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FINALIZAÇÃO Abaixo segue a proposta de direção e referências, elaboradas para a realização do projeto. O Filme foi gravado tentando, dentro das possibilidades da produção, seguir a proposta. agora está em processo finalização: Gravação de vozoff complementar, edição de som e mixagem para finalizar o som e fazer a finalizar a cor para terminar o filme. PROPOSTA DE DIREÇÃO O filme Adalgiza discorre sobre o tema do isolamento humano a partir de uma perspectiva realista, afastandose porém do caráter documental adotado pelo cinema contemporâneo para aproximarse do realismo Machadiano que observa o cotidiano das classes sociais para chegar ao cerne de seus costumes e assim, de forma irônica e subjetiva, analisar a formação da personalidade individual e coletiva das personagens. Adalgiza e Soraia trazem características que podem ser, inicialmente, encaixadas em estereótipos do senso comum, bem como a ambientação tem verossimilhança com qualquer organização urbana de grande e médio porte que aglutine populações heterogêneas. O curtametragem não busca, porém, descrever os cenários e o caos das interações sociais entre personalidades díspares de forma crua e superficial, mas antes provocar a catarse, do ponto de vista Aristotélico, sobre a importância das relações interpessoais. A relação entre as personagens analisada sob o prisma psicanalítico de Freud permite inferir uma projeção da figura materna e substituição filial preenchendo possíveis lacunas existentes em ambas. A solidão, a melancolia e o cotidiano maçante fazem pano de fundo para a grande alegoria do filme, o isolamento causado pela organização social moderna, que em busca da segurança e ascensão econômica preteriu o coletivo. O questionamento sobre o modelo de sociedade individualista e tema recorrente e necessário na produção artística tendo sido retratado por cineastas de grande importância como Ingmar Bergman, Wood Allen e David Lynch. O filme tenta metaforicamente criticar a construção de muros no lugar de pontes, ideia que pode ser compreendida em analogia ao poema de Sérgio Vaz em seu livro Colecionador de Pedras: A CERCA Deus criou o homem e o homem criou os muros. Cercou a casa e as varandas pelos quatro cantos do mundo. Cercou o tempo, o passado o presente e o futuro. Cercou o espaço, os sonhos a mente e os pássaros. Cercou a árvore que nos dá o fruto, a sombra e a penumbra. Cercou as matas arou a terra plantou o trigo e cercou o pão. Foi preciso cercar outro homem.

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Page 1: FINALIZAÇÃO Abaixo segue a proposta de direção e ... · pontes, ideia que pode ser compreendida em analogia ao poema de Sérgio Vaz em seu livro Colecionador de Pedras: A CERCA

FINALIZAÇÃO 

Abaixo segue a proposta de direção e referências, elaboradas para a realização                       

do projeto. O Filme foi gravado tentando, dentro das possibilidades da produção, seguir                         

a proposta. agora está em processo finalização: Gravação de voz­off complementar,                     

edição de som e mixagem para finalizar o som e fazer a finalizar a cor para terminar o                                   

filme. 

 

PROPOSTA   DE   DIREÇÃO 

O filme Adalgiza discorre sobre o tema do isolamento humano a partir de uma                           

perspectiva realista, afastando­se porém do caráter documental adotado pelo cinema                   

contemporâneo para aproximar­se do realismo Machadiano que observa o cotidiano                   

das classes sociais para chegar ao cerne de seus costumes e assim, de forma irônica                             

e subjetiva, analisar a formação da personalidade individual e coletiva das                     

personagens. 

Adalgiza e Soraia trazem características que podem ser, inicialmente,                 

encaixadas em estereótipos do senso comum, bem como a ambientação tem                     

verossimilhança com qualquer organização urbana de grande e médio porte que                     

aglutine populações heterogêneas. O curta­metragem não busca, porém, descrever os                   

cenários e o caos das interações sociais entre personalidades díspares de forma crua                         

e superficial, mas antes provocar a catarse, do ponto de vista Aristotélico, sobre a                           

importância   das   relações   interpessoais. 

A relação entre as personagens analisada sob o prisma psicanalítico de Freud                         

permite inferir uma projeção da figura materna e substituição filial preenchendo                     

possíveis   lacunas   existentes   em   ambas. 

A solidão, a melancolia e o cotidiano maçante fazem pano de fundo para a                           

grande alegoria do filme, o isolamento causado pela organização social moderna, que                       

em busca da segurança e ascensão econômica preteriu o coletivo. O questionamento                       

sobre o modelo de sociedade individualista e tema recorrente e necessário na                       

produção artística tendo sido retratado por cineastas de grande importância como                     

Ingmar   Bergman,   Wood   Allen   e   David   Lynch. 

O filme tenta metaforicamente criticar a construção de muros no lugar de                       

pontes, ideia que pode ser compreendida em analogia ao poema de Sérgio Vaz em                           

seu   livro   Colecionador   de   Pedras: 

A   CERCA 

Deus   criou   o   homem e   o   homem   criou   os muros. Cercou   a   casa   e   as varandas pelos   quatro   cantos   do mundo. Cercou   o   tempo, 

o   passado o   presente e   o   futuro. Cercou   o   espaço, os   sonhos a   mente e   os   pássaros. Cercou   a   árvore 

que   nos   dá   o   fruto, a   sombra e   a   penumbra. Cercou   as   matas arou   a   terra plantou   o   trigo e   cercou   o   pão. Foi   preciso   cercar   outro homem. 

