fernando faria de lima auditoria interna como … · auditoria interna como instrumento de...

21
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PÓS GRADUAÇÃO MBA EM AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL FERNANDO FARIA DE LIMA AUDITORIA INTERNA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO E CONTROLE DO FATURAMENTO E DA GESTÃO FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA UBERLÂNDIA 2009

Upload: doandung

Post on 10-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

PÓS GRADUAÇÃO MBA EM AUDITORIA E PERÍCIA CONTÁBIL

FERNANDO FARIA DE LIMA

AUDITORIA INTERNA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO E C ONTROLE

DO FATURAMENTO E DA GESTÃO FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO NO

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA

UBERLÂNDIA

2009

FERNANDO FARIA DE LIMA

AUDITORIA INTERNA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO E C ONTROLE

DO FATURAMENTO E DA GESTÃO FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO NO

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em MBA Auditoria e Perícia pela Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia – UFU.

Orientador: Prof. Ms.Vidigal F. Martins Co-Orientadora: Profª. Ms. Vânia A. da Rocha

UBERLÂNDIA

2009

3

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

As organizações estão passando por um processo de reestruturação produtiva

decorrente das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais em curso na

sociedade contemporânea. Configura-se a necessidade de certo nível de competitividade atual

e futuro.

Estudos de KAPLAN (1997) revelam que durante a era industrial, o sucesso das

organizações estava determinado pela maneira como elas se apresentavam frente aos

benefícios de economias de escala e escopo. Neste período, a maneira como as organizações

incorporavam novas tecnologias aos ativos físicos permitia a produção em massa eficiente de

produtos padronizados.

Atualmente, as organizações não conseguem obter vantagens sustentáveis apenas com

a rápida alocação de novas tecnologias e ativos físicos, pois se vive na era da informação.

Segundo KAPLAN (1997), o impacto da era da informação torna-se mais

revolucionário para as empresas de serviços do que para as indústrias. Muitas empresas de

serviços, entre as quais as dos setores de comunicação, financeiro e assistência médica,

conviveram durante muitos anos com um confortável ambiente não competitivo, pois o

governo protegia as empresas deste setor contra possíveis entrantes mais competitivos. A

partir, principalmente de 1990, o mercado mundial de serviços passa por uma

desregulamentação e privatização de empresas. Portanto, com esta mudança de cenário, os

gerentes das organizações de serviços devem ter uma nova postura gerencial e a informação

de custos juntamente com a melhoria de processos será essencial para se obter bons resultados

econômicos da organização.

Os gestores por serviços precisam avaliar quais são as questões-chave no

gerenciamento de uma organização de serviços e compreender a natureza da concorrência

emergente na nova economia de serviços. Desta forma é imprescindível o conhecimento do

ambiente interno e através de um gerenciamento eficiente e bem controlado, será possível

melhorar os resultados da organização.

Na área hospitalar, percebe-se uma grande complexidade nos processos empresariais,

neste sentido o controle interno deve ser fortalecido de forma contínua. Estas organizações

empregam grande número de profissionais especializados oferecendo serviços com alto grau

de especialização. Desempenha ao mesmo tempo o papel de hotel, centro de tratamento,

laboratório e universidade. Esta evolução requer um grande desafio para os gestores, pois à

4

medida que os hospitais passam por um processo de modernização, torna-se necessário

modernizar as técnicas de administração hospitalar, pois recursos de produção se inovam com

o desenvolvimento tecnológico, embora se tornem escassos, uma vez que a demanda pelo

serviço é alta; portanto, precisam ser administrados de forma eficiente e bem controlados.

Neste sentido surge a auditoria para contribuir no processo de melhoria, pois se trata de uma

avaliação sistemática e formal de uma atividade, por alguém não envolvido diretamente na

sua execução, para determinar se essa atividade está sendo levada a efeito de acordo com seus

objetivos (KURCGANT, 1991).

Possari (2005) afirma que nos dias atuais a palavra auditoria vem sendo bem difundida

e empregada nas instituições de saúde, que têm se preocupado em utilizá-la na prática, de

forma contínua em suas organizações, a fim de garantir a qualidade dos serviços prestados a

seus clientes.

Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi demonstrar os ganhos econômicos

obtidos a partir da implantação do processo de Auditoria Interna no Hospital de Clínicas de

Uberlândia.

Metodologicamente, a presente pesquisa caracterizou-se como um estudo exploratório

com o objetivo de proporcionar visão geral sobre os ganhos obtidos após a implantação do

processo de Auditoria Interna no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia.

Quanto ao tipo de pesquisa, foi realizado o levantamento bibliográfico e documental sobre o

assunto em paralelo a coleta de dados empíricos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Serviços de Saúde no Brasil

A atividade hospitalar de acordo com Maudonnet (1988) tem sido comprovada sua

presença nos mercados da Babilônia, no Egito e na Grécia antigos, na Índia (226 a.C) e Ceilão

(437 a.C). Já na era cristã, o concílio de Nicéia em 325, determinou que os bispos criassem

hospitais junto às catedrais de cada cidade, destinados ao atendimento dos destituídos de

meios, aos peregrinos fatigados e àqueles enfermos privados de esperança de cura. Durante

toda a Idade Média funcionou um grande número desses estabelecimentos por toda a Europa,

incluídos no sistema monástico, atendendo aos doentes em nome da caridade cristã

(Mascarenhas, 1976). O primeiro registro desta revolução histórica, dentro sistema hospitalar

brasileiro e também da América do Sul, está a Santa Casa de Misericórdia de Santos, fundada

em 1543 por Braz Cubas (Borba, 1985). Esta forma de atenção à saúde, naquela época, estava

5

intimamente ligada à atividade religiosa, baseada em costumes europeus. Os hospitais eram

organizações beneficentes, administradas por entidades religiosas, onde a atividade de prestar

assistência era compartilhada com a religiosa (BITTENCOURT, 1999).

