns materiais utilizados em
construções e na indústria.Substância
Calor específico (pressão constante)
(cal/g.0C)
água a 200C 1
água a 900C 1,005
álcool 0,6
alumínio 0,21
ar 0,24
chumbo 0,031
cobre 0,091
ferro 0,11
gelo 0,5
hidrogênio 3,4
latão 0,092
madeira (pinho) 0,6
mercúrio 0,03
nitrogênio 0,247
ouro 0,032
prata 0,056
tijolo 0,2
vapor d'água 0,48
vidro 0,2
zinco 0,093
de água
Substância
47
Esse controle é feito por um termostato operado por
diferença de temperatura, que se comporta como uma
válvula: mantém-se fechada enquanto o motor está frio e
se abre quando a água atinge uma temperatura alta,
deixando-a fluir através de uma mangueira até a parte
superior do radiador.
Os carros refrigerados a água dispõem também de uma
ventoinha, acionada pelo motor do carro, que entra em
funcionamento quando o veículo está em marcha lenta ou
parado, ajudando na sua refrigeração.
E AS MOTOCICLETAS, COMO SÃO REFRIGERADAS?As motos têm um sistema de refrigeração bastante
simplificado e de fácil manutenção. Seu motor é externo e
dispõe de aletas que aumentam a superfície de troca de
calor com o ambiente, dispensando a ventoinha.
Eles são projetados para que a água seja aproveitada em
efeitos decorativos, imitando cascatas, por exemplo, como
se vê em lojas, jardins etc.
Conseguimos utilizar na refrigeração duas substâncias com
calores específicos tão diferentes como o ar e a água
empregando técnicas diversificadas. Entretanto, fica ainda
uma questão:
Para essa explicação temos de recorrer novamente à
constituição dos materiais.
As substâncias diferentes são formadas por moléculas que
têm massas diferentes. Um grama de uma substância
constituída de moléculas de massa pequena conterá mais
moléculas do que 1 grama de outra substância constituída
de moléculas de massas maiores.
Nas motos e em alguns tipos de carro a refrigeração é de
ventilação natural.
Em condicionadores de ar, o ar quente do ambiente circula
entre as tubulações do aparelho, que retiram o seu calor e
o devolvem resfriado ao ambiente. Desse modo, o local se
resfria, mas a tubulação do lado de fora se aquece e, por
sua vez, é resfriada à custa de uma outra substância.
Geralmente, isso é feito pelo ar de fora do ambiente. Em
alguns condicionadores utiliza-se a água para retirar o calor
das tubulações aquecidas.
Isso está de acordo com os resultados encontrados para o
calor específico tabelados para essas substâncias. O calor
específico da substância A é maior que o calor específico
da substância B.
Quando uma substância atinge uma certa temperatura,
imaginamos que todas as suas moléculas têm, em média,
a mesma energia cinética: energia de movimento ou
vibração.
Pensando dessa forma, para aumentar em 1oC a temperatura
de 1 grama de uma substância que contenha mais
moléculas, é necessário fornecer uma maior quantidade
de calor, pois é preciso que ocorra um aumento de energia
de cada uma das moléculas. Assim, para aumentar a
temperatura da substância A da figura em 1oC temos de
fornecer mais energia térmica do que para aumentar,
também em 1oC, a temperatura da substância B.
POR QUE AS SUBSTÂNCIAS TÊM VALORES DE CALOR
ESPECÍFICO TÃO DIFERENTES?
A
B
A
B
de
de
48
Tipo
de
forno
A lenha
A gás
Elétrico
Microondas
Fontes de
calor
Ondas
eletromagnéticas
geradas pelo
magnetron com
freqüência de
aproximadamente
2,45 GHz,
específica para o
aquecimento de
água, açúcares e
gorduras.
Obs.: Em
aplicações
industriais
podem ser
utilizadas ainda
13,56 MHz
27,12 MHz
896 MHz
Resistência
elétrica
Combustão do
gás.
GLP: propano e
butano (botijão)
Natural: metano e
etano (encanado)
Combustão da
lenha
Localização da
fonte e construção
O magnetron, embutido
e blindado no interior
do forno, emite ondas
eletromagnéticas de
energia de microondas
que são direcionadas
por guias de onda para a
cavidade do forno, onde
ficam os alimentos. Ao
chegar à cavidade
(ressonante), as
microondas são
espalhadas por uma
hélice giratória, de
modo a preencher toda
a cavidade. As paredes
são metálicas, e às
vezes esmaltadas.
As resistências
elétricas ficam dentro
do compartimento e são
visíveis. As paredes são
metálicas e polidas. É
revestido com material
isolante.
Queimadores de gás
ficam abaixo do
compartimento do
forno. Constituído de
paredes metálicas
pretas e revestido com
material isolante. Lã de
vidro ou poliuretano
Queima sob os fornos
de cozinha ou dentro
dos fornos de pizzaria.
Construído de paredes
metálicas pretas,
revestido de tijolos ou
de cerâmica refratária.
Aquecimento do forno
O forno e demais objetos
desprovidos de água não se
aquecem. Entretanto, o
acúmulo de energia
eletromagnética na
cavidade ressonante
promove grandes diferenças
de potenciais elétricos
dentro do forno, por isso
não se deve inserir objetos
metálicos, que podem
provocar faíscas e danificar
o microondas.
A radiação emitida pelas
resistências incide nas
paredes polidas, sendo
refletida sucessivas vezes,
acumulando-se dessa forma,
energia térmica no interior
do forno. Parte da radiação
é absorvida nas reflexões e
aquece as paredes do forno.
Pelos mesmos processos doforno a lenha. As paredesse aquecem por irradiação econdução de calor. Ointerior do forno também éaquecido por convecção doar, do vapor de água e dosvapores liberados pelosalimentos em seu interior.
As paredes se aquecem por
irradiação e condução de
calor. O interior do forno
também é aquecido por
convecção do ar, do vapor
de água e dos vapores
liberados pelos alimentos
em seu interior.
Irradiação direta da fonte e das
paredes do forno. O recipiente e o
alimento são aquecidos por
condução e também convecção, do
ar e dos vapores no interior do
forno.
A energia é absorvidaindiretamente pelos alimentos, noalinhamento das moléculas polares,como as da água, com o campoelétrico variável das microondas.A freqüência escolhida é a deressonância de rotação dasmoléculas de água, promovendo oaumento de sua energia devibração, com o conseqüenteaumento da temperatura doalimento. Recipientes e demaismoléculas desidratadas, como oamido, só se aquecem se estiveremem contato com alimentos quecontêm água, e nesse caso seaquecem por condução.
O microondas não deixa nenhumtipo de resíduo nos alimentos. Nãomodifica sua estrutura molecularnem os "contamina" com radiaçãoeletromagnética.
Irradiação emitida diretamente
pelas resistências e indiretamente
pela reflexão sucessiva nas paredes
no interior do forno. O recipiente e
o alimento se aquecem por
irradiação e por condução
Irradiação direta da fonte e das
paredes do forno. O recipiente e o
alimento são aquecidos por
condução e também convecção, do
ar e dos vapores no interior do
forno.
Aquecimento do alimento Controle de
temperatura
Não há como controlar a
temperatura no interior do
forno, nem mesmo ter um
controle preciso da
temperatura que o
alimento atingirá. Ainda
assim, o controle do
aquecimento promovido se
faz pela escolha da potência
(alta, média ou baixa) e do
tempo de preparo do
alimento. Durante o
funcionamento ele requer
um rigoroso controle de
segurança e deve desligar
automaticamente se a porta
for aberta, caso contrário a
água dos órgãos internos
de alguém próximo seria
aquecida!!!
Tem regulador detemperatura mais preciso,que pode funcionar comtermostatos ou termopar, edimensionar o número deresistências ligadas, ousimplesmente ligar edesligar as resistênciaselétricas. Atingetemperaturas maiores queas do forno a gás.
Dispõe de regulador de
temperatura que
dimensiona a quantidade
de gás queimada,
dimensionando a
intensidade da chama.
Atinge cerca de 350oC.
Controla-se a temperatura
do forno aumentando-se ou
diminuindo-se a quantidade
de lenha a ser queimada.
O tempo depreparo e deaquecimento dosalimentos éfornecido pelofabricante, nomanual doequipamento.Para cada alimentodeve-se programara potência e otempo, quetambém dependeda quantidade dealimento (massa).O aquecimento émais eficiente emalimentos quecontêm bastanteágua.
O efeito desejado,
assar, cozinhar ou
dourar, requer uma
maior ou menor
temperatura, por
um tempo maior ou
menor.
O efeito desejado,
assar, cozinhar ou
dourar, requer
maior ou menor
temperatura, por
um tempo maior ou
menor.
Tempo de
aquecimento
Cada alimentonecessita de umtempo específicopara se aquecer,dependendo docalor específico dosseus ingredientes eda sua quantidade(massa).
Técnicas de aquecimento: fornos domésticos
49
13Calculando a
energia térmica
Como varia a
temperatura de um
objeto que recebe calor?
Para controlar o aquecimento e resfriar objetos, máquinas ouambientes, levamos em conta o calor específico.
Do que mais depende o aquecimento e o resfriamento?
A energia térmica necessária para variar a temperatura de
sólidos, de líquidos... pode ser calculada.
e
50
O calor específico de uma substância nos informa quantas
calorias de energia necessitamos para elevar em 1oC a
temperatura de 1 grama dessa substância. Portanto, para
quantificar a energia térmica consumida ao se aquecer ou
resfriar um objeto, além do seu calor específico, temos de
levar em conta a sua massa.
Consumimos maior quantidade de calor para levar à fervura
a água destinada ao preparo do macarrão para dez
convidados do que para duas pessoas. Se para a mesma
chama do fogão gastamos mais tempo para ferver uma
massa de água maior, significa que precisamos fornecer
maior quantidade de calor para ferver essa quantidade de
água.
Também para resfriar muitos refrigerantes precisamos de
mais gelo do que para poucas garrafas.
Se pensarmos em como as substâncias são formadas,
quando se aumenta sua massa, aumenta-se a quantidade
de moléculas e temos de fornecer mais calor para fazer
todas as moléculas vibrarem mais, ou seja, aumentar sua
energia cinética, o que se traduz num aumento de
temperatura.
Matematicamente, podemos expressar a relação entre o
calor específico de um objeto de massa m e a quantidade
de calor necessária para elevar sua temperatura de ∆t 0C,
como:
ou
13.1- Compare as quantidades de ar e de água necessárias
para provocar a mesma refrigeração em um motor
refrigerado a ar e em um a água.
Resolução:
Qágua
= mágua
x cágua
x ∆tágua
Qar = m
ar x c
ar x ∆t
ar
Supondo que a variação de temperatura da água e do ar
seja a mesma, como : Qágua
= Qar
mágua
x cágua
= mar x c
ar
Ou seja, as capacidades térmicas do ar e da água são iguais.
13 Calculando a energia térmica
- Q é a quantidade de
calor fornecida ou
cedida medida em
calorias (cal)
- m é a massa da
substância medida em
grama (g)
- ∆∆∆∆∆t é a variação de
temperatura medida
em grau Celsius (oC)
- c é o calor específico
da substância medido
Se não houver perda para o exterior (ou se ela for
desprezível), consideramos o sistema isolado. Neste caso,
a quantidade de calor cedida por um dos objetos é igual à
recebida pelo outro. Matematicamente podemos expressar
a relação entre a quantidades de calor como:
Os motores de combustão dos carros necessitam de um
sistema de refrigeração. Para que a refrigeração a ar ou a
água tenham a mesma eficiência, as duas substâncias têm
de retirar a mesma quantidade de calor do motor.
Exercícios:
A capacidade térmica
O produto do calor específico de uma substância pela
sua massa (m.c) é conhecido como a sua capacidade
térmica (C).
Quando misturamos objetos a diferentes temperaturas, eles
trocam calor entre si até que suas temperaturas se igualem,
isto é, eles atingem o equilíbrio térmico.
C = m x c
Qcedido
+ Qrecebido
= 0
mágua
mar
=c
ar
cágua
mágua
mar
= mar
= x mágua
= 1
0,244,2 x m
água
0,24
1
cal
g 0C
em
Q
m x ∆t
c = Q = m x c x ∆t
51
13.2- Uma dona-de-casa quer calcular a temperatura
máxima de um forno que não possui medidor de
temperatura. Como ela só dispõe de um termômetro
clínico que mede até 41oC, usa um "truque".
- Coloca uma fôrma de alumínio de 400 gramas
no forno ligado no máximo, por bastante tempo.
- Mergulha a fôrma quente num balde com 4
litros de água a 25oC.
- Mede a temperatura da água e da fôrma depois
do equilíbrio térmico, encontrando um valor de
30oC.
Calcule a temperatura do forno avaliada pela dona-de-casa.
Utilize a tabela de calor específico. Questione a eficiência
desse truque.
Resolução:
O calor cedido pela fôrma é recebido pela água.
A temperatura do forno é a mesma da fôrma.
A eficiência do truque é questionável quando se supõe
que a fôrma atinge a temperatura máxima do forno e
também quando desprezamos as perdas de calor para o
exterior (balde, atmosfera).
13.3- Se você colocar no fogão duas panelas de mesma
massa, uma de cobre e outra de alumínio, após alguns
minutos qual delas estará com maior temperatura? Justifique
sua resposta.
RESOLUÇÃO:
Consultando os dados apresentados na tabela 12.1, vemos
que o calor específico para as duas substâncias é:
Ou seja, o calor específico do alumínio é 2,3 vezes maior
do que o do cobre.
Como Q = m c ∆t, para a mesma quantidade de calor
podemos afirmar, então, que a panela de cobre se aquece
mais que a de alumínio, alcançando uma temperatura
maior, uma vez que elas têm a mesma massa.
Qfôrma
+ Qágua
= 0
mfôrma
= 400 g d = m
V
1 = m g
4.000 cm3
x
mágua
= 4.000 g
calumínio
= 0,21 cal/g . 0C
cágua
= 1cal/g . 0C
Qfôrma
+ Qágua
= 0
mfôrma
x cfôrma
x (tf - t
i) + m
água x c
água x (t
f - t
i) = 0
400 x 0,21 x (30 - ti
) + 4.000 x 1 x (30 - 25) = 0
ti
= = 268 0C20.000 + 2.520
84
cal
= 0,21 cal/g 0C
ccu
= 0,091 cal/g 0C
Razão = = 2,30,21
0,091
fôrma
= ?ti
tf
= 30 0Cfôrma
ti = 25 0Cágua
tf = 30 0C
água
fôrma
fôrma
52
Teste seu vestibular...
13.4- (UECE) Este gráfico representa a quantidade de calor
absorvida por dois corpos M e N, de massas iguais, em
função da temperatura. A razão entre os calores específicos
de M e N é:
a) 0,5 b) 1,0 c) 2,0 d) 4,0
13.5- (UCMG) A capacidade térmica de um pedaço de
metal de 100 g de massa é de 22 cal/oC. A capacidade
térmica de outro pedaço do mesmo metal de 1000 g de
massa é de:
a) 2,2 cal/oC c) 220 cal/oC e) 1100 cal/oC
b) 400 cal/oC d) 22 cal/oC
13.6- (UFPR) Para aquecer 500 g de certa substância de
20oC a 70oC, foram necessárias 4 000 cal. O calor específico
e a capacidade térmica dessa substância são,
respectivamente:
a) 0,08 cal/g.oC e 8 cal/oC d) 0,15 cal/g.oC e 95 cal/oC
b) 0,16 cal/g.0C e 80 cal/oC e) 0,12 cal/g.oC e 120 cal/oC
c) 0,09 cal/g.oC e 90 cal/oC
13.9- (UFCE) Dois corpos A e B estão inicialmente a uma
mesma temperatura. Ambos recebem iguais quantidades
de calor. Das alternativas abaixo, escolha a(s) correta(s).
01. Se a variação de temperatura for a mesma para os dois
corpos, podemos dizer que as capacidades térmicas dos
dois são iguais.
02. Se a variação de temperatura for a mesma para os dois
corpos, podemos dizer que as suas massas são diretamente
proporcionais aos seus calores específicos.
03. Se a variação de temperatura for a mesma para os dois
corpos, podemos dizer que as suas massas são inversamente
proporcionais aos seus calores específicos.
04. Se os calores específicos forem iguais, o corpo de menor
massa sofrerá a maior variação de temperatura.
13.8- (Fuvest) A temperatura do corpo humano é de cerca
de 36,5oC. Uma pessoa toma 1litro de água a 10oC. Qual a
energia absorvida pela água?
a) 10 000 cal c) 36 500 cal e) 23 250 cal
b) 26 500 cal d) 46 500 cal
13.7- (Fuvest) Um recipiente de vidro de 500 g com calor
específico de 0,20 cal/goC contém 500 g de água cujo
calor específico é 1,0 cal/goC. O sistema encontra-se isolado
e em equilíbrio térmico. Quando recebe uma certa
quantidade de calor, o sistema tem sua temperatura
elevada. Determine:
a) a razão entre a quantidade de calor absorvida pela água
e a recebida pelo vidro;
b) a quantidade de calor absorvida pelo sistema para uma
elevação de 1,0oC em sua temperatura.
53
14Terra: planeta
água
Lagos, rios e mares.
Orvalho, neblina e
chuvas. Granizos e
geleiras. Estamos
falando de água.
Habitamos um planeta com 70% de sua superfície cobertos
de água.
Aqui, quase toda água (97,5%) é salgada: a água dos
oceanos.
Grande parte da água doce se encontra em regiões pouco
habitadas, nos pólos, na forma de gelo.
O restante da água doce aflora do subsolo, cortando as terras
como rios e lagos e se acumulando na atmosfera como vapor.
54
14A vida no nosso planeta teve início na água, que é o
elemento que cobre 2/3 da sua superfície e é um dos
principais componentes dos organismos vivos, vegetais
ou animais.
Não podemos "imaginar" vida semelhante à da Terra em
planetas sem água.
A água é a única substância que existe em grandes
quantidades na natureza, nos estados líquido, sólido e
gasoso. Está em contínuo movimento, constituindo um
ciclo.O ciclo da água
Das nascentes dos rios, geralmente localizadas nas regiões
altas, a água desce cortando terras, desaguando em outros
rios, até alcançar o mar.
Grande quantidade de água dos rios e mares e da
transpiração das plantas evapora, isto é, passa para o estado
de vapor ao ser aquecida pelo sol e devido à ação dos
ventos.
Uma gota de água do
mar evaporou.
Subiu, subiu, até
encontrar uma nuvem.
Caiu como chuva.
Molhou plantas e solo.
Percorreu rios.
E... voltou para o mar.
Transformada em vapor, a água se torna menos densa que
o ar e sobe. Não percebemos o vapor de água na atmosfera
nem as gotículas de água em que se transforma quando
se resfria, na medida em que alcançam maiores alturas.
Essas gotículas muito pequenas e distantes umas das outras
(e que por isso não são visíveis) se agrupam e vão constituir
as nuvens.
a nuvem é envolta por ar em turbulência, que faz as
gotículas colidirem entre si ou quando a temperatura da
parte superior da nuvem atinge cerca de 0oC.
Terra: planeta água
Para que esse ciclo não se interrompa é necessário que se
mantenham as condições que propiciam a formação e a
precipitação das nuvens.
Você pode simular a formação da chuva criando condições
para que a água mude de estado.
Para que uma nuvem formada por bilhões de gotículas
precipite como chuva é necessário que as gotículas se
aglutinem em gotas de água com cerca de 1 milhão de
gotículas. Isso ocorre em situações específicas, como quando
A chuva, ao cair, traz de volta ao solo a água, que pode
passar por árvores, descer cachoeiras, correr rios e retornar
para o mar. O ciclo da água está completo.
55
A condensação é a passagem do estado de vapor para o
líquido, que ocorre com perda de calor. O vapor de água
cede calor para o ambiente.
Sempre que uma substância muda de estado há troca de
calor com o ambiente. Essa quantidade de calor necessária
para que ocorra uma mudança de estado é chamada de
calor latente.
O calor latente de vaporização é, no caso da evaporação,
o calor recebido do meio ambiente e, no caso da
condensação, o calor cedido para o ambiente .
No ciclo da água ocorrem mudanças de estado. A água no
estado líquido, ao sofrer um aquecimento ou devido à
ação do vento, evapora. A evaporação é a passagem lenta
de um líquido para vapor, isto é, uma vaporização lenta.
Ela ocorre em diversas temperaturas, sempre retirando calor
do ambiente. O vapor de água, que é menos denso que o
ar, sobe, por convecção, ficando sujeito a novas condições
de pressão e temperatura.
A pressão atmosférica, pressão da coluna de ar acima do
local, diminui na medida em que nos afastamos da
superfície. Isso acontece porque a coluna de ar acima vai
diminuindo. Além disso, o ar se torna mais rarefeito (menos
moléculas de ar por unidade de volume) na medida em
que a altitude aumenta.
Esses fatores, ar rarefeito e diminuição da pressão
atmosférica, fazem com que a temperatura caia. Temos
então condições para que o vapor de água mude
novamente de estado. Ele se resfria e se condensa,
formando gotículas.
- Coloque um pouco de água em um recipiente de
vidro e amarre um pedaço de bexiga na boca dele.
Marque o nível da água antes de começar o
experimento. O que você observa após algum tempo?
- Coloque o frasco por aproximadamente 1 minuto
em água quente e observe. Em seguida em água fria,
com algumas pedras de gelo, por algum tempo.
Observe o que aconteceu.
- Quanto mais vapor houver dentro do frasco, maior
será a umidade relativa do ar. Você acha que a
variação de temperatura influi na umidade relativa
do ar? Como? O aquecimento e o resfriamento
favorecem os processos de mudança de estado?
Como?
- Para variar a pressão sobre o ar no interior do frasco,
coloque água em temperatura ambiente e tampe-o
novamente com a bexiga, aguardando cerca de 5
minutos. Como a condensação do vapor de água
ocorre sobre partículas em suspensão, abra o frasco,
coloque fumaça de um fósforo recém apagado no
seu interior e feche-o rapidamente. Isso vai facilitar
a visualização das gotículas.
- Provoque variações de pressão no frasco puxando
e empurrando a tampa elástica. Repita isso várias
vezes e observe. Ocorreu condensação ao puxar ou
ao empurrar a tampa elástica? O que aconteceu com
a pressão nas duas situações? Em que condições
ocorre condensação? Devemos esperar que chova
quando ocorre aumento ou diminuição da pressão
atmosférica?
A diminuição de pressão provoca aumento da
evaporação da água. Com a evaporação ocorre
diminuição da temperatura do ar e conseqüentemente
condensação do vapor de água. A "nuvem" que você
observou resultou de um abaixamento de temperatura
provocado pela evaporação da água.
Fazendo chuvaAs mudanças de estado
56
Chove muito ou chove pouco?
Nas regiões de serra próximas ao mar
encontram-se matas fechadas e formações
rochosas que propiciam ambientes
úmidos.
Com escarpas de mais de 1.000 m de altura
a serra do Mar funciona como barreira para
os ventos que sopram do oceano, fazendo
com que as massas de ar úmido subam e
formem nuvens.
Essas nuvens se precipitam como chuvas
orográficas (provocadas pelo relevo). Parte
da água da chuva fica retida nas plantas e
no solo e é evaporada em grandes
quantidades, caracterizando essas regiões
como chuvosas.
Na serra do Mar, geralmente chove a cada
dois ou três dias, o que fornece um índice
pluviométrico (medida da quantidade de
chuva) de 4.000 milímentros de água por
ano, enquanto na cidade de São Paulo esse
índice é de cerca de 1.400 milímetros.
Nessas condições é comum a presença de
serração, pois devido à umidade da região
a quantidade de vapor na atmosfera é
muito grande, e na presença de ar mais
frio se condensa em gotículas que
constituem a neblina.
Orvalho, nevoeiro, neve e granizo. Ciclo da água?
O orvalho vem caindo.
Vai molhar o meu chapéu.
Será que Noel Rosa e Kid Pepe viram o orvalho
cair? Será que o orvalho cai? Como e quando ele
aparece?
O orvalho, parte do ciclo da água, só ocorre em
condições especiais. O ar, o solo e as plantas
aquecidos durante o dia pela radiação solar se
resfriam à noite diferentemente, pois seus calores
específicos são diferentes.
Durante o dia, o solo e as plantas se aquecem
mais que o ar, e também se resfriam mais durante
a noite. Quando a temperatura das folhas das
plantas, da superfície de objetos, está mais baixa
que a do ar, pode haver formação de orvalho. O
vapor de água contido na atmosfera se condensa
ao entrar em contato com as superfícies mais frias.
Portanto, o orvalho não cai, ele se forma nas folhas,
solo e objetos quando sua temperatura atinge o
ponto de orvalho.
Ponto de orvalho é a temperatura em que o vapor
de água está saturado e começa a se condensar.
Em noites de vento, o orvalho não se forma
porque a troca de calor com o meio é acentuada,
impedindo o ponto de orvalho no solo.
O granizo se forma em nuvens a grandes alti-
tudes. As gotas de água se tornam tão frias que
sua temperatura fica mais baixa que o ponto de
congelamento (00C). Quando essas gotas de
água interagem com partículas de poeira ou
fumaça, congelam e se precipitam como pedras
de gelo.
Utilize três recipientes iguais, um contendo
água da torneira, outro contendo gelo e
outro com gelo e sal de cozinha.
O que ocorre do lado de fora dos
recipientes? Como você explica essas
diferenças? Use um termômetro para medir
a temperatura dentro de cada recipente.
Relacione a sua observação com as informações do texto
acima. Elabore um modelo físico que relacione o que
você observou e os fenômenos do orvalho e da geada.
Pesquise quais as conseqüências que uma geada pode
trazer à lavoura. Para proteger a plantação da geada, o
agricultor promove a queima de serragem, que produz
fumaça sobre a lavoura. Explique de que serve isso.
Atividade: o orvalho e a geada
Nevoeiro e neve
O nevoeiro consiste na presença de gotículas
de água na atmosfera próximo à superfície
terrestre. Quando a atmosfera é resfriada, por
contato com o ar mais frio, por exemplo, o vapor
de água se condensa, formando gotículas. Se
as gotículas aumentam de tamanho, o nevoeiro
se transforma em garoa ou chuvisco.
Em regiões onde a temperatura do ar frio é
muito baixa, o vapor de água pode se transformar
em cristais de gelo, caindo em flocos e
constituindo a neve.
A passagem do estado de vapor para sólido é
chamada de sublimação.
Chuva de granizo
^
57
15Os materiais e as
técnicas
"Fundiu" o motor?"Queimou" a lâmpada?
"Derreteu" o gelo?É de ferro fundido?Mudou de estado?
Estamos falando de mudança de estado.
São necessários cuidados de
manutenção na refrigeração e
lubrificação para evitar que o
carro "ferva" e que o motor
funda.
Na fabricação de blocos de
motor, de carrocerias de
caminhão e de panelas, é
necessário que o ferro, o
aço e o alumínio estejam
derretidos para ser
moldados.
58
15 Os materiais e as técnicasNo nosso dia-a-dia transformamos água em vapor ao
cozinhar e água em gelo em nossa geladeira. A água é
uma das raras substâncias que são encontradas na natureza
nos três estados físicos: como vapor na atmosfera, líquido
nos rios e mares e sólido nas geleiras.
Embora qualquer substância possa ser sólida, líquida ou
gasosa, produzir uma mudança de estado em algumas delas
não é uma tarefa simples como acontece com a água. Sendo
assim, temos de empregar técnicas específicas, como as
utilizadas para obter o gás hélio, que só se condensa a
baixas temperaturas (-269oC), e mesmo a baixíssimas
temperaturas só se solidifica com alterações de pressão.
Algumas técnicas como a fundição, que consiste no
derretimento dos metais para serem moldados, são
empregadas com sucesso há bastante tempo e vêm
sofrendo atualizações. O ferro e o cobre deixam de ser
sólidos, isto é se fundem, a temperaturas de cerca de
1500oC, que são conseguidas em fornos metalúrgicos.
Da mesma maneira que a fusão dos metais é essencial na
fabricação de peças de automóveis, carrocerias de
caminhão, ferrovias, eletrodomésticos etc., a vaporização
da água é o processo físico que garante o funcionamento
de uma usina termelétrica. A água aquecida na caldeira
vaporiza, e o vapor a alta temperatura e pressão move as
pás de uma turbina que gera energia elétrica.
Numa ação corriqueira como a de acender uma vela,
produzimos duas mudanças de estado: a fusão e a
vaporização da parafina.
No entanto, nem sempre a mudança de estado é
desejável. Não queremos, por exemplo, que as lâmpadas
de nossa casa se "queimem". O filamento das lâmpadas
incandescentes é de tungstênio, que funde à temperatura
de 3380oC. Se essa temperatura for atingida pelo filamento,
ele se rompe ao fundir, interrompendo o circuito. Também
tomamos cuidado com a lubrificação e a refrigeração do
motor de nossos carros, evitando assim que o motor funda.Nas mudanças de estadosempre ocorrem trocasde calor
Quando se acende opavio de uma vela, aparafina (mistura dehidrocarbonetos)próxima a ele se liquefaze depois se vaporiza. Ogás sobe por convecçãoe reage com o oxigêniodo ar, produzindo água egás carbônico comliberação de energiatérmica e luminosa. Éisso que constitui achama.
O que é a chama?
Na fusão (passagem de sólido para líquido) e na vaporização
(passagem de líquido para vapor) sempre fornecemos calor
às substâncias. Na solidificação (passagem de líquido para
sólido) e na condensação (passagem de gás para líquido)
sempre retiramos calor das substâncias.
A temperatura em que cada substância muda de estado é
uma propriedade característica da substância.
Os valores da temperatura de mudança de estado e do
calor latente respectivo definem o seu uso na indústria. A
tabela 15.1 fornece os pontos de fusão e de ebulição e
também o calor latente de fusão e de vaporização de
algumas substâncias à pressão atmosférica.
A quantidade de calor necessária para que 1 grama de
substância mude de estado é o seu calor latente, que
também é uma propriedade característica.
Tabela 15.1 - Ponto de fusão e de ebulição das substâncias e osrespectivos valores de calor latente
59
Você pode identificar a temperatura de fusão e de ebulição
de uma substância e interpretar o significado do calor latente
medindo sua temperatura enquanto lhe fornece calor, até
que ela mude de estado.
Derretendo o gelo até ferver!
- Coloque alguns cubos de gelo em uma vasilha
que possa depois ser levada à chama de um fogão e
deixe-os derreter, medindo a temperatura antes e
enquanto os cubos derretem. Não se esqueça de
mexer de vez em quando, para manter o equilíbrio
térmico.
- Você vai observar que desde o momento em que o
gelo começa a derreter até que ele se transforme
totalmente no estado líquido, o termômetro marca
a mesma temperatura. Anote esse valor.
Mas se o sistema água e gelo continua trocando
calor com o ambiente, por que a temperatura não
variou?
- Depois da fusão de todo o gelo você vai perceber
que o termômetro indica temperaturas mais elevadas.
A água está esquentando.
- Coloque a água para aquecer sobre a chama de
um fogão. A partir do momento em que a água entra
em ebulição, o termômetro se mantém no mesmo
nível enquanto houver água na vasilha. Anote essa
temperatura.
Por que enquanto a água se transforma em vapor a
temperatura não muda, embora ela receba calor?
Quando se aquece um material sólido, a sua rede cristalina
se mantém com as moléculas vibrando mais, ou seja, com
maior energia cinética. Se o aquecimento continua, a
velocidade das moléculas faz com que elas se afastem a
ponto de romper a rede cristalina, o que ocorre na
temperatura de fusão do material.
Todo o calor recebido pela substância é utilizado para
romper a rede cristalina, por isso ela não tem sua
temperatura aumentada. Esse é o calor latente de fusão.
Para fundir um objeto de massa m que está à temperatura
de fusão, temos de fornecer a ele uma quantidade de
calor Q = mLf onde L
f é o calor latente de fusão.
Na ebulição as moléculas do líquido, ao receberem calor,
adquirem maior energia cinética e se separam quando
atingem a temperatura de ebulição, transformando-se em
gás. O calor latente de vaporização (Lv) é o calor utilizado
para separar as moléculas.
Para vaporizar uma substância de massa m que se encontra
na temperatura de vaporização é necessário fornecer-lhe
uma quantidade de calor Q = m Lv .
Na mudança de estado em sentido contrário, o líquido
cede calor ao ambiente (é resfriado) para reorganizar suas
moléculas numa rede, tornando-se sólido. Este processo
é chamado de solidificação.
O gás cede calor ao ambiente (é resfriado) para aproximar
suas moléculas, liquefazendo-se. Neste caso, o processo
é chamado de condensação.
Você pode ter encontrado um valor diferente de 100oC
durante a ebulição da água, pois essa é a temperatura de
ebulição quando a pressão é de 1 atmosfera, isto é, ao
nível do mar.
Explicar por que a temperatura se mantém constante du-
rante a mudança de estado, entretanto, é mais complexo.
Temos de recorrer novamente ao modelo cinético de
matéria.
Durante qualquermudança de estado atemperatura dasubstância se mantémconstante
CALCULE A QUANTIDADE DE
CALOR NECESSÁRIA PARA
VAPORIZAR 200 G DE GELO
QUE ESTÁ A -200C. UTILIZE
OS DADOS DAS TABELAS
12.1 E 15.1.
É possível representargraficamente oaquecimento do gelo atésua vaporização
60
Um lago gelado Os icebergs flutuam no mar de água salgada (mais densa
que a água doce) com 90% do seu volume submerso.Nos países de inverno rigoroso a superfície de rios e lagos
congela.
Abaixo do gelo, entretanto, a água permanece no estado
líquido, o que garante a sobrevivência dos peixes. Esse
fenômeno está relacionado com um comportamento
anômalo da água entre 4oC e o seu ponto de fusão (0oC).
Normalmente as substâncias se dilatam na medida em que
recebem calor. A água entretanto se dilata quando perde
calor entre 4oC e 0oC, isto é, ela se torna menos densa. É
por isso que o gelo flutua na água.
As águas da superfície de rios e lagos em contato com o
ar frio, nos países de inverno rigoroso, congelam. As
moléculas de água, ao formarem a rede cristalina na
solidificação (0oC), ficam distantes umas das outras,
ocupando um volume maior.
Como as camadas inferiores de água não entraram em
contato com o ar frio, elas se mantêm à temperatura de
4oC, por isso são mais densas que o gelo; suas moléculas
não sobem, ficam isoladas abaixo do gelo superficial,
permanecendo no estado líquido.
É também devido ao fato de o gelo ser menos denso que
a água que os icebergs flutuam. Além disso, temos de
lembrar que essas enormes montanhas de gelo são
provenientes dos continentes, arrastadas para o mar no
verão (época do degelo), e são constituídas de água doce.
Vidro: líquido ou sólido?
O vidro é fabricado a partir de materiais fundidos de tal
modo que não se cristalizam, permanecendo num estado
amorfo. É um líquido de viscosidade tão grande que na
prática se comporta como um sólido.
A sílica ou quartzo (SiO
2) é uma das raras substâncias que
se esfriam depois de fundidas sem formar a rede cristalina.
A sílica pura, que se obtém da areia, entretanto é difícil de
ser manipulada, porque sua viscosidade é muito elevada
e também o seu ponto de fusão bastante alto (1.723oC).
Para baratear o vidro, junta-se soda à sílica, o que diminui
o ponto de fusão, e cal (carbonato de cálcio), para tornar o
produto insolúvel. Outras substâncias, como óxidos de
magnésio, são misturadas para dar ao produto a cor branca.
Vidros especiais como o Pirex, que suportam mudanças
bruscas de temperatura, têm como ingrediente o ácido
bórico, que dá ao produto uma baixa dilatação térmica.
Quanto à técnica de fabricação, o vidro pode ser moldado,
laminado e soprado. Na técnica de modelagem a matéria-
prima é fundida, colocada em moldes e sofrem a injeção
de ar comprimido, que depois é extraído: as peças
moldadas são recozidas, isto é, aquecidas novamente em
fornos especiais para ser resfriadas lentamente, para evitar
que se quebrem facilmente. As garrafas e vidros são
fabricados por esse processo.
No vidro laminado, a mistura fundida passa entre grandes
rolos e é deixada para esfriar, podendo depois ser polida.
São os vidros de janelas ou espelhos.
Já a técnica de soprar se constitui numa arte. O artesão
sopra uma quantidade de vidro em fusão por um tubo.
Forma-se uma bolha à qual ele vai dando forma usando
ferramentas especiais. São objetos artísticos como licoreiras,
cálices, bibelôs.
61
16Mudanças sob
pressão
Aumentou a pressão?
O vapor está saturado?
A água só ferve a
100 oC?
Vai mudar de estado?
Em que condição o feijão cozinha
em menos tempo?
62
16 Mudanças sob pressão
Tabela 16.1
E SE DIMINUIRMOS A PRESSÃO, A ÁGUA VAI ENTRAR EM
EBULIÇÃO A TEMPERATURAS MENORES QUE 1000C?Para conseguirmos pressões menores que 1 atmosfera, basta
estarmos em regiões de grandes altitudes. Numa montanha
de 6.000 metros de altura, por exemplo, a pressão
atmosférica é de 1/2 atmosfera, e a água entraria em
ebulição a 800C.
A tabela 16.2 nos dá alguns valores da temperatura de
ebulição da água a diferentes pressões.
Numa panela comum os alimentos cozidos em água
atingem no máximo a temperatura de 1000C. Quando
queremos preparar um doce ou aquecer uma comida que
não deve atingir altas temperaturas, o fazemos em banho-
maria.
Sendo cozido a temperaturas mais altas, numa panela de
pressão, por exemplo, o alimento fica pronto em menos
tempo.
Se alterarmos a pressão, a ebulição da água não ocorrerá à
temperatura de 1000C. É o que acontece numa panela de
pressão que cozinha os alimentos a pressões mais altas
que 1 atmosfera; isso faz com que a água só entre em
ebulição a temperaturas de cerca de 1200C.
No Sistema Internacional
(SI) a pressão é expressa
em N/m2
Quando apresentamos a escala Celsius, atribuímos o valor
1000C à temperatura da água em ebulição.
PORÉM, SERÁ QUE A ÁGUA SEMPRE FERVE À MESMA
TEMPERATURA? HÁ ALGUM FATOR QUE ALTERE ISSO?
A água só ferve a 1000C ao nível do mar, devido à pressão
atmosférica que varia conforme a altitude.
A pressão atmosférica é devida ao ar, que exerce seu peso
em toda a superfície da Terra. A pressão é resultante de
uma força exercida por unidade de área.
Ao nível do mar a pressão atmosférica assume seu valor
máximo, pois a espessura da camada de ar é a maior possível
(a pressão atmosférica é de 1 atmosfera). Nesse nível, a
pressão do ar equilibra uma coluna de mercúrio de 76 cm
contido num tubo; isso foi concluído pelo físico Torricelli.
76 cm de mercúrio equivalem à pressão de 1
atmosfera. Quanto maior for a altitude, menor será
a pressão.
1atmosfera = 105 N/m2
MAS SERÁ QUE A ALTERAÇÃO DE PRESSÃO INTERFERE NA
EBULIÇÃO OU NA CONDENSAÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA?
edutitlA)m(
oãsserP)gHmc(
0 67
005 27
0001 76
0002 06
0003 35
0004 74
0005 14
0006 63
0007 13
0008 72
0009 42
00001 12
P =F
A
63
O que acontece com a temperatura de ebulição da água se a
pressão exercida for diferente da pressão atmosférica normal?
Fervendo sob pressão
Com certeza, a pressão sobre a água teria
aumentado muito, impedindo a ebulição.
Seria necessário aquecer mais para
provocar nova ebulição nessas condições,
o que ocorreria em temperaturas maiores
que a encontrada anteriormente.
Se você deixasse sair o vapor e fechasse
novamente o balão, poderia provocar
agora um efeito contrário.
Mantendo o balão suspenso, esfregue
pedras de gelo na sua parte superior,
diminuindo a temperatura e portanto a
pressão do gás sobre o líquido. Isso você
pode fazer, não há perigo.
Para examinar os efeitos da pressão sobre a
ebulição da água, utilize uma fonte de calor,
um balão de vidro Pirex contendo 1/4 de seu
volume de água e uma rolha com termômetro
(até 1100C). Para começar, você pode conhecer
a temperatura de ebulição da água sob pressão
normal. Para isso, aqueça o sistema, que deve
estar aberto e com o termômetro. Qual é a
temperatura?
Agora, o que você acha que aconteceria com
a água se você fechasse a tampa do balão e
mantivesse o aquecimento? Cuidado, isso é
muito perigoso, portanto NÃO FAÇA. Você acha
que a ebulição continuaria? O que aconteceria
com a temperatura?
Nesse experimento, qual situação é
semelhante à que ocorre numa panela de
pressão? E qual é semelhante à que ocorre
em grandes altitudes?
Ela volta a ferver? A que temperatura?
Repetindo outras vezes esse resfriamento,
qual a menor temperatura de ebulição
obtida?
Temperatura de ebulição da água a
diferentes pressões
Tabela 16.2
P (atm) P (mmHg) T (oC)
6,05x10-3 4,6 0
22,37x10-3 1,7x101 20
72,37x10-3 5,5x101 40
197,37x10-3 1,5x102 60
0,474 3,6x102 80
1 7,6x102 100
2 15,2x102 120
5 38,0x102 152
10 76x102 180
20 15,2x103 213
40 30,4x103 251
60 45,6x103 276
O MONTE ACONCÁGUA, NOS ANDES, ESTÁ A
APROXIMADAMENTE 7.000 M DE ALTITUDE, O
EVEREST, NO HIMALAIA, A 8.000 M, E O
PICO DA NEBLINA, O MAIS ALTO DO BRASIL, A
3.000 M. CONSULTE AS TABELAS E DESCUBRA
O VALOR DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO TOPO
DE CADA PICO. FAÇA UMA ESTIMATIVA DA
TEMPERATURA DE EBULIÇÃO DA ÁGUA NESSES
PICOS. RELACIONE-OS EM ORDEM
DECRESCENTE DE TEMPERATURA DE EBULIÇÃO.
64
Por que sob pressõesdiferentes a água ferve atemperaturas diferentes?
Para respondermos a essa pergunta devemos levar em
conta o que ocorre com as moléculas de água e com as de
ar.
Na ebulição, as moléculas de água possuem energia cinética
suficiente para escapar pela superfície do líquido e passar
para o estado gasoso, na forma de vapor de água.
Por outro lado, a pressão atmosférica exercida na superfície
do líquido é devida ao grande número de moléculas de ar
que se chocam com ela.
A temperatura de ebulição de 1000C corresponde a uma
energia cinética das molécula de água suficiente para elas
escaparem pela superfície, apesar da pressão de 1atmosfera
exercida pelo ar.
Exercícios:1) Determine as pressões no interior de uma panela comum
e no de uma panela de pressão com água fervente. A
massa da tampa da panela comum e da válvula da panela
de pressão é de 100 g. O diâmetro interno do pino da
panela de pressão é de 0,2 cm e o da panela comum é de
20 cm.
Resolução:
Como
Patm
= pressão atmosférica.
Pvapor
= pressão do vapor de
água.
Note que na panela de
pressão a pressão interna
é em torno de quatro
vezes maior do que a de
uma panela comum
Pint
= pressão no interior da
panela.
Na panela comum:
Assim:
Na panela de pressão:
R = 10 x 10-2
= 10-1
Quando se aumenta a pressão do ar sobre a água, as
moléculas de água necessitam de maior energia cinética
para vencer a pressão externa. Nesse caso, a temperatura
de ebulição será maior que 1000C.
Quando se diminui a pressão sobre o líquido, fica facilitado
o escape das moléculas de água do estado líquido para o
gasoso; mesmo moléculas dotadas de menor energia
cinética conseguem escapar da superfície, o que caracteriza
uma temperatura de ebulição menor que 1000C.
Pinterna
= Patmosferica
+ Pvapor
R = 0,1 cm = 10-3 m
'
F
A
mtampa
x g 1 x 10-1 x 10
π x r2
tampa π x (1 x 10-1)2
Pvapor
= = =
Pvapor
= = =F
A
mválvula
x g 1 x 10-1 x 10
π x r2pino
3,1 x (1 x 10-3)2
Pinterna
= 1 x 105 + 3,3 x 105 = 4,3 x 105N
m2
Pvapor
= = 3,3 x 105 1
3 x 10-6
N
m2
~
3,14 x 1 x 10-2 P
vapor = = 33
N
m2
1
Pinterna
= (1 x 105 + 33) = 1 x 105~N
m2
Assim:
Pint
= Patm
+ Pvapor
65
17O mais frio
dos frios
Experiências sofisticadas de laboratório, em que se resfriam gases como o
hidrogênio, nitrogênio ou hélio, apontam para o menor valor de temperatura possível
e que não pode ser atingido na prática.
Essa temperatura é chamada de zero absoluto e define uma nova escala de
temperatura.
Para estudar os gases precisamos utilizar essa nova escala de temperatura, a
Escala Kelvin.
Pode-se aquecer ou
resfriar uma substância
indefinidamente?
Como se medem
temperaturas muito
baixas?
66
17 O mais frio dos frios
MAS QUANTO DILATA UM GÁS? COMO ESSA PROPRIEDADE
PODE SER USADA PARA SE CONSTRUIR UM MEDIDOR DE
TEMPERATURA ABSOLUTA?
Experiências simples como essa, feitas com ar, mostram
que os gases dilatam bastante quando aquecidos e
contraem quando resfriados.
Para medir e controlar temperaturas utilizamos em nossos
estudos as propriedades das substâncias de emitir luz e se
dilatar quando aquecidas, "construindo" pirômetros ópticos,
termostatos e termômetros de mercúrio ou de álcool. Esses
termômetros entretanto não são capazes de avaliar
temperaturas muito baixas, pois essas substâncias
termométricas também congelam a uma certa temperatura.
Medidas de temperatura muito baixas podem ser realizadas
com algumas substâncias no estado gasoso. Nesse estado,
para que o gás fique bem caracterizado, é preciso conhecer
a que pressão ele está submetido, o seu volume e sua
temperatura.
Na escala Celsius as medidas de temperatura são relativas,
pois têm os pontos de fusão do gelo e de ebulição da
água como referências. O zero grau Celsius, por exemplo,
não significa um valor zero absoluto, e sim que a substância
se encontra à temperatura de fusão do gelo. Tanto a escala
Celsius como a Fahrenheit só são úteis quando queremos
trabalhar com variações de temperatura.
No caso dos gases, os manômetros medem pressões com
uma escala que se inicia no ponto zero, com um significado
físico de pressão zero, e o volume (m3) também é tomado
a partir de um volume zero.
Assim, como não tem significado físico uma pressão ou
volume negativos, a temperatura absoluta de um gás
também não pode ser menor do que zero. Foi preciso,
então, encontrar uma escala à qual se atribuísse a
temperatura mais baixa possível, o ponto zero.
Os gases, por se dilatarem mais do que os líquidos e sólidos,
se mostraram uma boa substância termométrica para ser
usada num "medidor" de temperatura absoluta. Além disso,
a uma alta temperatura e baixa pressão todos os gases se
comportam da mesma maneira, e o seu coeficiente de
dilatação nessas condições é sempre o mesmo. Chamamos
esse tipo de substância de gás ideal.
Você pode verificar a expansão e a contração do ar com a
próxima atividade, buscando entender a construção de
um termômetro a gás.
ENQUANTO AS PESQUISAS
APONTAM PARA UM LIMITE
INFERIOR DE TEMPERATURA,O "FRIO ABSOLUTO", NADA
LEVA A CRER QUE HAJA UM
LIMITE PARA ALTAS
TEMPERATURAS. EM
PRINCÍPIO PODE-SE
AQUECER UMA SUBSTÂNCIA
INDEFINIDAMENTE.
Enchendo o balão
Um recipiente de vidro com uma rolha furada e uma
bexiga de borracha presa a ela podem servir para
você observar o comportamento do ar quando
aquecido ou resfriado.
Coloque esse conjunto dentro de uma vasilha de
água quente e observe o que ocorre com o volume
da bexiga. Ela mostra o que acontece com o ar do
recipiente de vidro.
Coloque em seguida o conjunto dentro de uma
vasilha de água gelada. O que ocorre agora com o
volume da bexiga?
O que você pode dizer sobre o número de moléculas
de ar dentro do conjunto durante o aquecimento e
o resfriamento?
E quanto ao comportamento da pressão?
67
O diagrama ao lado mostra que o volume do gás será zero
quando a temperatura for -2730C.
Um volume reduzido a zero significa que as moléculas se
movimentariam o mínimo possível; nestas condições a
energia das moléculas seria mínima, praticamente só a
energia de configuração dos átomos e moléculas do gás.
Da mesma maneira não há colisões das moléculas com as
paredes do recipiente, o que é interpretado como uma
pressão mínima possível.
O FATO DE A ENERGIA CINÉTICA TOTAL DAS MOLÉCULAS SER
PRATICAMENTE ZERO É INTERPRETADO COMO UMA
TEMPERATURA ABSOLUTA ZERO.Essa temperatura de -2730C foi chamada de zero absoluto
por Wiliam Tompson, que recebeu o título de Lord Kelvin
em 1848.
Na prática, o ponto zero absoluto não pode ser atingido. A
menor temperatura medida em laboratório foi de fração
de grau acima do zero absoluto.
Foi chamada de escala Kelvin ou escala absoluta a escala
termométrica que atribuiu ao zero absoluto o ponto zero;
à temperatura de fusão da água, o ponto 273K; e a
temperatura de ebulição da água, o ponto de 373K.
Assim, tal como na escala Celsius, entre o ponto de fusão e
o de ebulição da água temos uma diferença de 1000C; na
escala Kelvin também temos uma diferença de 100K.
É ESSA ESCALA DE
TEMPERATURA ABSOLUTA
QUE USAREMOS PARA
ESTUDAR OS GASES.
Um termômetro a gás a pressão
constanteSe colocássemos gás num tubo longo de vidro de 1mm2
de secção (área) confinado por uma gota de mercúrio,
perceberíamos a gota de mercúrio subir ou descer, quando
o tubo fosse aquecido ou resfriado. A variação do volume
do gás em função da temperatura obedece uma regra muito
simples.
Mergulhando o tubo numa vasilha de água em ebulição,
ou seja, à temperatura de 1000C, o comprimento da coluna
de gás seria de 373 mm. Se a água fosse resfriada a 500C,
a altura de coluna passaria a 323 mm.Veja que houve uma
diminuição no comprimento da coluna de 50 mm.
Colocando o tubo em água com gelo a 00C, o comprimento
da coluna de gás seria de 273 mm. Neste caso, o
comprimento da coluna teria diminuido mais 50 mm.
Nessas situações, a pressão do gás seria constante (pressão
atmosférica) e o volume do gás seria proporcional à variação
de sua temperatura. Com esse termômetro, poderíamos
descobrir a temperatura do gás, medindo o seu volume.
O volume é a propriedade termométrica desse
termômetro.
Reduzindo mais a temperatura, sem que o gás se
condensasse, o que se conseguiria em laboratórios
especializados, o seu volume seria de 73 mm3 a -2000C.
Um gás considerado perfeito ou ideal tem sempre seu
volume diminuído de 1/273 para cada redução de
temperatura de 1 grau centígrado. Esse comportamento
caracteriza os gases perfeitos.
68
Ambiental: controle de poluição do
ar.
Controle de filtros que, dependendo
do material e da temperatura em que
se encontram (baixas temperaturas),
absorvem gases poluentes.
Veterinária: banco de sêmen.
Os bancos de sêmen conservam à
temperatura de 77K o sêmen de
animais reprodutores utilizados em
inseminações artificiais e enviados
para locais distantes, congelados em
embalagens em que circula o
nitrogênio líquido.
Medicina: bisturi criogênico.
Nesse bisturi utiliza-se a circulação
de nitrogênio líquido e controla-se a
temperatura desejada a partir de um
aquecedor. O uso desse instrumento
permite que só a parte a ser removida
do tecido seja submetida a baixas
temperaturas, preservando-se os
tecidos sadios. As cicatrizações das
incisões feitas com esse bisturi são
mais rápidas e com menores riscos
de infecção.
Tecnologia: quebra de castanhas-do-
pará.
As cascas das castanhas-do-pará, quando
submetidas a baixas temperaturas, são
quebradas facilmente, sem que o fruto
sofra alterações.
Tecnologia: nitrogênio líquido.
O nitrogênio líquido é fabricado a
partir da liquefação do ar, o que se
consegue atingindo-se a temperatura
de 77K. É empregado na medicina, na
veterinária e na tecnologia.
Criogenia é o estudo da produção de baixas temperaturas,
inferiores a 273,15K (00C).
Em 1911 foi observado pela primeira vez que alguns
metais, como o mercúrio, tornavam-se supercondutores,
isto é, conduziam eletricidade sem oferecer resistência
quando congelados perto do zero absoluto. Como essas
baixas temperaturas só podem ser obtidas com generosa
aplicação do hélio líquido, muito caro, as pesquisas
continuaram buscando a supercondutividade a
temperaturas mais elevadas.
A partir de 1985 foram descobertos novos materiais: o
óxido de cobre a 35K, óxidos cerâmicos baseados em
terras raras, como o ítrio, por exemplo, a 98K, tornavam-
se supercondutores a temperaturas em que o nitrogênio,
bem mais barato, já podia substituir o hélio.
Cerâmicas supercondutoras de cobre, ítrio e bário, que
funcionam bem a -1480C, com estrôncio e cálcio chegam
a funcionar a temperaturas de -1030 C. Pesquisadores de
todo o mundo se empenham na busca de materiais
supercondutores de alta temperatura para fabricação de
chips de computador, fibras ópticas etc.
O trem bala
Eletroímãs supercondutores feitos com fios de liga de
nióbio, a temperaturas de aproximadamente 20K, são
colocados logitudinalmente na parte inferior do trem,
enquanto os trilhos são dotados de chapas de alumínio na
mesma direção dos eletroímãs.
Quando o trem se move, a direção das linhas do campo
magnético dos eletroímãs perpendicular às superfícies
das chapas, induz correntes elétricas que, por sua vez,
interagem com as dos eletroímãs. Isso provoca uma
repulsão que ergue o trem a uns 10 cm do chão, fazendo-
o deslizar sobre um colchão magnético, o que permite
velocidades da ordem de 500 km/h. O trem só se apóia
sobre rodas quando está em baixas velocidades ou parado.
Criogenia: A indústria do "muito frio"
Tecnologia: aproveitamento de
pneus descartados.
Pneus velhos e plásticos, após o
congelamento com nitrogênio líquido,
são pulverizados e misturados com
asfalto para pavimentação. Essa mistura
nas proporções adequadas torna a
superfície mais aderente do que o asfalto
comum. Além disso utiliza material que
por não ser biodegradável se constitui
num problema para a reciclagem do lixo.
Tecnologia: tratamento de metais.
O tratamento do aço com nitrogênio
líquido num processo elaborado sem
choques térmicos obtém-se um aço mais
duro e resistente ao desgate.
Ambiental: simulação de ambientes
espaciais.
Retirando-se as moléculas do ar pelo
processo de absorção a baixas
temperaturas, conseguem-se pressões
muito baixas, que simulam ambientes
extraterrenos.
Kryosgennáo
69
18Transformações
gasosasEm termômetros a gás,
bombas de encher pneus e
balões, aparelhos
respiratórios para
submersão etc., ocorrem
transformações gasosas.
Sempre que um gás é resfriado ou aquecido, os valores de sua pressão e volume
se alteram. Há uma regra para essas alterações?
A compressão ou a descompressão de um gás também provocam variações no
seu volume e na sua temperatura?
Experiências realizadas com gases mantêm constante uma das grandezas:temperatura, pressão ou volume, avaliando como variam as outras duas e
estabelecendo leis para as transformações gasosas.
70
18 Transformações gasosas
Um gás pode ter sua temperatura mantida constante e
sofrer uma transformação onde a pressão e o volume variam.
Esse estudo foi realizado por Boyle. (Veja no quadro ao
lado a sua experiência.)
Se a pressão do gás aumentar, o seu volume diminui de
tal modo que vale a relação:
Lei de Boyle
Um gás também pode passar de uma condição (estado)
para outra variando ao mesmo tempo a pressão, o volume
e a temperatura. Essa transformação obedece ao mesmo
tempo às três equações apresentadas, isto é:
Equação Geral dos Gases
Para estudar a variação da pressão de um gás mantido a
volume constante utiliza-se um dispositivo contendo uma
certa quantidade de gás, isolado do ambiente por um
tubo flexível em forma de U com mercúrio, um
termômetro a gás a volume constante. Um manômetro
indica valores da pressão.
Quando o gás é aquecido, o seu volume pode ser mantido
constante elevando-se a extremidade do tubo de modo
que o ponto N permaneça fixo. A altura h do tubo que
contém mercúrio equilibra a pressão do gás contido no
reservatório.
Quando o gás é resfriado, ao contrário, a extremidade
do outro tubo deve ser abaixada. A temperatura do gás
é calculada pela pressão indicada no manômetro.
A pressão pode ser variada
alterando-se a altura de mercúrio do
ramo direito, mantendo-se constante
a temperatura.
Termômetro a gás a volume
constante
Como vimos na leitura anterior, é possível descobrir a
temperatura absoluta de um gás medindo-se o seu volume.
Nesse tipo de transformação gasosa que ocorre a pressão
constante (isobárica), o volume do gás é diretamente
proporcional à sua temperatura absoluta, o que pode ser
representado pela relação:
Lei de Charles-Gay Lussac, onde os índices 1 e 2
caracterizam a primeira e a segunda condição do gás.
No entanto, podemos aquecer ou resfriar um gás mantendo
constante o seu volume e observando como sua pressão
varia. (Veja no quadro ao lado o funcionamento de um
termômetro a gás a volume constante.)
A pressão indicada no manômetro aumenta
proporcionalmente com a temperatura absoluta do gás, o
que pode ser representado pela equação:
Transformação isotérmica
Transformação isobárica
Transformação
isovolumétrica
ESSA CURVA É CHAMADA
ISOTERMA.
Lei de Charles-Gay Lussac
No estudo dos gases realizado por Boyle foi utilizado um
tubo em U fechado em uma extremidade e aberto na
outra e contendo gás e mercúrio. Mantendo a temperatura
constante, Boyle provocou alterações na pressão e
observou como o volume do gás variava.
A experiência de Boyle.
P1 V
1 = P
2 V
2 = constante
P1 V
1 P
2V
2
T1
T2
= = cte
V1
V2
T1
T2
= = constante
= = constanteP
1 P
2
T1
T2
71
O resultado é a constante universal dos gases:
Uma importante propriedade dos gases foi apresentada
por Avogadro: "um mol de qualquer gás nas condições
normais de temperatura e pressão, ocupa sempre o mesmo
volume de 22,415 litros e possui 6,02.10-23 moléculas (No)".
O mol de uma substância é sua massa molecular expressa
em gramas. Por exemplo:
um mol de gás de oxigênio (O2) = 32 g
um mol de gás hidrogênio (H2) = 2 g
um mol de água (H2O) = 18 g
Se aplicarmos a equação geral dos gases a um mol de
gás, o resultado será sempre o mesmo para qualquer gás:
Para um mol de um gás:
Teoria cinética dos gases
A pressão de um gás sobre as paredes do recipiente está
relacionada com a energia cinética média das moléculas e
a temperatura absoluta através das seguintes relações:
Equação dos gases perfeitos ou
equação de Clapeyron
n = número de moles
N = número de moléculas
V = volume
m = massa de cada
molécula
v = velocidade das
moléculas
N0= 6,02x1023 moléculas
por mol
Com essas equações relacionamos pressão e temperatura,
que são grandezas macroscópicas, com a energia cinética,
que é uma grandeza microscópica. Portanto, é possível
estabelecer uma equivalência entre uma grandeza
macroscópica e uma grandeza microscópica.
Exemplo:
1) Qual é a energia cinética
média por molécula à
temperatura ambiente?
Resolução:
Se: t = 22 0C = 273 + 22 = 295 K
= =P V 1atm x 22,4 l (1,013 x 105) N/m2 x 0,0224 m3
T 273 K 273 K
R = 0,082atm x l
mol x K
P V
T
P V
T
= R
Para n moles de um gás: , ou= n x R
P V = nRT
Ec
= K T 3
2m
Ec
= x 295 x 1,38 x 10-23 J 3
2m
Ec
= x 4,07 x 10-21 J
Ec
= 6,105 x 10-21 Jm
m
3
2
(N/m2) x m3 cal
mol x K mol x K
R = 8,31 = 1,986
P = = Ec
1 N x m x vm
2
2 N
3 V 3 Vm
Constante de
Boltzman
J
molécula x K
k = 1,38 x 10-23
R
N0
onde: e=Ec
k x T3
2 m
N = n x N0
k =
MACROSCÓPICA MICROSCÓPICA
massa número demoléculas
temperatura energia cinética
pressão choque dasmoléculas com as
paredes
volume distância médiaentre as moléculas
72
4) Considerando que um motor a diesel esteja funcionando
a uma taxa de compressão de 14:1 e que a temperatura
do ar em seu interior atinja o valor de aproximadamente
7000C, calcule o máximo valor da pressão do cilindro antes
da injeção do diesel, sabendo que a temperatura ambiente
é de 270C e a pressão é de 1 atmosfera.
Obs.:
- A pressão inicial do ar na câmara é a do local, 1 atmosfera.
- O volume inicial do ar é V1 e o final é V
1/14.
- Use temperaturas Kelvin.
3) Um freezer, regulado para manter a temperatura em
seu interior a -190C, foi fechado e ligado quando a
temperatura ambiente estava a 270C.
a) Determine a pressão em seu interior após um certo
tempo de funcionamento.
b) Compare esse valor com o da pressão interna do freezer
num ambiente cuja temperatura seja 400C.
Obs.:
- Você pode considerar que o ar no interior do freezer se
comporta como um gás ideal.
- Como o volume do ar não se altera, V1 = V
2 .
- P1 é a pressão do local, 1 atmosfera.
- Você deve usar a temperatura absoluta.
1) Um químico recolhe um gás a 180C, cujo volume é de
500 cm3. Para dimensionar a capacidade do recipiente ele
precisa conhecer qual será o volume do gás a 00C se a
pressão for mantida constante. Determine o volume do
gás.
Resolução:
Como a pressão é constante, a transformação é isobárica.
Assim, para a temperatura de 18 0C podemos escrever:
T1= 18 0C = 18 + 273 = 291 K
Exercícios
V1 = 500 cm3
Para a temperatura 00C, temos:
T2 = 0 0C = 0 + 273 = 273 K
V2 = ?
Como:
Portanto:
2) Um balão meteorológico contém 75.000 m3 de gás hélio
quando está na superfície da Terra à pressão de 1 atmosfera.
Ao alcançar uma altitude de 20 km, o seu volume atinge
1.500.000 m3. Admitindo que a temperatura do gás se
mantém constante, qual a pressão do gás hélio nessa altura?
Resolução:
V1 = 75.000 m3
P1 = 1 atmosfera = 105 N/m2
V2 = 1.500.000 m3
P2 = ?
Como a temperatura se mantém constante:
vinte vezes menor que a pressão inicial.
Nos motores a diesel, o
combustível é injetado no in-
terior de uma câmara de
combustão que contém ar
comprimido a alta temperatura
e sofre combustão espontânea,
dispensando, assim, a vela de
ignição.
O ar contido na câmara é
retirado do ambiente e
altamente comprimido, até que
seu volume fique reduzido
cerca de 14 a 25 vezes em
relação ao volume inicial.
Considerações sobre o
exercício 4
P1 V
1 = P
2 V
2
105 x 75.000 = 1.500.000 x P
2
P2 = = 5 x 103
75.000 x 105
1.500.000
N
m2
⇒=500 V
2
291 273=
V1 V
2
T1 T
2
V2 = = 469 cm3
500 x 273
291
73
19A todo vapor
Para gerar eletricidade
precisamos fazer girar
um eixo.
O vapor pode ser usado
para provocar esse
giro?
As usinas geradoras de eletricidade transformam energia
mecânica de rotação do eixo da turbina em energia elétrica.
Como é produzido o movimento de rotação de uma turbina a
vapor?
Numa usina termelétrica a energia se conserva?
E uma usina termonuclear, como funciona?
74
19 A todo vapor
A turbina a vapor
NA CALDEIRA A PRESSÃO DO
VAPOR É CONTROLADA POR
VÁLVULAS, TAL COMO NUMA
PANELA DE PRESSÃO.
A turbina a vapor é uma máquina térmica que utiliza o
vapor de água para movimentar suas hélices, produzindo
a rotação do seu eixo. É essa rotação que nas usinas
termelétricas vai acionar o gerador elétrico.
Ela é constituída de uma caldeira, de um conjunto de
hélices (turbina), de um condensador e de uma bomba.
As transformações dasubstância de operação
Em cada componente da turbina o vapor ou a água sofrem
transformações, tendo sua pressão, volume e temperaturas
alteradas.
Representando graficamente as variações de pressão e
volume em cada etapa, podemos compreender o ciclo da
turbina a vapor.
A água, substância de operação, é aquecida na caldeira
pela queima externa do combustível, em geral carvão
mineral, fervendo a alta pressão.
O vapor aquecido até cerca de 5000C escapa por diferença
de pressão e através de uma tubulação chega até o
conjunto de hélices ou turbina, para a qual transfere parte
de sua energia cinética, produzindo a rotação do eixo da
turbina. Como conseqüência, o vapor tem sua pressão e
temperatura diminuídas.
Depois de passar pelas hélices o vapor é resfriado numa
serpentina, condensa-se e a água chega à bomba.
A água bombeada para a caldeira vai garantir a continuidade
do processo nesse ciclo fechado da turbina a vapor.
Por que é necessário umcondensador na turbina a
vapor?
Se para girar a hélice é necessário vapor a alta pressão e
temperatura, poderia se pensar em injetar o vapor de volta
à caldeira sem antes liquefazê-lo. Isso, porém, não pode
ser feito porque acarretaria um trabalho muito grande à
bomba, pois para voltar à alta pressão o vapor precisa ser
muito comprimido.
A função do condensador é resfriar o vapor, que ao circular
pela serpentina (envolvida por água corrente) perde calor
até liquefazer.
A água à temperatura de 1000C é então facilmente
bombeada para a caldeira. Se a água fosse resfriada,
atingindo temperaturas menores, a caldeira seria
sobrecarregada com a tarefa de aquecê-la até a ebulição.
75
O ciclo completoNum ciclo completo da turbina a vapor a energia que
provém da queima do combustível (carvão) é utilizada
para variar a energia interna da substância de operação
(água e vapor) e para realizar trabalho, fazendo girar
o eixo da turbina. A água que circula externamente
ao condensador também se aquece.
A energia fornecida ao sistema é transformada em
trabalho, reaproveitada no processo, e em parte cedida
ao ambiente.
NUM CICLO COMPLETO, A ENERGIA SE CONSERVA.
A água se vaporiza à pressão constante, aumentando seu volume -
transformação isobárica - (A → B);
Etapas do ciclo da água no interior da turbina1) Caldeira.
O vapor se expande, realizando trabalho. Como as hélices da turbina
e o vapor estão à mesma temperatura e a transformação ocorre
rapidamente, não há trocas de calor - expansão adiabática -
(B → C);
2) Turbina.
3) Condensador.
O vapor passa para o estado líquido, trocando calor com o meio e
diminuindo o volume a pressão constante (C → D);
A bomba, ao comprimir a água, aumenta sua pressão até que esta se
iguale à pressão do interior da caldeira. Pelo fato de a água ser
praticamente incompressível, podemos considerar este processo
isométrico (D → A).
4) Bomba.
76
Numa usina termonuclear a turbina é movida a vapor a alta
pressão, como na termelétrica. A diferença entre elas
consiste na maneira de produzir o vapor.
Enquanto na termelétrica o vapor é produzido numa
caldeira onde a água é aquecida pela combustão externa
de carvão ou petróleo, na nuclear é um reator que utiliza o
urânio (U235) como combustível para produzir o calor
necessário para aquecer a água.
Termonuclear
PESQUISE SOBRE AS USINAS CONSTRUÍDAS NO BRASIL, A
POLUIÇÃO E DANOS CAUSADOS PELAS CONSTRUÇÕES DE
HIDRELÉTRICAS, TERMELÉTRICAS E TERMONUCLEARES.
Em nossos dias consumimos cada vez mais energia elétrica.
As usinas geradoras, entretanto, poluem o ar, causam danos
ao meio ambiente e se constituem num risco de
contaminação por radiação.
Na reação apresentada a seguir a energia é liberada na
forma de ondas eletromagnéticas semelhantes aos raios X
e mais penetrantes que eles, os raios gama.
Os núcleos dos reatores contêm água, combustível
(pastilhas de urânio), grafite e barras de boro. Neles ocorre
uma reação nuclear, isto é, o átomo de urânio é quebrado
quando um nêutron se choca com o seu núcleo, dando
origem aos núcleos de bário e criptônio e mais três neu-
trons. É esta a função do reator: bombardear núcleos de
urânio com nêutrons para provocar a quebra do urânio, o
que é expresso na Física como fissão núclear.
NO NÚCLEO DOS REATORES AS PASTILHAS DE URÂNIO SÃO
COLOCADAS EM HASTES METÁLICAS, TAMBÉM CHAMADAS
DE PILHAS NUCLEARES.
Os três nêutrons que resultam da reação podem atingir
outros núcleos, liberando mais nêutrons e provocando,
assim, uma reação em cadeia. Se essa reação não fosse
controlada, liberaria instantaneamente uma grande energia
e provocaria uma explosão, que é o que ocorre numa
bomba atômica.
A grafite e as barras de boro têm a função de controlar essa
reação. A grafite funciona como um moderador que
desacelera os nêutrons; as barras de boro absorvem os
nêutrons, controlando a reação. As barras de boro são
colocadas no núcleo do reator ou retiradas para produzir o
calor na quantidade que se deseja, com segurança. As
outras partes da usina termonuclear (turbina, condensador
e válvula) funcionam tal como uma termelétrica, guardando
é claro algumas particularidades.
77
20
Cavalos de aço
Automóveis, ônibus e
caminhões são movidos
por máquinas térmicas.
Nelas a produção de
movimento ocorre a
partir da queima do
combustível.
Tanto em carroças puxadas por animais como em automóveis movidos por
motor, temos produção de movimentos. Transformamos em energia mecânica
a energia muscular do animal ou a energia química do combustível.
Ao discutir o funcionamento de motores a combustão, verdadeiros cavalos
de aço, vamos evidenciar os princípios físicos da Termodinâmica.
78
20 Cavalos de aço
VOCÊ JÁ SABE QUE AUTOMÓVEIS, ÔNIBUS E CAMINHÕES SÃO
MOVIDOS POR MOTOR A COMBUSTÃO INTERNA; MAS JÁ VIU
UM DELES INTERNAMENTE?
Entrevistando um
mecânico...
1) Quais as partes
essenciais de um motor?
2) Como funciona um mo-
tor de quatro tempos? E de
dois tempos?
3) Quais as diferenças en-
tre um motor a álcool e a
gasolina? E a diesel?
4) O que é cilindrada do
motor?
Uma maneira de conhecer um motor por dentro é visitar
uma oficina mecânica e fazer uma entrevista com o
mecânico.
Você pode dar uma de
jornalista e fazer algumas
perguntas ao técnico, tais
como:
Certamente ele vai lhe mostrar partes dos motores e falar
sobre a função de cada uma. Depois dessa discussão com
o técnico, fica mais fácil "descobrir" os princípios físicos em
que se baseia essa máquina térmica.
O motor a combustão
Os motores são formados por um bloco de ferro ou alumínio
fundido que contém câmaras de combustão, onde estão
os cilindros, nos quais se movem pistões. Cada pistão está
articulado ao virabrequim através de uma biela. A biela é a
peça que transforma o movimento de vaivém dos pistões
em rotação do virabrequim. O virabrequim, ao girar, faz
com que o movimento chegue até as rodas através do
sistema de transmissão do carro.
1- válvula de admissão
2- válvula de escape
3- pistão
4- cilindro
5- biela
Num motor a quatro tempos, quando o
pistão desce no cilindro devido ao giro
do virabrequim, a válvula de admissão se
abre, e uma mistura de ar e combustível
é aspirada pelo cilindro. Com o
movimento de subida do pistão, o
combustível é comprimido. Quando a
compressão é máxima, a vela de ignição
solta uma faísca, que explode o combustível e joga o pistão
para baixo. Quando ele volta a subir, a válvula de escape
é então aberta, permitindo que os gases queimados
escapem para o meio ambiente; então reinicia-se o ciclo.
Nos motores de dois tempos, como os usados em motos e
barcos, também ocorrem a admissão, a compressão, a
expansão e a exaustão, porém com apenas dois cursos do
pistão; a cada cilclo são duas fases simultâneas. Enquanto
o pistão sobe, simultaneamente há a aspiração na parte
inferior do motor e compressão do
combustível na parte superior.
Com a ignição, a expansão dos
gases impulsiona o pistão para
baixo, abrindo a saída para a
exaustão, enquanto a mistura de
combustível flui da parte inferior
do motor para a parte superior.
Os motores diferem pela quantidade de cilindros e quanto
ao ciclo de funcionamento, dois tempos ou quatro tempos,
em que cada pistão trabalha num ciclo e se constitui numa
máquina térmica.
COMO É PRODUZIDO O MOVIMENTO?Nos motores a quatro tempos a álcool ou gasolina a
produção de movimento começa pela queima de
combustível nas câmaras de combustão. Essas câmaras
contêm um cilindro, duas válvulas (uma de admissão e
outra de escape) e uma vela de ignição. O pistão que se
move no interior do cilindro é acoplado à biela, que se
articula com o virabrequim como mostra a figura.
