fichamento da tese de igor fuser (2011)

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FUSER, 2011 Resumo: Gasoduto Brasil-Bolívia: abastece metade do gás consumido no Brasil e tem extensão de 3150 km Fuser defende que em 2006 houve “nacionalização sem expropriação” no caso boliviano. Contradições da política externa brasileira, solidariedade e expensão das empresas brasileiras - “proteção dos investimentos externos” - o resultado dessa, é tornar mais difícil a integração energética sul-americana --- Introdução A abordagem pela teoria da “interdependência” no caso do Brasil e da Bolívia, com relação ao Gás, é “irresistível” para Fuser (2011: 13) no entanto é ao mesmo tempo limitada, pois desconsidera as assimetrias que envolvem essa relação. Segundo informações desse mesmo autor o FMI e o Banco Muncial subordinaram a Bolívia (e também o Brasil) no período da entrada da Petrobras no governo Lozsada, na Bolívia, e de FHC no Brasil. O autro faz crítica ao que chama de “brasil-centrismo”, conceito decorrente do “euro-centrismo”, a partir do qual entende-se que os autores hegemônicos constroem uma “visão de mundo”, um juízo de valor, de que “o outro' se situa em estágio de desenvolvimento inferior (p. 14) A política externa brasileira baseada na “diplomacia da generosidade”, da superação das desigualdades não constitui uma linha predominante (p. 16) Reação brasileira à política de “nacionalização de recursos” (2003 à 2007) foi mais de hostilidade que de simpatia (p. 16) Guerra do gás- outubro de 2003 – depõem Lozada; 2006 – Decreto da Nacionalização – Evo Morales – Dilma, então Ministra de Minas e Energia do Governo Lula, utiliza a assimetria de recursos para impor pressão à Bolívia, baseado no cancelamento da construção de Polo Gás-quimico na fronteira. (p. 16)

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Título da tese fichada: "Confiltos e contratos - A Petrobras o nacionalismo boliviano e a interdependência do gás natural (2002-2010)"

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Page 1: Fichamento da Tese de Igor Fuser (2011)

FUSER, 2011

Resumo:Gasoduto Brasil-Bolívia: abastece metade do gás consumido no Brasil e tem extensão de 3150 km

Fuser defende que em 2006 houve “nacionalização sem expropriação” no caso boliviano.

Contradições da política externa brasileira, solidariedade e expensão das empresas brasileiras - “proteção dos investimentos externos” - o resultado dessa, é tornar mais difícil a integração energética sul-americana

---Introdução

A abordagem pela teoria da “interdependência” no caso do Brasil e da Bolívia, com relação ao Gás, é “irresistível” para Fuser (2011: 13) no entanto é ao mesmo tempo limitada, pois desconsidera as assimetrias que envolvem essa relação. Segundo informações desse mesmo autor o FMI e o Banco Muncial subordinaram a Bolívia (e também o Brasil) no período da entrada da Petrobras no governo Lozsada, na Bolívia, e de FHC no Brasil.

O autro faz crítica ao que chama de “brasil-centrismo”, conceito decorrente do “euro-centrismo”, a partir do qual entende-se que os autores hegemônicos constroem uma “visão de mundo”, um juízo de valor, de que “o outro' se situa em estágio de desenvolvimento inferior (p. 14)

A política externa brasileira baseada na “diplomacia da generosidade”, da superação das desigualdades não constitui uma linha predominante (p. 16)

Reação brasileira à política de “nacionalização de recursos” (2003 à 2007) foi mais de hostilidade que de simpatia (p. 16)

Guerra do gás- outubro de 2003 – depõem Lozada;2006 – Decreto da Nacionalização – Evo Morales – Dilma, então Ministra de Minas e Energia do Governo Lula, utiliza a assimetria de recursos para impor pressão à Bolívia, baseado no cancelamento da construção de Polo Gás-quimico na fronteira. (p. 16)

P. 16-17: Congresso aprova em 2005 novo marco regulatório dos hidrocarbonetos (Lei 3058). Carlos Mesa, então presidente, se recusa a aplicar a legislação e é deposto na 2ª Guerra do Gás.

Fuse anuncia que utilizará o suporte elaborada pela RI de Paradigmas de Estado (Amando Cervo) segundo o qual, há Estado Normal, Logístico, Desenvolvimentista (p. 17...) * Não diferencia Estado e Governo.

Bolívia, Venezuela e Equador nas políticas externas polêmicas brasileiras – p. 18

Anos 1990 a Petrobras passa a fazer investimentos na Bolívia, Argentina Equador, Venezuela, no maior projeto de cooperação energética existente. Esses investimentos ocorrem à luz do que convencionou-se chamar de “regionalismo aberto” (p. 18)

2000 – Emergem os governos progressistas e de centro esquerda na Am. do Sul.---Capítulo I p. 22

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Problemas na Ri ao abordar a economia política dos suprimentos mundiais de energia – p. 22 e 23.

Insuficiência da teoria da interdependência “unilateralidade” - pp. 23 à 25.

