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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: O conto que instiga, questiona e humaniza

Autor Nelei Bosquê Contieri

Escola de Atuação Colégio Estadual Márcia Vaz Tostes de Abreu – E F M

Município da escola São Jorge do Ivaí

Núcleo Regional de Educação Maringá

Orientador Prof. Dr. Milton Hermes Rodrigues

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

Público Alvo Alunos dos anos finais do Ensino Fundamental – 8.ª série

Localização Colégio Estadual Márcia Vaz Tostes de Abreu – EFM

Rua XV de novembro n.º 615

Apresentação: A leitura precisa ser trabalhada na escola, é papel do professor estimular o aluno para que isso aconteça. Este trabalho visa despertar ou aumentar o interesse do educando por literatura. Diversas atividades serão propostas para que aluno entenda o que é realmente a literatura e seu caráter humanizador.

Palavras-chave Prática de leitura; literatura; conto

IDENTIFICAÇÃO

Área: Língua Portuguesa

Professora PDE: Nelei Bosquê Contieri

NRE: Maringá

Professor Orientador IES: Prof. Dr. Milton Hermes Rodrigues

IES: Universidade Estadual de Maringá

Escola de implementação: Colégio Estadual Márcia Vaz Tostes de Abreu – EFM

Público objeto da Intervenção: 8.ª série do Ensino Fundamental

Tema: O despertar da leitura literária por meio dos contos de Lygia Fagundes Telles

Título: O conto que instiga, questiona e humaniza

INTRODUÇÃO

LITERATURA

Literatura é arte, arte da palavra, arte antiga, que desenvolve a sensibilidade, a

capacidade de observação e de leitura. Por meio da palavra a obra literária recria a realidade, a

vida. O autor cria uma realidade imaginária, fictícia, que mantém relações vivas com o mundo

real, tornando a literatura uma imitação da realidade. Os anseios, as necessidades e os valores

do homem sofrem mudanças constantes, sujeitam-se à historicidade. A literatura, uma entre

muitas das criações do homem, reflete o seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Sendo

assim, a literatura é concebida de diferentes maneiras no decorrer do tempo, portanto reflete

as relações do homem com o mundo e com seus semelhantes. Ressalte-se que, embora

permeáveis à realidade, os fatos literários não estão comprometidos com a verdade

referencial. As opiniões que a ficção registra, seu sentido, às vezes, persuasivo,

ideologicamente forte, sujeitam-se ao princípio da invenção. Mantêm, no entanto, o poder

informativo, até os potencializam. São manifestações artísticas e por isso refletem as

influências culturais e sociais do momento em que é criada.

A Estética da Recepção conferiu ao leitor uma importante função na “concretização”

da obra literária, insistiu em que a leitura está alicerçada na trilogia autor/texto/leitor,

enfatizando a intromissão da carga cultural do leitor. Antonio Candido (1972) ressalta o

caráter humanizador da literatura, capaz de fazer o leitor conhecer “o mundo e o ser” de uma

maneira bastante incisiva, transformadora, às vezes. A descoberta desse humanismo, pelo

leitor, decorre de uma confluência de horizontes de expectativas. A leitura de um texto

literário costuma provocar efeitos no leitor, entre eles o de repensar a sociedade em seu

contexto sócio-cultural. Visto que de modo geral, a arte tem uma função social, e a obra

literária, em especial, deve contribuir para a inserção cultural e social dos indivíduos.

A obra literária, ou sua escolha, deve vir ao encontro das necessidades e interesses dos

alunos, e, para os propósitos educativos da escola, a leitura precisa humanizar, ampliar a visão

de mundo, ajudar os adolescentes a superar os momentos conflitantes. O aluno precisa ler

também por prazer, e os temas devem, portanto, estar relacionados ao seu interesse, aqueles

que satisfaçam seu mundo interior, que satisfaçam melhor sua necessidade de ficção e

fantasia. Para que isso aconteça, ele muitas vezes precisa de estímulos exteriores, ou seja, de

textos literários com palavras que despertem ou aprimorem seu poder imaginário. O texto

literário tem a função também de despertar no leitor a curiosidade, a criatividade, a

sensibilidade, tornando-o assim um ser mais humanizado, capaz de transformar a sociedade.