79
Num ciclo completo do motor, a energia química do combustível só é transformada em trabalho no 3º tempo. Nas outras
etapas (1º, 2º e 4º tempos) o pistão é empurrado devido ao giro do virabrequim. Parte do calor é eliminada como energia
interna (∆∆∆∆∆U) dos gases resultantes da combustão, que saem pelo escapamento a temperaturas muito altas. Outra parte
aquece as peças do motor que são refrigeradas continuamente, trocando calor com o meio ambiente. Podemos afirmar que a
energia ou quantidade de calor Q fornecida ao sistema pelo combustível aumenta sua energia interna realizando trabalho.
Esse princípio de conservação da energia pode ser expresso por: Q = ∆U + τ, onde:
Essa expressão é conhecida na Física Térmica como primeira lei da Termodinâmica.
Etapas de um motor a quatro tempos1) Admissão da mistura: 1º tempo.Abertura da válvula de admissão: enquanto o volume do gás aumenta, a
pressão fica praticamente constante - transformação isobárica (A → B);
2) Compressão da mistura: 2º tempo.Enquanto o volume diminui, a pressão e a temperatura aumentam.
Como o processo é muito rápido, não há trocas de calor com o
ambiente - transformação adiabática .(B → C);
3) Explosão da mistura: 3º tempo.
O volume do gás fica praticamente constante, e ocorre um grande aumento
da temperatura e da pressão - transformação isométrica (C → D);
enquanto o volume aumenta, a pressão e a temperatura diminuem -
transformação adiabática (D → E);
4) Escape dos gases: 4º tempo.
Abertura da válvula de escape: o volume permanece o mesmo e a
pressão diminui - transformação isométrica (E → B); enquanto o
volume diminui a pressão fica praticamente constante - transformação
isobárica (B → A).
O primeiro princípio da Termodinâmica
energia do combustível.
variação da energia
interna do sistema.
trabalho realizado pelo
combustível.
Q =
τ =∆U =
80
Transformando o trabalho em
calor e joules em calorias???
As máquinas térmicas transformam calor em trabalho,
sendo que o sistema sempre sofre um aquecimento.
Você já viu um motor funcionar sem que ele se
aqueça? Mas será que é possível transformar um
trabalho totalmente em calor?
O atrito das pás com a água faz com que o peso desça
com velocidade lenta, quase constante.
Assim, presumiu-se que toda a energia potencial do peso
mgh é transformada em calor. Sendo o recipiente isolado
termicamente, considerou-se que todo o calor irá aquecer
a água. Um termômetro adaptado ao recipiente permite
que se conheça a temperatura inicial e a final da água.
Pode-se então calcular a quantidade de calor que a água
recebeu.
Onde: massa da água1
O trabalho realizado pelo peso em sua queda é:
Admitindo-se que o trabalho realizado pelo peso era
equivalente à quantidade de calor Q, Joule concluiu,
depois dos cálculos de sua experiência, que:
Questões motoras
O impulso necessário para o início do ciclo é efetuado pelo
motor de arranque, um pequeno motor elétrico alimentado
pela bateria do carro, que dá início ao giro do virabrequim.
Nos primeiros veículos esse "impulso" era efetuado
mecanicamente, por uma manivela encaixada no eixo do
virabrequim; processo semelhante é usado ainda hoje na
maioria das motocicletas, nas quais se aciona um pedal
para dar a partira do motor.
2) Quando queremos aumentar a velocidade do carro,
acionamos o acelerador. Como o pedal do acelerador in-
terfere no ciclo do motor?
Resolução:
O acelerador do carro está articulado com o carburador,
dispositivo que controla a quantidade de combustível que
é admitida na câmara de combustão.
O carburador tem a função de misturar o ar com o vapor
do combustível na proporção de 12 a 15 partes de ar para
1 de combustível (por unidade de massa) e controlar a
quantidade dessa mistura, através de uma válvula que se
abre quando o pedal do acelerador é pressionado ou solto,
liberando maior ou menor quantidade da mistura
combustível.
1) Os motores a combustão de quatro tempos só realizam
trabalho no 3º tempo, e o de dois tempos no 2º tempo.
Como o motor obtém o impulso para começar a funcionar?
Resolução:
Quais as semelhanças
e diferenças entre o
ciclo de funcionamento
de um motor a
combustão e o de uma
turbina a vapor?
Essa é uma pergunta que os físicos tiveram de responder
desde que o calor foi interpretado como uma forma de
energia, no século passado.
Tornou-se necessário estabelecer a relação entre uma certa
quantidade de calor, medida em calorias, e a unidade usada
para medir outras formas de energia, o joule.
Na verdade, a unidade de medida de energia é chamada
de joule devido aos trabalhos realizados pelo físico inglês
James Joule, que realizou experiências procurando a relação
entre a quantidade de calor e o trabalho.
Neste aparato, o peso,
ao cair, fazia girar um
conjunto de pás que
agitavam a água
contida no recipiente.
Q = m.c.∆∆∆∆∆t
1cal = 4,18 J
m =
∆∆∆∆∆t = tf - t
i
c =
τ = Ep τ = mgh⇒
81
21O gelo ao
alcance de todosO uso do refrigerador
doméstico faz parte do
nosso dia-a-dia.
Em que princípio físico
se baseia o seu
funcionamento?
O armazenamento e o transporte de alimentos perecíveis constituíam um problema
até bem pouco tempo atrás.
Era uma meta evitar que os alimentos se deteriorassem rapidamente devido à
ação do calor, principalmente nas regiões tropicais e durante o verão.
O refrigerador, hoje ao alcance de todos, revolucionou os nossos hábitos de
compra e de alimentação.
Discutindo o funcionamento dessa máquina de "fazer gelo", vamos apresentar o
segundo princípio da termodinâmica.
82
21 O gelo ao alcance de todosO QUE UM APARELHO QUE RESFRIA ALIMENTOS E FABRICA
GELO TEM DE SEMELHANTE COM UM MOTOR DE CARRO?Se você observar a parte de trás da geladeira vai perceber
algumas semelhanças.
Uma conversa com um técnico em refrigeração pode
auxiliá-lo a entender como funciona uma geladeira.
Depois dessa discussão com o técnico você pode perceber
que a geladeira é uma máquina térmica que utiliza a
vaporização de uma substância (o freon) para retirar calor
do seu interior.
Você estranhou o fato
de a geladeira fazer
parte de um capítulo
em que se estudam
máquinas térmicas?
Entrevistando um
técnico de geladeira...
Veja algumas perguntas
que você pode fazer ao
p r o f i s s i o n a l
entrevistado:
1) No que se baseia o
funcionamento de uma
geladeira?
2) Que gás é usado nas
geladeiras?
3) O que acontece em
cada parte da geladeira?
4) Como funciona o
freezer?
5) Como a geladeira liga
e desliga sozinha?
O refrigerador domésticoA geladeira funciona em ciclos, utilizando um fluido (freon
12) em um circuito fechado. Tem como partes essenciais o
compressor, o condensador, uma válvula descompressora
e o evaporador (congelador).
O motor compressor comprime o freon, aumentando a
pressão e a temperatura e fazendo-o circular através de
uma tubulação. Ao passar por uma serpentina permeada
por lâminas, o condensador, o freon perde calor para o
exterior, liquefazendo-se. O condensador fica atrás da
geladeira; é a parte quente que você deve ter observado.
Ao sair do condensador, o freon liquefeito ainda a alta
pressão chega a um estreitamento da tubulação (tubo
capilar), onde ocorre uma diminuição da pressão. O capilar
é a válvula de descompressão.
Quando o freon líquido e a baixa pressão chega à serpentina
do evaporador, de diâmetro bem maior que o capilar, se
vaporiza, retirando calor da região próxima (interior do
congelador). O gás freon a baixa pressão e temperatura é
então aspirado para o compressor, onde se inicia um novo
ciclo.
O congelador é a parte mais fria, por isso sempre está
localizado na parte superior da geladeira, e tem condições
de trocar calor com todo o seu interior. O ar quente sobe,
se resfria na região do congelador e depois desce,
estabelecendo a convecção do ar. Por isso as prateleiras
são vazadas.
Tal como na turbina a vapor e no motor a combustão, a
geladeira trabalha com uma substância de operação, tem
partes que funcionam a altas temperaturas (fonte quente )
e a baixas temperaturas (fonte fria).
Enquanto na turbina e no motor o calor flui espontaneamente
da fonte quente para a fria (água de refrigeração e
atmosfera), na geladeira o fluxo de calor não é espontâneo.
Na geladeira a troca de calor se dá do mais frio (interior da
geladeira) para o mais quente (meio ambiente). Para que
isso ocorra, se realiza um trabalho externo sobre o freon
para que ele perca calor no condensador e se evapore no
congelador.
Em cada ciclo, a quantidade de calor cedida para o meio
ambiente através do condensador é igual à quantidade de
calor retirada do interior da geladeira, mais o trabalho
realizado pelo compressor.
Primeiro Princípio daTermodinâmica
Qcondensador
= Qcongelador
+ τcompressor
83
Etapas do ciclo da geladeira
O segundo princípio da Termodinâmica.
Da discussão do funcionamento do motor a combustão e da geladeira podemos perceber que:
- É possível transformar energia mecânica (trabalho) totalmente em calor. Lembre-se da experiência de Joule.
- O calor flui espontaneamente da fonte quente para a fria. Lembre-se de que as peças do motor e o ambiente sempre
se aquecem.
Mas esses processos não ocorrem em sentido contrário; eles são irreversíveis. Este é o segundo princípio da
Termodinâmica, que pode ser enunciado como:
"É impossível construir uma máquina que, operando em ciclos, transforme todo o calor em trabalho" ou "O
calor não flui espontaneamente da fonte fria para a fonte quente".
Na geladeira é o trabalho externo do compressor que faz com que o calor seja retirado do interior da geladeira. Esse
princípio da Termodinâmica vale também para os processos naturais, como a germinação de uma semente, o
envelhecimento do organismo e o aquecimento do meio ambiente; eles são irreversíveis.
2) Radiador: inicialmente ocorre uma diminuição de temperatura a
pressão constante (2 → 3), seguida de uma diminuição isobárica e
isotérmica do volume na condensação (3 → 4). O calor trocado
corresponde ao calor de esfriamento e ao calor de condensação.
4) Congelador: o freon troca calor com o interior da geladeira a
pressão e temperatura constantes, expandindo-se à medida que se
vaporiza (calor latente de vaporização) (5 → 1).
1) Compressor: devido à rapidez com que ocorre a compressão, esta pode
ser considerada adiabática. A temperatura e a pressão se elevam. Como não
há trocas de calor (Q = 0), o trabalho realizado pelo compressor é equivalente
à variação de energia interna da substância (1 → 2);
3) Válvula descompressora: essa descompressão pode ser considerada
adiabática devido à rapidez com que ocorre. A pressão diminui e o volume
aumenta (4 → 5);
O ciclo completo
84
O ar retido no interior da geladeira contém vapor
de água. A água em contato com o congelador
se solidifica, formando uma camada de gelo a
sua volta. É também devido ao congelamento da
água contida na nossa pele que ficamos com os
dedos "grudados" numa forma de gelo metálica.
A água do ar e a da nossa pele se misturam e
congelam.
3) O que faz com que a geladeira ligue e desligue
sozinha?
Resolução:
Questões técnicas
1) A geladeira não é um aparelho elétrico como
se pode pensar à primeira vista. O compressor,
que comprime o freon e aumenta sua pressão e
temperatura, fazendo-o circular pela tubulação, é
um aparelho que transforma energia elétrica em
mecânica. Esse trabalho de compressão,
entretanto, pode ser feito sem utilizar eletricidade,
aquecendo-se a substância de operação (amônia
em lugar do freon).
Pesquise sobre as geladeiras antigas e as que
funcionam hoje em lugares onde não há energia
elétrica.
2) Por que há formação de gelo em volta do
evaporador?
Resolução:
termostato, ao se desligar, aciona circuitos
elétricos que provocam o degelo automático do
congelador por aquecimento (efeito joule). Uma
bandeja colocada acima do motor recolhe a água
que flui através de uma tubulação de plástico,
que é posteriormente evaporada.
4) Quais as características do gás utilizado nas
geladeiras? No caso de vazamento, ele é
prejudicial ao meio ambiente?
Resolução:
O freon 12 (clorofluorcarbono) é a substância de
operação escolhida para refrigeração devido a suas
propriedades:
- elevado calor latente de condensação: o que
faz com que ceda bastante calor no condensador
que é jogado para o ambiente.
- baixa temperatura de ebulição: -29,80C à pressão
atmosférica.
- miscível em óleos minerais: o que permite a
lubrificação interna do compressor.
- atóxico, não combustível, não explosivo, não
corrosivo: o que o torna inofensivo no caso de
vazamento.
O freon, assim como os sprays, tem sido
responsabilizado pela destruição da camada de
ozônio da atmosfera quando lançado no ar. A
camada de ozônio absorve os raios ultravioleta.
No caso do desaparecimento do ozônio,
ficaríamos expostos a radiação de maior energia
e correríamos o risco de contrair câncer de pele.
Essas questões ambientais levaram os industriais
a substituir o freon 12 (CFC 12) por produtos menos
prejudiciais. Recentemente o Brasil optou pelo
uso do HFC 134-A, que, no caso de vazamento,
pode poluir o ambiente mas não destrói a camada
de ozônio, e não é inflamável.
5) Quanto ao funcionamento, qual a diferença
entre uma geladeira e um freezer?
Resolução:
A geladeira e o freezer são equivalentes quanto
ao funcionamento. O freezer possui um
evaporador grande o suficiente para manter a
temperatura interna em -200C. Por isso o motor
(motor compressor) é mais potente, comprimindo
maior quantidade de freon 12 do que a geladeira
comum. Conseqüentemente, o condensador do
freezer troca maior quantidade de calor com o
ambiente.
6) Existe semelhança entre o funcionamento de
uma geladeira e o de um condicionador de ar?
Resolução:
Os refrigeradores e os condicionadores de ar têm
em comum o fato de trabalharem em ciclos, num
"circuito fechado", sem gastar a substância
refrigerante ao longo do tempo. Os
condicionadores de ar também são constituídos
por um compressor, um evaporador e um
condensador, mas utilizam o freon 22, cuja
temperatura de ebulição, -40,80C à pressão
atmosférica, permite a sua condensação sob
pressões menores sem haver necessidade de
compressões tão potentes.
Neles, o ar que provém do ambiente (contendo
pó e umidade), após passar por um filtro que
retém suas impurezas, entra em contato com a
serpentina do evaporador, sendo resfriado e
devolvido ao ambiente impulsionado por um
ventilador.
O funcionamento da geladeira é regulado
automaticamente, conservando a temperatura
desejada no evaporador por meio de um
termostato. Esse controlador de temperatura
contém gás ou líquido que, ao atingir a
temperatura definida pela posição do botão de
graduação a ele acoplado, abre ou fecha os
contatos elétricos, fazendo o motor parar ou
começar a funcionar. Nas geladeiras modernas, o
85
22Potência e
perdas térmicas
Esse carro é 1.0?
1.8? 2.0?
Consome muita
gasolina?
Rendimento de diferentes tipos de motor
86
22Se numa transformação gasosa considerarmos constante a
pressão P entre os estados 1 e 2, teremos o gás variando o
seu volume de V1 para V
2 ( ) e exercendo uma força F
no pistão de área A.
Quando se diz que um carro é 1.6 ou 1.8, estamos nos
referindo a sua potência, fornecendo o volume do interior
do cilindro disponível para ser ocupado pela mistura
combustível na admissão.
A necessidade de melhorar o rendimento das máquinas
térmicas reais exigiu um estudo que resultou na elaboração
de um ciclo ideal, que não leva em consideração as
dificuldades técnicas. Qualquer máquina que operasse
com esse ciclo, denominado ciclo de Carnot, teria
rendimento máximo, independentemente da substância
utilizada.
Essa máquina idealizada operaria num ciclo completamente
reversível, o que é impossível de se conseguir na prática,
o ciclo de Carnot.
Se toda energia fosse transformada em trabalho, o
rendimento seria 1 ou 100%. Isso nunca acontece.
Em outras palavras, aumentar o rendimento de um motor
corresponde a aumentar as variações de pressão e de
volume, o que corresponde no diagrama PxV a um
aumento da área interna delimitada pelo ciclo. Essa área
representa o trabalho realizado pela máquina em cada
ciclo.
Essa variação da energia
interna (75 unidades de
∆∆∆∆∆U) está distribuída
como:
35 unidades - energia dos
gases de escape.
32 unidades - em
aquecimento do ambiente
pelo sistema de
refrigeração.
8 unidades - em
aquecimento pelo atrito
das peças.
EM QUALQUER MÁQUINA
TÉRMICA - LOCOMOTIVA,MOTOR A COMBUSTÃO,TERMELÉTRICA, MOTOR A
JATO - AS PERDAS TÉRMICAS
SÃO MUITO GRANDES.
Se uma máquina
térmica operasse
num ciclo como
esse (de Carnot),
teria um
rendimento
máximo
Se você analisar o quadro da página anterior, perceberá
que cerca de 75% da energia fornecida a um motor a
combustão é perdida. Lembre-se do primeiro princípio
da Termodinâmica: Q = τ + ∆∆∆∆∆U
Para 100 unidades de quantidade de calor (Q) realizamos
25 unidades de trabalho (τ) e perdemos 75 unidades em
variação da energia do sistema (∆∆∆∆∆U).
Como gastamos muita energia numa máquina térmica, e a
gasolina não é barata, nos preocupamos em saber qual a
potência da máquina e o seu rendimento. Definimos
rendimento como a razão entre o trabalho produzido e a
energia fornecida:
Assim, uma máquina potente é a que realiza "mais trabalho"
numa unidade de tempo, , isto é, tem um
rendimento maior. Para aumentar o rendimento de um
motor a combustão, os construtores aumentam a razão entre
o volume máximo e o mínimo dentro do cilindro, ocupado
pela mistura combustível. Se a mistura é bastante
comprimida antes de explodir, a pressão obtida no
momento da explosão é maior. Além disso, o deslocamento
do pistão é tanto maior quanto maior a razão entre o volume
máximo e o mínimo.
∆V
Potência e perdas térmicas
η =τQ
τ = P x ∆V = x A x d P x ∆V = F x dF
A
P =τt
87
Esse estudo permitiu compreender a condição
fundamental para o funcionamento das máquinas
térmicas, ou seja, o papel da fonte fria, uma vez
que nenhuma máquina térmica poderia funcionar
se a substância de operação estivesse à mesma
temperatura que o meio que a rodeia.
No motor, os gases resultantes da explosão
constituem a fonte quente, e o condensador a
fonte fria. No caso dos refrigeradores, o radiador
é a fonte quente, e o congelador a fonte fria.
O trabalho também pode ser calculado pela
diferença entre a quantidade de calor oferecida
ao sistema e a quantidade de calor não
aproveitada.
Além disso, para que tais máquinas tenham
alguma utilidade, o trabalho externo necessário
para que a substância de operação seja comprimida
deverá ser menor que o trabalho produzido na
expansão dessa substância.
No motor a combustão o trabalho é determinado
pelo volume do cilindro, quanto maior o volume
maior o trabalho que pode ser realizado, mas ele
depende de outros fatores: da taxa de
compressão, da quantidade e da composição da
mistura de combustível no cilindro. É por isso que
um mesmo motor pode variar o trabalho realizado,
ainda que o volume do cilindro seja o mesmo; o
motorista regula a quantidade e a composição da
mistura de combustível com o pedal do
acelerador, modificando a potência do motor e
obtendo diferentes rendimentos.
Para determinar o rendimento de um motor é
necessário conhecer o trabalho realizado por ele
e a energia fornecida pelo combustível.
a) Determine o rendimento da máquina.
b) Considerando que o trabalho da máquina é
obtido isobaricamente a uma pressão de 2,0 atm,
num pistão que contém um gás, determine a
variação de volume sofrida por ele dentro do
pistão.
Resolução:
a) O rendimento de uma máquina térmica pode
ser calculado pela expressão:
∆V = 1,6 l = 1.600 cm3 = 1,6 x 10-3 m3
Então: τ = 8 x 105 x 1,6 x 10-3 = 1.280 J
A potência do motor pode ser obtida pela relação:
onde
∆t
é a duração de um ciclo. Como a
frequência:
a duração ∆t de um ciclo é s.
Para determinarmos a quantidade de calor
fornecida pelo combustível, devemos considerar
que cada grama de gasolina libera, na queima,
11.100 cal. A quantidade de calor liberada em
1 segundo é de:
6 x 11.100 = 66.600 cal = 279.720 J
O rendimento é a relação entre o trabalho
produzido e o calor injetado. Como o trabalho
realizado em 1 segundo é o trabalho de 1 ciclo
multiplicado pela quantidade de ciclos em 1 seg
que é 350/6, temos:
τ = P x ∆V, onde P = 8 atm = 8 x 105 N/m2
P = τ∆t
Portanto: P = τ∆t
P = 1.280 x = 74.667 W350
6
Calculando o rendimento
2) Determine o trabalho, a potência e o
rendimento de um motor 1.6 que opera com
pressão média de 8 atm a 3.500 rpm e que
consome, nessas condições, 6,0 g/s de gasolina.
Resolução:
O trabalho por ciclo do motor pode ser calculado
pela relação:
τQ
η = f = =3.500 ciclos 350 ciclos
60 segundos 6 segundos
6
350
η =
⇒
η =τQ
74.667
279.720
η = 0,27 ou η = 27 %
τ = 1.280 x 350/6 = 74.667 J
1) Uma máquina térmica recebe 2,4 x 102 cal e
realiza um trabalho útil de 2,0 x 102 J.
como:
η = = 2,0 x 10-1 = 0,2 ou η = 20 %2,0 x 102
103
Q = 2,4 x 103 cal = 10 x 102 J = 103 J~ ~
b) Numa transferência isobárica, o trabalho pode
ser calculado pelo produto da pressão pela
variação de volume:
Como a pressão de 1atm corresponde a 1,0 x 105
N/m2, e 1J a 1N.m, então:
τ = P x ∆V
τP
2,0 x 102 N x m
2,0 x 105 N/m2∆V = = = 10-3 m3
88
Exercícios
3) A caldeira de uma máquina a vapor produz
vapor de água que atinge as hélices de uma
turbina. A quantidade de calor fornecida pela fonte
quente é 1200 kcal/s. O condensador dessa
máquina é mantido à temperatura de 270C e
recebe, por segundo, cerca de 780 kcal, que
representa a quantidade de energia "não
aproveitada". Determine:
a) o rendimento dessa máquina;
b) a potência dessa máquina.
Resolução:
a) A quantidade de calor que é transformada em
trabalho na unidade de tempo é dada pela relação:
onde, Q1 é a quantidade de calor fornecida pela
caldeira e Q2 é a quantidade de calor "não
aproveitada". Assim, o rendimento dessa máquina
será:
b) A potência da máquina é dada pela relação:
onde é o intervalo de tempo em que a
caldeira fornece as 1200 kcal.
Esses são de vestibular
1) (Unicamp) Um aluno simplesmente sentado
numa sala de aula dissipa uma quantidade de
energia equivalente à de uma lâmpada de 100W.
O valor energético da gordura é de 9,0 kcal/g.
Para simplificar, adote 1cal = 4,0 J.
a) Qual o mínimo de quilocalorias que o aluno
deve ingerir por dia para repor a energia
dissipada?
b) Quantos gramas de gordura um aluno queima
durante uma hora de aula?
2) (PUC) A queima ou combustão é um processo
em que há liberação de energia pela reação
química de uma substância com o oxigênio.
a) Em uma residência, a dona-de-casa precisava
aquecer 1 litro de água que estava a 360C. Porém,
o gás de cozinha acabou. Pensando no problema,
teve a idéia de queimar um pouco de álcool
etílico em uma espiriteira. Sabendo-se que o calor
de combustão do álcool etílico é de 6400 kcal.kg
e que no aquecimento perdeu-se 50% do calor
para a atmosfera, determine o volume de álcool
que deve ser queimado para aquecer a água até
1000C.
Dados: densidade do álcool: d = 0,8 kg/l
calor específico da água: c = 1 cal/g0C
densidade da água: d = 1 kg/l
b) Determine o rendimento de um motor que
consome 6,0 g de gasolina por segundo e realiza,
nesse tempo, um trabalho útil de 53.280 J.
Dados: Considere 1 cal = 4 J.
calor de combustão da gasolina = 11.100 kcal/kg
ou 11.100 cal/g.
3) (Fatec) Um gás ideal sofre transformações
segundo o ciclo dado no esquema pxV abaixo:
O trabalho total no ciclo ABCA é
a) igual a -0,4 J, sendo realizado sobre o gás.
b) igual a -0,8 J, significando que o gás está
perdendo energia.
c) realizado pelo gás, valendo +0,4 J.
d) realizado sobre o gás, sendo nulo.
e) nulo, sendo realizado pelo gás.
4) (UFRJ) Um sistema termodinâmico realiza o ciclo
a → b → c → d → a, conforme é mostrado no
diagrama pressão x volume da figura.
a) Calcule o trabalho realizado pelo sistema no
ciclo a → b → c → d → a.
b) Calcule o saldo final de calor recebido pelo
sistema no ciclo a → b → c → d → a.
τ = Q1 - Q
2 = 1.200 - 780 = 420 kcal
P = 420 x 4,18 kJ/s = 1.755 kW
τQ
1
η = = = 0,35 ou η = 35% 420
1.200
P = = = 420 kcal/sτ∆t
420
1
4) Como deve ser o desempenho de um motor
que solta faísca "fora de tempo"?
5) Por que as geladeiras funcionam mal em locais
cuja temperatura é superior a 400C? Como esse
problema pode ser contornado?
6) Em geral, o rendimento dos motores elétricos
é maior do que o dos motores a gasolina. É
possível construir um motor térmico (a gasolina)
com maior rendimento que um elétrico?
~
89
23Calor: presença
universal
Tudo tem a ver com
calor. Qual a
conclusão?
É impossível construir uma máquinaque, operando em ciclos, transformetodo o calor em trabalho.
Na natureza e nas técnicasocorrem aquecimentos etransformações térmicas.
Calor é a designação que se dá àenergia trocada entre dois sistemas(como um objeto e o meio em queessá) quando esta troca é devidaunicamente à diferença detemperatura entre eles.
O Sol fornece o calornecessário para queocorram os ciclosnaturais
A luz do Sol é tragada pelasplantas na fotossíntese
O grau de aquecimento deum objeto é caracterizadonumericamente por suatemperatura.
Q = ∆U + τ
90
23 Calor: presença universal. A rota completaNesta leitura final vamos ver alguns dos processos térmicos
já discutidos e dar ênfase às transformações de energia.
Na natureza, o Sol fornece o calor necessário para que o ar,
a água e o carbono tenham um ciclo. Também é devido à
luz do Sol que as plantas realizam fotossíntese, absorvendo
gás carbônico e produzindo material orgânico e oxigênio.
Num processo inverso o homem inspira o oxigênio,
liberando CO2, água e calor necessários a planta.
Sol: a fonte da vida...
NESSAS GRANDES TRANSFORMAÇÕES - A FOTOSSÍNTESE,A RESPIRAÇÃO E A DECOMPOSIÇÃO - SE PROMOVE UMA
CIRCULAÇÃO DA ENERGIA PROVENIENTE DO SOL.
Também transformamos energia em nossas residências, nas
indústrias e no lazer, sempre buscando o nosso conforto.
Na cozinha, por exemplo, a queima do gás butano
transforma energia química em térmica, utilizada para
cozinhar alimentos, que serão os combustíveis do nosso
corpo. O compressor de uma geladeira faz o trabalho de
comprimir o gás refrigerante que se condensa e vaporiza,
retirando nessas transformações calor do interior da
geladeira, liberando-o para o exterior.
Transformamos a energia química do combustível em
energia cinética nos transportes. Também é do combustível
que provém a energia que aquece a água e o vapor nas
termelétricas para a produção de energia elétrica.
EM TODAS ESSAS SITUAÇÕES A ENERGIA ASSUME
DIFERENTES FORMAS. NO TOTAL A ENERGIA SE
CONSERVA.No estudo das máquinas térmicas (da turbina a vapor, do
motor a combustão e da geladeira), vimos que é possível
calcular o trabalho produzido a partir de uma quantidade
de calor fornecida:
Esse primeiro princípio nos diz que a energia num sistema
se conserva.
MAS, SE A ENERGIA NUNCA SE PERDE, POR QUE TEMOS DE
NOS PREOCUPAR COM O SEU CONSUMO?Não podemos nos esquecer que parte da energia utilizada
para realizar um trabalho é transformada em calor. Não
conseguimos, por exemplo, mover um carro sem que seu
motor esquente. Essa parcela de energia transformada em
calor não pode ser reutilizada para gerar mais trabalho.
Temos de injetar mais combustível para que um novo ciclo
se inicie.
Numa hidrelétrica, a energia potencial da queda-d'água
só estará novamente disponível porque o ciclo da água,
que conta com o Sol como "fonte inesgotável de energia",
se repete.
Como diz um
ditado popular:
"águas passadas
não movem
moinhos".
Q = ∆U + τ
91
Assim, embora não ocorra uma perda de energia, ocorre
uma perda da oportunidade de utilizá-la. É por isso também
que temos de nos preocupar com o consumo de energia;
as reservas são limitadas.
Ao transformar energia de uma forma em outra, utilizando
máquinas, sempre contribuímos para aumentar a energia
desordenada (calor) do meio ambiente.
Os físicos chamam de entropia a medida quantitativa dessa
desordem:
Entropia x vida
Nos processos em que não ocorrem dissipações de energia
a entropia não se altera, enquanto nos processos em que
ocorrem trocas de calor com o meio ambiente, a entropia
aumenta, pois aumenta a energia desordenada.
Podemos afirmar que no universo a maior parte dos
processos térmicos libera calor para o meio ambiente, o
que significa que o universo se desenvolve
espontaneamente de estados de menor desordem a
estados de maior desordem, ou seja a entropia do universo
aumenta com o passar do tempo.
" A vida é um sistema autoorganizado que, de certaforma, deixa mais lento ocrescimento da entropia"
Em seu livro Caos, James Cleick afirma que:
"A segunda Lei é uma espécie de má notícia técnica dada
pela ciência, e que se firmou muito bem na cultura não-
científica. Tudo tende para a desordem. Qualquer processo
que converte energia de uma forma para outra tem de
perder um pouco dessa energia como calor. A eficiência
perfeita é impossível. O universo é uma rua de mão única.
A entropia tem de aumentar sempre no universo e em
qualquer sistema hipotético isolado. Como quer que
se expresse, a Segunda Lei é uma regra que parece não
ter exceção".
Esse crescimento da entropia, entretanto, pode ocorrer com
maior ou menor rapidez.
Por exemplo, numa região desértica onde quase não existe
vida, a energia recebida do Sol é absorvida pelo solo e
devolvida ao ambiente quase imediatamente como calor;
rapidamente prevalece a energia desorganizada, e o
crescimento da entropia é rápido.
Já numa floresta, a presença de energia organizada é muito
grande, existem milhões de seres vivos, vegetais e animais,
e a energia recebida do Sol é armazenada em formas
organizadas de energia antes de ser degradada. A vida é
abundante e o processo de degradação mais lento, portanto
o aumento da entropia é mais lento.
A circulação e transformação de energia solar pelas plantas,
através da fotossíntese e conseqüentemente pelos animais
que se alimentam das plantas e pelos animais que se
alimentam de outros animais, mantêm o ciclo da vida, e
do ponto de vista da Física Térmica pode-se dizer que:
NUMA FLORESTA A LUZ DO SOL
PROMOVE VIDA. O CRESCIMENTO
DA ENTROPIA É MAIS LENTO.
NUM DESERTO A LUZ DO SOL É
LOGO DEVOLVIDA EM CALOR.O CRESCIMENTO DA ENTROPIA
É MAIS RÁPIDO.
"É IMPOSSÍVEL CONSTRUIR UMA MÁQUINA QUE, OPERANDO
EM CICLOS, TRANSFORME TODA A ENERGIA EM TRABALHO",OU SEJA, AO SE REALIZAR TRABALHO COM UMA MÁQUINA
QUE OPERE EM CICLOS, PARTE DA ENERGIA EMPREGADA É
DISSIPADA NA FORMA DE CALOR.
É necessário que a água do rio se vaporize, que o vapor
de água se condense e que a chuva caia nas cabeceiras
dos rios para que o volume da queda-d'água esteja
novamente disponível.
Todas essas situações estão sintetizadas no segundo
princípio da termodinâmica:
92
A VIDA É DURA. A VIDA É BELA.A VIDA É UM DOM DE DEUS.
A VIDA É SAGRADA. VIVER É PERIGOSO.A VIDA É UMA AVENTURA.
Os biólogos caracterizam a vida como uma manifestação
de energia em todas as suas formas: movimento, calor e
vibrações. Os seres vivos são capazes de se manter no seu
meio ambiente e de reproduzir-se.
Os bioquímicos afirmam que as moléculas orgânicas que
constituem os seres vivos, formadas por átomos de carbono
ligados a átomos de hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e
outros elementos em menor quantidade, são as mais
complexas que existem e por isso têm maior capacidade
de conter energia.
Gaia
Um novo olhar sobre a vida na Terra.
J. E. Lovelock (pág. 20)
"No decurso do presente século, alguns físicos tentaram definir a vida. Bernal, Schroedinger
e Winger, todos eles chegaram à mesma conclusão geral de que a vida é um membro da
classe de fenómenos que são sistemas abertos e contínuos capazes de diminuir a sua
entropia interna à custa de substâncias ou de energia natural retirada do meio envolvente
e posteriormente rejeitadas numa forma decomposta. Esta definição é não só difiícil de
depreender mas demasiado geral para ser aplicada à detecção específica de vida. Uma
paráfrase rudimentar poderia ser o facto de a vida constituir um daqueles processos que
surjem onde quer que haja um fluxo abundante de energia. Caracteriza-se por uma
tendência para se moldar ou formar enquanto está a ser consumida, mas para o fazer,
deve sempre libertar para o meio envolvente produtos de qualidade inferior.
Vemos agora que esta definição poderia ser igualmente aplicada a redemoinhos no curso
de um rio, a furacões, a chamas ou mesmo frigoríficos e muitas outras invenções do
homem. Uma chama assume uma forma característica ao arder e estamos agora
perfeitamente conscientes de que o calor agradável e o bailado das chamas de uma
fogueira se pagam com a libertação de calor de escape e gases poluentes. A entropia é
reduzida localmente pela formação de chamas, mas a capacidade total de energia aumenta
durante o consumo de combustível.
No entanto, apesar do seu carácter demasiado vasto e vago, esta classificação da vida
indica-nos, pelo menos, a direcção correcta. Sugere, por exemplo, a existência de uma
fronteira, ou interface, entre a zona de "produção", onde o fluxo de energia ou as matérias-
primas são utilizadas e a entropia é consequentemente reduzida, e o meio envolvente,
que recebe os resíduos libertados. Sugere também que os processos vitais requerem um
fluxo de energia superior a um valor por forma a manter-se o seu funcionamento."
"Vida - Um estado vulgar da matéria que se encontra à superfície da Terra e em todos os
seus oceanos. Compõe-se de complicadas combinações dos elementos hidrogênio, carbono,
oxigênio, azoto, enxofre e fósforo, com muitos outros elementos em quantidades menores.
A maior parte das formas de vida pode ser reconhecida de imediato sem experiência
anterior e muitas são comestíveis. No entanto, o estado de vida tem resistido a todas as
tentativas de uma definição física formal."
Neste mesmo livro, classificado no índice em "Definição e explicação de alguns termos",
encontramos:
Ao finalizar estas leituras de Física Térmica vamos
apresentar um trecho do livro Gaia, de J. E. Lovelock, em
que ele se refere à vida.
A tradução desse livro foi feita por Maria Georgina
Segurado, em Portugal, e ele foi distribuído aos países de
língua portuguesa. Por isso, você vai estranhar a ortografia
de algumas palavras e a construção de certas frases.
93
C1Medida e controle
de temperaturaTemos de prever as
variações de temperatura
que ocorrem na natureza
e controlar os
aquecimentos produzidos
nas técnicas.
Você vai encontrar nesta
leitura alguns exercícios
que envolvem conceitos
discutidos nas leituras de
1 a 5. Dois deles estão
resolvidos. Teste sua
habilidade em resolver os
outros. Alguns são de
vestibular.
94
C11- Na figura está representado o gráfico de comprimento
L de duas barras, A e B, em função da temperatura. Sejam
α αA e B os coeficientes de dilatação linear das barras A
e B respectivamente. Determine:
a) Os valores dos coeficientes αA e α
B;
b) A temperatura em que a diferença entre a dilatação das
barras seria igual a 0,3cm.
Como o comprimento inicial é
o mesmo para as duas barras,
podemos escrever:
L0 = L
0 = L
0 = 2 m = 200 cm
Como:
Resolução:
a) Como ∆L = α L0 ∆T, então: α =
Pelo gráfico podemos escrever que:
b) Para a mesma variação de temperatura (∆T)), temos:
2- Um pino de aço (γ = 31,5 x 10-6 0C-1) é colocado, com
pequena folga, em um orifício existente numa chapa de
cobre (γ = 50,4 x 10-6 0C-1). Analise as afirmativas seguintes
e indique qual delas está errada:
a) Aquecendo-se apenas o pino, a folga diminuirá.
b) Aquecendo-se apenas a chapa, a folga aumentará.
c) Ambos sendo igualmente aquecidos, a folga aumentará.
d) Ambos sendo igualmente aquecidos, a folga não irá se
alterar.
e) Ambos sendo igualmente resfriados, a folga irá diminuir.
Resolução:
As alternativas verdadeiras são: a, b, c, e.
a) Se aquecermos só o pino, ele se dilatará e o orifício da
chapa não se alterará. Portanto, a folga diminuirá.
b) Aquecendo-se a chapa, o orifício se dilatará como se
estivesse preenchido com cobre. Isso acontece porque as
moléculas se afastam umas das outras quando aquecidas.
Portanto, a folga aumentará.
Medida e controle de temperatura
c) Como o coeficiente de dilatação do cobre é maior do
que o do aço, aquecendo-se o pino e a chapa a folga
aumentará.
e) Como o coeficiente de dilatação do cobre é maior do
que o do aço, resfriando-se o pino e a chapa, esta resfriará
mais e a folga diminuirá.
T2>T
1
A B
>
∆L
L0
∆T
αB = = =
∆LB
2,005 - 2,000 0,005
L0 ∆T 2,000 x 100 200
αA
= = =∆L
A 2,007 - 2,000 0,007
L0 ∆T 2,000 x 100 200
αA
35 x 10-6 0C-1
∆T = = = 150 0C 0,3 0,3
200 x 10 x 10-6 2 x 10-3
0,3 = 200 x ∆T (35 x 10-6 - 25 x 10-6)
∆LA - ∆L
B = L
0 ∆T(α
A - α
B)
αΒ = 25 x 10-6 0C-1
∆LA = L
0 α
A ∆T
∆LB = L
0 α
B ∆T
∆LA - ∆L
B = 0,3 cm
95
I- αA
= αC III- ∆L
B > ∆L
A
II- IV- αC
> αA
3- Constrói-se uma lâmina bimetálica rebitando-se uma
lâmina de cobre (γcu = 50,4 x 10-6 0C-1) a uma de ferro
(γFe = 34,2 x 10-6 0C-1). Na temperatura ambiente (220C) a
lâmina encontra-se reta e é colocada na vertical, fixa a um
suporte. Pode-se afirmar que:
5- O diâmetro externo de uma arruela de metal é de
2,0 cm e seu diâmetro interno mede 1,0 cm. Aquecendo-
se a arruela, verifica-se que seu diâmetro externo aumenta
de ∆x. Então, podemos concluir que seu diâmetro interno:
a) diminui de ∆x.
b) diminui de ∆x/2.
c) aumenta de ∆x/2.
d) aumenta de ∆x.
e) não varia.
6- O gráfico ilustra a dilatação de 3 barras metálicas, A, B e
C, de materiais diferentes, que se encontram inicialmente
a 00C, sendo, nessa temperatura, seus comprimentos iguais.
Seus coeficientes médios de dilatação linear são
respectivamente, αA, α
B e α
C, Podemos afirmar que:
I- a 80oC, a lâmina se curvará para a esquerda.
II- a 80oC, a lâmina se curvará para a direita.
III- a lâmina de maior coeficiente de dilatação sempre fica
na parte externa da curvatura, qualquer que seja a
temperatura.
IV- quanto maior for o comprimento das lâminas a 22oC,
maior será a curvatura delas, seja para temperaturas
maiores, seja para menores do que 22oC.
Analisando cada afirmação, identifique a alternativa correta.
a) Somente a I é verdadeira.
b) Somente a II é verdadeira.
c) As afirmações II e IV são verdadeiras.
d) As afirmações I, III e IV são verdadeiras.
e) São verdadeiras as afirmações I e IV.
4- Para tampar um buraco de rua utilizou-se uma chapa
de aço quadrada de 2 m de lado numa noite em que a
temperatura estava a 10oC. Que área terá a chapa quando
exposta ao sol a uma temperatura de 40oC? O coeficiente
de dilatação volumétrico do aço é de 31,5 x 10-6 oC-1.
Analisando cada afirmação, identifique a alternativa
correta.
a) I e III são verdadeiras.
b) I e II são verdadeiras.
c) III e IV são verdadeiras.
d) somente a III é verdadeira.
e) somente a II é verdadeira.
αC
LA
αA L
C
=
96
Estes são de vestibular
C1.1- (Fuvest) Dois termômetros de vidro idênticos, um
contendo mercúrio (M) e outro água (A), foram calibrados
entre 00C e 370C, obtendo-se as curvas M e A, da altura da
coluna do líquido em função da temperatura. A dilatação
do vidro pode ser desprezada. Considere as seguintes
afirmações:
I- o coeficiente de dilatação do mercúrio é
aproximadamente constante entre 0 0C e 37 0C.
II- Se as alturas das duas colunas forem iguais a 10 mm, o
valor da temperatura indicada pelo termômetro de água
vale o dobro da indicada pelo de mercúrio.
III- No entorno de 180C o coeficiente de dilatação do
mercúrio e o da água são praticamente iguais.
C1.2- (PUC) A fim de estudar a dilatação dos líquidos, um
estudante encheu completamente um recepiente com água
(vide figura a seguir). Adaptou na boca do recipiente uma
rolha e um tubinho de diâmetro igual a 2 mm. Quando o
sistema foi aquecido, a água dilatou-se. Considerando que
o recipiente e o tubinho não sofreram dilatação e que não
houve perda de calor do sistema para o meio, determine
a variação de temperatura que a água sofreu, até encher o
tubinho por completo.
Dados:
coef. de dil. volumétrico da água: γ = 210 x 10-6 0C-1
volume da água a temperatura inicial: v0 = 5 x 105 mm3
Considere: π = 3,15
C1.3- (UFRJ) Em uma escala termométrica, que chamaremos
de Escala Médica, o grau é chamado de grau médico e
representado por 0M. A escala médica é definida por dois
procedimentos básicos: no primeiro, faz-se corresponder
00M a 360C e 1000M a 440C; no segundo, obtém-se uma
unidade 0M pela divisão do intervalo de 0 0M a 1000M em
100 partes iguais.
a) Calcule a variação em graus médicos que correponde à
variação de 10C.
b) Calcule, em graus médicos, a temperatura de um
paciente que apresenta uma febre de 400C.
Podemos afirmar que só estão corretas as afirmações:
a) I, II e III
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I
Pesquise entre
os entendidos
em bebida...
Por que umagarrafa de
cerveja deixadamuito tempo nocongelador da
geladeiraestoura,
enquanto umade vodca não?
A M
97
C2Fontes e trocas
de calor
A energia do Sol
chegando à Terra e
sendo trocada entre os
elementos. Os
aquecimentos
produzidos pelo homem.
Os conceitos físicos envolvidos nas trocas de calor na natureza enas técnicas, discutidos nas leituras 6 a 13 estão presentes nos
exercícios desta leitura. Algumas questões e problemas são umteste para você.
98
C2 Fontes e trocas de calor
Algumas questões.
1- Em dias quentes as pessoas gostam de pisar em chão
coberto com cerâmica, pois "sentem" que é mais frio que o
carpete.
Essa "sensação" significa que a cerâmica se encontra a uma
temperatura inferior à do carpete?
2- Por que panelas de barro são usadas para preparar alguns
alimentos e servi-los quentes à mesa enquanto as de
alumínio só são usadas para levar o alimento ao fogo?
(Consulte a tabela dos coeficientes de condutibilidade)
3- No interior das saunas existem degraus largos para as
pessoas se acomodar.
Em qual degrau fica-se em contato com o vapor mais
quente? Por quê?
4- Por que os forros são importantes no conforto térmico
de uma residência?
Com o uso da tabela de coeficientes de condutividade,
escolha entre os materiais usuais aquele que melhor se
adapta à função do forro.
5- Quando aproximamos de uma chama um cano metálico
no qual enrolamos apertado um pedaço de papel,
podemos observar que o papel não queima.
Entretanto, se repetirmos a experiência com o papel
enrolado num cabo de madeira, o papel pega fogo.
Explique o porquê.
6- A serragem é um isolante térmico melhor do que a
madeira. Dê uma explicação para esse fato.
7- Na indústria encontramos uma grande variedade de
tipos de forno.
Na indústria metalúrgica existem fornos eletrotérmicos para
retirar impurezas de metais, neles o metal a ser purificado
é atravessado pela corrente elétrica, aquecendo o forno
para a sua purificação.
Um outro tipo de forno interessante é o utilizado para a
fabricação do cimento: o combustível (carvão) e o mateiral
que se quer aquecer (calcário) são misturados e queimam
junto para se conseguir extrair depois o produto final.
Pesquise sobre os altos-fornos utilizados na metalurgia e
na laminação de metais: as suas especificidades, os
dispositivos de segurança necessários para o seu
funcionamento, as temperaturas que atingem etc.
8- Quando se planejou a construção de Brasília num
planalto do Estado de Goiás, uma região seca, de clima
semi-árido, uma das primeiras providências foi a de formar
um lago artificial, o lago Paranoá.
Discuta a importância do lago nas mudanças de clima da
região levando em conta o calor específico da água.
9- No inverno gostamos de tomar bebidas quentes e
procuramos comer alimentos mais energéticos, como sopas
e feijoada, e em maior quantidade.
Você acha que temos necessidade de nos alimentar mais
no inverno? Discuta.
99
1- Uma chaleira de alumínio de 600 g contém 1.400 g de
água a 20 0C. Responda:
a) Quantas calorias são necessárias para aquecer a água até
100 0C?
b) Quantos gramas de gás natural são usados nesse
aquecimento se a perda de calor para a atmosfera for de
30%?
Dados:
A tabela 12-1 fornece os calores específicos:
cAl= 0,21 cal/g.oC e c
água = 1 cal/g.oC
A tabela 7-1 fornece o calor de combustão:
Cgás natural
= 11.900 kcal/kg
Se: mAl = 600 g
mágua
= 1.400g
ti = 20oC
tf = 100oC portanto ∆t = 80 0C
2- Um pedaço de metal de 200 g que está à temperatura
de 1000C é mergulhado em 200 g de água a 150C para
ser resfriado. A temperatura final da água é de 230C.
a) Qual o calor específico do material?
b) Utilizando a tabela de calor específico, identifique o
metal.
3- Um atleta envolve sua perna com uma bolsa de água
quente contendo 600 g de água à temperatura inicial de
900C. Após 4 horas ele observa que a temperatura da água
é de 420C. A perda média de energia da água por unidade
de tempo é (c = 1,0 cal/g.0C):
a) 2,0 cal/s b) 18 cal/s c) 120 cal/s
d) 8,4 cal/s e) 1,0 cal/s
Alguns problemas
Resolução:
a) A quantidade de calor necessária para aquecer a chaleira
é:
A quantidade de calor necessária para aquecer a água é:
b) Como a perda de calor é de 30%, somente 70% do
calor de combustão aquece a chaleira:
ou seja, são necessários 14,7 g de gás natural.
QAl
= mAl
x cAl x ∆t
QAl = 600 x 0,21 x 80
QAl
= 10.080 cal
Qágua
= mágua
x cágua
x ∆t
Qágua
= 1.400 x 1 x 80
Qágua
= 10.080 cal
Qtotal
= QAl
+ Qágua
Qtotal
= 10.080 + 112.000
Qtotal
= 122.080 cal = 122,080 kcal
70% de 11.900 = 8.330 kcal/kg
1 kg ⇒ 8.330 kcal
X ⇒ 122,08 kcal
X = = 0,0147 kg~122,08
8.330
100
Esses são de vestibular.
1) (Fuvest) Dois recipientes de material termicamente isolante contêm cada
um 10 g de água a 00C. Deseja-se aquecer até uma mesma temperatura o
conteúdo dos dois recipientes, mas sem misturá-los. Para isso é usado um
bloco de 100 g de uma liga metálica inicialmente à temperatura de 900C. O
bloco é imerso durante um certo tempo num dos recipientes e depois
transferido para o outro, nele permanecendo até ser atingido o equilíbrio
térmico. O calor específico da água é dez vezes maior que o da liga. A
temperatura do bloco, por ocasião da transferência, deve então ser igual a:
a) 100C b) 200C c) 400C d) 600C e) 800C
Resolução:
Seja tE a temperatura de equilíbrio térmico. Para o primeiro recipiente temos:
Para o segundo recipiente temos:
Substituindo (2) em (1) vem:
a) Em uma residência, a dona-de-casa precisava aquecer 1 litro de água
que estava a 36oC. Porém, o gás de cozinha acabou. Pensando no problema,
teve a idéia de queimar um pouco de álcool etílico em uma espiriteira.
Sabendo que o calor de combustão do álcool etílico é de 6.400 kcal/kg e
que no aquecimento perdeu-se 50% do calor para a atmosfera, determine
o volume de álcool que deve ser queimado para aquecer a água até
100oC.
Dados:
densidade do álcool: d = 0,8 kg/l
calor específico da água: c = 1 cal/g.oC
densidade da água: d = 1 kg/l
3)(Fuvest) Calor de combustão é a quantidade de calor liberada na queima
de uma unidade de massa do combustível. O calor de combustão do gás
de cozinha é 6.000 kcal/kg. Aproximadamente quantos litros de água à
temperatura de 20oC podem ser aquecidos até a temperatura de 100oC
com um bujão de gás de 13 kg? Despreze perdas de calor.
a)1 litro b)10 litros c)100 litros d)1000 litros e)6000 litros
4) (Fuvest) Um bloco de massa 2,0 kg, ao receber toda a energia térmica
liberada por 1000 gramas de água que diminuem a sua temperatura de
1oC, sofre acréscimo de temperatura de 10oC. O calor específico do bloco,
em cal/g.oC, é:
a) 0,2 b) 0,1 c) 0,15 d) 0,05 e) 0,01
5) (Fuvest) Num forno de microondas é colocado um vasilhame contendo
3 kg de água a 100C. Após manter o forno ligado por 14 min, se verifica
que a água atinge a temperatura de 500C. O forno é então desligado e
dentro do vasilhame de água é colocado um corpo de massa 1 kg e calor
específico c = 0,2 cal/(g0C), à temperatura inicial de 00C. Despreze o calor
necessário para aquecer o vasilhame e considere que a potência fornecida
pelo forno é continuamente absorvida pelos corpos dentro dele. O tempo
a mais que será necessário manter o forno ligado, na mesma potência,
para que a temperatura de equilíbrio final do conjunto retorne a 500C, é:
a) 56 s b) 60 s c) 70 s d) 280 s e) 350 s
2) (PUC) A queima ou combustão é um processo em que há liberação de
energia pela reação química de uma substância com o oxigênio.
Q cedido liga
= Q recebido água
m1
x c1
x (t1 - t
2) = m
2 x c
2 x t
E
tE + t
2 = 90 ( 1 )
Q cedido liga
= Q recebido água
m1
x c1
x (t1 - t
2) = m
2 x c
2 x t
E
100 x (90 - tE) = 10 x c x t
E ⇒ 90 - t
2 = t
E
c
10
= tE
( 2 )t
2
2
100 x (t2 - t
E) = 10 x c x t
E ⇒
t2 - t
E =
tE
c
10
t2
2 + t
2 = 90 ⇒ x t
2 = 90 ⇒ t
2 = 60 0C
3
2
101
C3Transformações
térmicasMudanças de estado.
O zero absoluto.
Escala de temperatura
Kelvin.
Transformações
gasosas.
As transformações térmicasdiscutidas nas leituras 14 a 18são retomadas nas questões eexercícios desta leitura.
Resolva os exercícios propostos.
102
C3 Transformações térmicas
Exercícios
1) Por que a forma de gelo gruda na mão quando a retiramos do
congelador?
2) Observando a tabela de calor latente, qual substância seria sólida à
temperatura ambiente (250C)? Qual seria o estado de tais substâncias em
um local cuja temperatura fosse -400C (Sibéria)?
3) Usando a tabela de calores latentes entre o álcool e a água, qual causa
mais resfriamento para evaporar?
4) Uma prática de medicina caseira para abaixar a febre é aplicar
compressas de água e, em casos mais graves, o banho morno e o colete
de álcool. Explique por que esses procedimentos funcionam.
5) Como se explica o fato de a água ferver a 400C a grandes altitudes?
6) Em uma vasilha há um bloco de gelo de 100 g a 00C. Qual a quantidade
mínima de água a 200C (temperatura ambiente) que deve ser colocada
junto ao gelo para fundi-lo totalmente?
Resolução:
A quantidade de calor necessária para fundir o gelo é:
Qf = m.L
f , onde L
f = 79,71 cal/g para o gelo
Qf = 100 x 79,71 = 7.971 cal
A quantidade de calor fornecida pela água é:
Qágua
= m.c. ∆t , onde c = 1 cal/g 0C
Qágua
= m x 1(0 - 20)
1) (UFPR) Um corpo de 100 g de massa é aquecido por uma fonte de calor de
potência constante. O gráfico representa a variação da temperatura do corpo,
inicialmente no estado sólido, em função do tempo. O calor específico desse
material no estado sólido é de 0,6 cal/g0C; seu calor específico no estado
líquido é 1,0 cal/g0C.
A potência da fonte e o calor de fusão da substância são de, respectivamente:
a) 240 cal/min e 20 cal/g
b) 240 cal/min e 40 cal/g
c) 600 cal/min e 20 cal/g
d) 800 cal/min e 20 cal/g
e) 800 cal/min e 40 cal/g
Estes são de vestibular
2) (Unicamp) Uma dada panela de pressão é feita para cozinhar feijão à
temperatura de 1100C. A válvula da panela é constituída por um furo de área
igual a 0,20 cm2, tampado por um peso que mantém uma sobrepressão dentro
da panela. A pressão de vapor da água (pressão em que a água ferve) como
função da temperatura é dada pela curva abaixo. Adote g = 10 m/s2.
a) Tire do gráfico o valor
da pressão atmosférica em
N/cm2, sabendo que nessa
pressão a água ferve a
1000C.
b) Tire do gráfico a pressão
no interior da panela
quando o feijão está
cozinhando a 1100C.
c) Calcule o peso da
válvula necessário para
equilibrar a diferença de
pressão interna e externa
à panela.m = = 398,5 g
7.971
20
~
Como a quantidade de calor recebida pelo gelo é igual à quantidade
de calor perdida pela água (conservação da energia) :
Qágua
+ Qf = 0 , ou seja, Q
água = -Q
f
m x 1(0 - 20) = - 7.971
103
a) I e IV
d) I e VI
b) II e V
e) III e VI
c) III e IV
3) (Fuvest) Aquecendo-se 30 g de uma substância à razão
constante de 30 cal/min, dentro de um recipiente bem
isolado, sua temperatura varia com o tempo de acordo
com a figura. A 400C ocorre uma transição entre duas fases
sólidas distintas.
a) Qual o calor latente da transição?
b) Qual o calor específico entre 700C e 800C?
4) (Fuvest) Uma certa massa de gás ideal sofre uma
compressão isotérmica muito lenta, passando de um estado
A para um estado B. As figuras representam diagramas TP
e TV, sendo T a temperatura absoluta, V o volume e P a
pressão do gás. Nesses diagramas, a transformação descrita
acima só pode corresponder às curvas
5) (FEI) Para resfriar bebidas em uma festa, colocaram as
garrafas em uma mistura de água e gelo (a 00C). Depois
de algum tempo, perceberam que a mistura de água e
gelo havia sofrido uma contração de 500 cm3 em seu
volume. Sabendo-se que, no mesmo tempo, a mistura de
água e gelo, sem as garrafas, sofreria uma contração de
200 cm3, devido à troca de calor com o meio, pode-se
afirmar que a quantidade de calor fornecida pela garrafas
a essa mistura, em kcal, foi:
Dados: densidade do gelo: 0,92 g/cm3
calor latente de fusão do gelo: 80 cal/g
a) 208 b) 233 c) 276 d) 312 e) 345
6) (Fuvest) Um bloco de gelo que inicialmente está a uma
temperatura inferior a 00C recebe energia a uma razão
constante, distribuída uniformemente por toda sua massa.
Sabe-se que o calor específico do gelo vale
aproximadamente metade do calor específico da água. O
gráfico que melhor representa a variação de temperatura T
(em 0C) do sistema em função do tempo t (em s) é:
a)
b)
c)
d)
e)
Continuando com vestibular...
104
Continuando com o vestibular...
7) (Fuvest) O cilindro da figura é fechado por um êmbolo
que pode deslizar sem atrito e está preenchido por uma
certa quantidade de gás que pode ser considerado como
ideal. À temperatura de 300C, a altura h na qual o êmbolo
se encontra em equilíbrio vale 20 cm (ver figura: h se refere
à superfície inferior do êmbolo). Se, mantidas as demais
características do sistema, a temperatura passar a ser 600C,
o valor de h variará de, aproximadamente:
a) 5% b) 10% c) 20%
d) 50% e) 100%
8) (Fuvest) A figura mostra um balão, à temperatura T1 =
2730K, ligado a um tubo em U, aberto, contendo mercúrio.
Inicialmente o mercúrio está nivelado. Aquecendo o balão
até uma temperatura Tf, estabelece-se um desnível de 19
cm no mercúrio do tubo em U (1atm = 760 mm de Hg).
9) (Fuvest) Uma certa massa de gás ideal, inicialmente à
pressão P0 , volume V
0 e temperatura T
0 , é submetida à
seguinte seqüência de transformações:
1) É aquecida a pressão constante até que a temperatura
atinja o valor 2T0.
2) É resfriada a volume constante até que a temperatura
atinja o valor inicial T0.
3) É comprimida a temperatura constante até que atinja a
pressão inicial P0.
a) Calcule os valores da pressão, temperatura e volume no
final de cada transformação.
b) Represente as transformações num diagrama
pressão x volume.
a) Qual é o aumento de pressão dentro do balão?
b) Desprezando as variações de volume, qual o valor
de Tf?
10) (Fuvest) Enche-se uma seringa com pequena
quantidade de água destilada a uma temperatura um pouco
abaixo da temperatura de ebulição. Fechando o bico, como
mostra a figura A, e puxando rapidamente o êmbolo,
verifica-se que a água entra em ebulição durante alguns
instantes (veja figura B). Podemos explicar esse fenômeno
considerando que:
a) na água há sempre ar dissolvido, e a ebulição nada mais
é do que a transformação do ar dissolvido em vapor.
b) com a diminuição da pressão a temperatura de ebulição
da água fica menor do que a temperatura da água na
seringa.
c) com a diminuição da pressão há um aumento da
temperatura da água na seringa.
d) o trabalho realizado com o movimento rápido do êmbolo
se transforma em calor, que faz a água ferver.
e) o calor específico da água diminui com a diminuição da
pressão.
105
C4
O uso do calor
produzindo trabalho
provoca a 1ª Revolução
Industrial.
Você pode imaginar como era o dia-a-dia daspessoas na época em que ainda não existiamos refrigeradores ou os motores dos carros?
Mas como eles surgiram? Por que foraminventados? Em que princípios físicos sebaseiam?
Vamos buscar algumas dessas respostas no passado.
Calor e produção
106
C4 Calor e produçãoA primeira idéia de utilização do calor para produzir
movimento de que se tem conhecimento surgiu na Idade
Antiga.
Heron, um grego que viveu no I século d.c., descreve um
aparelho que girava devido ao escape de vapor. Era um
tipo elementar de turbina de reação usada, na época, como
um "brinquedo filosófico". Essa descrição ficou perdida en-
tre instrumentos de uso religioso.
MÁQUINA DE HERON
A bola gira quando o
vapor de água é ejetado
pelos tubos de escape
PILÕES DE BRANCA Em meados do século XVII, época de grande avanço das
descobertas científicas, a construção dos termômetros
permitiu a medida de temperatura das substâncias com
bastante precisão, além da determinação de grandezas
térmicas como o coeficiente de dilatação de alguns líquidos
e os pontos de fusão e ebulição de vários materiais. São
dessa época também os estudos feitos pelo italiano Torricelli
sobre a pressão atmosférica e a descoberta de que a pressão
atmosférica diminui com a altitude.
Em 1680, na Alemanha, Huygens idealizou uma máquina
que utilizava a explosão da pólvora e a pressão atmosférica
para produzir movimento e realizar um trabalho. Nessa
época vários inventores procuravam utilizar a força explosiva
da pólvora.
Denis Papin, assistente de Huygens, foi quem viu
"vantagens" em usar vapor de água em lugar de explosão
da pólvora.
A máquina que Papin construiu em 1690 consistia em um
cilindro no qual corria um pistão conectado a uma barra.
Uma pequena quantidade de água colocada no cilindro e
aquecida externamente produzia vapor, que fazia o pistão
subir, sendo aí seguro por uma presilha.
O cilindro é então resfriado e o vapor no seu interior se
condensa. A presilha é solta manualmente e a pressão
atmosférica força o pistão a baixar, levantando um peso C.
De uma maneira geral as invenções gregas eram usadas
para observação científica, para despertar a curiosidade das
pessoas e como objetos de arte ou de guerra mas nunca
para facilitar o trabalho humano.
As sociedades antigas, gregas e romanas, desprezavam o
trabalho em si, pois contavam com o trabalho escravo; não
podiam sequer imaginar uma máquina fazendo um trabalho
para o homem.
Muito tempo depois, em 1629, uma aplicação prática que
trabalhava com o vapor foi idealizada por um arquiteto
italiano, Giovanni Branca. Esse engenho entretanto não
funcionou, e a idéia ficou esquecida.
Nessa máquina, o cilindro acumulava a função de uma
caldeira e de um condensador.
A máquina de Papin é considerada, hoje, a precursora da
máquina a vapor, e a máquina de Huygens, que utilizava
a explosão da pólvora como substância combustível, é
considerada a precursora do motor a explosão.
Entretanto, não foi por esses protótipos que o motor a
explosão ou a máquina a vapor conquistaram o mundo da
indústria. Embora os seus prinicípios de funcionamento já
estivessem estabelecidos, o motor a explosão só foi
concebido depois de muitos anos do uso de bombas a
vapor, chamadas de "bombas de fogo".
As bombas de fogo
No final do século XVII as florestas da Inglaterra já tinham
sido praticamente destruídas, e sua madeira utilizada como
combustível. A necessidade de se usar o carvão de pedra
como substituto da madeira levou os ingleses a desenvolver
a atividade da mineração.
Um problema que surgiu com as escavações cada vez mais
Um jato de vapor
impulsionava uma roda
de pás que, por meio de
engrenagens, transmitia
o seu movimento aos
dois pilões
DISPOSITIVO DE PAPIN.
107
profundas foi o de acúmulo de água no fundo das minas, o
que poderia ser resolvido com a ajuda de máquinas.
Uma máquina foi desenvolvida para acionar as bombas que
retiravam água do subsolo de cerca de 30 metros,
elevando-a até a superfície, pois as bombas antigas só
elevavam a água até 10,33 metros.
A primeira industrialização de uma "bomba de fogo" foi a
máquina de Savery, em 1698.
A máquina de aspiração de Savery foi bastante usada, e
ainda hoje, conhecida como pulsômetro, é empregada em
esvaziamentos temporários. Entretanto, não oferecia
segurança, consumia muito carvão para gerar vapor e era
ineficiente em minas muito profundas.
Surge para substituí-la, em 1712, a máquina de Newcomen,
usada nas minas até 1830. Sendo ainda uma "bomba de
fogo" essa máquina que deriva da máquina de Huygens e
Denis Papin consiste, como elas, em um cilindro provido
de um pistão móvel; a caldeira é separada do cilindro, o
que aumentou muito a segurança; o pistão é ligado a um
balancim (braços de balança), que transmite às bombas o
esforço da pressão atmosférica.
Máquina de Newcomen
1- vapor chega pela torneira F levantando o
pistão.
2- F é fechada e por D entra um jato de água
que condensa o vapor.
3- A pressão atmosférica age no pistão,
empurrando-o para baixo e levantando o lado C
(água das bombas).
Em 1763, James Watt, um fabricante e reparador de
instrumentos de física, inglês de Glasgow, é chamado para
consertar uma "bomba de fogo" modelo Newcomen.
Admirando a máquina, Watt passa a estudá-la.
Percebendo o seu princípio de funcionamento e
diagnosticando seus "pontos fracos", começa a procurar
soluções em busca de um aperfeiçoamento. Descobre, na
prática, a existência do calor latente, um conceito
desenvolvido pelo sábio Black, também de
Glasgow.Idealiza, então, uma outra máquina, com
condensador separado do cilindro. Fechando o cilindro,
na parte superior, a máquina opera com o vapor
pressionado, o que a torna muito mais eficiente do que
com o uso da pressão atmosférica. O rendimento da "bomba
de fogo" de Watt era muito maior do que a de Newcomen.
Em 1781, Watt constrói sua máquina chamada de efeito
duplo, que utiliza a biela para transformar o movimento
de vaievém do pistão em movimento de rotação e emprega
um volante que regulariza a velocidade de rotação e que
passa a ser usada em larga escala nas fábricas.
A técnica nessa época tem um progresso intenso sem sofrer
a influência da Física. Os conceitos teóricos sobre dilatação
dos gases, por exemplo, ou o calor específico, só vão ser
estabelecidos no século XIX. É também desse século, 1848,
o surgimento da escala absoluta de temperatura, a escala
Kelvin.
É uma verdadeira revolução industrial que ocorre
diretamente da construção das "bombas de fogo" e adianta-
se ao pensamento científico.
MÁQUINA DE WATT.
1- Entrada do vapor pela
torneira D enquanto as
torneiras E e F estão
fechadas.
2- A torneira D é fechada
e o vapor em A é
condensado. Abre-se a
torneira E e a água enche
o reservatório.
3- Fecha-se a torneira E
deixando D e F abertas.
O vapor empurra a água
para o tubo C.
D F
108
Se a utilização do vapor nas bombas de fogo provocou uma revolução
industrial no século XVII na Inglaterra, a sua aplicação nos transportes no
século seguinte transformou a civilização ocidental.
Um veículo de três rodas movido a vapor tinha sido construído por um
francês, em 1771. O carro Cugnot, destinado a rebocar peças de artilharia,
foi considerado o primeiro automóvel. O vapor utilizado como fonte de
energia nos transportes, entretanto, alcançou sucesso com a locomotiva.
Reichard Trevithick, que em 1801 havia inventado uma carruagem a vapor,
constrói a primeira locomotiva em 1804, que transportava 10 toneladas de
carregamento ao longo de trilhos de ferro fundido.
No início do século XIX, George Stephenson, baseado nas idéias de
Trevithick, contruiu uma locomotiva para passageiros que ligava Liverpool a
Manchester. As ferrovias se expandiram por toda a Inglaterra, Bélgica, França
e outros continentes. A locomotiva chegou ao Brasil em 1851, trazida pelo
barão de Mauá, por isso apelidada de " baronesa" e foi a terceira da América
do Sul: (Peru e Chile ja haviam importado). Percorria uma linha férrea de 15
km que ligava a baía de Guanabara à serra. Com a expansão das ferrovias
elas passaram a fazer concorrência à locomoção em estradas.
O princípio de funcionamento da locomotiva é o de um pistão que corre no
interior de um cilindro munido de válvulas que controlam a quantidade de
vapor, que chega proveniente da caldeira, e o escape dos gases.
A biela faz a conexão entre o pistão e o eixo das rodas. Ela transforma o
movimento de vaievém do pistão em movimento de rotação das rodas.
A locomotivaFuncionamento do pistão
1 - Entrada do vapor.
2 - Escape dos gases.
3 - Inversor: válvula
deslizante que fecha a
saída (2) quando (1)
está aberta e vice-versa.
O motor a explosão
Desde o século XVII que o princípio do motor a explosão tinha sido
desvendado com os trabalhos realizados por inventores, entre eles Huygens,
que utilizaram a explosão da pólvora num cilindro e a pressão atmosférica
para produzir trabalho.
Esses experimentos entretanto não foram aperfeiçoados, e as máquinas a
vapor (bombas de fogo) é que deram início à industrialização da Inglaterra.
O motor a explosão volta a fazer parte dos projetos de inventores em 1774,
quando é patenteado pelo inglês Robert Street e em 1779 pelo francês
Lebon.
Na Itália, entre 1850 e 1870, Eugene Barsanti e Felici Mattuci realizaram
experiências com motores que utilizavam a explosão a gás.
Entretanto, é o motor do belga Etienne Lenoir, patenteado em 1860 na
França, que vai ter êxito comercial. Esse motor, que chegou a ser utilizado
no aperfeiçoamento de ferramentas em algumas indústrias, utilizava uma
mistura de ar e gás de iluminação e depois de ar e petróleo para deslocar
um pistão num cilindro.
O motor do automóvel só pôde ser concebido graças à idéia de Schmidt, e
simultaneamente de Beau de Rochas, de comprimir pelo pistão a mistura
de ar e combustível antes da explosão no cilindro. Por motivos financeiros,
Beau de Rochas não pôde comercializá-lo. Esse motor, considerado o primeiro
motor de combustão de quatro tempos, foi construído por Otto, na Alemanha.
A locomoção em estradas, o aparecimento da aviação e o aperfeiçoamento
de máquinas são conseqüência da construção do motor a combustão.
11
A visão
O que vemos e o quenão vemos pode ser
registrado e ampliadopor instrumentos
ópticos. Os olhos e amemória são nossosinstrumentos naturais.
2
1 A visão
A primeira grande revolução no registro visual de fatos
ocorreu com a descoberta da fotografia, porque tornava
possível, a qualquer pessoa, fixar as imagens que desejasse.
O cinema, por sua vez, popularizou as artes cênicas, sendo
quase "atropelado" pela televisão, que leva as imagens
dinâmicas para a casa do espectador. Finalmente, a video-
gravação permite gravar cenas com a mesma facilidade
com que, antigamente, só se podia fotografar.
Na realidade, é mais fácil entender como funciona uma
máquina fotográfica, um projetor de cinema, uma tela de
TV, do que saber como vemos e registramos imagens em
nosso cérebro.
Talvez o problema seja que, de todos esses aparelhos de
"ver e registrar", o olho e o cérebro humano são os únicos
que não fomos nós quem inventamos... Neste curso de
óptica, vamos poder compreender como tudo isso ocorre.
- Que coisa linda!!!
- Fotografou?
- Não...
- Então perdeu...
- Perdi nada. Está gravado na memória!
É uma pena não poder mostrar para os outros certas cenas
que nossa memória registra. A gente pode contar, mas
não é a mesma coisa. Desde tempos remotos, o ser humano
sempre desejou deixar gravadas cenas de coisas que lhe
são importantes. Figuras de animais de caça, por exemplo,
foram encontradas em interiores de cavernas, redutos do
homem pré-histórico. As artes visuais, inicialmente pinturas
ou desenhos e mais tarde fotos e videogravações, têm
registrado objetos do desejo, informações, emoções e
momentos da história.
Da parede das cavernas para o papel levou muitos milhares
de anos, das tintas até a invenção da fotografia (1826)
centenas de anos, até o cinema (1895) dezenas e mais
outras dezenas até chegarmos à gravação magnética em
vídeo. São todas construções da mesma mente humana
que, desde que se formou, aprendeu a gravar cenas na
memória...
3
A óptica é o quê?
- Luís, você foi hoje à óptica buscar seus óculos?
Nesta pergunta, a palavra óptica se refere à loja que faz o
aviamento de receitas do oculista, também chamado de
oftalmologista, e comercializa instrumentos ópticos, como
óculos, lunetas, máquinas fotográficas e câmeras de vídeo.
Como parte da física, a óptica é o estudo de fenômenos
ligados à luz e à visão. A visão é responsável por grande
parte das informações que recebemos. Nossos olhos são
sensíveis à luz, como nossos ouvidos ao som, ou nossa
pele ao calor e ao toque. Se nenhuma fonte emitir o som,
nada há que os ouvidos escutem. Da mesma forma, as
coisas têm de ser iluminadas ou luminosas, para que as
enxerguemos, ou seja, devem emitir ou refletir a luz para
ser vistas.
Há pessoas que enxergam mal de longe, outras de perto.
Os óculos são lentes para corrigir deficiências de visão.
Outros instrumentos ópticos, como a lupa e o microscópio,
por exemplo, nos auxiliam quando queremos examinar
um objeto muito pequeno, cujos detalhes nem seriam
visíveis a olho nu. Os raios X, então, nos permitem ver e
gravar até estruturas fora do alcance da luz comum.
