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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: As Memórias e a História do Distrito de Maralúcia: Município de Medianeira/Paraná

Autor Claudete Unfer

Escola de Atuação Colégio Estadual Maralúcia Ensino Fundamental e Médio Município da escola Medianeira

Núcleo Regional de Educação Foz do Iguaçu

Orientador Drº. Marcio Antonio Both

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE

Disciplina/Área História (Paraná: história e historiografia)

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar Principal: Geografia, Português

Público Alvo Material Didático Direcionado aos Alunos de 6ª Série do Ensino Fundamental

Localização Colégio Estadual Maralúcia Ensino Fundamental e Médio

Distrito de Maralúcia – Medianeira

Apresentação:

Esse trabalho trata de uma Unidade Didática, conseqüência do Projeto de PDE com a temática A História da Migração para o Distrito de Maralúcia - Município de Medianeira/Paraná, é uma análise do contexto histórico para uma compreensão e problematização de como a comunidade de Maralúcia distrito do município de Medianeira no oeste do Paraná, foi formada e como continua se transformando, devido o modo de viver de seus moradores. A qual tem sua história na migração de famílias oriundas do sul do Brasil. A Unidade Didática tem como objetivo oferecer diferentes metodologias de trabalho para serem aproveitados em sala de aula com alunos da 6ª Série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual de Maralúcia, na tentativa de dinamizar o processo ensino-aprendizagem nas aulas de História, Língua Portuguesa e Geografia, podendo ainda relacioná-la com as demais disciplinas; tendo como conteúdos estruturantes as Relações Sociais, Povoamento, Colonização, Fronteira Agrária e História do Oeste do Paraná. Na busca de possibilitar a integração entre pesquisa e docência, instigando professor e alunos a compreenderem a produção do conhecimento histórico como algo constante e que lida com as questões da realidade social, no espaço em que os sujeitos estão inseridos. O projeto permitirá analisar fontes e bibliografia que enfatizam a construção histórica e valorizando as experiências dos moradores As estratégias utilizadas na realização do projeto são pautadas em análise documental de jornais, manuais, periódicos e fotografias, mapas realização de entrevistas, dentre outros. Além de oportunizar um encontro entre as diferentes gerações da comunidade, tendo como tema norteador da Unidade Didática a “História da Migração para o Distrito de Maralúcia - Município de Medianeira/Paraná, no período de 1950 a 1970”. Tendo como enfoque a historicidade da comunidade, seu espaço territorial e as relações sociais mantidas desde o inicio de sua fundação.

Palavras-chave: Histórias e Memórias, comunidade, Conhecimento Histórico.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

CLAUDETE UNFER

A HISTÓRIA DA MIGRAÇÃO PARA O DISTRITO

DE MARALÚCIA - MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA/PARANÁ

Unidade didática apresentada à Secretaria de Estado da Educação SEED como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE na área de História. Orientador: Profº. Dr. Marcio Antônio Both da Silva.

FOZ DO IGUAÇU - PR 2011

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04

1 AS MEMORIAS E A HISTÓRIA DE MARALÚCIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

1.1 A REGIÃO OESTE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06

1.1.1 A Presença das Obrages na Região Oeste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08

1.2 A MARCHA PARA OESTE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.3 ATUAÇÃO DAS COLONIZADORAS NO OESTE DO PARANÁ. . . . . . . . . . . . . . 12

1.4 O PAPEL DA COLONIZADORA BENTO GONÇALVES NA REGIÃO DE MEDIANEIRA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

14

1. 5 DISTRITO DE MARALÚCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2 AVALIÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3 SUGESTÃO AOS PROFESSORES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

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APRESENTAÇÃO

A Produção do conhecimento, pelo historiador, requer um método específico,

baseado na explicação e interpretação de fatos do passado, construindo, à partir dos

documentos e das experiências do historiador. “A problematização produz uma narrativa

histórica que tem como desafio contemplar a diversidade das experiências culturais e políticas

dos sujeitos e suas relações” (DCE1, 2008).

Enquanto historiadora e educadora precisamos fazer algo para que os nossos

educandos e as futuras gerações tenham acesso à história de formação da comunidade de

Maralúcia. É inconcebível que esta comunidade continue vivendo sem ter o menor

conhecimento de todas as realizações das gerações que a antecederam. Somente tendo acesso

ao passado é que se pode melhor compreender a realidade a que estamos submetidos.

A Unidade Didática é conseqüência do projeto de Intervenção Pedagógico intitulado

como tema A História da Migração para o Distrito de Maralúcia - Município de

Medianeira/Paraná, parte das atividades exigidas no Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE.

A Unidade Didática tem como objetivo oferecer diferentes metodologias de trabalho

para serem aproveitados em sala de aula com alunos da 6ª série do Ensino Fundamental do

Colégio Estadual Maralúcia, na tentativa de dinamizar o processo ensino-aprendizagem nas

aulas de História, Língua Portuguesa e Geografia, podendo ainda relacioná-la com as demais

disciplinas e assim possibilitar a integração entre pesquisa e docência, instigando professores

e alunos a compreenderem a produção do conhecimento histórico como algo constante e que

lida com as questões da realidade social, no espaço em que os sujeitos estão inseridos.

Esse documento apresenta atividades de pesquisa, análise textual, de documentos

icnográficos e mapas. Além de oportunizar um encontro entre as diferentes gerações da

comunidade, tendo como tema norteador da Unidade Didática a “História da Migração para o

Distrito de Maralúcia - Município de Medianeira/Paraná, no período de 1950 a 1970”. Tendo

como enfoque a historicidade da comunidade, seu espaço territorial e as relações sociais

mantidas desde o inicio de sua fundação.

1 Fundamentos Metodológicos do Ensino de História, PARANÁ (Secretaria de Estado da Educação - SEED. Curitiba: Impressa Oficial, 2008.

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1 AS MEMORIAS E A HISTÓRIA DE MARALÚCIA

A história, sem dúvida, é a compilação dos fatos que ocuparam o maior espaço na memória dos homens. Mas lidos em livros, ensinados e aprendidos nas escolas, os acontecimentos passados são escolhidos, aproximados e classificados conforme as necessidades ou regras que não se impunham aos círculos de homens que deles guardaram por muito tempo a lembrança viva. (HALBWACHS, 2004, p. 80.)

Para compreendermos como sucedeu a formação da comunidade do Distrito de

Maralúcia no município de Medianeira no oeste do Paraná, precisamos fazer uma linha de

parâmetro no tempo dos fatos que contribuíram para a colonização da região Oeste do Paraná

(ver mapa abaixo) e uma reconstrução da discussão histórica de como se deu esse processo, e

uma breve explanação de alguns fatos que marcaram o espaço territorial, desde o início de sua

colonização em meados de 1940.