Krasner, 1978 – Investimentos dos EUA em energia no terceiro mundo – p. 24

GASBOL – período neoliberal, assimetrias sob o impulso dos países mais desenvolvidos, com FMI e Banco Mundial tutelando a partir de 1980 p. 25

Estudos pós-coloniais Slater (2004) – geógrafo – auxilia essa opção teórica; junto com Said (“Orientalismo”) a partir do qual elabora-se o conceito de Ocidentalismo (Coronil, 2005) e decorrente do conceito de eurocentrismo, elabora-se o conceito de Brasil-centrismo. Pp 28-32.

A partir das contribuições de CERVO, Fuser considera que o Brasil aderiria ao paradigma de Estado logístico (p. 33) a partir do segundo mandato de FHC e permaneceria com esse papel no governo Lula (p. 35). A forma do Estado logístico, para Fuser, é influenciada pela escola neoestruturalista da CEPAL, que passa a ter papel importante a partir de 1980. Os baluartes dessa escola podem ser encontrados em SUNKEL e RAMOS (1991).

Fuser (2011) sustenta essa concepção de que há uma adoção de paradigma de Estado, pela fala de Lula no Fórum Econômico de Davos, em 2005, em que faz apologia à multinacionalização das empresas nacionais (p. 38)

Utilizando Boron (2004), Fuser defende que o neoliberalismo fracassou no subcontinente, seja pelo desempenho econômico, seja pelas políticas sociais e democráticas (p. 39)

Brasil saiu na frente com Estado Logístico com relação aos demais países da Am. do Sul, que mantém, segundo Fuser, o paradigma de Estado Normal, que responderia aos impulsos externos, dos países do centro do capitalismo. p. 39

Identidade político e ideológica na Am. do Sul fez recuar a integração. p. 40

Das ideias liberais e nacionalistas no conflito sobre recursos energéticos – p. 42-46

* WAINTRAUD; HESTER; PRADO – 2009: Publicação norte-americana sobre energia e cooperação “Cooperação Energética nas Américas entraves e desafios”

* LOWY, 200 – Nacionalismo e marxismo

Diferenciação entre Royalties e Imposto de Renda p. 48

OPEP – 1960 – criado por iniciativa Venezuelana – p. 50

Bolívia – p. 51“Capitalismo andino” como teoria do vice-presidente Linera (2005) que sustenta a transição do país ao socialismo a partir do desenvolvimentismo – p. 51; no bojo da teoria há elementos de economia solidária – p. 52

p. 53 - Stefanoni, 2007- Receita do gás e do petróleo no governo Evo foram aplicaradas para o desenvolvimento e distribuição de renda;

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MAS – teoria do “novo desenvolvimentismo plebeu” – p. 53

Linera: Manutenção da disciplina fiscal (superávit) p. 54

Capt IIP. 55: Petrobrás contradição entre ser um braço do Estado e uma empresa de capital aberto.

Ações da Petrobras (p. 55)Preferenciais (que concedem direito de propriedade)Acionistas 61,4%; União 32%; BNDES 7,6%.OrdináriasUnião 55,7%; BNDES 1,9%.

2010 – operação financeira para União ampliar a presença na Petrobras;

Com 60 mil funcionários a Petrobras é a maior empresa brasileira, e em 2007 era a 12ª petroleira do mundo, segundo a revista Fortune.

A série de reformas na Petrobras, por ocasião da descoberta dos campos do pré-sal, que incluem o sistema de partilha e a obrigatoriedade de contratação de conteúdo nacional, colocado em prática no segundo mandato de Lula, deu à Petrobras o status de “agente indutor do desenvolvimento” (p. 55-56)

Em 2008, durante a crise, a Petrobras mantém os investimentos como parte da política anticíclica do governo federal, oque incluiu investir no Programa de Aceleração do Crescimento. P. 56

Ambígua lógica público-privada da Petrobras aparece também no plano internacional. IOC’s e NOC’s – as nacionais e as transnacionais do petróleo. P. 57

Petrobras:1953 – Monopólio estatal – Lei 2004/1953 – GV1973 - Choque do Petróleo -> Busca por autossuficiência, 90 % do petróleo consumido no BR era importado principalmente do Oriente Médio (p. 57). Ampliam as prospecções e em 1974 encontram os campos de Guaricema, Garoupa e Namarados.1972 – Braspetro – internacionalização para abastecimento (p. 58);

Petrobras define a estratégia de ser uma multinacional importante do setor, competindo com Exon e Shell. A definição dessa estratégia ocorre no Governo FHC, mas desde antes já expressava a sua projeção para garantia de abastecimento do mercado interno. Autores (MANSILLA, 2008....) identificam que, ainda que seja uma estatal, a política externa da petroleira é similar a de outras multinacionais, com exceção de quando contrapõem a política externa do Estado (p. 59-62). Parte dessa estratégia é a consolidação da presença da estatal em todos os países da América do Sul, com exceção da Guiana.

