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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Indisciplina e Violência na Escola: uma proposta de trabalho

Autor Maria Aparecida Demito Pilegi

Escola de Atuação Colégio Estadual Vital Brasil - EFM

Município da escola Vera Cruz do Oeste - PR

Núcleo Regional de Educação Cascavel - PR

Orientador Janete Ritter

Instituição de Ensino Superior Universidade do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Disciplina/Área (entrada no

PDE) Pedagogia

Produção Didático-pedagógica Artigo

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes

disciplinas compreendidas no

trabalho)

Acredito que essa pesquisa bibliográfica relaciona-se

mais com as disciplinas de Sociologia e Filosofia.

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o

professor PDE desenvolveu o

trabalho: professores, alunos,

comunidade...)

Alunos das 8ªs séries do Ensino Fundamental

Nas Turmas Matutinas e Vespertinas

Localização

(identificar nome e endereço da

escola de implementação)

Colégio Estadual Vital Brasil – EFM

Rua Heiji Sakai – 502 – Vera Cruz do Oeste - PR

Apresentação:

(descrever a justificativa,

objetivos e metodologia

utilizada. A informação deverá

conter no máximo 1300

caracteres, ou 200 palavras,

fonte Arial ou Times New

Roman, tamanho 12 e

A sociedade brasileira vem se deparando a cada dia com um aumento de casos de indisciplina e violência nas escolas, gerando um prejuízo incalculável do ensino e aprendizagem, face ao tempo que se perde com a resolução dos problemas causados por alunos e muitas vezes por profissionais da educação, que não possuem respeito aos valores humanos, promovendo assim, conflitos em sala de aula que provocam estresse

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espaçamento simples) e desconcentração, criando fragmentação nos trabalhos do professor e do pedagogo escolar, causando, muitas vezes, até indignação. Por isso, essa pesquisa bibliográfica tem por objetivo sensibilizar os docentes e os alunos sobre a importância de saberem lidar com os conflitos que atingem a pré-adolescência e a adolescência na atualidade, definindo o que são valores humanos para compreender a educação a que nossos alunos são inseridos e a partir dessa compreensão procurar desenvolver a capacidade de refletir, para evitar comportamentos agressivos e violentos que acarretam prejuízos de aprendizagem, entre outros, morais e sociais. Para amenizar tais situações acima citada, pensamos em desenvolver junto aos alunos das 8ªs séries, grupos de estudos em contra turno das turmas matutinas e vespertinas, onde analisaremos conceitos, desenvolvendo várias dinâmicas de grupo e estudo de casos.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Valores humanos; indisciplina ; violência.

3

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE

TRABALHO

Material Didático apresentado em forma de

artigo à Secretaria de Estado da Educação,

no Programa de Desenvolvimento

Educacional, como atividade final do

primeiro semestre de 2011, sob a orientação

da Doutoranda Janete Ritter, pela

Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE, campus de Cascavel - PR.

CASCAVEL – PR

JULHO/2011.

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INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO.

MARIA APARECIDA DEMITO PILEGI¹

JANETE RITTER²

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo relatar a implementação do projeto de ação do

Programa de Desenvolvimento e Estudo – PDE do ano de 2010 e como o próprio

título do Projeto propõe focar a questão dos Valores Humanos Frente à Indisciplina e

à Violência: que alternativas? Pretendemos contribuir com as discussões para

solucionar parte dos problemas de indisciplina e consequentemente da violência nas

escolas, o que tem sido nos últimos anos uma preocupação entre os educadores,

pais e toda comunidade escolar. Os estudos foram desenvolvidos através de

pesquisas bibliográficas de autores considerados renomados dentro da literatura que

trata dos problemas de indisciplina e violência. Para tanto, a proposta de

implementação tem como norte ressaltar que enquanto sociedade somos todos, um

pouco, culpados pela violência que se assola e que, portanto, devemos intervir para

contribuir com ações pedagógicas que venham resolver parte dos problemas da falta

de valores humanos, indisciplina e violência.

Palavras-chave: valores humanos, indisciplina, violência.