A óptica permite compreender muitos instrumentos, nos
quais lâmpadas, telas, lentes e espelhos são partes
essenciais, entender a natureza das cores, nas figuras
impressas, nas fotos, na tela de TV e, antes de mais nada,
a óptica permite compreender a visão. Vamos iniciar o
estudo da óptica pedindo a você que relacione todos os
instrumentos, situações e processos que associa com a visão.
Faça uma lista que
contenha
instrumentos,
situações e processos,
procurando discutir
que tipo de relação
eles têm com a visão.
Mesmo objetos grandes e brilhantes, como as estrelas no
céu ou as estrelas no palco, podem ser também difíceis de
ver, se estiverem muito afastados de nós. Para esses casos
os instrumentos ópticos indicados são o telescópio, a luneta
ou o binóculo. Os astrônomos vasculham os céus, outros
querem detalhes nos esportes, sem falar de alguns
moradores de apartamento...
Os espelhos servem para mais coisas do que para a gente
se admirar; são retrovisores em veículos, são periscópios
em submarinos e elevadores, e, em formato parabólico,
são ampliadores de imagem nos telescópios de reflexão.
4A percepção que temos do mundo resulta de uma
combinação de sentidos, processada simultaneamente em
nosso cérebro. Um ruído ao nosso lado pode fazer com
que nos voltemos para olhar algo que antes não havíamos
notado. Um cheiro desagradável pode fazer com que
investiguemos a sola de nossos sapatos, para ver se pisamos
em algo... Da mesma forma, levamos às narinas uma flor
cuja beleza nos atraiu.
LEITURA - A visão
A maior parte da percepção humana é visual, uma outra
parte significativa é sonora e os demais sentidos, o tato, o
olfato e o paladar, exceto em circunstâncias especiais, têm
função complementar. Também por isso, as extensões da
visão e da memória visual ou as extensões da audição e
da memória auditiva são muito mais numerosas e
conhecidas que as extensões dos demais sentidos.
QUESTÕES
1) EM QUE CONDIÇÕES UM
OBJETO PODE SER VISTO?(VEJA A SEGUNDA FIGURA DA
PÁGINA ANTERIOR)
2) EXAMINE UM OBJETO
QUALQUER A OLHO NU,DESPOIS OBSERVE-O COM
UMA LUPA. DESCREVA OS
DETALHES QUE VOCÊ SÓ
PERCEBEU DEPOIS QUE USOU
A LUPA.
Talvez, mais do que qualquer outra forma de observação,
a visão nos permita, imediatamente, uma percepção
panorâmica. Com o tato, não podemos perceber a
temperatura ou textura de objetos distantes, pois não temos
"teletato".
A audição já se parece um pouco mais com a visão, pelo
fato de termos dois olhos e dois ouvidos para poder ver e
ouvir em três dimensões, ou pela comparação possível
entre cores e timbres.
O telescópio, o microscópio, o radar, a televisão, a fotografia,
a radiografia, o cinema e a videogravação, o alto-falante, o
rádio, as gravações de som em fitas e discos são mais
significativos e freqüentes do que os sistemas de ampliação
e registro de temperaturas, de pressões, de sabores e de
cheiros.
VOCÊ CONHECE O TELEOLFATO?Tente imaginar a percepção de um cego ao apalpar um
triângulo de cartão ou um disco de ferro, a maneira como
ele guarda essas formas em sua memória e as reproduz
desenhando. Você sabe o que é a escrita Braille?
VOCÊ DIRIA QUE O CEGO VÊ COM AS MÃOS?Assim como se pode comparar a leitura do cego com o
tato de formas em geral, podemos comparar a imprensa
escrita com a reprodução de imagens e a fotografia.
As mensagens publicitárias fazem uso das imagens, da
escrita e do som, reproduzindo fala e música. Tente lembrar
de formas associadas ao que você consome. Por exemplo,
formato de garrafas, logotipos, jingles musicais,
De quais figuras geométricas você se lembra? Do aspecto
de quais animais e plantas, do rosto de que pessoas? Do
formato de quantos objetos? Em preto e branco ou em
cores? Desenhe um círculo, uma mesa, uma aranha, um
coqueiro, uma moça.
DE QUE "FITA" VOCÊ TIROU ESTAS IMAGENS?COMO AS GUARDOU?
52
Uma visão do curso
Receptores ou
registradores de
imagens. Fontes, filtros
de luz e cor. Projetores
e ampliadores de
imagens.
Vamos organizar em grupos os
instrumentos, situações e processos
ópticos?
6
2 Uma visão do curso
Receptores e registradores de imagens
Enxergamos porque o olho é um sistema sensível à luz
proveniente de objetos, luminosos ou iluminados, que
recebe e registra as imagens no cérebro; do mesmo modo,
uma máquina fotográfica também capta e registra imagens
em um filme fotográfico, ou uma câmera de TV registra as
imagens em uma fita magnética.
Há outras formas de registro de imagens bem tradicionais,
como a imprensa, ou mais modernas, como as copiadoras
eletrostáticas e impressoras de computadores.
Você poderia sugerir algum critério
para a classificação dos
instrumentos, situações ou processos
ópticos que listou na aula anterior?
Converse com seus colegas sobre os
instrumentos, situações e processos
ópticos que constam de suas listas e
procurem agrupá-los de acordo
com algum critério que considerem
razoável.
CLASSIFICANDO OS INSTRUMENTOS,SITUAÇÕES E PROCESSOS ÓPTICOS
Vamos realizar esta classificação procurando escolher um
critério que mais se ajuste ao nosso curso. Por isso pensamos
em distribuir essas coisas em três grupos:
O ato de classificar um rol de elementos ou coisas exige
de nós um certo discernimento sobre eles. Ao fazer a lista
desses elementos ópticos, você certamente já possuía
algum conhecimento sobre eles, por exemplo, em relação
à função de cada um, o que eles permitem fazer, seu uso,
entre outros, e por isso os colocou na lista, apesar de não
compreendê-los totalmente.
Ao lado anotamos vários elementos que, de algum modo,
estão relacionados com a visão. Provavelmente a lista que
você preparou seja parecida com esta.
Compare para ver o que está
faltando nessa lista ou na sua.
Você incluiu o olho humano na sua
lista? Poderia incluí-lo? Justifique.
Neste momento você está com uma lista de instrumentos,
situações e processos ópticos, "doidinho" para estudá-los.
Por onde começar? Eis a questão!
Lembra quando estudou os seres vivos e o seu professor
classificou os animais em: mamíferos, répteis, insetos?...
É a mesma coisa...
A classificação é uma maneira de iniciar o estudo de um
assunto, de modo que os elementos a ser estudados já
mostrem algum significado. Não há um modo único, nem
o mais correto de classificar. Você poderá escolher algum
critério para agrupar esses elementos, com base, por
exemplo, no seu uso mais conhecido e imediato.
Classificando
Projetor de slides
Máquina fotográfica
Flash
Tela de cinema
Lentes
Tela de TV
Binóculo
Lâmpada
Telescópio
Câmera de TV
Laser
Espelho
Fotocopiadora
Lupa
Cinema
Filmadora de vídeo
Microscópio
Óculos
Periscópio
Fogo
Caleidoscópio
Pintura
Tintas
Pigmento
Filme
Raios X
Vela
Sol
Arco-íris
Cores
Retroprojetor
Miragem
Ilusão de óptica
Piscina
Listão
7
Alguns projetores de imagens
Ampliadores da visão
Alguns receptores e registradores de imagens
Fontes de luz
Os projetores de cinema ou de slides projetam numa tela,
ou superfície clara, imagens transparentes que estão
impressas em um tipo de plástico chamado celulóide, que
filtra a luz de uma lâmpada que passa por ele. A lâmpada
constitui uma fonte de luz, e o celulóide com as imagens
coloridas, um filtro de cores.
A tela da TV, que brilha, pode ser vista mesmo no escuro
porque é uma fonte de luz. As fotografias, desenhos ou
textos de uma página de revista só podem ser vistos se
iluminados. As imagens impressas "filtram" a luz branca e
só "devolvem" a cor correspondente.
Para compreender como a luz, as cores e as imagens podem
ser produzidas, apresentaremos um modelo microscópico
de matéria e de luz. Esse modelo permitirá interpretar a
interação luz-matéria numa vela acesa, num tubo de TV,
nas estrelas ou numa gravura.
Veremos como a luz branca do Sol é uma combinação de
muitas cores, que podem ser separadas, e que também
existem fontes de uma única cor, como o laser.
Projetores e ampliadores de imagens
Existe uma série de aparelhos constituídos de espelhos e
lentes que ajudam a ampliar nossa visão, em tamanho ou
na abrangência.
O espelho retrovisor de um automóvel, por exemplo, ajuda
o motorista a enxergar outros automóveis que se encontram
atrás dele, ampliando seu campo de visão. Os marinheiros
em um submarino conseguem ver o que se passa na
superfície do mar com o auxílio de um periscópio.
Os defeitos de visão podem ser corrigidos por várias
espécies de lente, como as de contato ou as dos óculos.
As lunetas e os grandes telescópios ajudaram a descobrir
um universo cheio de astros, impossíveis de ser vistos a
olho nu, ampliando o tamanho da imagem. Já os
microscópios permitem ver coisas muito pequenas. Vamos
chamar todos esses aparelhos de ampliadores da visão.
Procuraremos entender como funcionam tais aparelhos por
meio de uma representação geométrica das imagens
formadas por eles, a partir de uma compreensão da
propagação da luz.
8
Exercícios
2.2. Identifique, na "festinha de aniversário", os instrumentos,
dispositivos ópticos ou coisas relacionadas à visão.
Quais instrumentos ou dispositvos ópticos estão presentes
na cena do aeroporto?
receptores e
registradores de
imagens
fontes e filtros de
luz e cor
projetores e
ampliadores de
imagem
2.1. Complete a tabela com os aparelhos, situações e
processos que você listou no final da aula 1.
2.4. Após uma turnê de cinco jogos nas Ilhas Maurinas,
sem nenhuma vitória mas com cinco derrotas, a entusiástica
torcida do Arrancatoco F. C. recebe seus heróis no
Aeroporto de Cumbuca, em Barulhos, PS. Um estudante
adversário, com dor de cotovelo, ficou de longe
observando todo o alvoroço e aproveitou para fazer um
levantamento de dispositivos ou instrumentos ligados à
visão e imagens, presentes ali no aeroporto, para iniciar
seu estudo de óptica no colégio.
2.3. a) Quais deles poderiam ser colocados no grupo dos
receptores de imagens? Por quê?
b) Quais deles seriam fontes de luz?
c) Nessa festinha existe algum ampliador de imagens? Ou
algum corretor de visão?
Justifique suas respostas.
93
Recepção e registro
de imagens
A máquina fotográfica, a
filmadora e o olho
humano: um paralelo entre
eles.
- Você já viu o que tem dentro de uma máquina fotográfica?
- Não.
- Então não perdeu nada... exceto saber que não há muita
coisa para ver...
10
3 Recepção e registro de imagens
A máquina fotográfica
A procura de imagens cada vez mais nítidas sob as mais
diversas condições - de luminosidade, distância, tempo
de duração do evento ou velocidade do objeto que se
deseja fotografar - levou à introdução de uma série de
dispositivos na câmara escura, que mereceu ser rebatizada
como máquina fotográfica.
A máquina fotográfica e seus dispositivos.
O diafragma permite controlar a quantidade de luz que
atinge o filme, e o obturador tapa a entrada da luz, só se
abrindo por instantes quando se tira uma fotografia.
A posição do diafragma e a velocidade com que o
obturador abre e fecha controlam a quantidade de luz que
entra na máquina. As lentes, avançando ou recuando, focam
a imagem no filme.
A máquina fotográfica
Em essência, toda máquina fotográfica é uma caixa
internamente preta e vazia, provida de um pequeno orifício
por onde a luz, transmitida por um objeto, penetra e
impressiona um filme fotográfico fixado no lado oposto
desse orifício.
A câmara escura e a imagem do cachorrinho
No século XVI já se sabia projetar uma imagem utilizando
uma câmara escura semelhante à da figura acima, mas não
se conhecia a maneira de a registrar. Isso ocorreu somente
três séculos depois, no ano de 1826, quando o francês
Joseph Niepce tirou a primeira fotografia usando uma câmara
escura e um material sensível à luz, o filme fotográfico.
As câmaras escuras foram sendo aperfeiçoadas, atingindo
um grau de sofistificação que muitas vezes chega a
esconder a simplicidade da sua função básica: fazer com
que a luz, proveniente de um objeto ou da cena que se
deseja fotografar, incida sobre o filme, formando nele uma
imagem.
O visor permite o enquadramento da cena que se deseja
fotografar. Um mal uso do visor produz fotos "cortadas".
1. visor
2. diafragma
3. espelho (mono-reflex)
4. lentes
5. filme
6. alavanca para deslocar o filme
7. trajetória da luz
11
A filmadora de vídeo também é semelhante à máquina
fotográfica. A diferença está no registro da cena: enquanto
a máquina fotográfica e a filmadora de cinema registram a
cena em um filme por um processo fotoquímico, a filmadora
de vídeo o faz numa fita magnética, por um processo
eletromagnético. A fita magnética é uma tira de plástico
recoberta por pequenas partículas de ferro, que podem
ser imantadas por campos magnéticos gerados na
codificação das imagens.
Uma filmadora de
cinema
No olho normal, o cristalino focaliza as imagens na retina,
uma membrana do tamanho de uma moeda na parte pos-
terior do olho. Suas células têm a capacidade de transformar
a luz que recebe em impulsos nervosos. Estes são enviados
através dos nervos ópticos até o cérebro, que os interpreta
e registra como sensações visuais. Neste ponto a analogia
entre o olho humano e a filmadora de vídeo é mais forte: a
retina corresponderia à fita magnética, enquanto o cérebro
corresponderia ao decodificador de sinais que os enviaria
para a tela de TV.
Um paralelo entre o olho humano e a filmadora de vídeo
As filmadoras de cinema e de vídeo
A fotografia estática evoluiu para o cinema dinâmico que
mostra as imagens em movimento. Os filmes cinemato-
gráficos nada mais são que uma sucessão de fotos tiradas
em seqüência com intervalos de tempo pequenos e
regulares, que ao ser projetadas numa tela, na mesma
freqüência, reproduz imagens dinâmicas. A filmadora de
cinema é, assim, uma máquina fotográfica capaz de tirar
fotos em seqüência, mas, já há algum tempo, vem sendo
substituída por filmadoras de vídeo, que produzem
gravações eletrônicas mais baratas e mais fáceis de
reproduzir.
O olho humano: um paralelo com a
filmadora de vídeo e a máquina fotográfica
O olho humano é semelhante, em muitos aspectos, à
filmadora de vídeo e à máquina fotográfica. Assim como
na filmadora e na máquina, o olho humano também possui
três componentes essenciais: um orifício que controla a
entrada da luz, uma lente para melhor focar a luz numa
imagem nítida e um elemento capaz de fazer o registro
dessa imagem.
No olho humano a entrada de luz é comandada por uma
membrana musculosa, a íris, que abre ou fecha a pupila,
um orifício no centro do olho. Atrás da pupila encontra-se
o cristalino, uma lente que é capaz de focar objetos
próximos ou distantes, pela mudança de sua curvatura,
conseguida por músculos que envolvem o cristalino.
Uma foto Um filme de cinema Um filme de vídeo
A filmadora de vídeo pode gravar uma cena, registrando-a
numa fita magnética, e também ser acoplada a um circuito
de emissão de TV, capaz de enviar para o espaço em forma
de ondas eletromagnéticas a imagem codificada.
'
12
ALGUMAS SITUAÇÕES EM QUE A LUZ DO SOL DEIXA SUA
MARCA REGISTRADA1. As banhistas de praia ficam com a marca do bíquini no
corpo. Poderiam fazer uma "antitatuagem", expondo-se ao
sol com um adesivo de esparadrapo, por exemplo em forma
de estrela, colado à pele.
2. Uma folha de jornal exposta ao sol por algum tempo fica
desbotada e amarelada.
3. As roupas que são postas para corar (quarar) ficam mais
brancas.
TODOS ESSES EXEMPLOS NOS MOSTRAM QUE OS MATERIAIS
DE UM MODO GERAL SÃO SENSÍVEIS À LUZ, UNS MAIS DO
QUE OUTROS. NO PROCESSO FOTOGRÁFICO, POR EXEMPLO,É USADO UM MATERIAL ESPECIAL, CHAMADO PAPEL
FOTOGRÁFICO, TÃO SENSÍVEL À LUZ QUE PARA MANUSEÁ-LO
É NECESSÁRIO UM LOCAL SEM CLARIDADE.
Questões
1. Nas situações apresentadas a luz produz algum tipo de
alteração na pele, no papel, no esparadrapo e no tecido.
Você poderia explicá-las?
2. Qual a função da retina no olho humano e a que ela
corresponde numa filmadora de vídeo?
3. Na filmadora de vídeo a imagem de uma cena é
registrada em uma fita magnética. Que outros tipos de
registro você conhece que podem também ser feitos numa
fita magnética?
4. O normógrafo [aparelho de desenho constituído de
várias réguas de plástico, com formas geométricas, letras
e números recortados que servem de moldes para
reprodução das figuras e tipos] necessita de tinta para
demarcação da figura. É possível usar a luz do sol para
reproduzir uma de suas figuras? Discuta com seus colegas
se isso pode ser feito.
5. Para tirar uma fotografia comum, é necessário um ma-
terial muito sensível à luz, chamado papel fotográfico.
Discuta com seus colegas se é possível tirar uma "foto"
com um papel comum. O que seria necessário para isso?
13
4A câmara escura
Como a imagem é
formada numa
câmara escura
apenas com um
orifício e com lente.
Nesta aula vamos
construir uma câmara
escura e aprender como
a imagem de um objeto é
formada.
14
4 A câmara escuraCONSTRUA SUA CÂMARA ESCURA
De maneira bastante simples você pode construir
uma câmara escura e, se desejar, sair por aí
tirando fotografias. Para isso você precisará
reunir algumas coisas.
material necessário para fazer acâmara escura
1. papelão de fundo preto de 30 cm x 60 cm
2. fita adesiva preta
3. folha de alumínio de 10 cm x 10 cm
4. papel vegetal de 20 cm x 20 cm
5. tesoura e alfinete
6. cola de papel
Procedimento
Risque com um lápis, no papelão, o molde de uma caixa
retangular, recortando-o em seguida.
Dobre e cole as laterais formando a caixa com a parte preta
para dentro, deixando um fundo oco, no qual deve ser
colado o papel vegetal, que cobrirá toda a área aberta.
Moldes para construção da
câmara escura.
Do lado oposto onde será colado o papel vegetal, faça um
furo no papelão com um prego. Fure com um alfinete a tira
de alumínio, fixando-a sobre o papelão, e centralize os
dois furos, eliminando as possíveis rebarbas.
Agora que sua câmara escura está pronta, você pode,
com algum esforço e boa iluminação de um objeto,
observar projetada no papel vegetal a imagem que
entra pelo orifício.
Atividades e questões
Apague a luz do seu quarto, feche janelas e portas,
deixando-o escuro. Ilumine bem um objeto qualquer com
uma lanterna, ou então o seu objeto pode ser uma vela
acesa ou uma tela de TV ligada. Aponte a sua câmara escura
para o objeto.
a) Descreva o que você observa.
b) Existe alguma posição entre a câmara e o objeto que
permite uma melhor observação dele?
c) Aumente o diâmetro do orifício com um preguinho e
refaça as observações. Você percebe alguma diferença em
relação ao que viu antes?
COMO USAR A CÂMARA ESCURA?
15
Agora faremos uma pequena mudança em sua câmara
escura: vamos adaptar a ela, no local onde antes era um
orifício, um determinado tipo de lente que é capaz de
projetar mais nitidamente a imagem dos objetos sobre o
papel vegetal.
Como fazer isso? Onde
encontro essa lente?
Peça a seu professor uma dessas lentes (denominadas lentes
convergentes) ou consiga a de uma lupa, que é a mesma
coisa, e construa uma nova caixinha, só que agora ajustando
a lente no local onde antes estava o pequeno orifício. Essa
nova câmara escura deverá lhe fornecer melhores condições
de observar uma determinada imagem, como nas
máquinas fotográficas. Vamos ver se isso é mesmo verdade!
a- Observe, com a nova câmara escura, a chama da vela.
b- Procure focalizar uma cena ou um objeto qualquer. Como
aparece a imagem?
c- Aproxime ou afaste a lente do objeto focalizado,
procurando uma posição na qual a imagem formada seja a
melhor possível.
Alternativa
Você também pode construir uma câmara escura com uma
lata de leite em pó ou com uma caixa de sapatos. Faça o
furo no fundo da lata ou numa lateral da caixa e coloque o
papel vegetal no lugar da tampa ou na lateral oposta. Está
pronta uma câmara escura simples, porém com menos
recursos.
Câmara escura feita de lata
A luz em linha reta
Podemos compreender como a imagem de um objeto é
formada no papel vegetal colocado no interior de uma
câmara escura, ou mesmo sobre a nossa retina. Cada ponto
do objeto luminoso ou iluminado emite ou reflete a luz em
todas as direções e, portanto, também na direção do
pequeno orifício. Como pudemos observar, a imagem
projetada, nessas condições, aparecerá invertida.
Nesta figura desenhamos algumas linhas unindo pontos do objeto e
de sua imagem projetada no papel vegetal no fundo da câmara escura
Ao reproduzirmos a imagem da cena dessa forma, estamos
considerando que a luz, emitida de cada ponto da imagem,
se propaga em linha reta passando pelo orifício e formando
a imagem da cena invertida.
Com esse modelo para propagação da luz, podemos
estabelecer relações geométricas envolvendo tamanho da
câmara escura, tamanho do objeto e da imagem, distância
do objeto a ser fotografado, como no exemplo da questão
numérica que se vê à direita:
PENSANDO
Você deve ter observado, com os dois tipos de
câmara escura, que as imagens dos objetos (ou
da chama da vela) aparecem invertidas no papel
vegetal. Discuta com o seu colega e procure dar
uma explicação para isso.
D/15 = 150/10 = 225 cm
ou
D = 2,25 metros
Observando a geometria
da figura acima que
corresponde à posição da
câmara no momento de
"tirar" a foto, podemos
determinar a distância D
usando semelhança de
triângulo.
Questão numérica
A que distância deve ser
posicionada uma câmara
escura com dimensões de
100 cm2 (10 x10) de área
de fundo por 15 cm de
comprimento de uma
estátua de 1,5 m de altura,
para mostrá-la focalizada
de corpo inteiro no papel
vegetal?
16
Questões
8. Compare uma máquina fotográfica/
fotografia com um aparelho de raios X/
chapa dos pulmões.
9. H. G. Wells foi um escritor inglês, pioneiro da ficção
científica", que escreveu O Homem Invisível. Discuta a
possibilidade de esse personagem enxergar.
2. Veja a íris de seus colegas num ambiente bem claro e
depois num bem escuro. O que você percebe?
1. Compare a íris de nosso olho com o diafragma da
máquina fotográfica. Nas máquinas automáticas o diafragma
alarga ou estreita o orifício, dependendo da luminosidade
existente. Nossa íris seria também automática? Como
funciona?
7. Quando Clark Kent/Super-Homem quer
ver alguma coisa escondida por uma parede,
usa seu superpoder da "visão de raios X"'.
Mesmo para um extraterrestre de Kripton isso
seria possível?
Retrato do Homem
Invisível ao natural,
na frente de uma
parede branca
3. Quais as condições necessárias para vermos nitidamente
um objeto?
4. Quais as condições necessárias para tirarmos uma boa
fotografia?
5. Compare as respostas das duas questões anteriores.
6. Complete a tabela fazendo as analogias:
pupila / íris
músculos
ciliares
orifício
papel vegetal
tampa da
máquina
conjunto de
lentesfocalizar a
imagem
ajustar o foco
18
5 Foto + grafarNa leitura anterior foi indicado como fazer várias observações
com a câmara escura. Nesta, vamos mostrar como uma
câmara escura pode ser usada para fazer uma fotografia.
O processo é simples. A imagem, anteriormente projetada
no papel vegetal, pode também ser projetada diretamente
sobre papel de revelação fotográfica
O que se pode fazer com nossa câmara escura não precisa
do filme, indispensável numa máquina fotográfica comum.
A diferença é que podemos utilizar papel fotográfico
comum, que precisa ser "revelado" depois e funciona como
negativo para outro papel fotográfico.
Tirar uma foto, então, não se constitui numa tarefa difícil;
precisamos, além de uma câmara escura, de um papel
fotográfico e de uma "técnica" para revelar e fixar a imagem
fotografada. O papel fotográfico você poderá encontrá-lo
na óptica do seu bairro, ou então encomendá-lo a um
fotógrafo.
TIRANDO UMA FOTO
Nesta atividade você poderá tirar uma foto usando a câmara
escura construída anteriormente. Para isso precisamos tomar
alguns cuidados para que a foto saia com alguma qualidade.
1. O papel fotográfico, como não poderia deixar de ser, é
muito sensível à luz, por isso, ao colocá-lo na posição do
papel vegetal de nossa câmara escura, devemos tomar os
seguintes cuidados:
a- Trabalhar num ambiente escuro, que pode ser o seu
quarto com portas e janelas fechadas e as frestas vedadas
por cobertores escuros.
b- Fixar o papel fotográfico onde estaria antes o papel veg-
etal com a parte brilhante voltada para o orifício.
c- Ainda no ambiente escuro, tapar o pequeno orifício e
usar uma segunda caixa para fechar o fundo da primeira,
onde foi colocado o papel fotográfico, vedando-as com
fitas adesivas pretas para impedir qualquer claridade.
d- Escolha a cena que deseja fotografar, de preferência
algo imóvel e bem iluminado (num dia de bastante sol) e
aponte sua câmara para ela.
e- Agora é preciso destapar o orifício e, nas condições
acima, deixá-lo aberto por uns quatro minutos. Esse é o
tempo de exposição, que pode variar muito, conforme o
diâmetro do orifício e as condições de iluminação da cena
escolhida (faça alguns testes para definir o melhor tempo).
f- Se em vez de fotografar pelo orifício pequeno, você
decidir fotografar com lente, o tempo de exposição, na
maioria dos casos, tem de ser menor que um segundo!
Após esse tempo, feche novamente o orifíciode sua câmara.
VOCÊ JÁ TIROU A FOTO, AGORA É
NECESSÁRIO FAZER A REVELAÇÃO
REVELANDO E FIXANDO A FOTOGRAFIA
Para fazer a revelação da foto é necessário, primeiramente,
de um lugar adequado, iluminado apenas com uma fraca
lâmpada vermelha de 15 watts e ainda dispor de água
corrente, como a de uma torneira. Se você dispõe de um
ambiente assim, o processo de revelação e fixação da foto
fica mais fácil.
Basta agora comprar alguns produtos químicos que também
são vendidos nas lojas de material fotográfico: o revelador
e o fixador de imagens. Outra possibilidade é usar a sala
escura e os produtos da mesma óptica onde você conseguiu
o papel, se o dono deixar...
19
A foto final está do seu agrado?
Bravo! Depois de toda essa canseira você pode sair do seu
"laboratório" com a foto na mão. Mas, atenção, ela poderá
não estar do seu agrado. Isso pode ter ocorrido por vários
motivos, como por exemplo o tempo de exposição do
papel fotográfico à luz, o diâmetro do orifício e outros, que
certamente serão descobertos se continuar a tirar e revelar
suas próprias fotos.
Entretanto o princípio é esse, caberá a você aprimorar os
procedimentos nas próximas vezes que for tirar uma
fotografia.
Vasilhas com revelador, água e fixador
As fases de revelação, lavagem e fixação da imagem
Assim que a imagem aparecer, o papel fotográfico deverá
ser transferido, com uma pinça, para a vasilha com água.
Depois de 1 minuto deve-se transferi-lo para a vasilha com
o fixador, onde ficará por mais 5 minutos. Em seguida, é
preciso lavá-lo bem com água corrente e pendurá-lo para
secar. Por fim você obtém o negativo da foto.
Retire o papel fotográfico da câmara escura e coloque-o,
com a parte brilhante voltada para cima, no interior da
vasilha que contém o revelador. O papel fotográfico deve
ficar totalmente coberto pelo líquido revelador. Em 2 a 3
minutos irá aparecer uma imagem negativa da cena
fotografada.
Obtenção do positivo, ou seja, a fotografia da cena
Para obter o positivo, isto é, a foto reproduzindo a cena,
coloque o negativo com a figura para baixo contra a parte
brilhante de um outro papel fotográfico. Ilumine o conjunto
com uma lanterna caseira por 10 segundos, retire o papel
fotográfico e repita todo o processo: revelação, lavagem
na vasilha com água, fixação e lavagem em água corrente.
O negativo da imagem: os claros e escuros estão invertidos
20
4. Que mudanças puderam ser incorporadas aos
hábitos das pessoas devido à invenção da máquina
fotográfica?
Alguns comentários
O registro de uma cena em um filme ou papel fotográfico
está associado ao fato de algumas substâncias serem
sensíveis à luz. O filme ou o papel fotográfico são, na
realidade, lâminas de celulose recobertas de pequeníssimos
grãos de sais de prata, em especial, o brometo de prata
(AgBr).
Quando a luz incide sobre o papel fotográfico, sua energia
é absorvida pelo grãos do sal, separando a prata metálica
de seu parceiro químico, o bromo. Apenas na fase de
revelação do filme é que a imagem da cena fotografada
pode ser vista e identificada. O revelador, composto
basicamente de água e sulfito de sódio (Na2SO
2) provoca,
no filme, a mesma reação que a luz.
Onde já houve formação de prata metálica, a reação com
o revelador se processa muito mais rapidamente,
produzindo maior quantidade de prata metálica por
oxirredução do brometo de prata.
Por isso é importante controlar o tempo de contato do
filme com o revelador, pois quanto maior o tempo de
reação, mais prata metálica será formada e mais negra ficará
a região do filme revelado.
A imagem da cena ou do objeto no filme é denominada
negativo, uma vez que regiões bem iluminadas da cena
produzirão regiões mais escuras no filme já revelado.
Antes da invenção da máquina fotográfica, muitos
acontecimentos historicamente importantes deixaram
de ser registrados, visualmente, porque tais registros
dependiam da presença de um artista capaz de pintar
com alguma fidelidade um quadro que representasse
aquele momento da história. Os quadros, além disso,
carregam a imaginação, a visão e a interpretação do
pintor, raramente presente no local do ocorrido e nem
sempre contemporâneo dos acontecimentos. A pintura
é uma obra de arte que reflete a sensibilidde e a
inspiração do pintor. A foto, embora possa ser motivo
de interpretação de quem a vê e mesmo da
sensibilidade do fotógrafo, reproduz a cena mostrando
mais fielmente a imagem do ocorrido.
ALGUMAS QUESTÕES PARA SUA REFLEXÃO1. Por que os quadros dos tempos passados
retratavam especialmente os nobres e poderosos?
2. Mito ou realidade? Discuta como o famoso sudário,
um pano que teria sido colocado sobre Cristo e ficado
com a marca de suor (daí sudário) e sangue, se
antecipa à fotografia?
3. Que setores da atividade humana mais se
desenvolveram (ou se aproveitaram) com a invenção
da fotografia?
Algumas questões para você pensar.
É claro que nos pontos do filme onde não há incidência de
luz esses fenômenos não ocorrem, e por isso não há
formação de prata metálica.
5. Explique a diferença entre o filme negativo e o filme
de slide, comparando com a de uma foto negativo,
realizado nesta lição, com a foto positiva normal.
A sensibilidade dos filmes está associada ao tamanho dos
grânulos de sais de prata: quanto menores, menos sensíveis
à luz. Por isso, os filmes mais sensíveis, usados nos registros
de cenas com pouca luz, contêm grânulos maiores, embora
isso possa influir na qualidade da foto, na perda de seus
detalhes.
21
6
Acertando
câmara e filme
Compreender a
necessidade de outros
elementos numa
máquina fotográfica
moderna.
"No futuro, não serão considerados
analfabetos apenas aqueles que não
souberem ler, mas também quem não
entender o funcionamento de uma
máquina fotográfica"
Frase de um fotógrafo húngaro em
1936
TURMA DA MÔNICA/Mauricio de Souza
22
6 Acertando câmara e filme
Os recursos de uma máquina fotográfica
Na aula anterior usamos uma câmara escura como uma
máquina fotográfica e, com alguma dificuldade, até tiramos
uma fotografia. Para isso foi necessário tomar certos cuidados
que são dispensáveis quando batemos uma foto com uma
máquina de verdade. Esses cuidados foram principalmente
no momento de colocar o papel fotográfico no interior da
câmara escura e no tempo que ele ficou exposto à luz, ou
seja, o tempo que deixamos o orifício aberto.
O QUE FOI NECESSÁRIO ACRESCENTAR ÀS CÂMARAS
ESCURAS PARA SUPERAÇÃO DESSES PROBLEMAS?
É claro que o rolo de filme já está protegido da luz e por
isso pode ser colocado no interior da máquina fotográfica
sem a necessidade de um ambiente escuro.
Tais filmes possuem graus de sensibilidade diferentes em
relação à luz e por isso precisam ser usados adequadamente
para tirar uma boa fotografia. Os filmes que são muito
sensíveis à luz necessitam de um pequeno tempo de
exposição para impressioná-los e produzir uma boa foto.
Já os filmes pouco sensíveis à luz necessitam de mais tempo
de exposição à luz para uma foto com alguma qualidade.
Além disso, devemos considerar que tipo de foto
pretendemos tirar: a foto de um atleta correndo, por
exemplo, requer um tempo de exposição menor que o
de uma pessoa parada ou andando devagar. O intervalo
de tempo precisa ser menor para "congelar" a imagem, ou
seja, parar o movimento, caso contrário a foto do atleta sai
borrada. Nesse caso podem ser feitas duas coisas: usar,
para a foto do atleta em movimento, um filme mais sensível
ou um orifício maior para entrar mais luz!
Por isso as máquinas fotográficas dispõem de dispositivos
que regulam o tempo de abertura, comandado pelo clique
do obturador ao batermos a foto, e, também, de um
diafragma, cujo diâmetro pode ser ajustado para entrar
mais ou menos luz. Como é impossível fabricar um filme
que seja ideal em qualquer situação, sua escolha,
juntamente com os ajustes do tempo de exposição e da
abertura do diafragma, devem ser feitos com algum cuidado
para tirar uma foto de boa qualidade.
Que tipo de filme e ajustes você escolheria para tirar fotos
das cenas acima?
A sensibilidade dos filmes fotográficos, ou a sua velocidade,
é normalmente divulgada em dois sistemas: o sistema ASA
(American Standards Association) e o sistema DIN (Deutsche
Industrie Norm). Por exemplo, um filme de 200 ASA é
duas vezes mais sensível ou mais rápido do que um de
100 ASA.
A tabela mostra uma relação entre esses dois
principais sistemas em uso atualmente.
ASA 16 25 50 64 125 200 400 800 1600
DIN 13 15 18 19 22 24 27 30 33
Os filmes preto-e-branco com sensibilidade superior
a 250 ASA (25 DIN) são considerados rápidos, e os
de sensibilidade inferior a 64 ASA (19 DIN) são
considerados filmes lentos.
O VISOR MÁGICO
"A máquina fotográfica
é um espelho dotado de
memória, porém incapaz
de pensar"
Anold Newman
23
Abertura do diafragma indicando para cada posição a
região de nitidez
A abertura do diafragma
diminui de cima para baixo
Escala de controle do tempo de exposição
do filme em segundo
B, 1, 1/2, 1/4, 1/8, 1/15, 1/30, 1/125, 1/250, 1/500, 1/100
Na maioria das máquinas fotográficas que contêm essas
informações é comum virem impressos apenas os
denominadores das frações de segundo. Por exemplo, a
inscrição 8 significa 0,125 segundo; 1000 significa um
milésimo de segundo, e assim por diante.
Exemplo: se usarmos filmes de mesma sensibilidade,
uma exposição com tempo de 1/60 segundo com abertura
do diafragma correspondente ao número-f 8 é equivalente
a uma exposição de 1/30 segundo com diafragma no
número-f 11. Isso significa que nos dois casos os filmes
foram expostos à mesma quantidade de luz. Na exposição
com menor tempo usou-se uma abertura maior.
Outras funções do diafragma
Além de permitir o controle da quantidade de luz que
sensibiliza o filme fotográfico, o diafragma permite imagens
suficientementes nítidas de pontos situados em planos
diferentes, anteriores e posteriores ao plano de focalização.
Ao diminuirmos a sua abertura aumentamos o número de
planos que podem ser focalizados com nitidez. Em termos
técnicos isto significa aumentar a profundidade de campo.
O controle da abertura: a íris e o diafragma
É comum, ao sairmos de um lugar muito escuro para a
claridade, sentirmos um certo desconforto, por alguns
segundos, até nos acostumarmos com o novo ambiente.
Em outras situações, entretanto, nossos olhos acostumam-
se muito rapidamente com as mudanças na intensidade
luminosa que chega até ele.
A íris exerce um controle "automático" sobre a luz da imagem
que impressiona a retina, abrindo-se e fechando-se. Da
mesma forma, para o registro de uma boa imagem num
filme fotográfico, também é necessário controlar a
quantidade de luz que o impressiona. Isto é feito pelo
diafragma, um mecanismo que permite passar mais ou
menos luz, abrindo ou fechando seu orifício, denominado
de abertura.
A gradação dessa abertura é representada por uma
seqüência padrão denominada de "números-f". O mais alto
deles indica a abertura mínima que corresponde a uma
área mínima por onde passará a luz. A sequência padrão
vem impressa em um anel acoplado à objetiva da máquina
fotográfica. Ao girarmos esse anel, em um ou outro sentido,
o diâmetro da abertura aumenta ou diminui, permitindo o
controle da entrada da luz. A área de abertura de um
número-f é duas vezes maior do que a área correspondente
ao número-f seguinte, e por isso a área maior permitirá a
passagem do dobro da luz.
Seqüência padrão de números-f
1.2, 1.4, 2, 2.8, 4, 5.6, 8, 11, 16, 22
Exemplo: a área de abertura correspondente ao
número-f 8 é o dobro daquela correspondente ao número-
f 11.
FUGICOLLOR
24
QUESTÕES1. O diafragma e o obturador são dois importantesmecanismos presentes nas máquinas fotográficas. Discutaa função que cada um deles desempenha ao se tirar umafoto.
2. Um fotógrafo amador se acomoda num dos bancos deum ônibus que liga a estação Santana do metrô com aZona Norte de São Paulo. De repente uma mulher comum lindo cachorrinho lhe chama a atenção no interior doônibus e ele, com seu faro artístico aguçado, resolve gravaressa imagem, porém percebe que sua máquina,razoavelmente moderna, está sem flash. Como o nossofotógrafo procedeu para resolver o seu problema?
3. Um fotógrafo usando um filme de 200 ASA pretendetirar duas fotos com o diafragma posicionado em duasregulagens diferentes: uma com o número-f 2,8 e a outracom o número-f 5,6. Discuta qual o tipo de ajuste quedeve ser feito para que as duas fotos tenham a mesmaqualidade.
4. Uma geóloga, para fotografar uma rocha fracamenteiluminada no interior de uma mina, ajustou sua máquinano número-f 2 com um tempo de exposição de 2 segundos.
Resolução:
a) O número-f 2 representa uma grande abertura dodiafragma, o que permite muita entrada de luz; além disso,o tempo de exposição longo (2s) também contribuiu paraa excessiva luminosidade da cena, e por isso a foto ficoumuito clara.
b) Para obter uma luminosidade menor na foto, a geólogapoderá diminuir o tempo de exposição, mantendo a mesmaabertura do diafragma, ou então diminuir a abertura dodiafragma, mantendo o tempo de exposição.
5. Josef Monarck, um grande admirador de bicicleta vê,deslumbrado, Ezequias Caloi deslizar, suavemente, sobreseu mais querido biciclo pelas vielas do parque. Pelacabeça lhe passa a criativa idéia de registrar essa cenainesquecível. Sua máquina fotográfica está equipada comum filme cujas indicações do fabricante são: número-f 8para abertura do diafragma e 1/125s para o tempo deexposição. Esses ajustes, entretanto, são indicados paratirar uma foto de um objeto parado em dia nublado.
Como Josef Monarck deve ajustar a abertura do diafragmase com as indicações anteriores a foto do biciclo sairáum pouco borrada, e para congelar o seu movimento otempo de exposição é de 1/500s?
O resultado foi uma foto com a imagem nítida da rocha,porém muito clara.
a- Explique por que a foto saiu desse modo.
b- O que a geóloga deveria fazer para corrigir essedefeito numa outra foto dessa rocha nas mesmas
26
7 A videogravação ou câmera de TVHoje em dia é muito comum encontrarmos, em festinhas
de aniversário, casamentos, eventos esportivos, carnaval
etc., além dos tradicionais fotógrafos com suas máquinas
fotográficas, também os camera-men com suas filmadoras
de vídeo. Com a máquina fotográfica podemos obter a
imagem da cena estática diretamente sobre uma fita de
celulose.
Com a filmadora de vídeo obtemos uma fita magnética
que, ao ser colocada num aparelho de videocassete,
reproduz na tela da TV as cenas em movimento. Será que
essas duas formas de registro das cenas é a única diferença
entre elas?
A resposta é não!
No filme fotográfico a imagem é registrada por um processo
químico: a luz, proveniente da cena que se quer fotografar,
provoca uma reação química nos haletos de prata do filme
fotográfico. Durante o processo de revelação do filme, nos
locais onde houve incidência da luz surgirão nuances de
claro e escuro, sendo a imagem da cena, em negativo,
construída diretamente no filme.
Na filmadora de vídeo, a luz proveniente da cena filmada
é projetada sobre grânulos de césio, material fotossensível
que constitui o mosaico receptor de imagem. Essa luz é
trasformada em impulsos eletromagnéticos que irão
codificar uma fita magnética.
Diferentemente da fotografia, na fita magnética não é
registrada a imagem da cena, mas apenas sinais magnéticos
que serão posteriormente decodificados e transformados
novamente em imagem, na tela da TV.
Filme fotográfico e o registro daimagem e do som
Fita magnética com sinaismagnéticos codificados
Na máquina fotográfica a luz se transforma em negativo da
imagem, que é registrada no filme. Na filmadora de vídeo
a luz se transforma em impulsos eletromagnéticos que
podem ser modulados e enviados ao espaço como uma
onda eletromagnética ou então ser registrados e guardados
numa fita magnética.
Para proporcionar esse tipo de transformação, uma
filmadora de vídeo, além da objetiva e da lente, dispõe
de um canhão que projeta elétrons contra o mosaico,
fazendo uma varredura de todo o quadro, linha por linha,
como faz nossos olhos na leitura desta página, só que muito
mais rápida, numa freqüência de 30 quadros por segundo.
Um esquema mostrando as partes de uma filmadora
Como é uma filmadora de vídeo?
Uma filmadora de vídeo, ou uma câmara de TV, é, em
alguns aspectos, semelhante a uma máquina fotográfica:
ambas possuem objetivas com lentes para projetar a imagem
da cena escolhida sobre o filme fotográfico ou sobre o
mosaico.
Como a luz se transforma em
impulsos eletromagnéticos numa
filmadora de vídeo?
A idéia de que o canhão de elétrons da filmadora de vídeo
faz a varredura da cena projetada no mosaico, linha por
linha, como se estivesse "lendo um livro", permite
responder a esta pergunta.
Os grânulos de césio, ao ser atingidos pela luz, sofrem
uma separação de cargas com os elétrons, desligando-se
dos seus átomos. A quantidade de elétrons que se separam
dos grânulos de césio é tanto maior quanto maior for a
incidência de luz sobre eles. Como resultado dessa
separação de cargas elétricas, mais átomos se eletrizam
positivamente, por perderem seus elétrons.
27
A "imagem eletrostática" da cena filmada é descarregada
pelo canhão que fornece os elétrons para fazer a varredura
de todo o mosaico. Essa descarga se constitui numa corrente
elétrica de intensidade variável, já que ela depende da
carga elétrica de cada grânulo de césio, ou, em outras
palavras, da sua luminosidade.
Quando a imagem da cena é projetada sobre o mosaico,
nele aparecem regiões com diferentes luminosidades que
correspondem às partes da cena com maior ou menor
incidência de luz.
Visão frontal e lateral do mosaico
As regiões mais claras da imagem se apresentam
eletrizadas com maior quantidade de carga positiva que
as regiões mais escuras. A diferença de luminosidade
entre o claro e o escuro corresponde à "imagem
eletrostática" constituída de cargas positivas, da cena que
estamos filmando.Representação do processo de descarga dos grânulos de
césio
O processo pode ser comparado com a leitura de um livro.
Podemos fazer a leitura em voz alta, para outras pessoas
ouvirem ou gravarem numa fita magnética. Lemos o livro
linha por linha, transformando as informações que estão
no plano da página em um código linear como a voz.
Da mesma forma, a imagem da cena projetada no plano
do mosaico também é "lida" linha por linha pelo canhão
eletrônico da filmadora, transformando as informações
visuais, contidas no plano da figura, em um outro código
linear, que é a corrente elétrica.
Por enquanto fizemos a descrição fenomenológica da
interação da luz, proveniente da cena filmada, com os
grânulos de césio. Nas aulas de Eletromagnetismo
mostraremos com mais detalhes como uma corrente elétrica
pode transmitir informações sobre imagens e sons ou
registrá-los numa fita magnética,
Nas regiões onde há muita luz a corrente de descarga é
alta, e nas regiões mais escuras a corrente é menor.
Portanto, as informações sobre as diferentes tonalidades
de claro-escuro da cena são carregadas pela corrente elétrica
variável produzida durante essa descarga. Tais informações
podem ser enviadas ao espaço, como no caso de uma
emissora de TV, ou então simplesmente registradas em
uma fita magnética, para serem depois reproduzidas na
tela da TV.
Esquema representando a luz que incide sobre o mosaico decésio, que libera elétrons que são atraídos pelo anel coletor
28
RECREAÇÃO
Use o quadriculado vazio e
escureça com lápis preto os
quadradinhos
(4, 2), (4, 3), (4, 4), (4, 5),
(4, 6), (5, 2),(5, 6),(6, 2),
(6, 6), (7, 2), (7, 3), (7, 4),
(7, 5), (7, 6), (9, 2), (9, 3),
(9, 4), (9, 5), (9, 6) e (9, 8).
Deixe todos todos os demais
sem pintar.
O REGISTRO DE UMA IMAGEM ATRAVÉS DE NÚMEROSPara realizar esta atividade é necessário dispor de
duas tabelas iguais de aproximadamente 40 linhas
por 40 colunas.
Numa dessas tabelas estão representados os traços
de um cachorrinho nos quadradinhos claros e escuros.
Na outra existe apenas o quadriculado resultante do
cruzamento das linhas com as colunas.
Cada quadradinho será representado por um par de
números, onde o primeiro pertence às linhas e o
segundo às colunas.
A idéia é mostrar que é possível você "ditar por
números" a imagem de uma figura ou uma cena
qualquer.
Fique com sua tabela e dite para seu colega os pares
de números que correspondem à seqüência de claros
e escuros.
Por exemplo, os pares (6, 9), (6, 10), (6, 11) são
escuros, e todos os demais pares com a mesma ab-
scissa 6 são claros.
Os três pares escuros acima representam, nesse
caso, detalhes do rabo do cachorrinho.
Siga informando ao colega todos os demais pares
escuros e claros para que ele escureça ou não os
quadriculados.
Atividade
Construa você novas tabelas e novos desenhos,
estranhos se possível, e procure passá-los aos
colegas sem que eles saibam que figura está sendo
ditada. Imagine também uma forma de "ditar"
desenhos coloridos. Experimente.
Quadriculado
sem desenho
"Faça com paciência que
terá sua recompensa"
Quadriculado com desenho do cachorrinho
No final desse "ditado de pares de números", a
imagem do cachorrinho estará construída na outra
tabela.
29
8De olho no olho
Nossa primeira
câmara, mesmo tão
antiga, ainda não foi
superada... O caminho
da luz: da pupila ao
cérebro.
30
8 De olho no olhoO ser humano dispõe e utiliza, em seu convívio pelo
mundo, de cinco sentidos: o paladar, o olfato, o tato, a
audição e a visão. Entretanto é através da visão que a
maior parte das informações chegam até o cérebro. Nele
as informações visuais são processadas, interpretadas e
memorizadas como as imagens daquilo que os olhos
vêem. Todo esse processo pode ser compreendido com
base no estudo da máquina fotográfica e da filmadora de
vídeo, que possuem alguns elementos muito semelhantes
aos do olho humano.
Por isso vamos descrever um pouco melhor o olho
humano, tanto no aspecto de sua biologia, apresentando
os elementos que o compõem, como um sistema de
percepção e interpretação das coisas,
Olhando o olho
O olho humano é um órgão aproximadamente esférico,
com diâmetro em torno de 25 mm, equivalente ao sistema
óptico da filmadora de video ou da máquina fotográfica,
constituído basicamente por: um sistema de lentes, cuja
função é desviar e focalizar a luz que nele incide - a córnea
e o cristalino; um sistema de diafragma variável, que
controla automaticamente a quantidade de luz que entra
no olho - a íris (cujo orifício central é denominado pupila);
um anteparo fotossensível - a retina.
Representação de alguns detalhes do olho humano
Além desses, o olho possui outros componentes que o
caracterizam como uma câmara escura: a esclerótica e a
coróide. Os outros componentes do olho humano têm a
função de fornecer nutrientes e manter a pressão interna do
olho: o humor aquoso e o humor vítreo.
Caminho da luz no olho humano
A córnea, uma membrana curva e transparente com
espessura de aproximadamente 0,5 mm, é o primeiro meio
transparente encontrado pela luz. A luz que atinge
obliquamente a superfície da córnea sofre um desvio, que
é responsável por 2/3 de sua focalização na retina.
A esclerótica é o envoltório fibroso, resistente e opaco mais
externo do olho, comumente denominado "branco do olho".
Na frente, a esclerótica torna-se transparente, permitindo a
entrada de luz no olho (córnea). Internamente, em relação
à esclerótica, o olho apresenta uma camada pigmentada
denominada coróide.
A coróide é uma camada rica em vasos sanguíneos e células
pigmentares, e tem a função de absorver a luz, evitando
reflexões que possam prejudicar a qualidade da imagem
projetada na retina.
A íris é uma camada também pigmentada, sendo
suficientemente opaca para funcionar como diafragma. Sua
principal função é limitar a quantidade de luz que atinge a
parte central do cristalino, devendo atuar também na
focalização dos objetos próximos. A íris é formada
principalmente por músculos circulares e radiais, que ao ser
estimulados provocam a diminuição ou o aumento de sua
abertura - a pupila -, cujo diâmetro pode variar de 1,5 mm
a 8,0 mm. Seu funcionamento, porém, não é instantâneo,
pois leva cerca de 5 segundos para se fechar ao máximo e
em torno de 300 segundos para se abrir totalmente.
Após ter sido controlada pela íris, a luz atinge o cristalino,
que, do mesmo modo que a córnea, atua como lente
convergente, produzindo praticamente o terço restante do
desvio responsável pela focalização na retina.
31
Entretanto a importância maior do cristalino não está em
desviar a luz, mas sim em acomodar-se para focalizar a luz
na região da retina mais sensível à luz. Em sua trajetória no
olho, após atravessar o cristalino, a luz passa pelo humor
vítreo, uma susbstância clara e gelatinosa que preenche
todo o espaço entre o cristalino e a retina.
Finalmente, após atravessar os meios transparentes do olho,
a luz atinge a retina, uma "tela" sobre a qual deverá se
formar a imagem, que, decodificada pelo sistema nervoso,
permitirá a visão das coisas. É uma camada fina, com
espessura de aproximadamente 0,5 mm, rosada,
constituída de fibras e células nervosas interligadas, além
de dois tipos especiais de célula que são sensíveis à luz:
os cones e os bastonetes, cujos nomes estão relacionados
à forma que apresentam.
Os cones e os bastonetes são células fotossensíveis
responsáveis pela conversão da luz em impulsos elétricos,
que são transmitidos ao cérebro. A energia da luz é
responsável pela ação química e elétrica que se
desencadeia nas células fotossensíveis; os detalhes dessa
ação ainda são controvertidos, especialmente em nível
fisiológico.
A percepção das cores pelo olho humano está relacionada
com a absorção da luz pelos cones, que se encontram na
retina. Existem, aproximadamente, 7 milhões deles
espalhados pela retina de cada olho. Acredita-se que a
capacidade de discriminação de cores pelo olho esteja
relacionada com diferentes elementos fotossensíveis
contidos nos cones. Esses elementos seriam de três tipos,
sendo cada um deles sensível a uma determinada faixa de
energia, que corresponde, majoritariamente, ou ao azul,
ou ao verde, ou ao vermelho. A visão das outras cores é
explicada pela estimulação simultânea e em graus distintos
desses elementos fotossensíveis.
Já os bastonetes funcionam com pouca luz e percebem os
tons em cinza. A retina de cada olho contém cerca de 125
milhões de bastonetes distribuídos entre os milhões de
cones. A sensibilidade dos bastonetes em relação à luz é
cerca de 100 vezes maior que a dos cones, mas estes
reagem à claridade quatro vezes mais rápidos que aqueles.
A retina, o ponto cego, o nervo óptico e o cérebro
Portanto a luz que chega à retina estimula cones e bastonetes
a gerar impulsos elétricos. Os cones funcionam bem na
claridade e são responsáveis pelos detalhes e cores
observados numa cena , enquanto os bastonetes são os
responsáveis pela nossa visão quando o ambiente é mal
iluminado.
Esses sinais são transmitidos, através do nervo óptico, até
o cérebro, que os interpreta como imagens do que os
olhos vêem.
Os cones e os bastonetes
32
As retas verticais são paralelas?
A ilusão de ópticaSe as imagens que se formam em nossa retina são planas,
como percebemos o volume dos objetos?
Uma das razões é devida à iluminação nas diferentes partes
do objeto, que nos dá a idéia de sua forma. Outra é por
termos visão estereoscópica, ou seja, os dois olhos, no
mesmo lado da face, olhando para a mesma paisagem.
Nas aves e répteis, por exemplo, cada olho enxerga uma
paisagem diferente.
Um caso muito comum de ilusão de óptica é acharmos
que a Lua e o Sol quando estão no horizonte são maiores
do que no meio do céu. Uma das razões para isso é a
possibilidade de compararmos seu tamanho com outras
coisas à sua volta. Ao lado, a esfera na mão parece menor
que a isolada. E no balão ela aparenta ser maior.
Quando o objeto se encontra muito longe, perdemos a
noção de profundidade. Temos dificuldade de perceber
se um balão ao longe vai cair na frente ou atrás de um
prédio ou de uma árvore. Já para um objeto próximo, um
olho vê com uma pequena diferença em relação à direção
do outro olho. Isso nos permite ver em terceira dimensão,
em profundidade. Experimente olhar alternadamente com
um olho e depois com o outro. Você perceberá que,
especialmente os objetos próximos darão "um salto".
Por tudo isso, devemos ter cuidado com a expressão:
"SÓ ACREDITO NO QUE MEUS OLHOS VÊEM!".
A ilusão de óptica está associada ao nosso "aprender a ver".
Os bebês vão se acostumando a ouvir a voz, sentir o cheiro
e o calor de sua mãe enquanto mama. Também aprendem
a enxergar, isto é, a identificar as imagens formadas na
retina com as pessoas e os objetos.
Durante nossa vida, tudo que sentimos (tato, odores,
paladares), ouvimos e vemos, automaticamente
relacionamos com padrões estabelecidos.
Um cego pode não enxergar por algum problema no globo
ocular ou no cérebro. Vamos supor que a pessoa tenha
nascido cega por uma avaria nos olhos. Mais tarde ela é
operada e seus olhos passam a transmitir as imagens nítidas
para o cérebro. Mesmo assim ela pode continuar não
enxergando. É como se estivéssemos ao lado de um chinês
falando: ouvimos sua voz, mas não decodificamos sua fala.
Observe o círculo
do meio nas duas
figuras ao lado.
Qual deles é maior?
Confira com a régua...
Algumas imagens planas, chamadas estereogramas, são
vistas em profundidade se você conseguir olhar para elas
como se estivessem distantes; se você conseguir "desfocar",
a Mônica, ela aparecerá dentro do espelho, em quatro
imagens em vez de três .
Mônica, O Espelho Dimensional - 3D virtual by Mauricio 1994
Além disso há o que é chamado olho dominante.
Experimente colocar seu polegar na frente de um objeto.
Agora feche um olho e depois o outro. O polegar só
encobrirá o objeto quando o olho dominante estiver aberto.
olhos focalizando
objetos distantes
olhos focalizando
objetos próximos
33
9Duas ópticas
A interação luz-matéria
e o seu percurso nos
colocam diante de duas
ópticas: a física e a
geométrica.
A natureza da luz e das
cores e a geometria da
propagação e da
formação da imagem
34
9 Duas ópticasEm todos esses casos estamos olhando apenas para o que
acontece com a trajetória da luz ao atravessar algum meio
material, como uma lente ou a sua reflexão na superfície
de um espelho. Esse tipo de comportamento da luz nos
leva a um dos ramos da óptica, denominado de óptica
geométrica, que nos permitirá descrever, além desses
casos, o caminho da luz no interior de microscópios,
projetores de slides, periscópios, lunetas e outros
instrumentos ópticos, que estudaremos na Parte 3 destas
Leituras de Física.
Tudo isso é óptica geométrica!
A interação luz-matéria e a
produção de luz
O caminho da luz
Nosso contato até aqui com instrumentos ópticos, como
câmaras escuras, máquinas fotográficas, filmadoras de vídeo
e também o olho humano, permitiu colocar em evidência
dois aspectos relacionados ao comportamento da luz, ao
passar por esses instrumentos. Um deles é o caminho que
ela percorre desde a cena observada até o papel vegetal
da câmara escura, ao filme na máquina fotográfica, ao
mosaico na filmadora de vídeo, ou até a retina, em nosso
olho.
O caminho da luz na formação de imagens
Na câmara escura, a luz proveniente da cena observada
passa pelo pequeno orifício, em linha reta, e incide no
papel vegetal, reproduzindo nele a imagem da cena
invertida. Uma lente, como a que colocamos na câmara
escura, para melhor focalizar a cena, provoca um desvio
na trajetória da luz, convergindo seus raios e produzindo
uma imagem menor, também invertida. Em alguns tipos
de máquina fotográfica, é um conjunto de espelhos que
reflete a luz, conduzindo-a da objetiva até o filme
fotográfico.
Lentes e espelhos mudam a trajetória da luz
A imagem do objeto
registrada no papel
fotográfico
Outro aspecto importante sobre o
comportamento da luz é o fato de
ela ser capaz de impressionar um
filme fotográfico, o mosaico nas
filmadoras de vídeo, ou mesmo
sensibiliizar a nossa retina.Numa
fotografia, por exemplo, a luz,
proveniente da cena observada, ao
incidir sobre o papel fotográfico,
possibilita o registro de imagens,
transformando a energia luminosa
numa gravura.
35
Na filmadora de vídeo, a luz que vem da cena filmada
impressiona um mosaico que gera pulsos eletromagnéticos,
que são codificados e gravados na fita magnética, ou que
podem ser enviados ao espaço por meio de um código,
que depois é transformado em imagem numa tela de TV.
Da mesma forma, a luz que atinge nossa retina é
conduzida, através do nervo óptico, até o cérebro, que a
interpreta como imagem da cena observada.
Registro de sinais que representam imagens
Nesses casos a energia luminosa proveniente da cena
observada é transformada em energia química, no processo
fotográfico, ou em energia eletromagnética, nos processos
de gravação da fita magnética da filmadora de vídeo e de
registro de imagem pelo olho humano.
Em todos esses processos a
luz é considerada uma forma
de energia que interage com
a matéria.
Além disso, como veremos na leitura seguinte, a própria
origem da luz também é devida a transformações de
energia. As diversas fontes de luz, como, velas, lâmpadas,
estrelas e outras, convertem uma forma qualquer de energia
em energia luminosa.
O registro de uma imagem no papel fotográfico, a chama de
uma vela ou a luz de uma estrela são fenômenos estudados
por um outro ramo da óptica, chamado de óptica física. A
óptica física permite interpretar esses e outros fenômenos
relacionados à formação de imagens e à natureza da luz.
As duas ópticas
A primeira parte deste curso de óptica,constituída pelas 8 leituras anteriores,
levanta dois tipos de situação diferentes,porém relevantes, para continuidade do
aprendizado de óptica:
1. As que se referem à descrição da
trajetória da luz ao atravessar
instrumentos ópticos, como máquina
fotográfica, lunetas, periscópios,
microscópios e outros, que serão
estudados em óptica geométrica.
2. As que se referem a fenômenos nos
quais a luz é capaz de sensibilizar o
papel fotográfico, o mosaico na câmera
de vídeo, nossa pele e outros materiais,
que serão estudados em óptica física.
Daremos continuidade a estas
Leituras de Física observando e
discutindo algumas fontes de luz,
como a chama da vela, lâmpadas,
tela de TV, que também fazem
parte das coisas estudadas pela
óptica física.
36
Atividades
Atividade 1
Coloque água em um copo de vidro.
Coloque no copo um lápis. Examine bem esse sistema.
Atividade 3
Acenda uma vela num lugar escuro. (Cuidado...)
Coloque um pequeno espelho próximo à vela.
Examine muito bem a chama da vela.
1. Você consegue ver cores diferentes nessa chama?
2. Quais são essas cores e em que região da chama elasaparecem?
Examine a imagem da chama da vela no espelho.
3. Trace numa folha de papel o caminho da luz da velaaté a sua imagem no espelho. Onde fica essa imagem?
Atividade 2
Corte uma folha de jornal em duas partes.
Coloque uma delas ao sol e a outra guarde-a dentro decasa, por um dia.
No final do dia examine-as com cuidado.
Atividade 4
Relacione os processos ou situações, presentes na figura,que podem ser explicados pela óptica geométrica. Idempela óptica física.
1. O que você observa?
2. O fenômeno observado faz parte do estudo da ópticafísica ou geométrica? Explique.
1. Descreva o que notou de diferente nas duas partes.
2. O fenômeno observado pode ser explicado pela ópticafísica ou pela óptica geométrica ? Explique.
37
10Fontes de Luz
(e de calor)
O sol, a chama da
vela, a lâmpada
incandescente são
fontes de luz e calor.
Você saberia dizer que tipo de energia se converte em luz nas diversas fontes de luz?
2. Observe o filamento de uma lâmpada incandescente.
Se preferir pode fazer uma montagem usando uma lupa eprojetar a imagem do filamento aquecido em uma folha de papelbranco.
Usando uma lente, projete o filamento da lâmpada numaparede ou na folha de papel. É semelhante à chama da vela?Descreva o que você vê.
1. Observe a chama de uma vela. Ela é um todo homogêneo ou é constituída de regiõesdistintas?
Descreva-a.
Duas fontes de luz muito comuns são a chama de uma vela e uma lâmpada
incandescente.
A CHAMA DA VELA E O FILAMENTO AQUECIDO DA LÂMPADA
INCANDESCENTE
Uma lupa projeta o filamento
aquecido numa tela.
38
Luz de cores diferentes pode ser
percebida na chama da vela
A lâmpada incandescente é
fonte de luz branco-amarelada
Fontes de luz (e de calor)10Chama das velas, lâmpadas incandescentes
e aquecedores de ambiente
Uma vela tem várias utilidades: uma delas é a de pagar
promessas, outra, para diminuir o atrito entre o serrote e a
madeira e uma outra, ainda, é estar à nossa disposição, junto
com uma caixa de fósforos, quando ocorre um blackout.
A chama da vela, como você deve ter observado, não é
homogênea, pois apresenta regiões com cores diferentes.
Nessas regiões as temperaturas não são as mesmas: a azul
é a região mais quente.
Nas lâmpadas incandescentes o filamento, que é
aquecido pela corrente elétrica, emite luz de cor branco-
amarelada. Com esse tipo de lâmpada dificilmente
conseguimos ver várias cores, como as que vemos, por
exemplo, na chama de uma vela, pois a temperatura em
todo o filamento é praticamente a mesma.
Também podemos ver o filamento da lâmpada
incandescente com uma tonalidade vermelha, amarela ou
mesmo branca. O mesmo ocorre com os aquecedores de
ambiente que possuem um fio metálico na forma espiral.
Quando ligado à eletricidade, o fio metálico se aquece,
adquirindo uma cor avermelhada.
Estes exemplos nos mostram a luz associada ao calor. Aliás,
uma das formas de calor é a radiação não visível, chamada
infravermelha, que vem junto com a luz visível,
especialmente na ocorrência de altas temperaturas.
A luz visível está entre o infravermelha e o ultravioleta
A chama da vela e o filamento da lâmpada são exemplos
de produção de luz visível, em razão das altas temperaturas
presentes na combustão da vela e no filamento com
corrente elétrica. Os aquecedores elétricos, embora não
tenham a função de iluminar, devido ao seu alto
aquecimento, acabam irradiando luz visível.
O Sol e as outras estrelas
Mas a nossa principal fonte de luz é o Sol. A formação do
Sol como a de qualquer estrela se deu por "autogravitação",
ou seja, a matéria cósmica cai sobre si mesma e é
compactada, ficando extremamente quente. Isso permite
reações de fusão nuclear que convertem núcleos de
deutério em núcleos de hélio, liberando muita energia como
radiação. Parte dessa energia é luz, como a que ilumina a
Terra, nossa Lua e demais planetas e suas luas, no nosso
sistema solar!
O Sol também nos envia outros tipos de radiação, como o
infravermelho, ou como o ultravioleta, também não
percebida pelos nossos olhos, mas que pode causar sérios
danos à nossa pele. No entanto, tudo na biosfera, e nós
mesmos, não existiríamos sem a energia solar!
Abaixo e acima da luz visível
Essas fontes quentes de luz guardam uma relação entre
temperatura e cor da radiação emitida. Para cada
temperatura há predominância na emissão de certas cores,
enquanto as outras cores podem estar presentes em menor
proporção.
As radiações que nossos olhos conseguem perceber
constituem uma pequena faixa que chamamos de luz
visível, que se localiza entre o infravermelho e o ultravioleta.
39
O funileiro sabe que para soldar ou cortar uma peça de
lata ou aço, a temperatura da chama do maçarico a gás
precisa estar elevada. Para isso, o funileiro regula o
maçarico ajustando as quantidades de ar e combustível
pela cor da chama. A temperatura maior se obtém
quando a chama emite uma luz azulada.
Mas, afinal, o que produz
a luz nas chamas, nos
filamentos e em outras
fontes como o próprio Sol?
Por que a produção de luz
ocorre com o aquecimento
da fonte e como são
emitidas diferentes cores?
A tela de TV e a lâmpada
fluorescente, que brilham
mesmo "a frio", dependem
de propriedades das
substâncias que recobrem
o vidro.
Na lâmpada essa
substância emite luz
visível se estimulada por
ultravioleta, produzida
pela colisão entre elétrons
e íons no interior do tubo.
Na TV é a colisão de
elétrons direto na tela que
dá esse estímulo.
Quando um corpo vai sendo mais e mais aquecido, emite
radiação visível, inicialmente com uma cor vermelho-
alaranjada, depois um vermelho mais brilhante e, a
temperaturas mais altas, uma cor branco-azulada.
Com o aumento da temperatura o corpo emite mais
radiação, e a cor da radiação mais intensa é a que prevalece.
Cor, Energia e Temperatura
visão, pois emitem, em proporções grandes, tanto radiação
visível quanto invisível.
Essa radiação, emitida pelo material devido à sua
temperatura, é chamada de radiação térmica.
Conseguimos ver uma grande parte dos objetos que estão
a nossa volta porque refletem a luz que incide sobre eles e
não pela radiação que emitem, já que esta nem sempre é
visível.
O próprio ferro elétrico, quando atinge altas temperaturas,
passa a ter luminosidade própria, emitindo uma luz
avermelhada, visível no escuro.
As lâmpadas incandescentes, de 60W ou 100W, quando
ligadas na tensão correta emitem luz branco-amarelada.
Mas às vezes acontece de ligarmos uma dessas lâmpadas
numa tensão elétrica inadequada, e nesse caso sua
luminosidade se altera.
Se a ligamos numa tensão acima daquela especificada pelo
fabricante, seu filamento emite uma intensa luz branco-
azulada, mas apenas por alguns instantes, "queimando-se"
em seguida.
Se a ligamos numa tensão menor do que a especificada
em seu bulbo, a luz emitida é de cor avermelhada.
Nas duas situações as energias envolvidas são diferentes,
estando a luz avermelhada associada à menor delas [menor
tensão elétrica], e a luz branco-azulada, à maior.
Essas observações nos revelam que as cores avermelhada,
branco-amarelada e branco-azulada, emitidas pelo filamento,
estão na ordem das energias crescentes.
A chama de uma vela também apresenta regiões com cores
diferentes, cada uma associada a uma determinada
temperatura.
A região mais quente da chama é aquela que apresenta
uma luz azulada.
As regiões da chama com luz amarela e laranja estão
associadas a temperaturas menores.
O centro da chama é azul, pois a região em direta
proximidade com a combustão é a mais quente.
Um ferro elétrico, por exemplo, ao ser aquecido emite
radiação que percebemos não com os olhos, mas com nossa
pele, ao nos aproximarmos dele.
Já o filamento aquecido de uma lâmpada ou o carvão em
brasa podem ser percebidos tanto pelo tato como pela
40
AtividadesCom base nas cinco figuras a seguir, identifique:
a) a forma de energia primária convertida em cada caso;
b) os vários processos de transformação de energia que
acabam resultando em luz visível em cada uma dessas
fontes.
5. uma estrela
Questões
6. Podemos ver a base de um ferro elétrico no escuro, se
ele estiver bem quente (+ ou - 600oC). Por ourto lado o
resistor de um aquecedor ligado pode ser visto tanto no
claro como no escuro. Em ambas as situações a luz "puxa"
para o vermelho. Como explicar esses dois casos?
7. Como explicar a luz branco-amarelada de um filamento
de lâmpada e a luz branco-azulada do filamento de outra
lâmpada? O que está ocorendo para produzir essas diferenças
de cores?
8. Um mesmo filamento pode ser visto avermelhado,
amarelado ou branco. Como isso pode ocorrer?
4. uma lâmpada fluorescente
1. a chama de uma vela
2. uma lâmpada incandescente
3. uma tela de TV
41
O caráter
eletromagnético
da luzA luz é da mesma
família das ondas
de rádio, do
infravermelho, dos
raios nas
tempestades, dos
raios X...
11
42
A natureza da luz
A associação entre fenômenos elétricos e luz é muito
comum, nas faíscas elétricas que se observam ao se abrir
ou fechar circuítos, nos próprios raios em descargas elétricas
naturais que se veem em tempestades, assim como em
muitas das fontes de luz como as que analisamos na leitura
anterior.
Outras evidências que mostraram que a luz é um tipo de
onda eletromagnética como as utilizadas em
telecomunicações, é o fato dessas ondas se deslocarem
com a mesma velocidade da luz (300.000 km/s) ou o fato
de, como a luz, elas geralmente atravessarem vidros e não
atravessarem metais.
FAÇA AS ATIVIDADES
Coloque um radinho e uma lanterna de pilha no
interior de um vidro e feche-o bem.
O fato desses aparelhos estarem no interior do vidro impede
o seu funcionamento ? Como você justifica sua resposta ?
Coloque-os agora no interior de uma lata matálica
que pode ser de leite em pó.
Eles funcionam agora ? Justifique sua resposta.
11 O caráter eletromagnético da luzPercebeu-se que, como as demais ondas eletromagnéticas,
a luz é uma oscilação que também se propaga no vácuo e é
usualmente representada pela variação periódica do campo
elétrico, uma perturbação capaz de mover cargas elétricas.
As cores ou energias da luz estão relacionadas com as suas
freqüências, de acordo com o esquema gráfico.
Gráfico de cor ou energia x freqüência da luz visível
O que distingue a luz visível das outras radiações é a sua
freqüência, ou seja, o número de oscilações por segundo
que também está associado à cor da luz.
Assim como o som é uma vibração mecânica do ar e a sua
freqüência distingue sons graves e agudos, a luz é também
uma forma de vibração eletromagnética cuja freqüência
distingue uma cor da outra.
A freqüência da luz caracteriza sua cor e também sua
energia. Na faixa da luz visível, a luz vermelha é a de
menor freqüência e menor energia, a luz violeta é a de
maior freqüência e maior energia.
43
Cada uma dessas radiações possui uma energia definida,
que está relacionada com a sua freqüência. Se a radiação
for na faixa da luz visível, então cada cor terá sua freqüência
característica, que por sua vez corresponderá, também, a
uma determinada energia.
Esse conjunto de radiações de todas as freqüências é
denominado de espectro de radiações, representado no
gráfico a seguir.,
Radiação eletromagnética
Embora essas radiações tenham freqüências bem distintas
e estejam relacionadas a diferentes situações, elas possuem
algumas características comuns.
Diferentemente das ondas sonoras, que são vibrações
mecânicas do ar, as radiações eletromagnéticas não
necessitam da existência de um meio material para a sua
propagação. A luz do Sol, por exemplo, quando chega
até nós, passa por regiões onde não existe matéria.
Todas essas radiações se propagam no vácuo, com a
velocidade da luz, que nesse meio é de 300.000 km/s e
são constituídas por campos elétricos e magnéticos.
Por isso o espectro de radiação apresentado no esquema
anterior também é denominado de espectro de radiação
eletromagnética, e inclui a luz visível.
O hertz e seus múltiplos
A unidade de freqüência é o hertz (Hz).