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LUZ 

O principal cenário do curta­metragem, o apartamento de Adalgiza, será                   

banhado por luzes frias contrastada com a luz solar quando a personagems estiver                         

próximo a janelas, que provocará meias sombras nas personagens e objetos cênicos                       

buscando revelar uma realidade cômoda e monótona, trazendo a sensação de um                       

ambiente   estático,   quase   inabitado. 

  O corredor externo, local onde Soraia aparece, trará uma luz mais quente que                         

contrastará com o apartamento, essas iluminações antitéticas se tornarão dialógicas à                     

medida   que   o   afeto   entre   as   personagens   vai   se   tornando   concreto. 

  A luz fria será gradativamente suprimida pela quente, representando a conquista                     

emocional de Soraia sobre Adalgiza, não eliminando as meias sombras, mas                     

tornando­as   menos   contrastantes. 

 

COR 

  ADALGIZA fala principalmente sobre a solidão e o cotidiano pacato, assim a                       

ambientação do apartamento da personagem homônima terá uma progressão                 

cromática em tons de bege e ocre, cores comumente ligadas à linearidade e                         

sobriedade. Os objetos cenográficos terão cores diversificadas, porém, sempre mais                   

fechadas. 

  Para auxiliar a caracterização das personagens haverá uma cor temática para                     

cada   uma,   de   acordo   com   sua   personalidade   e   ações. 

  A cor referencial de Adalgiza será o azul, que segundo a simbologia das cores                           

provoca a sensação de higiene, calma e segurança, e será apresentada em objetos                         

mais   próximos,   adereços   e   figurino,   contrastando   com   a   palidez   do   apartamento. 

  Para Soraia foi elegido o amarelo que representa otimismo, felicidade e                     

acolhimento, além de emprestar o clima de animação à personagem. A escolha desta                         

cor busca desconstruir a visão pré determinada de que tons de amarelo transmitem a                           

ideia   de   enfermidade. 

 

ESPAÇO 

  A   narrativa   ocorre   apenas   em   dois   espaços,   o   apartamento   e   o   corredor: 

  No apartamento teremos a disposição de objetos sempre muito organizados e                     

limpos, demonstrando o hábito da personagem de adaptar o ambiente à comodidade e                         

conforto   necessários   para   longos   períodos   sem   se   ausentar. 

  Os objetos cênicos serão simples, desprovidos de pompas e luxos, exceto por                       

alguns detalhes como quadros e porcelanas que embora antigos dão um ar singelo de                           

aristocracia,   como   heranças   de   outro   tempo. 

  O corredor deve estar livre de objetos, mas com uma extensão alongada, que                         

metaforicamente   representa   a   dificuldade   de   Adalgiza   de   acessar   o   mundo   exterior. 

 

 

 

 

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CÂMERA 

  No início do curta teremos planos mais fechados e contemplativos, focando os                       

detalhes e movimentos, mostrando a individualidade de Adalgiza, seus costumes e                     

trejeitos. A partir do momento em que Soraia bate à porta os planos de abrem,                             

usufruindo assim da misancene com enquadramentos mais distanciados e fixos, fica                     

implícito   a   mudança   no   mundo   da   personagem   do   singular   para   a   pluralidade. 

 

SOM 

  A sonorização ressaltará os ruídos do cotidiano, o bater de talheres, a televisão                         

ligada, o rádio, as sandálias se arrastando no chão. Os sons monótonos serão                         

entrecortados   pelo   toque   do   telefone,   depois   do   diálogo   com   o   filho,   o   silêncio. 

  Os barulhos produzidos por Soraia serão sempre ressaltados desde as batidas                     

na porta aos gritos no apartamento ao lado. A trilha musical ficará por conta do                             

pequeno rádio de Adalgiza, incluindo os instantes nos quais ela aumenta o volume                         

para   abafar   os   ruídos   da   vizinha. 

 

PONTO   DE   VISTA 

O ponto de vista do filme será o de Adalgiza buscando revelar a subjetividade                           

da personagem, por exemplo nos momentos em que olha através do olho mágico da                           

porta, alterando­se por vezes para o ponto do espectador para melhor compreensão                       

dos detalhes da interação das vizinhas, atentando para a comunicação corporal e                       

visual   destas. 

 

MONTAGEM 

  A montagem terá cortes secos demonstrando passagem de tempo no cotidiano                     

da personagem central. Ritmo pouco dinâmico de contemplação atmosférica em                   

relação   aos   enquadramentos   mais   fechados. 

 

                

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ROTEIRO   COM   DECUPAGEM 

  0.Tela   preta   –   Zapeando   canais 

1.INT.   NOITE­   SALA   DE   ESTAR 

1.1 Plano   médio   lateral­   pan   com   movimento   de   trilho.    Chiado de   televisão,   ouve­se   o   som   de   canais   sendo   trocados.   Nas paredes   do   corredor   escuro   vê­   se   retratos   de   tempos   antigos, telas   com   pinturas   feitas   por   crianças   e   um   relógio.   Na   sala, objetos   cuidadosamente   posicionados   no   aparador,   um   mancebo,   um latão   com   um   guarda   chuva   e   uma   bengala   e,   ao   chão,   alguns pares   de   pantufas   velhas.   Muitos   vasos   de   plantas   pela   casa   e sob   a   janela.  1.2 Plano   fixo   plonge   (   médio/primeiro) Na   mesa,   uma   bandeja   com   uma   cumbuca   com   restos   de   sopa   e migalhas   de   pão.  1.3 Plano   médio   conjunto Em   um   canto   próximo   à   televisão,   ADALGIZA,   65   anos,   com   roupas de   dormir   e   meias   ,   cochila   ao   lado   do   abajur   aceso.  2. INT.   NOITE   –   SALA   DE   ESTAR  2.1 Câmera   diagonal,   atriz   em   primeiro   plano   em   relação   a câmera.   (   correção   de   reenquadramento,   dependendo   da disposição   dos   móveis)  2.1.A   Plano   detalhe   (Tira   de   um   saquinho   de   feltro   e   coloca   de frente   para   o   espelho. 

