festas de s. joão castanheira do ribatejo

3

Upload: jornal-o-mirante

Post on 27-Mar-2016

219 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Festas da Castanheira são ponto de encontro da população Uma festa que reflecte a identidade de um povo Carla Antunes, 36 anos, assistente de consultório, Castanheira do Ribatejo Carlos Amendoeira, 54 anos, mecânico, Castanheira do Ribatejo Marco Torrão, 39 anos, empresário, Castanheira do Ribatejo

TRANSCRIPT

| O MIRANTESOCIEDADE| 16 JUNHO 201128

Visitar as festas da Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira, é para Carla Antu-nes, 36 anos, uma forma de libertar-se do stress do dia-a-dia e esquecer os problemas. A assistente de consultório aproveita para estar com os amigos e ir conhecendo novas pessoas. E nem mesmo o dinheiro a impede de participar. “Não vamos esbanjar dinhei-ro para uma festas destas. Geralmente comemos uns petiscos e pouco mais”, adianta. Vê na iniciativa uma excelente oportunidade para dinamizar o comércio local e acredita que estas festas não podem morrer porque reflectem a identidade de uma terra.

Carla Antunes é assistente de consultório na Clí-nica Médica e Dentária Castejo e é com muita fami-liaridade que vai atendendo os clientes. “Os mora-dores da Castanheira do Ribatejo já nos conhecem e é com a aposta num serviço de qualidade que ten-tamos contornar a crise”, assegura.

Medicina dentária, análises clínicas, clínica geral, cardiologia, ginecologia, psicologia, nutrição, fisio-terapia e massagem de reabilitação são os serviços que a clínica disponibiliza desde 2009 na Castanhei-ra do Ribatejo.

A grande noite da Sardinha Assa-da, integrada nas Festas de S. João, na Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, arranca às 20h00 de sábado, 25 de Junho, segundo dia da festa da freguesia que decorre de 24 a 26. A distribuição de sardinhas pela junta de freguesia, tanto no recinto das festas, como às tertúlias organizadas e inscritas, será efectuada a essa hora.

A animação pelas ruas está garan-tida com o Grupo de Zés Pereiras “Os Baionenses” e Tuna Feminina Scalabi-tana e segue noite dentro com baile pe-lo conjunto “Aguarela”, às 21h30. Uma

tarde infantil está marcada logo para as 17h00 de sábado com palhaços, ven-tríloquos, sevilhanas e uma surpresa.

A primeira largada de gado bravo está marcada para sexta-feira, 24 de Junho, às 23h45, na rua João Baptis-ta Correia, que se repetirá no sábado, no mesmo local, às 18h30 e às 00h45.

Na sexta-feira, depois da inaugura-ção da festa marcada para as 20h00, realiza-se um desfile de moda da APA-TI às 21h30. A noite é de baile a partir das 22h00 com o conjunto “Cristais da Noite”.

O leilão de fogaças decorre às 17h30, no domingo, e às 20h30 há desfile de

ranchos de diversos pontos da vila até ao recinto das festas. A noite de folclo-re começa com o Rancho Típico “Os Avieiros”, passando pelo Rancho Fol-clórico de Alfarrobeira e terminando com o Grupo Etnográfico Danças e Cantares de Alverca. As festas encer-ram às 00h00 com uma sessão de fogo de artifício.

As entradas na festa, organizada pe-la Junta de Freguesia com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, são livres. As festas contam ainda com a colaboração das colectividades, associações da freguesia, indústria e comércio local.

Os tempos difíceis não vão fazer Marco Torrão ab-dicar de uma semana de férias na companhia da fa-mília para recarregar baterias. Este ano o empresário da Auto Mecânica Torrões marcará também presen-ça nas Festas de S. João, na Castanheira do Ribatejo. Vai estar com os amigos a divertir-se. De ano para ano nota que o número de artistas tem diminuído mas o mais importante é que a festa funcione como ponto de encontro. “Tirando as tasquinhas em Novembro não temos mais festas. Gosto de sentir que as festas ainda dão vida à terra. Não as podemos deixar mor-rer”, alerta.

