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COORDENAÇÃOFILIPA LOWNDES VICENTE

LISBOATINTA-DA-CHINA

MMXVI

ORGANIZAÇÃOCÂMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOSCÂMARA MUNICIPAL DO PORTO

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EXPOSIÇÃO

ORGANIZAÇÃOCâmara Municipal de MatosinhosCâmara Municipal do Porto

CÂMARA MUNIC IPAL DE MATOS INHOS

PRES IDENTEGuilherme Pinto

PELOURO DA CULTURAVEREADOR DA CULTURAFernando Rocha

DIRETORA DE DEPARTAMENTOClarisse Castro

DIV I SÃO DE CULTURAMaria José Rodrigues

MUSEU QUINTA DE SANT IAGOCláudia Almeida

COMISSÁR IA C I ENT Í F I CA Filipa Lowndes Vicente

APOIO AO COMISSAR IADO C I ENT Í F I COJoana BritoLuis SoaresMónica Azevedo

DES IGN GRÁF I COJoana Monteiro

EQUIPA TÉCN I CA DE MONTAGEMFernando Raeiro

FOTOGRAF IAAntonio Venda LopesFernando NogueiraGuilherme CarmeloNuno Leal

APOIO AO V I S I TANTEJosé Carlos OliveiraMaria de Fátima AlvesMarisa Ramos

COMUNICAÇÃOJacinta BaptistaJorge Marmelo

SERV I ÇO EDUCAT IVORute Alves

CÂMARA MUNIC IPAL DO PORTO

PRES IDENTERui Moreira

PELOURO DA CULTURAADJUNTOGuilherme Blanc

DIRETORA MUNIC IPAL DE CULTURA E C I ÊNC IAMónica Guerreiro

DIRETORA DE DEPARTAMENTODE CULTURASofia Alves

CHEFE DE D IV I SÃO MUNIC IPAL DE MUSEUS E PATR IMÓNIO CULTURAL Maria Augusta Marques

COMISSÁR IA C I ENT Í F I CAFilipa Lowndes Vicente

ARQUITETURAJosé António Guerra

DES IGN GRÁF I COJoana Monteiro

CASA MUSEU MARTA ORT IGÃO SAMPA IO COORDENAÇÃO Manuel Azevedo Graça Maria da Luz Paula Marques

EQUIPA TÉCN I CA DE MONTAGEM Ana Maria OsórioArmando SucenaIsabel LopesJosé Joaquim RochaJosé Manuel LeiteJúlio VieiraManuela OliveiraOctávio VieiraSandra AraújoZita Rocha

FOTOGRAF IAFernando Noronha Soares

SERV I ÇO EDUCAT IVOIsabel Andrade Silva

AGRADEC IMENTOS

António Caiado de SousaAntónio Carlos Gilbert

de Bessa RibasAntónio Silva PereiraBiblioteca Pública

Municipal do PortoCarlos Barbosa da Cruz

Carlos Manuel de Bessa Ribas Monteiro

Casa Museu Teixeira Lopes — Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

Centro Português de FotografiaCristina Silva Pereira

Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto

Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva

Guilherme António Andresen de Castro Henriques

Henrique do ValeJoão Moura Martins

José Caiado de SousaJosé Manuel TrêpaLuísa Maria Vasques Carvalho Margarida TrepaMaria de Fátima BritoMaria Eduarda Caiado

Silva PereiraMaria João Sousa Lynch Couto

Maria Mabilde Fernandes da Rocha

MMIPO — Museu da Misericórdia do Porto

Museu da Quinta de Santiago — Câmara Municipal de Matosinhos

Museu do Abade de Baçal

Museu Nacional de Arte Contemporânea — Museu do Chiado

Museu Nacional de Soares dos Reis

Nelson Raposo BernardoRita Seabra Caiado Silva Pereira

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APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃOAurélia de Sousa, mulher artista (1866-1922)Filipa Lowndes Vicente

I — B IOGRAF IA : RETRATOS DE UMA ART ISTAAurélia de Sousa, fragmentoMaria João Lello Ortigão de Oliveira

A estrangeiraAna Soromenho

Encontros e desencontros sem importância: Aurélia de Sousa e Aurélio da Paz dos ReisMaria do Carmo Serén

I I — OBRA : P INTAR E EXPORAproximação à pintura de temática religiosa de Aurélia de Sousa: o feminismo em açãoRaquel Henriques da Silva

Aurélia de Sousa exposta: a construção de uma carreira de artista Adelaide Duarte

