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— O tr. Campos Salta, o hereje 4o «fundine-toui», á Caixa da Conwaio. perdendo uma occasiâo de ficar calado..

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ARARA

MINO II AfÍJlRJl Num. 84

SABBÂDO, 29 DE SETE.MBRO DK 1906

EXPEDIENTE I»UBL,ICA-SE XOS SABBADOS

ASSIGNATURAS : Capital, anuo. lOSOOO Interior, 15.S000 NUMERO AVULSO, SOO RÉIS—NUMERO ATRASADO, 500 RÉIS

RUA BA BOA VISTA, 41 (sobrado)

Os jornaes noticiaram, era tom dolente e assustadi- ço, a passagem duma nuvem de gafanhotos pelas altu- ras da Avenida Paulista. Espraiaram-se em judiciosas considerações os nossos Girardins, lembrando diversos alvitres para esclarecer o apparecimento dos interes- santes orthopteros.

O Diário Popular, num bellissimo artigo O gtfa- nhoto, eis o inimigo !, aventou a idéa de que a nuvem fora arranjada adrede, na Republica Argentina, e tocada para aqui pela fanfarronada espaventosa de nuestros hcridos hermanos de La Plata. E o vespertino adean- tou ainda que, tendo raspado cuidadosamente a tinta auri-verde que listava as pernas dos gafanhotos, desco- briu nitidamente as cores argentinas. Dahi concilie o judicioso e atilado collega que nuestros hermanos pin- taram de verde os seus gafanhotos e atirarain-n'os para cá.

O unetuoso collega do São Paulo matutou outra explicação, baseada no Pentateuco e satisfactoriamente aclarada pela hermenêutica da Theologia Dogmática. Re- unida a redacção, o sr. Aroldo do Amaral, depois de rezar uma Salve Rainha e um Padre Nosso, poz em discussão a nuvem de gafanhotos. Após acalorados dis- cursos, em que foram ventiladas diversas hypotheses, prevaleceu por maioria a opinião de que a nuvem era nem mais nem menos do que o Dedo da Providencia, apontando á Legião de S. Pedro a sua verdadeira mis- são neste valle de lagrimas : cair em cima dos protes- tantes e devoral-os, num abrir e fechar d'olhos, tal qual os gafanhotos cáera nas searas e coraera tudo.

Das opiniões dos jornaes quera se está rindo á so- capa é o sr. presidente do Estado. Porque só elle é quem sabe a origem desta nuvem de gafanhotos e a sua mjssão agricolo-economico-íinanoeiro-convenio-taubateana.

S. exa. viu gorado o empréstimo dos quinze mi- lhões esterlinos ; o projectado Banco Agrícola, destinado a renascer das cinzas do Banco de Credito Real, segui- rá talvez ò mesmo caminho ; a tão apregoada especula- ção de café, em que o governo imprudentemente se

metteu, não dará para as commissões dos intermediá- rios e afilhados, no caso pouco provável de ser levada a bom termo. E, acabnmhado ao peso de tanta sorte, arriscado a afogar-se neste mar de felicidade era que navega, o sr. presidente do Estado teve maisuma idéa. Annuncia-se uma safra de dezoito milhões de saccas de ca- fé; a futura safra será, portanto, muito pequena. Ora, se acabasse cora ella, inutilisando os cafesaes por três annos, e isto já, estes dezoito milhões valeriam pelo menos três vezes mais ; o preço do café triplicaria e podia o cambio subir que o lucro seria grande. Conce- ber esta idéa e encoramendar os gafanhotos para a rea- lisarera, foi obra dura momento.

Ahi está a razão da chegada dos bichinhos. A Cé- sar o que é de César, e ao sr. Jorge Tibyriçá os ricos gafanhotinhos pintados de verde... viva a Republica !

Asteriscos Sua alma, sua palma!...

Cuba, um dia quiz sacudir o jugo ferenho da Hes- panha e, depois de uma luta sangrenta, com o auxilio dos Estados Unidos, conseguiu fazer a sua indepen- dência.

Houve por esse mundo a fora quem cantasse loas ás brilhantes campanhas dos filhos da bella e grande Antilha, e quem classificasse de generosa a intervenção da America do Norte para a victoria dos cubanos.

Não fomos dos que assim pensavam ; pelo contra- rio, fomos dos que protestaram contra a intervenção in- teresseira do yankee, foraos dos que viraos bem para quanto valia a coragem do coronel Roosevelt, á frente dos rough-riders.

Dizíamos, então, que os cubanos teriam de arrepen- der-se mais tarde por terem acceitado a collaboração do americano.

Passaram-se os annos. A Hespanha, depois da crise que a guerra provocou, começa a rrerguer-se, a activi- dade de seus filhos consegue levantar as suas indus- trias aniquiladas, as suas culturas augmentam na mesma proporção que diminuem as agitações intestinas.

E em Cuba, começam as dissenções, começam os ódios pequeninos a estragar a obra dos utopistas que trabalharam pela sua independência.

