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FERNANDA DUARTE LOPES DA SILVA RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS DOS EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Tecnologia da Construção. Orientador: PROF. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D.Sc. Niterói 2009

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FERNANDA DUARTE LOPES DA SILVA

RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS DOS

EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Tecnologia da Construção.

Orientador: PROF. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D.Sc.

Niterói 2009

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FERNANDA DUARTE LOPES DA SILVA

RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS DOS

EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Tecnologia da Construção.

Aprovada em 27 de fevereiro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense – UFF

________________________________________________ Prof. ORLANDO CELSO LONGO, D.Sc. Universidade Federal Fluminense - UFF

________________________________________________

Prof. ARMANDO CELESTINO GONÇALVES NETO, D.Sc. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

________________________________________________

Profa. VÂNIA VEIGA RODRIGUES, D.Sc. Centro Universitário Plínio Leite - UNIPLI

Niterói 2009

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a Deus, pela

proteção,

Aos meus pais, Maria e Benedito, por

serem a fonte da minha inspiração,

Ao meu marido Marcelo, pela infinita

paciência e o imenso amor.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Carlos Alberto

Pereira Soares, que durante esse convívio, por sua

profunda experiência e competência, despertou

em mim a busca incansável pelo saber e

conhecimento.

À Profa. Vânia Veiga Rodrigues, minha

orientadora “de coração, de sempre”, pela ajuda

indescritível.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

Aos meus amigos de mestrado, pela ajuda

nos momentos difíceis e pelo incentivo para

seguir sempre em frente.

SUMÁRIO

SUMÁRIO...................................................................................................................................... 5

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................... 7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................................. 8

LISTA DE QUADROS.................................................................................................................. 9

RESUMO...................................................................................................................................... 10

ABSTRACT ................................................................................................................................. 11

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12 1.1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA ..................................................................................... 12 1.2 OBJETVOS ............................................................................................................................. 14 1.3 METODOLOGIA.................................................................................................................... 14 1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO.................................................................................... 15

2 PANORAMA ATUAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL............... .............................................. 17 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MACROCOMPLEXO DA CONSTRUÇÃO CIVIL.................. 17 2.2 O SUBSETOR EDIFICAÇÕES.............................................................................................. 22 2.3 MELHORIA DA EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS SISTEMAS PRODUTIVOS ............... 25

3 PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS E ARRANJO FÍSICO .................... 31 3.1 CONCEITUAÇÃO.................................................................................................................. 31 3.2 PLANEJAMENTO DE OBRAS............................................................................................. 34 3.3 PROJETO DO CANTEIRO DE OBRAS ............................................................................... 36 3.3.1 Tipologia das Instalações Provisórias ............................................................................... 44 3.3.2 Elementos que compõem um canteiro de obras............................................................... 45 3.3.3 Fatores a serem considerados na elaboração do projeto de arranjo físico do canteiro47

4 FATORES SIGNIFICATIVOS PARA O PLANEJAMENTO DO CAN TEIRO DE OBRAS ......................................................................................................................................... 50 4.1 SEGURANÇA NO CANTEIRO DE OBRAS ........................................................................ 50 4.1.1 Principais Causas dos Acidentes ....................................................................................... 52 4.2 GESTÃO AMBIENTAL E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL ................................................. 54 4.2.1 Gestão Ambiental no Canteiro de Obras ......................................................................... 55 4.2.1.1 Organização do Canteiro ................................................................................................... 56 4.2.1.2 Preparação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos ..................................................... 60

4.2.2 Produção Sustentável ......................................................................................................... 60 4.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS .............................................................................................. 61

5. A EXPERIÊNCIA FRANCESA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS................................................................................................................................... 64 5.1 GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS E CANTEIRO DE OBRAS: OS PRINCIPAIS ENVOLVIDOS ............................................................................................................................. 67 5.2 GESTÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: PREPARAÇÃO .................................................... 70 5.3 “CHANTIERS VERTS”: CANTEIRO DE OBRAS VERDES ............................................... 71

6 RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS D E OBRAS DOS EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL .. 73

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 105 7.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................... 107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 109

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Número de empresas de construção civil, segundo regiões geográficas do Brasil, 2006........................................................................................................................................................ 18 Figura 2: As três dimensões de gerência de projeto ...................................................................... 25 Figura 3: Esquematização do Arranjo Físico Posicional............................................................... 43 Figura 4: Relações típicas entre os envolvidos.............................................................................. 69 Figura 5: Esquematização da Proposta.......................................................................................... 73 Figura 6: Esquema de Interfaces dos Agentes Envolvidos ........................................................... 76 Figura 7: Esquematização da Fase de Planejamento de Obra ....................................................... 82 Figura 8: Esquematização da Fase de Planejamento do Canteiro de Obras.................................. 83 Figura 9: Exemplificação Etapa 1 ................................................................................................. 84 Figura 10: Exemplificação Etapa 2 85 Figura 11: Exemplificação Etapa 3 ............................................................................................... 86 Figura 12: Identificação dos Resultados........................................................................................ 91 Figuras 13, 14 e 15: Check-list de Avaliação................................................................................ 99

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CSTB Centre Scientifique et Technique du Bâtiment

DTU Document Techinique Unifiès

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

HQE Haute Qualité Environnementale

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO International Organization for Standarization

LCA Life Cicle Assesment

LEED Leadership in Energy and Environmental Design

LSF Light Steel Framing

NBR Norma Brasileira

ONG Organização Não-Governamental

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade Habitacional

PIB Produto Interno Bruto

SindusCon Sindicato da Indústria da Construção Civil

SLP Systema Layout Planning

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estrutura do Macrocomplexo da Construção Civil ...................................................... 19 Quadro 2: Principais Características da Indústria Fabril e de Construção Civil ........................... 22 Quadro 3:Novas formas de racionalização da produção............................................................... 26 Quadro 4: Tipos de Canteiros........................................................................................................ 39 Quadro 5: Classificação dos Acidentes de Trabalho..................................................................... 51 Quadro 6: Métodos de Treinamento............................................................................................ 101 Quadro7: Quadro Comparativo dos diferentes métodos de capacitação.....................................103

RESUMO

A globalização da economia, abertura do mercado nacional e privatização de estatais têm aumentado a exigência dos consumidores por produtos e serviços com qualidade compatível aos seus anseios e necessidades. No Setor da Construção Civil essas exigências contemplam produtos de alta qualidade comprovada e empresas que realizem suas atividades com respeito às questões ambientais e sociais. No entanto, é fundamental que as empresas construtoras, para o aumento do seu grau de competitividade, maximizem seus lucros por meio da otimização de custos, prazos e produtividade. O canteiro de obras, sendo a “fábrica” dessa indústria, apresenta todas essas questões envolvidas. Considerando todos esses fatores, é apresentado um conjunto de recomendações para o planejamento do canteiro, agrupados por fases e etapas, que consideram questões fundamentais como a gestão ambiental e a segurança e saúde do trabalhador, além das vantagens da utilização de sistemas construtivos industrializados.

Palavras Chaves: Canteiro de Obras, Sistemas Construtivos, Gestão Ambiental, Construção

Civil.

ABSTRACT

The economy globalization, national market opening and state companies’ privatization have raised the costumers’ products demand and services with compatible quality for their desires and needs. At Civil Construction Section those demands contemplate proved high quality products and companies that realize their activities with respect towards social and environmental issues. However, is crucial that construction companies, to raise their competitive level, maximize their profits through costs optimization, deadlines and productivity. The site arrangement being the company “manufacturer” show all those issues wrapped. Considering all those factors is showed a set of planned recommendations about the site arrangement, grouped in phases and stages, considering fundamental issues such as environmental management and worker’s security and health, besides the use of constructive industrialized systems advantages.

Key words: Site Arrangement, Construction Systems, Environmental Management, Civil

Construction.

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA

O setor de construção civil, quando comparado com os demais setores produtivos, é

normalmente citado como o de menor evolução tecnológica. A necessidade de mudanças que

propiciem a melhoria dos graus de produtividade tem demandado o desenvolvimento e

implantação de novas tecnologias que tem possibilitado a melhoria da competitividade, a

otimização dos lucros e o aumento da satisfação do cliente com relação ao produto final.

Segundo FRANÇA (2005) a ineficiência produtiva da construção civil resulta em

prejuízos ambientais, sociais, econômicos, os quais afetam diretamente a competitividade das

organizações e a qualidade de vida da humanidade.

Uma parte importante do processo de produção é o canteiro de obras, tratando-se de uma

estrutura organizacional dinâmica e flexível, já que ocorrem mudanças no decorrer da obra, além

de ser submetido, constantemente, a várias influências e fatores intervenientes. (FORMOSO et al.

2002).

O planejamento do canteiro de obras é uma ferramenta importante para o gerenciamento

da obra, pois afeta o tempo de deslocamento de trabalhadores e materiais e, conseqüentemente, a

execução das atividades e a produtividade total da obra. Neste contexto o canteiro de obras tem o

objetivo de propiciar a infra-estrutura necessária para a execução do projeto de edificação, por

meio dos recursos disponíveis. O canteiro é a base que pode tornar a execução mais eficiente e

eficaz, em função do projeto e da forma de gerenciar, além da sua organização e do seu arranjo

físico, que sofrem mudanças constantes (SILVA, 2007).

13

Durante a construção da obra ou projeto, o canteiro de obras assume características

variadas em função das fases da obra. Para que todas as atividades transcorram corretamente,

agregando valor ao produto final, algumas atitudes deverão ser tomadas, tais como: implantação

de políticas de qualidade, coordenação eficiente de fornecedores de materiais e empreiteiros,

utilização de um adequado processo de comunicação, um correto gerenciamento de atividades e

pessoas.

A produtividade pode ser prejudicada, segundo AMARAL (1995), pela ausência de

sistemas para a coleta de informações sobre a necessidade dos clientes; dificuldades de

interpretação do projeto pelas equipes de obra; falta de acompanhamento da obra por projetistas

para sinalizar possíveis problemas e evitar improvisações no canteiro de obras, já que ao se fazer

o planejamento executivo e o projeto para produção de uma obra, freqüentemente depara-se com

diferentes possibilidades de escolhas, com relação aos vários cenários que podem ocorrer na obra,

nas suas diversas atividades. A escolha por um determinado cenário terá uma série de

implicações quanto ao processo produtivo, sendo seus efeitos refletidos na organização da

produção, na produtividade do transporte e da mão-de-obra, como no consumo e desperdício dos

materiais aplicados.

Os custos são constantemente elevados pelas freqüentes perdas no canteiro. Vale ressaltar

que o conceito de perdas não deve ser associado unicamente aos desperdícios de materiais. Mas,

também, compreender que perda é qualquer ineficiência que reflita no uso de equipamentos,

materiais, mão de obra e meios de produção utilizados em quantidades superiores ao necessário à

produção da edificação. Além da execução de tarefas desnecessárias, como o retrabalho, que

geram custos e não agregam valor ao produto final (FORMOSO 2001). Essas perdas são

conseqüências de processos de baixa qualidade, que acarretam não só a elevação de custos, como

também um produto final deficiente, reduzindo, desta forma, seu potencial de comercialização.

Em geral, os recursos humanos são considerados como os principais responsáveis pela

baixa produtividade, pela ineficiência e pelos elevados índices de perdas dos materiais. Segundo

VARGAS (1996), a atual formação desse funcionário não é compatível com as exigências do

mercado, tornando-se imprescindível a conscientização dos empresários, dirigentes e

profissionais da construção civil para a necessidade da valorização e motivação, da qualificação

da mão-de-obra, bem como da melhoria das condições do ambiente de trabalho.

14

De acordo com HEINECK (1991), modificações radicais como a racionalização e

integração dos projetos, o uso de novas tecnologias, além de mudanças nas relações de trabalho

nos canteiros de obras, com a valorização do trabalhador, seu envolvimento e comunicação entre

pessoas, promoverão um avanço significativo no panorama da construção civil.

1.2 OBJETVOS

Este trabalho tem como objetivo principal a elaboração de recomendações para o

planejamento dos canteiros de obras dos empreendimentos do subsetor edificações da construção

civil brasileira, que contribuam para a otimização do sistema produtivo.

Destacam-se como objetivos específicos:

• a análise dos aspectos relacionados a segurança do trabalho no canteiro de obras;

• a análise dos aspectos relacionados a produção sustentável e a gestão ambiental;

• a análise dos fatores de segurança e motivação dos trabalhadores;

1.3 METODOLOGIA

Com a finalidade de atingir os objetivos propostos, inicialmente foram identificadas as

características e peculiaridades do setor da construção civil, do subsetor de edificações e dos seus

produtos.

Em seguida, foi efetuada pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo e exploratório,

sobre o planejamento dos canteiros de obras dos empreendimentos do subsetor edificações e

sobre fatores que influenciam este processo de planejamento, principalmente os relacionados ao

arranjo físico do canteiro de obras, a segurança do trabalho, a produção sustentável e a gestão

ambiental. Também foram pesquisados os métodos de gestão e organização de canteiros de obras

praticados na França, uma vez que diversos aspectos da construção civil brasileira se assemelham

aos da construção civil francesa.

Durante a pesquisa bibliográfica foi consultada produção científica específica e correlata

sobre o tema, encontrada sob a forma de teses, dissertações, livros, artigos em periódicos e

congressos pertencentes às Bibliotecas da Universidade Federal Fluminense e outras

15

universidades, bem como as constantes nas diversas bases de dados encontradas no site de

periódicos da CAPES e demais sites da Internet.

Fundamentado na pesquisa bibliográfica foram elaboradas recomendações para

planejamento dos canteiros de obras dos empreendimentos do subsetor edificações da construção

civil brasileira.

1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

O trabalho contém um corpo principal composto de 7 (sete) capítulos.

No presente capítulo aborda-se a apresentação da pesquisa, sua justificativa, relevância e

metodologia utilizada para o alcance das informações necessárias que contribuíram para o

embasamento da pesquisa proposta.

No capitulo II é feita uma caracterização da construção civil, por meio de dados

estatísticos, citando suas principais características e definições, traçando, assim, seu panorama

atual. No mesmo capitulo são feitos comentários sobre a racionalização da construção, definindo

seus principais conceitos e aplicabilidade. Em seguida, são realizadas considerações sobre a

Construção Enxuta, traçando suas principais características e definições, por meio do trabalho

realizado por KOSKELA, em 1992.

No capitulo III define-se o canteiro de obras e a importância de seu prévio estudo na

busca de melhores índices de produtividade e qualidade na produção de empreendimentos. São

apresentados os principais objetivos do canteiro em relação à segurança e motivação dos

operacionais. Também são abordadas definições encontradas na literatura especializada, sobre a

temática do planejamento de obras, apresentando sua extrema relevância na concepção de

canteiro de obras. Buscou-se nesse capitulo, a identificação das principais metodologias

utilizadas atualmente na concepção do projeto do canteiro de obras, além da análise dos

elementos fundamentais que o compõem e a elaboração do arranjo físico inicial.

No capitulo IV desenvolve-se a análise dos fatores mais relevantes no universo do

canteiro de obras. Considerados de extrema importância na formulação do arranjo físico do

canteiro de obras, foram analisadas questões referentes aos sistemas construtivos atuais, que

contemplam o que há de mais moderno no conceito de segurança, produção sustentável e gestão

ambiental. Neste capitulo também são feitas considerações sobre a importância da motivação e

16

segurança dos trabalhadores envolvidos na produção, exaltando os ganhos em qualidade de vida

no trabalho e, conseqüentemente, aumento na produtividade, na competitividade da empresa

diante do mercado consumidor e nos lucros.

No capitulo V, são analisadas as principais características da gestão dos canteiros de obras

franceses, visto que uma prévia análise de outros modelos de gestão, identificou que a gestão

francesa é a que apresenta maiores semelhanças com a realidade brasileira. Além disso, são

estudados os “Chantiers Verts”, suas características e modo de implantação.

No capítulo VI são apresentadas Recomendações para o Planejamento dos Canteiros de

Obras dos Empreendimentos do Subsetor Edificações da Construção Civil. São apresentadas

propostas, separadas por etapas e fases, que visam exercer uma contribuição para o planejamento

do canteiro, incluindo fatores importantes como a Gestão Ambiental e Gestão de Segurança do

Trabalho.

No capítulo VII é apresentada a conclusão do trabalho, após considerações sobre o

material estudado e reflexão sobre as atuais formas de construção que conseqüentemente

interferem na forma de implantação e gestão de canteiros, são identificadas algumas soluções

para a problemática apresentada na pesquisa.

2 PANORAMA ATUAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MACROCOMPLEXO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Sabe-se que a construção civil possui uma grande representatividade na economia do país.

De acordo com dados estatísticos, fornecidos pelo IBGE, a construção civil, considerando o

primeiro semestre de 2008, apresentou crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior no

mesmo período e representou, em 2007, 5,3% do PIB nacional, com faturamento de cerca de 115

bilhões de reais. Outro fato que merece destaque é que a construção civil vem sustentando, há 14

trimestres consecutivos, variações positivas em relação ao trimestre anterior. (CBIC, 2007).

A retomada do crescimento da construção civil apresenta um marco em 2007, com o

lançamento pelo Governo Federal do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Após

algum período de paralisação, o governo reformula as políticas de desenvolvimento do país, desta

forma, gerando expectativas econômicas para a retomada de investimentos fixos.

Esta iniciativa permitirá elevar as condições de competitividade nacional, além de melhorar os índices de desenvolvimento humano e criar as condições de sustentabilidade do crescimento ao multiplicar seus efeitos sobre a renda, o emprego e a arrecadação tributária da economia. (CBIC, 2007.p.9).

Este crescimento, também está diretamente relacionado à expansão dos setores

imobiliários, estimulados pelo aumento do crédito, redução de juros e dilatamento de prazos de

financiamento. A título de ilustração, o crédito imobiliário passou de R$ 2,3 bilhões em 2003,

para cerca de R$ 18 bilhões em 2007, ou seja, um crescimento de aproximadamente 800% (CBIC,

2007).

Outro dado importante é apresentado em pesquisa desenvolvida pelo Ministério do

Trabalho e Emprego, onde é identificado o melhor desempenho nos onze primeiros meses do

18

Setor de Construção Civil, com a geração de 202.636 novos empregos formais durante o ano de

2007.

No Brasil, a Indústria da Construção Civil encontra-se atuando em todo o território

nacional. Entretanto, as regiões Sul e Sudeste apresentam um maior índice de concentração. De

acordo com o IBGE (2006), por meio da Pesquisa Anual de Indústria da Construção – PAIC, o

país apresenta 109.000 empresas de construção civil.

47%

26%

5%6%

16% 1

2

3

4

5

Figura 1: Número de empresas de construção civil, segundo regiões geográficas do Brasil, 2006.

Fonte: TEIXEIRA e CARVALHO (apud, IBGE, 2006)

É importante acrescentar que a crise financeira mundial, a partir do mês de outubro de

2008, promoveu uma desaceleração na indústria da construção civil.

O macrocomplexo da construção civil abrange diversos segmentos, tais como: materiais

de construção, construção de edificações e construções pesadas, serviços imobiliários, serviços

técnicos de construção entre outros. A figura 1 apresenta a estrutura do macrocomplexo da

construção civil.

19

Quadro 1: Estrutura do Macrocomplexo da Construção Civil

Fonte: SOARES e CHINELLI (1998)

Um método para aferir a importância da construção civil na economia brasileira, é por

meio de sua contribuição relativa na formação do PIB, sendo que TEIXEIRA e CARVALHO

SETOR PRODUTOR DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE

INSUMOS NÃO METÁLICOS CONSTRUÇÃO PESADA

CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES

• Pedras (brita, mármore etc.) • Areia • Argila • Calcário • Amianto • Etc.

• Construção de Grandes Estruturas e Obras de Arte: vias elevadas, pontes, viadutos, túneis, metropolitanos, dutos, obras de telecomunicação e de energia elétrica etc.

• Construção de Edifícios: residenciais, industriais, comerciais, de serviços, governamentais, de caráter institucional não governamental, destinados a diversão, televisão e radiodifusão e de uso misto.

PRODUÇÃO DE INSUMOS METÁLICOS

• Obras de Urbanização e Saneamento

• Serviços de Construção: manutenção e recuperação de

• Esquadrias • Estruturas • Elementos de serralheria • Etc.

• Construção de obras viárias: rodovias, ferrovias, aeroportos, hangares, portos e terminais marítimos e fluviais etc.

Edifícios, montagem de pré-moldados e estruturas metálicas, reforço e concretagem de estruturas, demolições,

. serviços geotécnicos, etc.

PRODUÇÃO DE CIMENTO E INSUMOS DERIVADOS

• Serviços de Construção: montagem eletromecânica, de

• Cimento • Blocos • Pré-moldados • Etc.

pré-moldados e de estruturas metálicas, terraplenagem, ser-viços geotécnicos, perfurações, manutenção e recuperação de

obras de grande porte etc.

PRODUÇÃO DE ELEMENTOS DE CERÂMICA

• Tijolos e telhas • Azulejos e pisos cerâmicos • Materiais sanitários • Etc.

PRODUÇÃO DE INSUMOS DE MADEIRA

• Pranchas, aglomerados e compensados • Esquadrias • Etc.