Os hospitais de beneficência têm sua origem na contribuição dos imigrantes, que

distribuíam entre si os custos de construção e manutenção de casas de saúde, garantindo aos

membros de suas colônias o atendimento médico e hospitalar de que precisavam (SIQUEIRA,

1985).

Provavelmente o modelo assistencial brasileiro nos primeiros tempos da colonização

foi influenciado pelo Regimento das Capelas e dos Hospitais, da Renascença Portuguesa, que

instituía a Confraria da Misericórdia. A criação das primeiras vilas da colônia era

freqüentemente acompanhada das Misericórdias e já no início do Século XVII quase todas as

capitanias possuíam casas de misericórdia (GUIMARÃES apud Siqueira 1985).

A primeira incursão do Estado na assistência à saúde se deu para atender às forças

armadas, ou porque não existiam hospitais nas cidades centros de tropas ou porque as Santas

Casas não estavam adequadas àquele atendimento (SIQUEIRA, 1985).

A assistência aos pobres, realizada predominantemente nas Santas Casas, custeadas

por entidades filantrópicas, paulatinamente se incorpora à responsabilidade do Estado, que

assume os grupos em função de sua posição e importância no processo produtivo

(SIQUEIRA, 1985).

Na área hospitalar, as teorias das organizações explicam e auxiliam administradores na

gestão dessas organizações. As entidades hospitalares sofreram influências diretas da forma

de organização do sistema de saúde (MEDICI , 1997, p. 21).

O modelo assistencialista, adotado até meados do século XIX, caracterizava-se pelas

ações de saúde financiadas por recursos fiscais e doações. Esse modelo foi gradativamente

sendo substituído pelo previdencialista, com o fortalecimento dos processos de

industrialização e o crescimento na classe assalariada, passando a empregar recursos das

contribuições sociais sobre folha de pagamentos BITTENCOURT (1999, p. 49)

A partir da segunda metade do século XX, esses modelos vão se mesclando e

progressivamente buscando reduzir as brechas de cobertura e garantir acesso a todos,

formando um modelo universalista. É formada uma diversidade de tipos organizacionais

privadas (com e sem fins lucrativos), públicas, especializadas e universitárias. Todas com um

problema em comum: a escassez de recursos e a elevação dos custos. Crescem as

preocupações sobre a gerência, na expectativa de melhores desempenhos, agilidade e

diferenciação assistencial (CASTELAR, apud BITTENCORT, 1999, P. 45).

6

Segundo MACHLINE ( 1983, p:20)

No século XX, o hospital amplia suas fronteiras, servindo a toda a comunidade. (...) O hospital moderno é uma organização completa; que incorpora o avanço dos conhecimentos, de aptidões, da tecnologia médica e dos aspectos finais desta tecnologia representados pelas instalações de equipamentos. (...) Ele emprega grande número de profissionais especializados oferecendo serviços com alto grau de especialização. (...) Desempenha ao mesmo tempo o papel de hotel, centro de tratamento, laboratório e universidade.

Segundo Borba (1985, p: 49)

O objetivo do hospital moderno deve ser o diagnóstico e o tratamento precoce das doenças, através de cuidados clínicos, cirúrgicos e especiais que facilitem a reabilitação física, mental e social do paciente. Nenhum hospital pode ser considerado moderno sem contar com uma equipe eficientemente preparada para o cumprimento destes propósitos e objetivos.

Diante esta afirmação, para atender os requisitos de modernidade dos hospitais, é

necessário uma equipe especializada, equipamentos com tecnologia avançada, e tudo isso

deve estar bem estruturado, para atender uma alta demanda pelos serviços.

2.2. Modelos de Financiamento

Segundo Couttolenc (1998), para entender o papel da gestão financeira na prestação de

serviços de saúde, é útil recorrer a uma analogia com a produção de bens materiais, para em

seguida identificar o que diferencia os serviços de saúde. Como qualquer empresa produtora

de bens e serviços, um prestador de serviços de saúde – público ou privado – pode ser visto

como uma entidade transformadora de recursos: ela utiliza os recursos físicos, humanos e

tecnológicos de que dispõe (ou que obtém) para produzir serviços de saúde que, por sua vez,

são entregues à população, seja gratuitamente ou contra pagamento. Os serviços de saúde são

produzidos pela utilização de insumos (ou recursos ou “matérias-primas”) e entregues a um

destinatário individual (o paciente) ou coletivo (a comunidade); no processo de produção de

serviços de saúde “entram” insumos e “sai” um produto final, o serviço de saúde

propriamente dito.

