fichamentos, citações e referências bibliográficas

9
1 1 O que você não pode esquecer sobre fichamentos, citações e referências bibliográficas 1 Márcia Tavares e Magaly Nunes de Gois 2 Este texto tem como finalidade apontar algumas regras sobre como fazer fichamentos, citações e colocar referências bibliográficas corretamente em textos de trabalhos acadêmicos. Embora o tema não seja estranho aos alunos que cursaram Produção Acadêmica, sempre é bom lembrar as principais regras, de forma a possibilitar uma maior familiaridade com o manuseio de citações e referências, quais os macetes e cuidados que devem ser dispensados por quem está iniciando na arte da pesquisa. Antes de trabalharmos com fichamentos, citações e referências, lembremos que ao escrever um texto acadêmico, devemos levar em consideração algumas normas básicas, definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a exemplo de formato do papel, tipo e tamanho da letra (fonte), margem do papel, espaçamento entre linhas e sigla. Segundo a ABNT 3 , o texto deve ser digitado em papel branco, formato A4, na cor preta, utilizando as fontes Times New Roman e Arial, tamanho 16 para os títulos e 12 para o texto. O espaço entre linhas é duplo e a página deve apresentar a seguinte configuração: margens esquerda e superior – 3 cm, margens direita e inferior 2 cm. “Os títulos das subseções são separados dos textos que os precedem ou que os sucedem pos dois espaços duplos” 4 . Quanto a siglas, devemos apresentar seu nome completo, precedida desta em parêntese, a primeira vez que aparece no texto. Nas demais citações, aparecer sozinha. Fazer um fichamento não é tão complicado quanto pode parecer, mas é preciso ler atentamente o texto escolhido, a fim de que as idéias que o autor expõe não sejam interpretadas de forma equivocada. Em outras palavras, as informações devem ser registradas nas fichas (são aquelas que os professores usam em sala de aula, mas se você preferir, pode fazer o fichamento no computador ou em cadernos escolares, pois há menos riscos de serem extraviadas) com cuidado e exatidão. Existem diferentes tipos de citação, mas aqui destacarei apenas as que são mais utilizadas pelos pesquisadores sociais: Fichas de Citação, de Resumo ou Informação Geral. 1 – Ficha de Citação Direta: reproduz entre aspas as palavras ou trechos do texto considerados importantes para a discussão sobre o objeto da pesquisa. Antes de qualquer coisa, coloque a referência bibliográfica do texto que será fichado. Em seguida, copie exatamente o que está escrito no texto lido e coloque entre aspas. Mas, isso não é tudo, ao final do registro ponha entre parênteses a página correspondente ao livro, para que qualquer pessoa possa localizá-la, caso necessite. Exemplo: TAVARES, Márcia Santana. “Pelas Lentes do Amor”: um estudo sobre o cotidiano amoroso de camadas médias urbanas. Aracaju: Remar, 2002. 1 Texto elaborado para a disciplina Iniciação à Pesquisa, em 17.04.2007 e revisto para a disciplina Seminários de Pesquisa em Serviço Social, em 22.09.07. 2 Professoras da Universidade Tiradentes, Curso de Serviço Social 3 NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 24 p. 4 ABREU, Hortência Gonçalves de. Manual de monografia, dissertação e tese. São Paulo: AVERCAMP, 2004.

Upload: aende-lima

Post on 20-Oct-2015

118 views

Category:

Documents


8 download

TRANSCRIPT

Page 1: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

1

1

O que você não pode esquecer sobre fichamentos, citações e referências

bibliográficas1

Márcia Tavares e Magaly Nunes de Gois2

Este texto tem como finalidade apontar algumas regras sobre como fazer

fichamentos, citações e colocar referências bibliográficas corretamente em textos de trabalhos acadêmicos. Embora o tema não seja estranho aos alunos que cursaram Produção Acadêmica, sempre é bom lembrar as principais regras, de forma a possibilitar uma maior familiaridade com o manuseio de citações e referências, quais os macetes e cuidados que devem ser dispensados por quem está iniciando na arte da pesquisa.