SETOR DE CONSTRUÇÃO

MACROCOMPLEXO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

20

(2005), em estudo sobre o desenvolvimento da construção civil, consideram que o setor

posiciona-se em quarto lugar no ranking de contribuição ao PIB.

No mesmo estudo, os autores apresentam dados relevantes sobre a construção civil

brasileira atual, sendo:

• 94% do total de empresas de construção civil são formadas por micro e

pequenas empresas, que empregam até 29 trabalhadores.

• O setor também se destaca na contribuição para o nível de renda salarial,

representando 3% dos salários pagos aos trabalhadores brasileiros.

• 6º lugar em utilização de mão de obra, com 3,74 milhões de trabalhadores.

• O rendimento médio por trabalhador é de R$ 4.076,00 (não representando a

realidade da distribuição salarial).

• Apresenta um baixo índice de importação de produtos para sua produção, com

apenas 4,67% de participação.

• Elevada geração de tributos, ou seja, de cada R$1,00 empregado R$0,08

retornam aos cofres públicos; sendo que esse índice cresce, quando são

contemplados outros fatores intervenientes, podendo alcançar R$ 0,23, segundo

os autores mencionados.

De acordo com KURESKI (2008), a Construção Civil, nas primeiras fases do

desenvolvimento econômico, apresenta um crescimento maior do que outros setores com

crescimentos também relevantes. Isso ocorre em virtude do processo de industrialização e

urbanização por que passam alguns países.

Dessa forma, em países menos desenvolvidos, o desenvolvimento econômico leva ao aumento da participação da Indústria da Construção Civil no PIB. Em países em desenvolvimento, o aumento da renda per capita não resulta em aumento significativo na demanda por comida e roupas, mas por produtos industriais. Em uma segunda fase, uma nova elevação da renda per capita leva a um incremento da atividade de serviços, em detrimento da atividade industrial. Assim, tem-se uma ascensão da atividade industrial, seguida de um declínio. A atividade de serviços passa, nas economias avançadas, a ter maior participação no PIB. (KURESKI, 2008.p.25).

21

A Indústria da Construção Civil brasileira, conforme o SEBRAE (2008), apresenta as

seguintes características:

a- É grande geradora de empregos, com predomínio da utilização de mão de obra

de baixa qualificação. Apenas pequena parte desses trabalhadores possui um

emprego formal;

b- Seu crescimento é diretamente proporcional ao da evolução da renda interna e

condições de créditos;

c- Atinge níveis de produtividade e competitividade abaixo do padrão existente

nos países desenvolvidos, especialmente nos aspectos tecnológicos e de gestão;

d- Apresenta problemas quanto à padronização e normatização de técnicas,

materiais e componentes produtivo.

Contudo, de acordo com TRAJANO (1986), a construção civil, quando comparada com

os demais setores produtivos é fartamente citada como a que tem apresentado a menor evolução

tecnológica, principalmente em função de suas características. O quadro a seguir apresenta as

principais características da indústria fabril e de construção civil.

22

INDÚSTRIA FABRIL INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

PRODUTO • Quase sempre os mesmos • Móveis • Pequeno valor unitário

• Sempre diferentes • Imóveis e de grande porte • Grande valor unitário

LOCAL DE FABRICAÇÃO

• Um só local (fábrica) • Postos de trabalho fixos e produto se movendo • Arranjos semelhantes possibilitando estabelecer regras gerais

• Locais variados e temporários (canteiros de obra) • Componentes convergindo para um produto fixo • Arranjos diferentes e peculiares à cada obra

PRODUÇÃO • Produção mecanizada • Produção de linha • Operações repetitivas • Problemas de produção repetitivos ao longo da linha

• Produção predominantemente artesanal • Produção em situações variadas • Operações se alternam com o decorrer do tempo e evolução da obra • Problemas sempre diversos, função do espaço e do tempo

INSUMOS • Componentes Padronizados • Mão-de-obra qualificada

• Falta de padronização • Mão-de-obra pouco qualificada

Quadro 2: Principais Características da Indústria Fabril e de Construção Civil

Fonte: TRAJANO (1986)

2.2 O SUBSETOR EDIFICAÇÕES

O Subsetor Edificações apresenta métodos e técnicas próprias de produção conforme suas

características específicas. Os processos produtivos desse setor podem ser classificados em

tradicional, que apresenta bases artesanais de produção; convencional, que utiliza a mecanização

parcial do processo de produção; e industrializado, que possui mecanização geral do processo. A

construção civil brasileira utiliza, principalmente, a combinação dos métodos tradicional e

convencional. (FAMILIAR 2002).

A baixa qualificação da mão de obra é um aspecto bastante relevante na caracterização do

subsetor edificações, visto que a presença de profissionais (de nível médio e superior) sem

experiência prática e trabalhadores não qualificados profissionalmente acarreta, na maioria dos

casos, dificuldades no processo construtivo. O canteiro de obras, que é a fábrica desse subsetor,

também contribui com essas inadequações. O fluxo do processo é comprometido, pois o produto

final por ser imóvel, implica em uma “fábrica” dinâmica, que se adapte conforme a evolução do

23

processo produtivo. Esses fatos acarretam dificuldades na continuidade, padronização e

repetitividade da produção gerando problemas de flexibilidade.

Porém, nas últimas décadas foram identificadas mudanças tecnológicas e organizacionais

na indústria da construção civil, que contribuíram para a modernização do setor. FAMILIAR

(apud DACOL, 1996) afirma que essas inovações ocorreram na introdução de novos sistemas

estruturais e de vedação nos canteiros de obras, no setor estatal e identificaram-se três tendências

principais, no setor privado: a transferência de parte do processo produtivo do canteiro de obras

para o setor de produção de materiais de construção; a terceirização de etapas do processo

produtivo e a busca pela maior eficiência do processo produtivo, uma vez que aumentou a

concorrência devido à retração do mercado.

Vale salientar que estratégias de racionalização, sistemas de gerenciamento e programas

de qualidade foram adotados na última década por empresas construtoras visando a melhoria de

qualidade e produtividade de seus empreendimentos.

Esses empreendimentos podem ser caracterizados em conjuntos de atividades fora da

rotina de trabalho visando o alcance de determinados objetivos definidos conforme os interesses

da empresa. Esses empreendimentos possuem início, meio e fim, e o planejamento de sua

produção inclui, entre outros, a previsão de recursos financeiros e humanos, e estabelecimento de

prazos e da qualidade que se pretende alcançar.

Conforme LIMER (1987) o empreendimento desenvolve-se através das seguintes fases:

concepção, planejamento, execução e finalização. Cada uma dessas fases tem características

próprias e por conseqüência, necessidades gerenciais específicas.

A fase de concepção é o momento em que são concebidas e avaliadas as características do

empreendimento. São identificadas as necessidades, a viabilidade técnica econômica, além do

desenvolvimento de propostas, orçamentos, entre outros.

A fase de planejamento é o plano tático do empreendimento. São desenvolvidos os

projetos básicos, projeto dos sistemas de construção, planejamento detalhado de custos, recursos

humanos, materiais, além da obtenção de aprovação para a fase de execução.

A fase de execução é o plano operacional. Nesta fase é elaborado o projeto detalhado e

estabelece-se a estrutura organizacional para o gerenciamento.

24

A fase de finalização é a fase de encerramento do empreendimento. São características

desta fase a pré-operação e manutenção, desmobilização de recursos e realocação dos membros

da equipe de execução.

Os empreendimentos do subsetor edificações apresentam diversas atividades de grande

complexidade durante seu planejamento e execução, exigindo um gerenciamento de trabalho

multidisciplinar e especializado. FAMILIAR (2002) baseada em DINSMORE (1992) identifica

três formas de interação entre as atividades de planejamento do empreendimento, são elas:

1-Elementos do Projeto: Esta dimensão define os elementos básicos que compõem

o projeto: Engenharia ou projeto de engenharia que consiste em atividades onde

são desenvolvidos os projetos; Aquisição de materiais e equipamentos

necessários à construção do projeto; Construção ou instalação que é a

materialização do modelo criado na engenharia utilizando os materiais e

equipamentos da aquisição.

2-Desempenho do Projeto: Essa dimensão especifica os níveis de desempenho, são

estabelecidos os recursos financeiros necessários ao empreendimento, o prazo

que delimita o tempo de execução do empreendimento e a qualidade que dita os

limites de desempenho do produto final.

3-Ferramentas de Gerência do Projeto: Essa dimensão elabora o planejamento da

seqüência do trabalho e a programação para que os recursos sejam otimizados;

o controle que monitora os progressos com relação ao planejamento; e a

avaliação que trata os desvios entre o realizado e o planejado em termos de

medidas corretivas.

A figura abaixo representa essas três dimensões:

25

Figura 2: As três dimensões de gerência de projeto

Fonte: FAMILIAR apud DINSMORE (1992)

2.3 MELHORIA DA EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS SISTEMAS PRODUTIVOS

É notório que os processos de produção da Construção Civil, em geral, são conservadores

e ultrapassados implicando na necessidade de mudanças por parte das empresas, para que o setor

alcance um grau de excelência que satisfaça um mercado consumidor cada vez mais exigente e

competitivo.

A globalização da economia, abertura do mercado nacional e privatização de estatais

aumentou a exigência dos consumidores por produtos e serviços com qualidade compatível aos

seus anseios e necessidades. As empresas construtoras buscaram atender aos padrões

internacionais de qualidade, principalmente após a década de 90 quando o Governo Federal, a

partir da Portaria nº 134 de 18.12.98, do então Ministério do Planejamento e Orçamento, lançou o

Programa de Qualidade e Produtividade Habitacional – PBQP-H, hoje Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade no Habitat, especificamente o Projeto nº 4, dedicado à Construção

Civil.

26

MAIA (2003) atribui essas mudanças a acontecimentos como transformações

macroeconômicas ocorridas no país e a retração de investimentos no setor, após a década de 1980,

incluindo o acirramento da concorrência entre as empresas construtoras, além da criação e

implantação do Código de Defesa do Consumidor, no qual o consumidor exige maior qualidade

da construção, pois passou a ter conhecimentos dos seus direitos garantidos por lei.

Essa nova exigência dos consumidores acarretou um aumento da competitividade das

empresas construtoras. Qualidade, produtividade, redução de desperdícios são alguns dos fatores

que determinam o diferencial da empresa no mercado consumidor, destacando-se a qualidade

com um quesito inegociável.

Diversas estratégias têm sido utilizadas pelas construtoras, porém nem sempre adequadas,

dentre outras, cita-se a intensificação da jornada de trabalho, cansando muitas vezes o trabalhador

e o induzindo a erros e a utilização de materiais de construção de baixa qualidade.

Segundo OLIVEIRA (apud FARIAS FILHO, OLIVEIRA E BRITO, 1998) a definição de

competitividade é dada por: “Capacidade da empresa de formular e implementar estratégias

concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição

sustentável no mercado”.

Atualmente, encontram-se na construção civil diversas formas de racionalização da

construção que permitem maior participação das empresas no mercado, seja na redução de custos

operacionais ou diferenciação perante o mercado consumidor. SILVA (2000) explica algumas

estratégias para essa racionalização:

NOVAS FORMAS DE RACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃOESTRATÉGIA COMPETITIVA

CUSTO DIFERENCIAÇÃO

ENGENHARIA SIMULTÂNEASÓCIO-TÉCNICAGESTÃO PELOS FLUXOS E PARCERIASTÉCNICO COMERCIAL

QUALIDADE TOTALREDUÇÃO GLOBAL DE PRAZO SOFERTA DE SERVIÇOSFINACEIRA-COMERCIAL

Quadro 3:Novas formas de racionalização da produção

Fonte: Adaptado de SILVA (2000).

27

• Engenharia Simultânea – Forma de racionalização centrada nas relações entre

empresas, projetistas, e empresas de gerenciamento com a integração de todos

desde a concepção do projeto até o final da execução.

• Sócio – Técnico - Racionalização centrada no sistema de produção, buscando a

ganho de custos com o domínio das técnicas e métodos construtivos, com uma

atenção especial na mão-de-obra.

• Gestão pelos fluxos e parcerias – Nessa estratégia a busca-se a externalização da

produção com uso principalmente de mão-de-obra sub-contratada.

• Técnico Comercial – Nessa forma de racionalização são usadas estratégias

alternativas de financiamento, um exemplo, segundo SILVA (2000) trata-se do

caso de empresas que adotam a estratégia de autofinanciamento, exigindo, desta

forma, um aumento de prazos das atividades do canteiro e um espaço mínimo

para as operações. No entanto, é necessário que a empresa tenha excelência no

planejamento, programação e controle da produção, com a contínua

retroalimentação dos dados apropriados durante a execução, contemplando,

deste modo, fatores imperativos, como custo, prazo e qualidade.

• Qualidade – Total – Atração de novos clientes, usando a racionalização,

constituída de processos produtivos mais eficientes e eficazes nos prazos globais

de produção das atividades e, conseqüentemente do empreendimento.

• Redução Global dos Prazos – Racionalização que atrai clientes devido a forma

de condução do processo de produção que permite ganho de tempo ou redução

globais dos prazos de produção.

• Oferta de Serviços – Atração de novos clientes com a oferta de serviços

inovadores ou incrementais, dentre outros, ao longo do processo de produção.

• Financeira – Comercial – Possui a mesma base racionalização Técnico-

Comercial, porém com o objetivo de tornar possível a aquisição de unidades

possíveis na compra.

Também são importantes os estudos referentes à Construção Enxuta. De acordo com

RODRIGUES (2006, apud FORMOSO, 2006), a partir dos anos 90, estudos acadêmicos,

desenvolvidos no país e no exterior, objetivam a construção de um novo referencial teórico para a

gestão de processos na construção civil. Esses estudos têm como objetivo a adaptação de alguns

28

conceitos e princípios gerais da área de Gestão da Produção às peculiaridades do Setor. Este novo

conceito, denominado Lean Construction, está fortemente baseado nos princípios gerais da Lean

Production (Produção Enxuta), que por sua vez se contrapõe aos pensamentos de produção em

massa (Mass Production) preconizados pelo Taylorismo e Fordismo.

Com a publicação do trabalho Application of the new production philosophy in the

construction industry desenvolvido por Lauri Koskela, em 1992, do Technical Research Center –

VTT, da Finlândia, iniciou-se na Indústria da Construção Civil um esforço para a disseminação e

aplicação da mentalidade enxuta em sua forma de produção.

Segundo RODRIGUES (2006) a principal diferença entra a filosofia gerencial tradicional

e a Lean Construction é basicamente conceitual. A filosofia do modelo tradicional, na construção

civil define a produção como um conjunto de atividades de conversão, que transformam os

insumos (materiais, informação, etc) em produtos intermediários enquanto que um aspecto

relevante da Construção Enxuta é a definição de geração de valor. Neste tipo de modelo, o

conceito de valor está diretamente relacionado à satisfação do cliente. Assim, um processo

somente gera valor quando as atividades de processamento transformam as matérias-primas ou

componentes em produtos requeridos pelos clientes.

Outra característica importante desse tipo de modelo é a existência de um fluxo na

produção (além do fluxo de montagem e dos fluxos de materiais e informações) denominado

fluxo de trabalho. Este fluxo refere-se ao conjunto de operações realizadas por cada equipe dentro

do canteiro de obras.

Com base no trabalho apresentado por KOSKELA (1992), são observados os seguintes

princípios para a gestão de processos com os conceitos da Construção Enxuta:

• Redução da parcela de atividades que não agregam valor: Além da eficiência das

atividades de conversão e de fluxo, a maximização de resultados pode ser obtida

com a eliminação de algumas atividades de fluxo que não acrescentam valor.

• Aumento do valor do produto por meio da consideração das necessidades dos

clientes: Devem ser identificadas precisamente as necessidades dos clientes

internos e externos, sendo estas informações consideradas no projeto do produto

e na gestão da produção.

29

• Redução de Variabilidade: Podem estar relacionadas aos fornecedores do

processo (Processos anteriores) ou relacionada á execução de um processo.

• Redução do tempo de ciclo: Esse princípio tem origem na filosofia Just in time.

Sendo o templo de ciclo definido como a soma de todos os tempos (transporte,

espera, processamento e inspeção) para produzir um produto, este princípio

demonstra a necessidade de compressão do tempo disponível como forma de

eliminação das atividades de fluxos desnecessárias.

• Simplificação por meio da redução do número de passos ou partes: Princípio

utilizado freqüentemente no desenvolvimento de sistemas construtivos

racionalizados.

• Aumento de flexibilidade de saída: Referente à possibilidade de alteração das

características dos produtos entregues aos clientes, sem aumento significativo

nos custos dos mesmos.

• Aumento de transparência do processo: Com a transparência dos processos, a

identificação dos erros torna-se mais fácil. Além do aumento da disponibilidade

de informações, facilitando o trabalho.

Conforme OLIVEIRA (2003) na Indústria da Construção Civil ocorre a busca por

técnicas e métodos utilizados na indústria fabril, para adaptá-los e aplicá-los no canteiro de obras.

Procura-se seguir normas e padrões para tentar prever eventuais mudanças e conseguir uma

reação imediata. Agregando valores sem aumentar custos ao produto final, aumentando assim o

poder de competitividade.

Segundo FRANÇA et al. (2005), “a ineficiência produtiva da construção civil resulta em

prejuízos ambientais, sociais, econômicos, os quais afetam diretamente a competitividade das

organizações e a qualidade de vida da humanidade”.

É de extrema importância os estudos de diversos pesquisadores que procuram a

aproximação da forma de produção da edificação com um tipo de produção industrializada, com

a existência de modulação de projetos, materiais e componentes, buscando também a

racionalização, gestão de qualidade, entre outros. (FERREIRA, 1998).

30

A transformação da Indústria da Construção Civil em um processo industrializado conta

com uma série de peculiaridades que intervém nas várias etapas do processo construtivo, não

possibilitando a produção em série, pois as sucessivas mudanças das condições de implantação de

canteiros, de tipo de obra e de pessoal, as multiplicidades de materiais, componentes e

tecnologias utilizadas são características especiais desse setor.

De acordo com MEIRA (2000), modificações radicais como a racionalização e integração

dos projetos, o uso de novas tecnologias, além de mudanças nas relações de trabalho nos

canteiros de obras, com a valorização e motivação do trabalhador, seu envolvimento e

comunicação entre pessoas promoverão um avanço significativo no panorama da construção civil.

OLIVEIRA (2003) afirma que uma característica da construção industrializada é a

determinação de cada passo construtivo ainda na fase do projeto, sem que possa haver alterações

com a obra em andamento, pois sendo o sistema integrado, os problemas não poderão ser levados

para o canteiro, assim, uma nova proposta de produção interfere diretamente nos trabalhos e

atividades executadas no canteiro de obras.

Assim sendo, é de extrema importância lembrar que avanços tecnológicos são eficientes e

eficazes, quando o aumento da produtividade, motivação e segurança do operacional, meio

ambiente do trabalho e meio ambiente global são respeitados e caminham de forma integrada e

em parceria.

3 PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS E ARRANJO FÍSICO

3.1 CONCEITUAÇÃO

A fábrica da construção civil é o canteiro de obras, que possui como características

principais: locais variados e temporários, componentes convergindo para um produto fixo e

arranjos diferentes e peculiares para cada obra. O canteiro de obras de uma construção e

composto de diversos elementos, sendo estes definidos a partir do sistema de produção

estabelecido.

A literatura especializada sobre o tema, conceitua o canteiro de obras como as áreas de

trabalho, fixas e temporárias, destinadas à execução e apoio das atividades da industria da

construção civil. Essas áreas podem ser divididas em espaços operacionais e espaços de vivência.

MAIA (2003) vê o canteiro de obras como o local onde estão todos os recursos de

produção (mão de obra, materiais e equipamentos) locados de modo que proporcione o apoio e

realização adequada aos trabalhos de construção, considerando os requisitos de gestão,

racionalização, produtividade e segurança dos trabalhadores. Além desses fatores, o canteiro de

obras compreende as áreas em torno da edificação (contidas dentro limites do terreno), as áreas

dentro da própria edificação e os demais locais destinados ao apoio e à realização dos serviços

ligados à execução da obra.

Assim, o canteiro de obras contém um tipo de estrutura organizacional bastante dinâmica

e flexível. Durante o desenvolvimento do edifício, o canteiro de obras assume características

distintas em função dos operários, empresas, materiais e equipamentos presentes nele. O projeto

do canteiro de obras é o serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição

do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias, e das vias de

circulação, necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase

32

da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do

empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores, e

execução racionalizada dos serviços.

Planejar, no universo da construção civil, pode ser definido como o ato de preparação para

qualquer tipo de empreendimento, por meio de roteiros e métodos determinados, tendo em vista

os objetivos a serem alcançados.

Planejar é, pois, pensar antes de agir, levar o futuro em consideração, olhar para frente, refletir sobre o futuro, não passivamente, mas preparando-se para o inevitável, prevenindo o indesejável e controlando o que for controlável. Planejar é o oposto de improvisar: é não se deixar levar pelas circunstâncias (...). Planejar, em oposição envolve, fazer acontecer. (YÁSIGI, 2000.p.102).

No âmbito do canteiro de obras, entende-se que o processo de planejamento visa à

obtenção da melhor utilização do espaço físico disponível, possibilitando que trabalhadores e

equipamentos executem suas tarefas com segurança, eficiência e eficácia.