IMAGEM 1: MAPA DA REGIÃO OESTE DO PARANÁ

Fonte: STECA e FLORES O Paraná de Todas as Cores, p. 90.

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Ao reportarmos o estudo para essa região é porque queremos buscar dados para

conhecer a história do Distrito de Maralúcia, pois não é possível conceber que um passado tão

rico em acontecimentos e fatos seja mergulhado no esquecimento ou apenas vivo na memória

dos migrantes que aqui chegaram. Assim para uma melhor compreensão do passado dessa

comunidade se faz necessário conhecer um pouco mais do contexto da colonização da região

e o papel dos obrageiros nesse espaço marcado por inúmeros conflitos.

1.1 A REGIÃO OESTE

A região Oeste do Paraná faz divisa com os países do Paraguai e da Argentina. E foi

no ano de 1777, assinado o Tratado Ildefonso, delimitando as fronteiras entre Brasil e

Argentina pelos rios Peperi-Guaçú e Santo Antônio. Porém, na prática os portugueses e

espanhóis continuavam a cruzar as fronteiras ficando esta indefinida por um longo período.

Argentina no ano de 1857 passa a contestar o tratado de 1777, que para “[...] o

representante daquele país, a fronteira ficaria na altura dos rios Chapecó e Chopim,

empurrando assim, a fronteira por 30,62 Km adentro do território brasileiro" (STECA e

FLORES, 2002, p.91).

Tal impasse leva o governo do Brasil a voltar os olhos para a região e criando duas

colônias "agromilitares" em 1857, sendo que uma foi instalada na cidade de Chapecó no

estado de Santa Catarina e a outra no município de Chopim, próximo a Mangueirinha, no

Paraná.

Posteriormente, em 1889, ainda sob estratégia de defesa do território, foi fundada

uma Colônia Militar em Foz do Iguaçu. Porém, “na prática os funcionários da Colônia de Foz

do Iguaçu pouco colaboraram com o objetivo para qual ela foi criada. Mas pelo contrario, os

mesmos envolveram-se em práticas de contrabando e enriquecimento ilícito, cobrando altas

taxas de impostos sobre o comércio da erva mate e da madeira” (CURY, 2010, p.25). E os

produtos de subsistência não eram produzidos pela Colônia, obrigando os colonos a comprá-

los de comerciantes paraguaios e argentinos.

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Sugestão de Atividade I – Análise do Discurso

O OESTE PARAENSE: UMA HISTÓRIA DE PORTUGUESES, ESPANHÓIS:

Foi lá pelo final do século XV que os reinos de Espanha e Portugal resolveram, finalmente, dividir entre si os vastos domínios que haviam descoberto na América.

Desse acordo resultou o tão famoso Tratado de Tordesilhas, assinado formalmente em 07 de junho de 1494 na cidade espanhola de mesmo nome. Traçando uma linha imaginária de Norte a Sul da América pensavam, ingenuamente, resolver os problemas e desavenças diplomáticas que vinham tendo desde que colocaram os seus pés na América. Através desse meridiano, coube à Espanha toda a região que atualmente o território paranaense, incluindo, naturalmente, toda a Região Oeste.

Assim, não é de estranhar que desde o início do século XVI os espanhóis resolveram levar a efeito suas primeiras viagens de exploração aos territórios que lhes pertenciam pelo Tratado de Tordesilhas. Já por volta de 1531, expedições de aventureiros portugueses iniciam por conta própria sua corrida particular ao Prata, tendo como ponto de partida o rio Amazonas, o rio da Prata e também por longos e quase insuperáveis caminhos terrestres.

Como não poderia deixar de ser, as investidas portuguesas ao ocidente do Paraná começaram a preocupar as autoridades espanholas, que não queriam dividir de maneira alguma os despojos em ouro e prata que poderia arrebanhar naqueles territórios que estavam sob sua jurisdição pelo Tratado de Tordesilhas.

A alternativa encontrada para consolidar definitivamente a bandeira espanhola naqueles domínios era a fundação de um aglomerado urbano que servisse como pólo comercial e centro irradiador das expedições que para lá se deslocavam.

(Texto extraído do Livro “O Paraná de Todas As Cores”, 2001)

1 – Em poucas palavras explique sobre o tema do texto acima.

2 – Qual era o objetivo tantos de portugueses como de espanhóis no oeste paranaense?

3 – “Como não poderia deixar de ser, as investidas portuguesas ao ocidente do Paraná

começaram a preocupar as autoridades espanholas, que não queriam dividir de maneira

alguma os despojos em ouro e prata que poderia arrebanhar naqueles territórios que

estavam sob sua jurisdição pelo Tratado de Tordesilhas”.

Diante da situação acima narrada pelo autor, os espanhóis tiveram que buscar alternativa,

Qual foi à alternativa encontrada pelos espanhóis?

4 – Pesquise sobre o Tratado de Tordesilhas comentado pelo autor no texto. Pode pedir ajuda

ao professor de Geografia para responder as seguintes questões:

a) Qual o domínio de terra desse tratado?

b) Porque da necessidade desse tratado?

c) Quais os países envolvidos no tratado?

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1.1.1 A Presença das Obrages na Região Oeste

Os argentinos que desde o século XIX haviam se instalado para explorar os ervais e a

Madeira, dando origem as Obrages, "exerciam completo domínio, fosse econômico ou

político na região, muitas vezes facilitados pela 'inoperância administrativa das autoridades

brasileiras', que abandonaram a região" (STECA e FLORES, 2002, p.93).

As Obrages marcavam presença, há quase dois séculos na região onde hoje se

encontra o município de Medianeira, e no território onde posteriormente seria estabelecido o

Distrito de Maralúcia e municípios vizinhos, havia a presença das Obrages.

Segundo COLODEL (1988), iniciou-se no sec. XIX um processo exploratório

baseado no extrativismo da madeira e da erva-mate. Sendo que a Região Oeste foi dividida

em grandes propriedades rurais conhecidas como obrages. Seus proprietários eram argentinos

e haviam recebido o direito de concessão e exploração de grandes áreas de terras

“desabitadas” e cobertas de rica e variada mata nativa, do então governo brasileiro. Porém, a

idéia principal era a exploração intensiva, indiferente ao esgotamento dessas reservas e sem

qualquer tentativa de povoamento ou de colonização.

Entre as colonizadoras de exploração de erva mate e de madeira, foi a do argentino

Domingos Barthe, uma das mais atuantes na região oeste paranaense. Essa colonizadora

atuava desde o século XIX no território argentino com o sistema de obrages. Essa empresa

construiu nas margens do Rio Paraná, na região onde hoje se encontra a cidade de Santa

Helena, o “Porto de Santa Helena, fundado em 18 de agosto de 1858”. (COLODEL, 1988, p.