B   Aperta   de   leve   as   bochechas   C Ajeita   os   cabelos) 

 Adalgiza,   com   roupas   mais   elegantes,   tira   de   um   saquinho   de feltro   um   colar   de   pérolas   e   o   coloca   de   frente   para   o   espelho da   sala.   Aperta   de   leve   as   bochechas,   para   corá­las   e   ajeita   os cabelos.   Adalgiza   olha   a   hora   no   relógio   de   parede   e   se   senta no   sofá,   como   se   à   espera   de   alguém.   O   barulho   do   relógio   ocupa a   sala   vazia.  3. INT.   NOITE   –   SALA   DE   ESTAR  3.1 Plano   médio,   câmera   fixa­   meia   altura  Momentos   mais   tarde:   Adalgiza   cochila   no   sofá.   O   telefone toca,   ela   se   assusta   e   logo   o   atende.  

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ADALGIZA   (de   prontidão) Alô? 

 FILHO   (OFF) 

Oi   mãe,   sou   eu. 

Adalgiza   sorri   ao   ouvir   a   voz   do   filho 

ADLGIZA Oi   filho!   Que   bom   que   você   ligou,   eu tava   ficando   muito   preocupada. 

 FILHO(OFF) 

Pois   é,   as   coisas   se   complicaram   aqui, uma   coisa   atrasou   a   outra.   Não   consegui   sair   daqui,   não 

deu   nem   pra   comprar   a   passagem   ainda.  3.2 Primeiro   plano,   Camera   fixa­   meia   altura Adalgiza   vai   perdendo   o   sorriso   no   rosto,   mas   continua   com   a voz   firme.  

ADALGIZA Entendi,   filho.   Achei   que   você   já   estava   a   caminho,   por 

isso   fiquei   preocupada.   Que   horas   você   chega?  

FILHO   (OFF) Não   vou   conseguir   sair   daqui,   mãe,   desculpa. 

Queria   estar   aí   com   a   senhora,   mas   a   senhora   sabe como   é   difícil   arrumar   passagem   em   cima   da   hora. 

 ADALGIZA 

Tudo   bem,   filho!   Não   fica   preocupado,   tá tudo   certo,   mais   tarde   umas   amigas   vem 

aqui,   a   gente   come   um   bolo, coisa   simples   mesmo! 

 FILHO   (OFF) 

Que bom, tá certo então, mãe.           Parabéns pra senhora de novo! Os           meninos   mandaram   um   beijo, 

estamos   com   saudades.  

ADALGIZA Eu   também,   filho,   demais!   Manda   outro, fala   que   o   bolo   vai   ficar   pra   próxima. 

Um   beijo,   se   cuida   aí.  

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3.3 Plano   médio   ,   câmera   fixa­   meia   altura  

FILHO   (OFF) Um   beijo! 

 Adalgiza   escuta   o   telefone   desligar   e   o   coloca   no   gancho.   Ela deixa­se   encostar   no   sofá,   lentamente   tira   o   colar   e   os brincos,   apertando­os   em   suas   mãos   fechadas   no   colo. Adalgiza   tira   os   sapatos   e   os   coloca   em   cima   do   pufe.   Em   seu rosto,   profunda   tristeza.   Apenas   o   tic­tac   do   relógio   ecoa pela   sala.  4. INT/EXT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  4.1 Câmera   em   plongee   em   direção   a   janela,   em   primeiro   plano plantas   desfocadas,   em   segundo   plano­   plano   geral­(   ao   fundo) a   parte   externa   em   foco.   Mudança   de   foco   para   as   plantas   em primeiro   plano  Uma   pessoa   passa   de   bicicleta   pela   rua.   As   mãos   de   Adalgiza tocam   as   plantas   que   recebem   sol   sob   a   janela,   examinando­   as. Seu   dedo   afunda   dentro   da   terra.  4.2 Plano   médio,   correção   em   tilt   para   os   pé   de   Adalgiza. Adalgiza   sai,   plano   continua.  Adalgiza   molha   as   plantas   com   um   recipiente   com   água.   Ouve­   se o   som   da   campainha   do   vizinho,   seguido   de   batidas   na   porta.  

MULHER   (OFF)   (brava) Tá   de   brincadeira.   Tem   alguém   aí? 

 Adalgiza   percebe   que   derramava   água   no   chão,   coloca   o recipiente   sobre   o   parapeito   da   janela   e   se   aproxima   da porta.  4.3 Plano   primeiro.   Adalgiza   entra   em   quadro   e   vai   até   a porta.  

MULHER   (OFF) Como   é   que   é?   Vai   abrir   a   porta   ou 

vou   dormir   aqui?  Adalgiza   encosta   a   orelha   na   porta.  

MULHER   (OFF) Ah   não,   agora   não,   fala   sério! 

 

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A   campainha   de   Adalgiza   toca.   Adalgiza   se   assusta   e   vai para   trás.   Ela   olha   através   do   olho   mágico.  4.4 Subjetiva   Adalgiza­Olha   mágico  Vê   SORAIA,   40   anos,   aborrecida   com   o   celular   na   mão.   Soraia aproxima   o   rosto   do   olho   mágico.  

