fid catálogo 2011

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apresentam Ministério da Cultura O CORPO QUE VAI A DANÇA QUE FICA FORUM INTERNACIONAL DE DANÇA 2011 www.fid.com.br Belo Horizonte | MG | São Paulo | SP | Brasil apresentação Ministério da Cultura incentivo correalização realização apoio cultural

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O FID 15 anos avança sua proposta quando formula que o que fica é a dança. Dá continuidade ao que a sua curadoria vem sinalizando: é necessário entender que todo corpo está implicado em um processo histórico de continuidade, e não apenas o corpo do dançarino. Qualquer corpo que entre em contato com a dança, fica envolvido nesse processo. Ou seja, público, gestores culturais, patrocinadores, produtores, imprensa e tantos outros passam a compartilhar uma mesma responsabilidade, para a qual o FID, nesses 15 anos, vem apontando: a dança fica. O FID teima em se manter como uma proposta, um entendimento, e não um modelo de festival ou de fórum. O FID insiste (!), a partir de uma curadoria coadaptativa ao longo do tempo, em chamar atenção para a corresponsabilização na construção da dança que fica. QuaL é o seu papeL com a Dança que vai ficar?

TRANSCRIPT

  • apresentam

    Ministrio da Cultura

    O COrpO que vai a Dana que fiCa

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    www.fid.com.br Belo Horizonte | MG | So Paulo | SP | Brasil

    apresentao

    Ministrio da Cultura

    incentivo correalizao

    realizao

    apoio cultural

  • www.fid.com.br

    Adriana Banana

    Belo HorizonteClube Ur=H0r Editora

    2011

    O cOrpO que vai a Dana que fiCa

  • fiD ed

    itoria

    l ORGANIZAO Adriana BananaREVISO TCNICA Rosa HercolesPROJETO GRFICO, EDITORAO E FINALIZAO Popcorn ComunicaoTEXTOS ORIGINAIS Adriana Banana, Ana Teixeira, Bruno Freire, Christine Greiner, tala Clay, Juliana Polo, Lenira Rengel, Marila Velloso, Marcos Bragato, Rita Velloso, Roberta Ramos Marques, Sheila RibeiroREVISO PORTUGUS Reler Reviso e Editorao Ltda.

    2011, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

    PGINAS 92 IMPRESSO Paulinelli Servios Grficos Ltda. CAPA Carto Supremo Duo Design 250G MIOLO Plen 90G

    Clube ur=H0r editoraConselho EditorialAdriana Banana (Diretora Artstica do Frum Internacional de Dana)Lenira Rengel (Universidade Federal da Bahia)Lvia Guimares (Universidade Federal de Minas Gerais)Rosa Hercoles (Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo)

    [email protected]

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    Banana, AdrianaFID 15 Anos : Frum Internacional Da Dana 2011 : o corpo que vai a dana que fica / Textos originais de Adriana Banana ... [et al.]; organizao Adriana Banana.

    Belo Horizonte: Clube Ur=H0r, 2011.-92 p. - Programa do 15 Frum Internacional De Dana.ISSN:

    1.Frum Internacional da Dana ( 15. : 2011 : Belo Horizonte, MG) 2. Festivais de dana Brasil 3. Dana . II. Ttulo.

    CDD: 793.3

    ESTE LIVRO OU PARTE DELE NO PODE SER REPRODUZIDO POR QUALQUER MEIO SEM AUTORIZAO ESCRITA DO EDITOR.

    Copyright 2011 by Clube Ur=H0r2011 1 edio Frum internaCional de dana

    FID - Todos os direitos reservados 1996DIRETORA ARTSTICA Adriana Banana

    DIRETORA EXECUTIVA Carla Lobo

  • O cOrpO que vai a Dana que fiCa

    cOnexO inTernaciOnaLCie AnAniA | TAoufiq izeddiou

    ataba por Marila Vellosoaaleef por Sheila Ribeiro

    JefTA vAn dinTher

    Kneeding por Marcos Bragato

    MiChelle MourA | Couve-flor

    Cavalo por Bruno Freire

    roSAS | Anne TereSA de KeerSMAeKer

    Sobre rosas por Ana Teixeira e Lenira Rengelrosas danst rosas por Lenira Rengel

    en atendant por Ana Teixeira

    TheATreWorKS

    the continuum: Beyond the Killing fields por Christine Greiner

    TerriTriO MinaSJACqueline GiMeneS

    6 instantes de Solido por tala Clay

    CiA Mrio nASCiMenTo

    territrio nu por Rita Velloso

    MovASSe

    mov post por Adriana Banana

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    6 FiDinhodeniSe STuTz | felipe ribeiro

    espalha pra geral! por Roberta Ramos Marques

    ZaT 8lyndA GAudreAu

    Halucinatory Body | O corpo alucinado

    circuLanDO GranDe BHCiA TerCeirA dAnA

    Dana, criao e contemporaneidades por Juliana Polo

    FiDoteca

    FID SP Autobiografias | Lynda Gaudreau

    LinHa DO TeMpO

    Oi cabea FiD O corpo nas mdias sociais

    cine FiD

    preSTaO De cOnTaS

    FicHa Tcnica

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    nDice

  • 7O cOrpO que vai

    O FID 15 anos avana sua proposta quando formula que o que fica a dana. D continuidade ao que a sua curadoria vem sinalizando: necessrio entender que todo corpo est implicado em um processo histrico de continuidade, e no apenas o corpo do danarino. Qualquer corpo que entre em contato com a dana, fica envolvido nesse processo. Ou seja, pblico, gestores culturais, patrocinadores, produtores, imprensa e tantos

    outros passam a compartilhar uma mesma responsabilidade, para a qual o FID, nesses 15 anos, vem apontando: a dana fica.O FID teima em se manter como uma proposta, um entendimento, e no um modelo de festival ou de frum. O FID insiste (!), a partir de uma curadoria coadaptativa ao longo do tempo, em chamar ateno para a corresponsabilizao na construo da dana que fica.

    quaL O Seu papeL cOM a Dana que vai Ficar?

    Adriana BananaDiretora Artstica e Curadora do FID

    a Dana que fiCa

  • o programa em que o FID estimula a relao da dana que se produz em Minas com o que acontece no Brasil e no mundo. A forma desse intercmbio se diferencia de outras iniciativas porque sempre parte das circunstncias especficas da dana que Minas produz. No toa, o FID reconhecido pela imprensa como a ignio que colocou a dana mineira nos mapas brasileiro e internacional. Ao mesmo tempo em que o FID apresenta grandes com-panhias InterNacionais de dana, abre espao para novos artistas, amparando uma produo que no teria visibilidade sem esse tipo de acolhimento.

    COnexO internaCiOnal

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    ataba um exerccio de escolha constante provocado generosa-mente por questes do coregrafo marroquino, Taoufiq Izeddiou. Entre um corredor de luz e um campo todo sombreado, entre um fio e um globo suspenso, entre um movimento visceral e estados ca-tatnicos, Taoufiq quer oportunizar ao pblico liberdade para olhar e para selecionar.

    A concepo musical de Guy Raynaud - cantora oriental que est na cena com outras cinco danarinas - tenciona o espao que sacu-dido constantemente por ondulaes centrais ao corpo as quais se desdobram em outras partes e transformam o nosso jeito de olhar para o mesmo.

    Dramaturgia sonora, movimentos e corpos, como tufes, se aba-tendo sobre um mundo de extremos - como os trs quilmetros percorridos para o desenvolvimento da pesquisa coreogrfica, entre bares e boates noturnas de Marrocos, com condies de existncia dspares e contrastantes entre o luxo e a misria, entre a sujeira e os detectores de imagens, entre a ideia de mundo e submundo.

    Taoufiq questiona se h ponto comum entre esses lugares ao olhar e pesquisar o que se passa neles e procura o limite entre o que interno e externo a essas territorialidades e a esses afetos, entre a frieza e o calor... definindo como subsolo esse espao-porta-ataba e a passagem por esses extremos onde se busca por liberdade. Para o coregrafo, , ao subir e descer, ao circular entre os extre-mos, que a percepo de como se acolhido nesses mundos se faz presente. Nos corpos que danam ocupando distintos territrios na mesma cena, ora um aterramento e uma movimentao precisos, ora a manuteno de um estado mrbido indagando acerca de es-tereotipia e de passividade que convida o pblico a olhar.

    Da voz de Guy rebatida pela pele do instrumento percutido no corpo aos tremores viscerais sustentados pelas vrtebras e requebros de quadril, se enuncia outra preocupao do coregrafo que questiona se h uma dana contempornea especificamente marroquina. No

    apenas a, corporalmente, a dana visita e lembra formatos e tcnicas de danas populares rabes e marroquinas contidas por recortes claros da estrutura coreogr-fica contempornea. No isolamento de ombros, cabea e mos, parecem persistir aspectos como a intensidade e a mistura dessas danas e lnguas (rabe, francesa, espanhola, berbere), que caracterizam o pas mestiado sob o peso da religio e por extremos sociais.

    A dana, mesmo quando horizontalizada, sacode seu entorno e um globo terrestre, hasteado por um fio, que reverbera e se mantm girando pelo ar. Esse globo dese-nhado pela geopoltica problematizada por noes de pertencimento e no pertenci-mento, por diferenas e distintas condies de liberdade. Esses aspectos permeiam alguns dos pressupostos coreogrficos de Taoufiq, estando um deles delimitado tanto pela ideia de poder de escolha quanto pela falta de poder de escolha.

    Nesse sentido, o coregrafo prope uma inverso no modo de lidar com a questo da liberdade de escolha, impondo ao pblico de ataba a seleo do olhar pela sen-sao da falta. Seu argumento no se pauta na sobra de opes como requisito para uma escolha e, sim, na falta das outras opes quando se escolhe uma entre elas. Ao se escolher um enfoque, deixam-se outros de lado e gera-se um anseio, uma vontade de olhar para o que no foi visto. Nesse caso, na falta de que se prope a liberdade de escolha e parece ser esse o furo-desvio que Taoufiq produz na lgica de liberdade alardeada pela sociedade de consumo: ao mostrar o olhar que falta.

    Com isso, Taoufiq produz ambivalncias, inverte sentidos. Por assim dizer, coreografa. Nada tapa, mostra. Nada reduz, exacerba. E mesmo provocando dobraduras nos cor-pos danarinos, mantm a verticalidade - que lhe cara dana para permanecer com o horizonte largo das questes e a postura atenta de quem sabe que, danando, pode redimensionar modos de ver e perceber o mundo; mundo que, dependendo da fora com a qual se pisa, sangra.

    Marila velloso (Curitiba/ PR) Professora e pesquisadora do curso de Dana da UNESPAR, em Curitiba.

    ataba (2008)Cie AnAniA/ TAoufiq izeddiou MARROCOS

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    ATABA 29 e 30 ouT. 21h durAo 60 TEATRO OI FUTURO kLAUSS VIANNA

    CoreoGraFia e eSPao TAOUFIQ IZEDDIOU ConCePo muSiCal GUy RAyNAUD intrPreteS AHLAM ETTAMRI, MARJORIE MOy, AMAL NAJI, HASSANIA HIMMI, SABAH ZAIDANI Produo CIE ANANIA CoProduo RECONTRES CHOROGRAPHIQUES INTERNATIONALES DE SEINE-SAINT-DENIS; SERVICE CULTUREL DE LAMBASSADE DE FRANCE (RABAT); ARCADI; INSTITUT FRANAIS; CENTRE NATIONAL DE LA DANSE; PANTIN aPoio TOWN HALL DE CAHORS; CENTRE CHOROGRAPHIQUE NATIONAL CAEN; ARTS AFRICA MOVIES; SCHOOL OF SAND (SENEGAL); OPERA STATE VENETO FESTIVAL

    Apoio

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    Erros dE digitao common misspells*o solo grupal de Taoufiq Izeddiou e Sombra - mantendo Malem Adil Amini invisvel.