A literatura possibilita ao leitor mergulhar nesse mundo de mistérios e encantos. É a

arte que permite compreender muitos problemas de nossa vida. William Roberto Cereja

salienta a importância da obra literária em nossa vida “... o texto literário é um rico material

tanto para a aquisição de conhecimento quanto para a discussão e reflexão em torno de

temas que envolvem o estar do ser humano no mundo.” (CEREJA, 2005, p.188) Muitas vezes

o homem se encontra mais na literatura do que na própria ciência, pois aquela é capaz de

melhorar, entender o comportamento humano. A literatura é a fonte que possibilita a

descoberta de nossos problemas, refletindo o nosso lado humano. Por isso, ela é a arte que

tem o grande poder de transformar o ser humano.

Diante da necessidade de despertar, de aumentar o interesse do aluno por leituras

literárias e ampliar seus conhecimentos, esta proposta pretende ler o conto, mais

especificamente o conto que force uma reflexão capaz de acrescentar conhecimento. Este

gênero é predominantemente curto, apresenta uma unidade dramática com tempo e espaço

restritos e um número pequeno de personagens, tal como o define Massaud Moisés (1983).

Procura ir direto ao assunto, cada palavra, cada informação, é muito importantes, tudo está

cheio de significado, o que prende a atenção do leitor.

Atividades para a Unidade Didática

As atividades propostas nesta Unidade Didática são direcionadas aos alunos da 8.ª

série do Ensino Fundamental, com o propósito de despertar ou aumentar o interesse por

leituras literárias, ampliar seus conhecimentos e aprimorar sua formação humanística. Neste

sentido, estimular a prática da leitura literária por meio do gênero narrativo conto, em especial

“Herbarium” e “Venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles.

Atividade 1

A primeira atividade são questionamentos orais feitos pelo professor para verificar

qual é o conhecimento que os alunos têm no que se refere à arte e literatura. Esta atividade

será desenvolvida com um questionário que permite ao professor a aferição sobre o horizonte

de expectativa dos alunos. Para que o trabalho seja produtivo a classe precisa estar organizada

e os alunos conscientes que precisam colaborar, ouvir com atenção a fala dos colegas.

Durante os questionamentos o professor pode pedir que alguns alunos anotem as colocações,

as quais serão retomadas para o direcionamento do trabalho.

Atividade 2

A segunda atividade é o contato com obras literárias. Professor e alunos se dirigem até

a biblioteca. Sem a interferência do professor os alunos podem manusear e escolher

livremente o que pretendem ler. Enquanto isso, o professor observa o comportamento dos

alunos frente às obras literárias. Após a escolha do livro, emprestam para realizar a leitura em

casa. Na data combinada, na sala de aula, o aluno que desejar, faz o relato sobre a sua leitura,

enfocando o que mais lhe despertou interesse.

Atividade 3

A terceira atividade é a exploração do gênero narrativo conto, como suporte teórico

para a leitura e interpretação dos contos, com o objetivo de familiarizar o aluno sobre este

gênero. Nesta atividade o professor utilizará um material impresso sobre a teoria do conto,

fazendo um paralelo e apresentando as características básicas do conto, do romance e da

novela.

Atividade 4

O professor faz uma breve explanação sobre o Discurso ficcional e o Discurso

referencial. Após detalhar os pontos essenciais de cada um, apresenta alguns exemplares de

revistas, jornais, artigos científicos, livros de poesias, de contos, de crônicas, de romances, de

histórias em quadrinhos. Fazem uma leitura rápida a fim de perceber a função desses

discursos nos textos que são veiculados em diversos suportes.

Atividade 5

A arte que pode eternizar. Nesta atividade os alunos têm o contato com algumas

informações sobre arte, cultura, e literatura. Fazem uma pesquisa bibliográfica sobre a

escritora Lygia Fagundes Telles e suas obras e assistem entrevistas da escritora na internet –

Youtube.

Atividade 6

Leitura e exploração do conto “Herbarium”.

Atividade 7

Leitura e exploração do conto “Venha ver o pôr do sol”. Debate

O professor, na sala de aula, deve participar como um leitor especial, por sua

experiência e não por uma presença autoritária que venha impor sua interpretação. Ele deve

dar abertura à participação dos alunos e ensiná-los a interpretar os contos criticamente. O

aluno precisa perceber que os livros o convidam a um diálogo, uma troca de ideias, a um

reencontro com suas inquietações.

