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Filosofia Grega Clássica - parte I: o período socrático séculos 5-4 a.C.

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Filosofia Grega Clássica - parte I:

o período socrático

séculos 5-4 a.C.

Atenas no séc. 5 a.C.:

- centro da vida social, política e cultural da Grécia

- época da democracia, quando os cidadãos participavam diretamente das decisões

da pólis, isto é, da vida na cidade.

Acrópole de Atenas no séc. 5 a.C.

... suas ruínas atualmente

O Partenon (na Acrópole de Atenas)

Ágora, de Atenas, no séc. 5 a.C.

... suas ruínas atualmente

A ágora era um espaço livre, uma praça principal das

cidades gregas, local em que se instalava o mercado e

que muitas vezes servia para a realização das assembleias

do povo. Na ágora de Atenas, os cidadãos se reuniam

para debater os problemas de interesse comum da

sociedade.

Os filósofos sofistas

Em meados do século V, em Atenas, um grupo de intelectuais escandalizou os filósofos da época oferecendo aulas de eloquência aos jovens da classe dirigente. Esse grupo era chamado de sofista, do grego sophistés, que significa sábio.

A importância do movimento sofista na história do pensamento não pode ser subestimada e inclui colocar os problemas do homem no centro da reflexão filosófica distinguindo-se, neste sentido, dos pré-socráticos que estudavam a physis.

Os sofistas desenvolveram a arte da argumentação, isto é, a chamada “retórica”, que consiste em saber persuadir ou convencer através de argumentos.

Retórica - arte da argumentação, isto é, ter coerência e rigor no discurso.

Isso era algo importante para os cidadãos da época ao participarem da vida pública e política. Logo, pode-se dizer que os sofistas prepararam as pessoas para a vida política.

A arte da argumentação, por sua vez, aperfeiçoava o uso do raciocínio, na coerência e no rigor do discurso, o que mais tarde resultaria na lógica.

Os sofistas: Protágoras e Górgias

PROTÁGORAS (483 a.C) GÓRGIAS (485 a.C)

“O homem é a medida de todas as coisas” “A palavra pode acalmar o medo, eliminar a dor, suscitar a alegria e aumentar a piedade”

No diálogo “Górgias”, de Platão, o

sofista diz a Sócrates que o objetivo da

retórica é: “(...) Persuadir por meio de

discursos os juízes nos tribunais, os senadores

no conselho, o povo na assembleia do povo e

em toda outra reunião que seja uma reunião

de cidadãos (...) em falar contra todo

adversário e sobre qualquer assunto.”

(PLATÃO, Gorgias).

Sofistas como Protágoras não eram meros

manipuladores de opinião, mestres sem

escrúpulos que vendiam suas habilidades retóricas

a quem pagasse mais, mas, ao contrário,

acreditavam não haver nenhuma outra instância

além da opinião a que se pudesse recorrer para as

decisões da vida prática, as quais deveriam ser

tomadas com base na persuasão a fim de produzir

um consenso em relações às questões políticas.

SÓCRATES (469-399 a.C.)

Sócrates:

- sai da physis e vai para a praxis (a existência humana em todas as suas dimensões sociais. Sai da cosmologia para a antropologia (ética).

- opõe-se aos sofistas.

- vai lutar pela independência do pensamento, pelo método de análise conceitual.

- Procura sair do senso comum, da opinião (doxa) para o conhecimento (episteme).

- busca a essência universal. - seu método: o diálogo, composto de dois momentos: o da ironia, em que Sócrates interroga quem diz saber; e o da maiêutica, em que o interlocutor, após reconhecer sua ignorância, inicia a investigação sobre os conceitos. O filósofo se considera parteiro das ideias.

- afirma: "Conheça-te a ti mesmo”, "Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar."

Oráculo de Delfos

“Conhece-te a ti mesmo”

Na Defesa de Sócrates, o próprio filósofo se refere às

calúnias de que foi vítima e acusado no tribunal de Atenas. Em

certa passagem de sua fala, lembra quando esteve em Delfos,

local em que as pessoas consultavam o oráculo no templo de

Apolo para saber assuntos religiosos, políticos ou sobre o

futuro. Lá, quando seu amigo Querofonte consultou a Pítia e

indagou se havia alguém mais sábio do que seu mestre

Sócrates, ouviu uma resposta negativa.

Surpreendendo-se com a revelação do oráculo, Sócrates

resolveu investigar por si próprio quem se dizia sábio. Percebeu

que essa pessoas apenas supunham ser sábias. Dessa

experiência concluiu, ao conversar com um homem que se dizia

sábio:

“Mais sábio do que esse homem eu sou; é

provável que nenhum de nós [dois] saiba

nada e bom, mas ele supõe saber alguma

coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei,

tampouco suponho saber. Parece que sou

um nadinha mais sábio que ele exatamente

em não supor que saiba o que não sei.”

- deriva dessa passagem a máxima socrática “só sei

que nada sei“ como ponto de partida para o filosofar.

A reflexão filosófica vai mostrar com frequência que

não sabemos aquilo que pensamos saber. A

ignorância é o princípio da sabedoria.

- O exercício da ironia, a crítica das tradições, dos usos

e costumes, do próprio regime democrático grego

decretaram sua morte, acusado de “não acreditar nos

deuses e corromper a juventude”.

A morte de Sócrates (1787), de Jaques-Louis David. À espera de sua execução,

Sócrates discute com os discípulos sobre a imortalidade da alma.

QUESTÕES

1. Qual era a preocupação principal da filosofia no

período socrático que a distingue do período pré-

socrático?

2. O que ensinavam os sofistas e quais formam as

suas principais contribuições?

3. O que é retórica e qual a sua importância para os

cidadãos atenienses no século 5 a.C.?

4. Sócrates propunha algo diferente dos sofistas?

5. A partir do trecho retirado do livro Defesa de

Sócrates, explique como o filósofo concluiu que era o

mais sábio?

6. O que significa a máxima socrática de que “só sei

que nada sei”? Na sua opinião, ela se refere só a

Sócrates ou à própria filosofia?

7. Como é o método socrático? Explique.

8. (MARINGA 2008) Sócrates representa um marco importante da história da filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o homem. Assinale o que for correto:

01) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia.

02) Discípulo de Sócrates, Platão utilizou, como protagonista da maior parte de seus diálogos, o seu mestre.

04) O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica e a ironia.

08) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar dinheiro pelos seus ensinamentos.

16) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, queria, com isso, sinalizar a necessidade de adotar uma nova atitude diante do conhecimento e apontar um novo caminho para a sabedoria.

PARA SUA REFLEXÃO

1. “Uma vida que não é examinada não merece ser

vivida.” (Sócrates). Comente a afirmação deste

filósofo.

2. Os inimigos de Sócrates acusavam-no de

corromper a juventude. Que tipo de gente, ou grupo

de gente, era e ainda poderia ser esse?