Os insumos utilizados incluem recursos humanos, materiais médicos ou hospitalares,

equipamentos e instalações e a tecnologia para operá-los; eles têm, necessariamente, um

custo, mesmo que a unidade ou instituição que os utilize não realize nenhum desembolso

direto por eles. Este custo pode ser ressarcido quando da entrega do serviço ao usuário

(quando este paga ao prestador pelo serviço), coberto mediante algum sistema de pré-

pagamento ou seguro (como é comum nos serviços privados puros, ou seja, aqueles não

contratados pelo SUS), ou financiado por impostos ou contribuições arrecadados pelo poder

público, como é o caso, no Brasil, da assistência à saúde no âmbito do SUS.

7

Qualquer que seja a forma de financiamento dos serviços, porém, esse custo existe e é

arcado, em última instância, pela população, seja via pagamento direto ao prestador, prêmio

de seguro ou mensalidade, ou via impostos e contribuições. A responsabilidade do prestador

de utilizar esses recursos da melhor maneira possível, e de oferecer o melhor produto pelo

preço que custa é, portanto, a mesma no setor público e no setor privado. Nos dois casos, os

recursos são escassos, e deve-se fazer o melhor uso possível deles.

2.3. Modelo de Gestão

Segundo Catelli (2001) gestão é o processo de decisão, baseado em um conjunto de

conceitos e princípios coerentes entre si, que visa garantir a consecução da missão da

empresa. O mesmo autor diz ainda que, administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar

recursos, visando atingir determinado objetivo e que gerir é fazer as coisas acontecerem e

conduzir a organização para seus objetivos.

De acordo com Davenport (1998) a gestão da informação trata-se de um conjunto

estruturado de atividades que incluem o modo como as organizações produzem, obtêm,

distribuem e usam a informação e geram o conhecimento, tendo nos recursos tecnológicos o

instrumento facilitador desse processo. A gestão de informação, nas instituições de saúde,

gera informatização nos processos de trabalho, gerando ganhos de produtividade e qualidade,

trazendo benefícios à população, aos profissionais e aos gestores.

No que se refere à gestão da qualidade; para Deming (1982), a qualidade seria

representada pela melhoria contínua de produtos e processos, visando à satisfação dos

clientes. Na área da saúde, a gestão da qualidade visa superar, culturas e ambientes altamente

resistentes a mudanças e engajar os profissionais da saúde, no ataque às causas de mau

atendimento, erros, atrasos e desperdícios; apresentando resultados de melhorias de qualidade

e produtividade alcançadas pelas equipes dos hospitais, na prestação do serviço.

2.4. Ferramentas de controle de Gestão

A auditoria hospitalar tem se destacado como instrumento de fiscalização e controle

mais adequado às necessidades de gerenciamento das informações no ambiente hospitalar,

sendo considerada como uma área da empresa que fornece ao processo decisório o recurso da

informação tempestiva, a veracidade para levar todos à ação, mantendo a qualidade na

prestação do serviço.

2.5. Auditoria

8

A auditoria é um conjunto de procedimentos que visa validar o controle patrimonial de

determinada empresa, com o objetivo de expressar uma opinião a respeito. Segundo Attie

(1998, p.25), “a auditoria é uma especialização contábil voltada para testar a eficiência e

eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre

determinado dado”.

A auditoria surgiu para exame dos investimentos provenientes do comércio marítimo

da Inglaterra, e início do sistema capitalista. Com a evolução histórica e o crescimento das

empresas e, conseqüentemente, ao aumento destes investimentos, surgiu a necessidade de

verificar se os registros eram confiáveis. E isso deveria ser feito de forma independente, ou

seja, com os olhos de quem não elaborou a informação, mas que possuísse o domínio de como

fazê-lo.

No Brasil a atividade se consolidou após a criação da CVM – Comissão de Valores

Mobiliários e a publicação da Lei das Sociedades Anônimas, em 1976, que passou a obrigar

as companhias de capital aberto a serem auditadas por auditores independentes, registrados

nesta comissão. O fato de a empresa não ser obrigada a ser auditada não impede que, a

interesse da administração ou acionistas, seja contratada empresa de auditoria para validar as

informações. Muitas organizações possuem esse costume com o objetivo de demonstrar mais

transparências em sua atuação.

Atualmente nota-se que cada vez mais, cresce o volume de transações entre fornecedor

e cliente (no âmbito interno e externo à organização). As grandes corporações possuem

políticas de investimento incorporadas a sua missão de crescimento continuado. Diante deste

ambiente, o auditor deve atentar às normas e aos princípios que regem sua profissão, pois se o

volume de operações é maior, logo, para validar essas informações, será preciso mais atenção

do auditor no que se refere aos procedimentos de auditoria.

Para que o trabalho seja eficiente, a auditoria deve ser planejada de forma que

possibilite a execução das atividades de forma sistêmica, que possibilite atender aos objetivos

propostos e aos prazos estabelecidos.

Franco e Marra (2001, p.297) afirmam que “ao se iniciar qualquer trabalho de

auditoria, este deve ser cuidadosamente planejado, tendo em vista seu objetivo”.

O Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução CFC nº 700 estabeleceu

as normas de execução dos trabalhos de auditoria. O auditor deve estar atento aos seguintes

pontos: a) planejamento da auditoria; b) a relevância dos exames; c) o risco da auditoria; d) a

supervisão e controle de qualidade; e) a análise do sistema contábil e dos controles internos; f)

a forma de aplicação dos procedimentos de auditoria; g) a documentação através de papéis de

9

trabalho; h) a continuidade da entidade; i) a forma de aplicação dos testes de auditoria; j) os

documentos que evidenciem os responsáveis pela informação, dentre outros.

No exercício das atividades, será necessário efetuar verificação documental, obter

evidências das informações, analisar e verificar a exatidão dos registros e adequações do

controle interno. Para isso o auditor deve agir com independência, integridade, eficiência e

confidencialidade.

Segundo Attie (1998, p.32),

A função da auditoria deve ser exercida em caráter de entendimento e que o trabalho executado tenha e mereça toda a credibilidade possível, não sendo permissível existir qualquer sombra de dúvida quanto à honestidade e aos padrões morais do auditor. A pessoa do auditor deve ser a de alguém com profundo equilíbrio e probidade, uma vez que sua opinião influenciará outras pessoas, principalmente em relação a interesses financeiros e comerciais que eventuais acionistas, proprietários, clientes e fornecedores, dentre outros, possam ter.

Oliveira e Filho (2001, p.32) destacam que “auditor interno deve ser independente,

não podendo deixar-se influenciar por fatores estranhos, por preconceito ou quaisquer outros

elementos materiais ou afetivos que resultem em perda, efetiva ou aparente, de sua

independência”.

Ao final dos trabalhos, o auditor emitirá um relatório, destacando todos os pontos de

auditoria, e o parecer. O parecer é a opinião do auditor sobre a propriedade dos dados

analisado. Segundo a Resolução CFC nº 700, o parecer pode ser emitido: a) sem ressalva

(quando o auditor se convence que as demonstrações expressam de forma fidedigna a real

situação da empresa, conforme as normas aplicáveis); b) com ressalva (constatado que um ou

mais registros estão incorretos, ou o auditor não obteve evidencias suficientes para a

comprovação desses registros); c) adverso (quando o auditor constata que os registros não

representam a exata posição patrimonial, não sendo suficiente o parecer com ressalva); ou d)

com abstenção de opinião (se houver limitação de escopo, ou seja, o auditor não obtiver

comprovação suficiente para fundamentar sua opinião).

A Constituição Federal de 1988 dispõe no seu artigo 197 que, devido à relevância

pública das ações e serviços de saúde, cabe ao poder público dispor, nos termos da Lei, sobre

sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou

através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Em setembro

de 1990, os hospitais universitários passaram a ser auditados periodicamente, pelo DENASUS

(Departamento Nacional de Auditoria do SUS1 instituído pela Lei n.º 8.080), que tem como

missão “realizar auditoria no SUS, contribuindo para qualificação da gestão, visando melhoria

1 Sistema Único de Saúde

10

da atenção e do acesso às ações e aos serviços de saúde". Dentre as sua atribuições, destaca-se

a de auditar e fiscalizar a regularidade dos procedimentos técnico-científicos, contábeis,

financeiros e patrimoniais praticados por pessoas físicas e jurídicas, no âmbito do SUS. Os

hospitais universitários também são auditados pelo Ministério Público, atendendo à denúncias

ou a critério da instituição.

2.6. Auditoria Interna

O crescimento das empresas, o grande volume de transações, o número elevado de

funcionários, a descentralização de responsabilidades, dentre outros, faz com que empresas de

diversos segmentos busquem novas formas de controle e gestão dos negócios. Cada vez mais

a Auditoria Interna está ganhando espaço junto à alta administração, no sentido de auxiliá-los

a identificar problemas e sugerir correções. Segundo Attie (2007, p.05),

Para que a auditoria seja aceita numa organização, é necessário que a empresa se tenha definido por uma política que vise à constituição de uma área de auditoria como um meio de fornecer aos administradores, em todos os níveis, informações para controlar as operações pelas quais tais administradores são responsáveis.

Attie (2007, p.07) completa que o objetivo da Auditoria Interna é “fornecer análise,

avaliações, recomendações, assessoria e informações relativas às atividades examinadas” aos

membros da administração. Para tanto, faz-se necessário a identificação de todos os

procedimentos e políticas da empresa, entender os sistemas contábeis e de controle interno.

O trabalho do auditor interno se desenvolve no sentido de: a) entender o processo de

construção da informação; b) verificar se a empresa age na legalidade, e se os sistemas

estabelecidos atendem às políticas previamente estabelecidas pela empresa através de

regulamentos; c) comprovar a existência real de ativos e identificar as formas de manutenção

dos mesmos; d) verificar a eficiência na aplicação dos recursos; e) entender os planos

pactuados e verificar se estão sendo executados de maneira coerente com o planejado; f) após

a conclusão de determinado trabalho, verificar se foram respeitadas as recomendações.

O auditor deve manter-se o mais independente possível no julgamento dos fatos

constatados. Essa independência não é sempre completa, porque o auditor interno é um

funcionário da empresa que depende financeiramente e recebe suporte na execução dos

trabalhos. O ideal, é que o setor de auditoria esteja subordinado ao mais alto nível hierárquico,

no sentido de evitar vícios no posicionamento dos auditores. Segundo Attie (2007, p.11), a

meta do auditor interno é “achar o maior grau de independência dentro das limitações

existentes no seu mundo real”, o que significa dizer que deve agir com imparcialidade,

integridade e objetividade.

