ficha para identificaÇÃo da produÇÃo didÁtico … · titulo a horta escolar como laboratório...
TRANSCRIPT
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Titulo A horta escolar como laboratório vivo para o estudo de questões ambientais (com ênfase no solo).
Autora Joelma Emerenciano
Disciplina/Área Ciências.
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Est. Pe. Silvestre Kandora – EFMP. Av. Água Verde, 2140 - Água Verde - CEP 80240-900 Curitiba.
Município da Escola Curitiba - PR
Núcleo Regional de Educação Curitiba - PR
Professor Orientador Carlos Eduardo Pilleggi de Souza
Instituição de Ensino Superior UFPR – Universidade Federal do Paraná
Relação Interdisciplinar Geografia, Arte, Português.
Resumo:
A reflexão sobre algumas condutas sociais em um contexto marcado pela degradação do meio ambiente cria-se a necessidade de uma articulação com a produção de sentidos sobre a educação para a sustentabilidade, enfocando uma perspectiva de ação holística que relaciona o ser humano, a natureza e o universo, tendo como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o próprio ser humano. Educar para a sustentabilidade supõe um cuidado diário com o planeta e com toda a comunidade. Nesse contexto encontra-se o estudo do solo - componente essencial do meio ambiente. Ao se trabalhar em sala, conteúdos relacionados às questões ambientais estudando o solo, a horta escolar, além de oferecer o alimento para a merenda escolar, pode também integrar diversas fontes e recursos de aprendizagem, possibilitando o desenvolvimento de ações pedagógicas permitindo práticas em equipe, explorando a multiplicidade das formas de aprender e despertando maior interesse pela disciplina de Ciências.
Palavras-chave Ciências; horta escolar; solo; sustentabilidade; questão ambiental.
Formato do Material Didático Unidade Didática.
Público Alvo Discentes do 6º ano.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...............................................................................................1
1- PLANO NORTEADOR.....................................................................................2
2- PROCEDIMENTOS.........................................................................................4
3- CONTEÚDO DE ESTUDO ...........................................................................15
4- PROPOSTA DE AVALIAÇÃO E RESULTADOS ESPERADOS ..................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................36
APRESENTAÇÃO
A Produção Didático-Pedagógica apresenta-se como uma atividade
integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, servindo
como estratégia metodológica, uma vez que foi planejada no Projeto de
Intervenção Pedagógica e tendo correlação direta com sua implementação na
escola.
As ações aqui descritas partem da intencionalidade de se criar um
projeto que diz respeito ao estudo do solo e questões ambientais por meio da
horta escolar. Partindo da problemática de como despertar interesse e
motivação em alunos do 6º ano pela disciplina de Ciências a partir de temas
ambientais, organizou-se os procedimentos de implementação na escola no
formato de Unidade Didática.
1- PLANO NORTEADOR
1.1 TEMA
Implementação de Atividades de Educação Ambiental (E A) estudando
o solo, em aulas de ciências e vivenciadas com a horta escolar.
1.2 JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO
As atividades experimentais, entendidas como situações em que o aluno
aprende a fazer conjecturas e a interagir com seus colegas, com o professor,
expondo seus pontos de vista, suas suposições, confrontando seus erros e
acertos, estão presentes no ensino de Ciências desde sua origem e são
estratégias de ensino fundamentais. Podem contribuir para a superação de
obstáculos na aprendizagem de conceitos científicos, não somente por
propiciar interpretações, discussões e confrontos de ideias entre os alunos,
mas também pela natureza investigativa. Relaciona os conceitos teóricos com
a prática vivenciada com o objetivo de despertar o prazer pelo aprendizado do
conteúdo programático (DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO
BÁSICA, 2008).
Na reflexão sobre algumas condutas sociais em um contexto marcado
pela degradação do meio ambiente cria-se a necessidade de uma articulação
com a produção de sentidos sobre a E A, sob o desafio de formular esta para
que seja inovadora em níveis formais e não formais (MENEZES, 2006). Assim,
trabalhar E A em espaços formais de ensino pode ser vista como um ato
político rumo a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma
perspectiva de ação holística que relaciona o ser humano, a natureza e o
universo, tendo como referência que os recursos naturais se esgotam e que o
principal responsável pela sua degradação é o ser humano.
Nos últimos anos, especialmente após a Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), toda a
humanidade tem-se mostrado preocupada, com os problemas de conservação
3
da qualidade do meio ambiente provocados por uma ampla gama de atividades
humanas (MENEZES, 2006). Ainda para o autor, a Questão Ambiental é um
processo contínuo de reformulação e que vem se tornando cada dia mais
abrangente. Ligada a preocupação com a preservação do ecossistema, hoje o
meio ambiente é definido desde os elementos como ar, solo, água, como a
fauna e a flora, e também como cultura, arte, entre outros. Como por exemplo,
uma pichação em monumento público, que antes era visto como um ato de
vandalismo, hoje é considerado um crime ambiental.
Além do ambiente escolar, existem outros espaços que se fazem
alternativos para o ensino de ciências bem como de E A. O espaço da horta
escolar, além de propiciar o alimento para merenda de alunos, também pode
integrar diversas fontes e recursos de aprendizagem. Ao se trabalhar em sala
de aula conteúdos relacionados às questões ambientais, estudando o solo,
suas diferenças, a vegetação que nele cresce, o conceito de controle biológico,
a prática de compostagem e os impactos ambientais sobre o mesmo, através
da horta, pode-se proporcionar o desenvolvimento de ações pedagógicas
significativas por permitir práticas em equipe explorando a multiplicidade das
formas de aprender, despertando maior interesse pela disciplina e
estabelecendo o bom vínculo com o professor e a escola em que estuda.
1.3 PÚBLICO ALVO
Discentes do 6º ano.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo geral
Interpretar e analisar o resultado das ações de E A promovidas junto aos
alunos do 6º ano da disciplina de Ciências do Colégio Est. Pe. Silvestre
4
kandora – EFMP, em especial aquelas desenvolvidas no âmbito da horta
escolar.
1.4.2 Objetivos específicos
- Promover Educação em Ciências;
- Identificar questões ambientais no âmbito da escola;
- Discutir o conceito de sustentabilidade a partir das ações de E A vivenciadas
no cotidiano escolar;
- Implementar atividades pedagógicas que possibilitem caracterizar os
diferentes tipos de solos, sua conservação e implicações ambientais;
- Discutir os resultados das atividades de E A implementadas junto aos alunos
do 6º ano do Colégio Est. Pe. Silvestre Kandora – EFMP e suas implicações no
processo de ensino aprendizagem no âmbito da disciplina de Ciências.
2- PROCEDIMENTOS
2.1 ROTEIRO
Nível de ensino: fundamental.
Conteúdo Estruturante: matéria e sistemas biológicos.
Conteúdo básico: constituição da matéria, ecossistemas, biodiversidade.
Conteúdo específico: o solo.
Quantidade de aulas necessárias: 12
5
2.2 ABORDAGEM PEDAGÓGICA
Aula 01 e 02 – O futuro do meio ambiente.
Segundo a Agenda 21, uma educação orientada para a sustentabilidade
deve partir do pressuposto que de não existe desenvolvimento sustentável sem
sociedade sustentável (TREVISOL, 2004). Assim, a E A deve abordar a
dinâmica do desenvolvimento do meio físico/biológico, do socioeconômico e do
desenvolvimento humano, educando para a cidadania planetária.
Objetivo: sensibilizar sobre a temática sustentabilidade e meio ambiente.
Procedimento: os alunos assistirão ao filme “O Lorax - Em Busca da
Trúfula Perdida”, com duração de 80 minutos, sob direção de Chris
Renaud e Kyle Balda.
Sinopse do filme: O menino Ted (Zac Efron) descobriu que o sonho de
sua paixão, a bela Audrey (Taylor Swift), é ver uma árvore de verdade, algo em
extinção. Disposto a realizar este desejo, ele embarca numa aventura por uma
terra desconhecida, cheia de cor, natureza e árvores. É lá que conhece
também o simpático e ao mesmo tempo rabugento Lorax (Danny DeVito), uma
criatura curiosa preocupada com o futuro de seu próprio mundo.
Recurso complementar: o professor poderá pedir para que seus alunos
levem o assunto abordado para a casa e junto com seus pais, façam um
mapeamento de como era a cidade (ou a comunidade) há tempos atrás
(quando chegaram, se forem colonos) e como está hoje, baseado em
termos de meio ambiente.Os alunos também poderão fazer pesquisa em
rede, analisando e comparando fotos de décadas atrás e da atualidade
de determinadas regiões.
