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P O R T U G U Ê S 8 1 FICHA DE AVALIAÇÃO 1 UNIDADE 1 GRUPO I Lê atentamente o seguinte texto. Investigação publicada hoje online na revista Science O cérebro de um adulto muda tanto como o de uma criança, quando aprende a ler. 12.11.2010 – 08:40 Por Clara Barata Cientistas e voluntários portugueses participaram num estudo internacional inédito sobre os efeitos da leitura no córtex cerebral, comparando analfabetos, leitores e ex-iletrados. Quando se aprende a ler, é como se uma armada vitoriosa chegasse às costas des- prevenidas do nosso cérebro. Muda-o para sempre, conquistando territórios que eram utilizados para processar outros estímulos – para reconhecer faces, por exemplo – e estendendo a sua influência a áreas relacionadas, como o córtex auditivo, para criar a sua própria fortaleza: uma nova zona especializada, a Área da Forma Visual das Pala- vras. Isto acontece sempre, quer se tenha aprendido a ler aos seis anos ou já na idade adulta. Esta é uma das conclusões de um estudo internacional publicado hoje na edição online da revista Science, em que participaram cientistas portugueses – e voluntários portugueses também, pessoas que aprenderam a ler já tarde na vida. “Este é o primei- ro trabalho que compara o cérebro de pessoas letradas e analfabetas, mas também de ex-iletradas (que aprenderam a ler em adultos)”, explica José Morais, professor jubila- do de Psicologia da Universidade Livre de Bruxelas e um dos autores do artigo.

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P O R T U G U S81FICHA DE AVALIAO 1 UNIDADE 1

GRUPO I

L atentamente o seguinte texto.

Investigao publicada hoje online na revista Science

O crebro de um adulto muda tanto como o de uma criana, quando aprende a ler.

12.11.2010 08:40 Por Clara Barata

Cientistas e voluntrios portugueses participaram num estudo internacional indito

sobre os efeitos da leitura no crtex cerebral, comparando analfabetos, leitores e ex-iletrados.

Quando se aprende a ler, como se uma armada vitoriosa chegasse s costas des-

prevenidas do nosso crebro. Muda-o para sempre, conquistando territrios que eram

utilizados para processar outros estmulos para reconhecer faces, por exemplo e

estendendo a sua influncia a reas relacionadas, como o crtex auditivo, para criar a

sua prpria fortaleza: uma nova zona especializada, a rea da Forma Visual das Pala-vras. Isto acontece sempre, quer se tenha aprendido a ler aos seis anos ou j na idade

adulta.

Esta uma das concluses de um estudo internacional publicado hoje na edio

online da revista Science, em que participaram cientistas portugueses e voluntrios

portugueses tambm, pessoas que aprenderam a ler j tarde na vida. Este o primei-

ro trabalho que compara o crebro de pessoas letradas e analfabetas, mas tambm de

ex-iletradas (que aprenderam a ler em adultos), explica Jos Morais, professor jubila-

do de Psicologia da Universidade Livre de Bruxelas e um dos autores do artigo.

Reciclagem neuronal

Comparando o crebro destas pessoas podemos ver o impacto da aprendizagem

deste cdigo no nosso crebro, adianta Paulo Ventura, professor da Faculdade de Psi-

cologia e de Cincias da Educao da Universidade de Lisboa. Trabalhmos sobre a

hiptese da reciclagem neuronal, defendida pelo chefe da equipa, Stanislas Dehaene

[do INSERM-Instituto Nacional da Sade e da Investigao Mdica francs]. A ideia

que, sendo a escrita algo relativamente recente na histria humana, com cerca de

anos, no houve tempo suficiente para que se desenvolvessem estruturas fsicas

no crebro com ela relacionadas, explica.

Na falta de ordens evolutivas codificadas no nosso ADN, o que acontece que o cre-

bro de cada pessoa que aprende a ler se modifica para acomodar as novas capacidades,

porque tem uma grande capacidade plstica. E a leitura recruta uma rea cortical

AEPM11CAP_06

C A D E R N O D E A P O I O A O P R O F E S S O R82

semelhante em todas as culturas humanas. Os cientistas estavam tambm interessa-

dos em perceber quais as funes desalojadas, digamos assim, pela nova rea cerebral

que criada quando se aprende a ler, para alm de compreenderem como passa a

funcionar o crebro leitor.

Dez analfabetos brasileiros, da regio em torno de Braslia (com a idade mdia de

, anos, e originrios de meios rurais), pessoas que aprenderam a ler em adultos

( deles portugueses, alguns recrutados na zona de Paris) e letrados ( portugueses)

foram os participantes.

Foi difcil encontrar iletrados portugueses, at porque quando comemos o estu-

do, h trs anos, acabaram os cursos de alfabetizao para adultos, que era onde

podamos mais facilmente encontrar estas pessoas, quando se inscreviam, diz Jos

Morais. Em Portugal, felizmente, cada vez mais difcil encontrar analfabetos.

Os crebros dos voluntrios recrutados foram analisados observados em ao

quando resolviam uma srie de testes. Para isso, foi usada a ressonncia magntica

funcional, um exame de imagiologia que permite medir os nveis de atividade nas

diferentes zonas do crebro num determinado momento.

Os brasileiros foram testados no Brasil, atravs da rede de hospitais privados

SARAH, de neurodiagnstico e neurorreabilitao, mas quando o projeto comeou,no havia em Portugal mquinas com potncia suficiente. Fizemos uma ponte area

com Paris, explica Paulo Ventura.