________________________________________________________

1 -MARIA APARECIDA DEMITO PILEGI, Pedagoga, formada pela FAFIJAN-PR e Letras/Inglês pela UNIOESTE-

Cascavel-PR, Pós-Graduada em Didática da Educação pela Faculdade São Luiz-SP, Aluna do PDE/2010.

1 JANETE RITTER, Pedagoga, Mestre pela UFPR, Doutoranda da UNICAMP.

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1 INTRODUÇÃO

Pesquisas pedagógicas mostram o quanto se perde de tempo em sala de

aula com questões de indisciplina em detrimento da falta de conhecimento da

maioria dos valores humanos e interação dos alunos entre si, do aluno com o

professor e vice – versa. O que acaba também dificultando o trabalho do pedagogo

no desenvolvimento de sua função no processo educativo, em face aos conflitos de

valores existentes na sociedade atual, os quais são geradores de indisciplina e,

consequentemente, de violência, que é o tema de estudo do Projeto de

Implementação.

Presumimos que a vida em sociedade necessita da criação e cumprimento

de regras e preceitos capazes de conduzir a conduta de um indivíduo ao convívio

social. Como analisa La Taille, 1994:

(...) crianças precisam sim aderir a regras (que implicam valores e formas de conduta) e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os “limites” implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social --- a família, a escola, e a sociedade como um todo. (LA TAILLE, 1994, p.9, grifos do autor).

Segundo Teresa Cristina R. Rego, em seu artigo A Indisciplina e o processo

educativo: uma análise na perspectiva Vygotskiana, coloca que a escola também

precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência

entre os diferentes elementos que nela atuam. E assim as normas e regras deixam

de serem vistas como prescrições castradoras e passam a serem compreendidas

como necessárias ao convívio social.

Muitos autores tratam a questão da indisciplina e violência como fenômenos,

mas é necessário ressaltar que a indisciplina e nem a violência não são um

fenômeno unifatorial, ou seja, não podemos atribuir unicamente causas exógenas e

ou endógenas como dimensões relativas aos fatores situacionais, mas o êxito de

influências que os sujeitos possuem no seu autoconceito e que podem repercutir em

vários aspectos em suas vidas, perante a cada atitude tomada. Daí a necessidade

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de se ter parâmetros, leis, que são nada mais ou nada menos do que normas e

regras para se cumprir.

Yves De La Taille, 1992, nos dá mais uma contribuição diante das

encruzilhadas diárias de o que fazer? Por onde ir? Compreender ou reprimir? Que

alternativas? Diante de um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais,

vejamos:

Lembra que resta à escola uma solução: Lembrar e fazer lembrar em alto e bom tom, a seus alunos e à sociedade como um todo, que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania. E, para ser cidadão, são necessários sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo espaço público, um conjunto mínimo de normas de relações interpessoais, e diálogo franco entre olhares éticos. (LA TAILLE, 1992, p.23, in Julio G Aquino, 1996).

Por isso, o papel de educadores, como pais e professores é reforçar no aluno

o sentimento de sua dignidade como ser moral e, para tanto, devem ter a opinião

carregada de conhecimentos científicos para agir de forma que não venha auferir

ainda mais a dignidade humana.

Abramovay e Rua, 2003, citam em um de seus textos Repercussões das

violências e soluções alternativas que:

As situações de violências comprometem o que deveria ser a identidade da escola --- lugar de sociabilidade positiva, de aprendizagem de valores éticos, pautados no diálogo, no conhecimento da diversidade e na herança civilizatória do conhecimento acumulado. Essas situações repercutem sobre a aprendizagem e a qualidade do ensino tanto para alunos, quanto para professores. (ABRAMOVAY e RUA, 2003, p.65).

Vejamos que há vários escritores estudiosos da questão da indisciplina e da

violência na escola que afirmam sobre o prejuízo de ensino e aprendizagem que

perpassam pelo ambiente escolar em detrimento da falta de valores humanos que

proporcionam a perda da dignidade e, com isso, tanto os alunos como os

professores não têm nem vontade de ir à escola e o que deveria ser um dos

lugares mais prazerosos de se frequentar, torna-se um lugar de tortura para a

maioria, segundo a pesquisa de Abramovay e Rua, 2003, tabela nº6, p.66.