O professor poderá além de sensibilizar seus alunos sobre o tema
sustentabilidade e meio ambiente, abranger situações reais que
envolvam o meio ambiente. Por exemplo, poderá discutir com seus
6
alunos sobre como era o bairro da escola antes (anos atrás) e como
está hoje. Para isso poderá utilizar de fotos de arquivos antigos, visando
apontar a diferença na paisagem, modificada pelo ser humano. Também
poderá mencionar sobre as lavouras, vistas quando em viagem,
lembrando os estudantes que tudo era antes florestas e matas. É
importante lembrar que algumas devastações foram provocadas de
forma consciente para o nosso sustento e moradia, outras, no entanto,
não foram resultando no aquecimento global e outros prejuízos. O
professor irá conduzir seus alunos ao pensamento crítico e consciente
sobre o passado, o presente e o futuro do meio ambiente.
Avaliação: a avaliação será realizada pela discussão do filme
relacionando-o com a realidade dos alunos, por meio de feedbacks e
interações.
Você sabia?
Se 1 milhão de pessoas usarem o verso do papel para escrever e desenhar, a
cada mês será preservada uma área de floresta equivalente a 18 campos de
futebol.
Fonte: http://www.reciclarepreciso.hpg.ig.com.br/curiosidades.htm
Aula 03 e 04 – Educação Ambiental.
Ao se trabalhar questões ambientais com alunos é importante que o
professor faça um levantamento do nível de conhecimento prévio que esses
estudantes tem sobre o assunto. Como se trata de um projeto de intervenção o
professor PDE irá fazer uma abertura do tema Solo, lembrando que o solo,
também chamado de terra, tem grande importância na vida de todos os seres
vivos do nosso planeta, assim como o ar, a água, o fogo e o vento. É do solo
7
que se retira parte dos alimentos e que sobre ele, na maioria das vezes,
construímos as nossas casas.
Objetivo: Diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos quanto à
importância do solo nas atividades humanas bem como construir
conceitos importantes no estudo de questões ambientais.
Procedimento: O professor irá esclarecer seus alunos sobre os trabalhos
que os mesmos irão participar e para isso utilizará de algumas questões
como:
- Qual a importância do solo na vida de vocês?
- O solo é um ser vivo?
- Para que serve a nossa horta escolar?
- O que vocês entendem por sustentabilidade?
- O que vocês entendem por questão ambiental?
- Como podemos contribuir para um meio ambiente sustentável?
O professor irá implementar situações de aprendizagem que considerem as
experiências, os conhecimentos (conhecimento prévio) e as expectativas dos
alunos.
As escolas são espaços privilegiados de formação e a E A é a forma de
interagir diretamente com a comunidade e operar mudanças na sociedade
(Revista Nova Escola, p. 50, Maio 2007). “À educação cabe a tarefa de
desenvolver nos indivíduos o sentimento de pertencimento” (TREVISOL, 2004,
p. 41). A E A é um elemento estratégico na condução do processo de transição
para uma sociedade sustentável. Ela propõe novas orientações, práticas e
conteúdos que vão muito além da preservação ambiental.
Recurso complementar: observar o solo em diferentes locais e recolher
amostras em sacos plásticos, rotulá-los e levá-los até a classe. Pode ser
escolhido o solo do jardim da escola, de um terreno baldio, de uma
horta, enfim, de locais com solos aparentemente bem distintos. Com
auxílio da pá ou da colher, recolher amostras do solo (aproximadamente
meio saquinho). Marcar com a fita crepe o local da coleta. Na classe,
cobrir as mesas com papel; colocar um pouco das amostras num pires,
8
ou vidro de relógio. Usar uma lupa pode facilitar a observação.
Orientação: Procure observar e listar semelhanças e diferenças entre
amostras, quanto à cor, textura, consistência e presença de organismos.
Avaliação: a avaliação da aula será realizada pelas respostas verbais
dos alunos aos questionamentos realizados. Estas respostas servirão de
base ao professor para trabalhos futuros.
Aula 05 e 06 – Conhecendo o solo.
O professor poderá abranger o tempo de formação do solo comparando
com o tempo de destruição (muitas vezes provocados pelo ser humano). Para
isso poderá mencionar assuntos como preservação do solo e o respeito pela
natureza, uma vez que o tempo que se leva para formar é muito maior do que o
tempo que se leva para destruir.
Quanto tempo leva um solo para ser formado?
É difícil responder porque o tempo de vida do ser humano é muito curso
para acompanharmos esse processo. A única certeza é que são necessários
milhares de anos. O tempo de formação do solo é longo, todavia, sua
degradação pode ser rápida, motivo pelo qual sua utilização deve ser
cercada de todo o cuidado.
Objetivo: conhecimento prático sobre a formação do solo.
Procedimento: O professor irá utilizar de uma experiência simples, com
uso da lamparina, a fim de familiarizar o aluno sobre a formação do solo.
Utilizará de referencia uma técnica da Experimentoteca CDCC-USP
9
(2012). Serão utilizados os seguintes materiais: fósforo, 1 copo, 1
pegador, 1 lamparina, 1 vidrinho de remédio vazio, trazido de casa e
água. O professor irá colocar a lamparina em sua mesa e acende-la,
segurando o vidrinho com o pegador e aquecendo-o. A seguir, irá
mergulha-lo rapidamente no copo com água fria, levntando as seguintes
questões à turma: - 0 que aconteceu com o vidrinho? - Por quê? Com
esta experiência pode-se mostrar como as rochas se quebram com a
variação brusca da temperatura, ocorrida durante o dia e a noite. Nas
rachaduras podem entrar água, pedrinhas, sal, raízes ou pequenos
animais que terminam rebentando a rocha e a transformam em solo.
Fonte: USP, CDCC. Experimentoteca, 2012.
Avaliação: a avaliação será realizada por meio de feedbacks
acontecidos durante o experimento.
Aula 07 e 08 – Decomposição do solo.
Objetivo: demonstrar o processo de decomposição do solo com a “terra"
da horta escolar.
Procedimento: O professor irá fazer uso de uma experiência sugerida na
Experimentoteca (2012). Para isso utilizará dos materiais: 1 lamparina, 1
10
pá, 2 copos, 1 pedaço de pano, Ácido clorídrico, Vidro de relógio, 1
espátula, Fósforo, Água e Terra da horta escolar. O professor irá iniciar
a aula questionando seus alunos se eles conhecem os componentes do
solo e sua decomposição, fazendo uma breve explicação.
Procedimento da técnica: forrar a carteira com folhas de jornal; pegar um
pouco de terra da horta com a espátula e colocar em um copo; despejar
água sobre ela e mexer; observando com atenção a reação de seus
alunos e questionando: 0 que aconteceu? O professor pegará um pouco
de terra seca e colocará na pá, segurando-a e aquecendo-a com a
lamparina. Seguindo, colocará o vidro de relógio sobre a terra que está
sendo aquecida, sem encostar, e questionará: 0 que aconteceu no
vidro? Por quê? Continuando a aquecer essa terra você pode observar
que ela muda de cor e sai fumaça. Que componente da terra está sendo
queimado? O professor irá informar aos seus alunos mostrando o
componente queimado. Após isso o professor irá apagar a lamparina,
esperar por 5 minutos, e nesta terra que estava sendo aquecida, pingar
algumas gotas de ácido e perguntar: se você ver borbulhar ou ouvir um
pequeno "chiado" significa que o ácido está reagindo com um outro
componente do solo. (Se não houver reação é porque esse componente
existe em quantidade muito pequena). Que elemento é esse que reage
com o ácido? Volte a analisar a primeira experiência em que, mexendo-
se a terra na água esta fica suja. Qual dos componentes do solo é capaz
de misturar-se à água deixando-a "suja"? e por fim, usando um pedaço
de pano, filtrar essa água suja em um copo. Continuar pondo água limpa
até que toda a sujeira tenha sido carregada através do pano e perguntar
aos alunos: o que fica retido no pano?
11
Fonte: USP, CDCC. Experimentoteca, 2012.
Avaliação: a avaliação será realizada pelo professor por meio de
questionamentos verbais sobre a técnica realizada.
VOCÊ PODE FAZER EM CASA - ADUBO ORGÂNICO
Você poderá formar um adubo caseiro na sua própria casa ou apartamento.
Se tiver um local de terra onde possa fazer um buraco mais ou menos fundo,
melhor, se não tiver, uma lata de 20 litros também servirá.
MATERIAL
2 medidas (caixa ou lata) de pó de serragem;
2 medidas de terra;
1 1/2 medida de lixo orgânico picado (restos de comida, casca de frutas e
ovos, restos de feira, etc ...).
PROCEDIMENTO
• Misturar tudo dentro da cova ou da lata.
• Cobrir com 5 cm de terra, mas sem tampa e protegida de muita chuva e sol.
O lugar ideal é debaixo das árvores.
• Descansar 30 dias,
• Revolver e umedecer se preciso.
• Esperar mais 30 dias e revolver novamente, umedecer se preciso.
• Trinta dias depois (90 ao todo), estará pronto um ótimo composto orgânico
para vasos, hortas ou jardins. Não tem cheiro, nem junta moscas.