    Aaleef o nome do show de Rock&Roll da cantora contempornea Sombra, produzido pelo artista da dana Taoufiq Izeddiou.

    Sombra entra.

    Sombra a star protagonista ao lado de Taoufiq Izeddiou, Malem Adil Amini e sombras de eus e de outros invisveis. Uma persona que acompanha Taoufiq nesta produo em verses trans, UMA DE SUAS verses trans.

    Em uma camisola preta decorada com lantejoulinhas, Taoufiq dan-a carregando uma bolsinha vermelha made-in-china da qual retira vrios culos coloridos de plstico tambm-made-in-china. Bolsa e culos provm da China-Antiga (no a das dinastias Chang, nem Chou; nem tampouco a de Mao Tse-Tung), da China industrial que invadiu o mercado do mundo com produtos de m qualidade que quebram antes mesmo de ter uma sombra. A China industrial tambm hoje uma China antiga.

    Uns culos atrs de outros, com tranquilidade. O artista apia a construo da mscara revelando mais sombras. Em cada um dos culos, um aaleef: letra e artigo originrio e original que no nem o, nem a, que to contemporneo quanto a definio de gnero @.

    Dali, dess@ trans de Taoufiq, um ser origina, aaleefaniza-se, um taoufiq-made-in-china, uma sombra pseudo-feminina de total design digital. A Sombra canta, canta e dana, e Aaleef origina sombras do contemporneo. Aaleef est na obscuridade atual.

    Sombra veste luz.

    A movimentao de Taoufiq se mostra como um frenesi flutuante extremamente autnomo. Em vrios de seus trabalhos, ele belamente se contorce, se explode, se tremelica, e frenetiza, se tacando no cho com uma urgncia controlada, com um desespero estetizado, enfim, com muita maestria do que descobriu para si como corporeidade a ser aplicada ou vivida em seus trabalhos artsticos.

    Em Aaleef, Taoufiq segue seu percurso-base fazendo parnteses que parecem ten-tar explicar algo para algum - esse algum que seria o um ou o outro, ou ainda os uns-outros (mais sombras). Os parnteses vm em referncias de passos ou gestos. Sombras de caricatura do que poderia ser a belly dancing, a danse orientale ou a dana do ventre - que no fazem parte da mesma coisa. Ele as cita e as aponta, como num mapeamento to em voga e to desgastado da palavra rabe, passan-do pelo resqucio do cinema orientalista, ou ainda da ainda pertinente palavra m-dia. Em uma dana que escolhe citar referncias incertas, outros semi-cdigos so ali parnteses: ele est em quase gestos que determinariam quase-personagens. Taoufiq autnomo. Sua dana no.

    Sombra e chorus de luzes.

    Taoufiq parece trazer uma tradio.

    Parece sombrear o universo da msica pop naquele tipo de artista revoltado, mas camarada, por quem se desenvolve um imenso carinho. Colocando-se na frente ou atrs de vrios tipos de iluminao de cena; tentando centralizar este trabalho no seu corpo - humano de performer-danarino-criador-intrprete (como definir o artista da dana hoje?) - na presena fsico-cultural-biolgica de sua pessoa. Este trabalho de dana mesmo categorizado como solo, dana de grupo.

    A A L E E F a imagem da letra aaleef em caractere romano. Por isso, Aaleef, aqui, s pode ser parte de common mispells1. O que aaleef? a primeirssima letra do alfabeto fencio, que se tornou originalmente rabe e hebraico, e tambm o livro de contos de Jorge Luis Borges (1945), e tambm o livro de Paulo Coelho (2010) e tambm.... Aaleef est como na lista de erros comuns de uma pesquisa google (alief, aalief, aalif, aaleef) e esse trabalho vive nesses soletrar errado. dessa origem que Taoufiq dana.

    A dana Aaleef uma iluminada dana de sombras. Revela e esconde o que est lateral, translateral ou s trans. Focaliza e dispersa a incompreenso, a neblina e

    1 Common misspells erros soletrados, errar ao soletrar, escrever erradamente.

    aaleef (2011)Cie AnAniA/ TAoufiq izeddiou MARROCOS

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    tambm o noturno metropolitano. As sombras so duplos - e triplos etc - so de-formes, so contornos de tantos transnacionais sem nao, transcomunicacionais alm do aaleef-origem. Muitas sombras. Taoufiq Izeddiou fotografa a literacia dos encontros contemporneos e das solides que deles resultam. Estando atravs das sombras do que chama de solo, passeia por invisibilidades ou ainda por miopias em escuros originais que s s vezes so comuns.

    Sheila ribeiro/dona orpheline (So Paulo/SP | Montral/Canad) Artista, seu trabalho delirante e poltico cruza dana, moda, cultura digital e estudos ps-coloniais. artista representada pela galeria QContemporary (Beirute). No Brasil, colabora com os artistas do Ncleo do Dirceu (Teresina), do Dimenti (Salvador) e do Couve-Flor Mini Comunidade Artstica Mundial (Curitiba). Em 2009, criou o projeto 7x7, de anlise crtica de arte feito por artistas. Atualmente trabalha com Massimo Canevacci, Wagner Schwartz, Elielson Pacheco e no projeto de moda chamando ela.

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    AALEEF 27 ouT . 20h e 28 ouT . 21h durAo 40 ESPAO CULTURAL AMBIENTE

    CoreoGraFia TAOUFIQ IZEDDIOU Com MALEM ADIL AMIMI deSiGn de Som GUy RAyNAUD deSiGn de luz TAOUFIQ IZEDDIOU Produo ANANIA CoProduo SERVICE DE COOPRATION ET DACTION CULTURELLE DE LAMBASSADE DE FRANCE, RABAT; CENTRE NATIONAL DE LA DANSE, PANTIN; CENTRE CHORGRAPHIQUE NATIONAL DE TOURS; CENTRE CHORGRAPHIQUE NATIONAL DE CAEN; SCNENATIONALE DE BONLIEU, ANNECy; MISSION DPARTEMENTALE DE LA CULTURE DE LAVEyRON; MJC RODEZ; INSTITUT FRANAIS.

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    TAoufiq izzediou MARROCOS

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    Um trio para trs homens. Uma fresca e lmpida fisicalidade se d como uma conversa no corpo e para o corpo. Ela est como as partes dos corpos de cada um dos performers, quando em um a nfase se encontra na fluidez dos braos e, em outro, a partir da regio de sustentao abdominal ecoa nos quadris e, no terceiro, nas longas sustentaes das pernas. No entanto, cada trao en-fatizado est no outro como parte do processo do mover-se o que confere uma estranha e coerente fractalidade proposta pelo holands/suo Jefta Van Dinther.

    Quando da reviso histrica ps-1960 do conceito de dana-co-reografia, a dana vista no necessariamente como desenhada por passos especialistas de dana. Passos quaisquer podem ser passos. O que temos recentemente uma reelaborao desse questionamento.

    Kneeding (2010)JefTA vAn dinTher HOLANDA

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    lkNEEDING 01 e 02 nov. 19h durAo 50 FUNARTE MG

    ConCeito JEFTA VAN DINTHER Criao e PerFormerS JEFTA VAN DINTHER, FREDERIC GIES E THIAGO GRANATO Som DAVID kIERS Produo FRASCATI PRODUCTIONS, AMSTERDAM aPoio 6M1L E ESTDIO NAVE, SO PAULO

    Apoio

    No de Kneeding, a crtica chama apropriadamente de instantneos de mobilidade usual. O conjunto desses instantneos nos deixam in(comodados) porque, afinal, no conseguimos prever o tipo de desenho (corporeogrfico) que segue o anterior. Elicita, assim, um novo modo de posicionar o dentro em relao ao Outro e aos conjuntos de Outros na discusso do agenciamento (humano). Tanto parece que-brar a senso comum via nica do espelho, e que nos obrigam a ver uma contnua coleta e produo de imagens que surgem fragmentadas e nos obrigam a pensar, tambm, na existncia da imobilidade fsica/imaginativa.

    Marcos bragato (Natal/ RN) Docente no Departamento de Artes e na Licenciatura em Dana da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN/RN).

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    cavaLO cOrpO

    Cavalo uma dana que movimenta o entorno ao mesmo tempo em que se contorce dentro/atravs dele.

    Esse cavalo vai se montando e montado simultaneamente, alter-nando-se em movimentos contnuos que desdobram o corpo em cavalo, cavalo-em-corpo. O cavalo est to atento aos comandos sutis do seu cavaleiro que no conseguimos diferenciar o criador da criatura, pois ambos esto ali, conectados pela dana.

    cavalocorpavaloincorpodescavalgaocorporacavaloincorpocavalga-corpocavalorpocavalocavalorpavalocorpo

    O espao, a luz rarefeita e os rudos sonoros so elementos in-dispensveis que, ao se relacionarem com o corpo, criam outras dobras. O corpo vai se contorcendo em um amassar incessante de formas e paisagens que (se) transitam, num cavalgar de es-tados coreogrficos de fluxo inestancvel. Como todo e qualquer corpo, Michele Moura est sempre sendo sua coleo de imagens e informaes, reconstrudas permanentemente em uma rede de estados. Essa rede vai se alterando, de acordo com as relaes que o corpo pode estabelecer pelos ambientes dos quais participa. Existe aqui vnculo entre perceber o entorno e agir nele, ou seja, percepo a ao, em loop do corpo no ambiente. O interessante dessa discusso, acerca da alterao dos estados psicofsicos, que podemos observar esse loop de transformaes, tanto no cor-po quanto no espao, desenhados por Moura.

    O significado de Cavalo mais que ambguo; ambivalente. Nessa

    dana, o corpo de Moura ultrapassa qualquer diviso binria, tornando-se um e outro e isso e aquilo e tudo junto. Uma somatria em rede. A obra parece se referir a um estado ficcional, a uma possesso medinica, a um delrio psictico, a uma ateno do cavalo ao seu cavaleiro, a uma catarse desenfreada, a uma ausncia de controle sensrio-motor e a um descontrole preciso dos gestos e... Podemos supor que todas essas possibilidades de leitura (e outras tantas) esto convivendo nesse espao coreogrfico. Basta se deixar levar pela cavalgada.

    Este texto est baseado em uma leitura da pea em relao Teoria do Corpomdia de Helena katz e Christine Greiner (2008) e Conceptions of Embodiment de Lawrence Shapiro (2011).

    Greiner, Christine & KATz, helena. por uma Teoria do Corpomdia. in o Corpo: pistas para estudos indisciplinares. 3 edio, So paulo: Annablume, 2008

    ShApiro, lawrence. Conceptions of embodiment. in embodied Cognition. new york: routledge, 2011.

    bruno freire (So Paulo/SP) mestrando em Comunicao e Semitica e graduado em Artes do Corpo, ambos na PUC-SP. Est desenvolvendo projetos em torno da pergunta: O que o Artista faz com o que a Televiso faz da Arte? Como desdobramento desta pesquisa, criou a obra teatral Valparaso, um esboo com direo de Carolina Mendona. Colabora com a Residncia Artstica Lote#1 sob coordenao de Cristian Duarte e com uma Televiso de Dana; projeto de Ana Cristina Teixeira.

