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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
FERNANDO KOERICH RAMOS
GUSTAVO BATISTIN ZANATTA
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE INFORMAÇÃO SOBRE DOENÇAS
PERIODONTAIS DOS PACIENTES EM TRATAMENTO NA
CLÍNICA DE PERIODONTIA DA UNIVALI
Itajaí, (SC) 2007
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FERNANDO KOERICH RAMOS
GUSTAVO BATISTIN ZANATTA
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE INFORMAÇÃO SOBRE DOENÇAS
PERIODONTAIS DOS PACIENTES EM TRATAMENTO NA
CLÍNICA DE PERIODONTIA DA UNIVALI
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista no Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Profª. Constanza Marin de Los Rios Odebrecht
Itajaí SC, 2007
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ele me proporcionar este momento.
Aos meus pais, que com esforço e dedicação, sempre me deram condições de
poder fazer esta faculdade e realizar meu sonho, minha gratidão eterna. Aos
meus irmãos, Fabrício e Luciana, inspiração para ser um profissional dedicado.
Agradeço a todos os amigos, que representaram minha família no período da
faculdade, mas em especial ao Saulo, meu parceiro de clínica e de muitos
momentos; ao Felipe, amigo do peito e companheiro; ao Fernando, que tive os
primeiros contatos no início da faculdade, além de ser meu amigo e colega de
monografia e às minha amigas Francine e Fernanda. A todos, muito obrigado.
Gustavo Batistin Zanatta
Agradeço a Deus pelo dom da vida. Aos meus pais, pelo apoio,
compreensão e presença nos momentos difíceis. Aos meus irmãos Fabrício e
Fábio que de forma indireta contribuíram para minha formação e realização
deste trabalho. Agradeço também a todos os amigos que me acompanharam
neste período de faculdade, em especial ao Gustavo, meu parceiro de
monografia.
Fernando Koerich Ramos
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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE INFORMAÇÃO SOBRE DOENÇAS
PERIODONTAIS DOS PACIENTES EM TRATAMENTO NA CLÍNICA DE
PERIODONTIA DA UNIVALI.
O estudo avaliou o nível de aprendizado sobre doenças periodontais dos pacientes em tratamento das clínicas de periodontia I e II da UNIVALI no decorrer do ano de 2006. Foi constituída uma amostra não probabilística de 63 pacientes, divididos por gênero, sendo 23 homens e 40 mulheres, variando o sexo masculino de 21 a 70 anos e o sexo feminino de 12 a 78 anos. O instrumento para coleta de dados foi um questionário com questões do tipo fechado, aplicado pelos alunos da clínica de Periodontia I ou II durante a anamnese e na última sessão do tratamento. A análise entre o nível de informação no início e término do tratamento foi efetuada através da comparação das freqüências relativa das alternativas corretas. Como resultados obtidos, houve melhora geral no nível de conhecimento e, comparado os gêneros, o grupo feminino apresentou melhores índices de acerto. Apesar de haver uma melhora no percentual em ambos os sexos, ficou claro que grande parte dos pacientes continuam com um grau de informações relativamente baixo no que diz respeito aos fatores de risco às Doenças Periodontais, Doenças Periodontais propriamente ditas e suas características clínicas, necessitando assim receber mais atenção por parte dos responsáveis por seus tratamentos. Palavras-chave: higiene bucal, motivação, periodontite, promoção da saúde, saúde bucal.
EVALUATION OF THE INFORMATION LEVEL ABOUT PERIODONTAL
DISEASE OF THE PATIENTS ON TREATMENT IN PERIODONTICS CLINIC
FROM UNIVALI.
The study evaluated the learning level about periodontal disease in patients in treatment on Periodontics clinics I e II from UNIVALI during 2006. Was created a non-probabilistic sample with 63 patients, divided in 23 men (age 21-70) and 40 women (age 12-78). The data was been surveyed with a multiple choice questionnaire applied by the students of the Periodontics clinics I e II during the anamnesis and in the last session of the treatment. The analysis about the information level in beginning and end of treatment was made through the comparison of the relative frequencies of the right answers. The results show that the knowledge of the patients about their illness increased and the women’s group had more right answers than the men’s group. Although the percentage growth in both genders, was clearly that the most part of patients still don’t have a good knowledge about periodontal disease’s risks or another characteristics of this illness, demanding more attention of the responsible professionals of the treatment. Keywords: Buccal Hygiene, Motivation, Periodontite, Health Promotion, Buccal Health
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 06
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 08
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................. 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 31
5 CONCLUSÃO................................................................................................ 41
6 REFERÊNCIAS............................................................................................. 42
7 ANEXO.......................................................................................................... 44
8 APÊNDICE..................................................................................................... 47
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1 INTRODUÇÃO
A doença periodontal representa um dos grandes problemas de saúde
pública pela sua prevalência relativamente alta mesmo nos países
desenvolvidos. Ela é considerada a doença crônica mais prevalente que afeta a
dentição humana. No Brasil, 78% da população adulta apresenta algum tipo de
doença periodontal (BEZERRA et al., 2003; BRASIL, 2003).
A placa bacteriana é o principal fator etiológico responsável pela doença
periodontal e sua remoção, ou desorganização, está intimamente relacionada
com a prevenção e o sucesso do tratamento periodontal. Sendo assim, deve-se
trabalhar com os hábitos e comportamentos dos pacientes, procurando
modificá-los, ou aperfeiçoá-los, visando a melhora do seu estado de saúde.
Para se obter sucesso no tratamento da doença periodontal, não basta
que o profissional faça uma intervenção correta, ele terá, também, que dar
novas explicações para remotivar o paciente para um bom controle da placa.
Portanto, é imprescindível que o paciente seja educado e, conseqüentemente,
conscientizado da importância de modificar seu comportamento, quando este é
incorreto, esforçando-se por desenvolver hábitos que propiciem a manutenção
de sua saúde bucal.
Segundo o dicionário Michaelis (1998), motivação é uma espécie de
energia ou tensão que põe em movimento o organismo humano, determinando
um dado comportamento, ou pode ser também um processo de iniciação de
uma ação consciente e voluntária. A saúde bucal está relacionada também
com a qualidade de higienização; sendo assim, o cirurgião-dentista deve
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motivar e ensinar o seu paciente quanto à doença, a etiologia, o diagnóstico, a
prevenção e o tratamento.
Considerando-se a importância do processo de obtenção de
conhecimento como um fator fundamental para a motivação, desenvolveu-se
esta pesquisa com o objetivo de avaliar o nível de informação dos pacientes
das clínicas de Periodontia do Curso de Odontologia da UNIVALI, antes e na
última consulta.
A partir dos dados deste estudo, poder-se-á identificar se os acadêmicos
repassam orientações/informações suficientes aos pacientes para motivá-los a
manter uma adequada higienização bucal. Estes resultados fornecerão, assim,
subsídios aos professores para uma análise dos métodos adotados pela
disciplina de Periodontia, quando do processo de ensino-aprendizagem, no que
diz respeito ao conteúdo programático sobre motivação do paciente.
Outro desdobramento desta investigação refere-se à confecção de um
folder educativo, em linguagem acessível ao paciente, abordando as principais
orientações sobre cuidados de higiene bucal e sua relação com a saúde em
geral.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
As lesões periodontais podem, ocasionalmente, apresentar recidiva,
segundo Rezende et al., em 1989. Isto é normalmente atribuído a um
inadequado controle da placa bacteriana pelo paciente. Entretanto, dever-se-ia
entender que é responsabilidade do dentista ensinar, motivar e controlar as
técnicas de higiene oral do seu paciente, e que uma falha do paciente é,
também, falha do dentista. Acredita-se que o fator que determina o sucesso da
terapia periodontal não é a técnica usada para a eliminação da infecção
subgengival, mas a qualidade do programa de manutenção que se estabelece
no pós-operatório.
