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Universidade Federal de São João del-Rei Coordenadoria do Curso de Química
Fluoração nucleofílica de compostos orgânicos
Fernando Marques Lisboa
São João del-Rei – 2017
Fluoração nucleofílica de compostos orgânicos
Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no segundo semestre do ano de 2017 ao Curso de Química, Grau Acadêmico Bacharelado, da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Química. Autor(a): Fernando Marques Lisboa Docente Orientador: Prof. Dr. Josefredo Rodriguez Pliego Júnior Modalidade do Trabalho: Dissertação
São João del-Rei – 2017
RESUMO:
Processos de fluoração são de grande importância para o desenvolvimento de
novos fármacos e novos materiais. Existem vários mecanismos para a inserção de
um átomo de flúor na cadeia carbônica, além de vários reagentes que podem ser
utilizados para este processo. Neste trabalho o foco foi os processos de fluoração
nucleofílica utilizando tetrafluoroboratos, fluoretos de metais alcalinos e fluoretos
de tetralquilamônio. Os processos de fluoração apresentam dificuldades naturais,
visto que é muito difícil encontrar moléculas orgânicas fluoradas na natureza
comparada à ocorrência de moléculas organocloradas por exemplo. Entretanto,
por este mesmo motivo, é uma atividade desafiadora principalmente para os
pesquisadores em química. Outro fator é que esta atividade é uma grande
contribuição para a sociedade como um todo, devido às inúmeras aplicações que
os compostos organofluorados apresentam.
SUMÁRIO
1. Introdução .......................................................................................................................... 1
2. Objetivos ............................................................................................................................ 9
3. Fluoração Nucleofílica ........................................................................................................ 9
3.1 Fluoretos de tetralquilamônio ................................................................................... 10
3.2 Fluoretos de metais alcalinos .................................................................................. 11
3.3 Tetrafluoroboratos ................................................................................................... 15
4. Considerações finais ........................................................................................................ 16
5. Referências bibliográficas ................................................................................................ 18
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1. INTRODUÇÃO
O flúor é o elemento mais eletronegativo conhecido, sendo pequeno se
comparado aos outros halogênios e não muito maior do que o hidrogênio.1 O flúor
(1s2, 2s2, 2p5) tem o menor raio atômico no segundo período da tabela periódica,
com alta carga nuclear efetiva. Desse modo, a remoção de um elétron de um
átomo de flúor para gerar F+ é extremamente difícil, pois eles estão seguros pela
carga nuclear. Entretanto, o átomo de flúor pode prontamente aceitar um elétron,
que preenche o orbital 2p, resultando em uma carga negativa estabilizada pela alta
carga positiva do núcleo, completando o octeto. Assim, em contraste com os outros
halogênios, o flúor caracteriza-se por dois únicos estados de oxidação (-1 e 0),
podendo formar compostos com outros elementos, tanto compartilhando um
elétron em ligações covalentes, quanto recebendo um elétron para produzir o
fluoreto (F-).2
O flúor possui outra característica muito importante: na natureza é
monoisotópico, ou seja, apresenta 100% de abundância natural com uma massa
atômica de 18,99840 u. Porém, existem também cinco isótopos artificiais descritos
na literatura que apresentam radioatividade, dentre eles o mais importante é o flúor
de massa atômica igual a 18, o 18F, que possui tempo de meia vida de 109,7
minutos e é muito utilizado em tomografia por emissão de pósitrons, do inglês
positron emission tomography, (PET).3-9
O gás F2 é altamente tóxico e um dos mais reativos dos gases diatômicos
monoelementares. Devido a esta alta reatividade, o flúor molecular reage com
quase todos os outros elementos, incluindo alguns gases nobres. Então, é de se
esperar não encontrar flúor molecular na natureza.1 Entretanto, o flúor pode ser
encontrado na forma de fluoretos, que é largamente disseminado na crosta
terrestre, ocorrendo principalmente como CaF2, conhecido como fluorita, mineral
puro, ou fluorspar, quando associado a outros minerais tais como SiO2, CaCO3,
BaSO4, PbS e ZnS.1-3 Existem também outros minerais que contêm flúor e são
bastante conhecidos, como Na2AlF6 (criolita), Ca5(PO4)3F (fluorapatita) e
Al2SiO4(F,OH)2 (topázio) que estão apresentador na figura 1 juntamente com a
fluorita.10-16
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Figura 1. Minerais contendo flúor em sua formulação. Fluorita, Criolita, fluoropatita
e topázio respectivamente.