E os Estados Unidos, os olhos postos sobre a pé- rola do Atlântico, olhara para ella, ciibiçara-n'a...

Agora, rompeu a guerra civil contra o presidente Palma, o propagandista mais temivel da independência cubana, o maior inimigo da Hespanha.

E lá apparece o governo do sr. Roosevelt, do mes- mo coronel dos rougli-riders, para abafar a revolução.

Mas o meio de abafal-a é sui-generis, é simplesmen- te americano : é com a oecupação da ilha...

Não podiam ter melhor prêmio os cubanos. E nós, que andamos illudidos pela amizade ameri-

cana, que ainda estamos encantados com as bellas phra- ses dos discursos emphaticos do sr. Root, bem pode- mos olhar para este espelho, afim de não termos tam- bém de arrepender-nos...

B=LZAr.

Figaro, o brilhante missivista das Cartas do Rio' para o Estado de S. Paulo, tem tirado, ultimamente, o sorano ao sr. Augusto Ramos, o valorisador da nossa preciosa rubiacea.

E não é somente o sr. Augusto Ramos quem está soffrendo de insoranias ; também as soffrem todos os que hypothecaram o seu apoio á política confraterni- sadora, que reconciliou brancos e pretos, amigos e não

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ARARA

amigos, num amplexo enorme e grandioso, algo emo- cionante e tragi-comico. Mas o espmto scintillante, alliado á lógica irrespondível dos factos, do distincto e indepen- dente jornalista, continua a zurzir impiedosamente os pseudos patriotas do Convênio, da Caixa de Conversão e outras medidas, mais ou menos hábeis de engambellar a lavoura e deitar poeira nos olhos do povo.

Ainda na sua carta de 26 deste mez, Figaro, depois de mostrar a constituição heterogênea do Bloco e a po- sição do sr. Joaquim Murtinho, no Senado, contraria ao projecto da Caixa de Conservasão, escreve :

« O sr. Murtinho é, porém, um homem que cada vez conquista maiores adhesões. A clarividencia do seu es- pirito está provada pelos factos ; e é interessante que Lourenç.o de Albuquerque, Ângelo do Amaral e outros homens do antigo regimen, são os primeiros a exalçar o valor da política do sr. Murtinho.

Sair o sr. Murtinho do Senado, seria um golpe de morte no projecto da Caixa—porque valeria por mil dis- cursos que s. exa. pudesse proferir contra essa idéa. E não é só isso : seria um golpe no «Bloco», levaria deste

. partido compromettido os defensores da Caixa os ami- gos de s. exa.

Era a scisão... e é isso o que se não quer ; mas para que o sr. Murtinho fique é preciso que o <-Bloco» abra a questão da Caixa e o sr. Murtinho e os seus amigos recuperem inteira liberdade nesta matéria.

Esta liberdade é o de proiundis do projecto. Começou a entoal-o, no seu discurso de hontem, o

sr. Alcindo Guanabara, que, por muitos, era tido como o <pae da creança». Dizem que a bancada fluminense está nas mesmas condições e que outras vão virar de rumo...

Era uma vez... E mais uma vez se demonstrará que o poder é o poder...»

Onde está o bellicoso sr. Augusto Ramos, em que mundo, em que estreita se esconde este famoso mata- moiros, esto papão dos adversários do Convênio de Taubaté, que não apparece para esmagar o Figaro ?

Dá-se um prêmio a quem o descobrir.

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Os jornaes destes últimos dias têm-se encarregado de pôr em evidencia o respeito com que os catholicos, em obediência ás máximas do Evangelho, encaram as doutrinas dos protestantes.

Estas coisas de religião, tendo por único ideal um Deus bom e misericordioso, synthese de todas as per- feições moraes, acarretaram sempre para o scenario so- cial comédias e tragédias, dramas e scenas cômicas, e tudo a paciência dos séculos foi resolvendo consoante ponde, a menos quando os delictos tinham a sua ori- gem no ódio pessoal.

Diz-se, ordinariamente : outros tempos, outros ven- tos. Pois, não é tanto assim. O espirito de intolerân- cia continua a pairar sobre todas as coisas do mundo e, a cada passo, se mostra tão impiedoso como na in- fância.

A França, para tornar seculares as suas egrejas, tem-se visto e desejado. No Brasil, republica com aspi- rações a modelo no que toca a idéas liberaes, crescem de dia para dia as legiões dos padres, banidos de ou- tros paizes, e cora ellas a intolerância do catholioismo.

Em S. Paulo, o espirito de seita .constituo o assum- pto do dia. Os catholicos não podem vèr os protestan- tes e estes, mais zelosos dos créditos da sua aggremia- ção, porque ainda não chegaram ao auge do desespero,

soffrem resignados as vindictas injustas dos seus ad- versários.