Segundo Alves e Burgos, em 1990, a cárie e a doença periodontal são
doenças de grande prevalência, constituindo-se nas duas entidades de maior
ocorrência na clínica odontológica. Os microorganismos da placa bacteriana
representam o principal fator etiológico da doença periodontal, portanto, o
controle da placa bacteriana é um dos meios mais difundidos para prevenir a
cárie e a doença periodontal. O controle mecânico da placa bacteriana é
realizado pelo paciente, através da escovação e uso do fio dental, e/ou pela
remoção da placa realizada periodicamente pelo profissional. A manutenção de
um alto nível de higiene oral não é fácil, já que envolve um mecanismo muito
complexo que é a motivação do paciente.
Stewart et al., em 1990, afirmaram que, desde que se estabeleceu uma
ligação entre a doença periodontal e a placa dental, pesquisas de prevenção
têm avaliado vários métodos para o controle do acúmulo bacteriano. A maioria
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destas pesquisas é focada no modelo educacional, que consiste em ensinar a
etiologia da doença periodontal e demonstrar a remoção correta da placa.
Numerosos estudos longitudinais utilizando o método educacional
demonstraram que existe um aumento imediato na higiene oral durante a
intervenção. Entretanto, também mostram que após seis meses da
intervenção, os pacientes voltaram a ter uma higiene bucal não satisfatória.
Pesquisas similares mostraram que, em outras áreas de saúde, apenas a
educação informativa não alterou o hábito dos pacientes. Estudos recentes
mostraram que adultos que escovam os dentes diariamente não o fazem de
uma maneira correta. Acredita-se que não é a freqüência da escovação, mas
sim o método da escovação que atuam de forma decisiva na redução da placa
dental. O uso da técnica da intervenção educacional demonstrou uma melhora
na higiene oral. Entretanto, a intervenção com comportamento cognitivo, ou
seja, conhecimento adquirido que repercute no comportamento, produziu
melhores resultados de higiene oral quando comparados com a intervenção
educacional. O maior aumento deve ser relacionado à efetividade do
comportamento cognitivo, com estratégias alterando o hábito. Isto
provavelmente deve-se a um tempo extra e atenção dado ao grupo do
comportamento cognitivo. Os autores acreditam que o comportamento
cognitivo parece promissor e efetivo na intervenção para o controle da higiene
oral.
Relatando os resultados do Programa Saúde pela Boca, Kunert et al.,
em 1990, afirmaram que é possível realizar um trabalho efetivo de prevenção
de cárie dental e doença periodontal, em local de poucas condições técnicas,
pois pode-se delegar ao beneficiário a responsabilidade da execução do
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programa. Somente poderemos mudar o perfil pessoal de higiene oral com
disciplina, método e motivação. A motivação pessoal e do grupo é o único
veículo capaz de tornar um sucesso qualquer trabalho de prevenção. Usando
motivação, como objetivo principal, através de dedicação e disciplina,
poderemos alcançar educação com saúde.
Segundo Rodrigues, em 1991, a maioria dos pacientes com doença
periodontal responde favoravelmente à terapia periodontal quando mantido um
controle adequado de placa. A recorrência da periodontite é conseqüência do
desenvolvimento de uma microbiota subgengival. Quando se previne o
crescimento da placa e se altera a sucessão bacteriana, a fim de retardar ou
eliminar o estabelecimento das bactérias periodontopatogênicas, a maioria dos
sítios com doença periodontal pode retornar à saúde periodontal. Para se
alcançar este objetivo, muitos métodos de tratamento e de terapia de
manutenção periodontal são usados, sempre relacionados a um reforço da
instrução nos procedimentos de higiene oral do paciente. Por este motivo, a
terapia de manutenção tem sido uma das fases mais importantes no tratamento
periodontal.
Couto et al., em 1992, afirmaram que existem numerosas razões que
impõem a necessidade de o clínico geral realizar a prevenção das doenças
bucais. Não há duvida de que a única proposta viável para a diminuição dessas
doenças será a motivação, mediante a educação e conscientização do
paciente. Com suporte nos trabalhos experimentais realizados por diversos
autores, que se preocuparam em avaliar os recursos de motivação no controle
da placa bacteriana, pode-se inferir que foram fugazes os efeitos por eles
obtidos. A literatura odontológica demonstra que a motivação direta é a
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maneira mais eficiente para se modificar o comportamento do paciente e levá-
lo a exercer um controle satisfatório da placa bacteriana, embora não
chegaram a modificar seus hábitos a longo prazo. Junto a isto, salienta-se que
o grande agente motivador do paciente é sua própria doença, que age como
gatilho para ação preventiva. Como o paciente, via de regra, é contrário a
críticas alusivas aos seus métodos de higiene bucal, a importância que a
orientação indireta assume também é muito grande, por levar-lhe de maneira
discreta, sem discrição, informações expressivas que poderão mudar seus
hábitos de higiene e alimentação e interessá-lo no tratamento odontológico
preventivo. Mulheres e pessoas de classe social diferenciada mostraram-se
mais facilmente motivadas a melhorar seus comportamentos sobre os hábitos
de higiene bucal. Os autores concluem que a manutenção da saúde bucal,
mediante revisões e profilaxias periódicas, após um programa de motivação,
concorre para evitar a recidiva da doença, vinculada estreitamente ao grau de
higiene bucal do paciente e sua predisposição à doença.
Apesar da incidência da doença periodontal ser extremamente alta, de
acordo com Couto e Couto, também em 1992, apenas uma pequena
porcentagem da população recebe esse tratamento. Mesmo sendo de fácil
diagnóstico e tratamento nas fases iniciais, o que se observa é que o clínico
geral dedica muito pouco tempo ao tratamento preventivo da doença
periodontal. Pode-se entender também que a parte mais importante do controle
inflamatório é a educação e a motivação do paciente no controle da placa
bacteriana. Para se educar e motivar o paciente, será essencial faze-lo
partícipe do trabalho a ser desenvolvido. Isto se conseguirá transmitindo-lhe o
maior número de conhecimentos odontológicos, que ficará psicologicamente
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motivado para todas as etapas advindas. Sem dúvida, a motivação e a
educação odontológica do paciente serão os fatores mais importantes na
prática preventiva moderna, razão pela qual o profissional deverá voltar suas
vistas para ela, como instrumento dirigido ao paciente e ao papel que
desempenha na terapia. Doenças gengivais se incluem como as de maior
incidência no ser humano, superando até mesmo as cáries, razão pela qual
não pode ser prevenida e tratada apenas por especialistas. Eis porque as
sessões de motivação, educação odontológica e ensinamento de higiene bucal
deverão representar para o clínico e o paciente a mesma importância que
representa a restauração de uma cárie.
Couto et al., em 1994, relataram que estudos epidemiológicos
experimentais e observações clínicas, têm estabelecido correlação direta entre
a placa bacteriana e a alta prevalência da cárie e da doença periodontal. Em
todo mundo, os levantamentos epidemiológicos da doença periodontal vêm
mostrando a manutenção da alta porcentagem de indivíduos por ela
acometidos. Experimentalmente evidenciou-se que o processo inflamatório da
gengiva pode ser controlado pela remoção da placa bacteriana dos dentes.
Apesar de os últimos anos terem sido marcados por significativos avanços no
campo da Periodontia em relação aos antimicrobianos, às técnicas de
regeneração do periodonto, aos implantes dentários e outros, a educação e
motivação dos pacientes ao controle da placa bacteriana têm sido
reconhecidas como a parte mais importante na prevenção e tratamento da
doença periodontal. Por outro lado, um dos problemas mais difíceis com que se
vê envolvida a Odontologia é conseguir, do paciente, interesse, motivação e
cooperação para a prática e manutenção de adequada higiene bucal.