O projeto de canteiro representa uma ferramenta de extrema importância no

gerenciamento da obra, pois afeta o tempo de deslocamento de trabalhadores e materiais e

conseqüentemente na execução das atividades e da produtividade total da obra. Assim, o canteiro

de obras tem o objetivo de propiciar a infra-estrutura necessária para a execução de um edifício

utilizando os recursos disponíveis, sendo este a base que pode tornar a execução mais eficiente e

eficaz, em função do projeto e da forma de gerenciar, além da sua organização e do seu arranjo

físico (SILVA, 2007).

O projeto do canteiro de obras, portanto, deve incorporar os requisitos de produção,

exigidos pelas inovações tecnológicas introduzidas, contribuindo assim, para a melhoria do

processo de produção do edifício, por meio da organização e do adequado posicionamento dos

elementos do canteiro, e dos recursos necessários para a produção.

Os projetos para produção e de canteiro são os instrumentos que permitem a construtora planejar e desenvolver eficientemente a logística no canteiro de obra. As informações neles contidas subsidiam o planejamento, a operação e a verificação das atividades logísticas na construção de edifícios (abastecimento, armazenamento, processamento disponibilização de recursos materiais), informando quando, onde e como as atividades de produção serão realizadas, indicando a quantidade de insumos a ser utilizada em cada etapa, permitindo a

33

programação da mão-de-obra e auxiliando no desempenho do sistema de informações. (OLIVEIRA, 2003.p98.)”.

Para SILVA (2000) a logística de canteiro está relacionada com o planejamento e gestão

de fluxos físicos e de informações relevantes na execução das atividades dentro do canteiro. O

autor também define as principais gestões que deve ocorrer no canteiro de obras que inclui: a

gestão do fluxo físico ligado à execução; gestão de interface de agentes que interagem no

processo de produção de uma edificação e gestão física da praça de trabalho.

Visando uma correta utilização do espaço disponível, para um melhor aproveitamento de

operários e máquinas envolvidos na produção, o planejamento do canteiro de obras deve atingir

objetivos divididos em duas categorias principais, segundo SAURIN e FORMOSO (2006) apud

TOMMELEIN (1990):

• Objetivo de alto nível – O canteiro opera de forma eficiente e segura, mantendo

alta a motivação dos funcionários, por meio de condições de trabalho adequadas

referente ao conforto e segurança.

• Objetivo de baixo nível – O foco principal é a minimização de distâncias de

transporte, tempos de movimentação de pessoal e materiais, manuseios de

materiais.

Não existe uma fórmula com uma solução rápida e fácil para a elaboração do arranjo do

canteiro de obras, visto que cada projeto consiste em um evento novo e único, porém por meio de

pesquisas desenvolvidas e análise de experiências passadas, estudiosos apresentam alguns

critérios básicos para o desenvolvimento do projeto do canteiro. O bom senso e a adequação às

condições e características do terreno e da obra ainda é um fator determinante para o adequado

planejamento e funcionamento das instalações do canteiro de obras. RODRIGUES (2005)

acrescenta que para a definição do melhor posicionamento das instalações, na maioria das vezes,

é utilizada a experiência pregressa do gerente da obra.

Alguns atores exemplificam o assunto como um caso de otimização combinatória discreta,

ou seja, se forem considerados “n” unidades de apoio, o número de arranjos possíveis para o

canteiro de obras será de “n!”. Portanto, para um adequado planejamento do canteiro de obras, é

necessário escolher dentre os arranjos possíveis aquele que melhor atende a execução das

atividades da obra.

34

3.2 PLANEJAMENTO DE OBRAS

As atividades de construção do empreendimento devem ser cuidadosamente definidas

para que se possam projetar o canteiro de obras. O setor responsável pela gestão de processos

determina metas, objetivos, além de meios (equipamentos e mão de obra) e caminhos (fluxo da

produção) necessários para a execução. Essa etapa no processo de produção é definida com a

participação de diversos agentes que atuam diretamente na obra, tendo como resultado

documentos e planos das decisões tomadas.

Em alguns casos, o estudo do planejamento da obra e do canteiro no próprio local de

implantação e com a participação dos envolvidos tem como objetivo, além de evitar decisões

unilaterais pela equipe de produção no momento de execução, agregar valores, visto que a

experiência e conhecimentos práticos são de grande ajuda no aumento de informações para as

equipes que elaboram o projeto do canteiro de obras.

Essas equipes geralmente são formadas pelos principais subempreiteiros, fornecedores,

engenheiros de planejamento, mestre-de-obras, engenheiros residentes. (SILVA, 2000).

VALADARES (2004) acrescenta que planejar demanda muito tempo para sua elaboração,

requisitando profissionais com larga experiência específica, representando um trabalho árduo,

mesmo para aqueles de considerável experiência. Portanto, quando elaborado somente no

escritório por equipes afastadas dos problemas a serem enfrentados no dia a dia da obra,

certamente conterá imperfeições, sendo recebido com reservas por aqueles que não puderam

participar.

De forma prática e direta, VALADARES (2004) propõe os seguintes questionamentos,

que deverão ser realizados antes da inicialização do planejamento do canteiro de obras:

• O que será produzido – Produtos e serviços resultantes das atividades.

• Quantidade que deverá ser executada – Quantidade de serviço que pode ser

expressa em volume, peso, número de peças, etc.

• Qual o período de tempo para execução – Tempo de duração dos serviços, com

data de início e término previstos.

35

• Quais as condições gerais de trabalho – Análise de localização da obra ou

serviço quanto às dimensões, análise de acessos, meios de transportes, condições

climáticas, mão de obra, recursos como água, esgoto, energia elétrica,

combustível, suprimentos, comunicações.

Também é necessário conhecer o tipo de execução da obra, definindo em seguida as

operações e os centros de produção e vivência de forma adequada e integrada ao processo de

produção.

SILVA (2000) baseado em CARDOSO (1996) exemplifica onze etapas para o

planejamento da construção, sendo:

1.Constituição de equipes de preparação e acompanhamento

2.Compreensão e revisão da estrutura do empreendimento (Definição de fases de

execução, início das obras e comunicação com redes de concessionárias)

3.Elaboração de um macro-planejamento de execução

4.Definição de princípios e organização e comunicação entre envolvidos

5.Revisão dos projetos e identificação de pontos críticos (identificação de

quantitativo de materiais, equipamentos, mão de obra em cada fase da obra).

6.Elaboração dos projetos de produção e cronograma de execução

7.Síntese das atividades críticas e momentos de controle externo e interno.

8.Levantamento de interfaces técnicas e organizacionais entre serviços

9.Elaboração do projeto de canteiros.

10. Elaboração de documentos de suporte e planejamento de execução.

11. Aprovação de estudos realizados, divulgação e treinamento de mão de obra.

Além da elaboração detalhada dos objetivos, recursos e atividades que serão necessárias

para a execução, deverão ser cuidadosamente analisadas as características do local onde será

implantada a construção, pois o tamanho das instalações do canteiro e a rede de transportes

vertical e horizontal serão projetadas de acordo com o espaço físico disponível, localização da

obra e sistemas construtivos, dentre outros.

Vale ressaltar que constantemente essa etapa do planejamento é descartada, seja por falta

de cultura, pelo fato dessa etapa dificilmente ser remunerada, ou pelo prazo curto para execução,

que impede uma dedicação de tempo adequada a essa atividade. Com essa negligência algumas

36

decisões importantes são tomadas no decorrer do processo de produção e alguns requisitos

necessários de organização e segurança não são corretamente utilizados.

Esse fato é abordado por SAURIN; FORMOSO (2006.p 45.), que

embora seja reconhecido que o planejamento do canteiro desempenha um papel fundamental na eficiência das operações, cumprimento de prazos, custos e qualidade da construção, os gerentes geralmente aprendem a realizar tal atividade somente através da tentativa e erro, ao longo de muitos anos de trabalho.

TOMMELEIN (Apud SAURIN, FORMOSO 2006) conclui que raramente ocorre um

método definido de planejamento do canteiro, constatando por intermédio de pesquisas que os

gerentes de obra elaboram seu plano baseado na experiência empírica, no senso comum e na

adaptação de projetos anteriores para as situações atuais.

Segundo HEINECK apud LIBRELOTTO (2000) são conhecidos através de estudos de

canteiros de obras uma série de atitudes gerenciais que levaram a melhoria do desempenho do

esforço construtivo, assim como também foram desenvolvidas muitas técnicas de análise e

medição do trabalho que potencialmente diminuem o desperdício, a imobilização de capital, o

conteúdo de mão-de-obra das tarefas, a dispersão do esforço produtivo e os retrabalhos. Estas

estratégias envolvem: programação da obra; gestão clássica da produtividade; organização do

posto de trabalho, motivação e treinamento de recursos humanos; e a adoção de novas

tecnologias e procedimentos de trabalho.

3.3 PROJETO DO CANTEIRO DE OBRAS

Após a elaboração do planejamento da obra, tem início o processo de elaboração do

projeto do canteiro de obras, FERREIRA E FRANCO (1998) define essa fase como:

o projeto do canteiro de obras é o serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias, das vias de circulação necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores.(FERREIRA E FRANCO, 1998.p58.)

37

Segundo VALADARES (2004) o projeto de canteiro de obras pode ser sintetizado nas

seguintes etapas:

1.Definição das instalações fixas: as centrais de preparação ou transformação de

materiais

2.Definição das instalações móveis: veículos, guindastes, gruas e outros

equipamentos móveis.

3.Identificação de infra-estrutura: vias de acesso, circulação de pessoas,

equipamentos e materiais.

4.Definição de alojamentos, oficinas, depósitos, escritórios, etc.

5.Identificação de abastecimento de energia elétrica, água, etc.

6.Análise do projeto detalhado para a execução

7.Estabelecimento das equipes de construção e sua estrutura de trabalho

8.Estabelecimento dos meios de gerenciamento e controle da obra.

Cada tipo de execução adotada apresenta uma técnica e, logo, um determinado processo

para a execução que influencia diretamente o tipo de canteiro que será planejado. O custo de cada

alternativa deverá ser cuidadosamente analisado e selecionado.

O projeto do canteiro de obras visa o melhor aproveitamento da área disponível para sua

implantação e apoios das atividades de construção. De acordo com a literatura especializada a

otimização de um canteiro de obras consiste em setorizar e organizar espacialmente a forma de

arranjar e dispor os materiais, funcionários, equipamentos e instalações necessárias ao processo

de produção fazendo ocorrer a devida realização de cronogramas de execução e racionalizando os

recursos materiais (insumos, equipamentos e ferramentas), recursos humanos e financeiros.

Na literatura corrente encontram-se diversas ferramentas para a elaboração do projeto de

canteiro de obras. SILVA (2000), por exemplo, propõe o uso da ferramenta SLP (Systemat

Layout Planning) desenvolvida por MUTHER (1998). Esse plano é formado por quatro etapas

gerais: localização, arranjo físico geral, arranjo físico detalhado e implantação.

Alguns princípios básicos deverão ser analisados ao se proceder o projeto do canteiro de

obras, são eles segundo LIMMER (1987):

38

• Integração: os elementos que formam a cadeia de produção devem estar

harmonicamente ligados, pois a falha de um desses componentes poderá resultar

na ineficiência do todo.

• Minimização de distâncias: as distâncias de todos os elementos que compõem a

produção deverão ser reduzidas ao mínimo possível.

• Disposição eficiente de áreas de estocagem e de locais de trabalho.

• Atenção ao uso dos espaços: Nos depósitos, escritórios, por exemplo, fazer uso

das três dimensões (por exemplo, uso de jirau).

• Produtividade: Condições adequadas de trabalho e de segurança aumentam a

produtividade.

• Flexibilização: Devido a característica de dinamismo do processo de construção,

as instalações deverão sempre que possível se adequar ao momento do processo

produtivo.

Além desses fatores, algumas características particulares da obra deverão ser analisadas,

como: o tamanho da construção, o tipo e natureza da obra (industrial, residencial, etc),

localização (dentro do perímetro urbano, facilidades ou dificuldades de vias de acesso, etc),

diversificação dos tipos de materiais e elementos construtivos (para prevenção de depósitos e

linhas de produção), identificação das empresas especializadas que participarão da obra (para

definição de espaços necessários), e condições da mão de obra no mercado de trabalho (para

determinação de utilização ou não de alojamentos).

Na maioria dos projetos de canteiros de obra, o setor responsável por sua elaboração

estuda inicialmente as plantas de situação e pavimento térreo dos projetos de arquitetura, visando

retirar informações quanto à localização da edificação, acidentes naturais do terreno,

identificação do entorno e áreas disponíveis no terreno para o uso das instalações do canteiro.

Quanto à área útil disponível SAURIN e FORMOSO (2006) definem os principais tipos

de canteiros, de acordo com sua forma de implantação:

39

TIPOS DE CANTEIROS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS

1. RESTRITOS Terreno é ocupado em sua totalidade pela construção ou uma alta percentagem deste. Possui acessos restritos

Construções em áreas centrais da cidade, ampliação ou reformas.

2. AMPLOS Terreno é ocupado por uma parcela pequena pela construção Possui acessos para veículos, áreas para armazenamento e acomodação de funcionários.

Construção de áreas industriais, conjuntos habitacionais, entre outras.

3. LONGOS E ESTREITOS São restritos em apenas em uma das dimensões com acessos disponíveis em poucos pontos

Construção de estradas de ferro e rodagem, Redes de gás e petróleo, alguns casos em zonas urbanas

Quadro 4: Tipos de Canteiros

Fonte. Adaptado SAURIN e FORMOSO (2006)

Nas áreas urbanas os canteiros do tipo restrito são os mais comuns. Geralmente, os

responsáveis pelo seu planejamento encontram bastante dificuldade para a locação devido ao

acesso difícil e existência de subsolos que ocupam grande parte ou ás vezes a totalidade do

terreno. Esse tipo de terreno exige uma grande atenção no planejamento e soluções alternativas

para a implantação do canteiro, como:

• Em áreas disponíveis que sejam pequenas, prioriza-se a locação da área de

produção no terreno. Serviços de escritório, stand de vendas e alojamentos são

locados em residências ou terrenos vizinhos ou próximos ao local da obra.

• Se o espaço para área de produção for insuficiente, a alternativa é a locação de

área adjacente ou o mais próximo possível do terreno.

Essas alternativas geram custos adicionais e só devem ser utilizadas após um minucioso

estudo de forma a se ter uma relação do custo/benefício adequada.

Terrenos amplos que possuem grandes áreas para a locação do canteiro de obras

necessitam de uma atenção especial, pois podem levar a desorganização e aumento de distâncias

a serem percorridas pelos funcionários, equipamentos e materiais, gerando aumento de custos

desnecessários.

40

A literatura sobre o tema aconselha duas medidas que devem ser seguidas no

planejamento: iniciar a obra pela fronteira mais difícil, que possui como característica a

existência de muros de arrimo, vegetação de grande porte e desníveis acentuados e criação de

espaços utilizáveis no nível do terreno.

(...)a aplicação prática dessa regra envolve decisões relativamente simples, que, devido á pouca atenção dada ao planejamento do canteiro, não são objeto de um estudo mais criterioso. Pode-se criar como exemplo a decisão de construir a obra dos fundos para frente ou vice-versa, e a decisão acerca de qual parcela do prédio construir primeiro, no caso de edificações cuja construção é dividida em etapas defasadas de tempo. Decisões semelhantes a estas influenciam diretamente o planejamento do canteiro, devendo, portanto, considerar suas necessidades (SAURIN, 2001.p.34)

Uma outra característica dessa fase de planejamento, que deverá ser cautelosamente

estudada, são as edificações vizinhas ao canteiro de obras. É recomendável a realização de uma

vistoria técnica aos imóveis que fazem limite à área do terreno da obra em questão como medida

preventiva. Essa vistoria avalia condições gerais dos imóveis antes do início da construção, além

de riscos e prejuízos que poderão ocorrer a terceiros no decorrer do tempo da obra, evitando

assim, possíveis danos e custos inesperados.

Essa característica demonstra a importância do planejamento da obra antes da elaboração

do projeto do canteiro que devem ser tomadas com a participação de todos os envolvidos na

construção do empreendimento. O que se vê, geralmente, são as instalações provisórias alocadas

em segundo plano às instalações permanentes da edificação, o correto seria o planejamento do

canteiro de obras integrado às instalações permanentes.

Durante o processo de elaboração do projeto do canteiro de obras, a definição do layout

assume importância significativa, por possibilitar a otimização do uso do espaço disponível, a

melhoria dos fluxos de produção e a minimização de distâncias.

SAURIN (2002) defende que o projeto de layout do canteiro de obras tenha integração

com os outros projetos (arquitetônico, estrutural, hidrossanitário e elétrico) buscando a

racionalidade da produção e desenvolvimento do canteiro. O autor salienta, principalmente, a

relação do projeto de canteiro com o projeto arquitetônico, refletindo que pequenas mudanças,

que não afetam o projeto original, muitas vezes podem garantir uma maior funcionalidade do

41

canteiro de obras, “(...) como, por exemplo, a largura de uma rampa, que poderia ser

dimensionada para permitir o acesso de caminhões até a área de armazenamento”.

NÓBREGA (2000) afirma que o correto dimensionamento e estudo da localização física

dos recursos a serem utilizados na transformação de bens, tem por objetivo eliminar os pontos

críticos de produção, diminuir tempos gastos em deslocamentos e transportes, maximizando a

quantidade de mão de obra, equipamentos, materiais e insumos a serem utilizados por unidade de

espaço.

SLACK (2000) define os objetivos gerais do arranjo físico, sendo:

• Segurança – Alguns itens devem ser cumpridos como: acesso à área de produção

apenas para pessoas devidamente autorizadas, passagens devem ser claramente

marcadas e de livre circulação.

• Clareza de fluxo – O fluxo de materiais e equipamentos devem ser sinalizados

de forma evidente.

• Conforto da mão de obra – Deve-se promover, um ambiente de trabalho bem

ventilado, iluminado, com o mínimo de ruídos possível.

• Coordenação de mão de obra – Supervisão e Coordenação devem ser facilitadas

pela localização de mão de obra e dispositivos de comunicação.

• Acessos – Máquinas e instalações devem ser acessíveis para a constante limpeza

e manutenção

• Uso do espaço – Uso adequado do espaço físico disponível, preferencialmente

em suas três dimensões.

• Flexibilidade de longo prazo – O arranjo físico deve ser projetado para

acompanhar facilmente todas as mudanças decorrentes de necessidades futuras

quanto à evolução da obra.

Com o alcance desses objetivos, tem-se como resultado um arranjo físico mais eficiente

que promove a segurança e a satisfação dos funcionários, portanto os resultados do estudo e

implantação do arranjo físico, podem ser traduzidos pela obtenção de um ambiente de trabalho

adequado, com diminuição de riscos para saúde e segurança do funcionário, aumento de

42

satisfação e incentivo ao funcionário, melhoria na aparência da área de trabalho, maior produção

em tempo menor, redução de manuseios e espaço percorrido, economia no espaço, otimização do

tempo para a produção, maior facilidade na supervisão da obra, menores danos ao material e

equipamentos e ajustamento facilitado para as mudanças no canteiro de obras;

BORBA (1999) apresenta algumas questões que auxiliam na análise crítica das

necessidades que devem ser supridas no canteiro de obras e planejadas juntamente com o projeto

de arranjo físico, considerando-se projetos anteriores:

a) Obsolescência das Instalações

- Novos produtos ou novos serviços estão sendo projetados?

- Estes produtos exigirão modificações no método de trabalho, fluxo de materiais ou

equipamentos em sua fabricação?

- Haverá utilização de novas áreas de estocagem?

b) Redução dos Custos de Produção

- Haverá corte de pessoal e/ou paradas de equipamentos e diminuição de

movimentação de materiais?

c) Variações de Demanda

- A volume de produção atual satisfaz as estimativas de produção desejada?

- Os equipamentos de transporte e manuseio serão suficientes?

d) Condições Inseguras

- Há espaço para tráfego e operação de máquinas?

- O tipo de piso é adequado para a atividade?

e) Manuseio Excessivo

- Os materiais percorrerão grandes distâncias?

Essas questões auxiliam a tomada de decisões sobre as mudanças e adaptações necessárias

para o correto funcionamento das áreas de trabalho. É fundamental a escolha do tipo de processo

construtivo que será aplicado, para haver a definição do tipo de arranjo que se desenvolverá.

43

O tipo de arranjo físico mais adequado aos processos de construção civil é o Arranjo

Físico Posicional ou Fixo (Project Shop) no qual o produto final permanece fixo e são os recursos

necessários para sua fabricação que convergem para ele. O número de itens finais da produção

normalmente, não é muito grande. Porém o tamanho do produto final e de seus componentes

variam de tamanho intermediário a grande. Esse tipo de arranjo está representado no esquema

abaixo:

Produto

Componentes principais

Ferramentas

Operário Equipamento

Peças

Figura 3: Esquematização do Arranjo Físico Posicional

Fonte: Adaptado VALADARES (2004)

Esse tipo de arranjo físico se caracteriza pelos seguintes fatores:

• Produto fabricado em grandes proporções

• Poucas unidades fabricadas

• Produto permanece fixo

• Equipamentos de alta flexibilidade

No estudo desse tipo de arranjo é primordial uma atenção especial para a questão do

acesso, pois a quantidades de agregados geralmente é volumosa e não podem ser alocados de

uma só vez, devido à problemática de custos e espaço. Logo, a chegada de recursos e insumos

devem ser planejadas, promovendo a integração entre a logística de recebimento e o

funcionamento do canteiro de obras.