Eu nem sou por Liithero, posto que lhe admire ;» topete de independência ao atacar o inquisidor Ttezel, a propósito da venda de indulgências, nem sou pelo papa Xisto X ou por qualquer outro que ao mesmo succe- desse. Tenho a minha religião com affinidades á do reformador allemão, por isso que não acredito na auto- ridade do papado, no milagre, na vida dos santos, nos votos monasticos, na missa. Mas não subordino a opi- nião de ninguém á minha opinião. Ao contrario, res- peito a crença extranha para que respeitem a minha.

Em S. Paulo, já houve scena de aggressão, por par- te dos catholicos, contra os protestantes.

Uma vez, mesmo, eu vi, a provocação directa de um sachristão a um grupo de protestantes.

Foi ha annos, na rua do Carmo. Eu arrastava a minha neurasfhenia por uma exoellente casa de pensão e ao ouvir bimbalhar furiosamente os sinos, vim á ja- nella para comer com os meus olhos o carão do malva- do que alli, defronte, a dois passos e com mãos impie- dosas, fazia do meu espirito um inferno de sonoridades irritantes.

Descobri, então, que o malandro do sachristão é quem promovia todo o ruido, para impedir que um pa- dre norte-americano explicasse ao pequeno auditório os pensamentos de Luthero.

Mas fez mais o marmanjão : ante a Ma impassibi" lidade do ministro evangélico, tratou de arranjar uma claque de pretos e trolhas e, quando o evangelisador deu a sua missão por finda e se dispunha a retirai,-se, açu- lou-a furiosamente contra elle, pondo-se á frente com ameaças carniceiras.

A policia, que a dois passos dalli, velava pela ordem publica e pela liberdade dos cidadãos, ria-se a bom rir e não tomou parte na festa para não comprometter os 90$000 do soldo.

No largo dos Guayanazes, ha dias, quando protes- tantes faziam conferências publicas, appareceu a nobre Legião de São Pedro, com pastinhas na testa e sapato de polimento, est3-lo de entrada baixa e metteu o pau na pacifica gente que arengava ás massas.

A policia, em vez de prender os catholicos prendeu os esbordoados e, que eu o saiba, ainda até agora não houve uma reparação digna.

Pelo que se conolue que este Estado está entregue á sanha e á finura da intolerância do catholicismo.

Os governos vêm isto e passam adeante, porque, para elles, os padres são bons amigos, principalmente em épocas eleitoraes. Mas deviam parar e attentar. A época é por demais estreita para acalentar semelhantes ódios e Deus queira que mais tarde não tenham de se arrepender de semelhante desleixo, de tão grande indif- ferença, porque se ha coisas perigosissimas na ordem social, uma dellas é a rivalidade de religiões.

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A reorganisação da secretaria da justiça passou nas duas casas do congresso estadual sem merecer um úni- co reparo dos deputados e senadores.

No emtanto, nos corredores da câmara e do senado, quasi todos os pães da pátria achavam abstruso o pro- jecto e não pouparam epigrammas ao sr. W. de Souza, que daqui ha pouco vae se ver abarbado com o serviço. Dum lado, agarrando-se ás pernas os officiaes da força publica, os delegados e subdelegados, escrivães é secre- tas e, fechando o prestito, a turba multa dos bicheiros"; do outro lado, puxando-lhe as abas do elegante frak num alarido de mil demônios os innumeros pretendentes ás promotorias das cento e tantas comarcas do Estado.

E_ os que assim pintavam a situação futura do sr. Washington de Souza, reunidos aos que, meneando sce- pticamente a cabeça, mostravam não esperar que o di- gno secretario vá lá das pernas, deixaram passar sem um aparte ao menos, a apresentação do projecto.

A confraternisação da familia política paulista já co- meça a produzir os seus effeitos : a unanimidade inal- terável de vistas dos dois poderes do Estado.

Entramos francamente no regimen do apoio incon- dicional e tácito a quem tudo pôde e em todos manda.

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ARARA

6\ 07 A ASNEIRA ESTA* FEITA...

—Sra. Josepha... sra. Josepha ! Sc assim continua, estamos muito mal...

—E a mim que me importa o que você diz! —Mau ! mau! mau! Vocemecê vae-se adeantando

muito... —Eu danço conforme me tocam... —Sra. Josepha... você parece que já se esqueceu do

dia em que entrou para esta casa... —Você é que parece que não se quer lembrar do

dia em que me levou i egreja para me receber como esposa!

—Por causa dos filhos, sabe ? Olhe que foi unica- mente por causa delles... Que por sua causa, não era eu que caia na asneira de dar semelhante passo.

—EUes que lhe agradeçam, que eu não tenho nada que lhe agradecer.»

—Se vocemecê fosse outra, nunca se esquecia de que entrou nesta casa como creada e eu que a elevei á dignidade de senhora, fazendo-a minha mulher... por ser mae de meus filhos !

—Eu não lhe pedi nada. Se casou commigo foi por- que você muito bem quiz.

—Já lhe disse, foi por causa dos filhos. —Eu é que se não fossem os filhos, que me custa-

ram muito a crear, não queria a você por marido nem que te cobrisse de ouro!