Já no Governo Lula, ao tomar posse Celso Amorim, renova a perspectiva de manter de pé o processo de internacionalização na região, por um lado, e ainda que por outro lado haja solidariedade entre os países. No sentido de que o progresso, com solidariedade geraria o bem-estar esperado para o subcontinente (p. 62).

Liberais e neodesenvolvimentistas disputam as políticas de integração (p. 63)

Burges (2009) – hegemonia – Gramisci para as RI; SAGGIORO GARCIA (2009) vê objetivos de

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dominação imperialista nas iniciativas do brasil no âmbito regional. (p. 64-65)

ALCA-MERCOSUL – e a ausência de consenso na elite (burguesia) brasileira p. 65 e 66, argumentos de SENNES (2010).

Fala de Lula defendendo a internacionalização das empresas brasileiras em 2005, em Davos – p. 66

Coutinho no BNDES – a internacionalização se torna uma política de Estado – p. 67

BNDES – em 1997 o banco cria uma linha de financiamento para obras de infraestrutura realizadas por empresas brasileiras na América do Sul; no 1º Governo Lula essa linha de financiamento cresce 26% chegando à 352 milhões de dólares por ano. Já no segundo mandato há um crescimento de 77%, chegando à 622 milhões de dólares por ano, em 2009 alcança o patamar recorde de 726 milhões de dólares. – p. 67

Expansão de manufatureiros para o subcontinente amplia presença na balança comercial – p. 67-68

p. 69 Integração energética: Pauta consensual. Dados reserva de Gás US Energy Information Administration (p. 70)

IDEIA – fazer paralelo da integração energética sulamericana com a europeia.

Projetos de integração ficam mais no plano das intenções – p. 70

Em 2007 a realização de uma cúpula energética da América do Sul define que a “energia é a pedra de toque para a integração” em 2008 criam a UNASUL, para abrigar a IIRSA, como instrumento político da integração. Na mesma cúpula (Cúpula de Margarita) as autoridade definem que a energia deve servir à distribuição de renda (p. 71), mas as divergências políticas a cerca do desenvolvimento econômico e social emperram a integração energética do continente – p. 71, 72

Panorama energético de América do Sul – p. 72-73

OLADE – Organização Latino Americana de Energia

Honty – a integração como “mero bareteamento dos custos para as grandes industrias” – p. 74

Paradigma dos problemas do petróleo ser controlado por entes privados fica claro na situação argentina (p. 76), com a privatização da YPF pelo governo Menen, em que a iniciativa privada ampliam as exportações, não ampliam os campos, e reduzem a vida útil daqueles vendidos.

Capítulo III – História da Bolívia

p. 80Potosí – Cerro Rico – prata Colônia XVI a XVIII – fim do ciclo da prata, decadência da região. Retratado por Galeano em “As veias abertas da América Latina”.XIX – Borracha e guano p. 81XX Estanho do altiplano para produção de latas, em 1909 respondia por 40% das exportações, em 1949 por 75%. Os impostos eram baixíssimos de 3 a 5 % na maior parte do período de extração. Por breves períodos chegou à 13%.

p. 81-82

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A produção de estanho era concentrada em três famílias: Patiño, Hothchild e Aramayo até 1952 (Andrade). Eram considerados os “barões do estanho”. As famílias ao produzir excedente transferiam para o exterior, e chegaram ao extremo de transferir a sede das empresas para a Europa. A decadência do setor chega em 1950. Esgotamento das reservas? Mudança do mineral para produção?

Almara PAZ 1969 * Bibliografia

P. 82 - O século XX é marcado para Bolívia como a ascensão dos hidrocarbonetos na balança comercia. Em 1921 a Standar Oil já explorava um poço na região do Chaco, na região de fronteira com a Argentina. Durante a guerra do Chaco (1932-35), entre Bolívia e Argentina, a empresa norte-americana exportou ilegalmente petróleo para os argentinos, desabastecendo o mercado interno e sabotando as forças armadas. Com o fim da guerra do Chaco as forças armadas bolivianas dão um golpe de estado e assumem, sustentada por ideais nacionalistas. No mesmo período ocorrem manifestações contra a permanência da empresa Standard Oil no país.

Já em 1936 (p. 83) o Cornel David Toro, presidente no período ditatorial, funda a empresa estatal Yacimentos Petrolíferos Fiscal de Bolívia (YPFB) – aos 21 de dezembro. Em 13 de março do ano seguinte (1937) estatiza a Standard Oil, e constrói a marca da primeira estatização da indústria petroleira - ainda que tenha pago 1,7 milhões de dólares de indenização para a empresa.

ORGÁZ E FERNÁNDEZ TERÁN – BUSCAR BIBLIOGRAFIAS!