59)

Sendo que a atividade exercida nas propriedades rurais era extrativista, necessitando

de um contingente muito grande de trabalhadores. E assim a mão-de-obra foi formada na

maioria por paraguaios e alguns brasileiros, Eles trabalhavam nas Obrages em regime de

semi-escravidão, no meio da mata, onde derrubavam a madeira e colhiam a erva-mate. “Eram

denominados “peões” ou “mensus” pagos mensalmente, sendo que o idioma falado era

espanhol e a moeda era o peso argentino”. (LOPES, 2002, p.87)

Além da erva mate era comercializado pelas Obrages; o louro, ipê cedro, peroba

marfim, canela, entre outras, que eram transportadas por mulas e cavalos através de picadas

abertas na mata, até as margens do rio Paraná, que de lá seguiam através em jangadas2

2 “Chamadas de jangadas na região Oeste paranaense, mas também conhecidas como marombas em outras regiões do Brasil, constituíam de um artifício muito usado para o transporte da madeira no leito do Rio Paraná”.

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conduzidas pelos chamados de palanqueiros3 rio abaixo até o território argentino. Lá a

madeira era beneficiada em serrarias e exportada ao Canadá e Estados Unidos. O mesmo

destino tinha a erva mate depois de beneficiada.

Os meios de transporte mais usados na época eram os barcos a vapor “[...] que

subiam e desciam a cada dois dias o rio Paraná” (COLODEL, 1988, p.61), assim a navegação

a vapor do rio Paraná foi por um bom tempo umas das principais vias de acesso a região, tanto

de brasileiros, argentinos e paraguaios.

Para os que se aventuravam se deslocar da região de Guarapuava até o principal

núcleo habitacional da época na região, hoje o município de Foz do Iguaçu, em lombos de

mulas e cavalos, era uma viagem que levava mais de uma semana.

Sugestão de Atividade II – Caça – Palavras

A) Encontre as seguintes palavras: Medianeira – Obrages – Maralucia – Paraná - colonização

- erva – mate – mesus – rio - Vila Iguassu- migrantes – mata – tratado – Paraguai.

E D V I L A I G U A S S U V R O I L W I M U A B C T A C V M W B E X P L O R A Ç A O A A S O M P L K M A T A O L M R A P A R A G U A I F B O A A P M V B I I L A N O W N T L A E S E O N K v I B A I E U Y S P A R A N A N R I Z N C U U P A W I N A A A E A E I C S N O S N A R Ç G S C R A I R R I O M I P O E M A V N T R A T A D O A D S T O T O Q M I G R A N T E S M H A D O S M E D I A N E I R A

B) Pesquisa na biblioteca da escola sabre a questão: “Colonização do Oeste Paranaense e o

papel das obrages.”

COLODEL, Augusto. Obrages & companhias colonizadoras - Santa Helena na história do oeste paranaense até 1960. Santa Helena: Prefeitura Municipal, 1988, p. 99 3 STECA, Lucinéia Cunha, FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: Do século XVI à década de 1950. Londrina: Ed. UEL, 2002, p.99

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1.2 A MARCHA PARA OESTE

Segundo Lopes (2002), entre os fatores que contribuíram para colonização do oeste

paranaense na década de 1920, foi a crise do comércio de erva mate, que enfraqueceu

economicamente as empresas que atuavam na região, gerando o declínio do poder das

Obrages. As empresas exploravam a madeira e a extração da erva - mate existente, recorrendo

a empréstimos. Esses empréstimos mal sucedidos, obrigando os proprietários das empresas a

o que levou as terras voltarem para as mãos do Estado e que mais tarde venderia essas terras

devolutas à colonizadoras do sul do país.

Outro fator que contribuiu muito para a colonização do Oeste Paranaense foi o

movimento nacionalista a “Marcha para o Oeste”, criado pelo governo de Getúlio Vargas,

logo após o Golpe de Estado de 1930, devido ao interesse da União de colonizar regiões do

território nacional que compreende a região de Foz do Iguaçu, Cascavel e Guaíra. Eram terras

consideradas muito férteis e absorveram velozmente e intensamente o processo de

colonização, mediante políticas públicas de desenvolvimento regional.

A Marcha para Oeste contribuiu sobremaneira para a ocupação do espaço que, até

então, era conhecido como “sertão paranaense”, cujo domínio era exercido pelos obrageiros,

sobretudo eram argentinos, que exploravam ilegalmente a erva-mate e madeira nativas da

região como já vimos anteriormente.

De acordo com Gregory (2008), foi no período Vargas que as ações oficiais do

governo, baseadas no nacionalismo e assentadas sobre um Estado fortalecido e centralizador,

objetivavam buscar a integração, através de um “sentimento de brasilidade” e com intenção

de levar o povo a ocupar espaços do território nacional até então “vazios”. “No que tange à

ocupação do território, foi promovida uma ação administrativa agressiva através do programa

Marcha para Oeste” (LOPES, 2008, p.45)

Dessa forma, a Marcha para o Oeste foi um movimento implementado a partir da

década de 1930, a com o intuito de alargar fronteiras nacionais, econômicas e sociais, ou seja,

fazer os brasileiros, até então presentes no litoral do país, “circularem para o Oeste, a fim de

que todos, de uma forma ou de outra, estivessem presentes no grande todo” (WACHOVICZ,

1987, p. 144 – 145)

Enfim nesse contexto, “ideais de Vargas estimulavam, na população, ideais de

conquista e de uma contínua ocupação dos vazios demográficos”. (MYSKIW, 2000, p. 27).

Na verdade, a política migratória, do governo Vargas, era uma estratégia geoeconômica com

objetivo de articular economicamente regiões do Brasil não ocupadas.

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Sugestão de Atividade III – Trabalhando com Fragmentos de Texto a) Leia os fragmentos de textos abaixo e faça uma análise sobre os mesmo e juntamente com

um colega comentem o que vocês entenderam:

“Marcha para o Oeste, foi uma ação governamental na tentativa de ocupar e explorar as áreas menos povoadas, distribuindo melhor a população brasileira que se concentrava principalmente no litoral do Brasil, objetivando o desenvolvimento do país. As terras da região oeste eram vistas como "improdutivas" seriam melhores “aproveitadas”, havendo uma maior distribuição da população, e reduzindo a concentração em determinadas regiões. Nas regiões de fronteiras nacionais, como era o caso do Oeste Paranaense, a população e a economia possuíam laços estreitos com os argentinos e paraguaios. A atuação do Estado procurava reforçar sentimentos nacionalistas, devido à fronteira e à relação dos brasileiros, argentinos e paraguaios”. (LOPES, Sérgio. O Território do Iguaçu no Contexto da “Marcha para Oeste”. Cascavel, 2002, p. 87)

“No período Vargas, as ações oficiais do governo, baseadas no nacionalismo e assentadas sobre um Estado, fortalecido e centralizador, objetivavam buscar a integração. No que tange à ocupação do território, foi promovida uma ação administrativa agressiva através da propaganda “Marcha para Oeste”. Em regiões de fronteiras nacionais, como era o caso do Sudoeste e do Oeste Paranaense, onde a população e a economia possuíam laços estreitos com argentinos e paraguaios, a atuação do poder público buscava evidenciar e explicitar os sentimentos nacionalistas. Até impô-los quando necessário”.