No arranjo físico posicional a localização dos recursos não é definida com base no fluxo

dos recursos em transformação ou transformados, mas sim nos recursos transformadores. Assim,

o objetivo principal desse tipo de arranjo é promover a otimização do fluxo dos recursos

transformadores.

44

Nesse caso, no canteiro de obras, o projeto detalhado de alguns arranjos físicos pode se

tornar uma atividade crítica, caso o programa de atividades seja freqüentemente alterado. Com

isso, a eficácia de um arranjo físico posicional está ligada à programação de acesso ao canteiro e

à confiabilidade das entregas deixando-o sujeito a modificações no planejamento e controle mais

eficaz do projeto.

3.3.1 Tipologia das Instalações Provisórias

Segundo SAURIN e FORMOSO (2006) os critérios que devem ser analisados para a

escolha da tipologia mais adequada de canteiro são:

• Custo da aquisição

• Custo da implantação

• Custo da manutenção

• Possibilidade de reaproveitamento

• Durabilidade

• Facilidade de montagem e desmontagem

• Isolamento térmico

• Impacto visual

Os valores representativos da cada critério apresentado variam conforme as necessidades

de cada obra. As principais tipologias utilizadas são a chapa de compensado, sistema de

containeres e instalações em alvenaria. Esse último tipo é implantado quando as instalações

provisórias se transformam em instalações permanentes após o fim da construção.

Os sistemas atuais que utilizam a chapa de compensado buscam a facilidade de montagem

e desmontagem, além do seu reaproveitamento. Esse sistema racionalizado é constituído por

módulos de chapa de compensado, com espessura superior a 14mm, ligados por parafusos,

dobradiças ou encaixes.

SAURIN e FORMOSO (2006) acrescentam que os seguintes fatores devem ser

observados na concepção desse tipo de instalação:

• Proteção das paredes do banheiro contra umidade;

• Previsão de módulos especiais para portas e janelas;

• Coberturas das instalações feitas com telhas de zinco;

45

• Pintura dos módulos nas duas faces, selamento dos topos das chapas de

compensado;

• Previsão de montagem em dois pavimentos (útil em canteiros restritos)

Muito comuns em países desenvolvidos, o uso dos containeres remete às obras industrias

ou de grandes empreendimentos.

A principal reclamação a esse tipo de instalação é quanto a temperatura interna em dias

quentes. A opção pela compra de containeres com isolamento térmico eleva o seu custo e,

portanto, são raramente utilizadas. Algumas soluções simples como uso de pintura externa em cor

branca, execução de telhado sobre o container e, conforme a NR-18, uma ventilação natural de,

no mínimo, 15% da área do piso, composta por, no mínimo, duas aberturas, podem minimizar o

problema (SAURIN e FORMOSO, 2006).

As principais vantagens desse tipo de sistema é o reaproveitamento total de suas

instalações, rapidez no processo de montagem e desmontagem e a os diversos arranjos internos

que podem ser formados. No mercado existem as possibilidades de venda ou aluguel e as

medidas usuais variam entre 6,0 x 2,4m ou 12,0 x 2,40, com 2,60m de altura padrão.

As instalações provisórias executadas em alvenaria geralmente são projetadas de forma

que essas sejam integradas ao produto no término dos serviços.

3.3.2 Elementos que compõem um canteiro de obras

De forma geral os elementos que compõe o canteiro de obras referentes à produção são:

• Central de Argamassa;

• Central de Armação;

• Central de formas;

• Central de pré-montagem de instalações;

• Central de Esquadrias;

• Central de Pré-Moldados

Quanto aos elementos de apoio a produção, tem se:

• Almoxarifado de ferramentas;

• Estoque de areia;

46

• Estoque de argamassa;

• Estoque de cal;

• Estoque de cimento;

• Estoque de conexões;

• Estoque de esquadrias;

• Estoque de tintas;

• Estoque de metais;

• Estoque de louças;

• Estoque de aço;

• Estoque de compensado para formas;

Quanto ao transporte pode-se classificar em:

a) Sistema de transporte com decomposição de movimento:

• Na horizontal – Carrinho, jerica, porta-pallet, bob-cat

• Na vertical – Guincho de coluna, elevador.

b) Sistema de transporte sem decomposição de movimento:

• Gruas

• Bomba de argamassa, de concreto.

• Guindastes sobre rodas, esteiras.

Como outros elementos de composição do canteiro tem-se:

a) De apoio técnico administrativo

• Escritório engenheiro

• Sala de reuniões;

• Escritório do mestre e técnico;

• Escritório Administrativo;

• Guarita;

b) Áreas de Vivência

• Alojamento;

• Cozinha;

• Refeitório;

• Ambulatório;

47

• Sala de treinamento;

• Instalações Sanitárias;

• Vestiário;

• Lavanderia

3.3.3 Fatores a serem considerados na elaboração do projeto de arranjo físico do canteiro

Os principais fatores na elaboração do planejamento do arranjo físico são: material,

equipamentos, mão de obra, estocagem, movimentação de pessoal, máquinas e produtos, serviços

complementares, adaptação a mudanças, estrutura da edificação.

a) Material – Todos os tipos de materiais envolvidos na produção (matéria –

prima, em processo, embalagens, e outros) deverão ser analisados previamente

quanto suas dimensões, pesos, características físicas e químicas.

Segundo BORBA (1999) deve-se procurar:

� -que o fluxo do material seja de acordo com o processo;

� -diminuir o manuseio dos produtos (menos riscos de acidentes);

� - diminuir o percurso dos produtos e mão de obra

b) Equipamentos – Todas as informações sobre dimensões, manutenção,

controle e transporte, devem ser analisadas para sua correta utilização quanto

ao dimensionamento da área de locação e sua função no processo. As

informações principais a serem adquiridas são:

- identificação do equipamento (nomes, tipo, acessórios);

- dimensões e peso;

- áreas necessárias para operação e manutenção;

- operadores necessários;

- suprimento de energia elétrica, gás, água, ar comprimido, vapor, etc.;

- periculosidade, ruído, calor, etc.;

48

- possibilidade de desmontagem das máquinas;

- ocupação prevista para a máquina;

- características operacionais: tipos de operação e velocidade.

c) Mão de Obra – Inclui a análise de todos os recursos humanos envolvidos

direta e indiretamente na execução do empreendimento, assim como as

atividades que cada um desenvolverá e as áreas necessárias para a execução de

suas funções. Há a necessidade da obtenção das seguintes informações:

� Condições de trabalho em geral: iluminação, barulho, vibração, limpeza,

segurança, ventilação.

� Quantitativo das pessoas envolvidas nas diferentes fases da execução da

obra;

� Em função do número de pessoas dimensionar o banheiro, vestuário,

serviços auxiliares (restaurantes e/ou refeitório), bebedouros;

� Em função do fluxo das pessoas posicionar o banheiro, vestuário, etc.;

d) Estocagem – O armazenamento de todos os materiais – incluindo os que se

encontram em processo – relativo aos seguintes aspectos: localização,

dimensões, métodos de armazenagem de acordo com cada tipo de produto e

seus cuidados especiais necessários.

Devem ser estudados, de acordo com BORBA (1999)

� dimensionamento em função do material (em processo e final);

� dimensionamento dos corredores do depósito;

� diminuição da estocagem em processo;

� dimensionamento dos corredores do depósito;

� distância das prateleiras com paredes, etc.

49

e) Movimentação de pessoal, equipamentos e produtos: Esse fator possui

maior influência no arranjo físico, portanto cada necessidade deve ser

analisada cuidadosamente, como:

� Percurso seguido pelo material, máquinas e pessoal com as especificações

das distâncias;

� Tipos de transportes usados;

� Manuseio (freqüência, razão, esforço físico necessário, tempo utilizado);

� Espaço existente para a movimentação.

� Dimensionamento da largura do corredor em função dos equipamentos,

meio de transporte, etc;

� Segurança dos funcionários e visitantes;

� Acesso aos meios de combate de incêndio, meios auxiliares, etc.

f) Serviços complementares – Análise aos espaços destinados à manutenção,

controle e inspeção, escritórios, laboratórios, entre outros.

g) Adaptação a mudanças – Inclui as mudanças que afetam o ritmo da produção,

seja as esperadas (evolução da obra) ou inesperadas (equipamentos danificados,

baixa de estoque, falta de mão de obra, etc).

h) Estrutura da edificação – Estudo das áreas, estruturas, acessos, rampas,

escadas e outras características do edifício.

4 FATORES SIGNIFICATIVOS PARA O PLANEJAMENTO DO CAN TEIRO DE

OBRAS

4.1 SEGURANÇA NO CANTEIRO DE OBRAS

A indústria da construção civil continua a se destacar como um dos setores industriais

com os maiores índices de acidentes do trabalho. Logo, desenvolver estratégias para a análise,

compreensão e minimização dos riscos a saúde e segurança do trabalhador é de fundamental

importância para redução dos números de acidentes relacionados ao trabalho no canteiro de obras.

Na construção civil existem diversos fatores que predispõe os trabalhadores aos riscos de

acidentes durante a execução das atividades. Esses fatores estão relacionados com a segurança do

trabalho e contribuem para o aumento dos números nas estatísticas dos acidentes ocorridos nos

canteiros de obras.

Para estabelecer metas de segurança, as empresas construtoras estão cada vez mais

elaborando os seguintes programas: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Condições e

Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), com o intuito de diminuir o

número de acidentes do trabalho e o aumento da qualidade, produtividade e satisfação dos

trabalhadores.

Além da proteção individual dos trabalhadores, por meio de EPI’s e EPC’s, existe o risco

da ocorrência dos acidentes devido quedas de material ou lesões nos pés, para isso existem as

proteções com barreiras nos perímetros da construção e a correta manutenção da organização do

canteiro de obras, especialmente nas áreas de circulação.(ESPINOZA, 2002).

51

O Ministério do Trabalho (2007) define acidente do trabalho como sendo “ aquele que

ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalho de

segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, a

perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”. No quadro a seguir

encontra-se a classificação dos acidentes de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho:

Quadro 5: Classificação dos Acidentes de Trabalho

Fonte: Ministério do Trabalho (2007)

A empresa deve comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo

ou não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de

morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o

teto máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e

cobrada na forma do artigo 286 do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo

Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. (MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL, 2008).

Ainda de acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social (2008), são

conseqüências de um acidente do trabalho: Afastamento Simples quando ocorre o recebimento de

atendimento e retorno imediato ao trabalho, Afastamento Temporário quando o acidentado com

afastamento para uma devida recuperação, por menos de 15 dias, Incapacidade Permanente

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS

Acidente Típico Acidente decorrente da característica da atividade profissional

desempenhada pelo acidentado

Acidente de Trajeto Acidente acontecido no trajeto entre a residência e o local de trabalho, e

vice-versa.

Doença Profissional

ou do trabalho

Entende-se por doença profissional aquela produzida ou desencadeada

pelo exercício do trabalho peculiar a determinado ramo de atividade

constante do Anexo II do Regulamento da Previdência Social - RPS,

aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999; e por doença do

trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de condições

especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione

diretamente, desde que constante do Anexo citado anteriormente.

52

quando o trabalhador fica incapacitado de exercer a atividade profissional e óbito quando ocorre

o falecimento do acidentado.

Segundo FALCÃO E ROUSSELET, citado por ETCHALUS (2006), o acidente do

trabalho, em sua maior parte poderia ser evitado através de um adequado planejamento,

gerenciamento dos processos de produção de execução.

O acidente de trabalho é um evento não desejado, podendo resultar em danos físicos e/ou

funcionais, ou morte, além de perdas materiais e econômicas para a empresa. A ocorrência de um

acidente de trabalho, por menor que seja sua conseqüência ao trabalhador, resulta em alterações

da rotina de trabalho.

Assim o acidente de trabalho atinge a produtividade da empresa, seja nas horas paradas,

ou nos gastos com auxílio ao acidentado, além da perda de materiais e conseqüentemente elevado

o custo do processo da produção.

4.1.1 Principais Causas dos Acidentes

É necessário compreender as diferenças entre atos inseguros e condição insegura. No ato

inseguro o trabalhador, geralmente consciente de suas ações, desobedece as normas de segurança.

São exemplos de atos inseguros: o não uso de cinto de segurança, capacetes.

Na condição insegura tem se um ambiente de trabalho que oferece perigo e/ou risco ao

trabalhador. Como exemplos, se têm: instalações elétricas inadequadas, máquinas em estado

precário de manutenção.

Um outro aspecto que pode acarretar um acidente é a falta de informação fornecida aos

trabalhadores. Essas informações deverão ser dadas constantemente através do chamado Diálogo

Diário de Segurança (DDS). Especificamente no canteiro de obras a sinalização dos riscos e

perigos deverá ser adequada e corretamente visível para a prevenção de acidentes.

Identificadas as características dos riscos e as atividades com maior índice de decorrência

de acidentes de trabalho, é possível a definição de ações para a prevenção de acidentes de

trabalho na construção civil, especificamente no canteiro de obras. Assim, estabelecer as etapas

necessárias para a execução de cada atividade, identificar os riscos e definir como cada risco será

53

controlado. A maior parte dos acidentes, segundo estatísticas, decorre de causas evitáveis, por

insuficiência ou falta de medidas e ações preventivas.

Além de proteções físicas, instituídas por Normas Regulamentadoras deve também haver

um adequado gerenciamento da segurança e saúde no trabalho. Após a conscientização dos

empresários responsáveis das conseqüências e impactos dos acidentes de trabalho para os

trabalhadores e para a própria empresa o empregador deve, segundo a literatura especializada

assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a sua saúde e que possa

resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue; contribuir à adaptação física e

mental dos trabalhadores, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação em

lugares de trabalho correspondentes às suas aptidões e contribuir ao estabelecimento e

manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

A incorporação de práticas de gestão de saúde e segurança no trabalho contribui para a

proteção contra os riscos no ambiente de trabalho, prevenindo e reduzindo acidentes e doenças e

diminuindo os custos. Com isso, a empresa torna-se mais competitiva e formando a consciência

coletiva de respeito a integridade física e melhoria continua dos ambientes de trabalho.

Com a reformulação da Norma Regulamentadora n 18 – NR 18, do Ministério do

Trabalho, os canteiros de obras passam a ter uma maior atenção. As mudanças estabelecidas

visam a garantia da segurança e adequadas condições de trabalho e vivencia ao trabalhador. As

regras antes contempladas como recomendações, passam a ser um conjunto de obrigações.

A NR-18 estabelece as condições básicas das atividades do canteiro, além de como devem

ser construídos os alojamentos, refeitórios, escritórios e etc, atendendo todas as necessidades,

como. Tamanho e áreas mínimas de ventilação, pé-direito. Vale salientar que as normas NB1367

e NBR 12284 da ABNT focam especificamente as Áreas de Vivencia em Canteiro de Obras.

É notório o fato de que, mesmo com o avanço proporcionado pela NR-18, quanto a

legislação e incentivo, a mesma ainda provoca dúvidas quanto a interpretação, sendo questionada

sua viabilidade técnica e econômica de algumas de suas exigências, tanto entre a fiscalização

quanto entre gerentes de obras. (SAURIN e FORMOSO 2003).

Visando contribuir para tornar a NR-18 mais clara, abrangente e coerente com as

necessidades do setor, teve inicio, em maio de 1999, uma pesquisa realizada por sete

54

universidades brasileiras (UFRGS, UPF, UFSM, UFBA, UNIFOR e CEFET - PB). Esse trabalho

tinha como objetivo o fornecimento de subsídios para o aperfeiçoamento da NR-18.

Neste trabalho foram levantadas as principais criticas quanto a NR-18, sendo a principal a

prescrição excessiva de muitas exigências, como a espessura dos colchões ou dimensões dos

armários nos alojamentos.

Por meio da aplicação de uma lista de verificação e realização de entrevistas com pessoas

responsáveis pelo planejamento do canteiro e que pusessem contribuir com a identificação de

deficiências na norma, a pesquisa apresentou os seguintes resultados.

Todas as exigências são viáveis de serem atendidas, sendo algumas regras mais cumpridas

do que outras, sendo os principais fatores para o não-atendimento são: caráter muito prescritivo,

desconhecimento da norma, dificuldades técnicas e custo de equipamentos.

• Algumas regras foram estabelecidas por critérios políticos e não por critérios

técnicos.

• A NR-18 necessita da elaboração de normas da ABNT complementares a ela,

• Ressalta-se a importância da Delegacia Regional do Trabalho - DRT, para o

aumento da compreensão e do nível de atendimento a norma.

4.2 GESTÃO AMBIENTAL E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

A Indústria da Construção Civil é grande geradora de impactos ambientais, como o

consumo descontrolado de recursos naturais, geração de resíduos, além do impacto visual, por

meio da modificação da paisagem.

Especialistas no assunto buscam respostas para a problemática ambiental, pesquisando

formas de conciliação das atividades de construção com o desenvolvimento sustentável

consciente.

De acordo com dados do SINDUSCON – Sindicato das Indústrias da Construção Civil, o

consumo de materiais pela construção civil nas cidades é pulverizado. Cerca de 75% dos resíduos

gerados pela construção nos municípios provêm de eventos informais (obras de construção,

reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis). O poder

público municipal deve exercer um papel fundamental para disciplinar o fluxo dos resíduos,

55

utilizando instrumentos para regular especialmente a geração de resíduos provenientes dos

eventos informais.

Segundo a literatura corrente, já existem construtoras que, a exemplo dos Sistemas de

Gestão da Qualidade, passaram a aplicar, como experimento, o chamado Programa de Gestão

Ambiental de Resíduos em Canteiro de Obras. Esse método parte do principio do

desenvolvimento de um planejamento das ações necessárias e suas diretrizes básicas. Esse

programa visa o desenvolvimento e implantação de políticas para gestão de resíduos, por meio de

informação, treinamento e capacitação das pessoas envolvidas. Faz-se, então, o acompanhamento

da evolução do processo por meio de relatórios ou check-lists. Finalmente, as avaliações

efetuadas redirecionam a tomada de ações corretivas e retroalimentacão do sistema de gestão.

Após as primeiras experiências, as construtoras participantes conseguiram incorporar

facilmente os novos conceitos ambientais aos procedimentos operacionais. As novas concepções

incluíam a busca pela redução, ou eliminação, de desperdícios, segregação de materiais para a

reutilização no próprio canteiro, encaminhamento de resíduos para reciclagem ou promover a

destinação adequada para as áreas licenciadas com a utilização de transportadores credenciados.

O SINDUSCON, que acompanhou o projeto experimental, afirma que os resultados foram

surpreendentes. Além da percepção da sensibilização e conscientização pelo assunto, percebeu-se

uma expressiva redução de resíduos gerados e proporcionou uma redução dos custos operacionais

das obras.

4.2.1 Gestão Ambiental no Canteiro de Obras

A questão do gerenciamento de resíduos está associada ao problema do desperdício de

materiais e mão-de-obra na execução dos empreendimentos. A preocupação expressa, inclusive

na Resolução CONAMA nº 307, com a não-geração dos resíduos deve estar presente na

implantação e consolidação do programa de gestão de resíduos.

Na problemática de não geração dos resíduos, existem importantes contribuições

propiciadas por projetos e sistemas construtivos racionalizados, além de práticas de gestão da

qualidade já consolidadas.

Diversos estudos sobre o tema identificam as principais contribuições da gestão do

canteiro de obras na busca pela não geração de resíduos, considerando:

56

� O canteiro de obras fica mais organizado e limpo;

� Havendo a triagem de resíduos, não acorrerá a mistura com insumos para a

produção;

� Possibilidade de reaproveitamento de resíduos antes do descarte;

� Com a quantificação e qualificação dos resíduos descartados, possibilita-se a

identificação de possíveis focos de desperdício de materiais.

A seguir serão abordados aspectos considerados na gestão de resíduos referentes a

organização do canteiro e aos dispositivos e acessórios indicados para a coleta diferenciada e

limpeza da obra, baseada, principalmente, em textos de pesquisas do SINDUSCON (2007). No

que se refere ao fluxo dos resíduos no interior da obra, são descritas condições para o

acondicionamento inicial, o transporte interno e o acondicionamento final. Há considerações

gerais sobre a possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos dentro dos próprios

canteiros. Finalmente, são sugeridas condições contratuais específicas para que empreiteiros e

fornecedores, de um modo geral, formalizem o compromisso de cumprimento dos procedimentos

propostos.

4.2.1.1 Organização do Canteiro

É importante salientar a correlação entre os fluxos e os estoques de materiais em canteiro

e o evento de geração de resíduos, portanto é de extrema importância.