1969 – estatização da Gulf Oil;

p. 83 – De 1937 à 1942 a YPFB extraiu mais barris que a Standar Oil havia extraído nos seus 15 anos de funcionamento.YPFB controlava todo o processo dos hidrocarbonetos, e em 1954 passa a produzir combustível para atender a demanda interna.

p. 84 – Em 1952, em novo processo revolucionário, ocorre a nacionalização da indústria do estanho e põem fim ao monopólio da YPFB.1955 – Presidente Victor Paz Estenssoro permite o retorno das petroleiras estrangeiras, a partir de relatório de assessoria norte americana contratada para produzir código do petróleo, que significou a desnacionalização do setor. Conhecido como Código Davenport, produzido pela consultora Shuster and Davenport, indicou que o petróleo boliviano fosse explorado por empresas estrangeiras em condições muito vantajosas, de pagamento de apenas 18% dos ganhos de operação. O código foi aprovado no congresso em 1956 sem nenhuma alteração.

Para ORGÁZ GARCÍA (2005) o Código Davenport significou o fim do ciclo da revolução de 1952, e mais que isso a tupackamrización da estatal YPFB, a partir da capitalização, na prática a privatização da empresa.

p. 85 Bancarrota boliviana, declínio das cotações do estanho, e aumento da inflação à históricos 900% ao ano, de 1954 à 1956 (MESA et al, 2001) explicam as medidas de reabertura do mercado.

Zuazo e Paz Estenssoro, presidentes no período do partido Movimiento Nacionalista Revolucionário, buscavam, em alguma medida a recuperação do país a partir da aplicação de um rigoroso pacote de ajustes concebido pelo FMI, com o apoio da embaixada estadunidense. Posto em prática pelo funcionário do FMI, George Jackson Eder, o Plano de Estabilização “instaurou o câmbio fixo do boliviano com relação ao dólar, o fim dos subsídios aos artigos de primeira necessidades, o fim do controle estatal do comércio exterior e o corte dos gastos e investimentos

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públicos – que afetou diretamente a YPFB” (FUSER, 2011, p. 85).

Já em 1952 a YPFB já era uma petroleira “razoavelmente bem-sucedidada” de acordo com o historiador George Philip (1985 apud FUSER, 2011, p. 85). Na primeira metade da década de 50 já havia construído oleodutos, ligando as principais cidades do país às regiões produtoras, na província de Tarija. Entre 1952 e 1956 a produção da YPFB havia aumentado 6 vezes, de 1441 barris à 8758.Havia ainda um projeto de mapeamento completo do potencial petrolífero do país, que foi interrompido com o corte dos investimentos.

Era a política do governo norte-americano Dwight Eisenhower a abertura dos territórios latino-americanos, para a exploração dos hidrocarbonetos por empresas norte americanas, para reduzir a dependência do Oriente Médio (FUSER, 2011, p. 86). O fazia a partir das promessas de ajuda financeira.

A ajuda à Bolívia, pela abertura do setor, foi evidente. Em 1955 a ajuda econômica dos EUA era de 12 milhões de dólares, no ano seguinte foi para 24 milhões, seguido por 32 milhões em 1961 até a cifra de 64 milhões de dólares em 1964 (FUSER, 2011, p. 86)

Entre 1957 e 1960 a ajuda econômica dos EUA ultrapassou a arrecadação bruta de impostos (PHILIP, 1985, p. 261 apud FUSER, 2011, p. 86).

No mesmo período o governo de La Paz rejeita os apelo dos sindicatos de trabalhadores e dos dirigentes da YPFB que pediam a recuperação da capacidade produtiva da estatal.

1960, 1961 – Gulf Oil descobre reservas importantes de petróleo e de gás nos departamentos de Tarija e Cochabamba (p. 87).

1964 – René Barrientos assume a presidência com golpe militar, dá à Gulf Oil a propriedade dessas reservas, utilizando a ambiguidade do Código Davenport que não deixava claro se o gás descoberto era de propriedade do Estado ou da empresa.

Em 1968 assinam o contrato de exportação para a Argentina e a Gulf Oel era a principal fornecedora. Gasoduto foi construído pela estadunidense William Brother.

Giulf Oil controlava 80% das reservas de petróleo e 90% das de gás. Expandiu as reservas 5 vezes mais que a YPFB.

1972 – Governo Banzer, o gás natural passou a ser exportado num fornecimento até 1999.

Reação dos setores nacionalistas levou a nacionalização da Gulf Oil em setembro de 1969, cinco meses após a morte de Barrientos. Alfredo Ovando Candia assume o poder liderando uma junta militar.Candia anula as legislações petroleiras entreguistas, afirmando que o Código Davenport “não foi escrito por bolivianos” e que atacava a independência do país (ROYULA CAMBONI, 1996)

Gulf Oil ofereceu acordo baseado no 50/50 – governo não concordou e nacionalizou em 17 de outubro de 1969 – “Dia da Dignidade Nacional”. Estado recupera 90% das reservas de gás natural.

p. 88 - Boicote ao petróleo boliviano rechaçando a nacionalização custou 14,4 milhões de dólares em receitas de exportação. Candia não pagou indenização pelas reservas, nem pelos investimentos, mas cedeu às pressões e pagou US$78 milhões pelos “equipamentos, imóveis e veículos” da empresa (FUSER, 2011, p. 88)

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Na década de 1970 a YPFB se beneficiou do aumento do preço do petróleo provocado pelo Choque de 73. Entre 71 e 78 foi a maior da história. 71 p 40 mil barris/dia em 73 pico de 48 mil barris/dia (MESA)

1972 – Ley general de Hidrocarburos – abriu o os recursos petrolíferos ao capital externo, preservando preocupações nacionalistas de 1967. 1º regulação do gás natural.Estabelece 50/50 e as empresas tornam-se sócias da YPFB. Contratos de 30 anos, empresas estadunidenses no setor: Tesoro e Occidental, exportavam gás para Argentina.