12
Aula 09 e 10 – A erosão.
O professor proporcionará situações experimentais para que os alunos
compreendam como ocorre a erosão hídrica do solo. Além disso, deverá
evidenciar a importância da cobertura vegetal (plantas e resíduos) na
conservação do solo e da água. Nas discussões dos resultados, o professor irá
ressaltar que a água escoada, superficialmente carrega consigo não só as
partículas de solo, mas todos os poluentes associados, como nutrientes,
pesticidas, metais pesados, organismos patogênicos, lixo, entre outros. O
professor também pode possibilitar uma discussão sobre a importância da
vegetação próxima aos cursos de água, conhecida como mata ciliar, fazendo
uma analogia com os cílios dos olhos, os quais tem a função de proteger os
mesmos. Poderá mencionar também o solo como filtro e sua função junto ao
ciclo da água. Além do ensino da conservação dos recursos solo e água, esta
atividade pode ser usada também para estimular o ensino de matemática por
meio do calculo de perda de água e solo. Nesta aula assunto como as
enchentes poderá ser aventado, lembrando-se das grandes enchentes que
costumam ocorrer em grandes cidades devido as práticas humanas como por
exemplo, a utilização de ruas, avenidas, estradas e calçadas que acabam
impedindo o escoamento e permeabilidade das águas da chuva. Também
poderá discutir com seus alunos sobre os impactos que ocorrem nas lavouras,
onde muitas vezes a água da chuva pode conduzir os agrotóxicos para dentro
do solo, e para os rios.
Objetivo: Desenvolver atividades experimentais sobre a erosão.
Procedimento: Nesta aula o professor irá usar uma técnica sugerida do
livro: BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. A vegetação e a erosão do
solo. 4 ed. P. 147. São Paulo: Ática, 2009. São utilizadas duas caixas
com terra sem vegetação, deixando uma delas inclinada e outra na
posição horizontal. Com ajuda de um regador simular a chuva e ver as
reações no solo. Após isso o professor fará questionamentos: O que
vocês perceberam nas duas caixas? Houve mudança no solo? Que tipo
13
de mudanças? Qual a diferença no solo da caixa inclinada e da caixa
que não foi inclinada?
Avaliação: a avaliação será realizada por meio de discussões,
participações e interações dos alunos durante o experimento.
Curiosidade
A erosão do solo é o fator mais sério de degradação. Em média, 30% da área
agrícola já foi degradado em razão deste problema, que é tão grave em
algumas regiões, que 2 milhões de hectares por ano deixam de ser produtivos.
No Brasil, esse é o fato que mais atinge as ricas terras agriculturáveis dos
estados do Sul.
Fonte: Informativo Embrapa Meio Ambiente.
Aula 11 e 12 – A horta escolar.
O professor poderá abranger nesta aula diferentes aspectos sobre a
poluição do solo, reciclagem e coleta seletiva de lixo (resíduos), tratamento de
água e esgoto, entre outros. Fazendo um mapeamento da horta escolar, os
alunos poderão compreender assuntos como compostagem e agrotóxicos,
húmus de minhocas, cadeia alimentar, controle biológico, entre outros,
lembrando que a conservação do solo é por definição a combinação de
métodos de manejo e uso da terra, que protegem o solo contra seu
esgotamento físico, químico e biológico. Dessa forma o professor irá atingir os
objetivos principais da educação que são: instrução e formação ética, segundo
Araújo (2003).
Objetivo: Caracterizar tipos de solo da horta escolar.
Procedimento: Na horta escolar o professor junto com os seus alunos irá
caracterizar os tipos de solo, insetos que existem neste espaço,
identificar o que se colhe na horta e sua utilidade. O professor também
irá mencionar sobre a compostagem e cadeia alimentar baseados na
14
horta escolar. Para isso desenterrará o lixo que foi enterrado na aula 6,
para discutir com seus alunos sobre a importância de separar o lixo, a
diferença na decomposição entre o lixo orgânico e o reciclável, efeitos
dessa decomposição e a importância de se cuidar do solo.
Recurso complementar: no último momento da aula poderá abordar o
tema em questão na perspectiva da interdisciplinaridade. Cabe ao
professor entrar em contato com o laboratório de informática juntamente
com o professor responsável e durante sua aula, fazer uma pesquisa em
sites da internet, por meio da os alunos possam aprender mais sobre as
questões apresentadas anteriormente em sala de aula. Com isso,
poderão obter um melhor aproveitamento do conteúdo trabalhado na
aula de Ciências, bem como apresentar um bom engajamento na aula
de Informática e Ciências , ficando assim mais informados sobre o tema.
O professor poderá trabalhar em multidisciplinaridade, contando com
ajuda e parceria do professor de geografia, que poderá melhor ilustrar
alterações de solo e região. “A multidisciplinaridade ocorre quando um
determinado fenômeno a ser analisado solicita o aporte de vários
especialistas de diferentes disciplinas para explicá-lo, ou para tentar
resolver um problema” (ARAÚJO, 2003, P. 20).
Avaliação: a avaliação será realizada por meio das interações e
participações dos alunos.
Você sabia?
Nem toda a superfície do globo pode ser usada para fins agrícolas. Muitos
solos não são propícios para o cultivo, principalmente em regiões frias como o
Ártico, a Antártida e as montanhas. Outras terras são muito desérticas, altas
demais ou pobres em nutrientes. As áreas não aptas representam mais de
60% do continente terrestre
Fonte: Informativo Embrapa Meio Ambiente.
15
3- CONTEÚDOS DE ESTUDO
3.1 A EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS
A Ciência se conceitua como sendo uma atividade humana complexa,
histórica e construída coletivamente, que tanto influencia como também sofre
influências de questões sociais, tecnológicas, culturais, éticas e políticas
(KNELLER, 1980). Outra maneira para conceituar ciência é considerá-la como
...um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos, etc, visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científica). (FREIRE-MAIA, 2000, p. 24).
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação básica (2008) as
atividades experimentais estão presentes no ensino de Ciências desde sua
origem e são estratégias de ensino fundamentais. Podem contribuir para a
superação de obstáculos na aprendizagem de conceitos científicos, não
somente por propiciar interpretações, discussões e confrontos de ideias entre
os estudantes, mas também pela natureza investigativa. Ainda de acordo com
as Diretrizes, atividade experimental refere-se a toda atividade prática cujo
objetivo inicial é a observação seguida de sua demonstração ou manipulação,
utilizando-se de recursos didáticos como vidrarias, reagentes, instrumentos e
equipamentos ou de materiais alternativos, a depender do tipo de atividade e
do espaço pedagógico planejado para sua realização. São situações em que o
aluno aprende a fazer conjecturas e a interagir com seus colegas, com o
professor, expondo seus pontos de vista, suas suposições, confrontando seus
erros e acertos.
Ainda, de acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica
(2008) há uma tendência de superação de estratégias de ensino de ciências
que privilegiam atividades de estímulo, resposta, reforço positivo, objetivos
operacionais e instrução programada. A aprendizagem significativa no ensino
16
de Ciências implica no entendimento de que o aluno aprende conteúdos
científicos escolares quando lhes atribui significados. Isso põe o processo de
construção de significados como elemento central do processo de ensino-
aprendizagem. E para que isso ocorra o professor de Ciências, responsável
pela mediação entre o conhecimento científico escolar representado por
conceitos e modelos e as concepções alternativas de seus alunos, deve lançar
mão de encaminhamentos metodológicos que utilizem recursos diversos,
assegurando a interatividade no processo ensino-aprendizagem e a construção
de conceitos de forma significativa pelos estudantes. De acordo com Giordan
(1999) a experimentação em aulas de ciências pode contribuir para despertar
um forte interesse em alunos pelos conteúdos. Além de ser um recurso
motivador, de coleta de dados, também facilita a busca investigatória de
“verdades”, ocupando um espaço privilegiado na propagação de uma
metodologia científica.
3.2 O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
A aprendizagem é considerada, por muitos educadores, como o objetivo
final da assimilação de algo intimamente ligado ao indivíduo que se propõe a
estar aprendendo (CUNHA, 2002). Porém os objetivos da aprendizagem vão
além do ato de aprender, significa a ligação direta entre o processo de
transformação pessoal ao objetivo final de cada indivíduo. Para Vygotsky
(1987), a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas. Não há um
desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando
conforme o tempo passa. O desenvolvimento é pensado como um processo,
onde estão presentes a maturação do organismo, o contato com a cultura
produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem o ato de
aprender. Ao professor, explicar conteúdos incorporando novas estratégias e
metodologias experimentais é pontuar a mais neste processo educativo.
O processo de aprendizagem é visto maneira diferente para cada
corrente de pensamento da Psicologia. Para Bachelard (1972) o fundamental
no processo de ensino-aprendizagem não é a exposição de uma grande
17
quantidade de conteúdos, mas seja o meio necessário para que o aluno rompa
com os obstáculos que dificultam a sua compreensão do fenômeno científico.