—E' até onde pôde chegar a pouca vergonha! Quem ouvir isto, que não dirá de uma «ervilheta, a encres- par-se commigo, a falar-me da maneira que me fala!

—Isto é manha d'açougue~ Quem mal fala peior ouve. Você não é mais do que eu !

—Não sou mais ! Essa agora! Então eu que sou um proprietário e capitalista dos mais importantes, eu que já tenho exercido vários logares de repartição que só se dão a pessoas respeitáveis, não sou mais do que você !

—Não senhor! Você é meu marido, eu sou sua mulher... Se quizer que eu o respeite, hade-me res- peitar.

—Pois não! Talvez queira até que eu lhe dê ex- cellencia...

—Não faz favor nenhum, porque os mais lambem m'a dão...

—lias dão-lh'a por minha causa... dão-lh'a porque você é minha mulher. Se eu não tivesse casado com- sigo, se eu a tivesse deixado ser sempre a Josepha do Sacramento, você agora não me cantava assim... E se cantasse, eu fazia-lhe contas e mandava-a embora!

Que grande prejuízo ! Não sei então para que é que você,_ quando eu ás vezes me despedia e lhe dizia que me fizesse contas, andava atraz de mim, a chorar o lamba, e pedir-me que o não deixasse! Que tal está!

—Você não tinha nada! ,—Mas fazia eu mais sem nada, do que você com

muito. A mim não me faltavam casas tão boas e me- lhores do que a sua para ir servir™ E você, se eu lhe saisse daqui, não achava quem estivesse para lhe atu- rar as rabugices! Ora o diabo, tem somno e não dorme !

—E' o pago que você me dá por eu a ter feito gente!

—Não quero cá saber! Você não é mais do que eu... Sou sua mulher á face da egreja, não é para você me tratar aqui como se eu fosse uma creada !

7-O' diabo, mas o que eras tu antes de eu fazer a asneira de casar comtigo ? Sim, eu sempre quero que me digas o que é que tu eras ?

—Vc>cê nao sabe o que eu era? —Sei que andavas a servir e que vieste para aqui

como minha creada... E então! Era uma rapariga solteira, ganhava a vi- íf amente' não aíwiava a fazer más acções...

—Também^ era o que faltava ! —Bntíio não tem nada que me dizer. Se você visse

qae eu não lhe convinha, não casava commigo... Cuida- va que me recebia como mulher para me trazer sempre

debaixo dos pés... Pois não, Maria! Era bem bom, era, mas não mora cá dessa gente...

—Que linguagem, meu Deus! E vá um homem es- quecer-se da sua posição para dar o seu nome e a sua honra a uma creatura destas !

—Ai, credo! Olha o figurão, que não lhe fossem cair os parentes na lama! E daqui em deante, fique sabendo, não o torno mais a tratar por senhor : ha de ser tu cá, tu lá, que você com toda a sua fidalguia, não é mais do que eu...

—E' o que succede a quem se sujeita a casar com pessoas que não são da sua classe.. Mas a asneira está ieita~. o remédio agora é aguental-a !

SPORT

Jot-key Club Flumluense

O nosso collcga do Correio da Manhan descreve nestes termos a corrida de domingo no Jockey-Club Fluminense :

«Dia nublado é para o turfista promissor de surprezas e o de bontem, seguindo a regra, deu-nos duas ou três muito boas.

Uma dellas, a mais espantosa de todas, foi a victoria do en- eabulado San Toy no primeiro pareô. Montou-o Alejandro Pernandez, que conseguiu segunda victoria cora a não menos azarada Tosca.

No terceiro pareô o argentino Heróe conseguiu confirmar a ultima corrida do Jockey-Club; desta vez venceu os seus com- petidores de então com suprema facilidade.

A quarta corrida foi completamentefalba de interesse. Ven- ceu-a Guará que tinha por adversários animaes que lhe eram muito inferiores. O segundo logar coube a Brinde, graças ao pou- co interesse em disputal-o demonstrado por Herodes e Scylla.

Notadamente, o jockey desta não fez o minimo empenho em se collocar,

A nota do dia foi, porém, o quinto pareô. Nelle se havia inscripto o cavallo Mikado, que, de ha muito, não tinha entra- da nos programmas organisados pelas directorias das nossas sociedades sportivas.

A directoria do Jockey, considerando ser demasiado gran- de o sueto concedido a Mikado, abriu o pareô Joekey-Club, chamando para elle o filho de Laffayette.

Este mostrou-se, no galope de hontem, sentido das palhctas, não podendo tomar parte na corrida.

Meia dúzia de boateiros abriu numa série de boatos diffa- matorios contra o proprietário do Mikado, que, diziam, ven- dera a corrida do seu animal por um conto de réis ao sr. Al- bano de Oliveira, proprietário do cavallo Ouvidor. Ora, tratan- do-se de um pareô de 1:200$000 réis, certo para o Mikado, a ballela é ultra-escandalosamente falsa.