I I I — O PORTO EM CONTEXTO: OUTRAS MULHERES , OUTRAS P INTORAS

Porto. Entre dois séculosManuel de Sampayo Pimentel Azevedo Graça

Outras entre as mulheres. Representações e realidades das operárias, criadas e prostitutas do Porto (1880-1910) Bruno Monteiro

Mulheres artistas antes de Aurélia deSousa: a lenta metamorfose de umacondição no espaço da Academia Portuense de Belas -Artes Susana Moncóvio

Condenar sem ver: as outras que não eram Aurélia Sandra Leandro

CRONOLOG IA

CATÁLOGO 1. Fotografia: prática, objeto e pesquisa 2. Além da pintura:

desenho e ilustração 3. Autorretrato: do outro lado do

espelho, do outro lado da lente 4. Álbum de família: retratos individuais 5. Postal fotográfico:

dentro de casa, longe de casa 6. Paisagens próximas,

paisagens anónimas 7. Flores domesticadas 8. Sofia de Sousa. Pintora

e irmã de Aurélia 9. Materialidades: instrumentos

de trabalho e diários gráficos 10. As outras pintoras do museu: entre

o amadorismo e a profissionalização

NOTAS B IOGRÁF I CAS DOS AUTORES

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ÍNDICE

© 2016, Edições tinta -da -china, Lda.Rua Francisco Ferrer, 6A

1500 -461 LisboaTels: 21 726 90 28/9

E -mail: [email protected]

www.tintadachina.pt

Título: Aurélia de Sousa — Mulher Artista (1866-1922)

Coordenação: Filipa Lowndes Vicente

Textos: Adelaide Duarte, Ana Soromenho, Bruno Monteiro, Filipa Lowndes Vicente,

Isabel Andrade Silva, Manuel de Sampayo Pimentel Azevedo Graça, Maria do Carmo Serén, Maria João Lello Ortigão de Oliveira, Maria da Luz Paula Marques,

Raquel Henriques da Silva, Sandra Leandro, Susana Moncóvio

Legendas: Isabel Andrade Silva (IAS), Maria da Luz Paula Marques (MLPM),

Raquel Henriques da Silva (RHS)

Fotografia: Fernando Noronha Soares

Revisão: Paula AlmeidaComposição: Tinta -da -china (P. Serpa)

Capa: Tinta -da -china (P. Serpa sobre ideia de Joana Monteiro)

Fotografia da capa e da página 2: Aurélia de Sousa junto ao seu autorretrato, 1897 (?), Aurélio da Paz dos Reis, PT/CPF/APR/8908, Centro Português de Fotografia, Porto

1.ª edição: novembro de 2016

ISBN 978-989-671-339-3Depósito Legal n.º 414652/16

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Aurélia de Sousa nasceu há 150 anos no dia de Santo António, em Valparaíso, no Chile, mas foi no Porto que viveu quase toda a sua vida. Viveu na Quinta da China, a chegar a Campanhã e com debruçada vista sobre o rio Douro, onde agora lançamos este catálogo dedicado a pensar a sua obra e a desvendar detalhes do seu percurso.

Conservadora nos motivos, genial e inova -dora no traço e na composição, Aurélia de Sousa deu continuidade ao naturalismo que impe-rava na pintura portuguesa do seu tempo, acrescentando -lhe apontamentos impressionis-tas, realistas e até mesmo neorrealistas. Pintou retratos, captando de forma invulgar a persona-lidade dos representados; pintou paisagens, ab-sorvendo de forma não menos singular as cores da natureza; pintou cenas de género, muitas das quais em torno dos elementos da sua família; mas são sobretudo os seus autorretratos que distin-guem a sua obra e a posicionam como um nome fundamental da arte portuguesa. Com a exposi-ção Aurélia, Mulher Artista — resultado de mais uma importante parceria entre a Câmara Muni-cipal do Porto e a Câmara Municipal de Matosi-nhos, ambas detentoras de importantes acervos da artista —, temos a excecional oportunidade de conhecer algumas das suas obras mais signi-ficativas. E, não menos estimulante, de descobrir também a Casa Museu que Marta Ortigão Sam-paio, sobrinha da pintora, doou à cidade e que está aberta ao público desde 1997.

Tendo por mote os 150 anos do seu nasci-mento e a partir do facto de a Câmara Municipal do Porto possuir a mais importante coleção públi-

ca da artista, pretendemos com este projeto reati-var a Casa Museu Marta Ortigão Sampaio, dando um passo relevante para o seu reenquadra mento no contexto do Museu da Cidade e reforçando a sua dimensão museológica, de interpretação das coleções e de acolhimento de públicos.