A empresa Auto Mecânica Torrões nasceu na Cas-tanheira do Ribatejo há mais de 10 anos. O proprietá-rio, Marco Torrão, mecânico de profissão, apresenta um leque diversificado de serviços de manutenção e reparação de viaturas. Normalmente trabalha entre as 8h00 e as 19h00, mas quando é preciso prolonga o horário.

A crise que actualmente se vive em Portugal não afectou o volume de trabalho. “Temos dificuldades é a nível de tesouraria. Cada vez mais as empresas pedem para dilatar o tempo dos pagamentos”. Para dar a volta por cima, Marco Torrão tenta apresentar preços competitivos e gerir com rigor as contas para pagar as despesas certas.

Festas de S. João estão a chegarà Castanheira do RibatejoSardinha assada, largadas e música num fim de semana de animação na freguesia

Meditação do terço, procissão e missa

A meditação do terço está marcada para quinta-feira, 23 de Junho, às 18h30, na Cape-la de São João, na Castanheira do Ribatejo, na véspera das Festas de S. João que decorrem de 24 a 26 de Junho.

A procissão sai do local às 19h15 para a Igre-ja de São Bartolomeu.

Uma missa está marcada para sábado, 25 de Junho, às 16h00, na Igreja Matriz de S. Bartolomeu.

No domingo a romagem aos cemitérios está marcada para as 9h30 para homenagear os antigos dirigentes da comissão de festas. A missa solene decorre às 10h00 na Igreja Matriz de São Bartolomeu. Para as 15h15 está marcada a chegada da Banda do Ate-neu Artístico Vilafranquense. A procissão solene está marcada para as 16h00 e será acompanhada pela Banda do Ateneu Ar-tístico Vilafranquense e fanfarra da AHBV Castanheira do Ribatejo pelas ruas da vila.

Em tempo de crise recuperar carros antigos é poupar

A recuperação de carros antigos está a ser um serviço muito procurado e é uma forma de muitos conseguirem ter um veículo mais económico a andar na estrada. “Os seguros também são muito mais baratos e os carros con-somem pouco”, lembra Carlos Amendoeira, mecânico de profissão, na Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira.

A falta de trabalho levou Carlos Amendoeira a dedicar--se a este nicho de mercado. Apesar da mão de obra para este tipo de trabalho ficar subvalorizada Carlos Amen-doeira não baixou os braços. Se antigamente chegava a ter cinco serviços por dia hoje é isso que consegue por semana. O tempo livre deixa-lhe tempo para se dedicar também à recuperação de dois carros antigos que tem, um Renault turbo 2 de 1984 e um Ford Escort de 1961.

O mecânico, especialista em reparação de sistemas de injecção em veículos ligeiros, trabalha oito dias por se-mana e nem assim consegue rentabilizar o negócio que montou em 2002 na zona industrial da Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira.

A esposa é o único braço que tem actualmente na empresa. Desde que é empresário não sabe o que são fé-rias. Em anos de vacas gordas ainda chegou a passar fins de semana fora mas a crise financeira tem obrigado a al-guma contenção. Vive no concelho vizinho de Azambu-ja, em Casais da Lagoa, mas é uma presença assídua das Festas de São João. A noite da sardinha assada, marcada para sábado, 25 de Junho, será um evento a não perder.

Carlos Amendoeira, 54 anos, mecânico, Castanheira do Ribatejo

Carla Antunes, 36 anos, assistente de consultório,Castanheira do Ribatejo

Uma festa que reflecte a identidade de um povo

Festas da Castanheira são ponto de encontro da população

Marco Torrão, 39 anos, empresário, Castanheira do Ribatejo

O MIRANTE | SOCIEDADE | 16 JUNHO 2011 29

alegria. Jovens dão corpo ao grupo do Juventude da Castanheira

foto O MiraNTe

O Juventude da Castanheira tem uma secção de sevilhanas desde abril de 2010. Catorze raparigas dos seis aos 25 anos rodopiam com vestidos de cores quentes equilibradas em saltos altos de sapatear. Rapazes precisam-se para dar outra cor ao grupo. Os ensaios funcionam em horário pós-laboral no antigo ginásio do clube que é conhecido sobretudo pelo futebol.