Ganhou, finalmente, o cavallo Ouvidor, guerreado por to- dos durante a corrida, no tempo de 118".

Quanto ao caso do Mikado, achamos que o sr. Dantas Jú- nior não fez mal em retirar o seu cavallo.

0 nosso turf não pode levar muitas sangrias como as que acaba do levar com a morte de Prince. O exemplo é muito recente.

O resultado da corrida foi este : Primeiro pareô—«Barão de Vista Alegre» —1.609 metros —

800SOOO réis e 120$000 réis. — San Toy (A. Fernandez) em primeiro, 35$900 réis; dupla com Zut (Marcellino), 45$100 réis. Tempo 112 1/2".

Movimento do pareô, 4:2O4$000 réis. Segundo pareô —«Conde de Hertzberg» — 1.809 metros —

1:0008000 de réis e 150$000 réis.—Tosca (A. Fernandez) em primeiro, 14$000 réis; dupla com Joubert (L. Júnior) .... 19$700 réis. Tempo 112 1/2".

Movimento do pareô, 5:1768000 réis. Terceiro pareô—«Major Suckow»—1.609 metros.—1:000$000

de réis e 1508000 réis.—Heroe (Zalazar) em primeiro, 24$900 réis; dupla com Blue Eye (Ramon) 388500 réis.

Tempo 110". Movimento do pareô, 7:8458000 réis. Quarto pareô—«Henrique Possollo»—1 609 metros—1:0008000

de réis e 1508000 réis.—Guará (D. Dias) em primeiro, 148400 réis; dupla com brinde (V. Souza) 548500 réis.

Tempo 112 1/2". Movimento do pareô, 6:9258000 réis. Quinto pareo-«Jockey-Club»—1.700 metros—1:2008000 réise

1808000 réis—Ouvidor (Abel) em primeiro, 128700 réis;e du- pla com Sterlina (D. Díaz) 188300 réis. Tempo 118".

Movimento do pareô, 8:1168000 réis. Sexto pareô—«Ferreira Lage»-1.609 metros —1:0008000 de

réis e 1608000 réig.-Quarâ (D. Diaz) em primeiro, "8500 rêiüt dupla 13, com Leão (Marcellino) 168100 réis. Tempo 110 1/2 '.

Movimento do pareô, 5:9638000 réis. O divertimento terminou ainda com dia claro.

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6 ARARA

XoÍH-ias extranseiras

FRANÇA.—No dia 1 do presente mez realisou-se no hippodromo de Chantilly (França) uma importante cor- rida, de cujo programma fizeram parte o Prix de Chan- tilly, o Premier Criterium, o Deuxieme Criterium e o Prix de La Rochelle, estes três uliimos para animaes de 2 annos.

As honras do dia couberam a M. Edmond Blanc, cujas sympathicas oôi-es triumpharam em duas dessas provas com productos do famoso Flying Fox.

O resultado dos quatro pareôs foi o seguinte : Primier Cnterium—l.lOO metros—8.000 francos. Pernod, alazão, 56 kilos, por Petron e Elixir II, de

M. A. Aumont (Cormach), l.u; Ouadi Halfa, 52 kilos, de M. Ed. Blanc (G. Stern), 2.» ; laxarte, 58 1/2 kilos, do Conde de Feis (G. Bartholomow), 3.".

Não collocados : Farnés (Raush); Kalpak (Belhouse); Glion (Peborde); Le Griset (F. Hardy); Pollet (Ch. Childs); Lion de Corée (E. Pratt); Mondetour (Schields); Militan (Neuman) ; Caneton (J. Lane) ; Venusberg (Carrigan); Sphinx (Gildon); Strombolí (A. Childs); Rhama (Mhar- sam); Prefere (S. Spencer); Helyos (Sparkes), e Che- mulpo (M. Henry), ao todo 19 podros !

Tempo da carreira, 68",4. Deuxieme Criterium—1.100 metros—8.000 francos. Helene, alazan, 56 kilos, por Flyidg, Fox e Amie, de

M. Ed. Blanc (G. Slern), 1.°; Kinsalé, 56 kilos, de M. Ro- manet (F. Burns), 2.°; La Nonina, 56 kilos, de M. J. Van- neck (Speares), 3.°.

Não collocados : Pimlico (Ransch); La Sibérienne (A. Childs); Peroraison (Cormack); Ivoine (M. Henry) e Ande (Belhouse).

Tempo da carreira, 69",4. Prix de La Rochelle—1.100 metros — 20.000 francos. Sidia, castanha, 56 kilos. por Flying Fox e Alta, de

M. Ed. Blanc (G. Stern), 1."; Madge, 56 kilos, de M. W. K. Vanderbilt (Ransch), 2.°; Legitimée, 56 kilos, do Con- de P. de Saint Phalle (Ch. Childs), 3.°.