(GREGORY, Valdir, Os Eurobrasileiros e o Espaço colonial. Migrações no Oeste do Paraná, 2008, p. 66)

b) Tendo como base o texto acima assinale com V (verdadeiro) F (falso) as afirmações

abaixo:

( ) O movimento Marcha para o Oeste, é apresentado pelo governo de Getúlio Vargas como

um movimento da nação à procura de expansão do território nacional.

( ) as ações oficiais do governo como o “Movimento Marcha Para o Oeste”, baseadas no

nacionalismo e assentadas sobre um Estado, fortalecido e centralizador, que não objetivavam

buscar a integração;

( ) A população e a economia da região oeste do Paraná não tinham um relacionamento

estreito com argentinos e paraguaios.

( ) O aumento da produtividade, com a idéia de conquista do espaço físico, iria gerar maior

riqueza para o país, através de um espírito de nacionalismo incutido no povo.

( ) As terras da região oeste Paranaense eram vistas como "produtivas" seriam melhores

“reaproveitadas”.

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1.3 ATUAÇÃO DAS COLONIZADORAS NO OESTE DO PARANÁ

Para Deimling (2008), foi na década de 1940 que a colonização da região oeste do

Paraná teve um expressivo crescimento, devido o papel que as empresas colonizadoras

passam a ter na região. Essas atraíam famílias vindas dos Estados de Rio Grande do Sul e

Santa Catarina para territorializar este espaço, sob a promessa de riqueza fácil e igualdade

social. Mediante a ocupação promovida pelas empresas colonizadoras houve uma

intensificação da exploração dos recursos e riquezas naturais.

As empresas que passaram a explorar as terras do oeste paranaense foram

responsáveis pela vinda de famílias de italianos, alemães e poloneses. Segundo Steca e Flores,

a escolha de “elementos sulista”, ou seja, os emigrantes vindos do sul, não foi algo aleatório;

[...] os sulistas dominavam a tecnologia agrícola, dos descendentes de alemães e italianos, considerada mais evoluída e somatizando a condição de possuidores de recursos para aquisição dos lotes. Diferenciando assim daqueles denominados nortistas ou “pelo duro”- que vinham de Minas Gerais e Nordeste brasileiro. (STECA e FLORES, 2002, p.113).

Por considerarem os povos descendentes de alemães e italianos mais evoluídos e

terem condições financeiras para adquirir as propriedades. Já os nortistas os chamados “pelos

duros” de Minas Gerais, São Paulo e do Nordeste brasileiro que vinham para trabalhar nas

lavouras de café no norte do Paraná, foram de certa forma afastados da colonização da região

oeste do Paraná.

Conforme STECA e FLORES (2002), boa parte dos proprietários das colonizadoras

– eram descendentes de alemães e italianos -, e tinham como ideal para a colonização da

região formar uma comunidade basicamente de descendentes europeus. Que na verdade seria

a continuação de uma idéia que surgiu na Alemanha e efetivada no sul do Brasil. Que

constitui basicamente em trazer famílias alemãs e assim ter uma extensão da Alemanha no sul

do Brasil, as terras eram divididas em pequenas propriedades denominados lotes “[...] esse

lote (colônia) longos historicamente vinha sendo aceito, inclusive a colonização do norte do

Paraná, começado na década de 30” (STECA e FLORES, 2002, p.113). Essas colônias ou

lotes eram divididos e vendidos as famílias de descendentes de europeus.

Assim não era interessante para os colonizadores descendentes de europeus terem em

seu meio os chamados “caboclos” ou “pelos duros”, povos de pele escura, e nem os

trabalhadores remanescentes que já se encontravam na região, os quais eram um um

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empecilho para as colonizadoras, pois “[...] os euro-brasileiros tinham restrições em participar

da colonização de áreas onde havia presença de pessoas ‘sem origem’. E assim, a questão

étnica se confundia com interesses econômicos das empresas madeireiras e colonizadoras”.

(GREGORY, 2008, p 93).

Acontecendo assim uma colonização planejada na região oeste do Paraná em meados

de 1940, onde um planejamento visando o desenvolvimento da região, as empresas foram se

estabelecendo e “implantaram uma colonização sistemática e seletiva. “(GREGORY, 2008,

p. 94), atraindo através da propaganda famílias acostumadas com a lida na agricultura em

pequenas propriedades, dos estados do Sul do Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e

assim optaram por uma colonização sob o regime da pequena propriedade familiar.

Segundo Gregory (2008), durante a década de 50, se processou uma rápida migração

para a fronteira colonial do Oeste do Paraná, onde empreendimentos colonizadores e de

exploração madeireira criaram e dinamizaram uma estrutura colonial, “[...] um novo espaço

colonial, constituído de euro-brasileiros” (GREGORY, 2008, p.93), estes vindos do sul do país

para a região oeste.

Sugestão de Atividade IV – Trabalhando com Texto

“O Oeste Paranaense e a formação de pequenas propriedades”

No final do século XIX, a exportação de madeira e o início da indústria madeireira

atraíram a atenção para as matas da região do rio Iguaçu e do rio Paraná. Nessa mesma época, para impedir a posse dos ervais nativos existentes na região, pela Argentina, foram fundadas as colônias militares do Chopim e do Iguaçu.

Já no século XX, o governo concedeu grandes áreas de terras devolutas a companhias particulares, em sua maioria estrangeiras (inglesas e argentinas) para que essas companhias efetivassem a exploração do mate e da madeira.

A sua ação foi depredatória e espoliadora; devastaram as florestas e os ervais, e o produto recolhido era exportado para a Argentina. As companhias promoveram uma ocupação extensiva, embora rarefeita, do território.

É nessas terras que se estabeleceram, entre 1920 e 1930, famílias vindas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essas famílias ocupavam a terra utilizando-se de seus próprios recursos, sem qualquer auxílio ou orientação por parte dos poderes públicos ou órgãos assistenciais.

Mas, a partir de 1939 o governo estadual passou a atuar também nas terras devolutas e nas antigas concessões do Oeste paranaense, fundando algumas colônias na margem esquerda do rio Piquiri: Colônia Piquiri, Cantu, Goio-Bang e Goio-Erê; na margem direita do rio Ivaí: as colônias de Manoel Ribas, Muquilão e Mourão.