    Cavalo (2008)MiChele MourA/Couve-flor MiniCoMunidAde ArTSTiCA MundiAl CURITIBA/PR

    CAVALO 27 ouT . 19h 28 ouT . 19h30 durAo 25 FUNARTE MG

    PerFormanCe MICHELLE MOURA Som RODRIGO LEMOS luz FBIA REGINA maquiaGem AURLIO DOMINONI Produo WELLINGTON GUITTI aGradeCimentoS GUSTAVO BITENCOURT, ELISABETE FINGER, JENNIFER LACEy, AGNIESZkA RySkIEWICZ, RENATA MOURA, RAPHALLE LATINI aPoio CENTRE NATIONAL DE DANSE CONTEMPORAINE DE ANGERS, DIREO DE EMMANUELLE HUyNH, MNAGERIE DE VERRE DANS LE CADRE DE STUDIOLAB, PROGRAMME DE RSIDENCES INTERNATIONALES VILLE DE PARIS/INSTITUTE FRANAIS AUx RCOLLETS um Projeto COUVE-FLOR MINICOMUNIDADE ARTSTICA MUNDIAL

    ESTA CRIAO FAZ PARTE DO PROJETO 6 POR 12 DZIA CONTEMPLADO PELO PRMIO FUNARTE DE DANA kLAUSS VIANNA 2009.

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  • roSAS BLGICA e n a t e n d a n t

    O Rosas criado pela bailarina e coregrafa belga Anne Teresa De keersmaeker, em 1983, ano em que estreia Rosas danst Rosas. A companhia emerge de uma trajetria individual de Anne Teresa, a qual fez parte de um contexto europeu e estadunidense de coevoluo da dana ps-moderna e da arte contempornea. Anne Teresa estudou na escola MUDRA1 (1978 1980) e na Tisch School of the Arts de New york (EUA)2 (1981). Antes, iniciou seus estudos em dana em uma escola pluridisciplinar de arte, cole de la Danse, de la Musique et des Arts du Spectacle Lilian Lambert. Tem, tambm, na sua infncia uma slida formao em conservatrio musical. Um eixo de sua pesquisa est na relao do movimento com a msica, mas sua dana, obviamente, no a escuta desta. De keersmaeker trata a partitura musical como partitura coreogrfica e, geralmente, trabalha com um analista musical que lhe d subsdios para l-la como uma escrita. Assim, vrios eixos de investigaes de sua obra, como a confluncia do texto, das artes plsticas e da pera, se do na composio que na cena procura trazer a elaborao da partitura da msica, da coreografia e do corpo que dana.

    Philippe Guisgand3 em entrevista para o Journal de lAssociation pour la danse contemporaine (Genebra, set. 2010) distingue trs perodos na obra de Anne Teresa: de 1982 a 1985 a partitura musical abordada com respeito, h quase uma submisso da dana msica, todavia h uma espcie de fuga, como se quem dana busca sua

    1 Escola de dana inaugurada em Bruxelas (Blgica) pelo bailarino e coregrafo francs Maurice Bjart (1927-2007), entre 1970-1988.2 Universidade de Artes de New york, fundada em 1965.3 Mestre de conferncia em Arts du Spectacle, professor de anlise coreogrfica e esttica da dana, danarino e autor especializado na obra de Anne Teresa de keersmaeker.

    personalidade em coliso com a msica. De 1986 a 1994, usa mais livremente as partituras musicais. A partir de algumas frases de base, a dana se transpe em contratempos, em palndromos, se complexifica em vrias camadas. Desde 1994, como vozes suplementares, dana e msica coabitam a cena, h mais autonomia, improvisao, todos os sons e barulhos so msica, mesmo que ainda trabalhando com msicas de Arnold Schnberg ou Bela Bartk.

    Anne Teresa De keersmaeker no trabalha por projetos, ela busca manter um elenco fixo que, com a coregrafa, constri e compartilha experincias artsticas. Tem uma proposta de emancipao do danarino, ao requerer sua contribuio no processo de trabalho e na criao de movimentos.

    De 1992 a 2007, a companhia estabelece residncia na pera Nacional La Monnaie/De Munt, tambm em Bruxelas. A partir desse contrato de residncia, comea a histria organizacional de Rosas, pois, at ento, foi marcada por grande incerteza quanto sobrevivncia financeira. Atualmente, a companhia est sediada na estrutura da P.A.R.T.S. Performing Arts Researchand Training Studios e recebe apoio das autoridades flamandes. Entretanto, os subsdios federais no so, e no foram, a nica fonte de rendimento da companhia. Durante sua trajetria, Rosas se alia a coprodutores, na Blgica e no exterior e, tambm, em muitos casos, recebe uma grande porcentagem de suas apresentaes.

    No campo educacional, Anne Teresa e Rosas desenvolvem distintos trabalhos de educao em dana: para danarinos e para o pblico leigo. Essas aes tiveram longo perodo de preparao e reflexo. A escola, centro de artes, estdio, tambm

    sede da companhia, P.A.R.T.S. foi inaugurada em 1995. Tem um curso regular e sua inteno formar intrpretes com um background amplo e com uma atitude reflexiva. H tambm cursos e oficinas para profissionais, estudantes e

    amadores. Outras aes do Rosas so: o Bal Moderne, dirigido a pessoas com pouca ou nenhuma experincia em dana; o Dancing Kids, que so oficinas e

    aulas para crianas; o Rond Oms Dans, que faz parcerias com escolas da Blgica, buscando a formao do jovem. Todas essas proposies tm o conceito de um pensamento contemporneo em dana.

    Fazem parte do repertrio da companhia 40 obras, entre elas: Cesena (2011), En Atendant (2010), The song (2009), Rain (2001), Quartett (1999), Whith/for/by (1999), Drumming (1998), Duke bluebeardscastle (1998) e Elenasarea (1984).

    Ana Teixeira e lenira rengel

    roSAS | Anne TereSA de KeerSMAeKer BLGICA

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    O movimento do tempo.

    O movimento do espao.

    Ns humanos, gente da dana ou no, correlacionamos o movi-mento mexendo no espao como mudanas no tempo, ou seja, a passagem do tempo sentidapensada como movimento... no espao. Esse modo de estarmos no mundo, de pensarsentir uma coisa no lugar da outra, de transportar um sentido para outro a caracterstica da metfora. Podemos ento dizer que temos um modo metafrico de ser, mas que no s o da linguagem verbal, da boca para fora, com o corpo todo que fazemos metfora.

    O nome: Rosas uma metfora que forma um conceito: Rosas um nome feminino no plural, o desenho de um vitral ou uma marca como kodak, disse Anne Teresa De keersmaeker.

    A metfora carne, sai no suor que escorre na pele da dana de Rosas. Um sentircheirardeitarlevantarsentarandar coreografado em uma espacialidade rtmica.

    Um nomedana. Um nome que repete repete? ou desdobra? ou so muitas rosas, marcas, vitrais? camadas de complexidades? o prprio nome. Rosas danst Rosas Rosas dana Rosas.

    Uma danassignificncia no mais amplo sentido do que seja sig-nificado (nos ensina Mark Johnson em The meaning of the body aesthetics of human understanding, 2007): imagens, esquemas sensriomotores, sentimentos, qualidades, emoes que consti-tuem nosso encontro significativo com o mundo.

    Uma qualidade espacialtemporal para cada ao danada dei-tarlevantarsentarandar, como se fosse possvel sustentar e/ou acelerar o tempo (de acordo com a conceituao de Rudolf Laban 1978). Sim, Rosas pode, pois no o tempo cronolgico, o tem-po da arte (nesse caso, dana). Contudo, tambm no pode, pois corpossomos restritos prpria natureza cultural (Greiner e katz

    rosas danst rosas (1983)roSAS | Anne TereSA de KeerSMAeKer blGiCA

    2002). E, ento, os corpos que danam se comunicam, coatuam com a mtrica, lidam com o constrangimento do tempo... em forma de msica minimalista, criada por dois membros do grupo Maximalist!. E, ento, os corpos que danam compem, convivem e formam a geometria da coreografia. As diagonais do espaolugarpalco se do no corpo, gerando suaves e minuciosas tridimensionalidades, percebidas em uma inspirao, em um sopro de expirao.

    Os corpos tambm se entregam s diagonais do espaolugarpalco, a arquitetura da composio coreogrfica se impe... o ritmo se impe... Ser? Ou h uma tentativa de imposio? Quem se impe a quem? O que se impe que? Talvez o aparente contnuo de regularidades seja para trazer a olho nu aes polticossensuaiscotidia-nas inscritas na singularidade de cada intrpretecorpo para as quais estamos alheios, todavia no imunes.

    De novo a metfora... Rosas danst Rosas, um espelho em projeo geomtrica de cada um e de um mundo, para nos mostrar que no h dicotomias, h correlaes entre pessoas, msica, movimento, ideia, esquemas sensriomotores, espaos, en-tre tempos lineares e no lineares, passados, presentes, futuros.

    rOSaS DanST rOSaS eM MOviMenTO MeTaFricO nO TeMpO 1983 (ano de estreia) .....................................................................................2011

    lenira peral rengel (Salvador/Bahia | So Paulo/SP) Professora da Escola de Dana da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e organizadora da coletnea Corpo em Cena (editora Anadarco).

    Apoio

    ROSAS DANST ROSAS 1 nov . 20h30 durAo 105 GrAnde TeATro SeSC pAllAdiuM

    CoreoGraFia ANNE TERESA DE kEERSMAEkER danado Por SANDRA ORTEGA BEJARANO, TALE DOLVEN, ELIZAVETA PENkVA, SUE-yEON yOUN Criado Por ANNE TERESA DE kEERSMAEkER, ADRIANA BORRIELLO, MICHLE ANNE DE MEy, FUMIyO IkEDA mSiCa THIERRy DE MEy, PETER VERMEERSCH mSiCoS (Gravao) THIERRy DE MEy, WALTER HUS, ERIC SLEICHIM, PETER VERMEERSCH iluminao REMON FROMONT FiGurino oriGinal: ROSAS, remontaGem: ANNE-CATHERINE kUNZ enSaiadoraS FUMIyO IkEDA, MURIEL HRAULT aSSiStente direo artStiCa ANNE VAN AERSCHOT Gerente de Produo JOHAN PENSON, aSSiStente WILLEM DECOSTER tCniCoS WANNES DE RyDT, MICHAEL SMETS eStreia mundial 06/05/1983, kAAITHEATERFESTIVAL - THTRE DE LA BALSAMINE (BRUxELAS) Produo verSo 1983 ROSAS & kAAITHEATER CoProduo remontaGem SADLERS WELLS (LONDRES)

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    en atendant4 (2010)roSAS | Anne TereSA de KeerSMAeKer blGiCA

    En Atendant o ttulo da obra assinada pela coregrafa belga Anne Teresa De keersmaeker (ATDk) em colaborao com os bailarinos do Rosas. Criada por encomenda do Festival dAvignon (Frana), teve estreia em 9 de julho de 2010. Esse ttulo leva o nome de uma das baladas (ballades) do msico e compositor francs, da Idade Mdia, Philippo de Caserta (1370?-1420?). Caserta era associado ao movimento Ars Subtilior 5 estilo de msica que germina na Europa, no final da Idade Mdia, cuja complexidade est na mu-dana rpida das mtricas e suas sobreposies, na polifonia e nas dissonncias deveras experimentais. ATDk entrou em contato com a msica do perodo medieval quando pesquisava o que era produzido, na poca, na cidade de Avignon. O sculo xIV foi sinali-zado pelas calamidades provocadas com a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre a Frana e a Inglaterra. no contexto do mono-plio da igreja catlica que esse estilo nasce, e nessa circunstncia essa arte se refere como sendo da inteligncia e da formalidade. A ideia da arte produzida para um pequeno grupo, bem como o ambiente da desordem a estabelecida, instigou a coregrafa, que traa um paralelo entre esse momento e o momento atual na so-ciedade contempornea.