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Prevenção, clinicamente falando, significa obter a cooperação do paciente para
levá-lo na direção desejada, e, em conseqüência, conseguir a alteração do seu
comportamento. As pesquisas são unânimes em afirmar que a orientação
direta é imprescindível na obtenção de resultados clínicos. Mas ao mesmo
tempo, outros pesquisadores demonstraram que instruções diretas, repetidas
verbalmente, são tediosas, consomem muito tempo e pessoal humano.
Ademais, a freqüente repetição de instrução pode afetar o instrutor, além de
ser pouco aceita pelos pacientes como serviço remunerado. Por estes fatores,
a orientação direta à higiene bucal é pouco ministrada pelos cirurgiões-
dentistas. O estudo concluiu que o método de Orientação Direta, associado ao
Filme em Vídeo (método Indireto), foi o que apresentou melhores resultados na
motivação de pacientes ao controle de placa bacteriana.
Diversos estudos e pesquisas mostram, segundo Moimaz et al., em
1994, que a doença cárie e a doença periodontal são passíveis de prevenção.
Para isto, as medidas preventivas eficazes precisam ser usadas
adequadamente. A educação para a saúde bucal é o processo de provocar
uma mudança no indivíduo quanto ao seu comportamento relativo à saúde. Isto
implica em um trabalho de conscientização do mesmo quanto à importância,
visando torná-lo motivado e receptivo à mudanças. A educação para a saúde
bucal deve ser enfatizada, tanto nos programas públicos de educação coletiva
como individualmente no consultório, objetivando prover o indivíduo de
informações necessárias ao desenvolvimento de hábitos para manter a saúde
e prevenir as doenças cárie e periodontal. A educação para saúde bucal é um
processo que precisa ser planejado de maneira sistemática, que necessita
considerar o contexto social do paciente e deve apresentar suporte científico. O
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processo educativo do paciente não corresponde somente à transmissão de
conhecimentos, mas também à mudança de comportamento do indivíduo. A
partir disto, verifica-se que a educação odontológica do paciente não está
sendo realizada de maneira sistemática, tanto no serviço público, como no
particular.
De acordo com Moreira e Hahn, em 1994, os dois maiores problemas de
saúde pública em Odontologia são a cárie dental e a doença periodontal.
Apesar da comprovação científica da importância da placa bacteriana na
etiologia da doença periodontal inflamatória e da cárie dental e que, através de
seu controle, é possível evitá-las, essas doenças têm sido tratadas como lesão
e não como uma doença que pode ser prevenida e evitada. Em conseqüência
disto, os programas convencionais caracterizam-se por terem pouco impacto e
reduzida resolubilidade, pois os pacientes continuam doentes. Uma das
grandes dificuldades encontradas na realização dos programas de Saúde
Bucal se refere à disposição dos pacientes em adquirir novos hábitos ou
modificá-los em relação aos cuidados na higiene bucal. A necessidade de se
educar e motivar a população nesse sentido é de essencial importância para
que um programa não redunde em fracassos. Existem estudos que comprovam
que um paciente bem motivado pode alcançar excelentes resultados em
termos da melhoria de saúde bucal, principalmente se comparados a pacientes
que não passaram por um processo de orientação e motivação. Porém, este
processo deve ser conduzido de maneira que viabilize a realização de sessões
periódicas de reforço e, também, leve à conscientização do paciente como
responsável pelo seu próprio tratamento para que se possa alcançar resultados
que persistam a longo prazo.
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A alta ocorrência das doenças periodontais em vários países, de acordo
com Pompeu et al., 1997, constituem um problema de saúde mundial de
grande proporção. A prevenção e tratamento das doenças periodontais são
realizados principalmente pela manutenção das superfícies dentarias livres de
placa. Para se conseguir um nível adequado de limpeza bucal, o indivíduo deve
estar ciente dos sintomas, ser motivado a fazer alguma coisa sobre eles, saber
o que fazer sobre eles e, finalmente, adotar um comportamento adequado. A
prevenção das doenças periodontais requer a adoção de medidas práticas
adequadas de auto-cuidado e, também, os serviços prestados
profissionalmente devem ser adequados. Uma vez realizado o tratamento, a
fase de manutenção é essencial para o sucesso. A importância da manutenção
adequada tem sido salientada por muitos autores, sendo esta essencial para o
sucesso a longo prazo da terapia periodontal. Os resultados obtidos neste
estudo mostraram o quanto é difícil motivar o paciente suficientemente para a
terapia de manutenção. Além do mais, o estudo mostrou que de um modo
geral, as pessoas desconhecem os sintomas da doença periodontal e não se
encontram suficientemente motivadas a respeito de sua saúde bucal. A partir
disto, vê-se a necessidade, por parte da população estudada, de efetiva
orientação a respeito dos sinais e sintomas da doença periodontal, motivando
assim estas pessoas a um comparecimento efetivo aos retornos periódicos
durante a fase de manutenção.
Segundo Pettry e Pretto, em 1997, a educação em saúde deve ser
pensada como um processo capaz de desenvolver nas pessoas a consciência
crítica das causas reais dos seus problemas e, ao mesmo tempo, criar uma
prontidão para atuar no sentido da mudança. O processo educativo é usado em
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odontologia visando mudanças de comportamento necessárias à manutenção,
aquisição e promoção de saúde. Para conseguirmos que os pacientes
aprendam como manter a saúde, não basta explicarmos bem as causas das
doenças, como evitá-las e exigirmos que aprendam. É necessário criar a
vontade de aprender, despertar a atenção, estimular o desejo de conquistar os
resultados visados, criar e desenvolver condições internas favoráveis à
aprendizagem. A aprendizagem só se realiza a partir do desencadeamento de
forças motivadoras. A motivação é um processo pessoal, interno, que
determina a direção e a intensidade do comportamento humano. Motivar os
pacientes é uma das tarefas mais difíceis para a odontologia, pois não segue
uma técnica definida. A motivação humana é muito complexa, está baseada
em uma combinação de expectativas, idéias, crenças, sentimentos,
esperanças, atitudes, valores que regulam o comportamento. Fatores diversos
como experiências prévias, falta de conhecimento, não aceitação de
problemas, diminuição da auto-imagem, circunstâncias sociais, econômicas e
situações emocionais podem determinar comportamentos negativos em
relação à saúde. Os passos seqüenciais para a transformação do paciente
desmotivado em um paciente motivado e atuante são: paciente desinformado –
paciente informado – paciente interessado – paciente envolvido – paciente
atuante – paciente que adquiri hábito.
A moderna prática odontológica vem, de acordo com Chiapimotto et al.,
em 1998, cada vez mais centrando sua atenção em medidas preventivas e de
controle das doenças dentais. Neste sentido, assume papel extremamente
importante, a qualidade da higiene bucal realizada pelo paciente, cuja
intensidade de aplicação será diretamente relacionada ao grau de
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conscientização quanto à importância desses procedimentos preventivos
primários na promoção de saúde. A remoção mecânica da placa bacteriana,
feita através da escovação adequada, coadjuvada pelo fio/fita dental e mesmo
o palito, constitui um conjunto de meios, até o presente momento, considerados
principais, mais efetivos, acessíveis e difundidos de remoção de placa
bacteriana das superfícies dentais. Esses agentes produtores de limpeza estão
à disposição do paciente que pode assim, realizar o ideal de educação
dentária, qual seja o de ser sadio através de suas próprias ações. Entretanto,
antes mesmo da característica ou modelo de escova, parece que o mais
importante para um efeito controle de placa bacteriana é a motivação/educação
do paciente feita pelo profissional, sendo os agentes mecânicos considerados
realmente efetivos e adequados na limpeza dental, desde que indicados e
utilizados corretamente.