11

A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC 986/03 – estabelece que,

A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos.” “A atividade de Auditoria Interna está estruturada em procedimentos com enfoque técnico, objetivo sistemático e disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios.

Segundo Cavalcanti (2003, p.29) “para atender à administração da empresa, seria

necessária uma auditoria mais periódica, com maior grau de profundidade e visando também

às outras áreas não relacionadas com contabilidade”. Sendo assim, entende-se que a Auditoria

Interna trabalha no sentido de ver onde a administração não consegue enxergar sozinha, e

assim, identifica problemas e aponta soluções de forma clara, concisa, objetiva e

fundamentada.

Preconiza a Resolução CFC 986/03 que o trabalho de Auditoria Interna deve ser

planejado de forma a identificar os riscos de auditoria, os procedimentos aplicáveis com suas

respectivas formas de aplicação, e o período demandado. Essa norma estabelece que:

O planejamento do trabalho de Auditoria Interna compreende os exames preliminares das áreas, atividades, produtos e processos, para definir a amplitude e a época do trabalho a ser realizado de acordo com as diretrizes estabelecidas pela administração da entidade.

Para Attie (2007, p.65), o planejamento permite a realização de “exame adequado e

eficiente”, facilita o “controle sobre o desenvolvimento do trabalho e sobre o tempo gasto

nele”, estabelece “racionalmente a extensão dos diversos procedimentos de auditoria”, e

“evita sobrecarga de trabalho”.

Marcelo (2003, p.154) afirma que “planejar significa estabelecer metas para que o

serviço de auditoria seja de excelente qualidade ao menor custo possível”, ou seja, o

planejamento permite programar a forma de execução dos trabalhos e mensurar os gastos para

a obtenção do objetivo esperado.

Ao auditor cabe a busca contínua de aprimoramento dos seus conhecimentos, sendo

isto uma condição natural para o bom desempenho das funções. Uma capacitação adequada e

contínua em programas de educação e treinamento possibilita que o profissional desenvolva

seus trabalhos com eficiência e eficácia, contribuindo para o resultado positivo da empresa e

para seu desenvolvimento pessoal.

Conforme Perez Junior (2006, p.19) destaca,

12

Ao longo da carreira, os profissionais envolvidos com as atividades de auditoria devem receber treinamento formal e informal que, aliado à prática, confira a adequada competência para a execução dos trabalhos compatíveis com sua categoria profissional.

A formação técnica do auditor é condição básica para a execução dos trabalhos;

segundo as normas usuais, o auditor precisa conhecer: a) os princípios de administração; b) as

normas e procedimentos na execução dos trabalhos; c) as técnicas e normas contábeis; d)

sobre economia, finanças, impostos, direito; d) de sistemas de processamento eletrônico de

dados; dentre outro conhecimentos.

Segundo Attie (2007, p.146), o processo de auditoria é representado por um ciclo que

gira em torno de uma afirmação. Após a afirmação é feito a análise, a avaliação e a obtenção

de elementos comprobatórios, então é possível formar uma opinião a respeito. No entanto

para se percorrer todo o ciclo, existem algumas técnicas utilizadas pelo auditor, são os

chamados procedimentos de auditoria.

Para que o auditor possa definir quais os melhores procedimentos a serem aplicados

em cada caso, objetivando apurar provas concretas que lhe propiciem condições para opinar,

deve levar em consideração a extensão, a profundidade e o momento certo para aplicação de

determinado procedimento.

Dentre os procedimentos de auditoria, Attie (2007, p.157) destaca como principais: a)

exame físico, para verificar a existência física do objeto em análise; b) confirmação, para

obter declaração formal e imparcial de pessoa independente à empresa referente fato em

análise; c) exame documental, para constatação da efetiva transação; d) conferência de

cálculos; e) exame da escrituração, para constatação da veracidade das informações contábeis;

f) investigação minuciosa, voltado para aprofundar o exame em determinada matéria

auditada; g) inquérito, que consiste na formulação de perguntas com o intuito de esclarecer

fatos; h) exame dos registros auxiliares, para comprovação da fidedignidade dos registros

principais; i) correlação das informações, identificado no sistema contábil de partidas

dobradas; j) observação, que depende muito do conhecimento, experiência e senso crítico do

auditor.

Todo o trabalho do auditor deve ser formalizado através de papéis de trabalho, esses

documentos são confidenciais, sendo o auditor o responsável pela guarda, pois servirão como

suporte para a emissão de opinião e para a elaboração do relatório final de auditoria. Para

Franco e Marra (2001, p.322) “a principal finalidade dos papéis de trabalho do auditor é a de

servir como base e sustentação da opinião do auditor”.

13

2.7 Controle Interno

O controle interno envolve as práticas da empresa na condução do seu negócio. Para

Attie (2007, p.183), o controle interno é “uma série de procedimentos bem definidos que,

conjugados de forma adequada, asseguram a fluidez e a organização necessárias para a

obtenção de algo palpável”. Já Franco e Marra (2001, p.267) afirma ser o controle interno,

Todos os registros, livros, fichas, mapas, boletins, papéis, formulários, pedidos, notas, faturas, documentos, guias, impressos, ordens internas, regulamentos e demais instrumentos de organização administrativa que formam o sistema de vigilância, fiscalização e verificação utilizado pelos administradores para exercer o controle sobre todos os fatos ocorridos na empresa e sobre todos os atos praticados por aqueles que exercem funções direta ou indiretamente relacionadas com a organização, o patrimônio e o funcionamento da empresa.