SORAIA Por   favor,   será   que   eu   poderia   usar 

seu   telefone?  4.5 Plano   médio­   Adalgiza   em   diagonal   em   relação   a   porta­ Traveling   out,   movimento   em   pan,   acompanhamento   de   Soraia   ate o   sofá,   Adalgiza   entra   em   primeiro   plano   desfocada,   correção de   foca   para   Adalgiza,   Adalgiza   sai   de   quadro.  Adalgiza   para   um   momento   e   pensa.  

SORAIA   (OFF) Oi?   Tem   alguém   em   casa? 

 Adalgiza   abre   a   porta.  

SORAIA Oi!   Tudo   bem?   É   que   eu   acabei   de   me mudar   pra   cá   mas   o   proprietário   não 

aparece   pra   me   dar   a   chave   e   o   porteiro   disse que   só   ele   mesmo   pra   abrir. 

Pra   melhorar   meu   celular   descarregou,   posso usar   seu   telefone   pra   ligar   pra   ele? 

 Adalgiza   olha   para   as   malas   e   caixas   no   corredor.  

ADALGIZA   (atordoada)   Pode sim,   entra. 

 Soraia   entra   na   casa   de   Adalgiza.  

SORAIA Me   chamo   Soraia.   Como   é   o   nome   da   senhora? 

 ADALGIZA 

É   Adalgiza.  

SORAIA Diferente,   gostei.   Ali   o   telefone,   né 

dona   Adalgiza? 

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ADALGIZA É   sim.   Olha,   será   que   eu... 

É   que   eu   não   uso...Posso   pedir   pra   você...  4.5 A   Plano   detalhe,   sapatos   de   Soraia   no   tapete.  Adalgiza   olha   para   os   sapatos   de   Soraia   em   cima   de   seu tapete.   Soraia   se   senta   e   liga   para   ANTONIO,   o proprietário.  

SORAIA   (gritando) Alô!   Seu   Antônio?   Escuta   aqui   Seu   Antônio. Como   quem   é?   É   a   Soraia!   Soraia   que   alugou   a 

porcaria   do   seu   apartamento,   porra!  Adalgiza   se   espanta   com   o   palavrão.   Ela   sai   e   busca   um   copo   de água   com   açúcar.  4.6 Plano   detalhe,   Adalgiza   coloca   açúcar   num   copo   com água.  

SORAIA   (gritando) Por   que   que   eu   tô   gritando?   Eu   não   tô   gritando! O   senhor   nem   me   viu   gritar   ainda!   Eu   tô   esperando   o 

senhor   aqui   há   mais   de   duas   horas,   já   vim, já   voltei,   já   vim,   já   voltei   e   nada   do   senhor. 

 4.7 Plano   americano.   Adalgiza   entra   em   quadro.   Correção   em pan.  

ADALGIZA   (baixo) Toma   uma   água   com   açúcar,   minha   filha,   se 

acalma.  

SORAIA   (gritando) Buscar   aí?   Eu?   Aí   na   puta   que   o   pariu?   O senhor   falou   que   ia   me   esperar   aqui. 

Todas   as   minhas   coisas   estão   no   corredor! O   carreto   já   foi!   Eu   tô   sozinha   aqui! 

 Adalgiza   senta­se   e   toma   a   água   com   açúcar. 

 SORAIA   (gritando) 

Eu   não   tenho   carro   pra   ir   buscar   esse caralho   de   chave!   Eu   vou   pegar   um   táxi 

e   o   senhor   que   vai   pagar! 

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  Soraia   desliga   o   telefone   e   levanta   num   pulo.   Adalgiza também   se   levanta.  

SORAIA   (mais   calma) O   que   que   a   senhora   tava   dizendo? 

 ADALGIZA 

É   só   que...   os   sapatos...por   causa   do   tapete...  4.7.A   Plano   detalhe   ,   subjetiva   Adalgiza­   sapatos   Soraia  

SORAIA Ah!   A   senhora   me   desculpa,   mas   olha, 

eu já tô saindo! Vou ter pegar as chaves!                 Será que eu podia pedir um outro favor pra                 senhora?   Tudo   bem   a   senhora   ficar   de   olho 

no   corredor   com   as   minhas   coisas? Eu   não   demoro. 

 Soraia   anda   em   direção   à   porta   e   Adalgiza   a   acompanha.  4.8 Plano   médio,   movimento   em   trilho,   Adalgiza   segue   Soraia ate   a   porta.   Movimento   acaba,   com   over,   com   Adalgiza   em diagonal   em   relação   a   porta.  

ADALGIZA Fico   sim,   não   tem   problema,   mas   olha,   não 

fica   nervosa,   menina, você   quer   uma   água? 

 SORAIA 

Não,   não,   obrigada.   Eu   só   quero   mesmo   é entrar   em   casa!   Valeu,   dona   Adalgiza! 

 Soraia sai pela porta. Adalgiza, com o copo de água na mão,                       olha a grande quantidade de malas e alguns eletrodomésticos no                   corredor.   Adalgiza   toma   um   gole   do   copo.  5. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  5.1 Plano   Médio,   Adalgiza   sai   de   quadro,   baixa   o   som   do radio   (off),   passa   de   novo   em   frete   ao   plano.  Adalgiza   almoça   sentada   à   mesa   da   sala,   ao   som   do   rádio.   A campainha   toca.   Adalgiza   levanta   e   se   ajeita.  