Aurélia (portuense por adoção, por aqui ter sido criada, por aqui ter vivido quase toda a sua vida e por aqui ter morrido, na mesma Quinta da China), já há muito que entrou para a catego-ria dos expoentes máximos da arte portuguesa. Sendo mulher, tornou -se mesmo um caso exem-plar do seu tempo e da sua condição. Assim, a Câmara Municipal do Porto não podia deixar de evocar — mais, de comemorar — a passagem dos 150 anos do seu nascimento e a relevância da sua obra para a cultura contemporânea.

  

Rui Moreira Presidente da Câmara Municipal do Porto

Há datas e factos marcantes. O ano de 2016, em Matosinhos, está a ser assinalado indelevelmente pela circunstância de sermos Capital da Cul-tura do Eixo Atlântico. Numa aposta claríssima da Autarquia neste sector de atividade, temos vindo a produzir uma intensa programação cul-tural, com particular destaque para a abertura da Casa do Design e para a Casa da Arquitetura, no espaço da antiga Real Vinícola, e da Casa da Memória de Matosinhos, muito brevemente.

Há datas e factos marcantes. Em 2016 celebra--se o 150.º aniversário do nascimento da insigne pintora Aurélia de Sousa, um dos expoentes máximos do panorama artístico português de finais da centúria de oitocentos e das primeiras décadas do século XX, que viveu grande parte da sua vida na Cidade Invicta, mas que frequentou as praias de Leça e Matosinhos, à semelhança de outras ilustres figuras, como António Nobre, António Carneiro ou Óscar da Silva.

Há datas e factos marcantes. Dado que as edili-dades de Matosinhos e do Porto possuem as maio-res coleções públicas de obras de arte de Aurélia de Sousa, a exposição Aurélia, Mulher Artista resulta de uma parceria inédita entre as duas autarquias, que congregaram esforços na realização de uma mostra que assinalasse devidamente a vida e obra da pintora, em dois polos distintos, mas que se complementam, no Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, e na Casa Museu Marta Orti-gão Sampaio, no Porto.

De facto, a Autarquia de Matosinhos possui, desde 1995, um vasto espólio da pintora, numa doação realizada pelo Professor Correia de Oli-veira. Este espólio doado a Matosinhos é prove-

niente da família através de Maria Feliciana, irmã de Marta Ortigão Sampaio.

Pareceu -nos natural que esta parceria tivesse, desde logo, sucesso. Ambos os museus estão vocacionados para as coleções municipais e ambos possuem um vasto leque de temáticas da obra da artista. Mas, mais do que mostrar a quali-dade técnica e artística de Aurélia, interessou -nos sobretudo contextualizar a sua obra e apresentar uma nova narrativa. Uma narrativa onde outras mulheres pintoras, também parte da coleção da autarquia, estão em destaque; uma narrativa onde a fotografia assume também um papel fulcral, não apenas como forma artística mas como objeto de estudo e de base para os seus tão imponentes autorretratos. Para tal foi fundamental a colabo-ração de uma outra entidade, o Centro Português de Fotografia, a cargo do qual ficou a curadoria de uma das salas do museu de Matosinhos, sob a temática «uma breve história da fotografia», onde as ligações a Aurélio da Paz dos Reis não pode-riam ser negligenciadas.

Desta sinergia entre instituições, regionais e nacionais, nasceu a exposição, que se materia-liza agora neste livro, onde especialistas comple-mentam teoricamente a base, a macroestrutura desta mostra. Orgulhamo -nos desta exposição, e orgulhamo -nos também da forma como todos os envolvidos foram capazes, de um modo pro-fissional e, também, apaixonado, de partilhar conhecimento e vontade na sua conceção.

Guilherme PintoPresidente da Câmara Municipal de Matosinhos

apresentação

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INTRODUÇÃO. AURÉLIA DE SOUSA, MULHER ARTISTA (1866-1922)FILIPA LOWNDES VICENTE

«UM QUARTO SÓ PARA SI»: AURÉLIA DE SOUSA, 1866 -1922

Em 1928, seis anos depois da morte de Aurélia de Sousa, a escritora britânica Virginia Woolf (1882 -1941) deu uma con-ferência em Oxford sobre as condições necessárias à criação de obras de arte, da ficção à pintura. Como é que o facto de se ter nascido mulher ou homem determinava o acesso à cria-tividade?

Publicado em 1929 com o título A Room of One’s Own [Um Quarto só para si], o ensaio tornou -se um texto central para pen-sar as relações entre a identidade feminina e a produção literá-ria e artística: «uma mulher tem de ter dinheiro e um quarto só para si, se quiser escrever ficção».

