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Ficha Técnica 5Introdução à Eletrónica
Nas fichas técnicas anteriores foram analisa-
dos os circuitos elétricos em Corrente Alter-
nada (C.A.), nomeadamente circuito resistivo,
circuitos puramente capacitivos e circuito RC.
Nesta edição serão analisados os circuitos pu-
ramente indutivos, circuitos RL e circuitos RLC.
7.3.4 Circuito indutivo em corrente
alternada
Nos circuitos puramente indutivos a oposi-
ção à circulação da corrente é feita pela For-
ça Eletromotriz (f.e.m.) de autoindução da
bobina e chama-se reatância indutiva (XL) e
exprime-se em Ω.
Analisando um circuito com uma bobina
em Corrente Contínua (C.C.) podemos verifi-
car o efeito da Lei de Lenz. Assim, quando o
interruptor é fechado criar-se-á uma corren-
te elétrica induzida no circuito cujo sentido
se opõem à corrente principal, retardando
assim o seu início. Pelo contrário, quando se
abre o interruptor, também pela Lei de Lenz,
a corrente não cessará de imediato pois sur-
girá uma corrente induzida que a retardará.
A Figura 62 representa este efeito.
Figura 62. Circuito capacitivo alimentado por uma C.A. e
as respetivas formas de onda da tensão e corrente.
Em corrente alternada, os efeitos da autoin-
dução são constantes. Podemos concluir
que quanto maior for o coeficiente de au-
toindução da bobina (L) mais se farão sentir os efeitos da autoindução, pelo que menor será
a corrente no circuito. A corrente será inversamente proporcional à indutância.
Analisando o comportamento da reactância indutiva, para uma grande frequência, ou
seja um pequeno período, a corrente não tem tempo de atingir o seu valor máximo, pois
a tensão aplicada inverte-se. Quanto maior for a frequência menor será a corrente elétrica.
A equação seguinte define a grandeza reatância indutiva (XL) que é a oposição da bobina
à passagem da corrente elétrica:
XL = 2∏ f L
onde:
f é a frequência do sinal de alimentação em Hertz (Hz);
L é o coeficiente de autoindução ou indutância da bobina em Henry (H);
Ao aplicarmos uma tensão a uma bobina, a corrente não surgirá imediatamente pois,
como analisado anteriormente, surgirá no circuito, devido à autoindução, uma corrente com
um sentido tal que faz retardar o aparecimento da corrente principal no circuito. Esta apenas
aparecerá quando a tensão atingir o seu valor máximo. Ainda, devido aos fenómenos de
autoindução, a corrente irá aumentar enquanto a tensão decresce, e atinge um máximo
quando a tensão aplicada é nula. Quando a tensão inverte o seu sentido, a corrente começa
a diminuir, mas esta diminuição é retardada e anula-se quando a tensão atinge o seu máxi-
mo negativo, ou seja, um quarto de período mais tarde.
A Figura 63 apresenta o desfasamento da onda da tensão e da corrente num circuito
puramente capacitivo onde poderemos analisar que a corrente está atrasada 90º em relação
à tensão.
Figura 63. Representação vetorial e cartesiana da tensão e respetiva corrente num circuito puramente indutivo.
7.3.5 Circuito indutivo real – Circuito RL
Um exemplo de um circuito real indutivo é um transformador monofásico. Um transforma-
dor é um dispositivo constituído por duas bobinas com acoplamento magnético total utili-
zado para a transformação de tensões. Quando é aplicada uma tensão alternada no enrola-
mento primário, obtemos uma tensão que poderá assumir uma amplitude maior ou menor
dependendo se o transformador é elevador ou abaixador, respetivamente, no enrolamento
secundário.
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c.p
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artigo técnico
Para a análise deste tipo de circuitos consideremos a Figura 64 onde iremos calcular:
– A reatância capacitiva;
– A impedância do circuito;
– A intensidade de corrente que percorre a resistência e a bobina;
– A tensão aos terminais da resistência e da bobina;
– O ângulo de desfasamento entre a tensão e a corrente.
A tensão de alimentação é uma onda alter-
nada sinusoidal. A reatância capacitiva do
circuito será dada por:
XL = 2∏ f L = 2∏ 50 0,16 = 50,3 Ω
Para o cálculo da impedância do circuito ire-
mos desenhar o triângulo das tensões e da
impedância (Figura 65).