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Os noticiários de telejornais todos os dias dão notícias que envolvem escolas,

alunos e professores em atos de violência, que de certa forma foram gerados, a

maioria, por falta de valores e principalmente de disciplina, fazendo com que

perguntássemos a nós mesmos, muitas vezes, em nosso silêncio: O que fazer e

que alternativas tomar para melhorar esse quadro de terror que se apresenta?

Preocupadas com esse paradigma é que nossa problematização do projeto

de intervenção pedagógica se pauta: Como anda o conhecimento dos valores

humanos no Século XXI? Por que não se usa mais as palavras: “Com licença”,

“muito obrigado (a)”, “por favor”, “senhora”, “senhor”? Quais são as maiores causas

de indisciplina e violência escolar? Violência e indisciplina escolar se resolvem com

consciência e respeito aos valores humanos? Essas são as questões que mais nos

movem nesta pesquisa bibliográfica.

Pretendemos assim, desenvolver junto aos alunos e professores no decorrer

deste artigo de implementação do projeto de ação, um trabalho de reflexão sobre

os valores humanos e como estes interferem e se relacionam com a indisciplina e a

violência escolar. Sendo esse nosso objetivo, além disso, procurar sensibilizar os

docentes sobre a importância de saber lidar com os conflitos que atingem a pré-

adolescência e a adolescência na atualidade e desenvolver a capacidade de

intervir e de evitar comportamentos agressivos que acarretam atos de indisciplina e

violência com prejuízos na aprendizagem.

2 SOCIALIZAÇÃO DO PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO

No primeiro momento de implementação pretendemos socializar o tema e o

título do projeto, juntamente com as ideias principais da problematização, expor o

objetivo geral e específico a toda comunidade escolar, no período em que sucede a

semana pedagógica do Colégio Estadual Vital Brasil de Vera Cruz do Oeste, isto é,

no mês de julho de 2011. Nesta mesma data será comunicado para os professores

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e toda comunidade escolar que a implementação ocorrerá com os alunos que

cursam as 8ªs séries do colégio, tanto os alunos do período matutino, como os

alunos do período vespertino e que tal implementação acontecerá em contra turno

das respectivas turmas.

Acreditamos que a idade da maioria dos alunos que cursam as 8ªs séries do

ensino fundamental varia de treze a quinze anos, o que condiz com o auge do

estágio da pré-adolescência e adolescência, onde os conflitos são mais intensos,

mas também mais fáceis de serem compreendidos, ou seja, mais fácil para os

mesmos compreenderem as situações estudadas, pois eles têm mais facilidade

para repassar o que estudam.

Os alunos serão convidados a participarem, mas com incentivo maior àqueles

que demonstrarem pouco interesse. Pois os encontros acontecerão uma vez por

semana, no contra turno das séries e com um número de quatro encontros

distribuídos nos meses de setembro e outubro de 2011. E como já foi feito um pré-

encontro com a Direção e a Equipe Pedagógica da escola e exposto toda a idéia

de repasse, tendo uma boa aceitação, assim, acreditamos que não haverá

problemas nesta primeira fase de implementação do projeto de intervenção.

3 PRIMEIRA ETAPA: A QUESTÃO DA INDISCIPLINA

Num primeiro momento vamos dar boas vindas aos alunos das 8ªs séries do

ensino fundamental do Colégio Estadual Vital Brasil, explicar a importância da

participação deles no projeto de implementação, também dizer-lhes que a intenção

é que eles serão os semeadores dos resultados dos encontros, através das

relações de amizade que terão com os demais colegas da escola. E que poderá

ser criada na escola uma comissão, onde cada turma terá o seu representante,

para que quando for necessário reunirem-se e resolver os problemas de

indisciplina e violência que ora aflige a comunidade escolar. Dessa forma, eles

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terão a representatividade e autonomia para agir em consenso com os demais

órgãos colegiados da escola.