Logo, companhias particulares - empresas particulares que promoviam a ocupação de terras - passaram a atuar no negócio, dividindo os lotes sem pequenas propriedades e incentivando os agricultores a se dedicarem a uma cultura diversificada. Texto Extraído do Livro Didático “Paraná de Todas as Cores,” p.78-79, 2001

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1) Em poucas palavras elabore um texto sobre que atitudes podem ser tomadas pela

população e pelo governo para que atividades extrativas não se tornem predatórias. Você pode

ilustrar o seu texto com desenhos, ou gravuras retiradas de revistas e livros velhos (para

recorte).

1.4 O PAPEL DA COLONIZADORA BENTO GONÇALVES NA REGIÃO DE MEDIANEIRA

Como vimos no texto anterior foi por volta de 1940, a chegada ao oeste do Paraná

dos colonos migrantes da região sul do Brasil (sobretudo do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina). Empreenderam marcha rumo ao Oeste Paranaense, atraídos pelas propagandas das

colonizadoras e/ou os intitulados “planos de ação”.

E não poderia ter sido diferente na região onde hoje se localiza o município de

Medianeira, que teve seus planos traçados em 20 de outubro de 1949, na cidade gaúcha de

Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul, um grupo de homens, fundaram empresa

denominada Colonizadora Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda. Com o objetivo de

implantação de um Projeto de Fundação e colonização de uma área de terra no oeste do

Paraná.

IMAGEM 2: MAPA DO BRASIL RIO GRANDE DO SUL - BENTO GONÇALVES

Fonte: Disponível em < http://bento.ifrs.edu.br/> acesso 02/jun/2011

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Segundo Roehde e Biesdorf (1996), os senhores Pedro Soccol e José Callegari foram

escolhidos para dirigir a empresa Colonizadora Bento Gonçalves e esses embarcaram rumo à

região, e juntamente com eles estavam mais alguns associados da colonizadora sendo eles,

Henrique Gomez, Edmundo Biesdorf, Paulo Becker, Miguel da Silva, Alfredo Brandão e

Magno Eliseu Verdún. E assim que esses migrantes chegaram ao destino em 03 de janeiro de

1950, iniciou a demarcação de terra e a fixação do marco de fundação deu-se em 24 de

outubro de 1951. Sendo em 31 de julho de 1952 foi elevada a Distrito de Foz do Iguaçu4. A

área onde se localiza o Município de Medianeira era distrito de Foz do Iguaçu. E através da

Lei Estadual nº. 4245, de 25 de julho de 1960, e instalado em 28 de novembro de 1961, foi

desmembrado de Foz do Iguaçu, tornando se município.

IMAGEM 3: MEDIANEIRA 1951

Fonte: Jornal Mosaico /Medianeira 30 anos

No inicio Medianeira tinha uma população formada de migrantes gaúchos e

catarinenses, mas logo começou a chegar à região migrações de norte do Estado do Paraná de

onde procedia os nortistas e assim aos poucos uma comunidade foi se formando de pessoas 4 Disponível em < http://www.camara-medianeira.pr.gov.br > acesso em 27 de julho de 2011

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das mais diversas origens, predominando os descendentes de italianos e alemães.

E foi com a vinda dessas famílias que Medianeira começou a “cintilar” no oeste do

Paraná, e a cidade começou a crescer e necessitou da construção de uma igreja sendo que no

dia 31 de maio de 1951 foi inaugurada a primeira igreja Nossa Senhora Medianeira, e chega a

localidade o padre e vigário Anton Ferti, como podemos ver na imagem a seguir.

IMAGEM 4: PADRE ANTON FERTI E A IGREJA DE NOSSA SENHORA MEDIANEIRA – 1951

Fonte: Jornal Mosaico /Medianeira 30 anos

O senhor Pedro Soccol em depoimento5, inúmeras as dificuldades as primeiras

famílias de imigrantes enfrentaram ao chegar à região. Sendo que viviam basicamente da

agricultura e essa era a única fonte de renda das famílias. Os produtos agrícolas como o

milho, trigo, arroz, feijão, eram comercializados entre os moradores em alguns comércios na

região.

Segundo senhor Pedro Soccol, houve por parte dos migrantes algumas tentativas de

plantarem algodão e café, produtos até então desconhecidos pelos migrantes do sul, mas sem

muito sucesso. A primeira colheita, realizada pelos então moradores da localidade de Medianeira

foi a de trigo em 1952. Logo no início as famílias trabalhavam em sistema de mutirão, ou seja, 5 Depoimento do Senhor Pedro Soccol no livro de ROHDE, H e BIESDORF, E. Resgate da memória de Medianeira. Curitiba : CEFET, 1996.

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uma ajudava a outra na colheita ou na derrubada de uma área de terra para formar lavoura, o na

construção de um galpão ou casa.

IMAGEM 5: PRIMEIRA COLHEITA DE TRIGO EM MEDIANEIRA/1951

Fonte: Jornal Mosaico /Medianeira 30 anos

Devido a conflitos de terras, “grilos”, no período entre 1954 a 1957, a cidade parou

de receber migrantes, houve inclusive a saída de moradores da localidade. Mas, de acordo

com o relato do senhor Edmundo Carlos Biesdorf6, os moradores da região das áreas de terra

que compreendia a Colonizadora Bento Gonçalves, não tiveram incidentes com “grileiros”,

mas nas proximidades da mesma muitos agricultores, sofreram com os “conflitos de terra” e

acabaram indo embora da região.

Segundo Rohde e Biesdorf (1996), já na região, onde hoje se encontra o município

de Serranopolis, e principalmente na divisa do Rio Ocoy, foram inúmeras as ocorrências

registradas de “conflitos de terras”, entre colonos e posseiros. Muitas mortes em tocaias

aconteceram até que o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)

regularizasse a situação das famílias que ali residiam.

Inúmeros fatos marcaram a colonização e o progresso da região onde se encontra o

município de Medianeira, em 1954 o então Governo aprovou o inicio da construção da estrada

que ligaria Medianeira ao município de Capanema, a distância existente entre os municípios é de 6 ROHDE, BIESDORF, op.cit, 1996, p. 55.

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aproximadamente 17 km. Ao chegarem às margens do Rio Iguaçu, percebeu-se a necessidade

de uma embarcação, para dar continuidade a construção, no outro lado do rio Iguaçu.

Foi então que a Colonizadora Bento Gonçalves construiu duas embarcações e deixou

a disposição para conclusão das obras da estrada até o município vizinho Capanema . Tal

rodovia de revestimento primário foi usada por varias décadas.