    A estrutura musical extremamente importante no trabalho de ATDk. Portanto, para esse espetculo, a coregrafa verticaliza seu estudo composicional no movimento Ars Subtilior, sublinhando a continuidade da aliana entre a msica, a dana e o espao, sempre presente em seus trabalhos. Para ATDk, [] essa msi-ca subtilior, ainda mais sutil, deixa no ar certo mistrio delicioso, impossvel de delinear, uma ambincia de enigma matemtico, de subentendido, de subtexto. por isso que acabamos compreen-dendo essa subtilitas no sentido da nuance e do claro-escuro.6

    4 Ortografia francesa antiga.5 Termo cunhado, em 1960, pela musicloga UrsulaGnther para designar esse estilo de msica.6 Entrevista realizada por Jean-Luc Plouvier para a MonnaieMunt Magazine (setembro

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    Os oito bailarinos, a coregrafa e os trs msicos (dois flautistas e uma soprano) e especialistas em msica medieval leram atentamente a partitura, cada nota, cada voz, cada nuance rtmica, e a partir desse estudo, quase cirrgico, os artistas cria-ram suas partituras de movimento. Nas palavras de Anne Teresa: [...] uma nota, um passo! Uma voz, um bailarino! A palavra de ordem: Minha caminhada minha dana.7. Em En Atendant, ATDk parece dar nfase s sutilezas produzidas em cada nota musical, em que a coordenao da respirao dos msicos, que transita em distintas tonalidades, se constitui como matria-prima para a dramaturgia que se constri no corpo: Sopro, palavra, expresso de si mesmo, uma coisa s, a abertura do peito. Tudo isso se combina e mais, claro, vivemos o momento em que nos livramos da tcnica... at mesmo da msica. Sobrar somente o ar, o vento, o sopro que ela nos proporcionou8. A companhia apresentou o espetculo En Aten-dant, pela primeira vez, ao cair da tarde, na residncia dos papas da Idade Mdia Palais des Papes (Palcio dos Papas) , na cidade de Avignon (Frana), aproveitando a luz do pr do sol.

    A sofisticao da obra est no dilogo potico entre msica, dana e silncio, no en-tendimento de espao como a relao de todas as materialidades, na movimentao que, por vezes, enfatiza ou determina a espera do outro. na polifonia dos movimen-tos, no quase escuro, no quase claro, nas dissonncias e nas consonncias musicais que essa obra explora a percepo de quem a assiste. Gostaria, hoje, que a emoo se propagasse na meia-luz, nas cores transitrias, nas passagens perptuas.[...] Agora noite, e ns esperamos. a hora dos estados intermedirios da percepo9.

    A seguir, entrevista, especialmente concedida para este artigo, com o bailari-no do Rosas, o brasileiro Carlos Garbin, natural de Caxias do Sul (RS). Garbin colabora com a companhia desde 2008, tendo tambm participado dos espe-tculos The Song (2009) e Cesena (2011):

    at Voc diria que esse espetculo um divisor de guas na construo core-ogrfica de ATDk? Por qu?

    de 2010). Disponvel em: Horsrie ( janvier-mars 2011). Danse lacroisedesarts. Anne Teresa De keersma-eker. La polyphonie de touteschoses. p. 6. (acervo pessoal) () cette musique subtilior, plussubtile encore, laisseflotterdanslair une part de mystredlicieux, impossible cerner, une ambience denigme mathmatique, dessous-entendu, dusous-texte. Voilpourquoinousfinissonsaussi par lentendre, cette subtilitas, danslesens de la nuance et duclair-obscure. (Traduo de Ana Teixeira)7 Idem nota 3. () une note, unpas! Une voix, undanseur! Le mot dordre: Mywalkingismy dancing. (Traduo de Ana Teixeira)8 Idem nota 3. Souffle, parole, expression de soi, cest tout un, cestlouverturedubuste. Tout cela se combine et puis, biensr, nousvivonslemomentonouslchonslatechnique et mmela musique. Ne restera que lair, levent, lesoufflquellenous a donn. (Traduo de Ana Teixeira)9 Idem nota 3. Jevoudraisaujourdhui que lmotion se dploiedansdesdemi-lumires, descouleurs-transitoires, despassagesperptuels. () Cestdsormaislesoir, onattend. Cestlheuredestatsintermediaires de laperception. (Traduo de Ana Teixeira)

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    cg Eu acho que a relao com a msica nesse trabalho diferente dos ou-tros. Em trabalhos como Rain (2001) e Drumming (1998), por exemplo, a msica o fio condutor de toda a pea, j em En Atendant, a msica no est presente o tempo inteiro. Tem muitas coisas na maneira de montar o espetculo que ela usa de novo, como alterar a frase coreogrfica seguindo a estrutura da msica, mas a cada trabalho ela acha uma maneira nova de fazer isso.

    at Em entrevista realizada por Jean-Luc Plouvier para a Monnaie Munt Magazine (setembro de 2010), a coregrafa relata que muitas cenas foram coreografadas passo a passo na msica. Na companhia vocs trabalharam com a partitura? Vocs precisam saber ler uma partitura?

    cg Ns sabemos ler a partitura. Ns fizemos a anlise musical com os msi-cos que tocam ao vivo e outros especialistas de msica medieval. Por exemplo, as caminhadas aparecem no comeo da pea, em silncio, e depois com a msica. Cada passo uma nota. Quando tem uma pausa, os ps ficam juntos; a durao do passo a durao da nota.

    Essa msica composta, normalmente, de trs vozes: tenor, que seria a base com notas mais contnuas; cantos, que faz uma linha mais meldica com notas mais r-pidas e a voz mais aguda; e um contratenor, que comenta as duas outras vozes. Na parte da frase coreogrfica, por exemplo, em uma das msicas, ns somos divididos em trs grupos, cada um relacionado com uma das vozes. Todos fazemos a mesma coreografia, que foi alterada para que cada movimento se encaixasse em uma nota, resultando numa frase completamente diferente da outra em dinmica e qualidade.

    at Em transpor o espetculo do ambiente da estreia para o palco, o que voc aponta como dificuldade?

    cg Eu acho que a maior dificuldade pra mim foi a relao de como usar o espao, na maneira de interpretar a pea. Em Avignon, com aquela arquitetura, era mais fcil conectar com a histria e a msica, foi tudo criado para aquele espao. No teatro, eu acho que tive que usar mais a minha imaginao para entrar no per-sonagem. Mas para cada um diferente. Tecnicamente, o cho sempre muito liso no teatro, porque ns danamos sem linleo e, com a terra por cima, escorrega.

    at Na sua vivncia com ATDk, o que voc sublinha na maneira como ela constri um trabalho, o que ela evidencia nessa obra, por exemplo?

    cg Eu acho que nessa obra os pontos mais fortes so a relao com a m-

    sica, seja no estudo da estrutura musical, e a busca de uma maneira de usar as mesmas regras da construo musical para a construo coreogrfica. O trabalho com os personagens e histrias do sculo xIV, a busca por usar todo o potencial dramtico desse perodo, sem na verdade se tornar descritivo, tambm est em relevncia nesse espetculo, bem como fazer um trabalho com o mnimo necessrio o espetculo s tem uma luz, a msica ao vivo, sem amplificao.

    Ana Teixeira (So Paulo/SP) Artista e pesquisadora na rea da dana. Doutoranda em Comunicao e Semitica (PUC-SP CNPq). Formada em Arts du Spectacle Mention Danse pela Universit Paris VIII (Frana/2002). Foi diretora artstica assistente do Bal da Cidade de So Paulo (2003 a 2009). consultora para o programa Dana Contempornea da SESCTV-SP e pesquisadora para a Enciclopdia Ita Cultural de Dana.

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    EN ATENDANT 02 nov . 20h30 durAo 100 PALCIO DAS ARTES

    CoreoGraFia ANNE TERESA DE kEERSMAEkER Criado e danado Por BOSTJAN ANTONCIC, CARLOS GARBIN, CyNTHIA LOEMIJ, MARk LORIMER, MIkAEL MARkLUND,CHRySA PARkINSON, SANDy WILLIAMS, SUE-yEON yOUNmSiCa ...L(LEK)ZEM.. ISTVAN MATUZ En AtEndAnt, souffrir MEstuEt (BALLADE) FILIPPO DA CASERTA EstAMpiE En AtEndAnt 2 (2010) BART COEN sus un fontAynE (VIRELAI) JOHANNES CICONIA JE prEns dAMour noriturE (VIRELAI) ANNIMOEspErAncE, Ki En Mon coEur ANNIMO Flauta MICHAEL SCHMIDenSemble Cour et Coeur: direo muSiCal e Flauta doCe BART COEN, rabeCa BIRGIT GORIS, voz ANNELIES VAN GRAMBERENCenoGraFia MICHEL FRANOIS FiGurino ANNE-CATHERINE kUNZ enSaiador FEMkE GySELINCk aSSiStente direo artStiCa ANNE VAN AERSCHOTConSultoria muSiColGiCa FELICIA BOCkSTAEL Gerente de Produo JOHAN PENSON tCniCoS WANNES DE RyDT, JAN HERINCkx, MICHAEL SMETS ProduoROSAS CoProduo DE MUNT / LA MONNAIE (BRUxELAS), FESTIVAL GREC (BARCELONA), GRAND THTRE DE LUxEMBOURG, THTRE DE LA VILLE (PARIS), FESTIVAL DAVIGNON, CONCERTGEBOUW BRUGGE eStreia mundial FESTIVAL DAVIGNON, CLOTRE DES CLESTINS, 9/7/2010.

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    A obra The continuum: Beyond The Killing Fields, dirigida por Ong keng Sen do Theater Works de Singapura, desconcertante e de-sestabilizadora em muitos sentidos.

    Em cena, pessoas (e no personagens) testemunham a perda de seus familiares, de seus pertences e de suas vidas, como resultado do genocdio comandado por Pol Pot no Cambodja. Trata-se de uma espcie de documentrio performance, focado principalmen-te no depoimento de Em Theay, uma mestra de dana clssica cambojana de 76 anos.

    De forma avassaladora, o diretor atualiza a natureza do testemunho explicada no Ocidente por Primo Levi (acerca de sua passagem pelo campo de extermnio em Auschwitz) e relembrada, cinquenta anos, depois pelo filsofo Giorgio Agamben.

    Para Levi, a testemunha nunca pode dizer o que merecia ser dito porque isso pertence morte. Assim, o que resta dos massacres sempre uma lacuna, um deslocamento, uma fissura dolorida que desmancha o discurso e desmorona a soberania das palavras.

    Na atualizao (reenactement) proposta pelo TheatreWorks, os testemunhos mantm (e aprofundam) essa lacuna. Aparentemen-te, est tudo em cena: imagens, descries, documentos. Mas a memria-arquivo apresenta-se como um sistema dinmico e precrio, como no poderia deixar de ser. No se trata de uma abertura de gavetas de onde so tiradas coisas e histrias a serem reveladas tal como aconteceram. Arquivo, neste caso, constitui-se como transformao de enunciados uma espcie de recone-xo do passado no presente como um estar no mundo que no desgruda dos acontecimentos vividos, mas busca represent-los a partir de suas fraturas, sem qualquer iluso de reprodutibilida-de. So as matrias fantasmas, estudadas por Avery Gordon. No pertencem a nenhum mundo sobrenatural, mas nos assombram o tempo todo medida que nunca terminam, mesmo depois de

    oficialmente confinadas ao passado.

    Por isso, o que mais chama a ateno em The continuum: Beyond The Killing Fields o que dizem sobre aquilo que no pode ser dito. Aquilo que no se consegue traduzir da lngua estrangeira falada e cantada. A absoluta inacessibilidade expe-rincia poltica do outro.

    O que nos resta a percepo da linguagem do sofrimento. O corpo, os gestos, a respirao, os tons de voz da dana delicada de Em Theay e de seu canto trmulo e forte.

    Nas vidas escancaradas a todo tipo de opresso, quando tudo se esquece (porque seria demais para qualquer um sobreviver e lembrar) a dana, o pensamento do corpo, que permite dar continuidade vida.