Neste mesmo encontro os alunos assistirão a um DVD baseado no filme “O

Gladiador” que fala sobre: Poder e Honra. Serão feitas várias reflexões através de

diálogo e questionamentos sobre o tema. Como: “O poder se conquista com força

(violência), ou com respeito e honra?” “Através de quais atitudes se constrói a

honra de um homem”? “Quais são os valores que são destacados na mensagem

do DVD assistido? ’ “As pessoas disciplinadas conseguem ter admiração? Por

quê?”

Em seguida, será trabalhado com os alunos leitura dos slides sobre a

definição de indisciplina, sob a ótica de vários autores estudados no decorrer das

leituras do PDE. Assim, teremos o conceito de indisciplina na visão de Áurea M.

Guimarães, Socióloga, mestre pela PUC e doutora pela UNICAMP, na área de

educação, seu artigo: “Indisciplina e Violência: a ambiguidade dos conflitos na

escola”, organizado no livro: Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas,

por Júlio Groppa Aquino, 1996, p. 73, que diz: “todo ato ou dito contrário à

disciplina que leva à desordem, à desobediência, à rebelião” constituir-se-ia em

indisciplina”.

Do mesmo livro organizado por Aquino, 1996, outro artigo de Teresa Cristina

R. Rego, pedagoga, mestre e doutoranda pela USP, intitulado, “A Indisciplina e o

processo educativo: uma análise na perspectiva vygotskiana”, Rego, l996, p. 85 diz

que:

Segundo o dicionário o termo disciplina pode ser definido como “regime de ordem imposta ou livremente consentida. Ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização (militar, escolar, etc.). Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor. Observância de preceitos ou normas. Submissão a um regulamento. (...) Já o indisciplinado é o que se rebela, que não acata e não se submete, nem tampouco se acomoda, e, agindo assim, provoca rupturas e questionamentos.

Nesta mesma página segundo Rego, l996, no meio educacional a indisciplina

costuma ser compreendida “como um comportamento inadequado, um sinal de

rebeldia, intransigência, desacato, traduzida na “falta de educação ou de respeito

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pelas autoridades,” na bagunça ou agitação motora. Como uma espécie de

incapacidade do aluno em se ajustar às normas e padrões de comportamentos

esperados.”

Vimos então que a disciplina é tida como obediência cega às prescrições e

pré-requisito para o bom aproveitamento do que é oferecido pela escola. Assim a

indisciplina assume uma conotação de opressão, mas a autora Rego, 1996, p.86,

chama a nossa atenção que:

A escola, por sua vez, também precisa de regras e normas orientadoras do seu funcionamento e da convivência entre os diferentes elementos que nela atuam. Nesse sentido, as normas deixam de ser vistas apenas como prescrições castradoras, e passam a ser compreendidas como condição necessária ao convívio social. ... Neste paradigma, o disciplinador é aquele que educa, oferece parâmetros e estabelece limites.

Podemos então afirmar que a vida em sociedade necessita de regras e

preceitos capazes de nortear as relações interpessoais e que o caminho para se

chegar à prática do conhecimento científico de qualidade, está na cooperação, no

diálogo e na troca do respeito mútuo entre os membros que participam da

instituição escolar. Mas desde que tais regras não venham sob a ótica para

justificar a tirania sem limites e prescrições castradoras.

Rego, 1996, p.87 afirma: “O modo como interpretamos a indisciplina (ou a

disciplina), sem dúvida, acarreta uma série de implicações à prática pedagógica.” A

autora faz tal afirmativa alegando que além de sermos capazes de interferir nos

tipos de interações estabelecidas com os alunos, somos também capazes de

definir critérios dos objetivos que queremos alcançar.

Em Enguita, 1989, “expressa como uma “obsessão pela manutenção da

ordem”. Mesmo defendendo que a ordem é necessária em algumas situações mais

técnicas, ele chama atenção para o fato de que a maioria dos professores justifica-

na como necessidade pedagógica, além de concebê-la como condição

imprescindível de uma instrução eficaz. “Basta recordarmos nossa própria

experiência como aluno ou professor, ou visitar uma sala de aula, para evocar ou

presenciar um rosário de ordens individuais e coletivas para não fazer ruído, não

falar, prestar atenção, não movimentar-se de um lado para outro.” (Enguita, 1989,

11

p.163). O autor critica tais ordens sobre o ponto de vista de que o exercício da

autoridade sobre os alunos desenvolve uma dependência que impede o

crescimento e o amadurecimento, prejudicando a criatividade do aluno. Por isso,

precisamos ter cautela ao usarmos da autoridade e a manutenção da ordem.