Atividade 1

SONDAGEM

A literatura é um componente curricular necessário à formação do leitor, assim sendo,

a leitura do texto literário desperta a curiosidade, ajuda a desenvolver a sensibilidade e a

criatividade. Neste sentido, será proposta uma metodologia centrada no leitor, o método

recepcional, que possibilita o aproveitamento e a possível ampliação do horizonte de

expectativas. “O processo de recepção textual, portanto, implica a participação ativa e

criativa daquele que lê, sem com isso sufocar-se a autonomia da obra.” (Bordini & Aguiar,

1993, p.86). É um método cujo foco está no leitor e no seu horizonte de percepções.

Neste momento, os alunos serão questionados oralmente pelo professor para averiguar

a experiência deles enquanto leitores. A sala de aula será organizada para que todos os alunos

tenham oportunidade de falar e ouvir seus colegas. É importante que o professor os oriente

para a atividade e crie um ambiente favorável; o aluno precisa sentir-se à vontade para falar

sem receios. Durante a sondagem do horizonte de expectativa o professor pede para três

alunos anotarem as colocações dos colegas de classe, as quais serão à base da discussão para o

direcionamento do trabalho.

Arte e Literatura

● O que você gosta de fazer nos momentos em que não tem nenhum compromisso?

● O que você faz para se divertir?

● Você se diverte sozinho ou em companhia de amigos?

● O que é arte?

● Você gosta de arte? Comente.

● Você costuma ler fora da escola?

● Quais os tipos de textos que você lê com mais frequência?

A LITERATURA EM MINHA VIDA

● Você gosta de literatura?

● Ler é uma atividade prazerosa, uma diversão ou algo enfadonho, uma chateação?

Por quê?

● Das leituras literárias que você já realizou, qual foi o livro que ficou marcado, que

merece destaque?

● A leitura realizada na escola ou ler para a escola é diferente de ler em casa? Por quê?

● O que mais desperta a sua atenção em um texto é: o tamanho? O assunto? A maneira

(forma, estrutura) como foi escrito?

● Quando você está diante de um texto mais longo e com dificuldades em entendê-lo,

a sua atitude ou reação é: deixar de ler algumas partes, desistir ou persistir na leitura?

Atividade 2

LEITURA LIVRE

Após a sondagem das experiências do aluno como leitor, suas concepções de arte e

literatura, o professor irá propor uma visita à biblioteca. Neste espaço, os alunos irão

manusear alguns livros e fazer breves leituras. Após esse contato com várias obras e as mais

diversas tipologias textuais, eles escolherão alguns livros para posterior leitura. A realização

da leitura é o grande desafio, por isso a mesma deve ser muito bem incentivada pelo

professor. É o momento da leitura espontânea para deixar fluir a imaginação, pois o leitor vai

construindo, extraindo do texto o que lhe interessa naquele momento.

Na sala de aula, na data combinada, será oportunizado um momento para que alguns

alunos façam comentários sobre os livros lidos. Durante a atividade, o aluno terá a total

liberdade de se comunicar e falar aos colegas de sua classe o que encontrou de interessante na

leitura.

Diante de alguns questionamentos e observações na sala de aula, o professor apresenta

e explora o gênero Conto aos alunos.

Atividade 3

TEORIA DO CONTO

O gênero conto carrega uma “célula dramática”, segundo Massaud Moisés (1983,

p.20). Costuma envolver duas ou mais personagens em uma ação conflituosa, suas ambições e

seus desejos são contraditados. Segundo o modo tradicional de ver o gênero, se não há

conflito entre as personagens não há conto, pois o sofrimento, a dor, a angústia é que

despertam o interesse do leitor. A literatura manifesta, “concretiza” fatos mostrando o homem

no enfrentamento da vida, lutando.