Apesar das expropriações, de 1937 da Standard Oil e de 1969, da Gulf Oil, nunca foi estabelecido o monopólio do petróleo ou do gás na Bolívia. Fato que permitiu que, durante o avanço “neoliberal” de 1985, não houvessem obstáculos para a reinserção das empresas estrangeiras na Bolívia (FUSER, 2011: 89). Segundo Fuser (2011:89) o não estabelecimento do monopólio estatal dos hidrocarbonetos distingue a Bolívia da linha geral dos processos de nacionalização, que tendem à entregar a empresa Estatal toda a exploração – como foi feito no México, no Brasil, Peru e Venezuela.“As medidas anunciadas pelo presidente Evo Morales em 1º de maio de 2006, que mudam as regras do jogo em preguízo das empresas estrangeiras mas admitem a sua permanência após uma revisão dos contratos, mostram-se, assim, coerentes com a tradição histórica do nacionalismo boliviano.” (FUSER, 2011: 89).O argumento de Fuser (2011) é que o nacionalismo de recursos na Bolívia têm um “alcance limitado”.

Os mesmos governantes que romperam os contratos com Standard e a Gulf fizeram questão de preservar os laços econômicos com os EUA (FUSER, 2011: 89). Nacionalistas mais moderados que radicais.

Capítulo IV

Complementaridade entre as economias brasileira e boliviana levaram às discussões em torno do Gasoduto. Que por diversas vezes chegou a ser acordado mas demorou a ser construído, deixando a imagem de uma “eterna sinfonia inacabada” (FUSER, 2011: 90)

Ainda que com ceticismo, quanto à concretização da construção do gasoduto, o acordo que viria a ser definitivo, foi assinado em 17 de fevereiro de 1993, pelos então presidentes Itamar Franco e Victor Paz Zamora, em Cochabamba (FUSER, 2011: 90).

O acordo foi possível pelo cumprimento de três requisitos que viabilizaram o projeto economicamente: “a) comprovação de que a Bolívia possuía reservar de gás suficientes para atingir níveis de produção compatíveis com a escala gigantesca da empreitada; b) mudança da matriz energética no lado brasileiro a fim de incorporar os suprimentos crescentes de gás importado do país vizinho; e c) um acordo para a construção de um gasoduto ligando as reservas no leste boliviano aos consumidores finais no sudeste brasileiro” (FUSER, 2011, p. 90-91 apud VIOTTI, 2000).

UTILIZAÇÕES DO GÁS NATURAL apud PINTO JR, 2007: industrial (calor), transportes (como combustível), energia elétrica (substituindo o óleo combustível, carvão e disel), petroquímica (substituindo nafta). (FUSER, 2011: 91)

Gás: fonte de energia que mais cresce; 20,5% da matriz energética mundial; crescimento anual de 2,6%; previsão de 30% da matriz mundial em 2020.

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Moutinho dos Santos (2007) gás natural representa a diversificação das matrizes energéticas. As vantagens da utilização do gás estão na possibilidade de utilização direta, dispensando estocagem no local consumidor ou tratamento, refino, na fonte, e também o baixo impacto ambiental se comparado a outras fontes fósseis. (FUSER, 2011: 91)

Entre as desvantagens, ou desafios para tornar compatível a utilização dessa fonte de energia, está os custos elevados para a construção da infraestrutura de transporte e distribuição, em que pese a distância, que no caso brasileiro-boliviano, pesa a distância entre a fonte e o mercado consumidor. Segundo FUSER (2011: 92) os custos da infraestrutura podem atingir de 50% à 70% do preço de venda ao consumidor, já os custos de manutenção e operação, relativamente baixos, representam 2%. Se comparada a uma usina hidrelétrica, o tempo pra construção é outra vantagem. Mas para amortizar o alto custo dos investimentos é necessário que as reservas sejam significativas e dure tempo suficiente para compensar a construção do gasoduto. (FUSER, 2011: 92)

Gás Natural Liquefeito – variação da venda do Gás Natural, que passa pelo processo de pressurização, funciona para locais onde o gasoduto não pode ser construído, tem custo elevado, sujeito às flutuações de mercado. Têm perda energética de até 20% pelos processo de armazenagem.China, Japão, Chile consomem GNL. Tinidad Tobago grande exportador para os EUA.GNL 25% do comércio internacional de gás. (FUSER, 2011: 93)

Gasodutos geram elevada interdependência pelos custos da infraestrutura (FUSER, 2011: 94)

1973 choque do petróleo promoveu a valorização do gás, que valorizado, viabilizou os investimentos em infraestrutura, nessas circunstâncias Europa Ocidental e União Soviética constroem um gasoduto para abastecer aquele continente, com as reservas desse. (FUSER, 2011: 95)

O gás estabelece uma relação de competição com os outros combustíveis, acompanhando ao mesmo tempo a valorização deles.