    Christine Greiner (So Paulo/SP) Professora do Departamento de Linguagens do Corpo da PUC-SP. Autora dos livros O corpo: pistas para estudos interdiciplinares, 2005 e O Corpo em crise, novas pistas e o curto-circuitos das representaes (2010), entre outros.

    the Continuum: Beyond the Killing fields (2001)TheATreWorKS SINGAPURA

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    THE CONTINUUM: BEyOND THE kILLING FIELDS 29 e 30 ouT. 19h durAo 110 TEATRO SESIMINAS

    ConCePo | direo ONG kENG SEN PerFormerS EM THEAy, THONG kIM ANN, kIM BUNTHOM, MANN kOSAL iluminao RECRIADA POR THOMAS DUNN voCaiS & mSiCa ComPoSta Por FUkUOkA yUTAkA (yEN CHANG)videoGraFia NOORLINAH MOHD Produo THEATREWORkS (SINGAPURA) Produtor TAy TONG CHeFe de PalCo LISA PORTER aSSiStente do CHeFe de PalCo EMILy HAyES Gerente de Projeto HOO kUAN CIEN enGenHeiro de Som JEFFREy yUE traduo kANG RITHISALWWW.THEATREWORkS.ORG.SG

    AGRADECIMENTOS AMriTA perforMinG ArTS, CAMbodiACenTer for perforMAnCe reSeArCh, neW yorK CiTy

  • Institudo em 1998, a partir da identificao de que seria necessria uma outra ao, ao lado do FID CONEXO iNTERnACIONAL, para, de fato, se conseguir fomentar a dana em Minas Gerais. Diferenciando-se dele, investe na qualificao da produo mineira, amparando-a em todas as suas fases e no somente na apresentao de seus espetculos. Assim, oferece bolsas de pesquisa que permitem aos artistas a possibilidade de produo; realiza coprodues; apresenta os trabalhos resultantes; oferece oficinas; desenvolve diversas formas de parcerias com os artistas mineiros.

    Ao longo do tempo, transformou-se em um catalisador da produo emergente do Estado. Promoveu, lanou, aprimorou e acolheu ideias, artistas e grupos e fez circular a produo da destacada e conceituada dana mineira no pas.

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    a cOnSTruO Da SOLiTuDe

    SEIS INSTANTES DE SOLIDO... Por entre as expectativas de um t-tulo que denomina, por entre as expectativas de um treino corporal que delineia e define os movimentos portanto, escolhendo umas e abandonando outras possibilidades de configurao -, comeo, ento, a perscrutar o objeto esttico a partir do seu prprio nome e pondero sobre os seis instantes propostos. Surge a dvida: trata--se de solido ou solitude ?

    No dicionrio, os termos so apresentados na condio de sinni-mos. Entretanto, fato que os universos cientfico e artstico nos apontam caminhos distintos. Aqui, nesta parceria entre o core-grafo Rodrigo Pederneiras e a bailarina Jacqueline Gimenes, tam-bm vejo surgir diferenas, posto que em sua proposta cnica a solido apresentada como um daqueles fenmenos de natureza ambgua e paradoxal em que se tem o reconhecimento simultneo tanto de uma ideia de isolamento denso e pesado, quanto de uma potncia criativa, flexvel e livre, criando novos espaos de abertura dos sentidos.

    O que se ouve-v nesses instantes? Um elaborado desenho de luz e trevas, composto por Pedro Pederneiras, criando dobras no espao fsico e anunciando passagens de tempo para a entrada e sada de silhuetas distintas. O timbre singular de um violoncelo que se coloca nas mos de Antnio Viola, para a reencenao da partitura-performance da Suite N. 2 para violoncelo de J. S. Bach. Um desenho coreogrfico refinado, sem excessos, nem faltas, engendrando contextos perceptivos, resultante de hipteses que vm sendo testadas por Rodrigo Pederneiras na trajetria do Gru-po Corpo, e que agora se materializa tambm no reencontro com Gimenes para a realizao desse solo.

    Neste espetculo, entre tores, dobras e quedas, o movimento claro, direto, inequvoco. H momentos em que os gestos acom-

    panham a durao das notas e se fundem simbioticamente criando um continuum som-gesto. Em outros, engendram uma partitura paralela, na qual se tem um dilo-go construtor de novas dinmicas. Mas, no corpo de Jacqueline, os movimentos no assumem a condio de meros replicantes, pelo contrrio, configuram uma rede prpria de conexes que seguem adensando sua autonomia profissional, eviden-ciando a aquisio de vocabulrio conquistada ao longo de mais de uma dcada no Grupo Corpo, e sua posterior vivncia em outros modos de organizao cnica (com Fbio Mazzoni, Sandro Borelli e Adriana Banana).

    Nesse processo de troca de informaes entre o corpo e seu ambiente, em resposta pergunta inicial, acredito que tanto na leitura da obra quanto no que se refere trajetria profissional de sua intrprete, o que se tem a a construo da solitude: um modo de estar sozinho que favorece descobertas e pe a vida em movimento.

    tala Clay de oliveira freitas (Manaus/ AM) Doutora em Comunicao e Semitica pela PUC-SP. Docente do Curso de Comunicao Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

    6 instantes de solido (2010)JACqueline GiMeneS BELO HORIZONTE/MG

    6 INSTANTES DE SOLIDO 27 ouT . 19h 28 ouT . 19h30 durAo 25 FUNARTE MG

    CoreoGraFia RODRIGO PEDERNEIRAS mSiCa: SUITE N 2 PARA VIOLONCELO DE J. S. BACH bailarina/intrPrete JACQUELINE GIMENES violonCelo ANTONIO VIOLA iluminao: PEDRO PEDERNEIRAS FiGurino JANAINA CASTRO maquiaGem FILIPE BRUSCHI aSSiStente de CoreoGraFia ANA PAULA CANADO aSSiStente de iluminao ANA ARAJO deSenvolvimento do FiGurino ANA VAZ FotoGraFia NATy TORRES deSiGn GrFiCo GUILI SEARA Coordenao de Projeto VALRIA AMORIM Coordenao de Produo SHEILA kATZ GeSto FinanCeira CRISTIANI PAPINI Produo exeCutiva CLUDIA COUTO

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    Ainda o avesso do lugar, no seu acesso profundo.

    Mrio Nascimento conta que chamar territrio a um espetculo o resultado mais visvel de sua prpria trajetria pessoal, em que tudo foi busca e espao. Mas territrio nu, a produo atual da com-panhia vai, muitas vezes, alm desses reflexo-reflexo do trabalho autoral, outras vezes, j reconhecido em Nascimento.

    Dessa vez, dana-se sobre um feixe de vetores, de fluxos entre o improviso e a insinuao de uma operao coletiva desempenhada entre os bailarinos. Mrio diz que denomina seu territrio pela nu-dez, perseguindo o significado do territrio aberto, o espao sempre franqueado explorao.

    Do que vi, diria que o espetculo de muitos modos a exposio do avesso do territrio. Ele nunca , ele apenas se instala.

    No h lugar ou espao para metforas na dana que se executa. O territrio sua prpria construo, expe suas articulaes, os passos denotam sua construo. A obra em progresso se mostra na mecnica dos movimentos individuais, que se somam, se partem, por vezes, formando grupos.

    Em processo. Em obras. Percebem-se os ecos da leitura, pelo autor, da geografia de Milton Santos, para quem o conceito de territrio territrio usado, em instalao. O uso se revela enquanto modo de reproduo da vida, por meio dos modos de apropriao do espao. Este, por sua vez, s se realiza no cotidiano, articulando memria e construo de identidades.

    Em Santos, o territrio significa um todo complexo, isto , uma totalidade onde se tecem tramas de relaes complementares e conflitantes, cujo alvo estabelecer o lugar, abrigar uma formao social, delimitar uma parcela de mundo. Em Nascimento, os corpos danando no se resolvem na harmonia, mas, antes, numa estra-nha cooperao.

    A apropriao do vetor, do espao por onde cada bailarino conduz seu corpo sem-pre uma prtica criativa em luta com a norma. Dois corpos se juntam, formam um conjunto perto do harmnico, uma dana que flerta com a beleza sem jamais tornar--se nela. Outros dois juntos so speros. Parecem criar pequenos vcuos de no--comunicao, interrupes, para escapar a um controle nunca tornado visvel.

    As apropriaes do espao pensadas por Nascimento resultam na posse do espao comum, prximo, e em sua consecutiva mutao em espao prprio, ainda que parte de um entorno coletivo.

    Estabelecer um lugar se apropriar, enquanto se dana, de uma superfcie. Ora, apropriao exatamente se mede com os sentidos, com as quantidades e qualida-des do corpo engajadas no exerccio do lugar, no desempenho de uma experincia. Estabelecer em-ato.

    Aqui se inscreve a coreografia de Nascimento. Todo o espetculo remete ao mundo urbano muito alterado em relaco s ltimas dcadas, no qual no mais se trata de uma questo urbana, mas de uma trama urbana.

    Os novos tempos urbanos pedem interrogaes. Os fluxos dos habitantes de uma grande cidade alteram tempos e espaos da experincia social, redefinem escalas de distncia e proximidade, alteram prticas sociais e seus circuitos. As relaes interpessoais transbordam de suas regulaes e colocam novas proposies.

    Cada territrio s pode ser feito de prticas, de circuitos de deslocamentos, zonas de contiguidade, conexes com outros pontos de referncia que conformam o social nas suas fronteiras, ou limiares, bloqueios e possibilidades.

    Assim, danam os bailarinos de Nascimento o que sugere ser uma outra e renovada agit-prop, de instigaco do urbano sim, mas de prospeco de novos mundos huma-nos contidos na construo exploratria de caminhos, esticando a corda dos limites.

    rita velloso (Belo Horizonte/MG) Arquiteta e urbanista, professora da PUC-Minas.

    territrio nu (ESTREIA)CiA Mrio nASCiMenTo BELO HORIZONTE/MG

    TERRITRIO NU 26 e 27 ouT. 21h durAo 55 TEATRO OI FUTURO kLAUSS VIANNA

    ConCePo e direo MRIO NASCIMENTO CoreoGraFia MRIO NASCIMENTO E ELENCO aSSiStente de direo e CoreoGraFia ROSA ANTUA ProFeSSoreS e enSaiadoreS MRIO NASCIMENTO E ROSA ANTUA trilHa Sonora FBIO CARDIA elenCo ANDR ROSA, BRENDA MELO, ELIATRICE GISCHEWSkI, LO GARCIA, RAFAEL BITTAR, ROSA ANTUA E MRIO NASCIMENTO PreParao teatral ROSA ANTUA PreParao voCal BARBARA PENIDO E ROSA ANTUA Criao de luz MRIO NASCIMENTO oPerador de luz RICARDO CAVALCANTE Fonte biblioGrFiCa MILTON SANTOS Produo do FiGurino CIA MN a Cia veSte AVE MARIA E LEO COELHO Produo Geral LUCIANA LANZA (FULRES PRODUES)

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    O que est acontecendo aos nossos corpos com a imerso cont-nua no universo digital? Que tipo de sociabilidade vem sendo pro-duzida com as redes sociais como o Facebook? Seria possvel criar uma rede de comunicao em que o foco o corpo em movimen-to? Mobilizado por estas questes, o coletivo MOVASSE props criar uma rede de comunicao, via Facebook, atravs de peque-nos vdeos intitulados MOV POST, na qual todos os compartilha-mentos so estimulados a serem realizados com todo o corpo em movimento e no pela forma, hegemnica, de palavras escritas.