Baseado no perfil epistemológico, Bachelard diz que uma noção
científica pode ser interpretada a partir do “animismo, do realismo, do
positivismo, do racionalismo, do racionalismo complexo e do racionalismo
dialético” (BACHELARD, 1972, p. 25). Isto significa que não existe uma única
compreensão possível para o mesmo fenômeno científico.
A aprendizagem é vista um processo de mudança de comportamento
obtido através da experiência construída por fatores emocionais, ambientais e
neurológicos. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o
meio ambiente (HAMZE, 2010). Com a nova ênfase educacional, centrada na
aprendizagem, o professor passa a ser co-autor do processo de aprendizagem
dos alunos. Nesse enfoque, centrado na aprendizagem, o conhecimento é
construído e reconstruído continuamente.
Pode-se afirmar que a aprendizagem acontece por um processo
cognitivo relacionado a afetividade, relação e motivação, entendendo a
motivação como um impulso singular para agir. Assim, para aprender é
imprescindível poder fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos
conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é
necessário querer fazê-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação
suficientes. A aprendizagem ocorre de forma gratificante e sólida quando há
recursos motivacionais envolvidos.
3.3 O MEIO AMBIENTE
Meio ambiente é o conjunto formado por todos os fatores bióticos e
abióticos que atuam simultaneamente sobre determinada região. Por fatores
bióticos entendem-se as diversas populações de animais, plantas e bactérias; e
fatores abióticos são os fatores externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o
vento. Um Ecossistema é caracterizado pela diversidade de espécies, inclui
todos os organismos que nele vivem. Dentro de um ecossistema existem vários
tipos de consumidores, que juntos formam uma cadeia alimentar (FARIA,
18
2009).
Para que se possa delimitar um sistema ecológico ou ecossistema é
necessário que haja quatro componentes principais: fatores abióticos, que são
os componentes básicos do ecossistema; os seres autótrofos, geralmente as
plantas capazes de produzir seu próprio alimento através da síntese de
substâncias inorgânicas simples; os consumidores, heterotróficos que não são
capazes de produzir seu próprio alimento; e os decompositores, também
heterotróficos, que se alimentam de matéria morta (FARIA, 2009).
As dimensões de um ecossistema, segundo Faria (2009) podem variar
consideravelmente desde uma poça de água até a totalidade do planeta terra,
que pode ser considerado como um imenso ecossistema composto por todos
os ecossistemas existentes (ecosfera). Neste trabalho busca-se apresentar
questões ambientais abrangentes estudando os diferentes tipos de solo e seus
influentes, uma vez ressaltado questões de impacto ambiental e conservação.
3.3.1 Questão ambiental.
A Questão Ambiental é um processo contínuo de reformulação. É mais
do que geralmente de senso comum se conhece sobre o tema Meio Ambiente.
Nas décadas de 60 e 70 quando se aprofundou a questão do meio ambiente,
havia uma definição ambiental limitada se resumindo em fauna, flora, água,
terra, entre outros (DONAIRE, 1995). Atualmente a Questão Ambiental é muito
mais abrangente, determinando desde água, ar, animais, etc., e expandindo ao
meio em que se vive. Hoje o meio ambiente é visto e defendido como arte,
cultura, cidadania, entre outros. Como por exemplo, uma pichação em
monumento público, hoje é mais que um ato de vandalismo e sim um crime
ambiental.
De acordo com Donaire (1995), a questão ambiental é cada vez mais um
assunto de interesse para muitas pessoas e empresas. A globalização, a
internacionalização dos padrões de qualidade ambiental e a conscientização
dos consumidores permitem prever que existirão exigências muito fortes, no
futuro, em relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida.
19
Para Tavolaro (1999) quem desafia a analisar a problemática ambiental
a partir da investigação da formulação, implementação e gerenciamento de
políticas públicas no mundo contemporâneo se depara com um paradoxo
absolutamente determinante na vida política. Quando ao mesmo tempo em que
demandas sociais de uma nova natureza emergem em decorrência da crise
ambiental e da disseminação de situações de incerteza exigindo do aparato
político-administrativo intervenções que o tornariam ainda mais presente na
vida pública, é vista a perda de capacidade do Estado de determinar os rumos
da dinâmica social e de proporcionar eficientemente políticas que vão ao
encontro de carências. Para o autor o Estado deve permanecer sendo um
elemento central para que seja possível a institucionalização das questões
ambientais e para que formulação, implementação e gerenciamento de
políticas de sustentabilidade ocorram com sucesso.
Tavolaro (1999) ainda ressalta que o sentimento é de que há ainda
muito a ser feito para que tenhamos certeza de que a consideração dos limites
ecossistêmicos e a preocupação com a qualidade de vida das pessoas pelo
poder público tornem-se uma referência definitiva para a proposição de
políticas sociais e de desenvolvimento no país. No Brasil, muitas conquistas
que se traduziram na forma de lei foram esquecidas no dia-a-dia da gestão
pública.
3.3.2 Sustentabilidade
O conceito de sustentabilidade vem sendo usado de várias formas e
para inúmeros fins. Em 1987, um relatório intitulado "Nosso Futuro Comum", é
publicado, e nele surge a definição de sustentabilidade como: o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Este
relatório, assim como outras iniciativas, mostram um plano de visão crítica ao
modelo de desenvolvimento dos países industrializados e aos outros, em fase
de desenvolvimento que reproduzem este modelo, apontando o uso de
recursos de matérias primas, sem uma preocupação em repor estes recursos,
20
ou o impacto deste uso abusivo nos ecossistemas. Este estudo deu origem ao
Relatório Brundtland que define com o desenvolvimento sustentável aquele que
atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem às suas necessidades (GONÇALVES, 2008).
O paradigma da sustentabilidade implica na construção de novos valores, conhecimentos e aprendizagens. No esforço de comunicar, sensibilizar, mobilizar e formar a comunidade de vida do planeta, o papel da educação ambiental (EA) tem se acentuado desde a década de oitenta. Em âmbito internacional, a Unesco tem a incumbência de dar seguimento ao capítulo 36 da Agenda 21, que trata da EA em todos os níveis da formação de educadores e da informação ao público. No Brasil, esta recomendação é aplicada mediante um acordo de cooperação com o Órgão Gestor da Educação Ambiental, responsável pela instituição da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e pela execução do Programa Nacional de Educação Ambiental -PRONEA. (GADOTTI, 2010 p. 7)
Coimbra (2004) define desenvolvimento sustentável como sendo aquele
que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Essa
denominação nasceu do Relatório da Comissão Mundial para o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento, preparatório à ECO 92, que se reuniu no Rio de Janeiro,
em junho de 1992, para celebrar os 20 anos de Estocolmo. Esse documento,
conhecido como “Relatório Brundtland”, tinha por título oficial “Nosso Futuro
Comum” (Our common fututre).
Coimbra (2004) ainda afirma que é decorrência natural, que toda a
humanidade tenha iniciado a época do ecocentrismo, no qual as preocupações
científicas, políticas, econômicas e culturais se voltam para a “oikos”, ou seja,
para a Terra considerada casa comum, um sistema vivo, constituindo, ela
mesma, um organismo vivo, conforme a Teoria de Gaia. Entendido por
ecocentrismo uma linha de política e/ou filosofia ecológica que apresenta um
sistema de valores centrado na natureza, em oposição ao antropocentrismo.
De acordo com o Instituo AraYara, sustentabilidade é um conceito
sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais,
21
culturais e ambientais da sociedade humana. Trata-se da habilidade de
sustentar ou suportar condições, exibida por algo ou alguém. Apresenta-se
como proposta ou um meio de configurar a civilização e atividades humanas,
de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam
preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no
presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas
naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção
indefinida desses ideais (ARAYARA, 2011).
Ainda para o Instituto AraYara o conceito de sustentabilidade é
complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas
pode-se dizer que é a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas,
econômicas e ambientais. Explicando: Questão Social, em primeiro lugar é
preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. O
ser humano é a parte mais importante do meio ambiente; Questão Energética,
sem energia a economia não se desenvolve; Questão Ambiental, sem
considerar a aspectos ambientais não há sustentabilidade. Com o meio
ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia
não se desenvolve; o futuro fica insustentável.
A sustentabilidade é maior do que o desenvolvimento sustentável. Enquanto o modelo de desenvolvimento dominante hoje no planeta aponta para a insustentabilidade planetária, o conceito de desenvolvimento sustentável aponta para a sustentabilidade planetária. Aqui se encontra a força mobilizadora desse conceito (GADOTTI, 2008, p. 76).
O planeta Terra, fornece as condições essenciais para a evolução da
vida. De acordo com “A Carta da Terra” o bem estar da humanidade depende
da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos,
uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo.