No seu ensaio, Woolf explicou porque é que «a irmã de Shakespeare» nunca poderia ter escrito o que o irmão escre-veu. Porque a sua educação, a sua família, o seu meio social não teriam permitido nem incentivado o seu eventual talento. Por ser uma mulher — e não um homem — estaria exposta a todos aqueles constrangimentos que dificultam a criatividade.

Por um lado, estavam os obstáculos formais ou legais — a impossibilidade de as mulheres estudarem nas melhores esco-las, de entrarem na universidade ou de pertencerem a institui-ções literárias, artísticas ou científicas; ou, até, a impossibilidade legal de gerirem bens materiais, o que as colocava na dependên-cia económica de pais e maridos.

Por outro lado, encontravam -se os obstáculos informais e inconscientes que podiam ser tão poderosos como os outros:

Virginia Woolf em 1902, fotografada por George Charles Beresford.

introdução

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montou o seu ateliê de pintura e o laboratório fotográfico, o seu «quarto só para si».

EducaçãoAs aulas particulares de desenho e pintura não foram suficien-tes. Seguiu -se a Academia Portuense de Belas -Artes e, depois, a ida para Paris, lugar de todas as ambições artísticas. A resistên-cia familiar inicial foi ultrapassada pela determinação de Aurélia de Sousa em aprender mais e melhor. O acesso aos espaços de ensino de prestígio constituía uma das principais fronteiras entre o amadorismo — associado à pintura realizada por mulheres — e a profissionalização — associada à arte produzida por homens.

Dinheiro Era prosaico, trivial e até indelicado falar de dinheiro. Porém, sem o dinheiro obtido na experiência de emigração paterna, Aurélia e as suas irmãs não teriam tido uma educação semelhante à da bur guesia ou aristocracia endinheirada daquele período. E, mais tarde, sem o apoio económico dos cunhados, dificilmente Aurélia de Sousa poderia ter partido para Paris e inscrever -se na Academia Julian ou viajado pela Europa para ver e aprender. Por outro lado, o dinheiro obtido com a venda das suas pinturas e com as aulas par-ticulares que também deu terá sido determinante para que a artis-ta pudesse prosseguir a sua prática artística e profissionalizar -se.

TempoSem tempo disponível não há talento que se possa manifes-tar. O casamento, a maternidade e a gestão da casa ocupavam o tempo e a energia da maior parte das mulheres do seu meio. Também por não se ter casado nem ter tido filhos, teve a dispo-nibilidade de tempo para pintar, para fotografar, para viajar pela Europa ou para passear de bicicleta nos arredores do Porto. Para transformar em profissão aquilo que começara por ser apenas mais uma aprendizagem ou um passatempo adequado às meni-nas privilegiadas da segunda metade do século XIX: o desenho e a pintura, ao lado do piano, do canto ou dos bordados.

Independentemente da sua vontade, talento ou determinação indi-viduais, o contexto pessoal de Aurélia de Sousa possibilitou -lhe ter «um quarto só para si». Um espaço físico e metafórico para criar.

a falta de incentivo familiar e educacional ao desenvolvimento de talentos e ambições, o «parece mal», o medo do ridículo, o temor de não corresponder às expectativas sociais, familiares e culturais que determinavam os caminhos possíveis às mulheres.

O ensaio, brilhante e pioneiro, de Virginia Woolf inspirou as muitas abordagens feministas que, desde a década de 1970, enriqueceram a história da arte, fazendo -a refletir sobre as con-dições da prática artística e da perceção que os outros têm dessa mesma prática. A geografia, o género, o contexto social e intelectual — ou seja, a vida — são indissociáveis da obra. Contudo, quem define que obras e que nomes devem ficar para a história também pertence a um lugar e a um tempo específi-cos. E durante muito tempo as mulheres, artistas, escritoras, criadoras, foram secundarizadas. Só quando a história da lite-ratura ou da arte tomou consciência dos seus mecanismos de seleção é que foi capaz de «encontrar» aquelas mulheres que já lá estavam.

BIOGRAFIA: ESPAÇO, EDUCAÇÃO, DINHEIRO, TEMPO Aurélia de Sousa tinha o talento, a vontade e a determinação. E, como escreveu Virginia Woolf, teve «um quarto só para si». Teve o espaço, a educação, o dinheiro e o tempo que lhe permi-tiram dedicar -se à prática artística.

Espaço Nasceu na América do Sul, em 18661. O pai fora trabalhar para o Chile à procura de melhores condições de vida, como tantos outros portugueses deste período, que partiam sobretudo para o Brasil. A fortuna feita na construção dos caminhos de ferro contribuiu para o regresso ao Porto em 1869 e para a compra de uma propriedade às portas da cidade do Porto e sobre o rio Douro. Foi logo aqui que Aurélia começou por ser «estrangeira», ideia que Ana Soromenho explorará na sua análise biográfica.