    As primeiras postagens, dos videos matrizes, foram produzidas pelo grupo e imediatamente j comearam a ser respondidas. Com pouco mais de 01 ms de lanamento, j eram mais de 50 v-deos, fora aqueles que se perderam por no sequirem as regras de marcao no Face. Muitos j foram enviados at para o youtube, com a mesma idia, nome, mas sem participar da rede. A seguir, depoimentos de intregrantes do MOVASSE:

    eSTer Frana

    Inicialmente, percebi que as pessoas descobriram no movpost uma possibilidade de expor suas ideias em relao ao corpo e imagem fora dos padres tradicionais da dana. Muitas pessoas que no esto mais em cena, sentiram-se `a vontade de mostrar suas idias. O dilogo tomou propores que nunca iramos imagi-nar pois o projeto em si j estabelece uma posio mais autnoma e protagonista para quem executa um mov post.

    A partir da metade da execuo do projeto, percebemos que os nossos comentrios escritos estavam criando uma espcie de jul-gamento velado, criando situaes que poderiam ser tendencio-sas, diante disso paramos de fazer comentrios verbais sobre os vdeos. Neste ponto, a comunicao se ateve ao vdeo o que, ao meu ver, perdeu um pouco a caracterstica social do Facebook. O

    mov post (2011)MovASSe BELO HORIZONTE/MG

    Coproduo fid 2011

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    projeto ficou mais frio e impessoal, mas ganhou outros aspectos no que diz res-peito `a qualidade criativa. As pessoas comearam a participar mais pelo interesse no dilogo provocado pelos vdeos que pelo burburinho da rede.

    A respeito do perfil do pblico que postou as respostas percebemos que era bem variado com muitos bailarinos, claro, mas com pessoas que nem conhecemos, de outras cidades e at mesmo de outros pases. Portanto, a maioria, foi um pblico jovem que sabe mexer no Facebook e operar uma cmera de vdeo.

    Tambm percebemos que muitos trabalharam a questo do foco do movimento em partes do corpo, como por exemlo, ps e mos, outros optaram por uma narrativa como na histria do tnis all star. As locaes escolhidas j gerava uma caracte-rstica muito forte para o vdeo ou at mesmo um mote para a resposta (exemplos: paredes brancas, corredores, sofs).

    anDrea anHaia

    No imaginvamos que iramos atingir no bailarinos. Muitas pessoas que pararam de danar ou que no tm uma ligao profissional com a Dana esto participando. Acho que a idia de estarem sozinhas de frente para uma cmera, respondendo em movimento a uma idia previamente estabelecida, motivou muitas delas quanto criatividade das postagens no perfil do Mov Post.

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    redes sociais. Atravs de um ato sumrio1, teclando delete, apaga-se um amigo de longa data do Facebook, assim como da vida fora das redes miditicas.

    mov PoSt como treinamento perceptivo: prope um outro relacionamento sensorial nas redes sociais que leve em conta o corpo em sua mobilidade integral, ou seja, que todo ele se movimente e no apenas as mos. A partir de outro com-portamento sensoriomotor possvel modificar comportamentos sociais como os de tipo sumrio?

    MCluhAn, Marshall. os meios de Comunicao como extenso do Homem. Trad.: dcio pignatari. So paulo: Cultrix, 1971.

    1 Sumrios como estas formas de comportamentos vm sendo denominadas pela Profa Helena katz durante curso Ambientes miditicos e processos culturais: comunicao, corpomdia e biopoltica. Programa de Estudos Ps Graduados em Comunicao e Semitica da PUC-SP, 1 semestre, 2011.

    As respostas so realmente inusitadas. Todas elas partem de uma observao muito particular do participante. Algumas sofrem uma edio trabalhosa, outras so basicamente improvisao no instante. Algumas partem da observao do mo-vimento, outras das texturas, outras das cores, etc. Essa liberdade no formato da resposta, faz com que a rede se torne maior ainda, pois no limita as respostas. Alm disso, existe uma grande parte de pessoas que s comenta os Mov Post, sem postar nada, mas acompanhando assduamente as postagens.

    Acho que, desde o incio, discutimos um pouco a questo das redes sociais a respei-to do como as pessoas se mostram nelas. O trabalho de edio ou no de cada Mov Post, j demonstra a forma de maquiar ou no a situao: Quero que me vejam assim. Outro aspecto a insero do movimento como forma de comunicao dentro do Facebook, de uma forma rpida, que no passa muito pela elaborao. Em um mundo acelerado por tanta informao, isso seria um sintoma?

    McLuHan pOST

    medida que tecnologias proliferam e criam sries inteiras de ambientes novos, os homens comeam a considerar as artes como antiambientes ou contra-ambientes que nos fornecem os meios de perceber o prprio ambiente. (McLuhan, 1971, p. 12)

    O projeto MOV POST pode ser melhor entendido a partir das propostas de Marshall McLuhan que comemora 100 anos neste ano. Em Os meios de comunicao como extenso do homem, McLuhan prope o entendimento de arte como meio de apurar a percepo, com a funo de indispensvel treino perceptivo e rejeita que a arte seja concebida como mero bem de consumo, como dieta privilegiada para a elite. (ibden, p.13-14). Segundo McLuhan, a arte como um ambiente radar funcionando como um sistema de alarme premonitrio.

    mov PoSt alarme: chama ateno forma de comportamento predominante nas redes sociais que reduz o corpo s mos e dedos, enfatizando o corpo da imobilida-de. Como as informaes transformam-se em corpo, a tecla dos computadores com a funo deletar j virou corpo e pode ser observada neste mesmo ambiente das

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    MOVPOST poSTAGenS de vdeoS20 AGo A 20 ouT http://tinyurl.com/movpost

    77 PoStaGenSiniCiativa MOVASSE - COLETIVO DE CRIAO EM DANA bailarinoS ANDREA ANHAIA, CARLOS ARO, CIBELE MAIA (CONVIDADA), ESTER FRANA E FBIO DORNAS edieS doS vdeoS CHICO DE PAULA E BAILARINOS mdiaS interativaS CHICO DE PAULAambientalizao EQUIPE MOV POST Produo CIBELE MAIA E SILVANA FRANA

    inSTAlAo26 ouT . 19h TEATRO OI FUTURO kLAUSS VIANNA30 ouT . 17h TEATRO SESIMINAS2 nov . 18h30 PALCIO DAS ARTES

  • Desde 2008, o frum tem um espao dedicado especialmente s crianas. O FIDinho nasceu da observao da crescente adeso do pblico infantil programao do FID. Da surgiu a reflexo em torno da necessidade de desenvolver estratgias que atraiam as crianas e seus pais para o mundo cultural.

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    ESPALhA PRA GERAL: ERA uMA vEz O PRESENTE...

    Inocncia a criana, e esquecimento; um novo comeo, um jogo, uma roda que gira por si mesma, um movimento inicial []

    (Nietzsche, 2003, p. 53)

    A memria como persistncia de conhecimentos passados e como a possibilidade de evocar e atualizar tais conhecimentos o alinhavo dramatrgico desse espetculo concebido e interpretado por Denise Stutz e Felipe Ribeiro. J os conhecimentos de que os performers dispem em cena no parecem ser to somente os tantos inventos, feitos e imagens que compem o iderio infantil, mas, principalmente, a relao da criana com o tempo, especialmente, uma criana compreendida como acontecimento (LOPONTE, 2008).

    Nesse entendimento, no possvel encerrar a infncia em dis-cursos prescritivos ou de controle, ou em um tempo linear e pro-gressivo (LOPONTE, 2008, p. 116), pois seu tempo no linear, nem evolutivo, nem gentico, nem dialtico, nem sequer narrativo. A criana um presente inatual, intempestivo, uma figura do acon-tecimento (LARROSA apud LOPONTE, 2008, p. 116).

    Em Espalha pra geral!, o tempo narrativo anunciado como uma pista falsa pela frmula do Era uma vez... Essa expresso pro-nunciada algumas vezes no espetculo, porm sucedida de alu-sivas histrias descontnuas e sofre a ruptura com o que essa co-nhecida frmula prev em termos de narrativas que estabelecem certezas morais em seus fins. Nada mais preciso saber (alm das imagens corporais que evocam) daquela menina que sonhava com o mar; daquele menino que no sabia danar; ou, ainda, daquele outro que via o dia, a cada dia, de uma cor.

    A que serve ento essa falsa pista, ou promessa, de tempo narrativo, se tudo que temos uma fotografia em movimento (e no um filme) desses corpos lembrados? Para instaurar um lugar (ou um entre-lugar) entre uma representao da infncia e um referencial de espetculo de dana j preestabelecidos, conhecidos e confor-tveis; a infncia e um corpo que dana que contm em comum esse carter de acontecimento, de impossibilidade de identidade ou forma fixa. O paradoxo proposto pela combinao entre a forma Era uma vez e a performatividade apresentada no espetculo negocia, porque introduz o que no habitual por uma frmula habitual da narrativa e que comumente d lugar a histrias com morais certas no final.

    Performativa a infncia, tanto quanto a forma como a representam os corpos dos artistas desse trabalho. Mesmo no jogo de imitao a que se prope, como parte do processo de subjetivao ao longo da vida, as diferenas e instabilidades corporais compem o discurso que resta quando o jogo ACABA, sem acabar.

    E o presente se instaura, como tempo privilegiado na infncia; como quebra de narrativa que se anuncia; e, junto com esta, a ruptura com as prescries do corpo que dana (quanto mais cedo, melhor!).

    loponTe, luciana Grupelli. Arte e metforas contemporneas para pensar infncia e educa-o. in: revista brasileira de educao. v. 13 n. 37 jan./abr. 2008.

    nieTzSChe, friedrich. assim falou zaratustra. rio de Janeiro: Civilizao brasileira, 2003.

    roberta ramos Marques (Recife/ PE) Professora doutora do curso de Licenciatura em Dana da UFPE e do Programa de Ps-Graduao em Artes Visuais UFPE/UFPB; pesquisadora e membro da coordenao do Acervo RecorDana. Atualmente, desenvolve a pesquisa Desdobramentos da Dana Contempornea no Recife.

    espalha pra geral! (2010/2011)deniSe STuTz | felipe ribeiro RIO DE JANEIRO/RJ

    ESPALHA PRA GERAL! 29 e 30 ouT .16h durAo 50 TeATro MArliA

    ConCebido, diriGido e realizado Por DENISE STUTZ E FELIPE RIBEIRO

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    zAT zonas Autnomas Temporrias tem origem na sigla TAz (Temporary Autonomous zone) que entitula o livro de hakim Bey. A ideia do TAz o agrupamento de pessoas que se organizam no hierarquicamente por um certo momento.

    O FID traduziu isso em proposies cujas prticas coletivas so pautadas pela no hierarquizao e visam autonomia da dana e do corpo na contemporaneidade. Algumas zATs j promovidas: em 2006, o Ciclo de Estudos e Aes, com a questo da dana e o direito, discutindo e fortalecendo a gesto de companhias no entendimento do Direito Autoral na Dana; em 2007, Propostas de Desimperialismos, reuniu acadmicos e polticos para um dilogo aberto com a comunidade da dana; e em 2008, o tema Por uma Epistemologia Sul teve o foco dos trabalhos. Em 2009, o zAT teve a forma de uma residncia artstica com a coregrafa e diretora artstica Emannuelle huynh (vietn / Frana), Fanny de Chaille (Frana) e Kerem Gelebek (Turquia) do Centro Coreogrfico de Angers (Frana) e 12 artistas brasileiros.

    zat 8zOnaS autnOmaS tempOrriaS

    Experimental e hbrida, essa Zona Autnoma Temporria, situada nos limites da coreografia e de uma exibio de artes visuais, pretende investigar a frico e a relao entre coreografia e artes visuais atravs do corpo, do objeto, de imagens em movimento e estticas.

    As investigaes terica, videogrfica e performativa ocorrero em locais pblicos em que cada participante ser convidado a con-duzir sua prpria pesquisa assim como contribuir e participar na pesquisa conduzida por Lynda Gaudreau durante sua residncia em Belo Horizonte.