Essa estrada até os dias atuais é conhecida como “Estrada do Colono”, por ser de uso

de inúmeros colonos residentes às suas margens e imediações, em sua totalidade

minifundiários que por ali transitavam com destino à sede dos municípios de Medianeira e

Capanema, para colocação e escoamento dos produtos agrícolas.

Sugestão de Atividade V – Trabalhando com Vídeo: Documentário sobre a “História de

Medianeira (material do acervo da prefeitura Municipal)

1 Passar o vídeo sobre a Colonização da Região de Medianeira,

2 Responda as questões abaixo no seu caderno.

a) De que região era proveniente a maioria dos migrantes e de que origens eram?

b) Qual era a promessa das colonizadoras para atrair as famílias de migrantes ao oeste?

c) Diante do que você estudou até aqui, quais os três principais fatores apontados,

responsáveis pelo processo de formação do oeste paranaense?

d) A partir do vídeo descreva qual foi à participação e presença de indígenas e outros grupos

sociais que não os migrantes no território onde hoje se localiza Maralúcia. Se não há menção

a estes grupos defina por quê?

3)Trabalho em grupo

Pesquise “Quais as colonizadoras que tiveram atuação no oeste do Paraná e quais regiões que

cada uma ficou responsável na venda de terras aos migrantes.

4) Diante da pesquisa que realizou, responda os questionamentos a seguir:

- Quais os atuais municípios que foram fundados no oeste no período que as colonizadoras

estavam atuando?

- Na região que hoje compreende o município de Medianeira qual a colonizadora responsável

pela venda de terra aos migrantes?

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1. 5 DISTRITO DE MARALÚCIA

O mapa a seguir mostra o território ocupado por Medianeira e seus distritos, sendo

que os então distritos de Flor da Serra e Jardinópolis deram origem ao atual município de

Serranópolis. Os municípios de Santa Helena, Missal, São Miguel do Iguaçu e Serranópolis

pertenciam ao município de Medianeira.

IMAGEM 6: PRIMEIRO MAPA DO MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA

Fonte: Apostila de História de Medianeira

Maralúcia está situada a 14 quilômetros ao norte da sede do município de

Medianeira, sentido ao município de Missal, localizados na região oeste do Paraná território

que tem sua colonização nos anos 1950 a 1970, uma colonização voltada a ocupação por

migrantes do sul do país que aqui chegaram por intermédio da Colonizadora Bento Gonçalves

adquiriram pequenas propriedades rurais, modelo trazido do sul do país pela colonizadora que

tinha um ideal relacionado com o ideal do Estado para ocupar a região com um modelo de

colonização seletiva como já foi mencionado anteriormente. Sendo que inúmeras famílias de

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descendentes de italianos e alemães fixaram suas residências na localidade e formaram assim

a comunidade conhecida hoje por Maralúcia.

A imagem a seguir mostra a principal via de acesso à localidade, que hoje conta com

162 habitantes7, é uma das maiores comunidades do interior do município de Medianeira

formada na maioria por agricultores, sendo sua sede basicamente formada por residências.

O distrito conta hoje com uma igreja católica, um colégio estadual, uma escola

municipal, um salão comunitário, um ginásio de esporte, uma Unidade de Saúde, telefone

público, campo de futebol, cemitério e pequenos comércios.

IMAGEM 7: VIA PRINCIPAL DE ACESSO A MARALÚCIA

Fonte: UNFER 2011

Na busca de conhecer um pouco mais da história e memória da comunidade, nos

deparamos com a não existência de dados oficiais sobre a formação do Distrito de Maralúcia,

o porquê do seu nome, sua história, o que é possível relatar através de fonte oral “que dá voz

aos povos sem histórias” (JOUTARD, 1996.p.07), ou seja, dos depoimentos dos moradores

alicerçados em suas memórias. Pois sabemos que a memória é um “[...] elemento essencial,

que introduz-nos no universo das lembranças sociais, nas memórias que representam a

formação e a preservação da cultura e da identidade de um povo (LE GOFF, 2003. p. 469 –

469). 7 Disponível em http://www.camara-medianeira.pr.gov.br/a-cra-mainmenu-36/histo-mainmenu-37/13-medianeira-e-sua-hist > acesso em 28 de julho de 2011.

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Enquanto historiador ao relatar a formação da comunidade de Maralúcia, percebemos

que a mesma não tem uma história escrita. Sendo assim, resta nos apoiarmos na história oral

de seus moradores. É, na oralidade que encontramos “[... a possibilidade de estabelecer um

diálogo com os diferentes sujeitos, que narram experiências, e por meio delas constroem

significados através da subjetividade, que diz respeito a um indivíduo” (PORTELLI, 1999). E

essa narrativa oral, passa a ser uma fonte de pesquisa, que auxilia na compreensão dos lugares

de onde os sujeitos falam de suas interpretações e, da dimensão que estrutura a vida social dos

mesmos.

IMAGEM 8: PLANTA BAIXA DO DISTRITO DE MARA LÚCIA

Fonte – Administração Municipal de Medianeira

A imagem acima é a planta baixa da sede do Distrito de Maralúcia, que na leitura do

mesmo percebemos que os nomes das ruas da localidade, busca registrar e contar um pouco

da história da comunidade contada através dos nomes dados as suas ruas, como por exemplo,

“Rua dos Pioneiros” que é uma homenagem a todas as famílias que no período da

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colonização da região de Medianeira, fixaram e construíram e até hoje muitas delas e seus

descendentes constroem a história da localidade.

Na década de 50 chegaram as primeiras famílias a localidade sendo as famílias; Luzi,

Bortineli, Ninet, Spanhol, Sfoglia, Medeiros e Freitas. E em 1960 ingressaram a comunidade

as famílias; Werner, Sgarbi, Bianchini, Rosso, Nandi, Baratto e Simonetto.

Segundo o depoimento de uma das primeiras moradoras de Maralúcia a dona

Terezinha professora aposentada 8 neta de italianos “tudo começou no ano de 1956, quando

foi criado o distrito, e a pedido do proprietário da serraria que havia na localidade, o Sr.

Edvino. E em forma de gratidão, ao dono da serraria que auxiliou a comunidade cedendo o

gerador de energia para abastecer a comunidade, deram o nome a localidade da filha do

mesmo Mara Lúcia”.

IMAGEM 9: PARTE DA ANTIGA SERRARIA DE MARALÚCIA

Fonte: UNFER, 2011

Relatos demonstram que a maioria das famílias migrantes como a do Sr.Edvino,

vieram dos estados de Rio Grande e de Sul e Santa Catarina, sendo que as mesmas eram

descendentes de imigrantes italianos e alemães. E que ao chegar à região se depararam com

uma região de muita mata, o que fez com que o comércio madeireiro se expandisse, surgindo

assim muitas serrarias na região do município de Medianeira. 8 Entrevista realizada por Claudete Unfer no dia 08 de junho de 2011

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IMAGEM 10: ATUAL SERRARIA DE MARALÚCIA

Fonte: UNFER, 2011

As famílias de migrantes como já visto anteriormente, retiravam a maioria do

sustento da terra, com o plantio de milho, feijão e o excedente de suas lavouras eram vendidos

ou trocados com os moradores da localidade, pois havia muita dificuldade de levarem seus

produtos para a sede dos municípios vizinhos e até mesmo a sede de Medianeira, devido às

condições de acesso dos mesmos da localidade de Maralúcia.