O HF, ácido fluorídrico, é o derivado do flúor mais conhecido e pode ser obtido
por meio da reação entre a fluorita e o ácido sulfúrico, por exemplo. Mas devido à
alguns fatores, como alta afinidade pela água e alta ação corrosiva e tóxica, o ácido
fluorídrico anidro não é facilmente preparado, pois não apresenta facilidade na
manipulação e purificação. Henri Moissan, em 1886, conseguiu isolar o flúor
molecular a partir da eletrólise do HF.17
O átomo de flúor forma uma única ligação com o átomo de carbono (C-F), com
a maior energia de quebra de ligação, envolvendo um átomo de carbono,
conhecida atualmente, maior até mesmo que a energia de ligação entre carbono e
hidrogênio.16 Além disso, por possuir tamanho comparável ao átomo de
hidrogênio, apresenta exigências espaciais modestas, tornando possível
teoricamente a substituição do hidrogênio em qualquer hidrocarboneto ou
derivado, produzindo então um análogo de halogeno-carboneto. Uma vez que a
conversão de hidrocarbonetos para compostos organofluorados é teoricamente
possível, um novo ramo da química orgânica sintética nasce, buscando desvendar
os desafios da inserção de um átomo de flúor em uma cadeia carbônica.15,16 Com
possibilidades de descobrir novos materiais de valor comercial, novas informações
a respeito de mecanismos, novos conceitos e teorias, e até mesmo novos tipos de
estruturas.
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Compostos organofluorados receberam grande destaque a partir do século XX,
em que foi descoberto a vasta aplicação que estes compostos possuem.1,10-15 São
encontrados compostos orgânicos contendo flúor em gases refrigerantes, mais
conhecidos como CFCs e HCFCs, solventes, baterias de lítio recarregáveis,
aerossóis, polímeros de alta resistência química e térmica, como o teflon por
exemplo, produtos agroquímicos, radiofármacos, para utilização na tomografia por
emissão de prótons (PET), e a aplicação que tem ganhado maior destaque é em
fármacos,1- 16 alguns fármacos estão apresentados na figura 2. Em 2011 foram
aprovados 35 novos medicamentos para o uso da sociedade, dentre eles 7 são
organofluorados. Além disso 3 dos 10 fármacos mais vendidos neste mesmo ano
são compostos orgânicos contendo no mínimo um átomo de flúor em sua
formulação.
Figura 2. Fármacos contendo no mínimo um átomo de flúor na sua formulação.
A síntese do primeiro organofluorados ocorreu em 1835, quando Dumas e
Peligot iniciaram uma reação, onde misturavam sulfato de dimetila com fluoreto de
potássio sob aquecimento da mistura geraram o primeiro composto
organofluorado, o fluoreto de metila (CH3F).17 Os compostos organofluorados
foram de grande importância para o desenvolvimento e a história humana. Em
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1930, dois cientistas, Midgley e Henne, sintetizaram compostos organofluorados
que apresentavam características importantes e necessárias na época. Estes
compostos eram lubrificantes que possuíam alta resistência química e térmica, que
se mostraram muito efetivos durante a segunda guerra mundial. Os Estados
Unidos investiram muito em pesquisas na área durante o chamado Projeto
Manhattan. Além disso, foram sintetizados também alguns refrigerantes, os
clorofluorcarbonetos ou, simplesmente, CFCs.
Foi nessa época em que estes gases ganharam força devido a sua alta
capacidade refrigerante. A partir de 1930 então, começou a utilizar os CFCs em
geladeiras e aparelhos de ar condicionado como líquidos refrigerantes e como
gases propelentes em aerossóis, perfumes e inseticidas. A utilização destes gases
gerou sérios problemas relacionados à atmosfera terrestre. Pois, apesar destes
gases não apresentarem reatividade alguma na troposfera, é na transição para a
estratosfera, na tropopausa, onde se localiza a famosa camada de ozônio que
estes gases reagem perturbando o ciclo do ozônio18,19, apresentado no esquema
1, causando a destruição catalítica do ozônio, gerando então os chamados
buracos na camada de ozônio. Estes buracos impedem a filtração de raios UVB e
UVC pela atmosfera, permitindo então a passagem desta radiação que é perigosa
para a saúde humana e causa câncer de pele.