O Conto constitui-se em uma unidade dramática, em torno de um só conflito, um só

drama, uma unidade de ação. Todos os fatos convergem para o mesmo ponto, os pormenores

e efeitos dos detalhes são muito importantes. Os protagonistas se envolvem intensamente nos

momentos mais importantes, o tempo existe em função do instante marcado na vida dos

heróis. O contista vê linear e rapidamente o protagonista e o conflito que o envolve. A

unidade de ação impõe as outras características do conto. O espaço, lugar geográfico onde

circulam as personagens é sempre restrito. Pode ser uma rua, uma casa, um quarto entre

outros, os quais são suficientes para que o enredo se organize. Quando as pessoas se deslocam

no decorrer da narrativa é porque este deslocamento é necessário para o desenvolvimento do

conflito, é a preparação da cena que é enriquecida de pormenores nas ações do conto. O

tempo e o espaço são determinantes, há acontecimentos com drama, os quais estabelecem a

ação central da narrativa. Os fatos narrados no conto podem acontecer em um curto tempo,

passado e futuro não são relevantes, pois o conflito se passa em horas ou dias. O conto é

objetivo, não se prende a pormenores, vai direto ao ponto com suas unidades de ação, lugar e

tempo. Estas unidades são harmoniosamente estruturadas em torno de um único objetivo.

Conforme afirma Massaud Moisés (1983), todo contista se preocupa em provocar no

leitor a impressão de: pavor, piedade, ódio, simpatia, acordo, ternura, indiferença, fatores que

convergem para um drama com um sentimento único e forte que seja correspondente no

espírito do leitor. As personagens do conto são poucas e a tendência é de serem planas ou

estáticas e só surpreenderem no momento do clímax. A estrutura e a linguagem do conto são

objetivas, costuma ser narrado em terceira pessoa e com diálogos (discurso direto) que

retratam desavença ou mal entendido, já que é eminentemente dramático, deve conter

diálogos, o qual organiza a arte literária e é a base expressiva do conto. A trama é

normalmente (na tradição) linear, objetiva, os fatos se sucedem semelhantes à vida real,

inicia-se e já está próximo de epílogo, em destaque só os momentos que antecedem ao clímax.

O contista precisa prender a atenção do leitor até o desfecho, que geralmente é um

enigma, o qual deve surpreender, deixar pasmo ou fazer o leitor refletir diante da narrativa. O

início do conto deve ser muito bom para prender a atenção do leitor, levando-o a um epílogo

que pode ser enigmático, imprevisível, surpreendente.

Atividade 4

DISCURSO FICCIONAL E DISCURSO REFERENCIAL

Ficção e Literatura

Um dos sentidos da palavra ficção é a designação de textos narrativos: romances,

contos, novelas... É a literatura que se ocupa de narrações de acontecimentos imaginários e da

representação de personagens imaginários. Mundos ficcionais criados pelo autor e

(re)construídos pelos leitores.

A ficção nos transporta para o “presente” das personagens que a povoam e não para o

passado daquele que a cria. As narrativas de ficção em terceira pessoa presentificam seu

objeto como o fazem os quadros ou as estátuas, daí a denominação de intemporal para o

passado e o presente. A idéia é a de que a leitura presentifica os fatos narrados.

Discurso referencial

Qualquer texto emite referências, carrega informações que podem ou não chancelar

um modo de ser da realidade. O discurso referencial pretende ser neutro e verdadeiro,

assumindo um caráter científico, querendo representar a realidade diretamente. Seu foco está

naquilo que o enunciado remete, descreve os fatos com legitimidade e impessoalidade. É

comum no trabalho jornalístico. É um discurso que busca se legitimar com o referente,

evitando as viagens subjetivas.

O discurso referencial é usado em textos que transmitem informações “históricas”,

verificáveis no mundo. Interessa mais a alguns profissionais: o historiador, o físico, o biólogo,

dentre outros, que precisam estudar, pesquisar e mostrar a “verdade”. Eles devem elaborar

textos comprometidos com o real. Já o discurso ficcional é característico do texto literário,

possibilita a total liberdade do escritor e leitor, os quais usam a imaginação até onde a leitura

permitir. O discurso da arte, da literatura liberta o escritor para inventar o que quiser, sem

precisar justificar o que escreveu. E isso não quer dizer que o que ele escreve tenha menos

valor do que aquela informação presente no discurso referencial. A arte, porque trabalha com

a liberdade, porque liberta o imaginário, carrega uma grande potencialidade informativa

porque instaura no fruidor, no leitor, uma experiência sem limites, um contato bastante

pessoal com a aventura da vida, solicitando, para isso, do leitor, seu horizonte de expectativa

(conhecimento, emocionalidade, inventividade). A linguagem, ou discurso artístico, procura,

então, para melhor sugerir, ser estranho, singular, para chamar mais a atenção do leitor, a fim

de “educá-lo”, de dar-lhe conhecimento, de satisfazer suas necessidade de ficção e de fantasia,

como já disse Antonio Candido em texto bastante conhecido (A literatura e a formação do

homem. Ciência e Cultura. São Paulo, Vol.4, n. 9, p.806-809, 1972).