Segundo Turssi et al., em 1998, a instituição de hábitos de higiene bucal
é imprescindível no controle da placa bacteriana e conseqüentemente da cárie
e periodontopatias, uma vez que tais doenças têm seu estabelecimento
alicerçado na complexidade de sua etiologia multifatorial. Entretanto, a placa
bacteriana constitui-se no agente etiológico determinante dessas enfermidades,
as quais se caracterizam como o principal problema a âmbito de odontologia
sanitária em nosso meio. A introdução de programas de motivação quanto a
métodos de higiene bucal tem grande importância na redução do índice de
placa. Entretanto, o que se observa é a carência de conhecimento a respeito
dos métodos de higiene bucal e falta de coordenação motora para sua
execução. Um meio de transmitir hábitos de higiene bucal, visando o
desenvolvimento de um adequado controle de placa bacteriana se dá através
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da implantação de programas de prevenção e motivação. A adequação dos
recursos à realidade, o envolvimento de aspectos psicológicos e emocionais, o
interesse no aprendizado da escovação, bem como a diversificação e
associação dos vários recursos didáticos, provavelmente influenciam de forma
positiva no controle da placa bacteriana. O estudo demonstrou que uma única
sessão de motivação não é suficiente para que seja instituída mudança no
índice de placa.
Cabral, em 2002, relata através de seu trabalho, que existem evidências
suficientes comprovando que o fator etiológico determinante das doenças cárie
e periodontal é a placa bacteriana. A remoção da placa através da escovação
dentária, para prevenção e controle dessas doenças e a manutenção da saúde
oral é o método mais conhecido e acessível à população. O paciente precisa
estar altamente motivado para adquirir novos hábitos, assim como, o
profissional deve estar preparado tecnicamente e emocionalmente para este
trabalho. O grande desafio do profissional atual é motivar o paciente para o uso
consciente e correto desse arsenal de conhecimentos. O fator motivação é a
mola propulsora para obter-se resultados positivos nos trabalhos de educação
em saúde junto ao paciente, individual ou coletivo. Toda a equipe de trabalho
precisa estar mobilizada para ação. Ficou claro também que o profissional
precisa conhecer seu paciente como um todo, biologicamente, socialmente e
emocionalmente, para que possa motivá-lo a querer adquirir novos hábitos.
Além do que o profissional precisa ser sensível, gostar do que faz e ter um bom
conhecimento técnico-científico. A comunicação entre dentistas e pacientes
precisa ser facilitada. Muitos programas falham pela ausência de adequação da
linguagem do profissional à cultura, educação e idade do paciente. Conseguir
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fazer o paciente se responsabilizar por seus cuidados de higiene oral é um
fator motivacional muito usado atualmente. Através do auto-diagnóstico e da
auto-avaliação o paciente passa a se conhecer e traça junto com seu dentista
um plano de tratamento que mais se adeqüe às suas necessidades. Este
modelo vai gerar responsabilidade, pois, o paciente vai conhecer o caminho da
saúde e o da doença. A escolha será dele. Não resta a menor dúvida que os
métodos indiretos também contribuem para um bom trabalho motivacional, mas
é necessário que eles estejam sempre aliados a um método direto. Estes
métodos quando bem empregados podem aumentar a sensibilização do
paciente. A motivação do paciente é um grande desafio para o profissional da
área de saúde. É necessário que as Instituições formadoras dos profissionais
de odontologia fiquem atentas para esta questão visto que, considera-se que a
intenção das mesmas é formar um profissional que recupere e mantenha a
saúde da população. Somente um profissional envolvido com as questões
sociais e culturais poderá transformar hábitos já adquiridos, e promover o
estabelecimento de novas atitudes.
De acordo com Toassi e Petry, em 2002, o biofilme dental apresenta-se
como agente determinante de cárie dentária e periodontopatias, as quais se
caracterizam como principal problema no âmbito de odontologia sanitária. Para
o combate eficaz do biofilme dental, utilizam-se os procedimentos de natureza
mecânica (escova e fio dental) que esbarram nas dificuldades apresentadas
pelos pacientes. A escovação é a linha de frente de defesa contra o biofilme
dental e a gengivite. A motivação direta é a maneira mais eficiente para
modificar o comportamento do paciente e levá-lo a exercer um controle
satisfatório do biofilme dental. A motivação em programas educativos-
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preventivos tem grande importância na redução e controle do índice de
sangramento gengival e biofilme dental, sendo muito mais efetiva se
acompanhada por sessões de reforço continuado.
De acordo com Santos et al., em 2002, a prevenção é a maneira mais
eficaz e econômica de se evitar o surgimento e a evolução das doenças bucais.
A educação e a motivação do indivíduo ocupam um lugar de destaque, pois,
por meio delas, procura-se estabelecer hábitos bucais adequados e
duradouros. A educação e motivação dos pacientes são tarefas difíceis de
serem executadas, pois a motivação humana é muito complexa e esta baseada
na combinação de expectativas, idéias, crenças, conceitos, sentimentos,
atitudes e valores que iniciam, mantêm e regulam o comportamento. Para que
se consiga uma mudança do comportamento do indivíduo, deve-se
conscientizá-lo a respeito dos problemas bucais existentes e também sobre a
repercussão destes para a saúde bucal em geral. A conscientização é
alcançada quando se consegue aumentar o nível de conhecimento dos
pacientes. A implantação de programas educativos preventivos tem por
objetivo aumentar o conhecimento odontológico da população. O paciente
desempenha um papel fundamental no tratamento odontológico, por meio de
sua participação e colaboração ativa no controle da cárie dental e da doença
periodontal.
Proenza et al., em 2002, afirmaram que na atualidade, as
periodontopatias constituem um verdadeiro problema de saúde pública. A
doença periodontal é uma doença que se encontra distribuída universalmente,
sendo uma das mais comuns do gênero humano. O conhecimento e manejo
destas enfermidades é a base para a solução. Para isso, é importante que o
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paciente adquira conhecimento de seu problema e encontre soluções
adequadas que ajudem a resolvê-lo. A chave para a prevenção das
periodontopatias é manter um adequado nível de higiene bucal. As
periodontopatias figuram entre as poucas doenças crônicas para as quais se
dispõem métodos de prevenção e controle eficaz. O problema mais importante
e difícil é como motivar o indivíduo a manter sua saúde bucal ao longo de sua
vida. Sem solucionar este problema, a prevenção da enfermidade periodontal
não alcançará o êxito desejado. A OMS define como educação para a saúde
uma combinação de oportunidades de aprendizagem que facilita modificações
voluntárias do comportamento e conduzam a uma melhora da saúde. Antes de
realizar um programa de educação em saúde, é necessário determinar o nível
de conhecimento para quem estará dirigido o programa, para poder atuar em
conseqüência e satisfazer suas necessidades. A educação em saúde deve ser
contínua.
Magalhães, em 2002, explicou que a placa bacteriana é um dos fatores
etiológicos mais importantes nas doenças periodontais, sendo que seu controle
é essencial para a manutenção da saúde periodontal. Mesmo não sendo o
único fator envolvido, acredita-se que a remoção e a desorganização da placa
são imprescindíveis para que se possa manter o equilíbrio da saúde
periodontal, tanto na prevenção, no tratamento, como na manutenção pós-
tratamento periodontal. Logo, a grande maioria dos problemas periodontais
poderia ser mais bem controlada desde que os princípios de higiene bucal
fossem bem executados. Porém, os problemas econômicos, a falta de
informação, o medo, e a falta de atenção dos profissionais, são os grandes
responsáveis pela deficiência do controle da placa realizado pelos pacientes.
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Sendo assim, grande parte do problema na motivação do paciente está em
fazer com que ele compreenda a importância da prevenção, e que consiga
fazer a higienização com eficiência. Entende-se por motivação como sendo um
processo de iniciação de uma ação consciente e voluntária. Um dos papéis da
Odontologia é desenvolver novos métodos de motivação a fim de que se
obtenha maior êxito na higiene bucal, passando para o paciente os riscos
inerentes a uma higiene inadequada.