1Hz significa 1 oscilação por segundo (1Hz=1 oscilação/s)
Dos seus mútiplos, o kHz e o MHz você já deve ter
ouvido falar na identificação de emissoras de rádio
1 kHz = 1000 Hz; 1 MHz = 1000 kHz
Ampliando o espectro da luz visível
O gráfico da página anterior relaciona as cores da luz com
a sua freqüência, constituindo a faixa da luz visível. Existem
outros tipos de radiações eletromagnéticas, não percebidas
por nossos olhos, que podem ser representadas nesse
mesmo gráfico, ampliando-o nas duas extremidades.
A faixa da radiação anterior à luz vermelha, denominada
de infravermelha, corresponde à radiação térmica com
freqüência da ordem de 1000 vezes menor que a da luz
visível.
Existem ainda radiações eletromagnéticas de mais baixa
energia ou de menor freqüência, como as usadas no
funcionamento do radar, que são da ordem de 1 mil a 100
mil vezes menor do que a da luz visível.
Além dessas, temos as radiações usadas em comunicação
por rádio e televisão, com frequência da ordem de 10 mil
a 1milhão de vezes menor que a da luz visível.
Ocupando a extremidade de baixa freqüência, estão as
radiações produzidas pelas redes de distribuição elétrica
de corrente alternada, cuja frequência é de 50 ou 60 Hz,
valores que são da ordem de 100 bilhões de vezes menores
que a freqüência da luz visível.
No outro extremo estão as radiações de alta freqüência,
como o ultravioleta, com freqüência 100 vezes maior que
a da luz visível, os raios X e os raios gama, com freqüência
da ordem de 10 mil a 1milhão de vezes maior que a da
luz visível.
44
ALGUMAS QUESTÕES
1. Identificar no gráfico do espectro da radiação
eletromagnética a região que corresponde a freqüência
de ondas de radar.
2. Idem para ondas de comunicação por rádio e TV.
Procure no seu rádio ou TV informações sobre a
sintonização desses aparelhos. Quais as freqüências que
tais aparelhos funcionam?
3. Procure no seu rádio ou TV informações sobre
sintonização desses aparelhos. Quais as freqüências em
que tais aparelhos funcionam?
4. Identifique a faixa de freqüência da luz visível no
espectro de radiação eletromagnética.
5. Que cor de luz correponde à maior e à menor
freqüência?
6. Consiga uma caixa de papelão que possa ser bem
fechada e coloque no seu interior, de novo, a lanterna e
o radinho de pilha, ligados. O que você pode sugerir
para a explicação do observado?
7. Você pode sugerir e explicar uma atividade em que a
luz seja transmitida mas não as ondas de rádio?
12As cores da luz e a
sua decomposição
Para esta construção você precisará de:
- uma caixa de sapatos em bom estado;
- três pequenos pedaços de madeira e alguns preguinhos;
- um bocal e uma lâmpada de filamento reto e vidro transparente;
- 3 metros de fio do tipo usado no cordão do ferro elétrico;
- um plugue e uma pequena serra de cortar ferro.
A luz branca pode ser
decomposta em outras
cores, cada uma
representada por um
número, que é a sua
freqüência
Todos nós já ficamos maravilhados e intrigados com um arco-íris. Ele surge logo após uma
chuva, quando o sol reaparece.
Com o Sol "baixo" da manhã ou do final da tarde, brincando com uma mangueira de jardim,
jogando o jato de água para cima, também enxergamos um arco-íris.
O objetivo desta atividade é mostrar que, a partir da luz branco-amarelada de uma lâmpada
incandescente, podemos obter um conjunto de cores semelhantes à de um arco-íris. Para isso,
vamos constuir um projetor de fenda estreita.
Construindo um projetor de fenda estreita com uma caixa de sapatos vazia
Detalhe para prender as madeiras, o soquete e os fios Observem que a fenda e o filamento da
lâmpada devem estar alinhados
46
12 As cores da luz e a sua decomposiçãoAtividade: as cores da luz visível
A luz branco-amarelada de uma lâmpada incandescente,
na realidade, pode ser decomposta em várias cores. Para
decompô-la você precisará de: um prisma, um projetor
de luz do tipo mostrado na página anterior e uma lâmpada
incandescente. Coloque o prisma na passagem da luz e
observe as cores projetadas na folha de papel.
Qual a relação entre a luz "branca" e o
espectro de cores que ela gera num prisma?
Objetos muito quentes, além de calor, emitem também
várias radiações de diferentes cores. Para cada temperatura,
certas cores são emitidas em maior intensidade.
O que vemos então como luz branca, emitida pelo
filamento de uma lâmpada incandescente, é uma mistura
das várias cores que formam o branco. Numa temperatura
regular de operação da lâmpada a luz amarela é a mais
intensa. A temperaturas mais altas o azul estará mais intenso,
e a luz será branco-azulada.
Como vimos, a luz vermelha se distingue da luz verde
pela sua freqüência. Cada cor simples possui uma
freqüência que é seu número de identificação. O prisma
apenas separa essas cores que compõem o branco.
Por que a luz se decompõe ao passar por um
prisma?
Quando a luz passa de um meio para outro - como do ar
para o vidro ou plástico -, sua direção muda. Esse desvio é
chamado refração, e por causa dele enxergamos uma
colherinha dentro de um copo com água como se estivesse
"quebrada".
Essa mudança de direção é devida ao fato de a luz ter
velocidades diferentes no ar e no vidro ou no plástico.
A velocidade da luz em cada meio é constante, mas ao
passar de um meio para outro seu valor se modifica.
No vácuo ou no ar essa velocidade é de aproximadamente
300.000 km/s, e em outros meios é sempre menor.
Toda radiação eletromagnética ou movimentos ondulatórios
em geral podem ser identificados por sua freqüência (f)
ou pelo seu comprimento de onda (, que é a distância
entre dois vales ou dois picos de uma onda.
-Quantas cores você consegue
enxergar? Relacione-as.
-Com giz de cera, lápis de cor ou caneta
hidrográfica, procure reproduzir, no
papel branco, as listras coloridas que
você observou nesta atividade.
Este conjunto de cores distintas
de luz, que somadas resulta na
luz branca, constitui o espectro
da luz visível
Na leitura 10, vimos que fontes de luz quente como o Sol,
o filamento de lâmpadas ou a chama de uma vela, emitem
luz que percebemos com diversas tonalidades do branco.
Agora estamos percebendo que essa mesma luz pode ser
decomposta, por um prisma, em várias outras cores:
vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil e violeta,
constituindo o espectro da luz branca,
47
O comprimento de onda λ, aqui definido entre dois picos de
onda, ou entre dois vales
Quanto menor o comprimento de onda da radiação, maior
a sua freqüência. A luz vermelha, por exemplo, tem um
comprimento de onda maior do que o da luz azul. Isso
significa que a freqüência da luz vermelha é menor que a
da luz azul.
O produto da freqüência pelo comprimento de onda da
radiação eletromagnética é sempre igual a uma constante
que corresponde à velocidade da luz naquele meio,
indicada pela letra c:
c = f.λλλλλ
Para sabermos o quanto a luz se desvia em um meio,
precisamos saber o índice de refração do meio, que
obtemos dividindo a velocidade da luz no vácuo (c) pela
velocidade da luz nesse meio (v):
n = c/v
O número n, que representa o índice de refração, é um
número sem unidades, já que é o quociente entre duas
velocidades.
Além disso é sempre maior que 1, pois a velocidade da
luz no vácuo [c = 3x108 m/s] é maior do que em qualquer
outro meio.
O índice de refração do vidro, ou de outro meio
transparente, como quartzo fundido, água, plástico, é
ligeiramente diferente para cada cor, aumentando do
vermelho para o violeta.
Por isso a luz branca, ao incidir sobre a superfície de um
prisma de vidro, ao se refratar produz um feixe colorido.
Cada cor simples, chamada luz monocromática, sofre um
desvio diferente. A luz violeta, de maior frequência, se
desvia mais do que as outras.
A luz vermelha propaga-se no interior do vidro com uma
velocidade maior do que a luz violeta nesse mesmo meio.
λλλλλ é uma letra do alfabetogrego, chamada lambda, quecorresponde à nossa letra l.É usada para representar ocomprimento de onda e tem
como unidade o metro,centímetro, milímetro...
Uma unidade bastanteutilizada de comprimento λλλλλ éo nanômetro, equivalente a
10-9 m; outra unidade usada éo angstrom (Å), que equivale
a 10-10 m
A luz vermelha sofre o menor desvio, e a violeta o maior desvio
Seja nver
o índice de refração do vidro para a luz vermelha
e nvio
o índice de refração do vidro para a luz violeta. Do
que foi exposto acima, temos: nvio > n
ver Com isso podemos
escrever: c/vvio > c/v
ver, o que acarreta v
ver > v
vio.
Como a luz vermelha propaga-se com velocidade maior
que a da luz violeta, no interior do prisma ela sofre desvio
menor que o da violeta.
O gráfico abaixo mostra como varia o índice de refração,
em relação ao comprimento de onda, de alguns vidros
em relação ao ar.O gráfico abaixo mostra emdetalhes, na faixa do visível,o índice de refração doquartzo fundido em relaçãoao vácuo ou ao ar.
ultravioleta luz visível infravermelho
48
Algumas questões
. Use os dados dos gráficos da página 47 e os da
página 42 e determine:
a- a velocidade da luz de comprimento de onda
5500 A, no quartzo fundido;
b- qual a cor dessa luz monocromática?
O comprimento da luz amarela do sódio no vácuo
é 5890 Å.
a- qual é a sua freqüência?
b- verfique se a freqüência obtida acima corresponde
à faixa delimitada no gráfico da página 42;
c- qual a sua velocidade num vidro de quartzo
fundido cujo índice de refração seja 1,5?
3. A velocidade da luz amarela do sódio num certo
líquido é de 1,92 x 108 m/s. Qual é o índice de
refração desse líquido em relação ao ar para a luz de
sódio?
4. Entre a luz verde e a luz amarela, qual delas sofre
um maior desvio no interior de um prisma de quartzo
fundido? Explique.
O gráfico da página 42 relaciona a cor com a freqüência
da luz. Acrescente no gráfico abaixo um eixo que
relacione a cor com o comprimento de onda da luz.
49
13
Da mistura das cores
primárias surge o
branco.
As cores da luz e a
sua composição
bocais
interruptores
Esquema para orientação da ligação
elétrica
ATIVIDADE: COMPONDO OUTRAS CORES
Nesta atividade iremos "misturar luz" das cores chamadas primárias, que são o vermelho, o
verde e o azul. Isto pode ser feito com uma "caixa de cores", na qual existem três bocais
para instalação de lâmpadas vermelha, verde e azul, cada uma com um interruptor.
No lado oposto aos bocais existe uma abertura circular para saída da luz, que deverá ser
projetada sobre um anteparo branco.
Caixa de luz vista por dentro Caixa de luz vista por fora
50
13 As cores da luz e a sua composição
Ligue a lâmpada
vermelha, mantenha-a
ligada e ligue a verde.
Desligue apenas a
lâmpada vermelha
e ligue a azul.
Desligue agora apenas a
lâmpada verde e ligue
novamente a luz vermelha.
Ligue agora a lâmpada
verde, deixando as três
acesas.
O que você vai fazer
Pegue a caixa de lápis de cor e responda as questões pintando os desenhos.
Com o ambiente escuro, aponte a abertura circular da caixa para o anteparo branco.
Todas as cores produzem o branco?
Vimos que a luz branco-amarelada do Sol ou de uma lâmpada incandescente pode ser decomposta nas sete cores
diferentes que formam o espectro da luz branca.
E "MISTURANDO" TODAS AS CORES DO ESPECTRO, OBTEMOS O BRANCO?Foi exatamente tentando responder a essa questão que o então - ainda não famoso - físico Isaac Newton procurou pintar
um disco branco com as cores do arco-íris distribuídas em seqüência. Depois fez o disco girar, através de um eixo
central, com uma certa velocidade, tentando obter a cor branca!
Se você quiser repetir a experiência de Newton, pode tentar: corte um disco de cartolina branca, divida-o em sete
partes e pinte cada uma com as cores do arco-íris. Passe um lápis ou um espetinho de churrasco pelo centro do disco
para servir de eixo e você terá um pião.
Girando o "pião" bem rápido o que você percebe? Que cor você vê?
51
Qual é a cor de um objeto?
A COR DAS COISAS
Misturando luz dessas três cores em diferentes proporções,
obtemos qualquer cor de luz, inclusive a branca.
A luz branca é uma mistura equilibrada do vermelho com o
verde e o azul. Na atividade com a "caixa de luz", o amarelo
foi obtido pela combinação da luz vermelha com a verde; o
vermelho-azulado (magenta) é obtido pela combinação
da luz vermelha com a luz azul, e o verde-azulado (ciano)
é a combinação da luz verde com a luz azul.
O amarelo, o magenta e o ciano são as cores ditas
secundárias. As outras nuances de cores são obtidas
variando-se a quantidade de cada uma das cores primárias.
As imagens coloridas da tevê nos mostram uma grande
variedade de tons e cores. O monitor do computador e as
tevês modernas apresentam padrões com milhões ou até
bilhões de cores.
As múltiplas tonalidades de cores que vemos na televisão e
no monitor do computador são na realidade produzidas por
uma combinação de apenas três cores, as chamadas cores
primárias: o vermelho, o verde e o azul.
Observe que o logotipo de algumas marcas de televisor
apresenta essas três cores. Esse sistema, também utilizado
nos monitores, nos telões, nos grandes painéis eletrônicos,
é conhecido como RGB (do inglês red, green, blue).
1. Corte retângulos de papel-cartão nas cores branca,
vermelha, azul, verde, amarela e preta.
2. Procure um ambiente totalmente escuro. Com a caixa
de luz, ilumine cada cartão alternadamente com luz
branca, vermelha, azul e verde. Observe e anote a cor
dos cartões para cada luz incidente, completando a tabela.
(A luz branca é a própria luz ambiente).
3. Substitua os cartões por pedaços de papel celofane
nas cores amarela, vermelha, azul e verde. Observe os
resultados e compare-os com os obtidos no item ante-
rior.
COR DO CARTÃO QUANDO OBSERVADO COM LUZ
CARTÃO branca vermelha azul verde
branco
vermelho
verde
azul
amarelo
preto
A percepção que temos das cores está associada a três
fatores: a fonte de luz, a capacidade do olho humano em
diferenciar os estímulos produzidos por diferentes cores
de luz e os materiais que apresentam cores distintas. E
depende da cor da luz com que o objeto está sendo
iluminado. Uma maçã parece vermelha porque reflete a
luz vermelha. Um abacate parece verde porque reflete
prioritariamente o verde.
As cores dos objetos correspondem às cores de luz que
são refletidas por eles. Quando iluminamos um objeto com
luz branca e o enxergamos vermelho, significa que ele
está refletindo a componente vermelha do espectro e
absorvendo as demais. Se o enxergamos amarelo, ele está
refletindo as componentes verde e vermelha, que somadas
resulta no amarelo.
Quando o vemos branco, ele está refletindo igualmente
todas as componentes, quase nada absorvendo. Se o objeto
é visto negro, quase não está refletindo mas apenas
absorvendo igulmente toda luz que nele incide. Podemos
dizer que as cores que conhecemos estão associadas a um
mesmo princípio: reflexão e absorção diferenciadas das
cores de luz que correspondem a três regiões básicas do
espectro da luz visível: vermelho, verde e azul, que são
as cores primárias da luz.
Adição de cores; se asmisturamos obtemos o branco;se as misturamos aos pares,
obtemos as cores secundárias:o amarelo, o magenta e o ciano
Tira-teima
Molhe os dedos da mão comágua e arremesse algumasgotículas de água na tela daTV ou na tela do monitor. Façaisso em várias posições da tela.As gotas formarão lentes deaumento para que você veja emdetalhes a tela, e confirme queas imagens e suas coresbrilhantes são formadas porpequeninos pontos vermelhos,verdes e azuis. Confira!!!
52
As cores através de pigmento
Uma das coisas que você deve
ter observado é que as cores
primárias não são exatamente o
vermelho, o azul e o amarelo.
Dessas três, a única é o
amarelo. No lugar do vermelho
é o magenta, também chamado
carmim, sulferino, pink ou outro
nome da moda. Em vez do azul,
o ciano, um azul-esverdeado.
Quando vamos a um bazar
comprar tinta para tecido ou
guache, no rótulo aparecem
estes nomes: magenta, ciano e
amarelo.
Combinando duas a duas essas
cores obtemos o azul (um azul-
violeta), o verde e o vermelho.
Misturando as três obtemos o
preto.
Imprimindo em cores
Como uma gráfica imprime um
desenho ou uma fotografia
colorida? E uma impressora de
computador? As três cores
primárias são suficientes ou são
necessárias mais cores?
Normalmente o branco não é
necessário: basta que o papel
seja branco. A combinação das
três cores não dão um preto
muito convincente, mas um
castanho-escuro.
Então, geralmente, gráficas e
impressoras utilizam quatro
cores: magenta, ciano, amarelo
e preto. Isto significa que opapel tem de passar quatro
vezes pela máquina, o que torna
a impressão em cores muito mais
cara do que em preto e branco.
Atividade 2 - Investigando os pigmentos
(por mistura)
Material: lápis de cor ou canetas hidrográficas de várias
cores; papel sulfite branco.
Procedimento:
1 - Em uma folha de papel branco pinte com duas
cores diferentes de lápis ou de caneta, de forma que
uma parte da cor se misture e a outra não. Observe as
regiões onde não houve superposição das cores e
onde ocorreu a mistura.
2 - Repita o procedimento com as outras cores. Qual a
cor obtida com essas misturas? Faça anotações.
Pegue algumas fotografias coloridas de revistas e verifique quantas cores você consegue distinguir.
Como a impressora - mecânica ou eletrônica, associada a um computador - consegue imprimir tantas cores?
Agora, observe-as atentamente com uma lupa (vulgo lente de aumento).
Quantas cores você consegue distinguir?
Compare os resultados obtidos nestas duas atividades.
Quais conclusões você consegue tirar?
3 - Em outra parte do papel, misture as cores três a
três. Qual a cor resultante dessas misturas?
4 - Você já deve ter ouvido falar que as três cores
primárias das tintas e dos pigmentos são vermelho, azul
e amarelo. Misturando essas três cores, duas a duas,
você conseguiu obter todas as demais?
Atividade 1 - Investigando os pigmentos
(por separação) - Cromatografia
Material: papel-filtro (pode ser de coador de café);
álcool; pires; canetas esferográficas azul e vermelha;
Procedimento:
1 - Dobre uma tira de papel-filtro, dividindo-a em três
partes. Em uma das laterais, faça uma bolinha em cada
uma das extremidades, utilizando uma caneta
esferográfica vermelha.
2 - Faça o mesmo na outra lateral, utilizando a
esferográfica azul. Na parte central, faça uma bolinha
com as duas cores.
3 - Coloque um pouco de álcool em um pires e equilibre
a tira de papel sobre ele.
4 - Depois de aproximadamente 15 minutos, compare
as duas extremidades da tira de papel e verifique
quantas cores diferentes você pode identificar:
a) na parte onde foi utilizada a caneta vermelha;
b) onde foi pintada a bolinha azul;
c) onde foram utilizadas as duas cores de tinta.
53
14As cores da luz e a
sua complicação
As teorias de Planck
e de Einstein.
O filamento metálico de lâmpadas incandescentes, o
carvão, os metais em geral e muitos sólidos, quando
aquecidos a altas temperaturas, tornam-se fontes de
luz. A cor da luz emitida por esses materiais está
relacionada com a sua temperatura.
No começo do século passado, Max Planck deu um
passo decisivo para compreender essa relação,
além de introduzir elementos novos para uma
compreensão mais elaborada do que é a luz. Foi o
nascimento da Física Quântica.
54
14 As cores da luz e a sua complicaçãoNo final do século XIX já se sabia que as fontes quentes de
luz guardavam uma relação entre cor e temperatura. Nos
altos- fornos, por exemplo, a temperatura era avaliada em
função da cor da luz emitida por esses fornos, através do
pirômetro. Essa luz varia de um branco-avermelhado a um
branco-azulado à medida que a temperatura aumenta.
Entretanto, a radiação emitida pelos objetos quentes não é
toda na faixa da luz visível.
Nessa época os físicos já dispunham de dados experimentais
sobre a radiação de um corpo aquecido, para traçar o gráfico
da freqüência ou do comprimento de onda, versus
intensidade de radiação, como o apresentado a seguir.
Este gráfico indica que
a energia radiada por
unidade de área, por
unidade de tempo, de
um corpo aquecido,
apresenta um máximo
diferente para cada
temperatura.
Na medida em que a
temperatura aumenta,
esses máximos se
deslocam para regiões
de comprimentos de
onda menores, ou
seja, para freqüências
maiores.
Veja que, mesmo para objetos a milhares de graus Kelvin, a
maior parte de sua radiação possui freqüência menor que a
da luz visível, estando portanto na região do infravermelho.
O restante é irradiado parte como luz visível, parte como
ultravioleta e radiações de freqüências maiores.
Embora nesse processo uma grande extensão de
freqüências seja irradiada, as mais baixas predominam a
baixas temperaturas, e quando a temperatura do objeto
sobe, cada vez mais radiação de alta freqüência é emitida.
Por isso a intensidade dessa radiação aumenta com a
temperatura.
Isso também pode explicar
porque a luz emitida nos
fornos varia do avermelhado
ao branco azulado. O gráfico
ao lado retoma as curvas do
gráfico anterior, mas somente
na faixa da luz visível.
Veja que as curvas relativas
às baixas temperaturas
apresentam maior emissão
de radiação de baixa
freqüência - luz vermelha. Já
a 3.000oC a inclinação da
curva é pequena, indicando
que todas as freqüências de
luz visível são emitidas com quase a mesma intensidade;
no entanto, ainda prevalece a emissão de baixas freqüências,
responsável pela luz branca com tom avermelhado.
Aumentando ainda mais a temperatura, atingindo 10.000oC,
ocorre a inversão da inclinação da curva; as freqüências são
emitidas com a mesma intensidade, mas prevalece a emissão
das altas freqüências, o que dá o tom azulado ao branco.
A teoria da época admitia que a luz era emitida de maneira
contínua, como uma frente homogênea atingindo por igual
toda a superfície sobre a qual incidia. A luz se constituía
em algo como uma onda.
A energia transportada pela luz teria um valor contínuo.
Mas quando os físicos usavam essas idéias, tentando
compreender a relação entre cor e temperatura, o resultado
ou a previsão teórica não concordava com a experiência,
ou seja, com os gráficos que vimos. Seria então preciso
desenvolver uma equação que descrevesse as curvas
experimentais e uma teoria que explicasse o que acontecia
com a luz.
6.000 K
3.000 K
2.000 K
1.000 K
4.000 K
300 K
200 K
500 K
Comprimento de onda (µm)
luz visível
temperatura do Sol
temperatura de
uma lâmpada
incandescente
temperatura
da Terra
Emitância espectral
W.m-2
µm-1
Luz visível
Infravermelho
Ultra-
Violeta
55
Parte disso foi conseguido por Max Planck: no dia 14 de dezembro
de 1900 ele apresentou à Sociedade Alemã de Física um trabalho
sobre esse problema em que estava deduzida uma equação que
concordava plenamente com as curvas experimetais.
Mas, para consegui-la, Planck precisou supor que a luz fosse emitida
de forma descontínua, em pacotes, cada um denominado quan-
tum, que em latim significa quantidade, porção. O plural de quan-
tum é quanta, daí o nome Física Quântica atribuído à física
desenvolvida a partir das idéias de Planck.
Cada um desses pacotes possui uma energia bem definida, que
corresponde a múltiplos de apenas determinadas freqüências.
Esses pacotes de energia são os fótons, cada qual com sua energia
bem determinada, dada pela equação de Planck:
E = h.f
Onde f é a freqüência da luz ou da radiação emitida e h é a famosa
constante de Planck, cujo valor é:
h = 6,6.10-34 J.s
Planck, como todos na época, imaginava a luz como uma onda
eletromagnética, mas em 1905 Einstein publicou um trabalho que
explicava por que a luz, ao atingir uma superfície metálica com
freqüência suficientemente alta, era capaz de retirar elétrons,
eletrizando o metal, fenômeno que ficou conhecido como efeito
fotoelétrico.
Em sua explicação, Einstein teve de admitir não só que a luz era
emitida em pacotes mas que também incidia sobre as superfícies
como se fossem "grãos", os fótons.
Atualmente não estranhamos tanto a idéia da descontinuidade da
energia.
No processo de fixação da fotografia verificamos que cada partícula
de sal de prata reage ou não reage, dependendo de ela ter sido
atingida pelo fóton com energia suficiente. Também na tela da
televisão, a luz chega com energia suficiente ou não acontece nada.
Isso porque a luz vem em pacotes ou grânulos de energia, como
se fosse partícula e não numa frente contínua como sugere a idéia
de onda.
Onda ou partícula?Nos filmes fotográficos, por exemplo, cada ponto da imagem
corresponde a uma pequena reação provocada pela luz
incidente sobre o sal de prata do filme. Nos pontos onde
não incide luz não ocorre reação.
Igualmente, o desbotamento de papéis, como jornais e
revistas, de tecidos, como cortinas e roupas, só ocorre nas
regiões desses materiais que ficam expostas à luz do sol.
Tanto a impressão do filme fotográfico como o desbotamento
de papéis e roupas são efeitos que revelam uma ação muito
localizada da luz.
Isso pode ser explicado considerando-se que a luz, ao interagir
com a matéria, se comporta como uma partícula, como havia
suposto Einstein, na explicação do efeito fotoelétrico.
Nesse caso a energia luminosa atinge a matéria na forma de
pequenos pacotes de energia, os fótons.
Entretanto, se fizermos a luz passar por um orifício muito
pequeno, bem menor que o orifício de nossa câmara escura,
nenhuma imagem nítida se formará no papel vegetal no
fundo da caixa. É o fenômeno da difração, típico de ondas.
Nesse caso, a luz se comporta como uma onda!!!
Mas esses são os fatos! Em certas situações, a luz, ao interagir
com a matéria, se comporta como partícula, e, em outras, o
seu comportamento é o de uma onda.
Os físicos incorporaram esses dois aspectos da natureza da
luz, conhecidos como dualidade onda-partícula, dentro do
chamado Modelo Quântico da Luz.
A luz se difratae borra a tela
56
OUTRAS QUESTÕES
1. Com base na equação de
Planck, E = h.f, determine a
energia, em joules, associada a
fótons que possuam as
seguintes freqüências:
2. No mundo microscópico
uma unidade de energia
pertinente é o elétron-volt,
designado por eV.
Sabendo que 1 eV = 1,6x10-19 J,
transforme os valores de
energia, acima obtidos, nesta
nova unidade.
3. Observe nos gráficos da
página 54 a faixa da luz visível.
Avalie a cor mais intensamente
emitida nas temperaturas
indicadas.
Caiu no Vestibular
FUVEST - SP - A energia de um
fóton de freqüência f é dada por
E = h.f, onde h é a constante
de Planck. Qual a freqüência e
a energia de um fóton de luz
cujo comprimento de onda é
igual a 5000 Å?
Dados: h = 6,6.10-34 J.s; c =
3.108 m/s e 1Å = 1 angström =
10-10 m.
a) 6.1014 Hz e 4,0.10-19 J; b) 0 Hz
e 0 J; c) 6 Hz e 4,0 J; d) 60 Hz e
40 J; e) 60 Hz e 0,4 J
Radiação do corpo negro
A radiação térmica tem origem no movimento caótico dos
átomos e moléculas que constituem o corpo emissor. Por
isso todo corpo, devido à sua temperatura, emite esse tipo
de radiação e, se estiver suficientemente aquecido, parte
dessa radiação será na faixa da luz visível.
Todo material emite para o meio que o envolve, e dele
absorve, esse tipo de radiação. Se estiver mais quente que
o meio, a emissão será maior que a absorção, e por isso sua
temperatura diminuirá, e a do meio aumentará, até atingir
uma situação de equilíbrio térmico. Nessa situação, as taxas
de emissão e absorção da radiação térmica são iguais, como
já analisamos nas leituras de Física Térmica.
Entretanto existe uma espécie de corpo, de superfície bem
negra como a fuligem ou o negro-de-fumo, que
praticamente só absorve e só emite, não refletindo a radiação
que sobre ele incide.
Um modelo bem razoável
para um objeto assim,
denominado de corpo
negro, é uma caixa oca de
paredes opacas, com um
pequeno orifício em uma de
suas faces.
Dirigindo-se o pirômetro para uma fornalha, por exemplo,
observa-se, através do telescópio, o filamento escuro da
lâmpada contra o fundo brilhante da fornalha.
O filamento da lâmpada é ligado a uma bateria B e a um
reostato R. Deslocando-se o cursor do reostato, pode-se
aumentar (ou diminuir) a corrente no filamento da lâmpada
e, conseqüentemente, a sua luminosidade, até igualá-la à
da fornalha.
Quando a cor da luz emitida pelo filamento coincidir com
a emitida pelo forno, o filamento deixa de ser visível no
telescópio.
Como ela está associada à temperatura do filamento e ao
valor da corrente que passa por ele, é possível associar-se
valores de corrente a valores de temperatura.
Calibrando-se previamente o instrumento com
temperaturas conhecidas, pode-se, através da escala do
amperímetro, ler diretamente a temperatura desconhecida.
Um desafio da Física foi desenvolver uma teoria que
explicasse a relação entre cor e temperatura. A solução
desse problema deu origem à Física Quântica.
O que é um pirômetro óptico?O pirômetro é usado nos altos-fornos das siderúrgicas para
indicação da temperatura dos metais aquecidos, através
da cor da radiação emitida.
A seguir representamos o pirômetro óptico, constituído
de um telescópio T, com um filtro de vidro vermelho F,
uma pequena lâmpada elétrica L e um reostato R.
Toda radiação que penetrar pelo orifício será totalmente
absorvida pelas paredes internas da cavidade, após
múltiplas reflexões. A radiação emitida pelo orifício
representa o equilíbrio, entre a radiação e a matéria, no
interior da cavidade.
Quando se coloca um metal para ser temperado no inte-
rior dos altos-fornos das siderúrgicas, sua cor vai se
modificando conforme a temperatura do forno aumenta.
O metal, em aquecimento, vai passando do vermelho para
o amarelo até chegar num branco-azulado. Esse fato pode
ser usado para avaliar a temperatura dos corpos.
F: filtro de vidrovermelhoL: lâmpadaT: telescópioR: reostato (resistorvariável)
B: bateria
a) 60 Hz b) 1450 Hz
c) 125 x 106 Hz d) 5 x 1014 Hz
e) 3 x 1017 Hz
57
Se um fóton de freqüência f interagir com um átomo e for por
ele absorvido, a sua energia é transferida para um dos elétrons
e o átomo transita para um estado excitado.
As cores da luz
e
a sua explicação
Um modelo para
explicar a luz.
15
58
15 As cores da luz e a sua explicação
A massa de um próton ou de um nêutron é da ordem de
2000 vezes maior que a massa do elétron, o que nos faz
concluir que, praticamente, toda a massa do átomo está
concentrada em seu núcleo.
Para termos uma idéia das dimensões relativas dessas duas
regiões, se pudéssemos aumentar o átomo de hidrogênio
de tal forma que seu núcleo alcançasse o tamanho de uma
azeitona, o raio da eletrosfera alcançaria o tamanho de um
estádio de futebol, como o Morumbi, por exemplo.
Comparação entre as massas do próton (ou nêutron) e do elétron
Mesmo para átomos com poucos elétrons, como o
hidrogênio (que só tem um), associamos à eletrosfera a
idéia de nuvem devido ao intenso movimento dos elétrons
a grandes velocidades ao redor do núcleo.
De acordo com esse modelo, existem regiões na eletrosfera
em que a probabilidade de encontrar elétrons é maior.
Essas regiões são as camadas eletrônicas, às quais são
associadas quantidades de energia bem definidas,
constituindo os níveis de energia. Cada camada comporta
um determinado número de elétrons.
Modelo de matéria para compreender a luz
Vimos até aqui que a luz é uma radiação emitida pelos
mais diferentes materiais, submetidos a diferentes
processos: a parafina da vela em combustão, um filamento
metálico aquecido pela corrente elétrica na lâmpada
incandescente ou os gases na lâmpada fluorescente, o
material das estrelas e do nosso Sol, compactado pela ação
da gravidade, todos emitem luz.
Para compreender o que é a luz precisamos indagar
primeiro como as coisas são constituídas.
Os antigos gregos já se preocupavam com essa questão,
tanto que é de um deles a idéia de que cada coisa é
constituida por um grande número de pequenos "tijolinhos"
que foram chamados de á-tomos, que na linguagem grega
significava indivisível.
Muitos séculos nos separam dos antigos gregos, mas a
idéia de átomo cada vez mais precisou ser relembrada e
aprimorada na tentativa de compreender a natureza das
coisas.
Atualmente a Física Quântica tem o melhor modelo para a
compreensão da luz. Nessa teoria, a matéria é interpretada
como sendo constituída por átomos, que agrupados vão
formar as moléculas, que por sua vez formarão todas as
coisas existentes na natureza.
Mas como são esses átomos?
Cada material é constituído por um tipo de átomo, tendo
cada átomo uma estrutura formada por duas regiões
distintas.
Uma região central, chamada núcleo, onde estão
confinados os prótons e os nêutrons, além de outras
partículas menores.
Outra é a eletrosfera, região em torno do núcleo onde
movimentam-se os elétrons. Num átomo normal, o número
de prótons no núcleo é igual ao número de elétrons na
eletrosfera.
Representação
(fora de escala)
de um átomo
59
Representação dos níveis de
energia do átomo mais
simples, o hidrogênio.
Absorção e emissão de fótons pelos átomos
Se um determinado átomo receber, por algum processo,
um fóton, cuja energia coincidir com a diferença de energia
entre dois de seus níveis, ocorrerá o salto quântico do
elétron entre esses níveis, e o fóton incidente será
absorvido e posteriormente reemitido com o retorno do
elétron ao nível de origem.
Esse retorno pode ser realizado por etapas: reemissão
simples de um único fóton de energia igual à do fóton
incidente ou reemissão de dois fótons de energias
diferentes, cuja soma dá a energia do fóton incidente.
Nesse último caso, cada fóton emitido está associado a
saltos quânticos distintos, existindo um nível intermediário
de curta permanência.
Camadas eletrônicas, em corte, para um átomo isolado, em que
E1 < E
2 < E
3 < E
4 correspondem à energia dos diferentes níveis
Os estados fundamental e excitado dos
átomos
O átomo que mantém os seus elétrons distribuídos nos
possíveis níveis de menor energia se encontra, portanto,
no seu estado de mais baixa energia, que é denominado
de estado fundamental.
O átomo se encontra num estado excitado se, por meio
de algum processo, por exemplo o aquecimento, absorver
uma certa quantidade de energia, suficiente para que um
de seus elétrons passe de um nível para outro de maior
energia.
O estado de excitação não persiste por tempo indefinido,
pois o elétron retorna ao seu nível de origem, emitindo,
nesse processo, uma quantidade de energia bem definida,
que corresponde, exatamente, à diferença de energia entre
os dois níveis.
A diferença de energia depende dos níveis entre os quais
o elétron transita. Para o elétron passar do nível 1 para o
nível 3, o átomo precisará receber uma quantidade de
energia exatamente igual à diferença de energia entre esses
níveis, ou seja, ∆∆∆∆∆E = ΕΕΕΕΕ3 - ΕΕΕΕΕ11111,
A mesma diferença de energia ∆∆∆∆∆E deverá também ser
emitida, pelo átomo, quando o elétron retornar ao seu
nível de origem, neste caso do nível 3 para o nível 1.
A diferença de energia entre dois níveis determina que
espécie de radiação é emitida, pois existe uma relação
direta entre energia e freqüência. Se a diferença de energia
entre dois níveis é tal que a freqüência da radiação emitida
está entre 1014 Hz e 1015 Hz trata-se de uma radiação
luminosa ou simplesmente luz!
Essas mudanças de níveis são chamadas de "saltos
quânticos", já que as diferenças de energia não podem
assumir qualquer valor, mas apenas valores discretos,
definidos, uma espécie de "pacote", ou "quantum" de
energia. Na linguagem da física tais pacotes de energia,
emitidos ou absorvidos pelo átomo, são chamados de
fótons.
Representação dos possíveis
saltos quânticos do elétron
entre os níveis 1, 2 e 3.
Imagine que incida sobre um átomo um fóton de energia
que não corresponde à de um possível salto quântico.
Nesse caso o elétron não muda de nível e o átomo também
não absorve essa energia, da mesma forma que um
pugilista, ao receber um golpe de raspão, nos dá a
impressão de que nada sentiu. A energia do golpe foi
embora...
60
Emissão espontânea e emissão
estimulada
Um objeto qualquer é constituído por um número
gigantesco de átomos, e quando os excitamos através de
uma descarga elétrica ou luz, por exemplo, esses átomos
absorvem essa energia, guardam-na por algum tempo e
depois a devolvem para o meio ambiente.
Nesse processo os átomos passam de um estado energético
para outro. Uma maneira de os átomos retornarem ao seu
estado inicial é devolvendo a energia absorvida no
processo através de emissões espontâneas de luz, que são
os fótons.
A emissão espontânea pode ocorrer a qualquer instante
com os fótons sendo emitidos em todas direções de forma
completamente desordenada e sem nenhum controle.
É dessa forma, por exemplo, a luz emitida por uma
lâmpada, por uma vela ou pelas estrelas.
Mas existe uma situação peculiar que ocorre quando um
fóton incidente encontra um átomo já excitado: nesse caso
o átomo retorna a seu estado estável emitindo dois fótons,
ambos com a mesma freqüência do fóton incidente e além
disso na mesma direção desse fóton.
Esse fato permite aumentar a intensidade da radiação
emitida, sendo o processo chamado de emissão estimulada
da luz.
Variações de energia dos elétrons
livres
O elétron livre pode absorver e reemitir radiações de
qualquer freqüência ou comprimento de onda.
Esse processo é chamado de transição livre-livre. São as
variações de energia do elétron livre que dão origem aos
espectros contínuos que podemos obter dos filamentos
de lâmpadas incandescentes, do Sol, de metais aquecidos
em altos-fornos, do carvão em brasa e de outros materiais
sólidos aquecidos até a incandescência.
Espectros de linhas
Os espectros de linhas são característicos de gases a baixa
pressão. No espectro essas linhas podem ser luminosas ou
escuras.
A linha luminosa tem origem na energia que o elétron
emite quando retorna a um estado ligado, e a linha escura
se origina na energia que o elétron absorve saltando para
um nível superior de energia.
Espectro contínuo de uma lâmpada incandescente
Espectro de linhas
Os elétrons em um átomo podem absorver bastante energia
se o átomo sofrer um significativo aumento de temperatura.
Essa energia é suficiente para promover a ruptura de
elétrons com o núcleo, tornando-os elétrons livres, ou seja,
continuam presentes no material, em movimentos
desordenados pelos espaços existente entre os átomos,
mas não presos a um determinado átomo.
61
16
O modelo quântico
para a luz explica a
formação da imagem
no filme fotográfico e
na câmera de TV.
Imagem quântica
no filme e na TV
Quando analisamos os receptores de imagens, pudemos
constatar alguns fenômenos provocados pela luz.
No filme fotográfico, por exemplo, a imagem é formada
devido a um processo fotoquímico.
Nas câmeras de TV as imagens são formadas por um
processo fotoelétrico.
Nos dois processos a luz está presente de mododeterminante.
Agora, com o modelo quântico, podemos compreender
como a luz interage com o filme fotográfico e com o
mosaico nas câmeras de TV, na formação das imagens.
62
16 Imagem quântica no filme e na TV
Processo de formação da prata metálica
Vamos ver como um modelo pode nos auxiliar a
compreender um fenômeno físico. Você já viu que a luz
não interage com a matéria de forma contínua, mas sim
em pacotes de energia que foram chamados de fótons.
Obteve também algumas informações sobre os átomos,
como são constituídos e como se comportam diante de
uma interação com o meio.
Agora vamos usar essas idéias para compreender como a
luz impressiona um filme fotográfico, como forma a imagem
na câmera e na tela de TV e produz a "luz fria" na lâmpada
fluorescente.
Modelo quântico da luz e o filme fotográfico
Um filme fotográfico é formado por uma camada de gelatina
nal qual estão dispersos pequenos grãos de sais de prata.
Tal mistura é chamada de emulsão, e os sais presentes na
emulsão podem ser cloretos ou brometos de prata, em
geral denominados de haletos de prata.
Quando o filme é exposto à luz, um determinado número
de grânulos desses sais são atingidos pelos fótons. A figura
abaixo procura representar o processo de formação de prata
metálica num desses grânulos, devido à interação com fóton.
Na interação com os fótons os elétrons que mantêm a
estrutura dos haletos de prata são liberados e, com isso, tal
estrutura é desfeita, reduzindo os íons prata a prata metálica,
que ficam imersos na gelatina.
Com os haletos de prata não atingidos pelos fótons nada
acontece, mas a interação fótons x grânulos de haletos de
prata produz no filme uma "imagem latente", embora não
possamos vê-la, mesmo com microscópios.
Essa "imagem latente" é "desenhada" pela distribuição da
prata metálica em maior ou menor quantidade, nas regiões
do filme atingidas por números de fótons diferentes,
conforme a luz proveniente do objeto fotografado seja mais
ou menos intensa.
A região do filme onde incidir mais fótons ficará com um
depósito maior de prata metálica, mas isso só pode ser
observado na etapa de revelação do filme, onde tal região
fica mais escura.
Por isso a imagem revelada no filme é chamada de negativo,
justamente porque reproduz o objeto fotografado em fundo
tão mais escuro quanto mais intensamente tenha sido
iluminado.
A imagem marcada pelos fótons só se torna visível na etapa
de revelação do filme
63
Os sais de fósforo na tela deTV
Esquema de uma lâmpadafluorescente
Modelo quântico da luz e a câmera de TV
A objetiva da câmera de TV focaliza a cena que se pretende
transmitir numa tela ou mosaico recoberta de grânulos de
césio, que é um material sensível à luz. Os fótons de luz,
ao atingirem a tela, provocam o efeito fotoelétrico,
liberando elétrons dos átomos de césio.
A quantidade de elétrons liberada, nesse caso, depende
da intensidade da luz, ou do número de fótons,
provenientes da cena focalizada.
As regiões da cena mais bem iluminadas perderão mais
elétrons, e por isso tornar-se-ão mais positivas que as regiões
menos iluminadas.
Essa diferença de luminosidade forma uma "imagem
eletrostática" em correspondência com as partes claras e
escuras da cena que se quer transmitir. Um sistema elétrico
neutraliza as regiões positivamente carregadas,
transformando-as em impulsos elétricos, que, decodificados
no receptor, irão reproduzir a cena na tela da TV.
A imagem na tela da TV
Na tela da TV, cada pequena região funciona como um
emissor de luz constituído por três partes com diferentes
sais de fósforo. A cada um desses sais são permitidos, para
os elétrons de seus átomos, diferentes "saltos quânticos".
Por isso, a quantidade de energia necessária para a excitação
dos átomos em cada um dos sais de fósforo é diferente.
Nesse caso, as energias necessárias correspondem às
energias associadas a cores primárias de luz: azul, vermelho
e verde.
Dependendo da energia dos elétrons que se chocam com
essa região, haverá a excitação de uma, de duas ou três
partes que contêm os diferentes sais de fósforo.
A luz - branca ou colorida - emitida pela tela corresponde
a emissões simultâneas das três cores primárias de luz, em
diferentes proporções.
A luz emitida depende não só do material utilizado na tela
mas também da energia cinética dos elétrons nela
incidentes. Na ausência de qualquer excitação, a região
aparece escura.
A lâmpada fluorescente
Na lâmpada fluorescente os elétrons provenientes de seus
filamentos chocam-se com as moléculas de gás (mercúrio
e argônio) contidas no tubo, o que produz não só a excitação
como também a ionização dos átomos.
Ionizados, eles são acelerados, e ao se chocarem com outros
átomos provocam outras excitações.
O retorno desses átomos ao estado fundamental ocorre
com a emissão de fótons de energia correspondente à
radiação visível e à de alta energia (ultravioleta).
64
As energias associadas aos fótons correspondentes ao
espectro da luz visível diferem muito das energias
necessárias para produzir "saltos quânticos" no vidro e no
material fosforescente que o recobre. Assim tais fótons não
interagem com esses materiais.
A radiação ultravioleta, ao contrário, ao atingi-los produz
"saltos quânticos", e o retorno dos elétrons ao estado de
origem pode se dar pela emissão de dois fótons de energia
correspondente à radiação de baixa energia (infravermelha)
ou de um fóton correspondente à luz visível e outro
correspondente à radiação de baixa energia.
a) emissão de dois fótons correspondentes à radiaçãode baixa energia;b) emissão de 1 fóton correspondente à luz visível eoutro correspondente à radiação de baixa energia.
1. Discuta com seu colega o fato de papéis ficarem
amarelados quando exposto ao sol por algum tempo.
2. Que luz queima nossa pele?
3. Percebemos uma camisa como sendo vermelha quando:
a- a camisa vermelha é iluminada com luz branca;
b- a camisa branca é iluminada com luz vermelha;
c- a camisa vermelha é iluminada com luz vermelha.
Como o modelo quântico interpreta essas situações?
ALGUMAS QUESTÕES
65
17A luz e a cor das
estrelas
A óptica e a
cosmologia: a cor e a
luz das estrelas.
Quando olhamos para o céu estrelado podemos perceber que as estrelasnão são todas iguais.
À primeira vista elas diferem no tamanho e na cor: umas são pequenas ebrilhantes, outras maiores e avermelhadas, outras azuladas.
O que a cor de uma estrela pode nos oferecer como informação?
66
17 A luz e a cor das estrelas
Espectro de linhas de emissão e absorção
O gás mais frio absorve exatamente as freqüências que pode
emitir, produzindo um espectro contínuo com linhas escuras.
Espectro de linhasO espectro das estrelas oferece informações sobre os
elementos que as compõem. Tais informações podem ser
obtidas a partir da observação de fenômenos que podem
ser reproduzidos aqui na Terra: por exemplo, a luz
proveniente de um corpo incandescente, como a de uma
lâmpada, ao passar através do gás mais frio que está a sua
volta, pode ser registrada por um espectrógrafo.
O espectro dessa emissão é contínuo, característico de um
corpo incandescente, mas é sulcado por linhas escuras.
Essas linhas aparecem porque o gás mais frio absorve as
radiações de freqüências que também é capaz de emitir,
permanecendo transparente para o resto do espectro
contínuo. As linhas escuras que caracterizam a absorção do
gás ocupam exatamente as posições onde deveriam estar
as linhas luminosas relativas à emissão do gás.
As estrelas vermelhas são mais frias do que as branco-
amareladas como nosso Sol, e apresentam um pico na curva
de distribuição de energia na região do vermelho, em
correspondência a uma temperatura de 3000 kelvin.
As estrelas azuladas são as mais quentes, tendo na sua
supefície temperaturas de 10.000 a 30.000 kelvin. Muitas
delas podem ser vistas no céu com ajuda de um mapa celeste.
Que informações podemos tirar da
cor de uma estrela?
O exame da luz emitida por uma estrela a centenas de
milhões de quilômetros da Terra fornece informações a
respeito de sua temperatura, dos elementos que compõem
sua atmosfera, sobre seu movimento, se estã ou não se
afastando de nós.
Em primeiro lugar vamos ver como a cor de uma estrela
pode nos revelar informações sobre a sua temperatura.
Para isso precisamos obter a curva de distribuição de energia
emitida pela superfície de uma estrela e compará-la com
as curvas de distribuição de energia de um corpo negro
em diferentes temperaturas.
Essas curvas são bastante semelhantes, como podemos
observar na figura, onde reproduzimos as curvas, em linhas
cheias, de um corpo negro em três temperaturas distintas
e a curva de energia emitida pelo Sol superposta à curva
de 6.000 kelvin do corpo negro.
O Sol, como muitas estrelas que vemos no céu, possui,
em sua superfície, temperaturas próximas dos 6000K. No
gráfico vemos que o pico da curva situa-se no meio do
espectro da luz visível, próximo do verde-amarelo.
Entretanto, como o Sol emite freqüências de todo o espectro
visível, sua cor é branco-amarelada.
67
No espectro de emissão, as linhas luminosas têm origem
na energia que o elétron emite quando retorna a um de
seus estados permitidos. As linhas escuras correspondem
à energia que o átomo absorve para saltar de seu nível de
origem para um nível superior.
Nossa estrela, o Sol. Seu espectro
revela sua composição
A análise do espectro solar permite identificar os elementos
químicos presentes na atmosfera do Sol, comparando seu
espectro com o espectro dos elementos químicos
conhecidos aqui na Terra.
Os elementos presentes na atmosfera solar absorvem
radiações que também são capazes de emitir. Como cada
elemento possui um espectro de linhas característico, que
o identifica, é possível constatar, ou não, sua presença no
Sol, conferindo se tais linhas estão presentes no espectro
solar, uma vez que substâncias diferentes originam espectro
de linhas diferentes.
O que é e como se obtém um espectro
de linha
O hidrogênio é o elemento mais abundante no Sol e em
todo o universo. Sua estrutura é a mais simples de todos
os elementos conhecidos.
É formado por um único próton no núcleo e um elétron que
pode ser encontrado em qualquer um de seus níveis
energéticos, dependendo do estado de excitação do átomo.
O elétron do átomo de hidrogênio pode realizar vários
saltos do nível fundamental para níveis superiores e depois
retornar desses níveis para o estado fundamental.
Nesse processo, teve de absorver e depois emitir radiação
(energia) com freqüências do ultravioleta. O espectro dessa
radiação é constituído por uma série de linhas chamadas
série de Lyman. Na figura a seguir estamos representando
os possíveis saltos do elétron de um nível qualquer para o
estado fundamental.
A intensidade dessas linhas depende do número de átomos
que emite ou absorve naquela freqüência.
Quanto maior o número de átomos que emite ou absorve
na freqüência selecionada, mais intensa é a luminosidade,
ou a negritude, da linha.
Por isso uma maneira de verificar a quantidade de
determinado elemento num corpo emissor é medir a
intensidade das linhas espectrais.
Para o Sol, esse estudo revela que 75% são hidrogênio,
23% hélio e 2% os demais elementos.
Se os saltos ocorrerem a partir do nível dois para níveis
superiores, o que estará em jogo são as radiações cujas
freqüências estarão na faixa do visível.
As linhas espectrais obtidas assim constituem a série de
Balmer. Na figura estamos representando as possíveis
transições do elétron para o nível dois.
DE
68
Atividade: Construa seu
espectroscópio sem fazer força
Espectroscópios são aparelhos que permitem
obter espectros da radiação emitida por fontes
de luz. Para isso são necessários lentes e um
prisma, que dispersa a radiação e a projeta
numa tela.
Providencie com urgência as
seguintes coisas:
1 prisma
1 fonte de luz
1 caixinha com uma fenda
1 material transparente [papel vegetal]
EXERCÍCIOS1. O gás hidrogênio, além de ser o mais simples de todos,
é também o mais abundante na natureza. Quando é
excitado por uma descarga elétrica, por exemplo, emite
radiações, algumas das quais visíveis. Use os dados da
figura da página 59 sobre os níveis de energia do hidrogênio
e os gráficos das páginas 42 e 43 e determine o tipo de
radiação emitida pelo átomo de hidrogênio, quando seus
elétrons decaem para o estado fundamental formando o
espectro correspondente à série de Lyman e quando
decaem para o nível dois fomando o espectro da série de
Balmer. Lembre-se de que: 1eV = 1,6x10-19 J.
Resolução:
a) Consideremos os saltos dos elétrons no átomo de
hidrogênio que correspondem à série de Lyman. Nesses
casos o elétron passa de um nível qualquer para o estado
fundamental.
A seguir faremos o cálculo para a transição do elétron do
nível dois para o nível um (que é o estado fundamental).
Na página 59 identificamos que a energia do nível dois é
aproximadamente 10,3 eV, e a do nível um, zero. Portanto
a diferença de energia entre esses dois níveis é:
∆E = E2 - E
1 = 10,3 eV
Transformando esse valor de energia para unidade joules,
temos: 10,3 eV = 16,48 x 10-19 J. Usando a equação de
Planck E = hf, temos: 16,48 x 10-19 J = 6,6 x 10-34 J.s x f
ou f = 2,50 x1015 hertz. Consultando o gráfico da página
43, esse valor de freqüência é típico da radiação ultravioleta.
b) Determine agora a freqüência associada a mais dois saltos
quânticos ainda na série de Lyman, por exemplo saltos do
nível três e do nível cinco para o estado fundamental.
c) Mostre que os saltos quânticos na série de Balmer para
o átomo de hidrogênio irradiam na faixa do visível.
2. Nosso Sol, como muitas estrelas, apresenta um brilho
amarelado. Qual a razão dessa luz branco-amarelada emitida
pelo Sol? De que modo as informações contidas no gráfico
da página 66 podem ajudar você a responder essa questão?
O desenho abaixo mostra como essas coisas
estão combinadas na construção do
espectroscópio.
fonte de luz
fenda
prisma
papel vegetal
69
A luz concentrada de
uma única cor e suas
várias aplicações.
18Laser
O que é um LASER? Onde ele está presente? Para que serve?
Trata-se de uma fonte de luz muito especial já presente em várias
atividades nos diversos setores de nossa sociedade.
A mais comum é, provavelmente, o laser que encontramos nas caixas
registradoras dos supermercados, responsável pela leitura óptica dos
preços das mercadorias.
Um outro laser muito comum é o que encontramos nos aparelhos de
compact disc, responsável pela leitura digital do som.
Outros laser já vêm sendo empregados há mais tempo: na medicina em
cirurgias delicadas como as de catarata, na qual o feixe estreito de luz é
usado como bisturi; nas casas lotéricas o feixe estreito de luz faz a leitura
óptica das apostas que você marcou em um cartão; em impressoras,
fotocopiadoras e muitos outros sistemas de registro e processamento de
informação.
70
18 LASER
Um intenso raio laser cortando
uma chapa de aço
O termo LASER é formadopelas iniciais das palavrasque compõem a frase inglesa"Light Amplification byStimulated Emission ofRadiation", que quer dizer:Amplificação da luz poremissão estimulada deradiação.
LASER, uma fonte de luz monocromática
A luz laser é uma fonte de luz muito especial, possui
apenas uma cor, e por isso é chamada de monocromática.
Essa luz pode ser concentrada em um feixe estreito e
intenso, capaz de percorrer longas distâncias sem se
espalhar.
Pela sua alta concentração luminosa, pode fundir uma chapa
de aço em segundos, e, devido à sua alta precisão, é usada
como bisturi em cirurgias delicadas, em leituras ópticas
nos preços dos produtos em supermecados e nos mais
modernos vídeos e discos.
Construção do laser de rubi
A primeira "máquina laser" foi construída por Maiman em
1960 e usava como fonte de radiação um cristal de rubi
artificial. Nessa construção foi dada ao rubi a forma de uma
barra cilíndrica de uns 4 cm de comprimento por 0,5 cm
de diâmetro. As extremidades dessa barra foram cortadas
rigorosamente paralelas e depois polidas e recobertas com
prata, que é um metal refletor de luz.
Por razões que veremos adiante, uma das extremidades
da barra de rubi deveria ser opaca e muito refletora
enquanto que a outra, por onde sai a radiação, deveria ser
semitransparente, o que se conseguiu depositando aí uma
menor quantidade de prata.
Esquema do primeiro laser de rubi
A pequena barra de rubi foi envolvida por uma lâmpada
excitadora, constituída por um tubo de descarga de formato
helicoidal.
Logo após a lâmpada ser ligada, um feixe de raios quase
paralelos, de uma linda cor vermelha, foi emitido da
extremidade semitransparente da vareta de rubi para o
meio.
Como funciona o laser
A luz da lâmpada helicoidal é a energia que ativa os átomos
de cromo, presentes na barra de rubi e que são responsáveis
pela emissão da radiação luminosa quando tais átomos
retornam ao seu estado normal.
Se esse retorno é feito de modo espontâneo, os fótons
emitidos dispersam-se em muitas direções e em fases
distintas, o que torna tal radiação incoerente e sem
nenhuma orientação comum.
A situação se modifica quando a radiação é provocada ou
estimulada, fenômeno que ocorre quando, nas
proximidades de átomos excitados, se movimenta um
fóton que pode ser proveniente da emissão de um outro
átomo semelhante.
Tal fóton na presença dos átomos excitados produz o efeito
de uma ressonância, estimulando um deles a emitir um
novo fóton com características idênticas às suas.
Esses fótons se deslocam no mesmo sentido e em mesma
fase, o que proporciona uma amplificação da radiação.
O aparato mostrado ao lado consegue produzir uma
radiação estimulada de grande intensidade porque torna
possível duas condições necessárias para isso: os átomos
precisam se manter no estado excitado durante um certo
tempo e deve haver um grande número de átomos
excitados.
O cristal de rubi e a lâmpada de descarga preenchem essas
exigências.Os átomos de cromo presentes na barra de rubi
são excitados pela descarga da lâmpada helicoidal,
permanecendo nesse estado durante um pequeno intervalo
de tempo.
71
O que é o rubi?
O rubi natural é uma pedra
preciosa vermelha não muito
abundante na natureza que
é utilizada muitas vezes como
adorno.
Entretanto podem ser
construídos, artificialmente,
grossos cristais de rubi com
óxido de alumínio misturado
com óxido de cromo a
temperaturas superiores a
2000oC.
A cor do rubi varia do rosa-
pálido ao cereja-escuro,
dependendo do teor de
átomos de cromo contido no
cristal.
Quanto maior for o teor de
átomos de cromo, mais
intensa será a sua cor
vermelha.
Se um desses átomos de cromo, excitado pela lâmpada,
emitir espontaneamente um fóton que se desloque ao
longo da barra de rubi, tal fóton provocará a emissão de
um outro fóton idêntico, que juntos estimularão a emissão
de mais dois fótons e assim por diante.
Esse conjunto de fótons preserva suas características originais
e por isso se movimenta paralelamente ao eixo da barra
de rubi, sendo refletido em uma extremidade e retornando
até a outra repetidas vezes. Durante esse processo o número
de fótons vai crescendo, devido às emissões estimuladas,
e intensificando a radiação.
Ao atingir uma certa intensidade, a radiação concentrada
escapa através da extremidade semitransparente. Esse
feixe de luz é o laser!
Os fótons emitidos em outras direções, não paralelas ao
eixo, saem da barra de rubi, não participando do processo
descrito.
Na figura abaixo estamos representando a barra de rubi
em quatro momentos que antecedem a emissão de laser.
No momento 1 a lâmpada helicoidal está desligada. No
momento 2 a lâmpada é ligada e a sua luz excita os átomos
de cromo existentes na barra. No momento 3 ocorre a
emissão estimulada e os espelhos paralelos nas
extremidades da barra selecionam os elétrons que formarão
o feixe concentrado de luz - o laser - no momento 4.
s
72
LEITORAS ÓPTICAS
Você já deve ter reparado que todos os produtos
comercializados trazem em suas embalagens um retângulo
composto por listras finas e grossas e uma série de números
na parte inferior.
Essas figuras guardam informações que podem ser
interpretadas por leitoras ópticas acopladas às caixas
registradoras.
Cada seqüência de impulsos elétricos pode caracterizar o
país de origem, a empresa que o produziu, o produto e
seu preço.
A máquina registradora pode fornecer essas informações
imediatamente ao computador de um supermercado, onde
elas estão associadas a outras, como estoque, fornecedor,
datas de pagamento etc., facilitando a administração da
loja.
Nas caixas de supermercados, que são terminais de
computador, existe um sistema de leitura com uma fonte
de luz e uma célula fotoelétrica.
As figuras listradas são colocadas em frente à luz e, desse
modo, a luz emitida pela fonte é absorvida pelas listras
escuras, enquanto é refletida nas regiões claras, incidindo
sobre a célula fotoelétrica.
Tais células são dispositivos que permitem a transformação
de energia luminosa em impulsos elétricos. Conforme a
distância entre as listras e as suas respectivas larguras,
diferentes impulsos são produzidos no sistema de leitura.
Os números codificados em barrasPara o computador entender os números do código de barras é preciso que eles sejam
escritos em código binário, com 0 e 1. As barras brancas que refletem a luz correspondem
ao código binário 0 e as pretas que absorvem a luz correspondem ao código binário 1.
Cada dígito do código de barras EAN é composto por 7 barras de mesma largura. Uma
seqüência de barras de uma mesma cor parece tratar-se de uma barra mais larga, no entanto,
o leitor óptico interpreta corretamente a barra "larga" como uma seqüência de barras.
O primeiro dígito desse código não é codificado em barras, ele determina um entre os dez
padrões de barras utilizados para representar os números neste código. Os doze dígitos
restantes são divididos em dois grupos de seis dígitos cada; o código do lado esquerdo e
o código do lado direito. Ainda fazem parte do código EAN: 3 barras que marcam o início
do código (margem à esquerda), 5 barras no centro que indicam o fim do lado esquerdo e
o início do lado direito, e 3 barras que indicam o fim do código (margem à direita).
Veja o código binário que o leitor laser “enxerga” no código de barras 9788531401152.
10101110110001001000100101100010100001001100101010101110011100101100110110011010011101101100101lado direito
marg
emesq
uerd
a |_________________________________| |_________________________________|lado esquerdoce
ntro
marg
emdir
eita
As diferentes formas de combinar barras claras e escuras para
formar os números e letras formam diversos códigos de barras.
O código mais usado na identificação de itens comerciais é o
EAN13. Composto de 13 números que podem ser lidos logo
abaixo das barras.
Os primeiros dois (ou três) dígitos ou informam o país de origem
(veja a tabela ao lado, o Brasil é 789) ou então são códigos
específicos como o código de livros International Standart Book
Number (ISBN é 978) e o código de partituras musicais
Internacional Standart Music Number (ISMN é 979).
Os 4 (ou 3) dígitos seguintes representam o código da empresa
filiada à EAN. Os próximos 5 representam o código do item
comercial dentro da empresa, e o 13º dígito é o dígito verificador,
que é obtido por um cálculo com os dígitos anteriores e serve
para conferir se a leitura foi efetuada corretamente. Um erro de
leitura resultará no cálculo de um número diferente do dígito
verificador; essa é a versão digital da regra dos “noves fora”...
Código de barrasPaísBrasil
Argentina
Bolivia
Chile
China
Colombia
Espanha
EUA
India
Itália
Japão
Hong Kong
México
Paraguai
Peru
Portugal
Taiwan
Uruguai
Venezuela
código EAN789
779
777
780
690 até 692
770
84
00 até 09
890
63
45 e 49
489
750
784
785
560
471
773
759
Tabela com os dígitos de
identificação dos países
73
19Espelhos planos
Agora vamoscomeçar a estudar aÓptica Geométrica.
OS PRINCÍPIOS DA ÓPTICA GEOMÉTRICA
Para construirmos as representações das imagens em espelhos, lentes e sistemas ópticos,
precisamos conhecer três regras da óptica.
A primeira delas você já viu, quando montou sua câmara escura. A imagem se formou no
papel vegetal porque a luz se propagou em linha reta, atravessando o orifício. A sombra de
um objeto se forma porque a luz tangencia as extremidades dele, evitando que a luz faça uma
curva para iluminar do outro lado. Os eclipses do Sol e da Lua também ocorrem devido a
esse fato, que pode ser enunciado assim:
1. Em um meio homogêneo e isotrópico, a luz se propaga em linha reta.
Quando você vai a espetáculos de rock, deve repar (claro, naquele silêncio, você fica tão
concentrado que percebe tudo que acontece ao redor) que a luz de um holofote não muda o
caminho da luz de outro holofote. Ou quando duas lanternas são acesas, o facho de uma
lanterna não interfere no outro. Os físicos costumam chamar o caminho percorrido pela luz de
"trajetória percorrida pelo raio de luz".
2. Quando dois ou mais raios de luz se cruzam, seguem sua trajetória, como se osoutros não existissem.
Também deve ter observado que, quando olha alguém pelo espelho, essa pessoa também o
vê. Isso só acontece porque os raios de luz são reversíveis, isto é, tanto podem fazer o percurso
você-espelho-alguém, como alguém-espelho-você:
3. A trajetória da luz independe do sentido do percurso.
Atividade 1: olhe para um espelho, de
preferência grande.
Como aparece sua imagem?
Levante o braço esquerdo. Que braço a sua
imagem levantou?
Compare essa imagem com a que você viu na
câmara escura. Quais as semelhanças e
diferenças?
Por que acontecem essas semelhanças e
diferenças?
Atividade 2: fique na frente de um espelho. Agora
afaste-se um passo.
O que aconteceu com o tamanho da sua imagem?
O que aconteceu com o tamanho dos objetos que
estão atrás de você?
Imagine que você saia correndo - de costas para
continuar olhando sua imagem. O que aconteceria
com sua imagem?
A que velocidade ela se afasta de você? E do espelho?
74
19 Espelhos planosRefletindo
Por que, quando olhamos para um espelho, para uma
superfície tranqüila de água, para um metal polido ou nos
olhos da(o) amada(o), vemos nossa imagem refletida e,
quando olhamos para outras coisas, vemos essas coisas e
não a nossa imagem?
Quando a superfície refletora é bem plana e polida, a luz
incidente muda de direção, mas se mantém ordenada.
Isso que acontece quando vemos nossa imagem refletida
é chamado reflexão regular.
Quando a superfície é irregular, rugosa, a luz volta de
maneira desordenada; então temos uma reflexão difusa.
Nesse caso, em vez de vermos nossa imagem, vemos o
objeto.
O tamanho da imagem
Quando você era criança e leu Alice no País dos Espelhos
ficou pensando na possibilidade de "entrar em um espelho".
Vários filmes de terror tratam desse tema: os espelhos estão
sempre ligados a outras dimensões, "mundos paralelos",
ao mundo da magia. Pergunta: onde se forma a imagem?
Na câmara escura, a imagem da chama da vela formava-se
no papel vegetal. Você poderia aproximar ou afastar o papel
vegetal para focalizar a imagem. No caso de um espelho
plano, é impossível captar uma imagem em um anteparo.
Dizemos que essa é uma imagem virtual.
Uma imagem é virtual quando dá a impressão de estar
"atrás" do espelho. Uma criança que engatinha ou um
cachorrinho vão procurar o companheiro atrás do espelho.
E a distância da imagem? Primeiro devemos escolher um
referencial, que não deve ser o observador, pois este pode
mudar de lugar. Utilizamos o próprio espelho como
referencial. Assim, a distância da imagem ao espelho é
igual à distância do objeto ao espelho.
do = d
i
Reflexão regular
Quando você levanta seu braço
direito, a imagem levanta o
braço esquerdo?
Reflexão difusa
Se você estiver olhando sua própria imagem, você será o
objeto e o observador, mas na maioria das vezes o objeto
e o observador são personagens distintos.
Uma vez definido o referencial, o tamanho da imagem é
sempre igual ao tamanho do objeto. É como se objeto e
imagem estivessem eqüidistantes do espelho.
o = i
Representação da imagem
Com estas informações é fácil representar a imagem de
qualquer objeto. Basta traçar uma perpendicular ao espelho,
passando pelo objeto, um relógio na parede oposta, por
exemplo, e manter as distâncias iguais.
Se a posição do objeto não mudar, a posição da imagem
também permanecerá a mesma. Enxergar ou não o relógio
dependerá da posição do observador.
A distância do relógio ao espelho é igual à distância da
imagem ao espelho
Para saber se ele enxergará, traçamos uma reta unindo os
olhos à imagem. Se esta reta passar pelo espelho, ele
enxergará o relógio.
O adulto e a criança enxergarão a imagem do relógio?
75
As Leis da Reflexão
Vamos observar com atenção a última figura, traçando uma
linha perpendicular ao espelho, que chamaremos reta
normal. Através dela, definimos o ângulo de incidência e
o ângulo de reflexão, e as duas leis da reflexão:
1º O raio incidente, a reta normal e o raio refletido
estão situados em um mesmo plano.
2º O ângulo de incidência é igual ao ângulo de
reflexão.
O observador vê a imagem como se ela estivesse atrás do
espelho, no prolongamento do raio refletido
Campo visual de um espelho plano
Se você estiver olhando para um espelho, imagine que
você é a própria imagem, isto é, alguém que olha por trás
do espelho. Desse ponto, as duas linhas que tangenciam
as extremidades do espelho delimitam o campo visual do
espelho.
Periscópio para olhar para a
frente
Periscópio para olhar para trás
Construção de um periscópio
Periscópios são instrumentos ópticos utilizados em
submarinos para observar o que se passa fora deles.
Você irá construir um ou dois periscópios, dependendo
do material que utilize. O material utilizado será:
- dois pedaços de espelho plano quadrados (ou
retangulares);
- papel-cartão preto, ou um tubo de PVC e dois
cotovelos;
- outros (tesoura, cola, fita-crepe...)
A idéia é construir um tubo com os espelhos colocados
um em cada extremidade.
Se você optou pela construção em papel-cartão,
construa dois periscópios, um para olhar para a frente
e outro para olhar para trás (talvez você nunca tenha
visto um; aí está a novidade).
Se optou pelo PVC, basta um, porque você pode
girar o cotovelo e olhar para a frente, para trás ou para
o lado.
Antes da construção você deve planejar: conforme o
tamanho dos espelhos, deve projetar a largura do tubo
(se for de papel) e o ângulo em que os espelhos
devem ficar.
Depois de pronto - e antes de entregar para seu
irmãozinho estraçalhá-lo -, observe as imagens que
vê.
Por que elas aparecem assim? Estão invertidas?
Quando apontamos o periscópio para a frente, a
imagem formada é igual à que vemos quando
apontamos para trás?
Utilize figuras com raios de luz para ajudá-lo a explicar
como as imagens se formaram.
Tudo que estiver na área sombreada será visto pelo observador
76
Imagens formadas por dois espelhos planosa) Junte dois espelhos planos com fita-crepe, formando
um ângulo de 90o. Coloque um pequeno objeto entre eles
e verifique o número de imagens formadas.
b) Diminua o ângulo entre os espelhos e verifique o que
ocorre com as imagens.
c) Retire a fita que une os espelhos, mantendo-os paralelos
e um em frente ao outro. Coloque o objeto entre eles e
verifique o número de imagens formadas.
Quando colocamos um objeto entre dois espelhos que for-
mam um ângulo de 90o entre si, observamos a formação
de três imagens.
Construção de um caleidoscópio
Você precisará de: três espelhos planos, cada um deles
com cerca de 30 cm por 3 cm, papelão, papel
semitransparente (vegetal, por exemplo), pedaços de
papel colorido ou de canudos de refrigerante, tesoura
e fita-crepe.
Montagem: prenda com fita-crepe os três espelhos,
mantendo a parte espelhada voltada para dentro. Para
melhorar, fixe a montagem dos espelhos em um tubo
de papelão, onde se faz uma abertura para a
observação.Você precisará
de dois espelhos
planos (de 15 cm
por 15 cm, por
exemplo) e fita-
crepe.
Quando o ângulo é reto,
formam-se três imagens
As imagens I1 e I
2, "vistas" nos espelhos E
1 e E
2, são
interpretadas como objetos pelos espelhos E2 e E
1,
respectivamente, e produzem as imagens I3 e I
4, que
coincidem, correspondendo à terceira imagem vista.
Se diminuirmos o ângulo entre os espelhos, o número de
imagens formadas aumenta, atingindo seu limite na situação
em que os espelhos são colocados paralelos entre si (α =0o). Nesse caso, teoricamente, deveriam se formar infinitas
imagens do objeto, o que, na prática, não se verifica, pois
a luz vai perdendo intensidade à medida que sofre
sucessivas reflexões.
1360 −=
α
o
N
Observação: esta equação é válida quando a relação 360/α for um número par. Quando a relação for um número ímpar,
a expressão é válida apenas se o objeto se localizar no plano bissetor do ângulo α, região que divide o ângulo em duas
partes iguais.
Na outra extremidade faça uma tampa com dois
pedaços de papel semitransparente, colocando entre
eles alguns pedaços de papel colorido (celofane) ou
de canudinhos.
Observe as imagens formadas quando os pedaços de
papel se movimentam.
Questões
1) A função principal da tela do
cinema é refletir a luz que vem
do projetor. Então a tela de
tecido pode ser substituída por
um espelho? Justifique.
2) Uma pessoa deseja colocar
na parede de seu quarto um
espelho plano, cuja altura seja
tal que ela consiga observar sua
imagem por inteiro. Para que
isso seja possível, qual deve
ser:
a) a altura mínima do espelho;
b) a distância a que o espelhodeve ser colocado em relaçãoao chão;
c) a distância a que a pessoadeve se situar em relação aoespelho.
3) Você calculou que, para que
uma pessoa veja a sua imagem
inteira num espelho plano, é
necessário que o espelho seja
de um tamanho igual à metade
da altura da pessoa.
O número (N) de imagens produzidas por dois espelhos
pode ser determinado algebricamente (quando se conhece
o ângulo α entre eles) pela expressão:
Se o espelho retrovisor de um
automóvel fosse plano, este
deveria ter metade da altura
do veículo que dele se
aproximasse, para que sua
imagem fosse vista por inteiro?
77
20Espelhos
esféricos
Usados em entrada de
elevador e de
estacionamento, saída
de ônibus, estojo de
maquiagem e em
retrovisores.
Uma das características de um espelho plano é que ele não distorce a imagem. Quando
desejamos aumentar ou diminuir a imagem, invertê-la de ponta-cabeça ou direita-esquerda,
usamos um espelho esférico.