A empresa produtora de gás tem apenas um comprador, como regra geral, com contratos de longo prazo e/ou adoção de estruturas produtivas verticalmente integradas (FUSER, 2011: 95)

A importância do marco jurídico nos negócios de importação/exportação de gás e das regras contratuais para a construção e operação dos gasodutos, assim como o contexto político em que se realizam essas operações são de vital importância para oferecer ou não viabilidade ao empreendimento. A adoção de clausulas de renegociação periódicas e instrumentos de gestão do risco, do tipo take or pay e ship or pay são recorrentes para reduzir o grau de incerteza (FUSER, 2011: 95)

Em 1990 iniciam as negociações do Gasbol. Gás representava 2% da oferta de energia, restante era dividido de maneira mais ou menos igual entre: hidroeletricidade, petróleo e biomassa (lenha e derivados da cana-de-açucar).Demora em desenvolver a indústria gasífera é explicar por FUSER (2011: 96) por até 1980 não se conhecia reservas significativas; predomínio da hidroelecricidade na matriz; desnecessária a calefação; desestruturação da indústria do gás manufaturado na primeira metade do século XX, pela expansão da indústria elétrica; desinteresse da Petrobras, até década de 90, para que não houvesse concorrente com o óleo combustível para as indústrias termelétricas.

CEG e COMGAS produziam o gás manufaturado, foram privatizadas na década de 90, ambas instalaram a canalização utilizada atualmente para o fornecimento do gás natural. Gás Liquefeito do

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Petroleo (GLP) em 90% dos lares (MOUTINHO, 2007 apud FUSER, 2011: 97)

ANP – Dados das reservas de gás no Brasil – p 97

Primeiras descobertas de gás natural em 1956, associado ao petróleo no recôncavo baiano e em Sergipe. Exploração em pequena escala para duas fábricas de fertilizante no nordeste e depois para petroquímica e térmica do polo de Camaçari. Primeiras tentativas de introduzir o gás na matriz , com a importação do GNL da Argélia pela Comgás. (FUSER, 2011: 97)Anos 70 descoberta de gás na bacia de Campo, associado ao petróleo. (FUSER, 2011: 97-98)1980 descoberta do campo de Merluza no litoral de Santos, primeira grande reserva offshore 1991 Comissão para viabilizar o gás;1998 Exploração do gás na Amazônia nas reservar de Juruá e Urucu (FUSER, 2011: 98)

1986 definiu a meta de 12% do gás na matriz em 1995. A meta não foi cumprida. Dentre os motivos o desinteresse da Petrobras por temer a perda de mercado do óleo combustível, do qual possuía grande estoque a elevados custos de armazenagem e difícil comercialização no exterior. (FUSER, 2011: 98)

No período 75 % das reservas no mar em grandes profundidades, mais de 2 mil metros. (FUSER, 2011: 99): desperdício através da queima na plataformas.

Ampliação da indústria do gás no Brasil durante a primeira metade da década de 1990, dois fatores: rápido crescimento da produção do gás na Bacia de Campos (148 bi de m³), de 1985 à 1994 produção saltou de 5 mm³/dia para 7 milhões de m³/dia; descoberta de reservas na Amazônia, campo de Urucu a segunda maior reserva do país, a maio em terra, 49 bilhões de m³ de gás. 98 Petrobras constrói gasoduto de Urucu para Manaus, para abastecer as indústrias da zona franca. (FUSER, 2011:99)

Expansão do gás pelo déficit de energia hidrelétrica durante os anos 90.

Baixa eficiência energética da economia brasileira (FUSER, 2011: 100)

FMI e Banco Mundial incluíam como prioridade nos ajuste estruturais, a reformulação do setor de energia, durante as crises da dívida – VER SAUER!

Programa Nacional de Desestatização de Collor em 1991 incluía a mudança da matriz energética através da construção de termelétricas privadas, abastecidas a Gás (FUSER, 2011: 101).