A doença periodontal, segundo Bezerra et al., em 2003, representa um
dos grandes problemas de saúde pública, pela sua prevalência relativamente
alta mesmo nos países desenvolvidos, sendo considerada a doença crônica
mais prevalente que afeta a dentição humana. Além da placa bacteriana
(agente primário), outros fatores (fatores secundários ou modificadores) estão
relacionados com seu aparecimento: locais e sistêmicos. Os fatores são
agentes de causas diretas, como cálculo dental, placa bacteriana entre outros.
Os efeitos sistêmicos são responsáveis por ações indiretas, influenciando na
susceptibilidade do indivíduo à doença periodontal. Estudos mostram que o
fumo é um dos principais fatores modificadores, sendo sempre necessária a
presença da placa bacteriana para a sua instalação e progressão, e é
considerado o maior fator de risco para o desenvolvimento de periodontite
severa, já que há uma relação direta entre quantidade de cigarros consumidos
e resposta periodontal.
Segundo Couto et al., em 2003, vários foram os avanços no campo da
periodontia nas últimas décadas, mas o que tem recebido muita ênfase nos
tratamentos periodontais são os mecanismos de prevenção da doença
periodontal. Esta prevenção é conhecida como Terapia Periodontal de Suporte,
23
que, quando bem realizada, permite o diagnóstico precoce da doença e serve
como um protetor da saúde do periodonto. Tradicionalmente, a ênfase inicial da
periodontia preventiva foi habituar o paciente a executar controle de placa
doméstico. A chamada regular pelo profissional permite ao mesmo, remotivar o
paciente e fazer uma profilaxia profissional em áreas de difícil acesso. Apesar
de ser de uso comum e de fácil manuseio, as etapas do tratamento preventivo
ainda são mal compreendidas pelos pacientes, o que dificulta o
controle/prevenção da doença e consequentemente gera uma frustração no
profissional. Para que isto não ocorra, cabe ao profissional despertar nos
pacientes, com o uso de métodos de informação e de tratamento, de que os
mesmos passem a colaborar, despertando ou induzindo a motivação de
pacientes à higiene bucal e ao tratamento periodontal de manutenção. O uso
de uma combinação de técnicas de comunicação (direta e indireta), para
transmissão de informações, necessárias à motivação de pacientes à higiene
bucal e ao retorno para a manutenção da saúde bucal, é o que apresenta
melhores resultados para o tratamento periodontal.
Segundo Uemura et al., em 2004, a motivação envolve afeto, empatia,
responsabilidade, conhecimento técnico-científico, disponibilidade e prazer. A
prevenção da doença cárie e periodontal, só é possível com o paciente
devidamente motivado a adquirir hábitos de higiene e alimentares mais
adequados, sendo que a educação e a motivação para isso só ocorrerá se o
profissional tiver conhecimento técnico-científico, disposição, responsabilidade
e prazer em fazê-los além a empatia e afeto entre profissional e paciente. A
motivação é maior quando o profissional associa o método direto de instrução
de higiene bucal ao método indireto, com a utilização de recursos individuais.
24
De acordo com Couto et al., em 2005, a fase de manutenção, cujo
principal objetivo é o controle da placa bacteriana/biofilme, é imprescindível
para evitar a recidiva da doença periodontal. Nessa fase serão transmitidas
informações ao paciente de que o término do tratamento não representa a sua
cura absoluta. A prevenção da recidiva da doença pode ser obtida com
controles periódicos ou tratamento periodontal de manutenção. Não bastará,
apenas, que o profissional faça o tratamento adequado, ele terá, também, que
dar novas explicações para remotivar o paciente para que ele tente realizar um
bom controle da placa. Desta maneira, cabe ao profissional fazer fichas clínicas
comparativas para acompanhamento do controle da placa. O controle do
biofilme é tão importante que se pode afirmar que sem ele o tratamento
periodontal não deve ser realizado, pois o risco de recidiva da doença estará
sempre presente. Portanto, faz-se necessário remover a placa bacteriana, com
o intuito de prevenir a doença periodontal. Além disso, alguns autores
preconizam que há a necessidade de retornos a cada três meses após um
programa intensivo de controle de placa, o que proporcionará resultados
clínicos aceitáveis, embora com variações na eficiência dos cuidados
domésticos de higiene bucal.
Dutra e Ferreira, em 2005, referiram-se à doença periodontal como
sendo qualquer tipo de periodontopatia. As doenças periodontais podem ser
classificadas como gengivites, que podem ou não ser associadas à presença
da placa bacteriana, e periodontites que se subdividem em crônicas,
agressivas, associadas à lesões endodônticas e deformidades ou condições
adquiridas ou de desenvolvimento. A placa bacteriana é um dos fatores
determinantes para essas duas patologias. A redução de seu acúmulo sobre as
25
estruturas dentais e, conseqüentemente, a prevenção de seu efeito sobre o
periodonto é uma das grandes dificuldades a serem enfrentadas na
Odontologia. Em programas de controle periodontal, deve-se estar atento à
questão da motivação, porque é a mola propulsora de toda a dinâmica dessa
técnica de ação. Sendo assim, na prevenção da doença periodontal, a
motivação é a chave do sucesso. Clinicamente, significa obter a cooperação do
paciente para ajudá-lo a seguir no caminho da promoção da saúde e, em
conseqüência, conseguir a alteração do seu comportamento. Motivação é o
trabalho base para a instrução e esta deve incluir informações sobre a
patogênese da doença periodontal sua etiologia e conseqüências, assim como
os princípios básicos para a sua prevenção. Programas educativos e
preventivos devem ser cuidadosamente planejados e adaptados às
características e necessidades dos pacientes neles envolvidos promovendo a
sua motivação.
Figueiredo et al., em 2006, afirmaram que recentemente têm-se
discutido muito a respeito da adoção de estilos de vida saudáveis.
Comportamentos individuais de saúde, um dos componentes de “estilos de
vida”, tem sido o tópico de pesquisas de saúde no Canadá e Estados Unidos.
A ênfase em estilo de vida individual como uma causa e solução aos
problemas de saúde é particularmente pertinente à Odontologia, tendo em vista
que muitos formuladores de políticas de saúde bucal culpam as pessoas pelas
doenças que elas desenvolvem. São considerados como comportamentos
saudáveis em saúde bucal o uso de escova, pasta e fio dental, visitas
preventivas ao dentista, controle no consumo de açúcares e da utilização de
fumo e álcool. A adoção destes comportamentos tem sido pesquisada e
26
relacionada à redução de placa bacteriana e doenças bucais, como a cárie
dentária e a doença periodontal. Programas que objetivem uma melhor higiene
bucal é uma meta claramente desejável por razões sociais, controle de
doenças periodontais e outras enfermidades e não podem ser descartados em
nenhuma política pública.
Segundo Couto e Duarte, em 2006, ainda a odontologia se preocupa
basicamente com problemas evidentes, como restaurações, exodontias,
tratamentos endodônticos, ortodônticos, protéticos e, sobretudo, implantes,
grande sonho dos pacientes. No entanto, a nova concepção, é a manutenção
da saúde bucal, visando, principalmente, a não-instalação de doenças. Os
profissionais devem estar empenhados em promover a saúde bucal do
paciente por meio da prevenção. Portanto, o grande evento do novo milênio é a
Odontologia Preventiva. O tratamento preventivo ainda é mal-entendido pelos
pacientes e pouco valorizado pelos profissionais da Odontologia. Mesmo
pacientes de bom nível socioeconômico e cultural, com acesso a mais moderna
tecnologia odontológica, parecem não dar importância à prevenção da cárie e
da doença periodontal. A prevenção consiste de um conjunto de medidas e
atitudes e, principalmente, da filosofia de prática profissional, que, tomadas
durante o estado de saúde, impedem o estabelecimento de doenças, limitando
a extensão do dano, quando já instaladas. Quando do tratamento periodontal,
na concepção de preventiva, a primeira fase deve ser da terapia associada à
causa. Essa fase é realizada para motivar o paciente a combater a doença
periodontal, mediante raspagem, alisamento radicular e remoção de fatores
adicionais de retenção de placa bacteriana. Esse controle deve ser diário e
depois de uma série de visitas ao profissional, o qual deverá realizar todos os
27
procedimentos básicos necessários, ou seja, buscar a eliminação ou o controle
dos fatores etiológicos locais. A aceitação e aprovação de um plano de
tratamento são aumentadas quando se pode mostrar e explicar efetivamente
aos pacientes seus problemas dentários e periodontais, dando-lhes opções de
tratamento. Após a fase de procedimentos básicos e reavaliação, o paciente
será motivado a participar da fase de controle e manutenção do tratamento.
