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Ficha de caracterização do meio envolvente da escola
1. Identificação da Equipa
Rocha escolhida Mármore
Escola:Escola Básica Integrada/Jardim de Infância de Alcáçovas
Equipa:Os Marmoritos (Alunos do 5º ao 9º ano e Professoras Paula Dias e Liliana Dias)
Localização Vila/cidade/distrito/pais
O concelho de Viana do Alentejo situa-se na zona sudoeste do
Alentejo, mais concretamente na faixa sul do distrito de Évora. A
sede do concelho dista cerca de 30 Km de Évora, e 50 Km de Beja,
capital do baixo Alentejo.
O concelho é formado por três freguesias: Viana do Alentejo, Aguiar
e Alcáçovas. A distância aproximada da freguesia das Alcáçovas à
sede do concelho é de 18 Km.
Localização de Alcáçovas no Google Earth
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A colheita das amostras de mármore realizou-se na pedreira
identificada com o número 8 da carta abaixo, cedida, gentilmente,
pela Câmara Municipal de Viana do Alentejo.
Carta fornecida pela Câmara Municipal de Viana do Alentejo
2. Caracterização do Meio Envolvente
Enquadramento GeológicoO concelho de Viana do Alentejo e a Vila das Alcáçovas situam-se na Zona da Ossa
Morena, no Sector de Montemor – Ficalho. Este sector é limitado a norte pelo acidente de
Santo Aleixo da Restauração e o limite sul, faz-se com o Maciço de Beja.
É constituído por um conjunto de macroestruturas em sinforma e antiforma
preferencialmente orientadas NW-SE ou NNW–SSE, a saber: Moura – Ficalho, Portel,
Serpa, Viana do Alentejo – Alvito e Escoural.
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Principais sectores da Zona de Ossa-Morena com a localização de Viana do Alentejo (Araújo, 2007).
Alcáçovas situa-se entre a bacia Terciária do Sado e a formação interior do Maciço Antigo.
Dominam as grandes planuras com altitudes entre os 250 e 300 metros. Os cabeços mais
elevados correspondem a relevos residuais devido à maior dureza das rochas.
Ao nível da geologia, a região compreende do ponto de vista litológico, rochas
metamórficas (xistos e mármores) e rochas eruptivas (dioritos, gabros e pórfiros).
Em pormenor, a estratigrafia deste sector é relativamente mal conhecida o que se deve à
quase total ausência de fósseis, a uma forte deformação tectónica e a uma evolução
metamórfica complexa que dificulta ou impossibilita a identificação dos litótipos originais
(Araújo, 1995).
Os mármores tiveram inicialmente origem em demorados processos de sedimentação em
ambientes marinhos calmos e pouco profundos. O vulcanismo pouco acentuado era, no
entanto, uma constante. Ao longo do tempo, à medida que as bancadas de calcário se
tornavam mais espessas, as condições de sedimentação alteraram-se. O regime distensivo,
que propiciava a deposição e a formação de bacias sedimentares, inverteu-se e passou a
compressivo. A formação de cadeias (orogênese) predominou e as rochas sedimentares os
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sedimentos acumulados foram transformados em rochas metamórficas devido às novas
condições de pressão e temperatura. A erosão que se sucedeu provocou o desmantelamento
das cadeias montanhosas dando origem a novas rochas sedimentares.
A presença de mármores, por vezes com grão grosseiro que aparece na região de Viana do
Alentejo, é designado por “mármore impuro” e as jazidas ocorrem associadas a fenómenos
de vulcanismo básico. Estas litologias, de idade Precâmbrica, apresentam uma forte
recristalização metamórfica.
Nas jazidas de mármores no concelho, dentre as variedades de maior aceitação comercial
figura o mármore verde, conhecido por “Verde de Viana” que só se encontra na freguesia
de Viana do Alentejo. Estes mármores são bandados, esverdeadas e apresentam
tonalidades, embora também possam ser brancos, cremes e mesmo cinzentos.
Mineralogicamente são muito distintos dos da região, sendo frequente a presença de
dolomite, quartzo, óxidos, granada, actinolite, diópsido, fosterite e volastonite (Lopes,
2000).
Tipo de Paisagem (ex.: caos de blocos em regiões graníticas, modelado cársico e grutas em regiões calcárias, paisagem vulcânica, montanha, vales, etc.)Em termos geomorfológicos, a área do concelho traduz-se por uma peneplanície (com
altitude de 250 a 300 metros) quebrada apenas pelo encaixe de alguns rios e seus afluentes.