Logo o controle interno compreende todos os meios para se alcançar os objetivos

propostos pela empresa.

O grande interesse em se ter um controle interno eficiente, pertence à administração,

pois possibilita conhecer melhor a empresa, auxilia a tomada de decisão, através de bons

resultados gerados expressos em relatórios confiáveis. No entanto, há que se verificar a

relação custo/benefício da implantação de determinado controle, ou seja, é inviável o

dispêndio de recursos para se implementar determinado controle que não trará retornos à

administração.

Um controle interno eficiente é aquele estabelecido por empresa que possua uma

definição prévia das responsabilidades funcionais e segregação de função, além de sistemas

adequados para o controle dos ativos, e pessoal com boa qualificação técnico-profissional no

exercício de atribuições.

O objetivo do controle interno é propiciar que os gestores tenham ferramentas, para

gerir de forma eficiente as atividades da empresa e alcancem a eficácia no cumprimento de

sua missão. Segundo Attie (2007, p.189),

O controle interno tem quatro objetivos básicos: o a salvaguarda dos interesses da empresa; o a precisão e a confiabilidade dos informes e relatórios contábeis, financeiros

e operacionais; o o estímulo à eficiência operacional; e o a aderência às políticas existentes.

Conforme exposto, verifica-se que Auditoria Interna é diferente de Controle Interno. O

Controle Interno representa um conjunto de ações voltadas para geração de uma informação

confiável e para a condução eficiente das atividades da empresa. Já a Auditoria Interna,

funciona como uma assessoria à administração, validando a adequação dos controles internos

aos objetivos da organização, através de análises, avaliações, recomendações e comentários.

14

A Auditoria Interna identifica e sugere alterações e/ou correções que, se acatadas pela

administração, serão implementadas no Controle Interno.

15

3. ESTUDO DE CASO

3.1 A Instituição e Forma de Organização

O Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU) pertence à Universidade Federal de

Uberlândia. Ele foi criado como unidade de ensino para o ciclo profissionalizante do curso de

Medicina, da extinta Escola de Medicina e Cirurgia de Uberlândia. Inaugurado em 26 de

agosto de 1970, o hospital iniciou suas atividades em outubro do mesmo ano com apenas 27

leitos. Trinta e oito anos após sua inauguração, o HCU se transformou no único hospital

público de referência para média e alta complexidade, prestando atendimento para uma

população de quase três milhões de pessoas de 86 municípios do Triângulo Mineiro e do Alto

Paranaíba. Hoje com cerca de 500 leitos e mais de 3.000 (três mil) funcionários, o hospital

realiza por dia uma média de 2.659 atendimentos, sendo o maior hospital prestador de serviço

pelo Sistema Único de Saúde de Minas Gerais.

A sua missão é “desenvolver indissociavelmente e com qualidade, atividades nos

níveis de graduação, pós-graduação e educação continuada; promover atividades de pesquisa,

extensão, consultoria, administração e assistência a saúde; respeitar e subsidiar a elaboração

de princípios constitucionais do sistema público de saúde; participar da rede de saúde macro-

regional como referência dos diferentes níveis de atenção, preferencialmente de maior

complexidade”.

3.2 Organograma

Figura 1: Localização da Auditoria Interna na estrutura do Hospital de Clinicas

Fonte: Elaborado pelo Autor

Diretoria Geral

Auditoria Interna

Diretoria ClínicaDiretoria

AdministrativaDiretoria de

Enfermagem

Gerência de Finanças

Setor de Faturamento

16

A Auditoria Interna está subordinada apenas à mais alta hierarquia da instituição,

fortalecendo sua independência, tendo respaldo para atuação nas diversas áreas do hospital,

conforme demonstrado na Figura 1.

3.3 O Setor de Auditoria Interna

O setor de Auditoria Interna do HCU tem como objetivos principais: a) atender todas

as demandas de trabalhos de auditoria interna no âmbito hospitalar, solicitadas pela direção;

b) acompanhar o cumprimento do Contrato de Metas pactuado com o SUS, mediado pelo

gestor municipal; c) desenvolver modelos mais eficientes para controle e conferência das

informações financeiras.

Na gestão da qualidade dos serviços prestados, o setor procura atender todas as

demandas de auditoria de forma satisfatória e tempestiva, conforme planejamento dos

trabalhos.

No que se refere à sua relação com o setor de faturamento hospitalar, atua no sentido

de desenvolver modelos de controles, oferecer suporte na compilação dos dados, conforme as

necessidades apresentadas, e posteriormente, verificar a aplicação dos mesmos, bem como

sugerir melhorias.

3.4 O Setor de Faturamento

Os objetivos principais do setor de Faturamento do HCU são: a) buscar dados dos

prontuários médicos, transformando-os em informações para o faturamento hospitalar e

ambulatorial; b) analisar consistência dos dados faturados dentro da ética e normas do SUS; c)

promover treinamento, acompanhamento e integração com as áreas que geram os dados do

faturamento; d) buscar a melhoria contínua dos processos de trabalho através da geração de

idéias do grupo e compartilhamento das oportunidades de melhorias.