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5.2 Subjetiva   Adalgiza­   olho   mágico.  Através   do   olho   mágico,   ela   vê   Soraia,   com   roupa   de academia   e   óculo   de   sol   em   cima   da   cabeça.  5.3 Plano   médio­   over,   Adalgiza   em   diagonal   em   relação   a porta.  Adalgiza   abre   a   porta.  

SORAIA Oi,   dona   Adalgiza!   Tudo   bem   com   a   senhora? 

Olha,   desculpa   o   outro   dia,   viu! Vim   agradecer   e   trazer   essa   caixinha,   já que   a   senhora   gosta   de   açúcar. 

 Soraia   tira   de   debaixo   do   braço   uma   caixa   de   chocolates   em forma   de   coração   e   a   entrega   à   Adalgiza.  

ADALGIZA Poxa,   minha   filha,   não   precisava   não. 

Obrigada.  Adalgiza   olha   a   caixa   e   vê   um   cartão   preso   onde   lê­se:  5.4 Plano   detalhe   –   Bilhete   /   Soraia   ,   tira   o   bilhete.  “Para   minha   loira   linda”  

SORAIA Ah,   espera   aí,   deixa   eu   só   tirar   esse 

lixo   aqui.  Soraia   arranca   o   cartão   e   o   amassa.  5.5 Plano   médio­   over,   Adalgiza   em   diagonal   em   relação   a porta.   Adalgiza   sai   em   direção   a   câmera.  

SORAIA Bom,   é   isso,   vou   lá   dar   minha   corrida, depois   a   senhora   me   conta   se   é   gostoso. 

Té   mais!  

ADALGIZA Tchau,   menina. 

 Adalgiza   entra   em   casa   e   ri.  

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6. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  6.1 Plano   detalhe.  Uma   música   toca   no   rádio.   Adalgiza   costura   sob   a   janela.  6.2 Plano   médio  Ouve­se   o   som   de   um   martelo   batendo   na   parede   vizinha.   Adalgiza olha   irritada   em   direção   à   porta.   O   som   do   martelo   continua. Adalgiza   aumenta   o   volume   do   rádio.   Ouve­se   o   som   de   uma furadeira.   Adalgiza,   irritada,   larga   o   bordado   no   colo.  7. INT.   NOITE   –   SALA   DE   ESTAR  7.1 Plano   médio   diagonal,   em   relação   a   Adalgiza(    câmera posicionada   em   relação   a   disposição   da   porta ) 

 

Ouve­se   os   sons   de   canais   sendo   trocados.   Adalgiza   desliga   a   TV e   levanta­se   para   ir   dormir.   Ouve­se   risos   de   Soraia   e   de   um homem.  7.2 Subjetiva   Adalgiza­   Olho   mágico  Adalgiza   para,   vai   até   a   porta   e   olha   através   do   olho   mágico. Ela   vê   Soraia,   com   os   sapados   nas   mãos,   pendurada   ao   lado   de CARLOS,   45   anos,   engomado.  

CARLOS Ê,   gatinha,   tem   certeza   que   é 

aqui   que   você   mora,   né?  

SORAIA Certeza   absoluta,   só   preciso 

achar   minha   chave.  Soraia   revira   a   bolsa   e   acha   suas   chaves.  7.3 Plano   primeiro  Adalgiza   recua   contrariada   e   vai   dormir.  8. INT.   NOITE   –   SALA   DE   ESTAR  8.1 Plano   médio   conjunto(   frontal),   Adalgiza   sai   de   quadro.  Adalgiza,   com   os   pés   de   pantufa   em   cima   do   pufe,   assiste   à televisão.   Ouve­se   passos   de   salto   alto   e   risos   vindos   do corredor.   Ouve­se   o   som   de   alguém   caindo   no   chão. 

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 SORAIA   (OFF) 

Ai,   Deus!   Esse   sapato   tá   me   matando.  Ouve­se   o   barulho   de   chaves.   Soraia   tenta   abrir   a   porta,   mas as   chaves   caem   no   chão. Adalgiza   vai   até   a   porta   e   olha   através   do   olho   mágico.  8.2 Subjetiva   Adalgiza­   Olho   mágico  Vê   Soraia,   de   quatro   e   descalça,   que   tateia   pelas   chaves.  8.3 Subjetiva   Adalgiza   ,   plano   médio  Adalgiza   abre   a   porta.  

ADALGIZA(off) Menina,   o   que   aconteceu? 

 Soraia   para   e   coloca   a   mão   na   boca   como   se   fosse   vomitar,  8.4 Plano   primeiro   Adalgiza.   Meia   Altura.  Ela   não   consegue   mais   segurar   e   vomita   no   capacho.  

SORAIA(OFF) Ai   não! 

 8.5 Plano   americano.  Adalgiza   vai   ate   o   batente   da   porta.  

ADALGIZA Vem,   menina.   Vou   te   fazer   um   chá. 

 8.6 Plano   detalhe,   Adalgiza   tira   um   lenço   da   gaveta   do quarto.  8.7 Plano   médio,   Adalgiza   entra   em   quadro.   (Soraria   já   esta   e quadro)  Adalgiza   coloca   Soraia   no   sofá.   Adalgiza   busca   um   lenço   em   sua gaveta   e   o   entrega   à   Soraia,   que   limpa   sua   boca.  

SORAIA Ai,   vai   cheirar   mal   agora. 