Por essa razão é que são usados espelhos esféricos nas salas de espelhos dos parques de
diversão: sua função é tornar a pessoa maior/menor, mais gorda/magra...
Compare as respostas das duas atividades. Quais suas semelhanças e diferenças?
Podemos afirmar que os espelhos de porta de elevador e maquiagem são os mesmos?
Justifique.
Os refletores de lanterna, de faróis de automóveis e de refletores podem ser considerados
espelhos esféricos?
Atividade 1: Fique na frente de um espelho
desses próximos à porta de elevadores ou da
porta de saída de um ônibus. Comparando com
um espelho plano, responda às questões:
a) O tamanho da imagem é maior ou menor?
b) O campo visual aumentou ou diminuiu?
c) Vá se afastando deste espelho. O que acontece
com a imagem?
d) Por que nessas situações, como também em
alguns retrovisores de motocicletas e de
automóveis, são usados espelhos esféricos e não
espelhos planos?
Atividade 2: Pegue o estojo de maquiagem de sua
mãe. Normalmente nesses estojos existem espelhos
esféricos. Comparando com um espelho plano,
responda às questões:
a) O tamanho da imagem é maior ou menor?
b) O campo visual aumentou ou diminuiu?
c) Vá se afastando desse espelho. O que acontece
com a imagem?
d) Por que nessas situações, como também nos
espelhos de dentistas, são usados espelhos esféricos e
não espelhos planos?
78
20 Espelhos esféricos
Espelho côncavo
Espelho convexo
Representação de raios de luz incidindo: (a) em espelho côncavo, passando pelo seu centro de
curvatura (C); (b) incidindo no espelho convexo
a) côncavo b) convexo
Os espelhos esféricos são constituídos de uma superfície
lisa e polida com formato esférico.
Se a parte refletora for interna à superfície, o espelho recebe
o nome de espelho côncavo; se for externa, é denominado
convexo.
A imagem formada por esses espelhos não é muito nítida.
Para estudarmos essas imagens recorremos às condições
de Gauss (1777-1855), um matemático, astrônomo e físico
alemão:
- o ângulo de abertura deve ser pequeno, no máximo
10o
- os raios de luz incidentes devem estar próximos do
eixo principal e pouco inclinados em relação a ele.
Representação geométrica das imagens
A posição e o tamanho das imagens formadas pelos
espelhos esféricos também podem ser determinados
geometricamente (como nos espelhos planos) pelo
comportamento dos raios de luz que partem do objeto e
são refletidos após incidirem sobre o espelho.
Embora sejam muitos os raios que contribuem para a
formação das imagens, podemos selecionar três raios que
nos auxiliam a determinar mais simplificadamente suas
características:
Raios de luz que incidem paralelamente ao eixo principal
A representação geométrica das características das imagens
obtidas com espelhos esféricos pode ser efetuada, tal como
nos espelhos planos, por meio de um diagrama, onde se
traça o comportamento de pelo menos dois raios de luz
que partem de um mesmo ponto do objeto.
a) côncavo b) convexo
3) nos espelhos côncavos, os raios de luz que incidem
paralelamente e próximos ao eixo principal são refletidos
passando por uma região sobre o eixo denominada foco
(F). Num espelho esférico, o foco fica entre o centro de
curvatura e o vérticie, bem no meio.
Nos espelhos convexos, os raios são desviados, afastando-
se do eixo principal, de modo que a posição de seu foco
é obtida pelo prolongamento desses raios.
Raios de luz que incidem no vértice (V) do espelho
a) côncavo b) convexo
1) os raios de luz que incidem no espelho passando pelo
seu centro de curvatura (C) refletem-se sobre si mesmos,
pois possuem incidência normal (perpendicular) à
superfície;
2) quando os raios de luz incidem no vértice (V) do espelho,
são refletidos simetricamente em relação ao seu eixo
principal (î = r);^
79
A equação do aumento e esta última são válidas para
espelhos côncavos e convexos, imagens reais ou virtuais,
desde que sejam consideradas as convenções:
a) a distância do (ou d
i) será positiva se o objeto (ou a
imagem) for real, e negativa se for virtual;
b) a distância focal será positiva quando o espelho
for côncavo, e negativa quando for convexo;
c) na equação do aumento é considerado sempre o
módulo das distâncias envolvidas.
io ddf
111 +=
E pela semelhança entre os triângulos VDF e A'B'F,
podemos deduzir:
o
i
d
d
o
i =
Pela semelhança entre os triângulos ABV e A'B'V (dois
triângulos retângulos com ângulos congruentes), podemos
escrever a equação do aumento:
o
iA=
A relação entre o tamanho da imagem i e o tamanho do
objeto o é denominada aumento A ou ampliação fornecido
pelo espelho:
As equações dos espelhos esféricos
Vamos considerar: o - altura do objeto;
i - altura da imagem;
do - distância do objeto ao vértice;
di - distância da imagem ao vértice;
f - distância focal (f = R/2).
As características das imagens obtidas pelos espelhos
convexos são semelhantes, pois esses espelhos formam
imagens virtuais (que não podem ser projetadas), direitas
e menores em relação ao objeto, independentemente da
posição do objeto.
Nos espelhos côncavos, entretanto, as imagens formadas
possuem características distintas, dependendo da posição
do objeto em relação ao espelho.
Imagens nos espelhos convexos
No caso dos espelhos convexos, a posição e o tamanho
das imagens ficam determinados pelo cruzamento do
prolongamento dos raios refletidos, já que esses raios não
se cruzam efetivamente.
80
Questões
1) Coloque uma vela na frente de um espelho côncavo.
Analise como e onde ocorre a formação da imagem quando
a vela estiver:
a) antes do centro de curvatura (C);
b) no cento de curvatura;
c) entre o centro e o foco(F);
d) no foco;
e) entre o foco e o vértice (V).
Faça esquemas para essa análise.
2) A maioria dos espelhos retrovisores usados em motos
são convexos.
a) Que tipo de imagem eles formam?
b) Qual a vantagem em se usar esse espelho?
c) Qual a distância focal de um espelho que fornece uma
imagem distante 8 m do objeto, quando este está a 6 cm
do espelho?
d) Qual o aumento dessa imagem?
81
21Defeitos da visão
Que tipo de lente um
míope deve usar?
E um hipermétrope?
O que é "vista
cansada"?
O Nome da Rosa
"Guilherme enfiou as mãos no hábito, onde este se abria no peito formando uma espécie de sacola, e de lá tirou
um objeto que já vira em suas mãos e no rosto, no curso da viagem. Era uma forquilha, construída de modo a
poder ficar sobre o nariz de um homem (e melhor ainda, sobre o dele, tão proeminente e aquilino), como um
cavaleiro na garupa de seu cavalo ou como um pássaro num tripé. E dos dois lados da forquilha, de modo a
corresponder aos olhos, expandiam-se dois círculos ovais de metal, que encerravam duas amêndoas de vidro
grossas como fundo de garrafa.
Com aquilo nos olhos, Guilherme lia, de preferência, e dizia que enxergava melhor do que a natureza o havia
dotado, ou do que sua idade avançada, especialmente quando declinava a luz do dia, lhe permitia. Nem lhe
serviam para ver de longe, que para isso tinha os olhos penetrantes, mas para ver de perto. Com aquilo ele podia
ler manuscritos inscritos em letras bem finas, que até eu custava a decifrar. Explicara-me que, passando o homem
da metade de sua vida, mesmo que sua vista tivesse sido sempre ótima, o olho se endurecia e relutava em
adaptar a pupila, de modo que muitos sábios estavam mortos para a leitura e a escritura depois dos cinqüenta
anos.
Grave dano para homens que poderiam dar o melhor de sua inteligência por muitos anos ainda. Por isso devia-
se dar graças a Deus que alguém tivesse descoberto e fabricado aquele instrumento. E me falava isso para
sustentar as idéias de seu Roger Bacon, quando dizia que o objetivo da sabedoria era também prolongar a vida
humana".
Umberto Eco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983 (pág. 94/95).
O fenômeno da visão pode ser dividido em
três etapas: o estímulo causado pela luz
proveniente dos objetos, a sua recepção pelo
olho humano, onde se forma a imagem, e a
sensação de visão que corresponde ao
processamento das informações
transmitidas do olho para o cérebro.
Mesmo na presença de luz, uma pessoa
pode não enxergar caso haja algum
problema na recepção do estímulo (olho), em
função de deformações congênitas, moléstias,
acidentes, ou do processamento das
informações (sistema neurofisiológico).
Estes casos não serão estudados, porque
dizem mais respeito à biologia e à medicina.
Na maior parte dos casos, os problemas
associados à visão referem-se à focalização,
isto é, o olho não produz imagens nítidas dos
objetos ou das cenas.
Assim, é comum observarmos pessoas que
aproximam os objetos dos olhos, enquanto
outras procuram afastá-los, para enxergá-
los nitidamente.
Os óculos e as lentes têm a função de
resolver problemas associados à focalização.
82
21 Defeitos da visão
Atividade 3: Você precisará de uma vela, uma lente
convergente, uma folha de papel, fósforo e um
ambiente escuro.
A vela será o objeto iluminado; a lente convergente
representará o cristalino, e o papel, a retina, onde se
forma a imagem.
Coloque a vela a uma grande distância da lente,
encontrando uma posição para o anteparo em que a
imagem é nítida. Aproxime a vela e verifique que a
imagem perde nitidez para essa posição do anteparo,
ou seja, a imagem não se forma na mesma posição
anterior. Se quiser focalizá-la, deve alterar a posição
do anteparo.
As lentes e os defeitos da visão
Podemos identificar o tipo de lente utilizada nos óculos
das pessoas, e portanto o tipo de problema de visão, por
meio de testes muito simples.
Focalização no olho humano
Vamos fazer uma simulação para entender a formação de
imagens no olho humano.
Atividade 1: coloque os óculos entre uma figura e o
olho. A figura ficou diminuída ou ampliada?
Atividade 2: Observe uma figura através da lente
mantida a cerca de 50 cm do olho e faça uma rotação.
A figura ficou deformada?
Na primeira atividade, se a figura ficou diminuída, a lente
é divergente, usada para corrigir miopia, que é a
dificuldade em enxergar objetos distantes.
Se ficou ampliada, trata-se de uma lente convergente,
utilizada para corrigir hipermetropia (dificuldade em
enxergar objetos próximos).
Na segunda atividade, havendo deformação, a lente tem
correção para astigmatismo, que consiste na perda de
focalização em determinadas direções. Essas lentes são
cilíndricas.
Um outro defeito de visão semelhante à hipermetropia é a
presbiopia, que difere quanto às causas. Ela se origina
das dificuldades de acomodação do cristalino, que vai se
tornando mais rígido a partir dos 40 anos.
A correção desse problema é obtida pelo uso de uma lente
convergente para leitura.
Assim, ou a pessoa usa dois óculos ou óculos bifocais: a
parte superior da lente é usada para a visão de objetos
distantes, e a parte inferior para objetos próximos.
Quando a pessoa não tem problemas em relação à visão
de objetos distantes, a parte superior de suas lentes deve
ser plana, ou então ela deve usar óculos de meia armação.
No olho humano, a posição do anteparo (retina) é fixa,
porém a imagem está sempre focalizada. Isso acontece
porque o cristalino, a lente responsável pela focalização,
modifica seu formato, permitindo desvios diferenciados
da luz através da alteração de sua curvatura.
Quando a distância entre a lente e o objeto é muito grande,
a luz proveniente do objeto chega à lente e é desviada
para uma certa posição do anteparo. A imagem estará
focalizada e será vista com nitidez.
Para cada posição da vela encontramos uma posição
diferente para o anteparo, em que a imagem é nítida
'
83
Essa posição, onde acontece a convergência da luz, é a
distância focal f, uma característica da lente.
Para simular um olho hipermétrope, aproxime o anteparo
da lente, além do seu foco, e a imagem ficará desfocada.
Esse defeito - a imagem nítida formar-se "atrás" da retina -
pode ser causado por encurtamento do globo ocular ou
por anomalia no índice de refração dos meios transparentes
do olho.
Simulação do olho humano
Quando uma pessoa de visão normal observa um objeto a
mais de 6 m, o cristalino focaliza a imagem sobre a retina,
enquanto no olho míope a imagem nítida se focalizará antes
da retina.
Para os míopes, a posição mais distante (ponto remoto)
para um objeto projetar a imagem sobre a retina é inferior
a 6 m.
Como nem sempre isso é possível, a alternativa é usar
lente divergente.
Assim, a luz chega ao olho mais espalhada, o que implica
a necessidade de uma distância maior para voltar a convergir
em um ponto.
As lentes corretoras e a nitidez da imagem
Pegue novamente a vela, a lente convergente e o anteparo
e faça a montagem para a imagem aparecer focalizada.
Em seguida, afastando apenas o anteparo, a imagem
perderá a nitidez, isto é, ficará desfocada.
Essa simulação corresponde à miopia, e sua causa pode
estar associada a um alongamento do globo ocular ou a
uma mudança no índice de refração dos meios transparentes
do olho (humor vítreo e aquoso).
Acomodação visual
Para pessoas sem dificuldade de visão, quando um objeto
se encontra a mais de 6 metros do olho, a imagem se
formará sobre a retina, sem nenhum esforço para o cristalino.
Nessa situação sua curvatura é menos acentuada, ou seja,
apresenta uma forma mais plana.
À medida que o objeto se aproxima do olho, o cristalino
se torna mais encurvado pela ação dos músculos que o
sustentam, mantendo a imagem focalizada na retina.
Esse processo é limitado, atingindo seu limite para objetos
situados a cerca de 25 cm do olho, no caso de pessoas
com visão normal. Isto é chamado acomodação visual.
Na prática, a acomodação do cristalino ocorre dentro de
um intervalo:
a) a posição mais próxima do olho, para a qual o cristalino,
com máximo esforço, projeta a imagem focalizada na retina
(25 cm), é denominada ponto próximo;
b) a posição a partir da qual o cristlino fornece imagens
focalizadas, sem realizar nenhum esforço (6 m), é
denominada ponto remoto.
Imagem obtida comesforço máximo docristalino (curvaturamáxima)
Imagem obtidasem esforço doc r i s t a l i n o( c u r v a t u r amínima)
84
Questões
1) Baseado nos trechos das páginas 81 e 84, responda:
a) Qual é o defeito de visão do Guilherme? Justifique.
b) "A ciência de que falava Bacon versa indubitavelmente em
torno dessas proposições." Qual é, ou o que é, essa "ciência" deque Bacon falava? Quem é esse Roger Bacon? É um personagemfictício ou real?
c) Guilherme cita ervas e lentes. Qual a relação entre elas?
2) Uma pessoa míope, quando criança, pode, em alguns casos,ter uma visão quase normal quando atingir a meia-idade. Porque isso é possível? Isso também ocorreria se ela fossehipermétrope?
3) A lupa é uma lente de faces convexas geralmente usada como"lente de aumento". Usando uma lente desse tipo, é possívelqueimar papel em dia de sol. Como se explica esse fato?
4) Uma pessoa de 1,80 m de altura é observada por outra,situada a 40 m de distância. Determine geometricamente aimagem formada na retina do observador e calcule seu tamanho,considerando que a distância da pupila à retina é de 0,02 m.
5) Calcule a variação da vergência de um olho normal,considerando que a distância entre a lente do olho e a retina é decerca de 2 cm.
6) O ponto remoto de um olho corresponde à maior distânciapara a qual o cristalino fornece imagens nítidas sem realizarnenhum esforço. Se o ponto remoto de um olho míope é de 4 m,qual a vergência do olho e a da lente usada para corrigir miopia?
O Nome da Rosa
"Pois é", disse, "como poderá?"
"Não sei mais. Tive muitas discussões em Oxford com meu amigo
Guilherme de Ockham, que agora está em Avignon. Semeou
minha alma de dúvida. Porque se apenas a intuição do individual
é justa, o fato de que causas do mesmo gênero tenham efeitos
do mesmo gênero é proposição difícil de provar. Um mesmo
corpo pode ser frio ou quente, doce ou amargo, úmido ou seco,
num lugar - e num outro não. Como posso descobrir a ligação
universal que torna ordenadas as coisas se não posso mover um
dedo sem criar uma infinidade de novos entes, uma vez que com
tal movimento mudam todas as relações de posição entre o
meu dedo e todos os demais objetos? As relações são os modos
pelos quais a minha mente percebe a relação entre entes
singulares, mas qual é a garantia de que esse modo seja univer-
sal e estável?"
"Mas vós sabeis que a uma certa espessura de um vidro
corresponde uma certa potência de visão, e é porque o sabeis
que podeis construir agora lentes iguais àquelas que perdestes,
de outro modo como poderíeis?"
"Resposta perspicaz, Adso. Com efeito elaborei essa proposição,
que à espessura igual deve corresponder igual potência de visão.
Pude fazê-la porque outras vezes tive intuições individuais do
mesmo tipo. Certamente é sabido por quem experimenta a
propriedade curativa das ervas que todos os indivíduos herbáceos
da mesma natureza têm no paciente, igualmente disposto, efeitos
da mesma natureza, e por isso o experimentador formula a
proposição de que toda erva de tal tipo serve ao febril, ou que
toda lente de tal tipo melhora em igual medida a visão do olho.
A ciência de que falava Bacon versa indubitavelmente em torno
dessas proposições. Repara, estou falando de proposições sobre
as coisas, não das coisas. A ciência tem a ver com as proposições
e os seus termos, e os termos indicam coisas singulares. Entende,
Adso, eu devo acreditar que a minha proposição funcione,
porque aprendi com base na experiência, mas para acreditar
deveria supor que nela existem leis universais, contudo não posso
afirmá-las, porque o próprio conceito de que existam leis
universais, e uma ordem dada para coisas, implicaria que Deus
fosse prisioneiro delas, enquanto Deus é coisa tão absolutamente
livre que, se quisesse, e por um só ato de sua vontade, o mundo
seria diferente."
Umberto Eco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983(pág. 241/242).
85
22As lentes
esféricas
Como acontece a
refração em lentes
esféricas? Repita a experiência do Flit. Não a de ficar de porre; a de olhar através de um copo cilíndrico
cheio de água.
Como você enxergaria a imagem do Níquel Náusea? Em que condições você enxergaria
como o Flit?
'
86
22 Lentes esféricasAs lentes esféricas são delimitadas por faces curvas (calotas
esféricas) e se distinguem das lentes cilíndricas por
reproduzirem a mesma imagem quando giradas em torno
do eixo óptico.
Quando as duas faces de uma lente são convexas, dizemos
que ela é do tipo biconvexa, e quando ambas são côncavas,
a lente é denominada bicôncava.
Além desses tipos mais comuns, existem ainda as lentes
plano-côncava, côncava-convexa e convexo-côncava.
Quando um raio luminoso incide numa lente de vidro
biconvexa, paralelamente ao eixo da lente, este se refrata,
aproximando-se da normal (se o índice de refração do
meio que a envolve for menor que o do material que a
constitui).
Ao emergir dela, torna a se refratar, afastando-se da nor-
mal à segunda face.
Ao emergir da segunda face, todos os raios de luz que
incidiram paralelamente ao eixo da lente convergem para
uma região de seu eixo chamada foco. Por esse motivo,
esse tipo de lente recebe o nome de convergente.
Nas lentes convergentes, a região para onde convergem
os raios de luz que incidem paralelamente ao eixo é
denominada foco.
Comportamento de uma lente biconvexa quando o meio possui
índice de refração igual ao do material de que é feita (a) e
quando é maior (b)
Nas lentes de vidro bicôncavas, os raios de luz que incidem
na lente paralelamente ao eixo também se aproximam da
normal, e ao emergirem da lente para o ar refratam-se
novamente, afastando-se da normal à segunda face.
Nessa situação, devido à geometria da lente, esses raios
não convergem para uma região, de forma que esse tipo
de lente recebe o nome de divergente.
O fato de uma lente ser convergente ou divergente
depende do meio onde ela se encontra, pois esses
comportamentos estão associados às diferenças entre os
índices de refração do material de que é feita a lente e do
meio.
Se uma lente biconvexa encontra-se no ar, certamente se
comportará como convergente, pois, seja feita de vidro,
seja de plástico, o índice de refração do ar será menor que
o desses materiais.
Entretanto, se o índice de refração do meio e o do material
de que é feita a lente forem iguais, os raios de luz não
sofrerão desvios (isso significa que a lente ficará "invisível"),
e se o meio possuir índice de refração maior que o do
material da lente, esta se comportará como divergente.
87
Como os raios de luz podem incidir tanto por uma como
por outra face, podemos determinar, para uma mesma
lente, dois focos simétricos em relação ao centro da lente.
O traçado dos raios de luz pode ser simplificado ao
considerarmos as condições de Gauss, o que permite a
omissão do trajeto dos raios dentro da lente.
Além disso, para localizar as imagens formadas é suficiente
acompanhar o caminho de somente dois raios de luz entre
os muitos que partem de um ponto do objeto e incidem
na lente.
Um deles parte de um ponto-objeto, incide paralelamente
ao eixo óptico, e refrata-se, passando pelo foco.
O outro é aquele que ao passar pelo centro óptico da
lente não sofre nenhum desvio, devido ao comportamento
simétrico da lente.
Representando num diagrama esses dois raios de luz,
podemos obter o tamanho e a posição da imagem formada
pela lente através do cruzamento desses raios após serem
refratados.
Variando-se a posição do objeto em relação à lente, o
tamanho e a posição da imagem serão modificados.
No caso de lentes convergentes, quando o objeto se
encontra posicionado entre o foco e a lente, os raios de luz
escolhidos não se cruzam efetivamente.
Neste caso, a posição e o tamanho da imagem são
determinados pelo cruzamento do prolongamento dos
raios refratados.
Nas lentes esféricas divergentes, os mesmos raios de luz
podem ser utilizados para determinar a posição e o tamanho
das imagens por esse tipo de lente. Neste caso, a imagem
é obtida pelo cruzamento entre o prolongamento do raio
refratado e o raio que não sofre desvio.
Assim, as imagens podem ser formadas pelo cruzamento
efetivo dos raios refratados ou pelo cruzamento dos
prolongamentos desses raios.
Nas lentes divergentes não há um local de convergência
dos raios de luz, mas é possível definir-se o foco desse
tipo de lente pelo prolongamento dos raios que emergem
da segunda face.
Por isso o foco das lentes divergentes é denominado vir-
tual.
88
o
i
d
d
o
iA ==
As equações das lentes esféricas
As características das imagens formadas pelas lentes
também podem ser determinadas analiticamente, isto é,
através de equações.
Se um objeto de altura o for colocado perpendicularmente
sobre o eixo principal de uma lente convergente a uma
distância do do centro óptico da lente, a imagem formada
terá uma altura i e estará situada a uma distância di do
centro óptico da lente.
A relação entre o tamanho da imagem e o do objeto é a
mesma que vimos para espelhos esféricos. Da semelhança
entre os triângulos ABC e A'B'C, podemos reescrever a
relação anterior da seguinte forma:
E da semelhança entre os triângulos CDF e A'B'F, podemos
deduzir:
Questões
1) A que distância de uma criança, cuja altura é 1 m,
devemos nos colocar para fotografá-la com uma máquina
fotográfica de 3 cm de profundidade (entre a lente e o
filme) que permita fotos de 2 cm de altura? Qual a distância
focal da lente?
2) Uma pessoa de 1,80 m de altura é observada por outra,
situada a 40 m de distância. Determine geometricamente
a imagem formada na retina do observador e calcule seu
tamanho, considerando que a distância da pupila à retina
é de 2 cm.
3) A partir da figura ao lado e considerando os triângulos
semelhantes indicados, você é capaz de deduzir as duas
equações escritas nesta página?
io ddf
111 +=
Essa equação pode ser aplicada a qualquer tipo de lente,
convergente ou divergente, e para imagens reais e virtuais,
desde que a seguinte convenção de sinais seja adotada:
a) a distância do (ou d
i) será positiva se o objeto (ou a
imagem) for real, e negativa se for virtual;
b) a distância focal f será positiva quando a lente for
convergente, e negativa quando for divergente.
89
23Os instrumentos
ópticos
Associando-se espelhos,
lentes e prismas,
constroem-se os vários
instrumentos ópticos.
O olho humano normal sempre é capaz de perceber e focalizar um certo campo de visão,
dentro do qual se inserem vários objetos. Porém, para focalizarmos um objeto próximo, tudo
aquilo que está distante perde a nitidez.
Em nosso campo de visão sempre existirão objetos que se encontram a diferentes distâncias
de nossos olhos. Se alguns objetos estiverem muito afastados, como a Lua e as estrelas,
poderemos focalizá-los, mas seus detalhes não serão percebidos.
Por outro lado, se o objeto estiver próximo mas for muito pequeno, como um inseto, muitos
detalhes serão perdidos.
A associação conveniente de lentes a um olho de visão normal (ou corrigida) pode permitir
que vejamos detalhes que a olho nu não seria possível, por esses objetos estarem muito distantes
ou por serem muito pequenos.
Para que um olho normal possa observar tais detalhes, é necessário ampliar a imagem do
objeto, o que pode ser conseguido com o uso de determinados instrumentos ópticos, como
lupa, microscópio, retroprojetor, projetores de filme e de slide, luneta, telescópio, binóculo...
90
23 Os instrumentos ópticosInstrumentos de observação
Lunetas, telescópios e binóculos são alguns dos
instrumentos que nos auxiliam a enxergar detalhes de
objetos distantes, como as montanhas, a Lua, as estrelas e
muitos outros.
Se quisermos observar em detalhes objetos pequenos,
como um inseto, recorremos a outros instrumentos, como
a lupa e o microscópio, cuja função é ampliar a imagem de
objetos que se encontram próximos.
Esses instrumentos ópticos são constituídos basicamente
pela associação de uma ou mais lentes. A lupa - também
denominada microscópio simples - é constituída de uma
única lente esférica convergente.
Uma lente convergente - a lupa
Quanto maior for o aumento desejado, menor deve ser
sua distância focal. A lente só se comportará como lupa
quando o objeto estiver colocado numa distância inferior à
sua distância focal.
Apesar dessa ampliação, a lupa não serve para a observação
de objetos muito pequenos como células e bactérias, pois
nesses casos se faz necessário um aumento muito grande.
A solução é associarmos duas ou mais lentes convergentes,
como no microscópio composto.
Uma lente de distância focal da ordem de milímetros -
denominada objetiva (próxima ao objeto) - é associada a
uma segunda lente - denominada ocular (próxima ao olho)
- que funciona como lupa.
Em relação à primeira lente (objetiva), o objeto encontra-
se posicionado entre uma e duas distâncias focais, o que
permite a formação de uma imagem invertida e maior.
Essa primeira imagem deve estar posicionada dentro da
distância focal da lente ocular, para que esta última funcione
como uma lupa, cujo objeto é a imagem obtida com a
objetiva.
A imagem final fornecida pela lente ocular será maior ainda
e invertida em relação ao objeto.
Um microscópio composto - para ver coisas muito pequenas
Os projetores de filmes e slides, assim como os
retroprojetores também têm a função de fornecer uma
imagem maior que o objeto.
Nos projetores isso é conseguido colocando-se entre o filme
e a tela onde a imagem será projetada uma lente
convergente.
Nesses instrumentos, o filme (objeto), além de bem
iluminado, deve estar um pouco além da distância focal
da lente, para que a imagem formada seja real e maior,
tornando possível sua projeção na tela.
Dessa forma, a lente não funciona como uma lupa, pois
nesse caso a imagem obtida, apesar de ainda maior, seria
virtual, inviabilizando a projeção.
Como a imagem formada é invertida, o filme/slide é
colocado invertido no projetor, para obtermos uma imagem
final direita.
91
A luneta astronômica é constituída de duas lentes
convergentes, uma objetiva e uma ocular, sendo a primeira
de grande distância focal - da ordem de decímetros e até
metros -, e a segunda com distância focal menor - da ordem
de centímetros.
O fato de o objeto estar muito distante faz com que a
imagem formada pela lente objetiva fique posicionada na
sua distância focal, comportando-se como objeto para a
lente ocular.
Deste modo, o comprimento do tubo do instrumento
corresponde aproximadamente à soma das distâncias focais
das lentes objetiva e ocular.
A lente ocular pode funcionar de duas formas: como uma
lupa, fornecendo uma imagem final virtual, invertida em
relação ao objeto e mais próxima, quando observamos
diretamente os astros; ou como a lente de um projetor,
fornecendo uma imagem real, que pode ser projetada,
como é realizada na observação indireta do Sol num
anteparo.
A luneta astronômica não é adequada para a observação
de objetos na Terra, pois a imagem final formada por esse
instrumento é invertida em relação ao objeto.
As lunetas terrestres são adaptadas para fornecer uma
imagem final direita.
Podem ser feitas várias adaptações. Na luneta de Galileu,
essa inversão é obtida usando-se como ocular uma lente
divergente, e como objetiva uma lente convergente.
Essas lentes localizam-se uma em cada extremidade de
um tubo, cujo comprimento depende das características e
da necessidade de a imagem final estar localizada no ponto
próximo do observador.
Nas lunetas, a dimensão das imagens formadas nas lentes
depende de suas distâncias focais.
Quanto maior a distância focal da objetiva, maior a imagem
por ela formada.
O binóculo é um instrumento que pode ser construído a
partir de duas lunetas terrestres do tipo Galileu.
Esse instrumento proporciona a
sensação de profundidade, pois
ao olharmos para um objeto com
os dois olhos, cada olho fornece
a mesma imagem vista de
ângulos ligeiramente diferentes,
que ao ser interpretada pelo
cérebro nos dá a sensação de uma imagem tridimensional.
A ampliação obtida com esse tipo de binóculo é menor se
comparada com a obtida por um binóculo construído a
partir de lunetas astronômicas.
Neste caso a imagem fica invertida, e por isso são utilizados
dois prismas de reflexão total para cada luneta, de forma
que a imagem fique direita.
A disposição desses prismas permite também que o
comprimento do instrumento seja reduzido.
Com relação à ocular, quanto menor sua distância focal,
maior o tamanho da imagem final, pois mais próxima da
lente a imagem-objeto deverá estar posicionada.
O telescópio também é parecido com a luneta
astronômica. É constituído por duas lentes convergentes,
sendo a objetiva de grande distância focal, e a ocular de
pequena distância focal.
Ele recebe o nome de telescópio de refração e é construído
de forma que possa trabalhar com diversas oculares, de
diferentes distâncias focais, e ser ajustado para vários
aumentos.
As características das lentes objetiva e ocular determinam
o aumento de que é capaz um telescópio refrator.
Esse aumento possui limitações relacionadas ao tamanho
do tubo necessário para acomodar as lentes e também aos
fenômenos de difração e de aberrações cromática e esférica.
92
Questões
1) O tamanho da imagem obtida por uma luneta é maior
do que o tamanho do objeto? Justifique.
2) A lupa é uma lente de faces convexas geralmente usada
como "lente de aumento". Usando uma lente desse tipo, é
possível queimar pedaços de madeira seca ou de papel
quando nela incidem os raios de Sol. Como se explica
esse fato?
3) Um microscópio caseiro foi construído com duas lentes
convergentes de distâncias focais iguais a 1 cm (objetiva)
e 3 cm (ocular). De um objeto situado a 1,2 cm da objetiva,
o instrumento fornece uma imagem virtual localizada a
25 cm da ocular. Determine:
a) o aumento linear transversal fornecido pela objetiva e
pela ocular;
b) o aumento linear transversal do microscópio;
c) a distância entre as duas lentes.
4) Uma luneta astronômica simples é constituída por duas
lentes convergentes com distâncias focais de 60 cm
(objetiva) e 1,5 cm (ocular). A imagem de um astro,
observada através desse instrumento, forma-se a 43,5 cm
da ocular. Determine:
a) o comprimento do tubo que constitui a luneta;
b) o aumento linear transversal fornecido pela luneta.
No retroprojetor, a associação de lentes convergentes e
um espelho plano também fornece uma imagem ampliada
do objeto, que neste caso é um texto ou uma figura
impressa num tipo de plástico, conhecido como
transparência.
A luz, posicionada na base do instrumento, atravessa a
figura a ser projetada e incide numa lente convergente,
que forma no espelho plano uma imagem maior do que o
objeto.
O espelho reflete essa imagem, que servirá de objeto para
uma segunda lente convergente colocada em ângulo reto.
Essa segunda lente forma na tela uma imagem final direita
e maior que o objeto.
Nesse instrumento as imagens formadas pelas duas lentes
também deverão ser reais, pois a primeira imagem será
objeto para a segunda lente, enquanto essa imagem final
deverá ser real para tornar possível sua projeção.
Dessa forma, tanto a imagem-objeto como a final deverão
estar posicionadas fora da distância focal das lentes.
Um projetor de slides
Num retroprojetor o espelho plano faz a diferença
1
1Onde não está a
eletricidade?
A figura a seguir você provavelmente já observounos volumes anteriores desta coleção. Agora,
entretanto, o jogo é diferente. Você vai analisá-la eresponder à questão proposta ao lado.
Você vai elaborar, em
conjunto com seus
colegas de classe, uma
lista de coisas que
farão parte do
programa deste curso.
2
1Leia o texto a seguir, escrito pelo poeta e escritor Carlos
Drummond de Andrade, e responda às questões.
Carta a
uma senhora
Falei de cozinha, estive quase te escolhendo o grill
automático de 6 utilidades porta de vidro refratário e
completo controle visual, só não comprei-o porque diz
que esses negócios eletrodomésticos dão prazer uma
semana, chateação o resto do mês, depois enconsta-se
eles no armário da copa.
A garotinha fez esta redação no ginásio:
"Mamy, hoje é dia das Mães e eu desejo-lhe
milhões de felicidades e tudo mais que a Sra. sabe. Sendo
hoje o dia das Mães, data sublime conforme a professora
explicou o sacrifício de ser Mãe que a gente não está na
idade de entender mas um dia entenderemos, resolvi
lhe oferecer um presente bem bacaninha e fui ver as
vitrinas e li as revistas.
Pensei em dar à Sra. o radiofono Hi-Fi de som
estereofônico e caixa acústica de 2 alto-falantes
amplificador e transformador mas fiquei na dúvida se não
era preferível uma tv legal de cinescópio multirreacionário
som frontal, antena telescópica embutida, mas o nosso
apartamento é um ovo de tico-tico, talvez a Sra. adorasse
o transistor de 3 faixas de ondas e 4 pilhas de lanterna
bem simplesinho, levava para a cozinha e se divertia
enquanto faz comida. Mas a Sra. se queixa tanto do
barulho e dor de cabeça, desisti desse projeto musical, é
uma pena, enfim trata-se de um modesto sacrifício de
sua filhinha em intenção da melhor Mãe do Brasil.
Como a gente não tem armário da copa, me lembrei de
dar um, serve de copa, despensa e bar, chapeado de aço
tecnicamente subdesenvolvido. Tinha também um
conjunto para cozinha de pintura porcelanizada fecho
magnético ultra-silencioso puxador de alumínio
anodizado, um amoreco. Fiquei na dúvida e depois tem
o refrigerador de 17 pés cúbicos integralmente utilizáveis,
congelador cabendo um leitão ou peru inteiro, esse eu
vi que não cabe lá em casa, sai dessa!
Me virei para a máquina de lavar roupa sistema
de tambor rotativo mas a Sra. podia ficar ofendida deu
querer acabar com a sua roupa lavada no tanque, alvinha
que nem pomba branca, Mamy esfrega e bate com tanto
capricho enquanto eu estou no cinema ou tomo sorvete
com a turma. Quase entrei na loja para comprar o
aparelho de ar condicionado de 3 capacidades, nosso
apartamentinho de fundo embaixo do terraço é um forno,
mas a Sra. vive espirrando, o melhor é não inventar moda.
Mamy, o braço dói de escrever e tinha um
liquidificador de 3 velocidades, sempre quis que a Sra.
não tomasse trabalho de espremer a laranja, a máquina
de tricô faz 500 pontos, a Sra. sozinha faz muito mais.
Um secador de cabelo para Mamy! gritei, com capacete
plástico mas passei adiante, a Sra. não é desses luxos, e
a poltrona anatômica me tentou, é um estouro, mas eu
sabia que minha Mãezinha nunca tem tempo de sentar.
Mais o que? Ah sim, o colar de pérolas acetinadas, caixa
de talco de plástico perolado, par de meias, etc. Acabei
achando tudo meio chato, tanta coisa para uma garotinha
só comprar e uma pessoa só usar, mesmo sendo a Mãe
mais bonita e merecedora do Universo. E depois, Mamy,
eu não tinha nem 20 cruzeiros, eu pensava na véspera
deste Dia a gente recebesse não sei como uma carteira
cheia de notas amarelas, não recebi nada e te ofereço
este beijo bem beijado e carinhosão de tua filhinha Isabel".
Onde não está a eletricidade?
3
questões
oba
1. Quantos presentes Isabel
pensou em dar para sua Mamy?
2. Quais eram e quais não eram
elétricos?
Para finalizar esta introdução ao estudo da Eletricidade você
vai fazer uma lista dos aparelhos, instrumentos, componentes
elétricos e eletrônicos que usa ou conhece em casa, no
trabalho ou no lazer. Essa lista será o ponto de partida para
a sua próxima aula.
Esquentar água, iluminar os ambientes internos de uma
residência, escritório, providenciar uma torrada para o
café da manhã, falar ao telefone, aspirar o pó, encerar o
chão, fazer as contas para ver se o dinheiro vai dar para
pagar as contas, assistir a um filme em vídeo, ou a um jogo
esportivo ao vivo, ouvir música, acordar ao som das notícias
do dia, enviar um fax, receber recados gravados numa
secretária elétrônica, enviar mensagens através de uma
rede de computadores, são exemplos de atividades que
fazemos hoje com a ajuda da Eletricidade.
Não é à toa que, nos momentos em que o fornecimento
de eletricidade é interrompido, a nossa vida sofre uma
grande alteração: ficamos de certo modo desamparados
quando estamos em nossa casa; a alegria é geral quando
há dispensa das aulas na escola; o metrô e os trens urbanos
não funcionam; os semáforos se apagam etc.
A Enciclopédia Mirador, apresenta a seguinte conceituação
para a palavra eletricidade :
1. Conceito - São fenômenos elétricos todos aqueles que envolvemcargas elétricas em repouso ou em movimento; as cargas emmovimento são usualmente elétrons. A importância da eletricidadeadvém essencialmente da possibilidade de se transformar a energiada corrente elétrica em outra forma de energia: mecânica, térmica,luminosa etc.
ELETRICIDADE
Uma outra maneira de
percebermos a presença da
eletricidade em nosso dia-a-dia
consiste em fazer um levantamento
das atividades que você realizou
hoje, desde o momento em que saiu
da cama. Anote a resposta no
caderno.
A seguir assinale qual delas
dependeu da eletricidade para ser
realizada.
4
Eletricidade na natureza:
relâmpago
Eletricidade no corpo humano:
impulsos elétricos
do olho para o cérebro
A visão é o sentido que domina a nossa
vida! Ela começa com a luz refletida pelo objeto
que estamos observando e que atinge o nosso olho.
Após atravessar várias substâncias transparentes, é
formada uma imagem invertida do objeto numa
região do olho chamada retina.
Ela é uma membrana transparente, cujo
formato se assemelha ao fundo de uma concha. Nas
células da retina encontram-se substâncias químicas
sensíveis à luz. A incidência da luz sobre tais
substâncias produz impulsos elétricos que são
enviados para uma deteminada região do cérebro
através do nervo óptico.
Embora a imagem na retina seja invertida, é
no cérebro que ela é colocada na posição normal.
objeto
imagem invertida
nervo óptico
cérebro
sensação
Os raios ou relâmpagos são descargas
elétricas naturais que são produzidas quando se
forma uma enorme tensão entre duas regiões da
atmosfera (100.000 vezes maior que a tensão de 220
volts de sua residência para ligar o chuveiro). Nessas
condições, o ar não se comporta como um isolante
elétrico e o valor da corrente elétrica pode atingir
valores de até 200.000 ampères.
Em certos casos pode-se sobreviver a um raio,
desde que a corrente elétrica seja desviada dos
órgãos vitais para as partes superficiais do corpo,
como a pele molhada de suor ou a roupa molhada
pela chuva ou também pelo medo.
5
2Pondo ordem dentro
e fora de casa
Você vai organizar as
"coisas" da
eletricidade ao mesmo
tempo que constrói um
plano de curso.
Será que épossível
organizar isso
6
2Quando pensamos nas coisas que utilizamos dentro e fora
de casa, no laser e no trabalho, ou mesmo nas coisas que
conhecemos mas que estão distantes de nós, a lista é
muito grande.
Se você pensou um pouco nisso quando foi solicitado no
final da aula, certamente apareceram coisas como as
exemplificadas na tabela 1.
tabela 1
Essa tabela é apenas uma amostra das coisas em que você
pode ter pensado e que associamos à eletricidade, de
maneira mais imediata e direta.
Se pensarmos no processo de fabricação dessas coisas,
certamente a eletricidade também estará presente.
Olhando os aparelhos que compõem essa lista, cada um
tem uma especificidade própria, de acordo com o uso
que dele fazemos.
Mas se pensarmos no que eles produzem enquanto
funcionam, veremos que é possível achar mais pontos em
comum, pelo menos em alguns deles. Por exemplo, alguns
aparelhos que utilizamos em nosso dia-a-dia têm como
função comum produzir o aquecimento.
Identifique na lista ao lado os aparelhos que têm essa função.
Além desses que você identificou na lista, certamente
existem outros.
Todos eles têm em comum o fato de transformarem a
energia elétrica fornecida por uma fonte em energia
térmica. Esses aparelhos são os que têm a construção mais
simples: possuem um pedaço de fio em
forma de espiral cujo nome é resistor.
Quando um aparelho desse tipo é
posto para funcionar, o resistor é
aquecido. É por isso que tais aparelhos
são denominados de resistivos.
resistor
Pondo ordem dentro e fora de casa
7
Se tivermos um olho mais atento no que os aparelhos
fazem quando são colocados em funcionamento,
notaremos que grande parte deles produz algum tipo de
movimento, isto é, transformam a maior parte da energia
elétrica que recebem da fonte em energia mecânica. Veja
na tabela da página anterior quais deles têm essa
característica. Dentre os que você identificou, existem, por
exemplo, os ilustrados a seguir:
Nos dias de hoje, os aparelhos elétricos mais atrativos estão
ligados à comunicação ou ao armazenamento de
informações.
Consulte a lista da página anterior e verifique se existe
algum com esta característica. Outros estão ilustrados
abaixo.
Estes, como outros aparelhos elétricos, são constituídos
de muitos componentes, como fios, chaves, ímãs,
resistores, botões interruptores, diodos, transistores etc.
Consulte novamente a lista da página ao lado e verifique
se existe algum outro.
Encontrando semelhanças nas funções desempenhadas
pelos aparelhos elétricos foi possível formar quatro grandes
grupos: os que produzem aquecimento, os que produzem
movimento, aqueles que são utilizados na comunicação e
no armazenamento de informações e aqueles que são
fontes de energia elétrica e possibilitam colocar todos os
demais em funcionamento.
Tais aparelhos permitem a comunicação entre uma ou
mais pessoas, como o rádio, a tevê, o telefone e o micro-
computador, ou o armazenamento de informações, como
as fitas magnéticas e os disquetes. Eles fazem parte de
um conjunto muito maior e, por isso, podem formar um
agrupamento chamado elementos de comunicação e
informação.
Esse conjunto forma um grupo denominado componentes
elétricos e eletrônicos.
Tais aparelhos são denominados motores elétricos. Eles
são utilizados para realizar inúmeros trabalhos: moer, picar,
lustrar, furar, cortar, ventilar, medir etc.
Para funcionar, os aparelhos elétricos precisam ser
"alimentados" energeticamente por uma fonte de energia
elétrica. No dia-a-dia fazemos uso de vários tipos de fonte;
lembre-se de algumas ou identifique-as na lista ao lado.
Existem algumas que hoje são pouco usadas, como o
dínamo de bicicleta. Outras, como os alternadores, estão
presentes nos automóveis.
Aparelhos que transformam outras formas de energia
(mecânica, química,..) em energia elétrica são
denominados fontes.
Algumas fontes estão ilustradas a seguir:
Em conjunto eles formam um agrupamento.
8
Durante o curso iremos discutir as "coisas" do levantamento, use os critérios propostos para classificá-las, completando a
tabela no seu caderno. Se alguma "coisa" não encaixou em nenhuma coluna, coloque-a na coluna de outros.
Resistivos Motores Fontes Comunicadores Componentes Outros
...... ....... ........ ......... ........ ........
exercitando....
Cuidado com o choque elétrico!!
Quando nosso corpo fizer parte de um circuito elétrico, é bem provável que tomaremos
um choque elétrico, se o circuito estiver fechado e ligado a uma fonte de energia
elétrica. Nesse caso, algum trecho do nosso corpo será submetido a corrente elétrica
do circuito, e, dependendo de sua intensidade, os efeitos podem ser muito graves.
A parte de nosso corpo que pode integrar um circuito elétrico pode ser pequena
como a região formada pelo dedo polegar e o dedo indicador, quando mexemos nos
botões de um aparelho ou nos fios da instalação. Outras vezes chega a tomar quase o
corpo todo, envolvendo toda parte do corpo entre a mão e os pés, conforme indica a
figura. Esse tipo de choque ocorre, por exemplo, quando estamos com os pés descalços
no banheiro e com a mão vamos ligar ou desligar o chuveiro.
condutor
corrente
Uma maneira de evitar os choques elétricos é fazer a ligação dos aparelhos à terra. O "fio
terra" é feito enterrando-se, no local da instalação, uma barra de cobre em local úmido, para
garantir alta condutividade elétrica entre os condutores e a terra.
Conectado à barra, deve haver um
fio de cobre que siga junto aos
demais fios da intalação elétrica,
formando, no caso da tomada, o
terceiro fio.
O fio terra também é utilizado para
aterramento das carcaças metálicas
de chuveiros e outros aparelhos,
conforme ilustra a figura ao lado.
Se o trecho do nosso corpo que faz parte do circuito elétrico
envolve as duas mãos, o risco é maior que nas situações
anteriores. Isso porque a corrente elétrica passa diretamente
pelo coração. Dependendo de sua intensidade, pode provocar
até fibrilação ventricular, o que pode levar à morte em poucos
minutos.
9
3Elementos dos
circuitos elétricos
Nesta aula você
vai reconhecer os
difentes tipos de
circuito e os seus
elementos principais.
Ligar e desligar; abrir efechar; acender e apagar;
sintonizar...
Adivinhe do que nósestamos falando.
10
3Ao colocar um aparelho elétrico em funcionamento
estamos fechando um circuito elétrico. Esse circuito é
constituído de aparelho elétrico; fonte de energia
elétrica, que pode estar situada próximo ou distante do
aparelho; e fios de ligação, que conectam
adequadamente um ao outro.
Para facilitar o manuseio, os circuitos elétricos contêm um
elemento extremamente importante, que é o interruptor.
Nos aparelhos elétricos o interruptor é o botão liga-desliga.
Já no circuito elétrico residencial existem vários locais onde
ele pode ser interrompido, tais como: chaves, disjuntores,
tomadas, plugues, soquetes onde são rosqueadas as
lâmpadas, dentre outros.
A principal função dos fios de ligação em um circuito
elétrico é delimitar o local que servirá como um caminho
ou uma trilha através da qual a energia elétrica da fonte
chega até o aparelho elétrico e assim, passa ser utilizada
por ele. Por exemplo, o fio de cobre utilizado na instalação
elétrica residencial inclui uma capa plástica. O metal, nesse
caso, é o caminho ou a trilha por onde a energia elétrica
da fonte vai chegar até os aparelhos e a capa plástica que
é um material isolante, delimita esse caminho. Quando a
energia da fonte está sendo utilizada pelo aparelho,
dizemos que o circuito está fechado e que há uma
corrente elétrica.
Quando ligamos uma lanterna e sua lâmpada acende, o seu
circuito elétrico, constituido de filamento da lâmpada e seus
pontos de contato – fios de ligação cujas extremidades são
conectadas aos dois terminais da pilha –, está fechado.
Desse modo, a energia química da pilha, transformada em
energia elétrica, é utilizada pela lâmpada.
O mesmo se dá quando acendemos uma lâmpada ou
ligamos um chuveiro, só que nestes casos, a fonte está
longe e é de uso coletivo: é a usina.
Quando ligamos para uma pessoa por um telefone comum,
pelo sistema de fios, estamos tentando fechar um circuito
elétrico que envolve o nosso aparelho, uma ou mais centrais
tefônicas e o aparelho telefônico que está sendo chamado.
Esse circuito, que é parte da rede elétrica tefefônica, é
constituído de fios de ligação e vários pontos de
interrupção.
Se o telefone da outra pessoa está fora do gancho, o circuito
elétrico não fecha e, por isso, a ligação não se completa.
O mesmo se dá quando o fone não é retirado do gancho;
isto é, toca e ninguém atende.
Mais recentemente, as ligações telefônicas também estão
sendo realizadas através de microcomputadores, nos quais
a voz é complementada por mensagens e imagens na tela.
Nesta situação, se a ligação entre os microcomputadores
é feita através de fios condutores de eletricidade, vários
pontos de interrupção são encontrados ao longo desse
circuito e que durante a comunicação são acionados para
fechá-lo.
Elementos dos circuitos elétricos
11
Quando ligamos o rádio, mesmo que nenhuma estação
esteja sintonizada, estamos fechando o seu circuito
elétrico interno que inclui, entre muitas coisas, a fonte de
energia, fios de ligação, o alto-falante. Ao sintonizarmos
uma estação, algo a mais acontece, relacionado com a
antena do aparelho e a da estação. Que tipo de coisa é
essa você vai estudar em detalhes neste curso, mais adiante.
Agora, podemos adiantar que a antena da estação
comunica-se com a do aparelho de rádio sem necessidade
de fios.
Com a TV acontece algo semelhante quando sintonizamos
uma determinada estação. A diferença reside em que a
comunicação entre as antenas do aparelho e da estação
escolhida envolve, além do som, a imagem. Internamente,
o aparelho de TV contém vários circuitos elétricos que
envolvem diferentes materiais condutores de eletricidade.
Tais circuitos estão conetados à mesma fonte de energia
elétrica que faz funcionar os demais aparelhos elétricos
que são ligados na rede elétrica residencial.
Mais recentemente temos encontrado cada vez mais os
chamados telefones celulares. Internamente, os circuitos
elétricos são alimentados por uma bateria, mas a
comunicação entre eles dá-se por meio de antenas.
A comunicação entre microcomputadores também tem sido
possível não apenas através de circuitos com fios mas
também fazendo uso de antenas. Com o crescimento das
comunicações entre governos, instituições científicas,
bibliotecas, dos mais diferentes locais do planeta, além dos
eventos que hoje têm transmissão para todas as regiões
ou boa parte delas, a utilização de antenas e satélites
artificiais tem sido cada vez mais presente.
12
Atividade experimental
faça você mesmo...
2- Faça uma lista dos materiais acima identificados e classifique-os como condutores ou isolantes elétricos.
nome do componente ou dispositivo materiais utilizados função que desempenha no circuito
soquete porcelana e latão faz a ligação entre a lâmpada e
os fios de ligação
fios de ligação
interruptor
plugue
tomada
1- Você realizará nesta atividade um levantamento dos componentes e dispositivos elétricos residenciais e a identificação
das suas funções para a constatação de alguns parâmentros comuns aos aparelhos elétricos. Veja o exemplo a seguir e
siga em frente com os outros componentes, além dos que já estão listados.
13
4. pregador de botão
Todo aparelho elétrico tem um manual com
instruções de uso e informações sobre as condições
de seu funcionamento. Muitas vezes, elas também
aparecem nas "chapinhas" fixadas nos próprios
aparelhos.
.
3. escovador de sapatos
2. palitador de dentes
Você vai escolher pelo menos 5 aparelhos elétricos de sua
casa e anotar todas as informações que estão nas suas
"chapinhas". Veja como fazer observando o exemplo a
seguir:
Cuidado!
É 110 ou 220 ? Aqui você vai
aprender
um pouco de
Eletricidade com as
informações das
"chapinhas" dos
aparelhos elétricos.
4
aparelhos elétricos informações dos fabricantes
60 voltas por minuto - cc
15 watts
1. ventilador de bolso
3 dentes por vez - 0,5 W
( escove os dentes após)
um pé por vez
frequência de escovação
20 hertz
2 pilhas de 1,5 volt
linha corrente
14
4Com o levantamento das informações você deve ter
percebido que elas podem aparecer de diferentes
maneiras: existem números, letras, palavras e sinais. O
importante é saber que muitas vezes, apesar de aparecer
de forma diferente, trata-se da mesma informação. Por
exemplo: em alguns aparelhos vem escrito 110 V; em outros
vem escrito voltagem 110 V; já em outros essa mesma
informação aparece como tensão elétrica 110 volts.
aparelho informação do fabricante
aspirador de pó 110 volts
máquina de lavar roupa tensão elétrica 110 V
lâmpada 110 V
Veja que por simples comparação você pode saber que se
trata de várias informações a respeito de uma mesma
grandeza elétrica, que no caso é a tensão, o seu valor
numérico, que é 110; a sua unidade de medida, que é
volt e o símbolo de sua unidade, que é V.
Se você observar o conjunto das informações que aparecem
nos aparelhos, perceberá que existem outras grandezas
elétricas, com outros valores, unidades de medida e
símbolos diferentes.
Que outras grandezas elétricas você identificou nas
informações dos fabricantes?
Para organizar as suas respostas você pode construir uma
tabela como a ilustrada a seguir:
nome da grandeza o valor e sua unidade o símbolo
1. tensão elétrica 110/220 volts V
2. ... .... ..
... .... ..
Pelo levantamento das informações fornecidas pelos
fabricantes de aparelhos elétricos e sua organização em
tabelas de acordo com o que você acabou de fazer, foram
identificadas algumas das principais grandezas elétricas.
Comentaremos algo sobre elas a partir de agora.
Tensão elétrica ou voltagem (U)
Os aparelhos elétricos que são ligados na tomada ou à
rede elétrica da residência trazem escrito os valores de
110 V ou 220 V. Alguns aparelhos, como os rádios, por
exemplo, permitem que se ajuste o aparelho à tensão
da rede elétrica da residência da cidade onde você mora
e que pode ser 110 V ou 220 V.
Outros aparelhos, como a geladeira, a máquina de lavar
roupas, o ferro de passar, o liquidificador, não têm tal botão
que permite o ajuste da tensão. Eles funcionam ou na tensão
110 V ou na 220 V.
No caso de um desses aparelhos ser ligado numa tensão
maior que a especificada pelo fabricante, ele queima
quase imediatamente. Se ele for ligado a uma tensão menor
que a especificada, ou o aparelho não funciona ou funciona
precariamente.
3.
Cuidado! É 110 ou 220?
15
Potência (P)
A potência é a grandeza elétrica que indica o consumo
de energia elétrica do aparelho em cada unidade de
tempo de seu funcionamento. Por exemplo, se uma
lâmpada tem potência de 100 watts, significa que em cada
segundo de funcionamento ela consome 100 joules de
energia elétrica.
A maioria dos aparelhos elétricos tem apenas um valor de
potência, mas existem alguns que trazem escrito mais de
um valor, como por exemplo o chuveiro elétrico. Nesse
caso, ele tem geralmente um valor para a posição verão
e outro para o inverno. Na verão, em que a água é menos
aquecida, o valor é menor. Na inverno, em que a água é
mais aquecida, o valor da potência é maior e,
conseqüentemente, o consumo de energia elétrica é
também maior.
Corrente elétrica (i)
A maioria dos aparelhos elétricos não traz essa informação
especificada. Ela, entretanto, está presente em todos os
aparelhos elétricos quando eles estão em funcionamento.
A corrente elétrica é uma grandeza cujo valor depende da
potência do aparelho e também da tensão em que ele é
colocado para funcionar. Por exemplo, uma lâmpada de
100 watts feita para funcionar na tensão 110 volts, quando
ligada requer maior corrente elétrica que uma de potência
Existem dois tipos de corrente elétrica: a corrente contínua,
que é fornecida por pilhas e baterias, e a corrente alternada,
que é aquela fornecida pelas usinas para casas, indústrias
etc.
A corrente contínua tem valor que não se altera para um
mesmo aparelho e tem como símbolo nos folhetos ou
mesmo nas chapinhas dos aparelhos as letras "CC" ou
"DC".
A corrente alternada tem um valor que varia dentro de
um intervalo durante o funcionamento de um mesmo
aparelho elétrico. Ela tem como símbolos as letras "CA"
ou "AC" ou mesmo o sinal ~.
Freqüência (f)
Embora a freqüência seja uma grandeza presente na maioria
dos aparelhos elétricos nos valores 50/60 e na unidade
hertz (Hz), ela não é usada somente na eletricidade. Nesse
caso, ela se refere a uma característica da corrente elétrica
alternada obtida com as usinas geradoras de eletricidade.
No Brasil, a freqüência da corrente alternada é de 60 hertz,
ou seja, 60 ciclos por segundo. Há países, como Portugal
e o Paraguai, em que a freqüência é de 50 hertz.
de 60 watts e de mesma tensão. É por essa razão que a
lâmpada de 100 watts apresenta luminosidade maior que
a de 60 watts.
16
esclarecendo....
Antes que você pense que isso é tudo convém esclarecer
que a voltagem, a potência, a corrente e a freqüência
não são as únicas grandezas elétricas que existem. Mas
elas são as que mais aparecem quando investigamos as
informações fornecidas pelos fabricantes de aparelhos
elétricos.
Saiba que elas constituem um conjunto mínimo de
informações necessárias para a utilização adequada dos
aparelhos. Por isso é sempre recomendável ler as
instruções antes de ligar o aparelho que se acabou de
comprar.
Você pode estar se perguntando por que as unidades de
medida dessas grandezas têm nomes tão diferentes das
que você estudou até hoje: volt, watt, ampère e hertz.
Essas palavras são sobrenomes de cientistas que tiveram
uma contribuição importante no conhecimento dos
fenômenos da eletricidade. Veja na tabela a seguir
algumas informações sobre de onde elas surgiram:
volt tensão elétrica Alessandro Volta
nacionalidade época em que viveu unidade grandeza homenageado
watt potência James P. Watt
ampère corrente elétrica André M. Ampère
hertz freqüência Heinrich R. Hertz
italiano 1745–1827
inglês 1818–1889
francês 1775–1836
alemão 1857–1894
Responda rápido:Responda rápido:Responda rápido:Responda rápido:Responda rápido:
1. No folheto de uma secadora encontram-se as
seguintes informações:
a) quais as grandezas que aparecem?
b) quais seus valores e unidades?
nomes de nomes
17
5A conta
de luz
Aqui será o local
em que vamos entender
as informações que
fazem parte da sua
"conta de luz".
Você é pai de família? Mãe de
família? Não? Que sorte!
Não diga que você é filhinho
ou filhinha de papai!
Nesse caso, quando chega em
sua casa a conta de luz, no
máximo você a pega e
entrega rápido para outra
pessoa?
Quem põe a mão no bolso
para pagar a conta?
18
Toda vez que um aparelho elétrico entra em
funcionamento, ocorre uma transformação de energia
elétrica em outras formas de energia, como luminosa,
sonora, mecânica de rotação, térmica, dentre outras.
Sem uma fonte de energia elétrica adequada e em
condições de funcionamento, os aparelhos de nada
servem.
As pilhas, as baterias, os acumuladores (usualmente
chamados de baterias de automóveis e motos) e as usinas
são as fontes de energia elétrica mais utilizadas no nosso
dia-a-dia.
O acesso e a utilização de tais fontes representa, para nós,
um custo a pagar, seja na hora da compra das pilhas e
baterias nos bares, mercados, relojoeiros, no auto-elétrico,
seja na hora de pagar a conta de energia elétrica,
comumente chamada de “conta de luz”.
A partir desse momento, passaremos a analisar do que
se compõe e como se calcula o custo da energia elétrica
em nossa casa, que é fornecida pelas usinas geradoras de
eletricidade através das companhias distribuidoras.
Observe o modelo de uma conta de luz e responda às
questões que vêm a seguir.
CUIDADO: SAIBA CO
ELETROCHOQUE
A sua companhia de energia elétrica
Nome Número de Refe
VITIMA DOS PREÇOS ATACADOS 417627
Endereço da Unidade Cosumidora
TRAVESSA DOS AFLITOS, 10 ALTOS
M E D I D O R Consumo Leitura Cód. Emitida em
Número Constante Leitura kWh Dia Mês F C
7131312 00001 7372 264 31 3 2 1 01/04/99
Consumo Registrado nos Últimos Meses - kWh Descrição
244 - MAR/99 251 - NOV/98 298 - JUL/98 FORNECIMENTO (F) 271 - FEV/99 233 - OUT/98 235 - JUN/98 ICMS 278 - JAN/99 268 - SET/98 294 - MAI/98 170 - DEZ/98 304 - AGO/98 297 - ABR/98
COMPOSIÇÃO DO FORNECIMENTOFaixa de Consumo CONSUMO kWh MER$/kWh VALORES EM MERRECAS
0 - 30 30 0,0194 0,5831-100 70 0,0489 3,42
101 - 200 100 0,0882 8,81ACIMA 200 64 0,1173 7,50
264 Total
C.G.C Insc. Estadual ICMS Base de Cálculo Alíquota (X) V
27,07 25%
Sua Agência de Atendimento
5 A conta de luz
19
COMPOSIÇÃO DO FORNECIMENTOFaixa de Consumo CONSUMO kWh MER$/kWh VALORES EM MERRECAS
0 - 30 30 0,0194 0,5831-100 70 0,0489 3,42
101 - 200 100 0,0882 8,81ACIMA 200 64 0,1173 7,50
Algumas companhias distribuidoras de eletricidade
adotam valores diferentes para certas faixas de kWh
consumidos, conforme está indicado na figura a seguir.
1. DATA DE VENCIMENTO _________________________
2. MULTA POR ATRASO _________________________
3. TOTAL A PAGAR _________________________
4. CONSUMO E UNIDADE_________________________
O consumo representa a quantidade de energia
consumida ou utilizada por sua residência. Ela é medida
em kWh, que significa quilowatt-hora. O quilo é o mesmo
do quilograma, do quilômetro, e significa 1000 vezes. Já
watt-hora representa a medida da energia elétrica. Embora
possa lhe parecer “estranho” que watt-hora seja uma
unidade de energia (você se lembra de uma outra?),
recorde que watt é uma unidade de potência, e hora uma
unidade de tempo. O produto potência x tempo resulta
na energia. Assim, watt-hora representa o produto da
potência pelo tempo, e 1 kWh é 1.000 watt-hora.
Essa unidade é a medida da energia elétrica utilizada pelas
casas porque a potência dos aparelhos elétricos é medida
em watt, e o tempo de funcionamento dos aparelhos em
horas.
Se você dividir o valor total a pagar ou já pago pelo
consumo, ou seja, a quantidade de kWh utilizada pela sua
casa, obterá o valor médio de quanto lhe custou cada kWh
de energia.
Faça o cálculo e anote aqui o valor encontrado :
1kWh = _________
A quantidade de energia que você utiliza em casa
depende de dois fatores básicos: da potência dos aparelhos
e do tempo de funcionamento. Os dois fatores, ao contrário
do que se imagina, são igualmente importantes, quando
se pensa no custo a pagar pela energia elétrica utilizada.
Um aparelho de baixa potência, mas que funcione du-
rante muito tempo diariamente, pode gastar tanta ou mais
energia que um outro aparelho de maior potência que
funcione durante pouco tempo.
O valor indicado na conta como consumo da energia elétrica
representa o somatório do produto da potência de cada
aparelho elétrico pelo tempo de funcionamento entre uma
medida e outra.
Esse valor é obtido a partir de duas leituras realizadas, em
geral, no período de trinta dias.
No "relógio de luz", essa leitura é feita pela indicação de
quatro ponteiros, da esquerda para a direita, conforme
indica o exemplo a seguir.
leitura realizada no início do mês de abril
ENERGIA = POTÊNCIA XTEMPO
E = P X t
leitura realizada no início do mês de maio
consumo = 5 107 - 4 731 = 376 kWh
20
exercitando....
A conta de luz de uma residência indica o valor a pagar
igual a $ 76,00. O consumo da energia elétrica medido
em kWh é 443. Qual é, em média, o valor pago por
1 kWh? Compare o valor encontrado com o calculado na
página anterior. Admitindo-se que o mês de utilização
seja o mesmo, explique a difença no valor encontrado.
1. Custo e imposto
Um aluno do colegial leu o anúncio reproduzido abaixo
e ficou com a seguinte dúvida: comprar o secador de
cabelos mais potente e mais caro ou comprar o mais
barato e menos potente? Ajude o aluno a resolver este
problema, pois ele ainda não estudou eletricidade, e discuta
as vantagens e desvantagens de cada um.
2. Dilemas da juventude
faça você mesmo
A soma de todos os produtos da potência pelo tempo de
funcionamento medido em horas indica a energia utilizada
em uma semana medida em watt-hora. Para saber o
consumo mensal, basta multiplicar por 4, que é o número
de semanas por mês. Dividindo-se por 1000, o resultado
será o valor do consumo medido em kWh. Faça as contas e
compare com o valor impresso em sua conta. Verifique se
eles são próximos ou muito diferentes. Tente explicar as
razões das possíveis diferenças.
Você pode ter idéia se o consumo indicado na sua "conta
de luz" não está fora da realidade por erro de leitura fazendo
a atividade proposta a seguir. Para tanto, utilize a tabela
abaixo e anote os valores referentes a cada uma das colunas.
O tempo de funcionamento de cada aparelho deve ser o
mais preciso possível. Lembre-se de que a geladeira e o
freezer funcionam, em média, 8 horas por dia, pois eles
ligam e desligam. Se você tiver radiorrelógio, leve em
conta apenas o tempo de funcionamento do rádio, pois o
relógio tem consumo muito pequeno.
aparelho potência emwatt
tempo defuncionamentona semana em
horas
potência xtempo emwatt-hora
CABELOS LONGOS, BEM CUIDADOS,
VALORIZAM SEU VISUAL!
ANÚNCIOS MÁGICOS
Por apenas $ 45,00, você adquire umsecador de cabelos de 1000 watts, ou,se preferir, por $ 31,50, você leva umde 800 watts.
21
6Atividade e
exercícios
Você vai rever o que foi
discutido nas aulas
anteriores fazendo
as questões
propostas.
EXEXEXEXEXEXERCÍCIOS(Eletricidade: presença e entendimento)
22
6Atividade
Você vai escolher 3 aparelhos resistivos, 3 aparelhos
motores e 3 aparelhos de comunicação e tomar os dados
necessários para preecher a tabela a seguir.
A partir dos dados, responda as seguintes questões:
1. Que categoria de aparelho costuma apresentar maior potência?
2. Qual categoria de aparelho apresenta menor potência?
3. Todos os aparelhos apresentam tensão 110 V ou 220 V? Por quê?
4. Que tipo de aparelho não costuma ser bivolt, isto é, funcionar tanto em 110 V quanto em 220 V?
5. Se todos esse aparelhos funcionassem 2 horas por dia, qual a energia elétrica utilizada em 1 mês?
6. Qual desses aparelhos elétricos utiliza mais energia nesse mesmo tempo de funcionamento?
Atividade e Exercícios
23
exercitando...
1. Analise as figuras abaixo e responda 2. Que informações estão sendo fornecidas em cada um
dos itens abaixo:
a) 110/127 V c) 123 W CA
b) 3 V CC d) 50/60 Hz
3. Como se dá a transmissão e a recepção em aparelhos
que transmitem sem fio?
4. A figura é a reprodução de uma parte da conta de luz.
a) É possível calcular o consumo de energia de uma
residência sem usar a informação da conta? Como? Que
dados são necessários?
b) Se na residência da conta acima fosse acrescentada
uma secadora de 1200 W, usada 50 horas por mês, para
quanto iria o consumo? E o custo?
5. Numa conta de luz encontramos o seguinte valor: 234
kWh. Ele se refere a:
a. potência consumida
b. tensão consumida
c. energia consumida
d. corrente do circuito
aparelhos resistivos
motores elétricos
fontes de energia elétrica
a) Explique a classificação dos aparelhos dada acima.
b) Há aparelhos que podem ser classificados em mais de um
tipo. Dê exemplos e justifique a resposta.
c) Que tipos de transformação de energia ocorrem nos
aparelhos resitivos? E nos motores?
d) As fontes de energia produzem energia elétrica ou
simplesmente transformam? Explique.
24
12. Em um secador de cabelo as informações fornecidas
pelo fabricante são: 110 V; 50-60 Hz; 100 W.
Esse aparelho, quando ligado durante 10 minutos, "gasta"
mais energia que:
I - Uma lâmpada 110 V-60 W
II - Uma lâmpada de 220 V-100 W
III - Uma lâmpada de 110 V-150 W
ligadas também durante 10 minutos cada uma.
6. Observe a figura e responda:
a. Qual a energia gasta por essa lâmpada em uma
hora?
b. De onde vem essa energia?
c. Toda essa energia é transformada em luz? Explique.
d. Essa lâmpada é usada normalmente em corrente
contínua ou alternada?
e. Explique a diferença entre esses dois tipos de corrente.
7. Uma residência pagou $ 65,00 (valor em merrecas)
pelo consumo de 384 kWh.
Qual o valor médio pago por cada kWh?
8. Uma lâmpada de filamento apresenta o valor escrito
sobre o vidro.
O que é esse valor e qual seu significado?
teste seu vestibular...
9. Uma lâmpada com inscrição 110 V-100 W brilha mais
ou menos que uma de 220 V-60 W? A que se refere os
números e letras impressos nessas lâmpadas?
10. Um chuveiro de 2800 W/220 V é usado 30 horas por
mês, enquanto um aquecedor de 1200 W/110 V é usado
50 horas no mesmo período. Qual dos dois consome
mais energia?
11. Para secar o cabelo, um jovem dispõe de dois
secadores elétricos: um de 1200 W-110 V e outro de
700 W-110 V. Discuta as vantagem de utilizar um e outro.
100W
25
Chuveiros
elétricos
Agora você vai
ficar por dentro
de como são
construídos esses
aparelhos.
7 Quando está quente, o chuveiro faz aágua"ferver"; quando está frio, a água nãoesquenta. O que é que tem esse chuveiro?
26
7
Vamos descobrir qual é a relação entre essas grandezas e os aparelhos elétricos presentes em nosso
dia-a-dia.
As informações contidas nas chapinhas geralmente se referem a grandezas físicas que indicam as
condições de funcionamento desses aparelhos.
Observação do chuveiro
5. Quantos pontos de contato elétrico existem no resistor?
6. Observe que o resistor é divido em dois trechos. Quais
são os pontos de contato para a posição verão? E para a
posição inverno?
7. Por que o chuveiro não liga quando a água não tem
muita pressão?
roteiro
1.Dados do fabricante:
Tensão
Potência
2. Qual a transformação de energia realizada pelo
chuveiro? Onde ela é realizada?
3. Quando a água esquenta menos?
4. Dá choque em algum lugar quando você toma
banho?
Chuveiros elétricos
27
Observe que o resistor tem três pontos de contato, sendo
que um deles permanece sempre ligado ao circuito.
As ligações inverno-verão são obtidas usando-se
comprimentos diferentes do resistor.
Na ligação verão usa-se um pedaço maior desse mesmo
fio, enquanto a ligação inverno é feita usando-se um
pequeno trecho do fio.
Na ligação inverno, a corrente no resistor deverá ser maior
do que na posição verão, permitindo assim que a potência
e, portanto, o aquecimento sejam maiores.
Quando a tensão, o material e a espessura são mantidos
constantes, podemos fazer a seguinte relação, conforme a
tabela a seguir.
O circuito elétrico do chuveiro é fechado somente quando
o registro de água é aberto. A pressão da água liga os
contatos elétricos através de um diafragma. Assim, a
corrente elétrica produz o aquecimento no resistor. Ele é
feito de uma liga de níquel e cromo (em geral com 60%
de níquel e 40% de cromo).
Na posição verão, o aquecimento da água é menor, e
corresponde à menor potência do chuveiro. Na posição
inverno, o aquecimento é maior, e corresponde à maior
potência.
As ligações inverno-verão correspondem, para uma
mesma tensão, a diferentes potências. Na maioria dos
chuveiros a espessura do fio enrolado – o resistor –
comumente chamado de "resistência", é a mesma.
A maioria dos chuveiros funciona sob tensão elétrica de
220 V e com duas possibilidades de aquecimento: inverno
e verão. Cada uma delas está associada a uma potência.
Quando fizemos a classificação dos aparelhos e
componentes eletrônicos, o grupo dos resistivos, cuja
função é produzir aquecimento, foi colocado em primeiro
lugar. A razão dessa escolha é que, normalmente, os
resistivos são os aparelhos mais simples. Desse grupo
vamos destacar chuveiros, lâmpadas incandescentes e
fusíveis para ser observados e comparados.
verão inverno
aquecimento menor maior
potência menor maior
corrente menor maior
comprimento do resistor maior menor
invernoverãoAlguns fabricantes usam
para o verão todo o
comprimento do resistor,
e um dos pedaços para o
inverno.
28
exercitando....exercitando....exercitando....exercitando....exercitando....
1. Leia o texto e observe a figura.
Os chuveiros elétricos têm uma chave para você
regular a temperatura de aquecimento da água, de acordo
com suas necessidades: na posição verão, o aquecimento
é mais brando, e na posição inverno, o chuveiro funciona
com toda sua potência. Mas, se for necessário, você poderá
regular a temperatura da água abrindo mais ou fechando o
registro da água: quanto menos água, mais aumenta o
aquecimento.