A Quinta da China foi a principal morada de Aurélia de Sousa até ao fim da vida, em 1922. Lá, tanto pôde ter acesso ao silêncio e ao isolamento, como à companhia e partilha das atividades domésticas que marcavam o quotidiano feminino. Foi lá que

Aurélia de Sousa, Auto ‑retrato, s.d., arquivo CMMOS, CMP.

1. A investigação e as publicações já realizadas sobre Aurélia de Sousa,

sobretudo por Raquel Henriques da Silva e Maria João Lello Ortigão de

Oliveira, foram essenciais para o meu trabalho de curadoria da exposição e de organização deste catálogo. Assim,

é com grande satisfação que conto com a sua participação neste catálogo:

Adelaide Duarte, Aurélia de Sousa, Col. Pintores Portugueses (Matosinhos:

QuidNovi, 2010); Maria João Lello Ortigão de Oliveira, Aurélia de Sousa

em Contexto. A cultura artística no fim de século (Lisboa: Imprensa Nacional­­Casa da Moeda, Col. Arte e Artistas,

2006); Raquel Henriques da Silva, Aurélia de Sousa, Col. Pintores Portugueses

(Lisboa: Inapa, 2004 [1.ª ed. 1992]).

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2. Júlio Brandão, «D. Aurélia de Sousa e D. Sofia de Sousa», Sombra e Luz. Revista de Fotografia e Arte, Porto:

Typographia Século XX, 1901, pp. 178 ­180.

«MULHER -ARTISTA»

Ser «mulher -artista» era diferente de ser «artista», que continuava a subentender uma masculinidade. A construção do significado da dupla identidade de «mulher -artista», numa altura em que esta passa a ter cada vez mais visibilidade, como acontece no século XIX, está imbuída de uma inferiorização do seu estatuto. A falta de «qualidade artística» de algumas daquelas mulheres levou a generalizações por parte da crítica em relação à criação artística feminina — uma mulher-artista tendia a representar «as» mulhe-res artistas, enquanto um homem artista representava -se apenas a si próprio.

Assim, houve uma tendência para associar a falta de qualidade ao facto de uma artista ser mulher: se uma mulher fosse consi-derada «má artista», isso tornava -se indissociável do seu género, numa generalização coletiva, mas, se fosse um homem a ser con-siderado mau artista, não se dava uma extrapolação para «os» homens em geral, limitando -se essa avaliação à sua identidade individual. As mulheres podiam ser «exceções», exemplos raros e singulares de talentos considerados masculinos, mas não podiam ser «artistas» tão «más» como outros homens artistas, sem que isso fosse atribuído às características do seu sexo. Compreender esta diferença, construída no período histórico em que aumenta significativamente o número de mulheres artistas, ajuda -nos a abordar Aurélia de Sousa nos cruzamentos entre biografia e obra.

As mulheres artistas com pretensões a uma carreira artís-tica, com tudo o que ela implicava de exposição pública, tinham de conviver com a condescendência generalizada que a força da imagem do diletantismo artístico feminino pressupunha. Eram as artistas amadoras. Júlio Brandão, ao escrever sobre a «rara originalidade» e «técnica» de pintura das irmãs Sousa, fez ques-tão de frisar como «não era a de um diletantismo frágil, ou a habitual exibição de meninas prendadas2. No seu artigo «Conde-nar sem ver: as outras que não eram Aurélia», Sandra Leandro irá explorar esta tensão através dos casos das «outras» pintoras contemporâneas, muitas delas «amadoras».

Em finais do século XIX, tal como na primeira metade do XX, a «mulher -artista» tornou -se um tipo, sem nome nem identidade específica. De preferência, bonita. Em postais fotográficos, postais ilustrados, capas de revista, fotografias estereoscópicas, cromos

«La Peinture», postal fotográfico francês, exemplar n.º 6 da série

«Les Arts», c. 1900, col. F.L.V.

Capa da revista L’Amour. Journal Illustré, [«— Il y a des hommes qui ne veulent pas

que les femmes peignent... C’est parce qu’ils aiment mieux les... dépeigner!»], 12 de julho

de 1903. Ilustração de capa, ass. ilegível, publicação ilustrada francesa, col. F.L.V.

Capa da revista Femina. Literatura, arte e moda, n.º 9, Lisboa, 5 de março de 1931. Fotografia de capa assinada por Horácio Novaes, publicação

semanal dirigida por Helena de Aragão, col. F.L.V.

Capa da revista O Século Ilustrado, n.º 438, 10 de maio de 1947. Fotografia de capa com a legenda «Marie Macdonald é uma vedeta

bonita e pintora de mérito», col. F.L.V.