Assim, a proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever
sagrado. Isso também é visto na “Agenda 21 Brasileira” quando apresenta seu
objetivo de preparar o mundo para os desafios do próximo século, se fazendo
forte a questão do desenvolvimento sustentável como responsabilidade de
todos (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012).
22
Segundo Gadotti (2010) a Carta da Terra emerge como uma declaração
de princípios éticos e valores fundamentais para a construção de uma
sociedade sustentável, inspirando os povos a um novo sentido de
interdependência global e responsabilidade compartilhada; desafiando a
examinar nossos valores e princípios éticos. “A Carta da Terra é o equivalente
à Declaração Universal dos Direitos Humanos apropriada para os tempos
atuais” (GADOTTI, 2010 p. 19), reunindo em documentos de princípios éticos e
valores fundamentais que norteiam pessoas e nações.
De acordo com Gadotti (2010) os princípios e valores da Carta da Terra
são defendidos particularmente através dos programas curriculares ligados à
educação ambiental existentes na maioria das escolas, sendo utilizada como
um guia para a construção de uma cultura da paz e da sustentabilidade. “A
Carta da Terra não é um guarda-chuva para colocar debaixo de suas asas
tudo; ela é a base, os pés, princípios de um mundo sustentável, isto é, que
sustenta, como as raízes que dão asas às copas frondosas das árvores”
(GADOTTI, 2010 p. 55).
Quando falamos em vida sustentável, a entendemos como um modo de vida de bem-estar e de bem viver para todos, em harmonia (equilíbrio dinâmico) com o meio ambiente: um modo de vida justo, produtivo e sustentável. (GADOTTI, 2008, p. 75)
De acordo com Gadotti (2008) o conceito de sustentabilidade na
educação tem um impacto positivo não só no que se refere aos indivíduos, mas
também nas necessárias mudanças do sistema educacional. Educar para a
sustentabilidade supõe um novo paradigma, implica mudar o sistema, implica o
respeito à vida, o cuidado diário com o planeta e cuidado com toda a
comunidade da vida, da qual a vida humana é um capítulo. “A sustentabilidade
é um conceito central de um sistema educacional voltado para o futuro” (p. 77).
3.4 O SOLO
23
Também chamado terra, o solo tem grande importância na vida de todos
os seres vivos, assim como o ar, a água, o fogo e o vento. É do solo que se
retiram parte dos alimentos e que sobre ele, na maioria das vezes, constroem-
se as casas. É um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície da
terra emersa, entre a litosfera e a atmosfera (SERRAT, 2002).
Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria
orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). O solo ainda pode ser visto
como o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento,
como controlador do fluxo de agua e ação protetora da qualidade de agua
subterrane, como recilcador e armazenador de nutrientes e detritos organicos e
também como habitat para a fauna (SERRAT, 2002).
Compõe-se por quatro partes misturadas de: ar; água; matéria orgânica;
porção mineral (areia, silte, argila). As areias por serem partículas maiores
(tamanho entre 0,2 e 0,005 cm) apresentam maiores espaços entre elas, por
isso retêm pouca água, sendo portanto drenos naturais do solo. As argilas são
partículas com tamanho menor que 0,0002 cm, portanto bem menores que as
partículas de areia. Os solos com muita argila apresentam maior capacidade de
reter água e nutrientes, pois apresentam mais espaços pequenos onde estes
podem ficar armazenados. O silte é constituído por partículas de tamanho
intermediário entre as partículas de areia e argila. Em resumo, o solo
configura-se elemento fundamental para as plantas, pois é onde elas se fixam,
absorvem água e nutrientes, e onde as raízes respiram (SERRAT, 2002).
O solo é o resultado do desgaste das rochas. Os fatores responsáveis
por este processo são: o clima (chuva, calor), organismos vivos (plantas,
animais), relevo (declividade do terreno), e tipos de rochas (mais resistentes ou
menos resistentes). Isso leva anos para acontecer, por isso a importância de se
conservar o solo (SERRAT, 2002).
Ainda de acordo com Serrat (2002) o solo é formado por vários
horizontes, seguidos uns dos outros, e o conjunto desses horizontes chama-se
perfil do solo. O primeiro horizonte, rico em matéria orgânica, portanto mais
escuro é chamado de horizonte A. Ali se desenvolvem a maior parte das raízes
das plantas; fazendo a importância de se tomar cuidado no manejo do solo,
24
para que as raízes não sejam danificadas. Por ser esse horizonte normalmente
trabalhado, ele é denominado de camada arável. Logo abaixo vem o horizonte
B, também chamado de subsolo. Há muitos tipos de horizonte B, sendo
classificados de acordo com a profundidade, formação e fertilidade. O próximo
horizonte é o início do processo de formação do solo, ainda com partes da
rocha, conhecido como horizonte C.
De acordo com Medeiros (2006), os principais constituintes do solo são:
textura, estrutura, porosidade, profundidade e capacidade de uso. A textura do
solo diz respeito à proporção relativa em que se encontram, em determinada
massa de solo, os diferentes tamanhos de partículas. Refere-se às proporções
relativas das partículas ou frações de areia, silte e argila na terra fina seca ao
ar. É a propriedade física do solo que menos sofre alteração ao longo do
tempo. Os solos ainda são agrupados em três tipos de textura: solos de textura
arenosa (solos leves) - possuem teores de areia superiores a 70% e o de argila
inferior a 15%; são permeáveis, leves, de baixa capacidade de retenção de
água e de baixo teor de matéria orgânica altamente susceptíveis à erosão,
necessitando de cuidados especiais na reposição de matéria orgânica, no
preparo do solo e nas práticas conservacionistas; solos de textura média (solos
médios) que apresentam equilíbrio entre os teores de areia, silte e argila.
Normalmente, apresentam boa drenagem, boa capacidade de retenção de
água e índice médio de erodibilidade; e solos de textura argilosa (solos
pesados) apresentam teores de argila superiores a 35%. Possuem baixa
permeabilidade e alta capacidade de retenção de água.
A estrutura do solo consiste na disposição geométrica das partículas
primárias (isoladas) e secundárias. O ferro, a sílica e a matéria orgânica são
os principais agentes cimentantes. Tanto a textura como a estrutura do solo
influenciam na quantidade de ar e de água que as plantas em crescimento
podem obter (MEDEIROS, 2006).
Em relação a porosidade do solo esta é a parte constituída pelo espaço
poroso, após o arranjo dos componentes da parte sólida do solo e que, em
condições naturais, é ocupada por água e ar. As areias retêm pouca água,
porque seu grande espaço poroso permite a drenagem livre da água dos solos.
25
As argilas adsorvem relativamente grandes quantidades de água e seus
menores espaços porosos a retêm contra as forças de gravidade (MEDEIROS,
2006).
A profundidade do solo também é um constituinte e pode ser classificado
de acordo com a espessura da camada arável, podem ser denominados em:
solos rasos onde a camada arável não alcança os 20cm de profundidade; solo
com afloramento de rocha, solos profundos onde a camada arável se
aprofunda em mais de 60 cm (MEDEIROS, 2006).
A capacidade de uso do solo pode ser expressa como sua
adaptabilidade para fins diversos, sem que sofra depauperamento pelos fatores
de desgaste e empobrecimento, através de cultivos anuais, perenes,
pastagem, reflorestamento e vida silvestre (MEDEIROS, 2006).
Ainda para Medeiros (2006) um fator adverso para a capacidade de uso
do solo é a erosão, pois destrói o maior patrimônio do ser humano, que é o
solo, provocando problemas de natureza: Física, destruindo a estrutura do solo
(quebra o esqueleto) dificultando a movimentação do complexo ar-água-
nutrientes e prejudicando o crescimento de raízes e vida do solo; Química,
provocando a perda da fertilidade natural, a diminuição do teor de matéria
orgânica e a falta de nutrientes; Biológica, que altera a vida do solo, má
formação das raízes e poluição da água, prejudicando os seres aquáticos;
Econômica, onde acontece a perda do solo, muitas vezes em terras cultivadas
pode acontecer o arrastamento do calcário, adubo e semente, aumentando o
custo de produção e diminuindo os rendimentos do produtor; Social, conhecido
como fator favorável ao êxodo rural pois, diante dos baixos rendimentos, o
agricultor busca nas cidades a realização do sonho de uma vida melhor.
3.4.1 Formação do solo
De acordo com Azevedo e Dalmolin (2008) os fatores de formação de
solos são elementos que determinam as transformações nos materiais minerais
e orgânicos que ocorrem durante o processo de formação de solos. Os
principais fatores de formação de solos são: 1- material de origem, 2- relevo, 3-
26
clima, 4- organismos e 5- tempo. Esses fatores se combinam em tipos e
intensidade diferentes para compor os diversos processos de formação de
solos.