• Acondicionamento adequado dos materiais – a adequada estocagem de diferentes

tipos de materiais devem obedecer aos seguintes critérios básicos:

1- Classificação;

2- Freqüência de utilização;

3-Empilhamento máximo;

4-Distanciamento entre as fileiras;

5- Alinhamento das pilhas;

57

6- Distanciamento do solo;

7- Separação, isolamento ou envolvimento por ripas, papelão, isopor etc. (no caso

de louças, vidros e outros materiais delicados, passíveis de riscos, trincas e

quebras pela simples fricção);

8- preservação da limpeza e proteção contra a umidade do local (objetivando

principalmente a conservação dos ensacados).

A correta organização dos espaços para estocagem dos materiais facilita a verificação, o

controle dos estoques e otimiza a utilização dos insumos.

• Planejamento da disposição dos resíduos - No âmbito da elaboração dos projetos de

canteiro, a disposição dos resíduos deverá ser equacionada, considerando os aspectos

relativos ao acondicionamento diferenciado e a definição de fluxos eficientes, conforme

abordam os próximos itens.

• Limpeza - As tarefas de limpeza da obra estão ligadas ao momento da geração dos

resíduos, à realização simultânea da coleta e triagem e à varrição dos ambientes. A

limpeza preferencialmente deve ser executada pelo próprio operário que gerar o resíduo.

Há a necessidade de dispor com agilidade os resíduos nos locais indicados para

acondicionamento, evitando comprometimento da limpeza e da organização da obra,

decorrentes da dispersão dos resíduos. Quanto maior for a freqüência e menor a área-

objeto da limpeza, melhor será o resultado final, com redução do desperdício de

materiais e ferramentas de trabalho, melhoria da segurança na obra e aumento da

produtividade dos operários.

• Fluxos dos resíduos - Devem ser estabelecidas condições específicas para

acondicionamento inicial, transporte interno e acondicionamento final de cada resíduo

identificado e coletado.

• Acondicionamento inicial - Deverá acontecer o mais próximo possível dos locais de

geração dos resíduos, dispondo-os de forma compatível com seu volume e preservando

58

a boa organização dos espaços nos diversos setores da obra. Em alguns casos, os

resíduos deverão ser coletados e levados diretamente para os locais de

acondicionamento final.

• Transportes Internos - Deve ser atribuição específica dos operários que se

encarregarem da coleta dos resíduos nos pavimentos. Eles ficam com a responsabilidade

de trocar os sacos de ráfia com resíduos contidos nas bombonas por sacos vazios, e, em

seguida, de transportar os sacos de ráfia com os resíduos até os locais de

acondicionamento final.

O transporte interno pode utilizar os meios convencionais e disponíveis: transporte

horizontal (carrinhos, gericas, transporte manual) ou transporte vertical (elevador de carga, grua,

condutor de entulho). As rotinas de coleta dos resíduos nos pavimentos devem estar ajustadas à

disponibilidade dos equipamentos para transporte vertical (grua e elevador de carga, por

exemplo).

SINDUSCON (2007) afirma que o ideal é que, no planejamento da implantação do

canteiro, haja preocupação específica com a movimentação dos resíduos para minimizar as

possibilidades de formação de “gargalos”.

• Acondicionamento Final - Na definição do tamanho, quantidade, localização e do tipo

de dispositivo a ser utilizado para o acondicionamento final dos resíduos deve ser

considerado este conjunto de fatores: volume e características físicas dos resíduos,

facilitação para a coleta, controle da utilização dos dispositivos (especialmente quando

dispostos fora do canteiro), segurança para os usuários e preservação da qualidade dos

resíduos nas condições necessárias para a destinação. No decorrer da execução da obra

as soluções para o acondicionamento final poderão variar.

É importante salientar que as soluções para a destinação dos resíduos devem apresentar o

compromisso ambiental e a viabilidade econômica, garantindo a sustentabilidade e a gestão

ambiental.

• Reutilização e reciclagem dos resíduos - Deve haver atenção especial sobre a

possibilidade da reutilização de materiais ou mesmo a viabilidade econômica da

59

reciclagem dos resíduos no canteiro, evitando sua remoção e destinação. O correto

manejo dos resíduos no interior do canteiro permite a identificação de materiais

reutilizáveis, que geram economia tanto por dispensarem a compra de novos materiais

como por evitar sua identificação como resíduo e gerar custo de remoção.

• Especificações técnicas dos dispositivos e acessórios.

a.) Bombona: recipiente com capacidade para 50 litros, com diâmetro superior de

aproximadamente 35 cm após o corte da parte superior. Exigir do fornecedor a lavagem e a

limpeza do interior das bombonas, mesmo que sejam cortadas apenas na obra.

b) Bag: recipiente com dimensões aproximadas de 0,90 x 0,90 x 1,20 metros, sem

válvula de escape (fechado em sua parte inferior), dotado de saia e fita para fechamento, com

quatro alças que permitam sua colocação em suporte para mantê-lo completamente aberto

enquanto não estiver cheio.

c) Baia: recipiente confeccionado em chapas ou placas, em madeira, metal ou tela, nas

dimensões convenientes ao armazenamento de cada tipo de resíduo. Em alguns casos a baia é

formada apenas por placas laterais delimitadoras e em outros casos há a necessidade de se criar

um recipiente estilo “caixa”, sem tampa.

d). Caçamba estacionária: recipiente confeccionado com chapas metálicas reforçadas e

com capacidade para armazenagem em torno de 4 m3. A fabricação deste dispositivo deve

atender às normas ABNT.

e) Sacos de ráfia: dimensões 0,90 x 0,60 cm. Normalmente são reutilizados os “sacos de

farinha” confeccionados em ráfia sintética. Os sacos de ráfia deverão ser compatíveis com as

dimensões das bombonas, de forma a possibilitar o encaixe no diâmetro superior.

f) Etiquetas adesivas: tamanho A4-ABNT com cores e tonalidades de acordo com o

padrão utilizado para a identificação de resíduos em coleta seletiva.

60

4.2.1.2 Preparação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos

O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é um documento que,

conforme a Resolução CONAMA nº 307, deverá ser elaborado pelos geradores de grandes

volumes de resíduos, devendo ser apresentado ao órgão competente juntamente com o projeto da

obra.

O Projeto de Gerenciamento deve, de forma sumária, antecipar as orientações já descritas

nos itens anteriores sobre a Gestão Interna no canteiro, a remoção e a destinação dos resíduos,

dando atenção, explicitamente, às exigências dos seguintes aspectos da Resolução CONAMA nº

307:

• Caracterização: identificação e quantificação dos resíduos;

• Triagem: preferencialmente na obra, respeitadas as quatro classes estabelecidas;

• Acondicionamento: garantia de confinamento até o transporte;

• Transporte: em conformidade com as características dos resíduos e com as normas

técnicas específicas;

• Destinação: designada de forma diferenciada, conforme as quatro classes estabelecidas.

Os projetos de gerenciamento de empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento

ambiental deverão ser apresentados aos órgãos ambientais competentes.

4.2.2 Produção Sustentável

A busca pela sustentabilidade no Setor da Construção Civil esta cada vez mais freqüente

no mundo. De acordo com RODRIGUES (2005) entre os grandes desafios da humanidade para o

século XXI, o tema “Mudanças Climáticas” é um dos mais urgentes. Para o ano de 2015, os 191

países membros das Nações Unidas comprometeram-se a cumprir oito objetivos, estabelecidos

pela Cúpula do Milênio, realizada na Assembléia Geral das Nações Unidas, em 8 de setembro de

2000, entre as quais, a de “Garantir a Sustentabilidade Ambiental”. Desta forma, percebe-se que

não há outro futuro que não seja o sustentável.

61

No Brasil, a percepção da importância de produções sustentáveis aumenta, principalmente

na região Sul do País, despertando o interesse de todos os setores ligados ao Setor.

Em novembro de 2008, o edifício Cidade Nova, localizado na cidade do Rio de Janeiro e

ocupado pela Petrobrás, tornou-se o primeiro prédio do segmento comercial a receber a

certificação de responsabilidade ambiental, emitida pela ONG americana Green Building

Councils. Essa certificação segue os preceitos definidos pela LEED – Leadership in Energy and

Environmental Design-, visto que o Brasil ainda não possui um sistema de certificação próprio.

Especialistas no assunto, afirmam que cada vez mais os consumidores darão preferência

para produtos e serviços desenvolvidos sob os parâmetros da sustentabilidade e respeito

socioambiental. Portanto, questões de eficiência energética, uso racional da água e gerenciamento

do lixo são alguns dos critérios de avaliação para a certificação. Porem, o processo de construção

da obra também é avaliado, com o intuito de garantir a qualidade ambiental antes, durante e

depois da obra.

Para garantir a sustentabilidade competitiva nos empreendimentos, é preciso investir na

metodologia do projeto na conscientização dos construtores e no controle dos processos.

4.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS

A evolução construtiva das edificações e das atividades da engenharia civil, nas próximas

décadas, será influenciada pelo desenvolvimento do processo de informação, pela comunicação

global, pela industrialização e pela automação. De acordo com RODRIGUES (2005) atualmente

esta realidade está sendo implementada, entretanto, há muito mais para ser realizado,

especialmente com respeito à eficiência dos processos construtivos atuais, desde o projeto da

edificação até o seu acabamento.

Logo, para se mudar a base produtiva na construção civil, com uso intensivo da força de

trabalho, para um modelo mais moderno, como, por exemplo, a pré-fabricação, torna-se

necessária a aplicação de uma filosofia industrial ao longo de todo o processo construtivo da

edificação.

Após anos de estagnação, a construção civil apresenta mudanças significativas no uso de

processos construtivos mais modernos e adequados ao desenvolvimento que ocorre em outros

paises. Apesar da consciência de que aumento da concorrência e a evolução tecnológica

62

pressionam as empresas para reavaliarem seus métodos e sistemas de produção em busca de

produtividade e competitividade, ainda ocorre resistências contra o uso de mudanças radicais no

sistema de construção. Muitas vezes, as empresas construtoras ainda optam pela utilização de

sistema de produção tradicionais.

A iniciativa privada tem investido recursos significativos na melhoria da qualidade dos

processos de projeto e produção, alem do desenvolvimento e comercialização de produtos

complementares na construção. Esses produtos, principalmente aplicados na chamada construção

seca, que consiste na utilização de estruturas de aço ou concreto pré-moldado, paredes de gesso

acartonado ou isopor revestido, coberturas com telhas contínuas, portas e janelas integradas e

padronizadas, sistemas elétricos e hidráulicos pré-embutidos, revestimentos externos de alumínio

ou plástico, banheiros pré-fabricados e louças sanitárias especiais. E importante salientar que

esses tipos de materiais de construção geram economia de tempo e de material e,

consequentemente, otimização do lucro.

Segundo COELHO (2005) no mesmo ambiente, novos sistemas construtivos estão sendo

implementados. Existem hoje, por exemplo, a estrutura moldada in loco, a metálica, a pré-

moldada em concreto, a metálica com pilar misto, a metálica com pilar pré-moldado, o light steel

framing- LSF. Conseqüentemente a normalização também é importante e deve regulamentar a

padronização e o dimensionamento com o apoio da mesma sociedade que demanda qualidade e

inovação.

Vale salientar, que o pensamento na escolha do uso de determinados materiais ainda e

determinado pelo custo financeiro. A diferença básica e na conscientização de que quanto menor

o prazo de conclusão da obra, menor o custo financeiro e risco para o cliente. RODRIGUES

(2005) afirma que, por exemplo, em três meses, mesmo que ela custe 20% mais cara do que a

construção tradicional, ela pode, no entanto, ser mais econômica no custo final, em função do

ganho de tempo.

Outro fator de extrema importância na escolha desse tipo de materiais diz respeito à

preocupação ambiental, por meio do controle sobre a produção das edificações para reduzir os

efeitos nocivos ao meio ambiente, implicando, desta forma, pela busca de novos sistemas

construtivos, uma vez que sustentabilidade, LCA – Life Cycle Assesment (ciclo de vida dos

materiais), Construção Limpa, são partes integrantes de conceitos para a efetiva valorização do

63

usuário nas intervenções humanas quanto à ocupação do meio físico (meio ambiente físico é o

lugar onde se vive, no qual o homem interage com os fatores naturais).

5. A EXPERIÊNCIA FRANCESA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO CANTEIRO

DE OBRAS

A decisão de estudar os métodos praticados na França de gestão e organização de

canteiros de obras se justifica pelo fato de que diversos aspectos da construção civil brasileira se

assemelham aos da construção civil francesa. A prova disso é que vários programas brasileiros

como, por exemplo, o Programa de Qualidade na Habitação Popular – QUALIHAB, introduzido

pelo estado de São Paulo, teve inspiração no modelo francês de Qualification et Certification dês

Enterprises du Bâtiment – QUALIBAT e obteve boa aceitação e resultados.

O Centre Scientifique et Technique du Bâtiment – CSTB é um dos mais importantes

centros de pesquisa tecnológica do Setor de Construção do mundo. Estima-se que do seu

orçamento anual, para o desenvolvimento de seus trabalhos, 36% estejam ligados às atividades

tecnológicas, 32% às de pesquisa e desenvolvimento, 22% às de consultorias e 6% às de difusão

de informação. O CSTB atua em toda a Europa, por meio de cooperações e parcerias com os

principais centros tecnológicos em edificações, como por exemplo, a Association pour l’

Agrément Technique Européen – EOTA, Union Européenne pour l’ Agrément Technique dans la

Construction – UEAtc, além do Groupment d’Intérêt Economique Européen – ENBRI (European

Network of Building Research Institute.(RELATÓRIO DE ESTÁGIO, 2000).

No Brasil, o CSTB possui parcerias com a Universidade de São Paulo e com o Instituto de

Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. Em 2000, por exemplo, ocorreu o início

da parceria entre o Brasil e França, por meio da Cooperação Técnica Bilateral Brasil-França para

o desenvolvimento do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção

Habitacional – PBQP-H.

65

Na França o CSTB analisa e emite certificados de aprovações técnicas de novas

tecnologias, avalia canteiros de obras experimentais, avalia e certifica a qualidade de serviços e

produtos, além de se preocupar com a difusão de informações, por meio de materiais de consulta

e cursos de qualificação e atualização de profissionais.

É importante ressaltar a presença intensiva de normalização técnica no Setor da

Construção Civil Francesa. De acordo com MELHADO (2006), existe um sistema rigoroso de

avaliação e normatização de produtos, além de normas técnicas e métodos que guiam as decisões

dos profissionais do Setor. Os sistemas de Seguros, que consiste em um Seguro-Construção que

auxilia na agilização dos processos em caso de sinistro, sendo obrigatório para todos os

profissionais e empresas que participem da produção do empreendimento, baseia suas decisões

sobre as apólices na normatização vigente.

Os Documents Techiniques Unifiés – DTU são documentos técnicos utilizados nas obras

de edifícios, criados em 1958, pelo Groupe de Coordination des Textes Techniques ou Groupe

DT , posteriormente transformado em Commission Générale de Normalisation du Bâtiment/DTU.

Este órgão inclui os escritórios do trabalho de normalização da construção, os principais centros

tecnológicos, além de representantes de empresários e indústrias de materiais de construção. Em

1990, o DTU passou a integrar um sistema formal de normas tornando-se necessária para a

normatização técnica européia integrada, para e adequar às regras da União Européia no que diz

respeito ao livre comércio.

O Sistema DTU é composto por uma séria de documentos que registram a prática

adequada de execução dos mais diferentes serviços e atividades da construção civil. Disponíveis

em CD-ROM, esses documentos são atualizados a cada 6 (seis meses), e mesmo não sendo de

usos obrigatório, é observada sua total inserção no Setor, pois define os procedimentos adequados

de técnicas executivas convencionais, desde o cálculo estrutural à prescrição de técnicas

construtivas. Conforme os CAHIERS DO CSTB (2008) os DTU consiste:

� Em Cahiers des Clauses Techniques (CCT), cadernos de normas técnicas que

indicam as condições técnicas que devem ser respeitadas pelas empresas durante

a aquisição de materiais de construção;

66

� Em regras de cálculos para o dimensionamento da estrutura da obra até as

condições de arranjo dos canteiros de obras;

� Em Cahiers des Clauses Spéciales, cadernos que acompanham a especificação

técnica e definem os termos técnicos e administrativos. Em particular, a fim de

eliminar as dificuldades na implementação do CCT, definindo também os

direitos e deveres das empresas.

Além dos DTU, existe a aplicação dos Eurocodes, que são normas elaboradas pelo

Comité Européen de Normalisation - CEN para concepção e cálculos de edifícios e obras de

engenharia civil em geral. Os Eurocodes serve como referência em 27 Estados-Membros da

União Européia. Redigidos entre os anos de 1990 e 2000, fazem parte dessa norma:

� EN 1990: Cálculo de Estruturas

� EN 1991: Cargas sobre as Estruturas

� EN 1992: Cálculo de Estruturas de Concretos

� EN 1993: Cálculo de Estruturas Metálicas

� EN 1994: Cálculo de Estruturas Mistas – Concreto e Aço

� EN 1995: Cálculo de Estruturas Madeira

� EN 1996: Cálculo de Estruturas de Alvenaria

� EN 1997: Cálculos Geotécnicos

� EN 1998: Cálculo de Estruturas para Resistência em Abalos Sísmicos

� EN 1999: Cálculo de Estruturas com Perfis de Alumínio

Os Eurocodes são aplicados em toda a Europa, contribuindo para a realização de

construções de aproximadamente 490 milhões de habitantes, a aplicação dessas normas

acrescentam mais dinamismo para o Setor de Engenharia e maiores ganhos para as empresas

empreendedoras. Em princípio, os Eurocodes não modificam diretamente o canteiro de obras.

Contudo, determinadas condições mínimas de execução são descritas nestes códigos e podem

criar modificações relativas em sua concepção e manutenção. Esses códigos contemplam,

67

principalmente, questões de padronização de concepção e cálculos de estruturas e definição de

níveis de segurança. (Ministère de l’Ècologie, de l’Energie du Développement Durable,2009)

5.1 GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS E CANTEIRO DE OBRAS: OS PRINCIPAIS

ENVOLVIDOS

Conforme visto anteriormente, a legislação francesa está presente em vários aspectos da

construção civil, suas normas e regulamentações são constantemente revistas e atualizadas. No

âmbito da gestão de obras, a legislação define os seguintes participantes principais: Mâitres de

Oeuvrage, Mâitre de Oeuvres, Côntrole Technique, Ordonnancement, Coordination et Pilotage,

Oordonnateur en matière de sécurité et de prévention de la santé, (MELHADO, 2006).

Os Mâitres de Oeuvrage são responsáveis pelo empreendimento da construção. Além de

fornecer todo o suporte financeiro, suas atribuições incluem a gestão de projetos e a gestão

técnica-administrativa, definição dos programas de necessidade do projeto em alguns casos, o

empreendedor assume também a gestão na fase de uso, operação e manutenção, como ocorre com

relação aos conjuntos habitacionais de interesse social.

MELHADO (2006) ressalta, no panorama atual, o nível de profissionalismo desses

empreendedores. É intensa a busca pela certificação de qualidade entre esses profissionais, com

destaque para a busca pela satisfação dos clientes, tornando ainda mais significativo o

compromisso desses empreendedores com a qualidade, aumentando as relações com os

projetistas, construtores, fornecedores de serviços, etc.

Os Mâitres de Oeuvre ou Coordenadores de Projetos são as pessoas físicas ou jurídicas

responsáveis pela coordenação e o controle do desenvolvimento do projeto, assim como o

acompanhamento da sua execução, até a entrega da obra. Assim os maîtrises d’oeuvre, refere-se

ao conjunto de todos os projetistas, incluindo os engenheiros, sendo sua coordenação

normalmente assumida pelos arquitetos. Além da coordenação da equipe de projetos, são de

responsabilidade desses profissionais: as principais decisões relativas ao empreendimento

(assessoria ao empreendedor), do controle de custos do projeto e da gestão da interface com a

execução da obra, envolvendo o relacionamento com as construtoras e com a coordenação do

canteiro de obras e a contratação de outros projetistas necessários na elaboração dos projetos.

68

O Côntrole Technique, ou Assessoria de Controle Técnico exerce suas funções tanto na

fase de projeto como na fase de execução. Na primeira fase, seu principal papel consiste na

verificação da adequação do projeto com normas técnicas e controle das soluções projetadas.

Durante a execução, esse controle passa para o controle de qualidade da obra. No entanto, a

contratação dessa equipe não é obrigatória, porém sua utilização é comum devido a diminuição

do custo da apólice de seguro-construção paga pelo empreendedor. (MELHADO, 2006).

Ordonnancement, Coordination et Pilotage (Coordenador de Planejamento) possui as

seguintes atribuições básicas: Divisão da obra em atividades de construção e análise e definição

de suas interdependências (ordonnancement); Planejamento de prazos, custos e materiais de cada

atividade (planification); Controle de Execução das atividades(pilotage).

Desde 1994 se tornou obrigatória a presença do Oordonnateur en matière de sécurité et

de prévention de la santé (Coordenador de Segurança), profissional responsável por analisar

questões relativas à segurança na edificação e no canteiro de obras. Esses profissionais definem

procedimentos e equipamentos de segurança.

Logo, o coordenador de segurança interage com os responsáveis pelo projeto, durante o

desenvolvimento do projeto e com a equipe de coordenação do canteiro de obras resolvendo

questões conflituosas entre exigências de segurança e cumprimento de cronograma.