Esquema 1. A) Ciclo de formação e destruição do ozônio. B) Destruição
catalítica do ozônio causada por gases CFCs.
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Visto que os clorofluorcarbonetos são prejudiciais para o meio ambiente e
permite a passagem de radiação com potencial cancerígeno, no dia 16 de
setembro de 1987 foi realizada uma conferência com mais de 150 líderes de
estados, onde foi proposto a redução progressiva do uso de clorofluorcarbonetos
até extinguir a produção destes compostos. No dia 1 de janeiro de 1989, o
protocolo entrou em vigor, tendo sido revisado em 1990, 1994, 1996, 1998 e 2000.
A alta taxa de aceitação e a consistência na redução de emissão destes compostos
foi tão significativa que Kofi Atta Annan, um diplomata da Gana, que já ocupou o
cargo de sétimo secretário-geral da Organização das Nações Unidas e que foi
laureado com o prêmio Nobel da paz em 2001, elogia o acordo dizendo que:
“Talvez seja o mais bem sucedido acordo internacional de todos os tempos...”
Os efeitos da introdução de um átomo de flúor em uma cadeia carbônica são
os mais diversos, porém é observado quatro principais características que os
compostos orgânicos contendo flúor apresentam:
1. A alta eletronegatividade do flúor altera significativamente as características
eletrônicas do composto orgânico, esta alteração influencia também na
reatividade dos grupos vizinhos.
2. O raio do átomo de flúor é comparável ao raio do átomo de hidrogênio, 1,35
e 1,20 Å respectivamente. Ou seja, a substituição de hidrogênio por flúor
causa impacto estérico mínimo.
3. A ligação carbono-flúor é muito estável, apresenta uma energia de ligação
de 116 Kcal mol-1, maior que a energia de ligação entre carbono e
hidrogênio (99 Kcal mol-1), o que confere aos compostos organofluorados
alta estabilidade química e térmica.
4. Compostos organofluorados possuem alta lipofilicidade, o que permite a
passagem através de membranas lipídicas. Essa característica é essencial
para o desenvolvimento de novos fármacos.
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Estes efeitos causados na introdução de um ou mais átomos de flúor em uma
cadeia carbônica são extremamente importantes para as funções que estes
compostos organofluorados irão exercer. Principalmente na aplicação que tem
ganhado maior destaque, que é a área de fármacos a lipofilicidade apresentada
por estes compostos é uma característica essencial para a passagem destes
fármacos pelo organismo humano, visto que as células são compostas por
membranas lipídicas.
Na tabela 1, estão apresentadas algumas características do flúor comparada à
de alguns outros elementos. A tabela mostra que o flúor é o elemento mais
eletronegativo conhecido, seguido pelo oxigênio, além disso apresenta a energia
de ionização do flúor, que é maior que a do hidrogênio, o que comprova a
dificuldade de obtenção do F+.
Tabela 1. Características de alguns elementos químicos.
Elemento EN EI
(Kcal mol-1)
Raio Atômico
(Å)
CH3-Xa
(Å)
EL CH3-X
(Kcal mol-1)
H 2,1 313,6 1,20 1,09 99
F 4,0 401,8 1,35 1,39 116
Cl 3,0 299,0 1,80 1,77 81
Br 2,8 272,2 1,95 1,93 68
O(OH) 3,5 310,4 1,40 1,43 86
EN – Eletronegatividade de Pauling EI – Energia de ionização
EL – Energia de ligação a – Distância de ligação
Na tabela também pode observar a pouca diferença entre o raio de van der
waals entre o flúor e o hidrogênio, o que possibilita a substituição causando
impacto estérico mínimo como mencionado nos efeitos da introdução de um átomo
de flúor em uma cadeia carbônica. Outros fatos importantes são as distâncias de
ligação entre o átomo de carbono e de flúor, ou raio covalente, e a energia de
ligação entre estes mesmos átomos. A maior energia de ligação de um átomo de
carbono com outro elemento químico é realizada com o flúor, este aspecto
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importante fornece aos compostos organofluorados alta estabilidade química e
térmica, aumentando ainda mais a gama de aplicações destes materiais.