3.4.1 O Processo de Faturamento

Os faturistas analisam todos os prontuários médicos dos pacientes que tiveram

atendimento ambulatorial e/ou hospitalar, gerados dentro do mês de competência. O intuito é

extrair o máximo de informações possíveis referente aos procedimentos realizados e que são

passíveis de cobrança, de acordo com a legislação pertinente. Posteriormente é feita a entrada

de dados nos sistemas de faturamentos fornecidos pelo SUS. Estes dados são enviados à

Secretaria Municipal de Saúde (Gestor Municipal) que faz a sua consistência, validando-os

17

com informações cadastrais do hospital prestador (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde), com habilitações para realização dos procedimentos, com compatibilidades entre

procedimentos, dentre outros. Após a validação do faturamento, o gestor supre de

informações: a) o Fundo Nacional de Saúde – FNS que, por sua vez, efetua o repasse

financeiro ao respectivo prestador; b) o prestador através dos relatórios de acompanhamento

da produção aprovada e rejeitada; c) o DATASUS – órgão responsável pela disseminação da

informação de saúde no Brasil, conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2: Processo de Faturamento do Hospital de Clínicas

Fonte: Elaborado pelo autor

3.4.2 Relação Cliente/Fornecedor

No desempenho de suas atividades o setor de faturamento necessita de recursos

(insumos) e fornece produtos aos diversos setores, internos e externos, que possuem relação

direta ou indireta na gestão dos recursos financeiros do hospital.

A Tabela 1 demonstra os principais recursos necessários ao desempenho dos trabalhos

e os respectivos fornecedores:

Fornecedor InsumosSecretaria Municipal de Saúde Guias para Autorização de Faturamento Hospitalar e AmbulatorialSetor de Almoxarifado Material de Escritório, Relatório de Material ConsignadoSetor de Alta Laudos das admissões de internações hospitalaresSetor de Arquivo Prontuários para pesquisa de faturamentoSetor de Bioengenharia Serviços de Manutenção de EquipamentosSetor de Estatística Relatórios de Produção Hospitalar e AmbulatorialSetor de Rec. Humanos Escala de FuncionáriosSetor de Tecnologia Suporte aos Sistemas de Informações HospitalaresSetor Nosologia Prontuários codificados com o CID após alta médicaFonte: Prontuário Gerencial - Setor de Faturamento

Tabela 1

HCUEntrada de Dados

SMSSubsistemas de

Administração da Tabela de

Procedimentos

Relatórios:

DATASUSBase de dados

Nacional

Disseminação da Informação

FNS - MSEfetua a

remuneração pelos serviços de

saúde

- Acompanhamento da Programação Físico-Orçamentária- Produção (Aprovado/Rejeitado)

- Para Pagamento

18

A Tabela 2 demonstra os principais clientes e os produtos fornecidos pelo setor de

faturamento:

Principais Produtos ClientesRelatórios de Faturamento, Relatórios de Acompanhamento Contrato de Metas, Levantamentos especializados de faturamento

Diretorias, Gerências, Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, DATASUS, FNS, MEC, Setor de Estatística, Setor de Estatística, Setor de Regulação, Setor de Controladoria, etc.

Fonte: Prontuário Gerencial - Setor de Faturamento

Tabela 2

3.5 Melhorias com a implementação do Setor de Auditoria Interna

A atuação do Setor de Auditoria Interna junto ao Setor de Faturamento se pauta na

perspectiva de fornecer melhores condições de trabalho, criar ferramentas de controle que

permitam reduzir ao máximo o número de glosas (rejeições) nos procedimentos faturados,

aperfeiçoar e ampliar o nível de informações na gestão dos recursos financeiros e

acompanhamento do plano operativo pactuado com o gestor municipal (SMS).

O Setor de Auditoria Interna foi criado no início do ano 2005, após a assinatura do

primeiro contrato de metas com o gestor da saúde no município de Uberlândia. Com o passar

do tempo, nota-se um aumento no nível e no volume de informações necessárias à gestão e a

prestação de contas do convênio pactuado. Os diretores passaram a exigir informações mais

detalhadas que demandaram um maior nível de controle de banco de dados que possibilitasse

a extração de informações específicas.

Nesse sentido, o setor de Auditoria Interna atua de forma extremamente importante no

sentido de fornecer ferramentas para o controle do faturamento. Como o Sistema de

Informações Hospitalares, não atende toda a necessidade de tabulação dos dados enviados e

recebidos do gestor municipal, foram desenvolvidas diversas planilhas que possibilitaram o

controle e a identificação de falhas no processo de faturamento.

A atuação do setor de Auditoria Interna na implementação dos controles internos

possibilitou ao setor de faturamento:

a) Identificação antecipada dos valores faturados, separando os valores fixos

(independe da quantidade de procedimentos realizada) e variáveis (valores de

procedimentos que são recebidos por produção). Dessa forma foi possível identificar o

real valor a ser recebido e programar antecipadamente a utilização dos recursos

financeiros;

19

b) Elaboração de planilhas para a identificação dos valores aprovados e as rejeições do

faturamento, possibilitando a reapresentação junto com o faturamento do mês

seguinte;

c) Identificação de inconsistências no Cadastro CNES para prevenção de glosas;

d) Elaboração de planilhas para controle do faturamento ambulatorial e hospitalar.