Antes de trabalharmos com fichamentos, citações e referências, lembremos que ao escrever um texto acadêmico, devemos levar em consideração algumas normas básicas, definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a exemplo de formato do papel, tipo e tamanho da letra (fonte), margem do papel, espaçamento entre linhas e sigla. Segundo a ABNT3, o texto deve ser digitado em papel branco, formato A4, na cor preta, utilizando as fontes Times New Roman e Arial, tamanho 16 para os títulos e 12 para o texto. O espaço entre linhas é duplo e a página deve apresentar a seguinte configuração: margens esquerda e superior – 3 cm, margens direita e inferior 2 cm. “Os títulos das subseções são separados dos textos que os precedem ou que os sucedem pos dois espaços duplos” 4. Quanto a siglas, devemos apresentar seu nome completo, precedida desta em parêntese, a primeira vez que aparece no texto. Nas demais citações, aparecer sozinha.

Fazer um fichamento não é tão complicado quanto pode parecer, mas é preciso ler atentamente o texto escolhido, a fim de que as idéias que o autor expõe não sejam interpretadas de forma equivocada. Em outras palavras, as informações devem ser registradas nas fichas (são aquelas que os professores usam em sala de aula, mas se você preferir, pode fazer o fichamento no computador ou em cadernos escolares, pois há menos riscos de serem extraviadas) com cuidado e exatidão. Existem diferentes tipos de citação, mas aqui destacarei apenas as que são mais utilizadas pelos pesquisadores sociais: Fichas de Citação, de Resumo ou Informação Geral.

1 – Ficha de Citação Direta: reproduz entre aspas as palavras ou trechos do

texto considerados importantes para a discussão sobre o objeto da pesquisa. Antes de qualquer coisa, coloque a referência bibliográfica do texto que será fichado. Em seguida, copie exatamente o que está escrito no texto lido e coloque entre aspas. Mas, isso não é tudo, ao final do registro ponha entre parênteses a página correspondente ao livro, para que qualquer pessoa possa localizá-la, caso necessite. Exemplo:

TAVARES, Márcia Santana. “Pelas Lentes do Amor”: um estudo sobre o cotidiano amoroso de camadas médias urbanas. Aracaju: Remar, 2002.

1 Texto elaborado para a disciplina Iniciação à Pesquisa, em 17.04.2007 e revisto para a disciplina Seminários de Pesquisa em Serviço Social, em 22.09.07. 2 Professoras da Universidade Tiradentes, Curso de Serviço Social 3 NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 24 p. 4 ABREU, Hortência Gonçalves de. Manual de monografia, dissertação e tese. São Paulo: AVERCAMP, 2004.

Page 2: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

2

2

“Em nossa cultura ocidental, principalmente para a mulher, o ethos do amor romântico se torna impeditivo à felicidade, visto que tem como seu determinante a experimentação de um grande amor. Dessa forma, ficcionaliza-se o sentimento amoroso, projetando-se num outro uma imagem idealizada, dispersa do real o que ocasiona frustrações” (TAVARES, 2002, p. 192).

2 – Você pode também optar por uma Ficha de Citação Indireta, na qual

interpreta o pensamento do autor, isto é, coloca o argumento dele com suas próprias palavras. Caso prefira utilizar a referência de forma indireta, lembre de colocar no seu texto, entre parênteses, o sobrenome do autor e ano da publicação. Exemplo:

TAVARES, Márcia Santana. “Pelas Lentes do Amor”: um estudo sobre o cotidiano amoroso de camadas médias urbanas. Aracaju: Remar, 2002. Na cultura ocidental, o ideal do amor romântico coloca como condição para a

felicidade da mulher a experimentação de um grande amor. Assim, a mulher costuma fantasiar o sentimento amoroso, constrói uma imagem idealizada do parceiro, o que termina gerando frustrações (TAVARES, 2002).

3 – Ficha de Resumo: sintetiza de forma clara e concisa as principais idéias

apresentadas no texto ou resume os aspectos mais importantes. Exemplo: TAVARES, Márcia Santana. “Pelas Lentes do Amor”: um estudo sobre o cotidiano amoroso de camadas médias urbanas. Aracaju: Remar, 2002. A autora busca refletir sobre os discursos e vivências amorosas de homens e

mulheres pertencentes às camadas médias de Aracaju-SE, a partir de um recorte de gênero, mais especificamente, demonstrar como homens e mulheres pensam, sentem, falam sobre e vivem o amor de forma distinta.