Trata-se de uma planície bem conservada, estável com ondulações suaves correspondentes
a rugosidades residuais. Contudo destacam-se alguns cabeços que se elevam do território,
sendo o mais importante o de S. Vicente com 370 metros de altitude, localizado na estrada
Viana/Vila Nova da Baronia. Existe ainda a serra de Alcáçovas onde se encontra o
convento da Esperança a uma altitude de 282 metros, a cerca de 3 Km ao norte da vila, e o
Outeiro da Cruz com 257 metros.
A paisagem alentejana é dominada por extensos campos peneplanos, mais abertos a sul e no
interior e mais densamente arborizados, predominantemente com povoamentos de
quercíneas (sobreiro e azinheira) explorados em sistema de montado, nas zonas mais
acidentadas.
A baixa densidade demográfica e o modelo de povoamento concentrado — grandes aldeias,
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vilas e cidades, espaçadas e regularmente distribuídas no território — imprimem também
um forte carácter à sua paisagem.
Tipos de SolosNo Concelho existem vários tipos de solos que, pelas suas características, foram
determinantes na sua utilização durante as várias ocupações humanas.
Na sua maior parte, trata-se de solos de fertilidade variável, com frequentes afloramentos
rochosos, apresentando por vezes riscos de erosão; e solos litólicos, mediterrâneos,
principalmente derivados de xisto, barros e calcário.
Os solos de baixa fertilidade, que apresentam com frequência afloramentos rochosos,
ocupam uma grande extensão na zona, distribuindo-se os solos mais ricos, quase
exclusivamente, por estreitas faixas, junto às linhas de água (Degebe, Xarrama, ribeira de
Valverde e ribeira de Alcáçovas).
Fauna e FloraO concelho de Viana do Alentejo tem o clima semelhante ao de toda a região do Alentejo,
com chuva e frio nos períodos de Setembro a Abril, e calor nos períodos de Maio a Agosto.
A paisagem do concelho é idêntica à da região do Alentejo Central, podendo-se observar
nitidamente na sua peneplanície, as alterações de paisagem ao longo do ano, de acordo com
as estações: no verão o dourado das searas, no outono/ inverno o verde e na primavera as
cores das flores campestres (o amarelo dos malmequeres), o (lilás do rosmaninho), o
(vermelho das papoilas), o (branco das malvas). Dominam os olivais e montados de sobro e
azinho.
Em termos faunísticos a região é rica em aves como o Andorinhão (Apus apus), o Pica
peixe (Alcedo afthis), o Abelharuco (Merops apiaster), o Chapim azul e chapim real (Parus
caeroleus e P. major), a Coruja das torres (Tyto alba), Garças de todos os tipos, incluindo a
boieira, Cegonhas branca (ciconia ciconia), Peneireiro e a Águia de asa redonda e os Patos
reais.
Nos anfíbios destacam-se as Rãs, Relas, Salamandras, Tritão de ventre laranja e
Marmorado. As cobras também abundam sendo as mais comuns as de água, capuz e de
ferradura. No grupo dos mamíferos, além dos Ratos e dos Morcegos ainda se pode
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encontrar o Sacarrabos, a Lontra, o Ouriço, o Texugo e a Geneta.
Dentro das espécies piscícolas a região é rica em Boga, Achigã, Lagostim vermelho,
Pimpão, Bordalo e Carpa.
Observações Apesar da mais-valia dos mármores verdes que ocorrem na área, a inexistência de um
estudo que defina, espacialmente, a distribuição de mármores na estrutura anticlinal a avalie
os recursos disponíveis, será uma das causas responsáveis pela baixa incidência da indústria
extractiva nesta área
O mármore, apesar de estar mais concentrado em Viana, também está presente em
Alcáçovas, nas variedades verde clara com manchas negras, e verde-claro com laivos
verde-escuro segundo o Plano de Ação de Alcáçovas (PAA),mas não é alvo de exploração.
Bibliografia• Araújo, A., Ribeiro, A., 1995. Tangential Transpressive Strain Regime in the
Évora-Aracena Domain (Ossa Morena Zone). Buletin Geológico y Minero 106/2,
111-117.
• Araújo et al, 2007, As regiões central e sul da Zona de Ossa Morena - Geologia de
Portugal no contexto da Ibéria. Universidade de Évora, Portugal, 151-172.
• Estevão, C. 2010. Património Geológico em Áreas protegidas no Maciço Ibérico.
Tese de mestrado Universidade do Minho.
• Lopes, L. 2000. Contribuição Para O Conhecimento Tectono – Estratigráfico Do
Nordeste Alentejano Transversal Terena – Elvas, Implicações económicas no
aproveitamento de rochas ornamentais existentes na região. Tese de Doutoramento
Universidade de Évora
• http://www.cm-vilavicosa.pt/pt/conteudos/o%20concelho/Geologia
• Folhetos e informação cedida pelo Posto de Turismo de Viana do Alentejo e pela
Câmara Municipal de Viana do Alentejo.
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