    Como o corpo se transforma em uma imagem fotogrfica, um performer, na figura de uma pintura? Como um corpo se torna um objeto slido e, depois, transparente, sempre mudando sua identidade?

    Coreografia no se restringe ao corpo, mas tambm diz respeito organizao e contnua construo de espao.

    Essa oficina, experimental e hbrida, nos limites da coreografia e de uma exposio, pretende investigar a frico e a relao entre coreografia e artes visuais atravs do corpo, do objeto, de imagens em movimento e estticas.

    A oficina ser dividida em duas partes. O enfoque da primeira mais terico com discusses acerca de questes diversas, dis-cusses, intercmbio e compartilhamento entre os participantes. A segunda parte ser dedicada prtica que, a cada dia, acontecer em diferentes locaes. Aqui, os participantes sero convidados a traduzirem em prtica as questes submetidas ao grupo. Como essa parte de pesquisa ser realizada in situ, em locais pblicos, dever incluir uma certa performatividade.

    Halucinatory Body/ Corpo alucinadolyndA GAudreAu MONTREAL | CANAD

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    Em locais pblicos ocorrero as investigaes terica, videogrfica e performativa em que cada participante ser convidado a conduzir sua prpria pesquisa assim como contribuir e participar na pesquisa conduzida por Lynda Gaudreau durante sua estadia em Belo Horizonte.

    LynDa GauDreau

    Coregrafa, curadora e pesquisadora, Lynda Gaudreau cria trabalhos am-bientais aberto colaborao de vrios artistas e prticas artsticas. Seu trabalho, frequentemente minimalista e desenvolvido em sries, essen-cialmente um jogo em quantidades de tempo, espao e movimento. Sua coreografia est em dilogo com as artes visuais, arte sonora, filosofia, literatura, cinema e arquitetura.

    As atividades de Lynda Gaudreau englobam: criao de coreografia para o palco, geralmente focada na forma de solo; trabalhos de curadoria que encorajam a interseo da dana e das artes visuais; encorajamento da produo de criaes artsticas no De Studio, um estdio experimental, como orientadora ou mentora.

    A prtica coreogrfica de Lynda Gaudreau colaborativa e acolhe artistas da dana e de outras disciplinas. Convida artistas a colaborarem com suas prprias criaes, assim como cria projetos com e para seus pares.

    A coregrafa e sua Compagnie De Brune tm colaborado com algumas das mais prestigiosas organizaes artsticas da dcada de noventa em Quebec, no Canad e na Europa. Por muitos anos, Lynda foi colaboradora do Festival klapstuk em Leuven (Blgica).

    Alm do klapstuk, outras organizaes belgas das mais prestigiosas tam-bm apoiaram seu trabalho, enquanto Lynda e sua companhia trilhavam uma carreira internacional, sobretudo na Europa. Desde 2001, o Thtre de la Ville, em Paris apresenta quase todos os seus trabalhos e tambm coproduziu suas obras mais recentes. Como professora convidada da co-regrafa Anne Teresa de keersmaeker/Grupo Rosas, ministra, frequente-mente, aulas na escola P.A.R.T.S. (Performing Arts Researchand Training Studios). Seu trabalho apresentado em diversos pases como Canad, Brasil, ustria, Inglaterra, Alemanha, Frana, Espanha, Crocia e Israel.

    Alm de suas produes, seu processo coreogrfico inclui uma conside-rvel proporo de trabalho curatorial e de orientao. Desde 2005, ela instiga vrios eventos em Montreal, principalmente para as geraes de jovens artistas, tais como o Clash e o In Limbo, apresentados em parceria com o Tangente.

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    parTicipanTeS

    andr lage (BH/MG) Carina Costa (Franca/SP) Cintia napoli (Curitiba/PR) Cludia lobo (BH/MG) Cristiane marques (BH/MG) ivan Sodr (BH/MG) letcia Carneiro (Nova Lima/MG) marcelle louzada (BH/MG) mrcia neves (BH/MG) Sandra Corradini (Salvador/ BA) tana Guimares (BH/MG) thembi rosa (BH/MG) tuca Pinheiro (BH/MG) violeta Penna (BH/MG).

    cOMiSSO De SeLeOAdriana Banana (BH/MG) diretora artstica do FIDCarla Lobo (BH/MG) diretora executiva do FIDLynda Gaudreau (Canad) coregrafa Rosa Hrcoles (SP/SP) dramaturgista em dana, coordenadora e professora do Curso de Comunicao das Artes do Corpo PUC-SP, doutora em Comunicao e Semitica pela PUC-SP

    Tuca Pinheiro (BH/MG) coregrafo, danarino e coordenador do ZAT 8

    21 A 30 ouT . 14h S 19h eSpAo funArTe MG e eM diverSoS loCAiS pbliCoS

  • Depois de estimular a criao na cidade de Belo horizonte, o FID entendeu que poderia ampliar o seu papel. Criou, em 2005, um novo brao de ao para viabilizar o acesso, a incluso e a troca com reas desatendidas, sem equipamentos de cultura ou acesso agenda de programaes culturais. A estratgia adotada foi a de promover a circulao de apresentaes, oficinas e mostras de vdeo por territrios urbanos da regio metropolitana, envolvendo principalmente companhias e profissionais de Belo horizonte.

    Bairros j atendidos: So Bernardo, Alto vera Cruz, Pedreira, Parque Ecolgico da Pampulha, Barreiro, Barragem Santa Lcia, venda Nova, Salgado Filho, urucuia, vila Ftima, So Geraldo, Jardim Guanabara, vila Santa Rita e zilah Spsito. Municpios vizinhos de Bh: Nova Lima, Sabar, Ribeiro das Neves, Brumadinho e Betim.

    Em 2009, o FID Circulando Grande Bh e MINAS ampliou ainda mais seu raio de ao, indo para a cidade de viosa, na Zona da Mata.

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    O grupo Terceira Dana coloca o espectador diante daquilo que culturalmente buscamos evitar olhar: o envelhecimento do corpo. Pessoas que resolveram enveredar pelos caminhos da pesquisa do movimento a que se prope a dana contempornea respiram fundo, levantam e adentram o espao cnico. Com toda a coragem que esse ato exige, eles danam, cantam, contam histrias, e at suas intimidades so, aos poucos, reveladas.

    Assim como h infinitos nmeros possveis entre o zero e o um, cada corpo, impregnado de histria, apresenta um infinito de possibilidades de movimento dentro do seu universo particular. O trabalho com o corpo, desenvolvendo a criatividade, expande as possibilidades, no s de movimento, mas de existir no mundo.

    A pesquisa revela particularidades de cada um dos quatorze in-tegrantes: prazer em estar no palco, descoberta de movimentos, interaes, angstias, lembranas, timidez, sensualidade... ins-tigante se deparar com a verso da vovozinha nas histrias de

    criana, com o tabu do sexo na terceira idade ou com o simples caminhar de muitas pessoas ocupando o espao.

    Vale aqui ressaltar o processo que acontece fora do palco da luta de continuar existindo, a busca por auto-organizao e autonomia do grupo. Essa postura de total coerncia com o que se v no palco: a desestabilizao de conceitos prede-terminado de um corpo preparado para a dana, o aprofundamento de questes relacionadas ao indivduo e suas relaes com o grupo.

    O trabalho tem seus momentos divertidos e seus momentos emocionantes. Mas o que fica a lio de que sempre tempo; enquanto h movimento, h possibilida-de de danar; enquanto h vida, h possibilidade de novas descobertas, de trilhar novos caminhos. O grupo Terceira Dana coloca o espectador diante da finitude da vida e da coragem de a qualquer tempo se reinventar, redescobrir, ampliar as pers-pectivas, ocupar novos espaos e fazer novas relaes.

    Juliana polo (Rio de Janeiro/RJ) Pesquisadora em Dana. Coordenadora da Faculdade Angel Vianna (RJ).

    Dana, criao e contemporaneidades - em processo! (2010)CiA TerCeirA dAnA BELO HORIZONTE | MG

    Coproduo fid 2010

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    DANA, CRIAO E CONTEMPORANEiDADES EM PROCESSO! 21 SeT . 19h CenTro CulTurAl AlTo verA Cruz24 SeT . 19h30 CenTro CulTurAl SAlGAdo filho29 SeT . 19h CenTro CulTurAl zilAh SpSiTo

    Coordenao Geral MARCELLE LOUZADA Criao CoreoGrFiCa ColetivaPreParao CorPoral FBIO DORNAS, kARINA COLLAO E MARCELLE LOUZADA trilHa Sonora PHILIPPE LOBO E WILSON SOUZA bailarinoS CONCEIO, GERALDA, JOS, LUCI, MADALENA, MARIA DE LOURDES, NO, ROSLIA, SANDRA, TEREZA E ZILMA.CoProduo FID 2010

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    fiDotecaPor lidar com uma arte basicamente existente em apresentaes ao vivo, o FID percebeu o potencial educacional de seu acervo em um pas marcado pela injusta distribuio de informao como o nosso. Para colaborar com o processo de educa-o em dana, a partir de 2007, o FID passou a disponibilizar um dos mais ricos acervos do pas, que permanece carente da preciosa informao sobre os espetculos apresentados em todas as edies do FID. Esse material se destina pes-quisa e estimula a produo de conhecimento e estar disponibilizado gratuitamente.

    26 A 30 ouT . 14h S 18h oi fuTuro

    fiD SO paulO

    autobiografias #1lyndA GAudreAu MONTREAL | CANAD

    A srie de autobiografias, iniciada agora, objetiva ampliar o con-tato entre artistas e pblico, sobretudo o universitrio. Entendendo a dana e as artes como produo de conhecimento, um artista convidado a apresentar seu trabalho focado em sua pesquisa artstica. Esta ao reinaugura as atividades do FID em So Paulo, depois que a programao de sua primeira edio, em 1996, ocor-reu concomitantemente com Belo Horizonte.

    A primeira convidada Lynda Gaudreau que j participou do FID, em 2000 e 2002, apresentando Document #1 e Document #3, coreografias da srie Encyclopoedia, e com uma oficina da sua

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    PerFormer MArie-pier bAzineT arteS viSuaiS Por AlexAndre dAvid

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    prtica. particularmente especial que a srie de autobiografias se inicie com ela, pois o FID reconhece nela uma coresponsvel pelos resultados obtidos em seus 15 anos, sobretudo por ter formado todo um ambiente que j entende que a dana conhecimento e que para todo mundo.

    Lynda Gaudreau curadora, pesquisadora e diretora da Cie De Brune. Sua arte abriga dana, artes visuais, arte sonora, filosofia, literatura, cinema e arquitetura. Geralmente cria seus trabalhos em sries como os quatro Documents da srie Encyclopoedia e a srie Out com Space Out, Black Out, Out of the Blue e Out of Grace.

    Para mais informaes sobre seu trabalho, v a pgina 45 do ZAT Corpo Alucinado e tambm visite http://www.lyndagaudreau.com

    Apoio

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    mediao

    AdriAnA bAnAnA (diretora artstica do FID e do Clube Ur=H0r)

    roSA herColeS (dramaturgista em Dana, Coordenadora e Professora do Curso de Comunicao das Artes do Corpo PUC-SP)

    20 ouT . 20h TeATro TuCA TeATro dA puC/Sp (So pAulo/Sp) | SAlA pAulo freire

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    linHa DO tempO FiD 15 anOS

    Nascimento do FID, sob a denominao de Festival Internacional de Dana. O projeto foi criado com o compromisso de trabalhar pela difuso, reflexo e formao de novos pblicos e criadores no campo da dana contempornea. Neste ano, o Frum foi realizado em Belo Horizonte e tambm em So Paulo. Na programao, oficinas, mostra de vdeos, exposio de artes visuais e os grupos CandoCo Dance Company (Inglaterra), En-knap (Eslovnia), Mehmet Sander Dance Company (EUA), Cia de Dana Burra (BH), Sasha Waltz & Guests (Alemanha), Tanz Hotel (ustria), Benoit Lachambre (Canad) e Chameckilerner Cia. de Dana (Curitiba/PR).