4 – Ficha de Informação Geral: aborda de forma genérica, ampla, o conteúdo

trabalhado no livro. Exemplo: TAVARES, Márcia Santana. “Pelas Lentes do Amor”: um estudo sobre o cotidiano amoroso de camadas médias urbanas. Aracaju: Remar, 2002. A obra é resultado de uma pesquisa visando a elaboração de dissertação de

Mestrado em Sociologia, na Universidade Federal de Sergipe. A autora percorre a literatura, de forma a ilustrar o processo de construção do que convencionamos chamar de amor, desde a Grécia Antiga aos dias atuais. Em seguida, baseada em depoimentos de homens e mulheres aracajuanos oriundos das camadas médias urbanas, mapeia a geografia amorosa da cidade, bem como destaca em seus discursos e vivências os construtos elaborados sobre casamento, infidelidade, papéis masculinos e femininos, modelos internalizados sobre o amor e afinidades eletivas, de forma a compor um quadro comparativo de mudanças e continuidades no tocante aos discursos e vivências amorosas de homens e mulheres. É uma pesquisa de caráter sócio-antropológico e se destina aos interessados em estudos sobre sociologia, ciências sociais, antropologia e áreas afins, mais especificamente, aqueles curiosos em conhecer as mudanças ocorridas nas relações sociais contemporâneas, em meio à permanência de padrões de

Page 3: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

3

3

comportamento e modelos identitários tradicionais. A obra foi editada pela Remar, Aracaju, em 2002.

Algumas regras de Referências Bibliográficas:

Agora que você já reviu os principais modelos de fichamento, vamos rememorar

as regras básicas para que possam adicionar corretamente as referências bilbliográficas em seus trabalhos acadêmicos. Antes disso, vale lembrar que referência bibliográfica é diferente de bibliografia, enquanto a primeira diz respeito a referências de autores, documentos, filmes presentes no seu texto, a bibliografia reúne todos os livros e documentos lidos, inclusive aqueles que não foram citados no corpo do texto. Contudo, atualmente os pesquisadores têm privilegiado o uso das referências. Vamos então às ocorrências mais comuns:

1 – Autor Pessoal: o criador de um livro, documento ou obra de arte. Um autor pessoal: TAVARES, Márcia Santana. “Pelas Lentes do Amor”: um estudo sobre o cotidiano amoroso de camadas médias urbanas. Aracaju: Remar, 2002. Dois autores pessoais: VON ATZINGEN, Maria Cristina; COSTA, Helena Perim. Caçando príncipes & engolindo sapos. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. Obs: Somente não se faz referência à primeira edição do trabalho. Três autores pessoais: LIMA, W. R.; ALVES, D. de B.; DALTRO, A. S. T. Violência contra a mulher na cidade de Aracaju – Sergipe. In: FERREIRA, M.; ÁLVARES, M. L. M.; SANTOS, E. F. dos (orgs.). Os saberes e os poderes das mulheres: a construção do gênero. – São Luís: EDUFMA/Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas Mulher, Cidadania e Relações de Gênero; Salvador: REDOR, 2001, pp.: 349 – 366. Obs: Observe que a referência no texto de três autoras tem o nome delas abreviado e que o trabalho está inserido em um livro organizado por outros autores, daí porque devemos usar o termo in para destacar o fato. Além disso, o negrito deve ser colocado no título do livro e não no do artigo. Você deve ter notado também que o livro tem duas editoras em cidades diferentes, que não podem deixar de ser citadas. Outra novidade é que no caso dos artigos, indicamos as páginas de início e fim na referência. Mais de três autores pessoais: CARDOSO, S. et al. Os Sentidos da Paixão. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

Page 4: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

4

4

Obs: O termo et al é sempre utilizado quando a obra tem mais de três autores. Caso a menção do nome de todos os autores seja imprescindível para certificar a autoria do trabalho, pode-se indicá-los. Autor Entidade: Quando a autoria é creditada a uma entidade, instituição, empresa ou evento, sem destacar um autor pessoal, coloca-se o nome da entidade por extenso na entrada. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 2 – Referenciação de Monografia: VASCONCELOS, Vânia Nara Pereira. Evas e Marias em Serrolândia: práticas e representações sobre as mulheres em uma cidade do interior (1960 – 1990). 2006. 221 f. Dissertação de Mestrado em História. – Universidade Federal da Bahia, Salvador. 3 – Referenciação de Matéria de Jornal: VAZ, ANDRÉA. Círculo de Sangue: Cresce número de mortes ligadas ao tráfico de drogas no interior de SE. CINFORM. Aracaju, 16 a 22 de abr. 2007. Cidade/Municípios, ed.1253, n. 520, p. 9.