Sobre isso comenta Rohde e Biesdorf (1996), as condições de locomoção das

famílias eram precárias, pois só havia uma estrada chamada de Estrada Velha ou Picada

Benjamin, ela costeava o Parque Nacional do Iguaçu9 ligando os municípios de Medianeira e

de Céu Azul. Era uma estrada precária e de difícil locomoção em épocas das chuvas. E assim

era em toda a região, apenas “picadas” abertas pelos moradores.

Ainda relatos de moradores, “as Empresas Colonizadoras na época só se

responsabilizava em preservar os estradões que davam acesso a outros municípios vizinhos ou

9 É uma das mais importantes Unidades de Conservação do Brasil. Localizada no Oeste do Paraná, a área federal protegida de 185 mil hectares. Sendo que os municípios do entorno do Parque Nacional do Iguaçu são: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Serranópolis do Iguaçu, Matelândia, Ramilândia, Céu Azul, Vera Cruz do Oeste, Santa Tereza do Oeste, Lindoeste, Santa Lúcia, Capitão Leônidas Marques e Capanema. O Parque Nacional do Iguaçu foi criado no dia 28 de julho, através do decreto nº 63, quando foi declarado de utilidade pública com 1008 hectares. E somente no ano de 1939, por decreto do Presidente Getúlio Vargas, a área passou a ter 156.235,77 hectares. Em 1994 os decretos nº 6506 de 17 de maio e de nº 6587 de 14 de junho consolidam e ampliam a área do Parque Nacional. Disponível em < http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br/turismo/br/biblioteca/historiadomunicipio > acesso em 31 de julho de 2011.

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a sede de Medianeira. O estradão para Foz do Iguaçu, Toledo e Cascavel ou para região que

ainda tinham terras para oferecer a compradores.

Ainda relato de moradores que “as estradas da vila para outras localidades eram ruins

barrentas, pois eram abertas as picadas e assim permaneceram por um bom tempo. Passava

somente carros pequenos quando dava possibilidade de passar. O uso do cavalo era constante.

Já pelo estradão passava o ônibus Havia empresa de ônibus “Cattani” e “Rainha do Sertão”, e

para muitos moradores era difícil chegar até ele.

Segundo os moradores os filhos foram crescendo e sentiu-se a necessidade de uma

escola na comunidade. Foi então que em 1961 a Colonizadora Bento Gonçalves, cedeu para a

comunidade de Maralúcia, um espaço denominado pela mesma como “condomínio”, que era

usada para abrigar as famílias que vinham dos estados do sul para conhecer as terras da

região. A comunidade transformou esse espaço em uma escola.

No mesmo ano as aulas iniciaram sem muitas condições, pois não havia materiais

escolares e nem mobília na escola. Mas os próprios moradores foram doando os materiais

escolares que as crianças necessitavam e também construíram as carteiras e quadro de giz.

E foi no ano de 1964 foi construída a sede da escola com duas salas de aula foi

oficializada, sendo denominada Escola Municipal São Luis. Foi em 1967 que a

municipalidade construiu mais três salas de aula.

IMAGEM 11: ATUAL COLÉGIO ESTADUAL MARALÚCIA

Fonte: UNFER, 2011

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Hoje vemos uma localidade que caminha a passos largos em busca de seu

crescimento e seu reconhecimento em quanto comunidade do Município de Medianeira,

perfazendo a sua história iniciada por seus migrantes em meados de 1950 a 1970.

Enfim o que se buscou é construir é um documento com um pouco da história de

Maralúcia, através de narrativas, dos acontecimentos e das experiências vividas e dos seus

significados para seus moradores. Pois Interpretar como se deu a vinda dos migrantes de

Maralúcia é compreender os sentidos que estão em construção no presente sobre experiências

do mundo dos mesmos, é compreender como era o passado antes de fixar residência no

distrito e como é o presente. E assim conhecer quais os motivos, sociais e individuais, que

levaram estes migrantes a optarem por tal distrito e assim foram produzindo sua história.

Sugestão de Atividade VI – Linha do Tempo

1 - Com o auxilio da professora construa uma linha do tempo com os principais

acontecimentos desde a colonização do oeste paranaense que iniciou em 1940.

Sugestão de Atividade VII – Trabalhando com Jornais

1) Pesquise em diferentes fontes noticias e reportagens que relatem um pouco da história do

passado de Medianeira e de Maralúcia, eventos de diferentes épocas e que marcaram na

história do município e da localidade. Procure reportagens jornalísticas entre as década de 70

a 90.

2) Crie com as reportagens um mural na escola em local de fácil acesso a toda comunidade da

localidade.

3) Agora de uma de repórter e busque entrevistar ou relatar um fato importante atual ou do

passado da localidade de Maralúcia. Para realizar essa atividade busque o auxilio de sua

professora de Língua Portuguesa

a) Elabore um texto jornalístico com os dados coletados

b) Apresente a sua turma em sala de aula

c) Ilustre com fotografias sua reportagem.

d) Exponha para comunidade escolar.

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Sugestão de Atividade VIII – Trabalhando com Fotografias em Sala de Aula

Para a realização dessas atividades serão usadas as imagens que se encontram na

Unidade Didática que aqui se apresenta:

Antes de iniciar o trabalhar com a fotografia no contexto de sala de aula é necessário

questionar a intencionalidade do uso da mesma, porque por detrás da câmera há um sujeito

que seleciona e enquadra o objeto que vai fotografar.

Em um primeiro momento, a atividade com fotografia pode se iniciar com uma

análise descritiva da obra, ou seja, temas, personagens, vestimentas, espaços. É relevante

questionar sobre o que está colocado além da imagem, como acontecimentos relevantes no

mesmo contexto histórico da época em que a foto foi tirada, e quanto mais informações

externas à imagem, mais coeso e interessante se torna o estudo histórico do tema e sua

compreensão e análise, levando os alunos a quererem aprender e saber mais sobre a imagem e

o que ela quer dizer.

Na sequência pode se formular questionamentos aos alunos para ajudá-los a realizar

a leitura das fotografias, bem como a sua utilização para comparação com o presente,

observando as mudanças e as permanências ocorridas ao longo dos anos que se passaram,

desde a sua produção até os dias atuais.