Capa da revista O Cruzeiro, n.º 50, 28 de setembro de 1957. Fotografia de capa com

a legenda «Srta Maria de Lourdes Monteiro em ektachrome de António Rudge especial

para a revista O Cruzeiro», col. F.L.V.

«La Peinture», cromo publicitário, «Magasin de Chaussures L. Deschanel,

Rue Trésorerie, 11, et Rue Dorée, 2, Nîmes» [França], litografia colorida, s.d., col. F.L.V.

CATÁLOGO

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1. Postal fotográfico de Aurélia de Sousa para a sobrinha Marta Ortigão Sampaio. «Martha, Conheces esta velhota?»Autorretrato de Aurélia de Sousa5.V.(19)13 | 13,5 x 9 cm CMMOS | CMP

2. Postal fotográfico de Aurélia de Sousa. «Recebe um abraço…»Fotografia de Aurélia de Sousa (autorretrato?)11.IX.(1)909 | 13,7 x 8 cm CMMOS | CMP

3. Postal fotográfico de Aurélia de Sousa. «Cinco meninas, cinco mamãs e cinco filhinhas»Fotografia de Aurélia de Sousa2.IV.(19)08 | 8,7 x 13,7 cm CMMOS | CMP

1 — FOTOGRAFIA: PRÁTICA, OBJETO E PESQUISA

1 — FotografiaEm 1900, as técnicas fotográficas já tinham evoluído muito desde a sua invenção, em 1839. Aurélia de Sousa usou a fotogra-fia de formas diferentes. Em primeiro lugar, para fazer os seus «álbuns de família» — essa invenção oitocentista que permitiu que cada pessoa construísse a sua própria história para além da história universal ou nacional.

Em segundo lugar, experimentou a fotografia como uma prática artística. Ao ar livre, no campo, no jardim, no espaço doméstico ou urbanizado, procurou obter imagens fotográficas que sublinhassem a beleza do objeto representado. Prestando uma especial atenção à composição, à estética e à tonalidade, esta maneira de fotografar aproximava -se da pintura. Por isso, chamava -se «pictorialista». São fotografias que se encontram na sua esfera familiar, em coleções privadas.

Em terceiro lugar, Aurélia fez o que muitos artistas contempo-râneos estavam a fazer: recorreu à fotografia no próprio processo da pintura. Antes de pintar o autorretrato a óleo onde aparece vestida de Santo António, por exemplo, a artista fotografou-se a si própria. Teriam os autorretratos pintados por Aurélia sido pos-síveis antes da invenção da fotografia?

A amizade e vizinhança com o fotógrafo portuense Aurélio da Paz dos Reis — autor da fotografia escolhida para imagem da exposição e capa deste catálogo — podem ajudar a compreen-der melhor o interesse de Aurélia por fotografia. O seu espólio de fotografia, no CMMOS e em coleções privadas do Porto, estu-dado por Raquel Henriques da Silva e Maria João Ortigão de Oliveira, assim como o conjunto de máquinas fotográficas que lhe pertenceram e que aqui reproduzimos, revelam como, além de pintora, Aurélia foi também fotógrafa.

— Filipa Lowndes Vicente

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22. Retrato fotográfico de Marques de Oliveira e discípulos na Academia Portuense de Belas ­Artes, oferecido pelas alunas ao mestreSentadas, da direita para a esquerda, Sofia e Aurélia de Sousa. Entre as restantes, Júlia Molarinho Ramos, Berta Nughent e Lucília Aranha.1893 ­1894 | CMMOS | CMP

2 — ALÉM DA PINTURA: DESENHO E ILUSTRAÇÃO

O desenho era onde tudo começava. A formação artística de finais do século XIX, em casa e nas escolas de belas -artes, centrava -se no desenho do corpo humano. Depois do desenho, a pintura ou a escultura. Alguns dos desenhos que Aurélia de Sousa fez na Academia Portuense de Belas -Artes serão seme-lhantes aos das centenas de alunos que por lá passaram. Outros, aqui reproduzidos, já revelam a individualidade da escolha e do traço. O facto de Aurélia datar os seus desenhos académicos, mas não os óleos, talvez propositadamente, dificulta a constru-ção de fases e evoluções na carreira da artista.

Através da aguarela, da ilustração, da fotografia ou da pin-tura em azulejo, ou em barro, a artista explorava meios e mate-riais para lá da pintura em tela. É uma pequena amostra de uma produção muito mais vasta, onde se destaca o seu trabalho como ilustradora de uma série de publicações: livros, periódi-cos e postais ilustrados.