 ADALGIZA 

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Não   tem   problema,   menina,   fica   pra   você.   9. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  9.1 Plano   médio   conjunto  Soraia,   deitada,   dorme   no   sofá   de   Adalgiza.   Ao   seu   lado,   uma xícara   de   chá   vazia.   Adalgiza   está   na   cozinha.  10. INT.   FIM   DE   TARDE   –   SALA   DE   ESTAR  10.1 Plano   Médio­   diagonal  Uma   música   toca   no   rádio.   Adalgiza   cuida   de   suas   plantas, troca   algumas   de   lugar,   rega   outras.  

SORAIA   (OFF)   (gritando)   Que que   você   veio   fazer   aqui, 

seu   filho   da   puta?  

CARLOS   (OFF) Calma   Soraia,   não   é   pra   tanto. 

Fala   baixo.  

SORAIA   (OFF)   (gritando) Na   minha   casa   eu   falo   como   eu   quiser! 

 CARLOS   (OFF) 

Eu   só   vim   te   trazer   isso   aqui,   gastei mó   grana! 

 SORAIA   (OFF)   (gritando) Enfia   no   cu   essa   porra. 

10.2 Subjetiva   Adalgiza­   Olho   mágico  Adalgiza   vai   para   a   porta,   olha   através   do   olho   mágico   e   vê Soraia,   sentada   no   chão,   encostada   no   batente   da   porta.,   ela chora.   Algumas   rosas   estão   caídas   no   chão.  11. INT.   FIM   DE   TARDE   ­   CORREDOR  11.1 Plano   médio,   Adalgiza   de   costas   e   Soraia   no   chão.  Adalgiza   abre   a   porta.   

SORAIA   (entre   soluços) 

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Dona   Adalgiza,   desculpa   essa   gritaria.  

ADALGIZA Ô   menina,   deixa   disso... 

 SORAIA 

Por   que   eu   sou   tão   burra,   dona   Adalgiza?  

ADALGIZA A   gente   não   é   burra   só   porque   faz 

algumas   burrices.   Vem   comigo, eu   fiz   um   bolinho   de   manhã   que   tá 

bem   gostoso.  Adalgiza   vai   até   batente   da   porta.   Soraia   fecha   sua   porta   a   e segue   Adalgiza.  12. INT.   FIM   DE   TARDE   –   SALA   DE   ESTAR 

12.1.Plano   médio   conjunto   –meia   altura 

Adalgiza   traz   um   pedaço   de   bolo   de   chocolate   para   Soraia,   ela senta   ao   lado   dela   no   sofá.  

SORAIA   (triste) Obrigada.   Na   casa   dos   meus   pais 

ninguém   fazia   bolo   assim.  

ADALGIZA Nem   sua   vó? 

 SORAIA 

Não   conheci   meus   avós. Tá   uma   delícia   esse   bolo,   dona   Adalgiza. 

 O   telefone   toca.  

ADALGIZA Só   um   minutinho,   minha   filha. 

 Soraia,   de   boca   cheia,   gesticula.  

SORAIA Uhum! 

 Adalgiza   atende   o   telefone. 

 ADALGIZA 

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Alô?  12.2 Primeiro   Plano    (em   diagonal)  

FILHO   (OFF) Oi,   mãe.   Sou   eu.   Tô   ligando   pra   saber   se 

tá   tudo   bem.  

ADALGIZA Tá   tudo   certo,   filho.   E   com   vocês   aí? 

 FILHO   (OFF) 

Bem   também,   mãe.   Olha,   queria   te   avisar   que vamos   viajar   no   feriado,   tudo   bem? 

Então   não   estaremos   em   casa.  

ADALGIZA Tudo   bem,   filho,   não   tem   problema   não. 

 FILHO   (OFF) 

Chegando   lá   eu   te   telefono   pra   senhora falar   com   os   meninos,   tá? 

 ADALGIZA 

Tá   certo,   filho.   Boa   viagem   pra   vocês. Tô   aqui   com   uma   amiga,   não posso   falar   muito   agora... 

 FILHO   (OFF) 

Ah,   tá.   Até   mais   então,   mãe, obrigada!   Um   beijo. 

 ADALGIZA 

Beijo,   filho.   Até.  12.3 Plano   médio   conjunto   –meia   altura  Adalgiza   desliga   o   telefone.  

SORAIA Não   sabia   que   a   senhora   tinha   filho. 

 ADALGIZA 

Filho   e   dois   netos.   Mas   nos   vemos   bem pouquinho,   eles   moram   longe. 

 SORAIA 

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Entendi,   que   pena.  Soraia   raspa   a   cobertura   do   prato.  

SORAIA Acho   que   eu   vou   comer   mais   um,   dona 

Adalgiza.  13. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  13.1 Plano   médio­   diagonal  Uma   música   toca   no   rádio.   Adalgiza   costura   sob   a   janela. Ouve­se   o   som   de   outra   música   se   sobrepondo   à   de   Adalgiza,   um rock   alto.   Soraia   canta   do   outro   lado   da   porta.   Adalgiza   ri, aumenta   o   volume   do   rádio   e   continua   a   costurar.  14. INT.   DIA   –   COZINHA  14.1 Plano   Americano  Adalgiza   e   Soraia   tomam   café   juntas   e   conversam.  15. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  15.1 Plano   médio­   Adalgiza   em   diagonal   em   relação   a   porta   ( referente   ao   plano   4.5)  Adalgiza   caminha   para   abrir   a   porta.   Soraia   entra   segurando   um grande   vaso   de   plantas.   Adalgiza   fica   feliz.   Adalgiza   e   Soraia procuram   um   lugar   para   o   novo   vaso   de   plantas.  16. INT.   NOITE   –   SALA   DE   ESTAR  16.1. Plano   médio   conjunto,   câmera   fixa.   Adalgiza   sai   de quadro   (Adalgiza   levanta   e   abre   a   portinha   do   armário   do aparador.   Ela   tira   uma   garrafa   de   cachaça   e   dois   copinhos   e   os coloca   na   mesa).   Adalgiza   entra   em   quadro.  Soraia   e   Adalgiza   jogam   buraco   e   dão   risada   na   mesa   da sala.   Soraia   come   salgadinhos   feitos   por   Adalgiza.  