Atividade 5

A ARTE COMO REGISTRO ESPECIAL DA EXPERIÊNCIA

HUMANA (ELA ETERNIZA):

Conhecemos a cultura de muitos países pelo nome de seus artistas, de todas as áreas,

música, escultura, pintura, teatro, literatura. Ela serve, já disse um estudioso russo, Chklovski,

que a arte desautomatiza nossas reações, faz com que paremos para refletir mais detidamente

sobre algumas situações por que passam os homens. As reações automatizadas fazem com

que nós, num velório, por exemplo, quando somos perguntados (“tudo bem?”), respondamos

“tudo bem”. Então a arte nos chama mais para a vida, procurando intensificar nossa percepção

das coisas. Daí o respeito que se tem por ela porque, embora possa tratar de uma situação

precisa, datada, ela fala de todos os homens, os de agora e os de sempre, e de todos os lugares.

Por isso conhecemos a Inglaterra por Shakespeare e pelos Beatles; por isso conhecemos o

Brasil por Machado de Assis e por Cândido Portinari. Como esses artistas são sempre

lembrados, como são sempre lidos, ouvidos e vistos, temos a sensação de que são “eternos”,

de que vão ficar sempre na lembrança dos homens, serão sempre “visitados”. São

“celebridades”, alguns chegaram a ganhar bastante dinheiro, ficaram bastante famosos, até

populares. A arte, então, cria o que às vezes chamamos de “imortais”. Lygia Fagundes Telles

é uma imortal.

Conhecendo a autora

Lygia Fagundes Telles nasceu na capital paulista, em 19 de abril de1923. Seu pai,

advogado, exerceu os cargos de delegado e promotor público em diversas cidades do interior

paulista, razão porque a escritora passa seus primeiros anos da infância mudando-se

constantemente. Acostuma-se a ouvir histórias contadas pelas pajens e por outras crianças.

Em pouco tempo, começa a criar seus próprios contos e, em 1931, já alfabetizada, escreve nas

últimas páginas de seus cadernos escolares as histórias que irá contar nas rodas

domésticas. Como ocorreu com todos nós, as primeiras narrativas que ouviu falavam de temas

aterrorizantes, com mulas-sem-cabeça, lobisomens e tempestades. Em 1940 ingressou na

Escola Superior de Educação Física, também em São Paulo, ao mesmo tempo em que

frequentou um curso pré-jurídico, preparatório para a Faculdade de Direito do Largo de São

Francisco. Em 1941 iniciou o curso de Direito e começou a participar ativamente nos debates

literários, onde conheceria Mário e Oswald de Andrade, Paulo Emílio Salles Gomes, entre

outros nomes da cena literária brasileira. É membro da Academia Brasileira de Letras desde

1982, onde ocupa a cadeira de número 28. Seu primeiro romance, Ciranda de Pedra foi

publicado em 1952, o qual já fez parte da dramaturgia brasileira. Mas é em As meninas que a

autora consagra-se popularmente. Em 2003, esta obra completou 30 anos e recebeu

homenagens. A escritora, em 2003, recebeu o prêmio Camões, o mais importante da literatura

em língua portuguesa.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Lygia_Fagundes_Telles

http://www.releituras.com/lftelles_bio.asp (Acessado em 30 de julho de 2011)

Para saber mais sobre Lygia Fagundes Telles e suas obras:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lygia_Fagundes_Telleshttp://portalliteral.terra.com.br/ligia_fagundes_telles/bio_biblio/cronologia/cronologia.shtml?biobiblio

Dica para o professor: É interessante fazer uma apresentação envolvente sobre a literatura,

dizer para os alunos que ela é viva, maravilhosa e encantadora e os escritores são os grandes

formadores de opinião. Falar mais sobre a escritora Lygia Fagundes Telles, de quem ela é e da

sua forma de escrever. Não esqueça de adequar o volume de informações e a linguagem ao

nível de desenvolvimento dos alunos da 8.ª série.