Foram muitos os artistas portugueses do século XX que, tal como Aurélia, experimentaram a ilustração. Para muitas mulhe-res artistas da primeira metade do século XX, por exemplo, as irmãs Raquel, Màmia ou Helena Roque Gameiro, Ofélia Marques ou a portuense Laura Costa, foi mesmo a principal forma de tra-balho. Uma história da arte portuguesa à volta de 1900 tem que se centrar também nos vários formatos de desenho impresso que as transformações nas tecnologias reprodutivas possibilita-ram — a ilustração em jornais, revistas e livros.

— Filipa Lowndes Vicente

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2 — além da pintura

NOTAS BIOGRÁFICAS DOS AUTORESADELAIDE DUARTE é coordenadora executiva da pós -graduação Mercado da Arte e Colecionismo a abrir na FCSH -UNL (2016 -2017). Professora auxiliar convidada e investigadora de pós -doutoramento, com bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no Instituto de História da Arte da FCSH -UNL. Membro integrado no grupo de investigação Museum Studies: Art, Museums and Collections. Doutoramento em Museologia e Património Cultural (2012) sobre colecionismo privado de arte moderna e contemporânea em Portugal, na Universidade de Coimbra. Desenvolve investigação sobre coleções de arte a partir da coleção do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves. Vice -Presidente da Associação Amigos do Museu Nacional de Arte Contemporânea--Museu do Chiado. Tem participado em conferências e colóquios e publicado artigos da especialidade.

ANA SOROMENHO é jornalista há 20 anos no semanário Expresso. Redatora fixa da «Revista», sobretudo na área da cultura — fotografia, artes plásticas, design, literatura e arquitetura —, a biografia de Aurélia de Sousa faz parte de um projeto editorial da jornalista, que pretende reunir em livro doze contos biográficos sobre mulheres portuguesas. Além do seu trabalho de jornalista, coordenou o gabinete de imprensa da Comissão Nacional para os Descobrimentos Portugueses (1998--2000); foi responsável pela pesquisa de vários arquivos fotográficos municipais para a realização de

exposições na 1.ª edição de O Mês da Fotografia (1993) e colaborou com a revista Artes e Leilões e Jornal dos Arquitetos. Recentemente, publicou um documentário multimédia sobre o Museu Nacional de Arte Antiga.   BRUNO MONTEIRO é sociólogo (BA, MS, PhD) e investigador de pós--doutoramento, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BPD/85086/2012). É membro do Instituto de Sociologia (Universidade do Porto) e do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa). Faz parte da rede europeia de ciências sociais «Network for the Studies of Cultural Distinctions and Social Differentiation». Foi investigador convidado na Albert -Ludwigs--Universität (Freiburg -im -Breisgau, Alemanha), na cátedra UNESCO SSIMM / IUAV (Veneza, Itália) e no centro SAGE (Universidade de Estrasburgo, França). Publicou recentemente o livro Homens industriosos. Sociologia histórica das tomadas de posição do patronato portuense (1945 -1974) (Fundação Eng.º António de Almeida, 2015) e organizou, com Virgílio Borges Pereira, o volume coletivo Intelectuais europeus no século XX (Edições Afrontamento, 2014, apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian).

FILIPA LOWNDES VICENTE (Lisboa, 1972) é investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, doutorou -se na Universidade de Londres, em 2000, com uma tese que deu origem a Viagens e Exposições: D. Pedro V na Europa do Século XIX (2003). É

autora de vários artigos e livros: Outros Orientalismos: A Índia entre Florença e Bombaim, 1860-1900, publicado em Portugal (2009) na Índia e em Itália (2012); Arte Sem História: Mulheres e Cultura Artística, Séculos XVI-XX (2012); e Entre dois Impérios. Viajantes Britânicos em Goa (1800 -1940) (2015). Como organizadora, publicou O Império da Visão: fotografia no contexto colonial português (1860 -1960), resultado de um projeto de investigação FCT que coordenou. Foi professora visitante no King’s College da Univ. de Londres (2015) e na Brown University, EUA (2016).

MANUEL DE SAMPAYO PIMENTEL AZEVEDO GRAÇA (Porto, 1973) é licenciado em História, variante da Arte, mestre em História da Arte em Portugal e doutorando em História da Arte Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É técnico superior de História da Arte (desde 1997) e coordenador--geral dos Museus da Câmara Municipal do Porto (desde 2014). Foi chefe da Divisão Municipal de Museus da Câmara Municipal do Porto (2008 -2010); diretor do Museu de Alberto Sampaio (2010 -2012) e do Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança (e Castelo de São Mamede de Guimarães) e Museu de Etnologia do Porto (2011 -2013). Foi conselheiro geral da Guimarães 2012 — Capital Europeia da Cultura. Comissariou diversas exposições, nomeadamente Angelorum. Anjos em Portugal e Elegância, Moda e Fé. O Enxoval de Nossa Senhora da Madre de Deus. É investigador, sendo autor de diversos livros, entre os quais Forbes de Portugal e outros

mais… (2002) e Angelorum. Anjos em Portugal (2012).