SORAIA Ai,   dona   Adalgiza,   só   a   senhora   pra   ficar fazendo   essas   coisas,   eu   compro   tudo   pronto. 

 ADALGIZA 

Credo,   essas   coisas   de   padaria   só   tem   óleo! 

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 SORAIA 

Gotoso   mesmo,   mas   melhor   ficaria   com   uma cervejinha. 

 ADALGIZA 

Vou   ficar   devendo,   mas   tenho   guardado   aqui   uma coisa   que   acho   que   você   vai   gostar. 

 Adalgiza   levanta   e   abre   a   portinha   do   armário   do   aparador.  16.2. Plano   primeiro   em   Soraia.  Ela   tira   uma   garrafa   de   cachaça   e   dois   copinhos   e   os   coloca   na mesa.  

SORAIA Opa,   dona   Adalgiza!   Quem   diria! Agora   sim   o   jogo   vai   ficar   bom! 

 INSERT   1:   Dias   depois  1.Plano   Zenital,(   vertical),   plano   primeiro­   câmera   fixa  17.   INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  17.1   Plano   Médio­   diagonal(   referente   ao   plano   10.1)  Uma   música   toca   no   rádio.   Adalgiza   borda   sob   a   janela.   Adalgiza olha   em   direção   da   porta   e   diminui   o   som   do   rádio,   como   se esperasse   ouvir   algum   barulho   vindo   do   corredor. Adalgiza   retoma   o   bordado.  INSERT   2:   Semanas   depois  1.Plano   Zenital,(   vertical),   plano   primeiro­   câmera   fixa  18. INT.   NOITE   –   SALA   DE   ESTAR  18.1   Plano   médio/   conjunto,   câmera   fixa.   Adalgiza   chega   a mesa   e   sai   de   quadro.  18.1 A   –   Plano   primeiro,   câmera   fixa.   Adalgiza   se   aproxima   do olho   mágico.  Adalgiza   leva   uma   bandeja   com   uma   cumbuca   de   sopa   e   um   pão   e   a coloca   em   cima   da   mesa.   Ela   ouve   barulho   de   passos   no corredor,   vai   até   a   porta   e   olha   através   do   olho   mágico. 

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 18.2 Subjetiva   Adalgiza­   Olho   mágico  Um   faxineiro   do   prédio   retira   o   lixo   da   porta   de   Adalgiza.  18.3 Plano   médio/   conjunto,   câmera   fixa.  Adalgiza   volta   para   mesa   e   se   senta,   o   tic   tac   do   relógio ecoa   pela   sala   vazia.  19. INT.   NOITE   ­   SALA   DE   ESTAR  19.1. Plano   geral,   câmera   fixa  Adalgiza   cochila   no   sofá   ao   som   de   algum   programa   na televisão.  20. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  20.1 Plao   primeiríssimo,   câmera   fixa.   Mãos   de   Adalgiza   nas plantas.  Adalgiza   rega   a   suas   plantas.  20.2 Plano   primeiro   ,   câmera   fixa.  Ouve­se   o   som   de   passos   no   corredor.  20.3 Plano   americano.   No   sofá,   Adalgiza   passa   ,   a   câmera acompanha   em   pan.    (rodar   inteiro)  Adalgiza   se   apressa   para   a   porta   e   olha   através   do   olho mágico.   Adalgiza   abre   a   porta.  20.4 Subjetiva   Adalgiza­   Plano   médio.    (rodar   inteiro)  O   porteiro   do   prédio   apanha   as   correspondências   que   estavam acumuladas   no   capacho   de   Soraia.  

ADALGIZA Bom   dia,   Manuel 

 MANUEL 

Bom   dia,   dona   Adalgiza.   Tudo   bem   com   a senhora?   Já   tava   deixando   isso   aqui 

no   seu   tapetinho.  Manuel   apanha   a   correspondência   do   chão   e   entrega   nas   mãos   de 

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Adalgiza.  20.5 Plano   médio,   em   diagonal   para   Adalgiza   (   rodar inteiro)  

ADALGIZA Ah   obrigada,   Manuel.   Escuta,      a 

menina   que   mora   aí   na   frente, a   Soraia   Faz   tempo   que   não   a   vejo. 

Ela   se   mudou?  

MANUEL Não   senhora,   não   mudou   não.   Ela 

tá   no   hospital,   eu   acho. O   sindico   pediu   pra   eu   guardar   a correspondência   dela   que   ele   vai 

mandar   entregar.  

ADALGIZA Mas   o   que   ela   tem?   Tá   tudo   bem? 

Você   sabe   se   é   grave?  

MANUEL Não   sei   não,   dona   Adalgiza.   Mas   pergunta   pro 

sindico   que   ele   sabe, sabe   onde   ela   tá   e   tudo. 

 ADALGIZA 

Vou   ligar   lá   sim. Bom,   obrigada   Manuel. 

 MANUEL 

Nada,   dona   Adalgiza. Qualquer   coisa   a   senhora   chama. 