Pesquisa

Propomos para este momento uma pesquisa bibliográfica, que será realizada em grupo de 04

alunos, sobre a escritora Lygia Fagundes Telles, quem ela é, suas principais características, a

época em que escreveu os contos “Herbarium” e “Venha ver o pôr do sol”. Adolescentes

adoram internet, neste momento para descontrair e conhecer um pouco melhor a escritora, os

alunos deverão assistir duas entrevistas no Youtube. Após a entrevista, cada aluno deve anotar

duas ou três frases faladas por Lygia que merece ser destacada e compartilhada com a turma.

Enredo (Suporte teórico para análise do conto)

Enredo é o encadeado de ações executadas ou a executar pelas personagens numa ficção, a fim de criar sentido ou emoção no leitor.

O enredo, ou trama, ou intriga, é o esqueleto da narrativa, aquilo que dá sustentação à história, ou seja, é o desenrolar dos acontecimentos.

É, também, um relato de fatos vividos por personagens e ordenados em uma sequência lógica e temporal, por isso ele se caracteriza pelo emprego de verbos de ação que indicam a movimentação das personagens no tempo e no espaço. Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa.

Enredo é o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam a ação de um texto narrativo.

O enredo pode ser organizado de várias formas. Observe:

o Situação inicial - os personagens e espaço são apresentados.o Quebra da Situação Inicial - um acontecimento modifica a situação

apresentada.o Estabelecimento de Um Conflito - Surge uma situação a ser resolvida, que

quebra a estabilidade de personagens e acontecimentoso Clímax - ponto de maior tensão na narrativa.o Epílogo - solução do conflito. Obs.: essa solução não significa um final feliz.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Enredo (Acessado em 05 de agosto de 2011)

Atividade 6

Preparando o ambiente para a leitura

Herbarium

Herbarium é uma palavra latina. Na língua portuguesa temos a palavra herbário, de

origem latina, que em botânica significa “coleção científica de plantas secas”. O que você

espera de um conto com este título? Pense e anote em seu caderno algumas sugestões.

Após um período para as reflexões e registros o professor convida os alunos a ler para

a classe quais são as suas expectativas para a leitura do conto. Em seguida, apresenta o livro

Seminário dos Ratos, da escritora Lygia Fagundes Telles e mostra para os alunos o conto.

Entrega a cada aluno uma cópia do conto “Herbarium” para levar para casa e fazer a leitura.

Salientar que a leitura deve ser bem atenta, pois só assim é possível entender o conto e

participar de um debate oral na sala de aula.

Na data marcada pelo professor os alunos serão estimulados a relatar oralmente as

suas primeiras impressões sobre o conto, destacando o enredo, as personagens, o espaço, o

tempo e o significado de algumas palavras.

Este conto está inserido na obra “Seminário dos ratos”, de Lygia Fagundes Telles ou acesse:

www.academia.org.br/abl/media/prosa44b.pdf

http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=684&sid=194&tpl=printerview

A significação de um texto pode estar nas oposições que ele apresenta ou sugere. No

conto “Herbarium” há várias oposições às quais o leitor deve estar atento. Na língua

portuguesa uma forma de construir essas oposições é pelo uso da conjunção adversativa mas,

pois ela estabelece oposição entre as informações. Fique atento e observe como Lygia faz uso

desse recurso no conto.

Explorando o conto

As questões podem ser respondidas em duplas.

1-O conto é um texto curto que pertence ao gênero narrativo ficcional. Apresenta poucas

personagens, poucas ações, tempo e espaço reduzidos. No conto Herbarium:

a) Quem são as personagens que estão envolvidas nos fatos narrados?

b) O conto é uma narrativa curta e não faz rodeios, vai direto ao assunto. Resuma em poucas

palavras a história narrada neste conto.

2) Qual é o tema do conto?

3- Nos gêneros narrativos, o enredo se constitui pela sequência de fatos que têm uma relação

de causa e efeito.

a) O conflito é um dos elementos mais importantes do enredo. Os fatos narrados prendem a

atenção do leitor ou ouvinte para o conflito, oposições de interesses. Qual é o conflito no

conto Herbarium?

b) O clímax acontece quando o conflito atinge seu ponto máximo, é o momento de maior

tensão da narrativa. Em que momento acontece o clímax neste conto?

c) Qual é o desfecho do conto? Tente resumi-lo em uma frase.