Responda as seguintes questões:
a) Qual é a tensão do chuveiro?
b) Qual é a potência que corresponde à posição verão?
c) Em qual das duas posições o resistor tem maior
comprimento?
d) Em qual posição a corrente é maior?
e) Indique no esquema as ligações inverno e verão.
f) De acordo com suas observações, você diria que o
aumento no comprimento do filamento dificulta ou favorece
a passagem de corrente elétrica? Explique.
g) O que acontece se ligarmos esse chuveiro na tensão
110 V? Explique
verão inverno
aquecimento
potência
corrente
comprimento do resistor
2. Complete a tabela abaixo usando adequadamente as
palavras menor e maior:
220V
4400/2800W
29
8Lâmpadas
e fusíveis
Aqui você vai ficar
por dentro de como se
obtêm diferentes
brilhos sem mudar a
tensão e para que
servem os fusíveis.
Lâmpada de 100, de 60, de 25...Afinal, o que é que as lâmpadas têm
para se diferenciaremumas das outras?
30
8Observação de lâmpadas
Vamos comparar um conjunto de lâmpadas e analisar como os fabricantes conseguem obter diferentes potências sem
variar a tensão.
Os filamentos mais usados são os de formato em dupla espiral, que permitem a redução de suas dimensões e, ao
mesmo tempo, aumentam sua eficiência luminosa. Eles são feitos de tungstênio.
roteiro
1. Qual delas brilha mais?
2. Qual a relação entre a potência e o brilho?
3. Em qual delas o filamento é mais fino?
4. Qual a relação existente entre a espessura do filamento
e a potência?
5. Em qual lâmpada a corrente no filamento é maior?
6. Qual a relação existente entre a corrente e a espessura?
As lâmpadas elétricas se dividem em dois tipos básicos:
INCANDESCENTES e de DESCARGA, usualmente
chamadas de fluorescentes.
As lâmapadas incandescentes produzem luz por meio
do aquecimento de um filamento de tungstênio, enquanto
nas lâmpadas de descarga a luz é emitida graças à excitação
de gases ou vapores metálicos dentro de um tubo. Por
isso, as lâmpadas fluorescentes são conhecidas como
lâmpadas frias.
Neste momento vamos tratar, apenas, das lâmpadas
quentes: as incandescentes.
Essas lâmpadas de filamento são classificadas no grupo dos
resistivos, pois, embora sejam utilizadas para iluminar, uma
fração muito pequena da energia é luz (∼ 5%), o restante,
95%, produz aquecimento.
O princípio de funcionamento da lâmpada incandescente
baseia-se na corrente elétrica que aquece um filamento de
tungstênio. As lâmpadas são fabricadas a vácuo para evitar
a oxidação dos filamentos: o ar é retirado no processo de
fabricação e é injetado um gás inerte, em geral o argônio.
Para obter diferentes luminosidades, o fabricante altera,
geralmente, a espessura do filamento: quanto maior a
espessura, maior a corrente e, portanto, maior a
luminosidade.
Lâmpadas e fusíveis
31
Quando ocorre a fusão, o circuito fica aberto,
interrompendo a passagem da corrente, e os aparelhos
deixam de funcionar. Quanto maior for a corrente
especificada pelo fabricante, maior a espessura do
filamento. Assim, se a espessura do filamento do fusível
suporta no máximo uma corrente de 10A e por um motivo
qualquer a corrente exceder esse valor, a temperatura
atingida pelo filamento será suficiente para derretê-lo, e
dessa forma a corrente é interrompida.
Por isso é que os fusíveis devem ser feitos de um material
de baixo ponto de fusão, para proteger a instalação.
fusível de cartucho
fusível de rosca
Observação dos fusíveis
Os fusíveis são elementos essenciais dos circuitos elétricos, pois sua função é proteger a instalação. Existem vários
tipos de fusível; o mais simples deles é o de rosca, conforme ilustra a figura a seguir. Nesse tipo, o material
utilizado é uma liga que contém estanho. Outro tipo de fusível é o de cartucho, geralmente utilizado em aparelhos
de som.
roteiro
Nesta atividade vamos comparar um conjunto de diferentes fusíveis de rosca.
1. Identifique num fusível de rosca seus elementos essenciais: pontos de contato elétrico, filamento e outros
materiais que o constituem.
2. Em qual deles a espessura é maior?
3. Qual a relação existente entre a espessura e a corrente indicada pelo fabricante?
4. De que maneira os fusíveis conseguem proteger o circuito elétrico de uma residência?
O controle da corrente elétrica é feito pela espessura do
filamento.
Os fusíveis se encontram normalmente em dois lugares
nas instalações elétricas de uma residência: no quadro
de distribuição e junto do relógio medidor. Além disso
eles estão presentes no circuito elétrico dos aparelhos
eletrônicos, no circuito elétrico do carro etc.
Quando há um excesso de aparelhos ligados num mesmo
circuito elétrico, a corrente elétrica é elevada e provoca
aquecimento nos fios da instalação elétrica. Como o fusível
faz parte do circuito, essa corrente elevada também o
aquece. Se a corrente for maior do que aquela que
vem especificada no fusível: 10A, 20A, 30A etc, o seu
filamento se funde (derrete) antes que os fios da instalação
sejam danificados
32
exercitando...
1. Preencha o quadro a seguir utilizando setas na vertical,
cujo sentido indica o valor crescente da grandeza indicada.
2. O que acontecerá se ligarmos uma lâmpada com as
inscrições (60W-110V) na tensão 220V? Por que?
3. Por meio de qual processo se obtém luz numa lâmpada
de filamento?
4. Preencha a tabela abaixo utilizando setas na vertical,
cujo sentido indica o valor crescente da grandeza indicada,
ou o sinal de igual.
5. Numa instalação elétrica residencial ocorre
freqüentemente a queima do fusível de 15A. Para resolver
o problema, um vizinho sugere que se troque por um
outro de 30A. Esse procedimento é correto? Justifique,
levando em conta a sua função no circuito.
Rapidinhas
a) Qual a função do fusível na instalação residencial?
b) O que significa a informação 10A no fusível da figura?
c) Há diferença no fio de fusível de 20A em relação ao de
10A da figura ao lado? Qual? Por quê?
saiba que...
Os disjuntores também têm a mesma função dos fusíveis:
proteger a instalação elétrica.
Ao constrário dos fusíves, os disjuntores não são danificados
quando a corrente no circuíto é maior que a permitida;
eles apenas interrompem a corrente abrindo o circuito, de
forma que, depois de resolvido o problema, o dispositivo
pode voltar a funcionar novamente.
lâmpada brilho potência espessura corrente
25w
60w
100w
10A
20A
30A
fusíveis comprimento espessura corrente
33
9A potência nos
aparelhos resistivos
Aqui você vai aprender
em que condições os
aparelhos apresentam a
potência indicada pelo
fabricante.
4400 W
inverno 2200 W
verão
Tomar banho é uma das boas e desejáveis coisas afazer após um dia de trabalho, ou de um jogo na
quadra da escola. Mas se o chuveiro é daqueles quequando o tempo está frio ele esquenta pouco e nos diasquentes ele ferve, o banho pode tornar-se um martírio.
Como é que se obtém o aquecimento desejado nessesaparelhos?
34
9Para entrar em funcionamento, um aparelho elétrico tem
de estar conectado a um circuito elétrico fechado, que
inclui além dele uma fonte de energia elétrica. No caso
do circuito elétrico da nossa casa, ele é formado de
fios de cobre cobertos por uma capa de plástico, e a
fonte é a usina.
A maioria dos aparelhos resistivos são formados de
apenas um fio metálico enrolado, que é chamado de
resistor.
Há também aparelhos resistivos que não possuem o
enrolamento de fio metálico, como o ferro de passar
roupas, os ebulidores de metal, os resistores cerâmicos
de aquecedores.
Os fios de cobre da instalação da casa são ligados
às suas extremidades e, assim, o circuito é fechado.
Quando o aparelho entra em funcionamento, a
corrente elétrica no circuito faz com que o
aquecimento fique mais concentrado no resistor. Por
exemplo, nas lâmpadas esse aquecimento é muito
grande e o filamento atinge temperaturas acima de
2000oC. Já nos chuveiros e torneiras elétricas, a
Potência corrente tensão
Potência corrente tensão
Potência corrente tensão
Para um certo aparelho, a tensão é sempre a mesma
durante o seu funcionamento. O chuveiro é um
exemplo disso. Mas mesmo assim podem-se obter
diferentes potências (verão e inverno) sem variarmos
a tensão. Isso só vai acontecer se a corrente no resis-
tor for também diferente, já que a tensão da fonte é
sempre a mesma. Para visualizar, podemos escrever
uma tabela:
temperatura atingida é menor, até porque o filamento
está em contato com a água. A mesma coisa acontece
nos aquecedores, que são utilizados nos dias frios, em
que o resistor adquire a cor vermelha. Sua temperatura
fica entre 650oC e 1000oC, dependendo da intensidade
da cor.
A potência nos aparelhos resistivos
O aquecimento obtido com tais aparelhos é um efeito
da corrente elétrica que existe no seu circuito. Esse efeito
térmico da corrente elétrica, que tem o nome de efeito
Joule, é inseparável da sua causa, isto é, onde houver
corrente, há aquecimento.
35
P = i . U
A relação entre a potência, a corrente e a tensão pode ser
expressa pela fórmula:
Potência = corrente x tensão
ou
Para que se possa obter esses diferentes graus de
aquecimento é preciso controlar o valor da corrente
elétrica no resistor.
Ao variar a resistência elétrica do resistor, aumentando-a
muito, mais ou menos ou pouco, regulamos a passagem
da corrente no resistor e controlamos o valor da corrente.
O controle do aquecimento em lâmpadas, chuveiros e outros
aparelhos resistivos é realizado através do valor da corrente
elétrica que existe no resistor. Assim,
MAIOR MAIOR MAIOR
AQUECIMENTO POTÊNCIA CORRENTE
Assim, uma primeira forma de pensar esse efeito foi
considerar a resistência elétrica de um resistor como a
medida da "dificuldade" que ele "opõe à passagem" de
corrente, idéia que surgiu quando a corrente elétrica era
tida como um fluido. Embora não seja assim, esse modelo
permite explicar a relação entre resistência e corrente
elétrica de forma adequada.
resistência elétrica corrente elétrica
Os resistores não são feitos de cobre, que é o material das
instalações. Nas lâmpadas, por exemplo, o material
utilizado é o tungstênio.
Além disso, a espessura do filamento é alterada; assim,
obtêm-se valores diferentes de corrente e,
conseqüentemente, de potência sem que seja necessário
mudar o valor da tensão.
Já no chuveiro o material utilizado é uma mistura de
níquel e cromo, e o aquecimento maior no inverno é
obtido com o uso de um pedaço menor do seu filamento.
P = i . U
resumindo...
Para se obter diferentes graduações no
aquecimento de um certo tipo de aparelho
resistivo, o fabricante ou muda a espessura
e/ou muda o comprimento do resistor.
grande pequenaX
→ →→ →→ →→ →→ →
36
exercitando...
Rompendo a barreira da escuridão
parte 1
Como diz o grande sábio que mora aqui no bairro,
“depois de um tropeço vem uma escorregada”. Estava
eu com a cozinha na mais completa escuridão quando
não tive outra saída senão ir até o mercadinho e comprar
uma lâmpada.
Na urgência em que me encontrava, peguei a lâmpada
e fui logo substituindo-a pela queimada. Ao ligar,
percebi que a luz que ela produzia era tão fraquinha
que parecia a de uma vela.
Minha primeira reação foi culpar o mercadinho, mas
logo me dei conta de que fui eu mesmo quem pegou
a lâmpada.
Verificando a potência da lâmpada, observei o valor de
60 W, a mesma da lâmpada queimada, mas a sua tensão
era de 220 volts, e não de 110 V.
Você pode me explicar por que a claridade não foi a
esperada?
parte 2
Voltando ao mercadinho, verifiquei que todas as lâmpadas
postas à venda eram de tensão 220 V, mas as potências
iam de 25 W até 250 W. Que sugestão você me daria
para que fosse possível, emergencialmente, aumentar a
luminosidade da minha cozinha? Explique sua sugestão.
Efeito bumerangue
Preocupada com o aumento da conta de luz que subia a
cada mês, uma mãe, que era a chefe daquela família,
resolveu agir, depois de todos os apelos para que seus
"anjinhos" ficassem mais "espertos" na hora do banho.
Ela retirou o chuveiro novo que havia comprado e que
tinha a potência de 5600 W / 2800 W - 220 V e recolocou
o antigo, que tinha potência de 3300 W/2200 W - 220 V.
Houve mudança no aquecimento da água?
Calcule o valor da corrente em cada caso e verifique se
isso está de acordo com sua resposta anterior.
Se isso acontecesse com você, que outra providência
tomaria?
37
O controle da
corrente elétrica
Agora você vai saber
de que maneira se
conseguem diferentes
aquecimentos.
Verão–inverno no chuveiro; 40 W, 60 W, 100 W nas
lâmpadas. Pela potência, obtêm-se diferentes
aquecimentos. Como o fabricante consegue fazer isso?
10
38
10
uso materiaisresistência
específica*
instalação residencial cobre
antena alumínio
lâmpada tungstênio
chuveiros níquel-cromo
capas de fios borracha
suporte de fios em
postesmadeira
apoio de fios em
postesvidro
*materiais a 20 C, medido em volt x metro/ampère
1,7 . 10-8
2,8 . 10-8
o
5,6 . 10-8
1,1 . 10-6
1013 a 1016
108 a 1014
1010 a 1014
Resistência elétrica
A escolha adequada do material a ser usado como resistor
leva em conta a temperatura que ele deverá atingir
(lembre-se de que ele não pode derreter) e também a sua
capacidade de "resistir" à corrente elétrica. Essa capacidade
é diferente para cada tipo de material, e por isso ela é
denominada de resistência específica. O valor da
resistência específica do material vai dizer se ele é bom
condutor ou não: quanto maior for esse valor, maior será a
"resistência" que ele oferece à corrente:
resistência específica ALTA mau condutor elétrico
resistência específica baixa bom condutor elétrico
A tabela a seguir ilustra os valores de alguns materiais:
É pelo controle da corrente que se pode graduar o
aquecimento produzido pelos aparelhos resistivos.
Escolhendo um material para ser o resistor, uma espessura
e um comprimento adequados, a resistência elétrica do
resitor fica determinada, e assim o valor da corrente elétrica
pode ser controlado.
Existe uma fórmula que permite o cálculo da resistência
elétrica. Adotando-se:
R para a resistência elétrica do resistor;
(lê-se rô) para resistência específica do material;
l para o comprimento do resistor;
A para a área de sua espessura;
podemos escrever que:
Nesta expressão matemática podemos obter um valor
numérico para a resistência elétrica do resistor dos aparelhos
resistivos, como o filamento da lâmpada, do chuveiro, dos
aquecedores, os fios de ligação etc.
Note que esta expressão está de acordo com a forma como
as lâmpadas são construídas, pois quanto maior for a
espessura do filamento, maior será a sua área e menor será
a resistência elétrica (lembre-se de que ela aparece no
denominador da fórmula).
ρρρρρ
O controle da corrente elétrica
l
R = ρ. l
A
39
Conseqüentemente, maior serão a corrente e a potência.
O mesmo se pode dizer para os chuveiros: como o
comprimento aparece no numerador da fórmula, quanto
maior ele for, maior será a resistência elétrica e, portanto,
menor serão a corrente e a potência. Isso corresponde à
posição verão.
Atenção
Esta expressão permite o cálculo da resistência elétrica de
um resistor na temperatura em que o valor da resistência
específica foi obtida. Isso quer dizer que se tivermos o
comprimento e a área da espessura do resistor do
chuveiro e conhecermos o material utilizado, poderemos
calcular a sua resistência elétrica. O valor encontrado,
entretanto, pode não ser aquele que o resistor do chuveiro
vai ter ao funcionar.
Unidade:
Quando a tensão é medida
em volt e a corrente em
ampère, a resistência é
medida em volt/ampère
(V/A), também conhecida
por Ohm (Ω).
inverno
verão
resistência resistência
desligada ligada
A temperatura do resistor muda bastante quando por ele
está passando corrente elétrica, e consequentemente o
valor de sua resistência elétrica também se altera: ele
aumenta muito. Isso acontece porque o valor da resistência
específica depende da temperatura.
O filamento de uma lâmpada de 40 W - 110 V, por
exemplo, tem resistência elétrica de aproximadamente
30 unidades quando ela está desligada. Acesa, a
temperatura do filamento chega a 2200oC, e o valor de
sua resistência passa a ter o valor de aproximadamente
302,5 unidades.
Existe uma fórmula que permite o cálculo da resistência
de um resistor em funcionamento:
tensão elétrica
Resistência elétrica = ________________
corrente elétrica
ou seja:
R = U/iR = U/iR = U/iR = U/iR = U/i R = U/iR = U/iR = U/iR = U/iR = U/i
<
40
Teste seu vestibular
1) Qual dos eletrodomésticos abaixo tem seu
funcionamento baseado no efeito Joule?
a. Geladeira b. Batedeira c. Torradeira
d. Liquidificador e. Espremedor de laranjas
2) No caso de um chuveiro ligado à rede de distribuição
de energia elétrica:
a. diminuindo-se o comprimento do resistor, reduz-se a
potência consumida.
b. aumentando-se o comprimento do resistor e
conservando-se constante a vazão de água, a sua
temperatura aumenta.
c. para conservar a temperatura da água, quando se
aumenta a vazão, deve-se diminuir o comprimento do
resistor do chuveiro.
d. a potência consumida independe da resistência elétrica
do chuveiro.
e. nenhuma das anteriores.
exercitando...
Planos (nada) econômicos
parte 1
Numa certa escola, já há algum tempo, os alunos
reivindicavam um chuveiro para tomar banho quente
depois dos jogos de campeonatos que se realizavam
aos sábados à tarde. Com a verba curta e os preços nada
atrativos, foi providenciado um chuveiro "baratinho", que
depois de instalado mal dava para perceber que estava
funcionando, pois a água praticamente não esquentava.
Proponha duas maneiras diferentes de solucionar esse
problema, excluída a possibilidade de trocar o chuveiro.
parte 2
Na organização da entrega dos diplomas no teatro da
escola, a diretora verificou que era preciso fazer a ligação
de uma tomada para a aparelhagem de som. Encarregou
o vigia de providenciar o material necessário mas
recomendou: “não gaste muito, que a verba está no
fim”. Na loja de material elétrico, o vendedor coloca o
vigia diante de um dilema: comprar os 10 m de fios
necessários de qual espessura: mais fino e mais barato
ou o outro, um pouco mais grosso e mais caro? Ajude o
vigia a não entrar numa fria e não deixe que ele coloque
em risco a formatura dos alunos. Leve em conta que a
potência do aparelho de som é 350 W - 110 V.
41
11 Ligações elétricas
na residência
Agora você vai saber
como se obtêm o 110
e o 220 e ainda como
se fazem as ligações
de lâmpadas,
tomadas e chuveiros.
Nas ruas somos capazes de observar quilômetros e
mais quilômetros de fios apoiados nos postes. Em nossa
casa dois ou três desses fios passam pelo medidor e
depois deixam de ser vistos.
O que foi feito deles?
42
11Para compreender um pouco mais e saber como é feita a
instalação elétrica em nossa casa, vamos ver os fios que
chegam dos postes.
As características da eletricidade da rede pública
Em alguns municípios a rede elétrica é feita com dois fios,
um fio fase, que é um fio energizado, e um fio neutro,
que pode ser tocado sem que se leve choque quando o
circuito está aberto. Nesse caso, a rede é chamada de
monofásica, e nela só podem ser ligados aparelhos de
110 V. Às vezes a rede elétrica é constituída de dois fios
fase, e a tensão fornecida é de 220 V.
Detalhes da instalação elétrica residencial
Vamos olhar com mais atenção para os fios que chegam do
poste de sua casa ou prédio e descem para o medidor de
consumo de energia elétrica (relógio de luz). Normalmente
são três fios que vão para o quadro de distribuição. Depois
de passar pelo relógio de luz, que é o aparelho que mede
o consumo de energia elétrica, chegam ao quadro de
distribuição três fios que passam pela chave geral, daí para
outras chaves.
A chave geral serve como interruptor de toda a instalação
elétrica; quando desligada, os aparelhos não funcionam.
Isso facilita o manuseio na instalação e até pequenos reparos.
Da chave geral os fios podem ser combinados dois a dois,
podendo fornecer tensões 110 V e 220 V, passando por
outras chaves de distribuição: fase e neutro (110 V) e fase
fase (220 V).
Em outros municípios chegam três fios, sendo dois fios
fase e um fio neutro; nesse caso, a rede é chamada de
bifásica, podendo ligar aparelhos de 110 V ou 220 V,
dependendo da distribuição do circuito residencial.
Ligações elétricas na residência
43
2. Tomada simples e lâmpada com
interruptor (220 V)
Nesse caso, os dois fios de ligação da
tomada são ligados aos fios fase da
rede elétrica. Na lâmpada, um fio fase
é ligado ao interruptor e o outro é
ligado diretamente a um dos contatos
no soquete.
Uma outra maneira de ligar os aparelhos elétricos é chamada
de ligação em série. Nesse caso, uma lâmpada ou
aparelho depende do funcionamento dos demais. Se um
aparelho for desligado por qualquer motivo, o circuito ficará
aberto, impedindo o funcionamento dos outros, pois será
impedida a passagem da corrente. Portanto, esse tipo de
ligação não é feito nas instalações de aparelhos elétricos
residenciais.
A ligação em série é utilizada em alguns circuitos de
iluminação de árvores de Natal e nos circuitos internos de
alguns aparelhos, como: rádio, TV etc.
Os fusíveis são colocados somente nos fios energizados
(fios fase). Não devemos colocar fusíveis nos contatos da
chave por onde passa o fio neutro, pois se ele queimar o
circuito ficará sem o neutro, e um aparelho ligado a este
circuito não funcionará. Além disso, se uma pessoa tocar o
aparelho, poderá levar um choque, conduzindo a corrente
elétrica para a Terra.
Tipos de ligação
Os aparelhos elétricos normalmente já vêm com a tensão
e a potência elétrica especificadas e que precisam de
intensidades de correntes diferentes para funcionarem
corretamente.
Pelo funcionamento das lâmpadas e aparelhos elétricos de
uma residência é possível perceber que as suas ligações
são independentes. Isto é, se a lâmpada da sala queimar
ou for desligada, não haverá interferência no funcionamento
de outras lâmpadas ou aparelho que estiver funcionando.
Nessa situação, os aparelhos são ligados de forma que
tenham a mesma tensão. A esse tipo de ligação chamamos
de ligação em paralelo.
atenção!
2. O manuseio durante umatroca de lâmpada ou umreparo numa tomada devesempre ser realizado com ocircuito aberto, o que é feitodesligando-se a chavegeral.
1. Na ligação de torneiras echuveiros é necessária aligação de um fio terra paraevitar possíveis choques.
Como devem ser instalados os
aparelhos
1. Tomada simples e lâmpada com
interruptor (110 V)
Na ligação da tomada, um fio é ligado
ao fase, e o outro ao neutro. Na
lâmpada, o fio neutro deve estar
ligado ao soquete, e o fio fase ao
interruptor. Essa medida evita que se
tome choque quando for trocar a
lâmpada, estando o interruptor
desligado.
3. Torneira e chuveiro elétrico
Normalmente esses aparelhos são fabricados para
funcionar em 220 V mas podem ser fabricados para
110 V.
fase
fase
fase
fase
neutro
Tanto num caso como no
outro, as ligações são feitas
de modo semelhante à
tomada 220 V ou 110 V,
conforme o caso.
neutro
44
1. Quando mais de um aparelho entra em funcionamento,
em certos trechos de circuito elétrico residencial a corrente
elétrica é maior do que se estivesse ligado apenas um
aparelho. Isso deve ser levado em conta no uso de
benjamins, que servem para deixar simultaneamente vários
aparelhos conectados numa tomada. Em muitos casos o
correto é ligar um aparelho de cada vez na tomada.
saiba que...
1. A figura ilustra uma instalação feita corretamente,
descubra o fio fase e o fio neutro. fio .........
fio ..........
2. Faça as ligações corretamente.
2. A espessura dos fios de ligação tem um papel
importante. Nas instalações pode ocorrer perdas de
energia, seja por aquecimento dos fios (efeito joule), seja
por fugas de corrente etc., colocando em risco a
segurança das pessoas e de toda a instalação.
Como a corrente é determinada pelo aparelho, a
espessura dos fios da instalação tem um papel importante,
pois se estes forem finos sua resistência elétrica será maior,
aumentando assim a potência dissipada.
Uma mesma corrente que passa por um fio de cobre
fino provoca um aquecimento maior do que se ela passar
por um fio de cobre grosso. Portanto, quanto mais grosso
o fio, maior a corrente que ele suporta sem aquecer.
A escolha da fiação para uma instalação deve levar em
conta a corrente máxima que os fios suportam.
tabela
exercitando....
fio em
AWG
espessur
em mm
corrente máxima
em aberto (A)
corrente máxima
em conduite (A)
16 1,5 15 11
14 2,1 20 15
12 3,3 25 20
10 5,3 40 30
8 8,4 55 40
6 13 80 55
4 21 105 70
2 34 140 95
2
fase
fasefasefasefasefase
neutro
a
´
45
12Circuitos elétricos e
sua representação
Vamos aprender uma
maneira de simplificar
desenhos que
representam os
circuitos elétricos.
BBBBB
A C
D
E
F
G
Hfase
neutro
fase
Na figura abaixo está representada uma rede dedistribuição de 110 V em que foram instaladas 2lâmpadas e 2 tomadas: uma para ligar um ferro
elétrico e outra para um secador de cabelo. Do relógiode luz até a última lâmpada foram utilizados 30
metros de fio de cobre 14, incluindo o fase e o neutro.Para completar as ligações das tomadas e das
lâmpadas, foram necessários 4 metros de fio 16.
1
1
2
2
46
12 Circuitos elétricos e sua representaçãoc) Suponhamos que apenas a lâmpada do interruptor 1 esteja ligada.
A corrente exigida para seu funcionamento será:
Se ligarmos também o ferro elétrico na tomada 2, a corrente exigida
para seu funcionamento será: i2.
De modo que a corrente entre o relógio de luz e os pontos E e F será:
i = i1 + i
2 = 0,91 + 6,81 = 7,72A
Ptotal
= 500 + 100 + 60 + 750 = 1410 W
a) Para identificar se as ligações foram feitas em série ou em paralelo,
vamos observar onde os fios da tomada e das lâmpadas foram conectados.
Nesse caso foram conectados nos fios fase e neutro, que fornecem uma
tensão de 110 V. Portanto, a ligação foi feita em paralelo.
Nesse tipo de ligação, o funcionamento desses aparelhos não é
interrompido quando um deles é ligado, desligado ou está "queimado".
b) Para sabermos qual o fusível adequado para uma instalação, devemos
levar em conta que todos os aparelhos estejam ligados, fazer a soma
total da potência consumida de cada aparelho e desprezar a potência
dissipada na fiação,
1. Com base nos dados indicados na figura da página anterior,
vamos discutir as questões:
a) Identifique se as ligações dos aparelhos foram feitas em série ou em
paralelo.
b) Qual o fusível adequado para proteger essa instalação, sabendo-se
que a corrente máxima admissível para o fio 14 é 20A?
c) Discuta por que é possível substituir por um fio mais fino (16) as ligações
das lâmpadas e tomadas.
d) Represente esquematicamente esse circuito, calculando os valores
das resistências em cada trecho.
Se todos os aparelhos estiverem funcionando, cada um exigirá uma
determinada corrente que pode ser calculada pela equação P = U.i, e a
corrente total, que é a soma de todas essas correntes, corresponderá
apenas ao trecho entre o relógio de luz e os pontos A e B.
d) O cálculo das resistências podem ser feitos usando-se as equações:
P=U . i e R= U/i . Usando o símbolo para os resistores, temos:
Usando a equação: P = Ui, obtemos:
que é a corrente que passa pela chave na caixa de luz. O fusível
adequado para proteger a instalação elétrica é de 15A, pois é compatível
com a corrente máxima admitida pelo fio de cobre 14 e está acima do
valor da corrente requerida por todos os aparelhos funcionando ao
mesmo tempo.
Admitindo-se que a
escolha dos fios foi
adequada,.tanto os
fios da rede principal
quanto os fios que se
ligam aos aparelhos,
possuem resistência
elétrica desprezível.
Assim, podemos
simplificar um pouco
mais o circuito e
representá-lo da
maneira ilustrada ao
lado.
P 1410 Wi = = = 12,8A,U 110 V
~___ _______
100 W
110 Vi1 = = 0,91A,~
750 W
110 Vi2 = = 6,81A,~
47Na associação em série, cada lâmpada do circuito está submetida a
uma tensão cuja soma equivale à tensão total entre os extremos A e B
do circuito (uma vez que as perdas na fiação podem ser consideradas
desprezíveis).
Como a tensão em cada lâmpada é sempre menor que a tensão aplicada
nos terminais da associação, a potência dissipada em cada uma delas na
ligação em série é sempre menor do que a indicada pelo fabricante.
Nessas condições ela terá um brilho bem menor que o esperado. Além
disso, se uma lâmpada queimar, interrompe o circuito e conseqüentemente
as outras apagam. Por isso esse tipo de ligação não é usado nas instalações
residenciais, mas pode ser achada nos cordões de luzes de árvore de
natal; se desligarmos apenas uma delas, apagará toda a seqüência de
lâmpadas em série.
UAB
= UAC
+ UAD
+ UDB
Como:UAC
= R1.i, U
CD = R
2.i e U
DB = R
3.i
então: UAB
= R1.i + R
2.i + R
3.i
Para calcularmos a resistência equivalente da associação usaremos a
relação: UAB
= Req
.i, portanto:
Req
. i = (R1 + R
2 + R
3).i
Req
= R1 + R
2 + R
3
A potência dissipada na associação em série é calculada pela relação:
P= R .i2 = Req
.i2 = (R1 + R
2 + R
3 ) . i2 =
R
1 .i2 + R
2 . i2 + R
3 . i2
ou seja,
P = P1 + P
2 + P
3
2. Vamos verificar de que modo podemos ligar três lâmpadas
L1, L
2 e L
3 de mesma tensão em um circuito.
Existem quatro formas diferentes: todas em série, todas em paralelo,
duas em série e em paralelo com a terceira ou duas em paralelo e em
série com a terceira.
As vantagens e as desvantagens de cada tipo de associação, serão
discutidas a seguir:
1. Ligação em série: neste tipo de ligação a mesma corrente se
estabelece nas três lâmpadas do circuito. Vejamos a figura.
A tensão total aplicada às três lâmpadas pode ser escrita como:
De um modo mais simplificado, temos:
110 V
48
2. Ligação em paralelo: este tipo de ligação se caracteriza pelo fato
de todas as lâmpadas estarem submetidas a uma mesma tensão,
desprezando-se a resistência elétrica dos fios da instalação.
A tensão AB é igual às tensões CD, EF e GH, pois estamos desprezando
a resistência dos fios. Desse modo podemos reduzir ainda mais o
esquema:
i = U/Req
, onde Req
é a resistência equivalente da associação.
Sendo i1 = U/R
1, i
2 = U/R
2 e i
3
= U/R3
Substituindo na equação i = i1 + i
2 + i
3, teremos:
As correntes estabelecidas em cada uma delas será i1, i
2, i
3, e a corrente
total, estabelecida entre os pontos A e B do circuito, será i = i1 + i
2 +
i3.
Assim, se a tensão é a mesma, pela lei de Ohm, temos:
U/Req
= U/R1 + U/R
2 + U/R
3 ou
1/Req
= 1/R1 + 1/R
2 + 1/R
3
Na associação em paralelo, a tensão em cada lâmpada é a mesma, e a
potência dissipada em cada lâmpada independe do número de lâmpadas
agrupadas, e, conseqüentemente, o brilho da lâmpada também. O brilho
é igual ao que teria se ela estivesse sozinha. Além disso, se uma das
lâmpadas queimar, as demais não sofrem alteração. É por isso que essa
ligação é utilizada nas instalações elétricas residenciais.
3. Ligação mista: ocorre quando combinamos os dois tipos de ligação
conforme mostra a figura:
Nessa situação, a tensão U se aplica nos terminais da série R1 + R
2 e em R
3.
Assim, L3 terá brilho maior que L
1 e L
2. Em função dessa característica,
esse tipo de circuito também não é empregado nas instalações elétricas
residenciais, mas é muito utilizado nos circuitos internos dos aparelhos
eletrônicos, como rádio, TV, computadores etc.
A última possibilidade com três lâmpadas é a ligação mista com duas
lâmpadas em paralelo associadas a uma em série, representada no esquema
abaixo:
Podemos ainda representar esquematicamente a mesma ligação da
seguinte forma:
Nessa situação, a tensão Uab
se aplica nos
terminais da série entre R3 e o circuito
paralelo R1 e R
2. Assim, a corrente i se
divide em duas partes, L1 e L
2 , e volta a
ser a corrente total i em R3; por isso, L
3
terá brilho maior que L1 e L
2.
49
13
Você vai rever o
conteúdo das aulas
anteriores fazendo
e pensando
nestas questões.
EXEXEXEXEXEXERCÍCIOS Exercícios(Resistência, tensão e corrente)
50
13 Exercícios
a) a resistência do filamento da lâmpada, quando ela está
desligada;
b) a resistência do filamento da lâmpada ligada.
4. Considerando que o diâmetro do filamento de
tungstênio de uma lâmpada de 40 W - 110 V é cerca de
3,6 . 10-2 mm, seu comprimento 50 cm e sua resistividade
5,6 . 10-8Ωm a 20oC, determine:
e) faça os mesmos cálculos dos itens c e d para a ligação
inverno, considerando que o comprimento do fio, neste
caso, é de 2,8 m;
f) por que na posição inverno a água da ducha sai mais
quente?
a) faça o esquema da ligação verão dessa ducha;
b) faça o esquema da ligação inverno;
c) calcule a resistência elétrica na posição verão, quando ela
está desligada;
d) calcule a resistência elétrica da ducha em funcionamento
na posição verão;
detalhe do resistor
C A B1. Um aquecedor de ambiente cuja potência é 800 W é
ligado na tensão 110 V.
a) qual o valor da corrente elétrica no resistor?
b) qual o valor da resistência elétrica do resistor?
c) qual deve ser o valor da resistência élétrica do resistor
para que ele tenha a mesma potência e seja ligado na
tensão 220 V?
2. Numa instalação elétrica residencial não se deve colocar
fusível no fio neutro, pois se ele queimar, é possível que
haja um aumento de tensão indesejável em certos
aparelhos. Vamos conferir? Considere o esquema:
(R1, R
2,..., R
6 são as
resistências elétricas
de 6 lâmpadas)determine:
a) a tensão aplicada às lâmpadas, quando o fusível do fio
neutro está normal (sem queimar);
b) a tensão aplicada às duas lâmpadas de baixo, se o
fusível do fio neutro queimar.
3. Uma ducha com a inscrição 220 V - 2800 W/3800 W
tem o resistor com o aspecto da apresentado na figura a
seguir. Esse resistor é constituído de um fio de níquel-
cromo de resistência específica 1,1.10-6 Ω.m, 0,6 mm de
diâmetro e 4 m de comprimento, enrolado em espiral,
com três pontos de contato elétrico. No ponto A está
ligado um dos fios fase, e aos pontos B e C, dependendo
da posição da chave, liga-se o outro fio fase, que
estabelece as ligações inverno/verão.
51
8. Numa residência, geralmente chegam três fios da rua,
dois fases e um neutro, que são ligados à chave geral.
a) Faça o esquema de uma chave geral e de três chaves
parciais, de modo a obter duas chaves de distribuição de
110 V e outra de 220 V.
b) Faça um esquema indicando a ligação de uma lâmpada
com interruptor, de uma tomada em 110 V e de um
chuveiro em 220 V.
a) a corrente exigida pelo aparelho para dissipar as
potências nominais quando o chuveiro está ligado com a
chave na posição verão e na posição inverno;
b) o menor diâmetro possível do fio e o fusível que devem
ser utilizados nessa instalação. Consulte a tabela;
c) a energia consumida num banho de 15 minutos com o
chuveiro ligado na posição inverno;
d) a porcentagem de consumo de energia em banhos de
aproximadamente 15 minutos de uma família de três
pessoas, cujo consumo mensal é de 250 kWh.
5. Numa rede de 220 V é ligado um chuveiro com a
inscrição 220 V - 2800/4400 W.
Utilizando essas informações e as da tabela da aula 10,
determine:
6. Nas figuras abaixo estão indicadas as informações
encontradas nos folhetos ou chapinhas que acompanham
aparelhos elétricos.
Qual(is) dele(s) não poderia(m) ser ligado(s) à tomada de
sua casa? Se você o fizesse, quais seriam as conseqüências?
7. Uma lâmpada de abajur possui a seguinte inscrição:
127 V - 22 W.
a) O que acontece se a ligarmos nos terminais de uma
bateria de 12 V?
b) Seria possível, se dispuséssemos de muitas baterias, ligar
essa lâmpada de modo que ela tenha brilho normal?
c) Em caso afirmativo, como você faria?
d) Caso não seja possível fazer a ligação da lâmpada nas
baterias, como e onde ela deveria ser ligada para ter brilho
normal?
liquidificador
110 V/300 W/60 Hz
TV 12 V/DC
30 W
chuveiro 220 V 2800/3800 Wbatedeira
50/60 Hz
250 W
110 V
52
1. Uma corrente elétrica de 0,500A flui num resistor de
10Ω. A ddp ou tensão elétrica entre as extremidades
do resistor, em volts, é igual a:
a)( ) 5,0 . 102 c)( ) 20 e)( ) 5,0 . 10-2
b)( ) 5,0 . 10 d)( ) 5,0
2. Os resistores R1, R
2 e R
3 estão associados como indica
a figura abaixo. Sabendo que R1 = 2,0 Ω, R
2 = 2,0 Ω, e
R3 = 4,0 Ω, podemos afirmar que a resistência
equivalente entre os pontos A e B em ohms é de:
a)( ) 2,0 b)( ) 3,3 c)( ) 4,0 d)( ) 6,0 e)( ) 8,0
3. Um eletricista instalou numa casa, com tensão de
120 V, dez lâmpadas iguais. Terminado o serviço,
verificou que havia se enganado, colocando todas as
lâmpadas em série. Ao medir a corrente no circuito,
encontrou 5,0 . 10-2A. Corrigindo o erro, ele colocou
todas as lâmpadas em paralelo. Suponha que as
resistências das lâmpadas não variam com a corrente.
Após a modificação, ele mediu, para todas as lâmpadas
acesas, uma corrente total de:
a)( ) 5,0A b)( ) 100A
c)( ) 12A d)( ) 10A
e)( ) 24A
teste seu vestibular
7. Uma lâmpada incandescente possui as seguintes
especificações (ou valor nominal): 120 V, 60 W. Responda
as questões a seguir.
a) Se ela for ligada em 220V, a potência permanecerá 60W?
b) Quando a lâmpada é ligada conforme as especificações,
a resistência vale 240Ω?
c) Qualquer que seja a tensão aplicada a lâmpada, a
resistência permanece constante?
d) Quando desligada, a resistência da lâmpada é maior
que quando ligada?
e) Quando ligada, conforme as especificações, a corrente
é de 2,0A?
4. A transmissão de energia elétrica a grande distância é
acompanhada de perdas causadas pela transformação de
energia elétrica em:
a.( ) calor c.( ) energia cinética
b.( )magnetismo d.( ) luz
5. Um aquecedor elétrico dissipa 240W quando ligado a
uma bateria de 12V. A corrente que percorre a resistência
é:
a)( ) 0,050A c) ( ) 1,67A e) ( ) 2880A
b) ( ) 0,60A d) ( ) 20A
6. Um condutor é atravessado por uma corrente de 2
ampères quando a tensão em seus terminais vale 100 volts.
A resistência do condutor é de:
a) ( ) 0,02 Ω c)( ) 200 Ω
b) ( ) 50 Ω d)( ) 400 Ω
53
14Motores
elétricos
Nesta aula você
vai observar
internamente um
motor para
saber do que eles
são feitos.
Grande parte dos aparelhos elétricos que usamos têm a função de
produzir movimento. Isso nós verificamos no início deste curso. Você
se lembra disso? Olhe a figura e refresque sua memória.
Vamos começar a entender como isso é feito!
(o que mais eles têm em comum?)
54
14 Motores elétricos
Neste momento vamos retomar o levantamento e a classificação realizados no início deste curso.
Lá identificamos um grande número de aparelhos cuja função é a produção de movimento a partir da
eletricidade: são os motores elétricos. Dentre eles estão: batedeira, ventilador, furadeira, liquidificador,
aspirador de pó, enceradeira, espremedor de frutas, lixadeira, além de inúmeros brinquedos movidos a
pilha ou ligados numa tomada, como robôs, carrinhos etc.
A partir de agora, vamos examinar em detalhes o motor de um liquidificador. Um roteiro de observação
encontra-se logo abaixo.
O motor de um liquidificador
A parte externa de um liquidificador é geralmente de plástico, que é um material eletricamente
isolante. É no interior dessa carcaça que encontramos o motor, conforme ilustra a figura abaixo.
ROTEIRO
1. Acompanhe os fios do plugue em direção à parte interna do motor. Em qual das partes do
motor eles são ligados?
2. Gire o eixo do motor com
a mão e identifique os materiais que
se encontram na parte que gira
junto com o eixo do motor.
3. Identifique os materiais
que se encontram na parte do mo-
tor que não gira com o eixo do
motor.
4. Verifique se existe alguma
ligação elétrica entre as duas partes
que formam o motor. De que
materiais eles são feitos?
5. Identifique no motor as
partes indicadas com as setas na
figura ao lado.
55
Essa peça de formato cilíndrico acoplada
ao eixo é denominada de anel coletor,
e sobre as plaquinhas deslizam dois
carvõezinhos.
Quando o motor elétrico é colocado em
funcionamento, passa a existir corrente
elétrica nas bobinas fixas e também no
circuito elétrico fixado ao eixo e que se
encontra em contato com os carvõezinhos.
Nesse momento, o circuito do eixo fica
sujeito a uma força e o faz girar, e um
outro circuito é ligado, repetindo o
procedimento anterior.
O resultado é o giro completo do eixo,
característico dos motores elétricos.
Em alguns casos, tais como pequenos motores elétricos
utilizados em brinquedos, por exemplo, a parte fixa é
constituída de um ou dois ímãs em vez de bobinas. Isso
não altera o princípio de funcionamento do motor, uma
vez que uma bobina com corrente elétrica desempenha a
mesma função de um ímã.
anel coletorímã
carvãozinho
Após essa investigação, pense e responda: por que existe
movimento nesses aparelhos?
eixo
carvãozinhocarvãozinho
anel
coletor
figura 2figura 1
Nos motores elétricos encontramos duas partes principais:
uma fixa, que não se move quando ele entra em
funcionamento, e uma outra que, em geral, gira em torno
de um eixo quando o motor é ligado.
A parte fixa é constituída de fios de cobre, encapados com
um material transparente formando duas bobinas (fig.1). Já
na parte fixada ao eixo, os fios de cobre são enrolados em
torno do eixo (fig. 2)
.
A observação da parte móvel de um motor de liquidificador
mostra que ela também apresenta,
acoplada ao eixo, um cilindro
metálico, formado de pequenas
placas de cobre, separadas entre
si por ranhuras, cuja função é isolar
eletricamente uma placa da outra.
O circuito elétrico da parte móvel
é formado por vários pedaços de
fio de cobre independentes. O fio
é coberto por um material isolante
transparente e suas extremidades
são ligadas às placas de cobre.
56
atividade extra: construa você mesmo um motor elétrico
Para construir um pequeno motor elétrico vai ser necessário
um pedaço de 90 cm de fio de cobre esmaltado número
26 para fazer uma bobina. Ela será o eixo do motor, por
isso deixe aproximadamente 3 cm em cada extremidade
do fio.
Como o esmalte do fio da bobina é isolante elétrico, você
deve raspá-lo para que o contato elétrico seja possível. De
um dos lados da bobina, você deve raspar em cima e em
baixo; do outro lado, só em cima.
A bobina será apoiada em duas hastes feitas de metal,
presilhas de pasta de cartolina, por exemplo, dando-lhes
o formato indicado na figura e, posteriormente, encaixadas
num pedaço de madeira.
Para colocar o motor em funcionamento, não esqueça que
é necessário um impulso inicial para dar a partida.
atenção
- veja se os contatos elétricos estão perfeitos
- observe se a bobina pode girar livremente
- fixe os fios de ligação na pilha com fita adesiva
Feitos esses ajustes necessários, observe:
1) o que acontece quando o ímã é retirado do local?
2) inverta a pilha e refaça as ligações. O que acontece com
o sentido de giro do motor?
A fonte de energia elétrica será uma
pilha comum, que será conectada à
bobina através de dois pedaços de
fio ligados nas presilhas.
A parte fixa do motor será constituída
de um ímã permanente, que será
colocado sobre a tábua, conforme
indica a figura. Dependendo do ímã
utilizado, será necessário usar um
pequeno suporte para aproximá-lo
da bobina.
Raspe aqui, na
parte de cima
Não raspe aqui, na
parte de baixo
Raspe
aqui, em
cima e
em
baixo
57
15Ímãs e
bobinas
Aqui você vai saber
a natureza das
forças que
movimentam os ímãs,
as bússolas e os
motores e létr icos.
Ímãs e bobinas estão presentes nos motores elétricos e emmuitos outros aparelhos. Só que eles estão na parte interna, e
por isso nem sempre nos apercebemos de sua presença.A partir desta aula vamos começar a entender um pouco sobre
eles. Afinal, alguém pode explicar o que está acontecendo?
58
15 Ímãs e bobinas
No estudo dos motores elétricos pudemos verificar que eles são feitos de duas partes: uma é o eixo,
onde se encontram vários circuitos elétricos, e a outra é fixa. Nesta, podemos encontrar tanto um par de
ímãs como um par de bobinas. Em ambos os tipos de motor, o princípio de funcionamento é o mesmo,
e o giro do eixo é obtido quando uma corrente elétrica passa a existir nos seus circuitos. Nesta aula
vamos entender melhor a natureza da força que faz mover os motores elétricos, iniciando com uma
experiência envolvendo ímãs e bobinas.
Investigação com ímãs, bússolas e bobinas
Para realizar esta investigação serão necessários uma
bússola, dois ímãs, quatro pilhas comuns, uma bobina
(que é fio de cobre esmaltado enrolado) e limalha de
ferro.
ROTEIRO
1. Aproxime um ímã do outro e observe o que acontece.
2. Aproxime um ímã
de uma bússola e
descubra os seus pólos
norte e sul. Lembre
que a agulha da
bússola é também um
ímã e que o seu pólo
norte é aquele que
aponta para a região
norte.
3. Coloque o ímã sobre uma
folha de papel e aproxime a
bússola até que sua ação se
faça sentir. Anote o
posicionamento da agulha,
desenhando sobre o papel
no local da bússola. Repita
para várias posições.
4. Coloque sobre o ímã essa folha de papel na
mesma posição anterior e espalhe sobre ela limalha
de ferro. Observe a organização das limalhas e
compare com os desenhos que indicavam o
posicionamento da agulha.
5. Ligue a bobina à pilha utilizando fios de ligação.
Aproxime um ímã e observe o que ocorre.
6. No mesmo circuito anterior, aproxime uma folha
de papel ou de cartolina contendo limalha de ferro
e verifique o que ocorre com a limalha.
59
Independentemente da forma, quando se aproxima um
íma de outro, eles podem tanto se atrair como se repelir.
Esse comportamento é devido ao efeito magnético que
apresentam, sendo mais intenso nas proximidades das
extremidades, razão pela qual elas são denominadas de
pólos magnéticos.
A possibilidade de atração ou de repulsão entre dois pólos
indica a existência de dois tipos diferentes de pólo
magnético, denominados de pólo norte e pólo sul. A
atração entre os ímãs ocorre quando se aproximam dois
pólos diferentes e a repulsão ocorre na aproximação de
dois pólos iguais.
A atração ou a repulsão entre ímãs é resultado da ação
de uma força de natureza magnética e ocorre
independentemente do contato entre eles, isto é, ocorre
a distância. O mesmo se pode observar na aproximação
do ímã com a bússola. Isso evidencia a existência de um
campo magnético em torno do ímã, criado por ele. A
agulha de uma bússola, que é imantada, tem sensibilidade
de detectar campos magnéticos criados por ímãs e, por
isso, alteram sua posição
inicial para se alinhar ao
campo magnético detectado.
Ela é usada para orientação
justamente pelo fato de que
sua agulha fica alinhada ao
campo magnético terrestre,
que apresenta praticamente a
direção norte-sul geográfica.
A diferença em relação
ao ímã é que no fio o
campo magnético deixa
de existir quando a
corrente elétrica cessa.
O mapeamento do campo
magnético produzido por um ímã
nas suas proximidades pode ser
feito com o auxílio de uma
bússola. Esse mapa nos permite
"visualizar" o campo magnético.
Não são apenas os ímãs que
criam campo magnético. O fio
metálico com corrente elétrica
também cria ao seu redor um
campo magnético. Quando o fio
é enrolado e forma uma bobina,
existindo corrente elétrica, o
campo magnético tem um
mapeamento semelhante ao de um ímã em barra.
Isso nos permite entender por que
a limalha de ferro fica com um
aspecto muito parecido em duas
situações: quando é colocada nas
proximidades de um pólo de um ímã
e quando é colocada nas
proximidades de uma bobina.
Podemos agora entender fisicamente
a origem do movimento nos motores
elétricos. Ele é entendido da mesma
maneira que se compreende a repulsão ou a atração entre
dois ímãs, entre um ímã e uma bússola, entre um ímã e
uma bobina com corrente ou entre duas bobinas com
corrente. Esses movimentos acontecem devido a uma
ação a distância entre eles. Da mesma forma que a agulha
da bússola se move quando "sente" o campo magnético
de um ímã, o eixo do motor também se move quando
um dos seus circuitos que está com corrente "sente" o
campo magnético criado pela parte fixa do motor. Esse
campo tanto pode ser criado por um par de ímãs (motor
do carrinho do autorama) como por um par de bobinas
com corrente elétrica (motor de um liquidificador).´
60
exercitando...
3. Se imaginássemos que o magnetismo terrestre é produzido por um grande ímã cilíndrico, colocado na mesma
direção dos pólos geográficos norte-sul, como seriam as linhas do campo magnético? Faça uma figura.
4. Imagine agora que o campo magnético da Terra fosse criado por uma corrente elétrica em uma bobina. Onde ela
estaria localizada para que as linhas do campo magnético coincidissem com as do ímã do exercício anterior?
1. Uma pequena bússola é colocada próxima de um ímã permanente. Em quais posições assinaladas na figura ao lado
a extremidade norte da agulha apontará para o alto da página?
2. Uma agulha magnética tende a:
a) orientar-se segundo a perpendicular às linhas de
campo magnético local.
b) orientar-se segundo a direção das linhas do campo
magnético local.
c) efetuar uma rotação que tem por efeito o campo
magnético local.
d) formar ângulos de 45 graus com a direção do campo
magnético local.
e) formar ângulos, não nulos, de inclinação e de declinação
como a direção do campo mangético local.
1. Analise se a afirmação abaixo é verdadeira ou falsa e justifique:
"O movimento da agulha de uma bússola diante de um ímã é explicado da mesma forma que o movimento de um ímã
fdiante de um outro ímã."
2. A agulha de uma bússola próxima a um fio que é
parte de um circuito elétrico apresenta o comportamento
indicado nas três figuras:
a) como se explica o posicionamento da agulha na figura 1?
b) como se explica a alteração da posição da agulha após o circuito ser fechado na figura 2?
c) analisando as figuras 2 e 3 é possível estabelecer uma relação entre o posicionamento da agulha e o sentido da
corrente elétrica no fio?
figura 1 figura 2 figura 3
teste seu vestibular
61
16Campainhas e
medidores elétricos
Vamos descobrir
como é produzido o
som numa campainha
e como se movem os
ponteiros dos
medidores.
Sinal de entrada, sinal de saída, sinal do intervalo...
haja orelha. Você também faz parte dos que dançam
como aqueles ponteirinhos?
62
16 Campainhas e medidores elétricos
CAMPAINHA
Existem vários tipos de campainha, e você pode construir
uma usando fio de cobre 26 enrolado em um prego
grande. Além disso é necessário fixar no prego uma tira
de latão dobrada conforme indica a figura.
A campainha montada terá o aspecto da figura ilustrada
a seguir.
Conectando os terminais da bobina a duas pilhas
ligadas em série, podemos colocar a campainha em
funcionamento. Observe o que acontece e tente
explicar.
A montagem realizada assemelha-se à campainha do tipo
cigarra, que é de mais simples construção. Ela é constituída
por uma bobina contendo um pedaço de ferro no seu
interior. Esse conjunto é denominado eletroímã.
lâmina
eletroímã
Próximo a ele existe uma lâmina de ferro, que é atraída
quando existe uma corrente elétrica na bobina.Essa atração
acontece porque a corrente elétrica na bobina cria um campo
magnético na região próxima e imanta o ferro,
transformando-o em um ímã. Essa imantação existe apenas
enquanto houver corrente elétrica na bobina. Daí esse
conjunto ser entendido como um ímã elétrico.
Esse efeito magnético desaparece quando a campainha é
desligada, deixando de haver corrente elétrica na bobina.
A produção de movimento a partir da eletricidade tem, além dos motores
elétricos, outras aplicações, como as campainhas e os medidores elétricos
que utilizam ponteiros. Comecemos pela campainha.
63
GALVANôMETRO
Para se construir um dispositivo capaz de movimentar um ponteiro, precisamos de uma bobina, um
ímã pequeno em forma de barra, uma agulha de costura ou um arame fino e fita adesiva. Se não
houver disponível uma bobina pronta, construa uma usando fio de cobre esmaltado 26 enrolado em
um tubo de papelão com 4 cm de diâmetro ou use o mesmo fio da campainha.
A produção de movimento nos medidores elétricos que
utilizam ponteiro tem explicação semelhante à dos motores
elétricos. O que difere um do outro é que nos motores a
construção permite que o eixo dê voltas completas, e isso
não acontece nos medidores. A bobina, quando está com
corrente elétrica, cria um campo magnético na região onde
se encontra o ímã. Este, da mesma forma que a agulha
magnética de uma bússola, "sente" esse campo e procura
se alinhar a ele.
O ponteiro pode ser feito com um pedaço de cartolina e fixado ao ímã com
fita adesiva. Ele será atravessado pela agulha ou arame, conforme indica a
figura ao lado.
O conjunto móvel ponteiro + ímã será apoiado, através do eixo, em um
suporte feito de chapa de alumínio ou cobre, com dois furinhos para a
passagem da agulha ou arame.
Fixado a uma base de madeira, e ligando os terminais da bobina a uma ou
duas pilhas, o medidor será o ilustrado na figura ao lado.
Dessa forma, o ímã se move,
e com ele o ponteiro. Devido
à posição do ímã em relação
à bobina, o movimento é de
rotação, como no motor
elétrico. Nos medidores reais
é a bobina que é fixada ao
eixo, e os ímãs estão fixadas
na carcaça do medidor.
Os medidores elétricos que têm ponteiro são utilizados para várias finalidades, como indicar o
volume de som, o nível de combustível nos veículos e a temperatura dos seus motores, além de
medir a corrente, a tensão e também a resistência elétrica. Vejamos na atividade a seguir como é
obtido o movimento dos ponteiros.
64
Medidores de corrente, tensão e resistência elétrica
Amperímetro Voltímetro Ohmímetro
O voltímetro é o medidor de tensão elétrica.
Ele é constituído das mesmas partes do
amperímetro: um galvanômetro e um resistor
ligado em série com a bobina.
Para medir a resistência elétrica de um resistor, o
ohmímetro precisa de um galvanômetro, um
resistor ligado em série com a bobina e uma bateria.
1. galvanômetro
2. resistor
3. pilha ou bateria
4. terminais
Essa bateria permitirá que uma corrente elétrica
passe a existir quando o circuito estiver fechado.
Quanto maior a resistência elétrica do resistor cuja
resistência se deseja medir, menor será a corrente
no circuito e, assim, menor será o movimento do
ponteiro.
1. galvanômetro; 2. resistor; 3. terminais
O voltímetro é colocado em paralelo ao circuito
cuja tensão se deseja medir, e, por isso, a
resistência elétrica do seu resistor deve ter um
valor relativamente alto: apenas o suficiente para
movimentar o ponteiro. Além disso, desviando
uma corrente de pequena intensidade do circuito,
a sua interferência pode ser considerada
desprezível.
O medidor de corrente elétrica, denominado
amperímetro, é constituído por um galvanômetro
e um resistor em paralelo à bobina.
1. galvanômetro; 2. resistor; 3. terminais
Uma vez que o amperímetro é colocado em série
ao circuito cuja corrente se deseja medir, esse
resistor deve ter uma baixa resistência elétrica.
Desse modo, a maior parte da corrente elétrica é
desviada para o resistor, e a parte restante passa
pela bobina, movendo o ponteiro. Quanto maior
a corrente que passa pela bobina, maior será o
giro descrito pelo ponteiro.
65
17Força magnética e
corrente elétrica
Nesta aula você vai
saber como
e'explicada a origem
da força que move os
motores, campainhas
e galvanômetros.
Movimentar ar e produzir vento quente ou frio, mover rodas,
mexer ponteiros, rodar pás, misturar massas, lixar, fazer furos...
Pegue uma cadeira, sente-se e vire a página. Você vai conhecer
como o funcionamento dessas coisas é explicado.
Chegou a hora!
66
17 Força magnética e corrente elétricaA partir desse momento há interação entre o ímã e a bobina
com corrente, isto é, cada um "sente" o campo magnético
criado pelo outro. Isso significa que cada um deles fica
sujeito a uma força cuja natureza é magnética.
Como somente o que está fixado ao eixo tem mobilidade
para se mover, no caso do motor do carrinho é a bobina
junto com o eixo que gira. E esse movimento é efeito da
ação da força magnética sobre a bobina.
2. No galvanômetro como o montado na aula 16, a bobina
era fixada à base, o ímã colocado junto ao ponteiro e ambos
fixados ao eixo.
bobina
O ímã cria um campo magnético na região onde se encontra
a bobina, e a partir do momento em que há corrente elétrica
nela, ambos ficam sujeitos a uma força de natureza
magnética, e como a bobina está fixada ela não se move.
Já o ímã entra em movimento, e como ele está preso ao
eixo, ele gira.
Comparando-se o princípio de funcionamento do
motorzinho do carrinho e do galvanômetro, podemos
perceber que tanto o ímã como a bobina com corrente
podem entrar em movimento quando estão próximos um
do outro. Nos dois casos, é a ação da força magnética que
os movimenta.
Quando o circuito é fechado, uma corrente passa a existir
na bobina, criando um outro campo mangnético na região
onde se encontra o ímã.
eixoímã
contatos
pilhasímã
bobina
Nas aulas anteriores estudamos o princípio de
funcionamento dos motores elétricos, da campainha e do
galvanômetro. Em todos eles está presente o efeito
magnético da corrente elétrica. Vejamos agora com mais
detalhes o conteúdo físico envolvido.
O giro do eixo dos motores elétricos e também o do
ponteiro do galvanômetro indica uma interação entre uma
bobina com um ímã ou entre uma bobina com uma outra
bobina, dependendo das partes de que eles são feitos.
Essa interação decorre do fato de que tanto um ímã como
uma bobina com corrente elétrica criam no espaço ao redor
um campo magnético. Em razão disso, a interação entre
eles, que torna possível a obtenção do movimento, se dá
ainda que não haja contato. Do mesmo modo podemos
entender a atração ou a repulsão observada entre dois ímãs.
interação bobina-ímã
1. Quando em um motorzinho de brinquedo encontramos
um ímã fixado à carcaça do motor e uma bobina fixada ao
eixo, o primeiro cria campo magnético na região onde se
encontra a bobina.
67
interação bobina-bobina
Nos liquidificadores, furadeiras, batedeiras... os motores
elétricos não apresentam ímãs, conforme verificamos na
aula 14. Em seu lugar e desempenhando a mesma função
encontramos bobinas, tanto no eixo como fora dele.
contatos
bobina
bobina
carcaça
Quando um motor desse tipo é colocado em
funcionamento, passa a existir corrente elétrica nas bobinas
presas à carcaça e também em uma das bobinas fixas no
eixo. Cada uma delas cria na região um campo magnético.
As duas primeiras têm a função de criar um campo
magnético na região onde se encontra o eixo. A bobina
com corrente fixada ao eixo vai "sentir" esse campo
magnético, isto é, sobre ela vai atuar a força magnética, e
por isso ela gira junto com o eixo.
Para visualizar, podemos imaginar que cada uma dessas
bobinas tem apenas uma volta, conforme ilustra a figura.
1. bobinas fixas na
carcaça
2. bobina fixa ao
eixo
3. linhas do campo
magnético criado
pelas bobinas fixas
Veja na figura que a corrente elétrica na bobina fixada ao
eixo fica sujeita a um par de forças magnéticas e, por isso,
faz o giro do eixo. Se houvesse apenas essa bobina, o giro
não seria completo, pois as forças não moveriam a bobina
quando elas tivessem a mesma direção do campo
magnético. É por isso que no eixo do motor existem várias
bobinas em vez de uma só. No momento certo uma delas
é ligada, passa a ter corrente elétrica e a força magnética
gira a bobina. Posteriormente ela é desligada, e uma outra
é ligada e recebe a força. Desse modo o giro contínuo é
obtido.
Em conclusão, pelo funcionamento do motor feito apenas
com bobinas tanto na parte fixa como no eixo, podemos
ressaltar que duas bobinas com corrente elétrica interagem,
isto é, ambas criam campo magnético e cada uma delas
"sente" o campo da outra.
Note que a força magnéticaé perpendicular à correnteno fio e também ao campomagnético criado pelasbobinas fixas (1)
1 12
3
68
exercitando...
1. Identifique o que "sente" o campo magnético e entra
em movimento nos seguintes aparelhos:
a. galvanômetro
b. liquidificador
c. motor do carrinho de autorama
2. Analise as afirmações abaixo dizendo se são
verdadeiras ou falsas e justifique sua resposta:
a. "A obtenção de movimento a partir da eletricidade,
só pode ser feita se o ímã for colocado na parte fixa e a
bobina na parte móvel, uma vez que só ela pode sentir
o campo magnético criado por ele."
b. "Dois fios com corrente elétrica paralelos entre si ficam
sujeitos a forças magnéticas."
c. "No momento em que a bobina presa ao eixo é
desligada, o campo magnético criado por ela não deixa
de existir."
d. "A explicação do funcionamento de um motor que
contém apenas bobinas é diferente da dos motores que
têm ímãs e bobinas."
3. Resolva o teste: A corrente elétrica que passa por
um fio metálico, condutor:
a. só produz campo magnético;
b. só produz campo magnético no interior do fio;
c. apresenta no condutor o efeito joule e produz um
campo magnético ao redor do fio;
d. produz campo magnético somente se a corrente for
variável.
A força magnética tem um sentido que é sempre
perpendicular ao plano formado pela corrente elétrica e
pelo campo magnético. Podemos descobrir sua direção
e sentido usando
a mão esquerda
disposta conforme
a figura.
Veja que o dedo médio indica o sentido da corrente
elétrica, o dedo indicador o campo magnético e o dedo
polegar o sentido da força magnética. Desse modo,
"armando" a mão desse jeito, de preferência sem deixar
que o vejam nessa situação para que não pairem suspeitas
sobre você, poderá descobrir o sentido da força
magnética.
Treine o uso da mão e descubra a força magnética nas
situações abaixo:i
B
i
B
fig. 1
fig. 2
a. força sobre um fio com corrente elétrica para a direita
e campo magnético entrando no plano do papel (fig.1)
b. força sobre um fio com corrente elétrica para a esquerda
e campo magnético saindo do plano do papel (fig.2)
O SENTIDO DA FORÇA MAGNÉTICA
→→→→→
←←←←←
Esse símbolo representa
o campo B "entrando"
perpendicularmente no
papel.
Esse símbolo
representa o
campo B "saindo"
do papel.
→→→→→
→→→→→
69
18Força e
campo magnéticos
Como se calcula aforça magnética ecomo se explica aorigem do campomagnético você vaiaprender nesta aula.
Atualmente podemos deixar de realizar manualmente uma sériede trabalhos no dia-a-dia: picar, mexer, moer, lustrar, furar,
girar, torcer, fatiar... . Adivinha quem é que dá aquela força?
70
18 Força e campo magnéticosO cálculo da força magnética
A produção de movimento a partir da eletricidade nos
motores elétricos, campainhas, galvanômetros etc. envolve
o surgimento de um campo magnético numa certa região
e a existência de um fio condutor com corrente elétrica
colocado nessa mesma região. Nessa situação, o fio com
corrente fica sujeito a uma força magnética e entra em
movimento.
Note que o surgimento da força depende da existência
do campo magnético e da corrente elétrica. Esse campo
magnético não é o criado por essa corrente elétrica no fio
em que a força atua. Ela não "sente" o próprio campo
mangético, mas o campo criado por outro.
Além disso, a intensidade da força magnética depende
do valor do campo e da corrente:
i B F
i B F
Ela só vale quando o campo magnético faz um ângulo de
90o com a corrente elétrica no fio.
Vejamos a sua utilização em um exemplo bastante simples:
o de dois trechos de fios paralelos com corrente elétrica
de mesmo valor e sentido, conforme ilustra a figura.
Cada corrente cria um campo magnético ao seu redor e
uma sente o campo criado pela outra. O resultado é que
os dois trechos de fio ficam sujeitos a uma força magnética.
Supondo que o valor da corrente elétrica nos fios seja 2A,
o campo onde cada fio se encontra vale 5.10 -7 N/A.m e
que o trecho de fio tenha 10 m de comprimento, o valor
da força será: F= B.i.L = 5.10 -7 .2.10 = 100.10 -7 =1.10-5N.
A força magnética em cada fio é perpendicular à corrente
e ao campo magnético. Nesse caso em que as correntes
têm mesmo sentido, as forças fazem os fios se atrairem.
Se a força é medida em
newton, a corrente em
ampère e o comprimento
do fio em metros, qual é
a unidade do campo
magnético?
Responda esta!
F proporcional a i
F proporcional a B
Se as correntes elétricas nos fios tiverem sentidos opostos,
as forças magnéticas farão os fios repelirem-se.
Ou seja, a força magnética é diretamente proporcional à
corrente elétrica e ao campo magnético. Além disso, influi
também o tamanho do trecho do fio que está no campo
mangético.
A expressão matemática que relaciona o valor da força
com o do campo e da corrente é:
F= B. i. L
F é a força magnética
B é o campo magnético
i é a corrente elétrica
L é o trecho do fio
71
A atração ou a repulsão entre dois fios paralelos que tenham
corrente elétrica elétrica têm a mesma natureza das atrações
e repulsões entre ímãs. Isso porque ambos, fio com corrente
elétrica e ímãs, criam campo magnético no espaço ao redor.
Se no caso dos fios e bobinas está claro que a origem do
campo magnético é atribuída à corrente elétrica, como se
explica a origem do campo magnético nos ímãs?
A origem do campo magnético
nos ímãs
O campo magnético criado pelos ímãs, ainda que possa
parecer estranho, também se deve às correntes elétricas
existentes no seu interior ao nível atômico. Elas estão
associadas aos movimentos dos elétrons no interior dos
átomos. Apesar de estarem presentes em todos os
materiais, nos ímãs o efeito global dessas correntes atômicas
não é zero e corresponde a uma corrente sobre a sua
superfície, conforme ilustra a figura.
Assim, podemos pensar que o campo magnético criado
pelo ímã deve-se ao conjunto de correntes elétricas em
sua superfície. Em conseqüência, o ímã com formato
cilíndrico pode ser considerado como análogo a uma bobina
com corrente elétrica no fio.
É possível separar os pólosde um ímã?
Poderíamos pensar em conseguir essa separação
quebrando-se um ímã ao meio. Se fizermos isso, veremos
que cada pedaço forma dois ímãs novos com os dois pólos
norte e sul.
Embora com menor intensidade, os dois novos ímãs têm
pólo norte e sul, o que indica que não podemos separá-
los. Isso continuará a acontecer se o processo de quebra
for adiante.
O mesmo também acontece quando o campo magnético
é criado por uma corrente elétrica na bobina: se formos
diminuindo o número de voltas de fio na bobina, haverá
sempre a formação dos dois pólos. Além disso, nos dois
casos, as linhas do campo magnético são linhas fechadas.
Essa semelhança no efeito magnético dos ímãs e das bobinas
é explicada pela idêntica origem do campo magnético:
em ambos, tal campo é devido a correntes elétricas.
´
72
exercitando...
1. Calcule a força magnética que age sobre um fio de
0,5 m de comprimento que se encontra num campo
magnético cujo valor é 0,5.10-2 N/A.m quando:
a. a corrente elétrica vale 0,2A e o fio está perpendicu-
lar ao campo;
b. a corrente é nula.
2. Em um fio condutor de 2,5 m de comprimento, há
uma corrente elétrica de 1,5A e age uma força magnética
de 2,0.10-5 N. Supondo que o ângulo entre o fio e o
campo magnético seja 90o, calcule a sua intensidade.
3. Qual o valor da corrente elétrica que existe num fio
de 1,5 m de comprimento que se encontra numa região
cujo campo magnético vale 10-3 N/A.m e sofre uma força
de 10-2N. Considere 90o o ângulo entre a corrente e o
campo.
4. Como é explicada a origem do campo magnético
nos ímãs?
5. Analise as afirmações abaixo e diga se são verdeiras
ou falsas.
a. o campo magnético produzido por bobinas deve-se
à corrente elétrica em seus fios;
b. o fato de as linhas do campo magnético serem
fechadas está relacionado com o fato de não ser possível
separar os pólos magnéticos norte e sul.
c. a intensidade da força magnética sobre um fio só
depende diretamente da corrente elétrica no fio.
d. quando dois fios paralelos têm corrente elétrica de
sentidos opostos, eles são repelidos devido à ação da
força elétrica entre eles.
1. Dentre os aparelhos ou dispositivos elétricos abaixo, é
uma aplicação prática do eletromagnetismo:
a. a lâmpada b. o chuveiro c. a campainha
d. a torradeira e. o ferro de passar
2. Condiderando-se que a Terra se comporta como um
gigantesco ímã, afirma-se que:
I. o pólo norte geográfico da Terra é o pólo sul magnético;
II. os pólos magnéticos e geográficos da Terra são
absolutamente coincidentes;
III. uma agulha imantada aponta seu pólo sul para o pólo
norte magnético da Terra.
Assinale a alternativa correta:
a. as afirmativas I e II são verdadeiras;
b. as afirmativas I e III são verdadeiras;
c. as afirmativas I, II e III são verdadeiras;
d. apenas a afirmativa II é verdadeira;
e. apenas a afirmativa III é verdadeira;
3. Sabemos que os ímãs produzem, em torno de si, um
certo campo magnético. Sabemos ainda que os ímãs
possuem dois pólos: um pólo norte e um pólo sul. Se
dividirmos um ímã ao meio, podemos dizer que:
a. os pólos do ímã serão separados;
b. por mais que se divida um ímã, ele conservará seus
pólos;
c. não se pode dividir um ímã;
d. as alternativas a e b estão corretas.
teste seu vestibular
73
19
EXEXEXEXEXEXERCÍCIOS
É hora de fazer umarevisão e também deaprender a fazer ocálculo do campomagnético produzidopela corrente elétricaem algumas situações.
Exercícios(Ímãs e motores elétricos)
74
19 Exercícios: ímãs e motores elétricos1. Quando aproximamos uma bússola de um fio em que
circula uma corrente, a agulha da bússola pode sofrer uma
deflexão ou pode não sofrer deflexão. Explique.
2. Um fio condutor de eletricidade está embutido em uma
parede. Uma pessoa deseja saber se existe, ou não, uma
corrente contínua passando pelo fio. Explique como ela
poderá verificar este fato usando uma agulha magnética.
3. Na figura são representadas algumas linhas do campo
magnético terrestre. Indique, com setas, o sentido dessas
linhas e responda: no pólo norte geográfico elas estão
"entrando" na superfície da Terra ou "saíndo"? Explique.
a) Dos pontos M, P, Q e R, qual deles indica o sentido do
norte geográfico?
b) Observe os pontos A e B indicados na bússola e diga
qual deles é o pólo norte e qual é o pólo sul da agulha
magnética.
9. Qual é a finalidade de um núcleo de ferro no eletroímã
de uma campainha?
10. Num motor de liquidificador, o fio do enrolamento do
estator é visivelmente mais grosso do que o do rotor. Qual
a explicação para esse fato?
4. Sabe-se que o Sol mostrado na figura deste exercício
está nascendo; responda:
5. Sabe-se que a Lua, ao contrário da Terra, não possui um
campo magnético. Sendo assim, poderia um astronauta se
orientar em nosso satélite usando uma bússola comum?
Explique.
6. Alguns galvanômetros possuem uma escala cujo zero é
central. Seu ponteiro pode sofrer deflexão para a direita e
para a esquerda do zero, dependendo do sentido da
corrente. Como se explica seu funcionamento?
7. A figura representa um fio com corrente e o seu sentido.
Indique o sentido do campo magnético nos pontos A e B.