O material de origem do solo é o material a partir do qual ele começa a
se formar. Este material geralmente possui uma natureza mineral, podendo
também pode ser de natureza orgânica, formando os solos orgânicos. A
maioria dos solos com aptidão para usos agropecuários e florestais são de
natureza mineral, podendo ser podem ser constituídos de rochas ou materiais
retrabalhados (materiais pré intemperizados, as vezes já em processo de
pedogênese, transportados de um local para outro por erosão e depositados).
Para Azevedo e Dalmolin (2008) pode-se considerar a influência do
relevo em duas escalas: numa escala pequena, abrangendo grandes regiões, o
relevo pode afetar o clima; numa escala grande, para áreas menores, a
importância do relevo se dá através da redistribuição da água no corpo do solo.
Muita se sabe que a água é fundamental para a continuidade das
reações químicas que por sua vez, contribuem na evolução dos solos.
Geralmente de menos importância, o relevo também condiciona a quantidade
de radiação solar que uma superfície recebe ao longo dos anos (AZEVEDO e
DALMOLIN, 2008).
O clima, importante para o processo de desenvolvimento do solo, atua
desde os processos de decomposição de rochas. As variáveis climáticas mais
importantes são a temperatura, a precipitação e a evapotranspiração. As
reações químicas que ocorrem no solo são fortemente influenciadas pela
temperatura (quanto mais altas, mais rápidas são as reações) e pela presença
de água (AZEVEDO e DALMOLIN, 2008). A combinação de altas temperaturas
com alta pluviosidade caracteriza os climas tropicais.
Os organismos são fundamentais para o processo de formação de solos,
que não deve ser considerado apenas o produto de destruição das rochas,
porque a ação dos organismos cria e destrói feições, propriedades e
características destes materiais, dependendo de sua ação no espaço e no
tempo. Uma das grandes diferenças entre a geogênese e a pedogênese é a
ação de organismos. A ação dos organismos se inicia tão logo a rocha se
27
exponha na ou próximo a superfície. Inicialmente colônias de microorganismos
se estabelecem, à procura de substrato que lhes forneça suporte e elementos
químicos para seu desenvolvimento. E mesmo depois do solo formado, quando
o sistema solo-vegetação adquire um equilíbrio, a ação desses organismos
continua a ser marcante.Sendo fonte de matéria orgânica para o solo, os
organismos possui propriedades coloidais muito mais expressas que os
colóides inorgânicos (AZEVEDO e DALMOLIN, 2008).
E por fim, o tempo como fator de formação de solos se refere ao período
em que os fatores ativos (clima e organismos) atuaram sobre o material de
origem, condicionados pelo relevo, afirma Azevedo e Dalmolin (2008).
3.4.2 Conservação do solo.
O uso incorreto do solo pode reduzir sua fertilidade, tornando-o menos
produtivo. Portanto, é muito importante conhecer algumas maneiras de
proteger o solo. Dentre as principais razões para o empobrecimento do solo
pode-se destacar: a erosão, provocada pelo escorrimento na superfície através
da água da chuva (enxurrada); a retirada de nutrientes através da colheita de
grãos, pastos, madeira; a penetração das águas da chuva no solo,
principalmente em solos com muita areia, que levam os nutrientes para as
camadas mais profundas, aonde as raízes não chegam; destruição da matéria
orgânica do solo principalmente pela queimada; o relevo (declividade) da área
determina a quantidade de solo carregado pela chuva.; o uso de implementos e
maquinários (tratores, arados, grades) que revolvem o solo, deixando-o mais
solto, favorecendo o carregamento do solo (enxurrada); solo sem vegetação ou
descoberto; destruição das matas e florestas; compactação, impedindo que a
água entre no solo, favorecendo a enxurrada e prejudicando o desenvolvimento
das raízes no solo (SERRAT, 2002).
Lembrando que, junto a esses fatores tem-se a ação do sol, vento e
chuva. O impacto das gotas da chuva na superfície do solo desprotegido
provoca o carregamento das primeiras camadas. O processo de erosão é
gradativo e varia conforme a força da chuva. A destruição das matas é uma
28
importante causa da erosão, pois as árvores funcionam como uma proteção
para o solo. As copas das árvores amortecem o impacto das gotas da chuva. A
matéria orgânica do solo, juntamente com a vegetação rasteira, facilita a
entrada da água no solo, diminuindo o volume da enxurrada.
Dessa forma, conhecer o solo, seus nutrientes e o que acontece se o
mesmo não for conservado, faz-se uma importante pesquisa, onde questões
ambientais podem ser trabalhadas em escolas enfocando a importância do solo
e sua conservação, uma vez compreendido e sua importância e construindo
conhecimentos com experiência prática. Além de, o solo se apresentar como
um imenso quadro de informações por abrigar-se de outros itens importantes
para estudo e análise como é o caso da compostagem, alimentos orgânicos,
efeitos do lixo não orgânico, entre outros itens de sustentabilidade e
conhecimentos aplicados a ciências.
Assim também se faz importante notar a poluição e consequências dos
agrotóxicos sobre o solo. Mais do que uma simples terminologia, os
agrotóxicos apresentam-se extremante prejudicial ao ser humano e a natureza.
Para Couto (2009) agrotóxicos, agroquímicos ou defensivos agrícolas são
produtos químicos (ou de origem naturais, como a nicotina do tabaco ou fumo,)
destinados ao combate às pragas, doenças e ervas daninhas, que prejudicam
as lavouras, com o objetivo de aumentar a produtividade agrícola. Depois de
serem aplicados sobre o solo e/ou plantas, esses agrotóxicos são submetidos
a uma série de processos biológicos e não biológicos que implicam na
degradação através da atmosfera, dos solos, dos organismos e,
particularmente, da água. Sendo este também um aspecto importante de ser
estudado e compreendido uma vez trabalhado com E A.
3.4.3 Trabalhos que utilizam da temática solo como atividade de ensino
aprendizagem.
Para se apropriar da cultura científica, não se faz suficiente apenas
ensinar os conceitos científicos aos alunos, é importante que ele rompa com os
29
obstáculos que dificultam a compreensão da realidade científica. Para o autor,
uma aula de ciências não deve começar pela repetição da lição. É preciso
levar em conta que o estudante traz consigo conhecimentos empíricos já
constituídos: “não se trata, portanto, de adquirir uma cultura experimental, mas
sim de mudar de cultura experimental, de derrubar os obstáculos já
sedimentados pela vida cotidiana” (BACHELARD, 2001, p. 23).
É importante que o ensino de ciências não se resuma em ensinar o
alfabeto científico correto apenas, mas estimular os estudantes a romperem
com as antigas concepções que imperam na aquisição de novos
conhecimentos. Nesse caso, há a necessidade de uma mudança psicológica,
pois
As novas doutrinas nos ensinam a desaprender, nos solicitam, se podemos dizer, de desintuicionar uma intuição por outra, de romper com as análises primeiras para pensar o fenômeno ao termo de uma composição. (BACHELARD, 1968, p.81).
A construção de um novo conceito de existência no planeta implica em
aprender sobre nossa escola, nosso bairro, nossa casa, nossa cidade e sobre
como podemos transformá-los num lugar de vida comunitária em que a co-
responsabilidade pela criação da vida é construída solidária e
democraticamente (GADOTTI, 2010). O desafio maior é apontar para a
humanidade, em especial crianças e jovens, o seu pertencimento ao planeta,
pois não se aprende a amar a Terra apenas lendo livros ou ouvindo palavras
que destacam sua beleza e importância; a experiência própria é fundamental.
Por isso, é preciso um profundo trabalho pedagógico a partir da vida cotidiana
e da subjetividade, em diferentes manifestações (política, cultural, econômica,
social, ambiental), da relação entre o mais próximo e o mais distante, entre as
temáticas que são comuns e gerais ao planeta. Este movimento de ação-
reflexão-ação pode e deve ser ampliado nas diferentes áreas do conhecimento.
Gadotti (2010) ainda lembra que é necessário superar práticas que
burocratizam ou fragmentam a formação para a consciência socioambiental.
Não se pode educar para uma cultura da sustentabilidade reservando dias,
horários e disciplinas específicas para este fim, ou por meio de pacotes
30
pedagógicos prontos. A responsabilidade de educar para a sustentabilidade é
de todos, afirma o autor. Educar para a cidadania planetária1 e sustentabilidade
implica muito mais do que uma filosofia educacional, do que o enunciado de
seus princípios. É sim, uma revisão dos nossos currículos, uma reorientação de
nossa visão de mundo da educação como espaço de inserção do indivíduo não
numa comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo
tempo.
Partindo dessa concepção, trabalhar questões ligadas ao solo em aulas
de ciências, alem de ser uma atividade experimental, pode fornecer
conhecimentos científicos aos alunos, proporcionar interatividade entre alunos
e professor e estimular o vínculo com a disciplina.