Z2 = R2 + X2L Z = √R2 + X2
L = √302 + 50,32
= 58,7 Ω
A intensidade de corrente que percorre a
resistência e a bobina será idêntica pois os
elementos encontram-se em série. Será apli-
cada a Lei de Ohm generalizada para obter
o valor da corrente:
I = U
T
Z=
23058,7
= 3,92 A
A tensão aplicada à resistência e à bobina
será dada pela aplicação direta da lei de Ohm:
UR = 30 3,92 = 117,6 V
Figura 64. Circuito RL em análise.
Figura 65. Triângulo das tensões e das impedâncias.
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UL = 50,3 3,92 = 197,2 V
Em alternativa a tensão na bobina poderá ser calculada pela aplicação do teorema de Pitágo-
ras. Importante referir que não poderá ser realizada a subtração direta das tensões, uma vez
que os ângulos de desfasamento da tensão e da corrente deverão ser sempre considerados.
U2T = U2
R + U2
XL I - L U2
XL = U2
T - U2
R U2
XL = √U2
T - U2
R = √2302 - 117,62 ≈ 197 V
Finalizamos a análise do circuito com o cálculo do ângulo de desfasamento entre a tensão
e a corrente no circuito. Iremos recorrer ao triângulo das impedâncias para este cálculo:
Figura 66. Cálculo do ângulo de desfasamento entre a tensão e a corrente.
cos φ = R
Z=
30
58,7= 0,51 φ = 59,3°
7.3.6 Circuito RLC
Um circuito RLC é constituído por uma resistência, uma bobina e um condensador que ire-
mos, nesta análise, considerar como elementos ideais. Comparativamente às análises ante-
riores veremos que UT ≠ U
R + U
L + U
C. Esta expressão apenas será valida numa análise com
grandezas vetoriais.
Figura 67. Circuito RLC.
Figura 68. Diagrama vetorial de um circuito RLC.
a) Circuito dominantemente indutivo; b) Circuito dominantemente capacitivo; c) Circuito puramente resistivo.
Poderemos observar três tipologias nos cir-
cuito RLC dependendo do valor da reatância
capacitiva e da reatância indutiva:
– Circuito dominantemente capacitivo
(φ < 0) - UC é dominante face a U
L;
– Circuito dominantemente indutivo (φ > 0) -
UL é dominante face a U
C;
– Circuito puramente resistivo (φ = 0) - Uc
é igual a UL.
Para a análise de cada tipologia iremos cons-
truir o diagrama vetorial do circuito. A gran-
deza base para iniciar a construção do dia-
grama será a corrente elétrica que é comum
a todos os componentes.
Nas condições indicadas na Figura 68 (c)
o circuito RLC encontra-se em ressonância e
a tensão e a corrente estão em fase (φ = 0). A
impedância do circuito é igual à resistência
R, uma vez que a reatância do circuito (XC-X
L)
nula.
A expressão matemática seguinte permi-
te calcular a frequência de ressonância de
um circuito RLC série:
f0 =
1
2π √C L
onde:
f0 é a frequência de ressonância do cir-
cuito RLC série em Hertz (Hz);
L é o coeficiente de autoindução ou in-
dutância da bobina em Henry (H);
C é a capacidade do condensador em
Farad (F).
Estes circuitos apresentam à frequência de
ressonância as seguintes caraterísticas:
– Impedância mínima (Z=R);
– Intensidade de corrente elétrica máxima
(X=0);
– Sobretensões (XL e X
C além de se anu-
larem vetorialmente apresentam tensão
aos seus terminais).
Bibliogra�a do artigo – A. Silva Pereira, Mário Águas, Rogério Baldaia, Curso
Tecnológico de Eletrotecnia/Eletrónica - Eletricida-
de, Porto Editora, ISBN 972-0-43540-2;
– Vítor Meireles, Circuitos Elétricos (7.º edição), Lidel –
Edições Técnicas, ISBN 978-972-757-586-2.
As fichas técnicas anteriores estão disponíveis para
visualização em: www.cie-comunicacao.pt/forma-
cao/repositorio-oelectricista
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