Estas planilhas possibilitam a avaliação da eficiência dos diversos centros de custos e

o acompanhamento das metas físico-orçamentárias do Plano Operativo pactuado com

o SUS;

e) Elaboração de diversos relatórios financeiros para os clientes do setor de

faturamento, conforme demanda;

f) Redução dos controles manuais com a informatização do processo de controle do

faturamento;

g) Definição de responsabilidade na gestão da informação de faturamento através da

segregação de funções.

h) Aumento físico e financeiro no faturamento ambulatorial e hospitalar.

Quanto ao item “h”, diversos fatores influenciaram na evolução do faturamento do

Hospital de Clinicas de Uberlândia. Fatos como greve de servidores, períodos sazonais,

reajustes na tabela de procedimentos SUS, etc. No entanto sabe-se que a melhor gestão dos

controles de faturamento possibilitaram a redução de perdas de faturamento, além do aumento

na quantidade de procedimentos faturados. Assim, impactaram de forma considerável o

crescimento do faturamento, conforme demonstrado na Tabela 3:

AnoValor

Hospitalar Faturado

Valor Ambulatorial

Faturado

Valores Ambulatorias e

Hospitalares Faturados

2004 19.539.332,87 18.000.463,29 37.539.796,162005 26.416.223,67 18.007.569,80 44.423.793,472006 25.819.454,20 19.608.994,63 45.428.448,832007 29.744.284,41 20.489.500,52 50.233.784,932008 34.336.449,72 25.029.921,91 59.366.371,63

Fonte: DATASUS

Tabela 3 - Valores Faturados de 2004 a 2008

20

4. CONCLUSÃO

A pesquisa confirmou a hipótese de que a Auditoria Interna possui um papel

fundamental na avaliação e controle do faturamento, e na gestão financeira em hospitais

universitários. Neste estudo constatou-se que após a criação do setor de Auditoria Interna,

com foco direcionado especificamente para o controle financeiro do faturamento hospitalar,

foi possível monitorar de forma mais eficiente as informações de faturamento, bem como

fornecer melhores condições de trabalho, criando ferramentas de controle que possibilitem

reduzir as perdas de faturamento e ampliar o nível de informação para uma adequada gestão

dos recursos financeiros do hospital. A apropriada gestão dos recursos, possibilita aprimorar

as condições de atendimento aos usuários dos serviços de saúde e a estrutura de ensino

fornecidos pelos hospitais universitários. O controle interno bem estruturado permite aos

gestores, saber se os serviços de saúde estão sendo realizados conforme a missão da

instituição, e qual a contra partida aos altos custos hospitalares, ou seja, se todo o atendimento

está sendo faturado e recebido.

Desta forma, constata-se que o principal beneficiário desses resultados é a sociedade,

que passa a contar com um melhor e mais amplo atendimento nas unidades de prestação de

serviços de saúde.

21

5. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 2003.

ATTIÊ, William. Auditoria Interna.. São Paulo: Atlas, 2007.

ATTIÊ, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 1998.

BORBA, Waldir Ribeiro. Administração Hospitalar Princípios Básico. São Paulo, CEDAS, 1985.

CASTELAR, Rosa Maria; MORDELET, Patrick; GRABOIS, Victor. Gestão Hospitalar – Um desafio para o hospital brasileiro. Éditions École Nationale de la Santé publique. Versão brasileira, 1995.

CATELLI, A. Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras (Coord.). Controladoria: Uma abordagem da gestão econômica - gecon. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

COUTTOLENC, Bernard François; ZUCCHI, Paola. Gestão de Recursos Financeiros. São Paulo: Fundação Peirópolis, 1998.

DAVENPORT, Thomas H. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta na era da informação. Trad.: Bernadette S. Abrão. 4 ed. São Paulo: Futura, 1998.

FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil. São Paulo: Atlas, 2001.

http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 27 de jan. 2009.

http://sna.saude.gov.br. Acesso em: 30 de jan. 2009.

http://www.datasus.gov.br. Acesso em: 04 de fev. 2009.

KAPLAN, R. S. E COOPER Robin. Custo e Desempenho: Administre seus custos para ser mais competitivo. São Paulo: Futura, 2000.

MARTINS, Vidigal Fernandes. Desenvolvimento de modelo de resultados em serviços hospitalares com base na comparação entre receitas e custos das atividades associados aos serviços. Florianópolis, 2002. 117f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

MASCARENHAS, Rodolfo dos. A organização da assistência à saúde e da atenção médica como condicionamentos de saúde das comunidades. in: PARETA, José Maria M; Meira, Affonso R. D. ; ANDRETA JR. Carlos. Saúde da Comunidade: Temas de medicina preventiva e social. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1976: 95-117.

MAUDONNET, Renato. Administração Hospitalar. Editora Cultura Médica. Rio de Janeiro – RJ. 1988.

OLIVEIRA, Luís Martins de; FILHO, André Diniz. Curso Básico de Auditoria. São Paulo: Atlas, 2001.

PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Auditoria de Demonstrações Contábeis: normas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2006.