8. Faça uma descrição de uma campainha do tipo cigarra e
explique seu funcionamento com base nos seus
conhecimentos de eletromagnetismo. Se quiser faça um
desenho
75
11. Um fio retilíneo muito longo, situado num meio de
permeabiliade absoluta µ = 4 π . 10-7 Tm/A, é percorrido
por uma corrente elétrica de intensidade i = 5,0A.
Considerando a figura ao lado um fio no plano do papel,
caracterizar o vetor indução magnética no ponto P, situado
nesse plano.
12. A espira condutora circular
esquematizada tem raio 2π cm,
sendo percorrida pela corrente
de intensidade 8,0A no sentido
indicado. Calcule o valor do
campo magnético no seu
centro.
13. Uma bobina é formada de 40 espiras circulares de raio
0,1 m. Sabendo que as espiras são percorridas por uma
corrente de 8A, determine a intensidade do vetor indução
magnética no seu centro.
i = 5,0A
→→→→→ 20 cm
14. Um solenóide é constituído de 600 espiras iguais,
enroladas em 10 cm. Sabendo que o solenóide é percorrido
por uma corrente de 0,2A, determine a intensidade do
vetor indução magnética no seu interior.
15. Determine a intensidade do campo magnético no ponto
P indicado na figura.
16. Dois fios retos e paralelos são percorridos pelas correntes
com intensidades i, conforme a figura.
a) Desenhe o campo magnético que a corrente (1) causa
no fio (2) e vice–versa.
b) calcule o valor do campo magnético no local onde se
encontra cada fio.
Campo magnético no interior
de um solenóide
No interior do solenóide, o
vetor indução magnética
tem as seguintes características:
a) direção: do eixo do solenóide
b) sentido: determinado pela
regra da mão direita
c) intensidade: B =
Cálculo do campo magnético criado por corrente elétrica
Campo magnético de um
fio condutor reto
O vetor indução magnética
num ponto P, à distância r
do fio, tem as seguintes
características:
a) direção: tangente à linha
de indução que passa pelo
ponto P
b) sentido: determinado pela
regra da mão direita
c) intensidade:
B =
Vamos aprender a calcular o campo magnético em três situações:
Campo magnético no centro
de uma espira circular
O vetor indução magnética
no centro de uma espira tem as
seguintes características:
a) direção: perpendicular ao
plano da espira
b) sentido: determinado pela
regra da mão direita
c) intensidade: B =
Para N voltas,
B = N .
B
→→→→→B
→→→→→B
→→→→→B
µ . i2π rµ . i
2 R
µ . i2 R
µ . N . i
l
76
Teste seu vestibular...
1. São dadas três barras de metal aparentemente
idênticas: AB, CD e EF. Sabe-se que podem estar ou
não imantadas, formando, então, ímãs retos. Verifica-se,
experimentalmente, que:
- a extremidade A atrai as extremidades C e D;
- a extremidade B atrai as extremidades C e D;
- a extremidade A atrai a extremidade E e repele a F.
Pode-se concluir que:
a)( ) a barra AB não está imantada
b)( ) a barra CD está imantada
c)( ) a extremidade E repele as extremidades A e B
d)( ) a extremidade E atrai as extremidades C e D
e)( ) a extremidade F atrai a extremidade C e repele a
extremidade D
2. Nos pontos internos de um longo solenóide percorrido
por corrente elétrica contínua, as linhas de indução do
campo magnético são:
a)( ) radiais com origem no eixo do solenóide
b)( ) circunferências concêntricas
c)( ) retas paralelas ao eixo do solenóide
d)( ) hélices cilíndricas
e)( ) não há linhas de indução, pois o campo magnético
é nulo no interior do solenóide
3. Um solenóide de 5 cm de comprimento apresenta
20 mil espiras por metro. Sendo percorrido por uma
corrente de 3A, qual é a intensidade do vetor indução
magnética em seu interior? (dado: µ = 4π. 10-7 T . m/A)
a)( ) 0,48 π T d)( ) 3,0 . 10-12 π Tb)( ) 4,8 . 10-3 π T e)( ) n.d.a
c)( ) 2,4 . 10-2 π T
5. Um pedaço de ferro é posto nas proximidades de um
ímã, conforme a figura ao lado. Qual é a única afirmação
correta relativa à situação em apreço?
a)( ) é o ímã que atrai o ferro
b)( ) é o ferro que atrai o ímã
c)( ) a atração do ferro pelo ímã é mais intensa que a atração
do ímã pelo ferro
d)( ) a atração do ímã pelo ferro é mais intensa do que a
atração do ferro pelo ímã
e)( ) a atração do ferro pelo ímã é igual à atração do ímã
pelo ferro
6. Quando um ímã em forma de barra é partido ao meio,
observa-se que:
a)( ) separamos o pólo norte do pólo sul
b)( ) obtemos ímãs unipolares
c)( ) damos origem a dois novos ímãs
d)( ) os corpos não mais possuem a propriedade
magnética
e)( ) n.d.a.
a)( )↑↑↑↑↑ c)( ) e)( ) →→→→→
b)( )↓↓↓↓↓ d)( )
4. Considerando o elétron, em um átomo de hidrogênio,
como sendo uma massa puntual, girando no plano da folha
em uma órbita circular, como mostra a figura, o vetor campo
magnético criado no centro do círculo por esse elétron é
representado por:
12345678901231234567890123123456789012312345678901231234567890123123456789012312345678901231234567890123
12345678901234567890123456789012345678901234567890
ferro ímã
77
20Usinas geradoras
de eletricidadeVamos conhecer os
processos pelos quais
diferentes formas de
energia podem ser
transformadas em
energia elétrica.
Acende-apaga, liga-desliga...
Quantas fontes de energia elétrica você
já utilizou hoje?
78
20 A produção de energia elétrica
Todos os aparelhoscapazes de transformaralguma energia emenergia elétrica sãoclassificados comofontes de energiaelétrica.
As turbinas podem também ser
movimentadas por vapor de água
a alta pressão. Nesse caso, as usinas
são termelétricas ou nucleares.
Nas termelétricas, o vapor de água é
obtido pelo aquecimento de água em
caldeiras, pela queima de carvão, óleo,
derivados de petróleo. Já nas usinas
nucleares o vapor de água é obtido pela
fissão do urânio.
Além dos geradores de eletricidade das usinas, temos
também os alternadores e os dínamos de automóveis, que
têm o mesmo princípio de funcionamento. A diferença se
dá na maneira como é obtida a rotação do eixo do gerador:
pela explosão do combustível no cilindro do motor.
A maior parte da energia elétrica utilizada no Brasil provém
de usinas hidrelétricas. Nessas usinas a água é represada
por meio de barragens, que têm a finalidade de
proporcionar um desnível de água capaz de movimentar
enormes turbinas. As turbinas são formadas por conjuntos
de pás ligadas ao eixo do gerador de eletricidade, que é
posto a girar com a passagem da água.
Outra forma de utilização de energia elétrica é através do
processo de separação de cargas. Um exemplo bastante
típico desses geradores é a pilha e também as baterias
comumente utilizadas em rádios, brinquedos, lanternas,
relógios etc.
Nesses sistemas uma reação química faz com que cargas
elétricas sejam concentradas em certas regiões chamadas
pólos. Assim obtêm-se os pólos positivos (onde se
concentram íons com falta de elétrons) e os pólos negativos
(onde os íons tem elétrons em excesso). Por meio desses
pólos obtém-se a tensão elétrica que permite o
estabelecimento da corrente elétrica quando um circuito
ligado a eles é fechado.
Além da reação química, existem outras formas de se
promover a separação de cargas. Nas portas automáticas
e sistemas de segurança, a separação de cargas é
produzida pela incidência de luz sobre material
fotossensível. O resultado é a corrente elétrica num circuito.
79
Nas máquinas fotográficas totalmente automáticas, uma
célula fotossensível regula a abertura do diafragma e o
tempo de exposição ao filme. Em outras máquinas não
automáticas, o medidor de luminosidade é um aparelho
chamado fotômetro. A luz incidente na célula, que tem
duas camadas de material condutor separados por uma
película de selênio ou cádmio, cria uma tensão proporcional
à intensidade de luz, e a corrente obtida muda a posição
do ponteiro do galvanômetro.
Através da diferença de temperatura também se pode
provocar a separação de cargas em alguns materiais. Esse
efeito é utilizado para medir a temperatura nos automóveis
quando as extremidades de dois metais diferentes entram
em contato e são submetidas a distintas temperaturas: um
ligado ao motor e outro à carcaça.
É possível, também, produzir separação de cargas por meio
do atrito entre certas espécies de material, Esse processo
de separação de cargas pode ser observado em muitas
situações do cotidiano.
Os raios que aparecem durante as tempestades são grandes
movimentos de cargas elétricas da Terra para as nuvens ou
das nuvens para a Terra. Essas grandes quantidades de
cargas nas nuvens são produzidas por atrito das gotículas
de água com o ar.
Já no acendedor de fogão sem fio, a separação de cargas
ocorre ao pressionarmos um cristal. Este é denominado
efeito piezoelétrico, que também está presente no
funcionamento de alguns tipos de agulha de toca-discos e
de microfones de cristal.
Quando esvaziamos um saco plástico
contendo arroz, é muito comum
acontecer de alguns grãos
permanecerem grudados na parte
interna do saco, mesmo quando este
é totalmente virado para baixo e
chacoalhado. Isso acontece porque
esses grãos, ao ser atritados com o
plástico, durante o esvaziamento, ficam
eletrizados e por isso são atraídos.
A separação de cargas por atrito é
bastante fácil de ser efetuada. Basta,
por exemplo, esfregar um objeto
plástico, tal como uma régua ou uma
caneta esferográfica, em papel ou numa
blusa de lã. Quando aproximamos a
região atritada de pequenos pedaços
de papel, dos pêlos do braço ou dos
cabelos, notamos que eles se atraem.
Em muitos laborátórios didáticos de
demonstração é comum encontrarmos
um aparelho que separa cargas
elétricas por atrito com grande
eficiência: o gerador de Van de Graaff.
Enquanto a correia é movimentada
pelo motor elétrico, um pente metálico
ligado a uma fonte de alta tensão
transfere cargas elétricas para ela. Estas
são transportadas até o interior da esfera
metálica e transferidas para ela por um
contato metálico. Assim, as cargas
elétricas vão sendo acumuladas em sua
superfície externa, atingindo milhares
de volts.
80
exercitando...
1. Quais as fontes de energia que você conhece? No Brasil,
qual é a mais utilizada? Por quê?
Rapidinhas
1. A maior usina hidrelétrica do mundo está no Brasil,
localizada no rio Paraná. Tem 18 turbinas, que em
operação são capazes de gerar 13.320.000.000 de watts
de energia elétrica. Sua construção teve como
conseqüência a inundação de uma área enorme para
acúmulo de água, o que torna muito discutível a
construção de grandes usinas e o impacto ambiental
provocado.
2. A construção de usinas nucleares para geração de
energia elétrica foi uma maneira de manter em atividade
a indústria dos artefatos nucleares. A entrada do Brasil na
chamada era nuclear, comprando usinas de uma empresa
americana – a Westinghouse –, foi muito polêmica, uma
vez que sua necessidade para o país era questionada.
Localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, sua
construção teve início em 1972 e começou a operar
somente em 1985. Tendo como característica o fato de
interromper o seu funcionamento – 30 vezes somente
nos primeiros 6 anos –, é conhecida como "vaga-lume".
3. Até o acidente na usina de Chernobyl, na Ucrânia,
em 1986,era voz corrente que uma usina nuclear jamais
podia explodir: "As chances de fusão de um núcleo são
de uma a cada 10.000 anos. As usinas são dotadas de
controles seguros e confiáveis, protegidos de qualquer
colapso por três sistemas de segurança diferentes e
independentes...". Entretanto, o impossível acontece!
Com a explosão que arrancou o teto do reator de 700
toneladas, uma bola de fogo lançou no ar, a mais de
1000 metros de altura, uma mistura de elementos
radiativos. Estima-se em 7.000 e 10.000 o número de
mortos e em 160.000 km2 a área contaminada.
Atrite uma canetaAtrite uma canetaAtrite uma canetaAtrite uma canetaAtrite uma caneta
esferográfica em umesferográfica em umesferográfica em umesferográfica em umesferográfica em um
pedaço de plástico epedaço de plástico epedaço de plástico epedaço de plástico epedaço de plástico e
depois aproxime-a dedepois aproxime-a dedepois aproxime-a dedepois aproxime-a dedepois aproxime-a de
pedacinhos de papel.pedacinhos de papel.pedacinhos de papel.pedacinhos de papel.pedacinhos de papel.
2. Alguns tipos de acendedor de fogão não utilizam
diretamente a energia elétrica da tomada, tampouco a de
uma bateria comum. No entanto, tais acendedores
produzem uma faísca quando pressionados por uma
espécie de gatilho preso a uma mola. Discuta que
transformações de energia ocorrem nesse dispositivo.
3. Os dínamos e os alternadores podem ser classificados
como fontes de energia elétrica. Quais as formas de energia
transformadas em energia elétrica nesses aparelhos?
PARA FAZER E PENSAR
O que ocorreu com a
caneta após ela ter
sido atritada? Esse
processo é semelhante
a qual dos discutidos
nas páginas 78 e 79?
81
21Dínamo
de bicicleta
A Física do dínamo de
bicicleta será
ilustrativa para
entender o gerador
de usina hidrelétrica.
Quando ouvimos falar em geradores de eletricidade,
pensamos logo nas usinas e suas barragens;
mas o dínamo de bicicleta é também um gerador que
representa uma das duas maneiras conhecidas de se
obter energia elétrica. Uma pista para saber como isso é
obtido está presente na ilustração. Qual é ela?
82
21 Dínamo de bicicleta
Os geradores das usinas e os dínamos de bicicleta são construídos de forma semelhante e têm o mesmo
princípio de funcionamento. Em ambos, há produção de energia elétrica a partir da energia mecânica de
rotação de um eixo. A partir da atividade que vem logo a seguir, vamos começar a desvendar esse
mistério.
Dínamo de Bicicleta: o gerador arroz–com–feijão
Para fazer esta atividade você vai precisar tomar
duas providências:
1. trazer ou ajudar seu professor a obter um dínamo
desse tipo;
2. além dele será necessário uma bússola. Com eles você
vai estar pronto para fazer a primeira parte.
Parte 1
a. aproxime a bússola do dínamo parado e verifique o
que acontece com ela;
b. repita, girando devagar com a mão o eixo do dínamo.
O que é possível dizer sobre o que há lá dentro?
Parte 2
Para verificar se ele de fato é um gerador de eletricidade,
conecte nos seus terminais um led (diodo fotoemissor).
Gire o seu eixo e observe o que ocorre com o led. Gire
para o lado oposto. E agora?
Parte 3
a. desparafuse a porca que fixa o eixo e retire-o com
cuidado. Do que ele é feito? Torne a aproximar dele a
bússola;
b. observe a parte do dínamo que fica em volta da
carcaça na parte interna. Do que ela é feita?
83
.
Mas isso não é tudo, porque apenas a presença do ímã no
interior do dínamo não é suficiente para acender a lâmpada.
Isso pode ser compreendido usando-se o princípio da
conservação da energia. Quando a lâmpada está acesa,
ela irradia continuamente energia luminosa e térmica para
o meio. Se o acendimento da lâmpada pudesse ser
causado apenas pela presença do ímã em repouso, isso
significaria que a energia estaria "saindo" do interior desse
ímã, o que sugere que ele deveria "gastar-se" depois de
um certo tempo. Entretanto, ímãs não se "gastam", ao
contrário das baterias.
É aí que entra o arroz–com–feijão!
Alguém tem que pedalar a bicileta para acender o farol ou
girar o eixo do dínamo para acender o led.
De acordo com o princípio da conservação de energia, o
fluxo contínuo de energia luminosa e térmica para fora do
sistema não pode ser causado por algo que não muda ao
longo do tempo. Em outras palavras, não há como o ímã
parado "bombear" energia, continuamente, para a lâmpada.
Para que isso ocorra é preciso fornecer energia, e isso é
feito pelo movimento. Para facilitar a dicussão do fenômeno
físico da geração de corrente elétrica pelo dínamo de
bicicleta, vamos representá-lo esquematicamente por um
ímã colocado entre duas espiras.
O campo magnético de um ímã parado varia de ponto
para ponto do espaço, mas em cada um desses pontos ele
permanece constante no tempo. Quando o ímã gira, como
acontece com a parte móvel do dínamo de bicicleta, o
campo magnético varia no espaço ao redor dele. Essa
variação gera o campo elétrico produzindo uma corrente
elétrica que é percebida com o acendimento da lâmpada.
O funcionamento do dínamo ilustra um caso particular de
uma das quatro leis gerais do Eletromagnetismo: a lei de
Faraday, segundo a qual uma corrente elétrica é gerada
num circuito fechado sempre que houver variação de um
campo magnético nessa região.
Esse processo de geração de corrente pode ser
representado pelo seguinte encadeamento de efeitos:
c a m p o
m a g n é t i c o
var iável
A corrente elétrica que
surge também é
chamada de corrente
induzida.
c o r r e n t e
elétrica no
c i r c u i t o
fechado
Quando o dínamo está em contato com a roda, o seu
movimento de rotação é transferido para o eixo do dínamo
pelo contato
com o pneu.
Como o ímã é
fixado ao eixo,
ele fica girando entre as bobinas. O fato de a lâmpada do
farol acender está associado a esse movimento.
No dínamo não há contato físico entre o ímã e as bobinas.
Entretanto, eles se influenciam mutuamente. Como diz
Paulinho da Viola, é preciso lembrar que "a vida não é só
isso que se vê, é um pouco mais, que os olhos não
conseguem perceber...". Neste caso, esse algo mais,
invisível mas real, é o campo magnético, no qual as bobinas
estão imersas. Desse modo, por meio do campo magnético
as partes fixa e móvel do dínamo podem se "comunicar".
84
1. Nos geradores em que o rotor é um eletroímã localizado dentro de um estator constituído por bobinas, para
manter o movimento de rotação é necessário um torque externo, além daquele realizado contra as forças de atrito.
Discuta a necessidade desse torque externo na manutenção do movimento do rotor, partindo do princípio de que
na ausência de torques externos a quantidade de movimento angular (momento angular) se mantém constante.
2. Analise as situações descritas abaixo e verifique se há ou não produção de campo magnético variável na região
próxima
a- Um fio com corrente alternada e parado em relação ao chão.
b- Um fio com corrente contínua e parado em relação ao chão.
c- Uma bobina com corrente contínua e parada em relação ao chão.
d- Uma bobina com corrente contínua se deslocando com velocidade v em relação ao chão.
e- Um ímã se deslocando com velocidade v em relação ao chão.
f - Um ímã girando com velocidade angular ωωωωω.
exercitando...
O ato de empurrar um ímã na direção da espira corresponde à "causa"
responsável pela origem da corrente induzida na espira. De acordo
com a lei de Lenz, o campo magnético da corrrente induzida deve se
opor à aproximação do ímã, ou seja, o ímã deve ser repelido. Assim, na
situação indicada, para que ocorra repulsão ao ímã, a face da espira
voltada para ele deve corresponder ao "pólo" sul. Para isso ser possível,
a corrente induzida deve ter o sentido indicado na figura (b). Se
afastarmos o ímã da espira, a corrente induzida deve também opor-se
a essa separação. Para tanto, dará origem a um "pólo" norte na face da
espira voltada para o ímã, como indica a figura (c).
A aproximação ou o afastamento do ímã em relação à espira encontra
uma certa resistência que precisa ser vencida. Isso significa que é
necessária a realização de um trabalho por um agente externo. Esse
comportamento está de acordo com o princípio da conservação da
energia, já estudado anteriormente.
LEI DE LENZ
Faraday descobriu que uma corrente elétrica é gerada num circuito
elétrico fechado, colocado numa região onde haja um campo
magnético variável.
Esse fenômeno recebeu o nome de indução eletromagnética, e
a corrente que surge é chamada de corrente induzida.
Um outro trabalho foi realizado para saber o sentido da corrente
induzida, possibilitando o entendimento da relação entre o sentido
da corrente induzida e a causa que lhe deu origem. É isso que nos
informa a chamada lei de Lenz:
"O sentido da corrente induzida é tal
que o campo magnético criado por
ela se opõe à causa que lhe deu
origem".
Para entendermos o significado dessa
nova lei, observe a situação mostrada na
figura (a).
(b) (c)(a)
85
22Transformadores
no circuitoEntre a usina e os
centros consumidores
de energia elétrica há
um enorme circuito.
Suas características
você vai estudar agora.
Por que é necessário
elevar ou baixar a
tensão elétrica
e como isso pode ser
feito?
Entre a usina hidrelétrica e a nossa
residência existem muitos
transformadores, uma vez que a
tensão de saída dos geradores é da
ordem de 10.000 V, nos fios de alta
tensão é de 700.000 V e a de
consumo doméstico encontra-se na
faixa de 110/220 V. A tensão no
consumo comercial/industrial varia
de 110/220 V até 550 V, enquanto
no consumo em transporte (trens
elétricos, metrô) varia de 600 V a
3.000 V.
86
22 Transformadores
Ligar um aparelho à tomada significa fazer com que ele se torne parte de um circuito muito maior, que pode ter
centenas de quilômetros de extensão.
Se acompanharmos os fios que chegam a uma tomada, podemos verificar que eles estão ligados à rede elétrica de
nossa casa. Essa rede, por sua vez, está ligada aos fios que vêm do poste, através da caixa de distribuição. Esses fios,
antes de chegarem às residências, "passam" por sucessivos aparelhos, denominados transformadores, localizados em
pontos estratégicos ao longo da rede elétrica. Os fios da rua são distribuídos a partir de uma subestação rebaixadora de
tensão, que está ligada por cabos de alta tensão a outra subestação, localizada ao lado da usina geradora de energia
elétrica. A função dessa subestação é elevar a tensão gerada na usina para ser transportada por longas distâncias.
Como a potência é proporcional à tensão e à corrente ( P =
U.i ), podemos obter a mesma quantidade de energia
A transmissão da energia elétrica das usinas até os pontos
de consumo é efetuada através de fios condutores, e por
isso parte dela é dissipada na forma de calor. De acordo
com a lei de Joule-Lenz (P = R.i2 ), essa perda é proporcional
ao quadrado da corrente. Dessa forma, para reduzi-la é
conveniente diminuirmos a intensidade da corrente.
transmitida na unidade de tempo através de uma corrente
menor, se aumentarmos a tensão.
É o transformador que realiza tais alterações. Por isso ele
está presente nas duas subestações, ora para elevar, ora
para baixar a tensão. Também está presente em alguns
postes onde a tensão é novamente rebaixada ou elevada
para ser colocada em condições de uso.
subestação
elevadora de tensão
fábrica
subestação
rebaixadora de tensão
transformador
rebaixador de tensão
linhas de alta tensão
usina
hidrelétrica
87
Os transformadores rebaixadores de tensão têm maior
número de voltas de fio no enrolamento primário que no
secundário. Em geral, nesse tipo de transformador os fios
utilizados no enrolamento secundário são mais grossos.
Nos transformadores da subestação elevadora de tensão,
o enrolamento primário tem menor número de voltas de
fio que o enrolamento secundário, podendo esse
enrolamento, em muitos casos, este ser constituído por
fios mais finos.
Basicamente o transformador é constituído de fios enrolados
em um núcleo de ferro. São dois enrolamentos
independentes: o enrolamento primário, ligado à fonte, e
o enrolamento secundário, onde se obtém a tensão
desejada. Os dois enrolamentos podem estar: um sobre o
outro isolados eletricamente e com o núcleo de ferro comum
a ambos; ou podem estar separados, ou seja, o enrolamento
primário numa parte do núcleo e o secundário em outra
parte.
Sendo UP e U
S as tensões nos terminais dos fios nos
enrolamentos primário e secundário e NP e N
S o número
de voltas de fio em cada um desses enrolamentos, vale a
seguinte relação para o transformador:
Todos esses fatores
podem provocar o
aquecimento. É por
isso que aparelhos de
som e videocassetes
esquentam durante o
funcionamento e o
gabinete possui orifícios
para ventilação junto ao
transformador.
UUUUUppppp/U/U/U/U/U
s s s s s = N= N= N= N= N
ppppp/N/N/N/N/N
sssss
U U U U UPPPPP/U/U/U/U/U
SSSSS = i = i = i = i = i
S S S S S /i/i/i/i/i
PPPPP
A queda de potência ou energia, da ordem de 2%, deve-
se aos seguintes fatores:
- aquecimento dos enrolamentos (de acordo com a lei de
Joule-Lenz);
- correntes induzidas no núcleo de ferro do transformador,
que criam um campo magnético contrário àquele criado
pela corrente no enrolamento primário. Tais correntes
induzidas são também conhecidas por correntes de Foucault.
- processo de magnetização que ocorre no núcleo de ferro
do transformador (pelo fato de a corrente, que cria o campo
magnético, ser alternada, há um ciclo de magnetização
do núcleo, que acompanha as variações de intensidade e
de sentido da corrente). Por esse motivo, o núcleo de
ferro é laminado, separado com material isolante.
Balanço energético no transformador
O rendimento nos transformadores é em torno de 98%, o
que significa que a potência elétrica no enrolamento
primário é praticamente igual à do enrolamento secundário,
ou seja, UP iP (enrolamento primário) = U
S iS (enrolamento
secundário) ou
88
exercitando...
1. Um transformador é constituído por dois enrolamentos
de fios de cobre, um de 200 e outro de 1200 espiras.
Esses solenóides envolvem uma mesma barra de ferro.
a) Se a tensão no enrolamento (primário) de 200 espiras
for de 12 volts, que tensão obtemos no outro
enrolamento (secundário)?
b) Qual a função do núcleo de ferro?
c) É possível esse transformador funcionar se a tensão
de 12 volts for de uma bateria (corrente contínua)? Por
quê?
2. Um transformador tem 200 espiras no primário e
recebe uma tensão de 110 V. Quantas espiras deve ter
no secundário para que a tensão de saída seja 220 V?
3. Qual a tensão retirada da saída de um transformador,
sabendo que a tensão de entrada é de 220 V e a razão
entre o número de espiras do secundário e o número
de espiras do primário é 1/20? O transformador
funcionou como elevador ou como rebaixador de
tensão?
4. Explique por que o núcleo de ferro do transformador
é laminado.
5. Um transformador está sendo usado para baixar a
tensão de 120 V para 9 V. Sabendo-se que o número
de espiras do primário é 240 voltas e que a potência
no circuito secundário é 6 W e considerando que a
perda de energia é desprezível, responda:
a. qual o número de espiras do secundário;
b. qual a corrente elétrica no secundário;
c. qual a corrente elétrica no primário.
Uma aplicação da lei de Faraday: a indução
eletromagnética nos transformadores.
Segundo a lei de Faraday, quando numa região do
espaço ocorre uma variação do campo magnético, é
induzido nessa região um campo elétrico.
No transformador, esse fluxo de variação do campo
magnético do primário induz um campo elétrico no
enrolamento secundário, de tal forma que, quanto maior
for o fluxo dessa variação, maior a intensidade do campo
elétrico induzido em cada espira. A tensão que resulta
nos terminais do enrolamento secundário é proporcional
ao campo elétrico induzido e ao número de voltas do
enrolamento.
Os aparelhos elétricos são construídos para funcionar
com determinadas tensões. Quando a tensão de
funcionamento dos aparelhos não coincidir com a tensão
da fonte, é necessário intercalar entre os dois um
transformador para adequar essas tensões.
Saiba um pouco mais sobre o
transformador
O transformador é um aparelho consumidor de energia
elétrica quando considerado do lado do enrolamento
primário e, também, fonte ou gerador de energia elétrica
do lado do enrolamento secundário.
Quando o enrolamento primário é ligado a um circuito
de corrente alternada, essa corrente cria um campo
magnético proporcional a ela própria e ao número de
voltas do enrolamento. Como a corrente é alternada, o
campo magnético criado por ela é também variável
com o tempo e, conseqüentemente, aparece um fluxo
da variação desse campo na região onde se encontra
o enrolamento secundário.
89
23A corrente elétrica
vista por dentro
Como é imaginado
um metal com e sem
corrente elétrica
você vai saber
agora, com a ajuda
de um modelo físico.
Se não for só para apertar botão, está na hora de
responder algumas questões:
O que significa ligar um aparelho elétrico? Por que
existe corrente em um aparelho ligado? No que
consiste a corrente elétrica?
90
23 A corrente elétrica nos metais vista por dentroAs questões indicadas na página anterior somente podem
ser respondidas considerando-se o que acontece no interior
do fio quando se estabelece nele uma corrente elétrica.
Assim, será necessário conhecer um modelo teórico que
explica o que ocorre microscopicamente em um fio sem
corrente elétrica, e depois com corrente elétrica.
Antes, poderíamos perguntar: o que é um modelo ?
Um modelo é um conjunto de hipóteses que buscam
explicar um fenômeno. É também imaginação e estética.
Nesse caso, o modelo para a corrente elétrica utiliza a
teoria atômica da matéria. Hoje em dia, acreditamos que
toda matéria seja constituída de corpúsculos extremamente
minúsculos denominados ÁTOMOS.
Os átomos são muito pequenos. Se um átomo fosse
tamanho de um ponto (deste tamanho . ), a bolinha da
ponta de uma caneta teria 10 km de diâmetro. Para se ter
uma ideía do tamanho desses tijolinhos que formam os
materiais, uma bolinha de ponta de caneta deve conter...
1 000 000 000 000 000 000 000de átomos.
A figura a seguir é uma representação esquemática do
átomo. Note que eles são formados de partículas ainda
menores: os prótons e os nêutrons, que formam o núcleo,
e os elétrons que giram em torno dele.
Em um átomo neutro, o número de prótons e elétrons é
igual.
Como é imaginado o metal
internamente?
Um fio de metal é um conjunto muito grande de átomos
ligados uns aos outros mas que guardam uma certa distância
entre si. Essa organização forma uma estrutura tridimensional
bastante regular, que pode mudar de um metal para outro,
chamada de rede cristalina.
À temperatura ambiente, tanto os elétrons quanto os núcleos
atômicos estão em movimento cuja origem é térmica.
Enquanto os núcleos vibram juntamente com os elétrons
presos a ele, os elétrons que se desprenderam realizam
um tipo de movimento aleatório pelo interior da rede
cristalina.
Além disso, no interior do metal cada átomo perde um ou
dois elétrons, que ficam vagando pelos espaços vazios no
interior do metal (sendo por isso chamados de elétrons
livres), enquanto a maioria dos elétrons está presa na
vizinhança dos núcleos.
modelo,
eu?
91
O que muda no metal quando hácorrente elétrica?
Aparentemente nada que possa ser visto a olho nu! Mas,
e internamente?
Um aparelho elétrico só entra em funcionamento se for
ligado a uma fonte de energia elétrica, que pode ser uma
usina, uma pilha ou bateria. Nessa situação há transformação
de energia elétrica em outras formas de energia, e o que
possibilita tal transformação é a existência de corrente
elétrica.
Internamente, a energia da fonte é utilizada para acelerar
os elétrons livres no interior da rede cristalina, por meio
de uma força de natureza elétrica. Essa força provoca um
movimento adicional ao já existente em cada elétron livre
do metal.
O resultado desse processo é uma superposição de dois
movimentos: o de origem térmica, que já existia e continua,
e o movimento adicional provocado pela fonte de energia
elétrica.
É esse movimento adicional que se entende por
corrente elétrica.
A velocidade de cada elétron livre associada a cada um
desses dois movimentos tem valor completamente
diferente: enquanto a velocidade devida ao movimento
térmico é da ordem de 100.000 m/s, a velocidade devida
ao movimento adicional é de aproximadamente 1 mm/s.
Qual o significado da intensidade da
corrente elétrica nesse modelo?
Vamos imaginar que quiséssemos medir uma "corrente" de
carros em uma estrada. Uma corrente de 100 carros por
minuto indicaria que a cada minuto 100 carros passam pela
faixa. Se contarmos durante o tempo de 5 minutos a
passagem de 600 carros e quisermos saber quantos passam,
em média, em 1 minuto, faríamos:
corrente = 600 carros/5 minutos = 120 carros/minuto
Assim poderíamos escrever a fórmula da intensidade de
corrente da seguinte maneira: corrente = no de carros/tempo
Para uma corrente de elétrons num fio metálico, poderíamos
escrever algo semelhante:
corrente elétrica = no de elétrons/tempo
No entanto, o que nos interessa é a quantidade de carga
que passa e não o número de elétrons. Desse modo, a
intensidade de corrente pode ser calculada pela expressão:
i = N.e onde: N é o número de elétronst
e a carga elétrica do elétron
t é o tempo transcorrido
Quando a carga é medida
em coulombs e o tempo
medido em segundos, a
corrente é medida em
ampère (A)
92
exercícios...
1. Do que são formados os átomos?
2. Do que é constituído e como está organizado o metal?
3. Por que alguns elétrons recebem a denominação de
elétrons livres?
4. Que alterações ocorrem internamente num fio
metálico com corrente elétrica?
5. O que se entende por movimento térmico aplicado
aos componentes de um fio metálico?
6. A figura a seguir representa os componentes
microscópicos de um fio metálico.
Indique o nome dos componente indicados com as letras
X e Y.
7. Sabendo que 1200 elétrons por segundo atravessam
a secção reta de um condutor e que a carga elementar
tem intensidade e = 1,6 . 10-19C, calcule a intensidade
da corrente elétrica nesse condutor.
8. No circuito elétrico, existe uma correte de 1A.Quantos
elétrons atravessam uma seção transversal desse fio
metálico por segundo?
Um pouco mais sobre a corrente
Já na tomada, a corrente é alternada. Isso significa que
ora a corrente tem um sentido, ora tem outro, oposto ao
primeiro. Isso ocorre porque a força que impulsiona os
elétrons livres inverte constantemente de sentido.
Quando um aparelho é ligado a uma pilha ou bateria, a
corrente elétrica se mantém constantemente em um
mesmo sentido. Isso quer dizer que a força que
impulsiona os elétrons é sempre no mesmo sentido.
9. A instalação elétrica de um chuveiro, cuja inscrição na
chapinha é 220 V - 2800/4400 W, feita com fio de cobre
de bitola 12, estabelece uma corrente elétrica de
aproximadamente 12A, quando a chave está ligada na
posição verão. Na posição inverno a corrente é de
aproximadamente 20A. Calcule o número de elétrons que
atravessa, em média, uma seção transversal do fio em um
segundo, para a chave nas posições verão e inverno,
sabendo-se que a carga de um elétron é, em módulo,
igual a 1,6.10-19 C.
10. Explique a diferença no filamento das lâmpadas com
tensões nominais 110 V e 220 V, porém com mesmas
potências, usando o modelo de corrente.
11. Determine a intensidade da corrente elétrica num fio
condutor, sabendo que em 5 segundos uma carga de
60 C atravessa uma secção reta desse fio.
12. Explique a diferença entre corrente contínua e corrente
alternada levando em conta a força elétrica sobre os elétrons
livres.
y
93
24
Nesta aula você
vai entender como se
explica o surgimento
da corrente
elétrica
Fumaça, cheiros
e campos
No campo de futebol se joga... bem, você sabe.
Já numa quadra poliesportiva se pode jogar basquete,
vôlei, futebol de salão... desde que se conheçam as
regras. E nos campos da Física, que jogos podem ser
jogados? E com que regras?
94
24 Fumaça, cheiros e camposHá uma frase bastante conhecida que diz:
"onde há fumaça, há fogo"
que serve para dizer muitas coisas. Uma delas é que a
gente pode identificar a existência de algo queimando
mesmo que não vejamos. Por que podemos dizer isso?
Algo queimando sempre provoca a produção de gases
que se misturam com o ar, e estes podem ser detectados
pelo olfato, ainda que não esteja visível a chama.
De forma semelhante podemos perceber o odor de um
perfume, ainda que não possamos vê-lo. De um frasco de
perfume aberto emanam moléculas que, por estarem em
movimento, misturam-se com o ar próximo, criando uma
espécie de "campo de cheiro" em todos
os pontos desse ambiente. Até que
ocorresse toda a evaporação do per-
fume, esse ambiente ficaria com essa
carcterística: além das moléculas do ar,
estariam presentes as moléculas da
substância desse perfume e qualquer
nariz poderia detectar a sua existência,
mesmo que não fosse possível ver o
frasco.
Mas a essa altura poderia-se perguntar: aonde vai nos levar
isso tudo?
Essa conversa introdutória é para chamar a atenção de
algumas características comuns a um conceito muito
importante na física: o de campo. O conceito físico de
campo caracteriza a propriedade que a matéria tem
de influenciar o espaço que fica ao redor dela, dando-
lhe uma característica que ele não tinha antes. Nesse
sentido é que o "campo de cheiro" do perfume é análogo
ao conceito físico de campo.
É desse modo que se entende hoje a atração gravitacional:
a Terra, como qualquer corpo com massa, é concebida
como se tivesse em torno de si uma "aura", isto é, como
uma extensão não material, que preenche todo o espaço
ao redor.
Um aspecto muito importante do conceito físico de campo
é que ele não é separável da matéria que o origina. Assim,
o campo gravitacional da Terra é tão inseparável dela
como o campo magnético de um ímã é inseparável dele.
Desse modo, se a matéria se move, o seu campo também
se move, acompanhando a matéria.
Assim, qualquer outra massa "imersa" no campo
gravitacional da Terra é atraída por ela, pela força peso.
Assim, podemos entender que o peso é a evidência mais
comum da ação do campo gravitacional.
95
Uma outra propriedade
interessante do conceito
de campo é de que ele
age também no interior
dos objetos. Quando
plantamos bananeira, por
exemplo, é o campo
gravitacional que faz o
sangue descer para nossa
cabeça.
Uma outra característica importante do conceito físico de
campo é que ele tem um valor que varia com a distância
em relação à matéria que o produz. O campo gravitacional
da Terra, por exemplo, é capaz de "prender" a Lua ao
nosso planeta, o que significa que ele se estende por
grandes distâncias. Aqui na superfície da Terra, onde nos
encontramos, ele vale 9,8 N/kg, mas lá na superfície da
Lua seu valor é aproximadamente 0,0027 N/kg.
Próximo à superfície da Terra ou sobre ela, onde nos
encontramos, o campo gravitacional da Terra é praticamente
constante. Assim, podemos afirmar que no interior da sala
de aula o campo gravitacional é uniforme e pode ser
representado conforme ilustra o tom cinza da figura.
Nessa situação podemos perceber que o campo gerado
pela Terra existe independentemente de haver alunos na
classe e, além disso, seu valor é o mesmo para todos os
pontos.
Essa discussão acerca das propriedades do campo
gravitacional vai ser útil para entendermos mais sobre o
que ocorre no interior do fio quando há corrente elétrica.
Já sabemos que os elétrons livres ficam sujeitos a um
movimento adicional, provocado pela ação de uma força
elétrica sobre eles. Essa força também é devida à existência
de um campo criado pela fonte de energia elétrica: é o
campo elétrico! Assim, quando um circuito elétrico está
fechado e é conectado a uma fonte como pilha, bateria ou
usina, dentro do fio é estabelecido um campo elétrico.
Do mesmo modo que o campo gravitacional age sobre
uma massa, o campo elétrico produzido pela fonte agirá
sobre todas as partículas eletricamente carregadas,
presentes no fio, causando uma força elétrica sobre elas.
Em particular ele agirá sobre os elétrons livres e, por isso,
eles adquirirão um movimento adicional ao já existente,
que é o de agitação térmica.
96
As pilhas e as baterias geram campos elétricos que não
variam com o tempo, o
que produz uma corrente
elétrica contínua.
Já o gerador das usinas
gera campo elétrico que
se altera, e por isso a
corrente é variável.
Podemos representar
essa variação pela figura
ao lado.
Como essa variação se
repete ao longo do
tempo, tanto o campo
elétrico gerado pela usina
como a corrente elétrica
no circuito recebem a denominação de alternado(a).
Em nossa residência, a repetição dessa variação ocorre
60 vezes por segundo. Por isso é que aparece nas
chapinhas dos aparelhos o valor 60 Hz.
A corrente elétrica nos aparelhos ligados à tomada ou
diretamente à rede elétrica é do tipo alternada, ou seja,
varia com tempo. Assim, os valores indicados nesses
aparelhos pelo fabricante não indicam o valor real, mas
aquele que os aparelhos necessitariam caso funcionassem
com uma fonte que produz corrente contínua.
Para ter uma idéia, se num chuveiro a corrente elétrica é
20A, esse valor se refere à corrente se a fonte produzir
corrente contínua. Na rede elétrica, entretanto, seu valor
varia de +28A até -28A, sendo que os sinais + e - indicam
sua alteração no sentido.
exercitando...
3. Explique como surge a corrente elétrica em um fio
metálico usando os conceitos: elétron livre, força elétrica e
campo elétrico.
4. O que diferencia a corrente produzida pela pilha de
uma usina?
5. Por que a corrente elétrica em um aparelho ligado à
tomada é denominado de corrente alternada?
6. Alguns aparelhos trazem a seguinte informação do
fabricante: 50-60 Hz. O que significa tal informação?
7. Um ferro elétrico tem uma potência de 1000 W e
funciona ligado à tensão de 110 V.
a. calcule o valor da corrente elétrica no circuito quando
em funcionamento.
b. qual o significado do valor encontrado?
Contínua e alternada
.A
.B
1. Como a física entende o conceito de campo?
2. Na representação do campo gravitacional da Terra pela
cor cinza, explique por que no ponto A o valor do campo
é maior que em B?
97
25Exercícios: geradores e
outros dipositivos (1a parte) EXEXEXEXEXEXERCÍCIOSChegou a hora de
fazer uma revisão de
tudo o que estudamos
até agora sobre
geradores de energia
elétrica.
(Lei de Faraday e de Lenz, modelo de corrente elétrica)
98
25 Exercícios: Lei de Faraday e de Lenz, modelo de corrente elétrica
2. A figura deste exercício mostra uma espira condutora
CDFG, colocada sobre uma mesa horizontal. Um ímã é
afastado verticalmente da espira da maneira indicada na
figura.
a) O campo magnético estabelecido pelo ímã em pontos
do interior da espira está dirigido para baixo ou para cima?
b) As linhas de campo criadas pelo ímã, que atravessam a
espira estão aumentando ou diminuindo?
c) Então o campo magnético que a corrente induzida cria
no interior da espira deve estar dirigido para baixo ou para
cima?
d) Usando a lei de Lenz, determine o sentido da corrente
induzida na espira.
5. Um transformador foi construído com um primário
constituído por uma bobina de 400 espiras e um secundário
com 2000 espiras. Aplica-se ao primário uma voltagem
alternada de 120 volts.
a) Qual a voltagem que será obtida no secundário?
b) Suponha que este transformador esteja sendo usado
para alimentar uma lâmpada fluorescente ligada ao seu
secundário. Sabendo-se que a corrente no primário vale
i1 = 1,5 A, qual é o valor da corrente i
2 que passa pela
lâmpada (suponha que não haja dissipação de energia no
transformador)?
4. Como é um transformador? Qual é sua função?
1. Quando empurramos um ímã na direção de uma espira
(figura a), o agente que causa o movimento do ímã sofrerá
sempre a ação de uma força resistente, o que o obrigará à
realização de um trabalho a fim de conseguir efetuar o
movimento desejado.
a) Explique o aparecimento dessa força resistente.
b) Se cortarmos a espira como mostra a figura (b), será
necessário realizar trabalho para movimentar o ímã?
3. Se deslocarmos um ímã permanente na direção de um
solenóide, como indica a figura (a), o ponteiro de um
galvanômetro ligado ao circuito se moverá no sentido
indicado.
a) Como se explica o movimento do ponteiro do
galvanômetro associado ao solenóide?
b) Indique, nas situações das figuras (b), (c) e (d), o que
acontece com o ponteiro do galvanômetro e o sentido da
corrente no fio do solenóide.
99
teste seu vestibular...
1. Uma corrente elétrica que flui num condutor tem um
valor igual a 5A. Pode-se, então, afirmar que a carga que
passa numa secção reta do condutor é de:
a) 1C em cada 5s d) 1C em cada 1s
b) 5C em cada 5s e) 1C em cada 1/5s.
c) 1/5C em cada 1s
2. Em uma seção transversal de um fio condutor passa uma
carga de 10C a cada 2s. Qual a intensidade de corrente
nesse fio?
a) 5A b) 20A c) 200A d) 20mA e) 0,2A
3. Uma corrente elétrica de 10A é mantida em um condutor
metálico durante dois minutos. Pede-se a carga elétrica
que atravessa uma seção do condutor.
a) 120C b) 1200C c) 200C d) 20C e) 600C
4. Uma corrente elétrica de intensidade 11,2 .10-6A percorre
um condutor metálico. A carga elementar e = 1,6 . 10-19C.
O tipo e o número de partículas carregadas que atravessam
uma seção transversal desse condutor por segundo são:
a) prótons: 7,0 . 1023 partículas.
b) íons de metal: 14,0 . 1016 partículas.
c) prótons: 7,0 . 1019 partículas.
d) elétrons: 14,0 . 1016 partículas.
e) elétrons: 7,0 . 1013 partículas.
7. Ao ligar dois fios de cobre de mesma bitola, porém de
comprimentos diferentes, numa mesma pilha, notei que o
fio curto esquenta muito mais que o fio longo. Qual a
explicação para isso?
8. Ao ligar dois fios de cobre de mesmo comprimento,
porém de bitolas diferentes, numa mesma pilha, notei que
o fio mais grosso esquenta mais que o fio mais fino. Qual a
explicação para esse fato?
9. A intensidade da corrente que foi estabelecida em um
fio metálico é i = 400 mA (1mA = 1 miliampère = 10-3A).
Supondo que essa corrente foi mantida no fio durante 10
minutos, calcule:
a) A quantidade total de carga que passou através de uma
secção do fio.
b) O número de elétrons que passou através dessa secção.
10. Qual a intensidade de corrente elétrica que passa por
um fio de cobre durante 1 segundo, sendo que por ele
passam 1,6 . 1019 elétrons?
6. "Os metais de forma geral, tais como o ouro, o cobre, a
prata, o ferro e outros, são fundamentais para a existência
da sociedade moderna, não só pelo valor que possuem,
mas principalmente pela utilidade que têm."
De acordo com a frase acima, e baseado em seus estudos
de eletricidade, qual a utilidade dos metais e em que sua
estrutura cristalina os auxilia a ter essa utilidade.
100
7. Aproximando ou afastando um ímã de uma espira
condutora retangular, a variação do fluxo de indução
magnética determina o aparecimento de uma corrente
elétrica induzida i.
Qual a figura que melhor representa a corrente elétrica
induzida?
a)( ) A b)( ) B c)( ) C d)( ) D e)( ) E
8. A figura mostra três posições secessivas de uma espira
condutora que se desloca com velocidade constante numa
região em que há um campo magnético uniforme, per-
pendicular à página e para dentro da página. Selecione a
alternativa que supre as omissões nas frases seguintes:
I - Na posição (1), a espira está penetrando na região onde
existe o campo magnético e, conseqüentemente,
está............................ o fluxo magnético através da espira.
II - Na posição (2), não há ..........................na espira.
III - Na posição (3), a corrente elétrica induzida na espira,
em relação à corrente induzida na posição (1), tem sentido
.........................
a)( ) aumentando, fluxo, igual
b)( ) diminuindo, corrente, contrário
c)( ) diminuindo, fluxo, contrário
d)( ) aumentando, corrente, contrário
e)( ) diminuindo, fluxo, igual
5. No esquema, a fig. (1) representa o movimento
aleatório de um elétron em um condutor. Após muitos
choques, a maior probabilidade do elétron é permanecer
nas proximidades do ponto (A). Na fig. (2), o condutor
está submetido a um campo elétrico. Assim o elétron se
arrasta sistematicamente para a direita, durante cada
segmento da trajetória. Se o movimento se dá conforme
a descrição, é porque o campo elétrico é:
a)( ) horizontal, para a direita
b)( ) vertical, para cima
c)( ) vertical, para baixo
d)( ) horizontal para a esquerda
e)( ) diferente dos casos citados acima
6. A lei de Lenz determina o sentido da corrente
induzida. Tal lei diz que a corrente induzida:
a)( ) surge em sentido tal que tende a reforçar a causa
que lhe deu origem.
b)( ) surge sempre num sentido que tende a anular a
causa que lhe dá origem.
c)( ) aparece num sentido difícil de ser determinado.
d)( ) há duas alternativas certas.
e)( ) aparece sempre que alteramos a forma de uma
espira.
101
26Pilhas e
baterias
Agora você vai
aprender o
funcionamento de um
outro processo de
geracão de energia
elétrica.
Radiorrelógio, lanterna, radinho,
carrinho de controle remoto, máquina
fotográfica, autorama, relógio de
pulso... usam pilhas ou baterias como
fonte de energia elétrica. Cada uma
delas, apesar dos usos diferenciados
são capazes de gerar corrente por um
processo semelhante. Você sabe dizer
qual é ele?
102
26 Pilhas e baterias
Esta construção é uma adaptação da montagem
proposta na publicação do CECISP, Eletricidade e
Magnetismo, São Paulo, 1981
Construção de uma pilha*
Utilizando duas placas de cobre e duas de zinco (10 cm x 2 cm cada uma), papel higiênico (90 cm), um pedaço
de esponja de aço (bombril) e cerca de 30 ml de ácido acético (ou sulfeto de cobre a 100 g/litro), construiremos
uma pilha capaz de acender um led (ou lâmpada de 1,2 V).
Procedimentos:
1. Com o bombril, limpe uma das placas de cobre (cor avermelhada)
e outra de zinco (cor cinza), até ficarem brilhantes.
2. Utilizando dois pedaços de fio cabinho (no 20) e um led, faça as
ligações indicadas nas figuras e verifique se ele acende
3. Corte 30 cm de papel higiênico e dobre-o de tal forma que fique
aproximadamente com o mesmo tamanho das placas. A seguir,
mergulhe-o no frasco que contém a solução de ácido acético (ou
sulfato de cobre) para que fique completamente embebido pela
solução. Aperte um pouco o papel para retirar o excesso de líquido.
4. Coloque o papel higiênico embebido entre as placas que foram
limpas e comprima bem as placas contra o papel. Observe o led
para verificar se ele acende.
5. Desmonte essa pilha e limpe muito bem tanto essas duas placas
como também as outras duas que ainda não foram utilizadas.
6. Separe em 2 pedaços iguais o restante do papel
higiênico e dobre cada um deles no tamanho
aproximado das placas. A seguir mergulhe-os na
solução de ácido acético e faça a montagem
indicada na figura.
103
A pilha que você acabou de construir é essencialmente
um separador de cargas; o mesmo acontece com a bateria
do automóvel, de relógio e as pilhas comuns. Os terminais
metálicos de uma bateria são denominados pólos e podem
ser positivo e negativo. É nesses pólos que existem
substâncias cujas moléculas não têm carga total zero. O
pólo é positivo quando nele acumulam-se substâncias com
falta de elétrons, e negativo quando a substância tem
elétrons em excesso. Com esse acúmulo é produzida uma
tensão elétrica cujo valor vem impresso nesses geradores:
pilha comum para rádio e lanterna (1,5 V), "bateria" de
automóveis (12 V).
.
Vamos discutir com mais detalhes o que
acontece no interior da bateria, ou seja, como
os processos químicos produzem os
acúmulos de cargas nos terminais.
O eletrodo negativo é constituído de chumbo e de uma
camada externa de sulfato de chumbo mais elétrons. O
eletrodo positivo é formado de peróxido de chumbo e de
uma camada externa de íons positivos de chumbo.
O ácido sulfúrico diluído na água está dissociado em íons
de hidrogênio (H+) e íons de sulfato (SO4
-2). Esses íons
reagem com os dois eletrodos e provocam o aparecimento
de excesso de elétrons em um deles e falta no outro.
Uma bateria como a usada em motos e
automóveis é constituída de um conjunto de
pares de placas de materiais diferentes,
imersos numa solução de ácido sulfúrico
(H2SO
4), ligadas em série, intercalando placas
positivas (eletrodos positivos) e placas
negativas (eletrodos negativos).
As pilhas e baterias
fazem a reposição dessas
substâncias que se
acumulam nos pólos
continuamente por meio
de processos químicos.
Sua utilização, entretanto,
é limitada, porque a
reação química que
produz a separação de
cargas não é reversível.
Sendo assim, uma vez
esgotados os reagentes
dessa reação, as pilhas e
baterias "acabam", e não
podem ser recarregadas.
Já na bateria de automóvel, que é tecnicamente chamada
de acumulador, esse processo é reversível e, por isso, ela
pode ser recarregada.
Negativo Quando os terminais da pilha ou bateria são ligados por
algum material condutor e o circuito elétrico é fechado,
uma corrente elétrica é estabelecida. Os elétrons livres do
condutor adquirem um movimento de avanço do pólo
negativo para o pólo positivo. O sentido da corrente não
se altera no tempo. Por isso, a bateria e a pilha são fontes
de corrente contínua.
104
5. Que tipo de corrente é gerado pelas pilhas e baterias?
6. Observe a bateria de uma motocicleta e responda:
a. faça um esquema indicando onde estão os pólos
positivo e negativo.
b. A que placas se ligam os pólos positivo e negativo? É
possível diferenciá-los apenas pela observação?
c. O que carrega a bateria no seu funcionamento nor-
mal?
exercitando....
1. O que são pólos negativos e positivos em uma pilha?
2. Durante o funcionamento do motor, a bateria de
automóvel é automaticamente recarregada. O que
fornece a energia necessária para a sua ocorrência?
3. Qual a função da solução na bateria do automóvel?
4. Compare os elementos utilizados na pilha que foi
construída na experiência como descrito no texto.
Estabeleça uma correspondência entre eles.
CAPACITORES
Eles são constituídos de duas placas de
materiais condutores elétricos, separadas
por um material isolante. A eletrização
dos dois materiais condutores deve ser
feita de modo que eles fiquem com a
mesma quantidade de carga mas de sinais
contrários.
O material isolante entre as placas tem a
função de aumentar a capacidade de
armazenamento das cargas e evitar que
haja transferência de cargas de uma placa
para outra, o que impediria a manutenção
do acúmulo de cargas.
A ação de carregar um capacitor diz
respeito ao processo de eletrização de
suas placas. Isso pode ser feito com a
aplicação de uma tensão elétrica em seus
terminais.
Nos circuitos internos de aparelhos como
rádio, TV, gravadores, computadores...
torna-se necessário acumular certa
quantidade de cargas elétricas. O
dispositivo que é utilizado para
desempenhar essa função são os
capacitores.
O procedimento de descarregar está
relacionado com a neutralização de
suas placas. Se um capacitor
carregado for ligado a um circuito
elétrico fechado, durante o seu
descarregamento ele faz a função de
uma fonte de energia elétrica, criando
uma corrente elétrica nesse circuito.
105
27Força e campo
elétrico
Nesta aula você
vai estudar a
interação entre as
partículas
eletrizadas.
Sabemos que amatéria é formada
de partículaseletrizadas, emboraela, geralmente, seencontre no estado
neutro.
Como se pode fazer para que ascargas positivas sejam em maiornúmero? E para que o número
maior seja de cargas negativas ?Como é a interação entre os
objetos eletrizados?
106
27 Força e campo elétrico
Acumulador de cargas
*Adaptação da construção proposta na Revista de Ensino de Ciências, FUNBEC, n. 16, set/1986
7. Aproxime lentamente o colchete fixo à parede externa da "cabeça" do
outro preso à tampa do tubo. O que ocorre? Você tem alguma explicação
para isso?
8. Tanto as baterias como as pilhas acumulam cargas elétricas, baseadas no
processo de separação de cargas. O que as diferencia?
1. Recorte dois pedaços de papel de alumínio. Fixe um deles na parede interna do tubo plástico e
cole o outro na sua lateral externa.
2. Preencha cerca de 1/3 do tubo com bombril.
3. Abra um dos colchetes, dobre uma de suas extremidades formando
um L e prenda-o com fita adesiva à lateral externa do tubo sobre o
papel de alumínio.
4. Perfure a tampa do tubo,passe o outro colchete pelo orifício e
abra suas hastes de forma que possam ter contato com a área
preenchida pelo bombril.
5. Coloque a tampa no tubo e ajuste o colchete de forma que sua altura
coincida com à do que foi fixado à lateral do tubo.
6. Para acumular cargas elétricas na garrafa, friccione um canudinho de
refrigerante (ou pedaço de acetato) com um pedaço de papel higiênico ou
pano seco, a fim de eletrizá-lo. Segure o tubo pela parede lateral e passe o
plástico eletrizado na "cabeça" do colchete para transferir carga elétrica do
plástico para o colchete. Com esse procedimento esse capacitor está
"carregado".
As pilhas e baterias, através de processos químicos, separam cargas elétricas, acumulando-as em seus terminais.
Porém, não só os processos químicos realizam essa separação.
Utilizando um pequeno recipiente de material isolante (por exemplo,
um tubo de plástico acondicionador de filmes fotográficos), dois
colchetes de prender papel, um pedaço de bombril e um pedaço de
papel de alumínio, propomos nesta atividade a construção de um
armazenador de cargas, cujo funcionamento se baseia nos processos
de eletrização por atrito, por contato e por indução.
Procedimentos:
107
Quando o canudo é atritado com o papel higiênico ou
pano seco, provocamos sua eletrização. Nessa situação, o
plástico eletrizado transfere cargas elétricas para o colchete
da tampa, quando estabelecemos o contato entre eles.
Tais cargas são transferidas para a parte interna através dos
materiais condutores de eletricidade. Repetindo-se várias
vezes esse procedimento, pode-se acumular uma certa
quantidade de cargas. Essa eletrização provoca uma outra
separação de cargas elétricas na haste lateral, só que de
sinal contrário àquela que lhe deu origem.
Ao fazermos a aproximação entre a extremidade lateral e
o colchete, estabelecemos uma forte atração elétrica entre
cargas de sinais opostos, que permite o movimento das
cargas negativas através do ar. Tais cargas ionizam as
moléculas presentes no ar, que emitem luz (a faísca).
Um pouco mais além
Cada carga possui seu campo elétrico, e a relação entre os
dois não pode ser modificada de nenhum modo. Com isso
queremos dizer que a relação entre uma carga e o seu
campo não se modifica quando colocamos ou retiramos
outras cargas elétricas na mesma região do espaço.
O campo elétrico é uma grandeza vetorial e, portanto,
deve ser caracterizado por intensidade, direção e sentido.
A intensidade do campo elétrico de uma carga puntiforme*
em repouso diminui com a distância.
A direção do campo de uma carga puntiforme é radial, ou
seja, num determinado ponto o campo tem a direção da
reta que une esse ponto à carga.
Essas duas características, intensidade e direção do campo
elétrico são as mesmas para cargas positivas e negativas.
Entretanto, o sentido do campo elétrico depende do tipo
de carga considerado: para uma
carga positiva o
campo é radial e
diverge da carga,
e para uma
negativa ele é
radial e converge
para ela.**
Qualquer carga tem o seu próprio campo elétrico, e desse
modo a carga Q imersa no campo da carga q também
sofre a ação desse campo. Isso explica a atração ou a
repulsão entre dois corpos eletrizados.
Uma carga elétrica possui sempre em torno de si um campo
elétrico. Esse campo é uma propriedade da carga. Ela
sempre traz consigo seu campo , sendo impossível separá-
los. Pode-se pensar no campo elétrico como sendo uma
parte real, mas não material de uma partícula carregada
que a envolve, preenchendo todo o espaço que a circunda.
O conceito de campo
elétrico podemos
entender como
sendo uma "aura"
que envolve a
carga elétrica.
Não existe carga
elétrica sem campo. Por exemplo, quando damos "um
puxão" em uma carga fazemos com que ela se mova, o
campo elétrico também é arrastado junto com a carga. O
campo elétrico de uma carga é eterno, sendo, por isso,
incorreto pensar que uma carga emite campo elétrico. Essa
idéia pode ser mais bem compreendida com uma
comparação entre um frasco de perfume e a carga elétrica.
O sentido da força elétrica sobre a carga q será o mesmo
do campo elétrico se essa carga for do tipo positiva. Se a
carga q for do tipo negativa, o sentido da força elétrica
sobre ela será oposto ao campo elétrico.
Quando uma outra carga elétrica q é colocada no campo
elétrico criado por uma carga Q, o campo elétrico criado
pela carga Q atua sobre a carga q exercendo nela uma
força F.
(nada a ver com Matusalém)
**O sentido "convergente" ou
"divergente" para o campo
elétrico das cargas positivas e
negativas é mera convenção.
*Uma carga é denominada
puntiforme quando o objeto em
que está localizada possui
dimensões muito pequenas em
relação à distância que o separa
de outros objetos.
108
A lei de Coulomb
O campo elétrico de uma carga está associado a sua
"capacidade" de poder criar forças elétricas sobre outras
cargas elétricas. Essa capacidade está presente em torno
de uma carga, independentemente de existirem ou não
outras cargas em torno dela capazes de "sentir" esse campo.
O campo elétrico E em um ponto P, criado por uma
carga Q puntiforme em repouso, tem as seguintes
características:
- a direção é dada pela reta que une o ponto P e a carga
Q
- o sentido de E aponta para P se Q é positiva; e no
sentido oposto se Q é negativa
- o módulo de E é dado
pela expressão:
onde K é uma constante que no SI vale:
A intensidade da força elétrica entre duas cargas Q e q é
dada pela expressão que representa a lei de Coulomb;
onde d é a distância entre as cargas.
9.109 N.m2/C2.
Quando uma carga elétrica Q está imersa
num campo elétrico E, o valor da força elétrica
que age sobre ela é dado por:
4. Podemos eletrizar um objeto neutro pelo atrito com outro
objeto neutro ou com um objeto carregado. É possível
eletrizarmos um objeto sem atrito ou contato? Como?
Determinar a instensidade da força elétrica:
a) que C exerce em B
b) resultante no corpo B
2. Determine a intensidade da força de repulsão entre duas
cargas iguais a 1C, que se encontram no vácuo, distanciadas
em 1 m.
3. Três corpos com cargas elétricas iguais são colocados
como indica a figura abaixo. A intensidade da força elétrica
que A exerce em B é de F = 3,0 . 10-6 N:
exercitando...
1. Representar as forças elétricas em cada situação:
5. Analise o texto a seguir e diga se é verdadeiro ou falso:
"O fato de uma carga poder exercer força sobre
a outra através do campo está de acordo com o
princípio de ação e reação (3a lei de Newton).
Segundo esse princípio, podemos considerar as
forças F e F' como par de ação e reação que tem,
portanto, o mesmo módulo, porém sentidos
opostos, além de estarem aplicados a corpos
diferentes"
No sistema internacional de unidades, a força é medida
em newton (N), a carga elétrica em coulomb (C) e o
campo elétrico em newton/coulomb (N/C).
F = Q.E
a. b. c.
F = K . Q . q
d2
E = K . Q
d2
109
28A onipresença das
interações elétricas
Você vai ver a
importância da
interação elétrica no
mundo à nossa volta.
Acredite se quiser!!!
Sem exagero, todas as forças que nós sentimos devem-se às interaçõeselétricas! Difícil de aceitar? Vire a página e verifique.
110
28 A onipresença das interações elétricasAcontece que a gente não enxerga, ouve, sente, saboreia
ou cheira simplesmente com esses "órgãos do sentido",
porque quem interpreta, classifica e reconhece cada
percepção é na realidade o cérebro. Por isso, o sinal elétrico
têm de chegar até o cérebro, que também é elétrico,
através de um pulso nervoso que, adivinhe!, é óbviamente
elétrico, ou mais precisamente eletroquímico.
A eletricidade está muito mais presente em nossa vida do
que podemos pensar. Você consegue enxergar as letras
deste livro porque elas, negras, absorvem a luz emitida
por alguma fonte: o Sol, as lâmpadas... enquanto o papel,
branco, devolve a luz.
Durante o processo de impressão deste livro, cada letra é
fixada no papel devido a forças elétricas. O papel é
constituído de fibras, e ele não se desfaz porque elas estão
presas entre si por forças de origem elétrica.
Da mesma forma, a consistência da cadeira em que você
senta, como a de todos os objetos da sala em que você se
encontra, é devida a forças de natureza elétrica.
Mesmo o oxigênio que respiramos é incorporado ao sangue
por meio de forças elétricas. Essas forças também estão
presentes na transformação dos alimentos, na transmissão
dos sinais nervosos, no funcionamento de cada célula...
Todos os nossos sentidos são equipamentos humanos de
natureza elétrica, ou seja, funcionam à base de forças
elétricas
Vamos investigar melhor cada um dos sentidos?
Na visão, células especializadas fotossensíveis no interior
do olho, chamadas bastonetes e cones, produzem sinais
elétricos ao receberem sinais de luz.
Na audição, o abalo da onda sonora faz vibrar uma mem-
brana, associada a um sistema mecânico (que é de natureza
elétrica...) muito sensível, em que células nervosas
transformam o abalo em sinal elétrico.
No tato, como na audição, nervos sensíveis na pele
transformam o toque mecânico em sinal elétrico.
No olfato e no paladar são outros tipos de células, situadas
na língua e nas paredes do nariz, que transformam as
informações químicas em sinais elétricos.
Os nervos são cabos coaxiais, nos quais íons(átomos eletrizados) se movem na direção radial,para que pulsos elétricos se movam na direção
longitudinal. É através dos nervos que se sentem asdiferentes percepções, que se transferem essas
percepções ao cérebro e também que se processamessas informações no cérebro.
↑←↓→
↑
←
↓
→
→
↓
↑
movimento
radial dos íons
Pulso Transversal
← ↑↑
↑
↑
↑
↑
↑
↑
↑
111
VAMOS TENTAR COMPREENDER POR QUE RAZÃO AS
INTERAÇÕES MECÂNICAS, QUÍMICAS E ÓPTICAS SÃO TODAS
PROMOVIDAS PORS FORÇAS ELÉTRICAS.
Uma vez que são as forças elétricas que prendem o núcleo
atômico aos elétrons, e que os elétrons se repelem
reciprocamente, quando as superfícies de dois objetos se
aproximam, deformam-se os orbitais atômicos, ou seja,
muda sua distribuição espacial de carga. Isso explica a ação
elétrica dos contatos mecânicos, como no tato e no som
que alcança o ouvido.
No caso da luz, a absorção de um fóton faz o átomo se
excitar, o que já explica a ação elétrica da exposição à luz.
No caso de interações químicas, é preciso lembrar que as
substâncias químicas são precisamente constituídas pela
associação de átomos, que partilham um ou mais de seus
elétrons, ou seja, qualquer processo químico é um processo
elétrico...
ENTÃO QUER DIZER QUE TUDO É ELÉTRICO, NESTE MUNDÃO
DE DEUS???
Na realidade, não. Se a gente atirar uma pedra para cima,
são forças elétricas (entre mão e pedra e do esforço
muscular) que impelem a pedra, mas ela é trazida de volta
para baixo por conta da força gravitacional entre ela e nosso
planeta...
Só não são elétricas as forças gravitacionais que atraem os
corpos celestes e nós a eles, assim como as forças nucleares,
como aquelas responsáveis pela coesão dos núcleos
atômicos!
Para orientar o seu pensamento, saiba que os átomos são
constituídos de elétrons negativos em torno de núcleos
positivos, e que os elétrons podem se arranjar em orbitais
mais ou menos estáveis, podendo saltar de um para outro
por força de uma colisão ou ao absorver ou emitir um fóton,
partícula de luz.
112
A interação elétrica nos
aglomerados de matéria
Os elétrons estão "presos" ao núcleo devidoàs forças elétricas. Tais forças são atrativas,já que as cargas elétricas dos prótons e doselétrons são de tipos diferentes.
É devido também à interação elétrica que osátomos se juntam formando moléculas, querepresentam a menor parte de umasubstância. Estas, por sua vez, ligam-se umasàs outras, também por forças atrativas denatureza elétrica.
Assim sendo, tais forças é que sãoresponsáveis pela coesão e propriedadeselásticas dos sólidos, pelas propriedades doslíquidos, como a viscosidade, e tambémpelas propriedades dos gases.
RAPIDINHAS E BOAS
a. Os gases não têm forma nem volume, conforme já
estudamos. Explique, utilizando a idéia de interações
elétricas entre as moléculas e entre as partículas que
formam os átomos.
b. A olho nu temos a sensação de que uma folha de
papel é um contínuo de matéria. E do ponto de vista
atômico?
DesafioDesafioDesafioDesafioDesafio
POR QUE NÃO OBSERVAMOS OS EFEITOS ASSOCIADOS
AOS CAMPOS ELÉTRICO NOS MATERIAIS?
O papel desta folha, por exemplo, é formado por cargas
elétricas que interagem entre si: os prótons se repelem
enquanto os prótons atraem os elétrons. O mesmo se pode
falar para os outros tipos de material.
No estado neutro, a quantidade de prótons é igual à de
elétrons e não sentimos a presença dos campo elétricos
criados por tais cargas elétricas. Por que isso acontece?
Podemos pensar que os campos elétricos criados por essas
cargas estão "escondidos", uma vez que as quantidades
dessas cargas são iguais. Os átomos são muito pequenos,
e a uma certa distância os elétrons parecem estar muito
próximos dos prótons. Isso faz com que o campo elétrico
de um seja praticamente encoberto pelo campo do outro.
Sendo assim, embora o campo elétrico das partículas que
formam o átomo influencie as dos átomos vizinhos,
formando moléculas, ele não é percebido a grandes
distâncias, quando comparadas ao tamanho do átomo.
AGORA, A penÚLTIMA...
Quando ocorre eletrização por atrito, pode-se
perceber a presença dos campos elétricos produzidos
pelos prótons e elétrons. Como se explica isso?
113
29Exercícios: geradores e
outros dispositivos ( 2a parte)EXEXEXEXEXEXERCÍCIOS
Vamos fazer uma
revisão do que você
aprendeu sobre as
pilhas, baterias e as
propriedades
elétricas da matéria.
(Processos de separação de cargas elétricas, lei de Coulomb)
114
29 Exercícios: geradores e outros dispositivos ( 2a parte: separação de cargas elétricas, lei de Coulomb)
1. Um estudante possui um rádio que funciona com uma
voltagem constante de 6 V.
a) Quantas pilhas secas deve o estudante associar em série
para fazer funcionar o seu rádio?
b) Faça um desenho mostrando como deve ser a disposição
das pilhas na associação feita pelo estudante.
2. Qual é o tipo de corrente fornecida pelas companhias
elétricas às nossas residências?
3) Descreva como é montada uma baterria de automóvel.
4. Quando ligamos os pólos de uma bateria por meio de
um fio condutor, qual é o sentido:
a) da corrente que passa nesse fio?
b) do movimento dos elétrons livres?
5. Os dínamos,. os alternadores e os acendedores de fogão
sem fio podem ser classificados como fontes de energia
elétrica.
a. explique por que isso é correto.
b. quais as transformações de energia envolvidas?
6. Quais as maneiras pelas quais podemos eletrizar objetos
inicialmente neutros? Explique cada um deles.
7. Tomar choque elétrico ao passar pelo tapete ou ao deslizar
sobre o assento do automóvel é uma experiência bastante
comum.
a. explique por que isso ocorre.
b. por que esse efeito não ocorre quando se está parado
sobre o tapete?
8. A respeito do acumulador de cargas construído na
aula 27, responda:
a. qual ou quais os processos de eletrização envolvidos?
b. como se explica o surgimento da faísca elétrica?
9. Segundo a Lei de Coulomb, o valor da força elétrica
entre duas cargas é:
I. proporcional ao produto das cargas;
II. proporcional à distância entre as cargas;
III. inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre as cargas;
IV. inversamente proporcional ao produto das cargas.
Das quatro afirmações acima, estão ERRADAS:
a. I e III
b. II e IV
c. II e III
d. I, II e IV
e. I e II
10. Apesar de a olho nu parecer "cheio", um pedaço de
matéria é na verdade um aglomerado de átomos na escala
microscópica, onde prevalece o vazio.
a. a afirmação acima é verdadeira ou falsa? Justifique.
b. explique então por que podemos colocar um objeto
sobre outro e ele assim permanece.
115
11. As figuras abaixo ilustram o campo elétrico criado por
uma ou duas cargas próximas. Identifique o sinal de cada
carga.
a.
b.
teste seu vestibular...
1. Um íon imerso num campo elétrico ficará:
a)( ) sempre sujeito à ação de uma força magnética.
b)( ) sob a ação de força elétrica, sempre que estiver em
movimento.
c)( ) sob a ação de força elétrica, qualquer que seja sua
posição em relação à linhas de campo.
d)( ) sob a ação de força elétrica, se estiver em movimento
não paralelo às linhas de campo.
2. A corrente elétrica que passa por um fio metálico:
a)( ) só produz campo elétrico.
b)( ) só produz campo magnético no interior do fio.
c)( ) apresenta no condutor o efeito joule e produz um
campo magnético ao seu redor.
d)( ) produz campo magnético somente se a corrente for
variável.
e)( ) n.d.a.
3. Uma partícula eletrizada tem 3 gramas de massa e carga
elétrica 3. 10-9 C. Ela está em repouso sob a ação do campo
elétrico e do campo gravitacional terrestre. Considerando
que g = 10m/s2, responda:
a. qual deve ser a direção e o sentido do campo elétrico?
Justifique.
b. qual o valor da força elétrica que age sobre a carga?
c. qual o valor do campo elétrico na região onde se encontra
a carga?
c.