Não collocados : R. F. (J. Childs); Phrynée (F. Har- dy); Toia (Belhouse) ; Foadrogante (G. Bartholomew) ; Slava (T. Burns); Ecolière (Spears); Bonne Fée (Spar- kes); Habaia (Gormaok) ; Nourrice (Palmer) ; Fleur de Jeunesse (Pebord); Bayadére (M. Henry) e Carolina (Shields).

Tempo da carreira, 67". Prix de Chantilly—3.500 metros—15.000 francos. Strazzi, tordilho, 4 annos, 58 kilos, por Callistrate e

Béatrix, do Conde H. de Pourtalés (M. Henry) l.u; Mr. Périchon, 51 kilhos (Belhouse), 2."; Frimaire, 47 1^2 ki- los (F. Taylor) 3."; Marsan, 59 kilos (G. Stern), 4.».

Tempo da carreira, 220",15 ! —No mesmo hippodromo realisou-se no dia 5 uma

outra corrida, que teve por base o Prix Bois Roussel, de 2.400 metros e 12.000 francos, e o Prix de Villiers, de 1.400 metros e 10.000 francos, sendo ganho o primeiro por Luzerne (Belhouse), filha de (Simonion e Hardy, e o segundo pelo potro de 2 annos Pernod (Cormack), que dias antes vencera o Premier Criterium.

No Prix Bois Roussell foi 2.°. com 49 kilos, o caval- ho Finasseur, o crak do anno passado.

FOCBV-BBi3L ]£^L,

S. O. Americano vs. C A. Paulistano

O acontecimento sportivo mais saliente da semana que hoje expira foi o annunciado encontro entre os re- presentantes dos primeiros teams do Americano de San- tos e do Paulistano.

O tempo não permittiu que o jogo fosse disputado deante da numeroea assistência que occorre sempre ao Velodromo nos dias em que se realisam jogos de inte- resse, mas o jogo correu animado em ambas as phases e despertou dos que lá estavam repetidos applausos.

O kick-off foi dado ás três e meia da tarde pelo cen- ter fonvard do Americano, iniciando-se desde logo uma luta em que nem sempre o Paulistano logrou dominar o seu adversário, embora se revelasse mais forte.

Assim é que, á primeira investida do club de San- tos, o Paulistano oppoz-se tenazmente não evitando, po- rém, que, depois de alguns minutos, sob estrondosos applausos, o Americano conquistasse o seu primeiro goal em consequencio de um bom shot de Firmo.

Devido á vantagem adquirida então por seu adver- sário o Paulistano poz em aoção todos os recursos, ata- cando corajosamente o goal adversário.

Embora, porém, dominasse a defesa do club de San- tos, quasi que por completo, não obteve, como era . de esperar, immediatamente, resultado de seus esforços, isso devido a tel-os sacrificado varias vazes o out side right forward.

Afinal, porém, em uma de suas avançadas Macedo tendo recebido a bola no centro do campo, do back Ca- jado, levou ás extremidades do penalty, área de onde marca o primeiro goal do Paulistano de um fortíssimo shot.

Os valentes foot-ballers santistas, porém, não desani- mando com o resultado do jogo de seu adversário, en- cetaram vigoroso ataque.

Foi esse, então, o momento mais interessante da primeira phase de jogo.

Os halves e forwards do Paulistano formaram uma barreira quasi intransponível no meio do campo onde, até o final do primeirp half, foi mantido um jogo em- polgante e calorosamente applaudido.

Terminou, portanto, a primeira phase do jogo eom este resultado :

S. C. Americano, 1 goal. C. A. Paulistano, 1 goal. No segundo half, ao sigual do referee, sr. J. Rodo-

valho, o Paulistano reencotou o ataque. O S. C. Americano, entretanto, havia preparado ga-

lhardamente a sua defesa e, com notável vigor, oppõe-se valentemente aos esforços do Paulistano logrando inu- tilisal-os com mestria.

Mui raramente, é verdade, volveu a atacar, mas jus- tiça lhe seja feita, defendeu-se brilhantemente.

O mais forte, porém, havia de vencer : em um rush dos forwards do Paulistano Vévé fez um magnífico pas- se a E. Rocha que sabcndo-o aproveitar shota alto, ven- cendo o goal keeper de Santos, sob repetidos applausos.

Este goal foi marcado no ultimo minuto de jogo, ouvindo-se logo em seguida o signalde terminar o match, com o seguinte resultado :

C. A. Paulistano, 2 goals. S. C. Americano, 1 goal. A ter-se em consideração as falhas que havia no

team de Santos, é justo assignalar que, deante de um adversário como o Paulistano, o seu valor foi digno de elogios não sendo necessário destacar nomes.

Assim também faremos em relação ao team do Pau- listano cujos jogadores portaram com galhardia duran- te todo o emocionante encontro.

Os sportmen nos Estados Unidos não sabem mais o que inventar para exercícios physicos.