MELHADO (2006) esquematiza as relações entre as principais equipes envolvidas no

projeto e execução da obra:

69

Figura 4: Relações típicas entre os envolvidos.

Fonte: MELHADO (2006)

A busca pela qualidade, com obtenção de certificações, é um fator de extrema importância

no setor da Construção Civil francesa. Os chamados Clubs Construction Qualité são clubes do

qual fazem parte os profissionais de diversas áreas da construção civil, entre eles empreendedores,

projetistas e construtores. Atualmente, de acordo com o portal de informações Club Qualité

existem 32 clubes por toda a França, Cada Club define quais são as atividades a serem

desenvolvidas em função da demanda setorial da região.

Outro fator, que dentro do contexto francês, visa o aumento da qualidade é definição clara

do papel de cada profissional que participam do empreendimento. As responsabilidades iniciais e

de acordo com as fases subseqüentes contribuem diretamente com os resultados finais positivos.

Como dito anteriormente, a legislação francesa apresenta detalhes esclarecedores e claros das

atribuições de cada envolvido. CELTO (2007) exemplifica que na legislação são definidas as

chamadas Missões Profissionais, direcionada para os profissionais de projeto – arquiteto ou

engenheiro – onde cada responsabilidade consta claramente nos contratos firmados entre o

profissional e a firma contratante.

70

5.2 GESTÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: PREPARAÇÃO

Em geral, as empresas construtoras francesas fornecem muitos detalhes das soluções para

execução do projeto. Ao contrário do que acontece no Brasil, na maioria dos casos são elas que

apresentam as soluções para a aprovação dos projetistas, sendo essa atividade prevista na

legislação. Esse fato é possível devido ao nível de qualificação das empresas construtoras.

Além da equipe de engenharia das construtoras, os projetistas trabalham mutuamente com

a equipe dos fabricantes de materiais e componentes de construção. Estes, assim como os

engenheiros de construção, também possuem uma intensa participação nas soluções de projetos,

seja como suporte às decisões ligadas à tecnologia adotada ou no incentivo para a implantação

de novas tecnologias.

Para uma adequada integração entre projetistas, construtores e fornecedores de materiais,

um recurso adotado na França é a elaboração de uma síntese de projetos. Essa atividade é

semelhante à compatibilização de projetos usado no Brasil, que consiste na sobreposição de todos

os projetos elaborados.

O Club Regional Construction e Qualité Provence-Alpes-Côte d’Azur define a fase de

preparação do canteiro de obras como fase que marca o fim da montagem do empreendimento e o

início da sua efetiva gestão. De acordo com a norma NF 003 01 são recomendados de seis a oito

semanas para a organização das ações de cada equipe de obra e o tratamento das interfaces entre

elas. Essa fase busca a adequação do projeto, a minimização de dúvidas, melhor detalhamento e

compreensão das exigências de qualidade do empreendimento em questão.

Essa fase é conduzida pelo coordenador do canteiro de obras, pelo coordenador do projeto

(quase sempre um arquiteto) e por um representante do empreendedor, que realizam reuniões

com os construtores, o que pode significar a presença de cerca de quinze empresas na primeira

dessas reuniões. O coordenador de segurança e o responsável pelo controle técnico também

participam, sempre que solicitadas as suas presenças. Embora não sejam adequadamente

sistematizados, esse período de preparação é obrigatório no caso de obras públicas e amplamente

utilizada em obras privadas. MELHADO (2006).

71

5.3 “CHANTIERS VERTS”: CANTEIRO DE OBRAS VERDES

São notórios os impactos ambientais originados durante a produção de obras do Setor da

Construção Civil. NIANG e SOARES (2004) estimam que aproximadamente um terço de todo

consumo anual e mundial de água seja de responsabilidade do Setor. Para a minimização desses

impactos foram desenvolvidos os “Canteiros Verdes”, cujo objetivo principal é a preservação

ambiental na concepção do empreendimento. Para isso, são definidos dois níveis de abrangência:

� Da obra e das proximidades imediatas: Nesse nível os vizinhos e mão-de-obra

envolvida absorvem os danos causados, particularmente pelo barulho, sujeiras,

trânsito e estacionamento;

� Do ambiente e da população em geral: Nesse nível a meta geral é a preservação

dos recursos naturais e a redução dos impactos gerados.

NIANG e SOARES (2004) distinguem três pontos para a implementação de ações de

gestão e de redução de danos ambientais, sendo:

� Os fluxos de entrada da obra: Equipamentos e insumos de produção

� A obra em si: Técnica utilizada e organização da primeira triagem do lixo

� Os fluxos de saída da obra: Rejeitos removidos e os impactos negativos

causados para a vizinhança

De acordo com o Centre de Sciences et Tecnhniques du Bâtiment – CSTB são positivos os

resultados obtidos com o programa de “Canteiros de Obras Verdes”. Foram registrados aumentos

na produtividade global e são previstos aumentos desses benefícios com a implantação de novas

instalações locais de recuperação e valorização dos rejeitos de obras. (NIANG e SOARES)

O Haute Qualité Environnementale - HQE, aplicado na França pela associação

denominada Association Haute Qualité Environnementale, consiste na certificação de

construções que utilizem processos de gestão ambiental. Essa associação define 14 objetivos

ambientais para as edificações agrupadas em quatro tópicos: Eco-construção (Canteiro de Obras

com baixo impacto ambiental), Eco-Gestão (Gestão de energia, água, rejeitos e limpeza),

Conforto (higrotérmico, acústico, visual e olfativo), Saúde (Qualidade sanitária de ambientes, ar e

água).

72

Recentemente, a certificação HQE foi concedida ao edifício de um centro comercial em

Saint Denis, a construtora francesa Bateg atendeu ao caderno de exigências e implantou no

canteiro uma série de medidas para reduzir o consumo de água durante as obras, reduzir a

poluição do subsolo e melhorar a comunicação com a vizinhança.

De acordo com o periódico TECHNE (2009), o canteiro de obras apresentou as principais

características:

� Para reduzir o consumo de água no canteiro, todas as torneiras têm sistema de

fechamento automático e superaeradores, que reduzem o volume de líquido a cada

acionamento;

� A rede hidráulica do canteiro foi protegida com uma válvula que automaticamente

corta o fornecimento de água sob qualquer indício de vazamento;

� Os recipientes com aditivos para concreto foram posicionados sobre contêineres

para não contaminar o solo ou a rede de esgotos em caso de vazamento;

� Durante a limpeza das caçambas, a mistura "suja" de concreto foi filtrada antes do

descarte da água na rede de esgotos. A nata de concreto foi destinada à caçamba

dos dejetos inertes;

� Empresas especializadas recolheram os descartes do canteiro e os levaram para os

centros de triagem, onde o resíduo foi tratado e, eventualmente, exportado;

� Resíduos tóxicos e embalagens de produtos como colas e tintas foram destinados

às caçambas dos descartes especiais, cujo tratamento é 100 vezes mais caro do que

o dos resíduos inertes;

6 RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS D E OBRAS DOS

EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Considerando os sistemas DTU franceses no que diz respeito ao planejamento e segurança

na obra, a aplicação de métodos de construção industrializados para a otimização dos espaços,

cada vez mais escassos e a introdução de sistemas de gestão ambiental e de sustentabilidade, é

apresentado um conjunto de recomendações agrupadas por fases e etapas, conforme a figura

abaixo:

1.1– Definição dos agentes envolvidos.

1.2 – Identificação de atividades e interfaces

1) Definição dos aspectos referentes ao Planejamento e Execução da Obra

2) Análise e Definição de Implantação de Novas Tecnologias Construtivas.

2.1 – Definição dos Agentes Envolvidos na Tomada de Decisão

2.2 – Definição da Estratégia para Tomada de Decisão e Implantação

- Etapa 1: Análise do Panorama Atual da Empresa- Etapa 2: Definição do Tipo de Gestão.-Etapa 3 Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais Específicos.- Etapa 4 Elaboração de Planos de Gestão Ambiental no Canteiro de Obras- Etapa 5: Divulgação dos Planos de Gestão e Implantação de Programas de Treinamento.

-

3- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e Sustentabilidade

4- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Segurança do Trabalho

5- Definição e Implantação do Sistema de Treinamento

1.1– Definição dos agentes envolvidos.

1.2 – Identificação de atividades e interfaces

1) Definição dos aspectos referentes ao Planejamento e Execução da Obra

2) Análise e Definição de Implantação de Novas Tecnologias Construtivas.

2.1 – Definição dos Agentes Envolvidos na Tomada de Decisão

2.2 – Definição da Estratégia para Tomada de Decisão e Implantação

- Etapa 1: Análise do Panorama Atual da Empresa- Etapa 2: Definição do Tipo de Gestão.-Etapa 3 Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais Específicos.- Etapa 4 Elaboração de Planos de Gestão Ambiental no Canteiro de Obras- Etapa 5: Divulgação dos Planos de Gestão e Implantação de Programas de Treinamento.

-

3- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e Sustentabilidade

4- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Segurança do Trabalho

5- Definição e Implantação do Sistema de Treinamento

Figura 5: Esquematização da Proposta

Fonte: Autor

74

1) Definição dos aspectos referentes ao Planejamento e Execução da Obra

1.1– Definição dos agentes envolvidos.

É notório que o tratamento inadequado da interface entre o projeto arquitetônico e a

execução da obra, acarreta atrasos no cronograma, aumento de custos e improvisações no

canteiro de obras. As principais falhas são provocadas pela grande quantidade de agentes, pelo

distanciamento entre os profissionais responsáveis pelo projeto e os executores e pelas diferentes

formas de pensar destes profissionais. Portanto, é necessária a prévia definição das atividades,

responsabilidades e prazos a serem cumpridos por cada agente. Porém, o mais importante dessa

fase é a identificação ou definição da “rede de relacionamentos” dos envolvidos e a forma de

comunicação entre eles.

Os agentes envolvidos podem ser divididos em seis grupos: Agente Empreendedor (AE),

Agente de Execução do Projeto (AEP), Agentes Primários de Execução da Obra (APEO),

Agentes Secundários de Execução da Obra (ASEO), Agentes de Gestão Ambiental e

Sustentabilidade (AGAS), Agentes de Segurança da Obra (ASO).

Agente Empreendedor (AE): Agente envolvido no planejamento do empreendimento. É

de sua responsabilidade: garantir os recursos financeiros, definir a tipologia do empreendimento a

ser executado, estabelecer o programa de necessidades e executar a administração geral do

empreendimento.

Agentes de Execução do Projeto (AEP): Trata-se das pessoas, físicas ou jurídicas,

responsáveis pela elaboração dos projetos do empreendimento. Esses agentes elaboram os

projetos arquitetônicos, paisagísticos, de instalações prediais, de combate ao incêndio, de

estrutura, entre outros. Além disso, esse grupo fornece acompanhamento técnico durante a

execução do projeto.

Agentes Primários de Execução da Obra (AEO): São as pessoas que fazem parte da

equipe de execução da obra. Esse grupo é formado pela construtora (que pode ser ou não a

mesma empresa empreendedora), pelos engenheiros de obra, engenheiros de qualidade, entre

outros. Nesse grupo é definidos o Coordenador do Canteiro de Obras que possui as seguintes

atribuições básicas: subdividir a execução da obra em atividades e analisar suas interfaces,

planejar, no tempo, as necessidades de recursos para execução dessas atividades, acompanhar o

75

avanço dos serviços executados e tomar medidas para resolver interferências entre eles ou

corrigir atrasos face ao cronograma.

Agentes Secundários de Execução da Obra (ASEO): São as pessoas que fazem parte

das equipes subempreiteiras especializadas em determinados tipos de serviço. Na contratação

dessas equipes se devem observar os seguintes parâmetros: Responsabilidade técnica e dos riscos

agregados na atividade, localização da empresa para a garantia de assistência técnica e definição

do grau de controle da execução, visto que algumas atividades necessitam que o gerenciamento

de controle seja minimizado.

Agentes de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (AGAS) – Propõe-se a contratação de

profissional habilitado (arquiteto ou engenheiro), com formação complementar em gestão

ambiental e capacidade para análise de prevenção e gestão dos impactos ambientais. Esses

agentes seriam responsáveis, por exemplo, pela identificação dos principais resíduos que serão

produzidos pela obra e a melhor forma de recolhimento e destinação final desses elementos.

Além da elaboração de princípios para minimização dos riscos ambientais e programas de

prevenção e conscientização ambiental. Essas atividades são interligadas com o planejamento da

obra e seus agentes são interligados com os Agentes de Execução da Obra.

Uma outra forma de trabalho desse agente seria a coordenação das empresas envolvidas

na obra. Nesse caso, cada empresa prestadora de serviço seria responsável pela coleta e

eliminação dos resíduos gerados, cabendo aos agentes de gestão ambiental e de sustentabilidade a

supervisão desses trabalhos.

Agentes de Segurança da Obra (ASO): Essa equipe é formada pelos engenheiros de

segurança do trabalho, técnicos de segurança e médicos do trabalho. Esses agentes são

responsáveis pela análise de questões relativas às futuras condições de uso e operação da obra

construída, como também pelas relacionadas à segurança no canteiro de obras, no que diz

respeito aos equipamentos e medidas de proteção coletiva.

Além das atribuições conhecidas como administração e fiscalização da segurança no meio

industrial e organização de programas de prevenção, esses agentes interagem com os Agentes de

Execução do Projeto, em aspectos como a legislação relativa à acessos de coberturas e fachadas

ou especificação de revestimentos seguros. Também se faz necessária a interação com os Agentes

76

de Execução da Obra (Primários e Secundários), no que diz respeito ao cronograma de execução

para a adequação dos sistemas de segurança conforme a fase de obra.

1.2 – Identificação de atividades e interfaces

Após a identificação dos agentes, de suas responsabilidades e atividades, é necessária a

elaboração de um organograma dos envolvidos. Nessa fase também deverão ser definidos os

Coordenadores Gerais de cada grupo de agente que serão responsáveis pela integração e

comunicação dos integrantes da equipe e a interface com os outros agentes. A figura abaixo

representa as interfaces entre os agentes envolvidos no processo de elaboração, implantação e

gestão do canteiro de obras:

AGENTES DE EXECUÇÃO DA OBRA

AGENTE EMPREENDEDOR

AGENTESDE EXECUÇÃODO PROJETO

AGENTES DESEGURANÇA DO

TRABALHO

AGENTES DE GESTÃO AMBIENTAL E

SUSTENTABILIDADE

AGENTES DE EXECUÇÃO DA OBRA

AGENTE EMPREENDEDOR

AGENTESDE EXECUÇÃODO PROJETO

AGENTES DESEGURANÇA DO

TRABALHO

AGENTES DE GESTÃO AMBIENTAL E

SUSTENTABILIDADE

Figura 6: Esquema de Interfaces dos Agentes Envolvidos

Fonte: Autor

Além deste aspecto, deverão ser definidos os meios de comunicação a serem utilizados

pelos agentes. Recomendam-se reuniões para a definição dos aspectos relevantes quanto à

77

produção, prazos, metas. Nessas reuniões devem ser definidos os seguintes tópicos que poderão

sofrer alterações de acordo com a necessidade de cada obra:

� Disponibilidade dos Elementos do Projeto (desenhos, especificações, etc);

� Definição do fluxo de informação e prazo de validade do documento;

� Definição do prazo para conclusão da obra;

� Procedimentos de Execução e Controle dos ASEO;

� Elaboração do Projeto de Execução e Produção pelos agentes envolvidos;

� Definição dos pontos críticos da produção no canteiro;

� Estabelecimento de datas para reuniões periódicas para a avaliação do

andamento dos trabalhos.

2) Análise e Definição de Implantação de Novas Tecnologias Construtivas.

A inovação tecnológica tem sido uma importante estratégia adotada pelas empresas

construtoras na busca pelo aumento de produtividade. Além disso, o uso dessas novas tecnologias

proporciona uma otimização do uso dos espaços do canteiro de obras.

No entanto, é importante destacar que as novas tecnologias citadas dizem respeito às

inovações do produto para a construção, ou seja, dos sistemas construtivos. A introdução de

novas tecnologias requer alterações no processo de produção. A seguir são apresentadas

estratégias para a análise e escolha dos sistemas construtivos e a participação dos diferentes

agentes na tomada de decisão.

2.1 – Definição dos Agentes Envolvidos na Tomada de Decisão

Nessa etapa devem ser relacionados os coordenadores representantes de cada tipo de

agente que contribuirão para a tomada de decisão e os aspectos que cada um analisará. Vale

salientar que essas análises são realizadas com base em aspectos como custo-benefício, riscos,

vantagens e desvantagens na implementação de novos sistemas construtivos. Os aspectos que

devem ser analisados por cada agente são:

78

a) Agente Empreendedor – Análise de aspectos econômicos, de prazos, aceitação no

mercado consumidor, de busca pela qualidade, etc;

b) Agente de Execução do Projeto – Análise de aspectos para a produção do projeto.

Identificação das mudanças quanto à forma de projetar, do produto final, das habilidades dos

profissionais de se adequarem aos novos processos de produção, etc;

c) Agentes de Execução da Obra – Análise dos aspectos para a execução da obra.

Identificação da forma de execução, habilitação dos operacionais, cumprimento de prazos,

mudanças nos espaços físicos necessários no canteiro, etc;

d) Agentes de Gestão Ambiental e Sustentabilidade – Análise dos diferentes tipos de

impacto ambiental dessas novas tecnologias e das alternativas para sua redução;

e) Agentes de Segurança do Trabalho – Análise dos riscos inerentes a cada sistema

construtivo e das alternativas para proteção contra estes riscos.

2.2 – Definição da Estratégia para Tomada de Decisão e Implantação

Propõem-se três etapas para a tomada de decisão sobre a escolha do método construtivo

que será adotado. Os coordenadores representantes de cada agente devem participar ativamente

de cada sub-etapa, analisando os fatores intervenientes de acordo com sua atividade específica. O

sistema escolhido será aquele que melhor se adapte aos diversos interesses.

a) Etapa 1 – Identificação dos Objetivos e Panorama da Empresa e do Local de

Implantação do Canteiro.

- Etapa 1.1: Definição dos objetivos na implantação de novos sistemas

Neste momento, cada agente deve definir quais são os principais objetivos que a

implantação de novos sistemas construtivos pretende alcançar, de acordo com as políticas de

gestão e produção da empresa construtora.

79

- Etapa 1.2: Análise do panorama atual da empresa e do canteiro em questão

Ainda seguindo critérios conforme as políticas de gestão e produção da empresa, essa

etapa visa um entendimento do panorama atual da empresa (questões técnicas, econômicas e

sociais) e quais serão as mudanças significativas durante a elaboração e introdução de novos

sistemas construtivos.

Em relação aos aspectos dos canteiros, esta etapa busca a identificação dos aspectos

condicionantes da área de implantação do canteiro, visto que determinadas características podem

eliminar a possibilidade de adoção de determinado sistema. Portanto, é importante nesta fase

identificar as características principais do terreno que será implantado o canteiro de obras, da

seguinte forma:

1) Análise quanto à localização do terreno: Identificam-se os acessos possíveis, a

topografia, obstáculos naturais, áreas de preservação, características do entorno.

2) Análise quanto ao espaço: Identificação das dimensões, forma e locação do projeto

arquitetônico no terreno;

3) Identificação dos serviços públicos disponíveis: Identificação dos sistemas de

abastecimento de água e esgoto, fornecimento de energia elétrica e rede telefônica, serviços de

limpeza urbana e transporte urbano.

4) Análise da legislação vigente: Principalmente a NR 18 – Áreas de Vivência e

Segurança no trabalho e NB 1367 – Áreas de Vivência, Legislação Ambiental e o Código de

Obras Municipal.

b) Etapa 2 – Formulação dos aspectos intervenientes na tomada de decisão

- Etapa 2.1: Definição de Critérios

Cada agente deve definir os critérios que permearão suas decisões conforme os objetivos

a serem alcançados.

80

- Etapa 2.2: Identificação das opções possíveis, suas características e necessidades.

Nesta etapa deverão ser apresentadas as opções possíveis de acordo com as características

da obra. Além disso, cada agente deve identificar as necessidades especiais (tipo de transporte,

estocagem, impactos ambientais, risco à saúde do trabalhador, etc) de cada sistema disponível.

- Etapa 2.3: Avaliação das Opções

Neste momento, são sobrepostas as características e necessidades de cada sistema possível

com os critérios (objetivos) previamente definidos.

Baseados nos resultados obtidos devem ser analisadas as vantagens e desvantagens sob a

ótica de aspectos econômicos, técnicos, de qualidade, etc.

- Etapa 2.4: Definição do Método

Após a avaliação das opções, os agentes devem definir o método construtivo que melhor

se adapte aos critérios e objetivos visados.

c) Etapa 3 – Planejamento e Implantação.

- Etapa 3.1: Planejamento de projetos

Definidos o tipo de sistema construtivo adotado, cada agente deve elaborar planos para

sua implantação, conforme seus objetivos específicos. É de extrema importância nesta fase a

intensa comunicação entre os agentes, garantindo, assim, projetos coesos e integrados. Por

exemplo, o trabalho conjunto entre os agentes de execução, de gestão ambiental e de segurança

na definição dos fluxos do canteiro (pessoas, equipamentos, materiais, resíduos) resultará em

otimização, garantia de qualidade e produtividade do canteiro de obras.