4) O conto faz referências aos lugares onde ocorreram os fatos vivenciados pelas personagens.

a) Indique o espaço onde foram narrados os fatos. Retire um trecho do conto que comprove a

sua afirmação.

b) O espaço, assim como os outros elementos, é determinante no conto. Qual é a ligação entre

a personagem protagonista e o espaço onde os fatos acontecem? Explique.

5) Normalmente o conto é narrado em terceira pessoa, mas no conto Herbarium isso não

acontece, ele é narrado em primeira pessoa por uma menina à beira da adolescência. Como

são marcados os diálogos presentes nesta narrativa?

6) Após uma leitura mais atente e uma interpretação mais detalhada, qual é a relação do título

com o enredo? Você ainda acredita que é a mesma visão do início (aquela que você anotou no

caderno), antes de ler e interpretar o conto? Comente.

7) O conto deixa transparecer o conflito da menina adolescente, que apresenta algumas

atitudes infantis em determinados momentos. Destaque alguns trechos com atitudes e

comportamentos de adolescente/adulta e outros infantis.

8) Você já se deparou com situações semelhantes a da protagonista, adulta ou criança para

determinadas ações e atitudes? Explique.

9) Uma característica marcante na menina é a mentira. Por que ela mentia com a maior

naturalidade para algumas pessoas e outras não?

10) Quando a mentira pode ser algo aceitável? Em quais contextos?

Atividade 7

Venha ver o pôr do sol

Para ler o conto Venha ver o pôr do sol:

http://www.beatrix.pro.br/literatura/pordosol.html

ou na obra “Antes do baile verde”, de Lygia Fagundes Telles

Sugestões para iniciar o trabalho com o conto

O professor oralmente convida os alunos a adentrarem no mundo da imaginação.

Deixando-os livres para pensar em algo fantástico, maravilhoso, sombrio, amoroso...

Convida-os para ver o pôr do sol. Após alguns minutos eles podem partilhar com os colegas o

que imaginaram, em que espaço e com quais pessoas fizeram “essa viagem”. A partir do

título o professor faz alguns questionamentos que possibilitem inferências sobre o conto.

Traços do fantástico, do extraordinário e do maravilhoso estão presentes nas narrativas

de Lygia Fagundes Telles. Revela um universo em que os temas do abandono e da solidão são

os pontos de partida para uma reflexão sobre a morte, sobre os sentimentos reprimidos e as

relações humanas sempre permeadas de angústia e sofrimento. Os ambientes dos sonhos, das

transformações físicas e do sobrenatural ajudam a construir um cenário que confere

dramacidade aos contos da autora. Lygia escreve sobre as relações humanas de forma

universal, adentra nos sentimentos de seus personagens e também de seus leitores, muitas

vezes imperceptível, resgatando um fio de esperança entre a vida e a morte, passado e

presente, bem e mal. “Venha ver o pôr do sol” é considerado um dos contos mais famosos de

Lygia Fagundes Telles. O narrador é heterodiegético, quanto a sua relação com a história, isto

é, narra os fatos, mas não participa.

Que tal envolver-se nesse mundo de mistérios e fantasias?

Aceite o convite e “Venha ver o pôr do sol”

Neste momento o professor entrega uma cópia do conto para que o aluno possa fazer a leitura

silenciosamente.

Dicas para uma boa leitura

●Ler e reler. Não se contentar com a primeira impressão, com o primeiro entendimento.

● Nos textos longos, retomar a passagens já lidas, antes de prosseguir, para rever detalhes e

estabelecer as relações.

● Interromper periodicamente a leitura e recordar, resumidamente, o que já foi lido.

Releiam o conto e respondam no caderno as questões, individualmente ou em duplas. Ao

término do tempo estipulado, inicia-se a discussão sobre as respostas.

1) Quem são as personagens principais no conto? Como são apresentadas, descritas para o

leitor?

2) Qual é o tema do conto “Venha ver o pôr do sol”?