Investidores estrangeiros preferem investir em termelétricas que dão retorno mais rápido do investimento, que hidrelétrica. (FUSER, 2011:102)

1990 – Governo monta comissão para “Reexame da Matriz Energética Nacional” - relatório em 2 de abril de 1991 indica aumentar a participação do gás para no mínimo 4,5% em 2000 e 6% em 2010; Em julho de 1991 novo grupo de trabalho é criado denominado Comissão para o Aproveitamento do Gás Natural, para elaborar a política do setor gasífero, relatório duplicava as metas para 9,8% em 2000 e 12% 2010. Para criar demanda para o setor a Comissão do Gás propôs utilizá-lo nas frotas de ônibus e caminhões, substituindo o óleo diesel, criando termelétricas e também para abastecimento industrial e residencial. (FUSER, 2011: 102)

Governo brasileiro esperava atrair capitais externos para a construção de usinas térmicas, como forma de superar o deficit de energia. (FUSER, 2011: 102)

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O gás brasileiro mostrava-se insuficiente para a empreitada, já a Bolívia, de outro modo, necessitava desesperadamente de mercado para o gás, cujo acordo de exportação para a Argentina estava em declínio, desde que este país descobriu reservas próprias na década de 1980. (FUSER, 2011:103)

Bolívia passava por programas de ajustes sustentados pelo Banco Mundial e FMI, de modo que as contas públicas encontravam-se em deficit e o país dependia da assistência dessas e de outras organizações internacionais, do envio de imigrantes e das exportações ilegais de cocaina. Procuravam investidores internacionais para o setor de hidrocarbonetos, mas com o produto sem comprador a situação se tornava mais difícil. Vender para o Chile estava fora de questão, ainda que seja um país carente de recursos energéticos, a Guerra do Pacífico (1879-1882) deixou marcas indeléveis na relação entre os países.O interesse mutuo do Brasil e da Bolívia era portanto baseado na pura racionalidade ecoNômica mais que interesses integracionistas (FUSER, 2011: 103).

Final de 1997 reeseturturação do sistema energético é reccomendado pelo Banco Mundial e por um grupo de trabalho liderado pela Coopers & Lybrand. (FUSER, 2011: 103)

Governo de SP e FIESP promovem a adoção do gás natural como insumo energéticco na indústria paulista. (FUSER, 2011: 104)

Petrobras da posição de relutância passa ao ator principal da introdução do gás no Brasil, através de medidas como o reajuste do petroleo e a eliminação do subsídios do combustível, tornando rentável o gás. O compromisso de importação assinado em 1992 pela YPFB e a Petrobras previa uma volume inicial de 8 mm³/dia crescendo até 16 mm³/dia em oito anos, em 1998 foi ampliado para 30 mm³/dia. (FUSER, 2011: 104)

O gás como alternativa à energia hidrelétrica, no entanto, não se confirma. No segundo mandato de FHC entre 1998 e 2002, não foi possível atrair investimentos para as termelétricas, as empresas transnacionais não investiam no segmento visto como de risco, preferiram comprar o setor de distribuição, onde os riscos são quase inexistentes. Em 1999 a Shel e a British Gas arremataram a Comgás com ágio superior a 100% do lance mínimo. (FUSER, 2011: 104)

A desvalorização do real em 1999, após a reeleição de Cardoso, recoloca um problema do lado brasileiro. Com a desestabilização cambial torna-se mais difícil atrair investimentos para as usinas térmicas. Ao mesmo tempo a importação do gás boliviano pagos com valores fixo em dólar e indexados ao petróleo (que sofreu uma alta que prosseguiu até 2008) fez com que as vantagens do abastecimento barato desaparecessem. As transnacionais que negociam com o governo para a construção das termelétricas aumentam as exigências ao ponto de solicitar que o BNDES financie 70% dos novos projetos e que a União assumisse os riscos cambiais de todas as operações. (FUSER, 2011: 105)

Em fevereiro de 2000, frente ao colapso de abastecimento energético, o Ministério de Minas e energia lança o Programa Prioritário de Termeléticas (PPT), para a construção, em ritmo acelerado, de 49 termelétricas, dentre essas 43 movidas a gás, juntas produziriam 17.401 megawatts (1,5 Itaipú). Segundo Fuser (2011: 105) o PPT foi um fracasso estrondoso pela relutância do capital privado em participar do empreendimento e pela dificuldade de comprar as turbinas no mercado. Já em julho de 2011 foi possível contar com as termelétricas de emergências, mas apenas 28, das 49 previstas, foram instaladas (FUSER, 2011: 105).

Eletrobras assumiu a compra da energia gerada, a Petrobras garantiu o fornecimento às

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termelétricas, assumiu o risco cambial e participou como acionista de 25 das 28 termelétrica. (FUSER, 2011: 106)

Gasbol funcionando Petrobras teve que dar conta das despesas contratuais da cláusula take o pay. FUSER, 2011: 106)

Cooperação Brasil Bolívia1938 – Tratado sobre Saída e Aproveitamento do petróleo Boliviano – ferrovia Comrubá -Santa Cruz de La Sierra e particpaão de empresas brasileiras para a exploração de reservas bolivianas em parciaria com a YPFB (permaneceu no papel). - Campanha contra o acordo de cunho nacionalista; FUSER, 2011: 106