Não podemos deixar de citar o conceito de disciplina segundo Franco, 1986,

p.40

A disciplina (...) significa a capacidade de comandar a si mesmo, de se impor aos caprichos individuais, às veleidades desordenadas, significa, enfim, uma regra de vida. Além disso, significa a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para um organismo social qualquer atinja o fim proposto.

Vejamos que do ponto de vista filosófico a citação acima afirma que a

disciplina trata-se de uma “regra de vida”, então podemos afirmar que ao contrário

da disciplina, é que a indisciplina vem a “desregrar” toda uma vida, tornando-a uma

desordem. Portanto, a disciplina deve apontar limites, o que é normal para o bom

andamento de toda sociedade e principalmente nas instituições escolares, onde as

crianças desejam aprender a ser e a fazerem-se cidadãos de respeito para também

serem respeitados.

Assim, acreditamos que como todo objetivo deste projeto de intervenção é

“refletir” e “sensibilizar”, precisamos apresentar vários conceitos de indisciplina e na

visão de vários autores para que os alunos no final do primeiro encontro possam

construir o seu próprio conceito com clareza e convicção.

Para encerrar o primeiro encontro a turma será dividida em grupos e cada um

deles receberá um trecho de um texto, para ler e formular quais estratégias e ações

podemos criar para amenizar o problema da indisciplina em sala de aula.

Texto A: As manifestações de indisciplina, muitas vezes, podem ser vistas como

uma forma de se mostrar para o mundo, mostrar sua existência, em muitos casos o

indivíduo tem somente a intenção de ser ouvido por alguém, então para muitos

alunos indisciplinados a rebeldia é uma forma de expressão.

(site: HTTP://educador.brasilescola.com às 23h e 23m de 14/07/11)

12

Texto B: Problemas psicológicos e sociais atingem diretamente o rendimento

escolar, mais precisamente no fenômeno da indisciplina que se tornou, nos últimos

anos, um dos principais problemas da educação no Brasil.

(site: HTTP://educador.brasilescola.com às 23h e 23m de 14/07/11)

Texto C: A indisciplina cresce constantemente, produto de uma sociedade na qual

os valores humanos tais como o respeito, o amor, a compreensão, a fraternidade, a

valorização da família e diversos outros foram ignorados.

(site: HTTP://educador.brasilescola.com às 23h e 23m de 14/07/11)

Após leitura, discussão e formulação das estratégias e ações para amenizar o

problema da indisciplina em sala de aula, cada grupo irá expor suas idéias e criar

um documento com sugestões que surgirão nestas discussões, que considerarem

relevantes no combate a indisciplina e que será entregue, oportunamente, para a

equipe pedagógica da escola.

Acreditamos que tais atividades possam conscientizar parte dos problemas de

indisciplina, uma vez que o objetivo é sensibilizar os alunos, mostrar-lhes que a

indisciplina causa-lhes um prejuízo incalculável do conhecimento científico, além de

gerar doenças psicológicas em todos os envolvidos no processo educacional.

4 SEGUNDA ETAPA: VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Este tema exige cuidado e é muito difícil de tratar e é o objetivo primordial

deste projeto, além de esclarecer que violência é diferente que indisciplina e que a

indisciplina em sala de aula deve ser estudada nas escolas, sendo que a violência,

por sua vez, não é somente de alçada da escola, mas de toda a sociedade, e, a

escola como representante da sociedade precisa se preocupar com as situações

que geram violências, principalmente quando estas são geradas no ambiente

escolar.

Abramovay e Rua, 2003, p.26, afirmam que a violência por sua vez:

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contribui para romper com a idéia da escola como lugar de conhecimento, de formação do ser, de educação, como veículo, por excelência do exercício e aprendizagem da ética e da comunicação por diálogo e, portanto, antítese da violência.