É bem conhecido que ao adicionar um halogênio como o cloro, bromo ou iodo,
por exemplo, em uma cadeia carbônica, a hidrofilicidade aumenta. Além disso
sabe-se que se dois compostos orgânicos que se diferenciam apenas na
substituição do halogênio, um contendo cloro, e outro contendo bromo, o composto
clorado apresenta maior afinidade pela fase polar que o composto substituído com
um átomo de bromo.
Contrariando a lógica apresentada no parágrafo anterior, quando há a
introdução de um átomo de flúor em uma cadeia carbônica, diminui a afinidade
pela fase aquosa, e consequentemente aumenta-se a lipofilicidade. Esse fato é
explicado pois o flúor é uma base dura e o carbono proveniente de um grupo CH2
é um ácido mole, ou seja, a ligação entre carbono e flúor tem alta polarização, e
tem maior caráter iônico, por consequência menor caráter covalente. Além disso,
essa polarização diminui a capacidade doadora do flúor, o que impede a formação
de ligação de hidrogênio e, portanto, diminui a capacidade de interação com a fase
polar.
Apesar da alta estabilidade que a ligação C-F apresenta, compostos
organofluorados são extremamente raros na natureza. É impressionante como a
natureza tem dificuldade de fluorar compostos orgânicos. Atualmente é conhecida
apenas uma enzima que catalisa a formação da ligação entre flúor e carbono. A
enzima fluorinase, presente no organismo da Streptomyces cattleya, uma bactéria,
é bem especifica e catalisa a reação entre um íon fluoreto e um cofator S-adenosil-
L-metionina, produzindo a L-metionina e a 5’-fluoro-5’-desoxiadenosina, como
mostrado no esquema 2.
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Esquema 2. Enzima fluorinase agindo como catalisador na formação de 5'-
fluoro-5-desoxiadenosina (Reproduzido da ref. 2)
Figura 2. Fluorinase, a única enzima descoberta capaz de catalisar uma reação
de fluoração e o sítio catalítico (doi: 10.2210/pdb5fiu/pdb). (Adaptado de ref. 20)
Visto que compostos organofluorados apresentam vasta aplicação, e que a
natureza não é capaz de produzi-los, são necessários meios alternativos para a
produção de tais compostos. A química orgânica sintética ganha uma nova área
de pesquisa e novos desafios para propor mecanismos e metodologias de síntese
capazes de fluorar moléculas orgânicas.
Existem diversas propostas para a síntese de compostos organofluorados. Na
literatura encontram-se diversos trabalhos e revisões sobre os principais três tipos
de fluoração, a transferências nucleofílicas de flúor, transferências eletrofílicas de
flúor e processos enzimáticos de fluoração. Neste trabalho foram abordadas
apenas os processos de transferência nucleofílica de flúor, uma vez que é o
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processo mais descrito na literatura, além de ser o mais utilizado na produção de
compostos organofluorados.
2. OBJETIVOS
Realizar um estudo aprofundado da literatura recente sobre os processos de
fluoração nucleofílica de compostos orgânicos, apresentando as principais
características a respeito deste tipo de reação, além de apresentar os principais
reagentes utilizados nos dias atuais.
3. FLUORAÇÃO NUCLEOFÍLICA
As reações de substituição nucleofílica são uma classe de reações muito
importante e bastante estudadas. Para que uma reação deste tipo ocorra é
necessário que um nucleófilo ataque um átomo que apresente carga positiva ou
parcialmente positiva. Este tipo de reação é amplamente utilizada para a
obtenção de compostos organofluorados.