Obs: Se o artigo não tiver um autor pessoal, ou seja, a matéria não for assinada, usa-se o título na frente. E se o acesso à matéria em questão foi por meio eletrônico, deve-se acrescentar o endereço e data de acesso. Por exemplo:

ROBERTS, Sam. 51% of Women Are Now Living Without Spouse. The New

York Times, New York, 16 de jan. 2007. Disponível em: < http://www.nytimes.com/2007/01/16/us/16census.html?ei=5094&en=47985bda8ea9f048&hp=&ex=1169010000&partner=homepage&pagewanted=print> Acesso em: 16 de jan. de 2007.

Caso a referência tenha sido extraída de uma home page e você não pretenda

citar uma matéria em especial, inicie com o nome da entidade a que a página está vinculada ou assunto geral da página. Por exemplo:

EDUCAÇÃO. http://www.cortezeditora.com.br

4 – Trabalho contido em Anais ou Programas e resumos de evento: TAVARES, Márcia. Com açúcar e sem afeto: um esboço da trajetória de vida amorosa de mulheres das classes populares em Aracaju – SE. In: Encontro de História Oral do Nordeste: Espaço, Memória e Narrativa, 4., 2003, Campina Grande. Programas e Resumos. Campina Grande: UFCG, 2003, p. 142. TAVARES, Márcia Santana ; PEREIRA, Jesana Batista; OLIM, Maura Santos de. “Gostaria de ser livre como as flores e plantas, pois são livres para viver sem medo de errar”. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero: Gênero e

Page 5: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

5

5

Preconceito, 7., 2006, Florianópolis. Anais Eletrônicos .... Florianópolis: UFSC – UDESC, 2006, ISBN 86-501-58-1. 5 – Filme Longa Metragem em DVD: BLADE Runner. Direção: Ridley Scott. Produção: Michel Deeley. Intérpretes: Harrison Ford; Rutger Hauer; Sean Young; Edward James Olmos e outros. Roteiro: Hampton Fancher e David People. Música: Vangelis; Los Angelis: Warner Brothers, c1991. 1 DVD (117 min), widescreen, color. Produzido por Warner Vídeo Home. Baseado na novella “Do androids dream of electric sheep?” de Philip K. Dick. 6 – Faixa de CD ANTUNES, Arnaldo; BROWN, Carlinhos. Lua Vermelha. Intérprete: Arnaldo Antunes. In: Arnaldo Antunes. Qualquer. [S.I.]: Biscoito Fino, p. 2006. 1 CD (ca. 60 min). Faixa 10. 7 – E-mail: SANTOS, S. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 21 de abr. 2007. Certamente, poderíamos citar outras tantas regras para referenciação, tais como:

fotografias; long-plays; filmes em VHS, mapas entre outras. Contudo, preferimos destacar os modelos mais comuns em trabalhos acadêmicos, utilizando-nos de exemplos ilustrativos sobre a forma mais correta de citar esta ou aquela referência utilizada nos trabalhos acadêmicos, sejam artigos científicos, monografias e, ou relatórios técnicos. Por outro lado, não podemos deixar de destacar alguns termos que, tudo indica, têm deixado os alunos em dúvida.

Algumas regras de Citações:

Bem, já que revimos as principais modelos de fichamento e as regras básicas de colocar referências bilbliográficas, agora vamos estudar as formas de incluir citações em suas produções acadêmicos. A título de lembrete, citação é a “menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte”5. A introdução de uma citação serve para esclarecer ou sustentar o assunto apresentado, podendo localizar-se no corpo do texto ou em nota de rodapé 6e, apresentar-se de forma direta, indireta e dependente.

1 – Citação direta: transcrição literal de frase ou parágrafo de um texto, ou

parte dele, respeitando a forma da escrita do autor. 1.1 - Citação com até três linhas: deve ser incorporada no corpo do parágrafo,

aspeada (aspas duplas), com tipo e tamanho da fonte igual a do texto, indicando autor, ano da edição e página em que aparece no texto. Lembramos que há duas formas de

5 NBR 10520: informação e documentação – citações em documentos – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 7 p. 6 Idem, p.1

Page 6: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

6

6

fazer referência da citação: mencionando o autor no parágrafo e não mancionando no parágrafo.