Nesta, não bastará que o profissional realize uma simples profilaxia e aplicação
tópica de flúor; serão necessárias novas explicações para remotivá-lo. Paciente
educado é paciente consciente, que valoriza sua saúde bucal e o trabalho de
que foi partícipe, não como objeto do processo, mas como parte importante de
todas as suas fases. A parte mais importante do controle clínico da doença
periodontal são a motivação e a instrução do paciente quanto aos métodos de
controle da placa bacteriana. A comunicação em saúde tem como principal
objetivo causar uma mudança de atitude do paciente em relação aos hábitos
relacionados à saúde bucal, alcançada através da criação ou mudança da
percepção por parte do paciente. A motivação é um processo que depende da
persuasão do paciente pelo profissional; significa um incentivo ou estímulo
pessoal que leva alguém a agir. A difusão de informações e a instrução quanto
às técnicas de higienização não resultam, por si, na prática efetiva de higiene
oral por parte do paciente. Somente após desenvolver um estímulo pessoal ou
a necessidade de manter sua boca limpa, é que o paciente conseguirá
resultados satisfatórios. Por essa razão, o paciente deve atender por suas
próprias razões ou necessidades ao pedido de cooperação, e não pelas razões
profissionais. É através da comunicação que iniciaremos os procedimentos
básicos do tratamento periodontal. Os fatores motivacionais são múltiplos,
28
variando de pessoa para pessoa e de época para época, incluindo-se dentre
eles: dor, função, estética, aprovação própria, pressão familiar, pressão social,
busca de status e medo. Em outras palavras, motivar o paciente é tornar
atraentes as razões pelas quais ele deve se empenhar em receber o
tratamento e cumprir à risca as orientações do profissional.
Lima et al., em 2007, afirmaram que as infecções dos tecidos
periodontais, decorrente do acúmulo de biomassa, é a principal etiologia da
doença periodontal. A doença acomete os tecidos de sustentação dos dentes
tendo como conseqüência mais grave a perda do elemento dentário. O
tratamento periodontal bem sucedido exige a remoção da placa e cálculo
através de raspagem das raízes dentinárias e a eliminação de cemento
contaminado. Após o procedimento periodontal não cirúrgico (raspagem e
polimento radicular) muitos cirurgiões dentistas, não especialistas, privam-se
de instruir adequadamente o paciente quanto à higienização, preservando,
desta forma, por menos tempo a saúde dos tecidos que circundam o elemento
dentário. Estudos em seres humanos têm demonstrado que, o
desenvolvimento de gengivite e periodontite, podem ser evitados através de
medidas que visam à prevenção ou redução da formação de placa. Por isso é
importante o cirurgião saber como se portar após uma terapia periodontal não
cirúrgica. Na fase de manutenção, é importante o conhecimento dos métodos
de promoção de saúde bucal pelo cirurgião dentista, assim como o modo de
abordagem sobre o paciente. A participação do cirurgião dentista, no processo
de manutenção da saúde periodontal, é passiva, visto que o profissional está
incumbido, apenas, de informar e orientar ao paciente sobre higienização da
cavidade e quantos os alimentos mais agravantes do tecido oral. O paciente,
29
por vez, tem participação ativa na manutenção da saúde do periodonto, pois
estará incumbido de seguir e realizar atos indicados pelo cirurgião dentista, por
isso é importante o profissional saber motivar e esclarecer o paciente. A
motivação, nessa etapa, é fundamental para o prognóstico do tratamento. O
sucesso no tratamento da doença periodontal é altamente dependente da
habilidade do terapeuta em conseguir boa comunicação com o paciente. Um
bom diálogo gera confiança no dentista ou técnico em higiene dental e suscitar
curiosidade e motivação para a manutenção do tratamento.
30
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa desenvolvida classifica-se como sendo um estudo do tipo
exploratório-descritivo. A população-alvo constou dos pacientes em tratamento
nas Clínicas de Periodontia I e II, no decorrer do ano de 2006. Foi constituída
uma amostra não probabilística, obtida por conveniência, ou seja, com todos os
pacientes que iniciariam o atendimento nas Clínicas de Periodontia do curso de
odontologia da UNIVALI e que aceitaram, por livre e espontânea vontade,
responder ao questionário. Para tanto, todos os pacientes foram, previamente,
esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos da pesquisa e os que
aceitaram integrar a pesquisa assinaram a ficha-prontuário, como termo de
esclarecimento e esclarecido. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética
em Pesquisa da UNIVALI, sob o nº 522/2005.
O instrumento para coleta de dados foi um questionário com questões
do tipo fechado (Anexo), aplicado pelos alunos da clínica de Periodontia I ou II
durante a anamnese e na última sessão do tratamento. O questionário foi
apresentado através de leitura conjunta, sem que o aluno interferisse nas
respostas, fazendo apenas o papel de anotador para o paciente. A amostra é
composta por 63 pacientes, sendo 23 homens e 40 mulheres, variando o sexo
masculino de 21 a 70 anos e o sexo feminino de 12 a 78 anos.
Os dados foram tabulados e organizados, segundo os objetivos
específicos, mediante distribuição de freqüência (relativa e absoluta). A análise
entre o nível de informação no início e término do tratamento foi efetuada
através da comparação das freqüências relativas das alternativas corretas.
31
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os problemas periodontais poderiam ser controlados com mais eficácia
desde que os princípios de higiene bucal fossem bem executados. Porém,
alguns fatores diretamente relacionados com o paciente, tais como problemas
econômicos, falta de informação, medo, associados, por vezes, à falta de
atenção dos profissionais são os grandes responsáveis pela deficiência do
controle da placa bacteriana (REZENDE et al., 1989; ALVES e BURGOS,
1990; CHIAPIMOTTO et al., 1998; MAGALHÃES, 2002; BEZERRA et al., 2003;
COUTO E DUARTE, 2006).
A mudança do perfil pessoal de higiene bucal só é obtida com disciplina,
método e motivação. A motivação pessoal e do grupo é o único veículo capaz
de tornar um sucesso qualquer trabalho de prevenção. E, para se motivar o
paciente, é necessário fazer com que ele compreenda a importância da
prevenção e que consiga fazer a higienização com eficiência (COUTO e
COUTO, 1992; MOREIRA e HAHN, 1994; PETTRY e PRETTO, 1997;
PROENZA et al., 2002; DUTRA e FERREIRA, 2005).
A motivação é o trabalho base para um processo de educação para a
saúde. A comunicação em saúde tem como principal objetivo promover uma
mudança de atitude do paciente em relação aos hábitos relacionados à saúde
bucal. Neste sentido, a comunicação entre dentista e paciente precisa ser
facilitada.
As informações sobre a patogênese da doença periodontal, sua etiologia
e conseqüências, assim como os princípios básicos para a sua prevenção
32
devem ser repassadas aos pacientes em linguagem clara e acessível. Muitos
programas falham pela ausência de adequação da linguagem do profissional à
cultura, educação e idade do paciente.
É necessário, portanto, que as Instituições formadoras dos profissionais
de Odontologia fiquem atentas para esta questão, visto que um profissional
envolvido com as questões sociais e culturais poderá transformar hábitos já
adquiridos e promover o estabelecimento de novas atitudes (CABRAL, 2002;
COUTO et al., 2003; COUTO e DUARTE, 2006; LIMA et al., 2007).