A fluoração de compostos aromáticos tem recebido bastante atenção nos
últimos anos, principalmente devido às aplicações na produção de fármacos,
agroquímicos, polímeros e cristais líquidos. Atualmente, as indústrias fazem uso
do processo de Balz-Schiemann, 21-25 o qual utiliza as diazotações com BF4, ou
por reações de troca de halogênios, que são conhecidas como “halex” (do inglês
halogen exchange).26,27 O processo de Balz-Shciemann faz uso de reagentes
altamente perigosos e tóxicos, enquanto as reações de troca por outros
halogênios envolvem materiais de baixo custo, normalmente compostos
orgânicos contendo um átomo de cloro ou de bromo. Por este motivo, as reações
halex tem ganhado muito espaço tanto em pesquisas, quanto industrialmente.
Porém este tipo de reação apresenta algumas dificuldades, como a necessidade
de ativação do átomo de carbono a ser atacado pela inserção de grupos nitro em
outras partes do anel aromático, ou a utilização de temperaturas elevadas.25
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As reações de transferências nucleofílicas envolvem a troca de um grupo
funcional por outro. Portanto, para uma reação de fluoração nucleofílica é
necessário a escolha de uma fonte de fluoreto adequada, e tal escolha deve levar
em conta como a solubilidade e a reatividade da fonte de flúor. Os reagentes mais
utilizados nos dias atuais são sais de fluoretos de tetralquilamônio, fluoretos de
metais alcalinos e tetrafluoroboratos, que serão abordados a seguir.
3.1. FLUORETO DE TETRALQUILAMÔNIO
Os fluoretos de tetralquilamônio (figura 3) ganharam muito espaço no processo
de fluoração nas últimas décadas. Dentre eles, o mais conhecido é o fluoreto de
tetrabutilamônio (TBAF).28 A dificuldade da utilização do TBAF há alguns anos
era a obtenção deste reagente na forma anidra, pois os sais de fluoreto de
tetralquilamônio são, normalmente, muito higroscópicos. Apenas em 2005, dois
cientistas, DiMagno e Sun29 conseguiram isolar a forma anidra do TBAF, por meio
de uma substituição aromática nucleofílica, mostrado no esquema 3.30
Figura 3. Estrutura geral do fluoreto de tetralquilamônio.
Esquema 3. Reação de obtenção do TBAF anidro. (Adaptado da ref. 30)
C
N-
TBAFAni
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Outro reagente análogo ao TBAF é o fluoreto de tetrametilamônio, o TMAF, que
também não era utilizado devido à dificuldade de obtenção de TMAF anidro.
Porém, na década de 90 Christe, Wilson, Wilson, Bau e Feng obtiveram o TMAF
anidro.31 É um composto que apresenta boa solubilidade em solventes apróticos
polares e não possuem ligações de hidrogênio, o que aumentam a
nucleofilicidade do íon fluoreto. As reações envolvendo o TMAF têm por
característica menor tempo de reação em relação a sais inorgânicos de flúor (KF,
CsF) e a necessidade do aumento de temperatura, como mostrado no esquema
4.
Esquema 4. Reação de fluoração utilizando TMAF como fonte de íon fluoreto.
(Adaptado da ref. 32)
Pliego e Pilo-Veloso investigaram, por meio de métodos computacionais, a
reação de fluoração do p-clorobenzonitrila, utilizando o TMAF, como fonte de
fluoreto, em DMSO como solvente. Eles encontraram uma barreira de 26,3 Kcal
mol-1, que é bem elevada.33 Com esse estudo é possível perceber que para a
utilização do TMAF como fonte de fluoreto, é necessário o aumento da energia
do meio reacional, como por exemplo o aumento da temperatura do sistema.
Vale ressaltar que o TMAF é bem menos higroscópico que o TBAF, portanto é
mais fácil de conseguir isolar sua forma anidra. Entretanto, como o TBAF é mais
volumoso, favorece a saída do íon fluoreto, o que o torna mais reativo e efetivo.