1º Momento: Desmontando uma fotografia:

Realizar uma análise oral e coletiva de uma fotografia (como sugestão uma foto da cidade de

Medianeira do início da sua colonização, ou do Distrito de Maralúcia ou de uma avenida,

(como as usadas nos textos sobre a comunidade de Maralucia e Medianeira ou fotos coletadas

para o banco de dados).

2º Momento: Organizar os alunos em grupos – distribua aos grupos fotografias, mas com

diferentes fotografias por grupo

3 Momento: Solicite que conversem e registrem por escrito as análises do grupo sobre a

imagem, seguindo as fases e os procedimentos vivenciados coletivamente;

4º Momento: Apresentem aos colegas as conclusões do grupo;

5º Momento: Registrem as anotações do grupo, priorizando os seguintes aspectos:

a) Leitura “impressionista”;

b) Leitura interna;

c) Leitura externa.

OBS: Realizar está atividade antes da pesquisa de campo, para servir como um estímulo ao

aluno para desenvolver com mais entusiasmo e interesse a pesquisa sobre a da história da

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formação da comunidade de Maralúcia.

Sugestão de Atividade IX – Encontro de Gerações

Para que você possa refletir melhor sobre a formação da Comunidade de Maralúcia,

desenvolva as seguintes atividades através de pesquisa:

1) Convide um morador migrante ou descendente de migrante da comunidade para vir contar

a história de sua vinda a Maralúcia.

Sugestão de Atividade X – Banco de Dados 1) Criar um banco de dados a partir das fotografias e documentos cedidos12 (escrituras de

propriedades, reportagens de jornais, telegramas ou cartas) coletadas junto a comunidade.

2) Enriqueça mais o acervo, ampliando a coleta de dados junto á comunidade local,

escrevendo uma coletânea de texto elaborados pelos alunos e moradores e construa um livro

histórico da comunidade.

Sugestão de Atividade XI – Pesquisa de Campo

a) Forme equipes de 4 colegas e com a ajuda da professora de Língua Portuguesa e História

do colégio elabore questões para entrevista a moradores da comunidade.

b) Entreviste alguns moradores da sua comunidade, para conhecer um pouco da história dos

mesmos e sua participação no processo de formação da Comunidade de Maralúcia.

2 AVALIÇÃO

A avaliação será realizada considerando a participação e o comprometimento dos

alunos no desenvolvimento das atividades propostas, na participação individual e coletiva nas

atividades desde a mais simples a mais complexa.

Será avaliada a participação na produção do material para exposição, nas discussões

coletivas, na produção dos textos sobre a identificação dos documentos para apresentação

geral à sala e a comunidade escolar.

Na participação e comprometimento com o desenvolvimento da atividade de coleta

12 Sempre que tratar-se de xerox de documentos, por exemplo uma escritura ou carta antiga autenticá-los para maior veracidade

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de fotografia, documentos e reportagens de jornais.

Na participação na pesquisa de campo e da elaboração do documento escrito e no

banco de dados.

E através da elaboração e apresentação de relatório pelos alunos referente às

atividades e um relatório sobre os depoimentos colhidos durante a exposição dos trabalhos a

comunidade de Maralúcia.

3 SUGESTÃO AOS PROFESSORES

Ao tratar de uma Unidade Didática o professor historiador precisa realizar num

primeiro momento uma conversa prévia verificando qual a compreensão que os alunos têm do

contexto histórico que será trabalhado e como eles se vêem como parte deste contexto e quais

os conceitos que ele trás formulado da história oficial e da história oral de sua comunidade,

qual são conhecimentos de senso comum que eles têm e quais são conhecimentos históricos.

O professor historiador precisa trabalhar com a lógica histórica, mas ao fazer isso [...]

deve se ater não à observação de fatos isolados, mas a um conjunto de fatos com suas

regularidades próprias; à repetição de certos tipos de acontecimentos, à congruência de

comportamentos em diferentes contextos [...]” (THOMPSON, 1981, p. 60).

Durante a realização de cada atividade, faça um registro das impressões colhidas e

peça que seus alunos façam o mesmo.

Leve para sala outros conteúdos relacionados conteúdos que se está trabalhando, use

o apoio de textos de diferentes momentos históricos daquele espaço territorial que está sendo

estudado, faça uso de pequenos vídeos, de imagens, ou música como trabalho de apoio

Trabalhe com os professores de Geografia, Português, Artes, buscando

contextualizar os conteúdos e assim passem a ter sentido para o aluno enquanto parte daquele

contexto.

Ao cumprir essas etapas, faça a primeira verificação; por meio de colagens, desenhos

e produção de texto os alunos devem expressar o que entenderam daquilo que foi tratado.

Na sequencia para finalizar o trabalho com os alunos faça uma pesquisa de campo

com os primeiros moradores da região, localidade e assim conhecer como se deu a formação

da comunidade naquele espaço, através de relatos de experiências e da memória desses

agentes de transformação.

Com seus alunos construa a partir desse trabalho, um documento em forma de livro

texto sobre a história da comunidade, usando as entrevistas, fotos, documentos históricos. E

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assim estará criando um banco de dados sobre a localidade, para acesso da comunidade e das

gerações futuras.

No outro bimestre retome o que foi trabalhado e faça uma nova verificação pedindo

aos alunos que narrem na forma de produção escrita as observações realizadas a partir do

estudo realizado. Solicite para contarem se passaram a observar o cotidiano de sua localidade,

as noticias midiáticas, os acontecimentos, como estão registrando e guardando as “suas

próprias memórias”. E com o grande grupo faça leitura das produções e retome aquilo que

considerar necessário, sempre buscando o comprometimento dos alunos para aquilo

produzido por eles.

Pois ao mesmo tempo em que somos educadores, também somos sujeitos

transformadores da história, e devemos buscar na memória da comunidade a sua história e não

apenas nos embasarmos em documentos e textos de relatos considerados oficiais.

FONTES

IMAGENS: Arquivo pessoal de Claudete Unfer, 2011

Jornal Mosaico de Medianeira

MAPA: Mapa da Região Oeste Do Paraná.

Mapa do Brasil Rio Grande do Sul - Bento Gonçalves

Primeiro Mapa do Município de Medianeira

Planta Baixa do Distrito de Mara Lúcia

VÍDEO:

“Medianeira 45 Anos” Acervo da Prefeitura Municipal, Produção Nova Imagem –

Publicidade e Jornalismo, Medianeira, 2005 (tempo de duração 29 minutos)

ENTREVISTA:

Entrevista realizada em 1996 Depoimento do Senhor Pedro Soccol no livro de ROHDE, H e BIESDORF, E. Resgate da memória de Medianeira. Curitiba: CEFET, 1996.

Entrevistas realizadas por Claudete Unfer, 2011

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5. REFERÊNCIAS

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