As mesmas autoras em sua pesquisa comprovam que nos últimos anos os

casos de violências com registros de atos delituosos de incivilidades nas escolas

têm aumentado, se tornando um lugar não mais seguro, afetando assim, o

desempenho pedagógico e tornando sua ideologia contestada.

Como se trata de um fenômeno estudado por vários estudiosos, neste

segundo encontro vamos trabalhar também os vários conceitos de violência e

procurar analisar com os alunos os vários fatores que geram tais atitudes violentas

e tentar compreender a complexidade e multiplicidade das facetas da violência nas

escolas, o que consideramos ser um grande desafio.

A princípio acreditávamos que não deveríamos fomentar sobre a palavra

violência, mas sim trabalhar uma política de paz. No entanto, vemos que os meios

de comunicação apresentam escancaradamente os casos de violência, sem maior

censura, então vamos tratar de tal assunto com os fatores endógenos e exógenos

à violência porque acreditamos que estes estão associados à violência no

ambiente escolar.

Vamos trabalhar então, com o conceito de violência apresentado por

Abramovay e Rua, 2003, p. 21, que a conceitua segundo a ampliação feita por

Charlot (1997), a primeira refere-se que não existe um conceito sobre violência e o

que é caracterizado como violência varia em função do ambiente escolar, do status

de quem fala, da idade e do sexo, vejamos, segundo as autoras citadas acima a

classificação dos níveis:

a. Violência: Golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo;

b. Incivilidades: humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito;

c. Violência simbólica ou institucional: compreendida como a falta de sentido de permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses;... a violência das relações de poder entre professores e alunos. Também o é a negação da

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identidade e da satisfação profissional aos professores, a obrigação de suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos.

Pretendemos explorar cada um dos níveis de classificação da violência com

reflexões sobre como cada grupo resolveria as violências discriminadas acima em

cada nível, que será exposta em slides para os alunos referenciarem. Após as

reflexões feitas pelos alunos apresentaremos outros conceitos como:

Violência é todo ato que implica a ruptura de um nexo social pelo uso da força. Nega-se, assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação, pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito (SPOSITO, 1998, p.60).

Também violência, segundo o Dicionário de Howaiss “É o avesso dos Direitos

Humanos e das leis naturais, é a ação ou efeito de violar, de empregar força física

(contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento,

crueldade, força”.

A OMS - Organização Mundial da Saúde – define violência “como a imposição

de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis.” Essa definição será muito

trabalhada com os alunos sobre quais compreensões eles têm dessa dor e

sofrimento? Por que e como essa dor e sofrimento podem ser evitados? Que

alternativas eles sugerem para que esse quadro de dor e sofrimento diminua em

nossa escola?

Destes questionamentos reflexivos pretendemos formar uma mensagem que

passe a ser o lema do colégio e faz com que pensemos a violência como um mal

que fazemos a nós mesmos, mas que este lema seja imbuído com uma mensagem

que venha de encontro com uma cultura para a paz.

5 TERCEIRA ETAPA: VALORES HUMANOS

Sabemos que a vida humana não é imutável e nem universal, o

desenvolvimento individual se dá através da internalização dos modos de vida

determinados pela cultura vivenciada historicamente e que dependendo das

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influências sociais o indivíduo é capaz de renovar sua própria cultura. Como afirma

Leontiev: “Cada indivíduo aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá

quando nasce não basta para viver em sociedade. É preciso adquirir o que foi

alcançado no decurso do desenvolvimento histórico da sociedade humana.”

(Leontiev, 1978, p.267, grifo do autor). Nesta perspectiva, a interação com o meio

social e cultural possibilita a cada ser humano a apropriação de significados

elaborados que permitem o processo de ensino e aprendizagem.

Pensando nisso, é que a atividade da terceira etapa inicia-se com um diálogo

reflexivo com o Delegado de Departamento de Polícia Civil da cidade de Vera Cruz

do Oeste, juntamente com os alunos das 8ªs séries, que dialogará com o Delegado

sobre quais delitos são mais cometidos entre os detentos que pertencem ao

departamento de sua responsabilidade, para que reflitam sobre quais

comportamentos podem levar uma pessoa a frequentar tal departamento.