De acordo com Muggler; Sobrinho e Machado (2006) a relação do ser
humano com a natureza ocorre a partir da sua concepção como sendo uma
dádiva: a natureza é provedora e encontra-se disponível para o usufruto da
humanidade. Em uma perspectiva histórica, essa relação com a natureza,
promoveu uma visível degradação dos recursos naturais em uma escala
suportável, até o advento da Revolução Industrial, que introduz um modelo de
produção baseado no uso intensivo de energia fóssil, na super-exploração dos
recursos naturais e no uso do ar, água e solo como depósito de rejeitos. A
partir desse momento, o uso intensivo dos recursos naturais e a pressão do
crescimento populacional expõem e ampliam o desequilíbrio inerente a esta
concepção da relação homem-natureza.
De forma geral, as pessoas não percebem que o meio ambiente é
resultado do funcionamento integrado de seus vários componentes e, portanto,
a intervenção sobre qualquer um deles estará afetando o todo, afirmam
Muggler; Sobrinho e Machado (2006). Um desses elementos é o solo,
componente essencial do meio ambiente, cuja importância é pouco
reconhecida.
O solo não é compreendido à luz das interações ecológicas, como
1Cidadania planetária é uma expressão adotada para expressar um conjunto de princípios,
valores, atitudes e comportamentos, que demonstra uma nova percepção da Terra.
31
deveria (BRIDGES & CATIZZONE, 1996 in: MUGGLER; SOBRINHO e
MACHADO, 2006), e menos ainda como um produto dinâmico das interações
entre os grandes sistemas terrestres. De modo geral, as pessoas têm uma
atitude de pouca consciência e sensibilidade em relação ao solo, o que
contribui para a sua degradação, seja pelo seu mau uso, pelo
desconhecimento e não comprometimento seja pela sua ocupação
desordenada. A problemática em torno da conservação do solo tem sido, na
maioria dos casos, negligenciada por muitas pessoas. A consequência dessa
negligência é o crescimento contínuo dos problemas ambientais ligados à
degradação do solo, tais como: erosão, poluição, deslizamentos, assoreamento
de cursos de água, entre outros.
É necessário, portanto, desenvolver e fomentar a sensibilização das
pessoas, individual e coletivamente, em relação ao solo, no âmbito de uma
concepção que considere o princípio da sustentabilidade, na qual valores e
atitudes de desvalorização do solo possam ser revistos e (re)construídos: a
promoção de uma espécie de consciência pedológica (MUGGLER; SOBRINHO
e MACHADO, 2006).
Esta consciência pode nascer de um processo educativo que privilegie a
noção de sustentabilidade na relação homem-natureza. Essa educação pode
contribuir efetivamente para esse processo de mudança de conceitos, uma vez
que ela oferece instrumentos objetivos para elaborar e re-elaborar valores,
condutas e atitudes. Destaca-se, em especial a vertente da Educação,
reconhecida como E A, que é processualmente assumida como o conjunto de
experiências e observações que contribuem para que toda pessoa perceba sua
relação com o meio ambiente e sua responsabilidade para com ele (SATO,
2003, in: MUGGLER; SOBRINHO e MACHADO, 2006).
Para Muggler; Sobrinho e Machado (2006) a Educação em Solos busca
conscientizar as pessoas da importância do solo em sua vida. Nesse processo
educativo e pedagógico, o solo é entendido como componente essencial do
meio ambiente. Objetiva criar, desenvolver e consolidar a sensibilização de
todos em relação ao solo e promover o interesse para sua conservação, uso e
ocupação sustentáveis.
32
Na proposta de Paulo Freire (1983), a educação é vista como a
construção e reconstrução permanente de significados de determinada
realidade e, despertando a possibilidade de o sujeito agir sobre essa realidade.
Essa ação vai ocorrer pela consciência de que a realidade é dinâmica, fruto de
uma construção social e histórica, razão esta que pode ser alterada,
relativizada e transformada. Assim a prática educativa deve ser crítica,
libertadora, conscientizadora, científica, ética e, acima de tudo, humanista.
A construção do conhecimento acerca do solo vem possibilitar uma
maior integração não apenas do meio, com toda a sua complexidade, mas
também a do sujeito que aprende, como parte ativa do meio, ressaltam
Muggler; Sobrinho e Machado (2006). O conhecimento sobre o solo implica
deduzi-lo a partir de um conhecimento prévio, ainda que construído
parcialmente. A aprendizagem, nessa perspectiva teórica, é o resultado do
esforço de atribuir e encontrar significados para o mundo, o que envolve a
construção e revisão de hipóteses sobre o objeto do conhecimento, nesse caso
o solo.
3.4.4 Controle biológico.
O controle biológico é uma alternativa natural de combate de pragas e
patógenos, vantajosa em relação ao controle químico, especialmente quanto
ao impacto ambiental, ao custo, à especificidade e ao desenvolvimento de
resistência. Uma vez que o uso de defensivos agrícolas tem efeitos negativos
sobre o solo, o clima e a vegetaçao (FRANCESCHINI, 2001).
Através dos tempos o ser humano descobriu como manipular ou
manejar esses inimigos naturais para uso na agricultura e pequenas produções
como a horta, daí surgindo o Controle Biológico. Aplicado como uma
biotecnologia baseada na utilização recursos genéticos microbianos, insetos
predadores e parasitóides para o controle de pragas, especialmente os insetos
e ácaros fitófagos, nos sistemas de produção agrícola (MENEZES, 2006).
Tem-se como exemplo geral a inserção, em determinada área, de
predadores naturais de insetos que causam danos econômicos às lavouras. O
33
controle pode ser feito por outro organismo (predador ou patógeno) que ataca a
praga, podendo ser muito eficiente no seu controle e tendo como principal
característica não causar danos acumulativos à lavoura ou aos inimigos
naturais do alvo do controle. O mesmo se aplica também em pequenas hortas
e outros tipos de produçao de alimentos.
Segundo Menezes (2006), existem três estratégias pelas quais os
inimigos naturais podem ser manejados pelo ser humano para que causem
redução no nível populacional de uma praga, objetivando mantê-la abaixo do
nível de dano econômico: Controle Biológico Clássico, que envolve a
importação de agentes de controle biológico da região de origem da praga, ou
seja de uma região para outra, de modo a estabelecê-los permanentemente
como novos elementos da fauna local; Controle Biológico Aumentativo ou por
Incremento, onde o inimigo natural é multiplicado em laboratórios
especializados, portanto, envolve a criação ou produção em massa do inimigo
natural. Posteriormente, eles são liberados no campo no momento apropriado;
Controle Biológico por Conservação, que envolve a manutenção dos inimigos
naturais nos agroecossistemas por favorecer ou fornecer condições de
sobrevivência e reprodução e, consequentemente, aumentando sua
efetividade.
Devido à praticidade com a qual o ser humano lida com a natureza e a
tecnologia, as pessoas tendem cada vez mais a lidar com a natureza de forma
mecanicista. Existe, porém uma grande importância em se conhecer as
cadeias ecológicas. A importância disto está baseada no uso natural de
animais ou plantas que possam controlar ou equilibrar o ecossistema de forma
a evitar o uso de pesticidas e quaisquer outras formas artificiais que possam
desequilibrar em longo prazo o meio ambiente, ou ainda, provocar sérias
reações nos animais e até os seres humanos (IMA, 2009).
As medidas naturais utilizadas para o controle de pragas e
restabelecimento de ecossistemas são chamados controles biológicos. Pode-
se citar como exemplo de controle biológico: peixes no controle da
esquistossomose e de larvas de Aedes aegypti, besouros africanos
(Digitonthophagus Gazeila) no controle da mosca do chifre (Haematobia
34
irritans); bactérias e vírus no controle de pragas e insetos (IMA, 2009). Todas
essas medidas são viáveis economicamente e tecnicamente. E quando
tomadas podem, economicamente, controlar um grande número de pragas que
são na verdade desequilíbrios de ecossistemas.
3.5 A HORTA ESCOLAR
A horta escolar, além de propiciar o alimento para merenda escolar de
alunos, também pode integrar diversas fontes e recursos de aprendizagem.
Relacionado a este projeto incentivado pelo PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional, a horta surge num momento de viabilização de
estratégias educacionais para incentivo do ensino de Ciências. Ao se trabalhar
em sala de aula, conteúdos relacionados à questões ambientais estudando o
solo como produto de uma ação combinada e concomitante de diversos
fatores, a horta proporciona possibilidades para o desenvolvimento de ações
pedagógicas por permitir práticas em grupo explorando a multiplicidade das
formas de aprender, como visto no inicio deste trabalho.
Sabe-se que todo o alimento retirado da horta passa pela cozinha e que
pelo menos 10% desses alimentos são descartados como cascas, resíduos
orgânicos e desperdício, interrogam-se para aonde vão esses sedimentos. A
compostagem orgânica pode ser uma excelente forma de adubo orgânico sem
agressões ao solo. Ao vivenciar com alunos os resultados da decomposição de
lixos e poluição no meio ambiente, em especial no solo, abre-se a possibilidade
futura de incentivar o trabalho de reciclagem de lixo e/ou coleta seletiva na
escola.