Agora fazem regatrs em terra, eis a interessante descoberta :

A nova embarcação assemelha-se, mais ou menos, a uma canoa e assenta sobre quatro rodas forradas do competente pneumatico. Em barras longitudinaes. a bombordo e a estíbordo, ocha-se uma espécie de argo- las que os remadores agarram. Essas argolas são fixas e a força empregada pelos remadores desloca para a frente os bancos em que elles se sentam e que se mo- vem sobre corredeiras ; depois a força das pernas exe- cuta o movimento contrario. Os bancos estão ligados uns aos outros e accionam uma alavanca que faz girar as rodas deanteíras e, por conseqüência, as trazeiras também. O patrão, installado na proa, dirige a embar- cação por meio de um freio semelhante, eo dos auto- móveis.

O sr. Arcoverde mandou expulsar da ordem um pa- dre italiano que, chegado da Europa, trazia um pacoti- nho de camisetas, como contrabando.

Achamos injusto semelhante rigor. A nosso vêr o padre merecia uma conezia, não uma expulsão!

EUe sabia perfeitamente qual era o nosso estado sa- nitário. Tínhamos a febre amarella, a peste bubônica, o trachoma. Para que a esta trindade deletéria não vies- se juntar-se mais uma outra moléstia, munia-se na Eu- ropa de um cento de camisetas e propunha-se a offere- cel-as á gente viril e forte por um preço rasoavel.

Seria tão pura intenção motivo de sobra para que o sr. Arcoverde lhe applícasse, como applícou, tão gran- de castigo ?

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ARARA.

Bastante concorrido e animado esteve o espectacalo de quinta-feira, nesta casa de diversões.

Sarto, «ma cantora italiana de merecimento, reappareceu, cantando entre outros trechos, a roman^a^íssí cTarte, da opera Tosca, de Puccini, tendo sido muito applaudida.

Na terceira parte apresentaram-se os Enzo Roland e Ket- ty exhibindo o truc da mulher que se sustenta no ar sem apoio visível. Apesar de já ter sido aqui apresentado idêntico tra- balho, este numero agradou.

Os duettistas Geraldos é que, decididamente, conquistaram as boas graças e as sympathias do:; freqüentadores do Poly- theama que não se cansam de os applaudir. Dentre os núme- ros do variado programma dos duettistas, agradou, especial- mente, o engraçadissimo e bem feito pot-pourri de cançonettas italiana) e francezas, fados portuguezes e tangos nacionaes, que os Geraldos cantam com muito entrain e muito chiste e desenvoltura.

MOUMN IIOUCÍE

A excellente companhia, que trabalha neste theatro, conti- nua a attrair a concorrência do publico.

Todos os números foram muito applaudidos, destacando-se os Burns and Burns, os Broadways Girls e os Marstro and Oretta.

.— Hontem, espectaeulo com um programma novo e va- riado, estreando-se os acrobatas Figinis, que vêm precedidos de grande nome.

Brevemente chegarão do Rio novos números, entre os quaes figuram: a dançarina hespanhola Otrito e o anão Ulpts e miss Heila, excêntricos parodistas.

No próximo anno, virão á America do Sul três com- panhias dramáticas, tendo unia dellas um excellente re- pertório, ensaiado expressamente para essas tournées.

Coquelin trará todo o pessoal do theatro La Gaite, de Paris, reforçado com uma estrella de primeira gran- deza, societária da Comédie.

Sarah Bernhardt virá com a sua troupe do theatro Sarah Bernhardt, de Paris, e representará algumas pe- ças novas, além das já conhecidas e que maior êxito obtiveram na sua tournée do anno passado.

Eleonora Duse está reunindo os artistas que a têm acompanhado nas ultimas excursões pela Europa, afim de ensaiar o seu repertório, que constará de 20 peças. O seu contrato é para 50 recitas na America do Sul, que devem ser realisadas de julho a setembro.

As recitas de Coquelin terão comego em julho, no Rio de Janeiro ; as de Eleonora Duse, em fim de ju- nho, em Buenos Aires; as de Sarah, provavelmente em Buenos Aires, na segunda quinzena de agosto.

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Contos para creanças

 SERPENTE DA INDI A boa sra. Labrimade ficou muito satisfeita com o

seu querido sobrinho Henrique. Apesar de estar tão lon- ge, na índia, não se esqueceu delia e, além de lhe es- crever, mandava-lhe um presente dessa terra tão lon-

gínqua. Assim o mostrou á sua velha creada Jeanine, toda commovida.

—E quando virá o presente, senhora ? —Não sei ; elle diz que o manda pelo marinheiro

Canadille, que desembarcou em Marselha. Duas horas depois, com effeito, um formidável to-

que de campainha fez estremecer as duas mulheres. Era o enviado do sobrinho que vinha com uma caixa na mão.

Pôde calcular-se como o marinheiro foi interrogado a respeito de Henrique, e quantas perguntas ellas lhe fizeram sobre essa índia, que ignoravam inteiramente. E, emquanto enchiam de comidas e de frutas o mari- nheiro, este, qtre também não sabia grande coisa da índia, descreveu-a ás duas boas mulheres como um paiz infestado de animaes ferozes, onde a vida estava a todo o momento ameaçada.