Será comunicado com antecedência ao Delegado da instituição e combinado

algum questionamento reflexivo que os alunos devem dirigir-lhe e também os alunos

serão orientados para levarem leituras de poesias, histórias, partes bíblicas, como

Sermão da Montanha (Mateus 5), ou O Semeador (Mateus 13,1-23), até livros, para

que o Delegado entregue aos presos, casos estes queiram ler.

Após a saída do Delegado vamos fazer algumas reflexões sobre tais pessoas,

como: Podemos julgá-los como pessoas más ou fracas? Por quê? O que leva uma

pessoa a cometer delitos? Em seguida vamos solicitar que escrevam e nos entregue

sobre: “O que mais o chateia? O que mais o deixa feliz? Qual seu maior sonho?”

Acreditamos que com essa atividade estaremos despertando a importância

que certos valores humanos têm em nossas vidas e procurar frisar para os alunos

que ninguém nasce rebelde ou indisciplinado e que o comportamento é aprendido

através de múltiplas influências e vivências que adquirimos ao longo de nosso

desenvolvimento humano.

6 QUARTA ETAPA: A PEDAGOGIA DA ALTERIDADE

16

A grande tendência do mundo atual é saber trabalhar em equipe e para isto,

as pessoas precisam saber o valor da disciplina, da responsabilidade e do respeito

para com o próximo. A alteridade é isso, é ser capaz de reconhecer e respeitar o

outro, não querer ser o outro, mas sentir o que este sente.

São muitas as pedagogias que se utiliza no cotidiano para a formação do

indivíduo, no entanto, poucos escritores citam a Pedagogia da Alteridade, não

podemos finalizar esse trabalho sem privilegiar a questão da inter-relação professor

e aluno e vice-versa, e, para tanto precisamos contemplar a força que as palavras

têm sobre nós, pois somos seres da palavra, que é instrumento por excelência da

comunicação interpessoal.

Em nossa prática pedagógica constantemente fazemos uso da palavra para

conduzirmos o processo educativo, falamos quase o tempo todo, o instrumento

principal que o ser humano dispõe é a palavra, a qual oscila entre a ternura e a

aspereza, por isso, as palavras devem ser claras, adequadas, sobretudo, manifestar

nosso sentimento de respeito ao outro, e isso é viver a alteridade.

As ações de solidariedade, respeito, zelo e justiça que tenham como alvo o

diferente, o excluído, o criminoso, o violento, o rebelde, o indisciplinado, o outro que

se manifesta diante de nós por meio de seu rosto humano está presente em nossa

prática cotidiana de educador, portanto, é importante que exercitem na relação com

o outro laços de ternura. Vejamos o que nos diz (MORAES, 2003, p.28). “Para que

as mudanças ocorram é preciso que exista flexibilidade estrutural e possibilidade de

adaptações recorrentes entre organismo e meio.”

O paradoxo do desenvolvimento humano nada mais é do que a luta para

deixarmos de ser dependentes, que é uma marca de nascimento do ser humano,

para a conquista da autonomia, por isso, é importante que entendamos essa

questão do comportamento humano e que tenhamos uma formação ética e uma

pedagogia mais humana, justa e solidária, ou seja, a pedagogia da alteridade.

17

E para que os alunos entendam essa pedagogia da alteridade vamos iniciar o

quarto encontro com uma dinâmica de grupo, na qual será entregue a cada

participante uma bexiga que ao enchê-la deverão imaginar que estão colocando

dentro dela tudo que é importante na sua vida. Após, irão lançá-la ao ar, como se

estivesse executando tudo que eles colocaram de importante dentro das bexigas,

mas eles irão encontrar muitos obstáculos, que serão representados por nós. Como

dirigentes da dinâmica, tocando nos alunos com a ponta dos dedos e estes terão

que ficar estátuas, seus companheiros, deverão socorrer os seus desejos que estão

dentro da bexiga e não deixá-las cair ao chão, então eles terão que cuidar da sua

bexiga e da bexiga do colega. Aos poucos vamos tornando a maioria estátuas e ao

sinal do segundo toque, eles voltarão a socorrer suas bexigas e as dos colegas, até

que todas voltam a flutuar novamente.