116
4. Três esferas de isopor, M, N e P, estão suspensas por
fios isolantes. Quando se aproxima N de P, nota-se uma
repulsão entre essas esferas; quando se aproxima N de
M, nota-se uma atração. Das possibilidades apontadas
na tabela abaixo, quais são compatíveis com as
observações?
5. Se um condutor eletrizado positivamente for
aproximado de um condutor neutro, sem tocá-lo, pode-
se afirmar que o condutor neutro:
a. conserva sua carga total nula, mas é atraído pelo
eletrizado.
b. eletriza-se negativamente e é atraído pelo eletrizado.
c. eletriza-se positivamente e é repelido pelo eletrizado.
d. conserva a sua carga total nula e não é atraído pelo
eletrizado.
e. fica com metade da carga do condutor eletrizado
6. Duas cargas elétricas Q e q se atraem com uma força
elétrica F. Para quadruplicar a força entre as cargas, é
necessário:
a. duplicar a distância entre elas;
b. quadruplicar a distância entre elas;
c. dividir por dois a distância entre elas;
d. dividir por quatro a distância entre elas;
e. duplicar o valor de Q ou de q.
7. O ponto O está imerso numa região onde há um campo
elétrico produzido por duas placas I e II. Qual dos vetores
melhor representa o campo elétrico nesse ponto?
+
-
. O
a. d.
b. e.
c.
8. Três pequenas esferas estão carregadas eletricamente
com cargas q1, q
2 e q
3 e alinhadas sobre um plano horizontal
sem atrito, conforme a figura.
Nessa situação elas encontram-se em equilibrio. A carga da
esfera q2
é positiva e vale 2,7.10-4 C.
a. detemine os sinas das outras cargas;
b. calcule os valores de q1 e q
3 ;
c. se q1 e q
3 forem fixas, o que ocorrerá com q
2 ?
↑↑↑↑↑
↓↓↓↓↓
→→→→→
←←←←←
n.d.a
P O S S I B I L I D A D M N P
1 + + -
2 - - +
3 z e r o - z e r o
4 - + +
5 + - -
II
I
117
30Diferentes formas
de comunicação
Vamos descobrir os
mistérios que envolvem
as diferentes modos de
comunicação. Ordene
as cenas de acordo
com a linha do tempo.
118
30 Diferentes formas de comunicação: som, imagem e telecomunicaçãoNo início deste curso foi feita uma classificação dos aparelhos
e componentes que integram o que se pode chamar de
"mundo da eletricidade". Isso permitiu a formação de vários
grupos, que se constituíram em temas de estudo. Um deles
foi o chamado elementos de comunicação e informação.
A partir deste momento, faremos um estudo detalhado
de alguns desses elementos.
Rádio, TV, telefone, gravador, toca-discos, vídeo... são
exemplos de aparelhos que utilizamos para estabelecer a
comunicação.
O telefone, por
exemplo, permite a
comunicação entre
duas pessoas, já com
o rádio e a TV, a
comunicação se dá
entre muitas pessoas.
Com o telefone, as
pessoas se comunicam
diretamente, enquanto
com rádio e TV a
comunicação pode ser
feita "ao vivo" ou
através de mensagem
gravada. Este último
tipo também inclui o
vídeo, as fitas cassetes
e também os CD's.
Tais circuitos elétricos também utilizam o poste como apoio,
mas não estão ligados aos circuitos residenciais e, por esse
motivo, quando ocorre interrupção no fornecimento de
energia, os telefones continuam funcionando.
Os telefones celulares, por sua vez, têm sua própria fonte
de energia elétrica: uma bateria, que fica junto ao aparelho.
Além disso, tanto o som emitido como o recebido utiliza
uma antena, através da qual é feita a comunicação.
A partir da antena do
aparelho telefônico, a
mensagem é enviada
a outras antenas que
recebem e enviam a
mensagem até que
esta seja captada
pela antena do outro
aparelho .
Um aspecto interessante dos diferentes modos de
comunicação é que algumas vezes se faz uso de fios,
enquanto outras envolvem o espaço.
Nos telefones comuns, por exemplo, a comunicação entre
os aparelhos é feita através de fios que formam grandes
circuitos elétricos independentes da rede de distribuição
elétrica.
119
Os aparelhos de rádio portáteis também podem ter a
possibilidade de usar fontes de energia próprias: as pilhas.
Tais fontes fornecem energia para o funcionamento dos
componentes internos dos aparelhos. Outras vezes a fonte
de energia é a usina, e aí o aparelho está conectado à
tomada. Independente do tipo de fonte utlizado, é por
meio da antena que as mensagens são recebidas.
De forma semelhante ao rádio, a televisão também necessita
de uma fonte de energia, que em geral é a usina quando
o aparelho é ligado à tomada, para fazer funcionar seus
componentes internos. Mas as mensagens, incluindo -se
o som e as imagens, são recebidas por meio de uma antena
conectada ao aparelho. Tal antena, hoje em dia, pode ser
interna, externa, coletiva, parabólica, dentre outros tipos.
Mais recentemente, as chamadas tevês a cabo recebem as
mensagens através de fios e não mais por meio de antenas.
Eles são especialmente colocados para esse fim e fixados
aos postes de rua.
Nas comunicações internacionais, seja por telefone, seja
por TV, além das
antenas locais se faz
uso dos satélites
artificiais, colocados
em órbita por meio
de foguetes, ficando
a aproximadamente
40.000 km da Terra.
Eles recebem as mensagens
e retransmitem para a Terra
aos locais onde encontram-
se as antenas das estações.
A energia de um satélite é
obtida com as baterias
solares que cobrem as suas
paredes externas. Quando
ele se encontra na parte de
sombra da Terra, ele é
alimentado pelas baterias.
120
exercitando...
1. Que elementos ou dispositivos ou aparelhos fazem
parte dos sistemas de comunicação que mais usamos
nos dias de hoje? A figura ao lado é uma dica para
você se inspirar na resposta.
2. Retome as figuras que abrem esta leitura (página
117) e procure numerá-las de acordo com o
aparecimento de cada forma de comunicação ao longo
da história da humanidade.
3. Na comunicação através de sons hoje em dia, alguns
dispositivos são comuns. Quais são eles?
4. Os microcomputadores utilizam mensagens gravadas
em diversos meios. Quais são eles?
6. Na comunicação que utiliza rádio, as informações chegam
ao aparelho pela tomada ou pela antena?
7. No caso da televisão, o som e a imagem chegam até o
aparelho pela tomada, pela antena ou por ambas?
8. A presença de matéria
entre a estação transmissora
de informações e os aparelhos
receptores é necessária para
a ocorrência da comunicação
de sons e/ou imagens?
5. Pelo processo de magnetização, podemos gravar sons e
imagens. Que dispositivos utilizam essa forma de guardar
informações?
121
31Alô, pronto.
Desculpe, engano!
Nesta aula você vai
aprender como o som
é transformado em
eletricidade e depois
recuperado como som.
Alô, pronto; desculpe, engano.
Quem não disse uma dessas frases ao telefone?
Mas quem sabe o que ocorre com a voz que vai
e a voz que vem?
122
31 Alô, pronto. Desculpe, engano! Desvendando o microfone e o alto-falante
O microfone é um dispositivo utilizado para converter o
som - energia mecânica -
em energia elétrica. Os
modelos mais comuns
possuem um diafragma
que vibra de acordo com
as pressões exercidas
pelas ondas sonoras.
No microfone de indução,
as variações de pressão do
ar movimentam uma
bobina que está sob ação de um
campo magnético produzido
por um ímã permanente. Nesse
caso, com o movimento surge
na bobina uma corrente elétrica
induzida devida à força
magnética, que atua sobre os
elétrons livres do condutor.
Nos microfones mais antigos - os que utilizam carvão - as
variações de pressão do ar atingem o pó de carvão,
comprimindo-o e descomprimindo-o. Esse pó de carvão
faz parte de um circuito elétrico que inclui uma fonte de
energia elétrica. A compressão aproxima os grãos de
carvão, diminuindo a resistência elétrica do circuito. Dessa
forma, a corrente elétrica varia de intensidade com o
mesmo ritmo das alterações da pressão do ar.
Atividade: Operação desmonte
Arrume um alto-falante usado, que possa serdesmontado, mas antes observe-o e responda asquestões a seguir:
a. que materiais fazem parte de sua fabricação?
b. o que torna o alto-falante tão pesado?
c. qual o elo entre o cone de papelão e a base? d. agora sim! Aabra o interior do alto-falante everifique os demais componentes
123
Como a bobina e o cone estão unidos quando ela entra em
movimento, as vibrações mecânicas do cone se transferem
para o ar, reconstituindo o som que atingiu o microfone.
A corrente elétrica obtida no microfone, que representa o
som transformado, é do tipo alternada e de baixa
freqüência. Assim, o som transformado em corrente elétrica
pode ser representado conforme a figura a seguir.
No alto-falante ocorre a transformação inversa àquela do
microfone: a corrente elétrica é transformada em vibrações
mecânicas do ar, reconstituindo o som inicial.
Para tanto, é necessário o uso de uma bobina, um cone
(em geral de papelão) e um ímã permanente ou um
eletroímã.
Quando a corrente elétrica, que representa o som
transformado, se estabelece na bobina do alto-falante, pelo
fato de ela estar sob a ação de um campo magnético criado
por um ímã (ou por um eletroímã), a bobina com corrente
elétrica fica sob a ação de forças e entra em movimento.
A intensidade das forças magnéticas depende da
intensidade da corrente elétrica que atinge a bobina.
Os primeiros alto-falantes surgiram entre 1924 e 1925, como
equipamento capaz de amplificar o som produzido pelos
fonógrafos elétricos primitivos.
Para melhorar a reprodução e reduzir os efeitos de
interferência, o alto-falante passou a ser montado em caixa
acústica.
As caixas acústicas de alta qualidade possuem sempre mais
de um alto-falante, para cobrir melhor toda faixa de
freqüência audíveis. As unidades pequenas (tweeters), com
diafragma de apenas 3 a 5 cm, são responsáveis pela faixa
de freqüência dos sons agudos. Além do tweeter (uma ou
mais unidades), a caixa deve possuir um alto-falante de
baixa freqüência (woofer) de 25 cm (10 polegadas) de
diâmetro, cobrindo a faixa de freqüência que vai
aproximadamente de 300 a 500 hertz, e uma unidade de
freqüência intermediária, de mais ou menos 15 cm de
diâmetro (6 polegadas), cobrindo a faixa entre 500 Hz e
4 kHz.
124
As ondas sonoras são variações da pressão do ar, e
sua propagação depende assim de um meio material.
À medida que a onda se propaga, o ar é primeiro
comprimido e depois rarefeito, pois é a mudança de
pressão no ar que produz o som.
As ondas sonoras capazes de ser apreciadas pelo
ouvido humano têm freqüências variáveis entre cerca
de 20 hertz e 20.000 hertz.
A voz feminina produz um som cuja freqüência varia
de 200 Hz a 250 Hz, enquanto a masculina apresenta
uma variação de 100 Hz a 125 Hz.
Para transmitir a voz humana ou uma música é preciso
converter as ondas sonoras em sinais elétricos, e depois
reconvertê-los em sonoras a fim de que possam ser
ouvidas. O primeiro papel é desempenhado pelo
microfone, e o segundo pelo alto-falante.
No ar, à temperatura ambiente, o som se propaga
com uma velocidade aproximada de 340 m/s. Já a
luz viaja a quase 300.000 km/s. É por essa razão que
o trovão é ouvido depois da visão do relâmpago.
Que tal um pouco de som?
matéria temperatura(C)
velocidade(m/s)
água 15 1450
ferro 20 5130
granito 20 6000
Além da freqüência, as ondas sonoras também são
caracterizadas pelo seu tamanho ou comprimento de
onda.
Esse comprimento pode ser calculado por uma
expressão que o relaciona com sua freqüência e
velocidade de propagação:
velocidade = freqüência x comprimento de onda
Para ter uma idéia do tamanho das ondas sonoras
audíveis pelos seres humanos, basta dividirmos o valor
da velocidade de sua propagação pela sua freqüência.
Assim, para 20 Hz, o comprimento da onda sonora será
de 17 metros. Já para ondas sonoras de 20.000 Hz, o
comprimento da onda será de 1,7 cm.
As ondas sonoras são ondas mecânicas que precisam
de um meio material para se propagar, provocando
vibração desse meio no mesmo sentido de sua
propagação. Por essa razão, elas são denominadas de
ondas longitudinais. O vácuo não transmite o som,
pois ele precisa de um meio material para se propagar.
exercitando...
(do som)
6. Determine o valor
do comprimento de onda
do som do exercício
anterior admitindo que sua
propagação agora se dá na
água com uma velocidade
de 1400 m/s.
1. De que modo o
microfone de indução faz a
transformação do som em
corrente elétrica?
2. Qual o princípio
de funcionamento do
microfone que usa carvão?
3. Qual o tipo de
transformação de energia
que ocorre no alto-falante?
4. O som se propaga
no vácuo? justifique.
5. Determine o valor
do comprimento de onda
de um som cuja freqüência
é 250 Hz e se propaga no
ar com uma velocidade de
340 m/s.
7. As ondas sonoras
têm freqüência de 20 a
20.000 Hz. Que valores de
comprimento de onda
delimitam essas freqüências?
125
32Rádio
ouvintes
O que acontece quando
sintonizamos uma
estação de rádio você
vai saber nesta aula.
Se ligue!
O mecanismo que envolve a transmissão de umainformação de algo que ocorre distante ou próximo de nós
parece algo extraordinário ou mágico. É mesmo! E aFísica pode nos ajudar a compreender um
pouco mais esse mecanismo.
126
32 Rádio ouvintes
O estudo de como um rádio consegue captar os sinais transmitidos pelas estações começará com esta
atividade, em que identificaremos algumas de suas partes essenciais e as funções que desempenham.
Assim, é fundamental ter à mão um radinho. Siga o roteiro de investigação abaixo e faça suas anotações
no caderno.
Qualquer aparelho de rádio apresenta um botão para
sintonia da estação e outro para volume, visor para
identificação da estação, alto-falante e antena (mesmo o
"radinho de pilha" tem uma antena que se localiza na parte
interna do aparelho), além de uma ligação com a fonte de
energia elétrica (pilha e/ou tomada).
A função dessa fonte de energia é fazer funcionar o circuito
elétrico interno do aparelho. As mensagens são recebidas
pela antena, que pode ser interna ou externa.
Posteriormente, o som, ainda transformado em corrente
elétrica, é enviado até o circuito do alto-falante.
O papel de alumínio age como um espelho em relação à
luz e também às ondas de rádio, por isso o rádio deixa de
receber as informações quando embrulhado.
Mesmo desligado, a antena está recebendo as informações
transmitidas pelas estações, entretanto, elas não são
transformadas e recuperadas como som, pois os circuitos
elétricos encontram-se desligados.
1. Que informações encontram-se no visor das
estações?
2. Quais são os comandos com os quais usamos o
aparelho?
3. Que fonte de energia ele utiliza?
4. Por onde são recebidos os sinais emitidos pelas
estações?
5. Embrulhe um rádio portátil ligado em papel de alumínio.
O que ocorre?
6. Aproxime o rádio ligado de um liquidificador ligado.
O que ocorre?
O sistema pelo qual transmitimos o som do rádio envolve
várias etapas. Do microfone da estação até o alto-falante
do aparelho receptor, o som passa por várias fases e sofre
diversas transformações:
- produção de som pela voz humana, música etc.;
- as ondas sonoras, que são variações da pressão do ar que
atingem o microfone;
- no microfone o som é convertido em corrente elétrica
alternada de baixa freqüência;
- essa corrente elétrica de baixa freqüência é "misturada"
com uma corrente de alta freqüência, produzida na estação,
que serve para identificá-las no visor do aparelho. Além
disso, essa corrente elétrica de alta freqüência serve como
se fosse o "veículo" através do qual o som será transportado
pelo espaço até os aparelhos de rádio;
OBSERVAÇÃO DO RÁDIO PORTÁTIL
127
- essa "nova" corrente elétrica se estabelece na antena da
estação transmissora e através do espaço a informação se
propaga em todas as direções;
- a antena do aparelho de rádio colocada nesse espaço
captará essa informação;
- se o aparelho estiver ligado e sintonizado na freqüência
da corrente produzida pela estação, o som poderá ser
ouvido ao ser reproduzido no alto-falante.
Tanto para enviar o som até os aparelhos como para
sintonizar a estação é necessário um circuito chamado de
circuito oscilante, constituído de uma bobina e de um
capacitor.
Para carregar as placas do capacitor, basta ligá-lo aos
terminais de uma bateria. Isso provocará um movimento
de cargas tal que as placas ficarão eletrizadas positivamente
e negativamente. Nessa situação dizemos que o capacitor
estará completamente carregado.
Ligando-se o capacitor carregado a uma bobina (fig. a),
surge uma corrente elétrica variável no circuito. Essa
corrente, cria um campo magnético ao redor do fio, que é
também variável (fig. b).
De acordo com a lei de
Faraday, a variação desse
campo fará induzir no
circuito, e sobretudo na
bobina, um campo
elétrico. Esse campo
agirá de forma a tornar
mais lento o processo de
descarga do capacitor,
conforme prevê a lei de
Lenz (fig. c).
Posteriormente, ele
servirá para recarregar as
placas do capacitor (fig. d)
Tais "capacidades" dependem
fundamentalmente de suas
dimensões geométricas.
Desse processo de carga
e descarga do capacitor
resulta uma corrente
elétrica do tipo alternada. A freqüência dessa corrente
dependerá da "capacidade" do capacitor de acumular cargas
e também da "capacidade" de indução da bobina.
Alterando-se tais "capacidades", podemos obter correntes
alternadas de qualquer freqüência.
É justamente isso que fazemos quando mexemos no botão
de sintonia do aprelho para localizar uma estação de rádio.
Para ajustar a freqüência do circuito oscilante do rádio com
a da estação que desejamos sintonizar, alteramos a área de
eletrização do capacitor, ao girarmos o respectivo botão.
A área de eletrização utilizada
corresponde à parte comum
nas duas placas, indicada com
a cor cinza-escura nas duas
posições da figura.
A bobina é um fio condutor enrolado em forma de espiral,
e o capacitor é constituído de duas placas condutoras,
separadas por um material isolante e representado no
circuito pelo símbolo __| |__ . Os dois traços verticais
representam as placas separadas pelo isolante.
A CORRENTE ALTERNADA NO CIRCUITO OSCILANTE
capacitor variável
128
Não chute qualquer
resposta. Faça na
prática e comprove!
exercitando...
1. Em que unidades estão medidas e qual é a grandeza
que nos permite identificar uma estação de rádio?
2. Essa grandeza se refere a quê?
3. Qual o comportamento apresentado pelas chamadas
ondas de rádio, quando envolvemos um rádio portátil
em:
a) papel comum
b) plástico
c) papel celofane
d) papel de alumínio
e) tela de galinheiro
4. Para que servem as pilhas ou a energia elétrica que
chega através dos fios?
5. Do que é composto o circuito oscilante e como estão
ligados?
6. Qual a função do circuito oscilante na recepção de
uma estação de rádio?
7. Quando mexemos no botão de sintonia, que alteração
elétrica está ocorrendo no circuito oscilante? Explique.
8. Que outros sinais podem ser captados por um rádio?
Dê exemplos.
9. Indique as transformações pelas quais passa o som
desde sua origem, na estação, até este chegar a um
ouvinte.
10. É possível fazer um rádio funcionar sem fonte de
energia elétrica (pilha, bateria ou mesmo usina)?
Rádio SEM pilha (sem bateria, sem tomada...)
É possível fazer um rádio sem
aumentar o consumo na conta de
luz ou pilha! Siga as intruções e
monte o seu!
Lista de material
. base de madeira (25 x 25 cm);
. canudo de papelão ou PVC de
15 cm de comprimento;
. 45 m de fio de cobre esmaltado
número 28 ou 30;
. fone de ouvido simples;
. 2 capacitores de cerâmica: um
de 250 pF (C1) e um de 100 pF
(C2);
. diodo de silício ou germânio;
. 15 percevejos;
. fita adesiva e lixa fina
diodo
fio terra
capacitor C1
bobinafone
de
ouvido
capacitor C2
antena: use aproximadamente 20 m de fio e coloque a 5 m de altura do chão;
bobina: enrole 100 voltas do fio de cobre no canudo, de modo que elas fiquem bem juntas;
fixe as extremidades com fita adesiva; lixe as pontas e 1cm de largura ao longo da bobina;
capacitores: C1 é ligado em paralelo à bobina; C2 é ligado no diodo e no fio terra.
diodo é ligado entre os capacitores, e o fone nos terminais do C2.
DICAS PARA MONTAGEM
129
33Plugados na
televisão
O mecanismo pelo qual
um aparelho de TV
reconstitui a imagem
recebida será
desvendado nestas
páginas! Fique atento.
Como a informação sobrea imagem é captada pelosaparelhos de TV? De que
maneira o aparelho de TVreproduz na tela cenas
que se passam a distância?
130
33 Plugados na televisão
Ao ligarmos um aparelho de TV, trazemos para dentro de
nossa casa imagens e sons referentes a acontecimentos que
estão ocorrendo ou que já ocorreram em determinados
locais. Esses aparelhos, tal como os rádios, funcionam como
um terminal de comunicações, estabelecendo uma "ponte"
com o local onde a informação é gerada e transmitida.
O processo de transformação do som em corrente elétrica
na comunicação televisionada é o mesmo já discutido no
rádio. Portanto, vamos nos deter em como a imagem em
branco e preto é gerada e produzida.
Na estação geradora de imagem, a cena a ser transmitida
é focalizada pela câmara de TV. Esta faz a "leitura" da cena
linha por linha, como fazemos a leitura de um livro da
esquerda para a direita e de cima para baixo . Nesse processo
as variações de luminosidade de cada pequena região da
cena captada são transformadas em corrente elétrica.
Assim, na comunicação que envolve a imagem, a câmara
de TV é o dispositivo reponsável pela sua captação e sua
transformação em corrente elétrica.
Roteiro de observação e atividades junto ao aparelho de TV
1. A televisão necessita de uma fonte de energia que
geralmente é a usina. Qual é sua função?
2. Os sinais emitidos pelas estações são recebidos por
onde?
3. Ligue um aparelho elétrico: liquidificador, furadeira,
perto de um aparelho de TV ligado. O que ocorre?
4. Os números que identificam as estações de rádio
são muito diferentes das estações de TV. Procure saber
com um técnico informações a esse respeito.
131
O tubo de imagem é o elemento essencial nos aparelhos
de TV. Sua função é inversa daquela realizada pela câmara
de TV, ou seja, a de transformar a corrente elétrica variável
gerada por ela em imagem.
O feixe eletrônico faz a varredura da tela de TV de modo
semelhante à leitura de um livro. Tal varredura é feita
com certa rapidez para que nossos olhos não percebam
o desaparecimento de uma linha e o surgimento de
outra, e além disso nos dê a sensação de movimento da
imagem. Para tanto, é levada em conta a condição que
tem a retina dos nossos olhos de reter a imagem de um
ponto luminoso durante 1/20 s após ela ter sido recebida:
é o que se denomina persistência visual.
O tubo de imagem possui um filamento que, estando
superaquecido, libera elétrons por efeito chamado
termoiônico. A parte interna da tela é recoberta por um
material que emite luz ao receber o impacto dos elétrons
do feixe. Esse fenômeno é denominado fotoluminescência.
O fósforo possui essa propriedade, por isso é o material
utilizado no revestimento da tela da TV.
Ao sintonizarmos uma estação de TV, o aparelho receptor
seleciona a corrente elétrica, que representa as imagens.
Essa corrente variável é aplicada ao filamento do tubo de
imagem e produz um feixe eletrônico cuja intensidade
varia no mesmo ritmo.
O material que recobre internamente a tela de TV possui a
propriedade de continuar emitindo luz durante um período
de tempo após receber o impacto do feixe eletrônico. Esse
fenômeno é denominado fosforescência.
Assim, o sistema de varredura da tela de TV pelo
feixe eletrônico leva em conta a persistência visual e
a fosforescência do material.
No Brasil, a tela de TV é composta por 525 linhas
horizontais, divididas em dois quadros, e o feixe
eletrônico tem de fazer a varredura dessas linhas
completando 30 quadros por segundo, ou seja, 60
campos por segundo. Essa freqüência na sucessão
de quadros está ligada com a persistência visual, pois
quando um quadro é susbstituído pelo seguinte ainda
persiste na retina a imagem do quadro anterior.
Televisão Colorida
Na televisão colorida, a tela do tubo de
imagem é recoberta com milhares de
pontos fosforescentes em grupos de três.
Cada um desses três pontos é
responsável por emitir uma das três cores
primárias, vermelho, verde ou azul,
quando sobre ele incide o feixe de
elétrons. Os três feixes de elétrons, cada
qual com sua intensidade variável,
percorrem a tela reproduzindo as
proporções das cores na imagem que
vemos na tela.
Em um tubo de imagens coloridas, há três canhões de elétrons, um para cada cor primária. Os feixes desses
canhões passam através de pequenos orifícios em uma placa reguladora, de modo que cada canhão excitará
apenas os pontos fosforescentes de cor apropriada. O controle da intensidade do feixe de cada canhão
durante a varredura é que regula a cor e a intensidade do que vemos na tela. Desse modo, pode ser
produzida qualquer variação de colorido. Esses três feixes varrem a tela do tubo de imagens, cobrindo o
tubo completamente trinta vezes por segundo e produzindo uma radiante imagem colorida.
O tubo de imagem
132
A eletricidade e o magnetismodando aquela força para a imagem exercitando...
1. Através de que processo é obtida a luminosidade na tela do aparelho
de TV?
2. O que é persistência visual? Que papel ela desempenha quando
assistimos à TV?
3. De onde são retirados os elétrons que formam o feixe eletrônico? Que
nome recebe o processo envolvido e como ele ocorre?
4.Como se obtém a varredura da tela pelo feixe eletrônico? Explique o
processo.
teste seu vestibular
1. Um feixe de elétrons incide, horizontalmente, no centro de um anteparo,
conforme a figura.
a. estabelecendo-se, na
região, um campo
magnético vertical e
para cima, o feixe de
elétrons desviará.
Em que posição ele
atinge o anteparo?
b. se além do campo
magnético for aplicado um
campo elétrico, vertical e para
baixo, qual a posição que o
feixe atingirá no anteparo?
O feixe eletrônico é constituído de elétron em alta velocidade. Em
colisão com o material fosforescente da tela, surge um ponto luminoso,
que corresponde à transformação de energia cinética em luminosa.
Para se obter esse efeito, os elétrons provenientes do filamento precisam
ser acelerados para atingir altas velocidades. Além disso, para que possam
fazer a varredura de todos os pontos da tela, eles precisam ser desviados.
Para que os elétrons do feixe sejam acelerados, um campo elétrico,
produzido por placas eletricamente carregadas, é produzido na região
próxima ao filamento. Pela ação desse campo sobre os elétrons, que são
partículas eletricamente carregadas, eles ficam sob a ação da força elétrica,
cujo valor é calculado pela equação: Fe = q
ex E.
Já o desvio do feixe eletrônico é obtido com a ação de uma força de
natureza magnética. Para tanto, através de dois pares de bobinas,
colocados nas direções vertical e horizontal, são criados dois campos
magnéticos na região onde vão passar os elétrons que formam o feixe.
Tais campos magnéticos são originados por correntes elétricas. Devido
à interação que existe entre os campos magnéticos e os elétrons em
movimento, uma força de natureza magnética altera a direção de
movimento e, portanto, o local onde se dará sua colisão com a tela. Essa
força magnética tem um valor que pode ser calculado pela expressão:
Fm
= qe . B . v, considerando que o
ângulo entre a velocidade dos elétrons
e os campos magnéticos é 900.
A direção e o sentido dessa força pode
ser obtida fazendo-se uso da "regra da
mão esquerda", conforme indica a
figura:
133
filme: O meu carregador
cena 12 - tomada externa
versão 15 - bloco 4
Luz, câmara,AÇÃO!
Como a câmara deTV capta a imagem
da cena e atransforma em
eletricidade? É sóvocê acompanhar as
páginas a seguir!
34
134
34 Luz, câmara, AÇÃO!
Sua focalização é feita pela objetiva e, através de um arranjo
de lentes, a imagem dessa cena é projetada sobre uma
tela de mica recoberta de material sensível à luz. Esse
material, ao ser atingido pela luz, produz uma separação
de cargas com os elétrons desligando-se dos seus átomos.
Como resultado desse processo, tem-se a formação de
uma eletrização
nessa tela, onde
cada pequena
região eletriza-
se de acordo
com o grau de
luminosidade
da cena
focalizada.
O aparelho de TV que temos em nossa casa, recebe sinais
de som e imagem que são transmitidos pela estação. Para
transmiti-los, é necessário transformar sons e imagens em
corrente elétrica. O som é transformado em corrente elétrica
pelo microfone, e as imagens são transformadas em corrente
elétrica com o uso da
câmara de TV. Vejamos
como isso acontece.
A cena focalizada
é uma região
que difunde a
luz produzida
ou pelo Sol ou
pelas lâmpadas
quando se trata de
um estúdio.
A câmara de TV A transformação da cena emimagem eletrostática
Semelhanças e diferenças na captação daimagem: aponte umas e outras observando uma
câmara fotográfica e a câmara de TV
135
Na face frontal da tela acumulam-se
cargas positivas, e na outra face as
cargas negativas. Quanto maior a
luminosidade, maior a eletrização
produzida no material fotossensível.
O processo de transformação da cena em corrente elétrica
é completado com a varredura da imagem eletrostática da
cena, que é realizada por um feixe eletrônico semelhante
ao existente no tubo de TV. A varredura do feixe
corresponde à leitura da cena, linha por linha, e o seu
direcionamento é controlado pela interação do campo
magnético produzido por corrente elétrica em bobinas.
Tal processo de "leitura" corresponde ao descarregamento
das regiões eletrizadas onde se
encontram as cargas positivas.
Assim, tais regiões são neutralizadas
e as cargas negativas da face
posterior se movem através de
um circuito conectado à placa,
formando uma corrente elétrica
proporcional à carga postiva
existente. Assim, o resultado da
varredura de todo o mosaico
corresponde à transformação da
imagem eletrostática nele
projetada em corrente elétrica
variável.
corrente elétrica
O feixe eletrônico é constituído de elétrons retirados de
um filamento superaquecido por um processo semelhante
ao do tubo da TV: efeito termoiônico.
Pela ação de um campo elétrico, eles são acelerados. Esse
dispositivo emissor e acelerador de elétrons é conhecido
como canhão eletrônico.
No Brasil, a tela da câmara de TV tem 525 linhas, e a sua
varredura é feita 60 vezes por segundo. Já em países onde
a corrente elétrica da rede tem 50 Hz de freqüência, a
tela é dividida em 625 linhas.
É a quantidade de linhas que determina a definição da
imagem.
Numa tela de câmara de TV ou mesmode aparelho de TV de alta definição, hámais de 1000 linhas. Conseqüentemente,
a imagem obtida é muito mais nítida.
feixe eletrônico
O césio é um material que se comporta dessa forma, e por
isso é usado no recobrimento da tela de mica. Essa tela
recoberta de grânulos de césio, formando fileiras justapostas
horizontalmente, recebe o nome de mosaico.
Quando o mosaico recebe a imagem da cena focalizada
pela objetiva da câmara, este fica sujeito a ter regiões com
diferentes luminosidades que correspondem às partes da
cena com maior ou menor incidência de luz. As regiões
mais claras da imagem se apresentam eletrizadas com maior
quantidade de cargas positiva que as regiões mais escuras.
A diferença de luminosidade entre o claro e o escuro
corresponde à "imagem eletrostática", constituída de
cargas positivas, da cena que se pretende transmitir.
A "leitura elétrica" daimagem eletrostática da cena
136
exercitando...
Como você já estudou, a luz, entre outras
coisas, é também energia!
Assim sendo, quando a luz incide sobre os
materiais, há transferência de energia para
os seus átomos. Alguns materiais como o
césio, o berílio, o germânio, perdem alguns
de seus elétrons quando se incide luz sobre
eles.
Quando isso ocorre, os físicos afirmam que
os átomos ficaram eletrizados, pois o
número de prótons ficou maior que o
número de elétrons.
Esses elétrons que se afastaram dos seus
átomos absorveram uma quantidade de
energia além daquela que eles já possuíam
quando ligados aos seus átomos.
Quem forneceu essa quantidade de energia
extra foi a luz que incidiu sobre eles. Este
fenômeno, que é denominado de efeito
fotoelétrico, tem hoje em dia várias
aplicações, dentre as quais as pilhas solares
que alimentam os satélites e naves espaciais,
que fornecem energia elétrica para os seus
aparelhos.*
*ver mais detalhes na leitura 38.
Como é que a luz consegue
eletrizar?1. Qual a principal transformação de energia que é feita
pela câmara de TV, considerando o início e o final do
processo?
2. Que efeito a luz exerce sobre a placa de mica recoberta
com césio?
3. O que se entende por "feixe eletrônico" e qual a sua
função nesse processo de comunicação?
4. O que é efeito termoiônico?
5. Compare o funcionamento de uma câmara de televisão
e de um tubo de um aparelho de TV. O que de mais
importante se pode concluir? As figuras abaixo são auxilares
para uma boa resposta.
a. câmara de TV
b. tubo de um televisor
137
35Transmissão aérea
de informações
Agora você vai saber
como é feita a
transmissão das
programações pelas
estações de rádio e TV.
Qual é a sua onda?
138
35 Transmissão aérea de informaçõesQuando descrevemos as principais etapas do processo de
comunicação pelo rádio e pela televisão, a antena foi
identificada como o
elemento através do
qual a propagação
da informação se dá
a partir da estação
emissora e também
como captador da
informação nos
aparelhos receptores
(de rádio e de TV) que temos em nossa residência.
Na estação transmissora, a antena é conectada a um circuito,
de modo que os
seus elétrons livres
são acelerados
na freqüência da
corrente que serve
de identificação da
própria estação. Uma
versão simplificada de
parte desse circuito
permite-nos
compreender
como se dá
esse processo.
O circuito da direita é do tipo oscilante, semelhante ao
analisado na leitura sobre o rádio. Sua função é originar
uma corrente de alta freqüência. É através da freqüência
dessa corrente que são identificadas as estações de rádio e
também os canais de TV. Já o circuito situado à esquerda
contém uma bobina ligada a um fio reto com extremidade
livre e a outra extremidade ligada à terra. Este corresponde
ao circuito elétrico da antena, sendo denominado de circuito
oscilante aberto. A proximidade entre as duas bobinas dos
dois circuitos permite que a corrente alternada de alta
freqüência existente no circuito oscilante induza uma corrente
também alternada no circuito reto com extremidade livre.
Desse modo, essa corrente produzirá no espaço ao redor
do fio um campo magnético, conforme ilustra a figura.
Uma vez que a corrente elétrica induzida no circuito reto é
variável, o campo magnético criado por ela acompanha
essas variações, resultando num campo magnético também
variável.
De acordo com o que prevê a lei de Faraday, numa região
do espaço em que há variação do campo magnético ocorre
a indução de um campo elétrico. Como o campo magnético
varia, o campo elétrico gerado também é variável.
Pelo fato de esses campos estarem indivisivelmente ligados
entre si, eles recebem o nome de campo eletromagnético,
o campo total formado por eles. Esse campo propaga-se
para o espaço em todas as direções, a partir do circuito da
antena, com uma velocidade de 300.000 km/s.
Numa coisa parecida com uma reação em cadeia, ocorre
uma sucessão de campos magnéticos gerando campos
elétricos a partir do fio, conforme ilustra a figura.
Como são enviadas as informações
139
Se a corrente elétrica no fio da antena varia periodicamente,
isto é, da mesma forma, as variações do campo magnético
se repetirão periodicamente, o mesmo acontecendo com
o campo elétrico gerado.
Podemos dizer que os campos magnéticos e elétricos que
são gerados a partir da antena e se propagam pelo espaço
apresentam uma variação uniforme correspondente a uma
onda, só que eletromagnética.
f
A cada estação de rádio ou TV corresponde um certo valor
da freqüência da onda
eletromagnética que
carrega consigo as
informações que são
transmitidas.
Como todas
as ondas, elas
se propagam
com uma certa
velocidade, e
com a energia
que transportam
são capazes de
gerar, no fio da
antena atingido
por elas, uma
corrente elétrica
que varia na
mesma freqüência
da onda.
Aparelhos como rádio e TV, dentre outros, quando
colocados na região do espaço onde
encontra-se o campo eletromagnético
produzido por uma estação, são capazes
de receber e processar as informações
enviadas. Para tanto, eles dispõem de
antenas que podem ser internas (no caso
de rádios portáteis) ou externas.
Esse é o primeiro passo para que a
informação seja recebida, mas não é o
único. O aparelho precisa estar ligado e
sintonizado. Vejamos o que isso significa.
Os aparelhos receptores de rádio e TV têm associados ao
circuito da antena também um circuito oscilante. Para que
esse circuito esteja apto a receber todas as estações, o
capacitor desse circuito apresenta a característica de poder
variar a sua capacidade de acúmulo de cargas quando de
sua eletrização.
Quando mexemos no botão de sintonia com o aparelho
ligado, estamos mexendo na posição das placas de um
capacitor variável e, assim, alteramos a sua capacidade de
acumular cargas, para menos (figura a) ou para mais (figura
b).
É essa alteração que torna possível a sintonia das diversas
estações. Isso pode ser explicado pelo fato de a freqüência
da onda eletromagnética portadora da informação ter ou
não "permitida" a sua entrada no circuito oscilante do
aparelho. Essa condição só ocorre quando o carregamento
das placas do capacitor for tal que a corrente elétrica variável
criada nesse circuito tiver a mesma freqüência da onda
eletromagnética portadora da informação. Somente nessa
condição o sinal enviado pela estação, uma vez chegado
até a antena do aparelho, tem a sua informação processada
por ele, tornando-a acessível.
A RECEPÇÃO DAS INFORMAÇÕES
capacitor variável: a parte
hachurada indica o local das
placas que pode acumular
cargas
fig.a
fig.b
140
COMO SE PREPARA A INFORMAÇÃO PARA ENVIÁ-LA ATÉ AS ANTENAS ONDE ESTÃOOS APARELHOS RECEPTORES E COMO SE RECUPERAM AS INFORMAÇÕES
Primeira etapa: codificação da informação
A primeira transformação por que passam som e imagem na etapa de
codificação é a sua transformação em corrente elétrica. Isso é realizado
respectivamente pelo microfone e pela câmara de TV, conforme já
discutimos nas leituras 32 e 34. Tais correntes elétricas têm baixa
freqüência, e por isso não são apropriadas para ser aplicadas em antenas
transmissoras.
Assim sendo, a transmissão das informações referentes a som e imagem
requer um "veículo" que as transporte a longas e médias distâncias.
Esse "veículo" são as ondas eletromagnéticas de alta freqüência chamadas
de ondas portadoras. É justamente pelo valor da freqüência da onda
portadora que sintonizamos a estação desejada e recebemos as
informaçòes transportadas por ela.
A etapa que permite o envio das informações através da antena -
chamada de modulação - consiste na produção de alterações na
amplitude ou na freqüência da onda portadora que reproduzem de
forma idêntica as alterações das correntes elétricas que representam o
som ou a imagem. Para visualizar o processo de modulação, podemos
representar, por exemplo, as ondas sonora e de alta freqüência antes
(fig. a) e depois (fig. b).
exercitando...
Elabore 5 questões que foram respondidas neste texto. Não vale usar
coisas do tipo: o que é, quem disse, quem fez etc.
Estando o aparelho receptor ligado e uma vez feita a sintonia com a
estação desejada, a onda eletromagnética portadora da informação
codificada reproduz no circuito do aparelho receptor a corrente elétrica
correspondente.
Posteriormente, essa corrente elétrica acionará um alto-falante, se ela
corresponder a um som, ou a um canhão eletrônico se tal corrente
corresponder a uma imagem.
Segunda etapa: recuperação da informação
fig. arepresentaçãoda ondaportadorae da ondasonora
fig. b representação da onda sonora modulada emamplitude (AM) e em freqüência (FM)
141
36
Você vai conhecer a
natureza das
radiações e o que
distingue uma
da outra.
ESPECTRO DAS RADIAÇÕESRadiações
eletromagnéticas
s
142
36 Radiações eletromagnéticas
Além do caráter de síntese, o trabalho de Maxwell anteviu
a possibilidade de novos fenômenos. Um deles se refere
ao fenômeno das radiações eletromagnéticas.
Vejamos como:
Quando uma usina hidrelétrica ou termelétrica entra em
funcionamento, elas transformam energia gravitacional ou
energia química em elétrica, originando corrente elétrica
se o circuito estiver fechado. Nos aparelhos elétricos, a
energia elétrica é transformada em mecânica de rotação
(ventilador, furadeira, liquidificador...); energia térmica
(chuveiro, ferro elétrico,...); energia luminosa (lâmpada,
imagem em TV, mostradores de calculadora...); energia
sonora etc.
Fazendo a contabilidade das parcelas das transformações
de energia envolvidas, o balanço energético não coincide,
ou seja, a soma das parcelas de energia que os aparelhos
transformam, não iguala a energia inicial.
Será que o princípio da transformação e da conservação
da energia não se aplica? Então ele deixaria de ser uma
lei universal da natureza. Ou, pior, será que ele está
furado?
Maxwell fez uma outra suposição mantendo a fé na
conservação da energia: a parcela de energia que falta
para fechar o balaço energético corresponde à energia
irradiada para o espaço. Além disso, Maxwell calculou,
pelas deduções de sua teoria, que esta enegia
eletromagnética irradiada desloca-se para o espaço com
uma velocidade de 300.000 km/s.
Qualquer semelhança com o valor da velocidade da
luz no vácuo terá sido mera coincidência?
Uma outra questão importante relativa ao balanço
energético diz respeito à quantidade de energia irradiada
para o espaço.
Nos circuitos oscilantes,
conforme os estudados
na leitura 32, a energia
irradiada quando há
corrente elétrica é
muito pequena.
Mas se incluirmos uma
antena, próxima a bobina
do circuito oscilante – como
está indicado na figura ao
lado – a energia irradiada
pela antena será muito
maior.
Maxwell foi o físico que sintetizou todo o conhecimento
dos fenômenos elétricos e magnéticos conhecidos até então
em quatro leis, consideradas fundamentais e universais da
natureza e que foram denominadas como as 4 leis de
Maxwell.
Hoje esse trabalho constitui a teoria do eletromagnetismo
clássico. Tendo em vista o que já vimos nas leituras
anteriores, podemos mencioná-las da seguinte maneira:
a. o campo elétrico pode ser criado por carga elétrica ou
por corpos eletrizados;
b. não existe carga magnética;
c. um campo magnético que varia com o tempo, cria um
campo elétrico;
d. um campo elétrico que varia com o tempo cria um campo
magnético.
Assim é que nas comunicações a energia irradiada pela
antena é utilizada para "carregar" informações de um lugar
a outro, pelo espaço afora. Essa mesma energia "sensibiliza"
as antenas dos aparelhos receptores, "entregando" as
informações se o canal ou estação estiverem sintonizados.
143
Outra previsão deduzida da teoria do eletromagnetismo
de Maxwell, diz respeito a como está composta tal radiação
eletromagnética.
Segundo ele, os
campos elétrico e
magnético são
perpendiculares
entre si e em
relação à direção
de propagação.
Esta é a representação do campo eletromagnético,
incluindo a sua direção de propagação em uma única
direção. Em torno de uma antena, o campo
eletromagnético se propaga em todas as direções em torno
dela.
Com a aceitação da teoria de Maxwell, foi possível
compreender que todas as radiações são originadas por
movimentos acelerados de cargas elétricas.
As radiações de rádio e TV são originadas por movimentos
de elétrons livres no interior das antenas; já a luz é produzida
por movimentos súbitos de elétrons dentro de átomos e
moléculas.
Os raios X, que são um outro tipo de radiação eletromagnética
cuja aplicação na medicina é de todos conhecida pelas
radiografias, são produzidas pela desaceleração muito brusca
de elétrons previamente acelerados. Esta desaceleração é
provocada pelo choque com uma placa metálica.
Um outro tipo de radiação
eletromagnética são os chamados "raios gama". Eles são
produzidos e emitidos na desintegração de núcleos
atômicos ocorrida naturalmente, como na
radioatividade, ou tecnologicamente produzida, como
nas bombas atômicas.
Na interação com a matéria, as radiações eletromagnéticas
podem ser absorvidas, refletidas, refratadas, difratadas ou
ainda ser polarizadas. Além disso, elas também podem
sofrer interferência. É por isso que Maxwell acreditava que
as radiações eletromagnéticas podiam ser entendidas como
um tipo de onda: as ondas eletromagnéticas.
Assim, os diferentes tipo de radiação: luz, raios X, radiação
infravermelha, raios gama, dentre outras, não se
distinguem em sua natureza, pois todas elas são
originadas por movimentos acelerados (ou desacelerados)
de cargas elétricas. O que diferencia umas das outras é
a freqüência e o comprimento de onda de cada tipo
de radiação. Algumas previsões da teoria de Maxwell
falharam. Uma delas consistia em admitir que um corpo
aquecido transmitiria radiação térmica continuamente até
atingir a temperatura de zero na escala Kelvin. A superação
desse problema foi dada por Max Planck, admitindo que a
energia emitida por um corpo através de radiação
eletromagnética dá-se em "porções" que ele denominou
de "quantuns". O valor dessa energia (E) é diretamente
proporcional à freqüência da radiação (f), e sempre múltiplo
de um valor constante (h), que acabou recebendo o nome
de constante de Planck.
No Sistema Internacional deunidades, o valor dessaconstante h é 6,63.10-34 J.s
velocidadede
propagação
E = h . f
As radiações infravermelhas, também denominadas de
radiação térmica, nos aquecem quando estamos em torno
de uma fogueira e também
assam alimentos, como carnes,
pães etc. e ainda tijolos e telhas
nos fornos são "cozidos" por
radiações eletromagnéticas. Elas
são originadas com a intensa
vibração dos átomos que
constituem os materiais.
comprimentode onda
x freqüência=
144
1 Qual é o comprimento de onda da onda eletromagnética correspondente à freqüência de 50 Hz de uma linha de alta tensão?
2. O eco de um sinal radiotelegráfico que sofreu uma reflexão num obstáculo retorna à fonte em intervalo de tempo de 2 x 10-4 s. Determine a distância
do obstáculo à fonte.
3. Nosso corpo emite raios infravermelhos com comprimento de onda em torno de 10-5m. Calcule a freqüência correspondente.
1. Considere estas afirmações:
I. A velocidade de propagação da luz é a mesma em todos os meios.
II. As microondas usadas em telecomunicações para transportar sinais de TV e
telefonia são ondas eletromagnéticas.
III. Ondas eletromagnéticas são ondas do tipo longitudinal.
Quais delas estão corretas?
a)( ) Apenas I c)( ) Apenas I e II e)( ) I, II e III
b)( ) Apenas II d)( ) Apenas II e III
2. Sejam Sejam v1, v
2 e v
3 as velocidades de propagação no vácuo das radiações
gama, infravermelha e luminosa. Temos então:
a)( ) v1 <
v
2 <
v
3c)( ) v
3 < v
2 ≤
v
1e)( ) v
3 ≤ v
2 ≤ v
1
b)( ) v2 <
v
1 < v
3d)( ) v
1 = v
2 = v
3
3. As siglas TV, FM e os termos "ondas curtas" e "ondas médias" referem-
se às freqüências usadas em comunicações no Brasil. Assim sendo, o
conjunto das radiações que se encontra em ordem crescente de
freqüência é:
a)( ) ondas médias, televisão, raios X, radiação infravermelha
b)( ) radiação ultravioleta, radiação infravermelha, luz, televisão
c)( ) FM, radiação infravermelha, luz, raios X
d)( ) FM, TV, ondas médias, ondas curtas
e)( ) microondas, luz, radiação ultravioleta, ondas curtas
4. Uma cápsula a caminho da Lua certamente não encontra em sua
trajetória:
a)( ) raios X
b)( ) raios gama
c)( ) radiação ultravioleta
d)( ) microondas
e)( ) ondas sonoras
teste seu vestibular...teste seu vestibular...teste seu vestibular...teste seu vestibular...teste seu vestibular...
exercitando...exercitando...exercitando...exercitando...exercitando...
145
37Salvando e
gravando
Nesta aula você vai
conhecer dois
processos de
armazenamento de
informações.
Vivemos num mundo onde a informação assume umpapel crucial na vida das pessoas, das empresas edas nações. Acesso à informação, transmissão de
informações, armazenamento e geração deinformações novas constituem uma grande parte da
vida de todos nós. De quantas maneiras searmazenam informações nos dias de hoje?
146
37 Salvando e gravandoEstudar, ler um texto ou um manual de um aparelho recém-
comprado, assistir a um programa de TV ou uma fita em
vídeo ou em cinema, ouvir um programa de rádio, um
disco ou um CD, jogar xadrez, seguir uma receita no preparo
de um saboroso prato de comida... em todas as atividades
que realizamos, o processamento de informações encontra-
se presente de um modo mais ou menos explícito. Esse
processamento de informações envolve algumas etapas
que são básicas: o armazenamento, a transmissão e a
recuperação das informações. Vejamos com mais detalhe
cada uma dessas etapas.
Nos dias de hoje confiamos a guarda de informações em
fitas magnéticas na forma de cartões magnéticos e fitas
cassetes. Nos dois casos, sobre uma tira de plástico é fixado
um material à base de óxido de ferro, na forma de
pequenos grãos, formando uma finíssima camada cuja
espessura varia de 0,0032 a 0,0127 mm. Esse metal é
influenciado pela presença de um campo magnético
produzido por um outro objeto, e por isso ele é utilizado
para registro e guarda de informações. Esse registro é
realizado numa certa seqüência na organização dessas
partículas.
A memória humana é uma maneira natural de registrar e
guardar informações. Além disso, os seres humanos utilizam
formas inscritas para armazenar informações: desenhos em
madeira, barro e pedra, anteriormente; e, depois da escrita,
do papel e da imprensa, os livros, revistas, jornais foram as
formas encontradas para tornar possível a guarda de
informações.
1. inscrições em cavernas
2. anotações no chão
3. anotações em livros
No processo de gravação, seja de som, seja de imagem
ou de um número ou de uma mensagem, estes são
anteriormente transformados em corrente elétrica variável.
Essa corrente elétrica é estabelecida numa bobina envolvida
por um núcleo de ferro do chamado cabeçote do gravador,
conforme ilustra a figura a seguir.
Assim, é criado um campo magnético relativamente intenso
na região próxima a ele. É nessa região que uma fita
magnética é posta em movimento.
1. Fita magnética
em movimento.
ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÕESE SUA RECUPERAÇÃO
2. Cabeçote com
campo magnético
Cabeçote de
gravação
147
A proximidade entre a fita magnética e o núcleo magnético
do cabeçote faz com que o campo magnético criado pela
corrente elétrica que representa o som ou a imagem atue
intensamente sobre a fita. Isso significa que à medida que
a fita magnética se move próxima ao cabeçote ela acaba
registrando o campo magnético criado pela corrente
elétrica. Como essa corrente nada mais é que o som ou
imagens codificados em eletricidade, consegue-se, dessa
forma, registrá-los e armazená-los numa fita magnética.
Para reproduzir o que foi gravado, o processo é
praticamente inverso ao da gravação: as variações do
campo magnético registradas na fita induzem no circuito
elétrico do cabeçote uma corrente elétrica variável, de
acordo com a lei de Faraday.
Essa corrente elétrica nada mais é do que a corrente que
se tinha antes da gravação. A etapa seguinte é a sua
transformação em som ou imagem.
O processo pelo qual se armazenam
informações no disco de vinil
consiste em imprimir nele ranhuras
ou "riscos", cujas formas, tanto em profundidade como
abertura, mantêm correspondência com a informação que
se deseja armazenar. Essas ranhuras, visíveis no disco a
olho nu, são feitas no disco matriz com um estilete no
momento da gravação. Esse estilete é movido pela ação
da força magnética que age sobre eletroímãs que estão
acoplados a ele, conforme indica a figura.
Um outro local onde se pode
armazenar informações é no
disco de vinil. Antes da fita
cassete, o disco de vinil era o
modo mais usado para
armazenar informações.
Veja que a agulha tem aspectoigual ao do estilete de gravação.
A corrente elétrica que corresponde
ao som é estabelecida nesses
eletroímãs, e assim eles se
magnetizam, conforme prevê a lei
de Ampère. Em conseqüência, o
estilete fica sujeito a forças variavéis
que o fazem mover de acordo com as variações do som.
Já no processo de leitura das informações, ou seja, quando
o disco é posto a tocar, a agulha do aparelho percorre
essas ranhuras. Desse modo, os ímãs que estão fixados a
ela se movem no interior de duas bobinas, o que origina
correntes elétricas nelas, conforme prevê a lei de Faraday.
Tais correntes elétricas que surgem nas bobinas variam no
mesmo ritmo das alterações gravadas nas ranhuras impressas
no disco. A recuperação do som é obtida com o
estabelecimento dessa corrente no alto-falante do aparelho.
Questão: Identifique semelhanças ediferenças nos processos de
armazenamento de informações descritosneste texto.
148
ANALÓGICO OU DIGITAL?Existem atualmente dois processos pelos
quais se podem codificar as informações com
o intuito de armazená-las.
Ao descrevermos a transformação do som ou
da imagem em corrente elétrica através do
microfone e da câmara de TV, a intensidade
da corrente elétrica tinha correspondência
direta com a intensidade do som ou com a
luminosidade de cada região da cena que
estava sendo filmada.
Nesses casos, o processamento da
informação se dá com uma seqüência
contínua de diferentes intensidades de
corrente elétrica, que representa fielmente a
informação original. Realizado dessa forma,
tem-se o processamento analógico das
informações. Atualmente ele é empregado
nas transmissões de rádio e TV.
Além do processamento analógico de
informação, a microeletrônica, através dos
computadores e também dos compacts discs
(CD), faz uso de um outro processamento de
informações para a sua armazenagem: o dig-
ital.
Para ter uma idéia de como se faz esse processamento, vamos partir de uma
representação de um trecho de uma onda sonora, transformada em
tensão elétrica pelo processo analógico.
Dividindo-se a região delimitada por esse
gráfico em pequenos trechos, podemos
obter algo semelhante ao formulário usado
para brincar de batalha naval, só que em
vez de porta-aviões, ou navios teremos
quadradinhos "cheios" e outros "vazios"
relacionados à informação: há corrente ou
corrente nula.
Essas duas únicas
possibilidades vão
corresponder aos
valores 1 e 0 no
processamento digital.
A gravação e também a
leitura da informação
digitalizada consiste em
várias seqüências de 1
ou 0 formados com os
dois únicos valores possíveis: tem ou não. Cada uma dessas seqüências é
construída a partir de cada trecho no eixo do tempo, conforme está ilustrado.
Assim, por este exemplo de representação temos três seqüências: a de número
1, 2 e 3. A seqüência 1 seria formada pela informações1-1-1-1-0-1. A
seqüência 2 seria 0-1-1-1-0-1 e a seqüência 3 seria 0-0-1-1-0-0.
Disquetes, CD's e discos rígidos já utilizam essa forma de armazenamento e
de processamento de informações.
149
38Tamanhos são
documentos
Nesta aula você vai
saber por que o
tamanho dos
equipamentos
eletrônicos vem
diminuindo.
Vamos fazer um teste para ver se você conhece asmarcas tecnológicas de cada época. Observe com
atenção a figura abaixo e responda: de que século e aque década pertencem estes aparelhos elétricos?
150
38 Tamanhos são documentos
Localize entre seus familiares ou amigos um rádio antigo, provavelmente um guardado
pelos avós ou bisavós mas que ainda funcione, e compare com um walkman sob os seguintes
aspectos:
a. tamanho e peso
b. tempo necessário para entrar em funcionamento
c. aquecimento do aparelho
REVIRANDO OS GUARDADOS DOS ANTEPASSADOS
A diferença entre os dois aparelhos que fazem a mesma
coisa é muito grande. O aparelho de rádio antigo é muito
mais pesado e maior, leva mais tempo para ligar e aquece
se permanece ligado por algum tempo. Uma outra
diferença é que o antigo só é ligado na tomada, enquanto
o walkman funciona a pilhas.
Internamente as diferenças são também enormes. Muitas
válvulas e fios de ligação, além de resistores, no rádio
antigo. Já no walkman, circuito impresso, isto é, placa com
trilha de cobre fundido, nenhuma válvula, e, além de
resistores, alguns componentes novos, conforme ilustra a
figura.
Todas essas alterações foram possíveis a partir da substituição
das válvulas, que necessitam de alta tensão para funcionar,
além de um certo tempo para que seja aquecido o
filamento, lembrando uma lâmpada comum.
Em seu lugar entraram o diodo e o transistor, que são feitos
com materiais como germânio e silício. Com a utilização
dos circuitos integrados da microeletrônica, o volume pôde
ser reduzido de 10 cm3, que corresponde ao de uma
válvula, para 0,000 000 008 cm3, o volume de um transistor
integrado.
Além disso, a energia necessária para manter esses
componentes funcionando também variou significativamente:
100.000 vezes menos energia por segundo, na
substituição de uma válvula por um transistor integrado.
O estudo das propriedades elétricas de materiais como o
germânio e o silício, que são genericamente denominados
de materiais semicondutores, requer uma aproximação com
algumas idéias do que se denomina física quântica.Assim,
nas páginas a seguir vamos tratar de dois aspectos:
localizaremos num primeiro momento as idéias básicas
dessa parte da física para, no segundo momento, utilizá-
las na construção de um novo modelo de condução elétrica
para os materiais.
151
Bohr e seu novo modelo de átomo
As idéias básicas que permitem a compreensão das
propriedades elétricas de materiais como o germânio e o
silício têm por base uma representação de átomo elaborada
em 1913, e ficou conhecida na física por "átomo de Bohr",
em homenagem ao físico que a elaborou.
Segundo essa representação, o átomo é formado de duas
regiões: uma no centro, chamada núcleo, onde estão os
prótons e os nêutrons, e uma
outra chamada eletrosfera,
onde estão os elétrons. A
figura ao lado é uma
representação do átomo de
hidrogênio, segundo o
modelo de Bohr.
Na eletrosfera, os elétrons se movem tão rapidamente ao
redor do núcleo, em suas órbitas, que formam uma espécie
de nuvem, mas há algumas regiões onde existe maior
chance de encontrá-los que em outras, ou seja, as órbitas
permitidas ao elétron não podem ser quaisquer.
As órbitas podem conter um certo número de elétrons,
correspondendo cada uma delas a um valor de energia
que depende da sua distância em relação ao núcleo do
átomo.
De acordo com Bohr, que estudou detalhamente o átomo
de hidrogênio, quando o seu único elétron encontra-se na
órbita mais próxima do núcleo, ele tem o seu menor valor
de energia. Nesta situação, o átomo está no seu estado
fundamental.
Ainda segundo Bohr, esse elétron pode mudar para uma
órbita mais afastada do núcleo de seu átomo se receber
uma certa quantidade de energia que corresponde a um
valor bem determinado: a diferença entre os valores das
energias associadas a cada uma das órbitas (a final e a
inicial).
Quando isso ocorre, o átomo deixa o estado fundamental
e passa para o chamado estado excitado. Esse estado,
entretanto, é transitório, a menos que o átomo receba
continuamente energia. Caso contrário, o elétron retorna
espontaneamente à órbita inicial. Ao fazê-lo, ele emite a
mesma quantidade de energia absorvida anteriormente,
voltando ao estado fundamental. Em ambos os casos,
dizemos que houve um salto quântico de energia.
Em função das diferentes órbitas que o elétron pode ter,
pode-se fazer um mapeamento das suas possibilidades,
levando em conta os valores das energias
correspondentes.
Para o átomo de
hidrogênio, o
d i a g r a m a
dos níveis
de energia
possíveis para
o seu elétron
está indicado ao
lado.
Elétron mudando ao nível mais
externo
Elétron voltando ao nível
fundamental
De acordo com este diagrama, quando o elétron encontra-
se no nível energértico 1, ele está no estado fundamental.
Fora dele, o átomo está no estado excitado. Para separar
o elétron do átomo, isto é, ionizá-lo, o elétron deve receber
21,7.10-19 J de energia.
p
152
Podemos fazer uma classificação dos materiais quanto a
sua condutividade elétrica tomando por base os níveis
de energia que os seus elétrons podem ter. Neles, a
proximidade dos átomos faz com que haja um aumento
do número de níveis de energia possíveis para os seus
elétrons, conforme indica a figura a seguir.
Reclassificação dos materiais do ponto de vista dacondutividade elétrica
Um material isolante tem uma grande barreira energética
que separa a banda de valência da banda de condução.
Assim, a passagem dos elétrons para a banda de condução
requer grande quantidade de energia, sendo justamente
isso o que caracteriza o material como isolante. Sua
representação, em termos de níveis de energia, é
caracterizada conforme a ilustração ao lado.
Nesta representação, cada linha horizontal representa um
nível de energia possível para o elétron. E a linha com
uma bolinha representa a existência de um elétron nesse
nível assinalado.
A caracterização dos materiais como isolantes ou
condutores elétricos vai depender da diferença de energia
entre os níveis que os elétrons podem vir a ocupar, que
se denomina banda de condução, e os valores dos
últimos níveis já ocupados por eles, a chamada banda
de valência.
Um material condutor, ao contrário, tem sua banda de
condução elétrica em continuidade com a banda de
valência. Desse modo, pequena quantidade de energia é
suficiente para que seus
elétrons passem para os
níveis de energia mais
afastados. Por isso, esses
materiais são caracterizados
como condutores elétricos.
Há uma outra distribuição dos níveis de energia onde a
banda de condução e a de valência estão separadas por
uma diferença de energia menor que a dos isolantes. Neste
caso, com uma certa energia, os elétrons passam para a
banda de condução, tornando o material um
condutor elétrico. Tal comportamento
caracteriza os materiais semicondutores.
Germânio e silício são exemplos de materiais
que apresentam esse comportamento. Para
eles, a energia necessária para torná-los
condutores elétricos pode ser obtida com a
elevação de temperatura, incidência de luz,
aumento de pressão, dentre outros processos.
Condutor
Isolante
Semicondutor
E
153
39Partículas e
interações
Para terminar, você vai
conhecer um pouco de
como os físicos
imaginam a
constituição da
matéria.
Ao longo de seu contato com a Física procuramos mostrar que ela pode serum poderoso intrumento para a compreensão de vários aspectos do mundo
natural e tecnológico, com o qual convivemos. Para finalizar este nossocontato com você, preparamos esta leitura, visando uma aproximação com
aquilo que hoje os físicos entendem ser as suas ferramentas mais importantespara a compreensão do mundo material: as partículas que o
constituem e suas interações básicas.
154
39 Partículas e interações
Do que é formada a matéria e como estão organizadas aspartículas que a formam?
Esta é uma questão que já foi respondida de várias maneiras
ao longo da história da humanidade. Vejamos algumas delas.
séc. 4 a.C.
Demócrito, um filósofo grego, propõe
que a matéria é formada de um
conjunto de partículas indivisíveis.
Chamou-as de átomo, que significa
exatamente isso: não divisível.
séc. XIX
1808: J. Dalton afirmou que as
diferentes substâncias seriam
formadas de diferentes átomos.
1897: J. J. Thomson descobriu uma
partícula atômica e quebrou o átomo!
E ainda criou um modelo para o
átomo: este seria formado de elétrons
e outras partículas de cargas positivas.
séc. XX
1911: E. Rutherford fez uma célebre
experiência e propôs um novo modelo
de átomo: existe um núcleo, formado
de cargas positivas, onde a massa do
átomo está quase toda concentrada.
Os elétrons estão fora do núcleo,
girando em torno dele.
1913: N. Bohr aprimorou o modelo
de Rutherford: os elétrons giram ao
redor do núcleo em órbitas definidas.
1932: J. Cladwick fez a suposição de
uma nova partícula no núcleo do
átomo: os nêutrons. Acertou na
mosca!
1960: M. Gell-Mann propôs que
prótons e nêutrons são formadas de
outras 3 partículas: os quarks. Gol
de placa!
155
c. interação forte
É a responsável pela manutenção ou coesão do núcleo
atômico, apesar da repulsão elétrica entre os prótons. Sua
natureza é atrativa, exercendo-se entre os prótons e os
nêutrons, de modo que sua intensidade predomina
quando está presente, embora sua atuação seja percebida
somente no núcleo do átomo.
Uma outra idéia muito importante que caracteriza o modo
como os físicos "enxergam" a natureza reside no fato de
que apesar das modificações que são observadas no mundo
natural, algumas quantidades físicas se mantêm constantes,
desde que não haja influência externa: são as chamadas
leis da conservação.
Algumas delas, que foram discutidas ao longo dos três
volumes desta coleção, são:
a. a conservação da quantidade de movimento (na
translação e na rotação);
b. a conservação da energia;
c. a conservação da carga elétrica.
Interações entre partículas
b. interação eletromagnética
Este tipo de interação explica a ligação entre os elétrons e
seus respectivos núcleos atômicos e também a união entre
os átomos para formar moléculas. Ela é também responsável
pela emissão de luz quando os átomos passam de um
estado excitado para o estado fundamental, conforme
ilustra o esquema:
átomo excitado = átomo no estado + radiação
fundamental eletromagnética
interações e forças
As interações forte, eletromagnética e gravitacional também
podem ser expressas em termos de forças: nuclear,
eletromagnética (elétrica e magnética) e gravitacional,
respectivamente.
Leis de conservação
Além da idéia de que toda a matéria pode ser descrita
como formada das mesmas coisas - as partículas
elementares - os físicos também acreditam que elas são
capazes de interagir. É pelos diferentes tipos de interação
entre as partículas que se explicam as formações de
aglomerados de matéria que formam as coisas que nós
conhecemos e com que lidamos. Vejamos:
a. interação gravitacional
É a responsável pelos grandes aglomerados de partículas
elementares. Tem
natureza atrativa,
desempenhando
papel fundamental
na formação de
estrelas, galáxias
e planetas, na
permanência de
nossa atmosfera e
dos satélites em
órbita da Terra...
Os físicos também admitiram
uma outra interação, que
recebeu o nome de interação
fraca, responsável pela
emissão de partículas beta.
Hoje eles consideram que essa
interação está relacionada com
a eletromagnética.
156
Essa história de partículaselementares não acabou por aí.Até hoje já foram detectadas aexistência de aproximadamente200 partículas. A maior parte
delas existe por um tempo muitocurto (da ordem de 0,000 001
a0,000 000 000 000 000 0001 segundo).
exercitando...
1. Qual a principal diferença entre o modelo atômico de
Thomson e Rutherford?
2. a. Quantos tipos de força os físicos admitem como
existentes na natureza?
b. Que partículas participam dessas forças?
3. Por meio de uma seta, faça a correspondência entre as
linhas das colunas a seguir:
a. interação forte 1. atrativa ou repulsiva
b. interação eletromagnética 2. explica o sistema solar
c. interação gravitacional 3. curtíssimo raio de ação
fim?
157
40
EXEXEXEXEXEXERCÍCIOS
Você vai rever o que foi
discutido nas aulas
anteriores fazendo e
pensando as questões
propostas.
Exercícios
(Som, imagem e comunicação)
158
40 Exercícios: som, imagem e comunicação1. Qual o intervalo de freqüências que o ouvido humano
pode "perceber"?
2. Qual a ordem de grandeza da freqüência das ondas
que os rádios utilizam para enviar ao espaço as suas
informações?
3. Por que a corrente elétrica gerada nos microfones é
considerada de baixa freqüência?
4. Como podemos interpretar as interferências no
funcionamento do aparelho receptor (rádio)?
5. Que tipo de associação há entre o ajuste do botão de
sintonia e o circuito elétrico do rádio?
6. Um rádio pode funcionar sem estar ligado a uma fonte
de energia (tomada ou pilha)? Então qual a função desses
tipos de fonte de energia elétrica?
7. As emissoras de rádio lançam no espaço ondas
eletromagnéticas com freqüências específicas. As antenas
dos receptores captam essas ondas ao mesmo tempo?
Explique.
8. A sintonização de uma emissora de rádio ou de TV é
feita selecionando-se a freqüência da emissora de rádio e
o canal da TV. Por que, às vezes, um aparelho de TV "pega"
também uma outra estação?
9. Quais as principais transformações de energia que
ocorrem num aparelho de rádio em funcionamento? E num
aparelho de TV?
10. Os circuitos oscilantes possibilitam a obtenção de
correntes elétricas de alta freqüência. Que papel elas
desempenham na transmissão de informações entre as
emissoras e os teleouvintes?
11. A sintonização de uma emissora por um aparelho de
rádio significa que houve seleção de uma onda
eletromagnética.
a) Discuta o que acontece quando as oscilações da onda
eletromagnética transmitida pela emissora não têm a
mesma freqüência que a do circuito oscilante do rádio e a
situação em que essas freqüências coincidem.
b) Por que o som de um rádio é perturbado por ruídos
durante uma tempestade em que ocorrem relâmpagos?
159
12. As emissoras de rádio lançam ao espaço ondas
eletromagnéticas moduladas. O que significa modular uma
onda de alta freqüência para se obter uma onda de rádio?
13. Qual a função do canhão eletrônico nas câmaras de
TV? Identifique, nas transmissões de rádio, o que
desempenha função análoga. Que transformações de
energia ocorrem em cada um deles?
14. Por que as antenas são colocadas geralmente nos pontos
mais altos de uma região?
15. O que acontece se colocarmos um ímã sobre uma fita
magnética? E sobre um disco?
16. Qual é o comprimento de onda eletromagnética
correspondente à freqüência de 50 Hz de uma linha de
alta tensão?
18. O texto a seguir foi retirado de um livro de Física:
19. Considerando a velocidade de propagação próxima à
da luz (3.108 m/s), qual a freqüência da radiação emitida
pelo corpo humano?
20. Calcule os comprimentos de onda das ondas
eletromagnéticas de freqüência f1 = 6 . 1014 Hz e f
2 = 4 .
106 Hz.
21. Uma estação de rádio emite ondas eletromagnéticas
com frequência 8 megahertz. O comprimento das ondas
emitidas é de:
a)( ) 32,5 m c)( ) 37,5 m e)( ) 52,6 m
b)( ) 35,7 m d) ( ) 45,0 m
22. Uma pessoa tenta escutar um noticiário em um radinho
de pilha nas seguintes condições: muito vento, com ameaça
de chuva com relâmpagos cortando o céu.
Discuta as várias hipóteses que podem explicar o fato de
que para escutar alguma coisa o radinho tinha de ser
colocado colado ao ouvido.
" O corpo humano, que apresenta uma temperatura
média de 37oC, também emite radiações
infravermelhas, cujo comprimento de onda
encontra-se próximo ao valor 10-5 metros."
17. O comprimento de onda transmitido por uma estação
retransmissora é de 300 m. Calcule a freqüência da onda
emitida.
160
teste seu vestibular
5. Considere estas afirmações:
I. A velocidade de propagação da luz é a mesma em todos
os meios.
II. As microondas usadas em telecomunicações para
transportar sinais de TV e telefonia são ondas
eletromagnéticas.
III. Ondas eletromagnéticas são ondas do tipo longitudi-
nal.
Quais delas estão corretas?
a)( ) Apenas I d)( ) Apenas II e III
b)( ) Apenas II e)( ) I, II e III
c)( ) Apenas I e II
6. Sejam v1, v
2 e v
3 as velocidades de propagação no vácuo
das radiações gama, infravermelha e luminosa. Temos então:
a)( ) v1 < v
2 < v
3d)( ) v
1 = v
2 = v
3
b)( ) v2 < v
1 < v
3e)( ) v
3 < v
1 < v
2
c)( ) v3 < v
2 < v
1
7. Em uma região do espaço existem campos elétricos e
magnéticos variando com o tempo. Nessas condições,
pode-se dizer que, nessa região:
a)( ) existem necessariamente cargas elétricas
b)( ) quando o campo elétrico varia, cargas induzidas de
mesmo valor absoluto, mas de sinais contrários, são criadas
c)( ) à variação do campo elétrico corresponde o
aparecimento de um campo magnético
d)( ) a variação do campo magnético só pode ser possivel
pela presença de ímãs móveis
e)( ) o campo magnético variável pode atuar sobre uma
carga em repouso, de modo a movimentá-la,
independentemente da ação do campo elétrico.
1. Não é radiação eletromagnética:
a)( ) infravermelho d)( ) onda de rádio
b)( ) ultravioleta c)( ) ultra-som
c)( ) luz visível
2. Uma cápsula a caminho da Lua não encontra,
certamente, em sua trajetória:
a)( ) raios X d)( ) microonda
b)( ) raios γ e)( ) ondas sonoras
c)( ) radiação ultravioleta
3. No ar, sob condições normais de temperatura e pressão,
uma fonte sonora emite um som cujo comprimento de
onda é de 25 cm. Supondo que a velocidade de
propagação do som no ar é de 340 m/s, a freqüência do
som emitido será de:
a)( ) 1,36 kHz c)( ) 2,72 kHz e)( ) 3,40 kHz
b)( ) 1,60 kHz d)( ) 3,20 kHz
4. O ouvido humano consegue escutar sons desde
aproximadamente 20 Hz até 20.000 Hz. Considerando
que o som se propaga no ar com velocidade de 330 m/s,
que intervalo de comprimento de onda é detectável
pelo ouvido humano?
a)( ) De 16,5 m a15,5 mm d)( ) De 8,25 m a 8,25 mm
b)( ) De 165 m a 165 mm e)( ) De 20 m a 20 mm
c)( ) De 82,5 m a 82,5 mm