3.2. FLUORETOS DE METAIS ALCALINOS
Os fluoretos de metais alcalinos são de longe os mais utilizados como fontes
de fluoreto para empregar a transferência nucleofílica de flúor.34-40 A ordem de
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reatividade dos reagentes fluoretos de metais alcalinos é dada por: CsF > RbF >
KF >> NaF > LiF.41-43
Dentre as fontes de fluoreto de metais alcalinos, o fluoreto de potássio é o mais
utilizado, devido a ser um material de fácil obtenção e de baixo custo, além de não
apresentar toxicidade. O fluoreto de potássio é muito mais reativo que o fluoreto
de sódio e ao mesmo tempo é menos higroscópico que o fluoreto de césio. Pois à
medida que aumenta o raio do metal alcalino, a higroscopicidade também é
elevada, uma vez que há maior distância entre os íons, o que torna F- mais instável.
Estas características corroboram para a viabilidade de utilização do fluoreto de
potássio como fonte de flúor.43
Além de diminuir a higroscopicidade à medida que diminui o raio do metal
alcalino, diminui também a solubilidade destes sais em solventes apróticos
polares. Este fator influencia no rendimento final da reação, como apresentado no
esquema 5, no qual utiliza-se o KF como fonte de fluoreto em DMF, um solvente
aprótico polar, e o rendimento da reação é de apenas 62%.
Esquema 5. Reação de fluoração utilizando KF como fonte de íon fluoreto.
(Reproduzido da ref. 43)
Deste modo, vários estudos têm sido realizados com a finalidade de aumentar
a solubilidade destes sais de metais alcalinos em solventes apróticos polares. Na
literatura são reportadas diversas maneiras de aumentar a solubilidade do fluoreto
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de potássio, principalmente. As mais citadas são a utilização de líquidos iônicos e
éteres coroa.35,45
Normalmente as substâncias iônicas apresentam elevados pontos de fusão.
Entretanto, existem substâncias iônicas que apresentam ponto de fusão abaixo ou
próximo da temperatura ambiente.46 À estas substâncias chamamos de líquidos
iônicos.
O uso de líquidos iônicos é uma das possibilidades utilizadas para evitar as
condições extremas necessárias para promover a reação de fluoração. Na
literatura são encontrados trabalhos que mostram a necessidade de usar leves
aquecimentos no sistema. Em outros casos não há necessidade de aquecer o
sistema (esquema 6).46 Ou seja, os líquidos iônicos são capazes de promover as
reações de fluoração nucleofílica utilizando fluoretos de metais alcalinos como
fontes de flúor em condições mais brandas.
Esquema 6. Reação de fluoração utilizando líquidos iônicos. (Adaptado da ref. 47)
Já éteres coroa, são substâncias orgânicas cíclicas constituídos por um anel
com vários grupos éter. Existem variadas estruturas de éteres de coroa que já são
conhecidas no meio científico. A alta afinidade por íons, principalmente da família
dos metais alcalinos, já é muito conhecida e por este motivo são muito úteis para
a catalise de transferência de fase, uma vez que o éter coroa complexa com o
cátion, formando complexos solúveis em solventes não polares.48
A adição de éteres coroa apresenta melhoras significativas na solubilidade de
sais de metais alcalinos.48,49 Como o fluoreto de potássio é a fonte mais acessível
em termos de custo, muitas pesquisas foram, e ainda estão sendo feitas para
descobrir um éter capaz de complexar com o KF, promovendo de forma efetiva a
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liberação do íon fluoreto. Os éteres de coroa promovem a catálise de transferência
de fase, ou seja, os éteres permitem a reação de dois reagentes que se encontram
em duas fases distintas. A reação pode ocorrer tanto em uma das fases, quanto
na interface das duas fases. É uma técnica que foi desenvolvida para a síntese de
compostos orgânicos, e hoje apresenta vasta utilização em indústrias para
promoção de reações.50-52
Em 1974, Liotta e Harris realizaram experimentos e mostraram que o 18-coroa-
6, ou apenas 18C6 (figura 4) apresenta boa seletividade para promover a fluoração
de compostos orgânicos utilizando o fluoreto de potássio como fonte de fluoreto.53
Eles reportaram ter rendimento de 92% do produto desejado, porém a reação leva
cerca de uma semana para ser completada utilizando a temperatura a 80 °C, o
que torna esse processo um pouco menos atrativo aos olhos das industrias.