—E' um paiz magnífico, concluiu. Infelizmente está cheio de animaes perigosos ; os mais perigosos ainda são as serpentes, ha-as de todos os tamanhos e de to- das as cores. E de quasi todas a mordidella é mortal.

As duas velhas tremiam. Retirado o marinheiro, as duas velhotas abriram a

caixa, mesmo no jardim, onde ella ficara. Mas mal a abriram, Jeanine soltou um grito de terror e, atirando fora o martello, fugiu para d3ntro da casa, arrastando atraz de si a sra. Labrimade, aterrada também, e fechou a porta com todo o cuidado; emfim, palpitante, mais morta que viva, caiu sobre uma cadeira onde ficou como fulminada.

A sra. Labrimade, a tremer também, acabou por perguntar :

—Mas, vejamos Jeanine, que foi que viste ? —Então, a senhora não viu ? —Não, nada, explica-te. —Uma serpente, senhora! Era uma serpente ! —Uma serpente ! Que dizes Jeanine ? --Digo isto ; era uma verdadeira serpente e muito

viva : é enorme ; vi-lhe mexer a cabeça. Oh ! minha se- nhora, semelhante animal aqui ! Dizer que neste mo- mento ella está talvez a entrar dentro de casa, para nos matar. Não, minha senhora, não ponho os pés fora da porta, emquanto não a souber morta.

De repente, soltou um novo grito. —Que é? perguntou a ama. —Não vê aquellas janellas abertas ; ella pôde entrar

por alli apenas com um salto. Vamos fechar tudo já. E as duas velhas, ambas aterradas foram tapar to-

das as portas e janellas. Não tendo animo para dormir cada uma no seu quarto, ficaram as duas no da senho- ra, em duas cadeiras. Mal dormiram durante a noite, e de manhan puzeram-se a uma janella a gritar para a rua que lhes acudissem.

Ao fim de muito tempo, bateram á porta. Ellas responderam em altos gritos que não podiam abrir, e um delles saltou pelo muro, indo abrir a porta ao outro, que trazia uma caixa. Entrando em explicações, viu-se que se dera o seguinte: o marinheiro, encarregado de trazer duas caixas, trocara-as e fora levar ao museu a caixa destinada á boa senhora, e a esta a caixa com uma serpente empalhada que destinava ao museu.

E assim acabou com uma grande e boa gargalhada, o pavoroso terror que fizera a serpente da índia.

A valorisação do café ainda ha de levar muito boa gente a Juquery.

Mal foi conhecida na Europa a resolução do Con- gresso votando a favor do projecto que cria a Caixa de Conversão, toda a lavoura agonisante arregalou o olho e esperou vêr nos telegrammai commerciaes, ao outro dia, uma elevação de tixa bem sensível.

Pois, o que de bem sensível houve, foi uma depres- sãa cambial que deixou desesperada a maioria dos fa- zendeiros.

Um delles dizia, outro dia, no Polytheama, muito agi- tado :

—Estes economistas parecem-se com o meu sapa- teiro : em vez de se aperfeiçoar no ramo da sua indus- tria, passa todo o tempo a tocar clarinete !

—Quem é aquelle sujeito que o cumprimentou ago- ra, doutor ?

—E' o meu primeiro doente. Trato-o ha 20 annos. —Safa !... Aquillo é que é um organismo de ferro.

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A AbandonUa. — Estes gafanhotos, que dão cabo de-mim, náo vieram da Argentina, não!...

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COMPOSIÇÃO

aOlMA tÍQCÃ IKõLA lüACÃQ XPHOSPHATOítCAL IfoLuçlo kao-Tknnicn Excljiiente gsptóal DÉSILE8

X O conhecimanto d« sua composição b«»ta ♦ nara iodicar os casos em que este vinho

leve serempremdo. SSo primeiro todas as: aflecçôesdadebüitaçSo, taas como atatmla.

' |<W fl 41

Fraque» ntmtHt ou nenrosa causaria por (adira*. «IglUu, trabalhos de gabinete; o E»(ai(>n«Hito píemataro; a Etpermatorrkce; as doença» da Medulla: o Diabete; as affec-l çôes do catomajo a do Intettlne; depo\s,|

Iterações coostiiucionaes devida) aj

a TUlfs, as Conjalstcença» (ntrctuM f< ntUhtr uu ipocat criltcM os

Curta, 1 as alterações vicladura do sangue, Rbeonatlsmo, Sachlllsmo VdítiA» twe-l tutotos naa crianças, «".i.

Touií ■< «H Jí'.III6O«, regulariza OB latidos j do coraçio, activa o trabalho da dig^t&o. I

O homem debilitado saca delle torça, t vigor e saúde, O homem que gasta muita j aotl vidade, a mantém pelo uso regi lar deste I cordial, «flcaz em todos os sssus, an)iaeiw|

, , te?sente dlgaOlh- e tortlilcant», s agradável* T ao paladar como um liqojr de sobreoieaa.

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