- Etapa 3.2: Planejamento da Obra

Após a definição do projeto arquitetônico, esse trabalho em grupo visa um estudo

detalhado e minucioso da área de implantação da obra, do projeto arquitetônico e realiza revisões

81

das especificações, com o objetivo para a elaboração dos detalhes do projeto e planejamento da

produção. É importante salientar a importância da participação de todos os agentes envolvidos de

forma a evitar conflitos e imprevistos. Esta etapa deve ser desenvolvida pelos Coordenadores do

Empreendimento, de Execução do Projeto, de Execução de Obras (Primário e Secundário), de

Gestão Ambiental e de Segurança do Trabalho. Além disso, também deve ser definido o

responsável pela Coordenação do Canteiro de Obras, que tem como objetivo a integração entre

esses agentes e a elaboração do projeto de canteiro de obras e sua manutenção no decorrer da

execução.

Com a colaboração dos agentes envolvidos devem ser elaborados os planos de ataque para

a execução da obra. De acordo com o Plano de Metas definido pelo Agente Empreendedor

(prazos, metas, custos, qualidade) e com os projetos desenvolvidos pelos Agentes de Execução

do Projeto, os responsáveis pela execução da obra definem os sistemas de produção e elaboram

as especificações quanto ao cronograma de aquisição e consumo de materiais, qualificação dos

fornecedores, logística de recebimento e armazenamento de materiais, utilização de mão de obra

própria ou terceirizada, etc.

Nesta fase, também devem ser definidos os tipos de equipamentos que serão utilizados e

seus cronogramas de utilização, bem como avaliada a necessidade de compra ou aluguel e

definidos os planos de montagem, desmontagem, operação e manutenção desses equipamentos.

No caso de utilização de estruturas pré-fabricadas, de aço e painéis de vedação, devem ser

dimensionadas as áreas de estocagem necessárias.

Especificamente no caso de equipamentos de quindar, como quindaste e gruas, esse

planejamento possibilita a avaliação das condições especiais como: Condições de acesso e

capacidade do solo quanto à resistência ao peso, locação, consumo de energia, etc.

Esta fase pode ser esquematizada da seguinte forma:

82

Análise das características da área de implantação do canteiro

Definição do Plano de Ataque

Revisão do ProjetoArquitetônico

Definição dos sistemas de produção

Definição dos Cronogramas

Análise das características da área de implantação do canteiro

Definição do Plano de Ataque

Revisão do ProjetoArquitetônico

Definição dos sistemas de produção

Definição dos Cronogramas

Figura 7: Esquematização da Fase de Planejamento de Obra

Fonte: Autor

- Etapa 3.3: Planejamento do Canteiro de Obras

Nessa fase, o coordenador do canteiro de obras munido dos documentos com as

considerações de todos os agentes envolvidos e os planos de produção, deve definir o arranjo

físico inicial da obra. É importante a retroalimentacão dos dados fornecidos por esses agentes

durante todo o período de execução da obra para uma atualização adequada do canteiro de obras

conforme o avanço da obra.

Com o auxílio dessas documentações são definidos os elementos do canteiro e avaliados

os espaços disponíveis. Esses elementos podem ser de produção, de apoio à produção, áreas de

estocagem e processamento, de sistemas de transporte, de apoio técnico-administrativo, de áreas

de vivência, etc.

Esta fase pode ser esquematizada da seguinte forma:

83

Análise da documentação específica dos agentes envolvidos

Definição dos espaços de estocagem e processamento, produção, vivência,etc.

Definição dos espaços disponíveis nas fases do canteiro

Definição do Arranjo Físico do Canteiro

Atualização da documentação específica dos agentes envolvidos

Análise da documentação específica dos agentes envolvidos

Definição dos espaços de estocagem e processamento, produção, vivência,etc.

Definição dos espaços disponíveis nas fases do canteiro

Definição do Arranjo Físico do Canteiro

Atualização da documentação específica dos agentes envolvidos

Figura 8: Esquematização da Fase de Planejamento do Canteiro de Obras

Fonte: Autor

- Etapa 3.4: Implantação

Nesta etapa corresponde ao início das atividades do canteiro. São divulgados os planos de

ação dos Agentes de Gestão Ambiental e de Segurança e suas diretrizes para os procedimentos

definidos.

Os Agentes de Execução do Projeto acompanham e fornecem apoio técnico para

eventuais dúvidas na execução da obra.

O Agente Empreendedor administra todos os aspectos referentes ao processo de produção.

- Etapa 3.5: Análise de Resultados

Essa etapa não deve ser realizada somente na conclusão da obra. Devem ser realizadas

reuniões periódicas com os coordenadores de cada agente, para a avaliação da evolução da obra,

comparando os resultados obtidos com os resultados previstos. Caso ocorram desvios graves, são

elaborados planos de correção e adequação.

As figuras 9, 10 e 11 exemplificam um aspecto dessa estratégia e as ações de cada agente:

84

Etapa 1 – Identificação dos Objetivos e Panorama da Empresa e do Local de Implantação do Canteiro.

Figura 9: Exemplificação Etapa 1

Fonte: Autor

1.1 - Objetivos na

implantação

AE AEP AEO AGAS AST

1.2 - Análise do panorama atual da empresa e do Canteiro em questão

Diferenciação dos produtos Aumento da capacidade de produção tecnológica

Melhoria nos níveis de racionalização construtiva

Diminuição dos impactos ambientais

Diminuição dos riscos no trabalho

Análise dos custos durante a implantação do sistema

Análise das habilidades técnicas dos profissionais

Características e mudanças na elaboração do canteiro de obras

Identificaçãoda política ambiental e recursos naturais no local da obra

Identificação dos riscos específicos no canteiro de obras

85

Etapa 2 – Formulação dos aspectos intervenientes na tomada de decisão

Figura 10: Exemplificação Etapa 2

Fonte: Autor

AE AEP AEO AGAS AST

2.1 - Definição de Critérios

2.2 - Identificação das opções possíveis, suas

características e necessidades

2.3 - Avaliação de Opções

2.4 - Definição do Método

Retorno do Investimento e aumento de qualidade

Ex: Uso de estrutura metálica ou estrutura pré-fabricadas, painéis de vedação industrializados, concreto usinado, etc. e suas principais características e necessidades especiais quanto ao transporte, estocagem, entre outros.

De acordo com os critérios antes selecionados e análise comparativa entre as opções.

Pelos agentes envolvidos, conforma a análise das alternativas.

Adequação às habilidades específicas dos profissionais

Possibilidade de otimização no canteiro de obras

Implantação de métodos construtivos menos agressivos

Implantação de métodos construtivos mais seguros

86

Etapa 3 – Planejamento e Implantação.

Figura 11: Exemplificação Etapa 3

Fonte: Autor

AE AEP AEO AGAS AST

3.1.Planejamento de Projetos

Elaboração de Plano de Metas: planejamento de custos,prazos,qualidade.

Elaboração de projeto arquitetônico e interface

com outros projetos.

Identificação dos principais

condicionantes da obra.

Elaboração de Programas de

Gestão Ambiental

Elaboração de Programas de Prevenção de

Riscos.

3.2 - Planejamento de Obras

Elaboração de Plano de Metas: planejamento de custos, prazos.

Fornecimento de projetos claros e precisos para a

execução.

Elaboração de planos e logística de execução da

obra.

Confrontação do Plano de

Gestão com o processo

construtivo.

Confrontação do Plano de Prevenção com o processo construtivo

3.5 - Análise de Resultados

Avaliação do retorno do investimento.

Avaliação de conformidade entre projeto e produto

executado

Avaliação dos índices de

produtividade no canteiro

Avaliação da eficácia dos sistemas de

gestão ambiental

Avaliação dos programas de prevenção de

riscos.

3.4 -Implantação Divulgação do Plano de Metas.

Acompanhamento e apoio técnico durante a execução

do projeto.

Conformidade entre projeto planejado e execução.

Divulgação de Programa e

implantação de sistemas de

gestão.

Divulgação e Implantação de

sistemas de proteção.

87

3- Definição e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental e Sustentabilidade.

Visto a importância da implantação dos sistemas de gestão ambiental e de segurança no

início do planejamento do canteiro de obras, os itens a seguir apresentam guias de estratégia para

a implantação desses programas de gestão.

Etapa 1: Análise do Panorama Atual da Empresa.

Essa etapa tem como objetivo a implementação de políticas de preservação ambiental

focada na realidade da empresa. Portanto, deverão ser realizados diagnósticos sobre o panorama

da empresa perante o cenário de preservação ambiental e sobre os impactos ambientais gerados

por suas atividades em geral. Também deve ser efetuado o levantamento de requisitos legais para

a implantação dos programas de gestão.

É importante a participação de todos os envolvidos com o planejamento e operação do

canteiro nesta etapa, visto que o entendimento de suas responsabilidades perante as questões

ambientais contribuirá para o sucesso do programa.

Sugere-se a aplicação de questionários, entrevistas, lista de verificação, inspeção,

avaliação de registros, entre outros. Como tema podem ser utilizados: a tipologia do sistema de

gestão existente e seu desempenho, práticas e procedimentos de gestão ambiental presentes e

históricos de incidentes ambientais anteriores.

Etapa 2: Definição do Tipo de Gestão.

Em função do resultado do diagnóstico anterior deve ser definido o tipo de gestão que

será aplicada, podendo ser de dois tipos:

- Os Agentes de Gestão Ambiental assumem a responsabilidade de solucionar todos os

problemas relacionados à redução de impactos e preservação ambiental das atividades de

produção;

88

- As empresas contratadas assumem a responsabilidade de controle e redução dos

impactos produzidos por suas atividades. Os Agentes de Gestão Ambiental funcionam como

coordenadores e supervisores destes, fiscalizando o cumprimento do Programa de Gestão

previamente definido.

Etapa 3: Identificação dos Aspectos Ambientais Gerais da Obra em Questão.

Nesta etapa, os Agentes identificam a área de locação do canteiro de obras e os aspectos

gerais da implantação e produção do empreendimento em relação aos fatores externos (entorno

ambiental, existência de áreas de preservação ambiental, vizinhança, impacto viário, etc) e fatores

internos (aspectos que influenciam a equipe de trabalho de construção).

Etapa 4: Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais Específicos.

Nesta etapa, os agentes de gestão ambiental junto com os outros agentes envolvidos

elaboram um fluxograma de todas as atividades que serão realizadas dentro do canteiro durante a

execução da obra.

Para cada atividade deve ser identificada a existência de interação com o meio ambiente e

os impactos produzidos por esses trabalhos. Neste momento os Agentes de Segurança analisam

os riscos de acidentes e situações de emergência do método adotado em cada atividade. Ou seja,

são verificadas as possíveis conseqüências nos meios físicos, biótico e sócio-econômicos.

Etapa 5: Elaboração de Planos de Gestão Ambiental no Canteiro de Obras

De acordo com os programas ambientais da construtora, são elaborados os planos

específicos para cada obra, de acordo com as características do sistema construtivo adotado, a

minimização dos impactos previamente identificados e os requisitos legais, além da gestão de

resíduos.

Devem ser identificados os principais fluxos de resíduos e elaboradas estratégias para uma

adequada forma de armazenamento, transporte e retirada desses resíduos. Também devem ser

definidas as formas e os locais de sua destinação.

89

Etapa 6: Divulgação dos Planos de Gestão e Implantação de Programas de

Treinamento.

Essas atividades definem os canais de comunicação entre as pessoas envolvidas no

processo de produção e o estabelecimento de programas de treinamento. É importante que as

responsabilidades ambientais sejam diluídas por todos os níveis e funções, conforme as

interações das atividades e os produtos.

Propõe-se a seguinte seqüência de realização:

a) Reunião com os envolvidos

Consiste na análise dos principais impactos ambientais, normas e leis vigentes sobre o

assunto, objetivo e métodos, motivação.

b) Implantação do sistema de gestão

Devem ser implantados programas de treinamento da mão de obra. Este item diz respeito

ao grau de entusiasmo, dedicação e comprometimento com a implantação do sistema. Propõe-se a

utilização de palestras, vídeos institucionais e folders de divulgação da política de gestão

ambiental.

d) Avaliação de resultados e desempenho

Devem ser realizadas a avaliações por meio de documentos e registros do trabalho,

visando a retroalimentacão de dados.

4 – Definição e Implantação do Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho

Como citado anteriormente, o trabalho dos Agentes de Segurança do Trabalho começa na

escolha do sistema construtivo que será adotado. Essa equipe identifica os riscos específicos do

sistema em cada etapa da obra e as formas mais indicadas para prevenção e proteção desses

riscos.

Propõe-se que a Gestão de Segurança do Trabalho seja efetuada obedecendo as seguintes

etapas:

90

Etapa 1: Estabelecimento da Política de Segurança – Nesta etapa, de acordo com as

exigências do Ministério do Trabalho e Emprego, são os aspectos relevantes na política de

segurança do trabalho. Esses aspectos consistem na qualificação profissional, nos Serviços

especializados em engenharia de segurança e em medicina do Trabalho – SESMT, na definição

da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e das Ordens de Serviço sobre

Segurança e Medicina do Trabalho.

É importante durante a etapa de elaboração dos Programas de Prevenção de Acidentes e

Doenças do Trabalho a participação e o envolvimento de todos os setores da estrutura

organizacional e de seus colaboradores, sendo as responsabilidades compatíveis com os diversos

níveis no organograma funcional da empresa.

Etapa 2: Análise de riscos gerais – Essa fase identifica e avalia os riscos gerais do

canteiro como: Instalações elétricas, sistemas de detecção e combate a incêndio, qualidade do

ambiente (temperatura, ventilação e iluminação), os cruzamentos de fluxos entre pessoas,

materiais e equipamentos e seus riscos conseqüentes.

Etapa 3: Análise dos riscos específicos- Análise dos riscos específicos conforme o

sistema construtivo e a identificação de normas específicas de segurança.

Etapa 4: Definição de áreas de vivência, medidas de prevenção da segurança

conforme a norma vigente (NR 18 e NB 1367) – Definição dos locais adequados para a locação

de alojamentos (se utilizado), vestiários e sanitários e ambulatório de atendimento médico.

Etapa 5: Implantação do Programa – Após a definição dos métodos de prevenção e

segurança nas atividades são divulgadas e implantadas os sistemas de segurança. É importante

salientar a elaboração de Programas de Alimentação adequada da mão de obra, visto que essa

iniciativa contribui para o aumento dos índices de produtividade e qualidade da obra.

Etapa 6: Análise de Desempenho – Nesta fase deve ser realizada a análise do canteiro de

obras quanto à segurança, saúde e condições de trabalho.

O presente trabalho recomenda a aplicação do check-list seguir extraído do trabalho

desenvolvido, em 2003, pela Comissão Interinstitucional de Prevenção aos Acidentes de

Trabalho e Doenças Ocupacionais, parte integrante do Ministério do Trabalho e Emprego. Essa

91

lista, que considera os itens relevantes considerados no trabalho, deverá sofrer alterações de

acordo com as características da obra.

Este check-list utiliza o método de avaliação pelo questionamento SIM ou NÃO, e

pontuação pelas marcações afirmativas como índice de qualidade na pesquisa, ou seja, quanto

maior a pontuação de respostas SIM, melhores as condições do trabalho do canteiro avaliado.

Quando um item não for aplicável, não contará para a pontuação, sendo o resultado adaptado ao

nº de questões aplicáveis na forma de percentual.

O resultado possui 5 avaliações: Péssimo (0 a 20%), Ruim (20,1% a 40%), Regular

(40,1% a 60%), Bom (60,1% a 80%) e Ótimo (80,1% a 100%). Além disso, vale ressaltar que

essa verificação é dividida em três partes: Avaliação das condições administrativas e relações

trabalhistas, Avaliação das condições de engenharia e segurança no trabalho e Avaliação das

Condições de saúde e higiene. Assim, temos a seguinte forma de identificação dos resultados:

Pontuação = Nº de SIM encontrado x 100 =

Nº de quesitos aplicáveis

Figura 12: Identificação dos Resultados

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (2003)

A seguir são apresentados os check-list:

%

92

PARTE 1 – Avaliação das condições administrativas e relações trabalhistas.

PERGUNTA SIM NÃO Não se aplica

1. Tem acordo coletivo assinado com o sindicato?

2. Tem ficha de registro dos trabalhadores na obra?

3. Todos os funcionários possuem registro?

4. O piso salarial da categoria é cumprido?

5. O FGTS é recolhido em dia?

6. O INSS é recolhido em dia?

7. Fornece vale transporte?

8. Fornece café da manhã?

9. Fornece refeição, cesta básica ou ticket refeição?

10. O pagamento de salários é feito antes ou até as datas previstas em lei?

11. Os empreiteiros cumprem os itens acima?

12. A empresa fiscaliza os empreiteiros com relação aos itens acima?

Total Parte 1: Nº de SIMs aplicáveis: ( ) Nº de Quesitos

93

PARTE 2 – Avaliação das condições de engenharia e segurança no trabalho.

PERGUNTA SIM NÃO Não se aplica

1. Foi realizada a Comunicação Prévia junto à Delegacia Regional do Trabalho?

2. Foi elaborado o PCMAT ?

3.A obra possui carpintaria?

4. A serra circular tem a carcaça do motor aterrada eletricamente?

5. A serra é provida de coifa protetora do disco coletor de serragem?

6. Possui dispositivo empurrador e guia de alinhamento?

7. A iluminação da carpintaria é protegida contra impactos ?

8. A carpintaria possui piso resistente, nivelado e antiderrapante, com cobertura capaz de proteger os trabalhadores contra quedas de materiais e intempéries?

9. A dobragem e o corte de vergalhões são feitos sobre bancadas ou afastadas da área de circulação de trabalhadores com cobertura resistente para proteção dos trabalhadores contra a queda de materiais e intempéries?

10. As armações de pilares, vigas e outras estruturas verticais são apoiadas e escoradas para evitar tombamento ?

11. Existem pranchas de madeira firmemente apoiadas sobre as armações nas formas, para a circulação de operários?

12. As pontas verticais de vergalhões de aço estão protegidas contra acidentes?

13. A madeira usada em escadas, rampas e passarelas é de boa qualidade, está seca e sem o uso de pintura que encubra imperfeições?

14. As escadas de uso coletivo, rampas e passarelas são dotadas de corrimão e rodapé?

15. A transposição de pisos com diferença de nível superior a 0,40m é feita por meio de escadas ou rampas ?

16. As escadas provisórias têm largura mínima de 0,80m(oitenta centímetros), e a cada 2,90m de altura um patamar intermediário?

17.A escada de mão tem seu uso restrito para acessos provisórios e serviços de pequeno porte?

94

18. As escadas de mão possuem no máximo 7,00m (sete metros) de extensão e o espaçamento entre os degraus varia entre 0,25m a 0,30m ?

19. É proibido colocar escada de mão nas proximidades de portas ou áreas de circulação, onde houver risco de queda de objetos ou materiais e nas proximidades de aberturas e vãos?

20. A escada de mão ultrapassa em 1,00m o piso superior, está fixada nos pisos inferior e superior ou dotada de dispositivo que impeça o seu escorregamento?

21. Está dotada de degraus antiderrapantes?

22. Está proibido o uso de escada de mão junto a redes e equipamentos elétricos desprotegidos?

23. Para cada lance de 9,00m existe um patamar intermediário de descanso, protegido por guarda-corpo e rodapé?

24. As rampas provisórias usadas para trânsito de caminhões têm largura mínima de 4,00m e estão fixadas em suas extremidades?

25. As aberturas utilizadas para o transporte vertical de materiais e equipamentos, são protegidas por guarda-corpo fixo, no ponto de entrada e saída de material, e por sistema de fechamento do tipo cancela ou similar ?

26. Os vãos de acesso às caixas dos elevadores possuem fechamento provisório de, no mínimo, 1,20m e altura, constituído de material resistente e seguramente fixado à estrutura, até a colocação definitiva das portas?

27. A periferia da edificação possui a instalação de proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais a partir do início dos serviços necessários a concretagem da primeira laje?

28. Em edifícios com mais de 4 pavimentos ou altura equivalente, existe instalação de uma plataforma principal de proteção na altura da primeira laje que esteja, no mínimo, um pé-direito acima do nível do terreno, com mínimo de 2,50m de projeção o horizontal da face externa da construção e 1 (um) complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de extensão, com inclinação de 45º (quarenta e cinco graus), a partir de sua extremidade?

29. A plataforma foi instalada logo após a concretagem da laje a que se refere e retirada, somente, quando o revestimento externo do prédio acima dessa plataforma estiver concluído ?

30. Acima e a partir da plataforma principal de proteção, estão também instaladas plataformas secundárias de proteção, em balanço, de 3 em 3 lajes?

31. Na construção de edifícios com pavimentos no subsolo, estão instaladas, ainda, plataformas terciárias de proteção, de 2 (duas) em 2(duas) lajes, contadas em direção ao subsolo e a partir da laje referente à instalação da plataforma principal de proteção?

95

32. O perímetro da construção de edifícios está fechado com tela a partir da plataforma principal de proteção?

33. Os equipamentos de transporte vertical de materiais e de pessoas estão dimensionados por profissional legalmente habilitado?