Desse modo, existem diversas pesquisas para elaboração de novos sistemas
com éteres coroas. Carvalho e Pliego53 projetaram, a partir de cálculos
computacionais, uma modificação do dibenzo-18-coroa-6, o DB18C6-4OH que
está apresentado na figura 4. A molécula proposta possui 4 hidroxilas
estrategicamente posicionadas para aumentar a complexação do íon potássio,
facilitando o processo de solubilização deste sal e a transferência do íon fluoreto.
Neste trabalho eles obtiveram uma barreira de 26,8 Kcal mol-1 para a formação
do organofluorado. Foi comparado em seu trabalho os resultados obtidos com
resultados utilizando o éter 18C6, como também o trabalho realizado antes por
Pliego juntamente com Pilo-Veloso33, no qual utilizaram o TMAF como fonte de
flúor. O DB18C6-4OH apresenta barreira de energia menor em 6 Kcal mol-1 quando
comparado com o 18C6. Além disso, apesar da diferença de 0,5 Kcal mol-1
favorecer a utilização do TMAF, a utilização de KF como reagente e tolueno como
solvente são mais interessantes, pois o processo com éter coroa seria catalítico,
utilizando o KF como fonte de fluor.54
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Figura 4. Estrutura dos éteres em coroa. A) 18C6. B) DB18C6-4OH. (Adaptado
da ref. 54)
Assim, é fácil perceber a importância da química computacional para facilitar e
agilizar o processo de desenvolvimento de novos métodos mais rápidos, baratos
e eficientes.
3.3. TETRAFLUOROBORATOS
Os tetrafluoroboratos são fontes de fluoreto que são utilizadas para o clássico
processo de Balz-Shciemann.21-25 O processo foi descrito pela primeira vez em
1927. A reação geral do processo de Balz-Shciemann está apresentada no
esquema 7. Este processo é utilizado atualmente pelas indústrias para a produção
de organofluorados, porém, apresenta a dificuldade de isolamento do sal de
diazônio. Sais de diazônio alifáticos apresentam alta instabilidade e reatividade,
podendo causar explosões, por outro lado os sais de diazônio aromáticos já são
um pouco mais estáveis e são importantes intermediários para algumas reações,
como a síntese de corantes. Por este motivo, estão sendo procuradas novas
formas de fluoração que sejam mais simples e de obtenção mais fácil.
A)
B)
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Esquema 7. Reação clássica do processo de Balz-Shciemann. (Adaptado de
ref. 21)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os compostos organofluorados possuem as mais variadas aplicações, e as
áreas que mais são beneficiadas com a elaboração de novos compostos orgânicos
contendo flúor são ciência dos materiais e fármacos.
Existem diversos métodos de fluoração de compostos orgânicos. As fluorações
nucleofílicas são correspondem a uma parte importante dos métodos já
conhecidos, porém são as mais utilizadas por processos industriais e em
pesquisas na área.
Como visto nesse trabalho, existem várias formas de inserção de flúor em um
composto orgânico. Entretanto não existe uma forma simples e barata o suficiente
para facilitar o desenvolvimento de novos produtos organofluorados. De fato, o
maior desafio para fluorar um composto orgânico em relação à busca do melhor
reagente é devido ao caráter nucleofílico e básico que o íon fluoreto.
Embora muito do desenvolvimento de reações de fluoração seja experimental,
a utilização de simulações e outras ferramentas computacionais têm contribuído
de forma crescente para o avanço científico nesta e em outras áreas. São
trabalhos relacionados ao desenvolvimento de novos catalisadores,53 estudos
Sal de diazônio
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sobre mecanismos de reação e sobre o efeito da adição de uma classe de
reagentes, ou reagentes específicos. 33-35, 40, 45, 49
Sendo assim, a utilização de ferramentas computacionais permite a predição
de diversas características das reações, inclusive mecanismos. Após os estudos
teóricos, as atividades experimentais podem ser realizadas tornando a economia
de reagentes e a economia de tempo para elaboração de um processo reacional
muito mais eficaz. Além disso, vale lembrar que existem diversos níveis de cálculos
computacionais que já apresentam bons resultados coerentes com os
experimentais, portanto a utilização de softwares é uma excelente, rápida e
eficiente escolha para acelerar a obtenção de bons resultados.
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