Cores quentes entre rodopios. Brincos e flores. O rosa e verde num mo-vimento de braços. O laranja e amarelo num ondular das saias de folhos. No ca-belo, bem esticado atrás, uma peineta a condizer. São de todas as cores as Sevi-lhanas do Juventude da Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira. É assim que gostam de ser chama-das as 14 raparigas, dos seis aos 25 anos, que dão corpo ao grupo.

O azul raro dos olhos de Ana Margari-

Aprende-se a dançar sevilhanasna Castanheira do RibatejoGrupo criado em Abril de 2010 é secção do Juventude da Castanheira

da, 15 anos, não se encontra em nenhum dos vestidos “rocieros”. Maggy, como é tratada entre os pares, todos femininos, experimentou sapatear num rancho fol-clórico e deslizou pelos salões ao ritmo da salsa mas deixou arrebatar-se pelos ritmos de “nuestros hermanos”.

Mora no Carregado e é aluna do pri-meiro ano do curso profissional de multi-média na Escola Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira. Os intervalos entre as aulas da futura fisioterapeuta, área que deseja seguir no futuro, são ocupados a ensaiar algumas voltas que a arte exige.

Salete Bernardino, 25 anos, procura o espelho colocado no escritório da ca-sa onde reside com o companheiro para aperfeiçoar os movimentos. Dançar sevi-lhanas não implica competir, como em outras modalidades, e isso agrada a Sale-te Bernardino que também passou pelo folclore antes de chegar a estes ritmos. Reside em Alenquer e foi recentemen-te dispensada de uma fábrica da zona. O desemprego fê-la repensar a participação no grupo de sevilhanas mas o companhei-ro foi o primeiro a incentivá-la a ficar.

“Vai ser o primeiro elemento homem do grupo”, diz a professora Ana Catari-na Ramos, 24 anos, à chegada de Bruno,

o “mais que tudo” de Salete Bernardi-no, arrancando algumas gargalhadas às dançarinas.

A professora de sevilhanas e flamenco dança desde os 14 anos. Aprendeu nas aulas do Clube Vilafranquense, em Vi-la Franca de Xira. Para dançar usa uma trança que pende sobre o ombro. As alu-nas têm quase todas o rabo de cavalo clássico bem esticado. “Gosto das coisas simples e sou muito exigente”, confessa a professora. Às alunas mais novas, co-mo é o caso de Beatriz Santos, 10 anos, residente em Vila Franca de Xira, é proi-bido o uso de maquilhagem. “Já têm a beleza natural”, explica a “maestrina” de uma orquestra de cores e movimento que também integra o grupo e garante que está sempre a aprender.

O mais difícil é transmitir as noções de coordenação de braços e pernas e por isso costuma avançar por fases. “Eu era um pé de chumbo e muito introvertida. Os meus pais acharam que ia desistir depois da primeira aula”, conta entre sorrisos a professora que fora da sala de espelhos onde dá aulas dedica-se a um curso de gestão.

As sevilhanas nasceram em Castanhei-ra do Ribatejo em Abril de 2010 mas já

contam com um leque alargado de actu-ações. Já se mostraram em casa, no Car-regado, em Samora Correia (Benavente), em Vila Franca de Xira e no Forte da Ca-sa. A ideia de criar um grupo de sevilha-nas partiu da professora e foi recebida de braços abertos pela direcção do clube da terra onde reside. Um mês depois a pri-meira turma estava a funcionar.

Um fato de sevilhana pode custar 150 euros mas no clube a professora optou por modelos mais económicos e cada um dos vestidos ficou por cerca de 60 euros.

O Juventude da Castanheira, mais conhecido pela modalidade de futebol, abre o velho ginásio para os ensaios das duas turmas de sevilhanas às segundas, terças, quartas e quintas. No grupo rapa-zes precisam-se para ajudar a equilibrar as cores e a quebrar tabus.