3.5.1 A horta escolar como recurso pedagógico.
Segundo Oliveira (2012) a horta escolar é vista como uma ação
pedagógica, pois costura as diferentes áreas do saber em seu planejamento e
execução possibilitando uma prática alternativa com os conteúdos articulados.
35
Ainda em sua interdisciplinaridade permite ir além da simples produção de
alimentos para a merenda escolar, mas também a coloca como recurso
pedagógico para trabalhar a educação sócio ambiental.
Como um laboratório vivo a horta escolar possibilita o desenvolvimento de
diversas atividades em E A e alimentar, unindo a teoria e a prática de forma
contextualizada e experimental, auxiliando no processo de ensino-
aprendizagem cooperado e construído de forma interativa, afirma Oliveira
(2012).
Oliveira (2012) ainda ressalta que ao estimular novas iniciativas e ações
pedagógicas, como no caso da horta, dinamiza-se a relação entre educadores
e educandos, possibilitando avanços significativos na prática educativa. Todas
as ações pedagógicas são importantes, e mesmo sem os resultados imediatos,
frutos da cultura imediatista de nossa sociedade, continua-se a caminhada
nesse grande laboratório de aprendizado que é a vivência no cotidiano da
escola, aprendendo com seus limites e contribuindo para seus avanços.
4- PROPOSTA DE AVALIAÇÃO E RESULTADOS ESPERADOS
Os estudantes por sua vez, poderão debater sobre questões
ambientais de forma prática e construir o conceito de sustentabilidade e
respeito pelo meio ambiente, estudando o solo. E, o professor conseguirá
perceber quais são os instrumentos para medir o nível de aprendizagem e
interesse de seus alunos através do encaminhamento metodológico
apresentado.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Ulisses F. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo: Moderna, 2003.
AZEVEDO, Antonio Carlos; DALMOLIN, Ricardo S. D. Fatores de Formação de Solos. Programa de pós - graduação em ciência do solo. Universidade Federal de Santa Maria. Out 2008. Disponível em: https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:iOZ4qNmpPO0J:w3.ufsm.br/ppgcs/down/. Acesso em: 07 Ago 2012.
BACHELARD, Gaston. O novo espírito científico. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro Ltda, 1968.
__________. Filosofia do novo espírito científico. Trad. Joaquim J. Moura Ramos. Lisboa: Editora Presença, 1972.
__________. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001.
BARROS, Carlos; PAULINO, Wilson. A vegetação e a erosão do solo. 4 ed. P. 147. São Paulo: Ática, 2009.
COIMBRA, José de Ávila Aguiar. Antropocentrismo X Ecocentrismo na Ciência Jurídica. Revista de Direito Ambiental. Ano V. Nº 36. Out/Dez 2004 . São Paulo: Editora RT , 2004, p. 9-42.
COUTO, José Luiz Viana. Contaminação por agrotóxicos. Rede Agronomia. Nov 2009. Disponível em: http://agronomos.ning.com/profiles/blogs/contaminacao-por-agrotoxicos. Acesso em 27 Ago 2012.
CUNHA, C. J. C. de Almeida; FERLA, L. Alberto. Manual do Moderador: Facilitando a Aprendizagem de Adultos. Florianópolis: IEA-Instituto de Estudos Avançados, 2002.
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Ciências. Secretaria do Estado do Paraná. Departamento de Educação Básica. Ano 2008.
DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa. São Paulo, Editora Atlas, 1995.
FARIA, Caroline. Ecossistema. Infoescola: navegando e aprendendo .2009. Disponível em: http://www.infoescola.com/biologia/ecossistema/ Acesso em: 20 Mar 2012.
37
FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. Petrópolis: Vozes, 2000.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 20.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FRANCESCHINI, Melissa.; Et al. Biotecnologia aplicada ao controle biológico. Grupo de Biologia Molecular de Fungos Filamentosos do Centro de Biotecnologia do Estado do Rio Grande do Sul da UFRGS. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento Nº 23. Nov/Dez 2001. Disponível em: https://docs.google.com/ viewer?a=v&q=cache:vhEupBZh-UEJ:www.biotecnologia.com.br/revista/bio23/ biotecnologia.pdf. Acesso em 20 Mar 2012.
GADOTTI, Moacir. Educar para a sustentabilidade. Revista Inclusão Social, Brasília, v. 3, n. 1, p. 75-78, out. 2007/mar. 2008 ____________. A Carta da Terra na educação. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2010. GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de Ciências. Revista Química Nova. P. 43 – 49. N° 10, NOVEMBRO 1999. GOWDAK, Demetrio. Novo pensar. Descobrindo os tipos de solo. Coleção Novo Pensar. P. 43-44. São Paulo: FTD, 2006.
GONÇALVES, Susana. Relatório Brundtland. 2008. Disponível em: http://alternativasdesustentabilidade.blogspot.com.br/2008/11/relatrio-brundtland. html. Acesso em 4 Mai 2012.
HAMZE, Amélia. O que é aprendizagem? Canal do Educador. Disponível em: www.educador.brasilescola.com.br. Acesso em 08 Dez 2010.
IMA, Instituto do meio ambiente. Governo do Estado da Bahia. Importância de se conhecer as cadeias alimentares. 30 Nov 2009. Disponível em: http://intranet.meioambiente.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6727:texto-teste&catid=58:dicas-e-curiosidades&Itemid=223. Acesso em 21 Mar 2012.
INSTITUO ARAYARA: Educação para a Sustentabilidade. Disponível em: http://www.sustentabilidade.org.br/ Acesso em 20 Mar 2012.
KNELLER, G. F. A ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Zahar;. São Paulo: EDUSP, 1980.
MEDEIROS, José da Cunha; CARVALHO, Maria C. Santana; FERREIRA, Gilvan Barbosa. Cultivo do algodão irrigado. Embrapa Algodão. Sistemas de
38
Produção, 2. ed. ISSN 1678-8710 Versão Eletrônica. Set/2006. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Algodao/AlgodaoIrrigado_2ed/solos.html. Acesso em 20 Mar 2012.
MENEZES, Elen de Lima. Controle Biológico: na busca pela sustentabilidade da agricultura brasileira. Revista Campo e Negócios. Ago 2006. Disponível em: http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/artigos/artigo_controle_biologico.html. Acesso em 20 Mar 2012.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21 brasileira. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=908&idMenu=374. Acesso em 16 Abr 2012.
________________. Carta da terra. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=5225&idMenu=5253. Acesso em 16 Abr 2012.
MUGGLER, Cristine Carole; SOBRINHO, Fábio de Araújo Pinto; MACHADO, Vinícius Azevedo. Educação em solos: princípios, teoria e método. Rev. Bras. Ciênc. Solo vol.30 n.4. Viçosa Jul / Ago. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-06832006000400014&scrip t=sciar ttext. Acesso em 07 Ago 2012.
NETO, Anibal Fonseca Figueiredo. Investigando a importância da cobertura vegetal. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
OLIVEIRA, R. S.; Et al. A horta escolar como ferramenta didático-pedagógica na educação para a história. Anais 26ª JAI. Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em: http://portal.ufsm.br/jai/anais/trabalhos/trabalho_1001247070.htm. Acesso em 04 Mai 2012.
SERRAT, Beatriz Monte; Et al. Conhecendo o solo. Projeto de Extensão Universitária Solo Planta. Curitiba: UFPR/Setor de Ciências Agrárias/Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2002.
TAVOLARO, Sergio B. F. A Questão Ambiental: sustentabilidade e políticas públicas no Brasil. Ambiente & sociedade. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-753X1999000200017&script=s cia rttext. Acesso em 04 Mai 2012.
TREVISOL, Joviles Vitório. A Educação Ambiental numa sociedade de risco global. In: TAGLIEBER, José Erno; GUERRA, Antonio F. Silveira (org). Pesquisa em Educação Ambiental: Pensamentos e reflexões de pesquisadores em Educação Ambiental. I Colóquio de Pesquisadores em Educação Ambiental da Região Sul. Pelotas: UFPel, 2004.
TRIVELLATO, José Junior; Et Al. Ciências, natureza e cotidiano: criatividade, pesquisa e conhecimento. Permeabilidade dos solos. Coleção Natureza e Cotidiano. 6. Ano. P. 72-73. São Paulo: FTD, 2009.
39
USP; Centro de Divulgação Científica e Cultural. Relação temática da Experimentoteca. Ar, Água e solo. Orientação para professor. Disponível em: http://www.cdcc.usp.br/exper/fundamental/roteiros/itensexp.htm. Acesso em 08 Nov 2012.
VYGOTSKY, LEV S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.