Assim, o objeto desta investigação centrou-se na preocupação quanto à
formação do futuro profissional da Odontologia no que diz respeito à orientação
adequada dos pacientes portadores de doenças periodontais, mediante
repasse de informações que contribuam para com a aquisição de hábitos
favoráveis à saúde.
Desta forma, aplicou-se um questionário aos pacientes das Clínicas de
Periodontia da Universidade, antes do início do tratamento e ao término dele.
Quando se analisa os resultados, segundo o gênero, identifica-se que, de
modo geral, os sujeitos integrantes desta pesquisa evidenciaram um acréscimo
de conhecimentos, quando comparadas às respostas emitidas às questões que
enfocavam aspectos sobre etiologia da doença periodontal, características
clínicas e meios de preveni-las.
Comparando o desempenho total dos Homens em relação às Mulheres,
podemos afirmar que as mulheres apresentaram uma melhora superior aos
homens. Há que se considerar que o comportamento respondente é um
comportamento eliciado, ou seja, refere-se a um tipo de reação dos indivíduos
33
produzida necessariamente por estímulos que as antecedem (MORAES e
PESSOTTI, 1985).
Um aspecto a ser ponderado refere-se ao fato de que as mulheres
mostraram-se mais facilmente motivadas a melhorar seus comportamentos sobre
os hábitos de higiene bucal (COUTO et al., 1992).
Outro fator que pode ter contribuído para esta diferença entre os sexos é a
relação de empatia entre o aplicador e o paciente, uma vez que existe um maior
número de acadêmicos do sexo feminino comparado ao sexo masculino. Cabe
lembrar que nesta pesquisa, os acadêmicos foram os responsáveis por aplicar o
questionário.
O conhecimento sobre o que é Doença Periodontal e seus agentes
causadores é tido como o primeiro passo para a prevenção e controle desta
enfermidade. Ao avaliarmos os resultados expressos no gráfico 1, verifica-se que
os melhores índices, para os sujeitos do sexo masculino, foram para as questões
1 e 5, com um aumento de 15,7% e 6,3%, respectivamente. Já, para os sujeitos
do sexo feminino, conforme gráfico 2, identifica-se um notório aumento de
conhecimento para todas as questões.
34
81,3
65,6
96,9
75,8
48,4
62,557,6
85,793,8
78,1
51,5
68,8
58,1
88,2
0
20
40
60
80
100
1 2 3 4 5 8 9
homens antes homens depois%
Gráfico 1: Distribuição da freqüência relativa das respostas às questões do tipo fechado, com escolha única, emitidas pelos pacientes do sexo masculino, antes e ao término do tratamento.
67,4
100,0
80,4
52,2
76,1
63,0
77,1
42,250,0
21,7
68,8
89,4
52,1
82,0
0
20
40
60
80
100
1 2 3 4 5 8 9
mulheres antes mulheres depois%
Gráfico 2: Distribuição da freqüência relativa das respostas às questões do tipo fechado, de 1 a 9, com exceções das questões 6 e 7, emitidas pelos pacientes do sexo feminino, antes e ao término do tratamento.
Estas questões abordavam, de uma maneira geral, a Doença Periodontal,
suas características clínicas, etiologia e meios de preveni-las. O melhor
desempenho nas questões 1 e 5 pode ser resultado de uma maior ênfase dada
pelos meios de comunicação e marketing dos produtos de higiene bucal, estando
assim o paciente melhor informado sobre a etiologia da Doença Periodontal. Tem-
se registro que, nas últimas décadas, inúmeras publicações evidenciaram a
estreita relação da Doença Periodontal com a placa bacteriana, dentre outros,
35
citamos os estudos de Alves e Burgos (1990), Stewart (1990), Couto et al., (1992),
Magalhães (2002), Dutra e Ferreira (2005), Lima (2007).
Com relação às demais questões (2, 3, 4, 8, 9), que abordam fatores
secundários, características da doença periodontal, observa-se que, para os
homens, ou não houve alteração ou ocorreu uma variação não expressiva. No
entanto, para as mulheres, o crescimento do conhecimento foi representativo.
Estes resultados podem ser decorrentes de fatores, tais como a forma
de abordagem do entrevistador, o número de consultas realizadas, falta do
paciente às consultas, entre outros. Fatores estes determinantes quando se
tem comprovado que um estímulo reforçador positivo é um evento “desejável”
ou “agradável”, que segue imediatamente um comportamento específico e
aumenta a probabilidade de conseqüências positivas. Quando um
comportamento operante aumenta a freqüência, depois de seguido por um
reforçador positivo, dizemos que houve o condicionamento operante (MORAES
e PESSOTTI, 1985).
Sugerimos uma maior, ou melhor, abordagem no que se refere à
etiologia da Doença Periodontal, dando melhores subsídios para instrução e
motivação do paciente. Cabe ao profissional despertar nos pacientes, com o
uso de métodos de informação e de tratamento, de que os mesmos passem a
colaborar, despertando ou induzindo a motivação de pacientes à higiene bucal
e ao tratamento periodontal de manutenção (COUTO et al. 2003).
Na atualidade, tem-se discutido muito a relação da saúde bucal com a
saúde geral do paciente. Sendo assim, a questão 6 (Gráfico 3) faz uma
analogia da Doença Periodontal com o estilo de vida do paciente e seus
hábitos. A ênfase em estilo de vida individual como uma causa e solução aos
36
problemas de saúde é particularmente pertinente à Odontologia, tendo em vista
que muitos formuladores de políticas de saúde bucal culpam as pessoas pelas
doenças que elas desenvolvem. A adoção destes comportamentos tem sido
pesquisado e relacionado à redução de placa bacteriana e doenças bucais,
como a cárie dentária e a doença periodontal (FIGUEIREDO et al., 2006).
Ao avaliarmos os resultados da questão 6, observa-se uma melhora de
13,1% na resposta totalmente correta, para os indivíduos do sexo masculino.
No grupo das mulheres houve uma melhora no percentual de acerto na
alternativa Totalmente Correta de 15%. Os resultados da questão 6 mostram
que o grupo das mulheres apresentou uma melhora no percentual de acerto na
alternativa Totalmente Correta, tendo um aumento de 15%. Apesar de o
resultado ter apresentado melhora para ambos os sexos, ainda não se é o
esperado, pois, o percentual de respostas totalmente certas, ao término do
tratamento, foi de, apenas, 17,4%, para os homens e de 27,5% para as
mulheres.
37
12,5
27,5
4,3
17,415 12,5
39,1
17,4
60 57,5
47,8
65,2
12,5
2,58,7
0,00
20
40
60
80
100
ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS
Feminino Masculino
Totalmente corretas Parc. Do is acertos
Parc. Um acerto Totalmente erradas%
Gráfico 3: Distribuição da freqüência relativa das respostas à questão 6, do tipo respostas múltiplas, emitidas pelos pacientes, antes e ao término do tratamento, segundo o gênero.
A prevenção das doenças periodontais requer a adoção de medidas
práticas adequadas de auto-cuidado do paciente (POMPEU et al., 1997).
Sendo assim, para se educar e motivar o paciente, será essencial fazê-lo
partícipe do trabalho a ser desenvolvido (COUTO e COUTO, 1992),
conscientizando-o que saúde bucal, hábitos e saúde geral estão intimamente
interligados, influenciando no Bem-estar do paciente.
38
10
22,517,4
26,1
10
20 21,7
13,0
57,550 52,2
47,8
22,5
7,5 8,713,0
0
20
40
60
80
100
ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS
Feminino M asculino
Totalmente corretas Parc. Dois acertos
Parc. Um acerto Totalmente erradas
%
Gráfico 4: Distribuição da freqüência relativa das respostas à questão 7, do tipo respostas múltiplas, emitidas pelos, antes e ao término do tratamento, segundo o gênero.