Autor mencionado: Para Goldenberg (2004, p.78), “O iníco da pesquisa, depende da escolha do tema de estudo; da delimitação do problema; da definição do objeto a ser pesquisado e dos objetivos a serem atingidos; da construção do referencial teórico (...)” Autor não mencionado Todo trabalho de pesquisa “requer flexibilidade, capacidade de observação e de interação com os pesquisados”. (GOLDENBERG, 2004, p. 79). 1.2 – Citação com mais de três linhas: são introduzidas no corpo do trabalho

com recuo de 4 cm da margem esquerda, com fonte 10, espaço simples, sem aspas, indicando autor, ano da edição e página em que aparece no texto. Lembramos que, assim como a citação de até três linhas, há duas formas de fazer referência: mencionando o autor no parágrafo e não mencionando no parágrafo.

Autor mencionado: Segundo Goldenberg (2004, p.79),

um dos primeiros passos do pesquisador é o de definir alguns conceitos fundamentais para construir o quadro teórico da pesquisa. Toda construção teórica é um sistema cujos eixos são os conceitos, unidades de significação que definem a forma e o conteúdo de uma teoria. Categorias são os conceitos mais importantes dentro de uma teoria.

Autor não mencionado Construir uma pesquisa científica significa:

Aprender a pôr ordem nas próprias idéias. Não importa tanto o tema escolhido mas a experiência de trabalho de pesquisa. Trabalhando-se bem não existe tema que seja tolo ou pouco importante. A pesuisa deve ser entendida como uma ocasião única para fazer alguns exercícios que servirão por todo uma vida. O trabalho de pesquisa deve ser instigante, mesmo que o objeto não pareça ser tão interessante. O que o verdadeiro pesquisador busca é o jogo criativo de aprender como pensar e olhar cientifícamente. (GOLDENBERG, 2004, p. 68).

OBS: Quando a citação direta aparecer no rodapé, deve ser aspeada, independentemente do número de linhas, com indicação do autor, ano e página, após seu término e entre parênteses.

Page 7: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

7

7

2 – Citação indireta: constitui a interpretação das idéias de um ou mais autores, escrita pelo autor do texto ou do trabalho, mantendo o sentido original. Por não ser uma transcrição literal não necessita de aspas e é opcional a identifição das páginas originais. Frisamos que como a citação direta, há duas formas de fazer referência: mencionando o autor no parágrafo e não o mencionando no parágrafo.

Autor mencionado: Na visão de Goldenberg (2004), o primeiro passo da pesquisa é a definição do tema de estudo, visto que a partir do mesmo delimita-se o problema, defini-se o objeto e ser pesquisado e os objetivos a serm alcnçados e constroí-se o referencial teórico. Autor não mencionado A flexibilidade, a capacidade de observação e a interação com os sujeitos são requisitos para todo e qualquer trabalho de pesquisa. (GOLDENBERG, 2004). 3 – Citação dependente: transcrição de trechos de livros e documentos aos

quais não teve acesso. O conhecimento se deu por meio de outros trabalhos. Ressalta-se que quando da utilização deste tipo de citação, deve-se observar as regras da citação direta (citação com até três linhas e com mais de três linhas) e que também há duas formas de fazer referência: mencionando o autor no parágrafo e não o mencionando no parágrafo. Lembramos que é neste tipo de citação que usamos a expressão Apud, também objeto de estudo do presente texto.

4 - Nota de Rodapé: são “indicações, observações ou aditamento ao texto feitas

pelo autor, tradutor ou editor (...)”7. A inclusão de nota de rodapé serve para explicar, comentar, esclarecer, sugerir leituras complementares, no caso das notas explicativas ou de conteúdo e, indicar as fontes consultadas e mencioanadas no texto, quando trata-se de notas de referências. As notas de rodapé devem ser incorporadas com fonte igual a do texto, porém com tamanho 10 e espaço simples entrelinhas.

As citações, sejam diretas, indiretas, dependentes ou de rodapé, servem para dar sustentação científica ao texto, além de explicitar os autores consultados. Lançar mão deste recurso metodológico é importante para o pesquisador, dando ao leitor maior credibilidade e segurança sobre as informações e conclusões apresentadas8.

Breve apresentação: Apud, Op. cit., Ibid, seus apêndices e anexos. Afinal, o que são esses tais de apud e op. cit.? Qual a diferença entre apêndice e

anexo? É o que tentaremos responder agora: 1 – Tanto o termo apud, quanto ibid., id. e apud são expressões latinas usadas

em monografias, artigos científicos e teses com o intuito de abreviar citações sucessivas de uma obra já citada anteriormente.