MARIA DO CARMO SERÉN nasceu no Porto e é historiadora e crítica de arte e fotografia, integrando com frequência cursos, colóquios ou encontros, tendo publicado textos, nomeadamente sobre análise fotográfica, em revistas, antologias, ou dicionários de especialidade, no país, em Espanha, França, Grã--Bretanha, Brasil e Estados Unidos. Tem ainda publicado para diversas instituições e editoras obras de análise de fotografia, pintura e história nos séculos XIX e XX. Entre diversas publicações para as comemorações do Centenário da República, participou, em 2010, no álbum Resistência, da Alternativa Republicana à Luta contra a Ditadura (1891 -1974), no Porto, projetadas pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. Foi diretora da revista Ersatz do CPF, e, enquanto Direção--Geral, (1997 -2007), coordenadora de Informação e Formação deste organismo. É investigadora do CITCEM.

MARIA JOÃO LELLO ORTIGÃO DE OLIVEIRA, nascida no Porto, licenciada em Filosofia pela Universidade do Porto, mestre em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa, doutorada em Ciências da Arte pela Universidade de Lisboa. Atualmente exerce funções docentes na Faculdade de Belas -Artes da Universidade de Lisboa, nas licenciaturas de Pintura, Escultura, Ciências da Arte e do Património, Arte Multimédia, no Mestrado de Curadoria, e no

curso de Doutoramento da mesma faculdade. Tem obra publicada na área da ficção e do ensaio, nomeadamente, Aurélia de Sousa em contexto — A cultura artística no fim de século — Menção Honrosa/ Prémio Grémio Literário, Lisboa 2007.

RAQUEL HENRIQUES DA SILVA é doutora em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desde 2005 coordena o Mestrado em Museologia e leciona disciplinas na Licenciatura em História da Arte e seminários no Mestrado em História de Arte do século XIX.  Foi diretora do Museu do Chiado (1993 -1997) e do Instituto Português de Museus (1997 -2002). É membro do Conselho de Administração da Fundação Arpad Szenes -Vieira da Silva e do Conselho Editorial da revista Monumentos da Direção Geral do Património Cultural. É diretora do Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Univ. Nova de Lisboa. Tem diversas obras publicadas nas áreas da Museologia, Urbanismo e Arquitetura, e Artes Visuais entre as quais, Aurélia de Souza (Lisboa: Inapa, 1992).

SANDRA LEANDRO, historiadora de Arte, professora auxiliar na Universidade de Évora, investigadora integrada no Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa e investigadora colaboradora, desde o ano 2000, de Faces de Eva — CICS NOVA. Mestre e Doutora pela UNL. É uma das fundadoras da Pós -Graduação Artes Visuais e Género (Universidade

de Évora, 2011). Tem publicado, participado em conferências e comissariado exposições sobre a temática das mulheres artistas. Co -organizou o I Congresso Internacional Arte e Género? (FCG e FASVS, 2014). Dos últimos trabalhos publicados refiram -se: «Desenhar Julieta Ferrão (1899 -1974): a primeira diretora de um Museu em Portugal», Faces de Eva, n.º 31, 2014; Joaquim de Vasconcelos: historiador, crítico de arte e museólogo — Uma ópera, 2014, Prémio Grémio Literário.

SUSANA MONCÓVIO (n. 1963) é doutorada (2015), mestre (2009) e licenciada (2005) em História da Arte Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Formação graduada em Tecnologias da Saúde (Neurofisiologia) e pós -graduada em Gestão e Administração em Saúde. Investigadora do Gabinete de História, Arqueologia e Património, da associação Amigos do Solar Condes de Resende — Confraria Queirosiana, Vila Nova de Gaia, integrada no projeto «Património Cultural de Gaia». Investigadora do CITCEM. Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória» (Grupo Memória, Património e Construção de Identidades). Efetuou comunicações e publicações nas seguintes áreas: História da Arte, Ensino Artístico, Estudos sobre as Mulheres, Mulheres Artistas, Sociedade, Cultura e Estética nos séculos XIX -XX. 

foi composto em caracteres Cheltenham e BlockBerthold, e impresso em papel Couché de 150 g,pela gráfica Diário do Minho, Lda., no mês de Outubro de 2016.