Atualmente, além dos métodos de controle de placa e higiene bucal,
tem-se preconizado orientar os pacientes sobre o que é a doença que ele
porta, quais suas manifestações bucais e meios de preveni-la. Segundo Couto
et al. (1992), o grande agente motivador do paciente é sua própria doença, que
age como gatilho para ação preventiva.
Para Dutra e Ferreira (2005), motivação é o trabalho base para a
instrução do paciente e esta deve incluir informações sobre a patogênese da
doença periodontal sua etiologia e conseqüências, assim como os princípios
básicos para a sua prevenção.
Com relação aos resultados da questão 7, observamos uma melhora de
8,7% na resposta totalmente correta, para os sujeitos do sexo masculino e de
12,5% para as mulheres. Este crescimento ainda não é o adequado, pois,
conforme Proenza et al. (2002), o conhecimento e manejo destas enfermidades
é a base para a solução, sendo, para isso, importante que o paciente adquira
39
conhecimento de seu problema e encontre soluções adequadas que ajudem a
resolvê-lo.
Neste sentido, é fundamental, como ressaltou Cabral (2002), que a
comunicação entre Dentistas e Pacientes seja facilitada. Muitos programas
falham pela ausência de adequação da linguagem do profissional à cultura,
educação e idade do paciente. Além do mais, a prevenção das doenças cárie e
periodontal, só é possível com um paciente devidamente motivado. A
educação e a motivação adequadas só ocorrerão se o profissional tiver
conhecimento técnico-científico, disposição, responsabilidade e prazer em
fazê-los, além da empatia e afeto entre profissional e paciente (UEMURA et al.,
2004).
Um dos problemas mais difíceis com que se vê envolvida a Odontologia
é conseguir, do paciente, interesse, motivação e cooperação para a prática e
manutenção de adequada higiene bucal. Prevenção, clinicamente falando,
significa obter a cooperação do paciente para levá-lo na direção desejada, e,
em conseqüência, conseguir a alteração do seu comportamento (COUTO et al.,
1994).
Os programas convencionais caracterizam-se por terem pouco impacto
e reduzida resolubilidade, pois os pacientes continuam doentes. É de essencial
importância para que um programa não redunde em fracassos. Existem
estudos que comprovam que um paciente bem motivado pode alcançar
excelentes resultados em termos da melhoria de saúde bucal, principalmente
se comparados a pacientes que não passaram por um processo de orientação
e motivação (MOREIRA e HAHN, 1994).
40
Para se conseguir um nível adequado de limpeza bucal, o indivíduo deve
estar ciente dos sintomas, ser motivado a fazer alguma coisa sobre eles, saber
o que fazer sobre eles e, finalmente, adotar um comportamento adequado. A
prevenção das doenças periodontais requer a adoção de medidas práticas
adequadas de auto-cuidado e, também, os serviços prestados
profissionalmente devem ser adequados (POMPEU et al., 1997).
O sucesso no tratamento da doença periodontal é altamente dependente
da habilidade do terapeuta em conseguir boa comunicação com o paciente. Um
bom diálogo gera confiança no dentista ou técnico em higiene dental e suscitar
curiosidade e motivação para a manutenção do tratamento (LIMA et al., 2007).
41
5 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos e discutidos, pode-se afirmar que:
1. Comparando os resultados dos grupos do sexo masculino e do
sexo feminino, notou-se, em geral, uma melhora no
aproveitamento do percentual de acerto nas questões.
2. O sexo feminino obteve um maior índice de aproveitamento na
porcentagem de acerto das questões em relação ao sexo
masculino.
3. Apesar de haver uma melhora no percentual de acerto em ambos
os sexos, ficou claro que grande parte dos pacientes continua
com um grau de informações relativamente baixo no que diz
respeito aos fatores de risco às Doenças Periodontais, Doenças
Periodontais propriamente ditas e suas características clínicas,
necessitando assim receber mais atenção por parte dos
responsáveis por seus tratamentos.
4. Com base na discussão e nas conclusões acima, ficou claro a
carência de conhecimentos mais específicos sobre Doença
Periodontal. Sugerimos assim, para as clínicas de Periodontia da
UNIVALI, a utilização de outros métodos motivacionais, como
Folder Educativo.
42
6 REFERÊNCIAS
ALVES, D.F.; BURGOS, M.E. de. Avaliação clínica do Plax. RGO, Porto Alegre, v. 38, n. 3, p. 163-165, mai./jun. 1990. BERREZA, M.G. et al. Avaliação do hábito de fumar como fator de risco para doença periodontal. Revista Brasileira de Patologia Oral. v. 2, n. 3, p. 18-21, jul./set. 2003. Disponível em: <http://www.patologiaoral.com.br/texto52.asp>. Acesso em: 12 set. 2005.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Projeto SB Brasil 2003. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
CABRAL, I.C.T. Motivação: o grande desafio. Medcenter.com Odontologia, São Paulo, abr. 2002. Disponível em: <http://www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=211>. Acesso em: 02 mar. 2007.
CHIAPIMOTTO, G.A.; MELLER, D.; SANTOS, F.B. dos. Meios mecânicos de limpeza dos dentes. RGO, Porto Alegre, v. 46, n. 3, p. 142-144, jul./ago./set. 1998. COUTO, J.L. do; COUTO, R. da S.; DUARTE, A.C. Motivação do paciente. RGO, Porto Alegre, v. 40, n. 2, p. 143-150, mar./abr. 1992. COUTO, L.L. do; COUTO, R.S. Programa de motivação do paciente. RGO, Porto Alegre, v. 40, n. 6, p. 433-438, nov./dez. 1992.
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43
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44
7 ANEXO
QUESTIONÁRIO
Idade: _____________ Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
Já é paciente da clínica de periodontia? ( ) Sim ( ) Não
Em caso positivo, há quanto tempo? ________________
Foi encaminhado por quem e sabe de que doença é
portador?________________________________________________________
1 O que é placa bacteriana?
( ) Massa amarelada contendo grupo de bactérias
( ) Restos de alimentos
( ) Acúmulo de saliva no dente
( ) Não sabe
2 Como pode ser removida a placa bacteriana?
( ) Escovação, fio dental e auxílio do dentista
( ) Através do bochecho com água
( ) Comendo frutas ou legumes
( ) Não sabe
3 Porque ocorre sangramento na gengiva?
( ) Gengiva inflamada
45
( ) Devido ao dente estar cariado
( ) Pela mobilidade do dente
( ) Não sabe
4 A mobilidade do dente pode ocorrer por:
( ) Conseqüência de cárie
( ) Doença da gengiva
( ) Doença nos tecidos que sustentam o dente
( ) Não sabe
5 O que é cálculo dental?
( ) Placa bacteriana mineralizada
( ) Restos de alimentos
( ) Cárie dental
( ) Não sabe
6 Fator(es) que contribui(em) para a doença periodontal
( ) Tabaco
( ) Doenças sistêmicas (AIDS, leucemia, diabetes, etc.)
( ) Má higienização
( ) Não sabe
7 São características clínicas da doença periodontal
( ) Aumento de mobilidade dental
( ) Sangramento gengival
46
( ) Afastamento dental
( ) Não sabe
8 Qual a diferença entre periodontite e gengivite?
( )Gengivite acomete somente a gengiva, enquanto na periodontite existe
aumento de mobilidade dental e destruição óssea
( )Tanto a gengivite como a periodontite destroem osso, só que na periodontite
não existe destruição óssea
( )A gengivite caracteriza-se por apresentar aumento de mobilidade, enquanto
que na periodontite, clinicamente, pode ser notada por sangramento
( ) Não sabe
9 As doenças periodontais são prevenidas com:
( ) Boa higiene bucal
( ) Não pode ser prevenida
( ) Alimentação saudável
( ) Não sabe
47
8 APÊNDICE