    No ano do centenrio de Belo Horizonte, o FID trouxe uma programao ambiciosa. Entre os destaques dessa edio o Fid + teve o objetivo de difundir artistas radicais de outras reas, como a cantora e instrumentista Diamanda Gals. Ainda dentro desse programa, o FID lanou o livro Corpo a corpo de Antnio Pinto Ribeiro (Portugal), realizou oficinas e diversas palestras. J as companhias que participaram foram Vera Sala (SP), Lia Rodrigues Companhia de Danas (RJ), Musicanoar/Helena Bastos (SP), Mrcia Milhazes Dana Contempornea (RJ), Vincent Dunnoyer/

    Rosas (Blgica), Less Ballets C. de La B./Hans Vans Den Broeck (Blgica) e Meg Stuart Damaged Goods & Gary Hill/ (EUA/Blgica).

    Surge o programa Fid territrio minas, a partir da identificao da necessidade de uma outra ao, ao lado do que viria a ser nomeado por Fid Conexo internacional, para, de fato, conseguir fomentar a dana em Minas Gerais. Diferenciando-se dele, investe na qualificao da produo mineira, amparando-a em todas as suas fases e no somente na apresentao de seus espetculos. Cinco obras tiveram a coproduo do FID em 1998: Um alarme para o silncio, concepo Joaquim Elias (BH); Palpa a carne sobre os ossos, grupo VIS (BH); Pessoa e o rio, solo de Tarcsio Ramos Homem (BH); Favela, Cia de Dana Bal de Rua (Uberlndia) e Lar doce lar, C. Wlapkclin.Dana (BH). A programao contou tambm com Dance Company Leine & Roebana (Holanda), Emio Greco (Itlia/Holanda) e Marcelo Evelin (Holanda/Brasil). Teve ainda oficinas e palestras/lanamento de livros: But, pensamento em evoluo, Christine Greiner (SP), e O Anjo da dana. Paola Rettore (BH).

    Entendendo a assimilao de conhecimento como um exerccio adaptativo do corpo, o FID 2000 comeou antes da realizao do evento, com o Caf Fid, um espao de reflexo e dilogo entre tericos de diversas reas e os artistas participantes desta edio. O evento promoveu tambm o seminrio prtico terico Aprendendo a pensar: o corpo em movimento com a proposta de uma abordagem interdisciplinar misturando prtica e teoria. Na apresentao das companhias, o FID 2000 contou com a Cie De Brune/Lynda Gaudreau (Canad), Gilles Jobim (Sua), La Ribot (Reino Unido), Par B. Leux/Benoit Lachambre (Canad), Cia. Nova Dana 4 (SP), Cia Municipal de Dana de Caxias do Sul (Caxias do Sul/RS) e Cristian Duarte (SP). Pelo Territrio Minas, de Belo Horizonte: Marg Assis, Jambazat, Thembi Rosa, Centro de Criao Cnica e Tarcsio Ramos Homem, Vis e Cia Ser Qu?.

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    Como consequncia do amadurecimento do projeto, alterou sua denominao de Festival para Frum. Realizou ainda o seminrio prtico-terico O corpo no uma mercadoria com a participao de Jonathan Burrows/Jan Ritsema (Reino Unido/ Blgica), Alejandro Ahmed/Cena 11 (Florianpolis/SC), Vera Sala (SP), Dulce Aquino (BA), Norval Bartello (SP), Fabiana Dultra Britto (SP), Eduardo de Jesus (MG), Christine Greiner (SP) e Imaculada kangussu (MG).

    O programa Territrio Minas apoiou cinco projetos de Belo Horizonte atravs de bolsas de pesquisa, coprodues, oficinas interdisciplinares e intercmbio com grupos brasileiros: Jacqueline Gimenes + Thembi Rosa, Cludia Lobo, Gustavo Schettino + Conexes, Renata Rodrigues e Luciana Gontijo + Marg Assis. Tambm apresentou Jrme Bell (Frana) e Lynda Gaudreau/Cie De Brune (Canad).

    As atividades do FID passaram a ser realizadas de forma extensiva ao longo do ano. De agosto de 2002 a junho de 2003, o Programa Fid extenso brasil, um dos dois nicos vencedores do edital da Petrobras que teve mais de 650 projetos inscritos, disponibilizou uma programao exclusivamente brasileira: Grupo Cena 11 Cia de Dana (Florianpolis/SC), Vera Sala (SP), Verve Cia de Dana (Campo Mouro/PR), Alaya Arte Movimento Cia. de Dana (Braslia/DF), WLAP (SP), Cia OITO Nova Dana (SP), Marta Soares (SP), Grupo Musicanoar (SP), Marcia Milhazes Dana Contempornea (RJ). E, o Seminrio interdisciplinar Espao Tempo, foi publicado em forma de livro.

    O programa Territrio Minas apoiou Joana Carneiro (BH), Vanilton Lakka (Uberlndia/MG), Luciana Gontijo/Marg Assis + Idia de Dana (BH) e Mrcia Neves (BH).

    Depois de estimular a criao no campo da dana contempornea, o FID entendeu que poderia ampliar o seu papel. Dessa forma nasceu, em 2005, o FID Circulando Grande BH, um novo brao de ao para viabilizar o acesso, a incluso e a troca com reas desatendidas, sem equipamentos de cultura ou acesso

    agenda de programaes culturais. A estratgia adotada foi a de promover a circulao de apresentaes, oficinas e mostras de vdeo por territrios urbanos da regio metropolitana, envolvendo principalmente companhias e profissionais de Belo Horizonte. Ainda nessa edio, foi criado outro programa, o Fid editorial com o objetivo de ampliar a publicao e a divulgao de pesquisas relacionadas dana. Nessa edio, o FID apresentou Meia Ponta Cia de Dana (BH), Hibridus Cia, de Dana (Ipatinga/MG), Cia Mrio Nascimento (BH), Cia Cose? Teatro e Dana (Juiz de Fora/MG), Vanilton Lakka (Uberlndia/MG), Grupo TM5: Raquel Pires/Geozeli Camargos/Junia Pimenta/Llian Arajo/Vitria Cunha (BH), Wagner Schwartz (Uberlndia/MG), kim Itoh & The Glorious Future (Japo), Cena 11 (Florianpolis/SC), Ncleo Artrias (SP) e Hooman Sharif/Impure Company (Ir /Noruega)

    Frum Internacional de Dana comemora 10 anos. O FID 2006 contou com Thembi Rosa e Renata Ferreira (BH), Meia Ponta Cia de Dana (BH), Grupo Idia de Dana (BH), Hibridus (Ipatinga/MG), Andra Anhaia e Ester Frana (BH), Cia Mrio Nascimento (BH), UAI Q Dana (Uberlndia/MG), Tuca Pinheiro (BH), Mathilde Monnier (Frana), Cristian Duarte (SP).

    Como posicionamento curatorial SULREAL: Dana pra todo mundo, o FID 2007 apresentou: Tuca Pinheiro (BH), Camaleo Grupo de Dana (BH), Meia Ponta Cia de Dana (BH), Denise Stutz (RJ), Marise Dinis (BH), Movasse (BH), Raquel Pires (BH/Nova york), Branch Nebula (Austrlia), Luis Garay & Compnia de Danza (Argentina), E2 Cia Teatro e Dana (SP), Taldans (Turquia), Emanuelle Huynh (Frana), Cia Mrio Nascimento (BH), Club Fisk (Dinamarca), Boris Charmatz (Frana), Helder Vasconcelos (Recife/PE), Opiyo Okach (Qunia), Alex, Cris e Cris (BH), Ivan Sodr (BH) e Quik Cia de Dana (Nova Lima/MG). Alm, diversas conferncias interdisciplinares alm da participao do Congado mineiro com destaque para Guarda de Moambique e Congo Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosrio Os Ciracos. A partir de 2007, o FID passou a disponibilizar seu acervo audiovisual, um dos mais ricos acervos do pas, com a Fidoteca.

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    A partir desse ano, o Frum criou um espao dedicado especialmente para as crianas. O Fidinho nasceu da observao da crescente adeso do pblico infantil programao do Frum. Nesse ano: Maguy Marin (Frana), Edgardo Mercado (Argentina), Nelisiewe xaba (frica do Sul), kettly Nel (Mali/Haiti), Josie Cceres (Equador) + Federica Folco (Uruguai), Fauller (Cear), Tiago Guedes (Portugal), Carmen Jorge (Curitiba/PR), Helena Bastos (SP), Elisa Ohtake (SP), A.P.I (Japo), Luvyen Mederos (Cuba), Mrio Nascimento (BH), Companhia Meia Ponta (BH) e Marg Assis/Eugnio Paccelli Horta + Ana Gastelois (BH).

    FID se posiciona como etitude (tica ao). Na programao: UAI Q Dana (Brasil), Camaleo Grupo de Dana (Brasil), Raul Corra + Joana Wanner (Brasil), Luis Garay & Compaia (Argentina), Rafael Alvarez (Portugal), kaiowas Grupo de Dana (Florianpolis/SC), Marcelo Evelin (Teresina/PI), Rafael Alvarez (Portugal), Cie Giles Jobin (Suia), Alain Buffard (Frana), Andr Masseno (RJ), Marta Soares Cia. de Dana (SP) e Balangandana (SP).

    Em seu 14 ano, o FID conseguiu unir artistas com um lastro de atuao de 30, 40 anos. Cia de Trisha Brown (EUA) comemorando 40 anos, Louise Lecavalier/ Fou Glorieux (Canad), Lia Rodrigues Cia. De Danas (RJ) comemorando 20 anos, Meia Ponta Cia, de Dana (BH), Creuza (BH), Eduardo Fukushima (SP), Cia Suspensa (Nova Lima/MG), Cia Contenido Bruto (Argentina), Cie Raimund Hoghe (Alemanha) e Angel Vianna (RJ).

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    Parceiros

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    Oi CaBea fiDO COrpO naS mDiaS SOCiaiS CoM dAnielA KuTSChAT (Sp) e ColeTivo MovASSe (bh)

    A partir do projeto Mov Post do coletivo Movasse, a professora e artista plstica Daniela kutschat discutir experincias de corpo nas redes sociais. Apoiado pelo FID 2011, o projeto Mov Post prope a criao de uma rede de relaes sociais atravs de pequenos vdeos, utilizando o facebook. Aproximar a dana das pessoas, levando-as a perceber o quanto o movimento est presente em suas vidas, produzir dana fora de seus espaos e formatos tradicionais, estimular processos criativos, colaborativos, por meios tecnolgicos e a prtica do faa voc mesmo so objetivos do projeto.

    daniela Kutschat (So Paulo/SP) artista plstica, doutora em artes pela ECA-USP e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo e do Centro Universitrio Senac. Desenvolve obras e instalaes que exploram relaes corpo-espao e tambm se dedica pesquisa de interfaces entre arte e design.

    Coletivo Movasse (BH/MG) formado por Carlos Aro, Andra Anhaia, Cibele Maia, Ester Frana e Fbio Dornas. O grupo se define por ser um trnsito livre de pessoas e ideias, participou dos FID 2006/2007/2009 com os espetculos: Curvas de um Quadrado e Um Passo a Mais.

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    Esse um retrato de Dominique Mercy, membro da companhia que ajudou a fundar com Pina Bausch, em 1973, o Tanztheater de Wuppertal. O filme um documento da trajetria desse danarino excepcional e retrata a histria do se