 Adalgiza   fecha   a   porta   .  20.6 Plano   médio,   câmera   fixa,   sofá.  E volta para o interior da sala. Ela senta no sofá e coloca a                           correspondência ao seu lado. Adalgiza pega o telefone e o apoia                     no   colo.  21. INT.   DIA   –   SALA   DE   ESTAR  21.1 Câmera   diagonal,   plano   médio  

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2.1.A   Plano   detalhe   (Tira   de   um   saquinho   de   feltro   e   coloca   de frente   para   o   espelho. 

B   Aperta   de   leve   as   bochechas   C Ajeita   os   cabelos) 

 Uma   música   toca   no   rádio.   Adalgiza,   com   roupas   elegantes,   tira seu   colar   de   pérolas   do   saquinho   de   feltro   e   o   coloca   na frente   do   espelho   da   sala.   Ajeita   seus   cabelos   e   aperta   as bochechas   para   corá­las.  21.2 Plano   americano,   com   correção   e   pan.  Adalgiza   põe   algumas   fatias   de   bolo   de   chocolate   em   um   pote plástico   sobre   a   mesa   e   o   coloca   dentro   de   uma   sacola.   Ela   vai em   direção   ao   mancebo,   tira   as   pantufas   e   encaixa   seus sapatinhos.   Adalgiza   abre   e   sai   pela   porta,   deixando   para   trás seu   rádio   ligado.  22. EXT.   DIA   –   RUA  22.1   Câmera   em   plongee   em   direção   a   janela,   em   primeiro   plano plantas   desfocadas,   em   segundo   plano­   plano   geral­(   ao   fundo) a   parte   externa   em   foco,   Adalgiza   passa.  Adalgiza   caminha   pela   rua.  

FIM 

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ADALGIZA

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FÍLMICA

The Straight Story (1999)- David Lynch

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FÍLMICA

Tomates verdes fritos(1991)- Jon Avnet

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FÍLMICA

Smultronstället (Morangos Silvestres)(1957)- Bergman

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FÍLMICA

Harold and Maude (Ensina-me a viver)(1971) Hal Ashby

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FÍLMICA

Whatever Works (Tudo Pode Dar Certo)( 2009) Woody Allen

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FÍLMICA

Il Postino ('O Carteiro e o Poeta‘)(1994)-Michael Radford

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PERSONAGEM ADALGIZA

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PERSONAGEM SORAIA

Uma Mulher Sob influência(1974)- Cassavetes Blue Jasmine ( 2013) - Woody Allen

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Literária “(...)e na minha idade, cada hora é um ano.” “Tomei banho enquanto passava o café, bebi uma caneca adoçada com mel de abelhas e acompanhada por duas broas de farinha de mandioca, e vesti o macacão de brim de ficar em casa.” “(... )eram os meus noventa anos. Nunca pensei na idade como se pensa numa goteira no teto que indica a quantidade de vida que vai nos restando.”

Memorias de minhas putas tristes – Gabriel Garcia Márquez

“O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão.”

Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Márquez

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Literária “Vivo agitado, cheio de terrores, uma tremura nas mãos, que emagreceram. As mãos já não são minhas: são mãos de velho, fracas e inúteis. As escoriações das palmas cicatrizaram.” “À noite fecho as portas, sento-me à mesa da sala de jantar, a munheca emperrada, o pensamento vadio longe do artigo que me pediram para o jornal.” “Afinal tudo desaparece. E, inteiramente vazio, fico tempo sem fim ocupado em riscar as palavras e os desenhos. Engrosso as linhas, suprimo as curvas, até que deixo no papel alguns borrões compridos, umas tarjas muito pretas.”

Angústia Graciliano Ramos

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Literária “Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então não me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: duas pernas. Sei que somente com as duas pernas é que posso caminhar. Mas ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável em mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.” “Até aquele momento eu não havia percebido totalmente a minha luta, tão mergulhada que estivera nela. Mas agora, pelo silêncio onde enfim eu caíra, sabia que havia lutado, que havia sucumbido e que cedera.”

Paixão segundo G.H -Clarice Lispector

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Literária Lo recordaré siempre con claridad porque fue simple y sin circunstancias inútiles. Irene estaba tejiendo en su dormitorio, eran las ocho de la noche y de repente se me ocurrió poner al fuego la pavita del mate. Fui por el pasillo hasta enfrentar la entornada puerta de roble, y daba la vuelta al codo que llevaba a la cocina cuando escuché algo en el comedor o en la biblioteca. El sonido venía impreciso y sordo, como un volcarse de silla sobre la alfombra o un ahogado susurro de conversación. También lo oí, al mismo tiempo o un segundo después, en el fondo del pasillo que traía desde aquellas piezas hasta la puerta. Me tiré contra la pared antes de que fuera demasiado tarde, la cerré de golpe apoyando el cuerpo; felizmente la llave estaba puesta de nuestro lado y además corrí el gran cerrojo para más seguridad. Yo cebaba el mate con mucho cuidado, pero ella tardó un rato en reanudar su labor. Me acuerdo que me tejía un chaleco gris; a mí me gustaba ese chaleco. Los primeros días nos pareció penoso porque ambos habíamos dejado en la parte tomada muchas cosas que queríamos. Mis libros de literatura francesa, por ejemplo, estaban todos en la biblioteca. Irene pensó en una botella de Hesperidina de muchos años. Con frecuencia (pero esto solamente sucedió los primeros días) cerrábamos algún cajón de las cómodas y nos mirábamos con tristeza.

Casa tomada- Julio Cortázar

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Literária

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928

(...) Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada(...)

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Pictórica

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Pictórica

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Pictórica

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Pictórica