Apud – significa citado por, conforme, segundo. Ex:

7 Idem, p. 3 8 GONÇALVES, Hortência Abreu. Manual deMonografia, dissertação e tese. São Paulo: Avercamp, 2004.

Page 8: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

8

8

Segundo Trigo (1989 apud TAVARES, 2002, p. 43) nas primeiras décadas do

século XX a estrutura patriarcal será substituída por uma nova ordem sócio-econômica, alicerçada em uma ideologia de caráter individualista.

Ou então: Nas primeiras décadas do século XX a estrutura patriarcal será substituída por

uma nova ordem sócio-econômica, alicerçada em uma ideologia de caráter individualista (TRIGO, 1989 apud TAVARES, 2002, p. 43).

Obs: Observe que a obra consultada é aquela cujo autor é citado por último.

Assim, você leu a obra de Tavares, que cita Trigo, e não o contrário. 1 – Idem ou ibid. – na mesma obra. Ex: a) TAVARES, 2002, p. 57. b) Ibid., p. 102. 2 – Idem ou id. – do mesmo autor. Ex: c) D’INCAO, 1989, p. 86. d) Id., 1989, p. 100 – 104. Obs: Nesses casos, observe que a obra ou autor é citado no texto, logo em

seguida. Caso isso não aconteça ou você vá citá-lo muitas páginas adiante, substitui-se pelo termo op. cit.

3 – Op. cit. – obra citada. Ex: e) GOLDENBERG, 1992, p. 92. f) BASSANEZI, 1996, p. 297 – 298. g) GOLDENBERG, op. cit., p. 12. Obs: Usar o termo op. cit. somente quando a citação a que se refere estiver na

mesma página ou folha. Caso contrário, mantenha ibid. Você acabou de rever algumas das expressões latinas e modelos de

referenciação mais utilizados em trabalhos acadêmicos, mas lembre que não são os únicos. Este pequeno texto teve a intenção de deixá-la (o) mais segura (o) para usar as referências e citações em seus fichamentos, projetos de pesquisa, relatórios e, ou artigos científicos. Contudo, sempre que tiver alguma dúvida, não deixe de consultar a Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT ou o Manual de Monografia da sua universidade, pois se você não sabe, as normas sofrem pequenas alterações de uma universidade para outra.

Finalmente, gostaríamos de alertá-las (os) acerca de uma situação cada vez mais corriqueira no meio acadêmico – a cópia de trabalhos científicos –. Isto, é claro, não acontece apenas com os discentes. Recentemente, líamos um artigo de uma renomada historiadora brasileira, quando encontramos uma passagem que nos pareceu familiar e, intrigadas, ficamos remoendo as palavras, até que algum tempo depois, lembramos do

Page 9: Fichamentos, citações e referências bibliográficas

9

9

livro de um historiador inglês, também famoso e, para nosso desapontamento, lá estava o texto original. Como poderíamos classificar a atitude daquela historiadora?

A resposta certa é: Ela cometeu um plágio, pois se apropriou das idéias de alguém, dando a falsa impressão de que essas idéias eram de sua autoria, uma vez que sequer fez referência ao autor. Ela não copiou apenas suas palavras, mas sim, cometeu uma fraude, quando se apossou de algo que não criou, isto é, a produção intelectual de alguém. Por essa razão, fiquem alertas, não copiem nem deixem ninguém copiar os trabalhos de vocês. Não façam como o Zé Moleza. Todo cuidado é pouco, sigam o nosso conselho e, sempre que utilizarem um comentário de outro autor, coloquem entre aspas, não procurem imitá-lo (mudar o tempo do verbo, uma palavra ou outra), façam sua própria interpretação do texto, sem esquecerem-se de fazer referências às fontes. Ao creditarem a autoria do seu trabalho e dos demais autores, vocês estarão contribuindo para eliminar a pirataria.

Além disso, nunca esqueçam que, se as regras, normas podem ser repetidas, copiadas, decoradas, a curiosidade, empenho, criatividade e entrega à formulação das idéias e construção das palavras pode tornar o seu texto único, na medida em que ele expressa o seu pensamento. Finalmente, podem se valer da razão, mas não menosprezem a emoção, o olhar atento sobre a realidade social que desperta o seu interesse por este ou aquele tema de pesquisa. Não desista dele facilmente, mesmo que encontrem alguns cépticos que queiram dissuadi-los, não deixem que subestimem sua capacidade, explorem e (re) conheçam suas possibilidades. Agora é a vez de vocês produzirem conhecimento. Boa Sorte!