Finalizando a dinâmica, iremos fazer algumas reflexões sobre: O que

sentiram com esta dinâmica? O objetivo é que eles reflitam sobre a importância da

ajuda mútua, do cansaço que temos quando realizamos as tarefas sozinhos e que é

possível cairmos, mas é possível também levantarmos novamente, que as

oportunidades nos são dadas, mas que precisamos entender as relações de

solidariedade, o que está escasso neste momento em que estamos vivendo, com

pessoas cada vez mais individualistas.

Na segunda atividade deste dia iremos fazer um momento de reflexão sobre a

vida das pessoas que marcaram a nossa história com atitudes de solidariedade em

prol de causas relacionadas aos Direitos Humanos, como: Madre Tereza de Calcutá,

que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1973, Gandhi, líder espiritual indiano, e

outros heróis. Para isso, levaremos os alunos no laboratório de informática para que

pesquisem, leiam e apresentem para os demais colegas o que eles aprenderam com

a história de vida dos heróis que pesquisaram.

Como este encontro marca a última etapa da implementação do PDE, vamos

passar uma lista de filmes como sugestão que ajudarão a entender melhor as

formas de vida que existe em nossas sociedades, incentivando-os para assistirem e

explicitando a importância destes conhecimentos para nosso crescimento como

pessoa humana. Vamos finalizar com uma confraternização e vamos solicitar a

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presença da Direção e da Equipe Pedagógica da escola, momento este, que iremos

fazer a entrega do documento com as sugestões para diminuir a indisciplina e

combater a violência na escola, formulado pelos alunos das 8ªs séries do Colégio

Estadual Vital Brasil, na primeira etapa desta implementação.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que hoje não é fácil ser professor e que os problemas de

indisciplina e violência são muitos, mas a escola e os professores precisam ter em

mente que o aluno real é este que aí está. Precisamos conscientizá-los que é

necessário compreender que a indisciplina e a violência são prejudiciais para o

ensino e aprendizagem e que nossa função é exercer nossa profissão com

competência, cumprir nosso papel de ensinar o conhecimento científico.

Na implementação propomos intervenções que venha auxiliar na melhoria das

relações interpessoais entre professor e aluno. Nosso objetivo maior é amenizar a

angústia do professor em relação ao cansaço da sala de aula, face às atitudes de

indisciplina e violência causadas por falta do ensinamento dos valores humanos na

sociedade atual.

Paulo Freire, 2000, p. 133 diz: “O sonho de um mundo melhor nasce das

entranhas de seu contrário.” Pois, segundo o autor para aceitarmos o sonho de um

mundo melhor precisamos entrar num profundo ancoramento na ética, isto é,

compreender que a ética não nasce conosco, não é natural, não deriva da ciência e

nem da razão, ela tem que ser construída, portanto, é preciso ser ensinada. E como

a ética é o domínio do respeito no fazer, a escola precisa ter como meta ser mais

consistente na interiorização desta prática ética, para inspirar no seu ambiente a arte

do bem viver.

Esperamos que todas as atividades propostas neste material didático

exercitem a capacidade de valorizar o que o outro trás consigo, que cada pessoa é

diferente da outra, que os nossos sentimentos podem mudar dependendo do que

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vivenciamos, amenizando os conflitos e melhorando as relações interpessoais entre

os elementos de um mesmo grupo.

Concluímos com essa implementação a ideia de que passamos para os

alunos um lastro de informações, capazes de provocar aqueles que sonham por um

mundo mais justo, seguro e melhor de viver, que se propuserem a desenvolver uma

prática social comprometida com a disciplina da “boa ordem”, porque nada muda, se

o “eu” não mudar, mas ao mesmo tempo sem impedir o aluno de criar e, sim,

possibilitar a sua criatividade. É o que objetivamos.

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