34. A montagem e desmontagem e manutenção são realizadas por trabalhador qualificado?

35. Os equipamentos de movimentação e transporte de materiais e pessoas são operados por trabalhador qualificado com função anotada em Carteira de Trabalho?

36. No transporte vertical e horizontal de concreto, argamassas ou outros materiais, está proibida a circulação ou permanência de pessoas sob a área de movimentação da carga, sendo a mesma isolada e sinalizada.?

37. Quando o local de lançamento de concreto não for visível pelo operador do equipamento de transporte ou bomba de concreto, é utilizado sistema de sinalização, sonoro ou visual, e, quando isso não for possível possui comunicação por telefone ou rádio para determinar o início e o fim do transporte?

38. No transporte e descarga dos perfis, vigas e elementos estruturais, são adotadas medidas preventivas quanto à sinalização e isolamento da área?

39. Os acessos da obra estão desimpedidos, possibilitando a movimentação dos equipamentos de guindar e transportar?

40. Antes do início dos serviços, os equipamentos de guindar e transportar são vistoriados por trabalhador qualificado, com relação a capacidade de carga, altura de elevação e estado geral do equipamento?

41. As torres de elevadores estão dimensionadas em função das cargas a que estarão sujeitas?

42. As torres são montadas e desmontadas por trabalhadores qualificados?

43. As torres estão afastadas das redes elétricas ou estas isoladas conforme normas específicas da concessionária local?

44. A base onde se instala a torre e o guincho é de concreto, nivelada e rígida ?

45 A torre e o guincho do elevador estão aterrados eletricamente?

46. A torre do elevador está dotada de proteção e sinalização, de forma a proibir a circulação de trabalhadores através da mesma?

47. Está proibido o transporte de pessoas nos elevadores de materiais?

48. Existe fixada uma placa no interior do elevador de material, contendo a indicação de carga máxima e a proibição de transporte de pessoas?

96

49-Nos edifícios em construção com 12 ou mais pavimentos, ou altura equivalente possui instalação de, pelo menos, um elevador de passageiros?

50-O transporte de passageiros terá prioridade sobre o de carga ou de materiais?

51-A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação da grua estão mínimos a 3,OO m de qualquer obstáculo e estão afastados da rede elétrica ?

52-Quando o equipamento de guindar não estiver em operação, a lança fica em posição de descanso?

53-A grua está aterrada e dispõe de pára-raios situados a 2,00m acima da ponta mais elevada da torre?

54-A grua possui alarme sonoro acionado pelo operador sempre que houver movimentação de carga?

55-O dimensionamento dos andaimes é realizado por profissional legalmente habilitado?

56-O piso de trabalho dos andaimes tem forração, antiderrapante, nivelado e fixado de modo seguro e resistente?

57-Os andaimes devem dispõem de sistema guarda-corpo e rodapé?

58-É utilizada cadeira suspensa (balancim individual) quando não sendo possível a instalação de andaimes?

59-A sustentação da cadeira suspensa é feita por meio de cabo de aço ou cabo de fibra sintética?

60-A operação de máquinas e equipamentos é feita por trabalhador qualificado e identificado por crachá?

61-Na operação de máquinas e equipamentos com tecnologia diferente da que o operador estava habituado a usar,é feito novo treinamento, de modo a qualificá-lo à utilização dos mesmos?

62-As máquinas, equipamentos e ferramentas são submetidas à inspeção e manutenção periódicas?

63-A máquina possui dispositivo de bloqueio para impedir seu acionamento por pessoa não-autorizada?

64-Os trabalhadores são treinados e instruídos para a utilização segura das ferramentas?

65-As ferramentas manuais que possuam gume ou ponta estão protegidas com bainha de couro material ou equivalente?

66-A empresa fornece aos trabalhadores, gratuitamente os EPIs?

67-O cinto de segurança tipo pára-quedista é utilizado em atividades a mais de 2,00m (dois metros) de altura do piso, nas quais haja risco de queda do trabalhador?

68-Os materiais são armazenados e estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais, o acesso aos equipamentos de combate a incêndio,

97

não obstruir portas ou saídas de emergência e não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes, lajes ou estruturas de sustentação, além do previsto em seu dimensionamento? 69-Os materiais tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou explosivos são armazenados em locais isolados, apropriados, sinalizados e de acesso permitido somente a pessoas devidamente autorizadas?

70-As madeiras retiradas de andaimes, tapumes, formas e escoramentos são empilhadas, depois de retirados ou rebatidos os pregos, arames e fitas de amarração?

71-A obra possui sistema de alarme capaz de dar sinais perceptíveis em todos os locais da construção em caso de incêndio?

72-Nos locais confinados e onde são executados pinturas, aplicação de laminados, pisos, papéis de parede e similares, com emprego de cola,bem como nos locais de manipulação e emprego de tintas, solventes e outras substâncias combustíveis, inflamáveis ou explosivas, são tomadas as seguintes medidas de segurança?

73-É obrigatório o uso de colete ou tiras refletivas na região do tórax e costas quando o trabalhador estiver a serviço em vias públicas, sinalizando acessos ao canteiro de obras e frentes de serviços ou em movimentação e transporte vertical de materiais?

74-O canteiro de obras está organizado, limpo e desimpedido?

75-O entulho e quaisquer sobras de materiais são regularmente coletados e removidos.?

76-É proibida a queima de lixo ou qualquer outro material no interior do canteiro de obras?

77-É proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais inadequados do canteiro de obras?

78-Na obra existe colocação de tapumes ou barreiras deforma a impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços?

79-Nas obras com mais de 2 (dois) pavimentos a partir do nível do meio-fio, foram construídas galerias sobre o passeio, com altura interna mínima 3,00m ?

80-Existe proteção de risco de queda de materiais nas edificações vizinhas?

Total Parte 2: Nº de SIMs aplicáveis: ( ) Nº de Quesitos

98

PARTE 3 – Avaliação das condições de saúde e higiene.

PERGUNTA SIM NÃO Não se aplica

1. Possuem PCMSO atualizado e coordenado por Médico do Trabalho?

2. Existem as cópias do ASO (Atestado de Saúde Ocupacional)?

3. Os exames anotados no ASO estão de acordo com o PCMSO?

4. Todos os trabalhadores estão trabalhando com exame médico de apto?

5. As instalações sanitárias (IS) estão em perfeito estado de conservação e limpeza?

6. As IS possuem paredes e pisos laváveis e piso antiderrapante?

7. As IS possuem boa ventilação e iluminação adequada?

8. As IS estão em locais de fácil acesso e a menos de 150 m do local de trabalho?

9. As IS possuem gabinete sanitário, mictórios e lavatórios na proporção de 01 conjunto para cada grupo de 20 trabalhadores ou fração?

10. As IS possuem um chuveiro na proporção de 01 unidade para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração?

11. Os lavatórios possuem torneiras em boas condições, é do tipo calha, lavável , impermeável e ligado a rede de esgoto?

12. O gabinete sanitário tem no mínimo 1,0m²? 13. O gabinete possui porta com trinco e divisória de altura mínima de 1,80m?

14. Os mictórios (individuais ou coletivo tipo calha), são de material lavável e com válvula de descarga?

15. Os vasos sanitários e mictórios são ligados a rede de esgoto ou fossa séptica com interposição de sifões hidráulicos?

16. Os gabinetes do chuveiro tem área mínima de 0,80 m²? 17. Os gabinetes de chuveiro possuem piso lavável, antiderrapante ou estrado e caimento para escoamento adequado da água para a rede de esgoto?

18. O vestiário é próximo do alojamento ou a entrada da obra? 19. Os alojamentos tem área mínima de 3,0 m² por módulo (cama/armário) incluindo área de circulação?

20. Os alojamentos possuem piso e paredes em alvenaria ou material equivalente, além de cobertura adequada as intempéries?

21. As camas ou beliches têm dimensões mínimas de 0,80 m x 1,90 m, com colchões, travesseiros e roupa de cama

99

adequados? 22. Os alojamentos possuem ventilação, iluminamento e fornecimento adequado de água?

23. Existe local para refeição com paredes que permitem o isolamento e não localizado no subsolo ?

24. O refeitório é construído com piso de material lavável? 25. Tem iluminação e ventilação natural e/ou artificial, cobertura contra intempéries e lavatórios próximo?

26. Existe local adequado para lavar, secar e passar roupas? 27. Existe material satisfatório para primeiros socorros? 28. Existe o fornecimento de água potável, filtrada e fresca?

Figuras 13, 14 e 15: Check-list de Avaliação

Fonte: Adaptado Ministério do Trabalho e Emprego (2003)

5- Definição e Implantação do Sistema de Treinamento

Na utilização de novas tecnologias no sistema construtivo poderão ser utilizados dois

tipos de mão de obra, sendo:

- Mão de Obra Terceirizada – Com habilidades técnicas específicas de acordo com o

momento da obra.

- Mão de Obra Própria – Utilização da equipe de trabalho da construtora.

O uso de determinado tipo de mão de obra deverá ser estabelecido durante a etapa de

planejamento da obra, onde são analisadas as vantagens e desvantagens de cada opção e decidido

o meio que apresentar o maior retorno de acordo com os critérios pré-estabelecidos.

Porém, a equipe de trabalho da construtora nem sempre apresentará as habilidades

técnicas necessárias para a execução da atividade e construtora poderá optar pelo treinamento e

atualização dos seus funcionários. A seguir são apresentados métodos para a habilitação desses

funcionários perante novas tecnologias construtivas.

Total Parte 3: Nº de SIMs aplicáveis: ( ) Nº de Quesitos

100

Etapa 1: Definição do responsável pelo treinamento

O responsável pelo treinamento poderá ser a construtora, a empresa fornecedora da

tecnologia ou empresas especializadas em atualização de profissionais.

Etapa 2: Estabelecimento dos Objetivos

Nesta etapa define-se os objetivos da atualização. Esse treinamento pode visar somente a

aprendizagem de novas técnicas ou outros objetivos como: aumento de produtividade,

diminuição de desperdícios, assimilação de técnicas de gestão ambiental e de segurança, além do

treinamento de pessoal recém contratado.

Etapa 3: Definição do método de treinamento

Considerando as características do que será ensinado (novas técnicas de produção), o mais

indicado é o Método Simulado onde as técnicas são assimiladas perante a imitação da realidade.

Porém deve-se salientar que esse método apresenta um alto custo, devendo ser aplicado somente

quando se pretende utilizar essa nova tecnologia constantemente.

A definição do método que será utilizado deverá atender principalmente as expectativas e

previsão de custos da empresa financiadora. HOLANDA (2003) apresenta os principais métodos

de treinamento que podem ser aplicados.

10

1

MÉTODOS ESTRATÉGIAS TÉCNICAS VANTAGENS DESVANTAGENS Método Prático Aprender fazendo -Aprendizagem

Metódica do Trabalho - Entrevistas - Estágios - Rodízio de Tarefas

Resultados rápidos. Aprendizagem de vícios funcionais, pode ocasionar acidentes e perdas de materiais, restringe o número de participação de pessoas.

Método Conceitual Aprender pela teoria - Debates - Explanação Oral - Estudo Dirigido - Instrução Programada - Painel -Simpósio - Material Impresso

Corresponde rapidamente ás expectativas e possibilita participação de grande número de pessoas.

Não garante aprendizagem real e não estimulas atitudes e comportamentos.

Método Simulado Aprender imitando a realidade

- Estudos de Casos - Dramatizações - Jogos de empresa - Jogos e exercícios diversos - Projetos

Facilita compreensão visual, reforça entendimento racional, indicado no treinamento de novas técnicas.

Altos custos, geralmente as técnicas são utilizadas em grupos pequenos.

Método Comportamental

Aprender por desenvolvimento psicológico

- Aconselhamento psicológico - Dinâmica de Grupo

Estimula o desenvolvimento intelectual e mudanças de comportamento e atitudes dos treinandos.

Resultados a longo prazo e o acompanhamento são imprescindíveis.

Quadro 6: Métodos de Treinamento

Fonte: Adaptado HOLANDA (2003)

102

Etapa 4: Planejamento do Treinamento

Nesta etapa, os responsáveis pelo treinamento definem os planos de ação,

atividades,técnicas de ensino, tempo e recursos necessários, materiais didáticos e meios de

avaliação que serão aplicados conforme o método de treinamento que será adotado.

SOARES (1997) sugere as seguintes ações durante a fase de planejamento do treinamento:

Objetivo: descrever o objetivo do treinamento em pauta;

• Identificar características do público alvo;

• Local de Realização: estabelecer o local de realização das atividades de

treinamento;

• Método didáticos: definir o método para efetuar a capacitação. O autor sugere

como referência o Quadro Comparativo dos Diferentes Métodos de Capacitação;

(Quadro 7)

• Recursos Necessários: listar os recursos humanos, materiais, equipamentos e

instalações necessários para o treinamento;

• Conteúdo: listar as atividades de capacitação (conteúdo programático);

• Cronograma: para cada atividade construir o cronograma;

• Desempenho Esperado: Estabelecer, para cada atividade, o desempenho

esperado dos integrantes do evento;

• Desempenho Alcançado: Identificar o desempenho real dos integrantes do

evento durante a aplicação do treinamento, caso ocorra algum desvio são

estabelecidas mudanças no método.

A seguir é apresentado o quadro comparativo dos métodos de capacitação:

10

3

TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS

TEÓRICOS

TRANSFERÊNCIA DE

CONHECIMENTOS PRÁTICOS

CONDIÇÃO DO OUVINTE

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES

ANALÍTICAS

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COMPORTAMENTAIS

DESENVOLVIMENTO DE VALORES E

PRINCÍPIOS

OBJETIVO

PRELEÇÃO Excelente Bom Passivo Bom Ruim Bom Fornecer maiores informa-ções sobre assunto normal-mente já conhecido

SEMINÁRIO Bom Excelente Ativo Excelente Ruim Excelente Estudo em grupo de idéias, opiniões e sugestões de interesse de uma determinada classe

SIMPÓSIO Bom Bom Passivo Regular Ruim Regular Estudo de assunto complexo, com a participação de número reduzido de elementos. Não dá margem a debates.

CONFERÊNCIA Excelente Bom Passivo Bom Ruim Bom Exposição realizada por especialista, voltada para um grande público, objetivando conhecer fatos, sugestões e buscar soluções para problemas comuns

CURSOS Excelente Excelente Passivo Excelente Regular Excelente Eventos formativos que tratam de conceitos perenes e visam o desenvolvimento integral de seus participantes

ESTUDO DE CASOS

Bom Excelente Ativo Bom Bom Excelente Simular situações (casos), normalmente contendo pro-blemas, que, após resolvidos, possibilitam conclusões e formulação de opiniões

JOGOS DE EMPRESA

Bom Excelente Ativo Excelente Excelente Regular Treinar através da simulação do funcionamento de atividades empresariais em um ambiente competitivo

ON THE JOB TRAINING

Bom Excelente Ativo Bom Excelente Ruim Treinar o trabalhador no próprio posto de trabalho

Quadro7: Quadro Comparativo dos diferentes métodos de capacitação

Fonte: SOARES (1997)

104

Etapa 5: Aplicação do Treinamento

Execução dos planos de ação citados no item anterior.

Etapa 6: Avaliação dos Resultados

Nesta etapa são verificados se os objetivos pré-definidos foram alcançados. Podem ser

analisados, por exemplo, o nível de entusiasmo e aprendizagem dos funcionários e mudança no

comportamento na execução das atividades.

Também é importante a avaliação do sistema de ensino aplicado e identificação de

possíveis mudanças.

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Estima-se que a construção civil é responsável por aproximadamente 30% da extração de

recursos naturais do planeta. Os impactos ambientais são seqüenciais, uma vez que continuam

pelos transportes diversos e pelas fábricas de materiais de construção. Após a conclusão do

empreendimento, os impactos continuam, seja no consumo de 50% de toda a energia produzida

no mundo, alem dos resíduos de obras, reformas ou demolições. (SINDUSCON, 2007).

Após anos de estagnação, a construção civil brasileira, apresenta mudanças pontuais

quanto o seu tipo de produção. Por meio de entrevistas pessoais com especialistas, percebe-se que

a Região Sul do país avança na utilização do pensamento da Construção Enxuta e na produção

sustentável. A utilização de sistemas e componentes construtivos modernos, que possuem a

preocupação com a sustentabilidade, segurança e gestão ambiental é de extrema importância.

A otimização do uso dos espaços reservados para o canteiro de obras, aumento da

motivação, segurança e produtividade dos operacionais e, conseqüentemente, maximização dos

lucros, serão obtidas por meio de um maior nível de industrialização no processo de construção

dessas edificações.

Quanto menor a quantidade de atividades realizadas dentro do canteiro de obras,

resumindo-as a montagem e interligação das unidades, formando um sistema estrutural único. De

acordo com o CBCA, o Japão possui uma indústria altamente desenvolvida, onde edifícios e

residências são construídos a partir de unidades modulares.

A industrialização dos componentes da edificação permite uma diminuição das áreas

destinadas à estocagem de materiais e um aumento da segurança do canteiro. Exemplificando, o

uso de painéis de vedação como o GRC, que são pintados durante sua fabricação, torna

desnecessária a área de armazenamento de tintas e solventes. A retirada dessa área representa um

106

aumento da área útil para o canteiro, alem da diminuição de riscos na segurança do canteiro, visto

que essa é uma área altamente combustível.

A gestão ambiental e de produção sustentável também poderá ser contemplada na

industrialização da produção. Os principais problemas ambientais durante a produção de um

edifício, como a geração de resíduos, geração de ruídos, baixa qualidade do ar pode ser

minimizada. Por exemplo, o uso da estrutura metálica, além do seu valor ambiental de material

reciclável, permite a diminuição de ruídos e resíduos no ar durante sua montagem no canteiro. Os

painéis de gesso acartonado é um modo eficiente para a diminuição de resíduos, já que não é

necessário a geração de entulhos para a colocação das instalações prediais.

No entanto, é necessária uma maior atenção quanto à logística de transporte dos

componentes construtivos, para o cumprimento de prazos e garantia de qualidade, além das áreas

de estocagem desses materiais que deverão ser totalmente eficientes, visto que, a perda de algum

material significará um prejuízo maior do que nos materiais tradicionais.

A industrialização da produção na construção civil requer uma maior precisão na

execução de projetos A precisão do projeto e execução desse tipo de sistema acarretará a

diminuição de custos e aumento de lucros, por meio de:

• Equipes menores e especializadas,

• Diminuição de improvisos dentro do canteiro,

• Diminuição de riscos para a segurança dos envolvidas na obra,

• Maior organização e limpeza no canteiro,

• Redução do numero de atividades realizadas,

• Maior controle na utilização de materiais e conseqüentemente, menor

desperdício.

• Aceleração do cronograma, com redução de prazos,

• Facilidade de uso e manutenção de instalações,

• Eliminação ou diminuição de algumas atividades existentes no processo

tradicional.

107

Contudo, o Brasil ainda apresenta algumas dificuldades e limitações para a

industrialização, como a imagem negativa de vedações pré-fabricadas e a falta de normalização

dos componentes. Especialistas apontam que o maior desafio e a necessidade de mudanças

organizacionais nos processos de gestão de empreendimentos e produção.

A inovação tecnológica, junto com o fortalecimento do desenvolvimento sustentável, é

fundamental para o alcance e sustentação de vantagens competitivas no mercado consumidor. A

ruptura dos paradigmas tradicionais e a constante retroalimentacão do sistema produtivos, por

meio de estudos e pesquisas, é essencial para que as empresas construtoras alcancem melhorias

significativas em todo o processo de produção.

A pesquisa realizada identificou que o planejamento do canteiro de obras deverá ter início

na identificação do espaço disponível e do sistema construtivo adotado. Após a análise de suas

características, e somando os resultados com os processos de planejamento da obra, é escolhido o

arranjo físico mais adequado, considerando áreas de administração, estocagem e áreas de

vivência. A seguir são iniciados planos de gestão ambiental e segurança do trabalhador de acordo

com normas regulamentadoras vigentes. Vale salientar que é necessária a constante retro-

alimentação dos dados e resultados obtidos, com o objetivo de adequar o arranjo físico do

canteiro de acordo com avanço da obra. Outra observação importante é que a aplicação da

metodologia proposta poderá encarecer, em um primeiro momento, os custos da organização.

Porém, o retorno dos custos aplicados poderão ser conseguidos após a metodologia torna-se um

prática corrente na empresa construtora.

7.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

- Aplicação prática da proposta apresentada;

- Análise crítica comparativa do sistema de planejamento proposto com sistemas de

planejamento de canteiro de obras atuais;

- Análise da gestão do canteiro de obras com a utilização de sistemas construtivos

industrializados;

- Avaliação dos resultados da proposta quanto à gestão ambiental, sustentabilidade e

segurança e saúde do trabalhador;

108

- Estudo de caso com avaliação dos índices de produção de resíduos (materiais, visuais,

ruídos) nos sistemas construtivos industrializados;

- Estudo de caso com avaliação dos índices de produtividade em obras que adotem

sistemas construtivos industrializados;

- Análise da receptividade junto ao mercado consumidor de obras que adotem sistemas

construtivos industrializados e aplicação de sistemas de gestão e sustentabilidade.

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