E o que descobriram ento os cientistas sobre o que acontece ao crebro de quem

aprende a ler?

Nunca tarde

Antes de mais, que nunca tarde para aprender: O crebro dos ex-analfabetos s

em poucas coisas difere do dos alfabetizados, est muito mais prximo destes, diz

Jos Morais, ainda que as suas condies socioeconmicas se possam assemelhar

mais dos iletrados. Ensinar algum a ler na idade adulta tem os mesmos efeitos do

que ensinar uma criana. uma boa notcia, no h razo para desistir dos iletrados,

sublinha. As diferenas entre o crebro leitor e aquele dos que nunca aprenderam a

ler que so todo um rol. Por exemplo, no crebro de quem l, os exames de resso-

nncia magntica revelam um aumento de atividade no crtex auditivo, quando v

uma palavra escrita. ativado quando temos de decidir se estamos perante uma pala-

vra a srio ou um conjunto de letras sem nexo, ilustra Jos Morais.

Poder-se-ia pensar que no crtex auditivo h uma extenso das reas ligadas ao

visual, diz o cientista ao telefone, a partir de Bruxelas. uma rea envolvida no tra-

tamento de fonemas, que so as unidades mais pequenas da fala. Curiosamente, os

iletrados so incapazes de manipular as unidades fonticas, contribui Paulo Ventura.

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Finalmente, h o curioso roubar de terreno rea cerebral que processa o reconhe-

cimento de rostos pela rea da Forma Visual das Palavras, que ganha terreno no crtex,

quando se aprende a ler. H menos rea dedicada a esta funo anterior nos alfabeti-

zados. A nova rea rouba um bocadinho antiga para lidar com a leitura. como se

os iletrados fossem melhores, entre aspas, a reconhecer os rostos, mas obviamente as

diferenas so minsculas, diz Paulo Ventura. O interessante disto, nota, que

comprova a teoria da reciclagem neuronal.

Pblico online htp://www.publico.pt

(consultado a 12 de novembro de 2010)

1. O texto que acabaste de ler um texto de divulgao cientfica.

1.1. Refere o objetivo do estudo cientfico realizado.

1.2. Identifica um dos responsveis pela investigao.

1.3. Indica a composio do grupo de participantes com base nos quais se desenvolveu o estudo.

1.4. De que modo foram analisados os crebros dos voluntrios?

1.5. Indica o local e a data de publicao da investigao realizada.

1.6. Mostra em que medida este um estudo indito.2. Explicita o conceito de reciclagem neuronal (3. e 4. pargrafos), hiptese a partir da qual

se organizou a investigao.

3. A investigao realizada permitiu chegar a algumas concluses.

3.1. Enuncia uma dessas concluses.

4. O estudo refere algumas diferenas entre os iletrados e os alfabetizados.

4.1. De que modo os iletrados e os alfabetizados se distinguem no que diz respeito rea cerebral

que processa o reconhecimento de rostos?

GRUPO II

1. L atentamente as seguintes frases.

a) O que acontece que o crebro de cada pessoa que aprende a ler se modifica para acomodar as

novas capacidades, porque tem uma grande capacidade plstica.

b) E a leitura recruta uma rea cortical semelhante em todas as culturas humanas.

c) Dez analfabetos brasileiros, da regio em torno de Braslia (com a idade mdia de 53,3 anos, e origin-

rios de meios rurais), 22 pessoas que aprenderam a ler em adultos (12 deles portugueses, alguns

recrutados na zona de Paris) e 31 letrados (11 portugueses) foram os participantes.

d) Em Portugal, felizmente, cada vez mais difcil encontrar analfabetos.

C A D E R N O D E A P O I O A O P R O F E S S O R84

e) Antes de mais, que nunca tarde para aprender: O crebro dos ex-analfabetos s em poucas

coisas difere do dos alfabetizados, est muito mais prximo destes, diz Jos Morais, ainda

que as suas condies socioeconmicas se possam assemelhar mais dos iletrados.

f) como se os iletrados fossem melhores, entre aspas, a reconhecer os rostos, mas obvia-

mente as diferenas so minsculas, diz Paulo Ventura.

1.1. Identifica a classe e subclasse das palavras a negrito.

1.2. Classifica as oraes sublinhadas e refere se estabelecem com as respetivas oraes subordi-

nantes uma relao causal ou uma relao de oposio.

1.3. Enumera as caractersticas morfolgicas, sintticas e semnticas do advrbio felizmente pre-

sente na alnea d). No te esqueas de usar o teste sinttico para justificar a funo sinttica.

GRUPO III

Imagina que foste fazer exames mdicos necessrios para realizares uma operao cirrgi-

ca urgente e que a clnica os perdeu, obrigando-te a adiares a operao.

Redige uma carta de reclamao dirigida clnica mdica com o objetivo de solicitar uma

indemnizao.

CLASSIFICAO

Grupo I

1.1. 10 pontos1.2. 5 pontos1.3. 5 pontos1.4. 5 pontos1.5. 5 pontos1.6. 10 pontos2. 10 pontos3.1. 20 pontos4.1. 10 pontosTotal = 80 pontos+

+

Grupo II

1.1. 15 pontos

1.2. 15 pontos

1.3. 15 pontos

Total = 45 pontos

Grupo III

75 pontos

Total = 200 pontos