1955 Victor Paz Estenssoro denuncia tratado de 1938, área destinada ao Brasil era 8x maior que a reservada para YPFB, e não sido explorada por 17 anos. Estenssoro objetivava abrir a área para a empresas estadunidense, abertura Boliviana para equilibrar a balança e enfrentar a queda dos preços do estanho (MONIZ BANDEIRA, 2006 apud FUSER, 2011: 106-107)

JK retoma as relações bilaterais para abastecer de combustível o desenvolvimento industrial – que contava somente com a produção do Recôncavo Baiano de 5% de consumo nacionais. Preocupação brasileira, de caráter geopolítico, com relação a Argentina, pelo escoamento do petróleo pelo Prata, após a descoberta de petróleo em Duran e Madrejones, na fronteira Bolívia-Argentina.1958 – Notas Reversais aos Acordos de Roboré, de 30 anos atrás, área em território boliviano para se exploradoo por emresas brasileiras, somente privadas, letra morta, mesmo com financimanto do BNDE (FUSER, 2011:107)

Durante o governo João Goulart congressistas levantaram objeções ao fato da Petrobras ter sido excluida da exploração do petróleo boliviano.

O Gás só se tornou recurso econômico para Bolívia em 1960.

Manifestação brasileira de interesse sobre o gás em 1965 – Roberto Campos no Ministério de Planejamento enviou mensagem ao Conselho de Segurança Nacional, defendendo a construção do gasoduto para viabilizar a importação. A essa altura a produção era incipiente por Gulf Oil. “Projeto evoluiu para ideia da construção de uma usina siderúrgica multinacional na região da fronteira, abastecida com o gás boliviano e voltada por o atendimento dos mercados de todos os países do Cone Sul” (FUSER, 2011: 107)

O governo brasileiro suspende os estudos de viabilidade, ao vir a tona, em 1967, que a Bolívia já mantinha negociações avançadas com a Argentina para o fornecimento de gás (FUSER, 2011: 108). A produção do gás argentino estava em queda, desde a segunda metade da década de 60, as reservas do norte argentino estavam diminuindo e mantendo subutilizado o Gasoduto Comodoro Rivadavia. Ainda assim, para Fuser (2011: 108) seria exagerado supor que houvesse uma disputa entre Brasil e Argentina pelo gás boliviano.Já em 1968 Argentina e Bolívia assinam um contrato de 20 anos de fornecimento de gás boliviano, no volume de 4 mm³/dia para os primeiros quatro anos e de 4,5 mm³/dia para os demais, transportados através do gasoduto conhecido pela sigla Yabog, ligando Rio Grande, na Bolívia, aos gasodutos argentinos em Salta, ao todo 441 km. O acordo foi firmado pela Gas del Estado, do lado argentino, e pela YPFB e a Gulf Oil, pelo lado boliviano. Mesmo com a nacionalização de 1969 a construção do gasoduto não foi interrompida (FUSER 2011:108). Já em 1972 o entusiasmo argentino se veria reduzido, pela descoberta de novas reservas próprias, fazendo com que a Bolívia passasse a reavaliar a necessidade de negociar a venda do gás para o Brasil (FUSER, 2011:109).

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Brasil resolve o não fornecimento de gás boliviano no período através da ampliação da hidreletricidade, com a construção da usina de Itaipú em acordo com o Paraguai (FUSER, 2011: 108).

Ainda em 1971 ocorreu a queda do governo “esquerdista” do general Juan José Torres, sob a liderança de coronel Hugo Banzer. Não seria um fato novo na história boliviana a queda de um presidente, senão pelo fato do amplo apoio recebido da ditadura brasileira, que não poderia admitir que o país vizinho viesse a tomar posições à esquerda. Por isso, no dia 19 de agosto de 1971 aviões militares brasileiros descarregavam fuzis, metralhadoras e munições em Santa Cruz de la Sierra, enquanto as tropas do general brasileiro Humberto Melo estacionavam em Mato Grosso, para preparar a intervenção “se necessário fosse” (MONIZ BADEIRA, 2003; OGAZ, 2005; FUSER, 2011: 109). Trava-se sobretudo de uma estratégia de limpar terreno para não obstaculizar os interesses externos brasileiros.Logo após a ascensão de Banzer, em 31 de janeiro de 1972, o presidente brasileiro Emílio Garrastazu Médici se encontra com seu homologo boliviano, e manifesta a disposição brasileira de comprar 12 mil barris por dia de petróleo cru boliviano por dois anos. Além de as dar início na ocasião às conversações que viram a ser o Acordo de Cooperação e Complementação Industrial, já no governo Ernesto Geisel, assinado em 22 de maio de 1974.O Acordo de Cooperação e Complementação Industrial previa: a) exportação de 2,5 bilhões de m³/ano de gás para o Basil; b) instalação de um polo industrial no sudeste da Bolívia, com apoio do Brasil, e abastecido por gás natural de região, nesse polo incluía-se uma siderúrgica, fábrica de fertilizantes e fábrica de cimento; c) abertura do mercado brasileiro para esses produtos (VIOTTI, 2000; MARES 2004; FUSER, 2011:110)

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