3) O componente da linguagem mais importante no conto é o diálogo, os conflitos e os

dramas residem na fala das pessoas. Neste conto os diálogos entre os protagonistas passam a

ideia de que o leitor está vivenciando as ações junto com eles, no momento em que

acontecem. Você teve esta sensação ao ler esse conto? Comente.

4) O que fez Ricardo para conseguir que Raquel fosse ao seu encontro? Quais foram os

argumentos usados por ele?

5) O tempo e o espaço são elementos marcantes no conto. Os acontecimentos podem dar-se

em curto lapso de tempo, pois não interessam o passado e o futuro, o conflito pode se passar

em horas, ou dias.

a) Em sua opinião qual é o tempo necessário para desenvolver as ações neste conto?

b) Qual é a importância do tempo e do espaço em “Venha ver o pôr do sol”?

c) Teça comentários sobre o lugar ocupado pelas personagens e a função que ele assume na

narrativa.

6) O texto dá indíces de que Ricardo planejou todos os detalhes para aquele encontro? Se sua

resposta for afirmativa, copie trechos que possam comprová-la.

7) As imagens que podemos criar durante a leitura do conto ajudam a compor o cenário e a

criar o clima de mistério. Retirem do texto algumas expressões que comprovem esse fato.

8) Em muitos textos narrativos contemporâneos o leitor tem uma função importante no

desfecho, pois o texto nos permite várias possibilidades. Para você quais são as possibilidades

de encerrar o conto? Dê continuidade.

Debate

A classe será dividida em equipes de 4 ou 5 alunos, após um sorteio cada uma delas irá

argumentar e defender sobre uma das possibilidades ocorridas no conto:

Crime passional - Podemos pensar que tudo não passou de um crime passional, uma vingança

cruel em que Ricardo dissimulou com verdadeira astúcia e sucesso as verdadeiras intenções,

executando o crime perfeito.

Fato sobrenatural - O agressor seria humano? Ricardo, assim como sua prima, estaria morto

há séculos? Em alguns trechos da narrativa podemos encontrar alusões de que quando o rapaz

fica sério algo acontece: “E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos

olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta.

Não era nesse instante tão jovem quanto aparentava.” (Telles, 1999, p.124 e 125)

As equipes devem se preparar fazendo várias leituras do conto e outras fontes que falam sobre

crime passional e fato sobrenatural, usar os materiais de pesquisa disponíveis na biblioteca do

Colégio, em jornais, revistas, sites da internet e outros. Após uma semana de preparação

acontece o debate na sala de aula o qual será mediado pelo professor.

A literatura é a arte que estimula o diálogo do leitor com a vida por meio do

imaginário, oferecendo ao leitor a possibilidade de interromper as atividades cotidianas para

dar vazão às emoções. A leitura deve ser vista como uma relação dialógica entre a obra e o

leitor, pois este estimulado pelo próprio texto e, por sua experiência enquanto leitor é que terá

condições de atribuir sentido ao que lê. Os horizontes presentes na obra e os trazidos pelo

leitor é que dará sentido ao texto, pois este é construído pela consciência imaginativa do

leitor. Todo leitor tem, antes mesmo de entrar em contato com a obra, um horizonte de vida,

de mundo, de valores que são decorrentes de suas experiências. A obra literária possibilitará

que estes horizontes sejam alterados ou não por meio da leitura.

Referências

AGUIAR, Vera Teixeira de e BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do

Leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura. São Paulo,

Vol.4, n. 9, p.806-809, 1972.

CEREJA, William Roberto. Ensino de Literatura: uma proposta dialógica para o

trabalho com literatura. São Paulo: Atual, 2005.

MARIA, Luzia de. O que é conto. São Paulo: Brasiliense, 2004. ( Coleção primeiros passos;

135)

MOISÉS, Massaud. A criação literária: prosa. 2.ª ed. São Paulo; Editora Cultrix, 1983.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica

de Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.

TELLES, Lygia Fagundes. Antes do baile verde. Venha ver o pôr do sol. Rio de Janeiro:

Rocco, 1999.

___________ Seminário dos Ratos. Herbarium. Rio de Janeiro: Rocco, 1999

http://www.academia.org.br/abl/media/prosa44b.pdf (Acessado em 05 de agosto de 2011)

http://www.beatrix.pro.br/literatura/pordosol.html (Acessado em 05 de agosto de 2011)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Enredo (Acessado em 05 de agosto de 2011)